Você está na página 1de 1

CARACTERIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MINERAIS PESADOS NOS MUNICÍPIOS DE CASSINO E

SÃO JOSÉ DO NORTE (RS) – BARREIRAS III E IV DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL
RIZZI, M.A.M1; TAKEHARA, L.2; DILLENBURG, S.R. 3; CHEMALE JR, F.4; WUST, C.F.4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre-RS, Brasil1; Serviço Geológico do
Brasil - CPRM, Superintendência de Porto Alegre (RS)2; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Centro de Estudos de Geologia
Costeira e Oceânica3; Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Geologia, São Leopoldo-RS, Brasil4

INTRODUÇÃO
Elevadas concentrações de minerais pesados (minerais com ɣ≥2,85 g/cm³) 3 Figura 3. Volumes de concentrados
em depósitos marinho-costeiros emersos podem formar depósitos economicamente de minerais pesados, obtidos por
meio de bateia e líquidos densos. O
viáveis, conhecidos como placeres. Localizado na Planície Costeira do Rio Grande maior volume se dá para a amostra
do Sul, o município de São José do Norte abriga um grande depósito de minerais A7, coletada em backshore, seguido
pesados disseminados, relacionado diretamente às barreiras costeiras e dunas da amostra A16, localizada sobre
litorâneas formadas no Holoceno (Barreira IV). depósitos de dunas costeiras.
Figura 4. Volumes das frações
Considerando a relação entre a evolução das barreiras costeiras e a formação magnéticas e não-magnéticas,
do depósito de placer, realizou-se um estudo de caracterização de minerais separadas previamente por um imã
pesados nos municípios de Cassino e São José do Norte. Os objetivos visaram de mão, seguido do separador
compreender os processos de retrabalhamento, concentração e disposição isodinâmico Frantz L-1. Através do
Frantz, foram obtidas as frações
geográfica dos minerais pesados nos depósitos Holocênicos, bem como verificar 0,1A, 0,3A, 0,5A e 0,75A e uma
uma potencial economicidade para a Barreira III, de idade Pleistocênica. fração de minerais não atraídos
(NA), resultantes da interação do
4 5 equipamento com a susceptibilidade
MATERIAIS E MÉTODOS magnética dos minerais. O imã de
A metodologia consistiu de duas etapas principais: mão, por sua vez, separou os
minerais ferromagnéticos (Mag).
1. a. Coleta de 16 amostras, com volume de 2356 cm³; Figura 5. Minerais identificados nas
b. Concentração por bateia e bromofórmio (ρ = 2,89 g/cm³ a 25ºC). frações obtidas para a amostra A7:
magnetita e ± hematita (Mag);
2. a. Separação das frações magnéticas pelo separador isodinâmico Frantz L-1; titano-magnetita e ± hematita (0,1A);
b. Análise óptica de minerais pesados e qualificação semiquantitativa. ilmenita, granada, turmalina, ±
epidoto e ± anfibólio (0,3A e 0,5A,
com acréscimos de ± hematita em
0,5A); epidoto, estaurolita, turmalina
e ± anfibólio (0,75A); zircão, rutilo,
cianita, turmalina, epidoto, ±
monazita e ± fragmentos líticos
Volumes (g) (NA). Leucoxênio foi verificado em
várias frações, apesar da pouca
concentração.
55 6

45

35

25

15

Amostras próximas a
Figura 1. Mapa de localização. desembocadura Magnetita Ilmenita Rutilo Zircão Granada
BIII
Cassino Turmalina Cianita Estaurolita Epidoto Anfibólio

Figura 6. Frequência dos principais minerais pesados identificados em cada amostra, verificada através de
análise semiquantitativa. No gráfico, cada coeficiente representa um intervalo de abrangência para os
minerais identificados: “1” equivale a ≤ 1 % do total de minerais da amostra; “5” é equivalente ao intervalo de
1 – 5 %; “15” equivale ao intervalo de 5 – 25 %; “35” equivale a 25 – 50 %; e “50” equivale a 50 – 75 % de
grãos da amostra. Além dos minerais representados na figura, foram identificados com frequência ≤ 1 % em
algumas amostras os minerais: hematita, titano-magnetita, leucoxênio, monazita, apatita e espinélio.

CONCLUSÕES
A grande disparidade verificada entre a assembleia mineral de Cassino em
relação as amostras de São José do Norte, condiz a processos sedimentares
diferenciados para os locais, onde a característica erosiva da Praia do Mar Grosso
(São José do Norte), combinada a evolução geomorfológica da área, contribuiu para
Figura 2. Depósitos praiais das Barreiras III e IV: (a) e (b) demonstram a deposição dos sedimentos na a formação do depósito de placer.
barreira atual, evidenciando lâminas com concentração de minerais pesados em amostra coletada em A amostra coletada para a Barreira III, em São José do Norte, não conferiu um
backshore; (c) afloramento localizado junto a Laguna dos Patos, demonstrando os depósitos praial e
marinho da Barreira III. potencial econômico, visto que o volume obtido de minerais pesados foi inferior a 1%
do total de sedimentos analisados.
RESULTADOS As amostras coletadas na Barreira IV em São José do Norte, apresentaram
As amostras, de modo geral, são formadas por grãos muito finos (≤ 0,1 mm), assembleia de pesados muito semelhantes em todas as amostras. Entretanto, um
bem arredondados e altamente maturos, indicando um longo processo de aumento gradativo na concentração de minerais pesados em direção ao norte para
transporte e retrabalhamento, também associado as reciclagens das barreiras sedimentos coletados em backshore na Barreira IV, e diferenças significativas dos
mais antigas. No conjunto, os minerais opacos são mais densos e finos que os volumes de pesados entre amostras muito próximas coletadas sobre domínio eólico,
minerais translúcidos, corroborando para a concentração e formação do depósito demonstram um depósito com uma distribuição heterogênea, com diferenças
de placer. cumulativas laterais e transversais do minério controlados pelo regime de
Todas as amostras apresentaram a mesma composição mineralógica, sedimentação.
diferindo apenas nos teores de cada grupo mineral, sendo: magnetita, hematita, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
titano-magnetita, ilmenita, leucoxênio, granada, turmalina, epidoto, anfibólio, Corrêa I.C.S., Ayup-Zouain R.N., Weschenfelder J., Tomazelli L.J. 2008. Areas fontes dos minerais pesados
estaurolita, zircão, rutilo, cianita, monazita e fragmentos líticos. Entretanto, dentre e sua distribuição sobre a plataforma continental sul-brasileira, uruguaia e norte-argentina. Pesquisas em
Geociências, 35(1):137-150.
as amostras analisadas, a coletada em Cassino apresentou-se como a mais Dillenburg S.R. & Barboza E.G. 2014. The strike-fed sandy coast of Southern Brazil. Geological Society,
divergente do conjunto: possui um dos menores volumes de minerais pesados, Special Publication, 388:333-352.
com a menor concentração de ilmenita e baixas concentrações de zircão e rutilo Dillenburg S.R., Tomazelli L.J., Barboza E.G. 2004. Barrier evolution and placer formation at Bujuru southern
Brazil. Marine Geology, 203(1-2):43-56.
(minerais de minério), sendo composta majoritariamente por minerais não- Komar P.D. & Wang C. 1984. Processes of selective grain transport and the formation of placers on
magnéticos e não econômicos. beaches. The Journal of Geology, 92(6):637-655.

Você também pode gostar