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CRIA
O MUNDO
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Rio de Janeiro
2017
PuKi- ^y^e2008
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® ^'tora Civililização Brasilciríi) 2.0^
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"E no lar de sua mãe, Hermes (...)
meteu-se obliquamente pelo buraco da fechadura,
como a névoa em uma brisa de outono."
Sumário
Introdução 11
INTERLÚDIO
CONCLUSÃO
12. Profecia
Uma vez, durante o inverno, depois de terminar a universidade,
Ofertório
estava viajando de carona pelo norte de Winslow, no Arizona.
Pouco depois do pôr do sol, três índios navajos em um velho Qieyy
409 verdejUÊjderâm-Garona. Do motorista me lembro bem, pois tinha
453 os cabelos tão longos quanto os meus e havia perdido a parte
superior da orelha direita. Ele e os amigos trabalhavam em uma
construção perto da divisa com o Novo México e voltavam para
da Í 455 casa, em Tuba City, para passar o fim de semana. Duas ou três ve
bibliografia
477 zes, na luz desvanecente, deparamo-nos^^oniroiotes atravessando
Agradecimentos
índice 491 a estra.dajDu esgueirando-se entre os arbustos próximos. Começou,
então, uma discussão, em parte reverente, em parte zombeteira,
305 sobre esses animais e sua habilidade de enxergar no esçurg, o que
523
me levou em seguida a ouvir o que apenas mais tarde compreendi
527
ser uma história muito antiga.^
Há muito tempo, disse o motorista, o Coiote andava à toa
quando, ao chegar atremne'^ uma colina, viu um homem tirar
os oílíord:i5n5fbnrs'TlIíH^r^^^^ no alto„.de Lá per-
manecram^air^róliômem^^^^ "Olhos, voltemr Então
os olhos retornavam para a sua cabeça. Õ^Coiete^ueria muito
aprender esse truque e implorou repetidamente, até que o homem
o ensinou. "Mas tenha cuidado, Coiote", disse o homem. "Não
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INTRODUÇÃO
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO introdução
rapidamente, o tempo não gasto à frente, garças meditando no outras coisas, uma descrição^ uma invocação do tipo de ima-
capim pantanoso, um pombo mumific^o debalxq^êjim^.onte, ginaçãq-quç^desperta np^ício de uma jornada. Trata da figura
os automóveis a espera clíãnté^a^cancela metálica ("cruzamento/ do ískkster^ Coioté; Hermes, Mercúrio e outros -,e todos os
cruzamento"), a pequena decoração na qual algum pedreiro do trickstersTeifP^o pé na estrada". São ossenhnre.s dointermédio.
século XIX trabalhou no topo da parede de uma fábrica, agora Um trickster não viv^jaaxkculaiaDaÜiârtJaáQ.tnj^^ nos salões
abandonada, desaparecendo no horizonte. Çada-coisâ-jp-axece de justiça, nas tendas dos soldados, nas cabanas dos xamãs»
mais assertiva por sua rápida chegada e rápida partida. De nos monastérios^Passa por todos esses lugares quando há um
um trem em movimento não vejo a tessitura opaca do real, tenho momento de silêncio e alegra cada um deles com travessuras,
a visão mais extensa da lançadeira enquanto, repetidas vezes, os mas não é seu espírito guia^le é o espírito das passagens que
fios da urdidura se levantam rapidamente. Sempre pego a caneta dão p^ra fnra e. das encruzilhadas-nasulimites da .cidade (aque
e começo a escrever, como se a paisagem estivesse em um estado las onde um pequeno mercado floresce). É o espírito da estrada
de espírito frenético e volúvel e eu fosse designado para ser seu ao anoitecer, que corre de uma cidade-A.-QutFa~&-nãQL-pej:t£nce
a nenhuma delas. Há estranhos nessa estrada, e ladrões, e sob
afortunado escriba. Convenço-me de que bem ali, diante de mim,
está o perfeito enunciado sobre como as coisas são. os arbustos uma besta furtiva, cujo estômago não ouviu falar
das cartas de salvo-conduto. Os viajantes costumavam sinalizar
Isso é uma ilusão de viajante. O que escrevo nos trens nunca
essas estradas com marcos, cada um acrescentando pedra
resulta em muita coisa. Talvez Jack Kerouac,cheirando benzedrina.
pudesse escrever um esboço primeiro e único de uma sentada só,
à pilha ao passar. O nome Hermes um dia significou faquele
mas eu não. No último livro que escreveu,ítalo Calvino reflete so
do^monte de pedras",^ o que nos informa que apilha de pedras
bre Hermes e Mercúrio,os antigos e perspicazes deuses"da~Europa é mais do que uma demarcação na trilha — é um altar às forças
(aqueles com asas nosxalçados, ciqas^státuas air^a adornam,as que governam esses espaços de grandes incertezasTê á intelf-
esíaçõesude-trem),e confessa que sempre viu a velocidade^ com gência necessária pata superá-las. Os caron^eiros que^ghêgam
o anseio invejoso de um artesão mais metódico."Soi^m Saturno em segurança ao lar prestaram, em algum lugar
homenagem a Hermes.
que sonha em ser um Mercúrio, e tudo o que escrevcTriflete esses
dois ini^lsos^\ diz."^ Saturno é oyabalhador vagaroso, aquele que
consegue^montar uma coleção de d^oedas e escrever em todos os en
* A palavra trickster tornou-se universalmente aceita^jiajiteratura antropológica, para
velopes com uma caligrafia ciãidadojaTo que reescreve um parágrafo designar um tipo de herói cultural ou civilizador que se m^ilesta^ diversas ciiTturas,
onze vezes até conseguir o^ritmo certo. Saturno consegue concluir algumas das quais veremos neste livro. Em sentido literal, o vocábulo trickster pode ser
um livro de^gcfátrocentas páginas. Mas tende a ficar deprimido se traduzido como ^fiííirbj,"impostor" ou "malandro". No entanto,nenhuma dessas
acepções expressacSrrctírnente o caráter ambíguo e transgressor do herói trickster.
isso for a únicà coisar que ele fizer; ^ecisa^.db>iizs^^í5 mercurigk Segundo o antropólogo Renato da Silva Queiroz,"o termo trickster, adotado original
mente para indicar um restrito número de 'heróis trapaceiros' presentes no repertório
regulares que..flieiH:opprcionem alg^ aprazível com que trabalhar.
mítico de grupos indígenas norte-americanos,designa hoje, na literatura antropológica,
uma pluralidade de personagens semelhantes, de que se tem notícia em diferentes cul
Pouca coisa neste livro foi escrita em um trem portanto, mas ele turas. Trata-se a rigor, de tipos ímpares,cada qual com feições próprias, animados por
narrativas que os conduzem através de sinuosos caminhos" (Renato da Silva Queiroz,
está repleto de "Saturno,sonhando eih ser Mercúrio". É, entre "O herói-trapaceiro", Tempo Social, Revista de Sociologia da USP,v. 1,n° 1).(N. do T.)
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INTRODUÇÃO
A ASTÚCIA CR/A O MUNDO
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INTRODUÇÃO
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
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A astücía cr,a o mundo INTRODUÇÃO
primeira resposta é que eJes aparecem onrip o antropólogo l^ul Raàin afirma sobre o trickster dos nativos
narrativas ínvernaís dos nativos norte ^ fizeram: nas norte-amencanosí
rua chinês, nos festivais hindnc ^"^^^^canos, no teatro de
O trickster é ao mesmo tempo criador e destruidor, doador e
Tncksters africanos vajaraxn África Ocidental, negador, aquele que ludibria os outros e que é sempre ludibriado
escravos e am^ podem ser encontrados n ! ° (...) Não reconhece o bem nem o mal, embora seja responsável
-americanos, bines, no vodn hait an! ■ por ambos. Não tem valores morais ou sociais (...) entretanto, por
um adtvinho i^abâ em Oakland F- a meio de suas ações, todos os valores passam a existir.^"
'°f-í5h2!«servad^^^ Exí dezessete
Pode-se argumentar que o desaparecimento de uma figura aparen
textos tão tradictonats não há^rickste '"• -n- temente tão confusa marca um avanço na consciência espiritual
tnckste^ganha vida no porque o da raça humana, uma melhor afinação do jujga^nrn moral; mas
° Politeíi^õ. Se o oposto também pode ser defendido - que o desaparecimento da
antagonizado por uma nn*
.180 .,i.k.,„I. n'"wícçào"^cus
do mHr» j figura do trickster, ou a impensada confusão dele com o Diabo,
serve apenas para colocar as ambigüidades da vida em segundo pla
no. Podemos muito bem aspirar a que nossas ações não carreguem
tenhaiaâido^^tX^ti^ lE£Msa_Eiara Orna ambigüidade moral, mas fingir que é esse o caso, quando na
verdade não é, não conduz a uma maior clareza sobre o certo e
trickster. O Diabo p ™ P^^^^^Feragranr) 'Confundem o errado; é mais provável que leve a uma crueldade inconsciente
nossa experiência na mascarada pela retidão exagerada.^^
entrelaçados. RepreJ o mal estão' ^^^^PãrtTaíF Mas, para voltar à questão de onde os tricksters podem ser
Não se^SSíjí^^doxai categoria encontrados no mundo moderno, apresentei duas respostas até
o momento: são encontrados onde sempre estiveram; não são
encontrados, se por "moderno" nos referimos a um mundo no
''°hi«priasd;7/^<'°»a„osi92o ,. qual o politeísmo desapareceu. AmBãs~sãÕTê^ostas um tanto
co?o'5^na.a^. lirnitãdãsTcõntudõr^^O que é um deus.>", pergunta Ezra Pound,e
em seguida responde:"Um_deu_gi_u_m eterno estado de espírito.'^
Se o trickster gar^a-vida.em plena estrada, se corporiíica a am
"^""TOS do' «r ° Rad,írfe!Í!£° para o °"^''^«"ígba f "^«aos bigüidade, se "^uba o fogo" para inventar novas tecnologias, se
r-S"i:»"S£^ brinca com toda^as-frontéiras, tanto interna^juanto externas, e
assim por diante,então ainda deve estar entre nós, pois nada dfsso
deiapãrêceiTd^mundo. Suas funções, como os ossos de Osíris,
podem ter se dispersado, mas não foram destruídas. O problema é
em
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO INTRODUÇÃO
descobrir onde seu corpo recomposto pode voltar à vida, ou onde estavam uma raça e um modo de vida que tratavam como centrais
isso já pode ter acontecido. muitas coisas que para os aborígines pertenciam à periferia.
Na Am^a.do Norte, urngrQmyd^andida^gaprotagonista de Certamente o trickster estava por perto. Na língua cheyenne an
um mito^o trickster renascido é o vigarista, especialmente como terior ao contato com os colonizadores, a palavra para trickster
aparece naTiteratura ou em-ShnértãTna-Idna dos vigaristas reais ou "trap^^" também signihcava/4ior^^ (creio que é
não tem o alcance dos imaginários,e encontra fins tristes) Alguns porque trickster Fas Wzèr^õmem velho", e os velhos têm cabe
até argm]25ílíi£amqt^^ los brancos), uma coincidência lingüística que parecia não ser de
Nós nos divertimds quando ele chega à cidIdTamda que forma nenhuma acidental depois que os europeus chegaram.^'^ De
algumas pessoas tenham as contas bancárias esva^lo^ fato, enquanto pesquisava para este livro, descobri uma história de
ele personifica coisas a respeito dos Estados Unidos que ^ Coiote cheyenne^ registrada em 1899, que começa com "o homem
verdadeiras, mas não podem ser declaradas ah ^ brancojjidaya-poíuaf..." e prossegue contando o caso dos olhos, a
1 ate que ponto_ocapita^o permite
por exemplo, ^^^^famente
n... fcomo
u história que eu ouvira tantos anos antes no anoitecer do Arizona,
de nossos vizinhos ou até substituindo "homem branco" por "Coiote" do começo ao fim."
valores^xigenLxun"esmoj;ipn^q7"^^^^|Q^-~-^^ ^ l^o^sa de De repente, estava mais convencido do que nunca de que a história
criminosjo5.,ne^ssitam).23 trapaceiro^s
se dirigira a mim; era eu, afinal, quem jstaya_pedindo carona a
Se o vigarista é um dos pais
Estados Unidos, então, em vez de dizer ^^^^"hecidos dos esmo pelo campo^ agindo-de^cordo com minhas próprias regras
modernos, poderíamos argumentar tricksters gastando o combustível de outros fiomens. Estava recebendo um
porjodajiarte. Viajar para um luear ^ tncksjer.está_ pequeno conselho.
antigo não era apenas incomum era ° Os navajos têm bons motivos para contar histórias do Coiote.
um sintoma de distúrbio mental A. considerado No nível mais simples, as histórias são divertidas, fazem as pessoas
"Fulano perambulav. história começava com rirem e o tempo passar. Além disso, ensinam às pessoas cnmf^cp
diatiHTêntF^íí7i;;;~ «"tintes sabiam ime- comportar. O Coiote não deve fazer as coisas mais do que quatro
vl.i.. S. "« fcoie todo „„„d„ vezesfdeve têf humildade; deve ter o devido respeito pelo próprio
corpo. Parte da diversão deriva da rejeição autoindulgente desses
comandos, é claro, pois há um prazer indireto em vê-lo quebrar
as regras e um fantasiar potencialmente proveitoso, também, pois
<■'» opoitunidades e os ouvintes são convidados, ainda que apenas na imaginação, a
explorar o território que jaz além das restrições locais (o que o
Coiote vê do^âltcuia-ápyo^^)
De acordo com o folclorista Barre Toelken, que viveu entre os
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INTRODUÇÃO
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
Notas
certa vez redigiu uma resposta irritada à tentativa de um amigo
de invisível no padrão^ugerido p_elQS_tri^ks- 1. Radin, p. 168.
rprp cU-Á-fnira Ocidental e seus descendentes americanos, como o 2. Kermode, p. 165.
'^i^o Quinc^^"Arquétipos,como impostos",escreveu Ellison, 3. Há mais de uma dúzia de versões da história do atirador de olhos,
destinados a estar sempre
parecem— - conosco,
- e o mesmo vale para desde o Pacífico Norte até o nordeste das Woodlands e a América
a literatura, espera-s6; ma^^entre-aTíTbos é necessário que exista o do Sul. Ver Thompson, p. 299. Usei a versão cheyenne para refrescar
ser ;£■ humano vivendo em uma urdidura especifica de tempo, lugar minha memória; ver Kroeber, p. 168 (citado em Thompson, p. 63).
e
circunstância Arquétipos são atemporais, os romances são 4. ítalo Calvino, Six Memos for the Nèxí Millennium (Cambridge:
assombrados pelo tempo."^^ Essa é a voz do específico (o éctipo)
a
Harvard University Press, 1988), p. 52. [Edição brasileira: Seis
reclamando do genérico, a evidência sarapíntada dirigindo-se ao propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das
refinamento teórico. "Não mergulhe meu romance nessa tina de Letras, 1990.]
ácido arquetípico." 5. Ver Jacqueline Chittenden, "The Master of Animais", Hesperia XVI
Minha opinião, em todo caso, não é a de que os artistas sobre os (1947): 89-114, especialmente p. 94 e seguintes.
6. Ricketts, "The Structure and Religious Significance...".
quais escrevo sejam tricksters, mas de momentos em_que o 7. O etnólogo do século XIX Daniel Brimeft-Gqmumente recebe os
exercício ^tte e essÊJmto-eeincidem. Trabalho por justaposição, créditos por ter introduzido o.tefmo trickst^ em seu livro The
apondo as historias de trickster a casos específicos da imaginação Myths ofthe New World. O livro dè^Brintofiteve três edições. Em
em atividade, na esperança de que um ilumine o outro. Se o método nenhuma delas encontrei a palavra trickster, embora sua descrição
funciona, nao e por ter descoberto a verdadeira história por trás de do Manabozho algonquin se encaixe no padrão (Brinton, 1" ed.,
de..,m.„.d. ob,. d. .„e, J 1868, p. 162). Eu acredito que a introdução de Franz Boas, escrita
em 1898, para Traditions of the Thompson River Indians, de James
E...S ob,.,.y„. e«„ d. .c„do co™ „ „,cks„ pÓi; Teit, é onde o termo aparece pela primeira vez em antropologia
ele e o arquétipo que ataca todos os arquétinos f o (Boas, Introduction, p. 4).
mítico.que_atMaça deit_a^r terra o mitn é ■■--- 8. Hino a Hermes, verso 436.
de espírito" que desconfia de todlT^roiM 9. Pelton, pp. 80, 87.
-as para fora de seu reduto arrasf^ 10. Radin, p. 132.
embaixo, neste mundo assombrado peirtlmpa'"" 11. Ver Pelton, p. 78.
12. Ver Ballinger. Para mais detalhes, ver Apêndice sobre gênero.
13. Para outros ensaios nos quais se define o trickster, ver: Douglas Hiil;
Hynes, "Mapping the Charactehstics of Mythic Tricksters"; Turner,
"Myth and Symbol", pp. 580-81; e Suliivan et ai
Wait Disney em ° de animação pelo 14. Lopez, p. 3. A história é um mito de criação okanagon.
da adaptação para o»; recebeu o título de A canrtr. w f de 15. A lista de figuras que têm sido chamadas de trickster é vasta. Este
ser conhecido comn o íOQelho^uincas. (N. do T)Editora Abril ' ° Por causaa
passou livro concentra-se em um pequeno número de casos representativos.
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A ASTÚCIA CRIA O MUNO
introdução
Da Europa,o nórdico Loki e o grego Hermes(com uma reverência Minha lista não deveria se encerra;:^m a observação de que
a Prometeu, o ladrao do fogo, e vanas reverências a Odisseul- dos considero Prometeu um cnckscer, pOrém com duas ressalvasfEm
mitos dos nativos norte-americanos,o Coiote^ Cnrv. •• ,i
suuiiidiivuMiuiLc-amencanos, oCoÍQte^rnr,r^ primeiro lugar, ele e o irmão Epimeteu se diferenciaram (eles são
winnebago (Wakdjunkaga); da
;bago(Wakdjunkaga); da índia, Krishna -ou r^^'^
índia, Krishmi u' opostos: Prometeu é "previdente" e Epimeteu, "pós-vidente"). Na
na
iid não
iidu sanscrítico,
idiibcriuco, que quando criança
crianca e adole "
manteiga
,„,g.. e d.
de corações; d.
da íÁfrica ol:
Ocidental ExuTl"'!'^?"'?
™ ■!= história da religião é freqüente que um personagem precoce, am
bivalente e indiferenciado se divida, ao longo do tempo, em duas
os quais vieram para os continentes americanos ®
negreiro); e finalmente o RÍ Macaco da Ch' ° figuras, uma boa e a outra má, uma sábia e a outra tola, uma alta
-americanos incluem o Coelfe-QüinFaVVo M e a outra baixa. Mas tricksters resistem a essas distinções. Separar
Outros são mencionados de passagem - ' ^^í.i^Snificante. as meadas é afastar-se dessa mitologia.
exemplo, e Mercúrio, o descendente roma°no h°"u Poderíamos tratar Prometeu como um trickster se sempre o
tarde se tornou Mercurius, na doutrina ai - ^ que mais uníssemos ao irmão, e na história central de Prometeu é o que
Uma lista resumida dos tricksters no acontece: juntos, os dois irmãos são responsáveis pelo bem e pelo
incluiria: para os algonquins do Nord^r^r?' "««^-americanos mal que se seguem ao roubo do fogo. Mas, novamente, são dois, e
que^s, Flint e Saplmg; paca as Woodlands^ esse momento é o único em que os vemos juntos. Prometeu é mais
ou Wiskajak; nas planícies, no planalto e ^ ^""^bozho comumente imaginado agindo só; seu irmão não tem papel, por
no Pacífico Norte, a M^arta e o Gaio-Aza s"' ° ^oiote; exemplo, na tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo,
Thompson, p. 294). Orrickster Coelhoéei Corvo (ver O que me leva à segundaraz-ãq^ela qual considero Prometeu um
historias se misturam com-as-dd-CoÍL suas quase trickster: ele''sofre demaisl-^eus acorrenta-o a uma rocha e
mas estes últimos Darer^m . '-oeiho Quincas afm . encarrega uma águia de comer seu fígado por toda a eternidade. A
nca (ver o ensaio de A al n 4" "" Africa Í- história termina com o herói sofrendo uma dor inexorável. O trickster,
American Indians")
American IndianÍ) no "' Tales Am
Tales Z' T
c' em contraste, é o perfeito sobrevivente, sempre escorregadio, sempre
Ananse,naAfriii
Ananse,naAfricrOciH r '«"ksters bem
bem cll J '^e North capaz de inverter uma situação e se libertar com desenvoltura, sempre
disposto a abandonar um projeto ou uma postura do ego se o perigo
se torna muito grande. O Coelho Quincas nos cativa porque nunca
é apanhado. Tricksters algumas vezes sofrem, mas esse nunca é o
mente interminável Se mund fim da história; o fi m é leveza e velocidade. Prometeu é sério demais.
16. Herskovits, Journal of American Folklore, p. 455n; Frobenius I, p.
então haverá algum re %uras que Pratica-
o que equivaZZ"'' ^"e bíT"' 229; Ogundipe í, pp- 4, 177.
'^«ejam uma lista ainda ' f°dos os lup 17. Herskovits e Herskovits, Dahomean Narrative, p. 151; Pelton, p. 87.
^ ^"«ada tnckstTn " bZ , «s que 18. Radin, p. 112.
Mblan, 1987). Ver of Relwi "Z ««meçar é 19. Radin, p. 149; ver também Radin, pp. 111-12,147-51.
20. Radin, p. xxiii.
P"-- Hynes e Doty. '' ^y^hical Tr.ckster rÍ """«"agens 21. Sobre trickster e ambigüidade moral, ver Diamond.
organizado 22. Ezra Pound, Selected Prose 1909-1965 (Nova York: New Direc-
tions, 1973), p. 47.
28
29
A astúcia cria o mundo
30
1. Esquivando-se da armadilha do apetite
Os peixes miúdos
Abrem seus olhos negros
Na rede da Lei.
Bashô^
O ladrão de iscas
33
ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
34
IIHH -M
37
36
ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO ESQUIVANDO-SE DA ^MADILHA DO APETITE
41
A ASTÜCIA CRIA O MUND ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
as manhas levavam todo tipo de comida para dentro de casa. as provisões da casa do pai se acabaram. O príncipe, então, foi
Sempre que vo tavam de uma caçada, traztam um grande pedaço de casa em casa na aldeia e devorou todos os estoques de comida,
de carne de bale.a, anravam-no ao fogo e o comiam pois havia provado as cascas de ferida de Boca de Cada Lado.
O )QYejniummoso comja mMitoqHmso O. Hi. hogo as_^ervas de comida d^oda a tribo estavam quase es-
Mastigava pouco de gordura, mas não ^ i passavam. gota^. OgmiíS"chefe sentia~7dstè5ÍTVêFgõmír^causa do
fazêdo_cqmer_,_mas de recusava tudo e vivia"^"'a^maetentava filho. Reuniu a tribo e disse: "Mandarei me^filho embora antes
mulher do chefe ficava mhd't5~aTgljld;'dr7---r'^^ quc-£Í£xom,a toda_a_ nossa comida." A tribo concordoiTco^ssa
resse novamente. Um dia, quando o jovem ° decisão; o chefe chamou o filho e,sentando-se com ele nos fundos
uma caminhada, o chefe subiu a es d saiu para da casa, disse-lhe: "Meu querido filho, devo mandá-lo cruzar o
estava o cadáver de seu filho! Tod^^'"'^ ^ ° jovem. Lá oceano até o continente." Entregou ao rapaz uma pequena pedra
Algum tempo depois, enquant^'^' aquele novo filho, redonda, um manto de corvo e uma bexiga de leão-marinho curti
fora, os dois escravos domésticos h ° ^ ^ mulher estavam da cheia de frutas silvestres."Quando vestir este manto negro você
fatia de carne de baleia. Atirara^ ®8aram trazendo uma grande se transformará no Corvo e voará", disse-lhe o chefe."Quando se
0 jovem luminoso foi até ele. ^ no fogo e comeram, cansar de voar, deixe esta pedra redonda cair no mar e encontrará
tanta fome.^» Os escravos resDo^?""'°"^ um lugar para repousar. Quando chegar ao continente, disperse
comemos cascasje ferida das no os vários tipos de fruta silvestre pela terra; e ekpalhe as ovas de
do que comem."', "Vocês gostam salmão em todos os rios e córregos, e também as ovas de truta
para que nunca lhe falte comida enquanto viver no mundo." O
'"'ttiVvT'" °
opríncipe."N^o^r^ru queSoi respondeu filho vestiu o manto de corvo e voou para o leste.
1 «crava. "Só vou provar '^omo nós!"'gritoU Essa é a histQxàa.^A.Qogem do Corvo e de sua fnmp Nas passagens
p-ipe.
pe O escravocasca
uma pequena cortií^S^SY^
de fenía a" expSou
baleia e pôso seguintes desse ciclo, o Corvo cria o mundo como o conhecemos*
põe os peixes nos rios e espalha os frutos pela terra. Quando chega
í^pem mau! Q qne está flÍnÍ' ele:"Ah, a este mundo,descobre que não há luz, mas,lembrando-se de que
. O príncipe brilhante pe^! °P^^re príncipe?" havia luz no céu de onde veio, vai até lá e a rouba para que este
provou-o e cuspiu fom 1' mundo não fique na escuridão.
Depois voltou para a Para refletir sobre a história da fome do Corvo,note-se primeiro
Quando que o príncipe radiante no conto não é exatamente o filho do chefe
a mãe: "Mã»o chefe
„, e a mniu
mulher retornaram ^ . (o cadáver, afinal, permanece onde estava); ele é uma espécie de
verdade é ve'w T" """a fome." "oL ^""'^'P® disse para emissário do céu, enviado para ocupar o lugar do jovem como um
^artaparao D''denou que os es ' querido, isso é antídoto para a dor. A ilha onde os pais do jovem moram situa-se
entre o céu e a terra; o Corvõluajrdo céu pam"crmunao'5nde fica
para comer e .1 ® ^°™<=ado. Qs escravo, .t ' ®° terminou,
^ ele devorou tudo. clTj' "'ais e mais a~fribo-tios aniffiáis e depois migra daquele mundo para este, onde
"'u durante dias. Logo todas
43
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ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
44
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO esquivando-se da armadilha do apetite
xri'
.cascas de fenda_^o uma espéce de excremento, que comem constantemente. oWkster Co^ é uma mistura V
o v>
qui devemos observar que há I de fome sem fim- o Coiote prometeu que era isso o que ia fazer. Levou a búfala
com ele para além das montanhas. Sempre que estava com fome
Ça a nessa narrativa. Quando ^ '^'stória natural entre- cortava um pouco de gordura depois curava a ferida com cinzas'
como o Búfalo ensinara. Mas depois de algum tempo ele se can'
para casa. Mais tarde,corvos vir5 ^ carcaça
»™ animal na
sou da gordura. Queria provar ó tutano dos ossos e um pouco
es ejobos^^^g^ te coip- de fígado fresco. Nessa altura, ele já havia cruzado as planícies e
retornado à sua própria terra.
"O que o búfalo disse só vale na terra dele", disse o Coiote
capturar veados se deixassem as conseguiriam para si mesmo."Aqui o ctóe sou eu. As palavras do BúfaloTã^^
tranhas do animal morto^osse significam nada. ^jãnTais sàBêl^" °
são dabar Vl^"~
' 'í' eles"comès5em
'ugares,'as en- O Coiote levou a jovèm BúHk até a beira do riacho. «Você
parece ter as patas um pouco doloridas", disse. "Fique aqui des
canse e alimente-se por algum tempo." '
Um" prgaos doessac,
3 coisa aproxima apetite.21
-* • ^rnagem do apetite o Coiote a matou de súbito enquanto ela pastava Quando
tirou o couro dela, corvos e pegas apareceram. O Coiote tentou
"í i-Ss'r= ™»"
anui pmk ■ ^
'"o
NoV- , ,
™
torna voraz" ^
espantá-los, porém mais apareceram. E mais e mais, até que co-
meram toda a carne..."
a'xo, neste mundo de esr'" comem;
""•^gos e peixes, há mortais 47
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
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ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
conduz o gado roubado n.rí depois que Hermes "Estou disposto a fazer o que for necessário para que você e eu
nunca passemos fome. Você está errada em insistir que vivamos em
para fora do celeiro e as abate duas das vacas um lugar como este. Por que deveríamos ser os únicos deuses que
jamais aproveitam os frutos dos sacrifícios e das súplicas? É melhor
EI vivermos para sempre na companhia dos outros imortais - ricos,
petos dematóra. assou ladistri^por es- deslumbrantes, desfrutando de uma fartura de grãos - do que
^ barriga de sangue escuro - T e o lombo valioso e ficarmos para sempre sozinhos em uma caverna penumbrosa."^^
^positou os espetos sobre o solo--*
* Há uma pequena brincadeira aqui. Os deuses olímpicos são doze, e Hermes é um deles,
ou antes gostaria de ser, Nessa passagem ele se incluiu no sacrifício, de modo a fazer valer
seus direitos. Age como um político nomeando a si mesmo para um alto cargo, apoiando
"da um dedicado a um deus a nomeação e contando os votos - tudo isso em segredo.
""tido seja de grandr ' por óli. â "'"du e da O&seui. O
"« hmdül.vro, ^^^" t««-3rtn®esdesse)„HO apareci 53
52
mm
m<i0 '"ii M'7
males contra os mortais (...) Corn^amk. o simbolismo sugere, portanto,que aqueles que comem a carne
gerd^.." Então, Hesíodo acrescenta o do ventre têm de tomar a mesma coisa como seu quinhão do mundo.
aquíPTor isso as tribos humanas sobr interessa Quando Zeus deixa para os mortais aquela "melhor" parte pro-
OSSOS aos áeuses7mõrtãislõBrri7r~~--f-~-^^—^"^^^ meteica, eles forçosamente se tornam aquilo que comeram; sacos
gem dêTrümêtèinèT^~i5--~
d<= carne, barrigas que precisam ser enchidas repetidarnenrWrm,-
Levou a muito mais carnesimplêsirieiite para adiar uma morte inexorávd."'Prometeu
vemente mencionadas. Os devem ser bre' tenta ser um astuto codificador de imagens, mas Zeus é um leitor
mort^ assumiram diversas^jTM^*?!^!^^^ '*previu contr^ mais sagaz, e o truque da carne sai pela culatra.
e, dèpois-que Prometeu o roubo,, A o'15gS"deleS A história do sacrifício prometeico,então,não é uma narrativa
presente malieno d Pandora com na qual um trickster faminto sacrifica o apetite ou o intestino, mas
sim uma na qual, como resultado de uma_trapaça tola, os seres
as doen^TI ^ Surq^ig com ela clube so bnqían2s^£abgiiLaMn-Limaiomeã^^ cEmõsèiTT^ha,,
os humano?trvera"m ^ ^ "ut^ Assim como no conto do Corvo que comelTiíí^ií^Tdiltódrdas
Ihecet ràniT^-.^ ° e a cam * ^PP^s de PrometeU;
canelas, essa é uma história de origem do apetite, e também de
-^=wssa5555^^ queda. Depois de Prometeu,osJiumanQs.«em-Hft.a.cflil r\o própria
Se „ev .■ ^®"mientõ:
^**'*uiento.''- —
— fome, uma armadilha na qual rapidamente envelhecem e morrem.
a mane-
Prometeu não sofre esse destino humano,nem se torna um devora-
dor insaciável como o Corvo, mas Zeus acorrenta-o a um rochedo
^ban1S;S?^2!!!!Wa verdade^ Prometeu divide o
onde uma águia devora eternamente seu fígado - a cada noite ò
5«.MáS??a5as^
Prometeu deixa 7r7^> a. Não diference
diferente do
do
fígado voltada crescer, a cada dia a águia devora-7rTIA"^J^T^f..
pela fom^ _ ,. A seu mócio, poffãntcTPfoinêtêülõTre^uma fome irremitente
'''spõe com tant °^®rdadeirn ■ P®ra escapar a ela, assim como os humanos - e o Corvo. '
° os2eur;r
f^êos, cot;ee:f
ossos ren""'"te vê, é sigmficado, par^ Com essa trapaça prometeica epj^nente, vamos,agora voltar à
"urí^üenfos-e-j^J^^m a im saber que, para^ questão a respeito de o tricks^inventar ou não o sacrifício,gara
.. ° os gregos r "t'Por ex "essência imorre- respondê-la, é útil saber qug; na cultura da qual vêm Prometeu e
^'«eratura grega antf"""cadáver)? Hermes, o sacrifício é urrfü partilha ritual.*^ Isso equivãíe a dizer
'^avergonhado i::r,'
"^^^rtgonhado in^v "'^tômago
«tômago ren "'^'"^"'"ente,
^'"'"'"ente, em toda
toc que ãsl^ôrções que-íí^^"fnstril5IMâFm um sacrifício grego re
-bju£?p-"°_apetu; »,re6.
..biuS^-p^ío^eti. sôfrego. presentavam ai^;^rç6^" mais abstratas das partes envolvidas,
otf5s!'.»ií;7"'®¥ásí
."torjífera" =>.7,-35;; -
"'"ontmãd-a -r^;if; '!• ^«gnndo e.rZ-^;: a ^as funções polmcSrc-espirituais. Qs ossõsrpõFex^mpiAQ'-^,. J
e^disseu exdanr'-r^^ d'"nte. Eni deter' porção concreta dos deuses, mas"fãm"bém represHFImTTfvi^
quece '""mago? pf" Canino[ou^^^^a Odisséia, espiritual,.-a-irBô£talidade. Ou -"outro exemplo ^^^"õmjí^ídõtes
cozinhavam e comiam as vísceras de um animal sacrificado; era
"• »'»«.-nos a „i„ o «-
'''^'"ossasangústtas."^^ S7
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ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
A ASTÜCIA CRIA O MUNDO
<:r
ESQUIVANDO-SE DA ARMADILHA DO APETITE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
2. Aristóteles, Poética, 1460.
carnes o eviti Ele muda o inventar 3. Autólico; Odyssey, XIX: 432.
um rito. sacrihcial no qual renuncia Iram^T^ ^ 4. Young, pp. 84-85.
, ^ ^iuiiciaa_carne^ mais importante,
desejo por carne, bigurativamente nT^TTT— , —ttT
ao 5. Lopez, p. 73.
do apitltéTií^sacrifica o órgão desse 6. Ricketts,"The Structure and Religious Significance...*', p. 139.
Portanto,embora o Hino não contenha u ^ estômago- 7. Ricketts,"The Structure and Religious Significance...", p. 142.
aa esse
esse respeito,creta^ueecor «o d 8. Ver Norman O. Brown, Hermes the Thief, pp. 21-23, e Detienne,
do- saci4f-kii
' -- upiiLl i d - a arte
inventa Cunning Intelligence, pp. 27-28. "O mais antigo uso conhecido"
'
^" 'iissõTquarXseabs^^ contra"crãpêtItè~ aparece em um dos símiles sem preparação de Homero:"como um
sacrificando o apetite mas rc,v,u - ^ não apenas pescador sobre uma rocha saliente (...) lança sua isca [dólos] como
uma cilada para os pequeninos peixes, assim também..." {Odisséia
Coiotesjueewam cJrcacas fi^aado "atento à isca'> XII: 252).
a fome e não
tornar^ 9. Lopez, p. 73.
P que têm barri^al^, essa 10. Lopez, pp. 127-28.
11. Lopez, p. 113.
tUÉni^cha_qu££OÍotc^ 12. Jerison, p. 313.
r ^^^®°"^Õrâr^ado
frntos "'^"^^^tnesmo Hermes
dos sacrifícios e das sun^' go^^tdeixa
doS 13. Leydet, p. 65; ver também Leydet, pp. 95, 108 e segs., 126-27,147;
e dp<5 CM,..!- íurae gozai e Snyder, p. 68.
as comida mesmSlíI^ ! (Sao comidas mais etéreas, 14. Swanton, p. 8; ver também Thompson, p. 306.
agma aa inexistência
'®agma inevio.í ■ defome e'! Hermes
'^"^ndo "im.„- °céu,
- ele, não 15. Caliaway, p. 3.
16. Caliaway, p. 4 e 4n.
&cr
dura e "
'T'embremos
° con r ® '^"tbém um
17. Lopez, p. 3.
18. Walker, Nigerian Folk Tales, p. 4,
do sac;;""° Herme roT --er a gor- 19. Recontado de uma versão de Boas, "Tsimshian Mythology", pp.
C:;t^ conltir a fumaça 58-60.
61
60
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
r tamb-'"rCamp,TfieAtfienm„Agoru,p.
Ver também "'''"ml' 97. comunal..." Dizer simplesmente mie O tricj^r vivfi OS CStrada não for^ce
36. Hino a Hermes, versos 166-72. todas as nuances envolvidas no350, pois a impressão que com
37. Onians, pp. 13-14.
38. Vernant in Detienne, Cuisine ofSacrifice, p. 165 frTquênõã^emTffeliní^rickster viaja por aí aleatoriamente,
e as estradas o levam de um lugar a outro. Eis como o Rei Macaco
40. O
40 Otto, The Homeric Gods,"y^"s,
p. 122 p. 268. 'Chinês é descrito em dado momento:"Um dia viajava para o leste;
41. Burkert, Greek Religion, p 157 ' ^ no dia seguinte caminhava para o oeste(—)Não tinha itmerãrio
definido."' Em momentos de transição nas historias dos ilãfivõi
nSFíê^mericanos tipicamente se lê: "Enquanto continuava as
Também a Sd^Le ^7-105, 112-15. caminhadas a esmo..."' Talvez o essencial quando se afirma que
pp. 144-45;NormanO.BrZn HeZÍlh o trickster tem o pé na estrada seja dizer que seu^JMto
acorrentado, deÉsquilm P" "Prometeu contexto?, para usar a expressão maravilhosa de George W.S.
43. Detienne, Cunrtínf^^iiig^ ^ Trow: Estar em uma determinada-vila-ou cidade e encontrar-se
44. Hesíodo, Teogonia, versosSSO e sees. ÍVer H.c- .4 rr situado; estar na estrada .e estar entre situaçSes e, portanto, nao
Hymns and Homerica, p. 19.) ' Homertc orientado das maneiras comoiFsitSãções pos orientam.
45. Detienne, Cuisine ofSacrifice, pp. 40-41 Em todo caso, o tricksteris^zil^PffélPOLOompleto, e e
46. Odisséia, Vil: 216-21. ^ntâo que percebiííí^IíSíirSiais clareza o destino aleatório do seu
47. Detienne, Cuisine ofSacrifice, pp. 60-61. ^tajar. Em uma história largamente conhecida na América do
48. Detienne, Cuisine of Sacrifice, pp. 10, 13 99
^ L AA .1 1 JM
,,
ver também ^orte, o Coiote enfia a cabeça no crânio vazio de um alce e nao
Nagy, Greek Mythology and Poetics, pp. 269-75 Consegue mais tifa-là.
u ...r nnrnue não sabia
o Coiote começou a chorar ^ o que fazer. Não^
enxergava para onde estava ■
crânio, mas foi inútil. Fmalment ,
63
62
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO "ESTE É o MEU MÉTODO, COIOTE, NÃO O SEU'
A pata do Coiote esbarrou em alguma coisa."Quem é você.^"> "Árvore, que tipo de árvore é você? Conte-me algo a seu
65
64
A ASTÚCIA CRtA O MUNDQ
"ESTE É o MEU MÉTODO, COIOTE, NÃO O SEU"
huiBano^-gPfir- " ™'ado,d roCp" .'^P.Plomado em um , ^ A resposta é sim e não; Ani^is claramept^se comunicam uns
Um naturalista escrey com os outros,J^ássaros piam nas árvores, B'ãImãi"Hilitànrnõs
caract^nstica deTo^w ^■^"{'^'^'^otetiia cn '°"®° tempo- oceanos, o veado dá o seu grito rouco áé alerta ou - para citar o
^amoso exemplo - as abelhas dançai/para informar à colmeía
° tO'Pte neoFêjd^--7~f ™.¥..precisam repertório ^ ^i^.lAtânçkj^stão^^ due
Maioria dos casos esses animai^tãadizendo a "verdade" quando
teações e é, porta ®"%nta a mnd " ' " A sobreviver (—) se comunicam entre si. AWíí^ não mentem.^Sua "linguagem" é
J'^aaçoijtê^
^®®«nte novo"• "c'Uomo se para
' p tlesenvolve"^
ilustr ^Ptendendo noyas
"tij.o de vida in- pelo instinto; nínhTima-atcIha"entra'ná"co^^
outro naturalista, flores estãò-à;o£Ste"^uãn3olãa7HlTdã^e'^fIi^''a
® ^ndos, como fazem ®"'"tais muit^"^ Veado não dá O alarme quando não há motivo para se alarmar
°s lobos, Mas h ■ sociais; caçavam ^ Dito isso, pòrém, não^é difícil .pensar em complicações e exce-
gt^ndesagra hoje Çoes. Certamente há animais enganadores. Há insetos que evoluí
ram para se parecerem com grayetos-ou folhas secas; há flores que
' SÍ 'ào vistos (.. ) A perse- *^cvoram inseto^atraindo-os com falsos chamarizes. Nos pântanos
Louisiana, p/e-s^encoiSar^^TTOtável tartaruga aligator, que
taçador7 °nde u/o consegue pegaC ^^^íl£2íno^uma/.s,uas características, uma "ííngua chamariz", u
sbançjon ^ pj-g ^'"^nde Iq^q . que ele sobre- ^Pendice esbranc uiçado e curto, assemelhado a uma minhoca, que
°-dÊixa°" Pôde ab° «terminado: estende para fon da boca até que algum peixe desavisado venha
'--^a^tamente v f "''°"ar a orp estava disposto
Iispüs>t«-' a
- 'nspecionádo pai a ver se é cpmestíveJ. Q gambá acuado se finge de
?oa'''^"tiocoi
-■•' vaitdo coi„ ""'--^áve,3'°'^g^nizaçãoem
----^-"^^avel ao ■ -
«m alcateias ^e>rto, assim con|o opangolim. No caso clássico, quando a raposa
tnuito u''' ^^tçarem " ^^eaça a tetraz mãe, esta finge estar com uma das"asas quebradas
■--- ^^,,1 P^ra'ãssim afast/ a raposa do ninho. Pequenos pássaros^^e se
t-1/-
"tétodo, nãoVtJe \r
\\ i
68 69
"1
A ASTÚCIA rpiA «
*=R"A O MUNOO
'ESTE É O MEU MÉTODO. COIOTE, NÃO O SEU'
alimentam
quando há no chãopor
perigo emperto, masnl, ■ •
floresta, P'° alerta alguém tenta capturá-lo em uma armadilha com a intenção de
falso alerta para ter o solo só para si! leva-lo para casa como jantar, o trickster pode contar com uma
Portantp,,animais às vezes ^ serie de logros e escapar. A Abelha e o Urso,que não sabem contar
qual esses animaí«;'m uma mentira, são mais fíce^s de capturar do que a Tetraz, com
mentem:ambos sãoTo T^^ ^^^amente su^MÍcaJQTOtaJa^ MrsTTêgãz-g-mãísTactrde captui^ar-do
que O-^jcksrer^cujas fabulações nunca têm fim.
onãoseué reí^ôrio
capaz O
Na verdade,temos agora de acrescentar a mentira criativa à nos
nunclfiíiJêtei-Tma sa lista de invenções do trickster. Tricksters descobrem fabuJacões
Tisá reitri^lT^-® ^ ® "lorta e-OLgâmbá
quer predador que J "^^ntirosos , simuIações.e.embust^SraTátverrida-e0nsmiçSQldÊj3iun^^
^niagmários. É o trickster quem inventa a inverdade gratuita. No
parte d-este artifício norte da Califórnia, no mito de origem maidu,há vários criadores
vulnerável Qualquer an^"! ^ pn- que colaboram para construir o mundo, incluindo um benéfico
as armadilha i ' P''^ Criador da Terra e um Coiote atrapalhado. Em dado momento
!~ySí9)..ardis qng ® ° apetite, há o Coiote ri exatamente quando o Criador da Terra havia alertado
uindo aqueles com^ "métodos ' Armadilhas do P^ra não o fazer. Chamado a se explicar, o Coiote diz; "Ah,não
2 H
vant ^
'""O"S-nr,2"™'
Um an'
*211""°' ™'ÍÍB®
A-velocid /'^"S^^aria os ini-
nao fui eu quem riu." Essa foi a primeira mentira.^^
do latim p.or^ que é uma "entrada" nn «r^ j então o Corvo se transforma em uma folha de cedro; a garota o
algo^A palavra está associada a nn. - através^^de. engok-uqttaíidcLbe^a água. Fica grávida e daTluz uma criança*.
portão, (portal. A família fica maravilhaHãftTanham o menino regularmente e logo
abertura ou.o„que ele cresce o suficiente para engatinhar pela cabana. Mas chora
a atravessá-la. Parase-ípíesema
os romanosdiante'
um H ofe^ecejtma
abçrtura, pronto o tempq^todo. Enquanto engatinha, grita: "Hama, hama!", e o
grande chefe fica preocupado. Chama os sábios para ajudá-lo a
^tura
e^oros, especial
que é umqueconduto
permitiapara
què na ■ ®"trasse. A raiz
eragrega
uma acalmar a criança. Um deles entende que a criança quer a caixa
•V"uuiu, mciumdo aquele que atm também qualquer que está pendurada na parede da cabana do chefe^_^aixa oncíT
conduto,
são incluindo aquele que atm
-ao todas as passagens que perml"'"''
'
permir^^^^^ ^ "ias também qualquer
°Poro.
Poro- Poroi
Poroí fica^guãrdaTraTuFHo"dTa-.-Êíes a colocam no chão ao lado da fo
dentroro o,
ou para f... do corpo U^"aos fluidos circdarem^a gueira e a criança para de chorar. E^a arrasta a caixa-da-luz-do-diaL
entrada, uma brícha no tempo um'T' pela casa durante vários dias, ocasionalmente carregando-a até
-dao na trama - tudo isso^C "ma frou- a portãTÜm dia, quando as pessoas.Êsrãajiistj:mdas,.p.Õ£.
nos ombros e sai correndo para o buraco no cé^Os membros da
S^L'T'^'^°-'^-^eontrar o
hZ!?®^^^Si5«ureza.Ocamrnu ?í!l^e oportunidades
antigo. família saem em seu encalço, mas,antes que consigam apanhá-lo,
ele Veste a pele de corvo e voa para a terra. La quebra a caixa e ■
então, graças ao Corvo ladrão, temos a luz do dia neste mundo.'^
ÍSií;-
'B-e
^ campo ab » Coelho Qoiocas. Talvez todo roubo sej^Jirn^oub^de oportu^^ade, no sentido
^e que onde algo está protegido umladfâü precisa de uma brecha
pesca bloqu^^^^í^^de para o peixe ^ ° morcego, a ou de um poro na guarda, através dd^qual entrar e retirar os bens.
- deTxZ:::^-^- ~ buraco no céu que enaoldura essa\pa.rte do ciclo tsimshian do
Corvo é apenas um de vários poroá semelhantes que o Corvo
tstmshian.Lembremo 'i'' ^oraz ™ segue-se encontra ou cria. Para começar,introduz-se na família encontran
apetite o mundo era cT antes de o C do, por assim dizer, uma mulher poroW e um modo de penetrar
a este mundo para j° ° Pela escurid- "desenvolver seu nela. Como uma criança que não para\de chorar ele subverte as
encontra as plí os peixe^,' ^"ando chega defesas do grupo {assim como vigaristas às vezes usam os filhos
também fica aflij aflitas por cgy j , tntos comestíveis, para sensibilizar o alvo). Todas as boas pessoas ficam vulneráveis
Lembra do"f--o vai ^ J interminável. Ele à criança indefesa e infeliz.lTJTSfvõivüErSEThegrdõ a caBinã
mímlfl^^as e exigi^ a caixa-da-lu|-do-dia aos gritos, teria
'T -n've volí;
. Vestindo a pele de ^
bavia lu"7^-se°nde
está sempre
veio, o de travar uma luta. Mas como um bebe indefeso ele nao apenas
abertura no céu L ele voa n é bem recebido e banhado, mas também Unquista o prêmm^
« ««..,à b.i„,"""o po,.1,, »•!»,« , tnckster, portanto, é um ser à procura d^porosidad^Já.^^
""•que > tlhi,j Peeto d,casa"d'"'l''° "m oTESr^tento ajaportim^^aueo^emmatmm e as
"'"P«»çap,' do céu. Li aáhoc quando não ocorrem por contaVjopría-
72
liii II l i '""':!.
75
V
A ASTÚCIA fPiA ^
CRIA O MUNDO
este é o me^ método, coiote. não o seu-
ela se tornasse mais astuto do que aauel
deslocar linearmente através de um " acreditam quando os cães chegam ao local onde a
undo transparente. ■rsposa deu meia-vdIíi;Tí^am aturdjdp_iÊ,âr^^
Um dos traços característir^s ^ qs outros.
é que ele explora e fniQt., ^-^^sate do trict^,.. Com os rastros do gado e as sandálias, Hermes,JejEailfira
um aspecto féIaSionado "n '~-'^°^°~- r, portanto, sernelhante, embaralha e apaga a"^ É como se, perdido
no que diz respeito a da' '''^tinto - g desr"Passarmos a oresta, você pegasse uma bússola e a agulha girasse ao acaso
«mo. » » «oÍ .? """" em vez de apontar para o norte. Você não conseguiria, nesse caso,
dilhã da perpJexidad mais r "? contrário orientar-se para encontraii^j-Gamiali^ não conseguiria ir adiante.'
reses do irmão Apoio" ° ''ebê Herm^'' esse modo, a polahdade embaralha^ torna o mundo intranspo
para ocãiltiF^royg3-|^lC9tr£^;;^- nível e é uma espécie de aporia. Êla bloqueia todas as passagens ao
caminhe para trás, de moT' estruir a orientação que o ato de passar requer. Quando Apoio
que os animais estão r ■ ° Pegadas H °
íu«udos.Em seguid° ruJo g 1®'""""pressão de ^íicontra os rastros que Hermes e o gado deixaram, ele fica para-
sado na própria trilha, incapaz de se mover;
atandr;:' P-Tsi u°
^7® eTudo S cie ramo d""" ^^"^álias en- E quando o Grande Arqueíro decifrou as pegadas dos animais,
óS:.':"""
senrí ta k'°
«»»::£ôS'í
*^^feçõeç de decifrar;
gritouf "Ora, orà! Isso é notável, o que estou vendo. Estes clara
mente sao rast-FoS"3o gado de chifres longos, mas todos apontam
que ==""i"ha fornecem uma para_^s,_na direção do campo de narcisos silvestres! E estes
atira a Passos"'^°^"'^'^®"™® Passad "^'^^^"® ^ talvez, outros não são rastros de um homem ou de uma mulher, nem
su em ut estranha íais tarde,deHermes
forma de um lobo cinzento, de um urso ou de um leão. E não creio que
o centauro de crina felpuda deixe tais pjgada^Que pés ligeiros
desln "'''^"^entos; elesj. os viajant""""?^- cinzas da deramêssãsTónps"passadas? As marcas deste lado da trilha são
estranhas, mas aquelas do outro lado são mais estranhas ainda!"i8
®"contra®7 torna toH
' '"'"^ida.lt^ "°«e para se
de um homem perplexo, apanhado em um conjunto
''svesèTãsfuciõsDsr^'""
chama'°77^8"è âpãga;" t'''^ °^tastros,
de chaCí^^^eüéi^^fàga os rastros, Cma cena como essa, com um dos personagens seguindo os
7'^®ceinapQ ^tmes não têm «u 'P°'®tidade/7°'^^""decom '^^stros do outro, aponta novamente para a discussão anterior
mTn7'^®Pu"taTn"!!' têm «l'f'^"tiade eml7",!""í^" ^bre a esperteza que nasce da tensão entre os predadores e suas
'»S?. »•ladt; ■ "'""".r-T'"'"" P^^sas. O animal capaz de decifrar rastros jeinaima ferramenta
^^^sdiTiável em seu repertório de caça, assim como o animal capaz
■ ■ "318»,^ "*.«i„.|" »'« a frente. O . ^ Camuflar seurfaWOs'tm'fea'^f^^^ de defesa. Ajéra-d^so,
^^entiflcar rasírí)iJ. um ato iWir,EÇSÍ^Y9 A
*^.^poís recua
77
A ASTÚCIA CRIA O
mundo 'ESTE É O MEU MÉTODO, COIOTE, NAO O S E U "
Para os^egos,a versatilidade de j enviaram ordens para que ele fosse morto. Alcibíades descobriu
de.O poe^T?I5gi3cõTêo|iris1õiãvá õ T - era uma virtu- o CQmplô e escapou:
melhor mudar de posição do que " ^"ãHéxiBilidide. É
e lutar, diz Teógnis. ^ forma inflexível Recorreu a Tissafernes (...) por segurança, e logo se tornou o
primeiro e o mais importante sob a proteçãiTdãqiIéré nobrêTPois
Apresente um aspecto diferente de • sua versatilidade [polutropon]e sua inteligência insuperável eram
motivo de admiração do bárbaro, que tampouco era um homem
assumín7Sfcia'd''°'?^^^^ franco, e sim malicioso e apreciador das más companhias. E
de fato não havia temperamento capaz de resistir a Aicibíades,-
^ '"flexibilidade^ A inteligência é maiS^ nem natu'rez^.yL£^pjÍd^S£^^ de graça erTno
A palavra de Tp/^r> • ■ cotidiano e nas conversas. Até mesmo aqueles que o'temlinTe
odiavam ^trannJirrraro e cativante encanto em sua companhia
^'"flexibilidade-. ,
-ttopico" siiíifi,-3-a^ i"'"a «Pécie de PH' e presença.^"
manto negro e tornar-se uma folha de cedrn Esses são casos difíceis; iden^car o "eu" de um predador animal
CoTTO^É nosso hábito imaginar um ^^^o^oTrypanosoma brucei pode ser um pouco mais fácil porque
por trás de imagens extraordinárias"^ ^«dadeira personalidade todos os^nís~'dt5f5rcE§'s"érvem a um único propósito: ajudá-lo a
se essa personalidade está realment' ® se alimentar do hospedeiro. O verdadeiro eu está na alimentação.
da nossa imaginação. ® ^'ou se é apenas produto
O polvo real tem uma barriga sempre presente por baíxo"da pele
por-exemglo^Ao longo dess";Tv|SíÍ■
TomemosQberóidpromance0,1-
rece com uma série c]f>
Melville, cam^nte. Mas nem todos aqu3ès^üelnudãnfdFfÕ^ têm obje
tivos tão unitários e identificáveis. Se encontramos um trickster
XT niascara<; rx-, - ' viearisra apa- que conseguiu se desvincular do apetite, como podemos ter certeza
tio que realmente motiva suas reversões.^ Assim que começamos a
segurança? o h -■ T°''°''®"'°sdescrev-i "ma perso- pensar que o \^igarista de Melville é governado unicamente pela
™«o. ...il"" "'«'T™' ganância, nós o vemos distribuindo moedas de ouro.^® Com alguns
quentemente Ipp ^^"^ideram um nX^ coerentes personagens poiitrópicos é possível que não exista verdadeiro eu
S.;"t™ • »«. íúgtfco. e co„.e. por trás das máscaras cambiantes, ou que esse verdadeiro eu resida
J"" algum,, ,a'°' °"°l""° Míl,a|, ®°"| ° SeSte'.' Exatamente ali, nas superfícies mutáveis, e não sob elas. É possível
•^^finitiva. Podemos ' ° não a «sa ^ue existam seres que não têm uma identidade própria, apenas as
° «contrário _ o_ '^°m a mesm r de maneira ttiuitas identidades das peles cambiantes e dos contextos mutáveis.
'"'"''"O porque dev ^ "m salvL ''emonstrar
^«°. seelqueepodg^^^'
seu "v j
^^8|remummundode^^^^^
° Cristo a
apenas
'
parece
feito Notas
não existe. ^"'^^eiro eu" está ir' Provavelmente
E Journey to the West I, p. 134.
argume oculto, Radin, p. 21.
matr", "ía7e"en ^^-"'^ante Lopez, pp. 135-36. Essa é uma versão gros ventre da história. As
tribos gros ventre são originárias das Woodlands Orientais; desde
"^:;T^■-Sd:r7r''-' ° -dadcro o início do século XIX, seu lar tem sido o norte de Montana.
'^-lumepo ''"passado 1 seu cr^" Radin, p. 11.
7 '«íò-sír--l"distint:3 ; "" despe do sej ■ ° '
a ele» » ® "®o sèj.| , "^«rmediári, ' ^^ídadeiro' eU
I^adin,p. 13.
Radin, p. 27.
''^IPot tr . dvermof '"''"^o, fie77' quais ao mes- Lopez, pp 30-32; veja também Tbompson, p. 72. A história do
a Ptesun 77'açòes^^^
uenas de di^r
de ídem^^^P^^^oaonto
é nossj '^^P^os ao 'í,-" "m Odisseu
e ''Anfitrião atrapalhado" é discutida em detalhes por Franz Boas em
T^simshtan Mythology, pp. 694-702. A história aparece em várias
'verdadeiro eu7 ^Por si Pucci^"°^ consciência Espécies, cada uma das quais - como as árvores e os peixes - tem
^■^^P^as] sào o 7'"«nclumdo I que ■" uma área de distribuição definida. Ricketts oferece uma interpre
''■'a a ilustião de seP tação variante, que discuto no capítulo 12.
ã2
83
A ASTÚCIA CRIA O
mundo
20- Detienne cJ ' marco H Enquanto escrevo estas páginas, uma mãe cardeal que fez o ninho
pgrto da minha casg^gtá.ejilouquecendo de taruo bicar a própria
^"^agem refletida óa janela cÍo meu escritório. Está convencida de
há outro pássafo--aliríím ameaça a seu ninho,
seus^os^ seu território. Se eu puxar a cortina, ou rfiesmo encostar
livro na vidraça, o reflexo desaparece e o pássaro se acalma,
em alguns dias me esqueço' delxêcutaressé pggüenp^ favor
entre cspoc^rê^sTagõri"õTi5ro^ tie enchas gordurosas
■pp. 264-65. pontas de suas ásas^l^cõníd^üm manuscrito a duas pinceladâs,
testemunho criptográfico da obstinada persistência de seu
^^rebro limitado.
Uma história que chamaremoi^^ foi
dia"^SnfãHinpÍnodõV^ norte-americano. Eis a
^^rsào do ciclo trickster winnebago:
86
A PRIMEIRA MENTIRA
A ASTÚCIA CRIA O
mundo
E o glorioso Hermes ansiava por comer a camp cacrifirioi q doce
dessas criaturas tem seu
u trunnp moo nenhuma
iruque, mas « l , ^
delas reflete sobre aroma o enfraquecia, por mais que fosse imortal; e no entanto, por
seus recursos. A tartaruga alij^arr^r , reiictc mais que a boca salivasse, o coração orgulhoso não o deixou çnmp-
mas é uma tartamga de um trua ° engenhosa, -la. Mais tarde ele armazenou a gordura e a carne no amplo celeiro,
engo-dos para novos trouxas. Co conceber novg^ pendurando-as no alto como um trdféu [sêma] do seu roubo juvenil."*
criaturas mentem, seus logros caTp" quando essa»
humanos. O polvo não tem 6900!^'" P'asticidade dos ard'S Hermes, portanto, pgga parteda carne sacrificial e a pendura no
estranho motivo fosse útil tornar ^ celeij^Q^ar^exibi,r,.ç),.qUÊ. fez/OTíma chama^ssã^carné^Hê sêma^
cinzenta, ele não poderia fazê ^^^arlate sobre uma que em grego homérico significa marco, signo ou troféu. Para
reflexos, de acordo com os qu P''"" ^os próprio® refletir um pouco sobre o que está acontecendo nessa cena, temos
cinzentas. E o sistema de cinzentas evocam pel^® primeiro que definir quem ele deseja que veja esse signo. Para que
está localizado na mente do nnl P^^^^üz esses reflexos platéia Hermes o afixou? Uma resposta provável é Apjolo. AfíiíaX
ficma
^ da evolução. na icnta
lenta e obtusa cai^-
carni' uiais tarde Hermes parece provocar um confronto com esse deus,
^ talvez, agora que seu roubo foi levado a cabo, ele estivesse co-
tneçando a chamar atenção para si.
o ^ a
d mente que irna^^* Isso faz algum sentido, mas na verdade Apoio nunca nota o^
*c-0mOnoc ^ troféUj e quando deixa-o no celeiro Hermes ainda "êsTa ^volto
talvezjjl^ segredo (na mesma cena ele atira os calçados usados em sua
artimanha no rio e oculta os vestígios da fogueira).^ Parece mais
provável, então^ que Hermes esteja exibindo esse sèma para si
-Ias mT biólogos elr'"''''' dos caminh"^ mesrr^Ele é a crímíçaXãfclrq^^í^^^^^ sacrifício na mais
delZd'T' - ®Cão d cesporra- completa solidão de forma a direcionar uma parte crucial dele
«trapheza e ^ ^^^avilha da imap'
outrÍem' A
serem resolvidos^
pura si mesmo. Há um forte traço autor^flexivo nesse Hinoj o
parecem fSÍ tícusxstá-criaiidíLurp mundo p.ya-^i^^-Como o que escrevemos em
"ossos diários, alguns troféiis-si,^ direcionadçs antes de mais nada
«ainda Mam »» c acima de tudo aos geuií criadore^.. Hermes, nesse caso, pode estar
criando uma imagem pam a propíia reflexão. Voltarei a esse ponto
crn breve, mas, para conferir-lhe \odo o seu peso, vamos voltar à
"«■«» " «r™ "ie™
^enetidas- com
'«'=l%ê„^..^^^^^os, sugere p™r'°®"
^ Dar=, pcccem-"-'
^^^^^Kster parecem'
que ^ '™®8'naçâo. "As ameh pergunta sobre o que o troféu significa.
centpm^. aor canco^ i.
O próprio Hino nos jpostra^o mimeiro modo de entendê-lo: é
A isso acr
■xeS' símbolo do "rQu'bí juvenihí^dá Hermes. Tem algo a ver com
^ infância e com a apropriação astuciosa. Além do mais, se essa
sacrifício- que acont extraída do ^cna descreve a invenção do sacnfíci\), se o^crifídolo^^
^ Quando Hermes term^
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88
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO A PRIMEIRA MENTIRA
i>
O 7|V P' 'rv>Vl\, jv,.
partilha e se a mvenÇao de Hermí:.c ^ ^ "jjão^omida. Deye^^se salientar gu^ê.s.seJ'aãQ!!jre.s.tdnvQ v^m_^
como próprioTIeFmes, e não cie uma autoridade externa. Não se trata de
a carneuma na partilha
no cele/o é um símbolo'deumatu^" '"terpretada
"""" uma narratí^'^ca^naBtica na qual a aquisição da linguagem pela
no da mudan/a na ordem das coisas ^ um sig" criança coincide com seu crescente senso da repressão dos pais.
segundo o qáal as porções devpm — no código Aqui temos a ligação entre o domínio dos símbolo"s ^e um ''ríão"
FmalmenteVnãoWosesquecerqufr''''"''"'- Proibitivò;mas ■qüãhdò b coração de Hermes diz aquele "não" para
sèma é o rnomento crucial em qu H imediato desse sua Boca salivante, a repressão é autoimposta e o estado de espírito
carne do sacrifício. Isso pareceT/ não come a c de duplicidaile ávida, em vez de perda e culpa.
fazer un,' troféu se Hermes a tive"""' "^ne da qual Essa duplicidad£.i\dda,-aJiái.J-^S£g^ sobre a mente
deve carregar consigo o sentido de codj^cadora-qüe o Hinoâssjnâl^ Afinal, roubada de Apoio e em
.lembrínja fcjpe,i„ "» .com el« seguida usada em uma espécie de llusíonislno~herTnctico
pojaa. Na„ linfc, ° em fa.oC p3ra mudar o caráter do sacrifício ritu^, essa carne-não-comida
P fecacma p„„c.. 'f" „„ gcegS homeWÍ^ aparece como conseqüência de uma série de saguzes subterfjígm^
ml.cta.dos,om Nessa história, apenas um ladrão poderia ter efetuaclo as mudan
ças em questão; é em virtude da duplicidade desse ladrão que a
carne assume seu duplo, ou melhor, seus múltiplos significados.
' Não sf ' a pnidas. n'"'"fWtotfificar Em Tratado geral de semiótica, Umbert^co^^m o seguinte a
codificar e d sp' T *^^zer sobre o que faz de alguma coisa unx^^signo_^^
^inhasugSãò mental.para^
marca o desloca ' ® lue este "sã A semiótica tem muito a ver com o que quer que possa ser assumi
come)para a vid materialV^ ^ do como signo. É s.gno_tudMuaiixa4K.ssaiermumi.da^oi^
«"^«coi/^í^^-^^bóHcaoumenS? realmente se substituto sign.ficante_de outra coisajudquer (...) Nesse sentido,
®malara passagr'^!i^^^^ ^'^ansíção e a ren^™^ simbolizar a semió";rc'a éTêmTnncípi^ a ^^"^iplina que estuda tudo qu^t^
Além disso, ao as-
possa ser usado parajnêittir. ^ . ,
Esse nóosS-'^'
a mente de um ^
mèKr'
J '^®''®t'rÓ'de
^^^èbFd lingng
j. _ .
''.'"^-Para-a-mente,.
e® sobre oS Srfel^õd^sadQ para mentir, então nao pode tam-
L'
bem ser usado, para dizer a verdade:
veraauc. de fato,? nao pode ser usado
para dizer nada.*^^
h«,i.J do dc..i„,,2""°"-ta animal qpc
"* r*"'"'».tataf»""* «»■ n. A cena é um» o ...01 com „m. isc, o,-prlm.í.o .ruíT- ,ue .imosJ^oja
com °'"""'
como essa mente ZZT'
codifi °'° d.„do,ae con.»
'"ortal.
a existir. Prini.- ''Voadora q Mostra vária ■ i „ '•<»hooo^;ZZZo«A cr.™do nd,. om. mínhoc. ... o pcxepode
d» .P"».
' nÍ'"/ "»«oZJ
"'">•'0,0, pí,'?'®»"»a,
"»o. deapc' ZT"""'""
®"'«"nte) passa *"7^" corresponde à tradução- j e A n .Anio p^j-gnectiva,
de Pádua Danesi
2004).e Gilson
(N. do César
T.)
""''""n.Vttec^ta ""'■""•"í® tlosü de Souza para a edição brasileira (Sao >
da carnè-
90 91
A ASTÚCtA CRIA O MUNDO
A PRIMEIRA MENTIRA
como o "^"^'^'^^ando, paTec ^ humanidÍ- resumo, estamos vendo o ap^etitc adiado ou deslocado,^em vez
existe a''®"'®=ado inicial do gado ''"®"°''lPe-V-ernant torna Uma completa restrição ou negaçâoHelETComoargumentei an
a Dn«,i,u"f^'^®'''°ativamenfp Cç ^ ^^^■'^Palidade-ejajdo mais ^ teriormente, Hermesliuõ^bfSTíí5Õ"d^cimer; ao dedicar a fumaça
«-St ' e^r ° sacrifício' a si, abstém-se da porção mortal para se banquetear
Uma porção que não lhe fará mal.
Inverso^""^® "'^ado o p.u ^"'^"anto não puder sef
momento em 0° cm que p^f significar.
significa uma c anterior ad ® ®" '^^ívez seja útil neste ponto resumir o terreno que percorremos
-smficação. A carne ^ formular algumas conclusões. Terminei o capítulo anterior
situarão
passa a ter signífi -^---"íía e,HeWes'
po>u,' ■ oT^^a""
''''ao> desloca ae carne
outra apresentando diversas maneiras por meio das quais a astúcia do
^'^^hster foi imaginada. Ele sabe como passar através de poros e
Espccialmenteem't'°''°'"a-seum s?r^ bloqueá-los; confunde as polaridades dando meia-volta e re-
algo.
ha uma regíaTontr^
'ornando pelo mesmo caminho de onde veio; encobre seus rastros e
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A PRIMEIRA MENTIRA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
do próprio cheiro para confundir os cães, temos os paradoxos e as
distorce os sentidos;e é politrópico, trocando de pele ou mudando ideologias dos lógicos que camuflam as próprias contradições. Em
de forma quando a situação o exige. A história natural oferece acréscimo aos animais que dis^rçam seus rastros e aos'^edadores
maravilhosos exemplos de cada um desses rocr.c Que enxergam através do disfarce, temos a mente codificadora e
astúcia nâ^aleia jubarte produzindo sua rí a
raposa dando meia-vpita paraconfunH* ^^ borbulhas, na decodificadora e todas as artes da interpre^^çãor^lém das bestas
mescla A uma.dererminada rocha. ^ politropicas da natureza, temos a própria('imaginaçã^-aldealiza-
Ainda assim essas imagens nin c;;^ dora dos tropos - e o^mundo^lía artTTdoÃrtifíciõç^^dõTíardo que
,bor do que entendemos por astücia"' P^^"^ tece um conto cativante ao agente de contrainformação que vaza
po de mente,e a mente tem u *i balando aqui de utn ünia história de primeira página para desorientar um inimigo.
serjr encontrada
encontrada no
no mundo'^aniürfy P^^^^^^dade que
que.não
n5n costuma
rnstum^ Em resumo,a astúcia do trickster agora assume formas mentais,
politrópicos, mas Odisseu é ml r "^ ° P°'^° ^ão ambos sociais, culturais e ate espintliãTsTMásõTaz com uma determinada
vestir um manto cor de pedraÍ' Odisseu pode Emitação7AhTéfiõrménTe7sb"gérrq^^ o trickster se libertassede
como Qdisseu, vestir-se comovi °P°l^°"ão pode, todo apetite, ele não seria mais ui5ffirk^rHEnrceíTô sènFiaõ, isso
polvo não pondera sobre slH realeza- O c Uma questão de definição; a mitõlbgiá que estamos examinando
^ constantemente gustatiya^ sexual e esc^ológica.Parece exigir,en-
^^-«U-KDiesenr'''.^"^^'^"'^fequeconseguÊ tão, que associemosA âStúçÍ9,inYèhdra;ío-trick^ úecéssidadeS
Corporais. Com isso em mente,quero volfaMUlntópico do qual nos
aproximamos várias vezes, a idéia de que o trickster inventa a arte
da mentira, pois nessa mitologia essa invenção surge precisamente
Onde o artifício e a fome estão atados ura ao outro.
^ ^ pergunta de como sugeri
W-ima ^ do apetite veio a existir-
auxilia^es
pelo meno ® ™P''®ação
a escanarde^ ^
qul^ ""'^^nrentais paraJ^
®*gnificação evpluii? Iberos estômagos"
mulher ao meu lado reclinou-se para trás e fechou
os olhos, e em seguida assim fizeram todos os outros,
cultura. AgoX""^--2HH£,al como histó • os casos eX' enquanto eu cantava para eles no que certamente
era uma língua antiggLê,.sagrada."
fóda/as'f°'"^"''°-^cí^põsa;f ^ Tobias Wolff The Liad®
p4,r °Portunism de sete Buracos,
unta;r° ® ^oc.al, da mente
que jôtra «ma'; "dam as estações 'Io® batedores ^®cmes tem um dia de-V.ida-eiuOTrtoTtroba-«-«adQ.de A,polo,^^^^^ a
^-"-eníde
arretjas _ ou a^ quecoíl^-'^gora, além do
'"'tologlH®' pretensões polvo prtm5r"o muboTalse seguir espertamente sua pnmetra menttra.
I
} Aléiti da
ri P^ra preserv^f ^^''"e.ro roubo, primeira mentira: a mesma sequencia de eventos
â' ^ iTvl t' ''^posa que volta no rastro
94
/iv.t .'
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO A PRIMEIRA MENTIRA
não faz parte da infância de cada um de nós? Quando eu tinha *^3 punição e do enfurecimento,é claro, mas,além disso, a idéia de
5 OU 6 anos, morando na Inglaterra separarmo-nos de nossos pais é um risco, porque o mundo deles
e o nosso único mundo,e dependemos dele. Com ou sem essa an-
em umd.pequenino
h~p.deburaco no tronco de um k tesom ê^stia,a primeira mentira é um ato de imaginação particularmente
de peixes. A nota de cinco libras na ínal ^ Perto doMnque ponderado. É uma ficção motivada,e uma investigação sobre esse
1950, era grande como um lençò e d ''o® ^ttifício. Podemos não duvidar de fato da realidade do mundo
ricamente coloridas, pois agora P^^tada com cintas ríc nossos pais, mas, ainda assimTTima mentm é.uma Speaç^de
emergir das profundezas da ^"^njuro meu tesouro ^ ®*perimehtáçãb dâ sua solidez, um mundo artificial enviado para
ces de esmeralda e aparece com real' ^cr se consegue se integrar e sobreviver. Se,conseguir, a autõFidade
dinheiro, por que o fiz^ tao^^^^^^^ crianças rout^c^^ 'ío ^VeaP^-pode ser ligeiramente abalada,e a primeira mentira pô3ê
casa quando esse rdu^^] Houve consternação na 'razer^uinà consciência iniciai do artifícip.
recaiu sobre m^ irmão e eú P naturalmente Permitam-me ãquT refinaf uma questão anterior a respeito da
mmhahxeira,
deve ter-meneguei tudo. Resistr°
persuadido • 1"epude,mas foS"
doí,°i™T™° minía^ ™^ntira. Comecei com a idéia de Umberto Eco de que um signo
® algo que pode ser tomado como substituto parã óutrâ coisa, e
f!° «conderijo. Acho que lol' conduzido "sei as reses de Ápoio como «empio: Hermes as transfere de um
sobre o„tro gatoto' qúeT"'
e engenhoso eu tivera a sorte ^
'dentando
recentemente, cujo '"gar para outro e, por meio dessas substituições, elas começam
® significar, primeiro uma coisa depois outra. A idéia era que a
orJ"lU ® '"^probabilidade e ^ '^^®'^®™unhar. Minha máe ''"Plicidade do trickster é uma precóndição da significação, uma
not" ° ®®'^°"dcxiio_secreto n"k^ 'rique de 'l"®stãõ"^'^s'pecifiquei corri o coiriêntafio^e que nesse caso há
mem «larj^aF ^ "ma regra contra o deslocamento do ^ado. Sem essa especifica-
emerern t™'" '""'«a c^'" a narrativa da temos o caso gerai, que é mais simples: a "substituição" é
Histó ^ ^ e das fibras dT Pedras preciosas ® "Ondição prévia da significação, quer o roubo esteja envolvido
não. Um exemplo vai aclarar ess| ponto e, por contraste,
^l^^lar a mostrar por que, nessa mitoioiia, temos o caso especial
_ . comida entre nc "O inicio da meninice qual o roubo e a mentirá são de fato uma parte necessária da
°
ma ^ f . . .
mentiu sobrc
^•■'"Ção do significado. ' " ^ ^ "
•^"^^nsgressões?"'^' ^°''®ríamos°emender nossas
^"^^rpretando k Etn dado momento da Odisséia, Odisseu recebe uma tare-
Por uin primeira® ' deve pegar um remo e viajar terra adentro ^té que_algum
!""fünda,o objeto^cQffio umpá de^joeirar.'^ Uma pá de joeirar
'"ios.' Ao'rnS Possibilidade da sepa' ® "ma espécie de ferramenta usada para lançar grãos no ar, de
d^oT", do 'rÍ período, existeiP que o vento leve embora as cascas; ela se parece muito com
mmo. Há um aspecto complicado nessa tarefa da Odiss.ia,
P®"hada de algu me falha, essa tem a ver com fazer reparações a um insulto cometido contra
"angustia. Há a ameaÇ» ?:lv
96 97
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO A PRIMEIRA MENTIRA
VliyíA-Ví/>
O deus do mar, mas o que ínterpçço - de imitação mental de um roub^{quando mente sobre o gado,
por outra ou melhr d ' Hermes "faz conTáF^ará^s o que fez com as próprias vacas). O
uma só coisa possaleFJdòis signifir "a ^ 'deia de qi^ primeiro roubo e a primeira mentira de uma criança são cruciais
mesmo objeto é uéí "remò" n 1" ^ lugares distintos- O na histònã^õIncdêctõTpõrfãntõTpõ^^ eles a criança naõêstá
uma cidade nas colinas/XsSír--^^^^ ^ joeirar" em apenas no munTó dã^Ipificaçãordã^fãmâs1ã;'da fâbulãpo e da
^^^àcj^iado.a^disséu-0 ^ Odisseu-Viajante ficção; ela está nesleTnundo como uma criadora independente,
de um objeto (ou de uma paST^^^^berP°'^queapenas
Tu^W o sign.^cado
a peslST começando a produzir significado nos próprios termos, não se
sujeitando às proibições que a precederam, exatamente como, com
117 ''g^do a sua locabzaçâ^ o roubo e as mentiras, Hermes começa a criar um cosmos^ nos
vdapojm não saber disso An7 T deixaram a próprios termos. Tal é o peso mitológico da primeira mentira. Eu
uiesmoTui um fracasso como ladrão e mentiroso mítico, é claro;
^ rernocpjjig^ • ( "•
uunca transformei aquelas cinco libras em um mundo concebi
da pá de do por mim; com minha confissão debandei de volta para uma
portátil, d ^^mo se nãda"fn P°de levá-lo de um infância inventada pelos meus pais. Se bem que, pensan<íõT)êm,
-aí dfr--"PaJde eS"r ^unca coníesserconiprétamente. Nesse ponto também contei uma
Mentira, uma lorota secundária que incluía um segundo garotinho.
ta de rout oulot --nossas ainda o vejo, parado ao lado dd pinheiro-com uma espada de
gado deX""r'~-^~'"- "o caso d ^ não necess''
ladeira que o jardineiro me ajudou a fazer.
^ .1^)1 yjpf fM bj
assexualidad ° "« Pasto°nT^"'^r'^®' anteriormente, Estou à procura do significado mkoTógico da primeira^mentira que
nada pod^ ^ P°'''''ante -existe" ~ imortalidade,
'i"® as reses su até ser tirado retroativamente. ^ trickster conta. Se abordarmdi a questão por outro angulo - a
qnal seu cstado-^"" contexto al.^^- i~-^ momento em ^^íaçào do trickster com a veídade seremos capazes de relado-
uma vez ésT'''^ sua suas mentiras cozn noáo tópico inicial, o ap^TterNc>»^icio
P'P^é o da questão r'''™ ' a Teogoma, fiélíesio^as MugagdesçgnudoW
® P^Sbi^- pl^^^^do significado ^'P'® m/ío/oJÍ^ com o poeta. Ele está com amigos, pastoreatatH«t^anho
'l® ovelhas, e as Musas dirigem-se a eles com desprezo . astore^
—Ural»,o "real» M '^Ção.,.d£ preTr^^'-—® significado,
Proibição relaí^' "■TOa,."essência",,g -'l''®.meffime8xaiiifips..vis 0^)®'°® mfamia, mMO^£omasps.
Prósseg3r;ctriToT^mTslõ-dlferentes aqueles que vivem
-ra adentro,de
significados. Há u„^ ° Qualquer viaia ^ "^^rregar um remO "-^asLntaiiha^-Sabemosdizermuitasmejgtj^^^
ÍP°'°' Só ym ladrã''^°'' 'Çâo no queTe"7°''^ '""'"Plicar seuS com fatos: genumQS,.maimfflb^^^^ & .e o
PP°^'Tanto
Çâo aà mentira
naturezaq^.° ° .^^^bo
^azê-lomiífr--^
sign'?'^® ® deslocar o gado "•«sejamos, prqcl.amjxJ-XÊOlade.""
As Musas acreditam que e impr
humanos
aniados Dor seus
assim di2er Um ®'enificados em ^'gam a verdade porque são "mçros estômagos , guiados por seus
■ ^aiQUraéumaespécif^
98
99
A astúcia rpíA A PRIMEIRA MENTIRA
^^'A o MUNDO
apetites. Essa é uma antiga presuncS Odisséia são chamadas "tííentiras cre^nàes", porque ele costuma
passagens da Odisséia. Ao vis t ' ''"^trada por várias começá-las dizendo: "Minha terra natal... é Creta." Os cretenses
eram tidos como pregujcosos e mentirosos por natureza,^" portanto
eOdtsseu dizser
pede para queálimentádd."
a barriga com
EÍe nâqUeeíe"^
d^ da-sira'histona Ddisseu está lançando uma luz sobre as próprias falácias, embora
tir caso não seja alimentado ele d^ queimai men- ■" como veremos - apenas um dos ouvintes a veja.f
equLvale à ^a^cgisa,pois'a raiz de ''''' A questão geral aqui é que, no. fhiíhdo: hoaiéâcQ,jda^^ e
<xL verdade
v^xuduc I
e ser
ser £i-/eí/7^5
a-lethis "Sp o, • e cont^
eje?^- e con poetas orais itinerantes supostamente ajustavam suas najrratbías
0'^'^^^"'_àSkarem
^'^'^^^"'.àSkàrem ^ -"dade"
verdade J P^ra que se adequassem aos gostos e às crenças de uma platéia
De modo
De modo similar,
címiu^ í^5
~ --o--.^inha
aslS!barrípa ^esave^^hada. ^ocal. Às vezes, na- Odisseiai as pessoas dizem que um andanily)
dispostas • a dizer a verdade o vp ^«íodo dizem estar Sempre mentirá porque tem .£StQmagQ;,.Qut^s vezes, dizem que
o cria or de porcos da ecoa Eumej^ '^en^irá até estar alimentado. EÇ^^^^lQoerTb^na, temos nova
'^Sâosedisgõern"a contl õs-iridari7lS mente a ligação que as Musas aleganTtxistir^tre mentir e ser
vaçao aparece.noJni do ^^'^-''^^deiras.-a obser: mortal que precisa comer. De modo inverso (como vimos ao
disfarçado de mendigo. oS "'"c° retorna a ftaça f^aiar sobre sacrifício), uni ser imortal é, por definição, aquele
que está livre do estômago odioso; as Musas creem que verdades
««e criadoremdeítaca
requencia porcos! que lL'?'°
fingindo ter ele encontra
aparecem comé Imortais, não podem ser proferidas, exceto por aqueles que estão
n orme explica o porgueira-ííb
ungindo t-pr^ 'T
Perdido, OdisseU-
aparecem
^"uilarmente livras. " dA.tí
para consepiiir «L_- ^^^nienserp•ar,^«. _
nao lhe
2'mteressa-.i^ -upas limpas;
limpas; aa verdade
verdaíi& O elassicista Gregory Nagy sugep^ue a defesa das M^uma f ri yV^
^Quç Odis
. ^ClaroaneOHicr..... verda'de- liberta do estômãioj^^e-
Í utrnf ""^ÍÍoÍ wf não para^ quandoa.C.;as
^III situadacidades
na histór# SdcmãrCâicav-^ntes
g^s eram:bastanfé isoladas u^^
porcos nã - alcancín
' dado momento: °«fas; depoi s o isola^nto di m i n ui u , Ant e s di s so, cada ci d ade
-nSC: PecTS oT"""'" ° ' ■ a os próprios deu/s e as
tinh
1 aimuiuiui» zvxx.w., —
próprias tradições
V
poéticas; coHi
^ fie-
mentira. "Mi^h*"^ verdadeira" e ®®riedade e "l^ência râdicalment/ distintas umas das outras. Depois, a Grécia
desfia umalí "«al é o'l? T"''""da-o com um^ '« ®.rc.d. p„, p.n-hele„ismo - «ma c»^i» m-
'"ele havia perd?'^ dos detalh^ d'^' ^ terr^^ ■
Comunicação / as cidades
entre -J z4.c"22 -5 e com ele um abrandamento
mentirosos se v'i° ^ superior d ^ e específicos
"diversidade de tradições c crenças.
em breve retornaria h"' ^^'mando que P°'^ras se pareçam Esses dois períodos radicalmente entre si,
^me...? Nãoprec"; do que ® °"viu dÍ2er que OdisseU íado, quando as localidades d nprrório auando se
fie PJ^merírcôi^"^.ser Cm ®"tende-se
dpei
que
^
um poeta
^
viajante cvá ^variar o repertor o qua
wprHadeiro e o falso variam
e verdadeira.(As "ma tnvenção a üu^^am."'Wriad^ oca de um lugar para outro.
mcorrentes que fia História qu^ ^forme o poeta vagueia,
^sseu conta no fim
101
10o
A PRIMEIRA MENTIRA
CRU o MUNDO
outro lado,como
helêmcos O bardo^jajj^elênicoaU ■
um todrr^-5^-4i^>l§-recitar, diz Nagy,"ao^
centrais é Manabozho ou Wiskajak; os iroqueses chamam-no Flint
c Sapling; Glooscap é seu nome entre os algonquins do nordeste."
que se «unia^a^--^ J'"tes das várias Cidadés-Estado Além disso, ele não é o mesmo em cada lugar. O Coiote nunca
o que recita^,,^,„,^^ os fesq^aj^ pa„.he]ên.cos ^ rouba gordura.dÊ-baleiadD.ânzo] de urn pescador. Õ^orvo reju
errt mdade".^,, ^ ^ado enquanto ele v^aja de crdad^ venesce os sogros em uma história eyak do delta do rio Copper,
Odi7 ■ ■■ de crc no Alasca; essa história não é contada em nenhum outro lugar do
Odisseu
canção corresponde;:::^.
ao cenárb gf , anterior o p • ta ^
ajust^ continente.'" Em uma narrativa ingalik do baixo Yukon, o Corvo
di- às pessoas o que ^ oertezl h ""-" ele se torna o senhor da terra dos mortos, um detalhe que não aparece
quando a encontra nel ^ ouvir. Me posição, em nenhum outpo pontO-da.CQntinéntei-
do com que muj. ^ P^^nieira vez enf ^
loe lágrimas escorV'"''"^'"''®®- "fazeii' Qualquer teórico que se manifeste para dizer que uma figura
chamada trickster unifica todas essas é um pouco como Hesíodo,
tomar o próprio tosto dela.25 a veídàde", at^ criando uma narrativa pan-americana a partir de muitas histórias
poemas são dirigin^ ° modelo do "^""traste, podeino
°^a platéias pan-hel? ''P° de poeta;seO^ locais. Tampouco são apenas os estudiosos modernos que tra-
^nlham seletivamente com os contos, ressaltando passagens que
„ ^®sim,Nagy 7° ^^^gtegos.^é ® tentam incorpora'" ®e enquadram no padrão e omitindo as que não se enquadram.
podem ser i~lll®enta Que.
Culturas orais sempre o fizeram. Homer(jji.íez.-Nativos-iiQr.te-
"■í^Çào de mero ° P^eta Hesío]^ "-'^9 Poesia pa^' "^®^'9âíl°LÍÍ5eran^so durante sjfulos^ (grupos no alto Yukon
para se^liberrS^^ «forníularam hisToT^IIfiorâneâs' do Corvo de acordo com os
próprios propósitos, para citar apenas um exemplo)." Onde quer
°dasp.aNrfa«,.f;,;7;oastra 9ue viajantes transportem histórias de um lugar para outro haverá
r ^"^as c^^^dianteS^^^^^^ essas tradições sã'' feimaginação, traduções, apropriações e impurezas. Apenas as
Povas versões não serão descritas CQOLessas palavras; habilmente
, '"P'®Ptadas Dor locais Ha ^esíodo".r7 Messa Pontadas, serão conhecidas comç "a verdade^'.
7::::°
sividaj
- cr rr -'i :';r
^^^sahiqt-A- ^Píco".28
Nessa Imha, Nagy observa que ò estabdecitiiento de uma teogo-
Pia Pan-helênica deve ter acarretado a extinção de muitas teogonias
P°r todo''® ^técia antiga ^'obais - verdarl®^ 'pPais, e será út.l, por um momento, imaginar a condição do que
s!;®®' ^'-o. A - -o é exclP' Musas reivindicam como "a verdade" do.ponto de vista de uma
seu içou se repetÜ? '•aquelas "vetda-deS locais" contestadas ou suprimidas. Se voce
projeto i^^^títoVPaTãTf^-Saf 9ue~aíir^-'°^'"P"^^'^ ^ '^g^qucòemétera a Rainha dos Deuses,misogino
o que acharia de
n°rtc-a;:X^tsoaa,,;;^WarQÍ^^«sese„riaLí5^^^ ^-la.subordmada á^eurlespecialmentepelo Hesiodo)?
^^''^°tti«>a,Gal ; ''^^fado
é o c"tl Oíais aohT'''^
.''í--°ítUqueV?''°
Pa cosr ^^trafdá' dest" o Corvo fosse o seu herórcuftural, como voce se sen iria ao
;'-'o subordinado a um personagem chamado C-tor-Espe^
tx^iVi *^o p ], ' planalto £
Puia posição local, a afirmação de que as Musas d
°1 "as Woodlan<i®
rtn#> ">2
IE2S2™:.
A ASTÚCIA CPI a «
'^«'A O mundo A PRIMEIRA MENTIRA
104
A astúcia cria o mundo A PRIMEIRA MENTIRA
seios da minha mãe,e de rpr iim l íorotas de Hermes às que Krishna conta em uma situação similar.
® de tomar banhos qi^r.7 os meus ombfg^ Na narrativa típica de Krishna quando criança, sua mãe, Yasoda,
Aconselho-o a não falar a tem de sair de casa e pede ao filho para que nao roube a manteiga
achariam isso realmente esr P^^blico; os deuses que têjn enquanto ela está fora.-.Tão logo a mãe sai, Krishna vai
vida Wando animais do cnm eria^ça com um dia ^
até a despensa, quebra os potes cheios de manteiga e come-a aos
q"e pisam é áspero. ' P« esti^ensíveis c o chã" bocados. Quando Yasoda retorna, encontra o filho no chão, a face
Ainda assirn se * escura lamhn7t:.^T7irKf^i^ cremoso. Às reprimendas da mãe,
grand^ Krishn,a^em muitas respostas^uotcligent-es. Éle di^^^ exemplo:
Não estava roul^ndo manteiga;..h.a.yJAjQJ[piigas nos pote5_^e eu
gue; esta^a'^naTtênlãndõlk^ diz ^ aparente desobediên
da
■"■«.«. ser, pcig „
d.,., p.; Pessoa
*».roubá-las
..,d.d.. -.p.».»
seja lá ^ cia d^ é, na \^ade7cüípW^/í2: "Estes braceletes pequeninos
que você me deu esfolam meus pulsos;^entei aliviar as feridas
O franco deus do soJe da h Paçs^o manteiga nelas." Para os nossos propósitos, porém, a
fesposta mais significativa é esta: "Não ro^ei a i^nteiga, mamãe.
^'""8"'fieativa,
^ ^ «Crr
portanto"'' KnshP^
pode ' ^'"""«ía-mentira cad^ desordena as
:T 'fetornrndd~r^®%^adurarearj'"'°®'''^"f^
Parrd'°'^ ^"'«8a'°f ^'"^açada de manei^^ P jat^tidomamê-l o afastado daquelejl ^ píèclãTimi.
que suas .meatiras-suhve.rteSL„-q^ T^Tnriaac verdades
^as,
modo põe^ d?-qíí^^®de. elarTp^^s momentos antes. De repente, as antigas
""^-^^'^aatr:;;>dotrickstetdJ '"SoTdIpSS"
' ^ixe-me justapof ^
107
A PRIMEIRA MENTIRA
A astúc^cria o mundo
das mentiras do trickster, pois a própria
lusar,-afirlal?^uen^.eM^^ niente se diverte com essas inversões.'"'
di3tribuidaf Queirv-fcca/^ ■. o sacrifício deve^ O sorriso de Atena, então (como o de Apoio e o de Yasoda),
guarjdâ_çom_^to^ldad^rO^^
William PiíiíTf— ■^ Manteiga
toda ^ par»
a Pensilvânia
deve tambrá-indicar que estamos na presença daquela consciência
chamada A seqüência das mentiras crexe_nsesjponta para
Para que as mentiras do trickster n ^ssa_çondusão. Não muito tempo depois da conversa com Atena,
tido,ele deve arrastar os âdversár' dúvidas nesse sen- Odisseu lida com o néscio pretendente a quem deve derrotar para
^ ^^gar ^overnadon^íaiac território misterioso- reconquistar seu reino. Mente para esse homem, também, mas o
ipm-É umlocalização
espaço dosclara
WaianterT^"^^^ sujeito não tem a menor idéia do que está acontecendo, ^-aspec-
de qualquer Lá emTrânsito, ^0 que Homero reforça por meio do nome do homemKAntíno^.
de tras para a frente e falam umaT' os ani^ai^ ^sse indivíduo é completamente incapaz de ouvir a complexidade
das^ajavras de Odissgu, e paga pela própria surdez com a vida.
Apenas nóos fornêceal:stahilidade mental necessária para navegar
uaj_á'^r:^pA7rr^T^b1guKla^^ não passa de uin_
pequeno peixe nesses niares. OíVHl
V &}•;
108
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO A PRIMEIRA MENTIRA
devemos imaginar isso como ur^teogonia criada pelo próprio ridade, talvez ("Hermes é realmenfô o Guardião dos Rebanhos"),
Hermes,
frias uma estabelecida por diferentes marcos de fronteira (o açoite
devejexmmoddMoj^dliasJriktó^^^^^ '^Q.co^utor do rebanho mudou de mãos).
essa nova teogonia herméticXclui tanto Hermes Quanto Apoio ^qui gostaria de recuar um pouco a fim de expandir esse pon-
no elenco de personagens e,iom isso,iaca ao m ma
aiitoPCPiinjyau c uiaa pafuifer^r. m
autopromoção e uma baj^ção Nç, c e relacioná-lo às questões do apetite. Todas as culturas tem
' — ~ 'Ap^Ío
-}taao, e nes^o^^ento está irremedi^
T,—tv-r. cm com
i^ocabulários particulares que são organizados de acordo wv^m
retribuição^A^lo ';-™esJhe--d4-aiirarÊ^ padrões paradigmáticos, em redes de significação localmente
mãos d£-Hexrne^_sã^ndòA7^ ^^^ ^^ compreendidas^Enrr^os em pma dessas redes quando ouvimos
momento em diante,Asse7ec'^~^"V'^° ^^^ Desse Q.„^õ^vo se torna vora^'. Os tsimshián tem todos esses termos
fileiras do gado de chifres vai «zela; (...) pel^^ ® Personagens — intestinos, ovas de salmão, o chefe dos animais,
No fim do Hino n recurvoÍf'^"
. ® 'irz do sol, as Ilhas da Rainha Carlota, escravos, bexigas de
™ «naVSS-^
Pantea-o, é e=reconhecido como fiir'1; Guardião àoS
SaiTèãdmíridtrnO 'eão-marinho e assim por diante -, que estão unidos de acordo
os costumes locais. Não há história que mencione queimar'
P°deres proféticos. recebe uma parcela ° «cérebro de um jovem morto, apenas os intestinos; o antigo
Corvo não voa rumo às ilhas, apenas para fora delas. Os termos
tivesse confessado a cnH teria aronte^i^'' ®®o costurados de determinadas maneiras, não de outras. A de-
Pnmeira vez. Pelo contrário, ^ ^^ordou pc'^ •Pocracia capitalista norte-americana tem suas redes também, é
Profef'^!"®^®°dosíaír,^j^oe'tédn?^°" verdadeira teria sud" Perda de peso, alimentos naturais, Valley Forge,'^ energia
suas ment■ ^"'°"3S^^'^è-o~aue ^ ã^em^' ®fôniica, a~Hmília, o livre mercado, paojjijiuco;_qualqu^^
M-® a mentirá' e ° ®° coisas ^ara
vi'' «■» .ed»; í.ic.rs'" ^^"^dolâra-qudqu^Tú;; dd^d^^^ AlilsTSlMta sempre
'í^^^íióFgrWaThmgron^i;;;^^
natural. , ,.
do ma' —-f^^^os. ' e a nigaS- , T.pTcIíi-;„re, essas redes de,.rignificação sao construídas em
rr"- ° de conjuntos de opostos:(^oS^,51^8^^'
"'""'lo o min """ se parece ^^^^-S^emplo, ou - de mamais categoriüã - veSSdeiro
Poderia!egX^'P®^^^áç^^^ de algo toma : real e ilusório, hmpo e su,o O qu os
"J^^f-aguardi^7'° de Krisí^jB^^ígeTãa^errfl^^ J^'<^ksters âs vezesia^eiíTé desarranjar esses pares e, assim,
nho.>" Tal é o fr^^ f ^3° carrego o £Qubei.o£â^' a própria rede.
1"^ a primeira mení''" '°'"ada rum ''° <^ondutor do reb^'
verdadeiro e o fai^^ "ticia. pia per" ' ^ à confus^^ Vai, u.urpii a base do Exército Continental
® cniergir mai ^ Polaridade entre ^Ofge, Pensüvânia, foi o local onde se ^^Ae^grtnTidO^^tNrdo T.)
com uma nova pol^'
111
110
iN^
A ASTÜCIA Cl
A PRIMEIRA MENTIRA
gamados
ganje^nça opostos» eÍ
dos oposto," . ^' Roethke chama
'^bama dede "a. fa»'
- ^'lí^caçâo. Ao di^^IidTTtroféu ^-Hérmes cria para honrar
"ime juvenil. enfatlzêrTcõmbinação de apeute e
t^omedimento que?oi usBãnê-§sarriaçâ0XÍS2^^
-f;-bor, transforma
s-uajnageira de obterapXrVa™"^^^
alim ® i^íaçãcupredador^^Eesa' ""âmcohnaã-TOTitedamma^asSi^^ simultâneo
, da mente dúplice que os cria. Platão parte de uma
Q^^ndo^deJa ' ''gnibcação no local de ''"fmção similar; sem
®tia a sagacidade paraa inventar
sagacidade para enganar,
a linguagem, em primeiro nao
ug se.
o encanto, ^
mentira que «Pturar a caçT D ^ uma a'rmacíllhai deun,
A noç o de que o tnckster inventa a linguagem apareée mais
uequcui
iTia vezncssa mitolosiâj âind^^..p
q rom considerável
. . variaçao.
.■ •
X iicbbd zniLuiu^ , substituir uma unica
tiezes ele cria múltiplas linguagens para su
linp,_ o "escrita interior aa memória
primitiva; às vezes, inventaa____^—^ àc ve2enn'^ta
Ou a "I- • » j ,.nfnconhecimento; as vezes, inventa
os confin/---— ^ ap^^critr^iJÍ5j.ica
''jtguagem interior do e e
ou hieroglífiSi; piargo, édoo
jas florestas
.1
\jí
,it
mas
■S pode lançar alguma luz aqui é não apenas derivar a inteligência do apetite, mas pensar
ele introduz nn^. Esquecer a 't- ^^~^'^^QÀQ_esQueáníefito^^ luais amplamente sobre o tipo de inventividade que figura nessa
e nessashisr^s é a ntitologia, o tipo de arte, em particular, que pode brotar do espi-
inconsciêíSTíSí^^' ^"^^aça perturbar quaíq^^J^^ tito do trickster. Nesse sentido, há pma lopgaJradÍ£ap^_s_itua
revelar a natureza fictícia d ^^cita "meros estômago^ ^ a arte naquela terradTsõmbíãil^jSplSíé^
estomacal, quando nâo tem'' il^isórias, como se o áaào falydiiItó^'b;^fêrenciadas:-A-^
a ilusão de sua amnésia Dmi""'" ° ^"6 agir, despiss® monta a AristóTelesTqfie íonsiderava os poetas épicos uma especie
de -amaeseo^ " de de mentirosos cretenses. "Homero, mais do que qufLqjíeTojato ,
?° não iniag^IÍÍ^'''^'^ escreveu, "ensinou aorestodenós^J«&Aex^ :i' iV
Janeira cerra y ^ ..f
•A . _ Âa niifi a arte c a mentira ití»'
w^^^^^Sipecom a ordem homérico: Her^ Ê uma antiga noção, portanto, a ^
que dJ das cois.-^ -"tpartilbam o mesmo teroitóno, um território
armad-|r''""° à "verdade" T^^^^^^õd^^do trickster ''^«to-desafeocha^ mjindo moderno. Os
desço meia-TOlf Pode escapar de uiP^ '"«demos ficaram conhecidos por descrever a si
(com dusão depois ^ P^P"^. í'" ^^sma linguagem, de Defoe (de quem
1 -ia-vo,ta e co„iurar ou^r^ passando por Balzac
de 3, '^^"letaVas" de Niet'' i, ^^^-fc£nia.^jfi£âda dc.rnent£a ), ,,prHade é salva por
®"'" ®anarrtridealizad a ' P^^^eiro lugar, se n^° J!"-0.™«como um roma.« »° ""
InT Talvez ca até Mário Vargas j „j„ ma-
«fâaue^zaoesqueciír^ alguma droga tiando"'^i.evemos romances, o que , , impomos
^ estação profundamentÊ_dismiÇÍ^^-^^^ aiais conWu~a
eHerm
grega para estupor ^^^íân^ncarregados
é (eth ' —— ^m um estupo*' 5J V à sociedade. A
. ---rrrr. nnmo verda^s h
^6 Virginia
&
Woolf
116
A ASTÚCIA r.R,A o MUNDO
A PRIMEIRA MENTIRA
Notas
24. Nagy, Gree/; Mythology, pp. 42-43. Ênfase acrescentada.
25. Odisséia, XIX;203; ver Nagy, Greek Mythology, p. 44.
1. Radin, p. 28. 26. Nagy, Greek Mythology, p. 42.
2. Radin, p. 29. 27. Nagy, Greek Mythology, p. 45.
3. Radin, p. 57.
28. Nagy, Greek Mythology, p. 46.
5
5. Nao podemos deversos
fato ter130-35 29. Thompson, p. xxi, 294.
que Apoio poderia notar ° acontece na cena eí^ ^0. Ricketts, "The Srructure and Religious Significance...", p. 90.
iqino Ricketts, "The Srructure and Religious Significance...", pp. 100-1,
falta ver AHen, Halliday. Sfc'' P-^n^her
"«se ponto.Para uma o trecho
versos do H. ^2. Ricketts, "The Srructure and Religious Significance...", p. 95.
iO
Ricketts, "The Srructure and Religious Significance...", p. 95.
í.7. Eco
N« pS' . "■
Poeti
' U"'»" O- Ê^^fienne, Cuisine of Sacrifice, p. 61.
^bakespeare, ^45 Vou Like It, IIúü, verso 18.
^1^0 a Hermes, versos 261-77.
2. Hifjo a Hermes, verso 282.
Ver Hawley, especialmente Parabola, p. 10; Krishna, the Butter
•■""'«"«'o íií »"'£•«. Tco'"' '''° f ^hief^ p. 9; e Thiefof Butter, Thief of Love, passtm.
s
^'«0 a ííg
r -"~o%
femeas que são abati^
P^lton, p. 79.
Odisséia, XlII:256-86.
42 • ^Irto ^a Hermes,
Hermes, versos
versos 416-23.
427-2S.
iva
120
121
A ASTÚCIA CRIA O
mundo
33 VirgíniaSn '""-PP-«35-38
Woo|t VPrPíngíonPosr 238 b5-
Brace & W/ ^°om of 0„„. rs ^ 1987, p-
'«'«ÍoSí P- 3-k/k"" Wp» Vorki HtCP'-
«>« Elliao', 'i U„ a„. S>»
f ,25 PP ,2,
PP«"-3«,ii.
^ • ^"Ide, p. u
64. Nagy c L
U2
A terra dos mortos
Oí
'nipeto do Coiote
k
-srMNSs-iifc
A astúcia
STÚCIA cria
CRIA oO MUNDO
mundo
A TERRA DOS MORTOS
Seguiu em frente e por fim chegou ao local onde a longa tcnd^ hJào muito tempo depois, sonhei que resgataya uma çnaflça
havia se erguido. Disse consigo mesmo- «A„ . iraf morta do submundo. Pelo corfêabr às escuras de uma casa de
a porta e erguê-la você deve fazer o m aqü classe médiaT^tfeguei'a sombra do bebê de alguma mulher. Eu
Eu
todas as mínimas coisas m.» ■ . OCoiote reco^ estava furioso com essa mulher. Vi minhas mãos se fecharem em
130
k
A TERRA DOS MORTOS
próximas, há muito empobrecidas - foram queimados. EsseS ^IgJaz a nrimpiro piada imoróoaa. MjisJo_aue2SSOj^r_ab^^
mcendms sao tmpossívds de extmgum; eles arderientamente "ubuído de seu espírim é ser men_psobedjentej;aojj3^^
através dos veios de carvãn nr^r ^ • «iraem lenia
seria maravilhoso se o autor de quarenta anos. Cotn Predis^SifoTii^Tiíilíí^mh^^ Quando Hermes
tamanha longevidadei Por °^"^«"trasse um tema cota retornlrcTa" noite de roubo,a mãe o repreende; ela tem uma iniagera
mais stmples^lgo Í;" " ««Ihido um 'lata do que ele é e, por extensão, uma imagem do que preferiria
algo que aparecesse subitam^^^^ esgotar em uma temporada,"U ele fosse. Mas as preferências dela não o comovem. Como na
questão de meses, para aue^"V por completo eíO- l^'®tória do bebê Krishna, o Hiuo^HermgiXüflCe^^
completamente
SegjnrenLfrÊnte_com o quê no
um assunto que se ãíimem
e seguir em
"t^lhor estar envolvido e Pfla agrada—IsT^nca veste a máscara q-°®
melhormas
nãoconfiar
saber inteiramen?°'" '"'' 'chamas oculta®' ^affèiãram pa-ra ele. Na história sobre a ida
tiação, que cede os veios da fas'^'' Ottos, podemos ter a impressão de hicmria.não-é-Lim.
P^"sa pela atenção que lhes a''"''"'' "1°^ oomo recoq»'
assunto outra vez com e s"*'" ^ eni
C]os o dominam e segue-se o
teria sido mais triste
homens ou mulheres se
descubro que se inspiram mut''
— 4UC ic inspiram ^ «Aexões em meu^®'
• ^cuexoes em
começar,percebo que emold cm
cin vários sentidos.
sentidt ^c se contivesse, como é triste quan j ^ jovial" jamais
md^ma^o„f com a fala de Ap"'" >n,a„ b™-c„„po,..dos,«i«»taír.'íp»^^
<^assupèriore.s,"^u7m m;c^rtdü? ^°'^"'° fo. Apoio, neiu a®
0„ ■ T'^ ® trabalho, mas ui^^ Mdp ^SSO, as
isso, histórias_de__l__--^^----^^
as histórmsjgjllLl-^^ Mas
cont pelo seuT
Responf-®""do, onde os ° ° dessas vozesvoltat'®
''Unifica elevada® rnasahiSlária^®
niasaiustúria^-
°ttQs, Q ^ deixado potque
esperar uma5 i^ua com'®®e
ter
esse tomjTT^ade,
tom'.TJavêr3'a^''^taive- i ^aixo,sujo e
temas tiv então, que a r ros«qs possam vol^f esW-!.'"'"
'a^rCfó-.T~-= r:"í: pm negam o qu P i:Uprd a d p
l®torias"não afastam nem de uma liberdade
-X r? '-^do a sentrr ^e trablhar os' '""irtmnsfornwdoAjern^^
"âo e^r! r'"' ^'"da esmva '^^^«'amento, pois, P
e aléÍn'"''"^'"ha (o sofr^' a uma tarefa Para r ^ tnckster é
hatest da mmha tiia^ ^dtmar não tanto IttSjiSJ?"--•
até'?"'^M¥?d;Cosostnaterg^^ demonstra
Cria P®tito a rnarieira como os mo pjgCeqtqs,HÍA* da3<^^
jii ttiundo e depois brinca com seus ^ impulso, mas
taiu®' das cachoeiras e da luz solar, o em uma
qua Itá uma inteligência capaz .gm-apataantotte.mas
"'•"'Co' °'"'C 'Ssa"''^^de incrível de concepções. Nao ignorância .
após o funer^',
O
inacessível ao hiaAla_aue2i££^
aprisionaaõém umrKTstóna homer^
da qual ele não consegue fugir- 1 serve, uma histórj^
até que algum Condutor de Almas acordar, não
para ajudá-lo a cruzar a fronte"^^^' ^ ®""^-ísic^po^o, apareÇ^
matéria de uma vida (crianc. m sonho no qual a
adulto) parece tão fortemente cn' arte do homert'
ca mais astuciosa, na qual velha!!"'' uma consc.ên-
novas p '^«'"oronam para
Acaso de mão dupla
raes,ou meu filho,ou um. talvez seja o bebe
136
Um ataque de acidentes
"^esp.ocupaaadosde^^^^^
prWpessoa.s,
dãs iimuaçoesde sua em um estado
sua|«3nsitoriedade. Nao je beleza,longevidade
de harmonia essa ausência de
e estão livres privaaharmpnia,
sofrimento.
A. Govinda^
aL 141
.-jIlijaÉiÉLtóridw
A ASTÚCIA ('Ria
^ CRIA O ..IV
MUNDOmu o
UM ATAQUE DE ACIDENTES
em
'wniingênoalouj^ç^
convergência mais geralmente implica uma N,Os EstaH
"apenas" u-a^omcdência,d Foi ^^ndap^
"^naam Unidos, onde «a formação social ^^^s.xxkx'^
---j v^xxvx... depende tão pro-
lo»-/ j^iu-
e por meio dessèrredntoreriiií^!:^^"í5erC'^ de HUe
q^. n
dessas designações,' desenvolveu-se a ficção
i
bizarra
nenhum significado profundo nenh'""°'° catggQri de sangue "negro" coloca um indivíduo na
r *."^f^^c-adc^está por tr7 T está gotag ^^^gromifiã gotFHétermina a essência; cinqüenta
erLTa^ Aristót ^
Saás»,AnsiíJ"" "so da palavra
""> '^Horte "branco" são acidentais. Ou tomemos a categoria
'aiíie ■ Depois que ficou claro que cidadãos norte-
'maçãs» 7
u
por de^sígnio •^
Ifg®caracrí>r.'n*-;
P^íão presentes ^'feren
' -^nciar
"^"Umericano
'
John Cage começou a guestionarcpmo
.. j:-_.-
real significai
ci*r,^_-r> j ^ ^^'^^"stantes-
uiconcf-— ^racterísticas acidef^
--ícieU' •^Oa "-tpído" de""músTÍ' e, desse momento em diante,
são estáveis. ^ 7^osta^;f^ '^^Süíesforçõs le concentrou em permitir APP _so^s
í^ode ser relat* ^ ^®®^^cias, não nos sciJ^ 7°, musicais entrassem em suas composiçoes^e
'^°®Plexidades 17""'"''''®P'es defin' -- esíç^j -^S^dc^e arte moderna comoj.aím_quêJião^
te^cuiturai. '"'Sem com quaiq7 Osç>i5 PelTfiã^rrrr—m—T—rrrigg^jejroiiteiras^rtas. Um
V pu i_,ia U LJL.X X*xv..^ •
Para a sensj^dade clássica, o cho^o durante o concerto oU a mundo,e quem quer que consiga mudHasçatggonâir^^
poeira_sobxea_teLa_sãQ acidentes; simple'iiíen"ír£^nTecemTn®'' ^"'E.isso a forma. Um determinado tigo-de percep^o criati a
sao o evento real. Eles são impurezas, desprovidos de beleza- ^ sempre disposto a leyar^aóõincrdênd^ajwio^
ruído do bebe e a música coincidem, mas não de nenhuma maneira ^ concepção das coisasT
signi cativa, e se o choro pudesse ser apagado de uma gravaçâ" história da romancista Leslie Marmon Silko:
do concerto, tanto me hor nois sem -j „fa O
«verdadeiro» evento. ° Quando era uma garot.nha e perdíamos um
A todas essas afirmacõe*: Onna j amados,com freqüência animais pai sempre
a se-
euinte anednra i- ' poderia responder coin 'ongo^dajjighway 66 ^heg^^mg n ha^os
g I^vro Silence [Silêncio]: os dizia que ewes animaislgn^"
r''"-^-te^hum|«03uu ^,3
Pra um pouco estranho como isso costuma
de íris njüitóbeJo comuns.Um diaoutroj^'" '-oincidência é como teríamos de chamá
O jardtaTí^;;!;^^ 'Ciúmes,foi investiga';
' ao Wem qu^col^se^l^^ história da ciência:
P.r..se.sibili.líf' t
^ 1978, no Observatório da • u dos Estados Unidos,
órbita de Piutão. Uma
dificuldades
uma alegaçãosurgirão
plausívelse de^ ° aberta ^tância,
^^^^'^'^'^ente P"
se vier cO Christy trabalhayajiaiescriçao ^i-^j^^dTdo^planeta;
^ suas fotografias mostrava uma imag outra foto nos
Pnmeirolugaj.
íugar. 5Se asSn^xx^
, i- r si °
o ^^^oneamente
erroneamente excluído,
excluída e estava prestes a descartá-la quando chapainade-
éxoatmgente. e.f'
éxoatmgente, não bel®/1 ^•"luivos,etiquetada:"ImagejndePlug^^ fotografias
subitamente música para osT° ™ Se o 3 Rejeitada." Christy reuniu uma se ^^^ão era
em torno da sala de conr °"^'dos,então a vedação acús» ^^^elhantes e dessa forma^de^bj-mJH.--^
Op°«oésimplesT^"°^'^^^
ou suprime a queSZ' de «mero aciden^^
jgntal: Piutão tinha urnajü^
que a chuva no telhadTd" ''unificação. Quem pode di^^ ^^nte ■ Cidência
mas_a n^nte_gue
que um^t^;f
Por que não dizer que uS
eqpçerj^abtra^
negroT^iT^o^ero^'. 'acident^-^^''^
P«^oa branca? Se o ja.^ruf^' branco torna uP; perturba a acon^^* Em sep
seu
■ rv:.:_rf ao particá^â-—"^!^"
:í:"X; nue r (tpda^s
/,.das as
B'x Bederbecke? Ou, pa^a «r —"^gra,qual era a cor f^iundo
•«rodutôrios, por qul não 2°""^ dos meus exeníP'"' SeS?
^0
e^âmnçl^
"demasiado sentido ), "pronto para fazer
que o corp0-'animal é um acide"' '""«as religi^e -
ser humano? Ao criar^Í ^ ^ alma é a essênc.a' "^üsíc ®P^Qdade,jé uma espécie aeiên'",--g.^qyaiquer forma, a
^«^gonas culturais, damos foriP^ "iteli os ruídos
que leva osdas outrasa sério e uma^ ameaça constante
acidentes
144
145
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO UM ATAQUE DE ACIDENTES
as csscncia^j-pois, na. economia das categorias,sempre cjue o valof não passou de uma travessura. Lokijapidamente reparado
do acidental muda, muda também o valor do essencial. ^^JiQ^^usado. Quando conduz Iddun de volta a Asgard, um dos
iigantes o persegue; os deuses acendem uma fogueira junto ao
Vamos voltar, então, à história de Lokí e à idéia de que eie cria de Asgard e o queimam até a morte.E lá se vai a experiência
uma contingência ameaçador^quando permite que gigantes se »niortalidade. O muro éjeiadó. novamente e os imprestáveis
apossem_dasMaçã^ona^^ Andarilhos do tempo não mais ameaçam os eternosjeiTibora_dêi^
Ta
da ouaí
qual os gigantes®estão
""""''''êoria
excluídos.elevada
O murodeem
seres, umadecategoria
torno Asgard jJJÍl^^nado que os eternos-íiç^ um pouco mais alertas depois
assegura essa distinção. Vistos de t...,—-, torno ae^B cvento; Loici os mantém ati^s).
pareSiTi-cidentaisefeiTeros Es ^^"hum dano permanente é causado, portanto, mas a história
porém não p an •j * de dividir o universo,
"da assim indica o potencial de Loki com^jincataclisnuco
indica que ha ,f"^í?__dejjiudanças,..uma capacidade que vemos plenamente rea-
exatanSí!S® •|J"da em uqia história posterior, que tem a ver com a morte d
que devem ficar aprisiona^H r® daquelas maçãs.' P<"' ^^^Ider.T" Baldar
Baldar éé O
O Puro
Puro do
do panteãonórdico . , „
panteãonórdico. Beloebondoso.
essas questões não ane tempo.' Loki não é insensível a "Rociado ao sol ("de rosto tãoforrnosoxilumuiâ^^
P-queósAeírsvez"trh"
nãofossèenrreeles Trat i tratam como se o seu lugat
o ceticismo a respeito d ^ ^ rnaneira e você fomentara ^^^das o jo fogo e
Aqui é i ® °tdem das coisas. da á..r^'^-y,do céu e da terra -de ^^jj^Laialder.
acidente sempre contém^^'^^'^.j^"^ ^ 1'tiguagem da essência e ào ' dos metais e das ^esir
acontecera o tempo tnd ''™®nsão temporal: os acidentes teüu7?p^£qit£ex^^ no companheiro
Q^andoTd^TT-^;:^^^^ na eternidade- 'avui ^ Passaram a se divertir atirando co - ^ gntes de
^^ deuses,o muro entre o"tem'"''', a terra dos gig^tite^
dec^ato,o que eqüivale'^! .e.o eterno racha nojgontS-^
inaças da imortalidade transitórios provam da® TjicJ brilhante. , mnlher e ques-
efeitos do tempo. Os deLe^ experimentam o® '•oqa p°.'®®^'Jíesagradâ_âJLQlá,-ai^^ forma ele
ataque dos acidentes. A mud ® grisalhos depois dess® ®^í5bre os detalhes do jur^^ de
-contínua ® verdade, o""'"" chamad^sco.
inteiramente transformado^
possível. no^^econfiguração
próprio céu,tudo est^
pare^^ ào gv- cia, "cres5^j^££qíí552_?——-T^jjjjgTTTõíoTme-
Mas isso não acontece Al ^'at'^r5^-'^juramento dele; achm^
Qs de "'c esculpe um dardo da iriadeira dq^
ter emergido dessa coincidênc a° '!'^^^"^"tente novo poderia «Midos dl,p,ra„dorf«
^^unidos disparando^a-^QC espo'».J" p„.„ Jo
. parado perto do
fertilizam'"'^ « tempo e a ete^
— -^-J—-uo^tro, malMÜTircóísí»
.. l *tA4 /iiiP esi<* r
de um delekji^)^*^^^ Irando Balder como
fazer nada. "Por que não esta ho
147
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
UM ATAQUE DE ACIDENTES
149
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO UM ATAQUE DE ACIDENTES
mito, a descebfrríi rianii£la arma vegetaljmr Loki causa a morte ^lientaram, há na verdade duas eras da mitologia nórdica, e dois
de Balder, n T.nmjongr.» ^ " Eokis, a lente cristã tendo tornado o Loki de Sturluson maissom-
No sécu^III,porém,quando Sturluson escreveu a Edda em (fí2£demoniacodo que aquele que habjtajiajMemapntenoies.
píOM,.ãímrHaõ escanamãvcrha-via mudado de m^iHilfãtãõlíra- ^"ando Sturluson "diz que Loki é o<pai das n^-iras",^' um
mática que as histórias sobre deuses envelhecendo ou morrendo não aparece na £à'tiã~^éíicCsèiiij^vjdaja|^^
haviam assumido um novo significado, _Sjuriuson.eramnjnJ^ cristãos se referem a Satã.*
fazendeiro, diplomata_e_oradaoÍQ,Parlamento islandês. Culto e 'ftiestão é simplesmente que, quando reconta o destino
cosmopolita,conhecia bern a-Biblia; conhecia a"s vidas dos santos e ou "o roubo das maçãs de Iddun", Sturluson está apre-
outras obras latinas; sabia sobre a Odisséia^(Na verdade, achava "'®ndo histórias de deuses que de fato morreram. Nao sao mais
que os deuses nórdicos eram^êsCendéntes de Príamo dejjoiâ»^ ^ ffativas que refletem uma repetição interminável do ciclo agrícola,
reis poderosos que tinham passado a ser idolatrados por pessoas '■"os agora no terreno da história, ouvindo sobre um grupo de
Ignorantes; no fim defun^li^ro^le até mesmo sugere que-Loki
Mai^Tmportante, Lrluson era tetr^ ^of^Pam os acidentes do J
,o cristianismo^ai^hegado à Islândia mais de duzen- •í"" 'p' c=paí&S-"i-®°'.^^fSre
antiQuário"'''^? Elliffl erudito e_u0^
^° acreditava nos Hpuqpc pagãos S éiclos p ^PPé"^P'menm póc-cpocalípóco
um racion.l religião pagã (...)
TeZT à verdade"- '"'"t o m
%re\- .
"«eeiarallrnSI!»^
^^íder renascido a cada an P
• .y^t-or
^ anterior,
está interes""/'"'"
' """ de transição,então. SturluSOO Cristo'^° inverno, mas sobre um mal onema
oral ma d . da antiga poesia
o. Ce.ItoT ■™P° ™ ■>"'« sécui' "aorreu para abrir caminho pa n^^oderna
que prosa era um trabalho de
-elho. '"iitia o cristianismo em sua est
enganosas" um con""^ npeesenta as histórias como "aparência^ "■"'do "J""" "°Cúãll^ parece menos o
época anterior tíe
■le creZ '"Pensável em
crença nking. Con.e,„en,e„enre, comoqualquef
outr». S^t coni é o .Lokasenna, também um certo Aegi
dc 1200). Esse poema um servo, tcror^
9 P3/^'"cada deuses. Loki, banido da festa por vitupenos (qu
• A grande resistência à mudança nn ■ convidados. O poema é
tcn^i ^niof ^ ^'gmficaTTumXantiga forma do
um a batal a de msulto^.
diaveimente malicios ■ ^
quente podem estar ligadas ao fato de re^h^r'" ' ' í^tÇsç mas não em Lokj, que parece irre j^^j^íjos consumir
realmente desaparece do céu no invernr o„'1°"! norte, onde o a fídeltdade sex^U trnhTe"rito
e um mito dos climas frios, nos quais as beneTserH'"'f' ^Ssç ^0 e j nia maldição sobre os Aesir rcu quem ^ , jf,uses de
são, regular, séria e infelizmente
uue estão lá dentro, Como Sf-^Assemble"-,
bq dç ^ n acredita nos antigos deuses nórdicos; j^^ertir a platéia-
osata, e está brincando com crença
150
151
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
UM ATAQUE DE ACIDENTES ^
lizaH Je trazer
possível contingêncil'com"h^^ adianta para suprimir toda %e ■doà vF^^"' ® P®"^ próprios nao ^ jg vulnerabdidade
infortúnio, adiantanL s loLj ai precisam do toque7n::ç;7,s
l.Qlçj^íSi^traz ..r:
da '^^^°L^^-^~^setso- quando
de juramentos,de modo qL naT°' ° nelo seu mv ^ ^^
Frigga, diz a história M '"®'P"ado possa ferir seu Bigo d '^fdet!^'"P'do:
■* ® aspecto que vemos pe guando
o m-findó -entra em colapso, q ele - -
de ameaça"," uma frase que evoLTSst ^ To
historia anterior, na qu^l th ^^rtn o mundo renasce. jp volta ao
en ^ descobre
depoi traz essas
s de Friss. forças
ter «niaJ»'»"'" desordem.
152
153
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
UM ATAQUE DE ACIDENTES
O visco é uma
:^Janta_£erene; no inverno
folhas verdes ainda captam aajuz
luz i^ko dos carvalhos
cIT^^Íh^cíeTfolhados. ^ t^^tiva d^Frig^ de proteger o filho se coloca no caminho
noalto dos cíeSolhados. dfsse fimnÇcfssãnS^ue por isso acaba sendo mais destrutivo do
FraziiF^iniVe~z argumeníou-íe-
>j como sir Georee Fra^í^f .««í;^í^áe' que precisaria ser. Assim rnmi^sublevações violentas aumen-
consesue soh' pequeno arbusto passou a simbolizar a alma q"® ondenenhum process5'põhtícõpermjt^^ tambeTh
A ar^^TT^^^'^ ^ ^ sncoritrar o renascimento. ® dissimulação e o impacto do feito de Loki são proporcionais a
consieo-^gggL^ -"Odo ambiguo: carrega '^agcrada tentativa de controle áe.írí|^Iém do mais os deuses
'Snorantes nada aprendem com essa violência, poismieiiiatarnení,e
mundo pode voltar a Verl- tempo que mata-
Balder Por si nró ■ W-BP-Equ^ioi um ramo perene que mato, ^"ISenmm os riscos,imobilizando Loki e, quando a lógica inexo-
se desenrola, leva todo o seu mundo a um fim apocalíptico
que sua ordem deixa de fo 'Precisam também há maneira de impedir a mudança,diz a histórm, nem mesmo
Loki. Antes que os et ^ ^^S^^^*^^^£LKaíder e os ard^L =éus; há apenas a escolha entre um modo de vida que p«m^
'dantes, ainda que graduais, alterações e
^ começa com a^comnuk '^"^ ° verdadeiro problema na narrativa
--d^contr^^^
^ aí Kmos_ofija.do,eauilíb Í"tamentos.de.frjgga,_po" Seria o "'ckster opmu^^ desenvolver
; campo'de ação de Lok' • "i*^^*^^'^'®'®~®-6««M.ingêiicia. Sf" «stilosT^°' ;i que permitam algum in-
ter.. f'"''"Lais,,.es£Íntuais,_arnsti^^^ P ^ danças que
o;?" a;;"!bio com^^acidental e algum^gçeitasaoda^^^
Pnmeira tentátivalfe resr-"^^^^ eqüivalem a sempre engendrará.
brecha em sua guarda e de para encontrar ui^» N
dificilmente é o malfeitor ^ à regra. Ao faze- ^tas
está se certificando de que n ^ ^ vezes o consideram;ape"^
seu fim.Afinal de conL «T andamento chegue aO 1. p
5 ^°vindab in N.O. Brown, Love's Body, PP- ^ Paulkes, pp.
sua morte foi profetizada ^^Ider teve aqueles sonh"®; ■ Sob^re
E^íl£a^da um de nós Além'rf presente, como es^
a
Eddas, ver Dronke, pp- xi-x'»; Young> p.
13.
d-clíni5^ Balder já esít^ ' ,. - iadelddunedasmaçãs
^ '"8> pp. 97-99. Minha fonte para a histor jn^portante do
denomina "o mais"sábro dosíf ^ 1 ® tradução de Young, mas ele omite um ^ enlutada do
das suas características que ne h ^'^rescenta que "é nif (3s palhaçadas obscenas de Loki aze ^j_32,ou Faulkes,
pu se realÍ2e".25 Dumézil Í^^^aiíientos prevale^ '®®tte morto), por isso ver também Bro eu ,
aenergia ^stlesgotad^^^^^^
irremediável mediocridade arbítrio cu)^
^ ?■ ^^-61. Out; fonte é o poema HaustlonS, ,,,bém
Thiodolf (ver Page, p. 24). O poem ,,erna"
para que haja alguma mud^nr- ser os frutos, chamando-os de
^aançaparamelhor.26 ^ollander, p. 69).
p. 98.
155
A ASTÚCIA CRIA o MUNDO
5. Young, pp. 97-99.
6. Young, pp. 55-56
.0.
II. Young, p. 51. •o acaso tem suas mágicas, a necessida^. Para que ifl
12. Young,pp.80-81;tambpmr n um amor se,a tnesquecível, é
que a história grega de He Burkerr acredita iuntgm desde o primeiro mstame, como
^~l^bí7^r»ra??ão os passar
Francisco nhos
de Assis.
ria nórdica de Loki matanTR^Iu^^"''" ^ '"'^T Milan Kundera^
13. Hollander. p. 103 ° ^er Homo Necuns, pp. 164-6Í-
"■SobreaideiadequeoRa
Loki (o que in, , sempre se segue à .mobiliza?®"
P°' «emplo, o fim de "R u ® do primeiro), ^§cu|o coqulnhos
7-nará "até que Loki se Í ' ? ^.z que Balder f v.v.;«_|uiMI lUd
a pe.£seg^com uma s0ie de acidentes automnhilfgriroQ. Nos ^^scimento determina a forma que uma vida vai assumin jFalamos
ocidegraj^odern^,j claro> essas pes^^^^Bodem aca^bar no consul- temperamento, de prêdTsposiçoes genéticas, de classe, raça e
tófio de-um tera^^ta, trabalhando para desvelar o que Jung cHani^ B^nerOj da família que nos cria com seus padrões de^grÍyilggÍQSX
£6nPfy^ J. /* >1. . J r-v«H Ia/ti fSC ^
de "bo^çâcrintkiór".
ae cormiçao ii^uor . Na África Ocidental,
jNa Atnca Ocidental, nas
nas partes
partes ioruDa»
iorubás ^aus-tratos que remontam a gerações - todasçQ^ãs^ue_esmvarn
uma pessoa pode_tenjaLÍesvelar
A WAlH^llLdlli U - "
da Nigéria^^pesjMs^l^^es^arn
gém^^s^s^^esejam descobrir
descobrir aa "cabeça
"cabeça interior"
interior")
ali rpnrar desvelar
acreditam
creaitam que antes de nascer nós encontramos o Deus SuprefflO
Suprefflíi Em todo racrv CQ
i^odpcaso^seuma .-vafcr\'5
pe.^isna nana fprra
terra dos
dos rofübás temjjerguntt
rorufejenu^erguntas
. solicitamos a vida que queremos. Embora os muito gananciosos*"
e solicitamos a vida nnp ^ íazer sobre problemas presentes ou empreendim^ntosjum
possam ter suas solicitações negadas, dentro dos limites podemos ^ esta èrTadõ^hò'^meirH^améHto?T
-•-« cnauo no meu casaun-ii»-^' tudo bem comigo
"^ante a viagem.' Devo aceitar este emprego? Por que fico doente
estante do nascirnem" °m tanta freqüência?), pode
-uuarrequència?), pode levar
levar o
o quebra-cabe^ ao adiv^
i
mulhF ° aconteceu;.por isso, quando hoiTieni « l' ®^es£^ça de. ouvir
^aesp«..^_
o que Ifá, ^h^onfi^ce ranto
oi^des^ õ^
——rr:^T;^;;o>«c desismos oculto^
uc ouvir O que ua, que _
. ri:::™ ° ° ---^0 v. à deidade que
' tem a dizen (Ifá é^olíõfnríado tanto a ^ ei a e
Vi
^ vez maS r 'r ° na.esperança de ver_um ^Eecrtirdcstihos quanto ao método de adiyinhaçao em si.)
- ucstinos quanto ao iucluu^
W. 1 am Ba?"'°' --^ados nos céuS" Emsua nráfi,-^ ^ jjuinatório iorubá ecmgra p
Oglle norte-americano, e Ayoàf semel,:' ' ° dmn^'°"° T/al No I Qhjng^
Indiana Universidade-^
deúüTe cor: ^«bre a divinação iorubá e seO^
a «s detle"" " à "clbeilerip>" ;;; a nu, 7^ possjvei$.,e ^■4'textos,^cada qual ligado
Possívei^.emJJMr^cjTLé±t^L^.'
n / r' ^j.^ .raso. Se, por
por
'^""ab.ejia
posição que ^da. tI é"det^
ocui^emos na soldai 72aXâsa^®2í-0S0?" e
nos casar
-=>ai e quandn m..
quando morreremos O rl. ."pessoa
7" com quem ^ m ' "Devojeamxiat-e^í^^^^g ^btém o
sorte Oti-a-zan seremnc ■ * determina se
a ocupação a -ma Chien ou "Dese_nvo^^
'«minat^„„ 1 ^ '^^o inclui, du Bascom, "umjí^ 'leseju, 1 pergunta começa com. , ■ ._uefêgéoleu ser, e,
mundo com "um ao '^óu".s
céu".s Entramos
Entramos en, -fL^sgJentamente, de acordgfHHl^ íifíãlzãfiãT^iz-se
^■í^""ado po. 7:7°^ P^"^teHrnado, que po^o ^Ue disso..perma_neçejfirmem£a^^ u^a
"ao dizer isso tão abertaraT"^^' """" estendido". "^ç^r^inhajão funciona melhor
Per^r~~^®-SâSão funciona melhor sese vvoce rec^^^ _ g^g
«eio que ,,„ ou descrevê-lo nos mesmos term° angustiado em rela-
sentr"'^ r "o^ mesmosimmfl .
Cfc moderno. Se vL'™ "ãc émcomuifl ^ ao SP '"7°: Ipostasj-^rapias
enigmáticas do
amoroso, pois então a projetivas
-^ianos^fica imed e mulheres mg'® , test ""cionarão como as assim t^b^ma j^^as e conhe-
e Rorschach, por exemplo), evocan
159
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO o DEUS DAS ENCRUZILHADAS
cimentos ocultos à superfície. Você pergunta: "Devo terminar?" implica deixar toda a matéria inútil para trás.Justamente por isso,
Então deve decidir o que a "lei que rege o seu ser" significa, qual no entantõ^a pureza "imnrredoura" e vulnéfaVel"gcTTeTCfho do
O sentido de fioiiernente enraiV^da" q^e foi desc£mrío,e os tricksters,.çui^^
Como disse, o método divinatório iorubá é bastante semelhante n motte_emj)nmeiroJugar,.são..QS-ageotes_desse_retorno.
ao Chmg. Começa.cqmuma operação ao acaso semdhanteAr^f^ Pesquisei tudo isso porque, na história de Exu trazendo a arte
ou coroa^^a^^a,.(em vei-de n^ells ou palitos de mi" ^matória para os humanos,fica claro que as_£HêaeÍâ5-CÊksjiais
lefolio, os adivinhos lorubás usam coquinhos). Depois o processo !novulneráveis não apenas ao retornodosjcidsatesAêrrenos,mas
fica mais complicado.Primeiro,essa operação ao acaso é realizada ® ®na ausência também.'Õs deuses precisam de di^ancia^nt^a
oito vezes em vez de seis, o que significa que bá 'ifimira^^^ não em demasia. Podem'ser feridos pelo retomo dos
256 possíveis respostas.garaj^pergunta Em segundo J''duos, mas podem também sofrer se «áp tiverem cjjpisffi^
lugar,como acontece rnm nixi &
corpo de literatura divinatória fJá^i^uehouve^^ África Ocidenta ,assim como
Os adi^iiS^sareií^SS -o está escrit^ ^^écia(na verdade,como deve ser o caso no
J^^-^SisaaxLs^iLaiimentados peios-seres humanos. -
pode conhecer até quatriTm n mestre adiv'" Wnlo,ê„C0.».0 re,l CO» a homUdc
Os iorubá atrlr ''«^^^ura oral. , S""Po. podem dítoe
gens dessa arte.'A hi«ó^° fticksfer,;Exu,,aS-?í'' 2SS?5.umeme,como
divinação para os hi contam sobre como Exu trouxo a ^ mundo dos corpos «distância
que ao conLrio,NeT"°' ^ históriaáç^ Corj-ç precisam, aparentemente, é uma e p —
-s:;
vê atacado por baixo- acabamos de ver, o ceu s^ a4^-~1Í^ contato demais nem de meno^ ^ ^
^ origens da começa com um
mente em termos de uma V u, i- ' essa história parei Proble distar^ equilibrada. Ela começa
despertado pélo^apetife>
•Vfe.
éacide,gte^essentidos
essê^ag-BõrnFà^y ases^sên '^^'^^tiaisenyeihecejTTSeBáiag*^
^"®^°tclica: atacadas P"
essas categorias são etern ^ nórdicos,'e^® ^^rta vez os
-^cmpo ou à mudan :"cTf° ^ iam o suficiente para comer de suas c Homenjj^ão
enquanto Lobi estiver nor "ão deveria morrer. ^ ^®rra, as quais pareciam ter-se esqueci JT^hnsde^
Toda purezJ tem origem nJmfi '''' """" ^avam mais oferendas,e os ^
para trás suls pilhas de ref "-^"lento, e refinos devem deix® •vibraram ca~çãr^~outros pescar. Apan ^ c-^ram descontentes
pe Vf. . - —'—:— r>c deuses ncarau^
Há uma maLilhosa histórüfr'^'/""'''' ®®dimentos, acidente^- ^ que não duraram muito. Os üeu
Uns
^om os outros e brigaram. A^riaín obter sustento^
ao ceu, deixando atrás de ci ^ escapar, ásce^l-^ 1 Começaram
-"'^varam aa se
se perguntapçpmp.E^^^-^^^
perguiu«h nasoluçao
^anidade novamente^xu se pôs a
a n;.-1 _ j T?.,., cí» nos a
disse: "Ameaçá-los
«A ^oorá-ios
161
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
flagelou-os com a peste, mas ainda assim não fizeram ncnhtJjp hxu é bem conhecido por fazer com que as pessQ_asJ)riguem
sacri^o. Ameaçou matá-los a todos, mas não lhe trouxerani
comíHãr-O Deus dos Raios golpeou-os mortalmente, mas não se ""®!.52m'as oütras; que os próprios
deram ao trabalho de trazer-lhe coisas para comer. Não parecem deuies estavam" aiFcutindo entre si, podíamos ter suspeitado
temer a morte; precisamos de algum outro método.Tente dar-lb^^
que Exu tivesse agido (seria típico dele causar um problem^ue
alguma coisa boa, algo que desejarão e.que, portanto, fará com ^IS-Eudesse-fesoivejcl).' Quer Exu estivesse íTor tras"aisso quer
que queiram continuar vivendo." f^corog,ço_dessa história já tinha havido uma especie de
Exu teveajmajdeiadoiutp^tedsay^ isio foiaté Orunga"' .'^ÍSfiúscdo dos_deuíès"; as d£idad_esdorutós«B2_í2££^
que^mpdmentou:"Sei por que você está aqui. Os dezesse.s "^^0 de mor7e; porque seus filhoios«gue£eram. Estamos em
euses estão comjome-e-devemos dar alguma coisa boa ^ ""\pfeddll7i7saga do mundo que se desenrola: d's
humanidade.Sé;i>e coisa éesSa.É algo importante,feito co^' ^J";hém
d«"^estêm,
tinham
zesse,scoqu,nhos;de:EãlSeira.SevocêpuderT^^
seu significado,cairemos uma vez mais nas graças da humanidade- masum
no Racionamento
momento em quecom
ela seos passa
humanos,
eles ee tao
Jpo.em
Entao;.Exuloi até as palmeiras onde os macacos guardavam «í ^hnio, e o trickster deve ajudá-los (e é por isso que d go qu
dezesseis coquinhos. Os macacos entregaram-lhe os cocos, ma^; ;"^;do mvette as outras histórias de "crepuscub -^co
otevl n Í ^ 'dela do que fazer."Voc '^^^osse restituir os patnarças tampas ou Loki
o macaco -r'"
oereiint' • c"
Exu",
°aconselharemos.Viajepelom"íl^.,
A
farvx-
^"bntun-dd)-^^^ d^.^^esta^mmuito
dessa narrativa, os.bd—
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O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
dizem que Exu "obteve os dezesseis coquinhos usandojle-UJ^ primeiros quatro resultados são par^ar-par-íni^^ o segundo,
artimanl^^ Se ambas as coisas são verdadeiras, então Exu deve ^'^P^r-par-par-ímpar, produzindo uma ligum^dcl^ã chamada
ter englHiaS os macacos para que lhe entregassem os cocos, e,se ^gunda-Iwori. O adivinho, então, conta uma história que cor-
fez ISSO, então e uma espécie de ladrão sorrateiro ou um sedutor. '^sponde à figura. Ela é assim:
Qualquer que seja a explicação,os macacos parecem estar dizendo
Pudo isto aconteceu antes. Muito tempo atrás, um adivinho de Ifa
trás d^ O '"aisda his^
dessas linhas nao sei dizer, mas lembremo-nos iogou os coquinhos para umJiomejndiMlâáa-^^oIele, quando
"te^i^^aT^-p-a-fãzer uma viagem a uma cidade distante.
Íi5oI":ac de um-írlíI^Í^^Tdní^ Os coquinhos indicaram que, para garantii_^^
quinhão da humlni^^^^^^' "^nta melhorar o • , ' I -- -- I 11 mo
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A ASTÚCIA CRtA O MUNDO o DEUS DAS ENCRUZILHADAS
Depois de contar essa história, o adivinho pode acrescentar um na di ^^Únação, pois sempre tom^ uma porção paia-Si-Xcerca dejdez
comentário, uma breve interpretação: por
t centOj^ rnegj^o que os agentes cobram dos escritores).
Exu; portantoreVtá píSefre"lFEhrt^ exemplo
pela ciai esta fifiur^ ^ abertura: seu rosto aparece no tabuleiro divinatório; ele entrega
^ Prenda e toma a sua parte;fornece a história oraculare ajuda o
'^ q"g g^aharemos^^mulh sem precisar pa^rjg^' ^'®iante a entendê-la; por fim,aparece na própriajiistóna^omo
"^dgador dos aciHentps vantajosos. _ ,
maior parte desses papéis,Exu está ligado à consulta sobre
"ão é exatamente um serTO^deJ^a-c^^nâl^
centJm^tmTTíT^r^^ ^íí™5íãtõ:^3¥^ii5íí55ê^rca-d^ ^ ;^°^£gmplicador. iim servo,aa-mestMPoM^fi^'-
^e^™p,e ,p.,.c. »*> Í"Wo de TWSSd.Pormiro do CÍd', M
como os coqmühos cairâ'^ ^ o a^vjnho marca um regrstro •an, -Enc„noi,ei,„F;-cmi5d5?:''Comoiniermed.ario,enm
O principal e ^Heat-órT^i ^ ^ ^^-^-^"<^eçorad.a.com eiitaJheS)
face a face de Exu. ir"*««to•£KU*».-««sog^
comoumcõnsíanl-r J"!S6a!S!faw*'»«%SW9?*
S ■idSSiidSJce^UnS^c™
aos humanos ainda " ° concedeu essa art« ucscriçao concisa u.
^-rdião dos"rS ° —diário,tanto
quais as perguntas humanas deve^^
^•^nhável na divinação^áT
COnfi,::...! .. . _ p<7--7N
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A astucia cria o mundo
O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
V^ni SlA'^'''-/h■ / u
^quilo.^e está reservado a cada um na vida^ então uma história
P^'° -L:tam simul- que começa com um homem deixando sua terra natal deixa Ifá
Dizem Que o7°, ^ inevitável e que ele pode ser alterado. P®'a trás desde o princípio, pois a "terra natal" de um homem
exe3o
exemnlo::
mac - ^ ^ -não pode ser mudado, po^ ®qui representa todas as restrições de família, ocupação e tempe-
xtsr"u"':í
eqiad^basic^^
nâoqiode
*T"'°'™
basica m" muda,
■
7"'"seu destino","
'"■ ""í:
exceto DaTTesfr^'
® ®^soom: "Um indj^"
'^mento que consti>üem seu quinhão na vida. Como um etnógrafo
'Apressou, "os iorúbás têm ujna.cultüJâjLngularmente pres^iva
embora outroTaigam one ^ exceto para esu 0 ^ni qualquer momento do tempojiá ui^pahfüo
"o destino (...) podeser mnH ??^' ® inakerá^d" J status e papél sodal expresso em cOTÍS)Xt,aíaentD.s.pXÊScntos.
e forças sobre-humanos • "2» De
De forma
T ° semelhante,humanos e pordizsere
Ogundipe qo® ,7^ Exu ofeyèce uma "fuga da rigidez das leis sociãi^'. Nesse caso,
° '°8o Aj^lele cai na estrada, e especialmente depois que Exu
-n;b;S|SÍ^2f^ mas livce-arbltno e acaso acaso cifí'"' '°r Jáei, hiercado,
^?P^«cnta sistema, riessa
gidezfuga- é está em curso e tudo o que
manjido^msusps^^
mudar o que "s cl '••,) "Está nas nossas íoS
^ ^aioriíj
®7^retorne à%ua,.<adãa^^ devo reconhecer qu
dedicação e da vontad • resultado do esforço. da® z4' \ •'' '— rnnservadora do (^ue o
açi^ntes.Eéaquiaup ^ '^'duais, assim tomo da sofgjj^" 'de^«mpl
r T
o , questão^^ãTTíalor
' ^«^div^partee 77° „ .onsulente
deles^i_^___-- ~~
RepresMfroTdSi"í7f"a^'^"' ^ ° oomplemento do deso""'
do fado nem do destino^h "--- são.dejiesponsâbilÜ ei."'■-igtu.ur. Xd..i.de'iSSJ°
a \[L ^ ^ígumas ele apar^ diretamen^, e
no fim do44í^Vc!r~'™ u ° Apoio e Herme® das regras.) V^l uma área de risco e
«btemos, em>e-rdisso o o'o ° °P°«Ção.trágica, portant"' Cer"°' '"suTs regras conheci -
certeza e da incerteza do "'f ^^fecminado e do aca^"' das p E^eixa a família e os amigos com coisas
«-Çdes, do método fdaT ^ h.horrj-, • o^ ,„n„ da fo„»na
fortuna "■""'f''
ambiva en , ^^^ntecer. El.
..iihnsas podcm lhe acon
Ele
foi quanto coisas maravilhosas po deixar a
cidade prestar tributo à osacrifíçía
^ eqüivaleatenção
a dizer_3uefoi5íí5^^
a Exu tem u £jíy_£2flio.ai^'Ç^
^ de Exu -.-—■ ~
%e ^ como a disposição Tricksters são
o inocente pareça culpado e o feio, belo. No mundo de Ajaolele, dadcs (ou quando os adivinhos iorubás lançam os coquinhos),
certamente un^iiomem-^o conseguiria.Aimajioiva-par-a-^i-SaS ^ apenas porquè''^i''caiiKgs são muito 9ut-ts;^a cadeia dé"évintõs
homens são destinados a dar um dote; ^^ito longa, a seqüência muito ráj)ida, e assim por diante, que o
e assim que as coisas são. A não ser, é claro, que um homem possa '^sultado é aparentemente ácidentah>Iojioidaía^^
acaso de "operacional"("na rõlHa a incerrezaéj3uramen_te opeta-
IhetrlZoT"'"'^ 7'""" acontecimento fortuito que não essencialT);" chamo
C^^Mo essencial: chamo isYoaêãcãscT^e
isso ucdcds^ mão única"(o
Possa.e_toxnar_1alguénU^ 7"^°de ser co'í7íicado, mas se desenrola ao longo de um so
1"'" — , 1 ^^y-v iim cCk
temperament^fc;^^-^---^íH°^Quem sabe,se o seu /'"'nho), a melhor maneira de contrastá-lo com o segundo tipo
o seu quinhão na vida. ' casual possa mudar :l de Monod,que ele chama dCabsolutp^ e eu,de acaso de
"tão dupla».
7hn7^®''^-—S que eu saia com meu carro_Ear^tb-iraba ^
Puro acaso gjf-l^uns mlnuTolTí^^srd^Fotqu^k^^^^
S7^£huva:inq:anlír.sl5:Tmi-iatos ru^a.xo com çam^
O que está d03 "ma janela. Um vizinho atira um d ag^a^neles, u
niaior cie cr "orre para a rua,desvio repentiííámêllt^q^ .
autorrçgulad;:^;:;-":^^^''^" ca^iiaien.te. Nesse caso, dois^cMUflluosçausa^^
ras (na natureza na soei 77'1 «aíori.''us estruturas duradou
d..e홄;„;d«r»<l<>"- 7: deles se desenrola dTaitdoçom^^
a mudanças fundamenta77u '''°™ana) são resistente '"''rÍrTo^podernsin^^
osEressupastosdessac ^'^u\a mudança"^q,ufi-aJtetS--^ P°'® "m acidente de de en-
nenhum mundo en7errfd™"''^-^* ^uase^a..qtréStão de
mudanças fundamenta íq ° n^esmo pode induzir as própr^^^ nada iVjima
ele nada conhece além encerramento significa dele um verdadeirojÇid— jj:[ental, e o
acidentes são de fato úteis' ^""^^^"Postos. Nesses casos, ao gato
Algumas idéias da W i* • A estar dirigindo também não o e, i •. "Q agâSQ
plicar o que quero dizeran^'^ ^^°lucionista vão me ajudar a eX'
evolução passaram unrbòmt' ^'^^i&^-flue^orizam
'C"«l».é, sL,e e„« csos Mo.rf
EmT)afcaso g- ~g-^™^.jV^®''"í!9_sobre o podeTcfiat^ elemento essencia.1 (••■) i"® ® jj^_uQjHg.tggíl£!a
francês e-ganhador do prêm^^f cadeias caus_aisdeJgatA ^ capítulo, nossas
que há dois tipos de acaso Jucques jyionodjrgumeur P3i:>^5ÇÍc5mfe " " gjjj gssa imagem de
rolqr dos dados ou o girar da "7 ® bem ilustrado pe'" 'd ência"~e "qontingência con
são impossíveis de prever, diTM^" ''®®"'fados dessSs êÇgHtoS A ívérgindo".)■' „ de mão dupla, e obvio.
nossa informação não 't boa ®°d, principalmente porqu® ^ inventou a noçãp.j£jgA^—---'^"^cas que aconte-
o suficiente: Quando jogamos oS % «/ es dedica três capítulos de sua Ftstc fazendei-
^««te-.u^teseusexempte»»*"''
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
ro que, ao cavar em seu canteiro, topa com um tesouro ciiie_£}^ ainda permanece como a única fonte da verdadeira inovação*
homeg enterrou anos antes. D tazendeirn pr^rpnHia cultivar_^ mutação genética é evento fottuito de mão dupla pois nao ha
plantagãoj^ outro homem pretaaMJscqníer^^ "cnhuma ligação entre ela e o mundo ao qual suas conseqüências
essas mtóSçõêSTTãCTTekeionídii se encontram,temos um verdadei <l^vem se adequar. Quando uma mutação encontra seu contexto,
ro acidente, a coindidriicia de causas não relacionadas.""Põdein°® uma coincidência genuína, um cruzamento de eventos.
ir mais longe do que Aristóteles, também, saindo da ciência e Monod diz, "entre as ocorrências que podem provocar
indo para a mitologia. No início do Hino homérico, Permitir um erro na replicação da mensagem genética e sua^
a prme^ajira d^c3a_paça~|iWTií^íI55---Q^cro hinod" quências funcionais há (...) uma independência ^ompto .
dessa histórir^iz que Hermes "encontroü"casualmente" aque'^ ^ssa independência que determina que o acaso
tartaruga, esta começando uma história sobre um aconteclfflÊBí-" inovação absoluta. Se o oposto fosse ^^dade ro se
fornut^map^dupla e sobre o tipo particular drmudanças se manifestassem em resposta às "
e e pode trazer, E^ehgião iorubá o mesmo fenômeno é bei«
elaborado t^ figura de Exu,que habita as encruzilha^i;!âl5l£2- iá portanto,
ponto.focai,da,.verdadeira__cqincidênc]a.""
absol«amentenecessidade, o proposito) e
novas. Seriam,
revelações de
oue^MoJoÍ'' compreensão desses assuntos, depo'^ Dtvn.'^1£S£nLe, não criações de ãtgõngSõTT^a
^"'i^logiadeumcris^açucar ^
e "abs 1 O acaso de mão dupla é "essencia
bihdade d ..'.Pl^ü^-^-ü^-^^tando que com ele vem a de açúcar. Se você dissolver açuca distais
atnÍcer1 ^ada de novo sob o sol po «
toda inovac" absoluto; ele "está sozinhojia_oiiSS!S' ' rist.•■
Crista íormar, O resfriamento^^£,^— ^va" com^ão
íormar. O resímnHiiia.i:i^= como as
di bmsfera^^^^ Cr\^ a rriíirò/-^ "ão
n^n ^p "absolutarn£J^„.-~ _ No
xi,-»/--acn
caso do
papel do evolucionista-^ '''^tal de"'"' 'Jápia estayAPISSêflíê--®"'
SaÍar :°d"/ ^-^l-ncia exagera^-
Ís pelas quais a criação „üoq-"do entendemos as mu.taf
ào e ^Çücar,"a informaçãojiece— jg uma estru-
5^.^ch AQS_.ç.Qnstit^^^ [^ai] enquanto a criaçao
%Lj.. ^ ^ ^uia criação; é uma revelação , imprevisível[e]
muitas i contribuição do acaso na evoluÇ^o^^^fr '^ contraste,"surge do essencialm
com vários agentes mutagênicos) Mais Pi"exemplo(são fáceis dc i" ^ bork inovação absoluta''
coniunto de contextos em curso - do r Iodas as mutações surgem c j
f"c-e
"ntextosdevem adaptar-se
selecionam os rua cada um hT'''°
os d^r "O contexto
«"1, repetidas dos
vezesoUes^
^
"' q^^lqnerpipé^jJPíti-S^p^olütainente novo.
iDat^ms,o efeito cumulativo
'^aillarwiniana d síse e de forma rigorosa
(.. ) olnareí "P e prelisiVel.
Í Para
'
'oT^^-BSt^tl. Não há
'"'•boletl. Não há surpresa,
surpresa, metamorfoses
metamorfoses
remotos, quando a primeitn Essa pri
acaso foi bamd°:»? ™ de cVndi^LrmSdò'^:, UIIP
" 'Cita P°cém,algo absolutamente nov ^^jj^ponent^la),
bii
Co
f, ®^®iPorfose
mais na (ou melhor,
biosfera, cada peq"
nascePna afortun^^^3-encruzilhada
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o DEUS DAS ENCRUZILHADAS
A ASTÚCIA cria o mundo
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A A5TÚCIA CRIA O MUNDO
O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
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O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
A ASTÜCIA CRIA O/MUNDO \
pelos guardas e mudaram todas ^exposições. Tudo isso-acpi^' p ou revertendo-o, dependendo da disposição das coisas,
° ^ ser que o destino seja determinado no céu, mas ele deve ser
teceu em uma-^uestão-de -déeaá^,.4_arte sendo mais veloz ào
que a evolução. /,- ^q^ii na terra, e entre o céu e a terra há uma lacuna
a por esse inconstante mediador,
mediador.
Da história da viagem de"'Ajaolele a um mercado distante
cheguei a essas idéias sobre evolução'e arte, a fim de explot^t a - -«ejo
tlesejo de
rip Exu
Pvii de r-rt.onr#»r
manter orr comércio
mme através desse abis-
noção de que Exjiéj)_deus,daincerte2a.£_daaçidente, e que essas J VIVO significa que há uma exceção-chave ao seu amor pelo
funções estão necessariamente ligadas à sua habilidade de mudai 3 A.ljimmnidade deve fazer ofer^dasjosjeuses; essa e
o que cabe a alguém na vida. Tudo isso é uma única e mesma coi não pode ser deixgijfl^a^o- I ,' i
sa: deixar a vila, o acidente no mercado e a mudança de destino- de p° '^^"^ii^ente com a, em outros casos, consiantejnçert^a
A situação alterada de Ajaolele, sua conversão em '^umaJBSê^ e^df^ POIS a oferenda mantém o comércio entre os mundos
conjjiiri.aéauit.o'',
^
^- •-
nunca teria aeuiucciao
«
acontecido aa ele
.
ele no
no contexto
contexto de -sun d
r->-^:rrrrA!í!tmo. Se os lorufc
nosTêmbrar de não nos confinarmos ao seu sentido literal-
esta em )ogo_aqm é uma atitude em relação à vida, e você na^
preci^ríãto deixar a cidade para assul^n^D^champ ss: • deuses, hxu certan^
^^tnbrarem, ele abrirá urnespaço p
T;:;Tsur^esa e as
isso claro Vocêjiode estar na «tra^a em casa e na sua i^í^' "-esopc j . '
, EiíU Apropriadamente
eio^ r j . "imoositordosacrifr
considera^ojáfií,——Ajrj^jJ^Tégras.
atento
as vezesa plenitude das^ixicrdèncias
obscurecem.í^á que o Mbito e-o3
umjielHoikadoilf-r^
do planejamento," eitt
^9ta ci^°'^' ®"'-0) mas além disso não é lá muito contin-
estado mental no qual os olhos notem esse resíduo pórtõdíPiíí^ o tipo de sacrifício no qual e e i jj^^ativa
o mundo fértil e pronto para usar bem à mão. Nula/^^Eutidas em si. Notem onde ele oferendas, "a
Nid. "hoje", quando as pessoas
T J - I / 1 é depositada nas história
queo esse e um d/slugareTÍfeit^^uT^L^^
J^stanid^frequentar as passagens^ 'P ulãr^?5fina]sc^^
Po
H
!ira /'^PEca que "qu^lquso£ireÍ.áâiS£2^~-^^
ao ar
imdanças acontecem.È^^o é exceçâS.-ElígSiíiTi^al'"®^.^ ^ pertence a Exin S^f^£Í-3r'^^^j.y2ÍlhatlaSj--âSÍ
da passagem entre o céueatè^por esse motívo.quÊáêlíif^
apátece no tabuleiro divinatório. A arte da divinaçâo faz coi"^ âs beiras de-estrada^; formadas por cursos
o ceu e a terra comcidám por um momento. Exu é umajif?^^ *8u inoutêi^dAix2.eÍi2a'^^--g^gs,.jn
®os moutes de lixo e às,TLe®!j^Yssãros^ JSiB®3'^
de junção instável np.ponto de contingência de amBSsTreve'®'' ' Para :
que outras criaturas vivas
viva® „-
178
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O DEUS DAS ENCRUZILHADAS
/
insetos -^possaroiiampaEXilli^ Outra afirma que ele disse Jdá às oferendas faz duvidar da sua equidadeJlEle_::íoma.di-
aosTiümanos que "enquanto fizerem oferendas nas encruzilhadas, furtivamente". É um "homem de recursos^consideráveis ,
sempre estará com eles".^^,--— "vãga peras ruTslFgTrTcI^^iHEEIíS^S^^ST^ré^^ "«
Em resumo, as ofêriéndas ligadasg^xu se concentram em se apropriar do dinheiro sacrificial"/^ Há muito mais a dizer,
lugares de contingência, locals^^ncU^s^pessaas.p.odeiiue.sbâ£J^^
com algo imprevisível^O sacriEcio aJExu n5o_gp dá com lásla-HSia idéia geral: com um deptomamaco abastado
acLâbrigo^ê um templo, mas em locais variáveis; viajantes podem Po7 da permuta,os humanos não estão em uma
à ° fuelhor do que os deuses. . , ^
comer dEilímentõ^ssas oferendas,e também os mercadores, os
cães, os pássaros silvestres. Esse sacrifício abre uip^orõ
E^í®«iga dádiva do oráculo dos coquinhos
do conhecido,de forma que um elemento do 'í.aráter do vdajahte com
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A ASTÚCIA CRiA O MUNDO
o DEUS DAS ENCRUZILHADAS
Notas
^®tes, The Signifying Monkey, p. 15.
1. Kundera, p. 49. ^■^"benius 1, p. 230.
2. Jung,in Rachel V.(pseudônimo),Family Secrets(Nova York.; Har- ascom, pp. 168-71.
per and Row, 1986), p. xíü. guridipe I, p, 120.
3. Abimbola, p. 216. gundipe I, p. i3g
4. Bascom, pp. 115-16; Ogundipe I, p. 232. outlander, pp. 59.50.
5. Bascom, pp. 116,62,e pp. 115-16; Ogundipe I, pp. 232-34. 7^'^nder, pp. 60-63.
6. / Ching, p. 204. gundipe n_p ig.
7. Exu veio para o Novo Mundo com o comércio negreiro e aparece ^ascom,p. iig^
como Exu no Brasil, como Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba nO p. 115
Ham e Papa La Bas nos Estados Unidos. Ver Frobenius I, P- ^2^' O
Siindipe
iundi pp^ 232-33.
Wescott, p. 336n; e Gares, The Signifying Monkey, p. 5. Para "i" HersU
bom levantamento de algumas das transformações de Exu, ver ppi Dahomey II, p. 222.
Cosentino.
^ V pp. 117-18.
•on
183
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO o GOLPE DE SORTE
casuaWades."O p^ÓErb acaso se derrama por todas_as^^; manto a perda pertencem à esfera ajnbivalente de ambos. Era
""'n anopação em seu diário, GárrKerényj>egistra como ura de
livros desapareceu em um^^ de navio: "Herra« deseja
«tavaescr filósofo C.S. Peirce no dia eir (...) comigo novamente? (...) Fique], coin a sens^a^^^
cedo
«do> eoH
e o dcU• '"
T"''°''^'' E^cagrMps(topei com aquele pássaro
passa*''"V r^^bado, algo insólito, uma vaga sensação
c™r'f^^^inhando a esmo pela"""""'S- '^=mstáncTás - verda-dértamente algo hermético."
^^"lumampç irite r-imífiLosjc,identais - ambos emanara d-sas figu- . ^ m.jl. ;
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
o GOLPE DE SORTE
exemplo, quando "um rico cavalheiro dá um violino a um menijí (['"^Port^ ^^?..jembrar de Marte, A
pobre", ou quando "uma dama rica adota uma criança^abandoj na melhor das líi
líadáTquando um homem "tropeça em um tesouro escondití*^ ^erwiíj/ow^EorJiSS^^^^^jjgsse a algum deus
enterrado no bosque ou quando "alguém teve sorte suficiente li>9r e,' l^a^diVa àií^rNe entanto, ® ,.,,ussão tem a vcriSS-
ganhar na loteria".^^ ^ ^"Ção^ tefia de ser Hermes: a
moralidade que Socrate ele e o
^ ^ nome Je Hermes surge
^ ^^orai.
191
rs
A questão é que tanto Foster quanto Platão acreditají?-^^ ''^mboleante, a canção de um estorninho - encontroj3suai^s
tini golge dF^rte oferece uma safdT^ar^uma situação de qutrp não podem ser denvadosmi estrutufãs^e nos rodeiam.
mQdo restritiva. Â tessitura da vida social e espiritual contém, moí"
da e restringe nossa existência; um golpe de sorte faz um rãsgo
nesse tecido e assim podemqsji^ libertar." No mundo descrito
pelo ensaio de.EosteEy.p.oj.exemploTSgÕlpe.cidser-te-veni^dedbrâ
das_redes de reciprocidade comunal. Redes de reciprocidatle,
além do mais, trazem consigo uma tremenda persuasão
e ética, de forma que também podemos descrever esse tecido
moderador como a urdidura da moralidade. DepositamqiJJíSâ
gradejtica^q^^maiorfajas nqsgasexperiê cíassjficaiit^
os acontecimentos,rapidamente como bons ou maus. Ao diz^^
que os perversos certamente estariam recebendo umadádiva_^ ^'^'^^^ineuxfiJásaío trespasse os argumentos doa_____^^^^^
Hermes se não. houvesse vida após a morte,-Sócrates_estÍ^P^^ "^^"tação como tropas em um ca P ,.mhermaton
testandq_c_otitra.aJidÊÍa.de. que_pode.haver.aiiii-inodo-de-escap^^ comete um desTi^- Sua língua o ' ^jaca
ao díMruniüJp^s^stenm Tudo isso sugere uma maneira
definitiva de descrever a tessitura que um golpe de sorte romp^ C,"°P°"cnte, que rapida-mente se enfia pela abertur
ou evade, pois em muitas tradições as demandas da coletividatie . ^^quezas ocultas. .'-■■'"T: ^ rhamado Frei^ e
sao sentidas como uma espécie de destino, os próprios destinas
sendo imaginados como tecelões cujas urdiduras moldam a vití^ ^âass^lapsodalínguaco.^^^^
dos seres humanos.^^ - gu livro anterior, A
Contra isso tudo - contra as redes de reciprocidade, a graíl® mo„,e„tos em que a matériu do deba.edores
da etica, a tessitura do destino -temos a descoberta, que é uiA®
abertura auspiciosa, um rasgo no tecido circundante. O golpe dãH todas as coisas que eu
^0 do tr^i^^'tster quebra
muitos
esse temas,
silêncio.mas deixO" . í um agente de . j.
presentes,
sorte e uma oportunidade, portanto, um poro ou abertura pe
travei Pm
em um
nrv. desepho de
J. outro modo
. fechado^JVimos
- anterior
Iteri^^ ^ tradicional troca de presente
articuladas e solidificadas po^ çometci
''^irarouaté
mente que os^gregosVhamavam essa abertura^ nojpi; tani^ tios "OScapítulo 5 deem>1 dádwa.
mantenha um lugarTudo
ti .ss^ iríamos naoest
-■■ãaji" sentido
a chamam .^e kairo),^^ termo que vem da arte da tec"elage?J
se mfere acHiK^stante em que o tecelão po&^>2«^: camponesas queTo^cLdeSp--— conferem
deira através dp^fioida-uídiduria-quejiibem e descem. Kairàí e chances, portanto, de q que ca J
uma abertura penetrável na urdidura do tódTn^aúrdidura d" g ^ ^^Cabijí '"^'^'Ptocidade
'Cidade contínuos e as bilidade
biiidade pode as pj^^mes ou pm
um
1. "cn
de ^
- grupo,
grupo, mas
mas essa
essa -esma
mesm e^mb ^ prese"
^/rntam aprisionadas. Nesse g^prias,
gprias, que P*^^
^jgsordenar "
g gssas
os
ggsas culturas
tempo, na urdidura do destino. Através delsíT^rds, brechaS e ^dçp pr II
aberturas fugazes é que escapam o ouro enterrad5,"a tartarug» fronr ^ dádiva que confunde g^pciá-losàs ave.es
tnc deve
. 'bave
aver exceções ml:
^ tçg q. do velho sistema
tas essas são dádivas anômalas, e md
^^'Procidade.
192
193
11. >'
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO o GOLPE DE SORTE
revelando o que está sob a superfície ou por trás da máscara, o na verdade um oráculo, ao menoj^ára os que conseguem ouvir
que está oculto-^SJi^zes até mesmo para o falante. Uma amig^ ^omo Exu ouve (seus ouvidos/^ extraordinariamente abertos,
quer dizer motivo", mas diz "um marido", e então sabemos 'perfur^_[...) como mn^ndra").^^28 Hermes
"oerfnro^— / \ Hermes também
também dá
dá ou-
OU-
;sagnrsija^ente.
o que se passa ^— — Menciono isso porque falar em um
tcfcgi
apurados aos seus^^^idores;
■y
'
eles
-- o^hamam—o
—— deus ^
nrnlffl em
poro ou uma abertura no que tomamos como a ordem das coisas ,_^iro ouvido", o é capAz deescutar uma^êna^pc^^
levanta a antiga questão sobre o que há do outro lado dessa ordem- ^^SSodente^H-á-u
TH lIl TXii UMIIIH ■ divma£âaassDdada-aJtoines-que
^
da sorte era governada não pelo acaso, mas pela vontade dos ^Par/'^' também ajudam a extrair signi gnrjamos
ses . Esse tem sido também o entendimento cristão há
dispara,es da sorte. No mundo "dd- « pelo
Em sua Anatomia da melancolia (1621),"Robert Bürtoh leto d°dÍPnpèo semelhante entre acidente ^ cabeça e
que Colombo não descobriu a América por acaso, mas significados descobertos ^gj^gar a vontade
guiou (...) Foi coritingefíté para èle, mas héc^sariõ para 1 _ Í deuse^' '""^tlstécnicasdivinatórias (...)
Ainda hoje, nos Estados Unidos,comunidades amish elegeiT^ seu5 °técn' termos psicológicos. A
catahsar^^onu.
• nsciente de um
bispos por meio de uma loteria que eles acreditam revelar á'v5? em uma típica formu-
^Çào ^ ^ M-arie.,Lfíuise j^qn,Er-a^ ' t ng e foi ele ■nnt. em
' QIZ M^rip T.ouise von
tade^e.Deus nÍ~qüestao.
Nos casos em que um personagem como Exu^l
pr„f° ®tna.M Von Franz foi aluna de Ju gn
Pcq ^tiio ao I^ ching,
''dPntrat'^ C/img, ficou
ficou célebre
célebre por
P°t f""
-Iflr
considerado o agente do acaso, agora Sõi-N-Í^trame,^ oinctâBiCO^*"",„o.Oittro-i:
^
que causa acidentes é o mesmo quelraz mensagejis.-Nesses Significado dejspgdâS em
e
mas,em outras palavras,contingência é profecia, pelo menos P dí'^^^2li-£!dadeJisiMíe,JiS-ad^
aqueles que têm ouvidos para escutar. A face de Exu no tabti^^^ ^ estamos tendo um não estava tão
divinatório evidencia tudo isso; significa que o aparente aca^^
preocupado com a
mas sua concepção do
194
195
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O GOLPE DE SORTE
197
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O GOLPE DE SORTE
A narrativa termina assim: "Obatalá-apFendeu-^e^em_mesmo, ^osca das frutas nascida CQüiqiernas onde deveria haver ante-
os deuses-podêm^ve^i^ a Essa conclusão produz não recebeu uma memagemi^l. O ac-idente-é_a,rc.velaçâo
o mesmo paradoxo a que Hermes nos conduziu. O que os deuses ^idental.'^ " "
aprendem quando indagam sobre a vontade dos deuses?_Se_o3Í""
ckster Exu é o mensageiro na divinação, de quem é a mensagem ^ toda justiça à natureza dos acidentes herméticos,porém,devo
que ele traz quando O-ptóprio.-Qbatj^á joga o^caquiiihos? ^ *-3r sobre os meus passos uma última vez e acrescentar que,nos
Tudo isso nos leva de volta a um ponto anterior: de ^Loki a jSQs da lira feita com a carapaça da tartaruga e da loteria das
Exu,^ há tnckstgts por perto, os próprins; Hpjigpg j^fypm.-sof-t^ ^ ^^^ndas, quando trabalha com o acaso,H^ermes faz misdo.flu£.
coiji_a-íGGeEteza. Se nem mesmo o céu é imune ao acaso, então
uma descoberta acidental deve às vezes revelar algo que não 3 a ordem das coisas. Se Hermes estiver envolvido,depois de
vontade celestial ou os propósitos ocultos. Uma observação de de caos vem"outro cosmos. Hermes é um deus da sorte,
Carl Kerényi sugere o que pode ser: "A<rasST^d3éhte", diz ele, do que isso, representa o que pode ser chama o e
"são parte intrínseca do caos primordial [e] Hermes transporta "e inteligente", em vez de "sorte estúpida". Esses dois tipos
essa peculiaridade do caos primordial - o acidente - para dentro ai ''guram na mitologia latina, na qual Mercunoieprese^
da ordem olímpica."^^ te,nJ^.t£iHércules^aest^a. "Se umjujeitoj^^
De acordo com essa idéia, o próprio cosmos é um tecido ten,„-2âi2rte,xle a deve ao ignóbil Hérc^es",escreve Kerenyi,
continente, e o que está do lado de fora é o caos, a confusão e
a desordem. "Oportunidades não-sãQ-dádivas simples e cla^as^'
S.'"»*-»'».«iilTisAarfiSd-o..«al -Me,»»
"Oiti» que Hércules o convencesse a enriqueceru
""'^ou que Hercules o convcaa^a..,..- -
escreve o psicanalista James Hillman; "elas arrastam anexos deri,:'-;úpido. Mercúrio revelou-lhe
--"Piuü. Mercúrio reveiuu-iii^
sombrios e caóticos para seus contextos desconhecidos para comprar o pedaço de terra em que trabalhava.
Deve ser porque algumas vezes nossas declarações sobre ordena
suprema e desígnio oculto são fábulas que inventamos para
ajudar a ignorar nossa própria contingência. Ac[dentes fazgS- ^ Uni-ók-
"O ® material
cnhre O trickstcr remete ao
g cstahàcçsPUiefie^
pequenos rasgos no tecido da vida para revela'r, bemrpeq^^^-^ livro aproj;cilcj^aiãeia dcjiu^ ^ ima-
portanto, têm função de coesão socia !.^Q"^ge-terfflO^YÊiP
r^^oSr-En^nrdos li-xros que escreveu sob o título genérico de Tavu" ? ela também tem um poder f^""P «^^^jalmcntc Jp?* c
Hermès, Miçhel Serres,>m filósofo da ciência francês, escreve
\ ua ciciieid rrances, ca*'-*
que descreve a imaginaçao co
com ceticismo sofare-nossas pretensões de uma unidade subjacente distintiva a habilidade "de da
^ A imaginação combina
às coisas. "O real", sugere Serres, pode ser "esporádico", 0^^ otírréadcs coerentes c vividas. ^ coesividade
de '^trapos varia^TaTvez "o estido das coisas consista et» rM - dcrtj'«atn aoiuitas asscrçôcs
imaginação sobre a imagmaÇ j^^ris.por exemplo,
se desioc^oieatidajl^^^^^'^^trabalho, ou see
ilhas espafhadas por arquipélagos em msioàjdíiscuxbm-ruidosa ^ isso se observãmosT^o os /^^rsocicdade. Histórias
e poucoxQmpx£endida^e-mar Talvez os acidentes do tri' da imaginação des^n^P^ formulações, é claro. Aqui
ckster revelem não reinos ocultos de uma olHiíSluliTrmrritiai 1 ^Çào n, . '"^<í"entcmentc
^^^"entcmentc em desacordo com com^ j fragmentação e da
'^0
desordenada, n^^'^P ";;,^amente quando paramos
um mundo de fragmentos inconstantes, ru7do'èimperfeição- A •ar
"1 tv, ""'dadere ™s
unidade,e as coisas sese tornam
tornam vividas
vivid rrickster funciona bem
'ndo riJ?"'^udeS que não existem. A de muitos dos artistas
variáveis", assim como a imagmaçao
^^tehvro.
199
T' :f
O GOLPE DE SORTE
^ ASTÚCIA cria o mundo
■ :1
^isso, Apolo^tpca a lira como parte do^ajggertóri^ Desse
tnodo Hermes revela-no?como a "soríelnteTlgeS responde às
%a é a "sol de te'rra!"'° l^enesses herméticas. t U/rtltó
gaiXs nunca ^ ^ sorte de todos os jogadores cujO
acertaria loteria ^ sorteado funcionário_.do hotel qu^ '^/vez, então, o que a descoberta desorte revele em primeiro lugar
sorte até ir à falêü^*-^ n®o seja nem o cosmos lí® o c^, mas g,mtasJaJÍsscsàmaL^
A .«»%»»■ <«» °"Ã ^°de ser ainda melhor deixar' "cosmos" e "caos" de lado e sim-
habiji^e técnica e ° ^'-'dente - em_ambos-QSJMiI!d°!:., Plesmente dizer que um evéntó casiíàté uro.pe9ueno.£iagmsi^^
^® é o habilidoso iwentoriâl' '"nndo.como-ele-é-umm^íiTdbTempremaistwMiscomplicado o
seu hermaie'^ f' as nossas cosmologias -, e que a sotfe inteligentè e uma espete
«lador dít^taj^~~-~aa-lira; não se torna simplesmen"^®
negócio arrendado qup " ^®dricante de liras com um ^ 'nteli^ência responsiva mvocada.pelo AuMuei-que-acoW
nma ^ nao traz lucro. Mais tarde, no „ * l>i«ória dr„malS»bcm ci.o.fa fo.n.c. ^~
7«°- -O .caso f..oftc= as oCes
j ''"®'55Qia^g^^^..',nstruinento, e a mHôdia ^áuz.oJLj^ '"""O de UcS Paa-at^anãíréifãilS"
diz- f^nhã-do. Depois que Hefí"®?-S^„- ° ■>* * que, dizer. O ueb.olog»» J«»» *»«»
® foi tomado por uma nostalgia/
'"a"' p - íinHo seu trabalho foi in-
vacas„ •^—°8o, creio
coisque
as pelas ^ ^ocê se interessa valem cinl ^steur pesquisava a cólera aviaria-qu ^ período de espera,
^^rrompido por várias semánas. enfraque^
etn?"""' passai "!i°'
es«nossa
»b»beaia:T"*°P"«no7„T°'«Pi
r "W. poX" desavença-'"' ,,
,ííe,d.ae orga^sr^
yuando inie^o^. esses organisníosj^g^-r^^ quando foi ma^s
«a„;rCriíSl'We
O «« » hT" «>»
encanto'l,"®" ®'®na .a «?
'f"ãUfc77r-^'2£íl^^
mú
d-.. ^1''®
, '=« "i» lir,"""""i
divinos; 1P°I°
'"^a como
Apoio nao ""
como oatie
parte d.
^ ".I
da troíl
troÇ ' reinocidado com uma npya ^ heceu que a
®omento e"ír~^7^^dncorr Apojo cancela &,eur fez
fez uml
uma distinção
distinção
20o
201
■f
t
■'(
A astúcia cria o mundo O GOLPE DE SORTE
^ apanhar a contingência
estr'T'"""'' para um~"''^^- E'aca_s, de sinalizaçj^"'' a'
é um ^^'d"''"'''as^eJn
ente dí p^^^dem, e também^''sses, õ pontoopos^a-
as estradas em 9 „ "metade da década de 1940, D.T.
ov>denèia.54 costumava John Cage
"que mais n, ixNcom ^ dessas palestras deu ao CO - parte do seu
quando H„ 8''uda an„ - - j»íta'^®'
'^•PJpto. por pg ' ^ ®^pres.são que Joyce çjjf bjH f fundamental sobre algo q^^) ^ seccionou
'uüo\comnl
\ "*«^ d, Sjiustrutn
'®" '«Cdladádivà.rgyela a
a. „„.e, „ecBS«"»>). % linhas paralelas. O ci
|j^^P'^^udè'pdssTverdálhente, ^Suzuki
pequenadizendo
par^c
Uriac __ recoT
>« representava; o ego. Cage re
202
203
V-
que "o ego 2pd_ejs^aç^-se-dessa grande Mente, que passa^atraw' portas do ego", de modo a convertê-lo "de uma^çonfiSffira^^^
dele, ou se abrir". ^L£róprio em ..mji.ir rnm roda a criação".'" Cage gostava
É principalmente em fungãgdjps nossos "apreços e desapreço^ de repetir a afirmação de Mestre Eckhart,segundo a qual
diz C^e, que nos is,Qlamo.s.,da- mente,raais ampla (e do mundo ^os aperfeiçoamos pelojque-aceftteee-e^^ ®
mais amplo). Âpi^ços e desapreços são os cãezinhps..dêJ^^"^^ Tifirnnr" 5y Tí ~ - rt c nprmitia Que as coisas
cães de guarda do ègo, atarefados o tempo todo, ofegando^i^^ Portanto, Cage nao apenas permi 4
tindo nosjiqrtões.da.-simpatía^e-da--aversã©-erassimy-esti:ei^aiidm mas desenvolveu uma prática que as enco
«acontecer.
acontecer v■> f y '
a pçrcepção.e a experiência. Além disso, o próprio ego não pode
escapar intencionalmente do quel^ego^ - a intenção_j£|5E£Í- ' ^' ^'ÍPSÒe s
Per populares deCag? ^
íaS-SfS áo acaso eram um. prí». t^L
opera e^termqs de desejo pu aversão e nós,'^rtanto^ precisa
mos"de uma prática ou disciplina da não intenção, uma forma de £-».,.o,„.deco,..i.r,acas.i.«^^^
driblar as Operações habituais do ego. O zen-budismo, diz^^B^^'
W ^ sugere a prática da meditação em posição de lótus:
para dentro por meio da disciplina, depois se liberta do ego".
considerava.que sua prática artí^çâ.se„ítipvia na direção contrária ass°
'elçottt
parente. Cage_e£aumhonieB^^
® ® "TLar a não intenção,
para o mesmo fim: Eu dçcidi^e voltar pa.ra..fora. Foi por ^^encia em deixar claro.^^ Ao recom
resoivur^alhar com o acaso. Eu o usei para me libertar do egp* ^ expltcou:
O que você quer para õ álmòço: hambúrguer, falafel ou tacu*
-V fito é
Tire cara ou coroa, e a decisão nadàlêraT^r com seürgós^^ estou dizendo "feça o que guÍ5^- e,noe jj^endo (-.)
habituais. Você^staría de silêncio aqui, unia flauta algumas pessòãslgora j^usicaljjiã^^
t^gjdo^ o barulho do trânsito ou um alarme deliutomòvel? iberdades que eu dei [em
pode odiar algxmGs^^ automóvel, como eu, mas com o fíiétodo para permitir t,csem deseusap£££2!-
de Cage,"vo^ê" e "eu')não temos escolha. Ele diz: que as pessoas se
sapreçQg g disciplinassem,
^€édrTÍ a operaç5^^o^^3^o (...) de algum modo envolvendo U In ndavn
MSElhplÍ£Í^.de^^ proponho em vez de escolhas sentidos a di&dpjina que
faço (...) Se tiver a oportunidade de continuar trabalhando,
aue o resultado vai se pancer cada vez mais não com a obra Utn a de qualquer monge effl ja de maneira
pessoa, mas com algol^ue poderia ter acontecido mesnío q^
uma ^
205
i
O GOLPE DE SORTE
A ASTÚCiA CRIA O MUNDO
que o havia determinado. "A mais alta disciplina é a da: Thoreau, "A beleza dos desenhos de Thoreau é que eles carecem
»69
operações do acaso (...) Ã pessoa é que está sendo disciplinada^Jião completamente de expressão da própria personalidade.
a obra. A pessoa é disciplinada para se distanciar das
habituais do.ego_e^guÍ£ji^direção de, umajiiüdança-fundaíílêíí" ^ objetivo da arte dc Cage,portanto,não é entreter nem encantar,
tal d.e.cqnsciência. Essa é a versão de Cage para o "esquecet^- abrir o cpriip.QsitqrJe, porventura, a plateia).^ar^
mãoILde-Diuchamp. m uma das histórias que repetia com freqüência,Cage conta que
Podemos inferir um sentido ainda mais completo das intenções ^ctta vez havia acabado de deixar uma exposição das pinturas do
da não intenção de Cage nos vários pontos em que ele contrasta Tob"ày: "Estava parado em uma esquir^aMadisp
suas praticas com o trabalho de outros artistas que poderiam pat^' esperando um ôíibus-e-romecêTTÓ^^ para a calçada.
cer,a primeira vista, engajados em um empreendimento semelhan a experiência.de olhar para a calçada.aa^iS^
te.^ Cage se^distanciava da improvisação, da arte anrnmátíca fiara os quadros de Tpbey. Exatamente a mesma^
métodos de
métodos
r ~
composição espontânea,embora
dprnmr.í^c.v;;^ . " tais
ax auLUlAic
Pelasjnesipa^^razões,.Cage
a dejackson não erade atraído
Pollock"A premissa trabairopara uma f
de PoTloclTSra
o carater indomável de suas pinturas expressava seti^eu'FôfS^2'^'''
primitivo e sensível, e Cage argumentaria,creio, que não imP"^^'
quão profundo seí^eii,ye ai^da ép.eu:"Arte4utomáuca(-'
nunca me interessou, porque é um modo de retroteder, apoiar'^'
subconscientemente nas memórias e nos sentimLtos, não é?
I
206 207
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O GOLPE DE SORTE ^ / . Ȓ i , /-
a o^ra as evocava. Hoje,em qualqj^r cidade do mundo, ouye-se propósitos. "Acredito que a músiêa tem a ver com uma alteração
constanten^nt^um^^pécie de colagem de sons complicados.j=- si começa com a alteração do compositor e concebivel-
fragmentos do rádio,frases saindo pelas portas das lojas, os carros "^ente se estende à alteração dos ouvintes. Não assegura isso de
passandp, as buzinas,.o.£Stalo. de um ferrolho. Vindos de toda a ^odo nenhum, mas assegura a alteração da mente do compositor,
nossa volta, os ruídos se juntam coincidentemente nos ouvidos c»
^üdando a mente de modo que elaje aj^r^não apenas em pre-
gostemos ou não, esse é o mundo^ue nos é dado escutar. ^^^Ça da música, masTâmbém^em^utrasjimagõts.
de ter ouvido.Cage, escuto isso com mais clareza.
Passei um verão, alguns anos mais tarde, em^fíerkel^» , *^Perações do acaso podem mudar a mente porque evitam a
Califórnia, escrevendo um rascunho destes capítulos e lendo ^^^ençâo. «A vida cotidiana é mais interessante,dp.qu^^
trechos em^^psa^^ntrevistas de Cage. Ao mesmolempo"medi
^^celebração", disse Cage certa vez, acrescentandpa ressalva:
tava no Beijceley Zen Cenfer e com freqüência, enquanto o fazia» Quando nos tornamos conscientes dela. Esse gM<3«dd^^e^piisa,
tornava-me consciente dos sons à minha volta - dp canto.de-^^ momento em que ndssáV intenções^^eduzeni a zero. Bnt^o
"lamente, você se dá conta de que o mundo e mágico,
pássaro,.pojituandp o zuml^o de um avião, por exemplo, com r^fessor
^ budista tibetano
ouaista Chungyam Trungpa disse uma
tibetano cnungyaiii ^ vez que
uma conversa de uma casa pr<S'ima como uma espécie de tema
intermediário. Esses momentos de audição eram divertidos^J^' ci^^Siciia apreçiaçiaiataLdoiB^o".É maisP-^ve'^
cipr>, - —
. ,. . Emaisorov
, ornnfece e
^^mos o acaso se pararmos- de
J- tentar controlar
rnnfrolar o que acontece,
' e
nho de me perguntar se o meu diveftiménto''nãp era a aíegri^de
deixarão mundo acontecer. Descobri que podja bloquear mpmg" Í^">°do de fazer isso é cuit.vando a não f
taneamente meu filtro inconsciente^ref}êxivo7equando"o^^^^' j. é perceberquãocom^^ ■
minha^apacidade auditiva tivesse aumentado vint^ ^m Cf.r^ •, . desaparece çonio.xesüJ
por cento, ou como se tivesse água em um dos ouvidos duran.t^. de^ <^-to sentido, a.«épíííâl^^
anos e.ela subimmente^desaparecesserÈm"uml '^dtica.Em anos posteriores, Cage sentiu que ^
certa vez descrevHi s;mumgmra a aversão pelo ruído de
de como açha.í?-^
.:::;.^oHa.iamodiEcado^ —
Sq^s j maior prazer acústico e
que deveríamos dentar nos livrar deles (...) Q que aconteceu > P-ür:í,:mto mais necessidade
necessidade não
não
que estou começando a gostar desses sons^ Quero dizer que agof^ M reaTiLe, não necessito
realmení^psou^oc^^ otraíego- m.,1"""• <1'"""""'ílt.
trafego_eJacd^rec^^ como algo belo,"maresses zümbiti'^® * a.,in-
sao ^ais,dificeis,..e.nunca me-STspus-realraenííiiSj^®^'^^
(...) Eles estão, por assim dizer, se revelando para mim."'' ''PÇões d"'
^ ^go.Em seu livro for
^"1 mv^siPara— «oreceu:
os pássaros],Cage
'Htn
um estado da mente que considera o est...,^^°bre uma festa a que ele uma interessante
interessante, mesmo às três da madrugada--^^ est„„. "trando na
na casa,
casa, notei
notei que
que oni ^ brinques,
^^gs,£,i®m
pergunt^à
Cage prontamente admite que a rÇdlnça de opinião que focada. Depois ouois
a essa especie de interesse é um dos propósmrd^m ausência de
sério!'">'^ Era uma de suas peças,
208
209
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
o GOLPE DE SORTE
211
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O GOLPE DE SORTE
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A ASTUCIA CRIA O MUNDO O GOLPE DE SORTE
AssimTê a despeiYo do"fãto"dè"que Cage às vezes falava como se ^^[hado,_gjlura nte o terceiro, as pessoas faziam todo tipo de sons
sua arte produzisse objetos, essa linha de pensamento nos leva de 'nteressantes enquanto conversavam ou se retiravam."^^
volta ao seu aforismo: "]^ãQ.co[sas, mas mentes." Cage era acima , "^^otias evolucionistas têm demonstrado que,embora seja difícil
de tudo dedicado a criar uma espécie de consciência, acreditan Ptimeira vista imaginar como um processo que depende do acaso
do que se permitirmos que o acaso indique"Õ~que'acontecerá em ser criativo, ainda assim foi por meio de um processo como
seguida, seremos conduzidos a uma apreensão mais completa do que a própria criação passou a existir. Eu segui o panorama
que o mundo é. Tomemos o. que provavelmente é a cornposiçâÔ- ° P^Pel do acaso na criação da biosfera apresentado por Monod
mais conhecida de Cage, uma peça chamada"^"^^Tmínutos e ^ pàrte po'fquè"sua linguagem é semelhante à de Cage em mui-
33 segundos de silêncio'dividídoVbm três movm^ntos (cadaj^ aspectos. Por um lado, Monod reconhece que há uinj|po_^
indicado pelo ato do p^nism ck abmxaí^e -eFg^er-a-campa-do-P^ aut£pjotetor enptoçLas^..cQÍSâSJdYas, o qu^ e^iya^
no). No mesmo ano em que essa peça foi escrita,(Í^^Cage teve a
oportunidade de visitar uma câmara anecoica na Uhiver^A^^-^^ ^ perpetua por meio da invaxiana^
Harvard, um recinto tão completamente isoTa^o e.m.texmoS-^'-''^^^
Q ^ notavelmente estável) e se protege das "tmper^eiçõey^que
COS que era considerado absolutamente silencioso. Sozinho
Por õütfokdíXiHíííiâ^iicSi^^
Cage ficou surpreso àó ouvir dois sons, um alto e outro baixo* ^
vivas, por si, não são capazes de se adaptar^quaridoxi
2Íq. volta se modiEca,nem mudar para ocupar nichos va-
técnicos lhe disseram que eram os sons do seu sistema nervoso^^da
simulação sanguínea.^^ Naquele momento ele percebeu qugjlâ^ a veJ Na natureza,como nos céus que Loki importuna,
existe silêncioj^ exktem apenas os sons intencionaj§_e os_s_ons^n^
forj. mudança requer acidentes,felizes ou não."A mesma
intencionais. Assim,4'33" não é uma peça ."silepciosa", e sim nào ' í^^rturbações fortuitas, de'ruídos^ que em um sistema( .)
oportunidade estruturada de escutar o som nâginTêncíon^^
ae conduziria pouco a pouco à desintegração de toda
a plenitude do que acontece. A platéia na pr^ière de ^ ^ progenitora da evol^ãojiaJíiosfera^e^^
compreendeu isso", Cage certa vez comentou. "D"qüé pensav^^^ tie «<T;=Í!Ü^rdade de criação",escíeve Monod,chamando o DN
ser silêncio (...) estava cheio de sons acidentais. Era possível ouvt^ ^0 conservatório sem ouvido tona
Issfv ^ ^nído é preservado junto com a música. ^
* Cage era rigoroso na devoção ao acaso, para consternação até mesmo de seus ai- -
iní'ê
oS- "otav. ® estética de Cage com bastante precisão. Ele nao g-
O compositor Earle Brown certa-vezargumentou em favor da mistura de acaso ^
"Acho que deveríamos poder jogar cara ou coroa,depois decidir usar um belo fá
id; de que culturas e personalidades protegem e replicam
caso se desejássemos-estarmos dispostos a descartar o sistema,em outras pa lavras* ^ es belezas, suas obras-primas, mas ele nao ap s a
não fará isso."" A observação espirituosa de Mark Twain sobre Wagner -
m^or - capta bem a complexidade da^íninha reação a Cage (sair no ^
duráveis,;sim na perturbação. Ele se voltava pa
da conferência e depois ser assombrado por ela). Como Earle Browh, prefiro o jog
K li,,,,, ae sua armadura protetora fei a
acaso e da intenção à pureza do método de Cage. Mas também reconheço que ele a
um caminho que ninguém antes havia trilhado, e deixou um marco ali. Mesmo ^q
^ a fim de que ela pudesse prestar mais atençao
que não o seguem nesse caminho se beneficiam da visão desse marco. íta
do ven^. ... .^mborilar da chuva no telhado. Sjia
vento ou ao tam^.^^— seu
d"^a rede para ananhar a contingêroia. E e aguça
214
215
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
O GOLPE DE SORTE
ouvido para o barulho, nãojjara^as^velliax harmonias, intuir^ 3 sorte têm um lado cômico, até mesmo redentor - sobre o qual
que o ruído^O;^ljya^.a^igQ_tã^ quanto este mundo, e Nussbaum silencia.
acreditando que, em uma civilização tão complexa e inconstante 1^" Gilson, Nez Percé Stories (audiotape).
quanto a nossa se tornou, a presteza em deixar que a mente • ^oung. p. 81.
mude quando a contingência assim o exige pode ser um dos pré- Ogundipe II, pp. 136-42.
-requisitos de uma vida feliz. ^ Hermes, versos 23-24.
• HiVio a Hermes, verso 24.
16* ProcesSy pp. 127-28,133.
Notas
17 1^'"° ^ ^^rmes, versos 43-46.
18
1. Kundera, p. 48. 19 pp. 71-72.
2. Hacking, p. 200.
3. Nachmatovitch, p. 87. 2o; ir'!'' p-org-^0^-de Hamilton e Cairns, p. 89.
2J „
4. Agradeço a Eric Moe pela história sobre Mozart. ^ Melhor exemplo está na mitologia nórdica, na qual as Nornas
5. Picasso, p. 157. Contando a história da Cabeça de touro em outra três deidades femininas cujo fiar e tecer determina os destinos
ocasião,Picasso acrescentou uma divertida fantasia:"Finalmente, s«es humanos. Sobre a idéia de que os destinos expressam as
desse guidão e desse assento uma cabeça de touro que todo mundo 22 ^'"^"das da coletividade, ver(para o caso grego) Dodds, p. 8.
reconhecia como tal. A metamorfose se realizou, c eu gostaria
outra metamorfose ocorresse em sentido contrário. Se minha cabeÇ^
23 pi"'®"®' PP- 343-48; também Hillman, pp. 152-53.
24' org. de Hamilton e Cairns, p. 271 (Górg.as 489c).
de touro fosse atirada em um monte de ferro-velho, talvez um d»^
25, Gi/í, p. xvi.
algum menino dissesse: 'Eis aqui algo que daria um bom guidã^
para a minha bicicleta.'" (Picasso, p. 156). 26- Pi p. 30; ver também p. 36, 68.
6. Bascom, pp. 500-1,157,499, 173.
7. Kerényi, Hermes, Cuide ofSouls, pp. iv-v. D.ctionary,s.v.''conü.gent" §4. Outro exemplo de
8. Traduções do primeiro apelido descritivo que Hermes recebe n» 2- que acredita que não existem acidentes é Boecio_ Na sua
^ Rnprin. Na sua
Hino a Hermes: erioúnion. Ver verso 3; ver também verso 551- p'^°"^olat,on ofPhitosophy [A cmso\afao àa^°^°è''^Y
eeve - di, ao
go filósofo
filó ofo romano
romano que
V- ...
que ^Epr J^açaso" ele
se por,"acaso'
. -i- _ ele sese referia
refere a
í» cAm rnnexao
de produzidos jior'"um movimento confuso e sem conexão
mtiga . j
. coir então tafcoisa não existe, pois "Deus dispôs todas^as
as tragédias gregas decorrem de contingências inexoráveis, e Vh Qrd_em" (Boécio, p. 105).
^9
considera os tragediógrafos mais sábios do^ue'o Me"^ta
por reconhecerem que a c^xuángência.éinexorável. Este mundo ^0 'aeel, P'
pp- 9-10.
inunda dela;estar acima dela significa deixar este mundo,abandoU^
o humano como o conhecemos. Mas a permanência neste mu^d^ ao I Ching, p. xxiv.
^3
não nos deixa unicamente com a tragédia, pois a contingência ^
P- 69.
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I Ov
1 1 1
"'"''âbalho sujo
Pudor sem voz e voz sem pudor
imigrante
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PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
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; jf • :iTT
A mãe ^Kin^stnn.então,é uma espécie dc^bardo chinês,ten do-muíido^espiritual, está em perigo,como^um animal Hestitllido
tando manter os mistérios vivos. A frase "você não deye.contar^ insti^os protetores.^,Entehdído''3essa"forma, o perigo não é
ninguém" anuncia que ela está iniciando a filha (a garota Macaco tcalrnente o de que a ausência de pudor vá destruir o cosmos, e
norte-americana)em uma área de fala especial, Além disso, a mae de que o cosmos vá destruir os que não têm pudor.
não quer dizer de verdade "ninguém": creio que se esperava
Kingston repetisse essa história um dia para a filha. É um mito £ssas ameaças de ambos os lados, à pessoa destituída de pudor
da família ou da vila — contado ritualmente na época da primcit^ ^ mundo que a cerca, são, creio, o que algumas vezes leva as
menstruação de uma jovem e proibido em qualquer outra época- l^^soas a se perguntarem trickster não é na realidade
Se dissermos que narrativas assinaladas como especiais por uma ^•^Pata. Certamente há páralelos^^sicppâtasmentenT,lrapacemrne
regra de silêncio são não apenas sagradas, mas míticas, e quc o ato um psicólogo salientou,
f.
de contar um mito é o modo pelo qual uma sociedade afirma sua "uma confusão das funções amorosa e excretora . Não
realidade, então começamos a entender pot que o ato de hontai' ^^^Penas antis~sõciai^ eles o são de maneira tola ("cometerão
o silêncio pode ser importante e por que não se deve convidat o falsificação, adultério,fraudes e outros atos por lucros es
Macaco para entrar em casa ou deixar o Coiote ocupar a pio ^"^samente pequenos e correndo ri.scos muito maior^^^^sere
rada do Sol. Se as regras do silêncio ajudam a "manter o real , f;;^^bertos do que correrá o íhüEIEQrxQmum';)-^^
como Kmgston afirma, então assume-se um risco considerável aO
quebrá-la.
espert^^
Para expre^^aie«aneira^udaciosa: arrisca-se a destru'f respondendo às situa^ões,çpnfonae^las^
lon de formuS^a!9ueri^o.co^^^
o cosmos. Es,e_é esse o_ca_sp_, entãojjsrgoSiZque refreiai:!;" mestres dos gestos vazios e tem muita a
gua e uma dadiva-dos-deuses pai^,proteger bs mortais temerat^
De fato, a noVpopuiãí de" verg5nha «, li'''"«"gem, despindo a,pator»,
a especie de desvantagem adquirida na infância) não evoca d
Z" de reconhecimento e prudência que ^J
'CiS.WPkPPcJosJaoosiPckcPPÍ''-^^
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sienifírnH^^^
«"80 lc.."=..cn,e™..-o*»?.^
gama instrutivamente auuP
O » P«opa,as pode ,ambém se,di.o ^ "e o
entanto, nao e vciua^v.^- ^ccaçpiauma
podo,, ,e,p.i,o próP"»! ^n5:-.nomitoe„âonomundor.^^^^^
veiòiaa e amS qITcÍoT "''Tu?"'" Vã ^"^"Oniitoenaonomunuui^-^ 5
'-portante, é claro. É mais pelo f nnp as funções
L.s
encontra-se um profeta n "o pomar,de um ^i|
devera s'e manifestar cr! esses diversos sent":^.-<o ^ são mais amplas do que as ^jckster são
de ve"rgonha inibitória ZZ ^
coi.. p,of.„a„ ~''te oio S?
esse^iíÍQs^a pessoa ei" importa 1" espécie
.£^segue"serifÍFÕsTarnp9 ^^êtad' desprovido
pertencemdeaCcralidye. Aléman do mats, a
uma.ca4egoria
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PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
O roubo e a mentira que acompanham essa posição sagrada/não proxiiuQ mundo; os que o confundem com um psicopata nunca
sagrada habilitam o trickster a realizar um conjunto único de ta- nem sequer saberão que esse portão existe.
refes-neeessárias,como vimos amplamente,desde reanimar deuses
que haviam sido esquecidos por sua própria pureza até negociar a digressão na verdade não nos afasta muito da história de
de outro modo imprescindível e impermeável divisão entre o céu
e a terra. Pode ser correjojlizer.que^ trickster, como o psicopa-
^ngston^ pois ela, também, quando confrontada com a possibili-
ta, tem uma "inteligência desgovernada", mas nesse caso é uma
de quebrar a regra de silêncio da mãe, viu-se imaginando um
inteligência útil, põis-continua a-füncionar quando os sistemas de ^nadro pavoroso e ameaçador - não um psicopata, mas o semblante
orientação normal falham, como periodicamente acontece. Pe"' ^ntasmagórico da tia afogada. Aquela mulher havia se atirado no
fim,apesar de todos os seus fracassos e de todo o sofrimento que cia família: "Os chineses têm sempre muito medo dos afoga-
provoca o tricbter é tambrá umherói.cultural, o inventor das ' ^^Plica Kingston, aqueles "cujo fantasma lamunoso, com os
arm^d^s de pesca^rovedor do fogo, aquele que transforma molhados e a pele inchada, espera silenciosamente à beira
seusTn^inSs^fiiídos em yíveres para a nova gente. Está ligado para puxar um substituto para o fundo".^' Kingston diz que
escrever seu livro teve de confrontar e superar essa ternve
valele a pena recordar
^ o^uhuminsight
o clássico psicopata jamais
de Paul realizou.
Radin: Aqui
o trickster o medo dela era o de uma mulher que senK
; e o temo-r do máos, mas que se sente compelida a falar
ÍÜS*,®® cireM° e medo de uma mulher que sabe que, ao quebrar
re.po„«Uo, »"'»>>« km n.m m.l embora tU*
ou ma.s lP»» '^fidade da lua falando quando o silên^ciodeye^einar, pode
oem estar se exilando em um múndo sern^^
LS
reescntoo cÚr"'° "■"kieuid.del ,„.ndo o mel»" '
como um psicopata. tentei deixar claro, esse exTím elíHra^onseqi^^^^^^^^
assodatívo^^ue?""'''^" PO"-to, se o salto dscar,"®" impudente. Para entender por que a g
uma defesa conr Personagens não é na reaUdjde «ssç ^ conseqüências quero me concentrar ern u
can.s;ír métodos do trickste.uid^ C"' --Çdo de Kingston: o fatO-de -dU^.^
r^humêilt r"'u • 'r^ítWüumloso ,u."f '^daiiçf^" vivem era duas culturas ao mesmo ' 3^
deve também ser O ca ^ V aparecem em cena. C : uma relação incomum e instrutiva com ve^-
quo, coloque uma imlt ^ ^ preservar o stat^ % da China, digamos, ou do Mextco, ouja^
para evitar um verdad ^ P^^^^^Pata sobre a face do tricks^^ A terrajiatal é.inerente.,as.s«&. contanTeaõs
deisoporque^JlfT (''^Üci^f^^^üejênuia cozinha, às historias q ^
máscara aterradora ameaçadora, dr"^
das funções sagradas/nã ^ 'convencional de se aproxii^^ C^^tos 'T on
escola norte-americana, onde muitas coisas, dos
.urra. coir». ".ÍS? " ""'«b». O ,r ieks.er m gg", diferentes. „^bjnetidas a vários
■ ■ ^ P°"ão que abre a passagem " de V vivem em dois mundos esta observam. De
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1«p
nascido em uma família já qual adultos deprimidos e alcoóla ^ homossexual e a pessoa insana são ameaças a si próprios e à
tras bglãnTrê^ularmepile nosfilí^s, com^ceu-sc dTque"era na sociedade. O perigo e o"desastre^resideni nesse caminho!'"*^ Um
verdadedè^endent^a nobreza.'^^ JohnJ^s Audubon pensava homem deve "resignar-se aos valores pragmáticos ou cometer
ser o Delfim perdjdo da França, sequestmdo~3Í pnsao^3urante a Süicídio^ft aconselha em uma carta posterior. O pai cita esses
^nlucão e enr/pp.,p a marinheiros - preferia isso a reconhecer ^ois aspectos desconcertantes da vida do filho e diz, basicamente,
"se.vQcê inqjQtir pm pvplorar esses temas sugiro que^eanate".
e sua amanre naitiana.}^-'
Visitámos a terra da nossa grandeza secreta na fantasia, nos
í^sse, a propósito, é o conselho-padrao de uma cultura da vergo^^
hvros e nos filmes e, nd caminho entre esses mundos imaginários .^-â^Porque a vergonha é considerada uma maj^haJn^el^veLna
e a verdadeira casa onde devemos comer e dormir,até onde somos ^^íê^ade do ser, a libõta^o parece exigir o suicídio,como no
capazes, criamos uma vida com os fragmentos aproveitáveis de de Kingston. Na verdade,culturas da wrgonha^jíezes
Mda um deles. Uma verdadeira artista imigrante como Maxine j^ ética do suicídio No Japiõ^irãn^essoa tem
ong Kingston cria sua arte no local onde o vilarejo chinês re- obrigações conflitantes- uma exigência feita pelo imperador,
<S^a^e os pais coincide com a Montanha Dourada (ou com ^'êamos,em desacordo com outra feita pela família -e se a recusa
na Califórnia, pelo menos). Artistas imigrantes nO
^Jí^alquer uma delas seria vergonhosa, a sol^o honrada seria
ent^do metafórico viajantes no tempo,criam sua arte no ponto PífLlm^as^^em seguida se matar.)
homossexuais e pessoas loucas por perto, Louis
Zttl A ° ^-"bora nesse caso também haja n^ ç preferiria negar sua existência a reconhecê-los, mesmo
na '1
part '
cular de silêncio a enfrentar, e um tipo ossem da própria família e ainda que o silêncio significasse a
^e? observar também que o Ginsberg mais jovem a gumas
Ginsbere crA ^ apüca é o do poeta Allen Ginsberg- ele J'^^P^rtilhava da cautela do pai. Em uma carta posterior,
Vesti.^ ^ sobriamente que ele parou de matar aulas^pa^
de f ^lí^^almente com paletó e gravata
manipuíálirn ao d;^-^£c3ucãção,""tirandõõ máximo proveitõ^^^^^^^_^^ ^
estava na fablIldrdèroTaoiíF hospital); Quando Gi intactos à biblioteca"''^ todos os volumes de
t ^^ire.
mundo eram essa r^ãe 1 problemáticos ào
Verp^ o fim da história, teria se tratado de um
^Pen^f"ha sem voz, mas, como todos sabemos, ^
recebia eraVintiin^ -j—;— essas questoes?iL^
' li:'!' ; Ginsberg lidava com^^ Gide e Baudelaire daUniversosalterna^
a convençãõVr;r~^~--~ ^miiiar com uma rápida ret iqç ^^^"P^sou décadas '^errãn^o ^ ^rocurei Q que
) como uma vez
como uma vez de^iSH^n „3q ^
% ''"aginação acreditava verdadeiro peja
li''""''"'hos de Ginsberg estão cheios de eterni^^
ouvimos do garoto envergon
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A ASTUCIA CRIA O MUNDO
PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
hm-^.
viajar para fora do tempo presente em direção a uma terra mais tevela em detalhes as coisas Que "mais o copgi-rangnm" nn infância
perfeita. Ele dei^^ria-aiínun^ie da vila paterna e se transportaria dolorida, mas os registros indicam que foi necessário muito trabalho
até o pico da Montanha Dou^^a. pata trazer à luz essa revelação;^^ o poema começa com centenas de
O cume des^a- montaiílía não é a fonte da sua arte, porém»
conversas de e,squIva^ansio^ e um catálogo das estratégias (ficar
ou pelo menos não a totalidade dela. A arte está na fusão entre
acordado a noite toda, dopar-se com anfetaminas, ouvir__QS_fejMe5
tempo e eternidade, no amálgama da imundície com o ouro. ^
que confere aos primeiros poemas de Ginsberg sua presença du Charles, ler orações aos mortos emj^oz altar-cho^ar) que
rável é o modo como intercala suas visões idealistas com grandes Ginàberg usou para libertar sua língua das suas inibições.^"*
catálogos de fatos reais (Naomi, a mãe enferma, servindo-lh^ Talvez fosse melhor, eptão, dizer que aqueles que operam no
mn prato de peixe^frío -repolho cru picado encharcado de água jtnite entre o que pode e o que não pode ser dito não escapam
de torneira - tomates malcheirosos - comida dietética vejha de ^ ^^tgonha, marseT^oltanTí^^ire^ dela e com ela se compro-
sematias^5i "cicatrizíTdT^ação» Lutam com ela; tentam mudar sua face; matanwia_£n?
pancreas,feridas no ventre, abortos,apêndice,as marcas dos cortes parT^e ela ressuscite em outra. Hérínes_£unL&l3i^
/^^'^^yo^de^ergonha no Hino, mas o poema constantemente
a elelomo o MaíãHSr de Argos, como para nos lembrar
„„„ Pefr deJ«.do por essa mãe louqa, ainda assim encontr^'' ele não evita simpleslngnie ^j^er-gõnha, mas
.^["íliela^ver de fazê-lo. De fato, a história por tras desse
cor visões da eternidade, nas qua'^.
um quadr^aravilhoso de como a vergonha
uma vTd?d dizia-lhe poemas, q J^iílmeinida e aprofunda nossa perctpíao do ttaba o
■Praeittgoradt j-fV . ^ das amarras da língua. , ■
d. Ca!,"''" "=«■ ""P"" P" °*
Ginsbere ^uteiramente.o.fiP.M_t.^r.r Artistas como CiPiS mulher chamada Io™aanmae.Sn. malhe
.«ír:d'r:XT;:n°™ d ° "e„te
dela. Kineston nSf.
luta, mas a resolução ou o , < ' "-aforma, ,<.n. nn,r^dl.a par.
^ «^ii>rormar ló em uma _
para substituir a n f publicar até ter criado algo ^ exatameííelTqíífcer ao encontrar o mando
ó iCd" ' r ='° »■ u» ~"í«" *'""1; X fica desconfiada e pede
C-ffi^Zeusconcord_a.^Hera ençH££iiilíll^^ ^
patas, mas human^mís'rTaiT"- '
í'avfa^i:iOid^vjgiarjo^^^ ce^a
As citações do poema de Allen Cinck
quais sempre dois a cada guarda".^^
o«/rospoemas,PortoAIegre: LScPM extraídas de 'p-m ■ >«'"! p
' tradução de Cláudio Wiiler- (N*
238
239
^^4 I B£
Ii; I^
1 1 I
Disfarçado de pastor de cabras, Hermes passa por Argos tocando Ijuporta onde uma pessoa esteia^j^o importa o horário do dia ou
flauta. O gigantesca encantado com a milgíra p rnnvida_o estra* [joite, não^ímporta quantas pessoas estejam adormecidas, pelo
nho a sentar-se com ele-SCom muitas histórias, Hermes passa O ^^nos dois olhos sempre estão observando-ou pelo menos é essa
e tocando flauta,_enqüante-fônta-sobrep.üiaX-S
olhos^ilanrènvias Argorim contra os apelos do sonoj^ero
os
m-
^sensação que a pessoa tem quando foi criada apropriadamente.
bora alguns^os oU^du^m, despertos."^" sorte, se o galanteio é o propósito, há um espírito que sabe
Finalmente, Hermes acrescenta uma história à sua canção, con
n$6
^^nio pôr a besta para dormir, Pode até matá-la e atirar o corpo
tando a Argos como as flautas foram inventadas, como Pã hayia taivey J
despenbadeiro, um fim sangrento, é verdade, mas melhor,
persegujdo uma jovem mulheLque,_xies£sp£rada í uo que o suicídio,
pesTOÍrd;;;Tr— exatamente ÕHarTcãBêp-sriüntá^aO -Uti professores e todos os outros olhos que o fazem
salpicando as rc^arescarpar"ao cair. Argos jazia morto a ís ç, ^^'^Sonha da mãe e da própria dor. Como Hermes,encontra
luz de seus mnlm lu ' íe p e histórias (ouve velhosblues,^^jmjozaltaoj£^
is
Os %sshe jjiellev sobre a mortei^JohnKe^^
escuridãoV^ ^^^^nta, todqs^s^^mortalhados^ s
as ^iJ^rmec^ril, para qüé"ele possa ^r daqui o_que
'le 2 T°'eS' "hoJ-^^Sibições^^^ m(3õaiuantes,lp£aíbem.
hn,^'-E:^VoesTtte-fflTrro modo atuanieypE^"- Nesse^, '
'iiteta,!'^ "ão está procurando ludibriar a mulher, mas sim falar
t^tLrna-Td°''T' de terra,no fund«
inteiramente de suaaa4'ero'^'"°7^T7^'^^^^~^^^ ^
suas feridas. Vrnajassois^^^màlks^'^
- "ssim chamados
vimxxx... poetasronfessionâis^^
J--] qijais_clese]_<
presente, Ovídio escreve-'"Por" ° P^de a novilha com 'st^j.^^^-ytil^le^onfessa" não são
[Zeus] a conceder, mas nom , ® vergonha persua 'fa cí^^íiiSassim Que alin.eiaJaãQxai^
Temos, portanto um A ^ ^ ° deixava relutante- l»' rííSlríneStóo.»..,fi=..do o
também .,p -iH aproETÍaj^ N consideravam profano. k„cram
oet5.7ím;£'®Í«"l'- EW^odedadedamiS»- V *'» -o cé» genético dnquel.s ,«■ b.«»
imasem pata col..[dld"S°"],""™""-"""ó»»' S , I''' d» .ergonha. Reieit.ndo . ooçào dos pais sob^
sjíêncio, eles na .
E» ama
^«s linhas demarcatórns-"' ^ p„„„|,;!„n-oilC
_P2®^^^onam-nos em nqyqs unj ,
240
M/írv
241
I ' l«l
senso alterado de dignidade para substituir o decoro repressivo poesia que as gerações anteriores admiravam, não poderia tomar
que a vila lhes impõe. Nofim^e "Kaddish",coisas que ant^ram outro caminho. A mobilidade criativa neste mundo requer, em
impronunciáveis e dearadantèsloErêlI^f^i sãcUxãQ fomentos cruciais, a^^issolução estratégica dasjmnteiras éticas.
apenas ditas, mas transfiguradas e até mesmo (o poeta espera) ^6rde essa mobilidade quem se agarra à beleza ou quem sofre da-
r^umdas.No fim de suas memórias,Kingston compata-se a unta que o poeta Czeslaw Milosz chama de "urna fixação ética
mulher em uma lenda chinesa cujos parentes aprendem a cantar^ çxpe^^s do sagrado". Quando o peregrino Tripitaka insiste
canção que ela havia composto enquanto viv^aconTõrbarSar^ ^Uito energicamente em atitudes virtuosas, seu guia, o Macaco,
Em ambos os casos, eslèlipo de arte situa-se na linha entré^o?^" ombora amuado e a peregrinação desanda. Quando o Macaco
grado e o profano, abre um intercàmhin entre ambos e, por n^'®
desloca seu conteúdo, ou desloca a fronteira Potsuade a deixar seu senso destemperado e abstrato de vergonha
o, atravessam uma montanha após a outra.
E,no entanto,se eu reverter minha própria reversão, dizer qu^
esses artistas não são destituídos de vergonha tampouco lhes fa^
inteiramente justiça. No difícil momento da primeira fala, é pro d anos em que escrevi este livro, houve um mtenso
vavelmente impossível para qualquer um saber se o futuro encerra Estados Unidos sobre a preocupação de que fimdos
tao nobres fins qnanto^ímadârãS^;;;:^ Se a vergonha usados para subsidiar a arte por-
reia a língua, mesmo a deve passar po^ particularidades sem dúvida se modificarão, mas o
pe|J coletividade,
^ perene. Detentando
um lado, temos aqueles
preservar que presumemi
as coberturas falar
e os silêncios
PDretL^H
e^nda°Í°:
falar novamente. Os marcos dePora traiçãonão£0^^''
fronteira e risco, cas"
Os 3 "^^^erem ao espaço social a sua ordem.Dojado opo^^ggiQg.
coesoSn foi manfdo ^ ^.■^^^'"^^^^dPudança, viajantes do tempq_que_cqnsider^^Q^
laçj^^Ülor^é mutável, que esperam - para adotar a formu-
inodi P^^íi^^eservar o sagrado encontrando meios de
muito precT »âo esteja ajustado de maneir» está i ^ estrutura das coisas como a contingência exige, ao
escrita elesanr °"i° ^^rmei no início, a sofisticação moral e claro por que essejii«fH©^^PP.^'^|^^
de Kingston ma^ características do trabalho acaba recorrer à expoííção corpórea e^l, mas o
certamente foi co de elaboração desse trabalho ^nece estou estabelecendo^^aqui sugere qnr^exposiç
valentes. O
valentes O í?T l ^^^t^^piritos r™ais desordeiros e ai«
éticas Se pe&' da7as preocupaÇ^c ^
A fi
^^Pí^^ar a razão para isso,
principalmente parrcom^"^"''^ governo,por exemplo).
al^mas
algumas drenas
dezenas de
derr^ u, W r tendo descoberto
do Velho aTestamenta.^^-^f^°
vergonha e, portanto, cob r
pamdo^o-^^^^^^
internas quanto externas de snencio, ^ tiào;' ^ttigas pinturas, cobrindo igualmente o rosto co
sperava descrever era incoerente^em term"®
que aquilo que ele esperava
No! • Com ações eles inscrevem^^®/
parte porque ele parece se
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
vergonha(o sentimento nos inunda,gaguejamos e coramos contra ^ucontramos ojnesmer-paíjrão com conteúdo diferente nas me
a nossa vontade), mas também porque o conteúdo da vergonha, mórias de Klchard Rodrigu^. O "fato corpóreo" aqui é a cor da
aquilo de que nos envergonhamos,tipicamente parece indelével e P^lc, que^ adòlèícênciaTcíe considerava uma espécie de estigma
hxo, permanecendo conosco como uma espécie de fato natural, ® tentava manter coberta:
assim como o corpo está conosco como fato nnrnrnl."A vergo^fa^
é o que você é, a culpa é o que velho ditado. A A excitação normal, extraordinária, animal de sentir meu corpo
culpa pode ser desfeita com ate^e penitêncjs^mas o sentimento
■ pciiiLencja^ mas o sein-ü^v.*.— vivo- andando de bicicleta sem camisa e sentindo o vento morno
de vergonha permanece
Hp vprarknK<a como uma maíca-de nascença ou o cheiro de Criado pelo impetuoso movimento autopropelído —,as sensações
cigarro.
'íue primeiro despertaram em mim o senso de minha masculini-
Anteriormente associei o modo como aprendemos sobre a dade.^eujieguci. Tinha muita vergonha do meu corpo. Eu queria
vergonha as regras relativas à fala e ao silêncio, e fiz a afirmação esquecer que tinha um corpo, porque meu corpo era moreno.
a icional de que essas regras têm uma função ordenadora.
digamos que as regras confiram ordem a várias coisas ao mesmo N
^aso,como no de Kingston, um fato inalterável sobre^r-
Qrando"dr«"'" ao corpo e à psique- g^^^^^^-Üg^do^m lugar na ordemjocial,e em ambos os casos,
deaueaç ^""^T^^^ãiaome^tempo" refiro-me ao fato essa ligação é ser apanhado em uma espécie de armadilha.
ordenacânT"^^^ "np'icam a congruênciTaiüiníês domínios; a e„ '3"'^ qualquer um possa ser pego nessa armadilha, uma
e um sSídÍ O ser estabelecida entre o corpo e o mundo(m^
compreendem''"^ psicologicamente e de que tu», é meu lugar como hispânico; minha menstruação e
Quando Adão?F ^ organização do mundo que nos cerca- tra de uma coisa pela ou-
aestrumHFãcõ^" Pen-"''"tórica chama-se meto:^a?unia das muitas figuras de
Para
é separada da outm"n'"T ® ^ 'T "opo ou deslocamento verbal. A consmiçaada^
traçam uma linha * ^ ^ descobrem a vergon ^^Pécie íi^eoiíhiS2E££i£^^
do silêncio e da fala??,! gs '^^Prec em que variave
identificadas com elat: ■ "como" essas zonas,^
4SãEEiisiidím» "i""-r,:
consignado ao silêncio ^ cobrimos no corpo também *Ni,C°' "'"«l"
;•»top„a„, ' «""l"
i„,|,i„l, ,,M.s
P.r. começar,sempre ka hrs.or^
acomecendo-sobre m.lh.res,ou r.í'."""
um fato corpóreo - a ^ sino-americana. Ela m X um O e„ca„..men.o dessas(abolas re^^
nhoso ao situá-lo no ^ ^ classifica como X? »"ss regras d.
relaciona o conteúl^X^Tgthr'
S,?"'«Sm 'TLá
V, ^contingência de suas figuras de pensamen ■ «!
Xues .etbais são io.lsi.eis, o arrifíe» d. ordem social
244
245
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
se torna igualmente invisível e começa a parecer natural. Como Esses são os princípios dn esforço consciente, mas ainda temos de
a menstruação, a cor da pele e os genitais são fatos da natureza,
também a ordem social e psicológica se tornam fatos naturais.
^^coq^rar^j^nte do trickster - ou, se já o fizemos, ela pertence ao
^rickster que tenta comer os frutos refletidos, que queima o próprio
Em resumo, para construir a armadilha da vergonha inscre ^nus em um acesso de raiva, que não aprendeu a diferenciar a isca
vemos o corpo como um signo de mundos mais, vastos, depois ^0 anzol. Como vimos anteriormente, as pressões da experiência
apagamos o artifício dessa significação de forma que o conte^^Q produzem, a partir daquele personagem um tanto estúpido, um
Ygrgonha se torne simplesmente o modo como as coisas são,
como qualquer tolo pode ver.
trickster mais sofisticado, que separar a iscg do gua-sabe
Se é assim que a armadilha é montada, então escapar dela o signo de alpn nãn p a rnisa^em si e que. pormnroT é um escapis-
deve envolver a inversão de pelo menos um desses elementos, !!?giihabilidQso., que tem'um relacionamento muito mais lúdico
que pode ser chamado de fuga "de corpo pesado", sentimos as histórias locais. A tentativa pesada e literalizante de fugir
ha alguma coisa a ser mudada, mas acabamos tentando mudat ^rgonha carrega grande-parte da armadilha com ela — a ligação
proprio corpo, mutilando-o ou Méjnesmo cometenjip>uic''l'°' ^ ^ o CQrpo^ o silêncio e assim por diante. ínarticuladamente, toma
tf0 aJuaj^Kmgston fez. O suicídio é o caso extremo, ciarg»-^ pela coisa em si, imaginando que o racismo é inerente à cor
™™P™5ARodngusz,ofei^^ bom exemplo da maneira truques da linguagem, a fuga leve da vergonha
ifats c^ujiLpela qual as pessoas tentam escapar da armadilha ^ estrutura - recusa o deslocamento metonímico, o
ao mesmo tempo em que amda tomam seus elementos figurativo' e das histórias do grupo e as regras do silêncio - e com
como valor nominal: separa os níveis supostamente superpostos de inscrição
Ser ^ de forma que o corpo, especialmente, não precisa mais
Quando garoto, ficava na cozinha (...) escutando_enfluan^ Íssq encarnado e mudo da ordem social e psicológica.
",P que sentiam por ter , silê' ^^pecialmente o ato de falar quando a vergonha demanda
uiii ü\h ^ expressa pela mulher: o temor dej- Senf "^^Pende em grande medida de uma consciência que nao
Zltrr,' Conselhos sobre rentédJ
muita i, '^ibição, e sabe como as armadilhas são montadas e
o rosto ^ Crianças que nasciam escuras cresciam tef ^^bvertê-las.
suco de de clara W de Richard Rodriguez descre^ odese^lvi
■'haj^^gglèõnscIgHiCT orgulhõsõTgn^ez de envergo
própria pele. Certo verão, ele conseguiu um empreg
'^dingjj.Q g deixou escurecer:
«"■». ■-»«-
memosãoínvLsíveiTrr" ""as onde as figuras de Pois daquele verão a maldição da vergonha física foi que-
racisr. un JZ ü™, een um. sOC'">' pelo sol
Nãomms^nUassensaç^^
aul (...) iNia O maiainu ——^^^cnparos
247
PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
ne-
tornar-se senhora da própria sexualidade) e o outro a cor da
Isso é apenas metade do caminho, no entanto. A expressão pele(que associa ao ato de tomar posse de sua "masculinidade ).
gro é lindo" ainda iiteraiiza.
iinuo amua literaliza. O
u negro é
e às
as vezes belo^_às_yez^S'
neiOr
« " .. . - terno medida em que outras ordens são vinculadas ao modo
feio; às vezes "negro" refere-se ao petróleo,às vezes a um terno ^Onio o corpo é inscrito, e na medida em que o vínculo é selado
de executivo. Libertar o "negro" da "vergonha" associando-o ao por regras de silêncio, o primeiro questionamento tartamudeante
"orgulho" não^é^anço-suficiente,como Kodriguez eventualrnetite dessas ordens Hpwp cpmprp mmeçar pelQ.^EQiIlPJtBg"to do_sêÍQ e
passa-a-enteoder. Hoje, quando se hospeda em hotéis de luxo, os
funcionários presumem que ele é rico e ocioso e interpretam a P^^^/ala^obre o corpo. Quando a fala obscena tem essas raízes,
a pena defendê-la, e aqueles que a suprimem incorrem em um
pele escura como um sinal de que esteve esquiando na Suíça ou
navegando no Caribe."Minha compleição",diz,"assume seu sig mas sério, perigo. São rnnm£S de^es que imobilízamj^
nificado com base no contexto da minha vida. Minha pele, em si, essa supressão entrava a imaginaç^q^^nf^íH-^-^âtureza
nada significa."" Essa cé ad percepção
percepção que
que tem
têm todos
todos os
os que
que cruzam
ci >
^^"tingente e mutável das7oisTs e, aSm,atraem mudanças apo-
as fronteiras — imigrantes de fato ou imigrantes no tempo ^'pticas quando algo mais dúdico teria sido suficiente.
que o significado é conrinfjpnt>.-g'i7Tiirnt^H^Hp p fiiiTrlai mesmo o o tnckster roube a cobertura dasj^ergonl^^
significado e a identidade do próprio corpo.
Agora deveria ser mais fácil entender por que sempre haver» deixar que o Macaco o acompanhe em sua jornada
arte que desvela o corpo e artistas que falam de maneira despo" o oeste
a de vergonha,até mesmo obscena. Todas as estruturas sociai»
azern bem em ancorar suas regras de conduta na aparentemente M
simples inscrição do corpo, de forma que só depois de ter co otas
berto minhas mtimidades sou autorizado a mostrar minha fa^e
ao mundo e ter uma vida pública. As regras do decoro corpot» ^°tirning Dove, p. 181. , „ma vez na
"Hermes, verso 156. Esse epíteto é depois que
sen 1 'T'"" ° da vergonha q" homérica;é como Aquiles chama Agamemnon depo
ur^a Te t""" ^'g^imas vezes a liçã» ^ 3, ° insulta, no livro I da lUada. Ver Cairns, p. 15^-
verdade
M pois quesüoná:^impiica autoexnnsirãn
astuciosamente p humilhaSa"'
autoprotetora, 1.
5. "'y in, p. 57.
aqueles que descobrem que não podem cavar um lugar pat^ 6.
>.
8.
Moj, P- 235.
a autoexposição -em Allen GiLL^rg^oo\tnlÍ"eran^^ 9
249
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO PUDOR SEM VOZ E VOZ SEM PUDOR
251
A ASTÚCIA CRIA O MUNOO
íi.r-"??' |'Vl|
c^ melhor
iiicmor que
que o
o mestre
mesLic seja
owjv._-._„.-
'.'.'^«sponsabilizado
aitrxLl ^
pelas
.
coisas ruins.
. . , pLeebadisse-lheque
O «»maa uma plantaçao
Pi-r ^ M». .e„.
planejando roübarj_c—
252
253
A ASTÚCIA CRIA O MUNOO
porção
vivia na terra,
252
253
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUG^
pn] ['i/ifn)-"
jvõfi) ('<Ahi-- , nir
H.ir'''''
niu todo O povQ^-ntiTrriou-íju^ualquer um que roubasse de sua P^tte, porém; quer^esconder sua dualidade de forma que as pes^
plantação seria^condÊnado-àTífór^ Naquela noite^J-egba_P-^S*^^ Pmsem que ela é boa e nunca má, elevada e nunca baixa.
de Mawu calçando-as, roubou todos os ínha^^^ Jifg^briga a se mostrar dee cara
cara li^ou
nn^ sujahel^^
—
Quando^ roubo"toi descoberto, Ma^ reuniu o povo e fez
busca para encontrar o pé que correspondia às pegada^nq_c^^^ J^mbos„Ela deTld^sHif^^r.
^r. Completa a separaçao do
o. Como t^inguém fQyiescõberto^T^gha perguntou se P^^P f-'0, a p;;ird;^u:L;;í;;lsa a não ser mais tão vi^ad^
'«bento, . ^ , _ L J1Z„ o n3n ser mais tao vigiado
não.poderia..ter ido até lá à noite e depois se esquecido ^e tornar o ambivalente autor do que os humanos tomam
Quem, eu? É por isso que não gosto de você, Legba-^ mesmo tempo por "Eem" e "m^'- „ Hp mãe
omparar meus pés com aquelas pegadas." Quando MaWU
o re as pegadas, ele^corresponderam exatamente. ^ que e'^ afastar aocnas
qu-..!^^se rètirãlmediatamente. E .
dois ou trêsjnetro ^
lad ^1» ^oiTieçaram a rir e a gritar. "A própria
era seu""^^' apenas uns três metros. E Legba a
dasas afv ades do d.a e recebia instruçõesela,
paraprestava-lhe
o dia segu.ncont
-
asp;::::::T'
Provação. Irri"
Legba'az. alguma coisa erjad^.
^ E£Ópria Mawu junta^^^a^^^-j^ite, >0
depoi^de lav áha-eeiispir&ii.com-uma-velha. To gpi " ^ ^uio. o ima .-r-otic^-B-
Agorao ͻT"
vive nas? «™v.a âg«.
^ V^^'^^"''aivecida, sui.logo P
Mawu <>5 n;^^^íânde confusão entre limpezae!HlSÍ--r-^^
filho, aqu. na^ *>5 sui;3?-2jenipruxKlo^^ oureza intacta.
°'^«alhe que n,. oraf"' ^ lá em cima, e Mawu pode manter sua p
fim,"'asTãntpfH^'^'^^^ a água suja da lavagi.^L-^^cis"
-isO
dentro das próprias casas (^epulsivo!^. Séculos atrás, os nativos *^uas. Sobre a terra animais de quatro patas trotam, saltam ou
norte-americanos se revoltaram áo descobrir que os europ^ ^^minham."^ A^s dietéticas do Velho Testamento decretam que
guardavam no bolso lenços cheios de muco nasal. as criaturas anômalas, todas aquelas que não se enquadram
tan^o-da-iiuuiidície'*', disse um nativo de maneira sarcástica, sujas, "abominaçõli^jogiiiHli^
-me seu_l^o e logo o encherei para você."^ Seguindo a u salmão com escamaT-"-" ^ ■''uia, mas o saponã
hnha, fiquei sabendo que pessoas originárias de climas ^XUEo
divertindo-se com o excesso de roupas dosEuropeus,aJgnmasj^^^
concluejn^ue os provenientes de terras mais tempera<^s^£f25|^^
consetvgrospeidos pró^hio^clírpaE^^ na India^
tâmane que foi seriamente conspurcado pode_piAíjfi^^^~^^^^»'^
esterc-o.d,e.vaca e água,.."Vacas são às vezes consideradas^^fÜ^-g^
teve-um viajante.."Estrurne de vaca,.,como os
q a q^outro^nimal,é intrinsecamente impuro e . go
jmento-na vèrdade;_avilrará um deus; mas é o
' '®dvos ' ® quecomunidade,
a esauturam. Aisi distinção
bacf mais impuras dejima^-vaca são P aprdpnidSFdo
de re"'^ "^^'ação a um entre apropriados do pudor,
d,do, ao"° limrffTTT^ív pudor,rfoaa ousei v» - ^
observa ordena-
fj in^^era^purezas deste.'"* íioS ajuda a fazer do mun um lugar o local
mundo
são suficientes para começana^ ^'radn desonrar essa distinção - desígnio,
^ qne é estabelecer uma regra ê!^cuj^
livro antropóloga
sugere
de Legba ilustra ambos os lados d partida^^
gar."
-l^gar"OOv^ „ ns a um velho dito; "Sujeira
^ é-
"^í^pãtos nTar^^-— X Legba o ameaça com uma ap ^^osmos surge,
Sâo-hag^unea- rx ^"""■"-^íí-^íí^^^rumados, mas^ern^EnS- .goSí H Cq i^tna vez que Mawu parte, um exà}^"
forma é definida '
dos pratosj:)ouglas
dos pratos. Douglas afirm ^ é mais o^ caso
^nomalo^l^ ' °"8las acrescenta uma segundii^-jglé^ quç
Cl.._ {■••)\ nrrlpnampnfo
do i.. ordenamento SÍStCmatlCO
sistemátic ,' . pois■ jnessa
lugar qtódo lug^^lJííSl^-í^rr" e ordem são mutuamente dcpen
^ ^^0 Testa ^ sentido ao nosso
por eiemplo, aiVidFo mun^l i^s, ,ue Douglas
^ "da elemento, expü^^ Z,
«"s asas N ^gua, pe.xes Armamento, aves biP« ,,arb^
escamosos nadam
256 257
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATfHIA FORA DO LUGAR
situação O conceito pode ser facilmente invertido: e no sagrado salão da tecelagem ela e suas criadas tecerão
criaçacwla oídeai é um subprodutcrda-Süjeira.^A sujeira é uma das ^ovas vestes para os deuses. __
ferramentas disponíveis para o trickster quando cria este mun o» Cada_uma dpçcíic íifiviHíJi
o mundo do qual os céus estão muito distantes. gens e uma granuc uiu^^x. - ^ n
Optei pot abrir este capítulo cojm^a históxia-de.Lêgba_p5í^ '^■tto no ato de tecer as vestes quanto no de cultivar os grãos 2
ela trata da^Primeiras Coisas,Tas primeiras coisas devem vi I r do drroz.
arroz, em
em particular.^_eMfeC-^^^^^-^
narticulat.^XÍg^aiIQ2aisçui^d^^
r ^
primeiro. Mas se forem feitas corretamente, as primeiras ^dos,
líl£adoSj_ee os . vários modos de alterarjeusJta^g-P
alterar_seuiJíâíâ-2
nunca mais precisam ser repetidas e em muitos aspectos a entra , —7 - /^oirn.
i"utos são
sâ^prc5á2os-e-defS^^^^
—
tnrrívíirloç_í»--<4ef^a^espal]ia^^^
^^■^^' tó , . V cnlilime
ecasoro sublime
Em ^'gtmas-verso-cWtrlíistória
algumas"vèrsÔESThrmstória istoria,, deteca
sujeira versões desse tema da revivificação
o Lrson Na.ínitoleg.a xintoísta.eflSi^sa^Í de ^ ^"^uterasu, de modo que logo q
grande
tecelagem,
5a-no^ grande repulsa."
repulsa." Quanto
Quanto a ^. ^cAtfáSâiÊ-"®
c^j£aie.um
comQ.Q cosmn^^"!f-° o céu e a terra e desarranja£.2^-g^ Pôripi ^^Bre i^m
Pôripi um buraco no telhado£_„^
telhadoe__„^--- »„ cnbre as mulheres
t-^easmulhere:
tia tempestadêf^^-^derenciou. Susa-nô-o é uma'espécie qUe. trás da cauda
acrozais, a tempestades de primavera Para '
Pata Tálá dentro* (dTtíás para a frent 6ê
do Sol
do Sol, Amaterasu^ p Susa-nõ-o).'
• - • "'*"A irmã de Susa-nô-oJ^^,i '"'tüsâ' -- uma
uma violação
violação tabu
tabu ee outro
outro _pe
pe sol^que
^cabVaêldentTp ^P^^^dio queome Cai ^ aterroriza tanto sua
%.^eoteateabncadeiraperfuügZ^g vagii^^» ferindo a
Novo Palácio p1 ^^ituais que encerram anoix-- n-
prestes a provar os primeiros Etj. ^'°fdo com algumas versões, mata" sóbria viáa-
dl âmbito, tudo isso é
^"'dvo sol, contada por um
° ■nomenrn i: detém "ecoroso do que a maioria ^ira.' o" lliíír^2^££oí;EÍrconsequêíia^^ nóíài^^^
-'"XÍ& .C"i=
""egá-t A ^"Soconfessart , e ameaí^„„,e« T-O (exatamente como2i2!^^nianeita, Susa
"'um1=^rudemaosl
araumf o P°<i=rosoS°a
escapar ^ ^^^^^§<5S-tiiíííaum "'%êP"'''6^<
^P°'° ' Ao \o
encantado e ai ° f'"' Ine estava n P"^®ngio, um exausto escn AP"
brr" para criar o eixo sobre o qua
qual ^^atetasu na
nao
''""'edescat®'^' '°'^ndo uma
^ "«ena de Mafa e
encerramento do co^' eS- %1« ano novo. Nas versões segundo ^.ontece em
maculado por umnntes,
bebêmas
que isso
soltaP^°
g"' e °'do resultado das ações de Susa-n
258 259
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
MATÉRIA FORA DO LUGAR
seguida é quase igualmente ruim: ela se esconde em uma caverna» ^'gnificam que ela^ão pode faM^sso,e as novas sementes que
o céu e a terra escurecem,e "toda sorte de calamidades"^^ ocorre seguem revclam-riòs^pDTnjíãéT^ por que o sucesso dela seria
Os deuses,então,devem trabalhar com muito afinco para traze ^ •"n desastre pior. Neste mundo, no mundo do trickster^^ajd_aj
luz de volta ao mundo,e embora haja muitos detalhes interessan ^ ^"^te são uma só coisl; nI^Ji,.í»ePflí^3JmJlinÊi!Ça^se
no modo como eles a atraem para fora da caverna (o qrie ínc ^ ''"raccLa morre senrsT lTvrar também da,vida. Nao se obtém
rincadeiras obscenas e muitos risos), o gne nos interessg^^ ^^■nente nenhuma se a luz do sol for sempre pura demais para se
enquanto^é^ue a sujeira e a dpQordem que Susa-nõ-o ao esterco dos arrozais. Não se^obtém
nos rituais da colheita iniciaram uma espécie de eclipse»-^
uma especjie de-eci^
se seguem, por sua vez, rituais destinados a reparar r àdlímca«trarjlo Novo Ealácio.Ê
procura dessas se«s, comoTia
toda vez que ^^mpre
humanos um
ou deuses
sol dísanarecq^is retorna, .gr
_
-o, 7 para purificar a vida com a exclusão da -orte
1 ^ promovem a vára^^
^^§0 à cerimônia de ano-novo de Amateras
^ I «mpletamente a ordem da sujeira quee
£o^^nün^ um tügàr mais fértil para^sê viver, como ^ tsteí seusumplanos.
p>''dade. ele abre buracoQuando
no recianpureza s P
to -S-doJ^at^ ^
2 seguida.
seus malfeucs. os deuses banemEmSusa-nõ-o
primeirodolugar,
céu,por
e ek P ^ fton ' as virgens tecelas^ou^spa____.^_-^-g^
Pod7i'^--_SoLb^^
da aerirT (conforme uma interpretação, esse é o
vadas aoVn'^ da colheita ante®
Har,tão logTchra descida).'^
alimmos^e cuio ^ mata Igo
feijões azuki ■ morto saem sementes: arro »
colheita celeL^f^' -^ssim, a história que se inicia c ' história japoM^de
PlantadasÍ?V^^^
plantadas oara ' sementes tep^nas^qj^^
com sementes " - "^ariçi '^'srnente, interpreta£ido^5££2--^^
^iUinçonto H ^J^açahumana.(Énireuma^^^t^^ Par7^CtanJ£]iFeral. Embora seja^u ^g^entes e o
rTTr r^-Semyerno qoal a sujeiraWsT^'^ '
cas^ ra ^a agrária (as sementes chamado de
clausura, a ordem^^^''^ fecunda o impulso de fim ' fezes deveria ser mais aptop" níveis- Se
«Ujei as imagens repercutem igualmen quando
levará a outro porque a tendência sol^f ''kth ' ""«Stírr-ir-fora de iugif^ «e e o q ^ ^^^re tricksters
'fessa narrativa - ^ caso não seja contida. ^ ^ dgP^^
~®ol e, assim, levanH ''^''aPseieir'^ ®^evem
°'^'femreritão-«5re outras h'S
também falar da esten i
^g oculta em
modelos qu
sistemas e projetos h""^^"°"tmas que e"anros
O mverno ^ -^tamente esse ^p Ho'^°' f efur conta do mundo e fmquênca m
Mq»i>ar-s,d„ '"PTOtaa,,,1. gostaria de nele são
casa
"'""»q"fncias.Asperturbaçõ«*'" ^ ^ complexidade das coisas, e
260 261
MATÉRIA FORA DO LUGAR
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
263
262
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUGAR
setenta anos,ele publicou um longo ensaio sobre como Mercur^® ''o Cristo simbólico", escreve Jung, os alquimistas imaginaram
operajiajma^inação alquímicaTligãnf^f^ ao maÍs"ãntigo pedra filosofai, ou "Mercurius-Iapis", que e "an^gua,
e oferecendo em dado momento a'seguinte descrição concisa- sombria^^ paradoxal e com^ietajnenje_EaSd^"-" JungJessa
Mercimus consiste j^toldos Os opostos concebíveis (—) P^dra-MÍrcuriuTrepresenta^-^m aspecto do eu que se mantém
processo P-elo,qijai^ofeixo_e matérijd-é transformado no ligadoj natureza e em de^QldoxonUi^spíaiaçn^o-
c ^^ÍEÍÍMaij_ejdce^rsaTlÊ'x^ psicopompo redent®'^'^ 7'esent^odas aquelas coisas que forH>.Ê!Í!!lÍ!!!là^^
tricksteteAíasivo,.e-Oxeflexo_dÊÍ|eus,na_natureza física,"" ristão»,» oraiqurmls-tiTcWpiiiram a imagem de Mercun
PQp^o_principal do argunàento de Jung é fr do matertai encontrado nas privadasd^çong^^
ua43£^ã3iento Conforme
um ensto^cessivamme^dcado. europ£ii_para
sua imagei" t ;ÇÍii^"Os textos nos recordam repetidas vezes que Mercunus
"rontrado nos montes de estrume'."" .vrrementos,
dos séculos lio e pelos dog^ ^ ''«vo ° .'papéis narepresenta
história
quauL2"f^-°"°
q ° o "Sol
NãoNovus
como resulta que Tp ^®5-3_rre-Metc,urius na verdade tem o
a suje "®-5?íl'm^naíido: ® ® «oi e é o agente ou o
Ir -bretudo ■^''0 ' q^^i
qual essa purificação
essa sujeira
sujeira encontradooo cami.
Novo ^ graça que cai
cami.n
Mas crista- "pxxKza ^^Çdas cicl^j
s%re Mercuri,,. .é 1..
encontra
. hosra engendradoradagraçaq
rr 1-- chantas pro^ utanto a^tota
n'^lBêm£^tnHcã3ã^qÍ^
rSl?'"" ^--tidade de impurezas,
sombras.Umarnçr™^^' ^'^"'rmla em algum ^íiienf produz essa imagem, o excluiu.
"naturalmente envolve Punfícado,"'Íj^^^dícir- So-^-Hk^igmente
-P-fazendo__çSgl
- --q^^^''^' ^^'^^^^ apenas
"«díciedev^ 'f°P"' ^"^®^~nO'-Q.europeu, uma figurn e 1 r g_io, trazem as
X? sob o trono de deus, mas, ao ^^^,3
I""e aquitS-sf ,„i,.» ^0
ll
figurativas da graça vivi c Nesse sen-
queordem.
em fazer com"ds
A reeríisubnr^Vi Problema
Procisso de da
porsujeira
a casa esp
[tu^ a "^^sponsabilidade impotente e cr ^griòr.^££Í^'^
fecal da infância ®
e riegradação sempre existe erro, -ÇS icai_
redentor
coisas e^fdmr^— da o '"'"'"vãmente por meio de
igreja. Sempre st q^^ndo o que estão lirriP^'^.^ sonhos, intett ^ p^p^iema
í^ôes
V,f ' °através dos símbolos
do reconhecimenm
e traduz
P^^^^^p.donasabs-
jpgis tar ,
Próprias da consciência desperta- ^jfica o
'Nip velAohovoltar-se
compõepara
um aensai o que ^ j^ica.Jungestava
literatura
264
265
A A5TÚCIA CRIA O MUNDO
MATÉRIA FORA DO LUGAR
ticula Pngãos acarreta¥supressão de um P dar uma noção do que pode stgmficar a ^firmaç- d PU^
imagiLJ espiritual..,PQyps aborígines nao ape ° «torno da suje.ta vem a redenção ou a jantai
nias os im"^ ^ com<ííguras ambivalentes como tnopu'^^'^ o pai de Jung era ministro e,uma
deuses estreito relacionamento com os on Peta ® 'i"® "^^do Jnng teve uma no qye se
amizade n
imaEÍn^r'^^^^P°^o_Qux.ntrfiEx_u e Ifá;elas pronta de,.. --.?:f2;^abzar o cristianlsmoiíií^'^^- „ santuário.
e su/SrSr,!!;;"'"""to Pa.^*Ü-P*Sãos e matém sornbría.dojnseB-^P'^-^^ fazer uma
fôSSê^'» J"8 «oiSaSíSj,» '^"^rmisegue, nas palavras
""»»« iiSSr^íi;'™ que os filhos de Deus se
■ dqun °°"de houve uma ^eparaçao, qne^ ^.p^ra (...)
doij Construir uma ponte através
Vr^^^dos psicológicos".^^ . - Q que acontece
retratQ.de uma reujlinO-^^. torp^P°nto,>, porém,
porém, pode
pode ser
ser melhor
melhor , ^^ recriação,
recriação. O
J^ng não~ecègd"r~^^^^--^--"$^i^Ç^— '^etoj ^'"^^Çào propriamente dita, em vez . ^ ^ jjgsse caso a
diferenciação de espirituais que resultarn dess^^^^ da sujeira é uma ameaça à antiga o ^ g^t)stitui por
seu argumenteiíe to^í^ ^•gon ^do apenas dá alento à o uma opção ao
^^sse caso Tu
j'"mtelacionam^^>"!!"«"niões familiares" pagã^ ieí^t^l '^dstian^°'^"^"^^dição alquímica se
''Pi t„p ortodoxo. Mais relevante^o^,^--^^ sua vi a
'®nt04inteii„Oj^^ quandoMer.atxhisél^^p'' 'Pc1;í|5 dq s£u.ppój2m?5i5I^^ formas de psi^
''^lise «onte de estrume criou as conscienc
p tntermediárir,"""'^^
que pode, por exemnl '"^ ®o inconsciente quantocomérC
oJ'5Í--^ta r ■ '"Paginando
aginando a exploração e o desau
desa defin
jetin
de sé.,.u„ T.._í. m.„nn.srica aIgreJ^f
de «foraniM
soího ou converter.g^; "'Pen
li,"d' ^®®dculos, Jung diagnostica a § que "fo£52i se
de M^curius criou uma terceira coisa: a^icologia anjjhic^- ^ il^do esse material, das narrativas antigas a essas modernas bata-
á ^vas sementes" no fim dessa história de^trabalhadores—^ Psicoespirituais, levanta a questão de como qualquer ordem
?P'ritual, secular, psicológica - de\^ia se relacionar c—
Mas a história não deveria terminar aqui."De acordo cgSlgág^ fSEfla^ra. Por um
-íi-::i.^eira. Por um lado,
lado, sese aa pSiSTcom
pureza cum freqüência
—i resUT
as ^12™^.EÍ£2!ógiÇas'', a psicologia.analítica terá^ventuaj^ê^ •'«Ba,,
esteriliza"' * „d,„
' ' d..=ri. .it»«. s°» ™" "'te
montes de
^^'^^-Hoyemasjçom^ji^ O Espírito cÍe"Mercurius nao "mt muito longe d. cidade. Por outro lado, «• >"1=
Dur ficando
fi'^^ as idéias do mestre,
Temosumjá algumas
JfWuto d.etiaçlo d. ordem, nentem. otdetn de..,. »»
pur processo décadas
que devede aco' >'»«..me„te o te.otno d.s.idt.,. ní».«,«"l"
antisser!""^"^^ ^ ®®<=ória. Se Jung flertou p autodestrutivo.
^^todestrutivo. não deveria-
em nome dos arquétipos.,seJt ■Pos
se fi"®'^"®"do
surpresosa segunda
com o fatometade
de quedesse i e ^ ^ J^„ci&g
a ordem
Sr. tem,pate nie> violenta quando ameaçada pelas pro^'^, ^^i^or
e.;;'„»..at todo o ,oe „»!. no
Hjt granH^c p acabarJSS^——
-i '^iãT^nas momento em que estou escr ^arv incinerador^§,£-â£âb ^íiriíTao^^
alegando aiip'T noticiam que um pesquisador c ^'carue observa, "a existêr^cia d^jno cantam à
sentou pela prim"^ detalhes essenciais qua" %^^^^^nti:olada (...) Consideremos
relevante em rp teoria do inconsciente ^ ^^Bl.&gscocos
®£9HÍvos^Ju^^^^^^P^r.ami>
^Sfeiung-proibiujiaçesOT ^otp a defini^^
d_efiniçãp^o„gdP.^-^^ da
jg antropologia
•í"® Não ficaria surpreso Mas"pTatiramente
^as praticamente não contra^'
contrao^anô-
_""ia fantasia proibir^ ' a ^alo
^lo ^jodar
^i^dar a encontrar a violência^JíL--^
violência^JíL-^^
fantasia prJbV;;
aparecido debaixo H ^ ^ ^^guma coisa escura e fedore*^ '>i"í^-f;íat^Iugar..^^
tÇh. de® "Ur An
as perpétuas
para descobrir~irE^--.í^^«lt^adeira na qual seupaj.s® 5' "íimpeza racial" do século-A-A,
sécu o- ' -
[ugaf", „.ra nos
^ da «níma nos sonhos dos paçientes- 'SJ^^ttomo
^Pibta "tanter os homossexuais^
a ordem pode se tornaremcruel . de sua
. bi '"Paginada. era difusa e um tanto
aspectos'de ' acostumar ^"nios similares. ^
%vi3 /^'ono a exclusão violenta, essa respo ^^^^^^dade e a for-
divinaçãn rr» ^ 1 ^ Bartir do monte de entuih pra
let^i porque é em contraste com especia^"^^|^^^ ^
'"lha, e os oT , tanto Freud quanto ^ Pod"""' °«tas respostas parecem atrae ^ _ qualquer
** Assim foi ^'^'^''^'^cntos ° o Coiote sempre j^ff
%ée> ^er chamado de contato ritual com ^ contido com
Masson. de Freud . r ffreyf^^' \u ^ 'formalmente
envolvimento estão
sancionado,
além dosestru u
hntttes- ^erto sentido,
'assediados pelo desobedientc Jel"'
268 269
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUGAR
grande parte deste livro trata desse contato,já que do terreno sagrado Temos uma clara noção do que acontecia a
de trickster é uma espécie de ritual narrativo suiOjJjP escuto, partir de uma í^ta do século XV na qual um clérigo parisiense
auge do ínvernoT^umidtT arcobras estão debaixo da terra", ^
/4y-\ •^^ t _ ■ 'I. • a . " oS
aparentemente mais decoroso reclama sobre uma Festa dos Bobos
vira nas províncias:
■ :•{ .1 nativos norte-americanos contavam essas histórias, acolhendo
fantasia todas as coisas(incesto, violações de tabu,egotismo íns ^
I. ! etc.) que nãog^am^ parte do centro das coisas, bem no meio do serviço divino, mascarados com faces g
a ^Oura^d^ddotó uma vezjjrna^^^ fantasiados de mulheres, leões e mímicos,executavam
Ças, cantavam canções indecentes no coro, corniam ,
Como logo~dScõbrinios, e cmnõtodo ouvinte wí gn^durosa em um canto do altar, próximo do padre que ce^brava
ago teria sabido imediatamente, esse,".çjiefelli- ^ missa, pegavam_seusjpgos de ^^dos, queimavam^ saltitavam
está fazendo reside absolutamente fora da ordem . ^0 fedorento feittT de couro^ sapato velho, cor
™ Radin observa, "o chefe tribal wínnebagojliQ-^^^pirO por toda a '
No fim do pt^ é
- 'V >*
nunca chega de fato ao palácio, ao Vaticano etc.) e controlam sua dtuais são sempre conservadores. Rituais sujos podem estabilizar
duração. A Terça^-Feira Gord£j;ujji£a_£2^av^ coisas por anos a fio, mas quando a ordem enfrenta uma crise
Quando a Quaresma começa,a hierarquí£il2í2-r' 'andamental esses rituais podem se tornar os pontos focais da
ressnmo
ressürge-ttsplandecente, pois a ferrugem das tensõesJnterni? ^ "mudança, momentos caraiíticos para a reavaliação da sujeira e as
polid^ela sua exposição. !f^dadeiras transformações estruturais. De tempos em tempos, a
ZomBetèírÕ^mas sem mudar a ordem das coisas, o traba "Ça-Feira Gordaúíí;^^ para a Quarta-Feira de Cinzas e para
sujo ritual opera como uma espécie de válvula testo do ano também."^uais.SüÍos-t«gu'®tc''
permkmdo que conflitos internos e anomalias írnportuimj_5?^ -tmW^rtmnbu, apar'í;;^no após ano para fortalece
P -®^*^ssem conséqüêriciãs sérias. Se todos sabem secretam ^;'^Jcimento da baste, mas então, quando as condições o exige ,
fl o papa «flo é perfeito,o segredo pode perdurar ""em para proporcionar um novo crescimento.
fijp 3penas por um período limitado, sos historiadores têm-nos fornecido ® J, grece
JPecificos que demonstram esse modelo momava-
vos —-PBPa- Se todos sabem secretamente que os e ie,; P-^
da
que a
aindl ^«"hores carecem, a escravidloj^^^^
li"td apenas por um pe-"' Alerv. .-^P.^il.Qa.uiiupapel-rhave na K -:"'""7i^Tpxtra\Sou
"Í;? ■» ~,.™ à me.. (cpO»-"2r c ® ritual se quebrou, a p^jece claro
, / «.i£5' O «..vai é.por..n.o.j!»;íi^
social „o q..l «
^•^hém"^
Pulou
alterada em seus fun f^^^g.jigumaivezes
brincar com os papéis dos j g génSaiSl^
quando os estandartes São recolhidos.'"'
""leamence para serem rem 'tgum^^ cercas do ritual. A historiadoraJ^._
""eforça ,,4/ Modernidade serviram para - carnavalesca
° ® função
^as j^;4r-----Bl.^^^^"turas sociais vjge^^^- | piadas e brin-
desregradas, normalmente o ^ desobe-
°ferece uma espécie de vacina e g vi"' ^'êrici ' revela-se "uma sançao sociedade que
Afinal dscoJ'^^ ^ ^ j,taiP S para homens e mulheres
*"^asses baixas poUcos meios torm^
, ^ ^^asses forma , carnavalesca
"oite que acabam m apenas os gaios 1"®, ,ci^^ Consciência de qüe deixar qn^
Dncriar.^;., dpixar que ^a geralmente
apralmente
nnfem dominant liando a violência é a única
lae não consegue ^"®.£9Sefuidadoosis^ . p'^0 ■^Vç í^^der de ficar por ciba durante a acabam,
conhecenT^p^jq^ ^ que responde
ííi, Manter as mulherel\embaixo controlá-la e as ■ o'-,'
272 273
jÜf.^
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
MATÉRIA FORA DO LUGAR
'e Ouand
ave cachorro e esfrega-a na cauda ^8"ifica que ele pode operar onde os altos deuses m s dd. °
m;', 1,1
podem e, coL resultado, a fertilidade e as
cabana para ° ^"fnte ^^"«ram neste mundo. Ambos^JT^fOS^^^
e começa a beb^c^*^' ° Corvo tira a cobertura da o Douglas estabelece entre
dos insones trêmulos. Eu trabalhava principalmente no turno cegamos e para o qual damos as costas,o sangue e os excrementos
da noite, e ocasionalmente me encontrava durante a madrugada dos quais normalmente desviamos o olhar, a imagem de Serrano
limpando um homem que havia se empnrrgjhgdo- enquanto esta P3recia-niê perguntar o que ps soldados romanos perguntaram a
va perdido em algum delirio. Naqueles dias, eu passava a mm^ ^edro: "Você conhece este ho^joi?"
parte dojempo restant£ absorto em livros e idéias, e o traba^ A anti^'saBe3õrIã*dTria que esse reba^amento d^_deus_é
no hospjta^e^jli^rava tudo isso com uma gravidade redenm^- paHe^cessáríâlfe sua renova£ãpj)eripdÍÇaí ^ ^ue Serrano
Diante da obra dê^SeíTano, essas memórias acabaram por '"'^ervém,^comó 0'fei Sfisa-nõ-^^^^^ salvar o divino da própria
juntar a coisas que as pessoas criadas em um ambiente cristão P^teza excessivamente elevada. Mas atualmente não temos nenhu-
sempre caaegaram -específiçai^te,a idéia dg_g.ue ajrncarnaç.ãg forma coletiva, nenhuma narrativa consentida, para nos guiar
^^igiojachave para os evajigelhoQ^ de que o crucifixo deveria tal operação, e portanto - uma vez que a necessidade desse
nos lembr^que seu corpo solmri^r^^^rT^ndo ele chorava, 'P° de renovação não se acaba -somos periodicamente forçados
avia agrimas, os espmEÕs": as lançaTfaziam verter sangue- '"fentar algo. Sob essa luz, todo o clamor público em torno da
historia joda desmo™^ se nada disso importa, se um Cj^ -"etafia de Serrano começa a parecer um ritual caseiro para
purificad^_^^-^^^ - terra sem carnaval. PrimekQ,J<uilQ^í^^a--t.p25^'^
e corZfi pareceu um experimento com cor c ando simbolicamente o deus,depois o sena or Jess£^_^^
amigos rraçaniqumjjinha^dema^^^^^
Zwos da r"t —'-92?-^rovenientes das misturas -«us® os rã~dóS para encenar
encenar esse^ram
essí^raiu^,,- -- -
'Crr lãdor para j„naloia
'"»» «® Heta,
de Helms encontra„
o deu,
deus moribuudo
moribunüo ^
do -o crucifixo lov„ '"t^tdharias, o expõe.À.iniEaíí^^---tite®t-> epo
vítreoLdhoír'"""''''' Cristo nloTpenas attavés do huPrO^ 1.
limpo, novamente r^/^Hpfnso.
vãmente poderóso.
pouciu^v^-
dos nossos ouZót^irO C' ^ -ZP--ntp,.p,a.estrutur.^am.u^^
""na, uma4Sha de s^uè""" Isso se deve em parte ao
da fé cristão e vê sua arte como um trabalho ^^"1
«uciW,dZáL^co d^"^"°'i ™"8^®"nssim.amoi£âlÍlâáâ-ê-"^
baratodefe^qugj;™
«to" •
nos passar
e não resolvidos
do,^eTOnhecimento r JUgando com o velho
fPor que não consegu^r^J-gJ!!!^"
oT^°^-Vrealmente-está dia^^ ''t mmha
lha relação
relação com
com Deus. ^'m ^aa arte
Para mim,
Deus. Pata mim, «te éygieidade
uma obrigação
e fala
P^ia, mas nao o'^°^e ^^rale. .cc toda foi
o real sígnificadd dd que 5r alTTCõítwTmêrre-Tec direTa' atravessa
nm Qisto abstrato e ô-cofon "^"e-diHríH-a-? Combm»- ^ do"
""'ttt"-
ciLme.xonsidero cristão e pt
minha,féjpor mciQ,
corpo q
"t"" trabalho.^ 52
278
279
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUGAR
Mas com isso em mente será útil expandir um pouco o nosso temos um católico negligente tropeçando em uma prática medieval
leque de referências, pois suspeito que a controvérsia em torno de para reavivar sua fé, e o ataque bem-sucedido contra ele por reli-
Píss
Piss Christ não foi a "^gfissãolife
.pronssao ü§ fé"
íe" que Serrano
berrano esperava.
espciii>«' -Seu Siosos protestantes e seus legisladores, cujo poder se renova até o
experimento pode ter funcionado na privacidade do seu estúdio, ponto de eles conseguirem expulsar o artista católico da cidade.
mas,quando chegou_àsjaias, algo Hiferente-aGonteceu.-Os políticas Em termos de trickster, o que temos é uma igreja e seus aliados
que atacaram o National Endowment for the Arts,usando Serrano políticos coasoMaado sua identidade ao demonizar com sucesso
como um de seus fulcros, não estavarju^ealnjente interessados no ® itr^naÇão mercu^l (que é como interpreto a destruição do
seu relacionamento com Deus. €(síía^M ao men^s,tem tio fim do século).
um apurado instinto sobre comn^r7\ng^^q-r-^mQ base dej?2-^^
e arrecad^dmheiro. Como qualquer demagogo, ele sabe como Antes de seguir adiante no desenvolvimento dessa linha de racio-
transformar"um^problema complicado em um medo ^^mio, qugfQ voltar-me para uma segunda batalha pu íca em
como provocar a animo^^de iaéiáT"e corno fazer com que da arte obscena, porque ela difere, de várias e instrumas
eleitore.TOg-ãIfiHfremTSe era"isso o qu^realmente estava acon
tecendo, erilãõ o-trabalho com a sujeira desse artista fracasso^ "■^""ras, do caso de Serrano. Em 1989, uma exposi^o5£^«
ele ema reviver um deus moribundo, mâs-fevive em vez disso utu fotografias de RnbertM^pplethTrpe - '"^'"'"dõIrniiTns «p
j um tipo particular de político, para ser exato. s de sadoinasoquliiíi^TÍSSS^al (por exempb, o prop ^
"'^ta forografadícom- õ^todeda^^
vezes^^n ^ especulação histórica- ^ ^;2;-ntada na Saleri^d^-ãi^|||^
-odo cororLoZrj"^
. P^otest^mo pode se renovar Dor meio^^ das fotografias em vídeo,
depois^^°
dp L
tegtftraram se e ^
a um júri para indici
acusação
menrelte ° -o estava stmP
a Renascençaloi f""=i°2â^staY.£utrgumentando <1^
estilo do carnavãT-^"-^^- ^ "e^tnavalização dãlüerat^Jí^ ^
praça e invadiu_,a arte (n 'nversões fibidinosas-4? ãó^era^per-mítkla-a-^ffã-d'^ íil" separadamente, em
cariiavarnão'ãnr"~ nQ„lomanCÊ)-
«. e„co».ro« «w; .g Se . ' 1 ^o^Pecial, com-avísos
obscenas eramP°"'^
exi .-^„iVo7tin^^
apena^jiíiba.
protestantismoT^""'"^™!"' contemporâneo à pessoa adülra com:dmd]£Hg--|-^^
tica^gúW^usteza^deS^^^-^íííi^^ à parte, em ElliJj^-fe^afias. Todç q evento
^tibiri ^'ítiole santuário interno onde a o
B3khtin escreve: "Du 'I.El7"'«ls»q".«.ãocomplicaai2^^^^^^^^ , jjar os miltérips„
'
culto leledo,^0êül^ ^ galeria aos
ttibq ^ assim, os promotores locais e curadores
^ a ISSO se seguiu um julgamento
280
281
A ASTÚCIA CRtA O MUNDO
MATÉRIA FORA DO LUGAR
e críticos de todo o país defenderam a obra de Mappiethorpe Seja como for, a questão da "ajr^" era fundamental para o jul-
perante^^i^júri composto de produtores rurais, secretárias e B^niento, pois a lei suprema do país atualmente sustenta que uma
baQ^xiosjo^s. As acusaçõTTgrfava^m emTdmo^dã'^!!^^ ra não é obscena se, tomada como um todo, tem algum valor
se s iniagens eram ou não arte, e os peritos disseram que eram* ^fcrário, artístico, político ou científico sério. "Arte" e "obsceni-
Se estao__einu^ de arte, pretende-se que sejam arte, e é
^ categorias distintas, diz ajei^— e com base nisso o júri
umcipal de Los Angeles. Jacquelynn Baas, do Museu de Arte ^ submeteu à opinião dos críticor'íé*^tou pela absolvição. Um
^Jurados, gerente de um armazém, explicou a decisão: Todos
fotír fi °""ter artístico de uina [os peritos], unanimemente, estavam certos de que aquilo
Írem% o braso dentro do reto de outro^ Tivemos de acatar o que nos foi dito. É como Pic^so.
^^asso^^jQ q^g mundo me diz, era um artista. Não é do
bruíídr ^ fotografia e a nature^
-o- •i"is3r enr^0 tenho de aceitar."^®
entendo disso. Mas se as pessoas dizem que é arte,
t''" iornal de Cincinna»
cL.to,rs«?®' *■— "" tíigj"*' om
a mim, dina que Mappiethorpe e^ceiAaSPAe-Ug
nm artista
artista meno^^^oijaj
meno^^^lyaJg^2Q^ta^^■la-iJJ^-sup€g^i
^ada^'
lev. ntomêntoTiT^^
foi-su&efesti
deâaSêdôs!"''" '■■■'" '""Wi" Ido líol, «iH5» defe"' de Mappléthóí7l.cqiacidm.£.ün^
M-PpÍotT"
nação foi empregada ^
"• deiae (...Iquadro,
em »n.o. d. <
como a dug. de ^^^l^la pandemia de-^aidsTo'próprio .Mappjetto
'inhás, como^cl^"^?®"™ enquadramento, o uso !las f.;..- - - r-:. ^ contextoconfen^-^^^-^^^
. mnfprin avento
P°diam também? daquelas fotografia' Süje: Ü^Jodo um peso diferenteçomojrabalhojjtuâLcom
Mappiethorpe. nas mais famosas fotos de Pi> .....— uiii ucôU ——" _ , , —
_c^„
Pela--®!, pois a presença^ do vírus da.-aids..de£afiqu^LinHLet£u
,^c mdnpiras
283
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUGAR
para usuários de drogas e permitir que um erotismo anterior ^tundberg apresentou uma conjectura plausível sobre onde a real
mente enrustido passasse, a ter umá presença pública diferente inovação de Mapplethorpe reside:
e mais plena.
Pode ter havido um tempo em que a democracia norte-a^i^ o tema polêmicj),í:.carnal das fotografias apresentadas no jul
ricana podia se permitir tratar o sexo homossexuaj^comojiííiâ-' gamento dç-Cmcinn^i coexiste com conteúdos tão
anomalia excluída, mas, uma vez q^Vvírus ãa aids surgiu entre quanto os rostos de celebrjdadesj:jKBPJ.-deJeid-
nós; essèniodo de rotular o espaço social/sexual não servia mais- todas em um só
Se temos de viver com esse vírus, todos precisam ser capazes de
imaginar a sexualidade gay. Os jurados no tribunal, pelo menos> tantes do que o ideal platônicodajbel^a.Jssa
aparentemente não haviam imaginado o que Mapplethorpe tm » para a sua arte
a lhes mostrar. Como.,.qm deles disse, "certamente eu nãojat"®
quegssHçoisa^^n^ mim ^ão tenho o 'qdfearpíãtôni^, mas alguma
teçam esse tipo de coisa. Então,aquilo em si foi um aprendizado - nessa linha parece correta. ConttOfl ^ míisculino e
utra jurada,uma secretária, disse aos repórteres: "Aprendi ma' ^bidas entrenorm-át
'^temo,ç6 o belo..erõãft®,
o feio, o limMapplethorpe
po e o sujo, o m ^
"sr dif°' P'^Qdu2^a-sèrie de-.im^ens_basea_,£^
ntofelfí'■'"''"tírta.l ..jo de,,, üni(,|^^ílál£ÇS£as. Se é bem-sucedido ao cr^ linhagem
hich ' um trabalhador da sujeira jjosa a fot-
q°.T^ f" '» "»■ íom..^dr.«balh.r a "la d?'' ''"l.qti.e
«'tcrem'^?-— ° ''
deCineinjiaú Paaaaascotnpaiececaiilà Seu?-— medida do seu su conclusão
"i- »xr: • - -cta- ajudaram a conduzir o ra^^
apeuâi pessoas da •j — aquelas pessoas. inscc ' ^^^^nte, na verdade, como q MapptetoP?'
ColumbusTiírT"^-—^ artísticaP EraE fressoas vind como parte do co''^®Í°.^^^^^lde, levando-as
triET^â^^gravaçõesemj^..^^
'««a ha,la mudado em O c ap?e7enta'hdÍ^^o''' ° seu
acomunidadeÍÍnantÍn2p"? queimaginar
comunidade domin
dele vi^"^
vida" mas
— depois
1 . dei! 'T""'
antes daquela eXp
"esse tipo_r
podia imaginar «pcçp tino àc
""«ô^ ^ ''' ^ c'Ri«tris°s.2te'""
estrições,
Nestel3oT~ de suprema impunha ccr^
Mapplethorpe, v deixada ^e ficar claro por que,
na
do julgamento, e lEre ° novamente em Serrano, P Mapplcth'^'^?^
sete ' fotografias tiradas do sp constrangimento de jy
contexto mais amplo, o crífC® ^ ^ s,m ° trabalho com a a sorte de
284
285
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO MATÉRIA FORA DO LUGAR
ser levado ao tribunal, onde o jogo rinha de serj^ado_de.açor: Quando existe valor artístico, científico ou político. Finalmente,
do com regras preestabelecidas. Em seguniolugar, quando se ^utão, precisamos desse valor; mais especificamente, precisamos
toma o conteúaraÜlíil^ns, a obra de Mappiethorpejeiâfia do artista (cientista, político) capaz de criá-lo. Precisamos tolerar,
seu contextodejj^modo que a de Serrano não faz. Cornou não acolher, a imaginação mercurial.
disse, SerrMp_ya^l^ dentro do cristianismo,"nâo"contr^5 fe,iro.nia»da54?anth^ãyiJÚblica^obre a sujeirajíos
encantada com o amor romântico heteros- Estados Unidos no início dos anos 1990, foi queíqíncl3Irá^xôfn
sexual, Mappkthorp£_é^verdadeiram
—
transgressor,
romancicu uv.uw^
e suas fmo 7 se agruparam para pôr o-artista juiocráticas vem não das disputas a respeito.da.obscenidade,
L iSoTd p' devido lunar, não foram longe, « d£_a^ues às regras que perrTme.aL9ue^sas-dkpiUas^^^^^
^^Vem daqueles que, quando encontrani profi^sjm]^^
•T^
■A
X.»™ p™"'' '^^ordam ucies,
deles, atacam
atãciTh"ãsT5i^fissõeí;rdaquek
as pruiiaa»-'»-', — que, x - quan
- o
g. qíI5"I CÍÍstruíçãS píSíEi-ítotal
^^Qbrenr;T;7r"r7='Tr;.~7::";;
d V_<LU1IjLÍL UlVo^ a total supressão da sujeira,
»• ^
mih
™;'"* ° uma luta em torno'da"»4' : a própria Constituição; e daqueles que, nnandoseveem
. . - . . - 1
quando se veem
• ■m
■'■1 ■ :'
é sempre-uina luta suj^ saif®í^'tios pelo "valor artístico", atacam os artistas. A antiga
(Uma luta em . do^ menos, sugere que esses ataques são mais peng
que asj^es latinas d ^'^^^^ciade.é uma luta séria, a sujeira que pretendem purgar. A longevidade de u
«o,co.c,„M," »o fim do milênio no, Z''' em um percurso mais tolerante.^^pef^^^
>riP' o Corvo, Legba ou SusamfcP naxentro-xks^
cipalmente feminitjm "^"^P^cos bastante específicos ^ :aÇâ^
1 bor3° es~se7 atía7essadores de
-■» fi»
- Muc nessas áreas n t^o-
reahnhamentos. Mac
í^ealinhamentos il
— -■' ■
^ ■"-"Sí
alguns
debatendo algun®
- ter parte dõTêmpõrMãTa nao história
í^atalhas n,.
batalhas que me
uic int
int eres^^ ^ c- não é^ tanto o
eressa ^ora ^ onnteúdo
conteúdoi inif cti '^'"^ente se pensarmos assim), não podemos nos i vrar do
umacom^^^^
uma comunidade deveri'—- ^a Questão
questão mais
mais ampla
ampla de
d^
t-pc — ^"^ria sè - -- • • ■Sn^®'
^®® 'iHlP^i75~CFa7 . . - -Ao
menos. muítarcoísãs
menos, muítanSTsIs nr" I"!! grande nação democráticã, P1 S3^^''P''r/!:ATrirdesígnios
vez de repressora, qu f
rir dos
e, aci. ma de
regular-
tenhamos a possíbiüdadeT'^™ seus lugares anteS
casos represenfam P Periódico com a sujeira h às contingências que
pressão, é claro, mas, com^t?""?.''" ^ apresentar.
tam em precisamos ter clarez"'!)^ ^ respeito da obscen' p,
^ que essas leis não se ap
287
írt '
. : .4^1!
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
MATÉRIA FORA DO LUGAR
Notas
>1*'
'tr
yi
M. Herb ert, p. 298.
Jung, Memories, p. 36.
1. Dali in Cabanne, pp. 13-14.
2. Herskovits, Dahomean Narrative, pp. 149-50; ver também Pelton, Jung, Memories, p. 39.
Jung, MemorteSy
j^ug, Memories. p.
p. 40.
40.
pp. 77-80. Há outras histórias nas quais um trickster usa sujeira ]S T....
J^u .. ^
g,o, Memories, pp.
pp. 8, 40.
para fazer a separação entre o céu e a terra. Ananse, por exemplo, - o,tu
• Jung, Alchemical Studies^ p. 237.
leva o supremo deus Nyame a envergonhar-se a ponto de deixar a 20.
terra fazendo parecer que ele defecou dentro de casa (Pelton,P- 47n)- ■ J^ug, Alchemical Studies^ p. 242.
3. Thwaues 44,p. 297; Greenblatt, p. 3. A passagem completa merece • •'-"5)
Jung, mctoemical
Alchemical òtuáies^
Studies, pp.
pp. 242-43.
^2.• Jung,
ínnr. Alchemical
Al i Studies, p. 241.
ser citada Um padre católico escreve do Canadá,em 1658;"A P"'
idez e o decoro nos ensinaram a carregar lenços. Em razão desse • Jung, Alchemical Studies^ p. 241.
habito os selvagens nos acusam de imundície - porque, dizem eles, 2^' Alchemical Studies, p. 232.
depositamos o que é impuro em um belo pedaço de l.nho branco e 26 ^^^^^^ical Studies, p. 241.
27 j Alchemical Studies^ p. 198.
eles Ín m 28 Alchemical Studies, p. 242.
r o rr" l-ndo um selvage^ 29 Alchemical Studies, p. 245.
30 Y Alchemical Studies, p. 245.
teu lei : " 'Se gostas dessa imundície, da""^ 3] Alchemical Studies, p. 244,
4- Douglatp 9 ° ^4, p. 297). ' ° ensaio de Jung sobre o Espírito de Mercurius é uma exploração
5. Douglas, p. S5. qne poderíamos chamar de "a Sombra Cristã". Jung apresentou o
'"^nio pela primeira vez em duas conferências em Ascona, na Suíça,
7/. ^°"S'^^'PP-Mesegs.
Douglas^ p. 35, 1942. Embora conclua com uma referência oblíqua a Hitler e
8. Douglas, p. 35, "«epúsculo dos deuses" que vem com a tentativa de suprimir
porção da psique, é estranho - especialmente on^^lerando a
são o Ko/iJe
Kojiki e o '^^1' fontes da mitologia xif jg e o local - que, ao falar das coisas que a pureza crista
I>onald riypidõt;
Philippi doxlv/^n''
í■ ^ í^^adução para °o mg
" ^2.
^ a •si mesmos
,• nomoi•e há
U ■ """ "se «mitadizem
contradizem u»
om f ^eS' p.Ver Meu, York Times, 3 °fde '"''T'de
)unho de 1995
1995. O acadêmico é
Púrias. Comoresult!H"'^° passagens consider^ti^ ,lve Noll, d, Theí.-S C.II IPrta»" """"" ;
considerável especula interpretação da história en^ í'-l. Nol, ,i„ -Todo o .1..." "«•
P'tilippi,HerberteEllwo°'H tf' áW'
402-6; Herbert nn PhiÜppi'PP' Íuyy ^ssificou OSmentiu
escritosintencionalment
de
J Noll
XT^II oe P. i ^^dA n^ra ele.
n "erbert,
Ti' p. 299 293 9^/ ' rio r dp "ouro 5
10 de junho de 1995.
^3 "^eud se seguiram ,
^•^•^(Phihppi^p
289
MATÉRIA FORA DO LUGAR
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
290 291
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'■•di'!í.'!
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''^rteiv a armadilha da cultura
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Hermes escapa da armadilha
■frirt;
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
|l '
nas quais alguma riqueza circula por meio da troca de presentes, êrupo ou sobre como membros marginalizados de um grupo po
' ' ' unir-'' .
mi mais do que por meio da compra e venda. Grupos tribais são o dem alterar a hierarquia que os restringe. Hermes tem um método
caso típico; em muitas tribos é consi_derado impróprio compr^^ que permite que um estranho ou subalterno possa participar do
veiic^£qmida^Q£^exetIiplo. Em vez de um mercado, um elaborado jngo, mu.dar--as regras e tomar-partejMwação. Sabe como escapar
>'E sistema de trocas de presentes assegura que todas as bocas tenham da armadilha da cultura.
alimento para comer. Essa drculaçào de dádivas é um agente^ O roubo é apenas nrnR partp dn seu méto^doré claro, assim
coesão social; pode-se até argurnèntar qhe um grupo não se torna como a exclusão das trocas de presentes é apenas um dos meios
um grupo àté que seus membros tenham um senso avançado de Pelos quais um grupo pode manter alguém em seu lugar. Há mui-
debito, gratidão e obrigação mútuos - todos sentimentos sociais mais. Iniciei este livro com uma^disgussão sobre armadilhas
4 .11 que mamem os seres humanos juntos e que seguem automaticamen atribuídas à inteligência do trickste^mas logo ficou cl
te na este;r^e^uni sistema de troca de presentes.^ Esses fenôm.enos o trickster opera com ardis mais etéreos do que os usados
ambem nao estão limitados a situações tíibais ou "priminyàs; caçadores. As redes de significação por meio das quais as
'"'furas são tecidas são os campos mais complexos e duradouros
'r';
Dor eír 1 em uma "comunidade científica , 7 frabalho do■ trickster. Ver para.-=x.i:r:Tiq;^í:írraDenas
Hermes discutin£so^adiv
e idéias com' ° momento em que tratam seus da « roubo X
UU iricKSier. vci paia
■ — um nq_do
a comumdTH P-a o grupo (enquanto, ao contraio,
.' ' V.
em
são OS laços de parentesco e aííguezaa^ária, aqueles cuja identi Ele
t-le não
nap ficou deitado em
hcou deitado em seu
seu perço^sa^uy.»^^»——
b^çojagradpjJxãOrJiou®-!-^^ --
" ', "I
dade é ligada ao comércio são tipicamente destinados a um lugar que deslizou para fora dos braços imortais da rnflP.
mãe,deu um S«
eu um
subordinado na ordem das coisas. São, por assim dizer, de "baixa e partiu para encontrar os rebanhos de Apoio. Ao atravessa
casta (uonio têm sido historicamente-na-lndia,-onde mercadores e limiar da ampla caverna, encontmu.çâSualmente^^^ ^ ®
artesãosjjntegr^ aj^as mais baixas das quatro varnas). Se, no e obteve para si uma inl^rmínável fonte de riqueza^^ ^
caso grego, essas pessoas esperam se colocar em pé de igualdade ,47
com os guerreiros e as famílias agricultoras dos tempos antigos, í^vessar o limiar": e.Í3?Í I :
terão de subverter essa ordem e reconfigurá-la em seus própr^^^ '''^'^^árS^^^teira. Está deixando a mae, o erço, ^
termos. Isso, defende Brown, foi exatamente o que a^ojnteçeu: o ° »"bmrngõ,TOrro7ã-Bcuridão; está adentrando a luz so a
regime^a^^racia proprlétaria de terras foi derrota^Q,-^^ fbco, o descoberto, o mundo exterior e os mundos sup ^
economia agrária cedendo lugar a uma nova economia baseada deuses celestes (Zeus,Apoio, Héliq)>Pos>cmnado
no cometi10 enajndú^ oligarquia pol^^ no se« mundo, o espaço ctepuscular, r'
;' !■
poatica da antiga democracia".^ O Hino ren- o. ambíguo, andrógino e intermédio das °P®' j go estão ' fi ;
eír
essa mudançar^-O j'iaj-antiga
, , democracia".» O A^^lntradu^
discórdia
Hino refl^
entre Hermes e Apoio traduí ^"«la fina camada de solo arável onde todas essas co
I i
301
\l\4l
h; (' f, ! I
estrangeiros ou de volta para casa. Quando Odisseu..chac;inE,®® na lliada. Algumas vezes me.perguntOLuSe,l;Oílâ.S-as^gmndes mentes
t.| pretendentes, é Hermes quem conduz suas almas para o Ha.4s^ criativas não participam deste moYÍmcn.to.dupio.,.sussurrãn3o uma
em outra história, é Hermes quem guia Perséfone para fora nova e cativante teogonia mesmo quando desmistificam os deuses
Hades e para a luz do dia.^^ Em certa narrativa, é HermesjE^^ sobre os quais seus ancestrais cantavam. Pablo Picasso tinha esse
adormece^as-^gèm-Lpelas em torno do^cãnTp^memo^d^ ^nplo movimento, perturbando^ perspectiva clássica_enquanto
em outrffTFTerm^^e^ desper7rOdi^i^u~^o„,eie,camÍ^ Apresentava um estranho no.vomiodcude_ver, tão hipnótico que
pam^_cáBa-£^Í^^ra~^è^^jfí-£ã7^ dela nao Aparece décadas depois de sua morte em outdoors e estampas de
será capaz de afetá-lo.^*^ pij3nias infantis. Sigmund_^Erei^d tinha esse
® plf» -irs o1-r<»VPÇSaT O ^^A^íido afnt_f^lhnQ ã fnrt;a para a luz do dia, ou rexpjLcanj^^^
;• ílli-ifí?#;
eu Via i-acuuujiü OU nermes (
quais tinham a virtude ou o vício de resistir-lhes. Dificilmen» ® hdades da vidama-geraçapjj,-..^-.-^^^^ humano, v:i ) ;',!i
passava um^,.durante o verão,sem que algum escravo recebes® 6ld„ d.Jl.™.,« p.d«..^ ,
O açoite por roubar existem apenas no paraíso. - máxima autossu-
como o melhor modo de vidajorq pi.'nnnmia"seu calendário
Toda a e£u_ca^o que tenho, posso dizer, roubei enquai^'f ficiência,o máxitto isoíamentp^^^ ^ fazendeiro tão
cravfcConsegujrtmbarM
em Os trabalhos e os dias^ -^dependente quaato.pqssível
mas sou^agora aos olhos da leT^.a^ autossuficiente quanto P°"'- economicamente irracio-
'^drào, uma vez que roübd nâoapenas um ped" eíio do artesão, mesmo quando ta p permanecer em casa,
conhecimento de literatura, mas,tambínT^^^o." umavezqueomundoeimnorépermcic»o,ele
^al. Hesíodo é um isolacionism.^^ele volta as costas
mais seguro lá dentro, aqui fora você pode se meter em encrencas. escrava negra e de um senhor de escravos branco;ficaráigpnfinado
Então ele a mata^J^ar-se-^ja^ sabedorIã~pastofãl. Hérínes Bicidi"^^' para sempre ao lugar que o s^rcmaJtesignQU.para ele, a não ser que
mente dá as costas a HesÍQckre-artífice da lira, pauanQâasmè^° consiga arquitetar algTTm modo de entrar na propriedade do pai.
~ g_nova cultura£omercCT' senj,sentir o çoiwtrMgto^ÜÍ"
recomendado. como os mercadores nostempos [Dougíass:] Os rumores de que meu senhor era meu pai podem
arcaicos_de^te^feko^assume uma "ímoralidade-^espontânea e Ou não ser autênticos; mas,verdadeiros ou falsos,issq^traz.p.o_u.ças
segue adiante,sem o impedímemodo énqiiarirarrienrn ético recebido- conseqüências em meu proveito, pois permanece o
Na circunstância do nascimento de Hermes encontramos o a s^r7ful^nte.pdi^jSde^"^ qu^^^^ decidi
segundo limiar de vergonha da narrativa. Não é apenas o"r^" ram,T por meio da lei estabeleceram, que os filhos de mulheres
que esta além dos limites aqui;supõe-se quê Hermes siiíta"vergonha escravas devem em todos os casos seguir a condição da mae; e
de suas origens. A pripteira parte do Hino estabelece isso: Zeus e isso é feito muito obviamente para que deem vazao à sua luxuria
Maia conduzem seu caso aíí^SíSSSenTprdfunda e mÚRia vergonha; e tornem a compensação por seus desejos perversos tao lucrativa
cada um dos seus movimentos é secreto, reservado, praticado na Quanto prazerosa..
escuridão. Hermes é, portanto, um filho do amor roubado; seuS
laços de parentesco não são claros. Seu nascimento apresenta uma a possível "vergonha das origens" de Hermes logo encon-
''^''«osVgaStdxSmXllSffiSn^^
n^e Í ® "^ghimidade;a que família essa crianÇa f famosa concepção". Famosai^ow,na verdade^ois que
Zí '': finalmente se dirige a Zeus,continf '
® fabricou um instrumento e enco^ntrouj^voz. Com frequen-
um assunto de domínio público.)^ Hermes é como indeterminada
o filho de uma pliae-577(27rde25;7õsrcaçoam dos indefesos (ou dos
^"dentes) e os insultam, invocando o Legítin^o e^jlegm?o
ele esteja certo quer nâ^Mafa Maia é uma cortesãU^^ jÕ i^7l_fossem categorias da natufezãrd-epüfe-arándo
Jld-^as^TT^^p-íiTTSía-r^i própria condição.as Apoio
hnguase
mito a uma situação social, podeFíi^m- "^-^li^ulher de Zeus. Para levar a ^
nascida de um cidadão e de^ía conr k- P^^^Enfrars-obTe o status dc urna cria
A indagaçao não conduz a
ser c.dadaos para
para que
que oo filho
filho fosse
ilegítimos em geral.^"
fosse nmk- P • ^ ericies, ^"^^os
ambos osOS pais
pais rinha^
u»». jg
,^Se tivesse um senso hesiódico apropriado de «rto e errado
manetra tuuito rígida. No final do sécZ V™i
maneira
com urrramuito rígida.
mulher c__ No final
forasteira dopoderia
sécZ v"!""
não^"^^CüloV.
h ÁnçrAfo
a ^ .... .
era
oSt» SP^«cem dizet,He permaneceria na caverna onde e seu luga -
com uma mitlk-.-
sugere que algumas dessas criais2L h ':P^priedades, mas a própria proP»'
Os.mplesfarodequeasreEras„2 ,0
sV;'"^nino dd hairro pobrè - para reformular
fosse tão ptesun^~d,1a se contentar em Ia ficar e se calar.
sSS
sentado'
porT'''
Jenny""""
Srrauss Clay de oêe umajjosição potencialm^
Ka.
.los
Í^-Slass:, A verdade era que «
®'deia_dej^^r:com£e^^
Por fi::"p2: alguns momentos,quando senti u Daquela época
Zeus ''o Zeus se
o cue deseiava com --'df irmãos (...P
faaeiçSS:^2z.S:ÍÍ77''-'"''' deK^ ouseS""' agora, engajei-me na defesa da causa
^i.%nte dos outros deuses reun
307
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
ni" ».baC
estranhi
que "os escravo^ joubo imoral, mas uma -«^JJ^^ental.Como qualquer
no mundo fictício de um - ntira frenético a partir do acaso e po„,uro,
-"ndo que considera a nrÍr mas verdadeira em "ma dessas combinações de^_^
Antes que essa mudança^pog^^^^"^^^ forma de rquh^ do nada e, a pnncipi , romo as fortunas repentinas
««sas.
deve perder o encanto^ vèlha b,,,ã=«!.„ píKók»"giierSíTíS».»».
..ji seus desígnios
)S e para ^^Perrtifl-a&jjos desenvolvedores --
5 não eternos.
309
308
:â:n
A ASTÚCIA CRiA O MUNDO HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
Aplicar a sorte as^ciosa à tartaruga é^m certo sentido, a Considerar Hermes um deus da redistribuição condiz muito bem
primeira de^uas operações do acaso desencantadoras que Hermes com a maneira como,Brow^Gla^^^oHmo,.â,yida-SôGia:i"'gT^ga.
executa no traçado do mundo com o qual se defronta ao nascer. A "Hermes£_) era loter^Z)", escreve Brownj__ea
segunda é a loteria particular que realiza quando sacrifica o gado,o loteria eíTííííríIãsTnstííí^ícaTae^
momento em que corta a carne em doze porções^distribuídas po£ ga; o extensivo uso da íotáÍã'na seíeç^ dos funcionários^
lotes,fazendo c.ogLQue.câdajim fosse exatamente igual ao outro atenienses erralrprêss-ãò"afrOTrdo^n^^
!'M-' Para esboçar o efeito desestabilizador desse ato, provavelmente igualdade absoluta de tojos os cidadãos."" Não que todos fossem
preciso apenas reafirmar conclusões anteriores. Com ele, temos o cidadãos,'é'cÍãrormas para aqueles que eram, a loteria cancelava
truque da redistribuição e do cancelamento (ou da reformulação) Potenciais hierarquias de riqueza e família.
da hierarquia. Hermes simbolicamente faz de si um participante^ Quanto aos que não eram (escravos, estrangeiros, mu e
(aspira a ser um dos doze deuses, por isso separar doze porções e tinham esperança de reconfigurar o mundo e redividir os bens,
incluir a si mesmo na distribuição); ele submete a ordem existente_ 'stiam de esperar pelas próprias des£0^a£dejorLe,_contingen-
a uma^uedead^ coisas caiam como ?lSdCT^SlíÍ^'í^aver truque de prestidigitador
- .ti'
e se a ordem existente tfflia um ar de necessidade em torno de si, não se tem mãos para jogar. H"™"'
ele dissipa esse ar, deixando claro que qualquer ordem é em ® descobertas, conseguiu para si a niãorto—j
uma questão de acaso. Não adir^ue o trickster por vezes seja ÇíópriojS— um ritual se-
o deusjiaqueles^que^o comoIanrTpropriü-^
mas-tênLêsperança dèlizFIõ "
^^^fância, n<; qual algo é encenado
" *
P^^^ondição para uma ação posterior, mais ^
[Douglass:] Meu antigo senhor, o capitão Anthony, morreu (.-) de sua privacidade, então, a cena -i"!
«•». ™-Bo,çõ=. «... * —
que r> ... I-1' 'T^-i^n^rãssístindo a uma mudançame
Mediar '•••'
r Nesirr ■^ com as outras po^' c» b... »b.d», ,u. »g» u..
em abZ nT sentimentos se revoltara-P posterior e verdadeira da armadilha da cultur .
V.'
Tnsenl-^^r'^ ^
exprr;7g7:f
nós. pobres escrÍ Não^"^'^^ade
tenho palavras
sentidas poj
_ nao 1 ju o d--- podeHfmoaacia-
sobre sej>e«elt5ter se alinhar Não
com é,qual-
éa
^Uer Hermes, como o livro de ^ ladrão de carne no período da
o testo da vida e 7 ^osso destino p^f p político (é o servo de Zeus so a > ftgura deste mundo, vernácula,
n-aisvoz LoueiaT" ^ecidtdo. Não tínha^o o por diante). Dito isso, se o tnckster e ^
^ o comum, talvez se desloque o poder. Além do mais, nesse
classificados( )Fur^' ° animais entre os quais fom" p , pode periodicamente se rebelar e rec jg pds a loteria das eleições
■-»«. iA.ir; * "T?
"latamente para Baltimore (••*'
:
? Etn ^^^nas,
A
há uma ligação entre Hermes e a democrac
quebrar a aristocracia.
as mulheres algumas vezes eram ridadãs no sentido de que os filhos her-
^ ^'dadania; além disso, não tinham direitos políticos
310 311
HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
garantem a Hermes a honra que ele diz à mãe que ambos merecem.
[Douglass:] Eu-iaãaXÍnha^comp!etado doze anos de TravessiiraSj^ppr si sós, provavelm^e um^acotfí.p£.oscritQ e fora
de ser um escravo por toda aUtda começou a pesar no meu^cpxâ- da lei, ainda mais exclu73Õ"do'que era esse motivo,
ção-Bjem nessa época consegui um livro intiruíado The Colutnbiafi encontramos Hermes seTrivméndb para atuar também como
Orator[O orador de Columbia].Toda.ye2,quelinha umaf
nidad^i^ssejãvro. Entre muitos outros assuntos interessantes, o encantador lisonjeiro. Ou talvez eu deva dizer que ele banca o
encontrei nele um diálogo entre um senhor e seu escravo (-) encantador dúplice, pois consegue mover a mente consciente em
Nesse diálogo, toda argumentação em favor da_e_scrayldão^^ uma direção e a inconsciente em outra. Quando Apoio o acusa
apresen^a^_pd^se^or,_e pda ela era descartada pelo escravo- de roubo, por exemplo, sua resposta combina uma mensagem
O escravo diz umas coisas muito inteligentes e impressionant superficial com outra subliminar. Mesmo quando nega o roubo,
em resposta ao senhor - coisas que surtiam o efeito deseja^®' sugere alguma coisa mais. "Eu o aconselhaxia a não faj.ax_ass^m
ainda que inesperado, pois a cMversa resultava na emancip3.Ç^^ em público", diz em dado momento, ^s deuses imorredourps
voluatár^_^jescmvo por parte do senhof.^^ ' achãrãoIssõTéalmente estranho." Duas vezes se declara disposto
^ jurar inocência perante Zeus; em dado momento dá um salto,
perguntando a Apoio "para onde está me levando?", epo^rJm_
Mude a canção e fuja do alçapão^^ começa rapidamente pela ajeia^conduzindo-Apob
fumo aô-MQate^JDlimpo:
Para uma comunidadeJiumajm^to.na, seu mundo algo E>estacado dessa forma, vemos que, mesmo quando Hermes
denado é umaxoisa; preservar suaTorma ê outra inteiramente protesta abertamente contra as acusações, veladamente espera
distinta, especialmente se, como é sempre o caso, a forma é ^evar a disputa até o Monte Olimpo, de forma que possa ser
algum grau arbitrária, e se o ato de moldá-la requer exclusão, e apresentada perante os outros deuses. Segundo minha interpre-
excluídos estão famintos. Assim,com o equilíbrl das formas '^^Ção, ele quer esse deslocamento por dois motivos, um dos quais
um co,^unto .d,^ regras destinadas a preLvar o formato.
rou . ao minta;;Nao blasfeme. Não aposte Não apanhe cd Í3 mencionei (fazer com que Zeus reconheça sua paternidade). O
n. r„. Co„p„„e.., Vo,;j .. J, uef
é que Hermes quer uma mudança de jurisdição. Ele-^camO-
quetenhaasaeacidí)Hp.í«^ l' -no'
.0'
criminoso menor que procura levar seu ca^àj:orie^federal-
nha os guardas para do negras, quem quer q ■xo^
forn^a elevar seu scatus, Se vai ser um Iã3rao, que seja pe o
•wH'- sagrados com a contin °'™iar e inunde os P acusado em nível olímpico. E leva Apoio a ajudá-lo mad-
fronteira de distinção que roube os ''^rtidamente a encenar o roteiro que conduzirá a esse hm Se
^^Pendesse dos seus planos, o irmão mais velho teria atirado o
mundo em ao fazê-lo, desanca na escuridão do Tártaro, mas, sob o encanto daquela Imgua
j^^Vena e eloqüente. Apoio o acompanha até o céu, on ®
K --stado o modem P 0^ de uma espécie de nobreza (o
volta-se sobr^^^^ '"^acei^^aídcudeuim^verna) e reivindica publicamente
mundo no lugar do antigo Afind
Afinal,suas rupturastecendo " pi
de modo nePf
linhagem.
313
312
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
Mas esses são apenas frutos menores dos poderes encantató- '^íêito rias iavanderias e nos-postQS.-d£^así)lína»-un^ zuml^o
rios de Hermes; sua aquisição do açoite do boiadeiro e de outros íundcxcqm baladas fárpi';jn3ra manter umajgalidadexQDsensual
ofícios é muito mais substancial, pois com esses ganhos vêm as ^0 devido lugar e aparentejnenEe..y.iva.
mudanças da própria ordem social. Aqui, mais uma vez, a lím é Depois'Ye a canção é entoada.Apoio fica como que hipnotizado:
seu instrumento. Quando Hermes está pronto para parar de brigar
e estabelecer uma ligação com Apoio,saca o instrumento e canta E Apoio ^i tomàdo por uma nostalgia contra a qual nada podia
uma teogonia, uma
fazer; abrYÍÍóía e as palavras fluíram; "Açuugufiiiu^UJieu
gado, trapaceiro, menino laborioso^ aniigo dqsjalho ci o ,
história dos deuses (...) e da terra em trevas, e de como cada um coisas pelas quais você se interessa valem cinq^uenta vacas, g »
deles veio a existir no princípio dos tempos^exorno çadaJLto creio que devemos pacificar nossa desavença.
passou^ter o que agora lhe pertencia (...)[Hermes]louvou os (•••)
imortais, todos ordenadas de icordo com a idade; contou como
cada um tinha nascido, citando-os um a um enquanto tangia a *P®lo nio apenas responde à lira e anseia por ela, ele eambto
lira aninhada sob o braço ■"«a claro ,ne esrá dispôs» a chegar a aignn. npo de acordo
o gado Logo .«gere n„a .roca de didi.as rPel. meu ea-
A -"Çãoenfa^ho„_a,^ hierárquica, c" de abrnnheiro juro ,ue6reUç™Íoí!!^^
marcante contraste com todos os momentos de desordem anterio í-ee .morredonros |...| dprrteN.»»"»' T"' "..a
res (e especialmente o oposto da desavergonhada canção inici^ dosP.L
então, oferece a Hra .a
. .
Ap.lo> e..e o recebe
Udí-miiirn mais: Hermes receoe
dc Hermes). Esse trickster rníoo «. .-riíi''
ciahdade^d^u^dTdeXpõloS'^^ astão mágico e a arte da profcci ' , . desienado
artifícÍQ;_ele-põXcãnlãf um-cní ^ iavalis e dos cães, assim como dos rebanhos; e designado
A performance de Herme
acaba por conduzir o recém ch"""If
ordenado, se quise ■
daS
-^Selro do. dense. e gn»
. ^ resumo, o estrangeirQ,pâIêÊê—— Z-Aade ooiTdes-
coisas. No momento em que a í -
ap_aixonadoneía lia —^Çao se conclui. Apoio locl^^ "«'"bro com uma niais simples, o
ca, Hermes cativou fem ^ 'hteri m ele eP essa é uma mudança
História e canção: sentido) o grande ^'8uifi' ®
Quan^dojíern^^ _ 'tálogodedjuse-seçomo
a si
a ordenvsocial mantém' -í^l^ipnóticos por meio doS^0^ tne5j^-^Í5!,5u a^sjuir^.^^^ que fez de si objeto
"^^ncantan^ "
* Na tradição indo-ei
fletir uma a outra .. a ordem do sarrift • /.rti taw
irranativa melódica que_eli£!í!í^'
^ão é um^ydhajtw
diz-nos Bruce Lincnl sacrifício e teoPn ^^ do cosmos y
'teogonia' (...)
a separação dos dois
r' ^ persas em
üml
juntos. "Isso fica cia""
cantara Ut^^^aYojJçapão:). .A'®*" ° dignifica uma mudança. Um
-
desordenando um m .j exisle„ie e. a idéia animal."^" No "rnov"- Poq ° 'nstrumento, e proporcionaram a Hermes
ê nia, ordenando um mundo de sorte e Vm truque de artificio p P
314
315
íTT»! ..a;;
um objeto de negociação que não fazia parte da velha economia- como variações dei^oucos elementos subjacentes ao enredo. De
Como a pessoa que encontrou um tesouro enterrado ou o artesao maneira geral, uma situaçao^prelíminar e"segulda de Infortúnio
que inventou uma nova técnica, Hermes aparece com um tipo de ou Perda^^ e Hepnis por^ima seqüência de eventoT^^ê^Espajam
riqueza que escapa ao enquadramento morai herdado e, padroeiro da o que jn nii..a-Eerda-deseouilibiaram. De acordo com
sorte astuciosa, tira boa vantagem dela e troca dádivas com Apoío* esse modelo, o desordeiro e ladrão é um dos principais motores
Com todo esse encantamento e desencantamento, portanto? da narrativa. Maquinador original dos enredos, põe a história em
Hermes consegue resolver o dilema que propõe ao falar com a mãe movimento, e ela só chega ao fim quando ele e suas malfeitorias
("Ou me concedem a honra ou a roubo"). Ele resolve isso com tiverem sido controlados.
um furto que confunde a definição de furto, com mentiras Há apenas algumas formas de lidar com ele, também, apenas
turvam a verdade,com uma fala que desloca o limiar da vergonha» um número limitado de enredos. Da periferia de um grupo ou do
com operações de acaso que dissolvem a hierarquia - e com nma limiar de uma casa há poucas maneiras pelas quiLs"^m^tIckstê^
língua musical que lança novos sortilégíos precisamente quando oS pode se mover: podFiS^pode se retirarpor completo ou pode
velhos são desfeitos. Quando conclui, a redistribuição com a qtial ficar exatamente onde começou,resistindo a todas as tentativas de
ele havia sonhado é real, não apenas mental. Os desígnios fictím^^^ civilizá-lo ou exilá-lo. Do ponto de vista do tnckster, esta ultima
com que se depara ao nascer são alterados de forma a incluMo c opção, permanecer no limiar, deve ser a ideal; ela nos dá o enre
a suas criações. O íadrãojngre^íiujia--GGmunidade-das--dádivaS- do que nunca se resolve,-a meada interminável de narrativas do
O intmaQ^setomou^^ ^ Coiote, cada uma ligada à outra pela frase "o-CfiiPi^anda^^
aí-A-eu (na Europa) as narrativas picarescas nas quais o pícaro,
Uma qu^tao final surge nesse ponto. Depois de ter reescrito o o cavaleiro das estradas, erra de cidade em cidade, os episodios
roteiro
individuais se encerrando, mas não a narrativa propriamente
de^ETQhWiVai entrar na casa doslSíSsõirvãrpímanec«^ dita, pois o pícaro nunca muda, nunca^jsfâbeke^dejatii-tm
om^írito. Q Pinóguio de Cario CollSdi é um desses picarescos
rurirr^id h' ™ '°8°i^-que Hermes e AP"'" intermináveis até que a marionete ganha uma consciência, mo
dade cue
que HHermes
"T: Apõl^,tam"ente
lhe4exa_o aceno hesita. Éf
de cãbe-çã; sinârtradictonali^ mento a partir do qual a história se apressa até o encerramento
(assim como a narrativa do Macaco termina quando ele se torna
"m bom budista). A consciência despertada é o potencial fim da
gestos valios'^0™'"'"° ^"« '"ventou o sinal evasivo, mestre^ narrativa; sem ela, o conto pode continuar indefinidamente, por
uma noite, por mais uma estação. .r i
Em um segundo tipo de história, o trickster e finalmente d^
^esticado.
iogar de acoxdacom«âs,Paul BadinAz
t"ekster,ianel^o-coH«uidado..pfidemas..'^^^^^^
-ISÍemdÍ" certa vez
'^°aos os contos populares russos procurou
podLm ser a-
nasí;;is.,omarradorparececcmtrariar,se,c2m
317
316
I I
quando há uma festa na casa deis Aegir, arranjando uma mulher Hembro do grupo,não é um objeto de sacrifício. Hermes cancela
para o Cmotea fim de^r^elej^o^^^ o tabaco apenas esse "não" e, em segredo e sorrateiramente, se inclui no círculo.
SI, maspermute-o com os outros,como fazem as^póssó-ãs-decent®^- Uma vez que'está dentro do círculo, porém, precisa desenhar um
O terceiro enredo possível termina coS^o exílio, a dès novo, precisa refazer a fronteira em seus próprios termos, o que
on 'pbikMção do trickster. Se ao menos o Coiote pudèsse sef_ faz ao não comer. Com esse "não" produz a carne-não-comida
• ííí conduzido mais para o oeste, para a vastidão selvagem,longe das
da-
aldeias estabelecidas! Ou,então, para resoluções mais v.oler^^®;
simbólica e rearticula o cosmos consigo no panteão.
De maneira mais ampla,se sairmos dessa história em particular
pensem^.no fim do fijme d^„o,.no,qual os ® olharmos para tótmes erti outros textos homéricos,encontrare
e famintos sãpsimplesmente elimina^: mos uma tendênc^-deníe-stica. Cora muita freqüência ele e o üel
servidor de Zeus. No fim da llíada, por exemplo.Pnamo dew ir
-o^rrTaP ra onge de suas motocicletas.^JH^o
um caminhão e faacna^,
Sl)ne. «é Aquiles para resgatar o7oTpo?êTfai5r;TZÍ^^ '7-4
Para guTlr^TTiEãõS^r P^io® guardas. E eSsõqfiTe^
Itade^
«âo e permanLdrno Hmirr - t^do "m servi^ou-m^nsageiraanfíéUni atravessador de dro^£por
contidos mas interminavelmente r7n7"' """"lizados de desordem anuais-
recorrentes de picaresco.
319
'■ ■'■ 'íf, flVir
A ASTUCIA CRIA O MUNDO HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
exemplo,que ludibria a alfândega, mas depois trapaceia iguajlHÊíl' que o velho havia previsto e autorizado tudo. A concepção e o
te seus contratantes. Mas não é assim que"Hermes é retratado. nascimento de Hermes são descritos como o "propósito"'^^ de
Zeus péde^Eé'^ue faça algo, e ele o faz fidedignamente; nujica Zeus sendo alcançado; quando retorna para casa depois da noite
há ansiedade a respeito de como agirá. Todos os anos ele tr^ de furtos, Maia diz: "Seu pài pretendia que você fosse um grande
Persetee^do submundo; na Odisséia, cõ^z^fTélrriehte as almas transtorno, tanto para 'os deus^ (::^.l_quanto para os homens."'*^
dos pretendentes até o Hades. Ele é-0'^iã de confiança. Apoio, m^Fs mrde^ diz: "Zeus concedeu-lhe a honrajie iniciar as
Dito isso, devo refinar um pouco esse ponto, pois há certas atividades mercantis entre os homens de todo o prolífico mundo."'^^
áreas nas quais Hermes não merece confiança de maneira nenhu Mais revelador ainda, quando Zeus dá fim à discórdia entre os
ma. Antes de mais nada, quando os deuses estão em desavenças» dois filhos, lemos: "Então [Zeus] fez um aceno de cabeça e o bom
Hermes ainda é o trickster, favorecendo o amor roubado,o furt® Hermes obedeceu, pois a vontade de Zeus (...) persuade sem esfor
e o comportamento indecente. Nesse patriarcado, matará.A?^® ço.""^ Como um pai que toíera certo nível de mau comportamento,
Paia_aiu^r^ Hera (ou, em um momento menos conhecendo os resultados melhor do que os filhos que acreditam
patriarcal, para ajudar a enlutada Deméter, usará sua fala doce ser livres, ou como um político que permite determinadas rupturas,
para convencer Hades a libertar a cativa Perséfone). Em segundí' sabendo que na verdadeTervirão aos seus propósitos, começa a
lugar, considerando que ele está domesticado, seu do?nos, se^ parecer que Zeus havia imaginado todo o enredo desde o início.
lar, é entre os deuses, mas ele nunca toma jeito no que concerni Em certo sentido, ele "contém" todas as mudanças que Hermes
aos mortais: as linhas finais do Hino dizem que "na maior ^^az, e elas não implicam, portanto, uma ruptura profunda.
do tempo,quando a noite cai, engana a raça^daqueles que deve^ Aqui será útil lembnír mais uma vez que a hjs^ia de Hermes
morrer
pode refletiTa história r^.3rown"supõrque o Hino foi escrito
Alem de tudo isso, mesmo que Hermes em certo sentido por voltãde 520 a.C.'^^ e, se estiver certo, então essa narrativa surge
torne um servo fiel no mundo dos deuses, é importante lentbr»^ ^o fim dejyx^eííed0--d£Tçus^ c rnudanças. Sendo esse o caso,
um aspecto visto anteriormente: ainda que se comporte, faZ ^ào suí^eende que o modo de articular a mudança - admitindo
em um mundo que alterou. AartedoSacrif^...,;nova man/i^^ ^ oovo mas preservando o antigo - é dizer: ^^Bem^^erajs^o^
de fazer fogo,a flauta de Pã pTuTI ^
ue 1 a e a lira, um mensaee ro para oTíade^' ^^ofiamos em rnent&Q.têmpo.mdo." Quer pm^^snoH^
novas formas deTiãüezã-Krvrr-.^- • ^ ^ ^ forjadas por um herói cjih^ralmitiçaou
mudam Sf 'S uma classe real de mercadores e artesãos na Grécia do fim^da
ele está "domestim,H„" f arc-aica, dizer que toda a história de ru2tura teve Jugar-lna
Melhor dteTquèTuSq^'^'!P""'" 7' CO^ ^^Píliê^us^ede-ser um modo, depois do ocorrido, de en-
o grupo,e que os termos d^SS^"-
uesse acordo sao em parte seus. ^^aclrar a mudança de forma a contê-la. Fazer£omq^^
^^ntirpso e ladrão brote da semenxedej^
o autor uMmo'aasj.ny^5Õe^^ Hermes
salientrZ°77!'°"P""'^
salientar que o Hino uma última vez, ^^nca tivesse realmente sido um intruso, como se nao houvesse
Hermesacontecem "na mente de Zeus"72 uejoda^s travessUi^â^
;C^ período na história da Grécia quando o limiar de vergonha
Ji^er; P
321
320
■4
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
i
mantinha os negociantes distantes dos aristocratas. Fazer com que O Hino não é tão apocalíptico, e esse pode ser o caso mais
Zeus conceba Hermes é alegar qíeTsmudanças que ele traz fazem comum. É o que se pode esperar quando um intruso penetra no
parte do eterno e não são contingentes, relativas ou dependentes grupo: em dado momento devejiaver um entendimento,.uma série
e situações históricas. Isso leva a história de volta ao mito. de concessões pUTÍormalizar a mudança, uma convivência nego
■fil tsse pode ser o destino freqüente dos agentes de mudanças ra ciada. Nesse caso, os termos são em grande parte estabelecidos por
dicais, serern cooptados, cercados e englobados pela cultura maior, Hermes, mas não perturbam toda a ordem das coisas; a ordem se
^rem conti os antes de uma completa redistribuição apocalíptica- âdapta para conter o íntfoietado^ objeto esrranhojtue-exiSQÜu.. rll
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322
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO HERMES ESCAPA DA ARMADILHA
11.
.. Odisséia, XXIV:1-18. 41 Hino a Hermes, versos 577-78.
!. Hino a Deméter,in Hesiod. The Homerk Hymns and HomeriC,
12. HinoaDemét ^2. Mmhas observações sobre as rupturas de Hermes ter^^
pp. 334 e segs. "na mente de Zeus" foram baseadas na argumentação
13. lUada, XXIV:334 e segs. literário Sacvan Bercovitch sobre aspectos semelhantes na htsto_^^
14. Odisséia, X;274 e segs. norte-americana. Bercovitch começa com a uma
15. Uíada, XXIV;353-44. protesto fundamental" sempre envolve P ^e essas
16. Douglass, Narrativa, p. 59, cultura em relação a verdades supremas históricas,
verdades são relativas, que elas dependem historicização?
Como uma cultura OU ideologia respon e _ -j-Q^esto
9t
In LT'
T' PP-28-29.Thief, pp. éO-él. se apressa em sair da história para a eterm ^ atemporais.
20. M.M. Austin d 9^. ç i presente e o recompõe em termos dos ^-Q^centrar sua
21- Clay. p. I36n. ''' ^ara fazer isso, diz Bercovitch, "a ideologia ^
22. ^"'^Skss, Narrativa, p. 49. ^renção na distância entre visão e fato, teor ^ contidas
23. Douglass, Narrativa, p. 153 selecionar falhas em fatos ou em práticas um rei por
^la linguagem sagrada da visão ou do i ca exemplo,
^cio de preceitos derivados do direito divi^ ^ssim como con-
24 V ' p. 50 ^ definir o próprio governo como mon ^ sagrado exemplo de
■ N'ó°.r.'í "—»■ • ». enar cristãos imorais contrastando-os injustiça por meio
risto é sacralizar a moralidade crista. elementos
^ violações particulares da livre inicia -^j-tunidades abertas
constituintes, tais como mobilidade ' ^ como ^ sociedade
c ^^alizaçào pessoal) é consagrar a livre m
pca&Uíii; t.
l^Sta» (Rprr^„U,U
(Bercovitch , „p. A44h
644).
43
32. p, 83. ..IP H,
a Hermes, verso 10.
sPP. "Changethe 1 "tulo de um ensaio de 45), 45 Hermes, versos 160-61'
a Herwes,
reclamacãn (5Ãí?íoí^ and ief 46 "a ^iermes,
Herm versos 516-17 MyihoIogV ""
^°rnem invisívdT^^^ tentativa de Stanley Edgar Hyi"® • ^'"o a Hermes, versos 395-96; ver Nagy,
33. Hino a Hermes v arquétipo trickster. > V p. 59. 3 32
^'^•Lincoln,p.r69^"^°^ ^26-33. ^2.mT"'P-39. 113-32.
> 'P' ^rown, Hermes the Thief, PP-
35. fiinoaHerm c^l-Strauss, citado por Berstein, ?•
««o a«HeCr°'
37. Hmo Hettt, ''^0-62.
Pr«PP,pp. ír-"""""».
39. Radin, 139.
"^0. Ricketts, "Th'eT'^'"''^'"PP- 333-54.
Structure», p.
325
324
10. Frederick Douglass e o chapéu de Exu
^ réplica
•"«..ohr p.,.k.™..«íSaMiSWgM^gJ
nem R^rniim nermMdyÍn£esiavam situfdos t^õ clarammte
. ^u.nd.imuu ... ^„_;ânria limiat semelhante a
de^ermes ®é em
nascimento
parte umae qi^s temperapíento
^ e em par-
te questão de contexto. No ' ^
Vt- ».?■'
327 IT
FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
despertar em quase qualquer um. Aqudes que são inclinados aos Douglass rou^ndo a si mesmo da escravid^. Mas nada disso é
prazergg da liminaridade jjodem procurar ativamente esses con o objeto central do ataque de Douglass à cultura escravista. Seu
tex^s (como fizeram artistas como Duchamp ou Ginsberg), mas principal roubo é a alfabetizaçãq.>
esses contextos também deixam suas marcas em pessoas de outra Ler e escrever foram oferecidos pela primeira vez a Douglass
forma não predispostas. aos oito anos, como presentes: sua-sea-bera-eta-Baltunore, S.npiúa
Frederick Douglass, em todo caso, pode ter sido um moralista Auli^ ensinou-lhe "o ABC" e como soletrar palavras simples.
por wmp^a^ento, m¥r5i5Fi^ onde dõís sis
temas morais dliíintos estavam em conflito e viu-se forçado a Exatamente nesse ponto do meu progresso, o gr. Auld descobriu
servir de mediador entre eles. Ele era filho de um homem branco o que estava acontecendo e imediatament_e_pi-QÍhllLa.ira. Auld de
e de uma mulher negra em um mundo no qual as raças eram continuar me ensinando, dizendo-lhe, entre outras coisas, que era
radicalmente separadas. Depois^d^fuga, tornou-se um "escrav" ilegal, assim como arriscado, ensinar um escravo a ler. Para usar
suas próprias palavras, além disso, declarou: (...) Um crioulo_
ivre", uma notável contradição em termos. Também tinha uma não deveria saber nada_al_ém de obedecer s^senhor - fazer o
forte vontade de testar o proibido, e isso o mantinha no Umit«' que IhTordenamTÊstüdãr;stragaria o melhor crioulo do mun
quando outros poderiam ter aceitado as porções que lhes eram
1
•'í ;-( ■
do. "Assim", ele disse, "se você ensinar aquele crioulo (falando
oferecidas. Quando^ekes«eve-que^,,amarga oposição" d^^f" de mim) a ler, não haverá o que o segure (...) Imediatamente se
senhor incitoitoa^ejenfe testemunhamos sua obstina?^ tornaria ingovernável e sem valor nenhum para o seu senhor (...)
'1' e ao mesmo tempo vemos seus frutos, pois foi por interméd'^ Isso o deixaria descontente e infeliz.
1^ da leitura que Douglass produziu uma segunda miscigenação: po' Essas palavras penetraram fundo no meu coração (...) Era uma
•j
fri meio do acesso aos livros pIp a . ^5» revelação nova e especial, explicando coisas sombrias e misteriosas
■' ;V,, ■ 1
nlo .p„.. d, ™ lilko de duas (...) Hoje entendo o que havia sido para mim de uma dificuldade
das mais desconcertantes - o saher,.02oder_doJ;^^
I- I e ne» »■' ''«""ras da cato,. para escravizar o negro. Foi uma grande conquista, e eu a valo-
rizélmTé-nsámífifirDiíuele momento em diante, compreendi o
Um ar,i„. como Mel, tÔu Ú"'"" ° 'íS"' caminho que leva da escravidão à liberdade.
precisaram efetuar uma j ^ Vigarista como Barnurn .
Douglass precisou '^cssa magnitude, mas Fre ^ douglass sabe que está à beira de um pasto sagrado porque o
alarme soa, os cães de guarda começam a latir,..Agora-ent©Bde
° que^ue/e^or^uêi^m segredo e clandestinamente ao longo
tempo encantaestá o ea/"''' ° mundo a súá volta.
Hermes ao nome^^ "•os anos seguintes, "rouba" a alfabetização do mundo à sua
de Douglass, Onde, ^ (Consegue que garotos brancos, na rua, o ensinem a ler e,
desencantamento> Gra '^"1° roubo pode dar iním ura golpe de sorte essencial, depara-se comohvro de^ajeb
dir^s ^'ugham T/ze Orator, uma coletânea de falas elo-
ladrao, dede escravos
propriedade".
rouh - ^'"^ria
quem étem a vet.f
e quem m . 'í"?Jitéá,'mcluindô'Tinr^^ que Bingíãm "havta escrito, ii no
328
\'
sKr
ò
/A-" \
quaíjurn^scravo demole com argúcia cada um dos argtu^'^'''^® da mera natureza (...)"'^ Para Hegel, os negros africanos eram parte
pró-^esgmv^ão de seu senhor.) da natureza e diferentes em gênero dos brancos póls~rião tmHãm
. Ao roubar a aífabetizaçãq, é COIIIO
^^i.ipa.yay, c como SCse IVOUg
Douglass furtasse todos história escrita. "A ausência e a presença da escrita", diz Gates,
■f Os livros
livros da
da casa-grande
casa-eranHp ep os levasse para as dependências
j—^n^lpncias dos "de uma voz negra coletiva que pudesse ser ouvida em algum
escravos. A pr.oibição^de,eiisinar um e-.a^vfy-^-U^T-^s& desÚS^"- sentido, foram impostas ^elos ^ósofos europeus para jrivar_o_s
aa vviiai_exarjmeji]B,£SSEs,mcadmentüs.
evitar_exatj^eji]B,£SSEs,mcadmentüs. Lembremos
Lembremos que
que qua""
quan " escravos africanos de.,su^^humãjiidade."' Nào admira^que Hugh
Odisseu transporta seu remo terra
rerra adentro eventualmente
p,.p„p„clmente objeta
objeto Auld entrasse em pânico ao ver a mulher ensinando Douglass a
aca,ba sendo confundido com uma pá de joeirar; o próprio nio- ler. De acordo com essas premissas, o sucesso dela teria tornado
vimqnto, a mudança d^cojimxLo^rk.O^ signifif^'" a criança negra tão humana quanto seus próprios filhos brancos,
^°"yígi'-'aÊSÍ£ÍlSteriprmente, uma ãsregra queé,classificIlSí' confundindo distinções essenciais a todo o empreendimento da
mm^âdas^^aç^^^^ "roubo"'e proíbe portanto, u^a escravidão.
proibição do ato de criar novos"signifÍcados. Douglass viola «s®
Protbiçao e,^^trfeê>k,^ia um mundo de sentido onde o sen"" Como o furtivo^jLermeSjjg^ inicialmente opera
do estava pr.yia^„,em>ente. A Bíblia^por.exemElQ.iJ-^,7 sua aliada, /noite/pouglass tar^ém^^
maneira diferente nõTlTão de mrra da caíana e nATasa-gra^;; em ambos^õ^asos, uma vez que o roubo é consumado, o enredo
não pode prossègSÍÍsem a sua revelação. Se Douglass espera ser o
DOUCOo sentido
Pou A da maldição de Cam. mas um
senzala pode-signific^"^"
modelo encontr desencantador ativo do mundo de seu senhor, deve falar e escrever
fenca exposição da embriaguez de Noé por Cam- , em público, ainda que para um bom escravo um senso adequado
^e decoro, de vergonha, paralisasse a língua e a mão.
mesmo
m mo r^°
t mpo^ mais simples e mais
° complexoDouglass
do que faz alg"
desloca^ Não é iateiramcnte correto chamar a cultura escravista de
"ma "cúítura da veígonha"; foi, antes de tudo, uma cultura do
S^ca D "A ^ e escrevi e de escuj ; terror, do dçrramamehto de sangue e do medo. Mas, ainda assim,
atoslAf a escrever e falar, e " açoite prodüíiã um sistema de barreiras de vergonha como seu
produto ancilar. A punição física estava sempre de prontidão, mas
riMí "tuitas vezes apenas as inibições adquiridas eram suficientes para
aos negros. Èm^um~dle' seus e"™'' ^ 9"® ausência® era i
ciam mifên-tèmenie dos bra-
"lanter as coisas na linha. O uso repetido da palavra impude ^
um bom sumário dos luaa T' nd^l^ P°r Douglass evidencia esse limiar internalizado (impudencia
na alta mosofia eu:ÍS.?:r 'e f"lta de vergonha; a taiziatin^rkr£>^irvejSoahakAlguns
nos Estados Unidos a enr ^^^^g£g-£na Hume, Kant ^^emplos bastará;, começando com a exceção que cotnprova^
f ■!■. ■ ' :
citar exemplo Afiomas Jefferso^ '®8ra: foi a ingênua Sophia Auld que, sem saber como tratar
da história do mundo ®
a^exilnr (...) Q que ent"A WOTÍBjentosjDu des^nvollb"?. ^
epto
>vo, deu a Douglass'ua primeira noção da natureza ar i rar.
decoro escravista: "Ela não considerava ^
-histórico, O espírito
' to n5n!ídesenvolvido,
P^^opriamente por nas copd.Ç"
ainda envolto a olhasse no olho.- Em outras passagens, e dato, que
331
330
l i 1
332
"íH I DC
I I • r:
334
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
tura escravista como auío^^^ditór^s. A simples dicção_£assa interminável, por exemplo, ou q-s festivais da desordem quejêm
a um regi«ttojjjais.g]enOj_acrèsaaõlfos^p ^ recorrências regalares mas sãoj:MÚdos-por"U@i-caJ£adâ£lfí.dílí^l'
iroma e o escárnio. Ja consiHèrãmõS esses tons, nas observações de Para classificar o traço de inteligência trickster de Douglass em
Douglass sobre como a escravidão seria "contra as Escrituras" se um desses enredos, quero começar com sua análise do desgoverno
os homens brancos continuassem a ter filhos negros, por exemplo- periódico. Era costur^emaxultiKa escravista conceder férias aos
ou na descrição dos "ladrões" furtando os frutos do coronel. Há escravos entre o Natal e o ano-no^o.
muito mais, é claro, como uma explicação sobre por que é mais
conveniente para as mulheres brancas vender os filhos mulatos dos Nessa época éramos tratados como sej^sem^s^ono^d^imssas
mandos, mas o ponto principal é que não demora para os leitores vidas;Jeirgmçrarndssos senTores; e porlso" usávamos e abu-
descobrirem que estão em um mundo onde os homens civilmados sívlmos do fato quase ao nosso bel-prazer (...l-OsTOais-sénos,
sao selvagens. Cristãos são pagãqs,^|^|j^a_4^ sóbrios, pensativos e indusKÍpsAS,.ie.pQS_se dedic^am .a,fo
lheres gentias sao bestas, ilesaliflaH#! ~ lãàtõ^^ vassouras de^p^lha de milho, esteiras, coalheiras e cestas; e outro
, '
sao ffiãbres^omens honestos sao previstas em lei,
são ladrões grupo entre os nossos passava o tempo caçando gambás, lebres
e guaxinins.
336
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
Douglass é perspicaz em relação à função social dessa soltura de se surpreender, a sensação estava em desacordo com os efeitos
teais. Aparentemente, em uma ocasião Douglass açordoi^epois
#íl contida:
de um di^deSebedeiras e descobriu que havia passado a noite com
Pelo que sei dos efeitos dessas férias sobre o escravo, creio que os porcos na pocilga." Mais tarde, escreveu sobre esses feriados:
estão entre os meios mais eficazes nas mãos dos proprietários
sufocar o espírito da insurreição. Caso os senhores de escravo [O] objetivo narece ser despertar av_e^ãoj,3ies^^^^
abandonassem de todo essa práuc3jiãpAenhp a rneno_r dúvida de dade, süEkSiTndo-os na mais profunda dissipaça U)
^^.^£_j£yaria a uma imediata rebelião dos escravos. któTachavam que
Essasj^ias servem como condutores ou válvulas de sega ran0
£jC_! escravidão.
escmyos de um ;homem,o^^ . quando
j^rnm Porisso, na qual havíamos
as terias aca
para esvaziar o espmtõ"rebelde da humanidade eséraviZ^t^ (■ bavam, cambaleávamos para fora camoo "
Al do senhor de escravõi que üm diã se aventurar à o"
obstruir o funcionamento desses condutores! Eu o advirto de q^' chafurdado, respixávamns fundo e marchávammEari^ça_j^
(i n,;,; '
• Or"' em tal eventualidade, um espírito se manifestará no meio dele ,
ais temível de que o apavorante terremoto.^' Apesar do "nós"v4ist_ai^dDn, essa é
'^ ''.'X ouglass havia nao apenas chafur ao, autêntico
Essa passagem oferece uma mandrldíCensar o ^®ndera que para escapar à armadilha e prova^um^^
do Hmo homérico em que Hermes não come a carne em ^ do liberdade^cisaria.ref«a«-od^gueoi^^
posterior acesso ao alimento dos deuses. Poderia a cena tra^e ^^«avosTstavam
, Suas escolhas podem trazer à mente os trtckst rj § ^
^-.hascontraoapetite.Lembtemos^q—^
■|
;r t 1- Tcarn na gual o ritual carnavalesc.a La
fuies tentam mudar a maneira
V ! • ('• i saturnália dos escravos e' s^T °°"Slass repre com diferentes resultados. O truque
com os aDetitpç ^ a i^elaçao com ela: ser indulg^^ ^ depo. p
cortejar a rebelião. ° '^'«senso; removqr _essa jndujgSI^^ ^ . por isso, "miros estomag
operava. Durante as^fe'^^ Própria como a satutA ^
lia
Seu ® esfera^mais>JXá. celestial. No
zenda de um sul dos Estados® Unidos, se os° se lores conseguissem
o própriorealizar seu
Douglass
a bekda dp senhor. A K , nd,ioi u-ni.dcis.qtiemC--6---^^ ^en«;,°' 'STÍelvagemem^^mingau de
Douglass de dezeÍir ~ aguardente deJ^SÍ<J
Bebeu sua cota depois
ou obter
ou obter àà cüst,
custa de comn'"u"-
..
''^^oobriu que gostava.
descobriu
«^ndo o° que
gostava muitO-
'l"® conseeuiu
m
conseguiu — ■ ujcia ^m-5n5rT5í?idfS^^
em um cocho de porcos ,
havi a conheci d o
confinados às esferas
a
"fazia comLquejne,sent °® interessados, ^.''..j-^is ISd T P^^^^tr^eme
7®dade dos que comem -g" ; conLados
eTão' às esferas
, ^^ntinha-os
Pensar que era um j^esidente.:'Como haixas: Freeland alimentava bem os
339
338
FREDERICK DOUGLASS 6 O CHAPÉU DE EXU
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
■ p.„ b»»'
341
340
w
-r James Baldwin
trabalhando? Era mtíilb gentil, não^^ í llfr
notavelmente indeléveis
^'Visões,orgânicas,
P^ncr. • i
algumasj od'iosas
^r^mo era retinto.** , ,
Estados Unidos dividem. "Pf"cimente no modo co "Você deve estar fatigado ou cego pelos raios quentes do sol
niipqrãn A 1 j' P^Puíação entre brancos e negros ^ para confundir um chapéu branco com um preto.
decor aÍ' ü P"»»™ míelaíai d ess» "Eu lhe digo que o chapéu^ra preto^j^e^to^nganado.
Lembro-me dele distiQtámènw^
Osllm?amigo7começatam a brigar. Os vizinhos vieram cor
óbvio isso se tòwa^ atentamente se observa, nt®" rendo. mas a luta era tão intensa qu_e não consep.rarn conCj^ .
No meio """"
erSstrdo"''"'' "*"SS
j. .1 ■
342
■ify I) _• j
-i ■■ ts
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
- ,n , ,,,
um chapéu preto, mas meu amigo me diz que era um chapéu completamente diferente para cada amigo."^^ Quando os amigos
■•í . " branco e que devo estar cansado, cego ou as duas coisas."
, -1: : discutem, um diz ter visto um hgmem negrn„ o outro, um branco,
O segundo amigo insistiu que o homem estava usando um
chapéu branco. U^dos dois devia estar enganado, mas não c'^- Frederick Douglass acreditava .q.ue_S£iLgrinieiro senhor, Aaron
''Anrbgs«íã5;;£enJg AnthonjÇera seu pai; sua mãe, Harriet Bailey, era escrava de Anthony.
"Como pode ser isso?" ' Os Bailey eram um grupo familiar coeso, antigos habitantes da
"Sou o,ho.meni„que fez a visita por causa da qual costa oriental de Maryland. A mãe de Douglass, pelo que se£oma,
agora esmo _brig_ando, e eis o chapéu que causou.a.dIiSHns°-. sabia ler, e a mãe emt^nia^eseraYa, erà rêTátivamehte indepen
Exu pôs a mão no bolso e tirou o chapéu de duas cores, di dente (casada com um negro livre, tinha uma cabana para chamar
zendo: "Como pod^ver. um lado é hranm e n nutro é p£g!°' de sua). O tetmvô de Douglass nasceu na Marylajidcoloniak-em--'
j -r ,
Cada umde_vo£ê^u_um dos lados e. porranro. está correW 1701^^ais deKpõr vez, provavelmente foramjeyadôs para
sobre i^gue jtiu^Nãq são voçês.o.s, dois .companheir£S.JÍ a América não da África, mas da colônia britâmc-a,déJ^r^dos, o
e£!iPJ^otos^e_amiza^ Quando prometeram um ao outr" que significa, entre outras coisas, que a família Bailey
ser amigos para sempre, fiéis e verdadeiros, levaram ExÜ.i'" da língua inglesa havia pelo, menogjdx^ Em resumo,
consideração? Sabem que aquele q^ue" não põe Exu em por meiSir^TDSÍÍgS^a herdeiro de uma tradição afro-
I .-i Jl'.
onde necêssaxiamente ° "^6reiro, viajou para as Ame para dizer qual era a cor de Douglass? Onde
!' •: !Í
i!í' ■ '
=om aspectos. De cionar? Tendo herdado o sangue " branco do pai, p
raspado.5:pa^' Tf •»«bém .ls„m. po.(ío de ."do o ,"e ese. "branco 2°""™
O", par. dela., de lado »
mou em mrrhomTOmico do ladoTomlVeLt"pre'ii tradição Douglass poderia habitar. Quan
345
344
A
FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
gundo a , qual negro ++ oranco = npcT^^^ ^c inventiva matemátic® Tomemos, por exemplo, a história da auto Ao nascer,
r^. . ®ra FredèHcklÇupsfirs"Wãshington BaileyTqúãhdõ se mudou para
se Douglass, ~ ^ questa
° norte, trocou de nome, primeiro para Dailey, depois Stanley, em
disruptiva, seria ou n3 e tomado por uma f seguidadohnsoh e, por fim, Dqugla^s,-adotanda-o.BQme.rk um
drogar os guardas e e deslocar a linha de cor. ^erói, Doúglasi^do poema A darM doJugOj,de sir.Walter Scott.
»•" . C.Í po, .ss.» ""'"'j "A caracrSnstmTffir^Douglas de Scott", escreve Walker,
<> ««l-i d. «iSr a taxononii^ ^
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346
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
"é sua resistência inabalável nas adversidades, provocadas pela Jcn^emrardeme-e-esperajaspso? entrei nessa nova vida com todo
perda injusta de seu patrimônio", e o enredo do poema conduz a o arrebatamento do entusiasmo insuspeitado. A causa era o ,
restauração desse patrimônio os homens engajados nela eram bons, os meios para ati g
A identjficaçãí^de D com o herói de Scott foi além da
com o neroí ae ocoit lui —-
triunfo, bons (...) Por algum tempo, fm levado a esquecer que
nples adoção do npme..e^da.r£ÍA'íadica'cão
simples npmç,e_da.reiyinjJicaçâo imaeináría.
imaginária. EnTlS^
ErnT®'' > niinha pele era escura e meus cabelos cncarapin
quando viajava pelas Ilhas Britânicas ("para visitar o lar dos msus O
ancestrais paternos", disse),«passou seis meses na Escócia. chama a atenção aqui é que
sozmJ^Por algum tempo, deixou de lado o trabalho antiescra- ^ta não
escura não mais
mais me
me definia",
definia", mas
mas'esqueci q tinha a pe u? n nue
"esqueci que ^
da DtÓDria pele? ü que
vagista. Aprendeu canções e baladas escocesas, cantando-as e ^ que cor é o homem que se esqueceu da
D
°
tocando-as ao violino pelo resto da vida. "Se eu o encontras^ ;=>'ker argumenta é que, sob a influencia
agom", escreveu ele a Garrison, "entre as livres colinas da velh® de?"ter parecido a ^Douglass que' '?r!le!ra
"pela P'™ vez na'psvidfilhos
a foi
Escócia, ond£o antjgofc/ucé Douglass [sic] um dia enfrentou seU ^Paz de revogar O código escravocrata e , j^ães'.Ele
mimigos (...) você vènãumTgrande rnudTnça em mim! ^ulh^escravas deviam
Alem dis^miker toerpreta a migração de Douglass pa'® °
P^le escura e do cabelo encarapinhado. ^■^Jò;Tnesmcrpara
do amf,,, ^^ígrdamegritude,
raça. Os garrisonianos oupareciam
{0S men^
P^ Se e esse o caso, revelou-se um "quec^®"® j^uitoce^quc
m e u^ apagamento da própria linha de cor. No barco d" Ontem rodeado de abolicionistas. "^^^éníoriaírí^'^^"
d^r.^aaconvençãodeNantucket,por exemplo,"houve uma alj n ^ ^n^asmo havia sido extravagante ' ^ jgclamçjoií^'
I acrescentam.''^ Mesmo a se
nlo sete
concorZ "
separadas para os negros> ^
abolicionistas, negros e bran^
a esquecer")''^ parece'^Ífi£3H^Í^^—
o convés descoberto".- ^ ^nos qfie se seguiram a Nantucl^t)^o|£^^ ^ brutais, o
j;® liíuíí-dècõFsFSiSS^^:^^ CalafatesjtavH?
hr u^uilióIFa-iSéfiniu-o trabalhar em
'^anc,
"^de New Bedford recusaram-se a g^dfotdfizera?-
Seu
Emresnrnr. .^ negritude. fefr '•".o dèatl^ídSe; igrejas
ceram-lhe uma'eTp«r"'°'r°' ^^otarem um banco separado; »> ° gipjamentos
®^8re
uma comunidade queTar "\^''®q"epoderiahaverag qua
®8ados nos trens nortistãÍêT3orm atacado por u
Douglass respondeu a ess ''do foi para a Grã-Bretanha; em Mms
•• liv 1, como ele mais tarde re P~™essa, Walker deduz do ^hrb;
que fraturou sua mão direita; e ^;^"®|jnistasArancos Em
'■'i •• M
autobiografia de 185S ° relatório da visita a era o r.jsrnojo^^;;^ comj-
espg°^ aspectos, os gafrísõnianos
'^'^"Peparaasuacausaefaziamcomquc^ pubesse como ac
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348
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
que um'^Í£écirn^devena agir; "Dê-nos os fatos", disseram,"nos O que Dou^lass-£ea-£oi-abimdnmr n limiar-ne-gual pieto» e
cuidaremos da filosofia."**^ brancos se místuramj no qual havia nascido, no qual culturas se
tocavam mutuamente-e-submetji^m-se ao artifício da linguagem
Era impossível para mim repetir a mesma velha história, mês ap'^ racial. Fixou ^sidência na casa m^^rna. Tornqu-sejm negc^
mês,e manter meu interesse (...)"Conte a sua história, jg Um local para se^rrssrmovimento com clareza e na historia
sussurrava meu respeitável amigo,o sr. Garrison,quando eu su cambiante da sua infância. Douglass escreveu a autobiogra a tres
no palanque. Não podia seguir sempre a iniunçãq,_po^ora i vezes e permitiu-se rever sua vida, e especialmente suas origens,
—■
epensava.'^®
a cada edição.^^ Najmmeira (1845hcítao^^
"O melhor é que você não pareça muito educado","'
t^ranco; na segund^ (1855),> pai e envo to
Um garrisoniano escreveu para outro descrevendo Douglass co
"ou^estranhmhe^S^scÇFi?.'^^^^
OMll, en;;„rr.„«apen.r .«•.,í.ornirlade
to Sera assim apagada,
apropriadamente recatado.,"para um crioulo"/" Outro escre
que gostaria que ele fosse um "preto puro-sangue [sem o]
Enquantc^ajiorçjobmnc^iipa^^
t —
No ní n.ett'
das as pessoas de cor de
Pescobri (...) que ela era a fato, estou feliz em
midessa
tolómitologia
gico; nã^rát^-"^!' ° ®
humanos. Seres humanos pa
f°i"cip^ ®^ tqçkahoe que sabia ler que eu possa ter não a minha
atribuir qualquer amor ao gênio nativo da minha
história A hltó simultaneamente de -aad® presumível paternidade ang o ^ jss
-tlc^-^-- Douglass com uma opP^ u mãe preta, desprotegida c
" ^ ptogenitor branco e
favoreceu tanto n /da cultura escravista,..
«o,. uà",T.|!" li"h. de cor no, E, .„ # ■"quanto em 1845 Douglass
""Utia a progenitora negra, effl 1
o branco e proclamava
yj^a é ve-lo ^
romper essa barreirr Poderia encontrar ^^^r,
nm homem cuias m~' honaem -bistórico P »=8r.. Ví-lo r.de»nh,r o .<•»' »uda o ,u.
manifestam má vonmde conTrf '' »«. .0.0 m,„ de orie.m: »° ""SP. E»
ausente? seu sangue mestiço c que tomemos por seu "eu ver
351
350
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
de um homem branco, ma^o filho de Harriet Bailey, a escrava^, ter sido uma mais óbvia indisposição psícossomática (...) quando
Esse eu é negro,
a plena força da<;[traiç^de Garrison caiu sobre ele, Douglass
Alem"diSsò, vemos Douglass afastando-se da porção anglo- perdeu a voz. Fic^ literalmente emudecido (...)
-saxã do seu ser se olharmos para a "cor", por assim dizer, de
sua voz pública. Como já vimos, em 1855, Douglass revisou a Podemos retornar agora ao momento crucial da história das trans
história do pronunciamento em Nantucket, acrescentando uixia gressões de.:feiêrrnes, o momento em que Zeus n e as oposiçoes a
noção retrospectiva de seu entusiasmo ingênuo. Quando descrevi história se dissolvem. De repente, Agolo^
pela primeira vez esse discurso, sublinhei o fato de que a tensão amigos;^ velho mundo se foi, q novo inun^^^^ Nenhum
do momento teve a ver com o fato de ele falar para aboliciomstas _ tnomento como esse ilumina a vida de Douglass, nenhum pai reco
brancos: "no encontro das pessõaTdFcor" Douglass não teve nhece sua paternidade às gargalhadas, nem o pai biológico nem um
problemãFpãfã encontrar sua~vozrDê^cordo com seu posterior pai espiritual/político como Garrison. Semjsso,Dpnsl^^^
senso de entusiasmo mal dirigido, agora ressaltaria um segundo igualmente de uma forma.„deJ'herança" paterna, uma estrutura
r 1^1
detalhe em sua narrativa: Douglass falou porque foi "instigado na quiílua"particularidade pudesse deixar de parecer anômala e
a isso pelo sr. William C. Coffin". O fato é que nos primeiros se tornar parte do "real".
anos de sua liberdade um círculo de homens e mulheres brancos Na viagem com Garrison, Dougla des _
% incitou, sancionou, apresentou e autorizou a voz de Douglass- ^ platéia que pensava ter (e perder P
I' Tambjm foram sua platéia simpática, seus ouvintes. Sendo esse
o caso, podemos perguntar até^"^ííp5Hi5Trpróprio Douglass
Nenhum garrisoniano estava interessado
litrópico
F Na
iNd Nova Inglaterra, najécada_de_1840, umse fosse
aeia como om_ o
Vi!.' quem está falando. E caso conseguíssemos encontrar o ponto de pele csLurd
f escura cecâBêlõ~ênC3Tãpínn q ' escocesas
baladas
observação ideal para nos posicionarmos, poderíamos atribuir iierdeiro
^
de tTinãrní^ãírbmígS^ dinleto das fazendas da .orato-
uma cor a essa voz? P^ios charcos
narcos, que extirpava o ^
diaieto ud a dar-lhe ouvidos.
disposto
Que o próprio Douglass teve de lutar com essas questões poderia não encontrar a^u_— ' i r
■ r,''
i'íí!\ claro a partir de um curioso evento que ocorreu no outono f Pelo comrário po^iraSSb"'' que queriam aquela fala de
1847. Douglass^.^Ga«isoi.-estavaffl-então..yu^ Pretos e com essa revelação, despertar e ver-se em uma terra
norte,de,Ohio,.fnlando-coriaâiUscj^^^^ mas ealgum Ex^de^t °nde a ünhTãe cor persistia. Imaginei Douglass parado sobre
S''
•''íií
•'4:
ter passado a cavalo entre eles, pois discutiram,
levaram-nos a um rompimento irreconciliável (O tema
suas diferença^ essa I- ■ Ir^ncas de cruzá-la ou apaga-la, quando
r'''ie ^
LXVe
Douglass de publicar o própriooposi ção .de.Walker
jornal.) Garrison-ao-deseio-de
escreve:
4'
'■'pi'
■""loCnZe do «Ml»» '"'"T, T "
^-bos. Ficaram fisicamenr^ ser um mundo organizado para mclui-lo. Então, era
rebroTerri——iMÊSEnmido^ouglass
ve semanas, com.seu- descobriu que esse mundo nao o incluía e, por isso, foi
sofreu com o que Sado a retornar ao limiar onde, afetado ate a mudez, com
352 353
'' í
FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
A A5TÚCIA CRIA O MUNDO
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
. 'f
nos perguntar sobre o ponto de vista de quem o julgamento deve -escravidão, no início da década^ de 1850 estava convencido je
ser feito. O homem pode muito bem ser uma coisa se você for o que a Coiistituíção era uma ferramenta utirpã^Témancípação
proprietário de umrfã2êna'ã"ántés~da'Guerra Civil e inteiramente dos negros.^® Douglass jamais concordou com
outra se você for.um iàriquê^do pós-guerra. Para o primeiro, diria ziam que os negros deveriam se recusar a votar ou emig£ar para
que Douglass foi um verdadeiro Lokí, um intermediário traiçoeiro a África: negros nascidos na América eram norte-americanos;
que, acrescentando estratégicas amarras próprias aos já apertados haviam ajudado a construir o país e deviam, portanto, viver nele,
grilhões, desejou.mudanças apnca I fprjí^<Lpa ra a terra natal- MaSj compartilhar do poder político e da riqueza. Nesse^assuntos^
em termos da cultura norte-americana mais ampla que sobreviveu era um ^oc^tico agen^ejnudanças. Mencionei no capitu o
à Guerra Civil, Douglass é um pouco mais semelhante ao Heriíl^s anterior que é destino freqüente daqueles que procuram mu anças
do Hino, um desencantador espontâneo de artificiosidade restri fundamentais acabarem contidos pela cultura maior, tendo suas
tiva; mas famEenTse parece com o Hermes das Trevas, que pode demandas reformuladas como coisas que "Zeus havia imaginado
cantar uma nova teogonia quando quer, convertendo os acidentes (••■) desde o início". Douglass permitiu que algo semelhante a
de sua vida em essências quando necessário e misturando-as às isso lhe acontecesse. Rompendo com os outros ®
porções imutáveis do mundo à sua volta. apoiando a Constituição,
Não que simplesmente esteja pretendendo fingir uma negritude fundadores" - ou antes, com o ideal daquel
mítica e essencial, embora isso faça parte da questão. Quando se quase ouvi-lo dizen "Amo a pura J
trata de credo e país, também deixa o limiar e desloca-se para um «A odeio a democracia c-WÍtà'®s Pundadores^«g^
centro estabelecido. Douglass havia-se convertido ao cristianism" ^ As paTavras Vr-à-e "ideal" tetro"
quando jovem e, embora pudesse ser desmoralizantemente sarcás "ão estamos mais assistindo_ajfgum--q®uut
tico em relação à hipocrisia cristã, geralmente deixava claro q^^ -iidad,.,,,^
nao falava de fora da Igreja, mas do ponto privilegiado de uma ^'^dudes supremas obrigatórias^ rénlicas não vê
:í cristandade "pura;^f^-QuaHdo, criança, certa vez encontrou alge
mas páginas da B>^Ua^na_sarjetítlevou-.as para-casa-, lavou-as e PKWema em promalB.i '"'"''eetoti.l e demoni.co, setogem t
E-í
xS secou-as e depois guardou-as em sua coleção secreta de material '^,'^adoras.'' ^rado e profano, dermos
áf ^pmssã- Isso revela sintomaticanlínte seu anseio'de mêlhd^f ®'^'l>2adorjusto e ifijus», decente e
de nao abandonar sua igreja, assim como uma típica observação f
.'1 1
■l.v*!
®'«ais, o- Velho Eloqüente aos deuses em
■^■ ih ■ ■
nm dâ Narratim: "Amo a cnçtr,r.^ j «terica verdadeira e real. o pertence, assim
,n:'; •■ :
c™„ poran» ÍjU « canção, como cada um veio ^ recordar
desta terra.'- escravizadora (...) cristanda . «uglass pede que os ^ ^ democracia não eram
M.. i^:v
■:■ bi; ' natal sob o Ponto^dfviTtaÍe'^™" ^ hipocrisia da tetj^ « terra original, onde a
tenha seguido por um te América purificada. Em
a Constituição dos
Cos Estad'"''?!^ abolicionistas
Estados Unidos como ao r®'®P^"
um documento '. ^àe preta"/^
357
356
k.'
Ítil
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-n!(s A ASTUCIA CRIA O MUNDO
FRE DERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
"!•
.3.
Trato tudo isso como uma espécie de domesticaçâo porque nao de Cinqüenta anos antes, quando o irmão de Thomas Auld proibiu
ií apenas oferece um novo encantamento, mas participa espontanea
mente de algumas velhas "veracidades" norte-americanas. Vistas^
a mulher de ensinar o jovem Doug]assajêr,^mtM-q.ue"!PTi£r^
do limiar.dQ,.trickstgr, nenhuma dessas purezas existe; são ficções
alfabetizado "imediatamente se torMda^mgo3naieie,^® a
úteis, talvez, mas ainda assim ficções. Sobre o limiar, tudo é mais
havia acontecido naquele meio siculo. O escravo
ambíguo e o puro se casa com o impuro (na igreja de Jung há um
r.
monte de bosta caindo sobre o telhado reluzente, a saBedoria dos
Fundadores é mesclada de estupidez, a.Ç^stitui^ão é_aQiiiÊsmo
1%m nenhum valor" para o sen or ^
rar a tál ponto a noção de seu pai do mestteialer
tempo~racÍ5.ta.e náo-raoista, homens brancos falam em dialeto e
representada que viveu para —
negros cantam baladas escocesas).
à sua porta
^ i*'' E,no entanto,como acontece com Hermes,não parece inteira
'•il: mente correto dizer que Douglass é "domesticado". Por mais que
possa ter se acomodado à ideologia e à religião norte-americanas,
A história do^Bap^trde EiJfu-tef ^rnm
^ este declarando aos dois
fez isso em um mundo que ajudou a mudar. Se Douglass se ve amigos;"%ês_£tãoam^cert s. perspectivas no
devorado em vez de exilado, devemos reconhecer que a ideologia Pareceria, então, que o con i dirimido por um ponto
norte-americana se alterou por tê-lo absorvido. Um PQUglass qual os dois amigos entraram po ^ Q|iiar.jz,eaital,-G»me
verdadeiramente domesticado teria permanecido como escravo em vista mais elevado, a Udo e branco dp, oiitXQ"-
Maryland; vérdadêrrimente domesticadoTnâo teria visto ern seu "o chapéii-.de,Exai.T^eto li':
ternpoBe vida a abolição da escravidão e a Constituição emendada duvido que o espírito de Exu possa yersões da história nas
com tanta regularidade. simples, Há,em primeiro ^Mas mesmo que tenhaj-^beça
apenas í'/
A questão é simplesmemegí^^ entra em uma casa que mais o chapéu tem quatro core . de
ajudoua_çonstruir. Como^rmes,quandíle^dSbErdTpenfe^^^ ''nas, qual é.a cor do lado^5----—-' jgj2 escuro lá dentro,mas,
P^ra o ccntro,mxádMj:tmo^ Para demonstrar o^saboVdessa mudan Exu sabem comletteza(a não ser qu Ou então,
ça,para proporcionar a sensação do que significa ser um ex-escravo nesse caso, que cor continua ^ tom azul-páhdo ao
residindo no coração alterado de sua nação, vou concluir com u® não é verdade que a neve não é negro como o car-
pequeno e representativo incidente do fim d^ vida de Douglass- 'uar e que o mais escuro dos
Um doAÍêSÊeji^.^ejos.,^^ dele, Thomas Os temjoisãoçontex^^ metades
Auld, era um medico chamado<^onias Sears. Por volta de 1883> "lesmo que houvesse, a ideia e ^^^jjjtat a narrativa. De que
esse dr. Sears Ptecisou pejir_emprestados quinhentos dólares£?_£? « uma espécie de simplificação par
' largura^f^^,',
garan i^m^upoceca^A guem TO5rreÜ?T^rãõrecõFriíi''ao banco, é a fronteira entre o preto e °
■f ^'onteir.aai^^£2íU.ÇOiSO^^ depois a dobra
SsÍto rcr'T"''" do Registro de Títulos do ^'^meçasse.a-e-sticar.Q.chaFU.'JP° ^ g.ticando, espremendo
proprietário dde™
um '
terreno de quinzeP«^'dente James Garfield, «
acres em Anacostia..." ■!'> - esticando, espremendo, do^br^dj^ ,„tao
^"brando - uma centena ou
359
FREDERÍCK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
A ASTÚCIA CRJA O MUNDO
360
.y
A ASTUCIA CRIA O MUNDO FREDERICK DOUGLASS E O CHAPÉU DE EXU
44. Walker, Moral Choices, p. 244. ^0. Douglass, My Bondage and My Freedom, pp. 242-43.
45. Walker, Moral Choices, p. 244; Douglass, Life and Times, p. 185. 71- Para exemplos, ver Douglass, Narrative, pp. 53,67, 79,82, 129.
46. Walker, Moral Choices, p. 244. 72. Douglass, Life and Times, p. 101.
47. Douglass, Life and Times, p. 185. 73. Walker, Moral Choices, p. 231; Preston, p. 203.
lüi 48. Douglass, Life and Times, p. 185. 74. Douglass, Narrative, p. 78.
# 49. Douglass, Life and Times, p. 186. 75. Gleick, p. 51,em que o topágrafo é Stephen Smale.
50. Citado em Walker, Moral Choices, p. 245. 76. Preston, p. 9.
51. Walker, Moral Choices, p. 258.
52. Walker, Moral Choices, p. 366.
53. Citado em Prestou, p.l91.
54. Douglass,Life and Times, p. 186. A narrativa do próprio Dougl^®®
3i'i • sobre alguns desses incidentes está em Douglass, My Bondage and
My Freedom, pp. 243-47.
55. Ver Douglass, Narrative, p. 48; My Bondage and My Freedom,
p. 38; Life and Times, p. 3; e Walker, Moral Choices, pp. 249-50-
56. Douglass, Narrative, p. 48-49.
57. Douglass, Life and Times, p. 10.
58. Douglass, Life and Times, p, 10.
59. Douglass, My Bondage and My Freedom, pp. 240-42.
60. Walker, Moral Choices, p. 258. Para a narrativa de Garrison sobre
a doença de ambos, ver Merrill, pp. 516-27; para a história àe
Douglass sobre essa briga, ver My Bondage and My Freedom,
pp. 240-42. Walker acrescenta em uma nota que não encontro^
'nenhuma menção a Douglass 'perdendo a voz' antes do rompi
mento com Garrison" (p. 366).
61. Douglass, Life and Times, n. ifi^i
62. Merrill, p. 519.
63. Walker, Moral Choices, p. 246.
ím 64. Citado em Walker, Moral Chokes n 261
65. Walker, Moral Choices, p 259 '
66. iTie
363
362
T
1 "íirte" me interessa-nrnjGu^Se^^^
do sânscnto,co^^^^ ^„„V^a^.rifuma coisa."
Mareei Duchamp^
/ ^ 5 e Fr^ejickB?£Sl§ss na
situar essas
^^^rutura mais abrangente do meu p imagem unificadora * '■
368
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
em fazer as junções firmes e bem-assentadas que conduzem à^^ar- Todos esses ppHnrns são então disiijhujdns entre humangs e
monia clássica, é claro. Do que os tricksrers gostam são juntur^ deuses." Ó sacerdote que preside o ritual pode receber um
flexiveis_gujnóveis. Se uma junção se desfaz ou se desloca de rins; pedaços preferenciais de carne - coxa, quartos traseiros e
um ponto para outro, ou se simplesmente afrouxa quando havia dianteiros - podem ir para o rei e os altos magistrados da cidade,
começado a se fixar e enrijecer, algum trickster provavelmen^te as entranhas podem ser usadas para fazer
estava envolvido. De várias maneiras.diferentes, tricksters àqueles que estão n^enferia do banquete sacnficial. Os d use
perturbadores das junções. Uma dessas maneiras acabamos
ver; trkksters às vezes matam um imortal atacando a articulação específicos (a língua la para Hermes, p ^^nfiauracão dos
-i.-T.,!
370
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
Como o sacrifício grego envolve animais reais trinchad^ No entanto, algo essencial para seu fnncionamento ajnçkxstâ
longp_^dasJ,urLtai7éle oferece um exemplo particularmente faltando. A natureza do elemento ausente emerge tão logo obser-
para se falar dos rricksters como trinchadores, mas não vaníTs-qiIé o plenamente articulado sistema olimpjçodedmsoes^
limitar essa imagem a algo tão literal. Em muitas culturas, delimitações pemaniiiHümS menosquydgmiâ
a possibilidade de rriovimentação «\nej,uaS-Ês£et.a,l^_JlIL_
vimos, grande parxe-da-ação dos tricksters corresponde a Introduzido apenaTdTpÔis que a
reconfiguração (desarticulação, rearticulaçãoj do ç cosmos havia sido àlcançad^e_seus limites definidos, Hermes
cerca.:Exu, por exemplo, posicionando-se entre a humani^ ^ personifica esse princípio de mo^mítito. Hermes
os deuses,representa a possibilidade de redistribuição, que o cosmos retenha sua estrutura ordenada
que os elos entre as coisas sobre a terra e as coisas do ceu p ^
Lente ,tist,t».t«o.it«ct.m.«tr»e«scot«po«e«t«urnc«Wos.
se afrouxar. Uma vez que Exu tenha sido invocado, o pr ^ ^
destino deixa de ser tão fortemente atado aos eventos terren >
j ~
>i.i«
padrão moldado no céu não precisa determinar como íií cot^ .0 d.„'djT5r'fwdo,».çã., ° ^
acontecem aqui embaixo. damente separado dos outros, mem cérebro contra o
Em todos os casos como esse, a arte do.trickster .en-vo' q os ossos, barreiras impenetráveis ,,^fgsfossem
com Qique venho chamando de articulação de segunda ^r. j^eio Sangue desgarrado e assim por dian e. .
trickster desloca os,padTÕes,^m relação uns aos outros e, ^ais que neiihum órgâo^dxSSêJ^ ^^^a deli-
disso,redefiné os pSr^e^m sL Onde uma grande harrnorií^ Antes que um corpo possa ganhar vi , órgão deve ter
a naturezaí^ a sociedade e o céu,o trickster interfere com ^ ^haçêo, deve ser.,permeada de algum , sangue, bile,
Nisso ele não é"" o assassino que vimos com Loki e q ^^us e passagens através dos qu fluir. A menos que
é um criador de artus ainda assim, desfazendo velhas harm ^nna,feErctíe,neurotransmissoresj p
algumas vezes,especialmente-se^tiver própria lira,cantan possam incorporar forças própria articul^^?*
para preencher o^^lêncio que se segue. Orgânicas estão em
No cíí5^j5IiVp5-Í^"®^ essa perfeição,soljdi&ar
I íi Atacar as juntas para realmente destruir algo ou peloS umaWdência a se aperfeiçoar e,co pcenciosidade,
mudar o perfil das coisas: esses são os primeiros dois senti^i^ ^^^ososhmites: Adéusádàcasti a . (^pj^rnâo-perni^
quais triclçâl;ei:s^>sãe--e«flílQrPc
y „
r\^ artus e suas
ouoo
rcalizaÇÕ^^'
^ j,)
^5, ° deus-drrazão não permite confusão. ^ Ate
de artus. Ha mais um. Em um ensaio sobre o Hino a ^
Jenny Strauss Cláy pergunta por que, entre todos os ®^tranhos na cozinha,o deus dajuer mera
historias os Hinos homéricos narram,Hermes é o últirno^^os ° Poríto-eS-q-iTe cida esfera e ? j ^derá a vitalidade.
e seu''qu^hão das coisas^ suas honras.'' , da^outras e a estrutura ;btuundaH>e«l^«";
ícam^qüe ria época ein que ttermes aparecb todos oS çl^ -rl®'^tureza de Hades.selar gua natureza sig
a-
®^S«rapa. Mas quando a plena exp
que Perséfone não pode retornar P ^ ^ pn^aver
373
372
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
374
.STtrSKKSTtRt AS OBRAS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
h||í i
/ "
"insi^ncia de Apoio em limit*es ordenados".^'
que conseguem ttanspot essa ftonteita. 9.4talhe revelador que (i^i)r m! I
lhante,^ps fon jamais imaginam a "explosividade demoníaca^ sustenta a noção que Clay tem de Herm^és como,finalmente um
Legba.chegando ao.cent.ro do lar ou do reino. Como diz Robert cruzador de fronteiras não disruptivo é^ua amizade com Apo
Pelton,"o poder [de Legba] de abrir e fechar passagens servira a fim do Hino. Clay vê Apoio como o ^onente natural de Hermes
vida humana e não a corromperá,desde que ele não seja autoriza
no poema porque "em Apoio os gçégos recorto
a assumir o controle sobre seu centro"."
mantéma.ordem e
Ambos esses retratos me parecem apropriados se os matizarrnos mente as que separam déuses e mortais . Para que ^
imaginando que as histórias de.vida.d.os trick.sters..dividem-se ^ Apoio se desloquem
portanto uma espéciedodeequilibrioouestabihdadeentteess^^^^^^^^^
antagonismo pata a amizade isso ijl^a
duas partes: há um período passado de "primeiras proezas c
pois há ações em andamento no presente. As primeiras proezas funções.» No caL da África Ocidental,Legba -tato
maioria dos tricksters rtalmenté anulam a hierarquia, uitrapass^ precipitar as rixas que colocam o a tetra e
retorna e )"nta o que estejam
limites, assumem ooontrole do centro, desordenam o cosmos,
caso de Hermes, para das apenas um exemplo, se é correto O Ceu, mas depois indfiFã^va j ^
que o gado, uma vez roubado, transforma-se em bestas ^ conectados mesmo estando desconec ■ ^
cas, e depois disso passa a se reproduzir de maneira sexua'dá f ^ suprema se retire deste mundo, mas ep
abatido e devorado pelos seres humanos, ou se é certo anrm^ djvinação,Para,q.ue baja algum mte^^^^^
' iVi
que quando Apoio entrega o látego do ^iadeiro para o
desse gado tó uma significafi^Te^Sístribuição de poderes,o"/.®--; ele possa abarcar (...) os outros
sacrifício hermeficõIrãrKfèFé-Seu autbr ao panteão, então
dos "movimentos de passagern e penetração" do deus rece ^ De mícrí;enmõ^ir^^
-nascido alteram a estrutura
rmt-Mr-i do cosmos. XT
No exemplo
^1/-» àa
Ha disQÓT^ia ou de artus não domes-
Ocidental,Legba claramente chega ao centro das coisas quau ^ do O Inicíaímente, são os cn uma vez que
mundo está sendo feito, separando a terra e o ar, este mundo e ^^cados que fazem ou refazem o mu criado um lugar
celestial. Quer ttagam a morte ao mundo,roubem o ^ trabalho se realiza, e uma vez ^ j^ais domésticas
sem constrat^ento^^ proe^ si, podem assentar-se para se t compor-
os tncksters perturbam o velho cosmos e criam (ou revela^) mantêm o vigor das co^sa^^poim Hermes avança
^^mento que chamamos :r[o há rupturas profundas
Depois disso, porém, se são do gênero de criadores, ^ Primeira fase para a segun a. no 1 Apoio fazem as
interiores que estou descrev;nH' "' "- u.m dei^^^ ^ "rudanças cósmicas, nias, uma vez que
essas veTKárHiri-— ^^^do aqui, podem muito bem
^ ,Tfá Se o segundo é ordem c
mundo,m„afi„u|, r'!!"! ",ivo>
' E^^en.o,,n,ão um equilíbrio semelhante l'
OS mortos,assumirá seu n t ^ ° '''stinções entre o ^
ra seu posto como um dos poucos personag ■^orno seu "melhor amtgo".
376
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
pazes, torna-se um agente interno de mudancas cuias-açõffsmão reencena a trapaça ptQmetei^(separando a carne dos ossos), ,no-
mais alteram a conformação^o cosmos(nunca mata Zeus; nunca vãmente os divide. Prometeu é,asskn,um s^arador-conector e uu eno
traz o apocalipse). Õ mesmo é verdade para Legba: no princípio sacrifício, como expressa MufééTDetienM^o consumo da carne
das coisas desorganiza profundamente o mundo,mas depois disso efetua um distanciamento enfrè deuseS^énomens no momento
joga conforme a estrutura que ajudou a criar. mesmo em que obtém a comunicação entre este mundo terreno e
Tal jogo não assegura exatamente estabilidade, porém. Tra- aquele dos poderes divinos".^®
vessuras sempre encerram as sementes de rupturas mais perigosas. Um tipo similar de conexão/não conexão pode ser encontra o
Assim corno qualquer..animaLestá,em risco por conter42J:itoS-P^ na maioria dos outros lugares onde vimos a imaginaçao trickstet
corpo e juntas entre qs ossos, também qualquer cosmos corre em ação. Onde ele é o primeiro ladrão, por exemplo,seu roubo e
risco simplesmente por ter um criador de artus domesticado geralmente o.qu^gnifea^clejestad™
por perto. Se há momentos históricos durante os quais,j£âlí^®® para outra sStréáíment^er a delimitação
mudanças são immFhtSsrpõdém ser exatamente os (em outras furta ãTuracTianíTo elimina a ^í
ocasiões benignos) criadores de artus que as trazem. O trmlSâES'^ encontra um buraco nessa ^cmarcaç^^^, f,,hadura).'
domesticado é como o fogo domKt_icado. O fogo contido por um» porta da caverna da ma_e^de£__P^^
chaminé bem construída não porá a cásTem^riscò^ más abdongo o" trickster é o ifjqtnar
dos anos a argamassa entre os tijol67polle rachar e desabar e de comércio que permite ,mjs.n^^^
então, naquele dia mais frio do ano, quando alguém empilha os P^rentesTgss^^Trã^^ nas histórias da África
gravetos para avivar as labaredas, as chamas se estendem-cn"® conectadas com q_resultado.dl^o- 'j jes e adivinha para
ti)olos,^cendem as ripas e a estrutura de madeira e incendeiant a Ocidental, onde o trickster -duz pa« ^
casa. Urn inuseuj/^ n^nani^caTem uma pedra de forja e® os seres humanos,antb^s
que algum ferreiro nórdico entafhõulface de Loki com os láb'Oj oectam sem conectar. Cada g^^olve umao, o
costurados, uma imagem vivida dologo selvagem bem contido- fazer isso revela a distancia. humanos lançam um
Mas,na arquitetura mais anipla do mito nórdico,chega um teiOP^ P^ro triunfo da separaçao. Na ^ ge^ipre enigmática,
em que Loki se liberta das amarras de couro e reúne as forças qa^ ^Ihar aos propósitos divinos, mas ^ assim como faz
levarao o cosmos ao fim.
^ divinação simultaneamente
^ma de suas formas modernas, a admiração
Essa ideiajej^^ie^^ força ^^^üWssas são artes traiçoeiras enao
ambivalente.„embutida que node
um novo modo dudescrev! ..'"'^arpilã^aTaçao sug esclarece algo que me in-
379
378
h
A ASTUCIA CRIA O MUNDO ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
que os sábios íorubás entoem a face de Exu nas bordas^osja- e, tendo feito isso, mantém vivida sua forma articulada. Para
buleiros div^^^^ips (ço^mo deveria estar^èntalhadõ^a inesinha a primeira dessas tarefas traz a bolsa de truques com^^ji^is
de centro do analista, ao lado da caixa de lenços de papei). pode
r
desarranjar
''"
a configuração dcTmünHTHê^p^õÕum^^
rio' ülL'nr>ln fllflnffi C
De formajemelhante, a trad^ão de uma língua para ^ refazer suas |untas se_
obra de Exu,obra de Legba, Hermes-nêutica,e embora pareça co mentiráídescaradas de Hermes marca o momento em que se torna
nectar dois falantes ou comunidades,não pode realmente fazer isso claro que o recém-chegado será capaz de se deslocar da obra de
enquanto o tradutor ganhar a vida no espaço entre eles. Se "rtus externa para a interna. O riso de Apoio contém a proinessa
de Legba e seus seis irmãos fossem realmente-uma família unjd^^ da amizade deles, depois da qual Hermes, com a mesma bolsa
não precisariam dojétimo irmão para conseguir conversar enít^ de truques, certificar-se-á de que nenhuma fromeiraobspi^a
si. Podemos por vezes presumir que uma tradução proporciona se transformará emmõrlããrrélT^^
uma^ãnela para o originalv-mas^çom a mesma freqüência, como
diz Derek Walcott, 'í^raduzir é trair". Um velho trocadilho-^' o Proprio Apoio concretiza essa p conector/não
Mâno-traduttore, traditore; tradutor,traidor- lembra-nos de q"^ Particulares nos quais Hermes op rr^o- é o mensá-
o tradutor que conecta duas pessoas sempre permanece entre ejas. conector interngqem a honra de própria
Tradução,divinação,sacrifício, roubo e mais; essas são as artes geiro dos deuses e o ^°"^"7S^„^e'£Abeih$,)que às vezes
conectoras/não conectoras e cada uma delas é, portanto, bem sim ^orma de divinação,o orgculotiã^T^
bolizada como a artus, que é uma junção flexível ou a limitação mentiam e às vezes diziam a ver a operações do
que é uma membrana permeável. Afirmar isso é em certo senti Além do mais, agora que es outra obra de
do, meramente reafirmar a velha idéia de que os tncksters e suas mickster em termos
ações corporificam a ambivalência,mas isso é reafirmado em uma e outro dizer, porque a
linguagem que torna claro por que motivo podemos considerar ^omo^a^artaroutedâifi-E^^^ boaquanti-
os trictoer^p^n^^, emmm-antig^ bra e o próprio Hmo e o cria go^nciusão por chamar
sentido e suas criações como SEms de arte ' ade de versos do poema inc ma L. , No início do
^ menção para o próprio ^"^'^^njgs.oxpetimentandaa Ura
mo,por exemplo,o poeta desjsy 7guc( 1 £.Maia (...); difundiu
"Aquele que chamaíí de sétimo filho" mcem,,r^^g_^^;çantoiL^ 30 uma descrição exata do
^ história de sua famosa concepção ), um
Esses vários modos de . . i^rõeS
oferecem-nos uma oporti ^ refazer articu ^ nessa nova terminologia,diria
Hino homérico a Hermes ■""a reapresentar apenas nm exemplo ..„oféu de seu roubo juvenil" não
esclarecer suas diferenças O ^ouglass,inas tarn ^ = oarne que Hermes pendura no . «p. uma nova arius ou ponto
artus em dois dos trêc -a do..H/koJ_uni^La-d df «sinala o fato de que ele não a corneu,^ g „ovo sinal
d, ^'marcação em relação ao qual jeste abundante mundo, cuja colocação
jando~ás"juntâs pafa i,: Não é Syrdon, a ih,,5'^"'^uação, uma nova junta na ^
'•""" «MOÍ na.,e.rtic„la o c»»»"" ^ 3 maneira como o terreno e i o-
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380
•1
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
que qualquer platéia assisliado aq hinpjiô.jexeçutar_e^a_caaçââ. o que acontece com a pl^ia enquajito^-scuta^de ser algo
acabar^de ver_e ouvir. Em segundo lugar, se entendemos 9u_l 0_ semelhante ao que acontecia Apcdd^o fim do Chama a
HinoJjomérico era cantado em celebrações gregas como.prgld^^ lira de "cura para as inaui/tações desesperança^'; diz que ela
de apresentações mais longas, então ouviremos outra fusão entre combina "deleite, eros e doce sonolência"Tclaramente ela e o :ii!.
Hermes-e^O-jiinodp..quando chegarmos ao verso que diz que o prrri|if;n ° l?Hd5n-não da Hiferenoaçagenaolarada
deus canta a teogonia a Apoio "à guisa de prelúdio".^' O hinodo e da ^ua mágica arrasta q"®'"
está cantando um prelúdio em que descreve Hermes cantando ouvindT^long^dji^^P"'^ ^'""""rlZã
um prelúdio. Por fim, essa.canção.sobre como Hermes nasc^^ expandido de nossibilidades
^ herméticas.
33 pSob sua
issomflue , ue
SOU lemoraco
veio a ter seus pqderes contém uma-descríção dele cantando como Apglo^hafSr^^n^^^ _ ^ ladrão:
os deuses nasceram e passaram a ter seus poderes. Em cada uma
dessas passagens o Hino é autorreflexivo, como um desenho^^^ alguém cuidadoso e respeitave pvrelente! - agora
contém um desenho de si mesmo, ou como a exagerada historia sombra entrando furtivamente ^agoraaquelascoh
dos nativos norte-americanos que contém o Coiote contando existíl possibilidade do adiante.^" Na mesma
uma história exagerada, ou ainda como o músico negro ^io^^^' sas a qug_q ego havia se '^;giil^^^;;;;p;;;7-qSrquando tem
-americano de blues que.canta "sou o cara, aquele que chamam bnha.TunTãmiga como a vida pode
de^étimo-ÍTlh-o",32 forma que os ouvintes podem saber que sua pacientes que parecem incapazes loteria: é muito
arte brota de Legba, o trickster cujos labores mantêm as juntas ser diferente sugere que comprem 3 espffmiçã
u da criação flexíveis. difícil manter as asas^ja^titasia ^7;-T^tso7^cantando com
Se aceitarmos essas dicas internas e virmos o trickster nO a*" de um ganho de sorte^á_guara jogador) e outros
tista, então onde está o antagonista? Se Hermes é o hinod^iHÍ?^ sua cariçlíõrbTímdbbmvoca particular é uma fantasia
ondejremqsenco^ Apoio? Apoio é a platéia que escuta o tttovimentadores psíquicos. Essa c ^^jg^ivas, uma fantasia de
e a performaníTdòliinodo é uma espécie de ataque de Hermes de liberdade originária das eman jeuses tornados
ao lado apolíneo dela. I^gine essa platéia por um Roubar dos parentes e conseguir q , ^ serviço da barriga, de
Chegaram a algum eventb festiyqyindb^b~h^d5 ordenad^ ^^lizes por casualidade, de amor ^ ^ brilhante
todos os dias^coi^^ ^ ataques"de vergonhí^í"^'' falar do verdadeiro desejo perante compacto
aque_l^e_^m da linha. Como aco;i^coin" q-ualquer um d ^ bem-sucedido irmão mais ^do o mundo coloca
nos, uma p-^^-sua psique é apolínea; parte dela segue a reg co„„ p„».»e«r »
do jogo, nada faz em excesso, espera receber os pesos e med^^a^ arreiras no caminho. Voe j—
filli exatos no mercado mam-^rr» j- a l rnanu» ^ andar para trás? ^
„l,e.,.nh.„„ ' í"'~' >'
mãos e assim nA ° que lava insistentement P°dera ser quebradas sem equilíbrio ènp3ffl!ías.
cantor que tange a cidadãos
% encantador e inofensivo " melódicosobre-^
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A ASTÚCIA CRIA O MUNDO ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
encena um ritual de inversão, uma espécie de festival psíquico do vezes em que T.évi-.'^rranss camentoii Hiretafnente sobre tricksters
desregramento, seguido, como tais festivais costumam ser, pelo fala desse aspecto. "Por que", uma vez/perguntou, "porjoda a
retorno do propósito, ou melhor, pelo propósito revitalizado América do~Nõrtê"Õ^ãpel[do trickste^ designado praticamente
pelo contato com tudo o que normalmente exclui. Idealmente, a cm todo lugar ao coiote ou ao corvo?" Sua resposta começa cora
experiência de tal história deixa o ouvinte não tão liberto de todas a hipótese dé que "o pensamentÕm^ítico sempre progride da cons
as restrições quanto de sua tirania e, portanto, mais flexível e aber- ciência das oposições para a resolução delas ,uma resolução que
to à mudança. O contador da história oferece "Apoio e Hermes requer a descoberta de um terceiro termo, um termo_dehga£ao.^^
(ou "o Filho do Chefe e o Coiote", ou ^-'Yasoda e Krishnà") como Comc)''^mnlo T.Hvi-SLiausrg^iéce^im conjuntode
Comó^^xemplo, Lévi-Guausrgteiece^im conjunto ue oposições
símbolos abertos no interior dos quais qualquer ouvinte pode verter paralelas-vida^ímor^gto e gi^a,herbíyoro^carmyp-
seu drama de transgressão e comedimento e explorar as possíveis ro^ e depois sugere algumas resoluções: a caça é_a_ponte ejre
resoluções. A platéia que oj^vetjtral^u^ narrativa de trickster passa "agricultura e guerra"; os que se alin^tam de
por uma espécie de obra interior, um relaxamento e uma medíàção-enttí^frbívo^ comedor e ca
pausa para respirar em reiaçã&tsülm^ões psíquicas. Exatamente
A ^J _ _ S 1 • >. ^ pasta cciififriTfirfiéfbivo^^
asta comõHHTherbívoro,
.
mas come
.. o nara o enigma
como Hermes e Apoio acabam ligados um ao outro e o panteão E o "comedor de c^diveres»
articulado por meio disso se revigora, assim a psique do ouvinte do trick^ster^Tévi^uss, pois Corvo_^Çoim^^^-
pode ter suas funções relacionadas a um outro (conectado/nao ambos de annnaisjlKíJm^ "pensamento ®" '^
conectado, articulado sem ser dividido) e, portanto, revigoradas- descobre-neles o espaço entre os designa-lhes o papel
Isso não significa que o trickster unifica a alma, mas que seu co a partir disso, no caso norte-am 5
mercio pohtrópico põe seus poderes em contato uns com os outros genérico de mediador cultural. funcione tão bem
por meio de seus divisores necessários.»
Em resumo nao é apenas em Hermes que encontramos vários ^^anto Lévi-Strausspode ter
tipos de obra de urr«s; as próprias narrativas trickster fa^em ^ 'rieia de qiJe^ãsliarrativ^de^^^^^^P^^^^^ Corvo comendo
dupla tarefa de demarcar e violar as fronteiras entre as cultura' ^iticQj^rocura inedíaro£pii^^-^^^ (ou, na versão
em que são contadas. O trick;;fpr r,o
/"iiio
PI .
, ..
J
na
• -
^
narrativa
narrativa e
e a
a propna
narf^
prupi*" I
Cadáveres se posiciona entre he ^^ Corvo roubando a isca
iva. Ela cria e habita um espaço ambivalente. Uma das po"':®
T-i . "«1
apresentei anteriormente,assim c categ^íâ-áêJ^to^'
posiciona entre predador e presa q intervalo entre
Essa linha de pensamento converte em e
é o necessário criador de artu^ i-- :kster
dotric-
psicológicos a imagem do
quí
ser
uma categoria de arte, "^ . j^^amente marcando
traduzida em termos políticos casn Poüteístas. A imagem poderia Pol^ades
diferençaseecom isso as articula,
estabelecendo umas.ponte ^^nto
policult^ais, aquelas em que nc SC torna um
q^al nem se n de comércio enU
.dent.dades d.stintas sem jamais se to ""^ade, de-S^aiTque A notnínhào,t,pOTOUtro,
maiona dos debates sobre "mu ticub r'' '""g"'"«=nte separados uns dos ouU
argumentam
(devemos por unidade
preservar nossa(rei de "
ident dade, <•"'™argumentam
dois campos:poraqu^l^jo
s^PfJlira .rlorcs de cadáveres, por ^ modo
o não são exclusivamente '^'''"^.^"i^norte-americano, a
posição(e pluribus unum) fracassam para encontrar uma terc
om comedor de cadáveres.^
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A ASTUCIA CRIA O MUNDO
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
em que cfíoiot^enta resgatar a mulher da terra dos mortos, mas sentidos porque Douglass não é, de fatc^^qmoJHer^s. Douglass
falha e cria-aÍTiorte como a conhecemos,ele vai para o submundo é antes de tudo um S^^r^n ou Loki, umtrickstêr-deiim so-truquc
e assim^pera a barreira entre a vida e a morte, mas ao mesn^ atacando a cultura escravista nas luntas. A Narrativa é uma roda
tempo^eus impulsos o superam e a barreira permanece. A própria dentada atirada nos joelhos das verdades eternas da escravidão.
narrativa é uma espécie de junção flexível, mostrando que os dois Douglass não almeja o projeto da cultura escravista para reconci
pelos que são seu tema podem e não podem ser ligados. A historia liar seus opostos; em vez disso, pretende penetrar o código daquela
de Krishn_a roubando a manteiga ultrapassa, maS-Jambérn cultura e torná-lo sem sentido. Faz a mediação entre seu lar escra
va, a separação entrejD_menLao.-e_ajiiãe^ história oculta aquele vista e seus leitores do norte e entre acompreensãod^
terreno intermediário em que a ambivalência da.dependência e escravo sobre suas vidas em comúinrnãõF°^'^g'^"'^
independência familiar pode se^representada. conecíTdíüi-dSSIISd^s enquanto deixa suas diferenças intac
No caso do homérico^ tanto Hermes quanto o hinodo qi^^ tas, mas como tradufST/íí^,aquelejujasme^iapi^ o
canta sua história móStTám que sempre haverá passagens ocultas mundo em que tiascFi2Sm)iuiiladQ.Íi^
através de qualquer barreira apolínea, mas não suprimem Apo^^' Acim-a-it-;ã;:Ítão, Douglass nuncaé o criador é.artus,u^
jogam conx-annente^Qpositiva de forma que quando a narrat^
acaba, como ao fim de uma boa sessão com o quiroprático, as
mantém vivo o cosmos articulado. Jamais nutre a tt^ve^ura pcosa
que deixaria o todo intacto enquanto dá as juntas
juntas psíquicas do ouvinte foram todas manipuladas,destorcidas terapêutica. Vimos isso claramente na recusa as fe ividad. d
e relaxadas. Todas^asjmrrativas de trickster são ob^_àçJIÍ!i^ fim de ano. A satu,pllja,da es—
nesse sentido. Não são, como às ve2~es~sê"afirma, simples narrati
vas profiráticas destinadas a mostrar a transgressão para
uma tnve_r^^tBpleiajua^^^ ^
pessoas a evitem; são experiências revigorantes de transgressa^j senhores podiam de fato Douglass descobriu:
embri^uezes sdutares de ambivalência. Se a articulação flexi^^^ u mesa, mas os efeitos eram si v j^j-nava com autoridade
é uma necessidade, assim tambéííT^essas histórias; se uo fim da licença, a velha,
suprimidas, se não houver lugar para encenar a contradição,^ tcnoitada.3' TendopatnaEadpiü|^^
próprios deuses ficarão zangados e briguemos,ou melhor,sonha u tensão, Douglã^onteve_^—irr^idãrqúrünTf^^
rão com bebes furtivos e ladrões passando sorrateiramente .'°tica. TÇqrnnõwménfrTmm u terremotos, e
guardas de fronteira adormecidos. PoisU^lTlutas do Loki conti ° animavam Asgard,
Pmr: havia um Loki anterior cuja Douglass.
«>as aquele não era o deus
f ^-íüquestão é um senhorJeeSCÍ^' . hía verdade, a recusa juvenil a^ temperamen-
re ^ Um claro sinal precoce de que nao e p j^ternas, que beiram
ilutar. Eu
salutar. F.ir me
m» delongueif^^líptico do que qualquer
qíõãlqüér oc
beb àqueles tricksters que J voltaLâ-aíguMÇQm
des entre a Narraími"71~-n ®™P'^n>ente sobre p Palhaço, Na América,^£jmBS^-—
6arnum_BÍH3êlSÈíLÊSsa-h^^^ 3 vltiita ao niüseu
OS
■^«KTãjlíaãin a marcar as diferençaS'
386 387
A
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
je fronteira em cuja
como podíamos esperar, quando a história o coloca em múltipl"^ para que o mundo veja, jg^em ser interpretados
limiares - entre a escravidão e a liberdade, entre o sul e o norte,
entre o preto e o branco. O cruzador de fronteirasdesgertaf" toferência os negros norte- escravos, como Hermes
^omo agentes livres e seguro > ilegítima criança
Dougla^^E.rin£LP£!iMnte aqueles anos poucojní^^
denois de sua fucrpi
caverna. Se o
d«p...ndo Porque o dramad^^^^g„^^^ mas
ser natural p nnr . cultura escravista ainda aleg ^4o^NuncãToí umr§E»-_ - gjjbstanciais sobre os vivos e
"toa obra que levanta questões ma
389
388
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
f-í '
'iwU' -americanos conserva uma história sobrejimJxaOi um Elefante
OS mortos, dizendo, de fato, que a "Amérj^ca" não podejer uma
coletivid^e \dtaj-sem-au&-possà inrnrp.Qjcar (sem qu^seu corpo e um Macaco trickster que é o mestre da "significação", ou seja,
possa conter) obras de ^rf^como ela própria.
de todosl)S"TnilhaTês3£-truques tiguranvos que podêrnsirfeitos
com a linghagérnrNo enredo típico, esse Macaco Significante,
m ou Signifying Monkey, induzo Leão a uma fúria cega^conm o
Um corredor de humor
Elefante,,contandocomdeleitecÕlsasqnrSssésúpostamente isse
sobre a família do Leão.
das verdadeiras representações populares de trickster negro Estarei por aqui significa
■ Wyv
América,nao apenas encontraremos um modelo de libertação ào
\t ' V de
M história se constrói uma espe antagonistas insultam
otlÍoT
humanc^histor^^ e voltar-oao-esmo tempoa inte
modo como uma espécie de duelo verbal em fi ,^ rimados. O
ura. Ate os dias atuais, a cultura vernácula dos negros norte f'^'icamente um aoqueoutro
''P^edoré o jogador com mais rap ijamente, que retruca
improvisa
391
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
com mais habilídadg^s rimas do outro, que sempre j:e_spQDcl^ ^ que as regras algumas vezes enfraquecem e constrangem, em vez
sagacidade com mais sagacidade e que em tudo isso supera o outro de capacitar e alentar. OndeíJ_aJçapãci,de tal constrangimento é
e deleita mais a platéia ^^cunida^^ois o jogo é sempre disputado para sentido, as micagens do Si^iifying Monkey apontam para uma
um ajuntamento."O deri;Q.tadp J o jogador que .pGtde..â..çã^Jíà-p saída: acorde, dizem elas, para a porção simbólica de todos os
começajima briga. O objetivo do jogo é brincar com a linguagens» mandados culturais e, com essa consciência, pare de levar tudo tão
não a levar a sério, ou melhor, manter-se em equilíbrio sobre a a sério. O Macaco da Mente desperta-nos para a rede de signos
linha entre o jocoso e o sério enquanto se tenta fazer com qtie o mutáveis que nos modela e brinca conosco até que tenhamos a
oponente perca e§se-equiiíbri^o, confundindo-o com um turbilhão perspicácia para moldá-la e brincar com ela. Subir na árvore do
de palavras. A palavra doze^Jdj^a] de fato nada tem a ver Macaco é se destacar das categorias rasteiras da própria cultura e
o núniero_l_^ é uma~sofe moderna de uni i^rbcTu^es - "significar" com elas, e isso implica reconhecer que são sérias (não
to dozen - que remonta,,no mínimo, ao século XÍV e sigi^^^ há insulto se não for sério), mas que seriedade pode ser infundida
atordoar, estupefazer, pasmar" ou "tornar insensível,eotorpc^*^ de humor (o jogo exige esperteza e mais esperteza, não a resposta
oti onipotente O objetivo do jogo^é estupefazer'e pasmar com muscular do Leão).
uma a a rápida e habilidosa. O perdedor que começa a brigmi^ Os antagonistas em uma partida de dozens jogam com as
[posto em estupor],"atraído" paia'üína"espécie diferenças entre querer dizer algo e apenas dize-lo, entre fato e
de inconsciencia em que ela ensurdece para a parcela figurativa da ficção, entre amor15miliar e dêipíezo, entre sagrado e profan^
Imgua e toma tudo pelo valor literal. O vencedor é um Signtfy^''^ entre sua mamãezinha de fato e sua mamãezinha em uma rm^
Monkey, um mestre da lindem politrópica cujo métodoJ?m jogo requer equilíbrio no campo de força coisas
se iunram.-n^íí^da estabilidad^ã^inSSiiZigL^^
m
u ífumua ao ituuu, r
é sM balançíl^^Tfim^rÕ^^íd^dw estabdidadTíracassa
e qíe se entregi ao lado culturalmente aprovado dessa cadeia de
«eiÍ"7"' u™a pe,d. d. 1Í»S"» dualidades, escorrega para fora da mente significante, cotn velo
ir,,"'h " p.,a « »r»« »" cidade e leveza, e cai corpo adentro. O perdedor e superado por
mZlir 7 »■» ■ »i»« "«'O á meio da gravidade; fica sério, imobilizado, em posição defensiva
de sua mamãe de fato; seu senso de humor evapora, enquanto o
Um jogo de L . . r ília vencedor, com sua leveza corpor^m^.^enipoleiradq na
pecialmente às mães Ahiii-' ■ j ^'^bre insultos a fana ' en:ao, onde é P-fe'verdade.
então, de um n,„nd„'„ °™ * ** e»
,ne „„ã eti.„„ ã
tar sua mamãe" e ond» »c • «ua família , a r
raniente dizer '-P-^^r/peTirTa^ela^P
portancia aà miiu.
^Dortãnria minhâ mâmâc , o P o' «ntoma dessa obstinação
e segurança ao mundn d ainda que deem ° Escolhe um só çnrriso
modo. Por que jogar o ' ^ confiná-la de a ê Io .»... d' «'"'""T " r.
ele brinca.^Tsimni^í' ambivalência nas
pies fato de o jogo existir
Aqui pode ... W »»>.»' » "'k" "8"'""'° ' '
393
392
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTU5
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
palavra um dia referiu-se ^fluidos (daí os "humores" corpóreos) jogar xadrez; o papa do surreaji^smo não queria q^artistas total-
e vem originalmente de um^Faiz.iaijna-íí£?«õrV~reT[da"5've^com mente polirrnpicos^se liberta^m do^etrmuTtdo^sonhos, mas
orvalho. líquidou-u-Hudade.'^^ Tratar a ambivalência comTiumor e
Duchamp era um homem sempre à^r^uradapoha.
mantê-la livre; o humoç^ lubrifica as juntas onde as contradições Um toque de humor ou frivolidade,ehtãSçÉUfí^as marcas pelas
se encont^gjm Se o humor e\^õFa^Tntão a ambigüidade sé torna
quais sabemos que um espírito criativo agindo no campo de força das
polarizada e segue-se o conflito. Vin^s isso na história de Exu e contradições manteve a estabilidade,sem cair do galho,e portanto
os do_is_a_migos; esse^levam seus lados a sério e brigam, a menos
pode realmente ir além das oposições encarcerantes.P^aá^tro
que reconheçam Exu,a menos que honrem e deem as boas-vindas exemplo,considere um verso çomo aquele com que A en ms g
à figura leve e sorridente na estrada que ao mesmo tempo divide teriíim^u poema precocéAmertó:^América,esto^^ando
e náo divide seus campos.
meu delicado ornbmimfldH«í^â voz não se opoe a Amenca
Uma observação de Mareei Duchamp proporciona uma imag^^ =e..»
nem.a -deNcdo-, masmir.
"delicado', mas mua «^.2":,.
' 1 „
maravilhosa para o equíííBfm qüè estou tentando descrever^^sua
consequênciaj^riativa. Uma vez, falando sobre a história dos mo
.p.nh.do em nenhum doe pote-E-ggSSSqgggg
vimentos artísticos em que ele e seu amigolpintor Francis Picabia talento,^oapeloe_d^ar^^ política,conseguiu ^ ser
estiveram envolvidos, Duchamp observou que o riso acrescenta um dos poucos artistas niSaSHId" ^ vastos
algo de útil à contradição; "Enquanto o dadaísmo era um mo^ e capitalistas da ™esmaforma^_^^
mento de_negação e, pelo próprio fato dessa negação, tornava-se eT ° contra
um apêndice da mesmíssima coisa que estava negando, Picabia e e da Tch-êc5iI5^I^«>íl^!í!L^^^ i„,estida
eu quisemos abrir um corredor de humor que conduzisse Federal de TTifoSficos uma vez
n^me a imagens de sonho e,consequentemente, ao surrealismo" Ginsberg tomando emprestad , nue.Ginsherg-tinha
<^1^^310,6 que o dadaísmo agia contra a burguesia cultura^ "a Tchecoslováquia normal - lamento dizer
francesa, mas,assim como Douglass deriva sua "masculinid^^^
de seus opressores e desse modo não escapa deles, o dada^rt^" cospe''), um raro caso de coiaDor v
mais podeíia ser mais do que
que uma resnost;,.
uma resposta tPrJnc estabgj
a termos estabelecidos Fria unidos no temor à Duchamp falar de seu "cor-
A questão é que ouvimos
^ da mer^op^ão é uma terceira
it(
de humor" equilibrado sobre a
coisa^ ladj lê^^as, o comedor de ^íiuavcrcs/,
cadáveres), ^4"*
aqui chama
de Ê^redord^l^r", um poro através do qual o fluido pod®
\ —"
® voz do ágil Macá^que espera permanecer
se deslocar para novas áreas. E deveria se acrescentar que ■ Arcrrito por Francis Ncumann;"Quase
jK
'1'.
•>
vez que Duchamp se viu nesse corredor de humor e penetrou nO : nhantevc seu estilo"
até o t ham I esdutoat.dotinham o hâb^^
surrealismo,ele logo começou a procurar o corredor que dá P^^.^ >^ noites, antes
antes de
de se
se para o outro. aA brincade.ra
brincadeira faz.a
ra... com que
fora. O proprio sur^l^p tornou-se programático muito-^^'' r
^^hoshistória
ris.rLengraçadas
wLe dormir. Na noite de 2 d ou bro de 1968,era a exuberância
histórias enaracadas em voz alta um pa vez de ele"
ler
damente. André Breton ficou muitosTT^Síom Duchat^P ""sa uotte em
nessa noite part.cular, enquanto na, U
em par
pelo
y fato,de
... essèliawr
esse haver íC.''''!—r
abandonado o surrealismocom
e comeÇ^^^ ^ Pirou*'/9
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394
J
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
junção, sem cair na negação solene e assim acabar contido na Em outro gênero de histórias, a dedicação do Leão ao seu
própria coisa a que se opõe. Não que não seja possível haver con "jeito" seria uma virtude, é claro, assim como tal dedicação era
tradição, mas essa nada pode nutrir sem as águas do riso^—A a virtude de Douglass. Quando esse não era o agil mestre da re
contradição é uma alavanca da transcendência",^" escreveuj^^ tórica significante (mudando de sobrenome três ou quatro vezes
chamando a si mesmo de índio, desencantando o
vez Sirnone"Weil, mas essa alavanca não funcionará a não ser do, broo»), o ™,colo» Leio "1""
que esteja acompanhada de um óÍeo que conserve sua libef^de Igreja cristã fosse honrado e
de movimento, um fluido que homéámòs "Kumór", o" sorriso
prim^eiTo-surrealismo, o riso de Apoio ouvindo Hermes mentir, "preta" era bela como uma rainha d g
Ele se tornou um
o sorriso de Yasoda ao ouvir Krishna, o de Atena encontran o
Odisseu na praia, o daquele naturalista citado anteriormente qri^
diz "é difícil escapar à conclusão de que os coiotes (...) têm senso
poderia mítoWííítoDouS^
de humor"^^ quando o caçador descobre que sua armadilha na estou fora
apanhou além do fedorento cartão de visitas do animal daninho- da históriaWi££}L -
O rapper qne aperleiçffa_aÍLÍstórja do Sisnifyin^onkey^^^' ter unsã^n^níC®'®
tor de Blues que sejntitula o Sétimo Filho, Duchamp^ãbríndo nm pa'Se faminta ali dentro
corredor de hum^õ^^íKibií^e esgueirando através dos corredores
da sua jaula.
sem humor da burocracia policial - esses não são os leões às.
tória, são osjnacacos criadores de artus que,no mínim^n2£2Í|^ estqupm^HíH^
da histórja,j;la e |T
vívido^mun^^ marc ^ mais faminta do que eu
o truque mais complicado de roubar os marcos de fronteira (b!'l
que novos mundos possam surgir da plenitude que aqueles mund pensei."
particulares necessariamente escondem ."Frederiçk,,voçênãoxaUcreditá
E como se dissessem ao homem. prederick, você não
Na pnmeira parte deste livro interpretei uma história em "o que a América andô ^'^f^,3!^i.;q^f^;Slõh'fê1ua mamãezinha!
tros ammais repetidamente diziam "este'é o meu jíkb,Cqiot^Ç imagina as história que an e bateu-se com ela. A
o seu como tratando de uma inteligência despida, ou fug>d^'
' isso o dei-xouhirioso; ele fm AnSisnifying
qualquer modo de vida instintivo no mundo e deixada livre < históriaodevM^
tecer o proprio "jeito" imitando outros e elaborando rnent^'' Douglassl"volt3[lto!I£!ÍS_g^^^^ encontrou
ficçoes criativas Na Kíci-a • j ciuuu capítulos atrás; üma vez que o a vo-
um "jeito" eissolp^^í^--]^ caminho até o centro ^ gie agora está dentro a
pelo qual lutl^váíldÍr '"de ^'tado, mas incorporado, de je brincar
a respeito da família - e a um código "América". Tem seu retrato ^ retórica própria com
vom a retórica dos brancos, pt
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396
ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
a qual se identificar,e com essa identificação o Macaco se transfor Poderia facilmente haver um debate interno na comunidade
ma no Leão, uma besta disposta-aagir-e-sofrer-ne-mufldG^rnaÍ. negro norte-americana sobre até que ponto levar a sério tal conse
Mas seguir o enredo em que um humano real desloca-se do lho, uma discussão entre aqueles que tra^lhanyjara desco^r e
limiar para a ação distancia-nos do Macaco em questão e sua recuperar a tradição e aqueiêsqüêcõnsiaerajnfru^^
crítica aos Leões da História. Para o Signifying Monkey o Leão menteconí^ãrecHtã negrasobreaJjabÜidadejiqr_^amer^^
deixa-se tolamente enredar no próprio código cultural^
de prosperar no contexto da ausêaciaÍ£comem Em qualquer
Leão provavelmentejT^ãoJiá "código" algum, mas sim O Modo debate corío ess"e, â história do Signifying Monkey tende para o
Como as Coisas São. E o Macaco7pãFa quem não é esse o caso,
lado do jogo livre. Ela impiic_ai5íLP£Íííl!lí£hl^^
pode, portanto, zombar dele brincando com palavras. O Leão e cammh^d_q.iMln^
como o peixe que não enxerga as camadas de significado em um e mulheres negros em um J rac^.^ embutida neles,em
de vida disponíveis tem «desem-
anzol com isca e por isso acaba se tornando o jantar de alguém-
O Macaco pode fazê-lo sair em disparada rumo a uma briga com que 'VrmlEodeJitemln^^ ^ fifhos
meras figuras de linguagem, assim como o Coiote pode faz^^^ pregado", as pessoas de cor p
a liberdade do sentido figura o. a e r
^nueles que^usaiiLa
com que os búfalos fujam em debanda'da rumo a um penhasco
usando espantalhos, pegando-os na armadilha das próprias defesas linguagem de maneiraiitera Pf ^ Signifying
instintivas, das maneiras enraizadas. artifícios, eles podem muito ^ didático para
Melhor operar com desprendimento, então; melhor ter um Mo..., como um manual
mas infundi-lo de um certo humor; melhor,talvez, não ter jeito, mas ^desobstruir o terceiro ouvido,qu
ter em vez disso a sabedoria de criar constantemente uma mano'^^ cada afirmação. _ v^mpnte sobre raças é cair
nova a partir dos materiais à mão. Tal sabedoria é, de fato, a Mas ler isso como uma história um ^ histótiaja-
que os negros nprte-an^c^s atribueiTàs suas Eguras tricksteri^ *^a própria armadilha contra a qua /jtílJSp importa a cor
um talento incomum para^ár-uina-t^maneira da ausência de manei l^re a leitura do f^^^ninvo contra o qual o Leão
ra", como diz o ditado. O Coelho Quincas, diz Robert Hemen^^^^' 'Ia Peie. O Elefante inexorável e pu também
é "o representante entre os espinheiros de um povo que vive de Investe pode ser as pessoas brancas, ^
capacidade^ar uma maneira.da ausênda^de mãneiras"-^^ a violência de qualquer um 1" situação racial. As_
trickster negro norte-americano,High John de Conquer,faz o mesiti^' ^nficiente profundidade, não '®P°"Li,,nos,irnçer^n9a«f'
de acordo com Zora Neale Hurston: "Old Massa Old Miss e seu^ •nstórias de tricksters "°S^---jirordo a ser marginalizado,
frrrcom^doCoelhoQuinc 'natam da recusa de um P^^dade da mente humana atenta,
,„h„ d.Co„,„„ P j.(.IB Ou„o CO...K»,São sobre ltod.de
de ,e.t« . Um.... "rn. Iiberd.de qoe os q«e
leste de SaintLouis dizer n„«
dos pelo mundo e cujas trld'
. "u, poeta
aquelesfisp
^''quiriram. O Macacoi^O®®-^ Leão
filhos: "Vocês têm de criar um caminho da ausênciaensinam a, ,55
de camiu P^^a uiostriFi^nT^^^'
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ARTE TRICKSTER E AS OBRAS DE ARTUS
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
(pp 119-26). Esses dois pontos de vista juntos somam-se a mais uma
15. Aristóteles, Postenor Analytics, 83=32-34, citado por Nussbaum, maneira pela qual o Hmo funde o hinodo e Hermes. Segundo a linha
p. 256. Nussbaum mantém "blá-blá-biá em demasia" no origina , de pensamento de Clay, vemos Hermes cantar sua tecgonia depois
teritismata, explicando que "teritismata são sons sem sentido que de um banquete, exatamente como o próprio hinodo teria feito.
fazemos quando estamos cantarolando para nós mesmos; po em 32 Barlow, p. 49.
exprimidos como 'dum-de-dum-duns'" (Nussbaum, p- 256). 33, Hino a Hermes, versos 447-49.
16. Clay, p. 98. 34 López-Pedraza, p. 85.
17. Clay, p. 98. Ênfase acrescentada. 35, Lévi-Strauss I, p. 224.
'■i'
18. Frobenius I, pp. 229-32. 175-34 36 - Marvin Harris, pp. 200-1; Carroll, pp. 302-4.
19 Pelton, pp. 72-78; Herskovits, Dahomean Narrative, pp-
37. Prazer, p. 189. posteriores ele se
e 149-50.
■f■^1 • 20. Cosentino,pp. 261-62. Em uma comunidade haitiana no Broo
38. Especialmente da primeira edição, na
recatado. ,1,. noção de Douglass de
-1' dizem: ''Papa Legba, ouvri bàryè" [Papa Legba, abra o portão]-
Cosentino, pp. 261-62; K. Brown, Mama Lola^ p. 46.
torna mais
39. Douglass, Narratwe, p. H • .verenz, Manhood and the
21. Clay, pp. 101-2.
masculinidade em geral, ver a" (jnjversity Press, 1989),
22. Pelton, p- 88.
American Renaissance (Ithaca: or
23. Detienne, Cuisine ofSacrifice, p. 165. pp. 108-34. ucrvacão de Valerie Smith pela
24. Clay, p. 101.
40 Douglass, Harrative, p. 51. Uma o . os termos da
25. Pelton, p. 75. p„™í„ - 6. l"»"" "» *■ V"/í
26. Pelton, p. 78. cultura escravista, mas . .^,-canNflrr<jnVe,p.22.Sin«
27. Pendlesonn, p. 24.
-Discovery and Autbority in J Douglass "está preso na^s ![• .
28. Detienne, Cuisine ofSacrifice, p. 7. cita Houston Baker no sentido que ele procura solapar . O I
29. A observação de Walcott está no prefácio a O Babylon, uma p^^^ mesmas estruturas retóncasei e histórias do Signé'"
sobre jamaicanos e rastafáris; devo a citação, e o jogo de palavra 41
Dance, p. 198. Há muitas /juekson e Abrahams.
em italiano, a um ensaio de Edward Chamberlin. Monfeey. Ver especialmente '
30. Hino a Hermes, versos 57-59.
31. Hino a Hermes, verso 426; Nagy, Greek Mythology and Poet"^'^
42. Ab,.h.L, D«p «t'; Orfori "TZ a
43. l-T, „ „fee. do tem.0 do»"." Mo.ta r
pp. 53-55. Nagy e outros supõem que os Hinos homéricos 44.
Kimberley Benston, citada po
cantados como prelúdios a performances mais longas, mas eu de 45.
Barnhart, pp. 496-97.
acrescentar que Jenny Sttauss Clay tem uma opinião um tanto di 46.
Citado por Paz, p- .q «cn^nal-
rente sobre como situá-los: ela crê que os Hinos "eram upeese""" 47.
c.»»»d pp.
ao fim de um banquete [dais) ou do que foi mais tarde chamado 48.
Hyde, On the Poetry of AHe
symposion" (p. 7). Em sua leitura do Hino a Hermes, Clay tamb^" mente pp. 244-45. Heasares
argumenta que a história de Hermes trinchando o gado é um m>t 49,
^aumann, p. 67. rwenttet
de origem do festim, e não do sacrifício (considero a argument^^í 50.
persuas.va, embora não ache que exclua a outra interpretai^^' Stmone Weil, citada por K
W (Nova York: Ecco Press,
405
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
Conclusão
í
406
V.' I ■
12. Profecia^
V •
^'ajando da China para a Inf A\ci o Rei Macaco e on^onstros
bom peregrino
malig-
"P..kaad.„,,.m^
«Pi»k. cidad.
^eram para devorajgg- ^^QÍsi-as, e o bom
^'^taka sempre se deixa enganar.
""^Pítaka ouvindo^ade
ouvindo a verdade
monstros mentem, Tnpita^a creténsênTÕdSeu),
■^Ar, ns mentiras cicuwxo;^:^^
-E.,
409
PROFECIA
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
<^^cacoJVelho,consigo com este par de olhos flamejantes e pupilas Há o tema do insight profético, portanto, mas é um tema
ck diamiíW€-4is€emi■^-e-beín~e_a-mal."^ O Macaco é "aquele que
aparentemente em discordância consigo mesmo. Se associair^
tem a percepção".^ Tem a visão especial que consegue dissipar o
profecia com probidade, moralidade econhecimento nãoi^ado,
então é
miasma demoníaco"^ e distinguir o perverso do real.
Há um tema recorrente ao longo deste livro, a sugestão dé que os
ladrão e"media^'Algumas distinções precisam ser feitas, o
tricksters podem ajudar alguém a enxergar o coração dá^coiiâS ^ Hinohõmérico, Hermes quer uma parcela do_sdons^toiH£^
que, pomnia,J£ixuun toque de profetãsTTVõlincerrar, quero puxar Apoiei, mas Apoio se recusa a TlzZ
especial, SaTsriTimproféfa, não
esse único fio da minha narrativa, assim como os fabricantes de velas
E>e maneira semelhante,
puxam um só filamento do pavio para que ele se dobre ao queimar e
conduza melhor a chama. No fim da Parte I, por exemplo, argumen . .adji. p,ol...s g.r.ioe... op.«m de.» m.-»
tei que os tricksters oferecem um insight especial com "mentíra^ií- invertida. Isso é profecia com uma di
As histórias do jovem o
contam uma verdade mais elevada". A Parte II menciona várias vezes
a ideiã^e que ETuma especíTde "contingência profética". Tanto um bom lugarpam^fomeçar^^i^^
com Hermes quanto com Exu, por exemplo, eventos casuais sao
portadores de mensagens, oportunidades de enxergar os desígnios side^ífê^nçg. Comõménci quando a mãe esta fora e
ocultos das coisas. Mesmo a falta de vergonha pode ter seu menino é famoso por^rarjia_^e^ Quando Yasoda mais tarde
profético. O Evangelho de Tomé conta de Jesus o seguinte: ^nebrar os comeu manteiga nenhuma,
discípulos perguntaram: quando você será revelado a nós e quando ^ confronta, o ladrão me
''^T^punta: "Como eu pode^bá"
o veremos? Jesus respondeu^quando vocps_je despirem ser^e^^ slgumas vezes acrescentando a pe g
vergonha.. Esse é um tema bem desenvolvido nas histórias sdbr "'a - tudo na casa não -^^ra cresce, os seios das
São Francisco (que pediu^^a^er despido das vestes quando que^ainda não mencionei: quando e ^^n^eiga
morando), a implicação sendo q";í^dMÍi?Íií^^ amas de leite fazem cora que se lem perdido de amor,
distinção entre pudor e despudor, de forma que um desnudamento ^ seus ardis se tornam sexuais. AP ^ j^^ando sua
aparentemente impudico é precondição para a entrada no para^^o^ »io.e™ deu, ..g. peto
Assim, todas as histórias narqúálTSs^ksters "roubama^^^{^ a«"ta para ato»
turas d^ergonhas" on^aisJtleralflATou^ ,
pesso_^pud^^^^^^ podem
hdas comolnstonas da falta de vergonha pr"Sfédca.-
õTSttSèSf
Enredar, atrair e caça^
distinta com o tLpo^maVprTver ° ^ tradicional tem
bolsa de valores vaUarno " ^ dela. O profeta nao d>z q ^ ^sc
casar em breve. Na verdade, o profeta ^aía d' "'"'"o lO t"
que sao verdadeiras todo o tempo O n f verdadeiras n
tempo. O profeta perturba o mundano para revelar o "««ta coiírsESrÉíaJS-®'®^
411
410
PROFECIA iV
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
OU porta,e quando,em outras situações, as castas e fiéis mulheres da cultura hindu, em especial, a umãó não
de Braj a ouvem, abandonam a limpeza e a coleta de água, dão particular, mas um contexto
as costas rudemente para as sogras, levantam-se do leito conjugai miharesTpropriedade, terra e he/ança. Na verdade, malgu
(algumas deixando até os abraços do marido) e vão dançar com partes da índia,conta-nos Johp^Stratton Hawley,°
Krishna à luz da lua. A noite culmina em uma dança circular du deveria ser a base^o_casanie^^
rante a qual Krishna multiplica-se dezesseis mil vezes de forma a mínios da p:;mftõrâ condui^íãTúmãcOT^]^^^
enfraquecendo-a^éitTbói^pmMn
aparecer por inteiro para todas as mulheres, satisfazendo o desejo
de cada uma delas de se tornar sua amante. Então, ao amanhecer, ^ontrafcer oque_a_estru^^ —-"jas" DiSinções'simitares
desaparece.^^ cruzanrfronteira£jmj(£LÇ'l-^^ tratados interpretam a
Nem no roubo da manteiga nem no amor, a propósito, a dis- ■ refletem-ssja^aneira pela qua a g^u q je espera
rupção de Krishna é motivada pela escassez. Ele tem fome e e imagem de Krishna como um ladrao ^
concupiscente, é verdade, mas seus apetites sugerem outra coisa que entendamos, segundo eles, e q"® pensar_9uejeu
que não a carência. Não há histórias de Krishna com problenias de qualquer uma que for tola osu_^^^^^^
para atrairjnulheres,_ejqHanJí)iÍDme,ria,história típica do ladrão ooração pertence a olfiiJHS-^-^^^^arranjado -eles podem ter
da-manteiga, sua mãe tentara fazê-lo comer a manhã inteira. So Arcomidá-^répãrãdãrõcasam gomida roubada,o amor
quando ela desiste e sai o menino se anima e entra escondido na «ua plenitude, porém ainda mais p e mas além de
despensa.'^ ■roubado. A convenção pode P'®?" g^igimos em tão glonoso^e
Se comida e amor estão prontamente disponíveis, por que todos ^eus muros, além "das
esses embustes,essa ruptura de lares estabelecidos, esse arroniba- ^Itivo^etalhes", residell»"' " ,g,dade, é justamente
mento e essa invasão? Porque a abundância que Krishna quer (ou '»dííi^íí^?lSariamente obscu jg^ig^ado que a
simboliza) só está disponível quando a estrutura é remo<dda. Os Potque a essa plenitude reside a ^jg^^g de qualquer
alimentos com os quais Yasoda queria alimentar o filho são pre
parados e, portanto,contênuima boa porção de regras e costumes
locais, e também da idéia materna de como aVíoisas devem
(comemos isto, e não aquilo; comemos agora e não mais tarde;
esses temperos são especiais,aqueles são inferiores; pod^et5íner-<
doce, mas so depois de terminar as lentilhas). Comida^eP^^^Ã
- '-i"^»^e>oauiiuenores: ,-v
(embora de seu ponto ^i^aiiuarancam^^ '
cor»
são olimpntnc
'^drão;
Os
os verdadeirosladrõep-^-^
Hüe.^.uafíla-ni-seuS-fornÇÕ£
'Or
alimenta confi^n lado, então,
Quanto aõ
Í^IÍ^ikpodenamosJizer
é a refeição DrenarõHirâ ^"^^'^^^^^-diíeratiui que o casam
^ erótica. Nos casamentos arranja'' roubos apontam pntn
413
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
PROFECIA
I
, ) ■ f-''' -' ■ '
PROFECIA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
atribuir_significado ao nosso ^nsjemjpor coisas_jiu^^ revela- precisamente porque quer uma parcela dos poderes proféticos dele.
-se um modcTcle expandir esse argumento sobre a plenitude: no Mas Apoio dará ao recém-chegado apenas um oráculo menor,
caso de Krishna, ou de Thoreau, ou de Kafka, a ausência de uma conhecido como as Donzelas-Abelhas,cujos poderes evocam u
verdade revelada produz uma pluralidade de leituras. Su£rimiXO tempo em que os videntes bebiam mel fermentad^mduz.r
mundano e depois abandonar as coisas abre os livros. Quando seu transe divinatório. Apoio as descreve.
Krishna TÍesaparece, e cõmÕ"se"ãsgopis tivessem visto uma bre
ve radiância, mas já não tivessem nenhum modo de obter o seu "Há certas irmãs sagradas, crês
"verdadeiro" significado, ou como se tivessem despertado de um zes (...) Elas^naiilseu_Erop^
impressionante sonho de desejo alcançado cuja presença noturna As irm^oam^arjjentro,^^ quandoj^
de favos cerosos {■■■)
evapora à luz do dia. E o que esse sonho,essa radiância significa. alimentaram de mel e estão ^ elasjuimbí?a^-?S19_S-
Há taiitasxespQStas^qiianto há anseiosi^manos. O trickster revela remídíT^as dessa doçura d.vma,
a plenitude deste mundo:sc ele,então, desaparece, vemos a mesma c "28
resrnimgajnjnentiraSi.
revelação repetida nas múltiplas maneiras como os seres humanos Heres de Apoio sãomaioreido.que
entendem a plenitude das coisas uma vez que o entendim^*^
convencional é retirado.
O Hino deixa claro qH£^!^^^---j----^;pr're"der essa diferença.
Os daiDDjizelasrAbelhas. Como e .g-^.g.^assicista Gregory
A idéia de que tricksters proféticos oferecem uma revelação às- capítulo 3, falei em bnbas um
plenitude está no cerne do que quero dizer aqui, mas não é a his ^ugy distingue dois tipos de po ^~-j-~-j^'j^^entiras Jou p o
tória toda. Há um^ad^LQ_dÊ^êverU(^ue conduz à revelação repertório enquanto s£.4S5_,i...-_ e outrò cujas
mer^.^,erdadesjo.cais'TpataJ-n--^^^^^^^^^^ ele viaja de cidade em
^ queroTecuar e descrever a ma
neira como vejo esse padrão desde o início. No caso de Krishna, 'Canções permanecem__constantes jy^mente comj^..P!°P"°
a pnmeiraj)artc_da-ação não é-a revelação, é d desejo- O ladrao C este último ® jipo de ver
da manteiga tem fome de comida não mediada, e é por isso ®^tómago e,^ortSÍ5:^ve aces modelo,
contraria as regras locais. As gopiFdeseJam-Krishna, e é por isso
que desprezam por completo o decoro. A fome e a luxúria, » P..,a<ií£<io>v.do -- Sagy e„»íe °
suas coibições,são os pnmehoraconte^mentos nessa jornada pro P^Uhas, segTjro-segundP-
fética. O Macaco tem ^^upilas de diamaníé" que podem enxerg^f •««ca„en.d.»s«o: li' ^
através das superfícies, mas, antes'de a história revelar esse fato.
há o Macaco se banqueteando com os pêssegos proibidos. Ante^
que Hermes se torne um hermeneuta,ele "anseia por comer carne - Desse modo, Apoio j • nrofeta como
Na verdade, posso expandir essa declaja^ão sobre o apetite pan-helenísticojlès^rp^;^^^ primitiva
voltando-me novamente o Hjn^homérTc^com a "verdade" quej-nduzid^P^
tao a profecia em mente. No Hino, HermTs-"día lira a expoente local de uin.HP. - ^ -
-i^mentãdo.^^
419
PROFECIA
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
Devemos chamar a atenção para o fato de que,D.JIieLQMÊ-®® para fora. Se não acredita nisso, tente manter Hermes afastado
Donzelas-Abelhas comem é um alimento especial, o alim^^^^ do seu gado; tente manter o Macaco fora do pomar quando os
frutos estiverem maduros.
dos deuses7ct^fcnmra~qiie não estaTUoréxatamente nos domínios
dos estômagos humanos, que comem carn^ e padecem de uma
Esta eé aa primeira
primeira pparte da profecia
morte precoce.^" E ainda assim não estamos exatamente livres
desses estômagos, pois o restante dos detalhes condiz com o
tsta
""doos^poro^oa^ ^
, do trickster- o apj^c^
diretamente a segunda
Krishna.^ão
parte, a revelaçioWénituae^
velho padrão: é umajauta doce que Hermes toca agorajcoj^ da mantdga^edoicpraçpes, ppT^^ãó abun-
'Ú Hesíodo^awíe^d^sua transformação.) e não importa quao ^ ^ desejos são intrinsecan^— circulação. Há amor
vada seja sua dieta, as Donzelas-Abelhàs mentem se estiverem
com fome.
no casamento, restringida
Não temos uma história extensa sobre as Donzelas-AbelhaS^ Há fartura de comida na ca^ e nuandoesobquecon-
mas o que temos oferece o suficiente para o argumento qu^ P ^ por regras locais sobre é um alimento vedado,
A^tofecia pura pertence a Apoio,e algum tipo dições. A manteiga deposita disponível em
dos menfurosò^u impura pertence a Hermes. Esta última,a uma força contida pela c—^^^
do mais, não é livre de apetite. O próprio Hermes pode ter _^ todo lugar depois que K ^.^pf^rados, pois a crian_
recusado a comer carne, mas seu oráculo preserva a conexa Ele se assemelh^
entre um estômago cheio e o ato de dizer a verdade. Iss" ça ainda não disciplina em Braj, cidade
diz algo sobre as alegações de verdade em um mundo no mulheres nativas com as quais jçrjshna, disseram-lhe que
Hermes esta presente. As Donzelas-AbeihasjCpntana_i[ne!íE considerada o local de nascime rriana.4UeJiuSPAraü-
coma
.as_3ue_^rmes conta? Mentem da mesma maneira qU^ nto
ficariam.píe<3çuEadascoí^
Legba e Krisííria?"~Sê um basse ou contasse uma.nieuUJ:^
j ^ ussim, deveríamos voltar a ^
tratado Çeriòrm^nte no livro, compreendendo a afirma?^"
que meV^,3,.dizem mentiras por oposição: qu^^, Qualquer mãe,
, , j ficaria altamente desapontada se
ne3!niíft.elemento.de.traves-
o em-a imemados falam a verdade, estL fazendo o artt^^ ^ sua jovem criança nao Esse sentimento e par
cie sua situaçao se níiQcar
as mentiras que vêm dor
vTí>c<;e ^
I despi^" cuíarmente forte em relaçao «"""i
^ando "tise
g^alnieaie
"eterno" da "verdade", expondo-o
"^^tomagos vazios servem para ^
uma cr ^
a meninas, pelo menos
iiumaiia sujeita a mudanças f pensa jue uma criançMtex&xe-^
O apetite, um criador de 'frágeis , . E.u.conhecidoporq.ebr^^^^^
supostas essências e as ;.h ■ - ^ ap^JÍ' • Um tema similar aparece em ,„ebraado-as e
t contextos da África Ocidental, a j„osos medicam „as de
í- te é-um^Kider b A 'Jq cabaças são dausadas
um sLbolo paracambolica.
energia n"" je poder contido .
dos apetk^/ATrf^V^*^^ Po^os, e assim também o v^
mantêm um mundo cTeTo'^^'' "cond^'^"^ Potencialidade liberada •
420
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
profecia
r r> w I w ^ •
Cl
pode^ém de sua personifi^
Uma mãe^-enio^ras'palavras, ficaria ^^ppntada_S£-0--fiÜK)'-^^^*^ od^^c^ecidocomrgoe sentem-se
tivesse um t^ielíè KrisHMrpoi^ãLcriança é puro potência [uma] experiência dTR^Sdad
lumaj expenencid u. •
engatinhànd^^e^^MderlTcrescer para se tornar qua quer como seres autossuficientes
autossuficieutes para o gerem ignorados,
uma das coisas que um ser humano tem a possibilidade de ser. são poderes
Doderes não para sérérTrãíora
sérénrãdbra os, «36
,,3, o„ j^amã-entra
xamã-entra
Essa é-a criança que come q^J^ue^cojsa, qut superados ou, em última aná ise, trickster^é
chão pondo na boca por reflexo tudo o que encontra. Eni u no mundo espiritual.etraba^âJ:^^^ outrolnündoT---)3*^
■..r, 'J
das histórias mais famosas, os companheiros de Krishna (.:.) Ele não tem
correndo para contar à mãe que o menino peralta estava come ^ que os humanos
A i
terra.^^ Quando ela o confronta, primeiro ele nega a peixes, jogo, água fresca e assim p 37foiAoobtidÕTpQ^
obter essesneces-
bens,
mas por fim abre a boca para que ela veja. Imediatamente, ^ ^ sidade, por meio de trapaça «u ,,^bém poderes l.
desfalecida, pois dentroila-boca-de Krishna vê o universo^n^g^ o trickster, ao contrário ox ■ ^ ^ p^ç^ã^nec^^^^
emmrbilhão, A criança comendo ^ra ainda nã^sofreu o enq^^ sobre-humanos ou parceria própria . ,
dramento na estrutura que começa depois dos cinco unos^^" amigos: vira-se
não refinou" os~gostas-e''des"gostõs^ué Vsta& as frontei ^ Par;e7pVrareSide^
do ego. Seu bocado de terra é, portantof^anagógico^para o o ^ número íê^^^ístorSr^i^
de qualquer que o ame, embora o que o olho vá ver não seja xamanismo.
...r:—
Na nor exemplo-_que
^
pureza celestial, mas a plenitude deste mundo antes que a or
determinasse a exclusão da sujeira.^ do corpo ressuscitado^- , deatm dq se „Hpres
o Ka„â pode m.«
Então, agora temos duas coisas que o trickster profético
os
os poros
puius ocultos que conrln^pm
Irns nne conduzem
wvn*au£,ciii parãTora^HcTrhUndo
para rora ao munuu ^ você pode '"51," sonhc^e
. 1.
plenitudep nne
que reside alérh délés. PIa~urna terceira /-nisá»
coisa, a
^9-iote, quanSo^r^ maneira ^q
chegarei a uma pequena distância. dos) seu próprio ^''^^'"^gjnonições^ía
Em 1964, Mac T;Ur^ttjjcketts
T- _ 1 n/T/t i-v - 1
concluiu
. .
umajesg^dC-doil^
jç
^00 são considemdo^B.- yoar par _ mente, é
rado_gue é um le;^aineMÍtíi^tavelmente exten^das ^amã^ranse pode Com do
de trickster norte-americanas. Nela eTíTensaios poster'"'^®^^ ".«nEr;-,» » „,s
Ricketts argumentou que os contos localizam o trickster enn oP. difícil não ouvir o tom P^r pássaros, apen?®-^-—^ ^gg^g
sição à prática e às crenças do xamanismo. Segundo ã
de pensar d^cketts, a humanidade teve duas respostas quan» ®.»io.,™íSS?ew- O ftiajw
confrontadrcom tddo-rtoue engendra assombro e temor neS
mundo: o caminho do x^ã (e dos sacerdotes), que supõe u f'^etensões xamânicas s _ ®
5mbus.es,.. pi.'-
e o cam,„h„ d„ „a.,„ „ d„, „ã„ reconfí "^^clcster, como os seres
423
i
PROFECIA
, f r u
difícil, mas o que ela pressupõe.^e a possibilidade da OS crédulos quanto os céticos, pois cada um julgaria erroneamente
falsa profecia significa que a profecia é,mediada pela imaginação uma parte do material em exibição.0sxétiuo«~'2'^^°
e que_jim ouvinte precisa ao menos esfÍT~ãjfíícienre da própria
imaginação se não pretende ser-engànâdo. Dó mesmo modo, na percebiam o que era de fato a S ■ - como saber o
divinação iorubá,a amizade entre Exu e Ifá nos mostra que aquele um problema da vida urbana
insight das coisas celestiais nunca é desprovido de mediação, de que estlacontecendo—
forma que é necessário ter igualmente um insight dos veículos do forma de entretenimento. Aq ^ cidade.
insight(linguagem,imaginação,consciência simbólica etc.) e esses tem sua represente, porém,deve ser mui-
veículoSj como^fírmei no capítulo sobre Exu,não são exatamente Seja lá o que a vida na ci ^desses cenários,
instrumentos àe-^ka-fidelidatlc; assemelham-se mais à atmosfera, to antigo, pois o essencial o em uma tradição
mutáveis, nebulosos, cheios de estática. O trickster entre os xamas, q ^ estranhos: cada situação
De forma semelhante, Gary Lindberg,em um belo livro sqbre profética, o trapaceiro em um ^ irnaginajÇ|2J£2A§^
contos do.vigário como unTíemáriiterário norte-americano, ofe requer que a esperteza aguce ^ ^ ^ rapnte. Nem toda mente po e
receu uma definição útil de um trapaceiro: é alguém no ramo-da si própria, a mentedespeag--P^^^^^
cnagâo^dejÇTêdça.'^^ Isso equivale-a-dizejLq.ue_qj:ra£aceirojíâO^ fazer essas coisas, é claro. A tein^uma mente astuta.
necessariamente um vigarista, e é essa a razão por que ele é pro chamariz tem um truquLêííP-f^^^^^i gye vai se sentar sobre um
blemático. Alguns^cria.dores de crenças são verdadeiros: proíÇ-í?^' A jovem garota em uma busca esp ^ para azer
idealisms,carismá^cos, poirticos irispiradnrcSj e assim por diante* ^erto cogumelo cor-de-rosa por q gg deu conta de
Especuladores de terras no século XÍX estavam'no ramo da criação
de crença ("Venha para Nova Jerusalém, em Minnesota, onde
i^so -esL garota tem uma mentj, ,forte ctenç^
complexidades. O xama p espíritos, mas a
a praça central logo estará em burburinho, as fontes fluirão, aS
crianças sorrirão nos amplos partjues!"). Alguns eram verdadeiros
« p™L ,ue ele opere.» "*k„,l.e..br.ros»»to;
(P.T. Barnum criou tóst Bridgeport,em Connecticut,dessa fornia) 'dela fixa e não pode fazer o qu brinque consigo m
do humor que permitem qne pigfotude, porta ,
c outros eram vigaristas no senfiao criminal,criando apenas rudes com suas criaçóes. d^
despertares/^ O despmar é o ponto-ch_aye^e háuma falsa crença
entre nós, pr^cis^ainSstsrcmscréHEra^^ como a fé é c7iada; neces
^ revelação de uma conste encontrar es «
sitamos estar atentos àquilo que faz com que a ffiénte se'aesloqne rria consciência
»-uiibcieiit.ia que
4^'*po u,Mer-Cfi20®dO' Hade
je,rlp comas
">«»», ,„e b„neacp«»-5:^o,
, i^upr-coii^'^^'-^' comas
f
JÉL Ir
PROFECIA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
433
PROFECIA
A ASTÚCIA CRiA O MUNDO
simi^s^ía-caiz grega signjfira "líma rPVf^laçãn"). Ne^se-^caso, abertos à articulação. O artista que não está sempre guardando
suaT^í^ft^ais material disponível do que aquele que tem
levanta as coberturas da vergonha. Permité que a articulação de alimentar uma tropa de oficiais de costumes. P-semos,^
entre on"3F^siTênaó"um "dia vigorou. "Conte seus segredos exemplo, em An^lTBTüyá-^ que, durante q"- ^
é uma prática para relaxar as delimitações do eu, para abriç^ adulta, manteveVáscrn-derciT^m.S5ÍE^2J^
i ego. "A luta pelo direito de ter segredos dos quais os pais
excluídos é um dos fatores mãís^ppderosos na formação do
até dos_^lmsj;£Íai?SÍO^®5S plenitude
venfLAlgumas estruturas do ego " q^e a obra
^^Otiizmos a psicanáji^ "aas uma vez que esse direito é adquiti,^' criativa e
lá está você no interior.do .egOs-que pode muito bem levat-s^ possa prosseguir. O je materiais à mao. A fala
trabalho a sério demais, provando com antecedência todos o^ o segredo
seus alimentos e dizendo aos amigos que telefonam que nao brota cànib aig^i-SÃutoa ' , //t.
ninguém em casa. Aquele que conta os segredos que estou tentan do que tem a professar. \ p ^ '^
descrever espera criar um continente mais poroso no interior . rncF^õe? Se a mente
do qual habitar. Para escrever seu registro de poesia QqC^po de nas junções ou de um alterador
Ginsber^foi para a costa oeste7rbons~cíhc6"mn"quilômetro^ aguç^í^Tã dealguem que aguçada? Se é rfgularm^te
distância dos pais, e conveliceu-'sV d'e'^é'e7tava escrevendo e da forma, pode sua arte ser ta j^^j.j^oniasT5napossibilidade
segreHcT^ra alguns amigos seletos. Esse é um bom e geralme"^® arrastadaparao^ruído^?^^ 'Hnradoura sendo tão dedicada à
necessário começo, mas no fim produz apenas uma gaiola de oTEíSSTPÍdTaiar beleza ; ^^iadores^de^éuma
espaçosa ("nós'; temos.uni..segredo), e não liberdade. Pubbca^ transgressão? Em qae senti o ^
os seus segredos para que estranhos nas ruas possam conh®*^® arte profética? essas^.Süflíâ.Sj-S'^®'^'®
-los (sem mencionar aqueles pais)- isso é o que torna a obra Para esboçar umarespo—-r-fj^^ygnnes
Ginsberg profética no sentido que procuro.
Como vioiQsa]gunj_çapítuiqs_atrás,os primeiros "segre^í^^. recordaíldo a^üSísSS^-^giro que um tipo de trickster
Gmsberg tinham a ver com sua sexualidade e a loucura ' e desenliSrpSÍ^"° ^50 sendojlêniJíçnn®"!^
enquanto amadurecia, suas revelações se tornaram mais a^P tentapermanecer sempre no ^y^^^^^^_q_2euLdotGonz^
de forma que o homem mais velho parecia o analisando freud>«J Luz nem Hermes^iÊ^âS-S^^ contudo,-
Ideal levantando-se do divã para caminhar entre nós,articula^ Isso nãoT-SSÍÍÍ^° 'Zteogonia para encantar o irmao
h^emente o que lhe vinha à cabeça. A maior parte dessas^^ pois nele Hermes canta uma
ntais velho. Deixa. tipo anima a prática daque es
nao e poesia, claro r, - r - ^^ '
p"articularménfe se fMof 7° década® ^ntgga-seà be^a. ^^jor de fro.nteira.s..Ea-»-eo^e«^^
oara trabalha r poeta que treinou durante ou atravessá-las seguindo
"se a mente é aguçada o . r^risP^^
L>everiam'iermanecer nas como g que
de Gmsberg).
- Se é esse
esse o caso, então esse método apocadP^ .e Ia direção da beleza- artista é esconderA.be.í^
uma chave nara a , ^ método apoi-^ que "o rnais.eleyado_devCT—
PM a ...e p*,. dênao
435
434
T' I
PROFECIA
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
IT'
dizendo (de maneira um tanto enigmática): ganhar nem perder. , corno esse criações I-!1'
436
PROFECIA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
í"
ângulos certos;e eles s^omunicam,essa noiva e esses celitoHi^
,. tomá-lo como um "mp° „ara
P ^n ioeo simbólico desinteressado,^
desse balanço^Mal^
importante nao ignm^r ;rí^rnar seus cõ^itos estão
intelectual^cj^^ aesejo
"Noiva*^ é um termo-chave na obra de Duchamp e pode ser sernprêTõnêStãdõíaqmu jp Rose Sélavy, fiVos
mais bem entendido como parte da seqüência virg^nwiâi^^ (chamava seu dker ego feminino
-mulher.* Uma mulher conheceu o coito; uma vírge^^n^Q^^ ^ er.si.^a),Ele q^em
noiva? Ela é a categoria entre categorias. Para continuar com "ajgodajnatuTMallSpara a em ^ equilítóododesejo
a ãnâlogiá "sexual da observação sobre ó ato de olhar a vitrine,^ é importante notar como, pa
noiva representa uma espécie de excitação sem consumação, dissociado desperta ojogg,. íXrTcome, uma imagem mítica
estado escolhido localiza-se entre a cerimônia de casamento e
consumação, um estado mais bem definido por um dos termos queanteriotmente interpretei como um
favoritos de Duchamp: "adiamento".'
vidro ção do «óo£:,uma descrição de mo o p obra
A noiva despida, diz Duchamp, é um "adiamento em ga^v-íd-a. Interpretar essa image^^^ ^..^atarios
Um "adiamento" que tanto suspende quanto não suspende a ati de Duchamp sugere qu çobre^^íllfifií®* , de
vidade.(Se você se demora em uma viagem, não par^_e^_mfíSSy e noivas; e é em
de viajar - ainda está em uma íinã^m - mas tampouco con^l^^* Devolver^jnemeiPi---^^
O observador da vitrine que responde ao ãpelõT dós bens )uchamp. Ele oQiav-^jL^^j^e aigo nav.a... ^
Duchamp. ^
não age sobre a resposta sabe como se demorar no vidro, oon^o s tupKfô''cÕníd'5^ 'ãSeleite em beijar superbc^es
estupid^cõíndí:^^ superftó _
ficar suspenso entre a fanta^i^e_o fato. O grande vidro artigo a sensualidade
um estado de similar. Çc5mo diz Seigtl, os celibatários, as fig^ os olhos. "DeideCom--^^-^^^
masculinas que ocupam^ o-qjdnermferior, "permanecem retina. Esse fm,°ií£2.^Í^^sóficaiiQ2al^^^^^
sempre na condição de observadores de vitrine, cujo estado
ser é expandido e animado pelo desejo, sem jamais experiment:^^
funções^_^5i|í-— contém e como
pôr a pinti^niai intelectua religiosa não tra-
o arrependimento e a desilusão que^j^.egue à posse Je Ua, -SrSp» ""
Nunca têm de completar a Viagem circul^' que é a P£!^2!Í^e descrever melhor ^ g dont^i^^' ^ - gj-a didática;
por quebrar c
r ii»ii III .'
o vidro."68 A figura feminina permanece para se^P
.■ > I.
pi...... - •"
uma "noiva de Duchamp nao obra et determinar seu
Tanto O grande vidro quanto a observação sobre daq" ele não tinha lições a en^
que olha a vitrine apontam para uma espécie de equilíbr'" ^ alguém pode sen ptec-aí®-®*^'.
balanço entre desejo e fantasia, entre agir no mundo "assunto", a „„-dah£adisa.-àa.fe-
oum, se duas metades
crever-.Q,^m«de mdro,
no ™ndo de
grande parte da vida, A energia
energm eróti/"'^'^
erótica cresce™quando
qu«taoos écelibatários
um homem.considcrait'^ a no'" 439
438
\v.ivíri (Kl'
pp-OFECIA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
■ neta
d^-^inturà estivessem unidas por uma dobradiça invisível {.••) a frente e paraJ.rásj£^^o^rj2^L__-^^^^ imediatamente o
Na versão original, as duas metades não eram mantidas rigida pivotante entre'^enhor^e co • 30 Senhor,estaremos
mente no lugar"7^ Essa dobradiça invisível é um símbolo-chave seu oposto.Se P®"®®''™°®?"^''"„rnDrietários desse cemitério; se
e relaciona-se ao que já descrevi - "noiva" é a dobradiç^enjf^ errados, pois os corvos estaremos errados, pois
virgem e a esposa; a vitrine é a dobradiça entre a coisa à venda pensarmos que tudo pertenc mortos estão conosc ,
e a fantasia. Mas as dobradiças não eram sempre invisíveis. Em oO mundo material esconde
mundo matenai — o pássaros. Entre essas a r-
^.kíhIos pássaros,
1927,Duchamp tinha um estúdio na rue Larrey n° 11,em Pans,e são cadáveres para os mais"Ç^Jopmfeta irônico esperando
contratou um carpinteiro para fazer uma curiosa porta no canto mações é onde encontramos-G^i^J
encontramos-Crnsberg, P '^merll
a ele
de uma sala, uma porta que, nas palavras de Seigel, "giravamas. que o próprio verdades mundanas os o
caso se je D-^-P
dobradiças de tal for.ma^üe quando bÍQqueava.a^_entrada--p-a-r^
um cômodo,abria o acesso para outro (...) Muitas pessoas viram A contradiça arrependi-
nisso um modo de desafiar o lugar-comum do provérbio acaso, o vício para evi ^j^iento
'uma^orta deve estar aberta ou fechada'".^'^ ^ mento do consumidor mun linguagem, u
Nada atraía mais Duchamp do que uma oportunidade de de viver uma vida '^«'^t/indiyíduosj^^
fazer um furo nas platitudes do senso comum - o seu próprio ou
o de sua cultura. "Eu me obrigo a me contraJizer" é um famoso fdVsrhèrança
dito seu, "de formaj. eYÍtar cõhfòrmar-me ao meu próprio go^
.i tòT^^Como vimos no capítulo anterior, ele não era apenas u^ e idefás recebidas, to perpetuam- ^algoSH.®
contraditor; era um cofitraditor divertido^ alguém à procura
meio dos quais as
"um corredor de humor" que pudesse levá-lo além da polaridade vez afirmou, —^T^Quando a
estabelecida entre portas abertas e portas fechadas. Na entrada do fazemos com Ac;e ^
estúdio na rue Larrey, um corredor está sempre aberto porqu® ^
porta volteia em vaivém. O.humor está nas dobradiças. Enquaj?!"
os pinos estiverem ,lubrificados, a obra sempre se esquivará mies
440
i í
profecia
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
que pode escapar de si mesma, de forma que haja ao menos a André Breton
possibilidade de real descoberta e mudança. Falando d^j^e^em lismo; DBChãmppHfHnã^» para os
que projetou um moedor de café como.presente para o irmão e vende"ab'r (sua boíte en vahse)fei , pudesse
descobriu que o desenho "mecânico" o libertâya,-afirmou: Estados Unidos, a América o , ^ [^gica que
se libertar dos
Sem saber, havia abertqjjma janela para outra coisa (..•) estivesse mais eni voga —
uma espécie de fuga."V^cês^bé,sempre senti essa necessidade de
escapar de mim mesmo
Comecei a pensar que podia evitar todo contato com a pintura binar -ptura
ruptura cpy
cqm-JP -f,,, asco-.ed^
^ .nisas,
s e de volta para
artística tradicional (...) Fundamentalmente, tinha uma mania direções - novamenK
de mudança ''"'"■ioTfiíi novamei^. A
iaharm..^^
Duchamp gostava de John^ge p.orque-ele^pen&^-effi-i-i^-^^^^'^ música. No nTm com uma Embota ela
o silênciq"nãlnu^ havia pens^Q. nisso", disse somos deixados no i ' jimndo novo e sim América,
Gostava de Francís"Pícàbiá porque o homem "tinha o dom do
1 Tl-^* -• * A 1 À
442
I ■ profecia
■tÁ
/
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
situação, disse
No começo de [The^Woman W^rnòr], escrevi (...) sobre uma
comunidade desfeita por uma mulher que quebra tabus (..■) 1^^®
pensei: "Não vou publicar isto; estou.cpntando meus segredos íle local. Em vez de abandonar seu so q j
família." Disse isso a mim mesma porque então esse pensamento uiíTí/elodia crioula tao cativa ^ da
me deu liberdade para escrever. Mas quando terminei de eSCí^^^*^ cientemente adotem seus ritmo . ^ hvro,
- talvez dez,_doze rascunhos - e polir o texto, vi que havia parábola^ue Kingston ^ je uma mulher chinesa
uma resolução. Tinha uma bela história e, o mais importante The a '
tudo, dei^àjoda^essa. mulher um significado. Então me senti bem. do
ser^Eülo-H-qae "viveu e""va
por fim resgatada P a sua g
retornar
"A^ra posso publicar isso/'"" ,r tim resgos. che-
444
profecia
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO f r\ w I f »•• •
que os muros em volta do paraíso tenham sido rompidos, nunca [reaúymades^èstão por.todJo nnrte)
p e quecomplexidade
aponta para um tipo
revelada,
mais poderá haver novamente a beleza do jardim de pessegueiros d. SíBa^capan d..r.bnlh.t cnm
taoista, do pomar de maçãs nórdico, dos pastos nãq_ceifados ,na aa poda eh.B.r, n.s«>
pasta o gado de Apoio. Hermes canfá tão docemente que mente tradutora^_ mentes trabalham
ApoicTpirdoa o roubo, mas aquele gado depois não caminha de i. 7°; ani. pr.»;
volta para o velho curral. Hermes é um encantador, mas se seus com os padrões cotarais '„',.s- con» »■ criadores'"
encantamentos puxassem os arreios da eternidade, ele levaria simplesmente situá-las nas rac sim-
seus ouvintes de volta ao limiar em que os eternos encontram os artus interiores do ° ?'^^^QVimento entre as esferas e e
acidentes do tempo. pias, criam a possibilidade d, T " a. saldai-
Na ilha de Calipso^ Odis.seu_é_autQrizado-a-£scolhei^^e^ movimento da salda (não P'» ' desdaadat ao n.i^
voltar pará^ãTTrallíef mortal ou continuar vivendo com a dfusa dasarrlcnian, «.ilo P"* '"'"trdS
imorxal, uma escolha entre dois tipos de beleza, na verdade, e ele mas depois Mesmo ness
escolhe o tipo humano,o tipo que é sem dúvida o mais belo para
nós mortais, porque vai findar, assim como nós findaremos-^^ o-caso, porém, a novah rifrorrra ItaTirÍq
Quando Kingston continua a tradição da história oral chinesa imutável das esferas. A
em uma nova língua, quando toca a sua flauta de junço^bárbara, sua seriedad£mao.&-ain ^ feita por um ^
deve saber, depois de ter quebrado uma velha "circularidade%^ trifckster. A harmonia d definitiva, quc> ^^va
que não há maneira de a bela harmonia da sua obra consegúií' sabe ,„o nio há o». intarmlaa-ol^iarco.
protegê-la do ruído futuro. Verdadeira e bela ela pode ser, mas língua tenha 7.aõKMnipl«asos"«o"giçaOÍÍ!!^
fala, novas articu Ç ^oessa^í^—
nenhuma criança imigrante alegaria que ela reside fora do tempo-
Esse entendimen^^^^^^ ^ Kingston uma autora o cenário cambiante.
norte-americana, a "América» significando aqui a terra fabulosa uma beleza f''^il.!,^-r5^iagens,
dos imigrantes,4a traição da gera^aant^ráor,..da oportunidade,
do blues nas encruzilhadas e dos:í;;^ntos do vigário; a terra cujo remo no
governo surgm no curso dói eventós-humanas-e"cuja bandeira
mudou de desenho uma dúzia de vezes.
Obviamente inte recorri a esses exemplos de prática artística porfl"®
qu^ponm "r
pos tncksters --brepõem-.Lpadrões
p^ofétmos. Há um Ler de revelarão
artístico que cO'
meç.co„.b„c.pel„ p„,„
encon,», a e,c.p„a,i., ,„P
..V.I. a„ plantada d„ „a,ari,l ® J""s ãon,..cio.««
446
- a .L
profecia
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
para que ele o interprete; está plantado para os futuros viajantes, 11. Hawley, At Play^' p,,abola,PP. «-7-
12. Dimmitt, pp. 124-2' of Love, pass""-
para que possam se lembrar daquele que foi roubado. Çpmgjmi'
síntjbolo do qu^_de^jarêc.eu^.ele ofereeeFá--novo.s_,significas 14. Hawley, gatterTbief,?-'^'^^-
enquanto Houver alguém para vê-lo. É, portanto, um portão de 15. Hawley, Krish"a. t p. 43.
volta à plenitudé^íielte mundo. A beleza que criamos perecerá, 16. Hawley, Ktis/mf' nisas interessantes a
mas não o mundo a partir do qual a criamos, nem a inteligência 17. Dimmitt, p. 103- '
para realizar a criação. 0_ Coelho pulou sobre p Coiote qn^^' 18. Platão í" Kng^l'P;'j, profecia Ste^f;^^-ãJí^vidente.
vezes. Esse voltou à vida e seguiu seu caminho."
448
.X
profecia
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
450
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
1 í
!■ I de evir®"^ histor_ £««i:i--^-phavia
í r para que ^os oU^i^isa t-n au^ ^aever-^
! f nha . ^^ríi nos^
diziarse que "Üma escuri'^^^'^^1 jg volm P
na
fie"" trara
desaparecido \\iâS- ^
perguntaram a®
453
452
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
Notas
454
Traduzido para o inglês por Lewis Hyde
Para Danielle Arnold
Hermes nasce
457
o hino HOMÉRICO a HERMES
A ASTÚCIA CRIA O MUNOO
Quando
Hermes inventa a lira cada corda sucessivam^^ cantou lindamente,
maravITFõsãmentrão^coque e . ' modo como os ado-
De fato,ele não ficou deitado em seu berço sagrado, não,no minuto .mprov.sando alguns Cantou a
em que .deslizou para fora dos braços imortais da mãe, deu um lescentes
salto e partiu para encontrar os rebanhos de Apoio. Ao atravessar o filho'Te companheirismo amoroso. hi'
o limiar da ampla caverna,encontrou casualmente uma tartaruga E cantou em louvor
e obteve para si uma interminável fonte de riqueza. Pois devemo? Cantou a ^ ^eus aposentos grandiosos, a to os o
saber q.ueÍoiJje_rmesj3 primeiro a fazer da tartaruga algo cap^^
de^produzir som. Seus caminhos se cruzaram no portão do patio,
S:::SaÍílelapossniaemsennome..
por onde a tartaruga passava com seu andar gingado, mastigando
o capim espesso diante da morada. Hermes, o portador da^^^^^'
olhou.mais^at^ntamente, riu e disse: Hermes rouba o gado de Ap ^^
"Eis um mlpe-de~&orte que não posso ignorar! Olá, coisínha ntava pporém,sua mente começo^^^_^^^n^
formosa, ga^ota^ançari^, alma da festa. Quanto prazer em Enquanto cantava,
vê-la. Para onde iria tão alegremente uma jovem montanhesa assuntos.
de carapaça lustrosa? Deixe-me levá-la para dentro! Que do a Hta oca ^ ,ue as
í divina! FaçaHíie.4Aniiay.or,^entre, eu a respeitarei. É mais segur^ cot..dSSO°^"r;mentand^
lá dentro, aqui fora você pode se meter em encrencas. Uma taf um esquema j^dram no meio ^"j^g^-gndo para baixo
taruga viva, dizem, mantém o^iriços-causadores de problemas pessoas maliciosas e g ^ estava correndo as
bem longe. E ainda assim, áe^iver de morrèr, cantará_dají^
■ J'j(
bela das maneiras." d. " d"'»»'T.Ji»» •"
Ássim_di^ído, Hermes apanhou a.tarramga com an^^
mãos e^çarregoiTseu adorav^l brinquedo para dentro da casa. deuses ««"e í, , Mais.díSSSS^^ê
virou de barriga pára ciniã é,com uma colher de aço cinzento cumpo.nSo
pou^o,tutano da carapaça rochosa. E assim como um pensamen
veloz pode atravessar voando o coração de uma pessoa assombr^^^
por preocupações, assina como olhares inteligentes.
dessa forma, em um instante, Hermes soube o
m fazer, e o fez. Cortou hastes de junco na medida certa, ajustou^
através da carapaça e prendeu as extremidades na parte de tr^ *
Habilmente, esticou uma tira de couro, colocou as extremid^^^ mesmo tempo.E^„„,es mata AS
il uma trave através delas e amarrou sete cordas A história na q
npa de carn^o para soarem em harmonia. 459
458
oh.nohoméricoahermes
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
engenhoso, misturando suas pegadas - as dianteiras para trás e Um sacrifício aos deuses
as traseiras para a frente -enquanto ele caminhava em linha reta. t u Kprranteeacomodado-ono
E bem à frente na praia arenosa teceu para si fabulosas san Então, tendo alimentado o .j^^7ó'dõ^ngib^ réúmu uma
dálias, tais como ninguém jamais tinha pensado ou ouvido falar. estábulo^ma^^^
Trançando os ramos recém-brotados de murta e tamargueira, pilha dêlnãdéíraTsepos a yaretasje^âÊÊíL^íJ^-'"^
atou-as,com folhas e tudo,firmemente aos pés, um par de calçados de..™,.aber, é o
para aqueles que viajam sem bagagem.(O glorioso assassino de
Argos havia apanhado galhos desses arbustos em PÍéría quando
se preparava para a viagem, improvisando na hora como alguém
quando arruma os pertences às pressas para viajar.)
Mas enquanto acelerava o passo através dos campos gramíneos fardos de gravetos sec
de Onquesto, foi visto por um velho que podava seus vinhedos e se espalharam
florescentes.'' O notório filho de Maia falou primeiro: Enquantoo_E2dÊ-_-^-^^ • „to das chamas-
"Ei, velho curvado sobre a enxada,c-bm certezTterá barris de Hermes, e para )u
vinho quando todas essas parreiras derem frutos. Se, quero dizer,
me der atenção e puser na sua cabeça que não viu o que viu, não
longoIW7íí^^°fos lombos,fa^^^
Eleí os
os atirou
atirou ofegante .you sua ^^(,eça pa
ouviu o que ouviu e, de maneira geral, mantiver sua boca fechada de barriga para cima,c sucessivamES^
contanto que ninguém o incomode diretamente." a medula espinhal- sPasjncum^^^í^^
^.,35 incumben^_^^^^^^ou-a com
-Depois de dizer tudo isso, Hermes reuniu o excelente rebanho Hermes ti
degado e conduziu-o através de numerosas montanhas umbrosas, Primeiro cottnu toda el^ ^ 'ri"
desfiladeiros ecoantes e campos em flor. espetos de barria de sangue cscum ^ ,„je,
E então a divina noite,sua sombria ajudante, havia quase che- apitíciado e a ^ porvid-
gado ao fim e o alvorecer^ijue óbr.ga os mortais a trabalhar, sobre o solo. ..nre uma
y sobre u peti-frerasap-r:':
jurante er g
chegava rapidamente,^brilhante Sele>e - filha de
da^enhor^lsgamedes- havia acahado de suhir pa7a''^u posto depois, esse ^ni fosse
de observação quando o vigoroso filho de Zeus tangeu o gado de seimidíL££ÍÍ£2^í^^ ^!com
largas testas de Apoio até o rio Alfeu. Chegaram infatigáveis a
um celeiro de teto alto, com um cocho de água defronte de uma
bela pastagem. °
• , um , ÂrteniiS'^
- o fogo''"""otes". AP"'"'
'Hermes não mve poseid""'
••
dozeAsdo.epo«';-p„,Z=u.H-
deuses do ^ fggto e"
•Por«iodeouuasv„sôesdahistória.sabenios<,.eo„oniedessehonieniéB.i"^- Hermes, Atena,
460
AMÉRICO A HERMES
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO O hino homèRu-"
homer.--
u He falta de vergonha?* Acho
E O glorioso Hermes ansiou por comer aquela carne sacri^ esteve até esta para fora ^^r^scer para
ciai.^0^oce aroma o enfraquecia, divino que era; e, no entanto,
por mais que a boca saJiyasse, seu coração orgulhoso não o^^i'
xaria comê-la. Mais tarde ele pegou a gordura e tõdã a carne e
armazenou-as no amplo celeiro, pendurando-as no alto como um
perturbar as ^ oai pretendia quando pa^
troféu*""" de seu roubo juvenil. Feito isso, reuniu gravetos secos e transtorno, tanto par g,-« _ incrar:** "Mamae»
deixou que o fogo devorasse, inteiramente, os cascos das reses e
também as cabeças.
os homens,iestinados_^^^pquepodertó
E quando o deus terminou, lançou suas sandálias no Alfeu de por que está tenrando rn^,,ida crtançat
poços profundos. Extinguiu as brasas e espalhou areia sobre as
palavrasilojefflEi^ ' «r o
cinzas enegrecidas. E assim a noite transcorreu sob a brilhm^
luz da lua. '
da "Mas,jeriâniÊ—
ira da ®^.®'^e^estouÍÍ!E2Í^^^^^
porqnedeve
para quevocê_eeu.2i-^ ^^.^,.05 dos j^jos
Hermes volta para casa ao amanhecer
sistir que v.vamos e ^
Assim que o sol nasceu, o deus partiu para casa, nos picos reluzen Guaosiroortais- parasemp
tes de Cilene. Nenhum deus abençoado, nenhum homem mortal de grãos - do qu^ ^ ^^a
o viu naquela longa jornada, e nenhum cão latiu à sua passageni
apressada.**
E na casa da m$^, Hermés,.portador da sor^filho de Zeus,
meteu-se obliquamente^pefó1)uraco da fechadura,como a névoa em
uma brisa de outono. Sem fazer nenhum dos ruídos que eram de se
esperar,caminhou diretamente p^ra o suntuoso coração da caverna.
Então o glorioso Hermes saltou para dentro do_^rco, envolveu os rnaravnhosos,se^ vai filho de ^
ombros com as roupas de bebê, como se fosse um frágil infante, e e suas roupas v'^;J^,o„game"^'
ficou deitado ali, puxando o cobertor em volta dos joelhos e agar
rando a adorável lira com a mão esquerda para mantê-la segura. ^ égide, e a
Mas o deus não passou despercebido pela deusa, sua mãe
estájm£Í..Sêu3_ganador furtivo!", disse-lhe ela."Onde exatamente
* Sêma ou "signo".
,,„to ao '
•• Há outra versão da história na qual cães guardavam o gado de Apoio.Hermes s.lenciomos
mergulhando-os em um estupor.
nho","lucro • 463
462
tf"
i
\
essas vacas?"
Então o velho respondeu-lhe, dizendo: "Bem, meu filho, oS nim
olhos veem tantas coisas que é difícil saber por onde começar- a mo
rochas, .^^^breasaadoráveis esí elo umbral de
Tantas pessoas pa^ajn j^_e3.ta_es.traj^^^^ boas, sombria entre as ndop
jná^ Não dá para saber quem é quem. Zeus.Um — cravam
"No entanto,eu estava ontem no meu pequeno vinhedo, traba ovelhas pct^^^^^^j-j^reriordac' yerna Apoio
lhando com a minha enxada,da alvorada ao ocaso, e quando o sol pedra e indo Mai^^" o arqueif",
.«pceu^c—
de^í?
se punha tive a impressão,caro senhor,embora seja difícil dizer com Apoio em ^ gf-ho^de f5eseü,íí^®'fSz^Tes^^^5ob es-
certeza, de ter visto uma criança-não pude realmente identificá-la Então,'1"®" ha ira ppiSS-^jrn corno , lizoupM
- seguindo um rebanho de vacas de longos chifres, um bebê com
um cajado que ziguezagueava de um lado para o outro e fazia oS dos cobertor^
animais caminharem para trás,com as cabeças voltadas para ele-" condem as ^
Tão logo ouviu o que o velho disse, Apoio partiu apressado- a proteção das^ pC, como plename
Nao demorou muito para que notasse um pássaro de amplas asaS, cabeça, mao ^^rdadc
sono, embota"
• Poscidon.
lira enfiadu so
465
464
Aoirn A HERMES
o hino HOMÉRICOA
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
O filho de Leto viu tudo isso. Imediatamente, avistou a bela que 'vacas' possam serj-p ' entendo
ninfa da montanha eTeiTquerídQ filho, uma pequenina criança
pcHiajqvirjalar^ / enquanto ele ®jurindo
envolta em um engenhoso subterfúgio. Olhou cada canto da gran c ■ Os olhos de Hermes cm , de lado a lado P ^
casa; com uma chave reluzente abriu os três santuários internos,
as sobrancelhas arquea as, íp^as palavras ®
cheios de néctar e doce ambrosia. Os armários estavam cheios de longos silvos enqqanto
ouro e das vestes prateadas da ninfa, como é de hábito nos lares convencido de
dos deuses abençoados. Então, tendo-vasculhado cada canto da e diáHüSXfltes: fala,estou bas ^^p^nando
residência, o fillíãd£Lefi3l^igiu-se ao glorioso Herrpes: astuto você é! Pelo modo „o.te P sem
"Pequeno garoto deitado.nõSf^;^elneJhõfnie contar rapida^ que invadiu muitas belas re „,uttas P ^
mente o que aconteceu com o meu gado,ou nós dois logo estárefííos
silenciosamente todos os ben. sem" do
em uma briga feia. Estou disposto a pegá-lo e atirá-lo na escuridão nem mesmo uma cade.m^ ...ques mon^^^^ .arneuos
horrível e sem esperanças do lúgubre Tártaro. Nem sua mãe nem vo para os pastores so' depam'^"^ ^ quejam^^"iviâs
seu pai serão capazes de libertá-lo e traze-lo de volta à terra. V^ce ficar sequioso de o--;,,pos
passará seus.dias sob a terra, um líder de bebês mortos."
lanudos. Ate O fí"^ jprãoo
Hermes respondeu-lhe, de olho no que poderia lucrar: Filho certamente l^e ja noitc sa'»
de Leto, por que grita como um tirano? Veio até aqui à procura agora vamos, o, a um
das vacas de seu pasto? Não as vi. Não ouvi uma pálavra-sebre seu último °
elas. Ninguém me contou absolutamente nada. Não posso lhe dar
Dizendo ISSO, d
nenhuma informação, nem poderia reclamar a recompensa po -Ia. A essa altura o de atfj^otudo
tal informação. Erguido no alto pela^
liw A— - C5«-^ um^^eApol^^^ a
"Pareço-me com um condutor de gadp^.Um-homem gr^l^^ ^ um exausto escravo
iim escrav ...„mpoesp^^^úsIõ50T^
,^p^^e-;^^^ |^do-
forte? Esse não é o meu tipo de trabalho. Estou interessado em estava por vir. A ^
outras coisas: trato de dormir acima de tudo,e de.sugar. o.leit^eji^
seios.da minha mãe,e de ter um cobertor sobre os meus^onibí—' caminhorat«da^^nho,« jo me ou,-
e de tomar banhos quentes. "Nada terna, b
Acojiselho-o a não falar assim em público; os deuses imo^^ que esses
achariam isso realmente estranho, uma criança com um ài^ ^ Po,,ue nio id.»•
vida levando animais do campo para dentro do seu quinmh ^ nlmes de CJ'»^„ ..f«
bros e as inãos cO
fala sem pensar. Nasci ontem meus pés estão sensíveis e o chu
que pisam é áspero. TtabaJtodStiU^S^0.» „do o^
8 do«»ioi" ^,i,á4as.
"Amda assim,se você insiste,estou disposto a fazer um ■Escá-SÍ-^ais.»'"' nío"" *
juramento-pçla cabeça do meu pai e declarar solenemente que n»
roubei suas vacas,e que não vi outra pessoa roubá-las - seja morto! Não
466
! 'J'
i
i:?
tampouco, seja lá o que possam^r-vaeas, pois ouvi apenas falar "Roubou minhas vacas do pasto e levou-pi^^^gTf^^ em I
delas. Não, faça a coisa certa. Ley^to a Z^s, o filho de Cronos. noite ao longo da margem do mar estrondoso, seguindo dire^
E entã£, com os^cQraçnpj; prp_jHpgarnrHnj Hcrmcs^ O pastor, e tamente para Pilos. Os rastros eram__dúbios ç de_ fato
o glorioso filho de Leto.,debaterani„o,inofivõ da discórdia, ponto obra intrincada de um espírito astucioso. Preservadas na areia
por ponto. Apoio, atendo-se aos fatos, tentou enredar o glorioso escura, as pegadas das vacas conduziam de volta aos campos de
Hermes (que de fato era um ladrão de gado), enquanto Hermes narcisos, enquanto essa estranha criatura cruzava o solo arenoso,
d^^lene tentava induzirjd deus do arco de prata ao erro com não com' os pés nem com as mãos, mas como se - pode acreditar
retoric£e argumentos lisonjeiros. nisso! - estivesse caminhando sobre pequenos carvalhos,.auand9
conduziu o gado através dqsqlo.are.npi£>.£L«stros sobressaíram
comTíiííííírclareza, mas quando deixou a larga faixa de areia
A discussão perante Zeus e atingiu o chão duro, todas as pegadas desapareceram, tanto as
dele quanto as do gado. Ainda assim, um homem mortal o viu
Mas quando descobriu que. Apoio era páreo j)ara todqsj^..seus conduzindo as bestas_de largas testãs-diretamente _
ardis, Hermes começou a caminhar rapidamente pela areia, con "Em silêncíõãFocuItõu, dipois se esgueirou para P
duzindo o filho de Zeus e Leto. Logo esses belos filhos de ma rota tortuosa para deitar-se - tão sereno quanto
chegaram ao pico do fragrante Olimpo, junto ao seu pai, o filho das noites - em um berço em meio à escuridão de uma cave
de Crmíõs.~La, pàfã ambos, os pratos da balança da justiça fo sombria. Nem mesmo uma águia de olhos pul os
ram dispostos. E lá, no nevado Olimpo, depois de a Aurora ter-se tê-lo visto ah. Esfregando constantemente os os
sentado no seu trono dourado, os^uses,_que nunca morrem» ele teceu falsidades e falou com au NãTpdssõTS
reuniram-se para conversar. ' ouvi Jalar delas>nguém^^ fazê-lo.'"
Então Hermes e Apoio do Arco de Prata se posicionaram diante contar sobre elp nem falar e sentou-se,
dos joelhos de Zeus e este, cujos trovões fazem os céus tremerem» Quando o je Cronos, senhor de todos os
dirigiu-se ao glorioso filho, perguntando: "Raio de sol, onde cap Hermes se .czeus^ meu pai, é clar^vou
turou prêmio tão fabuloso, 'üm-bebi recém-nascido comJLÍ^S^ deuses - e mspondeu d.zen
de um arautp? Este é um assunto sério que você traz perante o dizer a verdad casa hoje ao ama-
conselho dos deuses!" con^r_umunentyj>p
:'in o senhor que trabalha ao longe respondeu: "Pai, você pod^ nhecer, procurando por s g abençoados
!' íf;
■I*
zombar do meu amor por espólios, mas não é uma história tola com ele nenhuma ,,3,, «ntou^a.an-
o que eu tenho para contar. Eismma criança, um ladrão talen que tivesse ® 3^Q_„,„ha. AriieaídüTnsistentemek
toso, que encontrei depois de uma longa busca peíasíalinas de car ,3,^ na poderosa flor da
Çilene. No que me diz respeito, por apanhar o povo da terra
desprevemdo, jamais vi alguém, deus ou mortal, tão imprudente
atirar-me nas profundezas dojar ra P^
, 'Lf5
quanto ele.
luventude, enquanto eu - como ele esta mu
apenas ontem.
469
468
o HINO HOMÉRICO A HERMES
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
470
O HINO HOMÉRICO A HERMES
472
O hino HOMÉRICO a HERMES
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
"tvl^
ivias, nobre
1 filho de Zeus, quanto
T^-^^ocê nemànenhum
outra coisa que voce me
dos_oj^s_deusçs
divertindo-se com a lira no caminho.O^bio Zeus pediu,a arte da prôfecia nep ^
e aprovou a amizade deles. Hermes^emao passou a am^^ ^ r".!Í^Í^^S^votos e um grande
de Letodacom Fizqmia promes^^ imortais, possojuramento, de que
conhecer seus somente'
intrincados
dádiva liraconstante afeição, assimamcK
foi um símboloUeleu como ainda ^
^^^"f^^Vermes, euT^ívtre^edosms eus ' j.j^^Qj^jio.bastãa-daurado, não
que a tocava com perícia,apoiando-a no braço. planos. E assina,
estava ávido por conhecer outra arte e fez para si a flaut me peça profundamente a nãj,Jiiy.ejável
cuia música cobre grandes distâncias. menino "Quanto a nt.m,_confundire. ELotuq^^^
Então o filho de Leto disse a Hermes:"Filho de Mai , ^ raça dqs bomens^^^°±I^^^ de pássaros
e guia astuto, ainda temo que você roube meu arco homem^Hêr ate mim guiado pe - enganarei. Mas—
nha lira, pois Zeusconced^
mercantis entre oTESSiSTaTtodo o prolifiçomundo. O homem que acredita em^a^s— pretende saber
apazii^í^íSFcõfãç-ãõrfa-çi-um dos grandes juramentos do minha^Tirprofénc^^ será infrutífera, eu
acenando a catSéçToL-mvocando as águas do poderoso ^ mais do^qüFõTHéuses imortai , j-eceber suas oferendas,
Então ofahodeMaig fez um aceno com a cabeça e p lhe juro. Ainda assim,ficaria satis filho da glmipsgLMaia,
que não roubaria nenhuma das posses do Grande "Eu lhe direi uma
jamais se aproximaria de sua bela moradaTETVpõIc),filho filKrA Aíi 7pii<\ ^ ^ t A r' t-vr\r VcloZCS^
juroiTiiFiíí^o e cõmpifiheirfi deHerrfies.Dê todos Há certas irmãs sagratias, rres sob uri} .
sejam eles deuses ou filhos humanos de Zeus- jurou não ...s cabeças «oram òfo ãe pregi|o
a ninguém mais amor do que dedicava a Hermes. rodigdo no Parnaso. ^'•''''''^não'^ apenas um meni
dofi;;;^tiquei com elas qu ndo a^P^^^
mínhando atrás do gado; meu de favos cerosos e
Apoio concede a Hermes seus ofícios para dentro e para fora o ar, Qpgjam de contaiJJÍÊl^^
faaenrlo com ,«= coisa, acomeça- Gm^ „p„„«
Apoio,então,fez um importante juramento:"Para mortais ^
tais da mesma^erma,faço deste instrumento o^inâ-Usd mas se tiverem sido priva a
e.sincero da nbssa umãbí ^ ríLtrês e resmungam mentiras. pue-as bem e satisfaça seu c
«Além disso, agora lhe concedo o maravilhoso bastão co^- .Doo-a...ocí,en.S<.->»^ .;„acm„boa forra». » »
ramos de ouro. Ele traz boa fortuna e rique^zãT^aí protege E se irrsrruir bome^mgSi"'. "
ameaçãs~ênqu^ntQ.TOcê executar as boas palavras e intenções tornar devotos a voce.
Hp a Hermes umf.arte profética
quais tomei conheciineíito por intermédio da mente de
Tl;;;n^ha.rradas DorrEelas-Abdhas. Apoio conce
menor.
* Note-se que Apoio supõe que alguém envolvido com o mercado também será um
O mundo desse Hino não faz uma distinção clara entre roubar e lucrar. 475
474
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
I-) ■
'■"r, 't.
475
cipais, e ate ^^hlemacomoprop^^^^t^ ,
lugar, pode ser que haja um probl ma ^ igno adas^
have; rrmksters articule^^
Por fim, pode
seria masculma^^
um cenário matriar pcrlarecimento antes q snciaJlue
É necessário fazer
estender em cada j ^ão são ^
os trkksters
andróginas, "A
pólogo Turn i':„perta: ern
tem 7hermaftodkal)>
e Wakdíun^a^ cláss.co
era frequentemen ram-questao^ O
Parece-me que isso ^ dmeiS-
nasce da uniao .^ijò-a-AifSáíkê- . Wak^iffl^âSa^
otricksterwmnebago-emum
479
líí
TRICKSTER E GÊNERO
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
480
trickster e gênero
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
482
á
TRICKSTER E GÊNERO
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
E finalmente - o caso que quero explorar melhor - no sudoeste Quanto ao porquê de as histórias de Colores fêmeas aparecerem
norte-americano há urn írickster Coiote fêniea. nesses contextos,Ballinger sugere que é uma conseqüência de como
Depois de ler centenas de histórias de trickster de nativos poder e gênero estão^nectados najodahopietewa.
norte-americanos, Franchot Ballinger descobriu cerca de vinte ■ 'u ntip deveríamos apontar sobre histórias com
nas quais havia um Coiote fêmea, quase todas de dois grupos O fato mais o v q
trickstefs fêmeas e que sao to das tribos que citei,
de índios pueblos, os hopi e os tewa. Nesses contextos, o Coiote matrilineares e/ou significativa autoridade ou
fêmea existe junto com o Coiote macho,e a maioria das histo talvez em todas, as mulheres «"h « ^
rias ainda é sobre o segundo. Não obstante, ela existe de o .to», «o-
difere da sua contraparte masculina em vários sentidos. £ hopi, as mulheres "^d.cona me
faminta quanto ele, mas não é movida pelo insaciável dese)0 nômico e o l,t, que éO cultivados por
sexual do macho. O Coiote macho ocasionalmente tem íilh*^®' proprietárias das casas, dos P ^ ^^estões
mas geral são sec'unc[arIos"líÍTiistória.~Os filHo^ seus clãs, com as maes do cia te .rtães-filhas-irmas
Coiote fêrneà~~desênTpeTdTaTnrum~papelTnã1 significativo, como de distribuição. que por sua vez carrega mui-
explica Ballinger: \ criam uma solidar.edade-de P
ta autoridade. Entre os tew ,^ . tradicionalmente
cuida das posses rttuais da família...
Às vezes [a história] começa com uma referência à sua procur
comida ou água para os filhos. Às vezes, quando ela decide qn^ trickster fêmea no contexto d
quer alguma coisa que não é dela por direito (por exemplo, pint^® Em resumo, encontramos a idéia de que o
bonitas, uma canção, um esquema de caça mais eficiente), ela o pode, f.«.nino, h.» to» P""'=""
quer (pelo menos de maneira ostensiva) para os filhos. Em outras
entos
.,icl<.,e,.c..6ni=.».«"
; — _ 1, S
histórias, seus filhos participam ativamente dos acontecim mitologia patriarcal
que demonstram ou revelam a tolice, a falta de autocontrole e oS Nesse ponto pod
desejos inaturais da mãe trickster...'^
são disruptivos „„ae ser
Por fim, Ballinger não encontrou nenhuma história na qt^^ ^
no patriarcado.
' « (eiaborad^ííeBíi^^aiquer
rch j boradojmsjwtm^c sistema í
Coiote-^fêniea-seia um herói cultural. Ela não é conhecida com^ de Sâcymi-Eeí£2i^
tdeoiogias lí^ngénTõ^ísSí^
emQtermos das^ção
próprias
tam-
uma^dra do fo^ uma professora de danças ou uma invento^^ como as
484
TRICKSTER E GÊNERO
486
TRICKSTER E GÊNERO
A A5TÚCIA CRIA O MUNDO
do ou balanceado sobre a "mamãezinha", um entendimento qu^ 1. Turner, Myth and Symboh P- 580.
ao mesmo tempo a leve a sério e não a leve. a sério. Hermes^*^^ 2. Radin, pp. 21-24.
roubai.Q,gado dej^olo^ é a mãç', Maia'; quem^nmêlrõ^ff' 3. Young, pp. 66-68; Hollander, p. 62.
cobre o que ele fez e tenta discipIin"â-lo^^Eré% récusâ' a dFmqnstr^^ 4. Bellows, p. 231; Hollander, p. 139.
qualquer necessidade dela, mas promete levá-la junto quando se 5. Radin, p. 24.
tornar o Príncipe dós Ladrões. (Um dos objetivos do "Interlú^ 6. Lubell, pussím. ... 4Uvorexemp\o,Hesiod.TheHomeric
entre as partes I e II, a propósito, era descrever um aspecto d 7. Hino uDeméíer, linhas 200-41 (por exemp ,
histórias de trickster que me toca pessoalmente, um aspecto q"^ Hymns and Homerica, p. 303).
reside exatamente nessa área da dependência e da independência 8. Chan.pp. 232-33; Stone II, p. 129.
maternas.) 9. Allen; Halliday; Sykes, pp. 150-51. ^ ^ Butterwor-
Resumindo, há pelo menos um lugar onde o material trickst^ 10. Clement of Alexandria, tradução para o University Press,
trata de questões particulares aos4íomens jove^, e nesse caso th, Loeb Classical Library (Cambridge. Harvard
não deveria haver mistério no fato de o protagonista ser homen^" 1919), P- 41- , p christ (orgs.), Weaaing the
Mesmo em situações nas quais mulheres detêm poder significati^^' 11. Spretnak í« Judith Paskow e Cam
Visions: New Patterns m Femmst v
Harper & Row, 1989), pp- 72-73-
12. Gênese 29:31.
a propósito. Se por "herói" queremos nos
a alguém que abWamrnho-rforça através das fileiras de seus in.migos, alS"""" ' e, 13. Gênese 31:35.
res.stencia e cu,a coragem superam todas as desvantagens, que persevera, sofre e ven 14. Steinberg in Exum, p. 7.
então o r.ckster nao e um macho hero.co. Tampouco é ;quele macho ascético, d 15. Levine, p. HO*
desenvolve os musculos do autocontrole, tornando-se senhor de si, e não dos oU^
Escap.sta (lex.vel e de tamanho pequeno, não vence do mesmo modo que os 16. Fontaine in Exum.
™a;rar ^ P""-
489
488
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
490
* K/íahâtmâ Gândhi con-
Em suas meditações sobre a .grícolas,'
sidera várias vezes o problema e
É certo dizimarjnsems_que_jvg^i!l^^—
não dalídiTÊ
um problema part5iill£íB£Bíl-5£i.-gt375ííbn^^^^
quase lií-ossiveTímpedir que priudpios ge-
Gandhi abre com
raise admite relutancm
que os u possam ata
fazenderros
proteger a colheita macacojama^respeto
A compreensaode^qii Tcí^^isírõSTé^^
as fronteiras q"535íS^^^^^"r"a;^narrít^^^ trickster
pomarèTsraf^^ãjsto^E-íí®^^ da
chinesT^KToR?^ rSsfeSsi^^^devem
Imortalidajs, os frutos sagra Essa história e
consumir se quiserem ^ um imenso - são
contada em detalhes na Jorna língua inglesa-romance
qu,s.du»mapÍB""*"''""°'
493
O MACACO E OS PÊSSEGOS DA IMORTALIDADE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
quando a luz solar incide sobre ele, brilham como cinábrio; quando
popular chinês do séç\^VL* Livremente baseado na verdadeira estão completamente maduros, ficam corados como faces rubori
I história da peregrinação de um monge, no século VII, da China zadas pelo vinho."* Os melhores dentre esses pêssegos amadurecem_
até a índia (daí a jornada "para o oeste") em busca de textos a cada nove mil anos,e ãquele que os corneu:h^rá,t_^to_^an^^ o
sagrados budistas, o romance em si é um grande misto de contos céu e a terra, o sol e lua. Periodicamente, a Rainha Mãe, a quem
populares, poemas e matéria religiosa, misturaado^budisn^-' pertencè^BsêTõmãr de pêssegos, realiza um Grande Festival dos
con-íucionismo, taoismo e tradição alquímica, sem um Pêssegos Imortais no Palácio da Piscina de Jaspe, e é então que
muito consistente. O principal fator de coesão é a persona i os imortais se reúnem para consumir o alimento que mantém a
do Rei Macaco, cuja história é contada nos primeiros capi ^ velhice e a morte afastadas. r, ■ xí
e que acaba acompanhando o peregrino dos textos sagrados e Aconteceu que um dia, porém,enquanto o Rei Macaco mspe-
cionava as arvores
- que era su j., notou
sua incumbência vigiar, Arr^iava nor
que mais
sua jornada de quatorze anos para a índia.
O que me interessa na história é o episódio do roubo da metade dos melhores pêssegos haviaDispensando
cecreto. amadurecida.A_s_^_Eor
seus ajudantes
Como pano de fundo,eliecessãnõTaber, antes de mais nada, comêdos,conhecer seu —-^,ma árvore e banqueteou-se,
.
muitas centenas de , • .
anos depois pi Macaco
do seu nascimento o ivci no pomar, tirou o gorro, su estômago. Esse, então,
"ficou subitamente triste", tendo por alguma razão se dado para deleite do coraçao - ou .„„pos se alimentava no
. íj
da própria mortalidade. "Embora esteja muito feliz no m tornou-se seu hábito: de tempos e
to, estou um pouco preocupado quanto ao futuro (.••) ^ pomar, depois do quê, encolhido,e^onçha-se emre,as_^
e a decadência física (...) revelaTão-a-soberania-.&ei:reta-^— pesse^ueiro^irava-u^^^^^ oferecerá d^?^!
Refdo Submundo."^ Assim começa sua busca pela imortah Pouco tempo depoi^a^_— ^^ihpr os pêsVégos, encon-
no decorrer da qual se mete em um bom número de encre ^ bajiq^s_.X)üanío os Restavam apenas
roubando armas de dragões no fundo do oceano e invadi traram as folhas dispers ^ cascas verdes, pois o
submundo para apagar seu nome do Livro dos Mortos- ^
Ouei^^ alguns pêssegos com peduncu os^ Sem seenvergon^
sobre essas disrupções acabam chegando aos ouvidos do |o Macaco havia comido t''^serviçais e assim descobriu, para
de Jade, que convoca o Macaco ao céu e, na esperança de O Macaco enfrentou os pe p convidado para o
se acalmar,incumbe-o de uma série de tarefas, a última da sua consternação, que nem . dirigiu-se ao Palác^a
é guardar o Jardim dos Pêssegos Imortais. banquete. Em um arroubo de desp estava
Esse bosqu£_Sâgmdo_lembra^s pastos não ceifados onde^^^^^ Piscmad^,ruas ,p,p,egados para dormir,
o gado_.de _Apolo. Não há estações nèsse'pomãf; as
send^iTÍ^da. Depois de olocar
fartou-se de vinho e iguarias(tutano d ^ ,,,,
sempre em flor c sempre gerando frufõsrQuandÕ bs pêssego^ ^
quase maduros, suas peles verdes parecem envoltas em espécie de coisas). ^-vpRse completamente bêbada a^
Não demoro. p',.do rimüliiJÍ.'!"
('
^ A tradução de Arthur Waley^Me»^ey[Macaco],é uma versão reduzida d^ss^
ico- Tr.A,«,l..doim«.alL.oT«.l
Uma versão completa fo,recentemente traduzida por Anthony Yu. Não se sabe ^
veu o ongmal,mas e muito provável que tenha sido Wu Cheng'en,que morreU 495
494
O MACACO E OS PÊSSEGOS DA IMORTALIDADE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
tesouro do grande taoista, o Elixir das Nove Voltas^ um destilado Porco e^tá sempre com ele, co™se^tQmaga.e.Meiitejjy^sem
alquímico tão poderoso que aqueies que o ingerem podem se tornar se diferenciadõTTnTrnlFse desligado un^^do outro. Além do
imortais em um fim de semana.^ Despejando as pílulas para fora mais, para fazer a diferenciação, seja lá quem tenha escrito esse
das cabaças, o Macaco engoliu-as como se fossem feijões fritos. romance, esse autor participou da subjugação do ^'lacaco. Como
Quando o Imperador de Jade soube-dexodas essas tran^^s aponta um crítico, o Macaco encontrado em narrativas chinesas
sões, ordenou a prisão do Macaco, o primeiro de uma longa anteriores é "governado pela concupiscência carnal, que transcen
seqüência de eventos durante os quais os imortais taoistas ten de unicamente pelas mãos melindrosas do romancista do século
taram capturar e confinar a peste. Não conseguiram. Tiveram XVI" ^ Mesmo na Jornada, ele é conhecido como o Macaco da
de recorrer a Buda, que prendeu o Macaco sob uma montanha Mente, um epteto que-Tcõá-ITmáTmigí iiiíag-em BudSmpãíF-a
e selou a armadilha com uma oração budista. Quinhentos anos meníe inquieta (saltando de pensamento em pensamento como
depois, o Buda libertou o Macaco para que ele (e outro,sjrês-=^ um macaco saltando de galho em galho), mas mmbem ecoa a
- coloquial
expressão 1 :.l «rer
ter aa mente
men de um macaco",
^ que, na época
nplo
Porco, o Cavalo, e .una monge) pudesse acompanhar o peregrino
Tripitaka na viagem até a índia em busca dos textos sagrados do em que a Jornada foi escrita, designava ^1^--
budismo mahayanas.
desejo sexual.'" No romance encontramos princip
lidando com o problema do velha besta
,ítulos
Toda essa ação ocupa apenas os primeiros sete dos cem capit Macaco, e o \ .jróprio Gandhi a çomprar
que compõem a Jornada para o oeste. O restante do livro é nm luxunosa cuja fome poaenaj.„_—
romance de viagem picaresco; os peregrinos passam por oitenta uma arma.
provações antes de chegar à índia. Nas últimas páginas, re,toimam A história contada no —""^"^^T^nríais nGxdic©s-"fi-
à China com os textos sagrados, e o Buda os eleva à condi^ção
budas. O Macaco se torna "ò Buda Vitorioso nas Contendas Imormlig^,
Apenas o Porco permanece em uma posição inferior. O Fú'da cam velhoi e fora do jardim. Na presente
dele o Zelador dos Altares, explicando que ele ainda é tagar ela> ter a'trãídcndBíin ê suas maç ^ . daramente anunciada,
preguiçoso e tem "um enorme apetite"."
história, essa possível consequen veremos que a amea-
Algumas palavras soh^e o Porco são oportunas. Depois mas, se analisarmos o china, há uma uadj£ãjLíle.aue
Macaco, ele é o níãis píen^nientèfeenvolvido entre os ajudan'®® ça está presente ainda 'ronvivep.e
o budismo, o incorpora esse espirito
de Tripitaka. Ele e o Macaco geralmente agem juntos, um asp ecto
di gno de nota, pois caso contrário o Macaco parece muito meO°® SSSa o pr6p"0
perturbado pelo apetite do que outros tricksters. O Macaco ®
fato come os Pêssegos Imortais, bebe o vinho, engole o ® . «pidade d.. Trê>
assim por diante, mas uma vez que essas transgressões do ape^ij
põem o enredo em andamento, e depois que Buda o subjuga- ^ obse^síS™ "iV ■» """
se torna um personagem muito mais cerebral. E no entanto
497
N i ■!
!
496
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO O MACACO E OS PÊSSEGOS DA IMORTALIDADE
é o portão dó Zen",ações que refletem de maneira mais adequada velha história e, ao fazer isso, representa o roubo^ísrupnyo^^que
o tema do eflibate^éntre budismo e taoismo que permeia^qjiyro. descreve. No momento em que os peregrinos dos textos sagrados
Quem,afinai, o Macaco perturba desde o princípio? Os imor são beatificados, no fim do livro, os imortais taoistas perderam
tais taoistas.'^ Os Pêssegos da Imortalidade pertencem à Rainha os Pêssegos da Imortalidade.
Mãe do Oeste,e ela se revela a deusa suprema do taoismo popular. Essas mudanças não são uma questão de capricho artístico;
O outro alimento que o Macaco rouba,o El-ixir das Nove Yoltas, elas refletem ou incorporam circunstâncias históricas instáveis.
pertence-aa.PJínar(^a taoista_La_o_Tsé. Os imortais taoístas, além O pouco enredo existente na Jornada registra uma contingência
disso, são incapazes de controlar o Macaco e acabam tendo de cultural real, a coincidência das religiões chinesas com um novo
recorrer ao Buda, que não apenas consegue prender o importuno, darma vindo do oeste. Uma vez que o Macaco viaja para a índia,
mas que mais tarde também o liberta a fim de levar o budistno as velhas verdades taoistas parecem um pouco menos essenciais,
para a China. Ademais, depois que a peregrinação para a índia um pouco maisj com• ficções locais e contmgentes,Pa_m
começa, há um desmesurado número de episódios antitaoistas. 1 1- j • pprri depoÍs que ele come
Ao longo da jornada, as ações do Macaco reforçam a maneira S°pêssegos o que parecia substancial no céu taoista subitamente
como ele se autodescreve no início do romance: "É o Macaco parece m^ar^ad^eb vazio. O nome espiritual do Macaco no-
Velho, que abandonou o errado pelo certo, que-deixou..os taoi^^! m.„c. é feswe.1" Tauetd"
para seguir os budistas."^^ \ .reter.-» à ür.". b.d.r
O autor da Jornada se vale de uma longa tradição folclórica a, caregorras de pens.meao, quando I
sobre o Rei Macaco e, ao fazê-lo, introduz algumas mudanças
estratégica no conteúdo.Já mencionei, por exemplo,que o Macaco
» revelL ticções e se d^ol.em."I»»"''7rsr,Ôr.I o eu
Perscrutado na meditação, menos su e^^n ^ pomar e
da Jornada não é tão concupiscente quanto seus antecessores. é vaaioj Quando P"''™
Mais importante mencionar aqui, a Jornada aumenta o poder do come os pêssegos, as formas culturas ou eus recebam
Buda.^" Em versões anteriores (particularmente a versão Kõzan)» substância. Não que lança mão de todos os
do século XIII), a divindade cuja disciplina é capaz de controla^ bem uma invasao como ■ contingências, de
o Macaco é a Rainha Taoista do Oeste. Ao substituir a Rainha recursos para preservar suas "■ mn ladrão faminto deve
do Oeste pelo Buda, e ao tornar o4a"fdi-m-do-s pessegueiros tao forma que, para que haja uma mu ^ andamento,
claramente um domínio taoista, o autor da Jornac^ age com^ se infiltrar vindo das sombras para por
Snorri Sturluson rebaixando os deu7es^nordícõs'"em favor doS , ^ ^ , -^/-.rfAlidade é um tema
I? cristãos. Corrio a Edda em prosad a Jornada dá nova forma a^^ o routo dos pêssego^" àas a uma mudança
Poríánh-Sempretafa de mudança m^ ^^e na
'{li
.( I
Nos capítulos 24-26, o Macaco destrói uma árvore taoista ao roubar seus fruto ; diferente a cada vez que e contad^ ^ j^^amento das atenções do
capitu o 33, os peregrinos derrotam um demônio que finge ser um taoista; no caP'
37, salvam um remo cujo soberano foi assassinado por um taoista; nos capitulo^
Chi na dopara
racismo séculoobudismo,
XVI ele «Aet-^
mas ^^g^ava alg,^a,ou
o diferenpara
46 libertam uma comunidade de budistas que haviam sido escravizados por tao-^
malignos; e por ai vai. no século XIII, e em época
499
498
o MACACO E OS PÊSSEGOS DA IMORTALIDADE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
500
O MACACO E OS PÊSSEGOS DA IMORTALIDADE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
ou então a fazer com que ela lhe custe caro."" Para Baldwin, o
Atraído por Tana, ele se sente como o macaco de brinquedo com "branco" (ou qualquer um que não tenha consciência da história
a boneca Barbie, e em sua imaginação o orgulhoso Rei Macaco e dos artifícios humanos) toma o local e o contingente por uni
■ií ' chinês se torna o acossado King Kong^a^csta for^da l^c^nema versal e essencial, "fixo, canônico e vinculativo" (para recordar as
norte^amcncano. Estamos em um romance moderno, não em uma palavras de N.etzsche no fim da Parte I). Quak^uenmaquemnha
velha lenda chinesa; o que Wittman quer chega-lhe de maneira esperança
lenta e imperfeita. Por mais que queira, não consegue escapar terá Jw^ioubar a jok--^i*^g^^^dade^ane-stgnífica.£nga^
rapidamente das ilusões de raça. (Para começar, não apenas estao emVansgressões suficienmmen«jspjnwjas_deiorm^^^
sãoíSTiiSrrih do mcon^iente^^^^^^^
I n • -,
por toda a sua volta, elas estão dentro dele - quando beija Tana
pela primeira vez, deixa escapar a pergunta: "Você é uma garota moí>"o7;;;boproíete modificar a meme e a
1: branca promíscua?"^^ conscrência. Se o Macaco/W.ttman pujsse pegar o P^^ego
E no entanto, por mais imperfeita que seja a concretização ômãTpãr^na
deles, Wittman ainda preserva os antigos objetivos: entrar
festa sem ter sido convidado, roubar os pêssegos. A encarm^Ç,^
norti:ik^om raízes ^^inesas - o
moderna do Macaco nos Estados Unidos gner que a "Arner^^
tornar parte áo ideal, então a América ressurgiria
perfeita sinta o gosto do que acontece no seu fuso horário. Se o
verde", um Nd^vo Mundo renovado.
filmes evocam uma "América pura", Wittman quer fazer um teste
para representar o papel. Não quer ser um acidental exàniào e Notas
ressentido. Seu objetivo, porém, não é ser norte-americano
termos da América, mas mudar esses termos. Quer juntar-se
 1" e
. T. r-Gandhi,
1. MohandasK. Hhi A/A//Me« Are Broífcerí,
■\qo2)organização
nn 33,91. de Krish-
festa e ser ele mesmo, o que significa que a festa tem de muda , na Knpalani (Nova York: Continuam, 1982), pp.
não o convidado. Espera, por exemplo, escrever uma peça diferent 2. Journey I, pp- 72-73. jnurney h P- 21-
de todas as peças norte-americanas anteriores. No teatro chid
noite-
3. Ver a introdução de Anthony Yu a Journey P
tradicional, uma peça não começa e termina em uma única
^ i i — w viii ^ p 4. Journey I, PP-131-49. p, 145.
'Vou trazer de volta ao teatro as longas e contínuas peça® 1 ^ 5. ]ourneyh PP- 135-36,
duram uma semana, sem se repetir", declara Wittman, 6. ]ourney I, p- 510-
vida é longa e contínua..."" Se Wittman conseguir o que preteii_ 7. Journey I, P- NI-
um novo e original teatro norte-americano logo surgirá. Nas
• • 1 . . -k. r. m2 8. Journey IV, p- 425.
desse Macaco, a arte norte-americana terá todo um novo senti 9. Dudbridge,p.l26.
de representação do tempo.
10. Dudbridge, pp- 1^8,170,
Wittman cita James Baldwin em dado momento: 11. Journey Oh P_^^Aienhauser, p. 145-
12. Journey , P- 3 ' i, p. 56. e H, P- •
estão presa^na^istória e a história está presa nelas (.-) e ® 13. Journey l,P-
motivo todo negro tem para com todo branco uma atitude q"® 14. Dudbridge, PP-
destina, na verdade, a roubar do branco a joia de sua ingenfid^
503
502
â
A ASTÜCIA CRIA O MUNDO
Bibliografia
15. ]ourney I, p. 82.
16. Kingston, Tripmaster Monkey^ pp. 27, 69, 316; ver especialmente
pp. 310 e segs.
17. Nietzsche, p. 250.
18. Kingston, Tripmaster Monkey, p. 33.
19. Kingston, Tripmaster Monkey, p. 317.
20. Kingston, Tripmaster Monkey, pp. 137.
21. Kingston, Tripmaster Monkey, p. 221-22.
22. Kingston, Tripmaster Monkey, p. 151.
23. Kingston, Tripmaster Monkey, p. 149; ver também pp. 141, 250.
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Walker, Barbara K.; Walker, Warren S. (orgs.). Nigerian Folk Tales- \
520
Agradecimentos
flJ
í -l i
agradecimentos
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
especialmente Michacl Martone, Michael Blumenthal, Lucie Marc Shell, Gary Snyder, Lee Swenson e Gioia Timpanelli. Nos
Brock-Broido, Susan Dodd, Monroe Engel e Sacvan Bercovitch. meses finais Kim Cooper releu todo o manuscrito com um cuidado
Uma bolsa para escritores do Fundo Nacional para as Artes espantoso. Na editora Farrar,Straus and Giroux,eu sempre pude
possibilitou-me, pela primeira vez, parar de lecionar por um contar com a paciência e o entusiasmo de Jonathan Galassi,Ethan
tempo, reunir minhas anotações e escrever um projeto de livro. Nosowsky conduziu o manuscrito até a impressão.
Depois disso, foram-me concedidos locais maravilhosamente Devo minha mais profunda gratidão a Patsy Vigderman.
hospitaleiros para trabalhar. A Fundação Centrum em Port
Townsend, Washington, me acomodou na casa 255 por seis sema
nas durante um verão. Em outro verão, o Centro Headlands para
as Artes, no condado de Marin, na Califórnia, disponibilizou
para mim uma sala amarela com pé-direito de quatro metros em
um antigo quartel. Por diversas vezes a Colônia McDowell me
alimentou e me abrigou. Escrevi o rascunho inicial da primei
ra seção do livro no Centro de Estudos Bellagio, da Fundação
Rockefeller. Escrevi a quarta seção durante um ano, no Instituto
de Pesquisas Getty,em Santa Monica, na Califórnia.(No Getty,
tive a sorte de contar com a assistência de pesquisa de Melissa
Schons.) Finalmente, agradeço por uma bolsa da Fundação
MacArthur.
Um livro como este é mais bem escrito em meio a conversas,e
muitos amigos merecem ser mencionados nesse aspecto. Norm^u
Fischer e eu fizemos várias caminhadas pelos promontórios de
Marin, durante as quais as obscuridades do meu projeto sempre
pareciam se dispersar conforme a neblina costeira se dissipava-
Taylor Stoehr levou o livro a sério durante muitos almoços à
base de anchovas. Max Gimblett dava sua opinião enquanto eu
lia em voz alta no estúdio de pintura. Steve Krugman ouviu com
destreza e apontou padrões que eu não conseguia ver. Depois de
examinar o livro inteiro, Mona Simpson sugeriu vários ajustes
perspicazes.
Obrigado também a Linda Bamber,Robert Bly, Graeme Gibson,
Tom Hart,Jack Hawley,Michael Ortiz Hill,Jane Hirshfieid, W^s
Jackson,Barry Lopez,Winnie Lubell,Tom Reese,Wendy Salinge^'
525
524
[
índice
209,211,212,213,214,215,
217n, 283, 296, 309, 310, 176, 178,186
316, 388, 428, 436, 441; na alanos, 402n
arte, 143,175,176,177,179, Alcibíades, 80, 81,87,
181, 196; divinaçao e, 1 . algonquins,28,103
159,160,168,169,170,171, Allen, T. W.,54n, 505b
172, 173, 174; destino em, alquimia, 263, 264,265,267
157, 158, 159; AmaNoUzume,481n
185,186,187,188,190, 91, Amaterasu,258,/:'^ >
proteção
Juro, contra o 153 ^
170,175,211,212.213 «América" (Ginsberg), 39:)
americanos de origem mexicana,
acidente, fer acaso 232
Adão,20n,243, 24 , Amish, l94
Addison, Joseph, 347 •5.,327,
Aegir, 151, 318 ^42 I62n, Ananse, 28, '
''T2rS7!r06n,483;mcfe.l<^'- 483
527
índice
profecia e, 411,413,414;con 369, 371n, 403n, 404n, 429, Auld, Hugh,298,331,334 Bingham, Caleb, 329, 3 n,
Auld, Sophia,298, 329, 331
tenção do,90,319,341; sacri 451n,505b
armadilhas, 33, 34, 35, 36, 37, Auld, Thomas, 358, 359 Black Molmain College,212
fício e, 60; armadilhas e, 33,
41,60, 94,437 38, 39, 41, 297; da perplexi
Austin, James, 201
Autólico, 33,61n
S:5;^SS241.387,396,
Apoio, 24, 97, 98, 107,110,112,
115, 116, 119, 120n, 130,,
dade, 75; da cultura, fuga
328, 365, 367, 390, 394; (i^er
Azur, Hananias ben,423 Boas'mVn 83",507b
132, 134, 168, 200, 201, também obra-aríMs), como Baas, Jacquelynn, 282 Boca de Cada Udo,41,43,
258n, 295, 299, 300, 301, frustração da oportunid®'^^' Babylon, O (Walcott), ®°''"''^S«(Duchamp).443
304, 307, 308, 313, 323n, 74, 75, 76 Ba.ley,Harriet,345 34404" Boíte enValtse [i^
376, 382, 383, 384, 386, arquétipos, 25, 26, 268 Baker, Housron, 3 , Botticelli, Sandro,
396, 411,418,419,420,429, arte, 16, 19, 25, 26, 33, 54, 60, brâmane,256
Bakhtin, Mikhail,
445,446,457,458,459,460, 95, 119, 132, 133, 136, 143, 291". 506b
Breton, André,
461n, 462n, 463, 464, 465, 151, 153, 160, 161, 163, 16^' Balder, 147, 148, 160.163.
152,154,156". ' igg Brmton,D^"f'f"''
467, 471, 475n, 476, 488, 166,178, 181, 192, 195, 196. Brook, Peter. 210
494; discussão perante Zeus, 206, 207, 209, 211, 212, 214, Brown,Earle,^A 61n, 62n,
259, 366, 367 Brown, Norm 3^3^
468, 469, 470; gado de, rou 215,224,236,243,248,27/, Baldwin, q;.'
bado por Hermes,25,52,76, 279,280,281,282,283,284, 503,504"'f,270 484,485, I20n, I55n> 3^4^^
77, 78, 89, 91, 92,95; encan 285, 320, 365,368,372,37 , Ballmger,Franchot.27". £,44Í%^^^
tado pela mentira de Hermes, 379, 380, 382, 385, 395, 399, 490",506b
105, 106,114,117,380,381, 402,415,434,435,436,^^9, Balzac, Honore de.
469; Hermes canta para,200, 441,442,443,449,461,4/' 529
528
NDICE
530
Índice
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
532
ÍNDICE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
534
NDICE
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
513b Jacó,483
Hyman,Stanley Edgar, 324n Janko, Richard, 323n,5l3b
537
536
ÍNDICE
A ASTUCIA CRIA O MUNDO
538
NDICE
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
politropismo, 80, 81, 83, 94, 95, Pureza e perigo (Douglas), 256,
Odin, 148 patriarcado, 18, 320,485,486 98, 353, 367, 384, 395,457n; 509b
Odisséia (Homero), 52n, 56,61n, Pausânias, 195
"Peasant Society and the Image o humor e, 391, 392
62n, 80, 84n, 97, 100, 101,
Pollock, Jackson, 206 Quaresma, 271,272
120n, 121n, 150, 320, 324n Limited Good" (Foster), 190,
Pólux, 306n
Odisseu, 28n,56,94,97, 98, 100, 511b Radin,Paul, 11,20n,21,27n,29n,
101, 102, 108, 109, 119, 278, Peirce, C. S., 186
Porco, 496,497 4Sn,61n,83n,84n,86, 120n,
Porta-garrafas (Duchamp), 177 227, 230, 250n, 251n, 270,
330, 409,419, 429, 446,447, Pelton, Robert,27n,28,29n, 121 n, Poseidon, 461n, 464n
448, 452n; Hermes e, 202, 122n, 183n, 184n, 288n, 327, 290n, 317, 324n, 480, 489n,
302; mentiras contadas por, Pound, Ezra, 21, 29n 509b,518b
360n, 361n, 376, 377, 404n, Príamo, 150, 319
33, 82, 95, 396; natureza po- Rainha Mãe do Oeste,498
litrópica de, 80, 81, 457n
517b
processo ritual, O (Turner), 188, Raposa, 36,451n
Péricles, 306n 520b
Ogunda-Iwori, 165 processo, O (Kafka), 415, Raquel,483
Perséfone,302,320,373,480,4 rastros,eliminando,76,77
Ogundipe,Ayodele,29n, 158,168, Perseu, 306n
Proclamação de Emancipação,340
182n,183n,184n,217n,218n, Raiischenberg, Robert, 212
361n,517b
Petrel, 274 profano: distinção entre sagrado e, razão cérebro-corpo, 37
okanagon, índios, 27n, 40,65
Philippi, Donald, 288n, 514 » 227, 228; contato ritual com readymade, 176, 177,447
Oklahoma, atentado a bomba na
517b o, 269 - Redmond, Eugene,
Reed,lshmael, 398, 518b
397,406n, "
cidade de, 143 Phillips, Adam,425n, 510b, profecia, 148,149,194,295,315,
Onians, Richard, 62n, 71, 84n, Phinney, Archie, 125, I36n, 51 409, 410n, 411,
217n,517b
Picabia, Francis, 394, 442 426, 431, 432, 433, 44 n, Rei Macaco, 28, '
Picasso,Pablo,25,118, l22n, 1 ' 449n, 475; ape»te e, 412, 494,I • 495, 498, 501, 502,
oportunidade, exploração e frus xM 318; c os Pcs
tração da, 71, 72,73, 74,106 186, 188, 189, 196, 413; arte como, 441, 442, budismo, 317, .
Oran, 165 211, 213, 2l6n, 2l7n, 21 » 443; múltiplos significados segos493,
da imortalidade
498, 499 a I49n
2l9n, 283, 303,517b,5180 4o 414 415;revelação da pie-
Orfeu, 133 l na,
nitude a 413
4lJ,414,417,421,
Origins of European Thought, Pinóquio (Collodi), 317
The (Onians), 71, 517b Piss Christ (Serrano), 277, 2 » 422 425;xamanismoe,4/z,
Grungan, 162 279, 280
424, 425; n.r também
Osíris, 21 Pitt, William, 347
Platão, 112, 113, 116, I21n,l .
. pJZZrrentado (És^uLo), 226,281,480
ossetas, 366,402n Renascimento,28 3 45^
192, 193, 216n, 217, 37 Rexroth,Kenne*,432^4^^,^^
Otto, Walter, 54n, 62n, 517b
Prometeu, 16, 4», 29, 55, 56,379^
57,
Ovídio, 239, 240, 252n, 517b 198, 403n, 414, 430, 449 . 58,59,62n,164,3J:',J' Richardson, Joh > .g
Ricketts, Mac Unsco^
414 3^9 , 324n,518b
Pã, 240
Page, R. I., 148n, 517b
plenitude, revelação da,413,
417,418,421,422,425
Propp,Vlad.mir
protestantismo^ 238,251n
S,S,'S;
paiute, índios, 430 Plutarco, 80 ^ psicopatas, 22 ,
Pandora, 56
polaridade, confusão da, 28, Pucc.,Pietro,82'\^4 rituais de cura, 23,
Parmênides, 108
Pasteur, Louis, 201, 202
polinésios, 365 pueblos, índios, 18,
politeísmo, 20,21,24
. r.,' /'I. ,1
índice
542
Índice
A ASTÚCIA CRIA O MUNDO
544
9-ic. ^
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transforma o mundo. \
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