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BARONAS, Roberto Leisser.

Ainda sobre formação discursiva em Pêcheux e em Foucault


mais Bakhtin. In: BARONAS, Roberto Leisser. Ensaios em análise de discurso: questões
analítico-teóricas. São Carlos: Edufscar, 2011, p. 89-102.

Para Maingueneau (), segundo também Baronas (2011), há necessidade ainda de pensar sobre
a noção ou conceito de formação discursiva, a fim de torná-lo efetivamente operacional, não
deixando as fronteiras entre uma formação e outra a cargo do analista.

"[...] les mots 'changent de sens' en passant d'une formation discursive à une autre"
(PÊCHEUX, )

A postura que venho adotando é de não ver as formações discursivas como um ponto de
chegada das palavras, mas sim como a travessia delas. Nesse caso, as palavras não mudariam
de sentido ao passar de uma FD a outra, mas, sim, mudariam de sentido ao serem
atravessadas por diferentes formações discursivas, interpeladas por essas formações, tal como
ocorre com as formações ideológicas. As palavras seriam como um objeto no mar, que
aparenta ser o mesmo, mas que é interpelado por ondas sempre novas, dispersas, recorrentes,
rompidas, imprecisas, heterogêneas, tornando-se outro objeto não por sua natureza interna,
mas externa. Não pensar as formações discursivas como lugares estanques – o que já é bem
ressaltado pela primazia do interdiscurso –, mas como movimentações, sem limites visíveis,
ainda que existentes no tempo e no espaço das práticas sociais. As incertezas que pairam
sobre o conceito de formação discursiva abrem espaço para interpretações como a que
proponho, que não tem, de fato, nenhum ineditismo.

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