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E-BOOKS COMO PRODUTOS EDUCACIONAIS: DEFINIÇÃO E TÓPICOS DE


CONSTRUÇÃO SEGUNDO O MÉTODO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO

Chapter · April 2022

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4 authors, including:

Ronison Oliveira da Silva Jose Anglada-Rivera


Pesquisador Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM)
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Daniel Nascimento-E-Silva
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E-BOOKS COMO PRODUTOS EDUCACIONAIS:
DEFINIÇÃO E TÓPICOS DE CONSTRUÇÃO SEGUNDO
O MÉTODO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO

Ronison Oliveira da Silva


Mirlândia Regina Amazonas-Passos
Jose Anglada Rivera
Daniel Nascimento-e-Silva

1 INTRODUÇÃO
O presente ensaio tem por objetivo evidenciar a definição, os
principais itens de elaboração e aplicabilidade dos e-books (SERRA, 2014;
2015) no âmbito da educação profissional e tecnológica. Dentre os itens
considerados como produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019;
SILVA et al., 2019), os livros digitais se destacam por serem artefatos
tecnológicos cujo compartilhamento é favorecido pelo uso cada vez mais
constante da internet no cotidiano da humanidade.
A expectativa de contribuição deste ensaio para a comunidade
acadêmica é singela. Busca evidenciar que os e-books (SERRA, 2014; 2015)
podem ser adotados tanto para apresentar os resultados de pesquisas
educacionais como também servir de material didático na educação pro-
fissional e tecnológica. Além de ser um item fácil de ser manuseado, o
livro em formato digital se caracteriza por possuir cunho sustentável,
uma vez que para a sua fabricação dispensa o uso de papel, que é um
recurso proveniente da natureza.
A realização do ensaio é justificada por duas razões. A primeira
delas é de caráter teórico e busca robustecer a escassa literatura sobre
produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al., 2019). O
segundo motivo que encorajou a realização do estudo é de viés prático e
tem por intuito demonstrar que a produção de um e-book deve atentar
para determinados fatores condicionantes que se encontram elencados
neste constructo. A intenção do ensaio é auxiliar os estudantes de mes-
trados e doutorados profissionais a conhecerem com precisão o que é e
quais os itens que devem ser observados na elaboração de livros digitais.
O estudo está estruturado em quatro partes, sendo este primeiro
trecho de cunho introdutório. O segundo momento do ensaio traz o es-
copo conceitual atinente ao termo e-book. A terceira etapa descreve o mé-
todo científico-tecnológico, as 8 fases que o integram e sua aplicabilidade
na produção de livros digitais. O último tópico do ensaio é a conclusão,
seguida das referências que embasam teoricamente esta construção tex-
tual.

2 E-BOOKS – ESCOPO CONCEITUAL


Ao abordar sobre a temática dos e-books, Serra (2015) explica que
há uma certa dificuldade no que se refere a realização de pesquisas rela-
cionadas a este assunto. Segundo esta autora, isto ocorre porque inde-
pendente da forma como é escrita (com ou sem o hífen), muitas fontes
trabalham este tema com o enfoque em obras no formato de livro digital.
A intenção de Serra (2015) ao realizar sua pesquisa era encontrar traba-
lhos que contextualizem o livro eletrônico como temática principal. A
autora considera que no contexto nacional a produção bibliográfica refe-
rente aos livros digitais está em crescimento. Entretanto, a maioria das
produções está disponível em língua estrangeira, mais precisamente em
inglês. Para que o escopo conceitual sobre o tema central deste ensaio seja
construído assertivamente, os autores optaram por mesclar definições
estrangeiras com as conceituações existentes em trabalhos no estado da
arte (SANTANA, 2017) disponível na literatura científica nacional.
Com base na definição de Rao (2003), Lam e colaboradores (2009)
relatam que os e-books podem ser considerados como textos em formato
digital dispostos em formato eletrônico, composto por palavras e figuras.
Os materiais correspondentes aos e-books são arquivos de computador.
Costumeiramente, estes arquivos são apresentados no formato PDF, que
é a sigla de Portable Document Format (TURRÓ, 2008). A quantidade de
laudas por e-book influencia diretamente no tamanho do arquivo: livretos
de volume menor são leves, enquanto que livros completos ou coletâneas
com muitos conteúdos inclusos se caracterizam por serem mais pesados
em megabytes.
Com base na ótica de Jenkins (2008), a definição de Dlodlo e
Tolmay (2012) se assemelha a de Lam e colaboradores (2009), e em adição
a isso elenca os dispositivos através dos quais os e-books podem ser aces-
sados. Dentre estes dispositivos, os desktops, notebooks e demais aparatos
tecnológicos cuja funcionalidade contempla a exibição dos livros digitais
em uma tela são considerados meios de acesso. De posse destas informa-
ções, infere-se que os e-books se caracterizam por serem facilmente arma-
zenados e acessados, o que ajuda a explicar o porquê este formato é bem
aceito pelos leitores no mundo atual.
Walton e Hailey (2015) destacam um aspecto relevante dos livros
eletrônicos: a acessibilidade das informações. Uma das vantagens dos e-
books é que o seu teor já contém as informações que o usuário necessita.
Na interpretação de Walton e Hailey (2015), isto é um benefício relevante
para os estudantes, uma vez que a informação já está disponível e ao
alcance do aluno. Isto difere dos dados que precisam ser acessados em
um site de buscas, nos quais nem sempre a resposta que o aluno procura
está no início da página. Isto é uma das razões para que estes autores
enfatizem a popularização dos livros digitais nos tempos atuais.
Os estudos de Morgan (1999) e Sang (2017) apontam que os e-
books podem ser compreendidos como a junção de elementos de hardware
e software, os quais funcionam de forma concomitante para atender as
necessidades de leitura das pessoas. Entende-se que os livros digitais são
uma evolução dos livros físicos. São caracterizados pelo fácil manuseio e
por ocuparem bem menos espaço do que os livros impressos. A acessibi-
lidade (WALTON; HAILEY, 2015) destes artefatos eletrônicos é outro
elemento diferencial que faz com que os livros digitais respondam de
forma mais adequada as demandas dos leitores da sociedade da informa-
ção (KRIEZYU, 2019).
Na visão de Striphas (2009), os e-books são uma resposta emergen-
te que atende de maneira consentânea a um problema que corriqueira-
mente ocorre com os livros impressos: a circulação. Enquanto na forma
física nem todos os livros circulam como deveriam, estes materiais no
formato digital rapidamente podem ser baixados pela internet através de
um download e compartilhados através das ferramentas comunicacionais
mais utilizadas atualmente, como o e-mail e o aplicativo Whats App. Isto
faz com que os livros digitais se notabilizem por ser uma forma de demo-
cratização do acesso ao conhecimento, uma vez que podem ser lidos não
somente em computadores pessoais e notebooks, mas também em smar-
tphones e tablets.
Fensterseifer (2016) informa que, quanto ao seu layout, os e-books
podem ser classificados em duas categorias: a) fluido, e; b) fixo. Os livros
digitais de layout fluido se caracterizam por ser o formato mais comum
de publicação digital. Este tipo de e-book se ajusta a tela do e-reader, o que
dispensa o uso de ferramentas de zoom e scroll. Por sua vez, os livros ele-
trônicos de formato fixo são menos customizáveis, o que confere ao de-
signer do e-book maior controle sobre as configurações de diagramação do
texto e disposição das imagens em cada lauda deste tipo de livro digital.
Reid (2016) relata que os livros eletrônicos podem ser considera-
dos como um instrumento capaz de chamar a atenção do alunado e mo-
tivá-los a realizar as tarefas necessárias ao cumprimento das disciplinas.
Esta conceituação demonstra concordância com a visão de Krasnova e
Ananjev (2015), a qual aponta que a sociedade atual passou por diversas
mudanças advindas do uso em larga escala da internet no cotidiano da
humanidade, o que ocasionou impactos também na seara educacional. O
fato de os alunos se sentirem mais engajados para se empenhar nos estu-
dos com a utilização dos e-books corrobora com esta afirmação.
López e colaborado res (2016) apontam outro benefício dos
livros eletrônicos: o gerenciamento da visualização. Atualmente, os for-
matos de e-books são constituídos para que o usuário consiga otimizar a
leitura do texto em um dado dispositivo. Através do recurso de zoom, o
leitor pode aproximar (zoon in) ou afastar (zoon out) a imagem reproduzi-
da no meio de acesso pelo qual o livro digital é acessado. López e colabo-
radores (2016) relatam que essas e outras funcionalidades são oferecidas
pelos dispositivos de acesso e leitura dos e-books.
Numa visão semelhante à de Walton e Hailey (2015) e López et
al. (2016), Huang (2017) indica que os recursos tecnológicos dos e-books
contribuem para a sua grande aceitação e popularização. O formato de
leitura facilitado pelos recursos de pesquisa e de tela fazem com que estes
artefatos sejam bem-sucedidos junto ao seu público-alvo. Estas vantagens
justificam a receptividade dos livros digitais na hodierna sociedade da
informação (KRIEZYU, 2019).
Richardson e Mahmood (2012) narram algumas das conveniên-
cias proporcionadas pela utilização dos e-books. Uma delas diz respeito ao
fato de que o estudante pode armazenar diversos livros digitais em um
dispositivo de armazenamento, como, por exemplo, um pen drive ou HD
(hardware) externo. Além disso, através da inserção de lynks, é possível
que o leitor consiga interagir com formatos de áudio, vídeo ou sites.
Liesaputra e Witten (2012) concordam com Richardson e Mah-
mood (2012) e em adição a definição destes autores mencionam que os
livros digitais se diferenciam dos físicos em relação ao tamanho e a aces-
sibilidade. Os e-books representam a conversão dos livros impressos em
formato eletrônico e se notabilizam pelo acesso facilitado em qualquer
hora e local.
Veloso (2013) alega que, embora alguns e-books sejam apenas uma
transposição dos livros impressos para um arquivo eletrônico, existem
livros digitais sensíveis ao toque do leitor. Dentre as opções disponíveis,
há a de folhear virtualmente as laudas, além da reformatação do texto
para formatos que sejam do agrado de quem lê. Outros recursos mencio-
nados por Veloso (2018) são o acesso a hiperlynks e até mesmo gravação
de voz para contar uma história.
Para este estudo, e-books podem ser considerados como a versão
digital dos livros impressos, os quais se diferenciam de sua versão física
pela disponibilidade de recursos tecnológicos avançados para os leitores.
O uso massivo da internet no cotidiano de trabalho e estudo da sociedade
moderna faz com que estes livros digitais sejam facilmente compartilha-
dos e acessados através dos diversos dispositivos existentes no mercado
para tal finalidade. Além disso, este artefato tecnológico se notabiliza
pela praticidade da leitura e pela facilidade de armazenamento, o que
torna o e-book um artefato de grande aceitação perante os leitores do
mundo hodierno.

3. CRIAÇÃO DE E-BOOKS CONFORME O MÉTODO CIENTÍFICO-


TECNOLÓGICO
Este trecho do ensaio tem por intuito elencar os principais itens a
serem considerados por estudantes e pesquisadores na construção de e-
books. A observância a estas recomendações elevará a probabilidade de
sucesso na elaboração de livros digitais. Devido a escassez de literatura a
respeito deste tema, o presente estudo cumpre duas funções. A primeira
é ajudar a diminuir a falta de artigos científicos que tenham como temáti-
ca central os livros eletrônicos. A segunda função é a de funcionar como
um guia para estudantes e demais profissionais que desejam fazer um e-
book, mas desconhecem quais são as etapas necessárias para cumprir com
este intento.

3.1 Considerações sobre o método científico-tecnológico (MC-T)


O método científico-tecnológico (MC-T) pode ser entendido co-
mo o sequenciamento lógico e ordenado de fases que ao serem realizadas
corretamente geram como resultado uma tecnologia (NASCIMENTO-E-
SILVA, 2019). Por sua, tecnologia pode ser compreendida como a aplica-
bilidade dada a um conhecimento ou a um conjunto de saberes (HAYNE,
2018). Noutras palavras, a tecnologia é o resultado do manuseio de co-
nhecimentos científicos, os quais são encapsulados em artefatos tecnoló-
gicos. Os produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al.,
2019) devem se notabilizar por serem aplicáveis a um determinado con-
texto de seu campo de aplicação e serem provedores de solução para os
problemas que justificaram a sua criação e instauração.
Este método é composto por duas dimensões específicas. A pri-
meira delas é chamada de dimensão científica e tem por objetivo a coleta,
análise e definição de uma resposta para uma pergunta de pesquisa
(NASCIMENTO-E-SILVA, 2012) inicialmente estabelecida no início do
processo de geração de tecnologias. Os conhecimentos adquiridos nesta
primeira fase de aplicação deste método servirão de base para a constru-
ção de um determinado item. Este artefato deve ser aplicável a um de-
terminado contexto com a finalidade de resolver um problema (LUKO-
SEVICIUS, 2018). No caso específico dos produtos educacionais (GON-
ÇALVES et al., 2019; SILVA et al., 2019), as áreas de aplicabilidade das
tecnologias criadas são as linhas de pesquisa dos mestrados e doutorados
profissionais, que se diferenciam das pós-graduações stricto sensu pela
obrigatoriedade da criação de um artefato tecnológico.
A segunda dimensão é a tecnológica e é nela que o artefato físico
é materializado. É imperioso apontar que a primeira versão do item pro-
duzido a partir dos conhecimentos científicos chama-se protótipo (RO-
GERS; SHARP; PREECE, 2013; NASCIMENTO-E-SILVA, 2019). De ma-
neira sintetizada, um protótipo é uma versão a mais próxima possível do
produto (SILVA et al., 2019), a qual também pode ser chamada de piloto.
A partir do momento que o protótipo (ROGERS; SHARP; PREECE, 2013;
NASCIMENTO-E-SILVA, 2019) é submetido e posteriormente aprovado
nos testes de desempenho, o artefato pode ser considerado como produto
(GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al., 2019). Finalizada a fase de testes,
o item produzido pode então ser divulgado junto ao seu público-alvo. A
figura 1 sumariza as fases que compõem o método científico-tecnológico:

Figura 1: O método científico-tecnológico

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Nascimento-e-Silva (2019).

A figura 1 demonstra que são 8 os estágios que constituem o mé-


todo científico- tecnológico. A dimensão científica é formada pelas se-
guintes fases: a) definição das perguntas de pesquisa; b) coleta das res-
postas nas bases de dados; c) organização e análise dos dados coletados;
d) geração das respostas. De forma sequencial, as demais partes que for-
mam a dimensão tecnológica são: e) construção do protótipo; f) testes do
protótipo; g) ajustes do protótipo, e; h) divulgação do produto final.

3.2 Fases da dimensão científica

De maneira sintetizada, a dimensão científica é formada pelas


seguintes etapas:
- Definição das perguntas de pesquisa: toda pesquisa científica só
é válida se tiver como intuito principal responder a uma pergunta de
pesquisa (NASCIMENTO-E-SILVA, 2012; 2019). É o suprimento a esta
questão norteadora (BREI; VIEIRA; MATOS, 2014) que irá ser o fio con-
dutor do processo de investigação científica;
- Coleta das respostas nas bases de dados: consiste em buscar no
estado da arte (SANTANA, 2017) da temática a ser trabalhada as respos-
tas (NASCIMENTO-E-SILVA, 2012) que respondem de forma assertiva e
consistente a pergunta formulada na etapa anterior. Para isso, são consul-
tadas as bases de dados, como, por exemplo, o Google Acadêmico, Science
Direct, DOAJ, JSTOR e o banco de teses e dissertações da CAPES (Comis-
são de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Vejamos um
exemplo: se o foco da pesquisa é descobrir o que é educação, as respostas
a serem coletadas são frases que iniciam das seguintes formas: “Educação
significa...”; “Educação pode ser considerada como...”, “Educação consis-
te em...”, ou, simplesmente, “Educação é...”. Recomenda-se que este le-
vantamento seja feito junto aos trabalhos produzidos nos últimos 5 anos
e, sempre que possível, em fontes internacionais.
- Organização e análise dos dados coletados: a organização dos
dados consiste na criação de um quadro numa lauda em branco no modo
paisagem do aplicativo Microsoft Word. A configuração deste quadro são
duas colunas: a primeira delas traz as referências de cada autor consulta-
do. A segunda traz a resposta em sua forma literal entre aspas, seguida
do número de página no qual consta a afirmação coletada. Feito este pro-
cesso, é necessário analisar, ou, dito de outra forma, quebrar em partes
(NASCIMENTO-E-SILVA, 2012) as respostas para entender a lógica exis-
tente entre elas. Isso consiste na identificação dos termos que mais se
repetem em cada frase e na detecção da correlação existente em cada
resposta coletada.
- Geração das respostas: feito o levantamento no estado da arte
(SANTANA, 2017) do assunto estudado, o passo seguinte é gerar a res-
posta, a partir dos conceitos identificados nas fases anteriores. Com isso,
a dimensão científica está finalizada.

3.3 Fases da dimensão tecnológica


De posse dos conhecimentos obtidos nas etapas da dimensão
científica, o cientista precisa manusear estes saberes para a construção do
artefato físico. Para a realização deste intento, é necessário que os seguin-
tes estágios sejam cumpridos regiamente:
- Construção do protótipo: esta fase abarca a definição da forma
de apresentação do artefato tecnológico. Para que o pesquisador saiba
com precisão o que fazer para a materialização deste item, é recomendá-
vel a utilização da estrutura analítica do produto (RACHED; ROVAI,
2018), também conhecida como EAP. Trata-se de uma estrutura seme-
lhante à de um organograma, com a diferença de que, ao invés de cargos,
são elencadas as partes que compõem o item a ser produzido. Nascimen-
to-e-Silva (2019) explica que esta estrutura é formada por itens pais e
filhos. Os chamados itens pais são as partes que compõem o artefato físi-
co a ser gerado. Por sua vez, os itens filhos são os subitens que compõem
os itens pais e que precisam ser realizados para que a próxima parte do
projeto seja cumprida até que a finalização do produto.
- Testes do protótipo: todo artefato físico criado a partir do méto-
do cientifico-tecnológico precisa ter a sua eficácia testada. Nascimento-e-
Silva (2019) explana que a realização dos testes é necessária por três mo-
tivos. O primeiro deles visa saber se o item funciona. A segunda razão
busca identifica se este funcionamento ocorre da forma esperada. O ter-
ceiro fator é a detecção de eventuais erros que comprometam a eficiência
e eficácia do artefato.
- Ajustes no protótipo: com base nos resultados dos testes, o pes-
quisador consegue visualizar os tópicos do artefato que carecem de me-
lhorias (PARASCHIVESCU; COTÎRLET, 2015). As correções devem ser
realizadas para que o artefato consiga atender as necessidades para o
qual foi criado de forma consistente. Nascimento-e-Silva (2019) relata que
os ajustes devem ser realizados de forma integral para que novos testes
sejam realizados para comprovar que o desempenho do artefato nos itens
em que se mostrou deficitário seja superior ao da primeira rodada.
- Divulgação final do produto: esta é fase na qual o que antes era
considerado um protótipo (ROGERS; SHARP; PREECE, 2013; NASCI-
MENTO-E-SILVA, 2019) pode então ser compreendido como um produto
(SILVA et al., 2019). Noutras palavras, é neste último estágio que o artefa-
to demonstra ter sido aprovado em todos os testes ao qual foi submetido.
Agora é preciso que o público-alvo para o qual o artefato se destina co-
nheça a existência, as funcionalidades e os benefícios que a sua utilização
pode proporcionar.
Como se pode notar, o método científico-tecnológico consiste em
uma sequência lógica e ordenada de etapas que, ao serem cumpridas com
exatidão, ao seu final geram como resultado um artefato tecnológico. A
utilização deste método demonstra que a combinação dos conhecimentos
científicos com os princípios básicos de engenharia de produto (TONET-
TO; ROMANO; MARÇOLA, 2018) pode resultar na geração de tecnologi-
as em diversas áreas de atuação. Este é um instrumento poderoso que
tem auxiliado cientistas do mundo inteiro a materializarem seus feitos
científicos. Além disso, o método científico-tecnológico possui um intuito
singelo: gerar tecnologias que tornem o planeta em que habitamos me-
lhor de se viver, através das soluções resultantes de seu uso correto.
Após as partes que compõem a metodologia apresentada neste
ensaio, é conveniente descrever como cada uma destas etapas podem ser
aplicadas na construção de livros digitais no âmbito da construção de
produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al., 2019).

3.3 Definições das perguntas de pesquisa


Nascimento-e-Silva (2019) narra que para a geração de tecnologi-
as há uma lógica de feitura que deve ser compreendida e praticada pelos
cientistas e pesquisadores no que tange a formulação das perguntas de
pesquisa. Em síntese, há uma indagação geral, a qual é voltada para
atender ao intuito principal da investigação. Cabe salientar que esta per-
gunta funciona como um guia para a realização da pesquisa. Entretanto,
para que a geração de tecnologias seja exitosa, é necessário que sejam
definidas as questões específicas que irão servir para a obtenção dos sa-
beres necessários para a construção do artefato físico.
Vejamos o exemplo de um estudo empreendido por Silva (2019),
o qual buscou elaborar como um produto um curso de autocapacitação
para coordenadores de graduação. A pergunta central foi esta: “Quais os
conhecimentos necessários para a criação de um MOOC 38capaz de for-
mar gestores de cursos superiores?”. A literatura demonstrou que os
coordenadores de curso (SILVA et al., 2019) necessitam atender deman-
das de cunho gerencial e regulatório para assegurar o alcance dos objeti-
vos institucionais (NASCIMENTO-E-SILVA, 2018). De posse dessa in-
formação, as indagações específicas para a criação do artefato foram defi-
nidas conforme abaixo:
- Quais os conhecimentos necessários sobre o processo gerencial?
- Qual é a lógica existente na avaliação de graduações feita perio-
dicamente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira – INEP?
- O que é e quais são os indicadores da dimensão Organização
Didático-Pedagógica?
- O que é e quais são os indicadores da dimensão Corpo Docente
e Tutorial?
- O que é e quais são os indicadores da dimensão Infraestrutura?
- Quais são as partes obrigatórias de um MOOC?
As respostas para cada uma destas questões auxiliares tornaram
possível o atendimento assertivo da pergunta principal da pesquisa. É
imperioso afirmar que estas indagações específicas são necessárias para

38MOOC é a sigla para o termo Massive Online Open Courses. Consoante Pino (2017), os
MOOCs são cursos abertos, ofertados em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) a um
número considerável de alunos.
que o cientista saiba com precisão o que precisa ser feito para que a gera-
ção de tecnologia pretendida seja feita de forma eficiente e eficaz.

3.5 Coleta dos dados


Esta é a fase na qual o cientista inicia uma espécie de garimpa-
gem das respostas que irão suprir a questão norteadora de pesquisa
(BREI; VIEIRA; MATOS, 2014). Aqui é necessário que o pesquisador con-
sidere duas possibilidades. Nascimento-e-Silva (2019) diz que nessa se-
gunda etapa do método há os conhecimentos que já estão disponíveis nas
bases de dados e outros que ainda não estão, o que exigirá a elaboração
de um plano de produção destes saberes.
Quando as respostas estão presentes na literatura científica, o ci-
entista poderá passar para o estágio seguinte do método. Em caso contrá-
rio, o pesquisador terá de produzir os conceitos que não foram identifi-
cados inicialmente. Quanto as fontes a serem consultadas, é conveniente
que algumas precauções sejam tomadas. Esta fase da pesquisa deve con-
siderar que artigos publicados em revistas qualificadas ou em anais de
eventos devem ter uma seção dedicada a descrever a metodologia em-
pregada para a realização do estudo. É recomendável que monografias e
trabalhos de pós-graduação lato sensu sejam descartados. A preferência
deve ser por dissertações de mestrado e teses de doutorado. Quanto mais
confiáveis forem as fontes consultadas para estruturar o artefato físico,
mais assertivo será a aplicabilidade do método científico-tecnológico.
Para a construção de um e-book, a questão central precisa estar
atrelada a temática que será abordada no estudo. Por sua vez, as questões
específicas podem responder a cada capítulo que irá compor o livro digi-
tal. É relevante considerar que a complexidade do tema pode influenciar
na quantidade de partes que compõem o e-book. Para estes casos, uma
saída viável é a divisão dos livros eletrônicos em volumes numa sequên-
cia que seja de fácil compreensão para o leitor.
Cumpre esclarecer que artigos, teses e dissertações não são as
únicas fontes de informação para a construção de um artefato tecnológi-
co. Nos casos em que o cientista irá elaborar uma tecnologia que esteja
vinculada a uma legislação ou a um grupo de leis e normas, são elas que
deverão ser observadas pelo pesquisador. No exemplo de Silva (2019),
houve o levantamento e estudo detalhado das legislações e critérios de
análise que compõem o sistema de avaliação de cursos superiores atual-
mente utilizado pelo INEP, bem como as leis correspondentes a este mar-
co regulatório (BRASIL, 1996; 2004; 2017; INEP, 2017a; 2017b).

3.6 Organizar e análise dos dados


Nesta fase do método, são duas as compreensões necessárias que
o pesquisador deve ter para a correta execução do método. A primeira
delas é o sentido de organização, o que nos dizeres de Nascimento-e-
Silva (2019) pode ser entendido como a identificação da lógica existente
nos conceitos naquele amontoado de afirmações coletadas anteriormente.
Nesse sentido, é recomendável que o cientista utilize uma forma de apre-
sentar as respostas relacionadas a questão norteadora (BREI; VIEIRA;
MATOS, 2014) definida no início da investigação científica.

3.7 Geração das respostas


Com base no estado da arte (SANTANA, 2017) que fora consul-
tado nas etapas anteriores, o próximo passo consiste em registrar a res-
posta por escrito sobre a temática pesquisada. Este registro é formado por
um parágrafo composto por três frases. A primeira delas explica de for-
ma objetiva o que é o fenômeno que foi estudado. Por sua vez, a segunda
e a terceira frases explicam de maneira mais detalhada os aspectos vincu-
lados ao conceito construído que mais se mostraram presentes na fase de
organização e análise dos dados. Nascimento-e-Silva (2019) demonstra
que independente do estilo de escrita do pesquisador, é necessário que a
organização dos dados seja explicitada no teor do texto, uma vez que ela
é a evidência empírica do trabalho redacional necessário para a constru-
ção do artefato tecnológico.
Vejamos isso mais de perto num exemplo prático. Uma das ques-
tões específicas do estudo de Silva (2019) foi: “O que é Administração?” e
a literatura científica consultada evidenciou as respostas que supriam de
forma consistente essa indagação. Feitas todas as 3 primeiras etapas do
método científico-tecnológico, a resposta gerada foi esta que se encontra
destacada no quadro 1:

Quadro 1: Exemplo de resposta construída através do método científico-tecnológico

Administração é o processo que consiste em planejar, organizar, dirigir e


controlar recursos para atingir os objetivos organizacionais. O processo de
gestão é composto por quatro etapas: planejar, organizar, dirigir e controlar,
O que é Admi-
as quais se caracterizam por serem sequenciais e cuja lógica de execução
nistração?
precisa ser obedecida pelos gestores. Os recursos precisam mandatoriamente
passar por estas quatro fases gerenciais, uma vez que é isto que eleva a pro-
babilidade de sucesso da organização no alcance de seu futuro pretendido.

Fonte: Silva (2019).

Este quadro exemplificou a maneira correta com a qual as respos-


tas geradas durante a execução do método científico-tecnológico devem
ser redigidas. A primeira frase sintetiza as três informações que mais se
mostraram frequentes no que tange a esta questão. A primeira delas diz
que Administração é um processo. A segunda informação descreve as
partes que compõem este processo. E o terceiro elemento responde os
itens que precisam ser planejados, organizados, dirigidos e controlados,
que são os recursos. As frases seguintes destacam outros aspectos igual-
mente relevantes que também são atinentes ao conceito que fora traba-
lhado.
Estes quatro primeiros passos consistem na dimensão científica
da feitura do método científico-tecnológico. Como se pode observar, os
primeiros quatro passos desta metodologia podem ser considerados os
alicerces que irão embasar cientificamente o artefato tecnológico. A partir
desse momento, o desafio do pesquisador é reunir os conhecimentos até
então catalogados em um produto educacional (GONÇALVES et al.,
2019; SILVA et al., 2019) que resolva os problemas que justificaram a sua
concepção.

3.8 Geração do protótipo


Após a realização das etapas que compõem a dimensão científica,
o próximo passo na geração de tecnologias é a execução das quatro fases
que constituem a dimensão tecnológica, iniciando pela etapa de prototi-
pagem. (NASCIMENTO-E-SILVA, 2019). Aqui são utilizados alguns co-
nhecimentos da área de engenharia de produtos (TONETTO; ROMANO;
MARÇOLA, 2018). O termo engenharia remente ao manuseio sistemático
de conhecimentos teóricos e práticos para a formulação de engenhos cuja
finalidade é a melhoria (PARASCHIVESCU; COTÎRLET, 2015) em diver-
sos campos de aplicação, dentre eles, a educação.
Antes de partir para a montagem do protótipo (ROGERS;
SHARP; PREECE, 2013; NASCIMENTO-E-SILVA, 2019), é recomendável
definir os itens e subitens que serão necessários para efetuar a sua com-
posição. Isso é possível através de um instrumento denominado estrutura
analítica do produto (EAP), a qual nos dizeres de Rached e Rovai (2018) é
conhecida como Product Breakdown Structure (PBS). A vantagem da utili-
zação desta estrutura é que o pesquisador consegue visualizar quais são
as tarefas que precisam ser executadas para que o projeto seja realizado
com alto grau de assertividade. Para efeito de exemplificação, vejamos o
exemplo de uma EAP desenvolvida por Silva (2019) para a criação de um
curso na modalidade MOOC (PINO, 2017) para autocapacitação de coor-
denadores de graduação.

Figura 1: Exemplo de Estrutura Analítica do Produto


Fonte: Silva (2019).

A figura 1 demonstrou que a autocapacitação desenvolvida por


Silva (2019) precisou ser dividida em quatro módulos distintos, cada um
com começo, meio e fim bem definidos. A lógica de feitura foi a seguinte:
iniciar com a explanação de cada conteúdo principal, seguida de uma
avaliação de aprendizagem. Isto facilitou a condução do projeto e tornou
mais profícuo o gerenciamento de cada parte necessária para a materiali-
zação do produto educacional (GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al.,
2019). Cada módulo representa os itens pai, que por sua vez são constitu-
ídos por tarefas menores denominadas de itens filhos (NASCIMENTO-E-
SILVA, 2019). Quanto mais complexo for o produto, maior será a sua
EAP.

3.9 Testes do protótipo


A função básica da submissão do artefato a testes de desempenho
é reduzir a probabilidade de falhas no funcionamento do artefato durante
o seu funcionamento. É por esse motivo que a fase de testes é realizada
antes do lançamento do artefato: para identifica toda e qualquer falha na
performance do item produzido que comprometa seu desempenho. Ao
falar sobre testes de produto, Nascimento-e-Silva (2019) destaca seis cate-
gorias diferentes a serem consideradas pelos pesquisadores, a saber:
- Teste de Eficácia: verifica se o artefato resolve com precisão os
problemas que se propõe a fazer;
- Teste de Eficiência: averigua se o protótipo atende as expectati-
vas com o mínimo possível de erros (HOUAISS, 2001; MARIANO, 2007).
- Teste de usabilidade: tem por intuito saber se a tecnologia pro-
duzida é fácil de ser manuseada pelos pretensos usuários.
- Teste de mercado: busca identificar se o produto possui poten-
cial de mercado em seu ambiente de aplicação;
- Teste de conformidade: examina se o artefato apresenta as qua-
lidades que dele se espera
- Teste de confiabilidade: afere se o item consegue funcionar vá-
rias vezes com o mesmo padrão de desempenho.
No caso específico dos e-books, determinados tópicos devem ser
avaliados, dentre eles:
- Arte da capa;
- Qualidade dos textos;
- Quantidade de laudas por e-book;
- Qualidade das figuras presentes no e-book;
- Clareza e qualidade dos conteúdos do e-book;
- Sequencia didática dos conteúdos do e-book;
Para a mensuração de cada um destes parâmetros, sugere-se a
adoção de um protocolo (MARTINS; MELLO; TURRIONI, 2014) com
cada um dos itens que precisam ser aferidos. De posse dos resultados
oriundos dos feedbacks de cada participante do teste, o pesquisador con-
segue visualizar os pontos fortes e os pontos que careçam de melhoria
(PARASCHIVESCU; COTÎRLET, 2015).

3.10 Ajustes no protótipo


Finalizados os testes, o passo seguinte é a realização dos ajustes
necessários no protótipo. Nascimento-e-Silva (2019) recomenda que esta
fase do método científico-tecnológico seja feita em congruência com os
resultados dos testes, mais precisamente nos tópicos em que o artefato
demonstrou rendimento insatisfatório. O feedback dos partícipes dos tes-
tes irá evidenciar em quais pontos o material produzido carece de refor-
ço.
A percepção dos usuários em relação as funcionalidades do pro-
tótipo (ROGERS; SHARP; PREECE, 2013; NASCIMENTO-E-SILVA, 2019)
é condição sine qua non para a efetuação dos ajustes. No caso específico
dos e-books, as possíveis correções podem abarcar desde o design da capa
até mesmo a necessidade de troca das figuras presentes em seu corpo
textual, além de revisões gramaticais e ortográficas. O entendimento ne-
cessário nesta fase é o seguinte: quem irá utilizar o artefato são outras
pessoas. Elas precisam perceber que a tecnologia produzida é de fácil
manuseio e atende de forma satisfatória aos problemas que justificaram a
sua criação.
Os produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019; SILVA et
al., 2019) devem chamar a atenção das pessoas pelo seu design, pela sua
aplicabilidade imediata, pela fácil compreensão e pela inovação (NAS-
CIMENTO-E-SILVA, 2017). Isto reforça a significância do método cientí-
fico-tecnológico, cuja utilização correta atende a todos estes requisitos de
forma consistente. Ao término dos ajustes e mediante a aprovação dos
participantes do teste, o que antes era considerado como protótipo (RO-
GERS; SHARP; PREECE, 2013; NASCIMENTO-E-SILVA, 2019) pode
finalmente ser disponibilizado para o seu público-alvo na condição de
produto (SILVA et al., 2019).

3.11 Divulgação da versão final do produto


Esta é a última fase do método científico-tecnológico e sua execu-
ção possui três significados. O primeiro deles é que o artefato produzido
foi considerado aprovado nos testes em que foi submetido. O segundo
dos significados demonstra que a tecnologia gerada apresenta os atribu-
tos necessários para o seu funcionamento em níveis satisfatórios. O ter-
ceiro significado diz respeito ao desempenho de mercado do material, o
qual está no mesmo patamar de seus concorrentes (NASCIMENTO-E-
SILVA, 2019).
No caso dos produtos educacionais (GONÇALVES et al., 2019;
SILVA et al., 2019), são muitas as formas possíveis de divulgação. Esta é
uma decisão que compete ao pesquisador e seu professor orientador. O
importante é que o meio escolhido para propagar a tecnologia criada seja
digital e de alcance do maior número possível de pessoas. Nesse sentido,
sites, blogs, canais na plataforma de streaming You Tube, páginas em redes
sociais como Facebook e Instagram e repositórios institucionais e a plata-
forma Educapes são exemplos de canais de divulgação.
No que tange aos livros eletrônicos, o autor pode utilizar um site
personalizado com a inclusão do arquivo digital disponível para downlo-
ad. As páginas no Facebook e Instagram também são canais válidos para a
propagação do e-book criado. Outro tópico a ser considerado é a criação
de uma pesquisa de satisfação através de um formulário produzido no
aplicativo Google Docs. Este formulário pode ser enviado por e-mail a
alguns leitores conhecidos do autor do e-book para saber a percepção do
público-alvo sobre o material produzido. Isto auxilia o autor a conhecer a
resposta das pessoas a respeito de sua obra e considerar a opinião do
público para eventuais melhorias (PARASCHIVESCU; COTÎRLET, 2015)
em projetos futuros.
Um detalhe significante no âmbito dos produtos educacionais
(GONÇALVES et al., 2019; SILVA et al., 2019) é a questão do licenciamen-
to no site Creative Commons. Isso é necessário para que o artefato criado
não seja utilizado comercialmente por terceiros. Este é um passo manda-
tório para salvaguardar o cientista de qualquer utilização indevida de seu
produto (SILVA et al., 2019). Outra razão que justifica a realização deste
trâmite é garantir que, em casos de reprodução do material, seja dado o
crédito devido aos autores da versão original da tecnologia.

CONCLUSÃO
Este ensaio evidenciou o método científico-tecnológico como
caminho viável para a construção de e-books como produtos educacionais.
A lógica de feitura de cada fase que compõe esta metodologia eleva a
probabilidade de sucesso na produção e divulgação de livros digitais. É
conveniente mencionar que este método aqui apresentado é perfeitamen-
te aplicável para a geração de outras tecnologias, como por exemplo:
jogos educacionais, cartilhas pedagógicas, portfólios de cursos de exten-
são e cursos na modalidade MOOC.
Embora a tecnologia seja algo presente no cotidiano da humani-
dade, a literatura concernente aos procedimentos e técnicas utilizados
para a sua geração ainda se mostra exígua no contexto nacional. Estes são
conhecimentos que deveriam fazer parte da matriz curricular dos mes-
trados e doutorados profissionais. O caráter racional e sistemático deste
método pode auxiliar pesquisadores de todo o Brasil a materializar seus
engenhos de forma consistente, eficaz e eficiente.
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