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(COORDENADORA)
COLETÂNEA DE TEXTOS DO
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL:
EDUCAÇÃO E DIREITO, PILARES PARA
UMA CONSCIÊNCIA CIDADÃ
1ª Edição
MARIANA,
FUPAC-MARIANA
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN: 978-85-98974-22-4
Capa, edição e diagramação: Magna Campos
Organizadores do evento e
FUPAC-Mariana
EPÍGRAFE
Escola
Nela,
Não se proíbe de ser,
Não se proíbe de não saber,
Não se proíbe de perguntar.
E está sempre pronta para aplaudir
E para criticar.
13
AVALIAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE: TRANSFORMAÇÕES E
COMPLEXIDADES
René Dentz1
RESUMO
INTRODUÇÃO
17
necessários para a confecção de uma boa prova, tais como:
contextualização e clareza.
A CONTEXTUALIZAÇÃO
20
problemas dentro de visões atuais da realidade, englobando aspectos
sociais, econômicos, psicológicos, políticos, etc. Toda proposta
unilateral, na atualidade, está fadada à perenidade. Cada vez mais uma
área, como por exemplo, o Direito, deve dialogar com disciplinas como a
Sociologia, a Filosofia, a Psicanálise, se quiser, de fato, ser um
instrumento de transformação social.
EDUCAÇÃO E PÓS-MODERNIDADE
21
(...) rejeição dos absolutos; não há nem
racionalidade nem moralidade única, nenhuma
teoria totalizante (como o marxismo ou o
cristianismo) que possa nos garantir convicções
que sirvam como pressupostos para a ação;
22
Torna-se inútil buscar sua coerência com respeito a qualquer realidade
que seja. Os sistemas complexos possui uma característica
imprescindível: o surgimento de um sistema complexo ocorre justamente
em um espaço de possibilidade estreito que se encontra entre as
condições de muita ordem e de muita desordem. Esta fronteira é a beira
do caos, sempre afastada do equilíbrio.
Nesse contexto de complexidade e pós-modernidade, é possível
entender os processos avaliativos sob outro prisma daquele afirmado
pela educação mecanicista.
23
histórica, educacional, profissional, amorosa.
Além disso, uma situação-problema altera um
momento, interrompendo o fluxo de suas
realizações, por exemplo, ao propor um recorte,
criar um desafio, destacar um fragmento de
texto, solicitar um comentário, propor uma
análise de um gráfico, pedir para responder a
uma questão, elaborar uma proposta ou
argumentar (MACEDO, 2002, p. 115).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
28
CRIAÇÃO DA DISCIPLINA “TENDÊNCIAS DO ENSINO
JURÍDICO” FACE À NECESSIDADE DE REFORMULAÇÃO DO
ENSINO JURÍDICO NO BRASIL1
RESUMO
INTRODUÇÃO
30
‘Tendências do ensino jurídico’ face à necessidade de reformulação do
ensino jurídico” teve início com o programa Pró-Ativa, criado pela Pró-
Reitoria de Graduação da UFOP no ano de 1999, com o intuito de
contribuir com a melhoria da graduação na Universidade. Tais melhorias
decorrem pelo desenvolvimento de propostas de aperfeiçoamento das
práticas pedagógicas, da elaboração e reformulação de materiais
didáticos de auxílio às disciplinas, com a criação de novas disciplinas na
grade curricular dos cursos oferecidos, dentre outras propostas feitas
pela comunidade acadêmica como um todo, a fim de inovar no
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Para promover estas experiências e propostas de aprimoramento
dos cursos, a Pró-Reitoria de Graduação da UFOP promove anualmente
mostras dos trabalhos elaborados ao longo do ano, por meio de
apresentações orais e exposição dos trabalhos à comunidade
acadêmica.
A proposta de criação da disciplina emancipatória e reflexiva no
curso de Direito foi planejada de modo linear, em busca de uma
conclusão que possibilite aos atuais e futuros aplicadores do Direito ter
sobre o mesmo uma concepção que o tome como um sistema aberto e
variável, uma vez que o foco da disciplina a ser criada é apontar,
questionar e problematizar o modo inflexível de aprendizagem
preponderante no Brasil.
31
Para isso, primeiramente é necessário analisar a realidade
existente de massificação do pensamento jurídico: uma grande parte
dos cursos autorizados pelo MEC possuem foco na aprovação do
Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, e até mesmo na aprovação
em concursos das carreiras relacionadas ao exercício de cargos do
Poder Judiciário e correlatos, preterindo questões que envolvem a
realidade social existente; a problematização do papel do Direito como
conformador ou como transformador do meio; a seletividade do sistema
penal; o papel do bacharel face aos déficits de cidadania e de acesso
aos direitos, etc.
A princípio será feita uma breve abordagem sob a perspectiva
constitucional e sobre a atual regulamentação das diretrizes do ensino,
partindo-se da premissa de que a educação é um local de reflexão,
emancipação e colaboração entre o Poder Público e a sociedade como
um todo.
Em seguida passa-se à análise da pertinência da reformulação
do ensino jurídico no Brasil, uma vez que o país encontra-se em
constantes e céleres mudanças sociais, necessitando, para tanto, de
uma legislação moderna capaz de acompanhar as velhas necessidades
e as novas demandas sociais, bem como é fundamental que os juristas
sejam capazes de interpretar as normas em acordo com tal
transitoriedade.
32
Com isso, espera-se que a Disciplina “Tendências do Ensino
Jurídico” torne-se um instrumento de inclusão e emancipação da
educação jurídica na Universidade Federal de Ouro Preto, a fim de
possibilitar uma consciência cidadã nos alunos, a racionalização deste
instrumento de efetivação de qualidade de vida e igualdade social que é
o Direito; bem como do caráter aberto do Direito como sistema de novos
direitos e de novos sujeitos de direitos e, logo, uma redefinição do perfil
do egresso que esteja equipado para lidar com tais questões.
33
O constituinte elencou a cidadania e a dignidade da pessoa
humana no rol dos fundamentos da República, e, além disso, enumerou
como um dos objetivos fundamentais, a construção de uma sociedade
livre, justa e solidária e sem qualquer forma de discriminação
(Constituição da República, artigo 1°, incisos II e III e artigo 3°, incisos I
e IV). Sendo assim, para a efetiva aplicação dessas premissas
constitucionalmente asseguradas, faz-se necessário implementar
amplamente o acesso à educação, componente indissociável à
efetivação da cidadania, dignidade humana e justiça social.
Para além das políticas definidas e impulsionadas pelo Poder
Público a fim de promoção e efetivação do ensino no Brasil, cabe
também à sociedade em geral colaborar de modo determinante na
construção de uma educação mais democrática. É o que dispõe o
próprio comando constitucional:
34
nos diversos processos de consolidação da cidadania e nas condições
de vida dos cidadãos brasileiros.
Destarte, a Constituição especificou alguns princípios para
possibilitar aos professores ministrarem suas aulas de forma autônoma,
bem como aos alunos questionarem e participarem no processo de
ensino, sempre em parceria com a comunidade e em acordo com os
princípios constitucionais:
38
serem apreciadas sob o prisma constitucional de direitos.
39
O constituinte colocou o pluralismo de ideias e de concepções
como um dos princípios norteadores do Ensino no Brasil, bem como a
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber, conforme disposto na Constituição da República de 1988.
Sendo assim, constata-se que é assegurado às instituições de ensino
dar um caráter mais plural aos cursos de graduação, o que
possibilita(ria) a criação de novas disciplinas e projetos que pretendam
potencializar a capacitação do aluno.
Atualmente, os cursos de Direito no Brasil encontram sua
regulamentação na Resolução n. 09/2000 do Conselho Nacional de
Educação. O Ministério de Educação determina que:
40
de repetição do já pensado.6
6 Disponível em <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/dir_dire.pdf>.
41
com outras disciplinas, verificando o direito sob uma perspectiva inter e
multidisciplinar, que também se preocupe em focar nas habilidades e
competências individuais e menos em conteúdos específicos de exames
e concursos. Vejamos:
O PROGRAMA PRÓ-ATIVA
O programa Pró-Ativa é uma ação da Pró-Reitoria de Graduação
(PROGRAD) da UFOP que, desde o ano de 1999, visa fomentar e
7 Cf. http://novosdireitos.ufop.br/linhas-de-pesquisa.
44
apoiar práticas que contribuam com a melhoria dos cursos de graduação
da Universidade, por meio de cinco linhas atuação: I) desenvolvimento
de metodologias e apoio à aprendizagem; II) desenvolvimento de
tecnologias de apoio à aprendizagem; III) propostas para redução da
evasão e retenção; IV) propostas associadas ao projeto político-
pedagógico de curso; V) diversidade, justiça social, inclusão e direitos
humanos.
De acordo com os dados apontados pela PROGRAD 8, uma
média de 90 (noventa) projetos são desenvolvidos pelo programa
anualmente. Sendo que em 2017, de acordo com o site do órgão 9 foram
aprovados 80 projetos impulsionados com bolsas, 05 aprovados como
voluntários e outros 06 foram rejeitados por não se enquadrar na
proposta do programa.
O projeto “Criação da disciplina ‘Tendências do Ensino Jurídico’
face à necessidade de reformulação do ensino jurídico no Brasil” foi um
dos aprovados, vinculado com a linha IV do programa, o projeto será
desenvolvido ao longo do calendário acadêmico da Universidade ao
longo do ano de 2017.
que se pretende criar, uma vez que o prefixo “meta” remete a reflexão em si
mesmo e a disciplina pretende discutir o ensino da graduação em uma dentro
46
como fontes primárias artigos científicos, entrevistas, resenhas e livros
que analisam, revisam ou criticam o tema. Serão utilizadas como fonte
secundárias aquelas que estão disponíveis para a consulta pública,
dentre eles encontram-se as resoluções, portarias e os documentos
oficiais disponibilizados pelo Poder Público.
48
abertura dada por este último para incluir discussões que tendem a
aperfeiçoar o currículo do curso de Direito.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
52
POR QUE ALGUNS ALUNOS CHEGAM AO 6º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL SEM SABER LER E ESCREVER?1
RESUMO
INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido, principalmente no meio educacional,
através de revistas de circulação nacional como a “Nova Escola”,
“Gestão Escolar” sites com CAEd, QEdu, Todos Pela Educação3, entre
outros, o grande número de alunos que chegam aos anos finais do
Ensino Fundamental com grande defasagem, isto é, com baixos
resultados na proficiência em Português e Matemática. Este debate
torna-se ainda mais recorrente nos períodos em que são divulgados os
resultados das avaliações externas como SAEB, PROEB, SIMAVE,
ANA, PISA, entre outros.
Entretanto, quem são esses alunos? Quais são suas histórias
de vida e de escolaridade? Quantos deles conseguem sucesso na
57
Segundo o Parecer CNE/CEB nº 4/2008, as escolas teriam que
se adequar às mudanças até o ano de 2010. Esse parecer dá
orientações para os três primeiros anos do Ensino Fundamental, em que
a escola deveria fazer mudanças significativas no seu PPP. A avaliação,
desde o 1º ano, precisa ser processual, formativa, diagnóstica, não se
admitindo um caráter classificatório através de nota e conceito, prevendo
também a formação do professor. Portanto é preciso assegurar que a
alfabetização e o letramento6 corram no início da vida escolar, bem
como haja continuidade da aprendizagem que não deve ser interrompida
pela reprovação.
Assim, a orientação é a de que a reprovação não aconteça ao
longo dos três primeiros anos, de modo que a alfabetização e o
letramento procedam ao longo de 600 dias letivos, ou seja, durante o
período de realização do 1º, 2º e 3º anos. Infelizmente, nem toda escola
segue esse parecer.
O Compromisso Todos pela Educação foi outra medida
importante firmada pelo Governo Federal com o objetivo de melhorar a
qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas brasileiras.
Instituído pelo Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007, no qual o Art. 2º
traz as 28 metas que unidas ao PDE, devem conjugar esforços entre a
União, os Estados e Municípios incluindo o Distrito Federal, juntamente
61
passou a compor o SIMAVE em 2006; o Programa de Avaliação da
Rede Pública de Educação Básica (PROEB), instituído desde o início do
sistema de avaliação mineiro, no ano de 2000 e o Programa de
Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAAE), incorporado ao SIMAVE
em 2010.
A escola analisada se constitui da seguinte maneira: a Escola
Estadual Paraiso, município de Divinópolis, do Estado de MG,
encontram-se os alunos que estão no sexto ano do Ensino Fundamental
e que não foram alfabetizados na idade certa como preveem as
resoluções estaduais e a Constituição Federal.
A cidade tem mais de 230 mil habitantes, no estado de Minas
Gerais. Segundo o Censo Escolar de 2015 (a escola não teve nenhum
crescimento em 2016), ela atende a crianças do 1º ao 5º ano no turno da
tarde; 6º ao 3º do E.M. no turno da manhã; além disso, no turno da noite,
oferece a modalidade EJA e Projeto de Aceleração, criado em 2016,
visando acabar com a distorção idade-série para alunos que estão do 6º
ao 9º ano e que tenham idade superior a 14 anos. Em todos os turnos,
temos um total de 1.427 alunos e 105 funcionários entre professores e
administrativos.
Nosso interesse de estudo são os alunos que estão
matriculados no 6º ano do E.F. em uma média de 105 alunos em toda a
escola, divididos em quatro turmas. Dessas quatro turmas, estamos
62
atuando como professora, desde o mês de fevereiro de 2016, em duas
turmas. São quatro alunos, dessas duas turmas, os casos mais
intrigantes, uma vez que, de acordo com as legislações já estudadas,
deveriam estar alfabetizados até o ano anterior, ou seja, o quinto ano.
Após análise de avaliações diagnósticas, leitura e escrita,
pudemos observar algumas características similares desses alunos:
leitura de palavras de forma imprecisa, lenta e com esforço. Lê palavras
isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, advinha
palavras e tem dificuldade em soletrá-las; dificuldade em compreender o
sentido do que é lido (incompreensão da sequência, as relações, as
inferências e os sentidos mais profundos do que é lido); dificuldade de
ortografia; não conseguem ler palavras com maiores complexidades,
somente sílabas simples; dificuldade com a expressão escrita; pula ou
mal fazem partes de palavras longas ou multissilábicas; confunde
palavras semelhantes sonoramente e compreendem muito pouco, ou
quase nada do que leem, ortografia ruim, escrita insatisfatória e
recusam-se a ler em voz alta e possuem hipossegmentação (não coloca
os espaços entre as palavras). Abaixo, um exemplo de escrita de um
dos alunos
63
AS FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS: A TEORIA HISTÓRICO-
CULTURAL DE VYGOTSKY E BAKHTIN
68
intercâmbio social: é para se comunicar com seus semelhantes que o
homem cria e utiliza os sistemas de linguagem” (KOLL, 2002, p. 42).
A mediação semiótica, segundo Pino,
70
alunos são falantes demais, mas não sabem que estão nessa fase. Com
uma maior maturação e desenvolvimento cognitivo, ela passa a pensar e
não mais a falar o que se pensa, então inicia a fase da criança ficar
“pensativa”, num cantinho. Ela descobre outro mundo, o pensamento
interiorizado, passa a não ter mais a necessidade de falar. Muitas vezes,
como educadores, precisamos chamar sua atenção para que ela não
fique devaneando, passando a não prestar mais atenção ao que se está
fazendo na sala de aula.
Na sala de aula é necessário haver discussões, diálogos,
atividades de reflexão e como tomar decisões assertivas. Na Escola
Paraíso, em observação nos horários de aula do 1º ao 5º ano, o que
mais observamos, são crianças sentadas umas atrás das outras e em
completo silêncio. Não vemos, quase nunca, o professor debatendo
algum assunto, ou havendo interação entre os próprios alunos. A
preocupação com a disciplina é maior do que com o aprendizado.
O pensar autônomo é atividade importante no processo de
apropriação do conhecimento e deve ser contemplado pela atividade
escolar. No entanto, percebemos que, preocupados com a precisão e
entendendo o conhecimento impreciso como algo a ser imediatamente
combatido, os educadores, de um modo geral, restringem, cerceando e
disciplinando suas possibilidades de ação na sala de aula. “O importante
é caracterizar o próprio espaço da sala de aula como um ambiente de
71
cooperação recíproca: dar lugar de direito e de fato às trocas mútuas de
informação e de opinião”. (EGLÊ FRANCHI, 2012, p. 93).
Nessa perspectiva, o problema da qualidade da alfabetização é
enfrentado através de propostas de intervenção que visem atuar sobre
esses fatores, tais como mudanças curriculares. Substituição de
métodos de alfabetização em uso por outras alternativas metodológicas;
atribuição, atendimento à saúde, à higiene; distribuição de material
didático às escolas; programas de formação e aperfeiçoamento de
alfabetizador, entre outros.
O ingresso no 6º ano com a deficiência que carregou durante os
primeiros anos escolares torna, para a escola, um agravante sem
precedente. Ser alfabetizado em um contexto diverso ao que deveria,
como por exemplo no 6º ano, torna-se um problema, quando se está
nessa fase, em que, os professores, se eximem dessa obrigatoriedade,
dando a desculpa que não foram preparados para tal, ou, então,
reprovam os alunos. Às vezes a escola aprova esses alunos do jeito que
estão, levando adiante o problema que os acompanhará até o Ensino
Médio, por conseguinte, ou abandonam a escola, ou ficam retidos por
muito tempo.
Um termo que entra em cena, ainda na década de 1980, dando
início a muitas discussões em torno do processo de alfabetização, é o
letramento. De acordo com Magda Soares (1998), letramento é a versão
72
para o Português da palavra em inglês literacy e significa:
[...] o estado ou condição de quem interage com
diferentes portadores de leitura e de escrita, com
as diferentes funções que a leitura e a escrita
desempenham na nossa vida. Enfim, é o estado
ou condição de quem se envolve nas numerosas
e variadas práticas sociais de leitura e escrita
(SOARES, 1998, p. 44).
75
tradicional de abordar a alfabetização, em que primeiro se aprende a
decifrar um código para só depois ler efetivamente, não tem conseguido
uma boa formação de leitores/escritores, porque essa formação deve
passar pelo desenvolvimento de práticas discursivas para construir o
sentido, ou seja, é preciso que o aluno entenda porque, como e com
quais interesses os textos funcionam, e tenha criticidade frente aos
mesmos.
A presente pesquisa utiliza como instrumento metodológico o
estudo de caso cuja pesquisa de campo foi exploratória e descritiva
através observação das atividades dos professores em sala de aula e
encontros dialógicos10.
Primeiramente discorreremos acerca do que é um estudo de
caso de acordo com Marli André (2013). Segundo a autora, o estudo de
caso é usado há muito tempo em várias áreas, como: antropologia,
sociologia, psicologia, medicina, serviço social, direito, com métodos e
finalidades variadas. Na sociologia e antropologia o estudo de caso deu-
se a partir do século XIX, na França. Esses estudos tinham o objetivo de
realçar as características e atributos da sociedade.
77
interpretações unilaterais ou superficiais. No terceiro elemento é exigido,
do pesquisador uma postura ética, que tem que fornecer ao leitor as
evidências que usou para fazer suas análises, isto é, descrever de forma
clara os eventos, pessoas e situações observadas, transcrever
depoimentos, extratos de documentos e opiniões das pessoas que
participam, buscar fontes com opiniões divergentes.
A pesquisa será feita com uma observação de aula com uma
professora alfabetizadora do 3º ano do Ensino Fundamental. Com
relação aos alunos, será feita a escolha de alguns do 3º e 5º anos do EF
anos iniciais, os quais serão indicados pelas professoras das turmas
citadas anteriormente, que têm ainda problema de alfabetização, pois, é
esse o tema da pesquisa: tentar entender o que pode ter acontecido, no
percurso escolar, para que eles tivessem o problema elencado. A
atividade com os alunos será denominada de Encontros Dialógicos, com
crianças de 8 e 10 anos, que cursam o terceiro e o quinto anos do
ensino fundamental. Eles se reunirão duas vezes por semana, com
momentos de 1h30min por dia, no qual serão estruturados por meio de
atividades lúdicas para investigar o estágio em que as crianças se
encontram na alfabetização, também definir quais inserções elas têm
nas práticas socioculturais de leitura e escrita. A pesquisadora trará para
os alunos jogos e brincadeira e será levada em conta a visão do aluno
nessa pesquisa. , onde se encontram e suas hipóteses de alfabetização,
78
segundo Ferreiro e Teberosky (1991).
CONCLUSÕES FINAIS
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de caso em pesquisa e avaliação
educacional. Brasília: Liberlivro, 2005. In: Revista da FAEEBA –
Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 40, p. 95-103,
jul./dez. 2013
<http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/estatisticas_educacio
nais/indicadores_educacionais_foco/indicadores_educacionais_foco_n_
7.pdf> acesso em 21/11/2016.
83
A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA DO ALUNO
INTRODUÇÃO
Dentro do contexto educacional, a motivação para a
aprendizagem tem se apresentado como um grande desafio para
professores e gestores das escolas, uma vez que está intrinsecamente
ligada a diversos fatores que implicam diretamente na qualidade do
envolvimento do aluno com seu processo de aprendizagem.
Tendo em vista que o processo de aprendizagem é pessoal e
também um resultado de experiências significativas tanto do passado
como do presente que influenciam as aprendizagens futuras, torna-se
necessário levar em consideração a motivação do aluno para a
aprendizagem.
Numa perspectiva construtivista-cognitiva, a aprendizagem é um
processo individual advinda de um processo experimental que resulta na
construção de conhecimentos e de modificação do comportamento, ou
85
O dicionário Aurélio (2009) conceitua apalavra “mover” como dar
ou comunicar o movimento feito em direção a algo ou a alguma coisa.
Ao mesmo tempo, a palavra motivação tem sua origem na língua latina
“movere”, apresentando o mesmo significado.
Assim, podemos definir motivação como o fator susceptível de
movimento do ser humano que o leva a agir intencionalmente, ou seja,
com o objetivo de atingir algo ou alguém através da produção de um
comportamento orientado. Assim, motivação é um impulso que resulta
em uma ação, estando ligado a vontade e ao interesse de alguém por
algo. É a vontade de fazer qualquer esforço para alcançar determinadas
metas (ALONSO, 2006).
O termo motivação tem ligação tanto com a Psicologia quanto
com a Filosofia que o definem como condição que influi o
comportamento a determinada direção incentivando o individuo a
persistir em seus objetivos sendo dividido em dois fatores primordiais:
um que é extrínseco e o outro intrínseco, estando ligado ao ser. Fator é
o que contribui para que o indivíduo alcance os resultados, assim, o
fator intrínseco está ligado a satisfação das necessidades básica,
enquanto que o extrínseco contribui para a realização dos desejos.
Candeloro (2008, p. 9) coloca que:
87
A maioria das pessoas não aprendem coisas a
não ser que haja um motivo para isso, em
especial no contexto do trabalho, pessoas
diferenciadas procuram diferentes benefícios
incluindo: Um desejo de aumentar sua
competência no trabalho atual; Um desejo de
desenvolver sua competência em novas áreas
de aptidão ou conhecimento; Um desejo de
melhorar suas perspectivas de carreira; Um
desejo de melhorar a satisfação pessoal que
essas pessoas obtêm de seu trabalho; Um
desejo menos imediato pelas recompensas
referentes a qualquer dos pontos acima-
financeiros, psicológicas ou sociais.
89
Adelman e Taylor (1983) apud Bzuneck (2005, p. 14), lembram o
que todo educador já sabe por experiência própria que:
90
Ao mesmo tempo, a motivação corresponde a um conjunto de
fatores psicológicos, conscientes e não conscientes, de ordem
fisiológica, intelectual ou afetiva que atuam entre si determinando o
padrão de conduta que o aluno vai adotar.
Para Assunção e Coelho (2009, p. 15),
91
buscar conhecimento, mudar seu comportamento e refletir essa
mudança na sociedade em que vive.
Dentro do contexto escolar, Brophy (1999) traz importantes
concepções e contribuições para que se estabeleçam diferenças entre
motivação direcionada para o aprendizado e motivação de desempenho.
Este autor esclarece que aprender diz respeito ao
processamento de informações, ou seja, a busca de sentido e
compreensão do conhecimento que está sendo adquirido. Já o
desempenho, ainda segundo o autor, é a demonstração dos
conhecimentos já adquiridos.
Brophy também coloca que a motivação para o aprendizado
pode ser considerada como um estado específico ou uma disposição
geral para uma determinada situação. Isso quer dizer que: quando um
aluno é orientado para aprender, todos os seus sentidos estão voltados
para essa ação e para o aperfeiçoamento do conhecimento que já
possuem.
Todo esforço se volta para a aquisição do conhecimento, tornam-
se persistentes na busca de seus objetivos e enfrentam os desafios
muito melhor preparados, buscando soluces criativas para o
enfrentamento dos problemas que encontram neste percurso.
Quando o aluno direciona seus esforços para a aquisição de
conhecimentos, ele seleciona as atividades mais interessantes e, a partir
92
dela, estabelece as relações pertinentes com suas necessidades e as de
sua realidade, percebendo a atividade de modo significativo, ampliando
o horizonte de possibilidades e abarcando outras atividades que
considerava desinteressante.
Por outro lado, o aluno focado apenas no resultado, com o
passar do tempo esquecem o que aprendeu, pois não estabelecem as
mesmas relações que os alunos orientados para a aquisição do
conhecimento.
Bzuneck (2005) coloca que o ambiente da sala de aula influi
diretamente no que diz respeito a motivação para a aprendizagem,
diferindo substancialmente de outros ambientes. Estas diferenças se
dão justamente pelo modo como a escola conduz seu currículo e pelas
suas normas.
A obrigatoriedade de o aluno estar em sala de aula, a disposição
da sala, a forma como o professor se organiza, os conteúdos estáticos e
inflexíveis, as atividades previamente organizadas e o excessivo
número de alunos dentro da sala que impedem um atendimento
individualizado, não dando ao professor a oportunidade de motivar seus
alunos da forma correta.
Todas essas características funcionam como fator desmotivador
para o aluno e também para os professores, evidenciado a necessidade
de adoção de uma prática mais adequada aos tempos de hoje, uma
93
prática que permita ao professor não só ensinar, mas também motivar
seus alunos para a aprendizagem significativa.
Os motivos elencados acima, a crescidos de provas, tempo pré
determinado para cumprimento de tarefas e um currículo desvinculado
da realidade do aluno são os aspectos mais preponderantes na falta de
motivação tanto para aprender quanto para ensinar, uma vez que a falta
de motivação é sentida também no professor.
Para Tollefson (2000) o fracasso dos alunos nas escolas hoje
está intrinsecamente ligado a falta de motivação. Diversos fatores
condicionam o fracasso escolar, principalmente na visão dos alunos.
Para eles, os conteúdos são chatos, repetitivos, difíceis, há pouco
reconhecimento por parte da escola e dos professores, as
compensações são insignificantes. Na visão do professor, encontram-se
fatores como resistência a mudanças, a críticas, a falta de interesse dos
alunos, a falta de diálogo.
Tollefson (2000) também coloca que, muitas vezes o professor
não assume sua parcela de responsabilidade na pouca atuação de seu
aluno em sala de aula, tendo como justificativa justamente a falta de
interesse do aluno, mas nunca a sua necessidade de autopreservação.
Assim, atribuir aos fatores externos e aos alunos a culpa pelo próprio
fracasso, faz com que o professor se exima de sua responsabilidade e
pela motivação que deixa de oferecer a ele no espaço escolar.
94
Em 2004 a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) conduziu no Brasil um estudo de grandes
proporções com os professores com o objetivo de traçar um perfil destes
profissionais.
Em suas conclusões, o estudo apontou que 78,3% dos
entrevistados acreditam que o sucesso do aluno na escola está ligado
ao acompanhamento que recebe de sua familia durante seu percurso
acadêmico.
Este percentual confirma que os professores atribuem a
responsabilidade do fracasso escolar aos fatores externos, deixando de
lado sua responsabilidade. Ao mesmo tempo, Casassus (2002) observa
que o professor reflexivo, que mantém com seu aluno uma relação de
confiança, práticas autônomas de ensino e um dialogam francos e
abertos, conseguem motivar melhor seus aluno e motivar a si próprio na
busca de uma aprendizagem significativa.
Além disso, seus alunos apresentam maior rendimento, não só
em termos quantitativos, mas também qualitativo, pois o professor
assume a responsabilidade de orientá-los rumo ao sucesso, com um
trabalho centrado nas habilidades de seus alunos e nas suas estratégias
de ensino.
Bzuneck (2004) coloca que a motivação como objeto de
socialização não se ensina e nem se treina, mas que o professor tem a
95
responsabilidade de motivar seus alunos, precisando para isso rever
seus métodos, sua ação pedagógica abandonando preconceitos e
crenças de que o professor é o único veiculo de transmissão de
conhecimentos, sob pena de não atuar sob uma prática inovadora e
significativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
96
Por isso a escola tem que criar um ambiente onde o aluno
ouça e se faça ouvido, que respeite e seja respeitado por todos não só
como aluno, mas, principalmente, como pessoa.
Hoje, para motivar seus alunos, as escolas precisam estabelecer
prioridade que traduzam o cuidado e a preocupação desta com seu
aluno e, ao mesmo tempo, se traduza em um aprendizado que provoque
o bem-estar e melhoria da qualidade de vida, através do conhecimento.
REFERÊNCIAS
99
A SUPERAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS QUE GERAM
PROCESSOS LICITATÓRIOS NO BRASIL
RESUMO
100
INTRODUÇÃO
102
de forma clara, objetiva, convenientemente definida em edital afim de
que os licitantes possam atender fielmente ao desejo do Poder Público,
buscando exonerar as partes contratantes de descontentamentos e
insatisfações, impedindo incertezas quanto à ideal formatação do objeto
a ser contratado.
O objetivo em aprofundar-se ao tema é demonstrar que o Ente
Público, ao definir preliminarmente de forma correta o objeto que
pretende contratar, seja aquisição de bens ou contratação serviços,
tenderá a findar a marcha processual de uma licitação sem surpresas,
nas condições desejadas.
Como alhures dito, é na fase interna do processo licitatório que
se define o objeto que a Administração Pública pretende contratar, seja
aquisição de bens ou serviços. Neste contínuo a doutrina, a exemplo de
DELGADO (2007), tem privilegiado a todos com definições didáticas a
demonstrar presteza desta conceituação:
A definição do objeto é condição de legitimidade da licitação sem
a qual não pode prosperar o procedimento licitatório, qualquer que seja
a modalidade de licitação. É assim porque sem ela torna-se inviável a
formulação das ofertas, bem como o seu julgamento, e irrealizável o
contrato subsequente.
Objeto da licitação, segundo MEIRELLES (1999, p. 250), “é a
obra, o serviço, a compra, a alienação, a concessão, a permissão e a
103
locação que, afinal, será contratada com o particular”.
Definir o objeto a ser licitado não é tarefa fácil ao Administrador.
Para Tolosa Filho (2010), “a Lei nº 8.666/93, em seus Arts. 14, 38, caput
e 40, inciso I, dispõe que o objeto da licitação deve ser caracterizado de
forma adequada, sucinta e clara”, e continua:
106
Diante deste panorama, impossível deixar de questionar: qual
seria a melhor técnica quando da descrição do objeto de uma
determinada licitação? Nesta esteira, nas palavras de Tolosa Filho
(2010), ao utilizar os vocábulos "precisa" e "suficiente", há um indicativo
claro de que na definição do objeto, todos os aspectos fundamentais
devem ser contemplados de modo a não ensejar dúvidas aos eventuais
interessados.
Resta, pois, encontrar a melhor forma de definir precisamente o
objeto a ser licitado, tarefa esta simplificada quando a Lei n° 10.520/02
(BRASIL, 2008), antes citada, fez exigir os requisitos para o atingimento
do ideal, ou sua proximidade. Trata-se, de forma não intrincada,
estabelecer, quando da definição do objeto, as unidades mínimas de
controle definidas pela lei, ou seja, os aspectos da precisão, suficiência
e clareza, fugindo-se do que seja excessivo, irrelevante ou
desnecessário, no sentido de limitar a competição.
Justen Filho (2009, p. 133) complementa com maestria tornando
singela esta compreensão:
Como regra, toda e qualquer licitação exige que
a Administração estabeleça, de modo preciso e
satisfatório, as condições da disputa. Mais
precisamente, a Administração tem de licitar
aquilo que contratará – o que significa dominar,
com tranquilidade, todas as condições
pertinentes ao objeto a ser licitado [...].
107
O que se busca com tais regras é fugir aos danos que um objeto
licitado e mal formulado venha a causar aos eventuais interessados.”
Quando a Lei cita:
108
realmente os impactos que estes processos fracassados causam no dia
a dia das pessoas? As pessoas estão realmente prontos, capacitados,
familiarizados com a Lei 8.666 para poder cobrar e denunciar?
Quando se ouve dizer que o indivíduo é o fruto do meio em que
vive, muitas vezes não se quer acreditar, mas é a pura verdade. Vive-se
hoje em absoluto caos econômico, político, ético e moral, no entanto,
ouve-se todos os dias praticamente as mesmas notícias, apenas o nome
do protagonista se altera. Todos os escândalos de corrupção que estão
deteriorando a qualidade de vida e a integridade física das pessoas é
gerada pelos processos licitatórios fraudulentos ou superfaturada. Pode-
se pensar e classificar como queiram, mas eles são os culpados.
Culpados de praticamente tudo de errado que acontece nas instituições
públicas, estimativas orçamentárias que não retratam a realidade,
objetos de compras mal definidos e sem critérios de aquisição, não há
recursos humanos suficientes para realizar essa fiscalização.
Esse ciclo vicioso e conveniente só poderá ser quebrado diante
de uma postura inovadora e que provavelmente será cruel quando cada
brasileiro resolver se inteirar do mundo em que vive e o que acontece ao
seu redor. Uma das formas de se combater isso é dominar a Lei que
propicia a impunidade. Deve-se usá-la a favor do povo, lendo-a,
analisando-a, dominando-a. Alguns cursos no Brasil possuem algumas
disciplinas que abordam a Lei 8.666/93, mas o conteúdo é insuficiente.
109
MODALIDADES DA LEI 8.666/93
Existem cinco modalidades licitatórias previstas na lei geral das
licitações, quais sejam: concorrência, tomada de preços, convite,
concurso e leilão, sendo as três primeiras destinadas à aquisição de
bens, serviços ou a realização de obras. O concurso se presta a
diversas finalidades, como a de permitir a contratação de trabalho
técnico, científico ou artístico. O leilão também destoa das modalidades
anteriores. Seu escopo converge em sentido contrário, permitindo a
alienação de bens móveis (ou de imóveis, nas hipóteses da lei)
inservíveis à Administração.
O critério que possibilita a diferenciação entre as modalidades
concorrência, tomada de preços e convite é, de praxe, o valor da
contratação. Seria a primeira, por conseguinte, a modalidade adequada
aos contratos de grande vulto aplicando-se, também, às alienações de
bens móveis de valor superior ao previsto para a tomada de preços, no
caso, acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). Há
determinadas situações, entretanto, em que a concorrência é obrigatória
em função da natureza do contrato, independentemente do valor. São os
casos de aquisição ou alienação de bens imóveis, de certame de cunho
internacional e de contratos visando à concessão de direito real de uso
(CARVALHO FILHO, 2007).
Na concorrência, o prazo mínimo entre a publicação do edital e o
110
recebimento das propostas varia de 30 a 45 dias consecutivos. O edital
é a peça-chave do processo e é também considerado como a lei da
licitação. É o documento onde todas as regras do certame estão
dispostas: objeto da compra, exigências de participação, documentos de
habilitação, forma de pagamento e demais condições básicas do
contrato.
Continuando a escala decrescente de valores aplicáveis às
licitações, surge a tomada de preços como modalidade a ser usada em
contratações de médio vulto. É realizada entre interessados
devidamente cadastrados (ou que se cadastrarem em até três dias antes
da data do recebimento das propostas), devendo ser observada a
habilitação necessária, verificando se o candidato está apto em termos
jurídicos, técnicos, econômico-financeiros e fiscais. Sua principal
diferença em relação à concorrência, além do vulto da licitação, é que na
tomada de preços existe uma habilitação prévia dos licitantes constantes
nos registros cadastrais, o que não ocorre na concorrência. Há também
uma diferença relacionada ao prazo mínimo entre a publicação do edital
e o recebimento das propostas, variando entre 15 e 30 dias, nos termos
do art. 21, § 2º da lei 8.666/93.
O convite é a modalidade feita entre interessados, cadastrados
ou não, escolhidos no número mínimo de três (ou excepcionalmente em
menor quantidade, em virtude de limitações do mercado ou de manifesto
111
desinteresse de convidados), para contratações de pequeno vulto (até
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para compras e outros serviços, exceto
de engenharia). Seu instrumento convocatório é a carta convite, em
contraposição ao edital da tomada de preço e da concorrência. A carta
convite é dirigida, no mínimo, com cinco dias de antecedência. Essa
modalidade de licitação somente poderá ser estendida aos demais
cadastrados que demonstrarem interesse em participar da licitação em
até 24 horas da apresentação das propostas.
É importante salientar que, antes mesmo da publicação do edital
ou mesmo da escolha da modalidade, vários procedimentos
administrativos devem ser executados, para que a licitação ocorra
dentro dos parâmetros definidos por lei:
1. Solicitação do setor requisitante;
2. Elaboração do projeto básico e do projeto executivo;
3. Pesquisa de mercado e estimativa de valor(es);
4. Indicação dos recursos orçamentários;
5. Verificação da adequação orçamentária e financeira à Lei de
Responsabilidade Fiscal;
6. Aprovação da autoridade competente para início do processo;
7. Autuação, protocolo e numeração do processo;
8. Definição da modalidade e do tipo de licitação;
9. Elaboração da minuta do edital e do contrato;
112
10. Análise do setor jurídico (que, dependendo do parecer, fará
retroceder uma ou mais etapas);
11. Publicação do instrumento convocatório, desde que
respeitados os prazos mínimos estipulados em cada modalidade.
É notória a burocracia que permeia os procedimentos
supracitados e a própria abertura do edital. Somado a este fato, a
situação é agravada pelo desconhecimento da própria lei por parte de
licitantes e de membros da Administração Pública, culminando com a
lentidão nas aquisições governamentais, enorme litigiosidade entre os
proponentes e acarretando perdas significativas ao Poder Público nas
últimas décadas, derivadas do elevado tempo despendido entre a
abertura e a conclusão dos processos de aquisição.
Torna-se cada vez mais evidente a necessidade de uma ruptura
de paradigmas, com fins de se promover maior racionalização dos
processos de contratações governamentais.
114
orientar, entre outros, pelo princípio constitucional da eficiência, de
maneira a conseguir os melhores resultados (maiores benefícios). Tal
princípio ratifica a mudança de visão de uma administração considerada
burocrática (muitas vezes mais preocupada com processos de controle
do que com resultados) para uma administração gerencial (focada em
resultados).
Neste sentido, a utilização de licitações do tipo pregão –
modalidade criada recentemente, disciplinada pela Lei nº 10.520/02 –
representa mais um avanço da gestão pública, pois impacta
positivamente as contratações feitas pelo governo, apresentando
inúmeras vantagens aos entes públicos, devido às suas características
de economia, agilidade, melhoria das condições de negociação,
desburocratização e eficiência na contratação
116
- Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de contratações públicas
– RDC)
117
concernentes à reforma, modernização, ampliação ou construção de
unidades armazenadoras próprias, destinadas às atividades de guarda e
conservação de produtos agropecuários em ambiente natural (Lei
12.873/2013); obras e serviços de engenharia para construção,
ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de
atendimento socioeducativo (Lei 12.980/2014); contratações destinadas
à execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de
resposta e de recuperação em áreas atingidas por desastres (art. 15-A
da Lei 12.340/2010, com texto incluído pela Lei 12.983/2014) e ainda, a
adoção em favor da Secretaria de Aviação Civil (art. 63-A da Lei do
RDC, incluído pela Lei 12.833/2013) e em atendimento à Secretaria de
Políticas para a Mulher (Lei 12.865/2013).
Ficar atento na utilização do RDC como nas demais leis que
compõem o processo licitatório é muito importante para a aplicação do
mesmo, uma vez que ele não pode ser utilizado para qualquer tipo de
contratação. Ter em mente que o que realmente está em jogo é o
interesse público é imprescindível dizer que Bem Comum está ligado à
ideia de solidariedade social ou, melhor dizendo, à combinação das
noções de Finalidade, de Bondade, de Participação, de Comunidade e
de Ordem.
Portanto, pode-se entender interesse público como a relação
entre uma determinada sociedade e o Bem Comum que pretende,
118
cabendo aos componentes do grupo social que estão investidos de
autoridade a persecução do bem almejado pela coletividade. Ao
administrador público, ao governante, cabe a promoção do Bem Comum
expressando, com suas ações, o interesse público.
Assim, para que haja harmonia e paz social é imprescindível que
cada pessoa reconheça que a realização do Bem Comum, que se
consubstancia no interesse público é fundamental para a realização
individual e que depende da participação de todos por meio de bons
hábitos, especialmente no trato social, exercício da cidadania e respeito
às liberdades e diferenças.
119
fundamentos dessa educação a ser direcionada e construída para
atender as necessidades do povo, a partir da sua realidade. É fato que a
educação popular se configura e reconfigura como algo próprio à história
da Educação, porém, pelo seu viés de atuação com as classes
populares, não tem tido a relevância necessária por estar dirigida aos
sujeitos excluídos do processo educativo, não tendo aparecido como
área do conhecimento de importância primordial em Universidades.
Nesse sentido, falar em Educação Popular é falar
impreterivelmente do legado do Educador Paulo Freire (1921-1997) que
trouxe importantes reflexões sobre os sujeitos postos à margem da
sociedade do capital. Por entender as classes populares como
detentoras de um saber não valorizado e excluídas do conhecimento
historicamente acumulado pela sociedade, mostra a relevância de se
construir uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo
provocando uma leitura da realidade na ótica do oprimido, que
ultrapasse as fronteiras das letras e se constitui nas relações históricas e
sociais. Nesse sentido, o oprimido deve sair desta condição de opressão
a partir da fomentação da consciência de classe oprimida.
Esse desconhecimento da sua própria história, bem como o meio
em que vive, fragiliza o homem, conhecer suas origens é fundamental
para a formação do caráter humano. Com exceção das classes sociais
mais privilegiadas, com raríssimas exceções, este fato não acontece. No
120
entanto, também não se obteve muitos avanços nem na formação de
uma nova população com caráter ético e moral e nem tanto
tecnológicos. Basta analisar os inúmeros escândalos de corrupção e
superfaturamento em um meio aonde se encontra desde os mais
privilegiados aos mais excluídos. E apesar de haver infra-estrutura
tecnológica ela não impede de causar tamanha degradação de caráter.
Buscar uma educação que seja voltada para formação humana
com foco na realidade do dia a dia de cada brasileiro já se torna uma
tarefa no mínimo complexa e inovadora, tendo em vista que nem o
próprio cidadão conhece a origem dos impactos que tanto ele quanto a
maioria de seus compatriotas sofrem no decorrer de cada ano de sua
vida. Quantos procedimentos burocráticos são realizados diariamente
para que o medicamento, a merenda, o transporte, entre outras
obrigações das quais o estado é responsável a lhe oferecer com
qualidade, eficiência, competência e transparência?
CONCLUSÃO
121
Será que realmente as pessoas entendem como os impactos
que um processo licitatório mal sucedido as atinge, as desampara e as
prejudica? E que na maioria das vezes o cidadão nem procura saber o
que aconteceu? Na maioria das ocasiões quando isso acontece, já se
passou tanto tempo que em muitos casos nem sempre é possível exigir
uma punição.
Procura-se com estas perguntas entender o que já está óbvio no
nosso país hoje, setembro de 2016, mas que ainda adiam a implantação
dessa postura educativa, onde devemos preparar geradores de
processos licitatórios no Brasil. Nas escolas(ensino fundamental ao
médio), universidades, nos cursos técnicos,lugares ou etapas
educacionais propicias a este conhecimento porque acredita-se que só
assim haverá uma educação e formação ética e moral a longo prazo
para conscientização do que se trata um bem público e quais os
impactos que cada cidadão poderá sofrer caso esse bem um dia lhe
falte.
Como é possível preparar o cidadão para gerar processos
licitatórios no Brasil? Mesmo que se pense que não há nenhuma
intenção de se ter um cargo público, torna-se necessário analisar o tema
pensando no grande número de servidores públicos no Brasil. É preciso
fiscalizar, e para que essa fiscalização aconteça é necessário o
conhecimento dos procedimentos, dos conceitos básicos pra no mínimo
122
ocorrer uma denúncia.
Para a aquisição desse conhecimento sistemático do processo
licitatório a pesquisadora sugere a implementação de um estudo nos
cursos de graduação. Em todos os cursos. A fiscalização e as denúncias
precisam aumentar em seu volume quantitativo, mas necessita ter
qualidade e esse nível de cobrança exige uma qualificação que acredita-
se que possa ser adquirida nos cursos de graduação em absolutamente
em todas as áreas. Um cidadão sem o conhecimento da lei não poderá
cobrar ou denunciar ou mesmo questionar ou impugnar um processo de
aquisição de remédios por exemplo, salvo algumas exceções. A
preparação para gerar processos licitatórios é relevante já que a maioria
ou praticamente todos os impostos pagos por todos os brasileiros são
gastos através desses processos. A competência está diretamente
ligada à habilidade. Daí, a sugestão de unir a habilidade de cada
profissional acrescida de uma outra competência que além de lhe trazer
benefícios, irá de contramão à corrupção no Brasil.
Paulo Freire sempre citou é a questão da tecnologia. Atualmente
no Brasil existem várias ferramentas de suporte aos órgãos públicos que
se utilizadas de forma correta e eficaz seriam de grande valia para a
fiscalização do erário público. No entanto, não são utilizadas, ou melhor
não há interesse político e econômico para que as mesmas sejam
implantadas.
123
Conclui-se, portanto, que com a preparação do cidadão brasileiro
através de seus estudos acadêmicos, com o uso da tecnologia já
existente no Brasil, pode-se utilizar a infra-estrutura tecnológica hoje
encontrada no Brasil e possibilitar a criação de um sistema de gestão de
processos públicos eficazes e que não permitiria a interferência humana
em momento algum do processo licitatório.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
125
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24 Ed. São
Paulo: Malheiros Editores. 1999.
126
PODER JUDICIÁRIO E CORPORATIVISMO: UMA ANÁLISE DOS
JULGADOS DE INTERESSE DA MAGISTRATURA1
RESUMO
INTRODUÇÃO
pesquisa, uma vez que a análise dos ministros perpassa pela verificação da
existência desses requisitos. A divisão em três requisitos não é expressa
em todos os julgados. Não obstante, considerou-se importante fazê-la por
uma questão didática.
4 Por óbvio que pareça esse requisito, a Supremo Corte já teve que analisar
OBJETIVOS
MATERIAL E MÉTODOS
133
“a) O pagamento de ajuda de custo por
remoção de magistrado: Rcl 18.467 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de
07.05.2015; Rcl 15.439 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe de 24.11.2014; Rcl
15.349 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe de 07.11.2014; Rcl 15.637 AgR,
Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe
de 26.08.2014; Rcl 15.444 AgR, Rel. Min. Celso
de Mello, Segunda Turma, DJe de 13.05.2014;
Rcl 18.478, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de
28.04.2015; Rcl 15.746, Rel. Min. Dias Toffoli,
DJe de 18.02.2015.
b) O pagamento de auxílio-moradia a
magistrados, ou ressarcimento de
despesas com moradia, em decorrência do
referido auxílio: Rcl 18.472 AgR, Rel. Min.
Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de
06.05.2015; Rcl 17.796 AgR, Rel. Min. Celso
de Mello, Segunda Turma, DJe de
06.10.2014; Rcl 15.944 AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, Primeira Turma, DJe de 03.02.2014;
Rcl 18.978, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de
29.04.2015; Rcl 18.471, Rel. Min. Roberto
Barroso, DJe de 25.09.2014; Rcl 15.856, Min.
Rosa Weber, DJe de 02.09.2013.
c) O pagamento de diferenças
remuneratórias decorrentes do exercício,
por juiz federal substituto, de atividades
em turmas recursais: Rcl 19.681 AgR, Rel.
Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de
134
14.04.2015; Rcl 16.530 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, Segunda Turma, DJe de 27.06.2014.
d) O pagamento de diárias: Rcl 16.162 AgR,
Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe
de 12.03.2015; Rcl 17.481 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de
19.02.2015.
e) O imposto incidente sobre a renda de
magistrado: Rcl 16.529 AgR, Rel. Min. Rosa
Weber, Primeira Turma, DJe de 28.11.2014;
Rcl 12.808 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, DJe de 01.07.2014; Rcl
16.359 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki,
Segunda Turma, DJe de 06.03.2014.
f) O reembolso de despesa com o
transporte de veículo de magistrado: Rcl
16.065 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal
Pleno, DJe de 19.02.2014.
g) O direito de magistrados a reajuste
decorrente da URV: Rcl 5.256 AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJe de
07.11.2013″.
135
competência do STF, em outros não11), apenas para citar os demais
que foram reconhecidos como privativos e de toda a magistratura,
tem-se: o pagamento de correção monetária sobre o abono
136
SOBRE A JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA ENCONTRADA A
PARTIR DAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Ao analisar os julgados objetos do estudo, foi possível concluir
que o maior trabalho do STF esteve muito mais em selecionar quais
as causas se enquadram na competência ora analisada do que de
fato em julgar as próprias causas configuradas nessa competência. O
STF pode ser provocado diretamente, a partir de ações originárias, ou
por meio de agravos de instrumento interpostos em ações originárias
iniciadas em juízos de primeiro grau. Os agravos de instrumento
lideram a demanda pelo STF e são interpostos com base na
incompetência dos juízos de primeiro grau, tendo como fundamentos
137
Com o desenvolvimento da jurisprudência, e no intuito de
afastar o ingresso desnecessário de ações que abarcassem
fundamentos equivocados, os entendimentos sobre essa competência
foram ficando mais específicos e sólidos. Mas até chegar a esse ponto,
muitas questões que hoje parecem óbvias foram suscitadas e a
discussão sobre elas culminou nos entendimentos que se seguem. Um
dos primeiros entendimentos consolidados é o de que “o art. 102, I, “n”,
da Constituição Federal não comporta exegese que desloque para o
Supremo Tribunal Federal o julgamento de toda e qualquer ação
138
21. Desta forma, “o interesse na questão jurídica levada a juízo, mesmo
exigência24.
141
Com a multiplicação de ações que versavam sobre o direito à
ajuda de custo, o STF, após consolidar sua posição, passou a
desqualificar de forma generalizada a existência de sua competência,
como no caso da citação supra. Mas isso ocorreu também no sentido
de reconhecer de forma generalizada sua competência, como no caso
do direito a licença-prêmio, que deu origem a edição da Súmula 731
do STF “Para fim da competência originária do Supremo Tribunal
Federal, é de interesse geral da magistratura a questão de saber se,
em face da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, os juízes têm
direito à licença-prêmio.”
Por fim, dada a complexidade que envolve os interesses
passíveis de avaliação no STF por ordem da presente competência
constitucional, as características dos interesses e das situações
específicas que os envolvem devem ser expostas de maneira
específica, a fim de demonstrar a repercussão geral do tema, que
nesse caso ocorrerá quando respeitar os limites jurisprudenciais
expostos até aqui. Ou seja, ou interesse deve ser exclusivo e de toda
a magistratura, sendo ele, de forma efetiva, direto ou indireto,
presente no momento da propositura da ação ou de forma potencial,
a ponto de beneficiar ou prejudicar cada um dos julgadores chamados
a apreciar a causa pelo simples fato de ser juiz, sem que para isso o
magistrado precise estar em uma determinada situação específica
142
que, apesar de advir de sua qualidade funcional, não decorra
necessariamente dela (estando presente em outras funções).
Nesse intuito, o STF assevera:
“Não bastam, portanto, para que seja
atendido o requisito previsto nos artigos 102,
§ 3º, da CF 31 e 543-A, § 2º, do CPC32,
alegações genéricas a respeito do instituto,
como a mera afirmação de que: (a) a matéria
controvertida tem repercussão geral; (b) o
tema goza de importância econômica, política,
social ou jurídica; (c) a questão ultrapassa os
interesses subjetivos da parte ou tem
manifesto potencial de repetitividade; (d) a
repercussão geral é consequência inevitável
de suposta violação de dispositivo
constitucional; ou, ainda, (e) a existência de
jurisprudência pacífica desta Corte quanto ao
tema discutido” (grifo nosso) 33.
143
ACÓRDÃOS DISSONANTES À JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA E
INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS PRESENTES EM ALGUMAS
AÇÕES
144
Nesse caso foi cogitada pela parte autora a existência da
competência do STF quando do julgamento sobre o direito de auxílio-
alimentação de Conselheiros da Corte de Contas. O agravo de
instrumento foi julgado improcedente pelos fundamentos
apresentados no voto do Relator Min. Dias Toffoli:
145
recurso, a agravante alega, em síntese, que o interesse em debate
(pagamento de diferenças remuneratórias em decorrência de
substituição) decorre da qualidade de juiz e que, como todos os
juízes de carreira são ou já foram substitutos, a causa afeta, direta ou
indiretamente, toda a magistratura” (grifo nosso). Ora, está a se
cogitar aqui a existência de um interesse potencial e ao mesmo tempo
retroativo daqueles magistrados que já não são mais substitutos. Esse
tipo de interesse não condiz com os parâmetros do que é um
interesse de toda a magistratura, uma vez que não tem a qualidade de
ser comum a todos os magistrados, além de não ser nem efetivo e
nem presente ou ao menos potencial (para a maioria dos
magistrados). Ao contrário, ele é um interesse, no máximo, pretérito
(no caso dos magistrados que não são mais substitutos), sendo, por
isso mesmo, inócuo para a maioria da magistratura.
Adiante, tem-se a AO 1656/ DF, que considerou ser devido o
pagamento da ajuda de custo nos casos em que a mudança de sede
do magistrado, seja ele titular ou substituto, se dá em virtude de
remoção a pedido. Sobre o trecho do julgado que discute o alcance
do interesse, eis o trecho do voto do Relator Min. Gilmar Mendes:
146
Se, de um lado, é certo que a solução da
causa apenas beneficiará os associados da
autora, de outro, não menos correto é que se
adotará entendimento, a prevalecer a unidade
do Direito, que poderá alcançar outras
situações jurídicas. Dois aspectos, no entanto,
devem ser levados em conta na definição da
competência. O primeiro deles diz respeito ao
fato de, não assentada a competência do
Supremo, vir o conflito a ser julgado por igual,
na primeira instância, considerados os
beneficiários, isso sem perquirir que o próprio
titular da vara poderá ser alcançado pela
decisão presentes parcelas anteriores e futuras
no que venha a requerer permuta. O segundo
aspecto refere-se à controvérsia sobre o
alcance do artigo 65, inciso I, da Lei Orgânica
da Magistratura Nacional, aplicável à toda a
magistratura (grifo nosso).”
147
argumento contido na última frase do trecho supracitado também não
seria levado tanto em conta, uma vez que, de acordo com essa
mesma jurisprudência, a circunstância dos magistrados serem regidos
por diploma normativo diferente dos outros servidores é irrelevante,
uma vez que estes, independentemente dessa circunstância,
continuam tendo os mesmos direitos que aqueles, e isso acaba por
tornar o interesse não privativo da magistratura.
Em relação ao requisito da exclusividade, tem-se o seguinte
trecho do voto do Relator Min. Edson Fachin, no Rcl 16161 AgR/ SP:
148
do interesse fosse decorrência lógica dessa ocasião36. Se no
julgamento desse agravo de instrumento a jurisprudência já se
encontrava mais sólida, a ponto do STF unanimemente negar seu
provimento, no caso da AO 1773, que assegurou o direito ao auxílio-
moradia a todos os juízes federais em atividade no país, o
entendimento ainda era diferente, servindo este como base de
argumentação para outros agravos, como no caso do Rcl 19427 AgR/
RO, onde o agravante evidenciou que:
151
magistratura39.”
CONCLUSÃO
152
ao contrário, permitem concluir que não há qualquer evidência de que
naqueles casos haja atuação corporativa.
O que poderia parecer frustração, quanto ao resultado obtido
diante da hipótese de trabalho, apresentou-se como uma compreensão
bastante interessante em relação á construção jurisprudencial a
respeito do tema, isto é, a partir da constatação dos requisitos que
configuram o conceito de interesse da magistratura poder-se-á
desenvolver outros estudos a respeito dessa temática a fim de se
verificar se em outras situações o Poder Judiciário age
corporativamente. Os resultados apresentados neste relatório servem,
portanto, de dados para que tanto o cidadão quanto a academia possa
participar e acompanhar de perto as decisões proferidas pelo judiciário,
para o bem de um Estado Democrático de Direito.
Outra conclusão que se pode retirar a partir da pesquisa é que
o trabalho que o STF tem a partir da competência constitucional ora
abordada se restringe muito mais em indeferir casos que não são da
competência do STF do que em julgar, em si, os casos competentes.
Sendo assim, o juízo de mérito, que é o fim para o qual foi criada a
competência, torna-se coadjuvante, em um aspecto quantitativo, uma
vez que a maioria dos julgamentos fica somente no indeferimento da
competência. E quanto ao ônus de fazer o juízo de competência,
evidentemente, o STF não pode se escusar, uma vez que o direito de
153
ação é assegurado a todos. Isso tudo acaba por prejudicar uma
atuação eficiente do STF, como bem ressalta o trecho do seguinte
acórdão:
19 Rcl nº 17619 AgR/ PR, tendo como Relator o Min. Cármen Lúcia,
Segunda Turma, DJe de 05/11/14.
21 Rcl nº 16161 AgR/ SP, tendo como Relator o Min. Edson Fachin,
Primeira Turma, DJe de 15/10/15.
22 Rcl nº 16161 AgR/ SP, tendo como Relator o Min. Edson Fachin,
Primeira Turma, DJe de 15/10/15.
26 ARE nº 795723 AgR/ RJ, tendo como Relator Min. Marco Aurélio,
Primeira Turma, DJe de 09/09/14.
29 Rcl 15637 AgR/ CE, tendo como Relator Min. Teori Zavascki,
Segunda Turma, DJe de 26/08/14, ao tratar sobre o direito a ajuda de
custo em razão de remoção a pedido.
30 Trecho do voto do Relator Min. Dias Toffoli na Rcl 15746 AgR/ RJ,
Segunda Turma, DJe de 21/08/15.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
159
Coimbra, Almedina: 2003.
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; PEDRON, Flávio Quinaud.
O que é uma decisão judicial fundamentada? Reflexões para uma
perspectiva democrática do exercício da jurisdição no contexto da
reforma processual civil. In BARROS, Flaviane de Magalhães;
MORAIS, José Luiz Bolza de. Reforma do Processo Civil. Perspectivas
constitucionais. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010, p. 119-152.
161
Florianópolis, SC: NEL/UFSC, 2002, p. 283-296.
162
COMO AVALIAR NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA ATRAVÉS DE
MAPAS CONCEITUAIS
INTRODUÇÃO
O trabalho que defenderei em minha tese de mestrado, está
intitulado como “Motivação da Disciplina de História Através de Mapas
Conceituais”, tendo como objetivo mostrar como a motivação é
fundamental para o trabalho na escola em qualquer disciplina, sendo
esta vista através de mapas conceituais.
A motivação para a aprendizagem, além de fundamental, revela-
se como um desafio para professores e gestores escolares,
principalmente por causa de sua diversidade de fatores que envolvem
não só os pessoais, mas também os comportamentais.
Ao mesmo tempo, a motivação implica também na qualidade da
educação que se aplica e no envolvimento do aluno dentro deste
processo que é pessoal, que envolve experiências anteriores e futuras.
163
Como o objetivo da educação é fazer com que o aluno conquiste
níveis mais altos de conhecimento, a motivação seria assim, um fator
fundamental para que o processo educativo seja efetivo, como também
é necessário que alunos e professores estejam motivados para aprender
e ensinar.
A falta de motivação do aluno é prejudicial a sua aprendizagem
pois o impede de buscar novos conhecimentos e também ao professor,
pois o impede de buscar novas formas de ensinar, reproduzindo uma
educação tradicional, monótona e desinteressante para o aluno e para o
processo educativo.
Outro fator importante na motivação dentro do processo
educativo é que todos os estímulos estão do lado de fora da escola, o
que se traduz em um grande problema para o professor, que precisa
enfrentar a desmotivação do aluno e concorrer com os estímulos
internos para conseguir alguma coisa.
Neste sentido, é preciso repensar a prática pedagógica aplicada,
de forma a chegar às técnicas e ferramentas que favorecem a
aprendizagem do aluno, é preciso que o professor saiba como motivá-
los, como despertar o desejo de aprender.
Ao descrever o processo de aprendizagem, foi colocado que esta
é um sistema complexo que compreende o como, o que e o para que se
aprende. Também são apresentadas as diversas teorias da
164
aprendizagem, vista aqui sob a ótica de teóricos que a discutem e seus
postulados como Piaget, Vygotsky e Ausubel, relacionando este ultimo
com o aprendizado através de mapas conceituais, que são diagramas
que facilitam o entendimento e a acomodação do conhecimento pelo
aluno.
De acordo com Ausubel, a aprendizagem se torna muito mais
significativa quando está incorporado as estruturas de conhecimento que
o aluno já possui, uma vez que possibilita a relação entre o que sabe e o
que aprende de novo, ou seja, quando o novo conhecimento passa a ser
armazenado juntamente com os conhecimento que já possui.
Quando essa relação não acontece, o aprendizado se torna
mecânico e repetitivo, uma vez que não produziu a incorporação de
novos conhecimentos e foi armazenado isoladamente na estrutura
cognitiva.
Desta forma, as novas informações recebidas pelos alunos,
juntam-se a outras informações comuns dentro da estrutura cognitiva
específica para o novo conhecimento, num processo que o autor
chamou de “subsunçor”2, ou seja, quando o conteúdo aprendido é
internalizado e não decorado pelo aluno.
165
Ausubel coloca que, para que uma aprendizagem seja realmente
significativa é preciso reconhecer que existe uma modificação do
conhecimento e reconhecer a importância dos processos mentais tem
no desenvolvimento da aprendizagem.
Neste sentido, para haver uma aprendizagem significativa é
necessário que haja também condições para tal. A primeira delas é que
o aluno tenha disposição para aprender; a segunda o conteúdo que o
aluno aprende precisa ser significativo e relacionado a sua realidade de
forma que o aluno possa filtrar as informações recebidas, relaciona-las
ao seu cotidiano e usa-las em beneficio de sua aprendizagem.
Pode-se aferir então que Ausubel, em suas proposições, parte
do principio de que cada aluno tem sua própria organização mental que
esta baseada em seus conhecimentos conceituais. A complexidade
depende então do tipo de relação que estes conceitos estabelecem do
que do número de informações que recebe em sala de aula.
Ausubel coloca que a maneira de organizar o conhecimento esta
relacionada com a forma como o aluno o recebe. Assim, o conhecimento
deve ser realizado através da aprendizagem por descoberta e da
aprendizagem receptiva, uma vez que, quanto mais próxima destas
duas dimensões maiores são as oportunidades para que o aluno
complete os conhecimentos recebidos com os que já possuía
anteriormente.
166
O novo conteúdo, aprendido de forma incompleta oferece ao
aluno a oportunidade de redefini-lo e descobri-lo em todas as suas
implicações antes de assimilá-los definitivamente. Quando o
conhecimento é repassado de forma receptiva, ou seja, já prontos e
acabados, o aluno perde a oportunidade de descobri-lo e redefini-lo de
acordo com suas necessidades.
DESENVOLVIMENTO
167
programado, pois um dos principais objetivos do mapa é apresentar o
pensamento e conhecimento do autor.
Os Mapas Conceituais são recursos para a representação de
conhecimento que se constituem numa rede de nós, representando os
conceitos ou objetos, conectados por arcos com rótulos descritores das
relações entre pares de nós. Eles têm sido utilizados para o
mapeamento dos conteúdos previstos ou estabelecidos em projetos
educacionais e, portanto, ligados a propostas pedagógicas, e a
interpretação dos mesmos é deixada para os professores ou para os
especialistas em educação.
Os mapas conceituais vêm sendo utilizados em várias áreas,
para vários fins. Na educação, para organizar o conteúdo a ser
trabalhado durante um curso, para ajudar o estudante a inter-relacionar
os conceitos envolvidos em uma sessão de aprendizagem e para
investigar o seu entendimento sobre um determinado tópico.
Podemos encontrar na literatura vários benefícios da utilização
de mapas conceituais no processo de ensino e aprendizagem, em
detrimento ou em conjunto com outras ferramentas educacionais. Por
serem considerados ferramentas “abertas”, já que não trazem
informações prévias em excesso aos alunos, além de apenas um
pequeno conjunto de regras para sua utilização, os mapas conceituais
168
deixam os professores e alunos livres para explorar o conhecimento
dentro do campo de estudo de seus interesses.
Devido a sua representação gráfica, os mapas conceituais tiram
proveito da capacidade humana de reconhecer padrões em imagens
para facilitar a aprendizagem e recuperação de conhecimento.
Os mapas conceituais são muito úteis para representar a
estrutura cognitiva que um aprendiz possui a respeito de um domínio de
conhecimento específico, mostrando os
conceitos conhecidos pelo aluno e as ligações que ele reconhece entre
estes conceitos.
Podem ser usados tanto como auxiliares na determinação do
conhecimento prévio do aluno, quanto para investigar mudanças em sua
estrutura cognitiva durante o processo de aprendizagem.
Em resumo, os mapas conceituais podem ser úteis tanto para os
alunos quanto para os professores em várias tarefas. Para o professor,
os mapas conceituais podem auxiliar em suas tarefas rotineiras como,
por exemplo: planejar e organizar currículos; organizar o material
didático a ser utilizado; identificar e explorar o conhecimento que o aluno
já possui; mostrar aos alunos o que será apresentado ao longo do curso;
manter a atenção dos alunos nos conceitos chave e nas relações entre
eles; reforçar a compreensão e aprendizagem por parte dos alunos;
169
verificar a aprendizagem; avaliar o processo de ensino, durante ou após
a conclusão do curso.
Podem ser usados pelo estudante, por exemplo, para: expressar
seu conhecimento a respeito de um determinado assunto; identificar a
integração dos tópicos; fazer anotações; resolver problemas; planejar o
estudo e/ou a redação de grandes relatórios; extrair significado em
livros, estudos em laboratório, estúdio e campo; guiar a leitura de artigos
em jornais, revistas e publicações científicas; planejar a construção de
um trabalho, artigo ou exposição; preparar-se para avaliações; e,
principalmente, desenvolver uma visão crítica da organização do seu
próprio conhecimento.
A avaliação da aprendizagem tem sido feita por meio de testes.
Entretanto, as duas últimas décadas têm mostrado ampla insatisfação
dos pesquisadores e educadores com relação à eficiência e
confiabilidade desses testes principalmente porque os problemas
relacionados à avaliação da aprendizagem são, em geral, difusos,
complexos e, muitas vezes, intratáveis. Por exemplo, testes do tipo
prova (múltipla escolha ou dissertativa) são comumente usados para
contabilizar os acertos e descartar os erros. Sob um ponto de vista
construtivista, as respostas não esperadas ou não pertinentes não são
consideradas como erros, mas como componentes intelectuais valiosos
a serem analisados. São esses supostos erros que podem trazer
170
informações preciosas na busca do entendimento dos processos
mentais envolvidos na aprendizagem.
Testes tradicionais só conseguem cobrir uma pequena parcela
de todo conhecimento objetivado pela instrução. E pior, eles não dão
nenhuma possibilidade ao aprendiz de mostrar como organizou e
construiu seu conhecimento.
Além disso, para um grupo de estudantes que tenham acertado
as mesmas questões, fica impossível determinar o conhecimento
relativo de cada um, isto é, quem sabe mais ou menos sobre o assunto
em foco. Testes que requerem apenas lembrança ou reconhecimento de
informação bem específica podem ser adequados à avaliação da
aprendizagem mecânica, mas falham quando as estruturas cognitivas do
aprendiz foram modificadas. E são exatamente essas modificações que
influenciam na aprendizagem futura, na resolução de problema e na
criatividade
Testes objetivos (múltipla escolha, verdadeiro ou falso), mesmo
quando relativamente bem projetados, tendem a encorajar a
memorização arbitrária de informação sacrificando, em geral, aqueles
aprendizes que construíram, de maneira própria, conhecimento sobre
um dado domínio.
Mais recentemente começam a surgir técnicas alternativas para
avaliar a aprendizagem. Dentre elas, os Mapas Conceituais ocupam
171
posição destacada, tendo sido desenvolvidos por grupos de pesquisa
com o objetivo de atender as necessidades da avaliação da
aprendizagem. Os resultados obtidos demonstram com que facilidade e
precisão eles mapeiam com sucesso as modificações - características
fundamentais da aprendizagem construtivista - que ocorrem na estrutura
conceitual do estudante. Validade e confiabilidade ficam, dessa forma,
garantidas
Escolher uma ferramenta de avaliação é um grande desafio para
professores devido a diversidade de objetivos de aprendizagem, a
diversidade de aspectos que evidenciam a aprendizagem, a diversidade
de ferramentas e recursos disponíveis, e os vários aspectos a serem
avaliados .
O uso de mapas conceituais como ferramentas de avaliação
requer a consideração de duas questões: como os mapas serão
construídos e como serão interpretados. Para propósitos de avaliação,
os mapas conceituais podem ser construídos de duas maneiras:
• Diretamente, o aluno constrói o mapa a partir de um conjunto fixo de
conceitos ou se limitando a um domínio específico;
• Indiretamente, pelo professor ou por um sistema, a partir das respostas
dadas pelo aluno a testes escritos ou entrevistas, ou ainda a partir das
ações tomadas pelo aluno em um ambiente de apoio a aprendizagem;
172
O mapa conceitual construído por um estudante é uma
representação explícita do seu entendimento a respeito de suas
estruturas cognitivas que pode ser usada para comunicar este
entendimento a outras pessoas. Não se pode considerar que um mapa
conceitual seja a representação completa dos conceitos e proposições
relevantes que o estudante conhece, mas podemos afirmar que é uma
aproximação com a qual pode-se trabalhar a avaliação.
Pelo fato dos mapas conceituais serem explícitos, ou seja,
mostrarem a representação que uma pessoa identifica para conceitos e
proposições, eles possibilitam que professores e alunos compartilhem
pontos de vista sobre a validade ou qualidade de uma ligação
proposicional e ainda que se reconheçam ligações ausentes entre
conceitos que sugerem a complementação da aprendizagem.
As conexões que o estudante consegue enxergar entre conceitos
devem ser encaradas como o maior indicativo de sucesso na
aprendizagem, pois quanto mais interconectada estiver a representação
do conhecimento feita pelo estudante, mais provavelmente ele irá
relembrar. a informação no momento que precisar utilizá-la.
Além do conhecimento adquirido pelo estudante, a avaliação de
mapas conceituais consegue mostrar ao professor vários outros
aspectos do processo de ensino/aprendizagem como, por exemplo,
conceitos mal formados ou falhas no conhecimento; habilidade de
173
organização; características cognitivas; profundidade com que o aluno
processa um determinado conteúdo; estruturas conceituais;
hierarquização, diferenciação, discriminação e integração de conceitos;
mudanças conceituais e aprendizagem significativa.
A avaliação de mapas conceituais pode ser feita pelo professor
de duas maneiras:
• Através da análise individual do mapa conceitual construído pelo aluno,
verificando características como, por exemplo, o número de conceitos
representados, o número de ligações entre conceitos, o número de
ligações cruzadas, o número de níveis hierárquicos e o número de
exemplos citados;
• Através da comparação do mapa do aluno com um mapa desenvolvido
por um especialista.
Em uma perspectiva quantitativa, geralmente são avaliados em
um mapa conceitual o número de conceitos, a presença (ou ausência)
de conceitos importantes, o número de links, o número de links cruzados
(links entre conceitos localizados em regiões diferentes do mapa
conceitual ou entre mapas distintos), a correção dos links, o número de
níveis hierárquicos e o número de exemplos.
É importante lembrar que muitas vezes o professor não pode
afirmar que uma ligação entre dois conceitos seja errada. É possível que
o estudante construa ligações diferentes daquelas consideradas corretas
174
pelo professor e não necessariamente erradas. Existem várias maneiras
de se ligar dois conceitos e cada uma delas tem um significado
ligeiramente ou até mesmo totalmente diferente, o que muitas vezes fica
explícito através da nomeação das linhas de ligação entre conceitos.
Dessa maneira, uma avaliação qualitativa mostra-se mais justa e
esclarecedora que a puramente quantitativa. A maneira mais adequada
de se avaliar um mapa conceitual é não considerar os conceitos
isoladamente, mas sim os conceitos em relação a sua vizinhança.
Geralmente, a avaliação qualitativa é feita a partir de uma
comparação do mapa conceitual do aluno com um ou mais mapas
construídos por especialistas ou por um sistema com base no conteúdo
de um livro.
A análise dos mapas conceituais dos alunos como um todo,
dentro de uma turma, fornece dados para o professor que possibilitam o
refinamento dos objetivos da aprendizagem, o refinamento das
estratégias pedagógicas, a identificação de ferramentas de avaliação
adequadas a determinadas situações e o entendimento de como os
objetivos da aprendizagem estão sendo percebidos pelos estudantes
A estrutura do mapa conceitual do estudante possibilita a
identificação de erros conceituais e do estado de percepção do
estudante, possibilitando ao professor preparar correções didáticas no
momento correto e soluções para remediar os erros.
175
A forma de avaliação proposta por este sistema não considera
um mapa conceitual certo ou errado, mas procura identificar as formas
como o aluno consegue representar os relacionamentos entre os
conceitos estudados.
As hierarquias sugerem a diferenciação entre conceitos por
mostrarem inter-relações muito particulares entre conceitos. Variações
na estrutura hierárquica permitem ao professor facilmente perceber
possíveis mal entendidos ou a necessidade de uma integração mais
cuidadosa entre conceitos.
No início de um curso, o sistema gera o mapa perfil para todos
os alunos matriculados. Este mapa, que pode ser visualizado através do
editor de mapas conceituais, tem o objetivo de possibilitar que o
professor verifique se cada aluno conhece os conceitos subsunçores
necessários para a aprendizagem dos novos conceitos a serem
trabalhados durante o curso, além de servir como base para a avaliação
futura da evolução do aluno. Para cada item deste mapa perfil (conceito
ou relação) é guardada a data em que o mesmo foi adicionado pela
primeira vez em algum mapa conceitual do aluno. Além disso, os
conceitos subsunçores recebem uma cor para destacá-los dos outros
conceitos presentes no mapa conceitual.
O mapa conceitual construído pelo aluno é avaliado para se
verificar quais os conceitos e relações, da lista de palavras consideradas
176
relevantes pelo professor, durante a análise do material didático, foram
representadas pelo aluno em seu mapa conceitual. Nesta etapa da
avaliação, são analisadas as seguintes características do mapa
conceitual do aluno: conceitos representados; conceitos não
representados; relações válidas representadas; relações inválidas
representadas; relações válidas não representadas; relações válidas
rotuladas (com significado); relações válidas não rotuladas; níveis
hierárquicos válidos dentro do mapa conceitual: associações onde o
conceito subordinado é menos geral e mais específico do que o conceito
desenhado acima dele; ligações cruzadas: relações válidas entre
conceitos de diferentes segmentos da hierarquia representada no mapa
conceitual (rotuladas e não rotuladas) e relações válidas com conceitos
representados em outros mapas conceituais); exemplos: eventos ou
objetos específicos que são instâncias válidas do conceito.
Após esta avaliação isolada, o mapa conceitual do aluno é
comparado com os vários mapas construídos por professores referentes
ao mesmo material didático e assunto, a fim se encontrar
representações iguais ou semelhantes (análise de similaridade). Esta
avaliação comparativa não se restringe a pares de conceitos, mas
considera toda a vizinhança de um conceito a fim de tentar detectar
relações subentendidas na representação do aluno.
177
O sistema faz ainda uma comparação entre o mapa conceitual
que está sendo avaliado e mapas conceituais construídos anteriormente
pelo aluno, a fim de sinalizar ao professor mudanças importantes que
podem indicar o crescimento do aluno como, por exemplo:
professor e havia sido colocado pelo aluno em algum mapa
conceitual anterior, não aparece mais no mapa que está sendo
avaliado. Este fato pode indicar que concepções incompletas ou
equivocadas foram resolvidas;
mapas conceituais anteriores, conseguiu relacionar novos
conceitos mais específicos, ou seja, o número de níveis
hierárquicos partindo deste conceito aumentou. Este fato chama
a atenção como um indicador preciso do grau de diferenciação
de um determinado conceito para o aluno;
um mapa conceitual anterior do aluno e não aparece mais no
mapa que está sendo avaliado. Este fato pode indicar que
durante a aula ou a leitura do material didático concepções que
já estavam aparentemente sedimentadas, foram reformuladas;
de conceitos ou proposições localizados em segmentos
178
diferentes na hierarquia. Este fato pode indicar uma integração
reconciliadora entre os conceitos envolvidos, o que leva a um
melhor entendimento dos conceitos.
Finalmente, o sistema gera um mapa conceitual para possibilitar
que, graficamente, o professor visualize a evolução do aluno durante o
curso.
Este mapa conceitual mostra o conjunto de todas as
representações feitas nos mapas conceituais construídos anteriormente
pelo aluno. Desta forma, são mostrados todos os conceitos e relações já
incluídos pelo aluno, mesmo que já tenham sido excluídos.
CONCLUSÃO
Consideramos que a construção de ambientes de apoio à
avaliação usando mapas conceituais torna-se muito útil nos dias de hoje,
quando os métodos tradicionais de avaliação vêm sendo bastante
questionados pelos próprios professores e os mapas conceituais surgem
como alternativa clara, consistente e justa de avaliação. A importância
dos mapas se torna ainda maior quando nos damos conta que
avaliações da aprendizagem mal feitas têm sido responsáveis por
destruir uma parte considerável de nossos esforços em organizar
informação e em assistir aprendizes na construção de seus
179
conhecimentos, além de provocar consideráveis danos na estrutura
psicológica do aprendiz.
A aprendizagem gera uma mudança de comportamento, onde a
atuação do professor é o trampolim para um desempenho satisfatório,
inclusive, quando ocorrer uma evolução na aprendizagem, houve uma
maturação intelectual.
A interferência do professor neste processo é fundamental para
que os valores não se percam. Toda e qualquer habilidade adquirida,
principalmente na linha cognitiva, trata-se de uma mudança de
comportamento que deverá ser duradoura e significativa, pois os
conhecimentos quando aplicados sejam em que for a faixa etária, ou
nível intelectual, torna-se uma necessidade de se desenvolver em suas
potencialidades. No entanto, não é qualquer mudança comportamental
que será considerada aprendizagem, como as mudanças passageiras e
ocasionais, alterações fisiológicas e motivacionais, a maturação própria
por faixa etária.
Quanto mais consciência o professor tiver de suas
responsabilidades e de suas estratégias de ensino e aprendizagem
como também das dos alunos, maior será a eficiência do processo.
Neste sentido, os mapas conceituais se mostram como uma alternativa
viável para a produção do conhecimento, uma vez que proporcionam
maior espaço para sua construção.
180
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
181
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A APLICAÇÃO DA LEI 10.639/03
RESUMO
182
INTRODUÇÃO
184
que não veja a temática de forma eurocentrizada.
Inicialmente buscamos referências na bibliografia especializada
no ensino de geografia, com intuito de compreender como se a relação
entre a os estudos sobre a história e a cultura afro-brasileira e africana e
a geografia. Nesse sentido realizamos um levantamento nos livros
didáticos utilizados nas escolas públicas, com o objetivo de conhecer o
material que é disponibilizado aos professores a cerca da temática, e
também buscamos auxilio em artigos produzidos no sentido de auxiliar o
desenvolvimento de como a geografia deve proceder na aplicação da
Lei 10.639/2003.
186
base da lei não dispõe sobre como será implementado na prática o
conteúdo :
187
de textos este possui gráficos, fotografias, mapas entre outros recursos
que podem colaborar com o processo pedagógico cotidiano do
ambiente da sala de aula.Com o intuito de compreender o que tem
abordado os livros tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio
analisamos um livro que se refere ao nono ano do ensino fundamental -
último ano deste ciclo, e por conseguinte para manter o mesmo método
um livro do terceiro ano do ensino médio - que também é o último ano
da educação básica.
O livro didático utilizado no nono ano do ensino fundamental,
inicialmente coloca dados gerais como o tamanho do território,e
também trata da geopolítica do continente africano de maneira sucinta
(Figura 1) . Ao prosseguir trata de maneira mais detalhada do geologia,
relevo, hidrografia e do clima - trás detalhado todos os climas presentes
no continente africano.
188
Figura 1 - Livro Projeto Radix
Fonte: Garcia e Bellucci, 2012 p.149
190
política - tanto interna quanto externa, e como o processo de
globalização tem ocorrido no continente e a influência deste no
desenvolvimento econômico.
Ao desenvolver o conteúdo, é destacado a relação econômica do
continente com o Brasil, colocando também as relações de cooperação
como a da Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-,
atuação da Petrobras por conta dos investimentos na área de
biocombustíveis, e além das empresas estatais o existe atividade de
empresas privadas no setor de mineração e construção civil. Nesse
mesmo sentido a relação com a China que também mantém inúmeros
empreendimento em todo continente, que possui inclusive maior
destaque do que a relação do Brasil ( Figura 2).
191
Figura 2 - Livro Ser Protagonista
Fonte: Moreirão, 2013 p.146.
192
Figura 3 - Livro Ser Protagonista
Fonte: Moreirão, 2013 p.142
CONSIDERAÇÕES FINAIS
196
para trabalhar o conteúdo que a Lei 10.639\2003 tornou obrigatório,
entretanto, tem sido pouco utilizada com esta finalidade. A Geografia
enquanto ciência que estuda a relação do homem com o meio - seja na
dimensão cultural, social, política e econômica, tem disponibilidade e
oferece inúmeras possibilidades de cotidianamente construir a
aplicação prática da lei, e fornecer subsídios para a difusão do
conteúdo no ambiente escolar de modo geral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
199
PANORAMA SOBRE PROFESOR/COMUNICADOR PARA
LOGRO DE LA MOTIVACIÓN DE LOS ESTUDIANTES POR LA
HISTORIA COLONIAL DE OURO PRETO
INTRODUCCIÓN
201
Como ya se ha dicho, los mapas conceptuales partieron la teoría
del aprendizaje de Ausubel, Novak con quien trabajó y continuó su
trabajo después de la jubilación primera, cree que los mapas
conceptuales son susceptibles de negociación de significados
instrumentos, ya que promueven discusiones y también comparte
conceptos como compartir estos.
Se nota que existen limitaciones de los estudiantes en relación al
aprendizaje de la asignatura de Historia , siendo que generalmente las
clases son expositivas , haciendo con que el estudiante no sienta la
necesidad de aprender un conocimiento que resulte en su desarrollo
humano . Esta realidad pedagógica revela el siguiente problema de
investigación: ¿ Cómo contribuir para el desarrollo de la motivación de
los estudiantes de 2º años de la enseñanza media, en la asignatura
Historia Colonial de la “ Escola Estadual Dom Pedro II “ de Ouro Preto –
MG?
A sin el objetivo general es implementar los mapas conceptuales
como estrategia para motivación de la enseñanza- aprendizaje de la
asignatura de Historia. Correspondiendo el problema , el objeto de
investigación fue determinado como : motivación por el estudio de
Historia Colonial y como campo de acción la motivación de los
202
estudiantes de 2º años de la enseñanza media, en la asignatura Historia
de la “ Escola Estadual Dom Pedro II “ de Ouro Preto – MG.
Los objetivos específicos son:
- diseñar guías para la enseñanza-aprendizaje de los conceptos
históricos basadas en los mapas conceptuales;
- evaluar los mapas conceptuales como estrategia para la enseñanza –
aprendizaje a través del desarrollo de las competencias en Historia.
DESARROLLO
204
sobre las consecuencias positivas o negativas de su trabajo en cuanto al
significado que ha puesto en la experiencia de aprendizaje.
Dentro de este marco, los procesos que pone en marcha el
aprendizaje a través de mapas conceptuales, no se agotan en el terreno
personal del alumno, ya que su práctica los enseña a cooperar en una
tarea común con sus compañeros para compartir significados y en
definitiva para trabajar en grupo. Al respecto, Bravo et al (2004),
destacan que las actividades cognitivas e interpersonales sólo ocurren
cuando se establece el intercambio; al razonar colectivamente con la
resolución de problemas y al ejercer presión social sobre los alumnos
poco motivados en el trabajo. El mapa conceptual está estrechamente,
vinculado con estos principios.
Si bien es cierto, para Novak y Gowin (1988), el elemento que
pone en conexión al mapa conceptual con la metodología participativa,
es el conocimiento público y compartido: por lo tanto, la tarea de su
construcción requiere la participación tanto de los alumnos como del
docente. En este sentido, estos autores afirman que los mapas
conceptuales ayudan a los estudiantes a entender su papel como
alumnos; también clarifican el papel del profesor y crean en el
aprendizaje, un clima de respeto mutuo. Los mapas conceptuales
pueden fomentar la cooperación entre el estudiante y el profesor en un
205
combate donde el “monstruo” que hay que vencer es la falta de
significatividad de la información; la victoria consiste en llegar a
compartir sus significados.
Considerando que una de las funciones de la educación es la
socialización cognitiva, la tarea a realizar en el aula debe estar centrada,
en numerosas oportunidades, sobre la práctica de mapas conceptuales
grupales. El profesor debe convertirse en un animador de aula, sirviendo
como un buen recurso de información para los alumnos, al cual pueden
acudir y con el que han de cooperar en la búsqueda de nuevos
elementos que enriquezcan su vivencia.
El mapa conceptual utilizado como contenido procedimental
hacer realidad esta frase, ya clásica, de “aprender a aprender”, porque
con su práctica el alumno participa de forma activa en su propio
aprendizaje, sintiéndose más libre y creativo y utilizándolo como técnica
de estudio de cualquier materia (Peralta, 2003).
206
opiniones, de ahí que hablemos de comunicación simétrica dentro del
proceso pedagógico en la cual prevalezca el intercambio sistemático en
los papeles de fuente y receptor entre docente y los estudiantes, donde
todos emiten y reciben información indistintamente, permitiendo una
verdadera relación profesor-alumno, caracterizada por la seguridad, el
respeto y la motivación hacia la actividad, por lo que se hace necesario
que el profesor cumpla las funciones informativa, afectiva y reguladora
de manera armónica, pues solo así y utilizando de modo congruente los
canales verbales y extra verbales de la comunicación es que logrará
eliminar las barreras que pueden obstaculizar una comunicación
pedagógica efectiva durante el desarrollo de las diferentes actividades
del proceso.
Para lograr la motivación por la aprendizaje por el caso que nos
ocupa de la Historia Colonial de Ouro Preto, tiene que levar en cuenta
que la comunicación educativa, segundo Leontiev, es un proceso de
interacción entre profesores, Estudiantes y estos entre si y de la escuela
con la comunidad, que tiene como finalidad crear un clima psicológico
favorable, para optimizar El intercambio y recreación de significados que
contribuyan al desarrollo de la personalidad de los participantes.
Entre las características del profesor como comunicador hace las
siguientes:
207
a) las funciones de la comunicación educativa es informativa,
tiene como objetivo la transmisión y recepción de la información a través
de las ideas, conceptos, conocimientos, interés, estado de ánimo,
sentimientos y actitudes; es afectiva toma el consideración emocional y
comprensión mutua ; es reguladora, organización de la actividad
conjunta, influencia de los maestros sobre los estudiantes;
b) los estilos da comunicación educativa es flexible, donde la
persona es capaz de comprender los puntos de vista, opiniones y
reflexiones del otro.
Para Paulo Freire, esta relacione entre modelos de educación y
modelo de comunicación pone énfasis en el proceso educativo,
dialogado, democrático y participativo.
CONCLUSIONES
208
lenguaje técnico y desarrollar habilidades de interpretación y compresión
de los acontecimientos históricos de su contexto.
Los mapas conceptuales son una estrategia que facilita al
estudiante la representación y la transmisión del conocimiento a través
de esquemas y redes conceptuales generando un aprendizaje
significativo y a la vez le permiten al docente determinar el grado de
comprensión e interpretación que sus alumnos han alcanzado y la
manera como lo articulan con los conocimientos ya estructurados.
Los mapas conceptuales son un medio didáctico para organizar
la información permitiendo a los estudiantes sintetizarla y presentarla
gráficamente, lo cual genera en ellos motivación pues los saca del
contexto tradicional de lo memorístico y les ayuda a fortalecer la
capacidad de recordar a través de las imágenes visuales y a la vez le
permiten al docente organizar y conocer las ideas que tienen los
estudiantes de un tema determinado.
No se puede hablar de verdadera enseñanza si no se da
comunicación, pues debe haber contacto entre docente y discente para
que haya ajustes en el proceso educativo. Esta es la base para que se
dé una enseñanza que tenga en cuenta a la persona y las diferencias
que, como tal, ésta presenta. Esta comunicación debe ser normal y
fluida, debiendo saber el profesor en que momento se necesita un tipo u
209
otro de sistema de comunicación para el perfecto desarrollo de las
clases. Ni que decir tiene que si lo que queremos es que nuestros
alumnos escuchen nuestras explicaciones debemos utilizar una
comunicación de tipo unidireccional o unívoca, ya que es la más
apropiada para este tipo de propuestas. Una comunicación biunívoca es
apropiada para establecer un diálogo con los alumnos, para responder a
sus preguntas y sonsacarles lo que el profesor estime necesario. Y, por
último, una comunicación múltiple es apta para momentos de juego, de
debate, de aprendizaje común, ya que en todo momento todos se ven a
un mismo nivel y se aprende más fácilmente unos de otros.
Tampoco se puede entender una educación en la que no se
permita y atienda a la manifestación de la persona como individuo: a
esto debe dirigirse la comunicación. Es en este caso en el que no debe
darse con demasiada frecuencia un tipo de comunicación unívoca, ya
que además de no atender a las necesidades de los alumnos con
igualdad de oportunidades, esta comunicación puede resultar un tanto
cortante para las intervenciones de éstos, ya que el profesor es visto
como un rey o algo así, mientras los alumnos se pueden llegar a creer
que son sus súbditos, no interviniendo por miedo al reproche.
Dentro de la enseñanza, el alumno no es sólo un ser que recibe,
sino también que emite y tiene que ser atendido para que su
210
personalidad tenga un correcto desarrollo.No se puede hablar de
comunicación si no se da un exquisito respeto y consideración por el
otro; en demasiadas ocasiones, nuestros propios mensajes nos parecen
tan importantes que no dejamos posibilidad de respuesta o no
prestamos atención a ésta, que es lo mismo.
Por todo ello, concluiremos que la comunicación en educación es
nuestro medio de intervención, reúne las posibilidades de influencia
educativa. La comunicación que nosotros realizamos no se limita a la
verbal sino que se dan simultáneamente diversos mensajes por otros
canales, a veces contradictorios entre sí. Cuanto menor es la edad de
los alumnos, mayor predominio hay de la comunicación no verbal
mientras que en los más mayores hay una creciente influencia de los
verbales. No obstante, el lenguaje tampoco tiene para todas las
personas los mismos significados y connotaciones. También hay que
tener en cuenta que transmitimos, sin conocerlo, aspectos ideológicos.
Por todo esto, la motivación en las clases de Historia Colonial
necesita del un profesor como comunicador por excelencia debiendo
caracterizarse por conducirse de manera que propicie un estilo
comunicativo que permita el diálogo, el esfuerzo grupal, la cooperación y
el desarrollo del grupo, conjugado con los intereses individuales para
contribuir así a elevar la eficiencia del proceso de enseñanza
211
aprendizaje en su conjunto como un elemento esencial en el proceso de
formación del estudiantes imprescindible para el futuro como ciudadanos
mejores.
RECOMENDACIONES
212
Siempre avaluar si la utilización de los mapas conceptuales
harán alteraciones significativas en la motivación de los estudiantes y
en consecuencia sobre su conocimiento de la asignatura.
Continuar siempre avaluando si existe una necesidad de
renovación en el proceso de enseñanza y aprendizaje de la asignatura
de Historia Colonial, tendremos un cambio en la mirada dirigida al
alumno, que será el productor del conocimiento, teniendo una dimensión
crítica, transformadora y que vea este aprendizaje como un proceso
socio histórico.
En el ámbito educativo la comunicación es el pilar fundamental
del proceso de aprendizaje, con el objetivo de facilitar y promover el
desarrollo integral de los sujetos a lo largo de las distintas etapas de su
vida con la implicación de los diferentes agentes educativos y sociales.
Por tal razón es necesario que los docentes adquieran conocimientos de
este tema y desarrollen habilidades para así poder adoptar un estilo que
le permita perfeccionar el nivel profesional y sus conocimientos sobre la
comunicación, como una necesidad para lograr la formación integral de
los estudiantes que les permita adquirir conocimientos sobre el tema y
desarrollar habilidades educativas que favorezcan el desarrollo y
funcionamiento de la conciencia, tanto individual como social.
213
El profesor tiene que utilizar cotidianamente en las clases,
métodos que estimulen los alumnos , en sentido que los haga
comprender la importancia de resolución de los problemas del cotidiano
y los mapas conceptuales son una nueva herramienta pedagógica capaz
de inserir en el proceso de enseñanza aprendizaje, nuevos desafíos y
motivación para construir conocimientos en las clases de Historia
Colonial.
BIBLIOGRAFÍA
215
OS ALIMENTOS GRAVÍDICOS NA PERSPECTIVA CIVIL-
CONSTITUCIONAL: EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS DO
NASCITURO
RESUMO
INTRODUÇÃO
217
A tutela jurídica do nascituro é tema de extrema complexidade e
de suma importância para as relações jurídicas. Cuida-se nas palavras
de PABLO STOLZE GANGLIANO (Pg 218, 2014) “do ente concebido,
embora ainda não nascido”. Aquele que se encontra no ventre materno,
aguardando sua formação e consequentemente nascimento. A
legislação civil no art. 2º do CC-02, não considera o nascituro pessoa
natural, mas coloca a salvo seus direitos desde a concepção, trata-se,
destarte, de mera expectativa de direito.
No Direito Romano, conforme palavras de THOMAS MARKY,
(Pg.30, 1995) “o nascituro era ficticiamente considerado como já
nascido (Inst.1.4 pr, D. 1.5.5.2)”. Essa era a forma na antiguidade de
proceder à proteção daqueles que ainda se encontravam em
desenvolvimento no ventre materno.
Na atualidade enfrentamos na doutrina controvérsias a respeito
do início do direito da personalidade, dividindo os doutrinadores em
natalistas (que defendem que o início do direito da personalidade se
dá com o nascimento com vida) e os concepcionistas (que defendem
que o nascituro adquire o direito de personalidade desde a
concepção), tais linhas doutrinárias, embora não pacíficas induzem a
resultados práticos diferentes, pois adeptos da primeira corrente
sustentam que os direitos assegurados ao nascituro vigoram sob a
influência de condição suspensiva que os vincula ao nascimento com
218
vida, já aqueles alicerçados com a segunda corrente vão deferir o
pleno exercício e gozo dos direitos patrimoniais e outros decorrentes
do direito de personalidade.
O fato que se apresenta, conforme explicado por PABLO
STOLZE GAGLIANO (Pg.222, 2014) é que “independentemente de se
reconhecer o atributo da personalidade jurídica, o fato é que seria um
absurdo resguardar direitos desde o surgimento da vida intrauterina se
não se autorizasse a proteção desse nascituro – direito a vida – para
que justamente pudesse usufruir de tais direitos”. Ou seja, salvo as
hipóteses legalmente tipificadas de autorização do aborto, onde
floresce um conflito de direitos entre a gestante e o nascituro, não
existe permissibilidade jurídica que agasalhe a conduta de intervir nos
direitos desse, obstando o seu exercício futuro.
E nesse sentido é que a tutela do nascituro encontra seus
contornos no presente artigo, porquanto, entendemos que lhe é devido
os alimentos como forma de preservar sua dignidade e propiciar-lhe
meios eficazes de desenvolvimento saudável possibilitando o pleno
gozo de seus direitos após o nascimento com vida.
E muito embora a Lei 11.804/2008 tenha disciplinado os
chamados “alimentos gravídicos” ou alimentos para a mulher grávida,
entendemos que a proteção legal em prima facie destina-se ao
“nascituro”, eis que esses alimentos devem compreender todos os
219
gastos necessários à proteção do feto, conforme se extrai dos
dispositivos a seguir descritos:
Art.4º (...)
Parágrafo único. Após o nascimento com vida,
os alimentos gravídicos ficam convertidos em
pensão alimentícia em favor do menor até que
uma das partes solicite a sua revisão.
221
instrumento compatível com as novas mudanças perpetradas pelo
Novo Código de Processo Civil. A presente ação nos termos da
referida Lei, em seu art. 2°, exige para sua propositura, prova
documental pré-constituída da relação de parentesco, casamento, ou
união estável.
223
Cumpre consignar, todavia, que conforme asseverado por
CARVALHO (Pg.813, 2015) que “os indícios de paternidade nos
alimentos gravídicos não importam em reconhecimento da filiação,
cabendo ao alimentante, para exonerar-se da obrigação, ajuizar ação
de exoneração de alimentos c/c inexistência de vínculo biológico,
provando que não é pai daquele que forneceu alimentos gravídicos e
fornece pensão alimentícia”. Todavia, imperioso ressaltar que uma das
causas de pedir dos alimentos gravídicos é a imputação de
paternidade, consequentemente, nos casos em que devidamente
citado o Réu não oferece contestação, ou contestando, não impugna a
imputação da paternidade, será o caso de julgamento procedente o
pedido, determinar a expedição de mandado de registro.
Ainda no que se refere às perspectivas processuais em torno do
tema, temos que a Lei 11.804/08 determina em seu art. 11, que nos
casos omissos, aplicar-se-á supletivamente a Lei de Alimentos e o
Código de Processo Civil, sendo assim, entendemos que o foro de
competência para o processamento da respectiva demanda nos
termos do art. 26 da Lei de Alimentos é o foro de domicilio da gestante.
Assim distribuída a ação, o juiz em sede de cognição sumária,
verificará a possibilidade de fixação dos alimentos provisórios (art. 4°
da Lei 5478/68) se convencido dos indícios de paternidade, ou
determinar, a requerimento da parte ou de ofício audiência de
justificação (art.300, § 1º do NCPC).
224
Sendo indeferidos os alimentos contra a decisão poderá ser
aviado recurso de agravo de instrumento nos exatos termos do art.
1.015, I do NCPC.
No caso de deferimento, o réu será citado para, comparecer
em audiência de conciliação (art. 695 NCPC) momento em que não
havendo acordo entre as partes, começará a fluir o prazo para
apresentação de contestação que será de 5 (cinco) dias, nos termos
do art. 7º da Lei 11.804/08. Entendemos pela aplicação da presente
disposição, em razão do disposto no art. 694, parágrafo único do
NCPC que expressamente determina que nas ações de alimentos
observar-se-á o procedimento previsto em legislação específica,
aplicando-se no que couberem, as disposições do NCPC.
Assim apresentada à contestação, e aplicando a Lei de
Alimentos, será designada audiência de conciliação, instrução e
julgamento, deferindo-se a produção de provas requeridas pelas
partes, ouvido o Ministério Público.
Havendo acordo judicial esse será homologado e não havendo
o juiz proferirá sentença de improcedência ou procedência, que se
restringirá ao deferimento ou não dos alimentos. Ao prolatar essa
decisão o juiz deverá nos termos do art. 489 do NCPC, apresentar seu
relatório, com a qualificação das partes a suma do pedido e da
contestação, e registro das principais ocorrências processuais, os
225
fundamentos das questões de fato e de direito, e o dispositivo com o
qual resolve a questão.
Controvérsia que surge, é quando o nascituro vem a nascer no
curso do processo antes do provimento jurisdicional (sentença), pois
alguns julgados tem entendido que seria o caso de perda do objeto.
Contudo, não concordamos com o presente embasamento, eis que a
própria legislação tutela a conversão dos alimentos gravídicos em
alimentos ao menor, e o nascimento, apenas exclui a condição
extintiva da obrigação alimentar vez que os alimentos destinavam-se
ao nascituro que vindo a nascer tem o exercício pleno desse direito.
E nesse sentindo, colacionamos os seguintes arrestos para
análise:
230
Posto isso, entendemos que é possível e viável o
reconhecimento de paternidade em sede da respectiva ação de
alimentos gravídicos, ainda que de modo forçado, naqueles casos em
que a genitora forneceu material amniótico para realização do exame
pericial ou quando nascida à criança esse puder ser realizado sem
riscos a sua saúde e integridade física, tendo em vista que essas
medidas corroboram com os princípios da celeridade, economia,
efetividade, além de viabilizar a proteção do melhor interesse da
criança, preceito inarredável de direito de família.
Ademais, tal medida não somente é possível, como desejável,
ao passo em que o conteúdo fático exposto é basicamente o mesmo
em ambas as ações, qual seja, a existência de um suposto genitor que,
dentro de sua possibilidade, é compelido a auxiliar a gestante e seu
filho, cujas necessidades são indissociáveis, escusando-se desta
responsabilidade somente se cabalmente comprovada a
impossibilidade financeira ou alijada à paternidade.
233
conforme estabelece a súmula 277 do STJ os alimentos gravídicos
seriam devidos a partir da citação do suposto pai.
Não obstante os argumentos adotados pelas duas correntes
apresentadas, respeitosamente iremos discordar das proposições
realizadas, pelas seguintes razões: I) não obstante as considerações
acerca da responsabilidade parental sobre o nascituro desde sua
concepção, entendemos que essa modalidade se apresenta com uma
das hipóteses obrigações naturais, que embora devidas não possui
força de cobrança, até que futura decisão judicial sobrevenha
determinando o cumprimento da obrigação. II) não consideramos
razoável a tese de que os alimentos seriam devidos desde a citação,
eis que a mesma poderia se tornar inviável pela própria torpeza do Réu
e nesses casos estaríamos diante de um benefício outorgado ao
infrator da norma processual.
Por essas razões, entendemos que o termo inicial é a
distribuição da ação. Com esse procedimento a cargo da gestante no
processo de alimentos gravídicos, iniciamos o exercício jurisdicional
sobre em caso em comento que tem como causa de pedir não
somente a gestação, mas, também a paternidade, o que
consequentemente, impõe a retroatividade dessa obrigação alimentar
a data da distribuição posto que esse sempre foi pai e no momento em
que o exercício do direito de ação é realizado efetivasse a busca pela
satisfação do encargo alimentar.
234
Quanto ao termo final do encargo alimentar, nos casos de
alimentos gravídicos, entendemos que esse se realiza com o
nascimento do menor, hipótese em que, o mesmo será transformado
em alimentos em favor desse, cabendo o juiz fixá-lo em razão de fato
modificativo ocorrido no curso do processo, nos termos do art. 493 do
NCPC.
237
uma dolorosa sensação experimentada pela
pessoa. Não se pode negar que a atitude da ré
que difundiu, por motivos escusos, um estado
de gravidez inexistente, provocou um agravo
moral que requer reparação, com perturbação
nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos
sentimentos e nos afetos do autor, alcançando,
desta forma, os direitos da personalidade
agasalhados nos inc. V e X do art. 5° da CF.( 6ª
Câmara de Direito Privado do TJSP, apel.
272.221-112, 10.10.1996).
238
Decisões recentes, desse entendimento não destoam,
configurando verdadeiro abalo moral indenizável a falsa imputação de
paternidade.
239
Privado; Data do julgamento: 15/09/2015; Data
de registro: 15/09/2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
242
do nascituro, visando proteger-lhe para assegurar uma vida futura e
com o mínimo de dignidade, durante o seu período de formação.
Afastamos as posições doutrinárias, que entendiam sobre a
limitação desse instituto ao estado biológico da mulher, impondo a
extinção do feito por perda do objeto no caso de nascimento da criança
e ampliamos o entendimento quanto a extensão e alcance protetivo dos
alimentos gravídicos, seja no que tange sua transformação em
alimentos em favor do menor sem a necessidade de aditamento do
processo ou propositura de nova demanda, seja para que nos mesmos
autos, se torne possível o reconhecimento da paternidade e a fixação
dos alimentos desde a data da distribuição do respectivo processo.
Por derradeiro, enfatizamos que o trabalho desempenhado no
presente artigo, tem com finalidade ampliar o alcance protetivo as
crianças e aos adolescentes, bem como, propiciar ao nascituro
condições para o seu desenvolvimento saudável e digno, essa
proposição atende a finalidade social extrínseca do direito corroborando
com a ideologia constitucionalmente adotada a qual vincula todos os
seguimentos privados, impondo sempre a analise do direito civil sob
uma perspectiva constitucional.
243
REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Familias, 10ª Ed., São
Paulo:Revista dos Tribunais, 2015, p.587.
244
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 6:
Direito de Família – 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
245
MICROBIOLOGIA NO ENSINO BÁSICO: UM ESTUDO DE CASO
RESUMO
O trabalho em questão foi pensado como forma de se trabalhar a
importância da higiene em um ambiente escolar de ensino básico
comprovando que com criatividade e apoio pedagógico é possível o estudo
prático da Microbiologia. Assim, usando-se gelatina sem sabor e potes
vazios de iogurte desenvolveu-se uma técnica de cultura microbiológica
com os alunos do primeiro ano do ensino médio do turno matutino.
Observou-se nos resultados a presença de vermes, bactérias, fungos e até
insetos nas culturas relativas aos banheiros, obra escolar e sala de
computação comprovando a necessidade urgente de mais higienização no
recinto escolar e ainda a necessidade de se higienizar as mãos ao ir aos
sanitários estudantis. Conclui-se que trabalhos como este precisam ser
cada vez mais incentivados tendo em vista a riqueza de detalhes aqui
obtida.
Palavras-chave: Construtivismo; Microbiologia; Ensino-aprendizagem;
Amarantina.
246
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
LOCAL DE ESTUDO
250
METODOLOGIA
252
Figura 4: Larva de mosca do gênero Drosophila (Fonte: http://www.
planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_catego
ria=28&id_subcategoria=&com=1&id=193&local=2
254
Figura 7: Diversos indivíduos adultos da subclasse Acari (Fonte:
http://queconceito.com.br/acaros)
255
que vai absorvendo através dos depósitos de informações proferidas
pelo professor. Iniciativas que despertem o interesse na ciência, como
estas precisam e devem ser cada vez mais incentivadas.
Cabem destacar também a importância para a saúde de se lavar
as mãos ao sair do banheiro uma vez que os seres vivos encontrados
em ambos os locais são típicos de áreas pouco higienizadas,
comprovando a necessidade de maior atenção dos responsáveis pela
limpeza na escola. É realmente preocupante um ambiente com tantas
pessoas apresentar tanta contaminação com vermes, bactérias gran
positivas e insetos.
CONCLUSÕES
O presente estudo prova que se ensinar Microbiologia apenas
com o material teórico clássico de estudo não atinge os resultados
necessários e importantes para o atual ciclo de construção educacional
que as crianças e jovens se encontram.
Uma explicação plausível para isto, talvez seja o fato desta parte
da biologia ser responsável pelo estudo de seres microscópios, o que
dificulta o aprendizado quando se pensa apenas no ensino centrado na
explicação do professor, chamado por Freire (2005) de educação
bancária.
256
Outro ponto importante a ser destacado aqui se dá pelo maior
interesse dos alunos quando se utiliza materiais lúdicos diferentes
daqueles do ensino. A divulgação de trabalhos como este devem ser
cada vez mais valorizados e incentivados nas escolas de Educação
Básica, algo que, me geral não ocorre.
Por fim, sugere-se ocorra uma maior limpeza dos banheiros da
Escola Estadual de Ensino Médio de Amarantina como forma de se
buscar diminuir a proliferação de vermes, bactérias gran positivas e
micro-organismos, assim como que todos e todas da Instituição lavem
as mãos ao sair dos sanitários escolares com maneira preventiva de
evitar contágio e disseminação de germes que causam mal a saúde
humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, E. M. L. S. Inventário de práticas docentes que favorecem a
criatividade no ensino superior. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 17,
n. 1, 2004.
257
BRASIL. Ministério do Planejamento, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Censo da População de Ouro Preto em 2012.
Disponível em:
<file:///C:/Users/Pedro/Desktop/IBGE%20Censo%202010.htm> Acesso
em Junho de 2013.
258
O SUJEITO-LEITOR RESPONSIVO INSINUADO NA PALAVRA-
ARENA
Magna Campos
RESUMO:
A questão da leitura implica muitos elementos para além da palavra e da
decodificação. Dentro das acepções teóricas que possibilitam ampliação
do entendimento desse conceito e de seus desdobramentos está a
perspectiva de linguagem desenvolvida por Mikhail Bakhtin. E é
justamente dessa perspectiva que esse trabalho tratará em abordagem
puramente teórica.
INTRODUÇÃO:
259
habilidades relacionadas à leitura crítica e proficiente e não gera as
competências essenciais para que o sujeito lide com os mais variados
textos com que se depara na prática social diariamente.
Mikhail Bakhtin, filósofo da linguagem que deixou um legado
vastamente estudado nas ciências da linguagem, mas que, sem dúvida,
ainda precisa ser muito discutido, fornece alguns elementos ou
categorias conceituais que podem ser estendidos e relacionados à
questão da leitura, numa perspectiva que se poderia chamar de
dialógica e crítica, para ser coerente com suas reflexões sobre o
funcionamento da linguagem.
Neste sentido, este texto tratará de alguns desses elementos, de
forma sucinta, reconhece-se, mas que ainda sim serve de embasamento
conceitual para o estudo da leitura. São esses elementos,
especialmente, a questão do dialogismo e da interação, da atitude
responsiva do sujeito-leitor, da enunciação, da intertextualidade, da
interdiscursividade e da relação desses elementos ou categorias
conceituais com o sujeito-leitor e com a leitura.
260
ressoa nas postulações de autores que trabalham o tema da leitura, em
frentes como a linguística aplicada e a análise do discurso, guardadas,
obviamente, as diferenças na apropriação teórica.
O autor postula que a palavra, se isolada do contexto no qual foi
enunciada, não passaria de um sinal com um sentido único e fixo. Essa
postura redutora é desencorajada pelo autor, ao conceber a língua como
viva e dinâmica e a vislumbrar na palavra “o território comum entre
locutor e interlocutor” (BAKHTIN, 2004, p.113). Todavia, tal território se
apresenta como uma arena na qual “a comunicação verbal, inseparável
das outras formas de comunicação, implica conflitos, relações de
dominação e de resistência, adaptação ou resistência à hierarquia,
utilização da língua pela classe dominante para reforçar seu poder”
(BAKHTIN, 2004, p. 14).
A concepção bakhtiniana de enunciado como unidade da
comunicação verbal, ligado ao uso efetivo da língua e responsável pelo
instanciamento dos sujeitos e do contexto sócio-histórico, favorece ao
exame da enunciação, ou seja, daquele ato de colocar em
funcionamento a língua, produzindo um enunciado situado socialmente,
como lugar privilegiado em sua obra. Segundo o autor,
263
da comunicação discursiva. (BAKHTIN, 2003,
p.297)
267
Por ser fundado no dialogismo, o sentido caminha sempre no caminho
da multiplicidade, da diversidade, conforme expõe o autor:
269
ideologia e são, portanto, modelados por ela. Pois tudo que é ideológico
possui um significado e remete a algo situado fora de si (reflete e refrata
a realidade).
Decorre dessa consideração, o alargamento da noção do que seja
compreender. Compreender, nesse caso, para além de não ser um ato
solitário do sujeito-leitor, mas um efeito da interação verbal e uma forma
de construir sentidos, é também, um modo de relacionar o signo, interior
e exterior – subjetividade e objetividade –, com a situação social em que
ele se forma. Tal situação se apresenta como a totalidade dos fatos que
constituem a experiência exterior e, concomitantemente, acompanha e
esclarece o signo interior.
O sujeito, ao se apropriar da linguagem, pondo-a em
funcionamento, sofre as coerções da situação social de produção, do
contexto e da própria língua. Portanto, não cabe, nesta visão, o papel do
autor como aquele que domina a linguagem e os sentidos do texto, pois,
uma vez que ao selecionar as palavras para sua produção, ao serem
enunciadas, tais palavras carregam-se de sentidos saturados por
valores socioideológicos.
Desta feita, os sentidos projetam-se como efeitos, irredutíveis a
uma só possibilidade, apesar de em determinados contextos
enunciativos haver sentidos predominantes.
270
E uma vez que é preciso considerar, na produção do sentido, os
outros participantes da enunciação, quais sejam: o falante (autor), o
interlocutor (leitor) e o conteúdo (tema-palavra); nessas configurações, é
de fundamental importância considerar-se o endereçamento do
enunciado, pois está inserido no funcionamento da linguagem, o outro a
quem o enunciado é orientado – o interlocutor que é levado em conta
pelo autor no momento da produção do texto. Já que,
INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE
Todos os enunciados estão marcados por distintas vozes e
contextos, próprios do dialogismo. A presença de vozes num mesmo
272
segmento textual ou discursivo configura tanto a intertextualidade quanto
a intertextualidade. Todavia, Fiorin (2003), em análise das acepções dos
termos na obra de Bakhtin, considera a intertextualidade como sendo
um processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir
o sentido ou para modificá-lo. Já a interdiscursividade, seria o processo
em que se incorporam percursos temáticos ou figurativos de um
discurso no outro.
Um texto pode ser monofônico, ou seja, não apresentar
intertextualidade, mas não há a possibilidade de um texto sem a
interdiscursividade.
No entender do autor, toda intertextualidade implica um processo
interdiscursivo, pois ao se referir a um texto, o enunciador se refere
também ao discurso manifestado. Mas a interdiscursividade não implica,
necessariamente, a intertextualidade.
A interdiscursividade se alinha à concepção já mencionada de
que os discursos se relacionam a outros discursos, de que um discurso
é tecido pelos outros já ditos, em dado lugar e momento histórico, e
pelos a se dizer a serem produzidos. Ao falar e ao escrever, nossos
dizeres são atravessados por outras vozes, por outras fontes
enunciativas. Um enunciador, ao enunciar, também manifesta o discurso
nesta enunciação.
273
Assim, tanto a intertextualidade quanto a interdiscursividade
estão diretamente implicadas na leitura, já que são práticas sociais que
põem em funcionamento os discursos e a enunciação. Ler é, portanto,
um trabalho de ressignificar os já ditos e as relações da palavra na
arena formada por essa rede de sentidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Referências bibliográficas:
RESUMO
276
portanto, diante de uma incoerência fática e jurídica? Um cidadão deve
ser punido, tendo como tese basilar uma lei publicada no Diário Oficial,
caso desconheça estar praticando um crime?
As respostas para tais questionamentos estejam talvez na forma
em que o Estado conscientiza o povo daquilo em que ele deseja cobrar
desse povo. Mais ainda, do número exorbitante de leis publicadas no
Brasil nos âmbitos federais, estaduais e municipais.
Tendo em vista todo o conteúdo supracitado, este artigo terá
como objetivo discutir a relativização do conhecimento obrigatório da lei,
de modo especial, a lei 12.318/10 (lei da alienação parental). Procurar-
se-á resposta para a seguinte questão: Em que medida o alienante tem
conhecimento de que os seus atos podem ser considerados crime e ele
pode ser punido judicialmente?
Desta feita, inicia-se por um apanhado bibliográfico sobre a
Constituição Federal de 1988, evidenciando o principio da legalidade e
da obrigatoriedade da lei, traçar de forma breve o caminho para a
promulgação e a publicação de uma lei no Brasil. Posteriormente,
buscar-se-á analisar a Valoração paralela na esfera do profano e a
relativização do conhecimento obrigatório da lei. Através de uma análise
quantitativa sobre o conhecimento da Lei 12.318/10. Por fim, se finda o
presente trabalho com as conclusões a respeito do tema proposto.
277
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA: ALICERCE DO ORDENAMENTO
JURÍDICO DO PAÍS
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
278
O princípio da legalidade é um dos princípios mais importantes
do ordenamento jurídico Pátrio, é um dos sustentáculos do Estado de
Direito, e vem consagrado no inciso II do artigo 5º da Constituição
Federal, que assim dispõe: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, de modo a impedir que toda
e qualquer divergência, os conflitos, as lides se resolvam pelo primado
da força, mas, sim, pelo império da lei. O seu enunciado latino (nullum
crimen, nulla poena sine lege) foi criado por Anselmo Feuerbach, todavia
encontram-se manifestações semelhantes no Direito Romano.
4 Verdade é que essa é uma discussão intensa e que traz mais de uma
corrente de doutrinadores, porém, neste trabalho, aprofundar nesta discussão,
seria mudar o foco e o objetivo.
282
Se, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei” (CF/88, art 5º, II), como os brasileiros são
informados de que existe uma nova lei?
283
Percebe-se, portanto, que publicar significa dar conhecimento a
todos sobre a existência da nova lei. Nenhum cidadão pode ser
obrigado a cumprir a lei se não lhe foi dada oportunidade de lê-la, de
conhecê-la. É por isso que todas as leis (assim como qualquer outro ato
do Executivo, Judiciário e Legislativo) são publicadas no Diário Oficial
(da União, dos estados/DF e dos municípios, dependendo de qual esfera
que emitiu aquela decisão).
A regra é que as decisões ou ordens vindas do Estado não são
válidas se não forem publicadas no diário oficial. Porém, a partir de sua
publicação, presume-se de que todos os cidadãos estejam cientes da
sua existência. É este o cerne principal desse trabalho. Isso é possível?
Os cidadãos brasileiros têm real acesso às excessivas leis publicadas?
OBRIGATORIEDADE DA LEI
284
publicado no Diário Oficial da União, de 9 e retificado em 17 de
setembro de 1942.
De acordo com esse princípio, ninguém se escusa de cumprir a
lei, alegando que não a conhece. Trata-se da máxima: nemine excusat
ignorantia legis. Assim, uma vez em vigor, todas as pessoas sem
distinção devem obedecer à lei, inclusive os incapazes, pois ela se dirige
a todos.
Diversas teorias procuram justificar a regra acima, segundo
Demo (2008). Para uns, trata-se de uma presunção jure et jure,
legalmente estabelecida (teoria da presunção), a qual presume que a lei,
uma vez publicada, torna-se conhecida de todos. Outros defendem a
teoria da ficção jurídica, ou seja, é uma inverdade de que lei torna-se
conhecida de todos, é irreal. Há ainda os adeptos da teoria da
necessidade social, segundo a qual a norma do art. 3.º da LINDB é uma
regra ditada por uma razão de ordem social e jurídica, sendo, pois, um
atributo da própria norma. É a mais aceita, segundo o autor. Sustenta
que a lei é obrigatória e deve ser cumprida por todos, não por motivo de
um conhecimento presumido ou ficto, mas por elevadas razões de
interesse público, para que seja possível a convivência social.
Aludido princípio encontra exceção no art. 8.º da Lei das
Contravenções Penais, que permite ao juiz deixar de aplicar a pena se
285
reconhecer que o acusado não tinha pleno conhecimento do caráter
ilícito do fato.
288
VALORAÇÃO PARALELA NA ESFERA DO PROFANO
290
segundo IBGE, sendo que a pesquisa é declarativa, possibilitando
declarações duvidosas) junto a complexidade da linguagem jurídica
adotada.
É possível dizer que mesmo entre os acadêmicos do direito, não
há, nem mesmo entre os doutrinadores mais aperfeiçoados, quem seja
capaz de conhecer por inteiro o extenso universo das leis municipais,
estaduais, federais ou dos tratados internacionais ou convenções, sem
falar nas cotidianas normas infralegais emitidas pela Administração
Publica, como portaria, pareceres normativos, resoluções, entre outras
(ALVES, 2012).
Ao contrário da grande parcela de leis penais editadas, as
normas civis ou da Administração Pública em geral não se popularizam
de igual modo, pois não estão inseridas no consciente coletivo como
aquelas, até por não se utilizar dos padrões que facilitam a
disseminação como interesse temático, a simplificação linguística e a
durabilidade da norma.
A realidade se torna ainda mais crítica, quando se observa que
nem mesmo essa intensa produção legislativa é capaz de resolver todas
as situações sociais, haja vista a sua indeterminalidade, o que está
levando, a cada dia mais, a adoção de normas gerais abertas e da
utilização preferencial de princípios jurídicos às leis.
291
Os avanços científicos, a revolução cultural e a valorização
humanista a que passou o século XX está inteiramente ligado a
decadência do modelo positivismo puro e a adoção de normas abertas,
pautadas no desenvolvimento dos valores fundamentais, como o da
dignidade da pessoa humana. Contudo, essa utilização direcionada das
novas leis editadas não deve ser utilizada pelos operadores do direito
como argumento de ocasião, o que tem levado a reinar certa
insegurança e descrédito face o novo modelo jurídico.
A publicação excessiva das normas e sua complexidade de
linguagem colidem com o principio da obrigatoriedade das leis. O
formalismo jurídico levado ao extremo bloqueia a comunicação com a
população e torna-se antidemocrático, não permitindo que a mensagem
chegue com clareza e, muita das vezes quando chega é substituída
(revogada) por outra antes mesmo da sedimentação social.
É de bom alvitre lembrar que muitos invocam o erro de direito
como meio de escusa a obrigatoriedade da lei, defendem, desse modo,
que não se trata de ignorância ao conhecimento da lei, mas dos efeitos
legais da sua inobservância, observada a boa-fé. O que não livra das
consequências de sua inobservância, pois é meio exclusivo de anulação
de algum ato negocial realizado em decorrência do desconhecimento
legal.
292
Do mesmo jeito que a segurança jurídica é importante para a
democratização, antes de tudo deve-se ater sobre a realidade social da
população, que muita das vezes não tem acesso ao “mundo normativo”
seja pessoalmente ou por intermédio de um especialista no direito. Ao
tornar essa obrigatoriedade absoluta é visível a conclusão de violação
de outro princípio igualmente tutelado pela nossa Carta Política, como o
da igualdade substancial (intrínseco ao valor da dignidade da pessoa
humana).
Em suma, pode-se até deduzir que a construção do nosso
Estado Democrático de Direito, a luz da Constituição Federal, tem como
fundamentos a dignidade humana, a igualdade (substancial) e a
solidariedade social. Igualdade que deve ser conjugada junto ao
princípio da diversidade, uma vez que as pessoas não detêm idênticas
condições sociais, econômicas ou psicológicas, dando lugar a uma
igualdade substancial, em respeito às diferenças que no caso do Brasil é
patente.
Sobre este tema, versou Fachin (2000) “tratar com desigualdade
a iguais, ou desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante e não
igualdade real”. Esse princípio, muitas vezes utilizado para regular as
relações pessoais, poderia e deveria também ser utilizado pelo Estado
visando construir uma sociedade mais livre, justa e solidária.
293
Fica então a incerteza quanto à regra geral de obrigatoriedade
do conhecimento da lei não-penal. Deve o Estado, mantedor de tantas
políticas afirmativas que ratificam o seu conhecimento a cerca da
desigualdade educacional e econômica nacional, continuar a impor
sanções pela ignorância de leis àqueles que se utilizando da boa-fé,
sem domínio do linguajar jurídico, agem com a certeza de não estar
fazendo algo proibido pela lei, quando de fato estão? A exceção de
casos de gritante ilegalidade, não seria justo que agisse assim, pois o
princípio fundamental do Estado Democrático de Direito é garantir o
pleno desenvolvimento do ser humano e tutelá-lo em suas mais
essenciais manifestações, e para conseguir isso, em primeiro lugar, é
preciso encarar a realidade.
294
É sabido que ao Estado, constitucionalmente, não cabe regular
relações de pessoas por questão de direito à liberdade, porém quando
se trata de violação ou manipulação de sentimentos que podem resultar
em consequências comportamentais e emocionais em crianças e
adolescentes a atenção dos juízes deve ser redobrada.
A alienação parental (Lei 12.318/10) não é um assunto novo a se
debater, mas o que se pretende é analisar o assunto com uma visão
social intervencionista. É demonstrar que o Estado está falhando no
momento em que não conscientiza o casal, no ato do registro dos filhos
e/ou do divórcio, sobre o conceito de alienação parental, suas
consequências para as vítimas, que neste caso são os filhos, e as
consequências jurídicas para quem a praticou.
Apesar do assunto já ter chegado aos nossos Tribunais
Superiores, a lei 12.318/10, ainda, é pouco aplicada, perante o
Judiciário. Isso decorre da falta de conhecimento específico, dessa
Síndrome, e abrange não só advogados, como juízes, promotores,
psicólogos e assistentes sociais.
A PESQUISA
Realizou-se uma pesquisa de campo com 159 pessoas, com
faixa etária de 18 a 92 anos. Foram 84 do sexo masculino e 75 do sexo
295
feminino. A maioria das pessoas cursam ou cursaram o curso de Direito.
Os dados serão apresentados a seguir.
297
Grafico 4: Os entrevistados vivem na zona urbana ou rural?
Fonte: Dados colhidos pelos autores
299
Para finalizar a pesquisa de campo, foi perguntado se as
pessoas tinham conhecimento de que existe uma lei que dá ao cônjuge
alienador a possibilidade de ser punido judicialmente.
CONCLUSÃO
300
sua publicação no Diário Oficial. Após a publicação da lei, ninguém pode
deixar de cumpri-la alegando que não a conhece.
O art 3º da LINDB aduz claramente, pelo princípio da
obrigatoriedade da lei, que há presunção absoluta de que seus
destinatários a conhecem, não podendo se escusar de seu
cumprimento, mediante alegação de ignorância ou erro.
Porém, é preciso ressaltar que o século XX, principalmente na
sua segunda metade, experimentou a queda do positivismo puro do
Direito. Com outras palavras, o século XX foi marcado pela decadência
do modelo positivista puro e o art 3º é fruto do momento do extremo
positivismo de Getulio Vargas em 1942, momento em que foi criada a
primeira Lei de Introdução ao Direito. Mesmo que a Lei tenha sido
reeditada, este artigo continua vigente. Percebeu-se aí um grande
paradoxo teórico, já que, mesmo com a queda do positivismo puro e da
reedição da lei, o artigo que presume e de certa forma “obriga” os
cidadãos brasileiros a conhecer todas as leis publicadas permanece em
vigência.
Por outro lado, a publicação excessiva das normas e sua
complexidade de linguagem colidem com o principio da obrigatoriedade
das leis e com a valoração paralela na esfera do profano, já que o
ordenamento jurídico brasileiro precisou adotar a teoria limitada da
301
culpabilidade. Isso porque a falta da potencial consciência da ilicitude é
conhecida como erro de proibição, isto é, uma suposição equivocada
de que um dado comportamento é lícito.
Dessa forma, o próprio ordenamento jurídico comprova o que
se discutiu neste trabalho. De acordo com os dados coletados e
analisados, percebeu-se que 87% dos entrevistados não sabem o que
é alienação parental (tema usado como exemplo para a comprovação
do que se propôs) e, de forma mais preocupante, 91% não sabem que
podem ser punidos juridicamente pelos seus atos alienantes, caso os
pratiquem.
Portanto se o objetivo foi discutir a relativização do conhecimento
obrigatório da lei, de modo especial, a lei 12.318/10 (lei da alienação
parental) e responder a questão: “Em que medida o alienante tem
conhecimento de que os seus atos podem ser considerados crime e ele
pode ser punido judicialmente?” o resultado foi bem definido: o alienante
não tem conhecimento do que é alienação parental e não sabe que pode
ser punido judicialmente pelos seus atos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, Luiz Flávio. Curso de Direito Penal. V.1, parte geral, São
Paulo: Editora Juspodivm, 2016
303
GUSMÂO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. Rio de
Janeiro: Forense, 2008.
304
______________. Uma Nova Conceituação Crítica de Legitimidade, RT,
Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política 05, 2007.
305
A AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
RESUMO
Este artigo foi um breve vislumbre de um estudo bibliográfico sobre a
avaliação dos alunos do ensino superior em um contexto de formação
por competências. Desta feita, iniciou-se por um apanhado histórico,
delineando o contexto que levou as instituições de ensino à recuperação
da lógica das competências, conceituou-se os termos “competência” e
“avaliação”, explicitou-se as características da avaliação por
competências e, por fim, findou-se o trabalho com as conclusões a
respeito da des(necessidade) da mudança de paradigmas na educação
e do modo como se avaliam os alunos.
306
A globalização em suas várias fases trouxe um contexto de
popularização das informações e do conhecimento. Cada vez menos
são os cliques necessários para que os sites de busca entreguem aos
usuários as informações que almejam.
O estudo e, sobretudo, o ensino superior se popularizou. Com a
demanda crescente de profissionais cada vez mais qualificados, viu-se a
diminuição dos gastos com o processo ensino-aprendizagem e a
crescente disponibilização de planos e programas governamentais de
fomento à formação no ensino superior.
No entanto, certamente está-se longe de um contexto que possa
ser chamado de ideal. Vive-se cenário dramático quando se acompanha
o início da vida profissional dos alunos egressos. Em que pese
advogados, arquitetos etc. tenham se dedicado a sua formação
acadêmica ao longo de 15 a 20 anos, tenham enfrentado inúmeras
avaliações ao longo de toda a vida e de terem sido aprovados, é
corriqueiro que se vejam advogados que não sabem redigir uma petição
inicial, cobrar honorários, se portar em uma audiência; ou ainda que se
vislumbrem arquitetos que não fazem ideia do custo do projeto que
proporá, ou ainda que sequer saibam finalizar um projeto de um
cômodo simples.
307
Nesse contexto, retoma-se cada vez mais o modelo de formação
por competências, que é foco atual nas escolas em todo o mundo. No
entanto, quais são as características desse modelo? Como se avalia o
desempenho dos alunos utilizando-se desse sistema?
Nesse contexto busca a presente investigação um brevíssimo
vislumbre, bibliográfico, da avaliação dos alunos do ensino superior em
um contexto de formação por competências.
Desta feita, inicia-se por um breve apanhado histórico,
delineando o contexto que levou as instituições de ensino à recuperação
da lógica das competências. Posteriormente conceitua-se brevemente
os termos “competência” e “avaliação”. Termina-se o desenvolvimento
explicitando-se as características da avaliação por competências e, por
fim, finda-se o presente trabalho com a conclusões a respeito da
des(necessidade) da mudança de paradigmas na educação e do modo
como se avaliam os alunos.
308
como foco auferir lucro. O capital é o elemento que possibilita que os
variados sujeitos adquiram bens e contratem serviços. Noutro falar, em
uma visão superficial, o capital é o meio pelo qual se alcança moradia,
acesso à saúde de qualidade, alimentação, e outros tantos elementos
básicos que compõem o mínimo existencial do ser humano.
Nesse contexto, a ocorrência de crises econômicas faz despertar
urgência na mudança daqueles elementos que estão obstruindo o
acesso ao capital. Nessa lógica, a retração dos mercados globais
iniciada no início da década de 70 gerou grande discussão no que diz
respeito à organização da economia e à gestão de recursos humanos.
A partir de então, a noção de qualificação dos profissionais é
alvo de intensas críticas. Destas, destaca-se a visão de Dugué (2004),
que a considera rígida, adaptada à produção taylorista, ao passo que o
mundo laboral hodierno seria dinâmico, demandaria flexibilidade e, por
conseguinte, uma nova forma de mão-de-obra.
Nesse contexto, ao longo dos anos 90, a noção de competência
inspirara substancial reforma dos programas escolares em todo o
mundo, adotando-se a bases de competência para as principais etapas
de escolaridade (Perrenoud, 1999).
Apesar do mencionado marco temporal, trata-se de temática
corrente, haja vista que se está em constante processo de expansão e
309
desenvolvimento da aplicabilidade do novo sistema, razão pela qual se
justifica a presente investigação.
310
Saber orientar-se em uma cidade desconhecida
mobiliza as capacidades de ler um mapa,
localizar-se, pedir informações ou conselhos; e
os seguintes saberes: ter noção de escala,
elementos da topografia ou referências
geográficas.
Saber curar uma criança doente mobiliza as
capacidades de observar sinais fisiológicos,
medir a temperatura, administrar um
medicamento; e os seguintes saberes: identificar
patologias e sintomas, primeiros socorros,
terapias, os riscos, os remédios, os serviços
médicos e farmacêuticos.
Saber votar de acordo com seus interesses
mobiliza as capacidades de saber se informar,
preencher a cédula; e os seguintes saberes:
instituições políticas, processo de eleição,
candidatos, partidos, programas políticos,
políticas democráticas etc.
313
reflitam, questionem e transformem os professores, a instituição e até
mesmo a comunidade.
A visão de Libâneo vai de encontro com a forma tradicional de
avaliação, a qual ainda está muito presente nas instituições de ensino de
todo o mundo. Nesse método avaliativo há um processo de medição
quantitativa: os alunos têm como objetivo a promoção de uma série para
a seguinte, as notas são objetivamente observadas e registradas sem
que haja qualquer avaliação do modo com que se obteve aquela
pontuação ou de por quais processos passou aquele indivíduo. Em que
pese essa medição objetiva busque evitar desigualdades, são muitos os
problemas do método. Como a base da avaliação é apenas a nota, as
instituições e até mesmo a sociedade se contentam com o resultado
simplista que não refletem o real processo educativo, ademais Paulo
Freire (1987) critica que nesse modelo o professor será sempre o sujeito
que sabe ao passo que o aluno é aquele que não sabe.
Certamente é majoritário na comunidade pedagógica o
entendimento de que a avaliação deverá ir além da simples contagem
de notas. Segundo a International Federation of Library Associations and
Intitutions (IFLA), o processo avaliativo deverá cumprir três funções,
sendo elas de diagnóstico, de verificação e de apreciação.
314
A função diagnóstica, ou inicial, tem como objetivo fazer uma
avaliação prévia do aluno, buscando a presença dos pré requisitos que
vão embasar o processo de ensino/aprendizagem, bem como a origem
de dificuldades. Trata-se de averiguação da situação do aluno face às
propostas que estão por vim.
A função formativa busca constatar se os objetivos do ensino
estão sendo alcançados, aferindo-se a compatibilidade entre os
objetivos e os resultados. Trata-se de meio pelo qual o discente terá
consciência dos seus erros e acertos.
Por fim, a função somativa ou creditativa busca determinar o
nível de domínio do aluno em determinada seara, o que permite que lhe
seja dada determinada qualificação. Realiza-se, portanto ao fim de uma
unidade de aprendizagem.
O processo avaliativo, no entanto, não é o mesmo para as
diversas estratégias de ensino-aprendizagem. A adoção da formação
por competências exige das instituições a implementação de um sistema
avaliativo também próprio. Sendo assim passa-se a expor a respeito da
avaliação por competências.
315
Conforme já brevemente tratado, a busca pelo capital fez com
que as empresas buscassem maneiras mais efetivas de se selecionar a
mão-de-obra a ser contratada. Em razão disso as empresas
especializadas em processos seletivos e contratações já aplicam a
avaliação por competências.
A aplicação desse método avaliativo em instituições de ensino é,
portanto, uma resposta a necessidade do mercado econômico e dos
questionamentos por ele gerados. No entanto questiona-se quais os
passos para que se realize uma efetiva avaliação das competências de
um educando.
Segundo Perrenoud (1999) essa mudança nos paradigmas
educacionais não mais permite uma avaliação centrada em
conhecimentos descontextualizados. Ao revés, as avaliações em uma
abordagem por competências se amolda quase que automaticamente à
exposição dos alunos a situações mais próximas da prática como a
situação-problema e os projetos.
A situação-problema é uma das formas mais práticas para se
desenvolver nos discentes a competência ligada à autodidática. Trata-se
de situações abertas e sugestivas que causam no aluno a necessidade
de investigação e de chegarem as suas próprias conclusões. Essas
atividades permitem que o aluno responda a conjunturas inesperadas,
316
contexto este que reflete o dia-a-dia no mercado de trabalho. (SENAI,
2006)
O projeto, por sua vez, é meio pedagógico que possibilita a
atuação do aluno e do professor como sujeitos ativos no quadro
metodológico, o que fomenta o desenvolvimento individual e grupal. O
professor, incentiva e orienta os alunos na busca de soluções. Nesse
caso, as intenções são previamente definidas (MENEGOLLA E
SANT’ANNA, 2003).
Perrenoud (1999) traz ainda importantes orientações que devem ser
observadas pelo docente:
317
Aceitar os desempenhos grupais, sem que se sucumba à
tradicional mensuração das contribuições individuais de cada
membro do grupo.
Não buscar a padronização do sistema avaliativo que busca uma
igualdade objetiva. Faz-se necessário equilíbrio de competências
e julgamento casuístico.
Saber criar situações em que os alunos sejam avaliados quanto
ao efetivo aprendizado dos temas abordados.
Saber e buscar o envolvimento dos alunos na avaliação de suas
próprias competências, aclarando e debatendo os objetivos e
critérios.
Nesse contexto, defende o autor que, para ser considerado apto
na competência que se está avaliando, o aluno deverá atingir os
padrões de desempenho preconcebidos. O que se verifica é o resultado
final do processo de solução do problema dado, sendo impossível a
compensação de escores (PERRENOUD, 1999).
Não se trata de avaliação pautada pela rigidez, é possível que os
desempenhos sejam variados, acima ou abaixo do padrão estabelecido
como o mínimo. No entanto, o que se avalia nesse caso é a (in)aptidão
em relação àquela competência específica.
318
CONCLUSÃO
319
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
321
HISTÓRIA LOCAL NO ENSINO FUNDAMENTAL E A CONSTRUÇÃO
DO SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO
RESUMO
322
conceitos de História Local, documentos legais que reforçam o estudo
da história local, um breve estudo sobre a Fazenda Monte Cristo no
município de Teófilo Otoni retratando sua historicidade e seu papel
frente à formação econômica e social do município e recomendações
contribuirá com o trabalho no ensino fundamental, fortalecendo o vinculo
do aluno com o lugar. Entendeu-se que a história local configura-se
como um espaço de referência para o processo de construção da
identidade e para a busca de conhecimentos sobre o passado, das
vivências e convivências que traduzem no imaginário como elementos
com significados para compreensão do sujeito com mudanças ou
permanências das experiências vividas. Assim, a História local permite
que aprenda sobre si mesmo, a partir de algo que é dele. A metodologia
foi uma revisão de literatura analisando obras de autores como Nogueira
(2012), Miranda (2007), Bueno, (2017), Santos (2017) entre outros e uma
análise documental da fazenda Monte Cristo.
INTRODUÇÃO
323
O diálogo entre o estudo da história local e o gosto pelo lugar
sinaliza o sentimento de mudanças de atitudes, de reflexão sobre seus
valores e práticas cotidianas, compreendendo a relação entre a memória,
a construção do conhecimento histórico e o sentimento de pertencer ao
lugar..
As Diretrizes Curriculares Nacionais (2013) apresentam como
obrigatório o estudo da história local, porém vem sendo apresentado uma
lacuna neste estudo. É preciso que ele seja mais democratizado e
discutido com os alunos, considerando que a história local oferece ao
educador as condições de ir ao encontro do aluno, possibilitando reflexões
sobre o lugar, sobre a memória local e sua relação com o espaço e com
as pessoas em uma perspectiva de cidadania.
Conforme cita Fonseca (2010) o lugar e o papel ocupados pela
História na educação básica brasileira, na atualidade, derivam, pois, de
transformações na política educacional e no ensino de História,
conquistadas a partir de lutas pela democracia nos anos 1980, da
promulgação da Constituição Federal de 1988 e da implantação da nova
LDB. Entre estas novas conquistas contempla-se a obrigatoriedade da
história local.
Pensando nas considerações feitas e em atenção ao objetivo
desta pesquisa fez-se a seguinte pergunta problema: Como trabalhar a
324
história local incorporada ao ensino fundamental? Cumpre ressaltar que
as escolas devem incluir o estudo da história local, com foco no
desenvolvimento de um argumento da história que inclui não só o
individuo, mas o coletivo, uma história que apresenta as relações sociais
estabelecidas na realidade.
O desenvolvimento do trabalho deu-se por meio de uma breve
introdução, seguida de uma apreciação de conceitos legais que
informam a necessidade do estudo da história local. No terceiro
momento fez-se uma revisão sobre a história local e maneiras de se
trabalhar a história local proporcionando aos alunos a desenvolverem
um sentimento de pertencimento ao lugar e ainda um estudo sobre a
Fazenda Monte Cristo no município de Teófilo Otoni contemplando sua
importância enquanto elemento importante para compreender a história
local.
Para realização deste trabalho desenvolveu-se uma pesquisa
bibliográfica, revisando publicações cientificas e uma pesquisa de
campo, realizada na Fazenda Monte Cristo no município de Teófilo
Otoni.
325
Segundo Bittencourt (2003, p. 11) a permanência do estudo da
História Local é assegurada por inúmeras propostas curriculares que
têm sido produzidas por Secretarias de Educação de estados e
municípios e mais recentemente, pelo Ministério da Educação na
elaboração de Parâmetros Curriculares Nacionais.
De acordo com o PCN, o ensino de História pode fazer escolhas
pedagógicas capazes de possibilitar ao aluno refletir sobre seus valores
e suas práticas cotidianas e relacioná-los com problemáticas históricas
inerentes ao seu grupo de convívio, à sua localidade, à sua região e à
sociedade nacional e mundial. (BRASIL/MEC/SED, p. 34).
Assim, é imprescindível um estudo da história local, uma vez que
é nele o debate pode-se inferir espaços de vivências e convivências
próximas, instigando o aluno a interagir com as pessoas e com o lugar
de maneira mais respeitosa e positiva em um tempo em que as
informações globais chegam aos alunos de modo a possibilitar uma
descaracterização da cultura local, e a perder a capacidade de se
entender como cidadão comprometido com o desenvolvimento do lugar.
327
compõem a parte explícita do currículo, bem
como os que também contribuem, de forma
implícita, para a aquisição de conhecimentos
socialmente relevantes. Valores, atitudes,
sensibilidade e orientações de conduta são
veiculados não só pelos conhecimentos, mas
por meio de rotinas, rituais, normas de convívio
social, pela distribuição do tempo e organização
do espaço educativo, pelos materiais utilizados
na aprendizagem e pelo recreio, enfim, pelas
vivências proporcionadas pela escola. (BRASIL,
2012)
329
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e
demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
HISTÓRIA LOCAL
330
diversas dimensões. BITTENCOURT (2013, p. 20,
apud Lima; Medeiros, 2015)
331
compreensão do sujeito com mudanças ou permanências das
experiências vividas. Assim, a História local permite que aprenda sobre
si mesmo, a partir de algo que é dele.
Segundo Várine (2002, p. 292), o ensino de história local veio
para ampliar a educação popular, mostrando que cada pessoa é dona
do seu patrimônio próprio, sendo, ao mesmo tempo, coproprietário do
patrimônio da sociedade a qual pertence. “Portanto, poderá aprender a
partir de algo que “é dele”, que identifica como seu ou como, integrando
o seu meio, e que vai poder reconhecer, aprofundar e, por fim utilizar”.
Para Ricardo Oriá Fernandes (1995, p.44, apud, Dupla, 2017), a história
local deve ser valorizada, pois se constitui como uma importante
possibilitadora da construção da identidade do aluno como ser histórico
e cidadão.
Por meio da história local, os alunos ganharão experiência com
os elementos da identidade local, internalização de valores inerentes na
comunidade e desenvolvem o espirito de solidariedade e respeito tanto
às pessoas quanto aos elementos que compõem o patrimônio da
localidade.
332
Teófilo Otoni tem sua fundação consolidada nos moldes de uma
cidade voltada para empreendimentos que são distintos por natureza em
sua funcionalidade, mas muito próximos no que se refere às relações
sociais: a produção agrícola e uma grande empresa: A Cia do Mucuri.
Esta buscava abarcar grandes negócios na região do Mucuri, um
empreendimento que ligasse Minas ao mar, pela Bahia, transportando
mercadorias que possibilitariam a constituição de um mercado plausível
para movimentar coisas e pessoas ao ponto de desenvolver de forma
intensa um centro urbano. Aquele, o latifúndio, mantendo as estruturas
coloniais, principalmente no que se refere à pecuária. (SANTOS, 2017)
Para os empreendimentos em Teófilo Otoni, Miranda (2007)
aponta circunstâncias que proporcionaram o surgimento de uma cidade
com particulares que merecem destaques pelas particularidades
apresentadas, uma cidade fundada a partir do ano de 1853 e que vai
trazer uma grande quantidade de imigrantes que estabelecem na região.
Daí, dezenas de sobrenomes incorporam à vida econômica, social,
política e cultural da cidade, como por exemplo: Laender, Sommerlate,
Pascke, Hastvick, Taroni, Wittig, Schimidt, Kunz, Walker, Zimmere,
Sausmikate, Baldow e tantos outros que vieram depois como Marx,
Schroeder, Holebach, Hausch, Roedel, Froede, Hauesen, Schaper,
Gazel.
333
A migração europeia foi uma alternativa para avançar o projeto
da Cia do Mucuri, além de outros atores como os lavradores do Vale do
Jequitinhonha.
Araújo (2003, p. 60) ao mencionar a fundação de Teófilo Otoni, a
então Filadélfia, remete ao desejo de Ottoni em avançar no projeto da
Cia do Mucuri e da viagem para testar um navio novo, com condições
reais para navega no Mucuri, mas que sem as condições ideais do rio há
uma frustração nesta empreitada, o que o leva a tomar a decisão de
construir uma estrada, a estada Santa Clara, que transportaria os
produtos até os armazéns superiores da companhia em Filadélfia.
Segundo Santos (2017. p. 109.110) Santa Clara, durante muito
tempo foi o único elo no Vale do Mucuri, e ao longo dela percorreram
indígenas, europeus, africanos, chineses, afrodescendentes e mineiros
do Jequitinhonha.
É a partir desta e de outras histórias que o estudo da história
local merece ser estimulado nas escolas e inclusive apresentando
peculiaridades que remetem tanto a um conhecimento de uma realidade
econômica, quanto político, social e cultural.
Para sintetizar a necessidade de estudos da localidade em
direção à construção do sentimento de pertencimento, conhecendo, a
história, as gentes, os patrimônios históricos e cultura, fez-se aqui um
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breve relato da Fazenda Monte Cristo, representação da elite rural, da
escravidão, da economia cafeeira, mas também de um legado que
significa o espírito de formação da cidade de Teófilo Otoni nas selvas do
Mucuri.
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ao trabalho das roças para assim matarem a fome.
(DUARTE 2002 p. 72)
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pequenos proprietários, europeus das mais
variadas regiões, produzindo confrontos e
negociações, sociabilidade e tensões.
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mas pouco pesquisada. Assim, sobraram as
histórias pitorescas e curiosidades, que
acabaram sendo incorporadas à memória, uma
vez que fazem parte do imaginário da
comunidade, dificultando o trabalho de
reconstrução da história da cidade, já que para
integrá-las é preciso buscar o sentido e o que
representam essas curiosidades para a
comunidade, como foi possível ser comprovado
ao longo da pesquisa. (ACHTSCHIN, 2008. p.
74)
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Quanto às comunidades quilombolas, as festividades mais
intensas concentram-se no dia 20 de novembro, dia da consciência
negra e no dia 06 de janeiro com a folia de reis, destacando aqui, a
comunidade de São Julião.
A comunidade Alemã com forte presença na cidade, e com
tradição agrícola determinada, mantém viva a festa da colheita, mas,
também não abrem mão de um “oktoberfest”, bem específico da cidade,
numa tentativa de reproduzir a festa alemã.
Os libaneses, também com representatividade significativa da
formação de Teófilo Otoni, apresentam recitais e festividades que
reverenciam a cultura do povo do Líbano, externando para a
comunidade teofilootonense a sua presença na formação da cultura e da
identidade do povo do lugar.
Daí se percebe o quanto é significativo que as escola instigue os
alunos a entenderem essa diversidade, inclusive destacando o local
como espaço primeiro em que o homem vive e se relaciona,
oportunizando reflexões constantes sobre os sujeitos históricos.
Compreender a história da Fazenda Monte Cristo e da Estrada
Santa Clara, possibilita o aluno a conviver e respeitar o patrimônio
histórico, assim como proporciona uma leitura sobre os sujeitos que
foram responsáveis pela construção e pela historia do patrimônio,
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internalizando conceitos de patrimônio, cultura, identidade e história
local, valorizando a sua história e a diversidade para finalmente
modificar suas atitudes contribuindo com o desenvolvimento de si
mesmo e da localidade onde vive.
É necessário que o professor estabeleça uma problematização
que favoreça estudo para a construção de uma consciência histórica
fazendo uso de textos e experiências que falem da vida das pessoas, as
memórias, as lembranças dos sujeitos de todos os segmentos sociais,
dando voz àqueles que foram silenciados nos livros de História e sempre
com uma perspectiva, com um objetivo determinado, que venha a
construir embasamento intelectual e possibilidades de vivência cidadã
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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agosto 2015.
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Magna Campos
Mariana, outubro de 2017.