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A Covid-19 e as

desigualdades
O que os dados nos contam após um ano de pandemia

São Paulo, setembro de 2021


Introdução

Mortalidade proporcional por Covid-19, por raça/cor

Covid-19 e a desigualdade na distribuição de renda

Distribuição de Leitos de UTI

Internações e óbitos

Conclusões gerais

Referências

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Introdução
A Rede Nossa São Paulo (RNSP) é uma organização da sociedade civil que tem por
missão mobilizar diversos segmentos da sociedade para, em parceria com instituições
públicas e privadas, construir e se comprometer com uma agenda e um conjunto de
metas, articular e promover ações, visando a uma cidade de São Paulo justa,
democrática e sustentável. Apartidária, tem a atuação pautada pelo combate à
desigualdade, pela promoção dos direitos humanos, pela participação e controle
social, e pela transparência e respeito ao meio ambiente.

A pandemia escancarou as desigualdades nas cidades. Por isso, em 2020, a RNSP


lançou uma série especial do Mapa da Desigualdade, com diferentes recortes:
desigualdade socioterritorial, desigualdade de renda e distribuição dos leitos de UTI
pela cidade.

Em 2021, com a atualização dos dados e novas análises, a RNSP lança esta edição
especial do Mapa da Desigualdade, que aborda a relação da pandemia com as
desigualdades socioterritoriais.

O objetivo é chamar a atenção para essas desigualdades e dar insumos para ações e
políticas que as combatam.

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1. Mortalidade proporcional por Covid-19, por raça/cor

Mapa 1: Desigualdade nas proporções de óbitos por Covid-19 de acordo com Raça/Cor. Fonte:
Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro a julho de
2021). Data de atualização: 19/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Indicador
O coeficiente de mortalidade proporcional por Covid-19 por raça/cor considera o
percentual dos óbitos por causas B34.2 (infecção por coronavírus de localização não
especificadas) em relação ao total de óbitos ocorridos em determinado local e período
para os recortes de raça/cor "branca" e "preta e parda".

Metodologia
FÓRMULA: Total de óbitos por causas B34.2 (infecção por coronavírus de localização
não especificadas) ÷ total de óbitos ocorridos (de acordo com o local de residência),
segundo raça/cor, por distrito administrativo.

ANO-BASE: 2021 (1/jan/2021 a 31/jul/2021)

FONTE: SIM/PRO-AIM/CEInfo/SMS-SP; SINASC/CEInfo/SMS-SP

Proporção de óbitos por Covid-19- Raça/Cor - Causa básica B34.2


(infecção por coronavírus de localização não especificada”) em relação ao total de óbitos

Distrito Raça/Cor % Mortalidade (Total) Desigualtômetro

Preta e Parda 47,6


Itaim Bibi 1,70
Branca 28,1

Preta e Parda 48,1


Cambuci 1,66
Branca 29,1

Preta e Parda 50,0


Pinheiros 1,63
Branca 30,7

Preta e Parda 50,0


Vila Guilherme 1,27
Branca 39,3

Preta e Parda 46,2


Carrão 1,23
Branca 37,4

Preta e Parda 37,7


Toda a cidade 0,99
Branca 38,0
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro a julho de 2021). Data
de atualização: 19/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Análise
Em relação ao recorte por raça/cor, percebemos que este fator tem peso muito
diferente a depender da cor da população. Ou seja, em um mesmo distrito, o total de
óbitos por Covid-19 em relação ao total de óbitos é proporcionalmente maior se
considerarmos apenas o recorte da população preta e parda em comparação com o
recorte da população branca. A exemplo do distrito de Itaim Bibi que, mesmo sendo
considerada uma região de menor vulnerabilidade socioeconômica, apresenta uma
diferença entre a proporção da população preta e parda que morreu por Covid-19
(47,6%) e a proporção de óbitos da população branca (28,1%) de 1,7 vezes1.

Resumo
● De janeiro a julho de 2021, no distrito de Itaim Bibi, a população negra morreu
proporcionalmente 1,7 vezes mais por Covid-19, do que a população branca.
Enquanto que, entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram por causa
da Covid-19; entre a população branca, foram 28,1%.
● No Cambuci, quase metade das mortes da população negra tiveram como causa
a Covid-19; enquanto esse número é de quase três em cada dez, entre a
população branca.

1
Este cálculo é feito em relação ao total de óbitos de mesma característica da
população.

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2. Covid-19 e a desigualdade na distribuição de renda

Mapa 2: Renda média familiar mensal, por distrito. Fonte: Pesquisa OD 2017. Elaboração: Rede Nossa São
Paulo, 2021.

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Mapa 3: Coeficiente de Mortalidade por Covid-19 para população com menos de 60 anos, por
distrito. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro
a julho de 2021). Data de atualização: 19/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Mapa 4: Coeficiente de Mortalidade por Covid-19 para população com mais de 60 anos, por distrito.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro a julho
de 2021). Data de atualização: 19/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Indicador
Abaixo apresentamos duas tabelas, a primeira a relação entre o indicador de
Coeficiente de Mortalidade padronizado2 pela população menor de 60 anos da cidade
de São Paulo e a Renda média familiar mensal3, classificada a partir das menores e
maiores rendas (pior e melhor - respectivamente). Já na segunda, temos a relação
entre o indicador de Coeficiente de Mortalidade padronizado pela população com 60
anos ou mais da cidade de São Paulo e também com a renda média familiar mensal.
Além disso, foi aplicado o cálculo do Desigualtômetro4 - metodologia desenvolvida pela
Rede Nossa São Paulo e aplicada no Mapa da Desigualdade, que calcula a diferença
entre os melhores e piores distritos.

Metodologia
Para o cálculo do coeficiente de mortalidade para a população menor de 60 anos
padronizado, primeiro, foi calculada a taxa bruta de mortalidade (para os óbitos
confirmados e suspeitos por Covid-19 entre janeiro e julho de 2021) para cada faixa
etária, divididas de cinco em cinco anos. Em seguida, foi realizado o método de
padronização utilizando a população do município de São Paulo como referência, para
se obter o número de óbitos esperados, de acordo com a população analisada, para
então obter-se o coeficiente de mortalidade ajustado. O mesmo procedimento foi
utilizado para a população com 60 ou mais, ajustando- se às faixas etárias a partir de
60 anos. Em relação ao indicador de renda média familiar, foram utilizados os dados
calculados em nosso último Mapa da Desigualdade de 2020, resultado da parceria
com o Centro de Estudos da Metrópole (CEM/USP). Para o cálculo, o único ajuste
feito nesta edição foi o ajuste da inflação pelo IPC-SP (FIPE) para julho de 2021.

2
O emprego de métodos de padronização visa diminuir a interferência das diferenças
entre características como sexo e idade em diferentes localidades analisadas.
3
Os dados foram deflacionados, conforme IPC-FIPE até Julho/2021, de acordo com
disponibilização da calculadora do Banco Central.
4
O Desigualtômetro estabelece uma relação matemática simples de divisão entre os
dois valores não zerados dos extremos.

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Resultados
Quadro 2: Relação entre Coeficiente de Mortalidade por Covid-19 para população com
menos de 60 anos (período de de janeiro a julho de 2021) e Renda Média Familiar Mensal
Coef Mortalidade
Distrito Classificação Desigualtômetro Renda Média Desigualtômetro
<60 anos
Lajeado Pior 114,3 R$ 2.876,26
5,54 3,65
Alto de Pinheiros Melhor 28,0 R$ 10.495,51
Perus Pior 109,6 R$ 2.891,88
8,59 3,54
Perdizes Melhor 12,8 R$ 10.229,23
Parelheiros Pior 116,7 R$ 2.893,17
8,79 3,53
Jardim Paulista Melhor 13,3 R$ 10.205,75
Cidade
Pior
Tiradentes 111,8 5,73 R$ 3.021,23 3,29
Moema Melhor 19,5 R$ 9.936,98
São Rafael Pior 73,4 R$ 3.032,50
2,16 3,31
Santo Amaro Melhor 34,0 R$ 10.022,59
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro a julho
de 2021). Data de atualização: 19/08/2021; Pesquisa OD 2017. Elaboração: Rede Nossa São Paulo,
2021.

Quadro 3: Relação entre Coeficiente de Mortalidade por Covid-19 para população com
60 anos ou mais (período de de janeiro a julho de 2021) e Renda Média Familiar Mensal

Coef Mortalidade
Distrito Classificação Desigualtômetro Renda Média Desigualtômetro
>60 anos

Lajeado Pior 1465,3 R$ 2.876,26


2,43 3,65
Alto de Pinheiros Melhor 602,1 R$ 10.495,51
Perus Pior 1781,3 R$ 2.891,88
3,03 3,54
Perdizes Melhor 588,1 R$ 10.229,23
Parelheiros Pior 1720,7 R$ 2.893,17
2,97 3,53
Jardim Paulista Melhor 578,6 R$ 10.205,75
Cidade
Pior
Tiradentes 1977,0 3,92 R$ 3.021,23 3,29
Moema Melhor 504,1 R$ 9.936,98
São Rafael Pior 1019,5 R$ 3.032,50
1,38 3,31
Santo Amaro Melhor 738,1 R$ 10.022,59
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/PRO-AIM/CEInfo – SMS/SP. (de janeiro a julho
de 2021). Data de atualização: 19/08/2021; Pesquisa OD 2017. Elaboração: Rede Nossa São Paulo,
2021.

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Análise
A partir dos resultados, é perceptível a relação entre a menor renda e o maior coeficiente
de mortalidade mesmo a este grupo etário que está “fora” do grupo de risco da doença.
Apesar de saber-se que o avanço da doença tem atingido cada vez mais os mais jovens,
nitidamente essa relação está associada a menor renda, mediante a necessidade das
populações mais pobres precisarem sair para trabalhar e associado ainda ao fato destas
populações se arriscarem ainda mais durante o trajeto até o trabalho. O distrito de
Lajeado está entre os dez distritos com maior tempo médio de deslocamento de casa até
o trabalho, que demoram 2,1 vezes mais que a população do distrito de Alto de
Pinheiros, segundo dados do Mapa da Desigualdade de 2020.

Além disso, o peso da desigualdade de renda recai também aos mais idosos e
considerados grupos de risco. A partir da padronização das faixas etárias, é possível
perceber que, apesar das regiões com maior concentração de renda possuírem um
perfil etário também mais alto, devido às condições de qualidade de vida e demais
variáveis relacionadas à distribuição demográfica, a desigualdade entre o distrito de
maior renda média domiciliar e o de menor renda média domiciliar reflete-se no
coeficiente de mortalidade também dos mais velhos.

Resumo
● A desigualdade refletida na distribuição de renda segue o mesmo padrão na
mortalidade da população. Ao mesmo tempo que Alto de Pinheiros concentra
quase 4x mais renda que Lajeado, o coeficiente de mortalidade de Lajeado é 5x
maior que o de Alto de Pinheiros.
● De janeiro a julho de 2021, no distrito de Lajeado, o coeficiente de mortalidade
por Covid-19 entre a população com menos de 60 anos foi de 114,3 por 100
habitantes. O distrito concentra a menor renda média familiar mensal da capital
(R$ 2.876,26).
● Enquanto isso, no distrito de Alto de Pinheiros, que concentra a maior renda média
familiar mensal (R$ 10.495,51), o número foi de 28 a cada 100 habitantes com
menos de 60 anos.

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3. Distribuição de Leitos de UTI

Mapa 5: Distribuição de Leitos em UTI (Adulto I, Adulto II e Adulto III), por Subprefeitura. Fonte:
Ministério da Saúde/DATASUS/Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES (de janeiro a
julho de 2021). Data da extração 23/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Indicador
O indicador a seguir apresenta a análise em relação a distribuição de leitos de UTI a
cada 100 mil habitantes por subprefeitura, repetimos o indicador realizado em 2020 agora
olhando para 2021.

Metodologia
Para o cálculo do indicador de distribuição de leitos de UTI para cada 100 mil habitantes
primeiro soma-se a quantidade de leitos de UTI (Adulto I; Adulto II e Adulto III),
disponíveis no SUS por cada uma das 32 Subprefeituras, em seguida calculamos para
a população residente em cada subprefeitura e multiplica-se por 100 mil habitantes,
para visualização dessa distribuição, reproduzindo o mesmo cálculo que apresentamos
na primeira edição do especial Covid-19.

Resultados
Quadro 5: Distribuição de Leitos em UTI (Adulto I, Adulto II e Adulto III), por Subprefeitura.
Períodos de 2020 e de janeiro a julho de 2021.
Subprefeitura Taxa de Leitos Subprefeitura Taxa de Leitos
Ano Desigualtômetro
(Piores) (100/hab) (Melhores) (100/hab)

SÃO MIGUEL 1,90 PINHEIROS 123,8 65,2


PENHA 2,10 VILA MARIANA 43,3 20,6
ITAIM PAULISTA 2,60 SE 39,6 15,2
2020
PIRITUBA-JARAG
2,80 JABAQUARA 17,9 6,4

SÃO MATEUS 3,00 MOOCA 15 5,0
MSP (2020) 10,3
SÃO MIGUEL 13,2 PINHEIROS 850,5 64,5
PENHA 14,8 VILA MARIANA 322,9 21,8
ITAIM PAULISTA 17,9 SE 276,3 15,4
2021
FREGUESIA-BRA
18,2 JABAQUARA 125,0 6,9
SILÂNDIA
SÃO MATEUS 20,9 MOOCA 104,8 5,0
MSP (2021) 71,4
Fonte: Ministério da Saúde/DATASUS/Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES (de
janeiro a julho de 2021). Data da extração 23/08/2021. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Análise
Os resultados apontam o grau das desigualdades estruturais no acesso aos serviços
de saúde, e apesar de aumento expressivo na distribuição de leitos a cada 100 mil
habitantes por subprefeituras, tanto entre as melhores e piores, a desigualdade
persiste nessa distribuição entre as subprefeituras, mantendo-se praticamente no
mesmo patamar de 2020.

Resumo
● A distribuição de leitos de UTI a cada 100 mil habitantes aumentou
consideravelmente na cidade de São Paulo, saindo de 10,3 para 71,4, um
aumento de quase 7x.
● Apesar do aumento generalizado em todas as regiões, não superou as
desigualdades estruturais na oferta de leitos entre as regiões da cidade.
● Em 2020 a Subprefeitura de Pinheiros concentrava 65,2x mais leitos a cada
100 mil habitantes que a Subprefeitura de São Miguel
● Em 2021 essa desigualdade praticamente se mantém no mesmo patamar, com
a Subprefeitura de Pinheiros concentrando 64,5x mais leitos que a
subprefeitura de São Miguel

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4. Internações e óbitos

Mapa 6: Proporção das Internações gerais por SRAG - Covid-19 que foram a óbito. Fonte: SIVEP
GRIPE/DVE/COVISA/SMS-SP. (de janeiro a julho de 2021). Data de atualização: 17/08/2021. Dados
preliminares, sujeitos a alteração. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Mapa 7: Proporção das Internações em UTI por SRAG - Covid-19 que foram a óbito. Fonte: SIVEP
GRIPE/DVE/COVISA/SMS-SP. (de janeiro a julho de 2021). Data de atualização: 17/08/2021. Dados
preliminares, sujeitos a alteração. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Indicador
O indicador de internações e óbitos é a proporção de internações por SARG5 Covid-19
(que é a modalidade mais grave da doença). No primeiro quadro está a proporção das
internações por Covid-19 que foram a óbito, já o segundo quadro apresenta a
proporção de internações em UTI por Covid-19 que foram a óbito.

Metodologia
Para o cálculo da proporção de internados que foram a óbito por Síndrome respiratória
aguda grave (SARG Covid-19), isto é, a forma mais grave da doença, foi realizada
uma proporção simples dos internados que foram a óbitos. O primeiro quadro realiza o
cálculo para internações gerais e o segundo para internações em UTI. O cálculo por
distrito administrativo foi realizado em relação ao distrito de residência do internado.

5
Utilizamos essa modalidade pela ausência de filtragem de dados para os casos mais
leves.

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Resultados
Quadro 5: Proporção das Internações gerais por SRAG - Covid-19 que foram a óbito
no período de janeiro a julho de 2021

Distritos % Internações que Distritos % Internações que


Desigualtômetro
(Piores) foram a óbito (Melhores) foram a óbito

Cidade
35,2 Morumbi 14,7 2,4
Tiradentes

Perus 34,2 Barra Funda 15,1 2,3

São Rafael 33,9 Moema 15,8 2,1


Sapopemba 33,4 Itaim Bibi 16,7 2,0
São Miguel 32,5 Perdizes 17,1 1,9
Fonte: SIVEP GRIPE/DVE/COVISA/SMS-SP. (de janeiro a julho de 2021). Data de atualização:
17/08/2021. Dados preliminares, sujeitos a alteração. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

Quadro 6: Proporção das Internações em UTI por SRAG - Covid-19 que foram a óbito
no período de janeiro a julho de 2021

% Internações em
Distritos Distritos % Internações em
UTI que foram a Desigualtômetro
(Piores) (Melhores) UTI que foram a óbito
óbito
Perus 63,8 Moema 24,3 2,6
Jaraguá 59,8 Campo Belo 29,3 2,0
Sapopemba 58,0 Consolação 30,6 1,9

Vila Maria 57,6 Jaguaré 30,6 1,9


Vila Guilherme 57,6 Vila Andrade 30,7 1,9
Brasilândia 57,1 Santo Amaro 31,1 1,8
Fonte: SIVEP GRIPE/DVE/COVISA/SMS-SP. (de janeiro a julho de 2021). Data de atualização:
17/08/2021. Dados preliminares, sujeitos a alteração. Elaboração: Rede Nossa São Paulo, 2021.

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Análise
Chama atenção a diferença entre os distritos melhores e piores em ambos os casos, mesmo
nos casos mais graves da doença como as internações por Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SARG-Covid-19), praticamente dobra a chance de óbito em ambos os casos
observados (internações e internações em UTI). Com destaque ao distrito de Perus que
aparece entre os piores em ambos os casos, concentrando quase 65% das internações em UTI
que foram a óbito. Esses resultados retomam não somente o grau de pressão ao sistema de
saúde, sobretudo ao sistema público de saúde, mas também reforça o peso das desigualdades
estruturais no acesso à saúde na cidade de São Paulo, principalmente em serviços de média e
alta complexidade, mesmo o sistema de saúde sobrecarregado como um todo, o fator
endereço faz diferença.

Resumo
● Mesmo nos casos mais graves da doença (SARG-Covid-19) a proporção de
casos em que os internados foram a óbito é muito desigual na cidade
● No distrito de Cidade Tiradentes 35,2% das internações por casos mais graves
da doença foram a óbito
● Enquanto o distrito de Morumbi esse número é de 14,7%.
● No distrito de Cidade Tiradentes uma pessoa internada (nos casos mais graves
da doença) tinha praticamente 2,4x chances a mais de chegar a óbito que no
distrito de Morumbi.

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Conclusões gerais
Os indicadores de mortalidade por Covid-19 detalhados pelo perfil e recorte etário da
população, quando relacionados a indicadores a qualidade de vida como acesso aos
recursos de saúde, renda, moradia e afins, apontam relações significativas entre os
impactos da Covid-19 e as vulnerabilidades e desigualdades territoriais.

A partir de critérios de padronização e recorte por perfil etário (separação entre as


faixas etárias de maior e menor risco da doença), são perceptíveis os impactos das
condições de vida. Ou seja, mesmo em territórios com população mais idosa
(inicialmente considerados o principal grupo de risco para a doença em todo o mundo),
a mortalidade por Covid-19 teve maior recorrência nos territórios em que os
indicadores de qualidade de vida são piores, mesmo que o perfil etário da
população seja mais jovem.

Os marcadores sociais da desigualdade apontam de maneira mais nítida que a


Covid-19 impactou mais as populações de menor renda, a população negra e as
regiões que apresentam menor renda média. Além disso, observam-se os reflexos no
sistema de saúde que, apesar de sua sobrecarga como um todo, afetou ainda mais as
regiões mais vulneráveis e que historicamente têm maiores dificuldades de garantir
acesso a infraestruturas de saúde adequadas à população da região (como por
exemplo o indicador da proporção de pessoas internadas que foram a óbito).

Ademais, se mantiveram as desigualdades na distribuição dos leitos de UTI: apesar do


aumento generalizado em praticamente todas as regiões, a distribuição se manteve
muito desigual entre as regiões. Ao compararmos os dados de 2021 com os dados de
2020, pudemos perceber que houve um aumento maior entre as regiões que já
concentravam altos índices de leitos de UTI a cada 100 mil habitantes. Dessa maneira,
percebemos que não somente os casos e óbitos de Covid-19 se distribuem de forma
desigual dentre as regiões da cidade, como também que o acesso aos recursos segue
acontecendo de forma bastante desigual na cidade.

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Referências
Mapa da Desigualdade. Rede Nossa São Paulo, 2019. Disponível em:
<https://www.nossasaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Mapada_Desigualdade_2019_
apresentacao.pdf>.

Boletim epidemiológico COVID-19 Cidade de São Paulo. Disponível


em:<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/PMSP_SMS_COVID19_
Boletim%20Quinzenal_20200430.pdf>.

Painel Coronavírus. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://covid.saude.gov.br/>

Painel COVID-19 - Município de São Paulo. Disponível em:


<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/doencas_e_ag
ravos/coronavirus/index.php?p=310771>

Boletim Observatório Covid-19. Fio Cruz. Disponível em:


<https://portal.fiocruz.br/documento/boletim-do-observatorio-Covid-19-semanas-22-e-23>

Observatório Covid-19 (Github). Disponível em:


<https://covid19br.github.io/analises.html?aba=aba6#>

Abordagem territorial e desigualdades raciais na vacinação contra Covid-19. Instituto Pólis.


Disponível em: <https://polis.org.br/estudos/raca-e-covid-no-msp/>

Raça e covid no município de São Paulo. Instituto Pólis. Disponível em:


<https://polis.org.br/estudos/raca-e-covid-no-msp/>

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