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Faculdade Anhanguera de Goiânia

Física Geral e Experimental: Energia

Aula 9
Unidade 3 | Mecânica dos fluidos
Seção 4 - Escoamento em fluido

Joel Padilha
joel.sousa@anhanguera.com
2023/2
Unidade 3 | Mecânica dos fluidos
Aula 9: Seção 4 - Escoamento em fluido

Nas últimas seções estudamos características dos fluidos:


• a pressão,
• o volume,
• os princípios de Pascal,
• os princípios de Arquimedes,
• Aplicação em elevadores hidráulicos.

Fizemos o estudo da condição de um fluido em um estado de


equilíbrio: fluido em repouso.

Nesta seção, estudaremos o escoamento de um fluido, isto é: fluido


movimento.
Movimento dos fluidos

Estudaremos o movimento do fluido em termos de seus elementos de


volume, composto por um número muito grande de átomos e
moléculas, cuja velocidade é mais simples de descrever!

A princípio estudaremos os fluidos em movimento com fluxo laminar.


Os elementos de volume se movem com regularidade
Serão deixadas de lado propriedades como viscosidade e a
compressibilidade.

A água é um excelente exemplo de fluido bem aproximado dessas


características, apresentar fluxo laminar para baixas velocidades.
Vazão (Q)

Cada partícula que entrou por uma extremidade da tubulação deve


sair pela outra.

A vazão é a quantidade de um fluido que passou por uma


determinada região em uma tubulação por unidade de tempo.
𝑚
𝑄=
∆𝑡

Q é a vazão
m é o volume de entrada
t é intervalo de tempo de deslocamento da massa.

A vazão no SI é medida em kg/s.


Vazão Volumétrica (RV)

Chamaremos de vazão volumétrica o volume de líquido que se


desloca por unidade de tempo.

𝑉𝑒 𝑉𝑠
𝑅𝑉 = =
∆𝑡 ∆𝑡

A vazão é considerada constante no tempo.

𝑅𝑉 é a vazão
𝑉𝑒 é o volume de entrada
𝑉𝑠 é o volume de saída
Velocidade

As partículas atravessam a seção transversal deslocando uma


distância X no tubo.

Sabemos que (VOLUME) 𝑉 = 𝐴 ∙ ∆𝑋. Então:

𝑉𝑠
𝑅𝑉 =
∆𝑡
𝑉𝑠
𝑅𝑉 =
∆𝑡
𝐴 ∙ ∆𝑋
𝑅𝑉 =
∆𝑡
∆𝑋
𝑅𝑉 = 𝐴 ∙
∆𝑡

𝑅𝑉 = 𝐴 ∙ 𝑣

em que é a v velocidade do fluido no interior da tubulação.

A vazão volumétrica é uma grandeza descrita no SI com unidade m3/s.


Equação da Continuidade
A vazão no interior de um tubo deve ser constante!
A equação da continuidade relaciona a vazão em massa na entrada
e na saída de um sistema.
𝑚𝑒 = 𝑚 𝑠
Lei de conservação para um fluido incompressível.

Nesse momento vamos usar a lei de conservação de massa, pois


podemos calcular a nova velocidade do fluido simplesmente
conhecendo a nova área da tubulação.

𝑅𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑨𝟏 ∙ 𝒗𝟏 = 𝑨𝟐 ∙ 𝒗𝟐
(Equação da continuidade)
Considerando certo número de partículas que tem uma massa
conhecida ocupará sempre um mesmo volume.
Vazão entrada = Vazão saída
𝑄𝑚𝑒 = 𝑄𝑚𝑠
𝑚𝑒 𝑚𝑠
=
∆𝑡 ∆𝑡
𝜌𝑒 ∙ 𝑉𝑒 𝜌𝑠 ∙ 𝑉𝑠
=
∆𝑡 ∆𝑡
𝑋𝑒 𝑋𝑠
𝜌𝑒 ∙ 𝐴𝑒 ∙ = 𝜌𝑠 ∙ 𝐴𝑠 ∙
∆𝑡 ∆𝑡

𝜌𝑒 ∙ 𝐴𝑒 ∙ 𝑣𝑒 = 𝜌𝑠 ∙ 𝐴𝑠 ∙ 𝑣𝑠
 é a densidade (kg/m3), v é a velocidade (m/s) e A é a área (m2)
Mesma densidade:
𝐴𝑒 ∙ 𝑣𝑒 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑣𝑠
Exemplo 1
Uma piscina, cujas dimensões são 18𝑚 × 10𝑚 × 2𝑚, está vazia.
O tempo necessário para enchê-la totalmente é de 10 horas, e o
processo de enchimento é realizado através de um condutor de área
de seção transversal de 25 cm2.
Admitindo que a velocidade da água seja constante ao sair do cano,
determine a intensidade da velocidade da água ao sair deste
condutor.
Solução:
𝑅𝑉 = 𝐴 ∙ 𝑣
𝑉 = 18 × 10 × 2 = 360 𝑚3
36 = 25 × 10−4 ∙ 𝑣
𝛥𝑡 = 10ℎ 36
−4
=𝑣
25 × 10
𝐴 = 25 𝑐𝑚2 = 25 × 10−4 𝑚2
14400 = 𝑣
A vazão volumétrica é

𝑉 𝑣 = 14 400 𝑚/ℎ
𝑅𝑉 =
∆𝑡
14 400
360 𝑣= 𝑚/𝑠
𝑅𝑉 = = 36 𝑚3 /ℎ 3600
10
𝒗 = 𝟒 𝒎/𝒔
Exemplo 2
Uma tubulação que consiste em um duto circular de raio 0,5m sofre
uma alteração em sua área de seção transversal, que o torna mais
espesso, passando a ter 1m de raio.
Se a velocidade inicial do fluido era de 0,1m/s, qual será a
velocidade final?
Solução:
A vazão do fluido deve se conservar, sabendo que ela é o produto
entre a área da seção transversal do condutor e a velocidade do fluido.
As áreas relevantes são:
Escrevemos:
𝐴1 = 𝜋 ∙ 𝑅12 𝐴1 ∙ 𝑣1 = 𝐴2 ∙ 𝑣2
𝐴1 = 𝜋 ∙ 0,52 0,785 ∙ 0,1 = 3,14 ∙ 𝑉2
𝐴1 = 0,785 𝑚2 0,0785 = 3,14 ∙ 𝑉2
𝐴2 = 𝜋 ∙ 𝑅22 0,0785
𝐴2 = 𝜋 ∙ 1,02 = 𝑣2
3,14
𝐴2 = 3,14 𝑚2
A velocidade inicial é de 0,1m/s 𝑣2 = 0,025 𝑚/𝑠
(𝑣1 = 0,1 𝑚/𝑠)
Equação de Bernoulli
A equação de Bernoulli permite relacionar todas as variáveis,
pressão, velocidade e altura de um fluido de densidade conhecida.
Dada por:
1
𝑝 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣 2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2

A equação de Bernoulli é uma maneira de enunciar a conservação de


energia para fluidos.

Dados dois pontos no interior de um fluido, podemos compará-los de


acordo com a expressão:

1 1
𝑃1 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ1 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣1 = 𝑃2 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ2 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣22
2
2 2
Exemplo 3
Um grande reservatório de água tem um pequeno furo 1,8m abaixo
do nível da água.
Qual é a velocidade com a qual a água escapa na horizontal por
meio do furo?
Solução:
Apesar da única informação dada no enunciado ser a altura entre o
nível da água no reservatório e o furo, isso é suficiente para responder
à pergunta, graças à equação de Bernoulli.
Sabemos que:

1
𝑃 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣 2 = 𝑐𝑡𝑒
2
Compararemos
* um ponto no furo do reservatório (ponto 1) com
* um ponto no nível máximo (ponto 2) do fluido, a partir da
expressão:
1 1
𝑃1 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ1 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣1 = 𝑃2 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ2 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣22
2
2 2
Ambos os pontos estão à pressão atmosférica 𝑃1 = 𝑃2 = 105 𝑃𝑎.

Sabemos que o Reservatório é Grande e o Furo é Pequeno.

Adotaremos:
ℎ1 = 0 (no furo)
𝑣1 =? (no furo)

ℎ2 = 1,8 𝑚 (acima do furo)


𝑣2 = 0 (é possível dizer que o reservatório é tão grande que a
redução em seu nível ocorre muito vagarosamente)
Então, substituindo todas as informações, temos:
1 1
𝑃1 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ1 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣1 = 𝑃2 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ2 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣22
2
2 2
1 2
1
10 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 0 + ∙ 1000 ∙ 𝑣1 = 10 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,8 + ∙ 1000 ∙ 02
5 5
2 2
0
0 ⏞
1 1
5 ⏞ 2 5
10 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 0 + ∙ 1000 ∙ 𝑉1 = 10 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,8 + ∙ 1000 ∙ 02
2 2

1 𝑣12 = 35,28
∙ 1000 ∙ 𝑣12 = 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,8
2 𝑣1 = √35,28
500 ∙ 𝑣12 = 17640
2
17640 𝑣1 = 5,94 𝑚/𝑠
𝑣1 =
500
Exemplo 4 - Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Um engenheiro trabalha em uma indústria que contém grandes
tubulações de água, usada para resfriar um tanque no qual ocorrem
reações exotérmicas.
Em determinado ponto, a tubulação eleva-se em 1,2 m, como ilustra a
Figura a seguir. Existem sensores de pressão na tubulação em ambas
as alturas, que indicam um mesmo valor na leitura.
Ele precisa conhecer a velocidade da água no nível mais alto,
sabendo que a água entra no nível mais baixo com velocidade 5 m/s.
Sabe-se também que a água pode ser considerada um fluido
aproximadamente incompressível e com baixa viscosidade.
Resolução da situação-problema

Podemos estudar o caso utilizando a equação de Bernoulli:

1 1
𝑃1 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ1 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣1 = 𝑃2 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ2 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣22
2
2 2

Não sabemos o valor da pressão lida pelo engenheiro, mas temos que
o valor é igual nas duas alturas, então, chamaremos a pressão de P.

Consideraremos também como referência de altura a tubulação


inferior (h1=0) temos:
1 1
𝑃1 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ1 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣1 = 𝑃2 + 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ ℎ2 + ∙ 𝜌 ∙ 𝑣22
2
2 2
1 1
𝑃 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 0 + ∙ 1000 ∙ 5 = 𝑃 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,2 + ∙ 1000 ∙ 𝑣22
2
2 2

Simplificando:
1 1
𝑃 + 1000
⏟ ∙ 9,8 ∙ 0 + ∙ 1000 ∙ 5 = 𝑃 + 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,2 + ∙ 1000 ∙ 𝑣22
2

0
2 2

1 1
∙ 1000 ∙ 5 = 1000 ∙ 9,8 ∙ 1,2 + ∙ 1000 ∙ 𝑣22
2
2 2
12500 = 11760 + 500 ∙ 𝑣22
12500 − 11760 = 500 ∙ 𝑣22

740 = 500 ∙ 𝑣22

740
= 𝑣22
500

1,48 = 𝑣22

𝑣2 = √1,48

𝑣2 = 1,22 𝑚/𝑠
Faculdade Anhanguera de Goiânia
Disciplina: Física Geral e Experimental: Energia
Prof.: Joel Padilha
Aluno(a):_________________________________________
Lista de exercícios da Aula 9: U3S4 - Escoamento em fluido

1) A vazão de um fluido que escoa em um duto circular de diâmetro de 0,8m com velocidade
0,7 m/s.
a. 0,44 m3/s
b. 0,27 m3/s
c. 0,18 m3/s
d. 0,52 m3/s
e. 0,35 m3/s

2) Uma tubulação que consiste em um duto circular de raio 0,9m sofre uma alteração em sua
seção transversal, passando a ter 0,5m de raio. Se a velocidade inicial do fluido era de 0,8m/s,
a velocidade final será de:
a. 2,98m/s
b. 1,80m/s
c. 2,11m/s
d. 2,57m/s
e. 1,25m/s

3) Em uma cultura irrigada por um cano que tem área de secção reta de 100 cm2, passa água
com uma vazão de 7200 litros por hora. A velocidade de escoamento da água nesse cano é:
a) 0,02 m/s.
b) 0,2 m/s.
c) 2 m/s.
d) 20 m/s.
e) 200 m/s.

4) Por uma tubulação escoa água com uma velocidade constante de 0,8 m/s com uma vazão
de 3 l/s. O diâmetro da tubulação é de aproximadamente:
a) 70 mm.
b) 34 mm.
c) 20 mm.
d) 7,5 mm.
e) 2,4 mm.

5) Uma tubulação que consiste em um cano circular de área 0,01m² sofre uma alteração em
sua seção transversal, tornando-se mais espesso, passando a ter 0,03m². Se a velocidade final
do fluido era de 0,4 m/s, a velocidade inicial deveria ser de:
a. 1,2m/s
b. 0,2m/s
c. 0,8m/s
d. 2,4m/s
e. 1,5m/s
6) Na tubulação convergente da figura, a vazão em volume na seção 2 sabendo que o fluido é
incompressível, é:

a) 2 l/s.
b) 10 l/s.
c) 5 l/s.
d) 1 l/min.
e) 5 l/min.

7) Uma tubulação eleva-se em 2 m, como ilustra a Figura a seguir. Sabendo que as velocidades
nos pontos 1 e 2 valem respectivamente 7m/s e 1 m/s, e que a pressão no nível inferior da
tubulação é de 104 Pa, qual é a pressão no nível mais alto? A água pode ser considerada um
fluido aproximadamente incompressível e com baixa viscosidade.

a) 1,4103 Pa.
b) 1,2104 Pa.
c) 1,4104 Pa.
d) 1,6104 Pa.
e) 1,6105 Pa.

8) A figura representa uma caixa de água ligada a duas torneiras T1 e T2. A superfície livre da
água na caixa tem área A = 0,8m2 e as vazões nas torneiras são
5 litros/minutos e 3 litros/ minutos, respectivamente. Pode-se afirmar que o módulo da
velocidade V, com que a superfície da água desce, vale:
a) 2 cm/s.
b) 1 cm/s.
c) 1 m/s.
d) 1 m/min.
e) 1 cm/min.

Respostas:
1-e, 2-d, 3-b, 4- a, 5-a, 6- 7-c, 8-e

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