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O cronista, tradutor e
poeta, sobretudo poeta, chegou ao mundo via Minas Gerais, em 28 de
fevereiro, numa terça-feira de Carnaval. Sua crônica, inconteste, é
merecedora de grandes celebrações. Mas, não sendo possível dedicar mais
do que alguns parágrafos ao aniversariante, fica acertado que esta
comemoração é apenas um breve sobrevoo em torno de sua prosa – ou
melhor, de seus poemas em prosa.
Peço perdão aos leitores órfãos de mais um carnaval adiado, mas não
dá para deixar o assunto passar. Pelo menos, a folia em questão é bem
antiga: “Eu tinha três ou quatro anos, um bigode preto e Um saco de
confete na mão. A sala rodava cheia de gente que se duelava a confete”. De
repente, uma senhora se aproximou do menino e pediu-lhe o saquinho
emprestado, prometendo devolver em dobro. A criança não aceitou a
barganha, o que não teve nenhuma importância: “com a mão direita ela
arrebatou-me os confetes, enquanto a sua esquerda me acariciava na face.
Tive vontade de chorar, mas não chorei, fiquei zanzando pela sala, de mãos
vazias, miserável”. Desolado, pensou “humildemente em apanhar um saco
de papel vazio, enchê-lo com as rodelinhas de confete espalhadas pelo
assoalho”, mas teve medo. Chegou a fazer “algumas excursões ao bosque
de pernas que se movimentavam bruscamente”, mas era enxotado pelos
adultos: “Sai daí, meu bem, você acaba se machucando”.