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Fusca & Cia 1

2 Fusca & Cia


Fusca & Cia 3
LUIZ GUEDES JR.

PRESIDENTE: Paulo Roberto Houch • VICE-PRESIDENTE EDITORIAL: Andrea Calmon (redacao@editoraonline.com.br) • JORNALISTA RESPONSÁVEL: Andrea
Calmon (MTB 47714) • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Luiz Guedes Jr. (Editor-Executivo), Bob Sharp (Editor Técnico) e Eduardo Ohara (Texto e Fotos)
ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Adilson Nicollette/Comunica Multimídia • COORDENADOR DE ARTE: Rubens Martim (diagramacao@editoraonline.com.br) •
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do IBC Instituto Brasileiro de Cultura Ltda. – Caixa Postal 61085 – CEP 05001-970 – São Paulo – SP – Tel.: (0**11) 3393-7777 • A reprodução total ou parcial desta obra é proibida
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Índice
20 32
Relíquia Personalizado
O último Fusca 6 volts, O resgate do Brasilia Puma, criação
fabricado no final de 67 de uma antiga concessionária no RJ

44
Especial
08

Conheça a alemã
Memminger e suas
criações na linha VW

Fusca Paixão
52 60

Após 30 anos, o resultado


de uma customização
minimamente planejada

SEÇÕES
08 Reunião 20 Painel VW 60 Técnica 64 ClassiFusca
A festa do besouro em Destaques e curiosidades Como instalar um conta-giros Encontre o modelo dos seus sonhos e
Interlagos e na capital Goiânia do universo Volkswagen no seu antigo Volkswagen entre para a cultura VW arrefecida a ar!

18 Correio 22 Vitrine 62 Oficina 66 Garagem do Opa


A palavra dos leitores e as Acessórios e “mimos” para Dúvidas sobre mecânica? Todo mês, um acessório raro e curioso
dúvidas na seção Placa Preta realçar o visual do besouro Bob Sharp responde! de época que só o “opa” conhece
FOTOS DE CAPA
LUIZ GUEDES JR. E EDUARDO OHARA
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Reunião

FOTOS: LUIZ GUEDES JR.


s associados do Fusca Clube do Brasil voltaram a colocar
seus carros na pista do autódromo de Interlagos. O tradi-
cional evento anual aconteceu no dia 29 de maio, um belo
domingo de sol, e mais uma vez foi realizado na área do
estacionamento, em função das obras que impedem o uso
dos boxes no autódromo paulistano. Além de uma feirinha de peças e

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acessórios e dos badalados
Food Trucks na forma da boa
e velha Kombi, o encontro
terminou com a tradicional
abertura da pista, onde os
cerca de 200 proprietários
presentes puderam acelerar
– dentro do limite da respon-
sabilidade – seus besouros
e derivados, sentindo o gosti-
nho e a emoção de pilotar em
um circuito de verdade.

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Fusca & Cia 11
FOTOS: LUIZ GUEDES JR.

ealizado todo último domingo de cada


mês, o Encontro Interclubes reúne cerca
de 150 automóveis antigos no Cepal do
Setor Sul da capital Goiânia (GO). E a
família Volkswagen arrefecida a ar, como
sempre, é destaque na festa. Na edição organiza-
da no dia 24 de abril, o besouro e seus derivados
formaram duas filas com cerca de 40 exemplares
entre modelos originais e personalizados. E não é
só na quantidade e versatilidade dos carros que os
antigos VW se fazem notar. Também na feirinha de
peças foi possível avaliar que a maioria dos compo-
nentes ali comercializados é destinada à mecânica
boxer – na ocasião havia, inclusive, um raro kit de
injeção eletrônica original de fábrica!

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Correio

Agenda
Convido a todos a
participarem do nosso 4ª.
Encontro de Carros Antigos,
que será realizado no dia
31 de julho, na cidade de
Rancho Queimado (SC).
Informações no telefone
(48) 9992-2696.

Renato Bunn
Rancho Queimado-SC

Conversíveis Trocar
Parabéns a toda equipe de Fusca & Cia pela última edição, em especial
pela reportagem sobre o mais novo Cabriolet, desenvolvido aqui no Brasil
pela empresa Trocar. É incrível que um carro projetado há quase 80 anos
e há 12 anos fora de produção ainda tenha mercado e possa gerar novas
versões. O Fusca realmente é eterno!

Glauber Mariano
São Paulo-SP

Divulgação?
Temos um grupo que se chama Fuscaria BH e realizamos um evento
(menor) semanal e um grande encontro mensal em um parque aqui
da capital mineira. Como podemos ter nossas ações publicadas na Brasileiro de fibra
revista Fusca & Cia? Sou leitor assíduo de Fusca & Cia e fã dos esportivos nacionais
produzidos nas décadas de 1960 e 1970. Escrevo para parabenizar
Vinicius Queiroz Braga pela matéria com o Miura 1981 mostrado na última edição. O carro é
Belo Horizonte-BH espetacular e o texto ficou excelente com as declarações do criador
Itelmar Gobbi. Como sempre vocês foram a fundo e conseguiram trazer
Vinicius, basta enviar fotos em alta resolução e novidades mesmo a um assunto já bastante discutido!
informações sobre os eventos (o que pode ser feito
pelo e-mail fuscacia@gmail.com). Teremos prazer em Pedro Teixeira
publicar o material! Catalão-GO

DA VEZ
GARAGEM

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P O R A L U Í Z I O L E M O S *

PLACA PRETA
Estou reformando meu Fusca 1600 ano 1975
de cor vermelho Rubi e gostaria de saber
qual a cor do teto e o tipo do tecido, se
furadinho ou balãozinho?

Eduardo Terra
São Paulo-SP

Estepe no Gol O revestimento do teto do Fusca


Parabéns pela belíssima matéria sobre o 1975 já é o popularmente conhecido
Gol Copa 1982. Valeu a pena esperar como “balãozinho” na tonalidade
gelo (foto).
depois do Guia Histórico do Gol e .....................................................
Família BX pela matéria mais completa .........
na edição 131. Só não gostei do
arranjo que fizeram para o estepe. Comprei meu Fusca 1961 azul há uma
Se ele é guardado vazio, como vou semana. O carro pertencia há 30 anos
ao mesmo dono, que falou que mudou
substituir em caso de necessidade os forros dos bancos. Hoje tirei os
em uma estrada, sem posto para forros das portas e consegui ver o
encher? Eu, se fosse o dono, azul original do carro. No revestimento
pegava uma roda de aço comum lateral traseiro tem uma tira de tecido
do Gol normal e colocava no lugar, que tirei e lavei, parecendo ser azul
(foto). Pesquisei na internet, será que ele
guardando a roda de liga leve. Se a não pode ser um dos raros exemplares
moda pega nos carros de hoje em dia ... 1961 azul monocromático? Como consigo
saber isso? Tem alguma numeração, dica
Guilherme Macedo ou vestígios pelo carro? O modelo tem
Belo Horizonte-MG também um braço articulado que trava o capô
dianteiro, será ele original?
Guilherme, a roda de aço do estepe do Gol Copa 1982 podia
André Rezende
ser acomodada no local com a devida pressão de uso. O
Belo Horizonte-BH
que o manual diz é que a roda esportiva de liga leve não
cabe ali com o pneu cheio. Ou seja, o carro andava com Infelizmente não há numeração especial ou algo especial que
as quatro rodas esportivas e o estepe de aço. Se furasse o identifique a antiga opção de acabamento monocromático.
pneu de uma roda esportiva, o dono substituía pelo estepe Os únicos vestígios seriam os próprios componentes originais
e guardava a roda esportiva com o pneu furado (vazio) no da versão, como volante, botões de painel e ferragens na cor
compartimento sobre o segundo carburador até o reparo. diferenciada em relação ao padrão de época. Quanto ao bracinho
Apenas após o pneu reparado é que não havia mais como do capô dianteiro, sim, é original de fábrica.
colocar a roda oficial (liga leve) junto ao motor. Mas daí o ..............................................................
dono já podia voltar o estepe de aço para o local...
Adquiri um Fusca 1300-L ano 1978/79, sendo que o carro veio com
todos os componentes do ar quente. Porém, todos que vejo deste ano
não têm esse equipamento. Minha dúvida é: o ar quente era mesmo um
Pioneiro opcional para o modelo/ano do meu carro?

Escrevo para elogiar a reportagem Roberto Fogaça


com o Karmann Ghia 1962 (ed. E-mail
133), o “pioneiro nacional”. Sou
Sim, o componente figurava como opcional na ocasião, porém
proprietário de um modelo 1967
muitos não o compravam, uma vez que um – falso – boato
e desconhecia que as primeiras espalhado na época afirmava que o ar quente do Fusca expelia
unidades ainda traziam o logotipo VW gases do escapamento para dentro da cabine.
no bico – mais tarde substituído pelo
brasão de São Bernardo do Campo. *Aluizio Lemos é ex-diretor Técnico e ex-presidente da Comissão de
Avaliação para Veículo de Coleção do Fusca Clube do Brasil. Cartas
Antonio Carlos Pereira para essa seção: fuscacia@gmail.com
Lorena-SP
Painel VW

Depois do sucesso montar, 15 centímetros de Apesar de bem detalhado Vale ainda lembrar que
alcançado com a Kom- altura, 29 cm de compri- em alguns pontos, como o este é o segundo kit do
bi, a Lego anunciou o mento e 12 cm de largura, o estepe e o tanque do com- besouro lançado pela em-
lançamento de mais um besouro da Lego começou a bustível sob o capô dianteiro, presa de origem dinamar-
kit retratando um antigo ser vendido no mês de julho ou mesmo a pequena réplica quesa. O primeiro, criado
veículo Volkswagen. Dessa a clientes VIPs. Em agosto, do motor boxer na trasei- em 2008, tinha as formas
vez, o homenageado será passa a estar disponível ao ra, o kit chamou a atenção muito “quadradas” e não
o Fusca, com layout inspi- público geral na América de alguns fãs pela falta de tão detalhadas quanto o
rado na versão de 1960, do Norte e na Europa. Já fidelidade no design externo atual. Não fez sucesso na
incluindo bagageiro de teto no Brasil, a novidade deve da carroceria. Para muitos, o ocasião, mas virou raridade
com uma prancha de surfe chegar apenas em março de carro se parece muito mais e hoje chega a custar mais
e uma caixa térmica. 2017, a um custo estimado com o Renault 2CV do que de mil dólares em sites de
Com 1.167 peças de de R$ 799,99. com o icônico Fusca. comércio virtual.

MEMÓRIA
LUGAR DE MULHER É NA... OFICINA!
O título “Mulher e carro já se entendem” já seria o bastante
para um levante do atual movimento feminista – e com toda razão!
Mas os tempos eram outros e foi assim que o jornal interno da
Volkswagen do Brasil noticiou em sua edição de julho de 1965 que
“um grupo de senhoras e senhoritas” havia acabado de concluir
o curso de mecânica de emergência ministrado por técnicos da
própria fábrica. Em aulas teóricas e práticas, as dedicadas alunas
aprendiam a desmontar e montar rapidamente uma bomba de
combustível para eliminar um entupimento, bem como trocar um
platinado, regular a marcha lenta, substituir a correia da ventoinha
e “diversos outros macetes para enfrentar uma pane sem pânico”.

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Vitrine

Fininho
Cópia fiel do pisca dianteiro conhecido como “fininho”, usado pelo
Fusca nacional da 2ª Série de 1961 até a linha 1964. R$ 150 o
par, na Atlas (11) 3331-7771 ou atlasacessorios.com.br

Pisada Firme
Pedal de borracha com logotipo VW para comutador do farol alto
(Fusca até 1966). Peça única!. R$ 350, na Mamede Haus (62)
99929-8578 ou facebook.com/mamedehaus

Charme extra
Botões de painel em vários modelos e temas! A partir de R$ 60 o jogo
com quatro peças, na SSR (11) 3978-9197 ou nenessr.com.br

Dupla injeção
Corpo duplo de injeção com kit de acionamento importado.
Acompanha coletores de alumínio polido, bases dos filtros
Volante em alumínio e filtros de ar laváveis. 12x de R$ 251,25, na
Cálice Sportsystem (15) 3363-5151 ou sportsystem.com.br
Volante Cálice
“preto” com
aro de buzina
cromado, original
da linha Fuscão
1500 entre 1970
e 1973. R$ 550,
na CarVW (11)
95037-6090
FOTOS: SAULO MAZZONI E LUIZ GUEDES JR.

Telefoninho
Puxador de porta de época, popular “telefonin-
ho”. R$ 90 o par, na Matos Autos Antigos (11)
3334-0667 ou matosautosantigos.com.br

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Relíquia

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Relíquia
ditado popular diz
que uma mentira
contada mil vez
torna-se verdade.
Se for escrito mil
vezes, então, o fato ganha
ainda mais credibilidade na
condição de verossímil. Per-
gunte a qualquer fã do be-
souro quando o Volkswagen
nacional mudou o sistema
elétrico de 6 para 12 volts
e a resposta será enfática:
segundo semestre de 1967,
o que dividiria os Sedan, as
Kombi e os Karmann Ghia último mês, quando nos
produzidos naquele ano deparamos com o perfeito
entre 1ª. e 2ª. séries... E a exemplar azul Real que
informação, de fato, consta ilustra esta reportagem. A
em variadas publicações saber: uma unidade equi-
e vem sendo repetida há pada com sistema elétrico
décadas por proprietários, original de 6 volts.
entusiastas e até mesmo Com apenas 61 mil
por avaliadores de origina- quilômetros rodados, o
lidade para concessão da modelo jamais restaurado
cobiçada placa preta. esteve nas mãos de seu
Até mesmo nós, da único dono por quase cinco
redação de Fusca & Cia, décadas, até ser recente- Apesar de
sempre confiamos e ajuda- mente adquirido por um adquirido na
mos a divulgar a efeméride colecionador paulista que concessionária
Sabrico, como
como fidedigna na linha prefere o anonimato. E trou-
comprova a nota-
evolutiva do besouro. Fato xe consigo, além de toda a fiscal, o besouro
contestado apenas no integridade, uma rica docu- fazia revisões
mentação que, juntamente periódicas
na revenda
de genuínos componentes
Volkswagen
datados, permitem resgatar Mopala
toda a sua trajetória desde
o “nascimento”.
A parte traseira do velo-
címetro, por exemplo, traz
carimbado o dia 2 de outubro
de 1967, exatamente dois
dias antes da data registrada
no marcador de combustível,
sendo que outubro é ainda
o mês grafado em todas as
rodas, inclusive a do estepe.
Ao levantar o banco traseiro,
entre a armação de molas

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Relíquia
e o revestimento de crina,
o besouro ainda preserva o
selo do fornecedor com o
logotipo VW e o mês de no-
vembro de 1967. Por fim, no
interior do porta-malas, ainda
é possível encontrar o selo
original de pintura da fábrica,
preenchido à caneta com o
dia 3 de dezembro de 1967.
O quebra-cabeça tem
sequência com a nota fiscal
igualmente preservada
pelo primeiro proprietário e
repassada ao atual dono do
Sedan. Emitido pela tradicio-
nal concessionária paulista
Sabrico, o documento com
todos os dados do veículo
foi assinado em 15 de de-
zembro daquele ano.
Mas como poderia um
modelo produzido no final

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Relíquia

de 1967 contar com sis- mente diferente de acordo


tema elétrico original de 6 com a tensão elétrica (o
volts? O fato foi contesta- chicote de 6 volts passa
do pela redação de Fusca pela coluna lateral junto
& Cia junto a diversos ao teto em direção ao mo-
especialistas e as expli- tor, enquanto no 12 volts
cações foram as mais va- o componente segue pelo
riadas. Muitos, inclusive, túnel central do chassi).
continuaram a defender a A resposta para o
mudança para 12 volts no imbróglio finalmente surgiu
segundo semestre daquele pelas mãos do paranaense
ano, aventando a hipótese Rudinei Junkes, historiador
de que este exemplar em da antiga linha Volkswa-
particular poderia ter sido gen, cujo rico acervo inclui
montado no começo do diversos livros técnicos
ano e, por algum motivo, originais da própria fábrica.
finalizado apenas meses Presente em vários tópicos,
mais tarde. Ou ainda: fa- a informação oficial não
bricado com algum antigo deixa dúvidas: jamais houve
chicote elétrico esqueci- Fusca fabricado em 1967
do no estoque, o que é com sistema elétrico de 12
totalmente inconcebível volts, visto que a mudança
numa linha de montagem, ocorreu apenas no dia 1º de
visto que o trabalho, ainda janeiro de 1968, mais preci-
que artesanal, é completa- samente a partir do chassi

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número B8 430828. Ou seja, Fus- motor com 109 dentes – porém
ca 1967 original, somente com diferente do usado até 1966 nos
6 volts e produção encerrada no motores 1200, do qual se aprovei-
chassi número B7 430827 (exa- tava apenas o motor de arranque
tamente 4.690 unidades após a de 6 volts. A partir de janeiro de
fabricação do modelo azul Real 1968, adotou-se um novo motor de
que ilustra esta reportagem, cuja arranque de 12 volts e, consequen-
plaqueta de identificação traz nu- temente, o volante do motor passou
meração de chassi B7 426137). a contar com 130 dentes, além de
Outra curiosidade apontada tratamento térmico (antes inexisten-
nos antigos manuais técnicos diz te) nos flancos das engrenagens.
respeito a algumas exclusividades
do modelo 1967, visto que foi o HISTÓRIA PRESERVADA
único período em que tivemos o Mas não é apenas por trazer
motor 1300 (novidade daquele ano) nova luz ao resgate e preserva-
associado ao sistema 6 volts. É o ção da história do Fusca nacio-
caso, por exemplo, do volante do nal que este exemplar é uma re-

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Relíquia

pela Sabrico e ainda presente


no estepe. Ou ainda a etiqueta
presa junto à alavanca de
abertura do capô dianteiro,
revelando que em 23/06/1988
foi realizada uma troca de óleo
aos 50.437 km – o que com-
prova que o modelo rodou
apenas 11 mil km nos últimos
28 anos (incrível média anual
de míseros 392 km).
Por fora, a originalidade é
líquia digna de museu. Além notada nos faróis e lanternas
da irretocável originalidade Arteb-Hella, bem como nos
e baixa quilometragem, o vidros com o logotipo VW e
modelo preserva detalhes nos limpadores de para-brisa
que aguçam a cobiça de cinza Prata. Já o interior cha-
qualquer colecionador. ma atenção pelo comutador
É o caso, por exemplo, do farol alto junto à alavanca
dos pneus originais com faixa do pisca (novidade da linha
branca, descritos como op- 1967) e pelo selo presente no
cionais na nota fiscal emitida interior da tampa do por-

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Relíquia

À esquerda, o
boletim técnico
da fábrica
confirmando a
mudança para
12 volts em
janeiro de 1968.
À direita e abaixo,
o velocímetro
datado, a nota-
fiscal e os
documentos
originais do
exemplar 1967

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ta-luvas, com um número
de telefone da assistência
Volkswagen 24 horas por dia.
No motor, exceto pela
adaptação de um filtro de
combustível, todo o resto é
original, inclusive a bobina,
ainda com o logotipo VW. Já
Acima, a roda datada de 10/67 e o o porta-malas traz a bolsa
selo de pintura, preenchido no dia 3 de ferramentas de fábrica
de dezembro daquele ano. Abaixo, e selos com informações
o marcador de combustível 6 volts,
sobre a pressão correta dos
carimbado em 04/10/67
pneus e manutenção da
coluna de direção.
Por fim, além da nota
fiscal e do manual do proprie-
tário, o atual dono recebeu
ainda o recibo do sinal dado
à concessionária no dia 14 de
dezembro de 1967. Como o
carro foi comprado a prazo,
os documentos incluem ainda
as duplicadas de todas as
prestações pagas pelo primei-
ro guardião do raro besouro.

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Personalizado

ançado em junho de 1973, o Brasilia


pode ser considerado um dos mais
comportados projetos dentre os
derivados da família Volkswagen ar-
refecida a ar. Ainda assim, chamou a
atenção de uma concessionária da Puma, que
aproveitou a forte publicidade gerada em tor-
no da chegada do modelo e customizou cinco
unidades do Volkswagen com características
técnicas e estéticas inspiradas nos esportivos
da marca nacional.
Por mais de três décadas, a ousada proposta
caiu no esquecimento. Até que em meados de
2011 alguém compartilhou na internet a reprodu-

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Fusca & Cia 33
Personalizado

34 Fusca & Cia


A customização
incluía o frontal
pintado de preto e o
felino da Puma no
lugar do emblema
VW. Já o retrovisor
de antigo BMW foi
um capricho do
atual proprietário

ção de uma antiga reporta- que outro internauta fez uma mas acabou que ninguém
gem sobre os Brasilia Puma, projeção 3D sobre um Brasilia encarou o desafio”, diz.
publicada em janeiro de bege Alabastro”, conta o E o próprio William não
1974 na revista Autoesporte. farmacêutico e colecionador pensou mais no assunto. Pelo
“Como sempre gostei da an- paulistano William Rotea Jr., menos não até o ano passado,
tiga linha Volkswagen e já tive de 49 anos. “Na ocasião, in- quando surgiu a oportuni-
Puma, aquilo chamou minha clusive, muita gente se dispôs dade de comprar o Brasilia
atenção. Ainda mais depois a recriar a personalização, 1975 na cor bege Alabastro

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Personalizado

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que ilustra esta reportagem. da carroceria se lembrou do da antiga revista com a
“Esse carro sempre pertenceu desenho 3D e da tentadora reportagem. “A matéria
a uma única família e estava ideia do Brasilia Puma. “Na descreve que a ideia partiu
bastante íntegro de estrutura, mesma hora decidi que esse da concessionária Puma
mas dormia na rua, razão pela seria meu projeto”, afirma. Lemos & Brentar, que ficava
qual o comprei e o mandei na rua Jardim Botânico, na
imediatamente para a restau- DE REPENTE PUMA cidade do Rio de Janeiro.
ração”, narra o farmacêutico, O primeiro passo foi E que cada um dos cinco
que por conta da tonalidade percorrer sebos atrás exemplares customizados

O responsável
pela recriação
da proposta
acrescentou um
relógio VDO ao lado
do termômetro e
manômetro do óleo

Fusca & Cia 37


Personalizado

trazia uma receita diferente, cilindradas elevadas para coletores de admissão e


sendo que três modelos 1700 e 1800 cm³, respecti- filtros de ar originais da
preservaram a cilindrada de vamente”, aponta William, Puma, além de um distri-
1600 cm³, diferindo apenas que preferiu adotar o buidor de avanço centrífu-
na carburação e no nível pacote mais básico no go”, aponta o proprietário,
de preparação, enquanto quesito mecânico. que incluiu ao trabalho a
as outras duas unidades “Instalei dois carbura- famosa capa da ventoinha
ganharam venenos extras e dores Solex 32 mm com prateada com radiador

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deslocado e escapamento e não viu problemas em rebaixada a fim de melho-
original do antigo esportivo fornecer os componentes rar a estabilidade, além
nacional. “Tudo cedido por mecânicos de época para de ganharem rodas Puma
um autêntico Puma P-18”, mim”, comemora. 5,5Jx14 e pneus radiais.
ressalta William. “Por sorte Outra característica Para seguir o projeto origi-
esse carro é de um amigo técnica apontada na antiga nal, William mandou instalar
que estava montando um reportagem é que os mo- catracas na suspensão
motor mais forte para ele delos tiveram a suspensão dianteira e elegeu as famo-

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Personalizado

sas rodas conhecidas como “Cruz no bairro do Ipiranga, na


de Malta”, novidade na linha Puma capital paulista, famoso
de 1973 e que equipavam um dos entre os donos de Puma
modelos da matéria. “Eu poderia ter pelo serviço artesanal. E
usado reproduções, mas ou a quali- no final deu tudo certo”,
dade é duvidosa ou o preço é tão alto descreve o farmacêutico,
quanto a de modelos originais. Por fim que montou o conjunto
optei em adquirir rodas originais de com pneus 175/70R14 na
época, mas sinceramente, se pudesse dianteira e 185/70R14, na traseira.
voltar no tempo, teria comprado as
reproduções caras. O jogo que adquiri CARA DE FELINO
veio com duas rodas quebradas, sem Definida a mecânica, chegou a
opção de conserto, já que são de hora de imprimir o visual esportivo
magnésio, difícil de serem soldadas. criado pela antiga concessionária
Por sorte encontrei duas unidades Puma sobre o comportado Volkswa-
avulsas e, por incrível que pareça, gen Brasilia. “Para minha decepção,
consegui que o primeiro vendedor me a antiga reportagem informava muito
ressarcisse o valor dos componentes pouco sobre a estética do projeto,
quebrados. O trabalho de restauro foi então a solução foi me nortear pelo
feito pelo Henrique, da Show Rodas, que era possível visualizar pelas foto-

A capa da
ventoinha
prateada e o
adesivo “Made
in Brazil” foram
por muitos anos
características
dos esportivos
fabricados pela
marca Puma

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Fusca & Cia 41
Personalizado

grafias”, enfatiza William. coloridos e outras excentri-


Um detalhe bastante cidades”, destaca o pro-
perceptível nas fotos é que prietário. “Já ouvi relatos
a personalização incluía de que esses instrumentos
volante e mostradores de paralelos às vezes não
painel da Puma. “Depois da encaixam perfeitamente
experiência com as rodas, nos painéis dos Puma, mas
fui direto às reproduções no como meu caso era adapta-
caso dos instrumentos, que ção, não me preocupei com
são fabricados pela Will- isso”, emenda William, que
tec com grafismo idêntico incluiu um relógio da marca
ao original. Até porque os VDO ao conjunto formado
componentes remanescen- por conta-giros, marcador
tes da época são sempre do nível de combustível,
caros e muitas vezes estão velocímetro, termômetro e
desgastados, quando não manômetro do óleo.
foram restaurados com O farmacêutico faz ques-
fundo branco, números tão ainda de salientar que o

42 Fusca & Cia


volante é provisório. “Esse é antigos BMW são “licenças
de um Puma 1975”, aponta. poéticas” acrescentadas
“Quero achar o da linha 1973 pelo atual proprietário.
para ficar igual ao da antiga A reportagem na edi-
reportagem”, diz. ção de janeiro de 1974 da
É no exterior, no entanto, revista Autoesporte é o
que a concessionária carioca único documento que se
empreendia a mudança que tem conhecimento sobre
mais esportividade imprimia a existência dos Brasilia
ao Brasilia: a pintura do Puma produzidos pela
frontal e das máscaras dos concessionária carioca.
faróis de preto, sendo que a Sabe-se que um deles foi
“cereja do bolo” era a colo- usado posteriormente em
cação do felino, símbolo da provas de rali pelo filho de
Puma, no lugar do logotipo um dos sócios da Lemos
VW. Por fim, a presença de & Brentar. O paradeiro dos
vidros esverdeados e de outros quatro exemplares é
retrovisores externos de um verdadeiro mistério...
Especial
Especial

44 Fusca & Cia


Fusca & Cia 45
Especial

Besouros de todas
xpectativa era bastante
as gerações estão
no estoque da grande. Após meses de
oficina è espera espera desde o agenda-
de um cliente que mento da visita, eu e meu
os arrematem para
sobrinho Patrick finalmen-
serem restaurados
te conheceríamos as instalações da
Memminger Feine-Cabrios & Stahl-
bau GmbH, uma das maiores e mais
conceituadas oficinas do mundo
quando o assunto é restauração de
antigos Volkswagen e também do
esportivo VW-Porsche 914. Com
sede na pequena localidade alemã de

A especialidade da
Memminger são
os Cabriolet 1302
e 1303, mas a
empresa trabalha
com todas as versões
do Fusca, incluisve
raros Split Window
dos anos 1950

46 Fusca & Cia


Reichertshofen, localizada 20 quilô- mais antigos,
metros ao sul da cidade de Ingols- tanto da versão
tadt, a empresa fundada em 2003 é Cabriolet como
mundialmente conhecida pela quali- do Sedan.
dade e melhorias técnicas empreen- Assim que
didas nas restaurações de modelos chegamos, fomos recepcionados
conversíveis do Fusca 1302 e 1303 pelo gerente e pelo proprietário,
(fabricados na Alemanha entre 1970 que afirmaram sermos os primeiros
e 1979). Mas seu amplo portfólio brasileiros a pisarem na oficina.
também incluiu serviços em besouros Entreguei ao dono um exemplar da
edição 88 da revista Fusca & Cia
(com meu Fusca 1951 na capa) e
um chaveiro comemorativo dos 30
anos do Fusca Clube do Brasil. O
alemão agradeceu os presentes, fo-
lheou a revista e deu uma risadinha,
pois estava tudo em português...
A visita pelas instalações da
empresa levou mais de duas horas.
O gerente, Thomas Majerka, expli-
ca que sua equipe é composta de

Além de itens
de acabamento,
a Memminger
também produz
algumas partes
da carroceria do
Fusca. E tudo com
alta tecnologia

Fusca & Cia 47


Especial

dez funcionários malucos e apai- com os anseios individuais de cada


xonados pela arte de transformar cliente. “Estamos aptos a realizar os
carros em sonhos. E que mais de desejos mais extravagantes e inco-
200 trabalhos de restauração já muns”, afirma o texto de apresenta-
foram concluídos desde o início das ção no site da Memminger (feine-
atividades, num ritmo de um a – no -cabrios.de). Para iniciar o trabalho,
máximo – dois exemplares finaliza- o cliente pode levar seu próprio
dos a cada mês. O trabalho quase carro ou escolher um exemplar no
artesanal se explica pela qualidade amplo estoque da restauradora
e capricho depositados pela equipe alemã. Depois disso, é possível
em cada etapa. Todo o processo personalizar cada etapa, a começar
de restauração, incluindo funilaria, pela mecânica, que vai desde o
pintura, mecânica, elétrica, tapeça- comportado Volkswagen 1600 com
ria e montagem final, demora cerca características originais até unida-
de seis meses. Depois de pronto, des preparadas de 2.715 cm³, com
cada carro ainda passa por um tes- injeção de combustível e 170 cv de
te de mil quilômetros nas mãos dos potência. Claro, se o cliente assim o
peritos da Memminger, que realizam quiser, a oficina também equipa os
os últimos acertos finos antes de besouros com motores originais dos
entregarem o modelo ao cliente. esportivos Porsche.
A ampla lista de possibilidades
MELHORIAS TÉCNICAS segue com amortecedores espe-
Apesar de desenvolver projetos ciais, freio a disco nas quatro rodas,
próprios e manter um showroom
para aqueles que preferem comprar
um carro já concluído, a especia-
lidade da empresa alemã é custo-
mizar cada restauração de acordo

48 Fusca & Cia


volantes esportivos, bancos com
aquecimento, ar-condicionado, tape-
çaria nas mais variadas cores e toda
a infinidade de detalhes que envolvem
o acabamento externo e interno de
um antigo Volkswagen. Além disso, a
Memminger aperfeiçoa e desenvolve
acessórios especiais, como bancos
traseiros com apoio de cabeça, esca-
pamento em aço inox para motor 1200,
direção com assistência hidráulica,
faróis bixenon e, mais surpreendente,
freios com sistema ABS (disponíveis
apenas para besouros 1302 e 1303).
A oficina alemã também investiu na
melhoria da segurança. O gerente nos
mostrou duas caixas de ar feitas para
o Cabriolet. A primeira, do mercado
paralelo, é possível torcer facilmente,
ao contrário da peça desenvolvida pela

Fusca & Cia 49


Especial

Memminger. O pre- ve, aproveitou para nos mostrar um


ço da peça reforça- Cabriolet que sofreu uma recente
da é seis vezes mais batida lateral, acrescentando que o
alto, mas trata-se motorista nada sofreu em função de
de um componente estar com a barra lateral instalada.
fundamental para a
rigidez da estrutura PEÇAS DE REPOSIÇÃO
do conversível. Não bastasse tudo isso, a Mem-
Mas talvez o que mais chama minger ainda possui ferramentas de
a atenção na área da segurança precisão para a fabricação de portas,
é o reforço horizontal criado pela painéis laterais e capôs para o Fusca,
restauradora para ser aplicado nas consolidando assim o fornecimento de
portas. Feita de aço galvanizado, a peças de reposição para o futuro. É de
barra protetora lateral é fabricada dar inveja a muita concessionária!
em conformidade com os requisi- O layout da empresa também é bas-
tos de construção dos automóveis tante interessante: no térreo, ficam a área
atuais e leva o selo do TÜV – o administrativa, o showroom e as oficinas.
rígido órgão de inspeção técnica Já no andar de cima estão localizados
alemão. O gerente Thomas, inclusi- o mostruário da tapeçaria e acessórios,
estoque de peças e garagem, onde os
carros que aguardam para serem restau-
rados são levados por elevador.
Ao final de cada trabalho, a oficina
fornece ao proprietário o manual e um
dossiê completo sobre o processo
de restauração (fotos do carro antes
e depois, relação de peças subs-
tituídas, dados técnicos do motor,
câmbio, suspensão, etc.), sendo que

A restauradora
possui uma
infinidade de cores
e materiais para o
acabamento interno
dos besouros
Cabriolet

50 Fusca & Cia


a capa de proteção do manual visita, o filho do proprietário,
é do mesmo material usado que estava trabalhando quan-
no revestimento interno do do chegamos, veio de maca-
carro. O kit acompanha ainda cão para agradecer a nossa
o certificado de “nascença” presença. Ele é um dos dez
emitido pela Volkswagen, com malucos apaixonados pela arte
as informações de quando o da restauração.
carro foi produzido, além de um Saímos da Memminger com
CD com centenas de a convicção de que a qualidade
fotos de todas as etapas do trabalho de restauração feito
da restauração. Todos pela empresa vale cada euro
os anos, a Memminger investido. Afinal, onde mais é
confecciona um calen- possível atualmente ter o privi-
dário com as fotos dos légio e a satisfação de possuir
carros entregues aos um Fusca único, em estado de
clientes no ano anterior. zero-quilômetro, testado e com
Ao final de nossa garantia “Made in Germany”?

Fusca & Cia 51


Fusca Paixão

Fusca Paixão

Cada detalhe desse besouro personalizado na escola German Look foi


milimetricamente pensado e executado ao longo de três décadas

52 Fusca & Cia


urante os últi- carro de verdade”, narra o o Volkswagen e os esportivos Oval 1957, cuja restauração
mos 30 anos, o atual empresário paulistano da marca Porsche”, detalha o eu jamais conclui”, conta o
proprietário do de 54 anos, que prefere não empresário, que entrou para paulistano, sobre o modelo
besouro que ilustra se identificar. o grupo e passou a circular que ainda hoje se encontra
esta reportagem A aversão ao besouro a bordo de um Sedan 1962, inacabado e à venda no
passou boas horas de seus mudaria apenas na juventu- com o qual também preten- Velho Continente.
dias idealizando como seria de, após conhecer o então dia executar um belo projeto Em 1999, já casado, o
o modelo ideal. Relação de recém-criado Fusca Clube de personalização. empresário voltou ao Brasil e
amor que começou de forma do Brasil, em meados de Alguns anos mais tarde, passou a procurar um novo
tempestuosa. “Meu pai teve 1985. “Fiquei encantado no início dos anos 1990, a exemplar para finalmente co-
oito Fuscas ao longo de com o modelo de alguns vida profissional o levou a locar seus planos em prática.
minha infância e adolescên- sócios, em especial os morar em Portugal. “Vendi “Ao mesmo tempo em que
cia. E eu sempre perguntava projetos customizados se meu 1962 aqui e comprei buscava o carro ideal, seguia
a ele quando iria comprar um valendo do parentesco entre na Europa um raro Fusca olhando sites e revistas, so-

Fusca & Cia 53


Fusca Paixão

54 Fusca & Cia


nhando e idealizando cada detalhe A esportividade foi reforçada
do projeto de customização”, diz. com a adoção de rodas de VW-
A compra efetiva levaria quase -Porsche 914 com pintura perso-
duas décadas. “Decidi que finalmente empresa paulistana especializada em nalizada, montadas com pneus
havia chegado a hora quando surgiu antigos Volkswagen, comandada pelo 185/60R15. Já a suspensão foi re-
a oportunidade de comprar esse engenheiro Walter Abramides. baixada com a instalação de catra-
Fuscão 1971, originalmente na cor ca na dianteira, enquanto a traseira
teve a altura regulada no facão.
branco Lotus e com a estrutura muito DO SONHO À REALIDADE
íntegra”, afirma o paulistano. Ainda no exterior, todos os
Nas instalações da Garage
A essa altura, a oficina que faria cromados foram pintados de preto,
Web, o besouro ganhou nova per-
o serviço de restauro e customiza- inclusive os charmosos retrovisores,
sonalidade, a começar pela tona-
ção já havia sido escolhida há muito originais de Karmann Ghia alemão.
lidade da carroceria, alterada para
tempo. “Entreguei o trabalho nas A exceção são as molduras dos
a cor cinza Gabun (código LY7A),
mãos da equipe da Garage Web, faróis e lanternas, que a exemplo
original da linha Porsche 1982 –
que também conheço desde os anos conjunto realçado com a instalação
1980”, enfatiza o proprietário, sobre a de vidros esverdeados.

Fusca & Cia 55


Fusca Paixão

56 Fusca & Cia


dos para-choques passaram
a exibir a tonalidade cinza
Gabun. Na dianteira, os faróis
de lente Porsche também
tiveram a estrutura interna
pintada na cor da carroceria
e passaram a abrigar luzes de
pisca embutidas. Por fim, o
proprietário adotou um par de
faróis de milha adquirido em
uma loja especializada em
acessórios para jipes.
O porta-malas dianteiro
chama atenção pelo aca-
bamento acarpetado e pela
roda do estepe pintada na

Fusca & Cia 57


Fusca Paixão

cor da carroceria. Já o mo- além da instalação de uma ignição da Kombi ao painel


tor 1500 original do Fuscão bomba elétrica de com- do Fusca, pois sem ela o
foi substituído por uma bustível, de uma linha de carro não daria partida.
moderna unidade 1600 de retorno para o tanque e de A mistura de elementos
Kombi com injeção eletrôni- uma sonda lambda (tam- clássicos com soluções
ca de fábrica e alimentação bém chamada de sensor modernas segue na cus-
a álcool, o que garante de oxigênio) na estrutura tomização do interior do
potência de 67 cv. do escapamento. Por veículo. A começar pelos
A adaptação da nova fim, foi necessário ainda confortáveis bancos diantei-
mecânica exigiu várias reprogramar o módulo de ros, cedidos por um Citroën
modificações, como a injeção, de modo a elimi- Aircross, com regulagem
adaptação de um sensor nar a chave código do sis- de altura para o motorista.
no cárter a fim de monito- tema. Caso contrário, seria “Para garantir um ar mais
rar a temperatura do óleo, preciso adaptar a chave de retrô, eliminei os apoios de

58 Fusca & Cia


cabeça”, aponta o proprietário, que do emblema dos Kombi. “Já a qualidade sonora é
elegeu mais uma vez a tonalidade esportivos de garantida por dois kits duas vias
cinza para o couro da tapeçaria e Stuttgart estam- posicionados nos pés dos ocupan-
o espesso carpete que reveste o par o botão de tes dianteiros, além de um subwoo-
assoalho e uma faixa inferior nas buzina, o volan- fer instalado no chiqueirinho”,
laterais de portas. te com três fu- emenda o proprietário.
O painel passou a exibir instru- ros em cada raio A equipe da Garage Web adap-
mentos produzidos pela nacional (detalhe seguido tou ainda uma moderna chave de
Cronomac, cuja grafia reproduz anti- nas maçanetas seta com esguicho elétrico para o
gos componentes da linha Porsche – internas de portas e vidros) é original lavador do para-brisa. Com isso,
incluindo o relógio posicionado acima do Passat TS de primeira geração. o antigo botão do painel com essa
do local reservado ao rádio. Apesar Para não prejudicar o visual finalidade passou a acionar os faróis
clássico, o moderno CD-Player foi de milha. Em razão da injeção eletrô-
instalado no interior do porta-luvas, nica, o botão do afogador também
“onde um serviço de bordo conta perdeu a função, aguardando por
com um baleiro holandês fixado algum futuro acessório – o que deve
na parte interna da tampa”, brinca acontecer apenas daqui a um bom
o empresário, apontando para a tempo, visto que o dono gosta de
caixinha com gravuras de Fusca e planejar tudo a longo prazo...

A roda do estepe
acompanha a
charmosa cor
da carroceria. Já
o escapamento
ganhou ponteiras
pintadas de
preto, a exemplo
do restante dos
cromados no
acabamento
externo

Fusca & Cia 59


Técnica

ndispensável nos carros mais tarde viria a equipar


de corrida e nos supe- a versão “comportada” do
resportivos urbanos, o Sedan 1600 (desprovida de
conta-giros pode ser conta-giros).
considerado um item Contudo, a coisa muda
supérfluo para o Fusca no de figura quando o pro-
padrão original. De fato, a prietário resolve incremen-
Volkswagen do Brasil ado- tar a potência do versátil
tou o instrumento apenas boxer arrefecido a ar. Sem
na versão 1600-S (popular falar naqueles que acres-
Bizorrão), e o fez muito mais centam o instrumento por
por apelo estético do que puro capricho a um pacote
por necessidade, uma vez de customização, inde-
o motor era o mesmo que pendente de o motor estar

60 Fusca & Cia


1 ou não preparado com pilotos guiam apenas 3
“cavalaria” extra. de olho no conta-giros,
“O conta-giros mede que normalmente vai
o pulso da bobina de instalado no centro do
ignição e indica ao moto- painel de instrumentos,
rista a velocidade angular à frente do volante
em que o virabrequim (muitos sequer têm
do motor está girando, a velocímetro).
famosa rpm, ou rotações Depois de fixado no
por minuto”, descreve local escolhido, vem a
o engenheiro mecânico instalação propriamen-
Walter Abramides, da te dita. Ao todo, quatro
oficina paulistana Garage fios (foto 1) saem da
Web. “Isso, aliado a parte de trás do conta-
informações técnicas -giros: um deles tem a
como rotações de torque função de aterramento;
e de potência máximos, outro deve ser ligado
permite ao motorista à fiação de iluminação
extrair o máximo de efici- do painel; o terceiro co-
ência do motor”, emenda necta-se ao positivo do
o especialista. pós-chave, energizando
Segundo ele, o pri- o sistema, enquanto o
meiro passo ao adaptar último deve seguir com
um conta-giros em um o chicote em direção ao
besouro é certificar-se motor na traseira, onde
de que está adquirindo será ligado ao negativo
o componente correto. da bobina (foto 2).
“Como a medição na A ligação do fio
bobina é feita por meio do conta-giros com
2 de cada faísca emitida, o negativo pode ser 4
o conta-giros é um ins- feita por meio de um
trumento específico de conector estilo macho
acordo com o número de e fêmea (fotos 3 e 4).
cilindros de cada motor. Como último alerta, o
Muitos donos compram engenheiro Abramides
acessórios destinados a aponta a importância
Porsche de seis cilindros de o conta-giros ser
e depois têm a má notí- de boa qualidade, bem
cia de que o instrumento como a instalação ser
é incompatível com o bem feita. “A maioria
motor Volkswagen de dos conta-giros tem
quatro cilindros”, diz. como dispositivo de
A segunda etapa é segurança a função de
escolher o local onde vai cortar o funcionamento
instalar o conta-giros, do motor a determina-
lembrando que é possível da rotação. Se for de
fazê-lo até mesmo sem má qualidade ou se
furar o painel original, por estiver mal instalado, o
meio de suportes especí- instrumento pode fazer
ficos. O mais importante isso mesmo em baixas
é que seja um local de rotações, causando dor
fácil visualização para o de cabeça e até mesmo
motorista. Nos carros de podendo causar um
corrida, por exemplo, os acidente”, finaliza.

Fusca & Cia 61


Oficina

Por Bob Sharp * fuscacia@gmail.com

Queimando óleo!
Caro Bob, tenho um TL 1974 que está “queimando” muito óleo. Quais as causas
disso e o que devo fazer para corrigir. Meu mecânico orientou que eu usasse
um lubrificante de caminhão, que é mais viscoso e, segundo ele, resolveria o
problema. É isso mesmo?

Eduardo Almeida
Campinas-SP

Eduardo, motor que queima muito óleo apresenta o interior do tubo de saída
do escapamento oleoso, não sei se é o caso do seu TL. Também é preciso
quantificar essa queima em termos de volume de óleo por 1.000 km. Até 0,5 L
você não precisa se preocupar. Só quando chegar a 1 L é que a coisa não está
muito bem. Óleo mais viscoso não resolve e vai piorar a lubrificação do motor.
Experimente um 20W50 e observe. As causas de consumo de óleo são desgaste
do conjunto cilindros-pistões-anéis e/ou das guias de válvulas.

Carburador correto?
Prezado Bob, meu Fusca 1300 fabricado em 1982 está
com um carburador H30PIC. Entretanto, há catálogos que
apontam que de janeiro de 1977 a dezembro de 1983 o
carburador correto desse modelo é o H30PICS. Em lojas
de autopeças, consta apenas o H30PIC. Afinal, qual o
carburador correto do meu Fusca?

João Luiz Santiago


Atibaia-SP

João Luiz, o carburador do seu carro é o H30PICS (foto).


Mas com o que ele está é melhor, anda mais, tem difusor
de 24 mm, enquanto o do H30PICS é de 22,5 mm.

Variant II
Na matéria sobre as Variant publicada na edição 131, foi citada para a Variant
II a medida de pneu 175SR14. Gostaria de saber qual é a medida exata desse
pneu? No manual só fala isso também e a opção da medida 185/70R14 (que
estão na minha Variant II). Esse carro é realmente espetacular. A minha
teve toda a suspensão refeita (troca de terminais de direção, pivô, balanças,
amortecedores, kits, buchas da barra estabilizadora etc.). Foi alinhada e feito
Corrente elétrica? o balanceamento das rodas. Só que ainda sinto uma leve vibração na direção
(mesmo devagar). O alinhador falou que é problema de pneu. É possível? Ela
De um tempo para cá o motor do meu Fusca passou a está com Pirelli P6000 e aparentemente não está deformado. Você sabe informar
apresentar dificuldade para funcionar. Verifiquei o cabo central as medidas (graus) para o alinhamento da Variant II?
do distribuidor e constatei que está chegando corrente elétrica
até aquele ponto. Contudo, quando faço o mesmo teste nas Fábio Girão
velas, o resultado é negativo. O que pode ser? Rio de Janeiro-RJ

Pedro Aranha Fábio, se há vibração mesmo devagar, pode ser questão de pneu.
Gonçalves-MG Desbalanceamento só começa a se manifestar a partir de 90 km/h. Mesmo sem
deformação visível, problema na carcaça pode causar vibração. Mas para um
Pedro, 99,9% de chance de o culpado ser o rotor, parecer é necessário dirigir o carro. Não tenho a tabela de alinhamento de rodas
popular“cachimbo” (foto) do distribuidor defeituoso do seu carro, apesar de ter vasculhado a internet. As informações de medida de
(excesso de resistência). Basta trocá-lo. pneus no manual são confiáveis, obviamente.

62 Fusca & Cia


Conforto e segurança?
Olá Bob. Tenho um Fusca com motor preparado com o qual pego estrada de vez em
quando. Só que a suspensão está original, fazendo com que o carro fique muito
“mole” nas curvas e até mesmo nas mudanças de faixa em retas de alta velocidade.
O que você recomenda fazer? Não gosto de carro muito rebaixado e também não
quero perder o conforto na cidade. Teria como melhorar a situação apenas com a
adoção de novos amortecedores?
Júlio Maria Ribeiro
São Paulo-SP

Júlio, também não gosto de carro rebaixado, ocorrem mudanças importantes na geometria
de direção que atrapalham. Mas um pequeno rebaixamento ajuda bastante, coisa de
2 cm na frente e atrás. Com a vantagem de na traseira o rebaixamento levar as rodas
a ter câmber negativo, essencial para o bom comportamento desse tipo de suspensão.
Amortecedores de maior carga sempre ajudam, pois os fabricantes sempre pensam no
conforto de marcha ao definirem as cargas dos amortecedores.

Partida a frio?
Prezado Bob Sharp. Tenho um Fusca 1977 com motor 1600 que em breve receberá alguns
aprimoramentos, entre eles a conversão do combustível para o álcool. Minha dúvida é
a seguinte: tem como – e é recomendável – adaptar um sistema de partida a frio com
reservatório de gasolina? Caso negativo, não terei dificuldade em dar a partida nos dias
mais gelados do ano?

Humberto Spencer
E-mail

Humberto, muito mais fácil e eficaz do que instalar sistema de partida a frio com injeção
de gasolina é fazer como fizeram os americanos nos carros flex de lá: o álcool conter
15% de gasolina, o chamado lá Ethanol 85, ou E85. É uma mistura ideal e não foi por
acaso que a escolheram, estudaram o assunto. Como nossa gasolina tem 27% de álcool,
para “fazer” o nosso álcool igual ao dos EUA é só fazer uma mistura de 80% álcool e 20%
gasolina comum. Para 10 litros de combustível, 8 litros é álcool e 2 litros, gasolina; 20
litros, 16 de álcool e 4 de gasolina; e assim por diante. Não tem erro.

*Bob Sharp é jornalista e ex-piloto, colaborador de várias publicações no Brasil e no exterior, além de manter o blog AUTOentusiastas
Fusca & Cia 63
Classifusca

Ano: 1969 Ano: 1970 Ano: 1971


Motor: 1.600 cm³ turbo / 0,5 bar Motor: 1.600 cm³ Motor: 1.500 cm³
Detalhes: visual retrô de 1962, Detalhes: Primeira série, original, Detalhes: rara cor laranja Granada,
vidros elétricos sem quebra-vento, conservada motor novo, placa preta, há 15 anos
rodas aro 14, catraca na dianteira Preço: R$ 9.800 na família, carro de coleção
Preço: R$ 13 mil Contato: (37) 99835-3755, Preço: R$ 25 mil
Contato: (21) 98422-5522 ou com Wayne Contato: (11) 99752-3197
mariocspereira@gmail.com

Ano: 1974 Ano: 2013 Ano: 1960 Ano: 1979


Motor: 1.300 cm³ Motor: 1.6 litro a água Motor: 1.200 cm³ Motor: 1.600 cm³
Detalhes: Carro totalmente original Detalhes: Estado imaculado, 800 Detalhes: Sem podres ou ferru- Detalhes: Carro conservado e
para colecionadores km rodados e plástico nos bancos gem, pronta para restaurar original com 48 mil km
Preço: R$ 19.500 Preço: a combinar Preço: R$ 25 mil Preço: R$ 18 mil
Contato: (35) 98844-1867, com Contato: (65) 8441-0080, com Contato: (21) 98352-9905, com Contato: (51) 9973-7528, com
Rogério Juliano Ricardo Luiz Maggi

Ano: 1975 Ano: 1986 Ano: 1971 Ano: 1986


Motor: 1.500 cm³ Motor: 1.600 cm³ Motor: 1.500 cm³ Motor: 1.600 cm³
Detalhes: Freio a disco na Detalhes: carro 100% original Detalhes: Placa Preta, manual Detalhes: Luxo, muito conserva-
dianteira, documentação em dia, Preço: R$ 18 mil original, verde Tropical, para do, com acessórios
sem detalhes a fazer. Contato: (11) 99907-0105, pessoas exigentes Preço: R$ 15 mil
Preço: R$ 20 mil com Vicente Preço: R$ 30 mil Contato: (37) 99835-3755,
Contato: (11) 4755-8248, com Contato: (11) 94772-9097 com Wayne
João ou Flávio

64 Fusca & Cia


Fusca & Cia 65
Garagem do Opa

ma das mais eficientes maneiras de evitar a


ação dos bandidos no Fusca foi criada em
meados da década de 1950: a trava de câmbio,
cuja função é literalmente bloquear os mo-
vimentos da alavanca de troca de marchas.
Curiosamente, a própria Volkswagen do Brasil adotou
o sistema no Karmann Ghia entre 1965 e 1967, sendo
que, além de dispositivo de segurança, o componente
presente no esportivo nacional também incorporava a
chave de ignição.
Na Alemanha, proprietários do Sedan, da Kombi e do
Karmann Ghia podiam comprar e instalar (levava cerca de
30 minutos) nas concessionárias da marca a trava chamada
pelo sugestivo nome de Sperrwolf (algo como “bloqueio de
lobo”), cuja embalagem trazia a inscrição “Original-VW” –
com o logotipo Volkswagen presente também na estrutura
do acessório.
Já o mercado paralelo alemão conheceu outras inúmeras
alternativas de travas de câmbio criadas para a antiga
linha Volkswagen. Empresas como WASO (cujo kit acom-
panhava um adesivo alertando à gatunagem a presença
do equipamento), Albihn e Alfa são apenas alguns dos
exemplos.
No Brasil, uma trava idêntica à ale-
mã Sperrwolf chegou a ser fabricada
nos anos sessenta pela empresa
HAGA, de Nova Friburgo (RJ), que
já atuava como fornecedora oficial
de maçanetas e cinzeiros para a
nossa filial. Batizado como Travão
Sperr-Wolf e de Tranca Mecânica de
Caixa de Mudança, o acessório feito
pela HAGA também chegou a ser
oferecido pela rede de concessioná-
rias Volkswagen no Brasil.
Mas a HAGA não estava sozinha no
mercado. Outra empresa nacional
a desenvolver o sistema de trava
de câmbio para o Fusca na década
de 1960 foi a Pacri, sendo que sua
peça, descrita como “trava anti-furto
de segurança para câmbio”, apre-
sentava formato diferenciado das demais. Posteriormen-
te, tivemos ainda as travas comercializadas por firmas
nacionais como Gerina, Impel, Riegel-Fix (esta uma cópia
fiel da alemã WASO) e Rob.
Famosa por produzir o volante Gran Turismo – GT –, a
Rob desenvolveu uma trava bastante singular, que atuava
por meio de uma senha numérica. Hoje, além de item de As travas de câmbio surgiram na
segurança, a presença de qualquer uma dessas travas Alemanha (coluna à esquerda), mas
de época confere charme e agrega ainda mais valor de também se difundiram no mercado
coleção a um antigo Volkswagen. brasileiro (fotos acima)

*Rudinei Junkes é funcionário público, vive em Curitiba (PR) e mantém o blog opasgarage.blogspot.com, onde
publica sua vasta pesquisa sobre os acessórios que acompanharam o Fusca ao longo de décadas

66 Fusca & Cia

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