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Preâmbulo

O Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH) de Moçambique


é responsável pela gestão da rede rodoviária de Moçambique, através da Administração
Nacional de Estradas, IP (ANE, IP) e de zelar pelas normas e especificações para as
estradas.
Este manual fornece orientação para todos os profissionais em todos os aspectos de
Dimensionamento Geotécnico e é aplicável para toda a rede de estradas de Moçambique
e particularmente para estradas de alto volume de tráfego. O conteúdo cobre
adequadamente todas as áreas técnicas relevantes e aspectos de gestão. Onde mais
detalhes forem necessários, os usuários podem consultar outros documentos conforme
referenciado neste manual.
Este manual foi elaborado especificamente para Moçambique e, a ANE, IP e outras
entidades de gestão de estradas devem aplicá-lo conforme determinado pelo Ministério.

© Copyright Administração Nacion al de Estradas (ANE) 2020

(i)
Prefácio
Este manual, cobre o Dimensionamento Geotécnico para todas estradas e, particularmente
para estradas de alto volume de tráfego. Foi elaborado especificamente para estradas de
Moçambique, embora possa ser usado em outros países da região e em outros lugares
onde se verificam condições semelhantes. O manual deve ser lido em conjunto com o
Manual de Investigação de Campo e os Manuais de Dimensionamento de Pavimentos e de
Reabilitação de estradas e o Manual de Hidrologia e Dimensionamento de Drenagem.

O manual é dirigido para os profissionais da ANE, IP, consultores e empreiteiros, Fundo


de Estradas, academia, laboratórios e outros utilizadores envolvidos na provisão de
estradas em Moçambique. Ele fornece detalhes e processos envolvidos na realização de
Investigações e Projectos Geotécnicos especializados.

Os usuários são incentivados a contribuir para as edições futuras, reportando quaisquer


melhorias necessárias através de feedback do seu uso na prática.

(ii)
Reconhecimentos
Este manual foi preparado através do esforço concertado de muitas partes interessadas
dentro e fora de Moçambique. As imensas contribuições da ANE, IP, dos membros do
Grupo de Trabalho Técnico (GT), do MOPHRH e de outras partes interessadas importantes,
que incluíam a academia, consultores, engenheiros municipais, etc., são reconhecidas e
muito apreciadas.

A produção deste manual é financiada pelo Governo de Moçambique através do Ministério


das Finanças e do Fundo de Estradas com o apoio do Fundo Nórdico de Desenvolvimento.

ANE, IP

Eng. Américo Dimande Director Geral


Eng. Luis Fernandes Director do Gabinete de Emergência e
Coordenador do Projecto
Eng. Nelson Tsanzana Director dos Serviços Centrais de Manutenção
Eng. Migel Coanai Director dos Serviços Centrais de Planificação
Eng. Rubina Normahomed Chefe do Departamento de gestão da
Manutenção
Eng. Calado Ouana Chefe do Departamento de Gesrão da Rede de
Estradas
Grupo Técnico de Trabalho Engenheiros da ANE, Engenheiros do MOPHRH,
Engenheiros dos Municípios, Consultores,
Académicos.

Consórcio TRL – Consultor de Pesquisa

Dr Martin B Mgangira Autor Principal


Dr Rodgers Mugume Revisor
Eng. Kenneth Mukura Lider da Equipe

Financiadores

Governo de Moçambique MOPHRH, Ministério das Finanças, Fundo de


Estradas
Fundo Nórdico de Aage Jorgensen
Desenvolvimento

(iii)
Abreviaturas e Unidades

AASHTO American Association of State Highway Transportation Officials


ANE Administracao Nacional de Estradas
ASTM American Society for Testing Materials
B Largura da Fundação
B' Largura Efectiva da Fundação

CBR California Bearing Ratio


Cc Índice de Compressão

CPT Teste de Penetração de Cone


CRR Razão de Resistência Cíclica
Cs Índice de Inchamento
Cv Coeficiente de Consolidação
D Espessura da Fundação

DCP Penetrômetro Dinâmico de Cone


DPSH Sonda Dinâmica Superpesada
E Módulo de Young

EIA Avaliação de Impacto Ambiental


FHWA Federal Highway Administration
FWD Falling Weight Deflectometer
GRSS Sistemas de Solos Reforçados com Geossintéticos

H Profundidade de Escavação
H Espessura da Camada Compressível
K Coeficiente de pressão do solo
Ka Pressão activa do solo
Kp Coeficiente de pressão passiva do solo

L Comprimento da Fundação
LEM Laboratório de Engenharia de Moçambique
MSE Solo Mecanicamente Estabilizado
MSWS Sistemas de Paredes Mecanicamente Estabilizadas
N Golpes de SPT
PVD Dreno Vertical Pré-fabricado
RQD Designação de Qualidade da Rocha

Sc Assentamento de Consolidação Primária


SNWS Sistema de solo de parede pregada
USCS Sistema Unificado de Classificação de Solo

cu Resistência de corte (Cisalhamento) Não Drenada


d Profundidade de Penetração da Estaca Prancha

mv Coeficiente do volume de compressibilidade


qc Resistência à Compressão Não Confinada
γ' Peso Unitário Efectivo do Material
ρ Densidade
σ' Pressão efectiva
φ Ângulo de atrito interno
φ' Ângulo efectivo de atrito interno

(iv)
Índice
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
1.1 OBJECTIVO ................................................................................................................................... 1
1.2 ESCOPO ....................................................................................................................................... 1
1.3 OPERAÇÕES GEOTÉCNICAS E ADMINISTRAÇÃO ................................................................................... 1
1.4 PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA ........................................................................................ 2
1.5 VISÃO GERAL DO MANUAL ............................................................................................................. 3
1.6 DIRECTRIZES DA ANE, IP ................................................................................................................ 5
2 PLANIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DO PROJECTO............................................................................ 6
2.1 VISÃO GERAL ............................................................................................................................... 6
2.2 PLANIFICAÇÃO PRELIMINAR DO PROJECTO......................................................................................... 7
2.3 DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE SONDAGEM SUBTERRÂNEA ........................................................... 14
3 INVESTIGAÇÃO DE CAMPO .................................................................................................. 18
3.1 PLANIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO DE CAMPO ................................................................................... 18
3.2 APLICAÇÃO E LIMITAÇÕES DOS MÉTODOS DE SONDAGENS GEOTÉCNICAS ............................................... 24
3.3 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO E DA ROCHA ............................................................................................. 36
A TABELA 3-16 SERVE DE GUIÃO PARA O USO DE ROCHAS DESGASTADAS COMO MATERIAL DE BASE DE ESTRADAS. . 53
3.4 SELECÇÃO DE PARÂMETROS DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA ................................................................. 53
3.5 CATEGORIAS SUBTERRÂNEAS LOCAIS .............................................................................................. 55
4 CONSIDERAÇÕES DE DIMENSIONAMENTO ........................................................................... 66
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 66
4.2 ABORDAGEM ANALÍTICA ............................................................................................................... 66
4.3 ATERROS DE ESTRADAS ................................................................................................................ 93
4.4 ENCONTROS, MUROS DE CONTENÇÃO E TALUDES REFORÇADOS ......................................................... 134
4.5 TALUDES DE ESTRADAS ............................................................................................................... 151
4.6 ANÁLISE E MITIGAÇÃO DE DESLIZAMENTOS DE TERRA ...................................................................... 172
4.7 DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO PARA FUNDAÇÕES DE ESTRUTURAS MARÍTIMAS ............................... 182
4.8 DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE INFILTRAÇÃO E DRENAGEM SUBTERRÂNEA .............................. 187
4.9 DIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO PARA SINAIS, PLACAS, BARREIRAS ACÚSTICAS E AQUEDUTOS ........... 189
4.10 ASPECTOS GEOTÉCNICOS PARA O DIMENSIONAMENTO E INSTALAÇÃO DE TUBOS .................................. 191
4.11 DIMENSIONAMENTO GEOSSINTÉTICO............................................................................................ 193
5 MELHORIA DO SOLO.......................................................................................................... 197
5.1 OBJECTIVO ............................................................................................................................... 197
5.2 PARÂMETROS DE PROJECTO E DADOS DE ENTRADA PARA ANÁLISE DE MELHORIA DO SOLO ..................... 197
5.3 TÉCNICAS DE MELHORIA DO SOLO ................................................................................................ 197
6 INVESTIGAÇÃO DURANTE A CONSTRUÇÃO......................................................................... 206
6.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 206
6.2 INSTRUMENTAÇÃO IN-SITU E MONITORAMENTO ............................................................................. 206
6.3 FONTES DE MATERIAIS DE TERRAPLENAGEM ................................................................................... 206
6.4 GARANTIA DE QUALIDADE DURANTE A CONSTRUÇÃO ....................................................................... 207
7 CONSIDERAÇÕES PÓS-CONSTRUÇÃO E MONITORAMENTO................................................. 209
7.1 ASPECTOS GEOTÉCNICOS EM ASSUNTOS DE MANUTENÇÃO ............................................................... 209
7.2 INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO........................................................................................ 209
8 USO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR............................................................................ 211
9 RELATÓRIOS E DOCUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA .................................................................. 214
9.1 REQUISITOS GERAIS ................................................................................................................... 214

(v)
9.2 REQUISITOS DE CONTEÚDO DO RELATÓRIO GEOTÉCNICO ........................................................
214
9.3 INFORMAÇÕES QUE DEDEM CONSTAR NO ARQUIVO DE PROJETO GEOTÉCNICO .................................... 220
9.4 RELATÓRIOS GEOTÉCNICOS DO CONSULTOR E DOCUMENTAÇÃO PRODUZIDA EM NOME DA ANE, IP ....... 221
9.5 RESUMO DAS CONDIÇÕES GEOTÉCNICAS ....................................................................................... 223
10 REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 225
APÊNDICE A EXEMPLOS DE REGISTO DE SONDAGEM SUBTERRÂNEA ..................................... 227
APÊNDICE B LISTA DE CONTROLO DE REVISÃO DE RELATÓRIOS GEOTÉCNICOS (FHWA, 2003) 228
APÊNDICE C EXEMPLOS ILUSTRATIVOS RESOLVIDOS ............................................................. 238

(vi)
Lista de Tabelas
Tabela 2-1: Categorias de Perigos Geológicos ........................................................................................ 9
Tabela 3-1: Amostragem e medições de testes laboratoriais .............................................................. 33
Tabela 3-2: Guia para planificar uma investigação de solo em perfil de solo estável .......................... 34
Tabela 3-3: Guia para planificar uma investigação do solo em solos variáveis saturados ................... 35
Tabela 3-4: O Sistema de Classificação de Solo AASHTO (AASHTO M 145 ou ASTM D 3282 em
Samtani, 2006) ...................................................................................................................................... 38
Tabela 3-5: Definições de USCS ............................................................................................................ 39
Tabela 3-6: Classificação de rocha ........................................................................................................ 42
Tabela 3-7: Termos de Desgaste para a Massa Rochosa ...................................................................... 43
Tabela 3-8: Escala de resistência relativa da rocha .............................................................................. 44
Tabela 3-9: Termos de Estratificação .................................................................................................... 45
Tabela 3-10: Definição do Espaçamento de Descontinuidade ............................................................. 46
Tabela 3-11: Descrição da Inclinação .................................................................................................... 46
Tabela 3-12: Descrição Qualitativa de Rochas Baseada no RQD .......................................................... 47
Tabela 3-13: Densidade de Fractura. Modificado da Agência de Reclamação do DOI E.U (1998) ....... 48
Tabela 3-14: Descrição da resistência do material rochoso no campo versus UCS.............................. 49
Tabela 3-15: Análise Necessária de Engenharia Geotécnica (FHWA, 2012) ......................................... 50
Tabela 3-16: Classificação de Rochas Desgastadas para Aplicação nas Bases de Estradas .................. 53
Tabela 3-17: Categorias substerrâneaslocais........................................................................................ 56
Tabela 3-18: Guia para determinar a gravidade do problema de colapso ........................................... 57
Tabela 4-1: Factores de capacidade de carga (AASHTO, 1996) ............................................................ 78
Tabela 4-2: Factores de correção de forma (AASHTO 1996) ................................................................ 79
Tabela 4-3: Factor de correção de profundidade (Brinch Hansen, 1970)............................................. 79
Tabela 4-4: Factor de correcção para localização do lençol freático (AASHTO, 1998) ......................... 80
Tabela 4-5: Factor de correção da fundação inclinada (Brinch Hansen, 1970) .................................... 81
Tabela 4-6: Selecção de Factores de Carga Máxima ou Mínima na Base da Fundação directa para
Vários Modos de Falha para o Estado Limite de Resistência (WSDOT 2010) ....................................... 84
Tabela 4-7: Valores médios para coeficiente de pressão do solo......................................................... 87
Tabela 4-8: Valores de Ks tan δ segundo Tomlinson (1977) ................................................................ 88
Tabela 4-9: Propriedades de engenharia e testes de campo e de laboratório para o
dimensionamento do aterro. De Washington State DOT (2013) ......................................................... 95
Tabela 4-10: Parâmetros e símbolos de consolidação.......................................................................... 98
Tabela 4-11: Terminologia do solo aplicada ao histórico de tensão (Loehr et al. 2016) .................... 104
Tabela 4-12: Equações de Assentamento de Consolidação Primária (NYSDOT, 2012) ...................... 110
Tabela 4-13: Equações de Assentamento de Consolidação Secundária (NYSDOT, 2012) .................. 111
Tabela 4-14: Métodos, detalhes e hipóteses de estabilidade de taludes (ODOT, 2018) ................... 121
Tabela 4-15: Tamanho do Gabião da malha de arame de aço hexagonal típico ................................ 140
Tabela 4-16: Adequação de sistemas de suporte de muro ................................................................ 142
Tabela 4-17: Detalhes dos sistemas de suporte lateral (Franki) ......................................................... 149
Tabela 4-18: Ângulos de declive de enchimento preliminar .............................................................. 154
Tabela 4-19: Taxas de declive de corte do solo (H:V) para fins de projecto preliminar ..................... 158
Tabela 4-20: Opções de remediação (adaptado de VDOT, 2012)....................................................... 169
Tabela 4-21: Técnicas de estabilização de taludes de aterros para taludes íngrimes. Modificado de
MPWT (2008) ...................................................................................................................................... 172
Tabela 4-22: Factores comuns causadores de deslizamentos de terra. Modificado de Nettleton et al
(2005) em ERA (2013) ......................................................................................................................... 173
Tabela 4-23: Causas naturais e artificiais de deslizamentos de terra (ERA, 2013) ............................. 174
Tabela 4-24: Factores causadores climáticos, geológicos, hidrológicos e topográficos ..................... 175

(vii)
Tabela 4-25: Classificação de deslizamentos de terra em termos de profundidade (Wintercorn e
Fang, 1975).......................................................................................................................................... 176
Tabela 4-26: Ângulos de limite para diferentes materiais geológicos no talude (de Corominas, 2003),
............................................................................................................................................................ 178
Tabela 4-27: Medidas correctivas comuns de deslizamentos. De Sassa e Canuti (2008)................... 181
Tabela 4-28: Técnicas de Construção Sem Valas (NYSDOT, 2018) ..................................................... 193
Tabela 4-29: Tipo e função dos geossintéticos ................................................................................... 194
Tabela 4-30: Resumo das propriedades de materiais para geossintéticos ........................................ 194
Tabela 5-1: Resumo das técnicas de melhoria do solo (Hunt, 1986).................................................. 198
Tabela 5-2: Processo de dimensionamento da melhoria do solo (NYSDOT, 2013) ............................ 201
Tabela 5-3: Estratégia, funções e métodos de melhoria do solo (NYSDOT, 2013) ............................. 202
Tabela 5-4: Vantagens e desvantagens dos métodos de melhoria do solo........................................ 203
Tabela 8-1: Exemplos de produtos de software e áreas de aplicação ................................................ 212
Tabela 9-1: Lista de verificação geral do relatório geotécnico ........................................................... 222

(viii)
Lista de Figuras

Figura 2-1: Planificação Geotécnico do Projecto .................................................................................... 6


Figura 2-2: Epicentros de terremotos 1905-2008 (esquerda) e actividade sísmica em Moçambique -
zonas de intensidade (direita) (INGC e PNUD, 2011)............................................................................ 12
Figura 2-3: Eventos de cheias severas durante as últimas quatro décadas ......................................... 13
Figura 3-1: O Sistema Unificado de Classificação de Solo (ASTM D 2487) ........................................... 39
Figura 3-2: Caixa de carote de Rocha Recuperada (Estrada N221 Chibuto - Guijá, Província de Gaza)
.............................................................................................................................................................. 47
Figura 3-3: Determinação do RQD ........................................................................................................ 48
Figura 3-4: Gráfico de previsão de potencial de dilatação de Van der Merwe .................................... 59
Figura 3-5: Nomograma para estimar a dilatação potencial total provável de ser experimentada em
solos expansivos (A seguir Van der Merwe e Savage, 1979) ................................................................ 60
Figura 3-6: Percentagem de dilatação, segundo Weston (1979).......................................................... 61
Figura 3-7: Gráficos baseados em CPT para estimar a taxa de resistência cíclica (CRR) para areias
limpas (Segundo Ishihara 1993). ........................................................................................................... 63
Figura 3-8a Taxa de resistência cíclica (CRR) para areias limpas em condições de solo nivelado
baseada na limitação da tensão ao corte do CPT, b) Variação de taxa de resistência cíclica (CRR) com
teor de finos baseados nos dados de desempenho de campo do CPT (segundo Stark e Olson 1995).64
Figura 4-1: Parâmetros de resistência na análise de estabilidade pelo método de limite de equilíbrio
no talude de rocha e de solo (adoptado de Hunt, 1986) ...................................................................... 67
Figura 4-2: Definição de análise de estabilidade por limite de equilíbrio para aterro em argila mole
(adoptado de Hunt, 1986)..................................................................................................................... 68
Figura 4-3: Parâmetros de resistência na análise de estabilidade pelo método de limite de equilíbrio
de muro de contenção de gravidade (adoptado de Hunt, 1986) ......................................................... 68
Figura 4-4: Diagrama de pressão aparente do solo para areias (Sabatini et al., 1999) ........................ 69
Figura 4-5: Diagramas de pressão aparente do solo para argilas muito duras a duras e moles a
médias (Sabatini et al., 1999)................................................................................................................ 71
Figura 4-6: Distribuição da pressão para suporte de solo livre e fixo ................................................... 72
Figura 4-7: Modos de falha: (a) corte geral, (b) corte local e (c) corte por punçoamento (Craig, 2004)
.............................................................................................................................................................. 75
Figura 4-8: Sapata da largura Bf numa profundidade Df abaixo da superfície...................................... 76
Figura 4-9: Factores de capacidade de carga versus ângulo de atrito (AASHTO, 1996) ....................... 77
Figura 4-10: Inclinação da fundação para horizontal (segundo Meyerhof 1953)................................. 81
Figura 4-11: Distribuição de pressão na base da fundação .................................................................. 82
Figura 4-12: Definição e localização de forças para sapatas (de WSDOT, 2010) .................................. 83
Figura 4-13: Definição da resistência do eixo e suporte da ponta da fundação profunda (Das, 2001) 85
Figura 4-14: Factor de capacidade de carga de Meyerhof, Nq ∗ .......................................................... 88
Figura 4-15: Variação da resistência unitária de ponta numa areia homogênea (de Das, 2001)......... 89
Figura 4-16: Fricção unitária para estacas na areia (from Das, 2001) .................................................. 89
Figura 4-17: Principais tipos de estacas (De Hunt, 1986) ..................................................................... 91
Figura 4-18: Seção Típica de Corte/Aterro (NYSDOT 2012) .................................................................. 93
Figura 4-19: Curva de pressão versus taxa de vazios (curva e-log-p), (Hunt ,1986) ............................. 97
Figura 4-20: Definição do parâmetro de consolidação idealizada (Loehr et al. 2016) ......................... 99
Figura 4-21: Apresentações alternativas comuns para testes de consolidação: (a) log da tensão
vertical efectiva - deformação vertical e (b) log natural da tensão vertical efectiva - volume específico
(Loehr et al. 2016) ............................................................................................................................... 100
Figurra 4-22: Ilustração do método de Casagrande para interpretar a tensão de pré-consolidação
(Loehr et al. 2016) ............................................................................................................................... 101

(ix)
Figura 4-23 Método de Schmertmann (1955) para obter a curva de consolidação de campo para
solos normalmente consolidados (em Loehr et al. 2016, de Holtz, et al., 2011). .............................. 103
Figura 4-24: Método de Schmertmann (1955) para obter a curva de consolidação de campo para
solos superconsolidados (em Loehr et al. 2016 de Holtz, et al., 2011) .............................................. 104
Figura 4-25: Compressão versus tempo para um ciclo de carga de teste de consolidação (Hunt, 1986)
............................................................................................................................................................ 105
Figura 4-26: Método do logaritmo do tempo de Casagrande para determinar o coeficiente de
consolidação (Loehr et al. 2016) ......................................................................................................... 106
Figura 4-27: Método de Taylor da raiz quadrada do tempo para determinar o coeficiente de
consolidação (Craig, 2004) .................................................................................................................. 107
Figura 4-28: Avaliação de 𝑪𝜶 da resposta de tempo - deformação para incremento de teste de
consolidação (Loehr et al. 2016) ......................................................................................................... 109
Figura 4-29: Factores de influência na tensão vertical sob um aterro muito longo (segundo NAVFAC,
1971 como reportado em Holtz e Kovacs, 1981)................................................................................ 113
Figura 4-30: Valores de influência para a tensão vertical sob os cantos de uma carga triangular de
comprimento limitado (segundo NAVFAC, 1971 como reportado em Holtz e Kovacs, 1981) ........... 114
Figura 4-31: Mecanismo de roptura de arco circular típico. Adaptado de US DOT FHWA (2006) ..... 119
Figura 4-32: Modos de falhas do talude lateral em aterros. De IOWA State (2013) e US DOT FHWA
(2006) .................................................................................................................................................. 120
Figura 4-33: Conceito de cálculo da consolidação percentual na construção em etapas (NYSDOT,
2012) ................................................................................................................................................... 124
Figura 4-34: Princípios do Método de Construção por etapas (NYSDOT, 2012) ................................ 125
Figura 4-35: Dimensionamento da Contra-berma, de NAVFAC (1982) em Hunt (1984) .................... 129
Figura 4-36: Uso de chave de corte (US DOT FHWA (2006B) ............................................................. 130
Figura 4-37: Uso de drenos verticais para acelerar o assentamento (NCHRP, 1989) ......................... 133
Figura 4-38: Remoção e substituição .................................................................................................. 134
Figura 4-39: Elementos de um aterro de acesso da ponte. de Briaud et al (1997) ............................ 134
Figura 4-40: Assentamento e arraste para baixo em pilares e estacas de pontes. Modificado de US
DOT FHWA 2006 ................................................................................................................................. 135
Figura 4-41: Terminologia associada aos muros de contenção de semigravidade ............................ 136
Figura 4-42: Diagrama de forças de um muro de contenção gravitacional (Hunt, 1986) .................. 138
Figura 4-43: Exemplos típicos de paredes de gabião .......................................................................... 139
Figura 4-44: Um muro de contenção típico ancorado (NYSDOT, 2013) ............................................. 141
Figura 4-45: Muro do MSES com Painéis de Face de Betão Pré-moldados ........................................ 143
Figura 4-46: Aplicação de taludes reforçados na construção de estradas. NYSDOT (2007)............... 144
Figura 4-47: Modos de roptura para aterros de solo reforçado. US DOT FHWA, 2001) .................... 145
Figura 4-48: Muro de Pregagem do Solo (NYSDOT, 2013).................................................................. 147
Figura 4-49: Terminologia comumente usada para definir uma estrada e taludes associados ......... 151
Figura 4-50: Efeito de Inundações e rebaixamento rápido na estabilidade do aterro ....................... 152
Figura 4-51: Construção típica de aterros em áreas montanhosas. De FAO (1998)........................... 153
Figura 4-52: Taludes laterais típicos de um aterro de enrocamento.................................................. 154
Figura 4-53: Enchimento de bancos num talude de bancos ao lado da colina com. JKR (2010) ........ 155
Figura 4-54: Banco de talude de corte (Hunt, 1986) .......................................................................... 157
Figura 4-55: Forças condutoras e de resistência num talude rochoso (Willey, 1991)........................ 161
Figura 4-56: Método de reforço do talude rochoso (Willey, 1991) .................................................... 161
Figura 4-57: Métodos de remoção de rochas para estabilização do talude rochoso (Willey, 1991) . 162
Figura 4-58: Muro de Captação de Cabo de Aço (NYSDOT, 2013)...................................................... 163
Figura 4-59: Percursos de queda de rochas e distância de lançamento (Pierson et al., 2001) ......... 164
Figura 4-60: Diagrama de Talude de corte da rocha (MnDOT, 2017) ................................................. 165
Figura 4-61: Processo de análise de estabilidade do talude ............................................................... 168
Figura 4-62: Tipos de deslizamentos de terra (adaptado de Wintercorn e Fang, 1975) .................... 176

(x)
Figura 4-63: Avaliação de suscetibilidade de deslizamentos de terra (Chae et al., 2017).................. 177
Figura 4-64: Relação entre mobilidade de deslizamento (H/L) e volume (de Chae et al., (2017) ...... 178
Figura 4-65: Mecanismo de transmissão de dados entre dispositivos de monitoramento de
deslizamento e de alerta. (de Fathani et al., 2016) ............................................................................ 180
Figura 4-66: Tipos de estruturas à beira-mar (de Hunt, 1986) ........................................................... 183
Figura 4-67: Estrutura à beira-mar ao longo Avenida da Marginal, Maputo...................................... 183
Figura 4-68: Métodos para reduzir as pressões laterais e subsidência do talude traseiro em solos
moles (de Hunt, 1986) ........................................................................................................................ 185
Figura 4-69: Diagrama de pressão ao redor do muro de estacas-prancha em consola (de Hunt, 1986)
............................................................................................................................................................ 186
Figura 4-70: Diagrama de pressão contra o sistema de divisória ancorado (de Hunt, 1986)............. 186
Figura 4-71: Métodos de controlo da drenagem do pavimento (de Hunt, 1986) .............................. 188
Figura 4-72: Detalhe do projecto da fundação para um terreno inclinado (de WSDOT, 2010) ......... 190
Figura 5-1: Relação do espaçamento do dreno (S) com a zona de influência do dreno (D) (Rixner et
al., 1986) ............................................................................................................................................. 200

(xi)
1 Introdução

1.1 Objectivo
Este manual foi preparado para uso pelo pessoal técnico da ANE, IP e para servir de guião
para os profissionais que são contratados para fornecer serviços geotécnicos à ANE, IP.
Visa estabelecer procedimentos para fornecer consistência na realização de análise e
avaliação de engenharia geotécnica. Este manual apresenta aspectos do desenvolvimento
de parâmetros de demensionamento e indica as informações de entrada necessárias a
considerar para garantir que o dimensionamento e a construção de obras geotécnicas
sejam geridas com sucesso, e que sejam seguras e económicas.

1.2 Escopo
Os problemas geotécnicos típicos relacionados com o dimensionamento e construção de
estradas em Moçambique incluem áreas pantanosas, inundações, presença de argilas
expansivas e areias soltas na Região Sul. Os problemas dominantes na Região Centro
incluem inundações durante a maré alta nas áreas baixas, erosão de aterros de solos,
áreas montanhosas muito íngremes com materiais escorregadios. A Região Norte também
é vulnerável a inundações e adicionalmente, tem a presença de solos expansivos, áreas
montanhosas muito íngremes e areias soltas.
O sucesso das obras geotécnicas, portanto, não é influenciado apenas pelo bom
entendimento das condições prevalecentes do subsolo, mas também pelo terreno e pela
consciência de possíveis problemas que podem influenciar o dimensionamento e a
execução bem-sucedida de projectos num local específico do país. Isto exige a aplicação
de experiência e bom senso de engenharia geotécnica por parte dos profissionais, a fim
de identificar e resolver problemas geotécnicos em tempo útil.
O uso deste manual deve ser combinado com a aplicação da experiência na determinação
dos parâmetros adequados como inputs necessários para: métodos para melhorar as
condições naturais do solo, incluindo técnicas de estabilização de taludes; aspectos
geotécnicos de dimensionamento de taludes natural e de corte e estabilidade de taludes;
escavação superficial; considerações de projecto para aterros, fundações, muros de
contenção e taludes de solo reforçado. Este manual apresenta informações de orientação
para a aplicação de boas práticas de engenharia para atingir esse objectivo de maneira
consistente.
É da responsabilidade do consultor, conhecer a influência do tipo de estrutura e sua
importância, bem como as condições geológicas localizadas, ao longo da investigação de
subsolo necessária para o projecto da estrada. Este manual deve ser usado em conjunto
com a última edição do Manual de Investigação de Campo.
O uso das informações contidas neste documento não isenta, de forma alguma, os
profissionais de suas obrigações e responsabilidades relativas à responsabilidade
profissional.

1.3 Operações Geotécnicas e Administração


Os factores que afectam a concepção e construção de obras geotécnicas devem ser
identificados o mais cedo possível num projecto. A boa prática requer a comunicação
adequada no projecto. Para obter os melhores resultados, é necessário considerar
cuidadosamente uma grande gama de questões antes que as actividades de
dimensionamento relacionadas às obras de engenharia geotécnica sejam conduzidas. A
planificação, investigação e dimensionamento para todos os projectos e elementos do
projecto envolvendo engenharia de solos ou rocha são da responsabilidade do Engenheiro
Geotécnico. Um rigoroso processo de engajamento deve ser implementado entre o

(1)
Engenheiro Geotécnico a quem foi atribuída a responsabilidade de coordenar e concluir as
actividades de concepção geotécnica para o projecto e os profissionais baseados no
campo, para garantir um entendimento comum da gestão das operações do projecto
geotécnico e requisitos especiais por todo pessoal da equipe do projecto.
A planificação geotécnica deve incluir a revisão teórica ou documental do projecto,
investigação de reconhecimento de campo e avaliação inicial do risco geológico. A
investigação deve envolver a colecta de dados específicos do local, incluindo problemas
subterrâneos e perfis de solo, seguido pela fase de concepção do projecto.
A fase inicial da planificação tem como objectivo definir o projecto. Nesta fase, são
pesquisados e revistos os registos de investigações anteriores do Laboratório de
Engenharia de Moçambique (LEM), se disponíveis, mapas geológicos e de levantamento
de solos publicados, fotografias aéreas e registos de construções antigas. Com base nesta
revisão abrangente, o projectista geotécnico deve se tornar completamente familiarizado
com os elementos do projecto propostos, a fim de definir o programa de investigação de
campo, que deve delinear o número de perfurações, localização, profundidade,
amostragem e requisitos de teste de campo, conforme previsto no Manual de Investigação
de Campo.
Os problemas potenciais de construtibilidade e riscos geotécnicos, como deslizamentos de
terra, queda de rochas, inundações, erosão e solos moles devem ser identificados nesta
fase, seguido pela prevenção conceptual do risco ou planos de mitigação para resolver
todos os problemas geotécnicos identificados. Os especialistas geotécnicos devem ser
envolvidos nesta conceptualização e devem fornecer orientação quanto à necessidade de
licenças especiais para realizar a investigação geotécnica.
A provisão de suporte técnico para aspectos geotécnicos de planificação,
dimensionamento, construção e manutenção deve ser da responsabilidade do Engenheiro
Geotécnico da ANE, IP. As questões operacionais e administrativas devem incluir a
determinação de uma investigação subterrânea apropriada para a fase de
desenvolvimento do projecto e as condições do local; identificação, prevenção e mitigação
de riscos geológicos e outras questões geotécnicas que requerem tratamento;
terraplenagens; fundações para estruturas de contenção de solos em estradas; fundações
para instalações; estabilidade dos taludes; assentamentos; tratamentos do leito;
hidrogeologia; construtibilidade; e prática de monitoramento e manutenção conforme
descrito neste Manual. Além disso, deve ser mantido um banco de dados de inventário
centralizado de riscos geológicos para todos os distritos de Moçambique, na Sede da ANE,
IP.

1.4 Processo de Investigação Geotécnica


O objectivo básico de uma investigação geotécnica para a construção de estradas é
fornecer ao Engenheiro Geotécnico o conhecimento das condições subterrâneas ao longo
do corredor do projecto rodoviário. A definição precisa das condições geológicas e relações
estratigráficas ao longo do corredor do projecto é vital no estabelecimento de
características-chave que podem apresentar problemas de dimensionamento e construção
no projecto. A recolha das informações existentes é o primeiro passo importante durante
as investigações geotécnicas, para facilitar o dimensionamento seguro e económico,
fornecer as informações sobre os materiais e as condições a serem encontradas e,
portanto, auxiliar no dimensionamento de soluções de construção adequadas.
As fases do processo de investigação geotécnica são normalmente as seguintes:
1. Investigação de reconhecimento
2. Exploração para o projecto preliminar
3. Exploração para o projecto detalhado
4. Exploração durante a construção

(2)
As etapas detalhadas do projecto e as principais actividades são apresentadas no Manual
de Investigação de Campo de 2019. O nível de detalhe da investigação em cada fase
depende das informações reveladas na fase anterior. O escopo de trabalho para as
investigações normalmente incluirá as seguintes actividades:
• Realização de investigações geotécnicas do local, incluindo perfuração de furos,
escavação do poço de teste, testes de penetração de cone, teste de penetração dinâmica
do cone, avaliação de taludes e aterros e ensaios laboratoriais.
• Documentar as informações geotécnicas sobre as condições subterrâneas ao longo do
corredor rodoviário proposto.
• Fornecer um resumo dos resultados dos testes laboratoriais.
• Fornecer a interpretação das condições subterrâneas e preparar um modelo de terreno
para o alinhamento do projecto.
• Fornecer os valores para parâmetros de solo a serem usados nas análises e
recomendações de dimensionamento.

O manual fornece a orientação sobre a aplicação dos princípios e procedimentos para o


dimensionamento geotécnico conforme aplicado no desenvolvimento e construção de
estradas, incluindo a investigação de campo da fase pós-construção, envolvendo o
monitoramento do comportamento de longo prazo da estrada e das estruturas.

1.5 Visão Geral do Manual


O usuário deste manual deve ter em mente que este documento é um guião,
principalmente para servir o utilizador e deve ser entendido que a cobertura dos tópicos
não pode ser exaustiva, embora todo esforço tenha sido feito para incluir tantos tópicos
como sugerido pelos profissionais no país.
Para tais casos, onde há cobertura limitada sobre um tópico, o projectista é obrigado a
usar abordagens alternativas ou obter as informações adicionais contidas nas várias
referências fornecidas neste documento, bem como as práticas de engenharia. Abrange
aspectos da concepção geotécnica relativos a fundações de estradas, taludes de estradas,
aterros de estradas, estruturas de contenção, investigação na fase de construção e
monitoria pós-construção e o padrão de relatórios geotécnicos.
Do ponto de vista de aplicação da engenharia geotécnica, a seguir são apresentadas as
principais actividades relacionadas, incluindo aspectos de investigação da condição
subterrânea, dimensionamento, estágios de construção e pós-construção durante a
implementação de projectos dentro do ambiente rodoviário:
1. Investigações subterrâneas de campo,
2. Ensaios laboratoriais,
3. Caracterização geológica do local,
4. Estrutura de fundação e dimensionamento dos muros de contenção,
5. Dimensionamento de estabilidade dos taludes de corte e aterro,
6. Melhoria do solo subterrâneo,
7. Dimensionamento de taludes de rocha,
8. Gestão de taludes instáveis,
9. Estabilização de taludes em corte e aterro,
10. Mitigação de taludes instáveis,
11. Infiltração, drenagem subterrânea e projecto ou dimensionamento hidrogeológico
relacionado,
12. Avaliação das fontes do material,
13. Investigação do estágio de construção,
14. Monitoria de longo prazo do local para fins de engenharia geotécnica,
15. Manutenção dos problemas geotécnicos que vão surgindo e

(3)
16. Preparação do relatório geotécnico.

As actividades acima são categorizadas nas seguintes seções principais do manual:


1. Planificação geotécnica do projecto
2. Investigações de campo e ensaios laboratoriais,
3. Considerações de dimensionamento
4. Investigação durante a construção
5. Considerações e monitoramento pós-construção
6. Relatórios e documentação geotécnica

1.5.1 Planificação Geotécnica do Projecto

Nesta secção, são discutidos os diferentes aspectos de planificação geotécnica do projecto.


É necessária uma planificação cuidadosa e detalhada antes do início do trabalho para
garantir que o programa de trabalhos, destinado a providenciar aos profissionais do
projecto, o conhecimento existente dos materiais e condições subterrâneas a serem
encontrados, flua suavemente e a informação necessária para o dimensionamento
geotécnico seguro e económico do projecto seja obtida adequadamente. Isso envolverá
uma planificação preliminar de projecto e a elaboração do plano de sondagens
subterrâneas.
O processo de planificação ajudará a decidir sobre os métodos de investigação adequados,
levando em consideração o tipo de projecto, seja para o propósito de uma nova construção
ou investigação de uma obra colapsada. As investigações superficiais, subterrâneas e
laboratoriais são integradas para obter as informações necessárias para as concepções ou
dimensionamentos geotécnicos. Os processos a serem seguidos para a investigação
subterrânea devem envolver a aplicação dos procedimentos fornecidos no Manual de
Investigação de campo.

1.5.2 Investigações de Campo


A pesquisa de reconhecimento de campo é a primeira etapa a ser realizada numa
investigação geotécnica e, deve ser executada por pessoal experiente e devidamente
qualificado. O trabalho de campo e a pesquisa de reconhecimento complementarão o
estudo documental direcionado à colecta, comparação e revisão da informação disponível.
Após a conclusão da pesquisa de reconhecimento de campo e do estudo documental, as
investigações de campo devem ser realizadas. Para alcançar os objectivos necessários de
dimensionamento, é necessário um conhecimento detalhado e profundo das propriedades
da rocha e do solo. O conhecimento dos vários tipos de rocha e sua classificação é
importante, pois as propriedades características influenciam o tipo de formação do solo,
pois as rochas se desintegram e se decompõem durante os processos de transformação
induzida pelo meio ambiente. Os solos são então transportados por vários agentes para
formar novos depósitos, que são classificados por origem e subclassificados por modo de
deposição. As propriedades de engenharia são derivadas da origem e do modo de
deposição a partir dos quais a analise preliminar dos problemas geotécnicos pode ser
antecipada para a concepção e execução do projecto.
A investigação de campo é realizada com o objectivo de caracterizar os materiais e as
condições que serão encontradas durante a construção e operação do projecto. A
natureza, variabilidade, proporção das propriedades do material e condições subterrâneas
são estabelecidas nesta fase.

1.5.3 Considerações de Dimensionamento


A secção sobre o dimensionamento geotécnico com foco na construção de estradas,
envolve o cálculo da magnitude do assentamento para aterros, análises de capacidade de
carga e estabilidade das estruturas de suporte e protecção, tais como muros de contenção,
dimensionamento de melhoria do subsolo para melhorar solos compressíveis a fim de

(4)
acelerar o processo de consolidação, melhoria dos solos granulares fracos dos aterros para
aumentar a resistência à deformação e dimensionamento da estabilização dos taludes.

1.5.4 Investigação na Fase de Construção


Os programas de sondagem subterrânea nem sempre identificam todas as condições
importantes de problemas subterrâneos, particularmente em locais com geologia
complexa. À medida que o local ao longo do corredor do projecto fica disponível durante
a construção, as condições geológicas podem ser reveladas, que podem não ter sido
encontradas durante as investigações anteriores e, portanto, não abordadas nos relatórios
geotécnicos. A condição geológica imprevista pode exigir investigação adicional para obter
mais informações. A medição do comportamento do solo durante a construção pode ser
necessária. Isso irá facilitar o reconhecimento precoce de desvios dos valores iniciais e
pode levar à alteração das técnicas de dimensionamento e construção ou exigir um
programa especial para observar quaisquer estruturas existentes, como muros de
contenção, taludes de solo reforçado, por meio de instrumentação, de modo que a
operacionalidade das estruturas seja garantida. Além disso, terá impacto nas fontes de
material de terraplenagem e nos aspectos de garantia de qualidade no controle do
processo de construção. Isso tem implicações nos custos do projecto.

1.5.5 Considerações e Monitoramento Pós-construção


A monitoria pós-construção é realizada para monitorar o comportamento da estrutura
concluída e para validar as premissas de projecto de longo prazo ou pós-construção,
particularmente nas condições em que os assentamentos são antecipados. Esta fase
auxilia no reconhecimento precoce de problemas potenciais e também fornece dados para
melhorias em futuros projectos e técnicas de construção. Esta secção cobre aspectos
geotécnicos em assuntos de manutenção, instrumentação e monitoramento.

1.5.6 Relatórios e Documentação Geotécnica

Os relatórios visam organizar as informações sobre os princípios fundamentais das


investigações, as técnicas utilizadas para caracterizar as propriedades do solo e da rocha,
quantificar o comportamento mecânico do solo e da rocha, interpretar os dados
geotécnicos obtidos e as recomendações de aplicação no dimensionamento. O relatório e
a documentação dos dados recolhidos durante a investigação de campo, a identificação
das características gerais do local e das condições subterrâneas, bem como as
recomendações para análises e projectos de engenharia, devem ser devidamente
preparadas e formatados para abordar os aspectos geotécnicos para cada objectivo
específico do projecto. O relatório de investigação de campo pode ser apenas um
levantamento preliminar do solo, ou uma apresentação de dados geotécnicos, em
comparação com o Relatório de Engenharia Geotécnica detalhado. O objectivo desta
secção é garantir que os relatórios atendam aos padrões da indústria em termos de
requisitos gerais e requisitos de conteúdo do relatório geotécnico para o tipo de relatório
específico.

1.6 Directrizes da ANE, IP


A ANE, IP, possui actualmente poucos manuais de dimensionamento. Estes incluem:
• Normas de Trabalho para Obras Rodoviárias, 2014
• Manual de Dimensionamento Geométrico, 2017
• Manual de Dimensionamento de Pavimentos, 2017
• Manual de Hidrologia e Drenagem, 2017
• Guia Ambiental, 2012
• Manual de Reabilitação,2017
• Manual de Investigação de Campo, 2019

(5)
2 Planificação Geotécnica do Projecto

2.1 Visão Geral


A construção de estradas e estruturas correspondentes depende do conhecimento
detalhado e profundo das condições geológicas, o que requer o uso de dados recolhidos
para um dimensionamento adequado. Para atingir os objectivos necessários de
dimensionamento, é necessário um conhecimento detalhado das propriedades da rocha e
do solo. Esses dados são obtidos através de investigações geotécnicas.
As investigações geotécnicas podem ser necessárias em todas as fases do projecto de
construção da estrada. Às vezes, as investigações podem ser realizadas durante a fase
pós-construção para obter informações sobre o desempenho de longo prazo da estrada e
estruturas, particularmente onde o movimento é antecipado. O tamanho do projecto e a
sua localização tem um papel importante na forma como a investigação geotécnica é
planificada. A construção de uma estrada acontece num local extenso do projecto, mas
com projectos compactos para a construção de estruturas.
Para atingir os objectivos da investigação geotécnica de forma sistemática, as etapas
gerais descritas na Figura 2-1 devem fornecer uma orientação geral durante a fase de
planificação geotécnica do projecto. A primeira fase envolve a nomeação do especialista
geotécnico. Uma vez nomeado, o especialista deve se responsabilizar pelas etapas
subsequentes até a contratação do empreiteiro. Os aspectos das actividades para abordar
os diferentes estágios são discutidos abaixo.

Estágio 1: • Designar o Especialista Geotécnico


Acção da ANE

Estágio 2:
Responsabilidade do Especialista
• Realiza o trabalho de escritório para determinar as
Geotécnico prováveis condições do terreno

Estágio 3:
Responsabilidade do Especialista • Desenvolve o desenho conceptual: Optimizar a
Geotécnico construção para minimizar riscos geotécnicos

Estágio 4:
Responsabilidade do Especialista • Identificar parâmetros necessários para detalhar o
Geotécnico cálculo geotécnico

Estágio 5:
Responsabilidade Especialista • Planos de investigação terrestre para determinar as
Geotécnico condições do subsolo, suas variações, e obter
parâmetros geotécnicos
Estágio 6:
Responsabilidade Especialista • Definir métodos de investigação e testes a serem
Geotécnico usados

Estágio 7:
Responsabilidade Especialista
• Determinar padrões mínimos aceitáveis para
Geotécnico
trabalhos de investigação no subsolo

Estágio 8:
Responsabilidade do Especialista • Identificar os métodos adequados de licitação de
Geotécnico empreiteiros geotécnicos

Figura 2-1: Planificação Geotécnico do Projecto

(6)
2.2 Planificação Preliminar do Projecto
O objectivo da fase de planificação preliminar é desenvolver um plano de investigação
para identificar as condições geológicas existentes no local e quaisquer potenciais perigos
na fase inicial do projecto, tanto quanto possível. Isso deve começar com o estudo dos
planos preliminares do projecto, reunindo dados existentes do local, determinando as
características críticas do projecto e visitando o local. São revistas as informações
geotécnicas existentes, provenientes de sondagens anteriores do LEM e de qualquer outro
laboratório, mapas de vulnerabilidade e de levantamentos geológicos e de solos
publicados, fotografias aéreas, registos antigos de construção disponíveis no banco de
dados da ANE, IP.
Esta secção fornece uma orientação geral para a planificação de investigações geotécnicas
que são conduzidas para definir o projecto e os dados de entrada para as fases de
dimensionamento e preparação do plano de exploração subterrânea. O utilizador desta
secção do manual, deve consultar também a Secção 3.7 sobre investigação preliminar de
campo do Manual de Investigação de Campo 2019, que deve ser consultado em conjunto
com este manual.
Em resposta aos requisitos de projecto identificados, a fase de planificação preliminar da
investigação geotécnica deve abordar o seguinte:
• Identificação de riscos geológicos e impactos das mudanças climáticas,
• Identificação de características específicas do local,
• Identificação do relevo e geologia,
• Identificação de fontes de informação.

2.2.1 Riscos Geológicos e Impacto das Mudanças Climáticas

2.2.1.1 Riscos Geológicos


A avaliação geotécnica para a construção de estradas requer uma avaliação do local da
rota da estrada, bem como da condição geológica regional que pode impactar na
construção. A avaliação de risco, portanto, faz parte do processo de tomada de decisão do
desenvolvimento do plano de investigação geotécnica.
A boa prática preconiza que as soluções dos problemas geotécnicos sejam baseadas numa
avaliação exaustiva do grau de perigos que pode ocorrer ao longo de qualquer traçado
rodoviário devido às condições naturais e também como resultado da actividade humana,
como obras de construção. Os riscos geológicos devem ser identificados, pois eles
desempenharão um papel importante na maneira como a exploração subterrânea é
planificada para garantir que as informações adequadas sejam obtidas para um
dimensionamento apropriado.
A planificação da investigação deve ser adequada para abordar os potenciais riscos e
perigos geológicos. É na identificação dos perigos antecipados que a incerteza é reduzida.
Devem ser evitados locais onde a condição regional ou local é susceptível a desastres para
os quais o tratamento pode não ser economicamente viável. A Tabela 2-1 dá referência
às categorias de riscos geológicos, fornecendo uma perspectiva para classificação e
planificação adequada do local. Os riscos gravitacionais incluem principalmente a queda
de rochas e fluxos de detritos.
Um perigo adicional a ser considerado é devido ao aumento antecipado da temperatura
como resultado das mudanças climáticas. A previsão é que as secas se tornem mais
comuns no futuro. No contexto do comportamento do pavimento, longos períodos de seca
terão impacto no movimento da humidade dentro dos pavimentos. O leito próximo à
berma vai secar mais do que o leito próximo do centro da estrada, causando movimento
diferencial, o que induzirá pressões na forma de fissuras longitudinais. O relatório de
avaliação de vulnerabilidade mostra que o risco de seca é maior na área central do Vale
do Zambeze (zona de clima tropical semi-árido).

(7)
Os riscos associados aos perigos devem ser avaliados e considerados durante o
dimensionamento detalhado.

(8)
Tabela 2-1: Categorias de Perigos Geológicos
Perigo Geológico Causas de Ocorrência Classificação de Risco
Ocorrência Natural Actividade Humana
Terremoto e falhas • As incidências de terremotos • Os terremotos são induzidos L: Nenhuma falha mapeada dentro de
(Perigos geofísicos) são caracteristicamente por injecção de águas 3 km
geográficas. residuais em poços M: Falhas mapeadas dentro de 3 km,
• Os tipos mais comuns de profundos de disposição, mas não atravessadas pelo
terremotos são causados por durante a recolha e alinhamento da estrada
movimentos ao longo das falhas armazenamento de carbono H: O alinhamento da estrada
• Os efeitos no terreno são as (injecção de carbono na fase atravessa as falhas mapeadas.
deformações, falhas e tremores de armazenamento) e
de terra. possivelmente extracção de Os terremotos não são muito
• Os efeitos nos corpos de água água subterrânea, frequentes e intensos em
são os tsunamis carregamento de Moçambique, mas podem agir como
• Pode levar à liquefação reservatórios, nas barragens factor promotor de deslizamentos
• A segurança é fornecida pelo com mais de 100 m de de terras nas áreas montanhosas.
conservadorismo no altura.
dimensionamento e pela
colocação prudente de
estruturas importantes
Erosão • A incidência de ocorrência está • A incidência aumenta L: Nenhuma evidência de falhas de
(Perigos hidrológicos) relacionada à vegetação, substancialmente com a erodibilidade do solo dentro de 3
topografia, clima e geologia remoção da vegetação km
• Incidência de erosão é natural das encostas para M: Falhas de erodibilidade do solo
resultado do escoamento, criar terras agrícolas ou de mapeadas dentro de 3 km, mas
actividade dos riachos e ondas pastagem ou tornando as não atravessadas pelo alinhamento
costeiras encostas mais íngremes H: Alinhamento atravessa falhas
• A severidade da sua ocorrência • O aumento da erosão tem mapeadas de erodibilidade do solo
depende da intensidade da como resultado o aumento
tempestade e da actividade do assoreamento • Os solos líticos e os solos arenosos
resultante da corrente de água. amarelos em Moçambique
apresentam o maior risco de
erosão em termos de
erodibilidade.

(9)
Perigo Geológico Causas de Ocorrência Classificação de Risco
Ocorrência Natural Actividade Humana
• Quase todos (96%) dos troços de
estrada identificados com alto
risco de erosão / deslizamento
estão situados na Província de
Tete
Inundações • A incidência de ocorrência está • A construção em planícies L: Nenhuma planície inundável
(Perigos hidrológicos) relacionada às condições inundáveis aumenta o risco mapeada ou interpretada dentro de
topográficas e climáticas de exposição 3 km
• Devido ao escoamento intenso, • Vales costeiros e interiores,
M: Planícies inundáveis mapeadas ou
correntes de inundação e particularmente em clima
interpretadas dentro de 3 km, mas
tsunamis ocorrem ao longo das árido, são suscetíveis a
não atravessadas pelo alinhamento
costas inundações devido ao
da estrada
• Fortes ciclones tropicais esgotamento das águas
aumentam o risco de aumento subterrâneas, o que resulta H: Planícies inundáveis mapeadas ou
do nível do mar em subsidência dos solos. interpretadas atravessadas pelo
• A previsão dos níveis de alinhamento da estrada.
inundação e ocorrência é
baseada nos dados de
precipitação e de escoamento Os distritos das províncias da
existentes Zambézia e Sofala são regularmente
• A determinação dos limites mais susceptíveis a cheias. As
geológicos das planícies províncias de Manica e Tete foram
inundáveis é considerada mais afectadas por vários eventos de
confiável na previsão de cheias severas.
ocorrência
Assentamentos • Incidência de ocorrência • Actividade humana, como L: Nenhuma característica de calcário
subterrâneos geralmente limitada a rochas mineração (cársica) mapeado dentro de 3 km
(Perigo Gravitacional) cavernosas, condições cársicas, • Saturação de solo colapsável M: Características de calcário
como calcário • Abertura de túneis em solo (cársica) mapeados dentro de 3 km,
• O clima é um factor importante mole mas não ao longo do alinhamento da
• O colapso pode ocorrer apenas estrada
numa superfície irregular e com H: O alinhamento da estrada
grandes depressões superficiais atravessa características de calcário
ou buracos (cársica) mapeados.

(10)
Perigo Geológico Causas de Ocorrência Classificação de Risco
Ocorrência Natural Actividade Humana
Falha do talude • Incidência de ocorrência • Actividades de construção: Deslizamentos de terra
Deslizamentos de terra relacionada à topografia, cortes feitos em taludes Baixo (L): Nenhum deslizamento de
e encostas íngremes geologia e clima • Remoção da vegetação terra mapeado na área
(Perigo gravitacional, • Mais comum em áreas com • Alteração da drenagem Moderado (M): Deslizamentos de
incluindo queda de terreno acidentado, onde há natural que faz com que a terra mapeados dentro de 3 km, mas
rochas e fluxos de maior energia potencial para as água penetre nos taludes longe do alinhamento
detritos) massas de terra fluírem para Alto (H): Alinhamento atravessa
baixo. deslizamento (s) de terra identificado
• Descolamento e rápido e/ou mapeado.
movimento descendente da
rocha. Taludes íngremes
• Devido à decomposição de L: 0 a 8 graus
material geológico e M: 8-25 graus
erodibilidade H: Maior que 25 graus
• Acentuação de declives por
erosão.
Expansão e colapso Incidência de ocorrência • Principalmente adição de L: Nenhum solo expansivo ou
relacionada ao tipo de depósito, água, saturação colapsável mapeado dentro de 3 km
tipo de solo, estrutura e densidade. • Má drenagem, acumulação M: Solo expansivo e/ou colapsável
Ocorrência de solos expansivos de humidade mapeado dentro de 3 km, mas não ao
geralmente relacionados a rochas • Remoção da sobrecarga longo do alinhamento
cristalinas básicas erodidas e • Carregamento excessivo H: Alinhamento atravessa solos
alguns xistos e solos expansivos e/ou colapsáveis
transportados. mapeados
Ocorrência de solo colapsável
geralmente relacionado a arenitos Condição local do solo expansivo
e granitos erodidos e areias comum em planícies inundáveis e
eólicas. superfície de planícies inundáveis,
onde predominam os solos argilosos.

(11)
O Relatório Preliminar de Vulnerabilidade (2016) fornece mapas que mostram áreas de
alto risco associadas a alguns perigos geológicos apresentados na Tabela 2-1. A Figura
2-2 mostra o epicentro dos terremotos e actividades sísmicas em Moçambique durante
um período de três décadas. Os perigos geológicos que podem ser desencadeados por
terremotos incluem a liquefação e deslizamentos de terra nas áreas montanhosas.

Figura 2-2: Epicentros de terremotos 1905-2008 (esquerda) e actividade


sísmica em Moçambique - zonas de intensidade (direita) (INGC e PNUD, 2011)

2.2.1.2 Impacto das Mudanças Climáticas


As boas práticas requerem a consideração das mudanças climáticas no dimensionamento
geotécnico do projecto de infraestruturas. Os eventos climáticos extremos resultam em,
por exemplo, no aumento de tempestades que devem ser considerados no projecto e
construção da estrada e estruturas para prevenir os riscos.
Além disso, uma lista de questões ambientais e receptoras também deve ser preparada,
para a qual os potenciais impactos, conforme discutido na Secção 3.3.5 do Manual de
Investigação de Campo 2019, devem ser comparados para cada opção de rota.
Durante a avaliação do impacto ambiental (EIA), as informações devem ser fornecidas,
em termos de questões climáticas (secas, inundações, mudanças nos cursos de água,
mudanças de temperatura, deslizamentos de terra) e riscos operacionais e de manutenção
(por exemplo, restrições, interrupções ou más condições de trabalho).
As seguintes etapas devem ser realizadas durante a avaliação: identificação das
sensibilidades do Projecto às mudanças climáticas, avaliação da exposição do projecto aos
perigos das mudanças climáticas, análise da vulnerabilidade, avaliação de riscos,
identificação da adaptação e avaliação das opções de adaptação.

(12)
Os mapas hidrológicos e índices de aumento do nível de água, movimentos sísmicos e
outros indicadores que podem envolver instabilidade na área do projecto, devem ser
levados em consideração.
O nível de exposição às mudanças climáticas na área do projecto deve ser determinado.
A análise de vulnerabilidade, baseada na análise de sensibilidade e avaliação de exposição,
deve fornecer uma indicação das variáveis climáticas que podem gerar uma grande
vulnerabilidade da infraestrutura rodoviária nas condições actuais e futuras. Isso inclui o
aumento dos extremos de temperatura, mudanças nas chuvas extremas, inundações e
instabilidade do solo/deslizamentos de terra. O nível de riscos associados às mudanças
climáticas, pode ser determinado com base no Relatório Preliminar de Avaliação de
Vulnerabilidade (2016), em relação a outras áreas do país. A Figura 2-3 mostra áreas de
alto risco de inundações.
As opções de adaptação devem ser propostas para os riscos identificados, que devem ser
posteriormente avaliados em termos de abordagem dentro do projecto. Opções para
mitigar o risco e outras construções para evitar a queda de pedras na estrada e controle
de inundações.

Legenda
Estradas da Bacia do Zambeze
Rios

Eventos de cheias severas nas


últimas 4 décadas
Áreas Afectadas pelas cheias

Figura 2-3: Eventos de cheias severas durante as últimas quatro décadas

2.2.2 Familiarização do Local do Projecto

O projetista geotécnico deve estar completamente familiarizado com o local proposto do


projecto. Uma inspeção do local do alinhamento da estrada deve ser realizada para avaliar
as condições gerais, os requisitos para gestão de tráfego durante as investigações
geotécnicas, obter uma apreciação das características geológicas e topográficas e das
estruturas existentes, antes de definir o programa de investigação de campo. Conforme

(13)
discutido na secção 1.3, é importante que uma boa comunicação seja estabelecida entre
a equipe do projecto no estágio inicial do projecto. A visita ao local pelo projectista
geotécnico deve ser preferencialmente com o engenheiro do projecto.

2.2.3 Identificação do Relevo e Geologia do Local


A identificação precoce das principais condições geológicas e do relevo é crucial para a
optimização do programa de sondagem subterrânea. A Seção 2.2 e a Tabela 3-6 do Manual
de Investigação de Campo 2019 devem ser consultadas para obter informações sobre as
características fisiográficas e classes topográficas de Moçambique, a fim de identificar as
principais questões e considerações associadas de engenharia, relevantes para o
dimensionamento do pavimento e localização do projecto.

2.2.4 Identificação de Fontes de Informação

As fontes de informação para auxiliar na planificação preliminar do projecto devem ser


identificadas e localizadas. Estes incluem mapas de solo, geológicos, de vulnerabilidade e
topográficos, fotografias aéreas e registos antigos de construção disponíveis no banco de
dados da ANE, IP, conforme discutido na secção 2.8 do Manual de Investigação de Campo
2019.

2.3 Desenvolvimento do Plano de Sondagem Subterrânea

2.3.1 Visão Geral

O objectivo do programa de sondagem subterrânea é obter o conhecimento das condições


subterrâneas ao longo do alinhamento da estrada, a fim de definir os inputs para a fase
de dimensionamento. Esta secção, tem como objectivo fornecer a orientação sobre a
aplicação dos princípios e procedimentos para a investigação geotécnica do local na
preparação do plano de sondagem subterrânea. O usuário que faz referência a esta secção
do manual também deve consultar a secção 3.8 do Manual de Investigação de Campo
2019, em conjunto com este manual.
Existem vários factores que influenciam a elaboração do programa de sondagem
subterrânea. Primeiramente, o propósito das investigações deve ser levado em
consideração. Isso ocorre porque, a abordagem da investigação pode variar de acordo
com a sua finalidade. As restrições de tempo do projecto influenciarão o tipo e
calendarização das investigações. O tamanho e a complexidade do projecto da estrada,
bem como a identificação do local, também terão um papel importante na forma como a
sondagem é planificada. A construção de uma estrada ocorre num local extenso do
projecto, mas com projectos compactos para a construção de estruturas.
A extensão lateral e vertical na qual o projecto proposto irá influenciar o ambiente
geológico ou ser influenciado pelo ambiente também tem impacto na planificação das
investigações geotécnicas. A extensão vertical da exploração para uma estrada num solo
estável será principalmente guiada pela profundidade efectiva do pavimento em função da
carga do tráfego, enquanto a extensão lateral é afectada pelo número de faixas ou se é
uma aproximação de uma intersecção. Por outro lado, para muros de contenção, as
perfurações devem se estender a uma profundidade em relação à altura do muro.
Assim, o plano de sondagem subterrânea deve descrever o programa de investigação
geotécnica e fornecer informações detalhadas sobre o programa de perfuração, localização
de furos, equipamentos a serem usados, quantidades e frequência de amostragem, tipo e
frequência dos testes a serem realizados. O programa é formulado com base nos
parâmetros de materiais que precisam de ser determinados.

2.3.2 Investigação de Reconhecimento


Objectivo e escopo: Esta fase, fornece informações para estudos de pré-viabilidade e para
a planificação da sondagem para o projecto preliminar. Em grande medida, esta fase se

(14)
concentra na busca de todas as informações possíveis disponíveis que ajudarão a revelar
as condições geológicas subterrâneas ao longo do alinhamento da estrada proposto. As
fontes de informação incluem:
• Mapas topográficos antigos e recentes
• Mapas geológicos
• Fotografias aéreas
• Relatórios geológicos e de sondagem subterrânea e registos nos bancos de dados
da ANE, IP e de consultores e laboratórios comerciais
• Série de publicações universitárias
• Artigos em jornais geológicos, de construção e de engenharia

A partir das fontes acima, as seguintes informações devem ser estabelecidas:


• Disponibilidade de quaisquer serviços ou abastecimento de água, electricidade,
equipamento de terraplenagem;
• Serviços enterrados ou aéreos;
• Aspectos jurídicos e físicos de acesso ao local, por exemplo, acesso para
plataformas de perfuração;
• A presença de pedras, exposição à rocha, pântanos, etc. deve ser observada;
• Susceptibilidade a perigos geológicos, como deslizamentos de terra, queda de
rochas, etc;
• Detalhes do levantamento no terreno;
• Fontes de materiais (para melhoria do solo);
• Condições da superfície da estrada;
• Os possíveis efeitos de técnicas alternativas de investigação para o meio
ambiente (por exemplo, perturbação do solo, descarga de água, ruído, etc.);
• Maré, nível do rio ou outras restrições naturais;
• Requisitos de controle de tráfego.

Deve ser feita referência ao Capítulo 3 do Manual de Investigação de Campo 2019.

2.3.3 Sondagens para o Dimensionamento Preliminar

Objectivo e escopo: Esta fase visa obter dados subterrâneos para auxiliar na selecção do
tipo, localização e dimensões principais de todas as principais estruturas na rota proposta
e fazer estimativas de custo sólidas. Além de obter dados subterrâneos, devem ser obtidas
informações sobre os graus de rochas adjacentes e taludes do solo, a velocidade estimada
do fluxo de água ao longo (e dentro) dos taludes, rochas soltas e solos que poderiam
facilmente ceder a quedas de rochas e deslizamentos de terra, respectivamente. Isso é
particularmente importante em zonas de alto risco, pois a avaliação preliminar pode ajudar
a equipe de investigação a tomar uma decisão informada sobre a viabilidade de tratar as
zonas de risco e seu impacto no custo do projecto. A fase de dimensionamento preliminar
irá, portanto, preceder a definição da melhor localização possível da rota e as dimensões
das obras propostas. As informações sobre os estratos do solo e da rocha devem ser
estabelecidas em detalhes razoáveis, pois isso afectará o processo de construção. Os
dados ajudarão no desenvolvimento dos critérios para o dimensionamento da fundação e
outros aspectos do desenvolvimento da rota.
Devem ser feitas provisões para ensaios laboratoriais avançados de materiais para a
obtenção dos parâmetros geotécnicos exigidos. Os resultados e as informações colectadas
durante a sondagem são comparados e usados para caracterizar as propriedades do solo
e da rocha e quantificar o comportamento mecânico do solo e da rocha. Eles são
interpretados para obter parâmetros geotécnicos e apresentados num relatório para o uso
no dimensionamento. Os resultados de um relatório geotécnico preliminar também devem
identificar as condições geológicas esperadas e os perigos associados, e a verificação deve
ser realizada durante a investigação de campo.

(15)
Portanto, as investigações para o estudo de viabilidade/seleção de rota são discutidas em
duas etapas, preliminares e detalhadas no Capítulo 3 do Manual de Investigação de Campo
2019.

2.3.4 Sondagens para o Dimensionamento Detalhado


Objectivo e escopo: Esta fase visa preencher as lacunas e obter dados adicionais que
podem ser necessários para o dimensionamento, aprofundar as condições geológicas
específicas que podem ter sido reveladas durante a sondagem em qualquer uma das fases
anteriores e garantir que as condições subterrâneas nos locais onde as estruturas serão
construídas estão bem definidas. A investigação adicional na rota seleccionada pode ser
necessária para verificar o substrato rochoso e/ou áreas com perigos geológicos
conhecidos, a fim de verificar as condições subterrâneas para fins de dimensionamento.
Informações completas são necessárias para a execução dum dimensionamento
geométrico, de pavimento, geotécnico e de hidrologia e drenagem adequados. Além disso,
o custo associado à rota alternativa é influenciado pelo tipo e extensão do material a ser
escavado, o que também influencia na escolha do equipamento a ser utilizado. Nesta fase,
o projectista deve fornecer informações sobre as dimensões das estruturas, caso ainda
não tenham sido fornecidas, incluindo os níveis finais em relação aos níveis existentes. As
considerações de dimensionamento são abordadas na Seção 4 para os trabalhos
geotécnicos específicos.

2.3.5 Sondagens Durante a Construção


Objectivo e escopo: Esta fase pode não ser sempre exigida em alguns projectos, mas deve
ser planeada, com o objetivo específico de fornecer ao engenheiro geotécnico informações
à medida que o local ao longo do corredor do projecto fica disponível durante a construção,
revelando as condições geológicas, que podem não ter sido identificadas durante as
investigações anteriores.
A Secção 8.3 do Manual de Investigação de Campo 2019, descreve a investigação de
materiais de construção e, fornece informações sobre os vários tipos de rochas e solos
disponíveis e os procedimentos para localizar e avaliar a quantidade e qualidade dos
materiais necessários. A Seção 9.8 descreve em termos gerais a investigação necessária
durante a fase de construção de um projecto.
A sondagem durante esta fase, requer o estabelecimento detalhado das condições do solo
encontradas no terreno e que não foram antecipadas na pesquisa e, pode alterar o
alinhamento da estrada para acomodar as condições de solo confirmadas. A variação pode
incluir a profundidade para o substrato rochoso sendo significativamente mais profunda
ou mais superficial do que o esperado ou encontrau um solo que não é adequado para uso
na construção. A investigação ajudará a caracterizar o leito, determinar a disponibilidade
e extensão dos materiais de construção e fornecer uma melhor estimativa das quantidades
de terraplenagem.
É necessária uma investigação específica sobre os diferentes materiais encontrados. A
comparação das condições actuais com as condições previstas é possível nesta fase.
A monitoria durante a construção das estruturas geotécnicas existentes, como fundações
de pontes, sistemas de apoio lateral e estacas permanentemente ancoradas ou
aparafusadas e aterros, é importante para verificar a sua integridade e comportamento.
Também é necessário implementar um programa de monitoramento eficaz para
supervisionar e prever a ocorrência de movimentos do solo durante as operações de
construção. Os métodos de monitoramento são discutidos no Capítulo 7.

(16)
2.3.6 Sondagem na Fase Pós-construção

Objectivo e escopo: Visa monitorar o comportamento da estrutura concluída e validar as


premissas de dimensionamento de longo prazo ou pós-construção, particularmente nas
condições em que os assentamentos são antecipados. O monitoramento de movimentos
do solo, instabilidade do talude, incluindo possível deslizamento de terra deve ser um dos
eventos de rotina durante as operações pós-construção. A recolha de informações é
alcançada por meio de monitoramento e vigilância com instrumentação instalada. É
necessário implementar um programa de monitoramento eficaz para supervisionar e
prever a ocorrência de qualquer movimento do solo após as operações de construção. O
monitoramento é realizado para detectar o movimento que pode levar ao colapso e para
permitir um aviso suficiente para evacuar a área com sucesso ou estabelecer um método
de protecção da estrutura. O sistema de alerta antecipada permite encerrar uma secção
da estrada e prevenir eventos fatais.
Os requisitos de instrumentos geotécnicos devem ser planeados de acordo com as
medições necessárias, seja para o propósito de medição do movimento vertical ou
horizontal, a pressão da água dos poros ou a presença e movimento de água subterrânea.
A investigação também é realizada para verificar o grau de melhoria alcançado após
quaisquer processos de melhoria do solo, como a pré-compressão do solo macio. O
monitoramento é feito em intervalos regulares durante a vida esperada do projecto de
uma característica geotécnica particular.

2.3.7 Gestão do Plano de Sondagens


A investigação geotécnica pode ser realizada em todas as fases de implementação do
projecto rodoviário. Assim, recomenda-se que se considere uma provisão para a aquisição
da investigação em cada fase do projecto. Antes do início da investigação geotécnica, o
consultor geotécnico deve preparar uma série de planos específicos de projecto e de
garantia de qualidade para a análise e aprovação pela ANE, IP. A gestão da investigação
deve envolver a aplicação de procedimentos de QA/QC em conformidade com as normas
como a ISO 9000/9001. O escopo da investigação geotécnica não se destina a abordar as
questões de construção, mas sim ao propósito e aos requisitos de planificação geotécnica
do projecto.

(17)
3 Investigação de Campo

3.1 Planificação da Investigação de Campo


A planificação para a investigação de campo, visa quantificar as condições subterrâneas e
determinar as propriedades de engenharia do solo e do leito rochoso, a serem usados
para projectar novos aterros e avaliar os taludes existentes, fundações de estruturas
existentes usando métodos apropriados de investigações geotécnicas de campo,
equipamentos e ensaios laboratoriais. As condições geológicas reveladas também
fornecem informações necessárias para produzir recomendações de desenvolvimento do
local. As investigações de campo geralmente consistem em perfurações donde as amostras
de solo e/ou rocha-mãe são recolhidas para testes e análises laboratoriais. Os métodos a
serem usados para obter as propriedades de engenharia durante a investigação de campo
devem ser detalhadamente descritos e fornecida a respectiva justificação.
Os desafios geotécnicos específicos requerem investigações de campo específicas. As
áreas com solos problemáticos afectam o dimensionamento da estrada e das estruturas,
o método de construção, o desempenho futuro em termos de capacidade de carga e
estabilidade do aterro ou estratificação construída. Os inputs do especialista de
investigação geotécnica são necessários para o seguinte:
• Subsolos expansivos ou compressíveis;
• Argilas moles ou húmidas;
• Subsolos colapsáveis ou compressíveis;
• Solos dispersivos e erodíveis;
• Subsolo artificial e aterros.

No entanto, é importante estabelecer a diferença entre áreas problemáticas localizadas e


gerais em termos de áreas problemáticas locais do leito da estrada.

3.1.1 Escopo

A planificação da investigação de campo inclui as seguintes actividades:

1. Realização de investigações geotécnicas envolvendo alguns ou todos os seguintes


passos:

a. Perfuração de poço, para a avaliação das condições subterrâneas mais profundas


para estruturas propostas ao longo do alinhamento da estrada;
b. Recolha de amostras: para amostragem e avaliação das condições do leito. As
amostras são registadas no local sob supervisão permanente de engenheiro
geólogo ou engenheiro geotécnico responsável por indicar os locais para a recolha
das amostras, amostragem do material perturbado e não perturbado e fotografar
o perfil do subsolo;
c. Testes de penetração de cone: para avaliar a resistência/densidade relativa para
depósitos profundos de solo;
d. Teste de penetrômetro dinâmico de cone: para avaliar a consistência do leito para
o projecto. De preferência realizado na posição adjacente a cada local do teste para
avaliar a resistência /densidade relativa local dos solos subterrâneos;

2. Documentação das informações geotécnicas sobre as condições do subsolo ao longo


do corredor rodoviário proposto;

3. Fornecimento de um resumo de resultados de ensaios laboratotiais;

(18)
4. Fornecimento da interpretação das condições do subsolo e preparar um modelo de
terreno para o alinhamento do projecto

5. Fornecimento de recomendações para o dimensionamento.

3.1.2 Extensão da Sondagem

A extensão lateral e vertical em que a sondagem deve ser realizada depende da carga em
consideração, que influencia o ambiente da estrada e determina os limites e profundidades
da sondagem.
As características do leito dentro do prisma da estrada devem ser determinadas, visto que
o leito deve suportar a carga induzida pelo tráfego e as camadas do pavimento da estrada
por cima dele. Como orientação geral, uma vez fixado o alinhamento vertical da estrada,
a sondagem das estradas é levada a uma profundidade entre 2 e 4 m abaixo do nível da
estrada acabada, como profundidade do material. A profundidade abaixo da superfície da
estrada cujas características do solo afectam significativamente o comportamento do
pavimento varia entre 1,0 e 1,2 m abaixo da superfície do pavimento para estradas de
alto volume de tráfego. Um método económico para obter informações do subsolo a uma
profundidade de aproximadamente 800 mm é por meio do Penetrômetro Dinâmico de
Cone (DCP), geralmente em conjunto com as amostas, conforme discutido na Seção 5.2.1
do Manual de Investigação de Campo 2019. Os métodos que devem ser considerados
durante a planificação da investigação de campo para avaliar as propriedades do leito, são
apresentados na Tabela 5-1 e a frequência dos testes de DCP na Tabela 5-3 do Manual de
Investigação de Campo 2019.
Durante a planificação para a investigação de campo, o engenheiro geotécnico/especialista
deve decidir sobre o número, posição e profundidade dos furos de sondagem e locais para
a recolha das amostras para testes, a rotina de amostragem para cada tipo de solo a ser
encontrado, e o número e tipo de testes in situ e de laboratório que são necessários, para
caracterizar adequadamente as condições do subsolo ao longo do alinhamento da estrada.
Os requisitos mínimos para a planificação da sondagem de campo para características
geotécnicas específicas, em termos de frequência, localização de ensaios e profundidade
a serem adotados para o dimensionamento e para a investigação geotécnica são discutidos
abaixo. Estes são baseados na Lista de Verificação de Revisão Geotécnica FHWA (2012).
Consulte também os requisitos de investigação sugeridos para escavações profundas e as
técnicas usadas para investigações geotécnicas ou de solo apresentadas na Tabela 6-2 e
na Tabela 6-4 do Manual de Investigação de Campo 2019, respectivamente, para
orientação.
Na planificação da extensão da sondagem, a determinação dos parâmetros mínimos para
realizar as análises de engenharia geotécnica necessárias apresentada na Tabela 3-12,
deve ser levada em consideração.

3.1.2.1 Leito do Pavimento


A localização, espaçamento e profundidade dos poços e sondagens para caracterizar as
condições do subsolo dependem do tipo de estrada; as formações da rocha e do solo; a
conhecida variabilidade na estratificação; e as cargas previstas do tráfego a que o leito
estará sujeito.
Os seguintes requisitos também se aplicam a cortes e aterros com menos de 8 m.
Parâmetros mínimos a serem determinados para a análise e dimensionamento
A capacidade de carga do leito é frequentemente afectada pelo grau de compactação,
teor de humidade e tipo de solo. As características básicas:
• CBR, teste da resistência simples;
• Teste mais avançado do módulo de resiliência. Considerando o método de
dimensionamento empírico-mecanistico

(19)
• Módulo de reacção do leito. Este é um teste de resistência para avaliar o suporte
fornecido pelo leito ou combinação leito e sub-base
• Propriedades de retração e/ou dilatação
Frequência e localização dos pontos de sondagem:
1. Para investigação preliminar do local, um mínimo de um ponto de sondagem
em cada km do alinhamento previsto;
2. Para a investigação final do local, o espaçamento pode ser tão baixo quanto
500 m quando é necessária a informação sobre problemas específicos;
3. Uma sondagem a cada 60m, alternando ao longo do eixo do percurso. Para
estradas com divisória central, uma sondagem deve ser realizada a cada 30m,
alternando-se entre o eixo de cada faixa.
4. Grandes quantidades representativas de amostras para o teste CBR devem ser
retiradas de poços ou sondagens localizados a distância não superior a 200 m .
Profundidade mínima de investigação
1. Cada sondagem deve ser avançada a pelo menos 1,5 m abaixo do nível
proposto do leito (em áreas de corte). Isso deve cobrir a profundidade do
material, especialmente para uma estrada carregando ou transportando o
tráfego de Classe TC1;
2. Para o novo alinhamento, a profundidade desde a superfície do terreno natural
não deve ser inferior a 2 m, a menos que um estrato de rocha seja encontrado;
Nas áreas de aterro:
3. A presença de água subterrânea a menos de 3 m abaixo do leito, substratos
rochosos irregulares ou grandes rochas podem todas precisarem de um número
limitado de sondagens superficiais (até 15 m).
4. As explorações devem ser avançadas a uma profundidade igual à altura do
aterro, mas não inferior a 1,5 m abaixo do nível existente

3.1.2.2 Taludes de corte maiores que 8 m


O objectivo é definir o perfil do solo abaixo de toda a largura do corte para a análise da
estabilidade e assentamento. Os requisitos a seguir também se aplicam a cortes onde se
espera encontrar o substrato rochoso acima da profundidade de escavação planeada.
Parâmetros mínimos necessários para análise de estabilidade
Propriedades de resistência de cisalhamento (cu e φ) de materiais expostos, espessura
do estrato de rocha, conforme exigido para modelar o comportamento e realizar análises
de estabilidade
Frequência e localização dos pontos de sondagem:
1. Uma sondagem a cada intervalo de 60 m ao longo dos limites de corte previstos
(topo do talude). Deve coincidir com o padrão de exploração do leito do
pavimento;
2. Caso contrário, em áreas não pavimentadas, a sondagem deve ser localizada a
cada 60 m do comprimento do talude, no topo e base previstos do talude. Inclui
áreas fora, mas que podem afectar ou serem afectadas pelo projecto rodoviário
proposto;
3. Se o comprimento dos cortes for superior a 60 m, o espaçamento entre as
sondagens deve ser de 60 a 120m;
4. Secções com condição uniforme, uma sondagem a cada 120 m com pelo menos
uma sondagem em cada relevo separado;
5. Mínimo de 3 furos de sondagem ao longo da linha perpendicular à linha central
ou face do talude planeado, para estabelecer a seção transversal geológica para
análise;

(20)
6. Para um deslizamento activo, faça pelo menos um furo de sondagem to topo do
talude da área deslizante.

Profundidade mínima de investigação


1. Para o material estável, estenda os furos a um mínimo de 5 m abaixo da
profundidade do corte na linha da vala, a menos que seja encontrada rocha a
uma profundidade superficial;
2. A rocha encontrada a uma profundidade superficial, deve ser perfurada até a
profundidade total do corte planeado;
3. Em solos fracos, estenda os furos abaixo do nível para materiais firmes ou para
duas vezes a profundidade do corte, o que ocorrer primeiro;
4. Em casos de lençol freático alto, é recomendado instalar um poço de observação
em pelo menos uma sondagem, a fim de obter leituras estáveis do nível de água.

3.1.2.3 Aterros maiores de 8 m


O objectivo é definir o perfil do solo abaixo de toda a largura do aterro para a análise de
estabilidade e assentamento. As investigações de tais aterros devem cumprir com os
seguintes requisitos mínimos, com aterros em terreno pantanoso exigindo considerações
especiais:
Parâmetros mínimos necessários para análise de estabilidade
• Parâmetros de resistência ao cisalhamento (cu e φ) para a tensão total e
tensão efectiva;
• Pesos unitários;
• Parâmetros de compressibilidade;
• Parâmetros de tempo de consolidação;
• Coeficientes de pressão horizontal do solo;
• Parâmetros de fricção de interface;
• Retração/dilatação/degradação do solo e do enrocamento;
• Orientação e características das descontinuidades rochosas;
• Perfil subterrâneo do solo, água subterrânea e rocha.

Aterro em terreno pantanoso


• Teor de humidade
• Pesos unitários
• Limite Líquido
• Limite de Plasticidade
• Gravidade Específica
• Permeabilidade Vertical
• Relação entre a Permeabilidade Horizontal e Permeabilidade Vertical
• Resistência ao cisalhamento não drenada
Frequência e localização dos pontos de sondagem:
1. Uma sondagem a cada intervalo de 60 m ao longo dos limites previstos de
aterro (topo do talude). Deve coincidir com o nível de sondagem do leito do
pavimento.
2. Se o comprimento do aterro for superior a 60 m, o espaçamento entre os furos
deve ser de 60 a 120 m
3. Caso contrário, em áreas não pavimentadas, a sondagem deve ser localizada a
cada 60 m ao longo da linha central do aterro e ao longo de cada bordo.
Profundidade mínima de investigação

(21)
1. Estender os furos até um estrato duro ou uma profundidade de duas vezes a
altura do aterro;
2. Cada sondagem deve ser estendida para penetrar totalmente em quaisquer solos
naturais impróprios ou aterro existente e penetrar pelo menos 3 m nos solos
naturais adequados e subjacentes.

As estradas não devem ser localizadas onde sejam necessários aterros com taludes de
inclinação maior que 60 por cento.

3.1.2.4 Estruturas de contenção


A sondagem para o dimensionamento proposto e a investigação dos muros de contenção
existentes devem cumprir os seguintes requisitos mínimos:

Parâmetros mínimos necessários para análise da estabilidade


1. Parâmetros de resistência ao cisalhamento (cu e φ) para tensão total e tensão efectiva;
2. Pesos unitários;
3. Coeficientes de pressão do solo: em repouso (Ko), activo (Ka), passivo (Kp);
4. Pesos sobrecarregados.
Frequência e localização dos pontos de sondagem:
1. Uma sondagem com espaçamento não superior a 30 m ao longo do
alinhamento do muro de contenção proposto ou existente;
2. Pelo menos uma sondagem deve ser perfurada para muros com menos de 30
m de comprimento;
3. O padrão inicial dos furos deve ser frontal e posterior de forma escalonado ao
longo do comprimento da estrutura proposta.
4. Os furos devem ser colocados a aproximadamente 15 m de distanciamento;
5. Para muros de contenção com mais de 30 m de comprimento, o espaçamento
entre as perfurações não deve ser superior a 60 m;
6. Para muros ancorados ou com ligação de apoio perpendicular, sondagens
adicionais devem ser localizadas na zona de ancoragem ou amarração;
7. Para paredes pregadas, sondagens adicionais devem ser realizadas atrás da
parede a uma distância correspondente a 1,0 a 1,5 vezes a altura da parede
com espaçamento máximo de 30 m.
8. Algumas perfurações devem estar de frente e outras de trás da face da parede.
Profundidade mínima de investigação
1. Estender cada perfuração abaixo da base do muro a uma profundidade entre
0,75 a 1,5 vezes a altura do muro de baixo da base proposta da sapata,
quando se trata de solo;
2. Quando o estrato indica potencial de estabilidade profunda ou problema de
assentamento, cada exploração deve se estender por pelo menos 3 m e deve
ser estendida para penetrar totalmente em quaisquer solos inadequados ou
aterro existente para material de capacidade de carga adequada;
3. Se a rocha for encontrada num nível acima do nível proposto da fundação, a boa
prática exige a exploração a uma profundidade de pelo menos 3 m para
determinar a integridade e capacidade de carga da rocha e para verificar se a
exploração não terminou sobre um pedregulho.

3.1.2.5 Aterro de aproximação da ponte


O plano de sondagem deve garantir que todo o comprimento e largura da estrutura,
incluindo aproximação dos aterros, sejam cobertos. As investigações de aterros de
aproximação da ponte devem cumprir os seguintes requisitos mínimos.

(22)
Parâmetros mínimos necessários para análise de estabilidade
1. Peso unitário;
2. Limite de Líquido;
3. Limite de plasticidade;
4. Gravidade Específica;
5. Permeabilidade Vertical;
6. Relação entre a Permeabilidade Horizontal e a Permeabilidade Vertical;
7. Resistência ao cisalhamento não drenada.
Frequência e localização dos pontos de sondagem:
1. Pelo menos uma perfuração deve ser feita em cada aterro para determinar os
problemas associados à estabilidade e assentamento do aterro;
2. Para aterros de aproximação, a configuração inicial dos furos deve ser em
formato de grelha com cerca de 30 m de distância medidos ao longo da linha
central da estrada e a 20 m de distância medidos perpendicularmente à linha
central da estrada;
3. Perfuração localizada no pilar proposto;
4. Para pontes menores ou iguais a 30 m de largura, no mínimo uma perfuração
deve ser realizada para cada elemento da infraestrutura;
5. Para pontes com mais de 30 m de largura, no mínimo uma perfuração deve ser
realizada para cada elemento da infraestrutura.
Profundidade mínima de investigação
1. Estender cada perfuração no material a uma profundidade onde as tensões
adicionais devido à carga de aterro sejam inferiores a 10% da tensão efectiva
da sobrecarga existente ou 3 m em rocha-mãe se encontrada numa
profundidade menor;
2. Explorações superficial adicionais (furos de trado manual) feitas em locais de
aterro de aproximação para determinar a profundidade e extensão de solos
superficiais impróprios ou solo superfícial.
3. Se os estratos moles forem encontrados abaixo da profundidade maior que
duas vezes a altura do aterro, a profundidade de exploração deve ser
aumentada para penetrar totalmente nos estratos moles para material
adequado (por exemplo, solo rígido a coeso duro, solo denso sem coesão ou
rocha-mãe).
4. A profundidade dos furos deve ser maior que o nível do leito do rio.

3.1.2.6 Fundações para estruturas


As investigações de fundações para estruturas devem cumprir os seguintes requisitos
mínimos
Parâmetros mínimos necessários para análise de estabilidade
1. Parâmetros de resistência ao cisalhamento (cu e φ) para tensão total e tensão efectiva;
2. Pesos unitários;
3. Parâmetros de compressibilidade (incluindo consolidação, potencial de
retração/dilatação e módulo de elasticidade);
4. Coeficientes de pressão horizontal do solo (estacas);
Frequência e localização dos pontos de perfuração:
1. Um por unidade de subestrutura com menos de 30 m de largura;
2. Para ponte cais ou unidades de pilares/infrabestrutura maiores que 30 m de
largura, pelo menos duas perfurações devem ser excutadas;
3. Planear sondagens adicionais em áreas de condições subterrâneas instáveis.
Profundidade mínima de investigação
Sapatas directas com comprimento (L) e largura (B):
1. Se L ≤ 2B, mínimo 2B abaixo do nível da fundação;

(23)
2. Para fundação da ponte L ≥ 5B, mínimo 4B abaixo do nível da fundação e
interpolar para L entre 2B e 5B
Fundações profundas:
1. 6 m abaixo do nível da ponta da estaca ou duas vezes a dimensão máxima
do grupo de estacas, o que for maior;
2. Para poços perfurados que são suportados ou encaixados na rocha, obtenha
um mínimo de 3 m de perfuração na rocha ou um comprimento de
perfuração da rocha igual a pelo menos 3 vezes o diâmetro estimado do
poço (para poços isolados) ou 2 vezes as dimensões mínimas do grupo de
poços, o que for maior.
3. Se a rocha-mãe for encontrada: para estacas, perfurar 3 m abaixo do nível
da ponta da estaca; para grupo de estacas, perfurar 3D, onde D é o diâmetro
da estaca ou 2 vezes a dimensão máxima do grupo de estacas abaixo do nível
da ponta, o que for maior

3.1.2.7 Aquedutos
A exploração deve ser suficientemente profunda, para garantir que o solo abaixo do
aqueduto possa suportar a carga sem assentamento e, deve ser mantida além da
profundidade máxima de lavagem do curso de água. A profundidade de exploração para
fundações de estacas para aquedutos deve ser tal que, mais resistência ao atrito seja
desenvolvida para que o aqueduto possa ser seguro contra o deslizamento.
Parâmetros mínimos necessários para análise de estabilidade
1.Parâmetros de resistência ao cisalhamento (cu e φ) para tensão total e tensão
efectiva;
2. Pesos unitários
Frequência e localização dos pontos de sondagem
1. Pelo menos uma perfuração deve ser realizada em cada aqueduto principal;
2. Perfurações adicionais podem ser fornecidas em áreas de condições
subterrâneas instáveis.
Profundidade mínima de investigação
1. Estender os furos até um estrato duro ou a uma profundidade de duas vezes a
altura do aqueduto;
2. Cada perfuração deve ser estendida para penetrar totalmente em quaisquer
solos naturais impróprios ou aterro existente e penetrar pelo menos 3 m nos
solos naturais adequados subjacentes.

3.1.2.8 Melhoria do solo


Existe uma grande variedade de técnicas disponíveis para alterar e melhorar as más
condições do solo. Técnicas avançadas de melhoria do solo são usadas quando a escavação
excessiva e substituição tradicional não são viáveis por razões ambientais, técnicas ou
económicas. São necessárias informações específicas do solo, para cada técnica de
melhoria do solo a ser usada. Na maioria dos casos, os empreiteiros especializados é que
realizam o trabalho e são obrigados a fornecer o plano de realização dos trabalhos.

3.2 Aplicação e limitações dos métodos de sondagens geotécnicas


Diversos métodos de sondagem são usados para caracterizar o leito e as condições
subterrâneas em geral. A sondagem geotécnica para um projecto de estrada consiste
principalmente nos métodos de sondagem resumidos abaixo. Deve ser feita referência à
Seção 6.2.1 do Manual de Investigação de Campo 2019.

(24)
3.2.1 Sondagens
O objectivo da perfuração geotécnica é avaliar as condições subterrâneas para a estrada
proposta e fundações das estruturas através da obtenção de amostras de solo ou material
rochoso. Assim, permite a determinação da estratigrafia e das propriedades de engenharia
dos materiais. Tem a vantagem de se estender a grandes profundidades e, portanto, é
usado em áreas onde não é possível fazer poços de teste. As sondagens são apropriadas
em zonas de deslizamento de terra, solos não consolidados e onde camadas do pavimento
existente estão presentes.
Existem vários métodos de perfuração que podem ser usados, alguns são não destrutivos.
A escolha depende do tipo de solo e da rocha esperados dentro da profundidade do poço.

3.2.1.1 Perfuração a trado


Aplicação:
Apropriado para solo coesivo mole a rígido e rocha mole; para identificar unidades
geológicas e conteúdo de água acima do lençol freático. Tipicamente, um furo seco é
perfurado com uma broca manual ou hidráulica. As amostras são recolhidas através do
talo do trado.
Limitações:
É difícil localizar as mudanças exactas nos estratos, pois a estratificação do solo e da
rocha são destruídos e a amostra é misturada com água abaixo do lençol freático. Não
é apropriado para solos muito duros ou cimentados, solos muito moles e solos sem
coesão totalmente saturados. O método é para extracção de amostras perturbadas de
solos. Trados manuais são limitados na profundidade para a qual podem ser conduzidas,
2 a 3 m.

3.2.1.2 Brocas de talo oco


Aplicação:
Tipicamente usado em solos que requerem encamisamento para manter o buraco aberto
para amostragem. As brocas de talo oco são usadas para perfurar solos cheios de argila.
A medida que a broca avança, a amostra é retida no talo oco da broca.
Limitações:
A amostragem é limitada para saibro grosso e dificuldades em manter o equilíbrio
hidrostático no furo abaixo do lençol freático.

3.2.1.3 Perfuração de lavagem


Aplicação:
Apropriado para solos coesivos moles a rígidos e solos granulares finos a grossos. A
técnica envolve uma combinação de corte e jacto forte para quebrar o solo ou rocha em
pequenos fragmentos que são removidos por fluido circulante e descarregados na
banheira de decantação.
Limitações:
As amostras recuperadas da água de lavagem geralmente não são apropriadas para
uma interpretação significativa das propriedades geotécnicas correctas do solo. Durante
a perfuração, as paredes do furo são suportadas pelas camisas ou pelo fluido da
perfuração. O método é lento nos solos mais rígidos e de granulometria grossa e não é

(25)
eficiente em solos duros ou cimentados, bem como na rocha e material que contém
pedregulhos.

3.2.1.4 Perfuração Rotativa


Aplicação:
O método é mais rápido, induz menos perturbação ao material da amostra. Geralmente,
é o método mais adequado de investigação abaixo do nível de água para recuperação
de amostras não perturbadas e para fazer carotes em materiais duros. Ele pode ser
usado para descobrir os estratos rochosos e para avaliar a qualidade das rochas em
termos de fendas, fissuras e juntas.
Limitações:
É mais económico para furos de grande diâmetro (15 - 20 cm para rochas; e > 10 cm
para solos). Não é económico para furos com menos de 10 cm de diâmetro.

3.2.1.5 Perfuração por Percussão


Aplicação:
O método pode ser usado na maioria dos materiais e particularmente útil para
perfurações que devem penetrar materiais granulares grossos, incluindo solos contendo
pedras e rochas com cavidades e, enfraquece quando a taxa de perfuração muda. As
mudanças da natureza do material que está sendo penetrado são notadas por
observações, incluindo a taxa de progresso, comportamento das ferramentas de
perfuração, cor da lama e característica do corte.
Limitações:
É difícil detectar camadas finas e pequenas mudanças no material. O método não é
económico para furos com menos de 100 mm de diâmetro. Ele perturba o material no
fundo do furo, devido a fortes golpes do equipamento de perfuração, fazendo com que
o material sem coesão se torne mais denso e o material coesivo seja remoldado.

3.2.1.6 Perfuração a Martelo


Aplicação:
Método mais eficaz de exploração subterrânea em areia, saibro e rochas, até
profundidades de 80 m. É um método rápido, barato e mais apropriado para penetração
em solos contendo rochas, bom para mapeamento rápido de material aluvial em grandes
áreas.
Limitações:
A identificação direta do material é difícil. A pressão no fundo da camisa é reduzida para
muito abaixo da pressão hidrostática do lençol freático e, portanto, é difícil manter um
equilíbrio de pressão.

Os furos devem ser registados através da supervisão total pelo Especialista Geotécnico.
Onde aplicável, os níveis de água nos furos devem ser registados durante o processo de
perfuração e registados nos livros do poço. Se os carrotes da rocha forem recuperados
onde as perfurações continuam ao longo do perfil da rocha, eles também devem ser
registados e fotografados. A profundidade da perfuração deve estar de acordo com os

(26)
requisitos mínimos para características geotécnicas específicas conforme apresentadas na
Seção 3.1.2 acima.

3.2.2 Testes in situ

Os testes in situ são usados para avaliar rapidamente a variabilidade das condições
subterrâneas, desenvolver um modelo do local, identificar secções uniformes, localizar
regiões que requerem amostragem e testes e fornecer estimativas de valores de
dimensionamento. Quaisquer camadas potenciais de solos compressíveis e densidade
relativa das unidades subjacentes ao local do projecto podem ser avaliadas.
Cada um dos métodos apresentados abaixo tem a sua própria adequação e limitações que
devem ser consideradas ao planear uma investigação subterrânea. Adicionalmente, os
parâmetros que são fornecidos por cada método de teste para o dimensionamento e
análise, devem ser considerados.

3.2.2.1 Penetrômetro Dinâmico de Cone(DCP)


Aplicação:
Usado para avaliação da consistência do leito. Conduzido onde as condições do leito
permitem. Pode ser usado em saibro (cascalho), areia, lodo e argila com conteúdo
variável de saibro e materiais levemente estabilizados. Um teste simples e rápido para
avaliar o leito, corte e aterro.
Propriedades fornecidas para o dimensionamento:
Fornece a indicação do nível de compactação do material, resistência e durabilidade.
Correlação qualitativa in-situ com CBR. Identifica a variação espacial no solo do leito e
estratificação.
Limitação:
Limitada a 1 m de profundidade. As extensões podem ser usadas, mas tornam-se difíceis
de extrair. Não fornece uma amostra de material para exame ou analíse.
O DCP não pode penetrar em materiais de granulometria grossa (consulte a Figura A-2
no Apêndice A do Manual de Investigação de Campo, 2019) e solo contendo grandes
pedras e pedregulhos, camadas betuminosas espessas e material estabilizado com alta
percentagem de cimento. Em tais circunstâncias, é recomendado que um buraco seja
perfurado através da camada impenetrável para permitir a penetração do DCP nas
camadas subjacentes, onde aplicável.

3.2.2.2 Teste de Penetração de Cone (CPT)


Aplicação:
Realizado em materiais relativamente leves, argilas moles a duras e areias soltas a
densas.
Propriedades fornecidas para o dimensionamento:
Avaliação da resistência/densidade relativa do solo para depósitos profundos.
Resistência in-situ e compressibilidade de solos. Fornece uma indicação do pico de
resistência ao cisalhamento in-situ não drenada. Mede a resistência do ponto e do atrito.
Método indirecto para medir (qc) e resistência ao cisalhamento drenada (∅ ̅). Avaliação
do tipo do solo do leito, limites de estratos verticais e nível de água subterrânea, Módulo
de Young drenado (E) de solos sem coesão.
Onde os piezocones forem usados para os testes de CPT, a pressão da água dos poros
deve ser medida.

(27)
Limitação:
Não fornece a amostra de material a ser examinada.

3.2.2.3 Teste Padrão de Penetração (SPT)


Aplicação:
Realizado em areias e siltos. As amostras são recuperadas.
Propriedades fornecidas para o dimensionamento:
Útil para estimar a densidade relativa, ângulo de atrito efectivo (∅), módulo de
deformação de solos não coesivos e assentamento e, avaliar o potencial de liquefação
de areias saturadas, valor de resistência admissível e consistência de solos argilosos,
identificação e classificação de amostras recuperadas perturbadas.
Limitação:
Os resultados variam en função de qualquer variabilidade mecânica, do operador ou
distúrbios de perfuração. Os testes SPT têm reprodutibilidade fraca. A aplicação de SPT
em saibros, rochas e solos coesivos é limitada. O ensaio é caro e demorado.

3.2.2.4 Teste de Cisalhamento de Palheta


Aplicação:
Utilizado em argilas moles a firmes.
Propriedades fornecidas para o dimensionamento:
Medição de resistência ao cisalhamento não drenada, útil para as análises de
estabilidade de cortes e aterros.
Limitação:
Os resultados são afectados pela anisotropia do solo, uma vez que a medição dos
parâmetros é obtida pelo corte de duas superfícies horizontais e circulares e uma
superfície vertical cilíndrica e o tempo de carregamento. Se o envelope de falha não for
horizontal, o teste de cisalhamento de palheta não fornece resultados precisos.
O teste de cisalhamento de palheta não é aplicável para argilas que contêm areia ou
laminações siltosas, bem como para argila fissurada.

3.2.2.5 Medidores de pressão


Aplicação:
Aplicável para materiais difíceis de amostragem sem perturbações no furo de teste,
como areias, sedimentos e rocha leve dado que o teste é realizado em furos.
Propriedades fornecidas para o dimensionamento:
Medição da estimativa do módulo de compressão da resistência ao cisalhamento não
drenada. O Pressurímetro é usado para avaliar a pressão lateral in-situ do solo. O teste
é frequentemente usado para medir o comportamento da compressão/extensão in situ
de solos e rochas para obter uma compreensão da rigidez e para os cálculos de
engenharia onde as deformações do solo são importantes.

(28)
Limitação:
Os resultados do módulo são afectados pela anisotropia do solo e os valores são válidos
apenas para a porção de comportamento linear do solo e inválidos para formações em
camadas. Os resultados são também afectados pela perturbação do poço.

3.2.2.6 Poços e trincheiras


As escavações de poços de teste e trincheiras são realizadas para amostragem de
materiais do leito e determinação das condições de escavação e de qualquer material
impróprio. Elas permitem uma análise detalhada in situ do solo subterrâneo e do material
rochoso e das condições em profundidades baixas e oferecem alternativas para a
perfuração convencional a um custo relativamente baixo. As trincheiras são especialmente
úteis para investigar taludes de corte, encostas dos vales e encontros ou pilares de pontes,
onde as variações laterais nas condições do material são esperadas.
As escavações são usadas para obter amostras de grande tamanho, tanto amostras
perturbadas como não perturbadas, para ensaios laboratoriais. Elas são o método mais
apropriado de investigação do campo onde ocorrem variações significativas nas condições
do solo, existem materiais de solo com rochas e detritos cujas amostras não podem ser
recolhidas através de métodos convencionais ou características ocultas que devem ser
identificadas.
Os poços de teste devem ser registados sob supervisão contínua de um Especialista
Geotécnico responsável por identificar os locais para a abertura dos poços de teste e
amostragem. O perfil subterrâneo deve ser fotografado e desenhado de maneira
padronizada, fornecido no Apêndice B do Manual de Investigação de Campo 2019. Todas
as precauções de segurança devem ser respeitadas ao escavar e registar os poços e
trincheiras, incluindo o seu tapamento no fim com o material escavado, geralmente
colocado na mesma sequência em que foi escavado.
Existem vários métodos de escavação de poços e trincheiras de sondagem. A adequação
e as limitações de cada método estão resumidas nas seções abaixo. Deve ser feita
referência à secção 5.2.1 do Manual de Investigação de Campo 2019.

3.2.2.7 Poços de ensaio escavados à mão


Aplicação:
Onde a amostragem em massa é necessária e com mínima perturbação do solo
circundante por equipamentos mecânicos. Fornece dados em áreas inacessíveis, pois o
método permite a entrada de uma ou mais pessoas no poço ou trincheira para testes in
situ e inspecção visual.
Limitação:
Demorado, limitado a profundidades acima do nível do lençol freático.

3.2.2.8 Poços de teste e trincheiras escavados por retroescavadora


Aplicação:
Onde a amostragem em massa, testes in-situ, inspeção visual, profundidade da rocha-
mãe e água subterrânea são necessários. O método é rápido e económico, onde o
equipamento é necessário. No entanto, não é tão económico em comparação com os
poços de teste escavados à mão.

(29)
Limitação:
Geralmente limitado a profundidades acima do nível do lençol freático, amostragem não
perturbada limitada e geralmente menos de 3 m de profundidade, mas pode ser de até
6 m.

3.2.2.9 Poços perfurados


Aplicação:
Principalmente para pré-escavação de estacas e poços, investigações de deslizamento
de terra e poços de drenagem. É mais rápido e económico do que escavado
manualmente. Mais apropriado para diâmetros variando de mínimo de 750 mm a
máximo de 2 m.
Limitação:
Difícil de obter amostras não perturbadas, o encamisamento pode dificultar a inspecção
visual, mobilização cara e o equipamento não é comum.

3.2.2.10 Cortes por Buldozer


Aplicação:
Onde as características do substrato rochoso, a profundidade do substrato rochoso e o
nível do lençol freático são necessários. Fornece uma área nivelada para outros
equipamentos de exploração e a capacidade de profundidade de ripagem de
retroescavadoras é aumentada. Custo relativamente baixo, as exposições para
mapeamento geológico aumentam.
Limitação:
Sondagem limitada à profundidade acima do nível do lençol freático.

Como boa prática, deve-se registar o tempo gasto para concluir a escavação das
trincheiras/poços de teste, suas dimensões e descrições dos materiais in situ escavados e
fornecer fotografias coloridas de boa qualidade da trincheira aberta e do material
escavado.

3.2.3 Métodos geofísicos

Os Métodos geofísicos são usados para conduzir investigações subterrâneas para


aplicações de engenharia, para obter informações necessárias no dimensionamento,
construção e durante a manutenção de estradas. Os métodos geofísicos incluem métodos
eléctricos (ou seja, resistividade), métodos sísmicos, métodos eletromagnéticos e métodos
de gravidade. Esses métodos são valiosos no mapeamento do subsolo, incluindo a
determinação da profundidade até o substrato rochoso, a qualidade do substrato rochoso,
estratigrafia do subsolo e várias propriedades do solo e da rocha; investigação dos
assentamentos das estradas; e fotografar as características ocultas da acção humana.

3.2.3.1 Imagem de Resistividade Eléctrica


Aplicação:
Realizado para uma gama variada de tipos de solo e terreno e para detectar as cavidades
subterrâneas (ou seja, falhas ou outros assentamentos), para mapear o substrato

(30)
rochoso ou lençol freático, bem como para esboçar as mudanças na estratigrafia do
subsolo.
Limitação:
• Lento porque leva tempo para concluir a pesquisa depois da sua configuração;
deve instalar eléctrodos directamente no solo e, portanto, trabalhoso;
• A resolução diminui significativamente com o aumento da profundidade;
• Bem-sucedido quando existe um contraste das propriedades geofísicas
específicas entre os tipos de materiais. A resolução é, portanto, difícil em
depósitos muito heterogêneos.

3.2.3.2 Métodos Sísmicos (Refração e MASW)


Aplicação:
Usados em solos com condições muito diferentes e diferentes tipos de terreno. Os
métodos sísmicos comumente conduzidos incluem: refracção sísmica, reflexão sísmica
e métodos de onda superfícial. Esses métodos medem como as ondas sísmicas
atravessam o subsolo para determinar as propriedades físicas do solo e da rocha. Usado
para medir a profundidade até o substrato rochoso, profundidade até lençol freático,
espessura e rigidez relativa do solo ou camadas de rocha. Os testes são relativamente
rápidos de executar.
Limitação:
• O processamento de dados pode levar tempo e requer conhecimento geológico
e experiência;
• Não funciona quando a rigidez diminui com a profundidade ou se uma camada
mole estiver subjacente à camada rígida.

3.2.3.3 Radar de Penetração no Solo


Aplicação:
Usado para obter imagens de elementos localizados a profundidades próximas da
superfície, como localização de tubos e tanques, características do pavimento, detecção
de vazios e o topo do lençol freático. As pesquisas são rápidas e fáceis de executar e os
dados podem ser visualizados em tempo real.
Limitação:
• A eficácia do Radar de Penetração no Solo (GPR) diminui em solos condutores,
argila húmida, areias saturadas e solos com alta percentagem de argilas;
• A profundidade de penetração é limitada a cerca de 10 m;
• GPR não fornece directamente a composição do subsolo.

3.2.4 Observação da água subterrânea


As estradas que atravessam vales de bacias, a jusante de barragens de terra, ao longo de
cursos de água sazonais, rios e perto de áreas pantanosas e lagos, têm maior
probabilidade de apresentar níveis superficiais de água subterrânea. De notar que a bacia
do rio Zambeze em Moçambique inclui 27 sub-bacias, distribuídas por quatro províncias,
nomeadamente Manica, Sofala, Tete e Zambézia.
O objectivo da investigação da água subterrânea é de determinar o nível do lençol freático
permanente no momento da investigação e da respectiva pressão ou determinar a
permeabilidade dos materiais do subsolo ao longo do local do projeto. A determinação das
informações do nível do lençol freático é necessária para compreender as mudanças
sazonais do nível do lençol freático e a influência no comportamento da estrutura do
pavimento da estrada e na capacidade de suporte das fundações das estruturas e para o

(31)
dimensionamento de taludes em corte. O fluxo de água subterrânea leva à erosão interna
dos aterros e dará origem a uma redução na estabilidade do aterro, bem como ao
assoreamento do sistema de drenagem da estrada.
A determinação dos dados do nível do lençol freático é, portanto, conduzida com o
objectivo de desenvolver o projecto das variações do nível do lençol freático que são
usadas para o dimensionamento das estruturas e pavimento da estrada. Nas áreas com
níveis superficiais de água subterrânea, o processo de investigação do local deve incluir o
uso de registadores do nível de água subterrânea e instrumentos de monitoramento do
nível de água subterrânea em tempo real e em cada uma das áreas de construção, que
devem permanecer operacionais durante todo o projecto, para monitorar os impactos na
construção.
A influência da água no comportamento dos diferentes materiais é crítica. Os solos que
são suscetíveis a colapso ou expansão após a exposição à humidade não são apropriados
como material de construção em geral e também como material para construção de
terraplenagens em aterros. É por isso que as características hidráulicas do material
precisam de ser conhecidas. A compreensão do tipo de solo e dos parâmetros necessários
para determinar a resistência dos materiais, deve levar em consideração a condição de
humidade que pode ocorrer durante a vida útil da estrada.
Em relação à observação das águas subterrâneas, deve ser feita referência à secção 7.1.1
do Manual de Investigação de Campo 2019 e deve ser estudado o seguinte:
• A possibilidade de ocorrência de uma condição de lençol freático suspenso e o seu
nível;
• As taxas estimadas do fluxo interno para as escavações;
• Os efeitos de desidratação nos níveis do lençol freático e nas estruturas
adjacentes;
• A presença de condições sub-artesianas, presença de nascentes artesianas
• A possível agressividade do solo e das águas subterrâneas, para o betão e aço
embutidos no solo.

Os furos podem ser seleccionados para ter poços de monitoramento instalados para
amostragem, medição da água subterrânea e avaliação dos riscos associados com
níveis elevados de água subterrânea e agressividade da água subterrânea. A pressão
da água dos poros é medida usando piezocones usados em testes de CPT. Um sensor
é colocado atrás da cabeça do cone para medir a pressão da água dos poros.

3.2.5 Amostragem e medições de testes laboratoriais

Esta fase da investigação geotécnica, envolve a aquisição de dados de testes laboratoriais


dos testes realizados em amostras selecionadas de solo e rocha de furos e poços de teste,
para avaliar as características de engenharia do material e para gerar parâmetros
geotécnicos. As amostras incluem amostras de solo não perturbadas, perturbadas e a
granel e carotes recuperados de rocha. A Tabela 3-1 fornece os testes laboratoriais típicos
que geralmente são realizados durante as investigações geotécnicas. Os detalhes sobre a
frequência de amostragem, profundidade de amostragem para diferentes condições de
solo e estruturas geotécnicas são discutidos na secção 3.1.2

(32)
Tabela 3-1: Amostragem e medições de testes laboratoriais
Teste Geotécnico Tipo de Amostra Utilização dos Resultados do
Ensaio
Solo de ácido de sulfato SPT, Perturbada Avaliação da presença do ácido
de sulfato no solo
Limites de Atterberg Não perturbada, Classificação geral de solos para
perturbada, em massa, a análise do material
SPT
California Bearing Ratio Em massa Avaliação do material do leito
(CBR) para fins de dimensionamento
de pavimento
Condutividade Perturbada Avaliação da condutividade do
solo
Condutividade Água Avaliação da condutividade da
água subterrânea
Densidade seca máxima/ Em massa Classificação geral de solos para
Teor de humidade óptimo a avaliação do material de
terraplenagem
Teor de humidade Perturbada, Em massa, Classificação geral de solos para
SPT a avaliação do material
Consolidação Não perturbada Propriedades de consolidação
unidimensional do solo
Distribuição do tamanho Em massa, SPT Classificação geral de solos para
de partículas a avaliação do material
Distribuição do tamanho Não perturbada, Em Classificação geral de solos para
de partículas massa avaliação do material
(hidrômetro)
pH, sulfato (S04), cloreto Perturbada Avaliação da agressividade do
(Cl) solo
pH, sulfato (S04), cloreto Água Avaliação da agressividade da
(Cl) água subterrânea
Índice de carga pontual Carote Avaliação da resistência do
maciço rochoso
Resistividade Perturbada Avaliação da resistividade do
solo
Teste de compressão Não perturbada Propriedades de resistência ao
triaxial cisalhamento do solo
Resistência a Carote Avaliação da resistência do
Compressão Uniaxial maciço rochoso
(UCS)

3.2.6 Resumo para a planificação de investigação geotécnica

As Tabela 3-2 e Tabela 3-3 são apresentadas como um resumo dos ensaios de campo e
de laboratório, que devem ser realizados para ajudar na planificação da investigação
geotécnica. A Tabela 3-2 é para testes em perfis de solos estáveis acima do lençol freático,
normalmente em solos residuais ou solos coesivos transportados e, a Tabela 3-3 em solos

(33)
variáveis saturados, normalmente encontrados em áreas costeiras (Byrne et al., 2019). A
orientação para os procedimentos de amostragem, frequência de amostragem,
profundidade de amostragem para diferentes estruturas geotécnicas é fornecida na Secção
3.1.2.

Tabela 3-2: Guia para planificar uma investigação de solo em perfil de solo
estável
Parâmetro Teste de campo/ Ensaios Laboratoriais
Requisito
Colapso Recuperar amostras não Ensaio edométrico duplo
perturbadas do furo de
Ensaio do potencial de
teste do trado, furo de
colapso
teste ou poço
Consistência do perfil do Testes in-situ Densidade de amostras
solo não perturbadas.
(DPSH / CPT / SPT / CPTU)
Perfilagem in-situ de furos
de teste/poços de teste
Testes de substituição de
areia
Descrição do perfil do solo Furos de teste do trado
Furos de teste
Poços com SPT
Levantamento sísmico
Resistência ao Recuperar amostras não Ensaio triaxial drenado
cisalhamento drenada perturbadas de furos de
Ensaio de caixa de
teste do trado, furo de
Ângulo efectivo de atrito cisalhamento drenado
teste ou poços
interno (φ)
Ensaio triaxial não drenado
Coesão efectiva (cu) com medição da pressão
da água dos poros
Elevação Recuperar amostras não Ensaio edométrico duplo
perturbadas do furo de
Teste de ondulação sob
teste do trado, furo de
carga
teste ou poço
Teste de índice de
propriedade (amostra
perturbada)
Testes de índice de Recuperar amostras não Análise de granulometria
propriedade perturbadas do furo de
Limites de Atterberg
teste do trado, furo de
teste ou poço Teor de humidade
Nível do lençol freático Abrir um poço ou furo, Grau de saturação
deixar um período de
tempo para que o nível da
água se estabilize no furo e
depois medir o nível
Módulo de Teste de furação cruzada Teste de edômetro
compressibilidade
Teste da placa sob carga

(34)
(rigidez no nível de tensão Teste de pressurímetro Teste triaxial com medição
apropriado) de tensão local
Rigidez de pequena tensão
- SASW Elemento de dobragem
Dilatómetro
Permeabilidade Recuperar amostras não Teste de Permeabilidade de
perturbadas do furo de Cabeça Constante ou
teste do trado, furo de Decrescente
teste ou poço
CPTU, teste de Lugeon
Pressão de sucção do solo Ensaio de papel de filtro
Resistência ao Recuperar amostras não Teste de ensaio não
cisalhamento não drenada perturbadas de furos de perturbado
teste do trado, furos de
Teste de compressão não
teste ou poços. Ensaio de
confinada
cisalhamento de palheta
em poço ou furo de ensaio

Tabela 3-3: Guia para planificar uma investigação do solo em solos variáveis
saturados
Parâmetro Teste de campo/ Testes Laboratoriais
Requisito
Colapso Recuperar amostras não Ensaio de edômetro duplo
perturbadas do poço
Ensaio do potencial de
colapso
Consistência do perfil do Penetrómetro Dinâmico do --
solo Cone
(DPSH)
Teste de penetrómetro de
cone
(CPT/CPTU)
Furo com SPT e/ou
perfuração giratória de
carotes
Descrição do perfil do solo Furo com SPT e/ou --
perfuração giratória de
carotes
Resistência ao Recuperar amostras não Ensaio triaxial drenado
cisalhamento não drenada perturbadas do poço,
Ensaio de caixa de
correlacionar com testes de
Ângulo efectivo de atrito cisalhamento drenado
penetrómetro in-situ
interno (φ)
(apenas solos arenosos) Ensaio triaxial não drenado
Coesão efetiva (Cu) com medição da pressão
da água dos poros

(35)
Elevação Recuperar amostras não Ensaio de edômetro duplo
perturbadas e/ou
Teste de dilatação sob
perturbadas do poço
carga
Teste de índice de
propriedade (amostra
perturbada)
Testes de índice de Recuperar amostras Analíse de Granulometria
propriedade perturbadas do poço
Limites de Atterberg
Teor de humidade
Nível do lençol freático Abrir um furo e instalar o --
piezômetro.
Módulo de Teste de pressurímetro, Teste de edômetro
compressibilidade correlacionar com testes de
Teste triaxial com medição
penetrómetro in-situ,
(rigidez no nível de tensão de tensão local
rigidez de pequena tensão
apropriado)
- SASW Elemento de dobragem
Permeabilidade Recuperar amostras não Teste de Permeabilidade de
perturbadas do poço Cabeça Constante ou
Decrescente
CPTU, teste de Lugeon
Resistência ao Recuperar amostras não Teste de ensaio não
cisalhamento não drenada perturbadas do poço perturbado
Ensaio de cisalhamento de Teste de compressão não
palheta em poço confinado
Correlacionar com testes
de penetrómetro in-situ

3.3 Classificação do solo e da rocha

3.3.1 Classificação do solo


A classificação do solo é importante, pois fornece uma orientação sobre a aceitabilidade
de solos para o uso na construção e selecção dos testes de análise das propriedades de
engenharia. É feita uma distinção entre a descrição do solo e a classificação do solo. Esta
actividade, exige os serviços de um engenheiro geotécnico experiente ou geólogo de
engenharia. A classificação do solo é usada para avaliar a variabilidade geral e a
consistência entre as amostras colectadas de um determinado local. A classificação de
solos é o agrupamento de solos com propriedades de engenharia semelhantes. Depende
da avaliação dos resultados dos testes laboratoriais apoiados por testes de índice. Por
outro lado, a descrição do solo inclui detalhes das características do material e da massa.
Portanto, é improvável que dois quaisquer solos tenham descrições idênticas (Craig 2004).
Um sistema de classificação deve auxiliar na categorização dos solos, relacionando suas
aparências e comportamentos com o desempenho de engenharia estabelecido. Os tipos
de solo em Moçambique incluem solos eólicos que são comuns no leste e sul do país;
argilas fluviais, sedimentos, areias e saibros são comuns nos fundos dos vales e nos
estuários e nas estruturas de graben ou fossa tectónica no interior das províncias de
Inhambane e Gaza; e lamas diatomáceas e outros depósitos lacustres de granulação fina
ocorrem em partes do leste e do sul do país, em depressões, lagoas e vales entre dunas.
Uma compreensão geral do comportamento comum desses solos é essencial para um

(36)
projecto geotécnico adequado. Deve ser feita referência às Secções 2.3 e 5.3 do Manual
de Investigação de Campo 2019.
Existem vários sistemas e métodos usados para classificar os solos. O sistema AASHTO,
que foi desenvolvido especificamente para a construção de estradas, agrupa os solos em
categorias com capacidade de carga e características de serviço semelhantes para o
dimensionamento do leito do pavimento. Os grupos de solos são designados de A-1 a A-
7, mas o Grupo A-8 foi adicionado para incluir os solos altamente orgânicos. O sistema de
classificação requer a determinação das seguintes propriedades para classificar
precisamente o solo:
• Distribuição de partículas (peneiras de 2 mm, 0,425 mm e 0,075 mm)
• Limite líquido
• Índice de Plasticidade
• Limite de Retracção

O sistema de classificação de AASHTO é mostrado na Tabela 3-4.


O Sistema Unificado de Classificação de Solos (USCS) mostrado na Figura 3-1 é o mais
detalhado e, por se basear nas características que controlam como o solo se comporta
como material de engenharia, é o sistema mais utilizado para aplicações de engenharia
geotécnica. Embora o sistema tenha limitações para o uso como método de classificação
de campo, ele é amplamente usado para muitas aplicações geotécnicas. As seguintes
propriedades são necessárias para classificar o solo:
• Percentagens de saibro, areia e finos (fracção passando no peneiro de 0,075
mm).
• Forma da curva de distribuição do tamanho do grão.
• Características de plasticidade e compressibilidade.

Da Figura 3-1, pode-se notar que o USCS atribui ao solo um nome descritivo e um símbolo
de duas letras indicando as suas características principais. A primeira letra representa o
tipo de solo que constitui mais de 50% da amostra, enquanto a segunda letra define as
propriedades da amostra.

(37)
Tabela 3-4: O Sistema de Classificação de Solo AASHTO (AASHTO M 145 ou ASTM D 3282 em Samtani, 2006)

(38)
Figura 3-1: O Sistema Unificado de Classificação de Solo (ASTM D 2487)

A designação de material usado na Figura 3-1 é definida na Tabela 3-5.

Tabela 3-5: Definições de USCS


Tipo de solo Propriedade de amostra
G Saibro P Mal graduado
S Areia W Bem graduado
M Sedimento H Plasticidade Alta
C Argila L Plasticidade Baixa
O Orgânico

(39)
Deve ser feita a referência a Secção 8.1.4 e a Tabela 8-1 do Manual de Investigação de
Campo 2019 para a identificação dos principais tipos de solos em termos de classificação
de tamanho de partículas. As definições padrão para a descrição do solo são fornecidas no
Apêndice B do Manual de Investigação de Campo 2019.

3.3.2 Descrição do solo


A descrição do solo no campo deve ser realizada de uma maneira consistente e repetível.
O processo geralmente usado em solos da África Austral é apresentado no Apêndice B do
Manual de Investigação de Campo 2019.
A descrição do solo de acordo com AASHTO M 145 ou ASTM D 2488 conforme apresentada
na Tabela 3-4deve incluir o seguinte:
• Consistência aparente (por exemplo, mole, firme, etc. para solos de
granulometria fina) ou adjectivos de densidade (por exemplo, solta, densa, etc.
para solos de granulometria grossa);
• Informação da condição de teor de água (por exemplo, seca, húmida ou
molhada);
• Descrição da cor (por exemplo, castanha, cinza etc.);
• Nome do tipo de solo principal (por exemplo, areia, argila, sedimento ou
combinações);
• Informação descritiva do tipo de solo principal (por exemplo, para solos de
granulometria grossa: fino, médio; grosso, bem arredondado, angular, etc., para
solos de granulometria fina: orgânico; inorgânico, compressível, laminado, etc.);
• Informação da distribuição do tamanho de partículas para a pedra e areia (por
exemplo, uniforme ou bem graduado);
• Informação da plasticidade (por exemplo, alta ou baixa) e textura do solo (por
exemplo, rugoso, liso, ceroso liso, etc.) para argilas ou siltos orgânicos e
inorgânicos;
• Termo descritivo para solos de menor tipo (com, algum, traço, etc.);
• Nome do tipo de solo secundário se a componente secundária de granulometria
fina for inferior a 30%, mas superior a 12%; ou a componente secundária de
granulometria grossa é 30% ou mais (por exemplo, siltosa para granulometria
fina, arenoso para o tipo de solo secundário de granulometria grossa);
• Informação descritiva "com" se o tipo de solo secundário de granulometria fina
for 5 a 12% (por exemplo com argila) ou se o tipo de solo secundário de
granulometria grossa for inferior a 30%, mas 15% ou mais (por exemplo, com
saibro);
• Inclusões (por exemplo, betonagem ou cimentação).

Um exemplo de registo de sondagem subterrânea é apresentado no Apêndice A.

3.3.3 Características de engenharia do solo

Com base na classificação e descrição, os solos podem ser agrupados como sendo de
granulometria grossa ou de granulometria fina, dependendo da distribuição do tamanho
dos grãos. O agrupamento dominante influencia o comportamento de engenharia dos
materiais. As características de engenharia dos materiais tem um papel muito importante
no desempenho dos elementos estruturais geotécnicos, conforme discutido na Secção 3.4.
Os solos de granulometria grossa têm as seguintes características de engenharia:
• Geralmente, não é expansivo
• Geralmente, muito bom material de fundação para suportar as estruturas e
estradas;
• Geralmente, muito bom material de aterro;
• Geralmente, o melhor material de aterro para muros de contenção
• Pode assentar quando sujeito a cargas vibratórias ou explosões;

(40)
• A desihumidificação pode ser difícil em saibro de granulometria aberta devido à alta
permeabilidade;

As argilas inorgânicas (A-6 e A-7) exibem as seguintes características de engenharia:


• Geralmente, possuem baixa resistência ao cisalhamento;
• Plástico e compressível;
• Pode perder parte da resistência ao cisalhamento com a humidade;
• Pode perder parte da resistência ao cisalhamento com a perturbação;
• Pode encolher ao secar e expandir com a humidade;
• Geralmente, material muito mau para aterros de reposição;
• Geralmente, material mau para aterros;
• Pode ser completamente impermeável;
• Os taludes de argila são sujeitos a deslizamentos de terra.

Os siltos inorgânicos (A-4 e A-5) exibem as seguintes características de engenharia:


• Resistência ao cisalhamento relativamente baixa;
• Permeabilidade relativamente baixa;
• Difícil de compactar

3.3.4 Classificação de rocha


A caracterização das rochas é necessária para auxiliar na elaboração de projectos
adequados e nas recomendações de qualidade dos agregados. É importante ser capaz de
identificar os tipos de rochas, descontinuidades e diferenciar as zonas fracas dentro de
uma massa rochosa. Frequentemente, são as características secundárias da massa
rochosa que determinam a resistência e o comportamento da rocha. A expectativa é que
a descrição da rocha deve incluir características significativas para influenciar o seu
desempenho de engenharia.
As descrições de rochas diferem das descrições do solo, pois os métodos de laboratório
normalmente não são usados para determinar o tipo de rocha e, portanto, geralmente
mais difíceis de identificar e classificar do que os solos. Isso é melhor feito por um geólogo
ou engenheiro geólogo.

3.3.4.1 Litologia
As rochas são divididas em três categorias principais com base na sua gênese. As rochas
são:
• Ígnea - formada pelo arrefecimento de magmas e lavas
• Sedimentares - formadas pela desintegração provocada pelos desgaste numa
massa rochosa existente, portanto, são depositados pela sedimentação de
materiais erodidos carregados pela água, vento, gelo ou gravidade, ou ainda por
sedimentação química.
• Metamórfica - formada a partir de rochas ígneas, sedimentares ou outras rochas
metamórficas afectadas por vários graus de aquecimento, pressão ou fluidos
químicos.

(41)
A Tabela 3-6 mostra a classificação geral da maioria dos tipos de rocha-mãe e exemplos.

Tabela 3-6: Classificação de rocha


Tipo de Rochas Rochas Rochas Rochas Rochas Rochas
Rocha- Ígneas ígneas Calcárias Sedimentares Sedimentares Metamórficas
mãe Ácidas básicas Argiláceas Arenáceas
(argilosas) (arenosas)
Exemplos quartzo, Basalto, Calcrete, Pedra Arenito, Mármore,
de tipos Pegmatite, Dolerito, Calcário, argilosa Conglomerado, Ardósia,
de rocha Riolito, Andesito, Mármore, Pedra de Tilito, Hornfel,
Aplito, Diorito, Dolomite lama, Cherte Quartzito,
Granito Norito, Siltito, Xisto,
Piroxenita Xisto, Gneisse,
Carvão Antracite

As rochas ígneas, metamórficas e sedimentares estão todas presentes em Moçambique.


Arenitos e calcários cretáceos e terciários são as rochas mais comuns encontradas na
superfície das partes do sul e sudeste (predominantemente nas províncias de Inhambane
e Gaza). As rochas vulcânicas (riolitos e basaltos) formam as Montanhas Libombo no
extremo oeste da Província de Maputo. As rochas metamórficas expostas na superfície são
encontradas no norte e noroeste do país.

3.3.4.2 Descrição da amostra de rocha


As descrições das rochas diferem das descrições do solo, pois os métodos laboratoriais
não são usados para determinar o tipo de rocha e são levadas em consideração ambas
características de rocha intacta e das descontinuidades. A classificação consiste em duas
avaliações básicas, características da amostra e características da massa rochosa.
As características da amostra consistem numa classificação escrita do carote da rocha
intacta, litologia, grau de desgaste, tamanho dos grãos, vazios, dureza e cor. As descrições
das rochas também devem incluir a classificação estratigráfica, quando conhecida.
As características da massa rochosa, por outro lado, consistem numa classificação
quantitativa da massa rochosa no local. As descontinuidades estruturais ou litológicas, tais
como estratificação, juntas, falhas e contactos formativos, bem como a quantidade de
carotes recuperáveis são características essenciais. As características da massa rochosa
são obtidas por meio de medições de Recuperação (REC), Comprimento Médio do Carote
(ACL), Designação da Qualidade da Rocha (RQD) e Fracturas por Intervalo (Quebra do
carote).
Os métodos de descrição de rochas variam, mas devem ser expressos numa sequência
específica para manter a consistência na parte da descrição de rocha no registo de
perfuração. A boa prática requer que seja lida como uma ou mais frases articuladas.
Geralmente a descrição deve cobrir os seguintes aspectos principais:
1. Uma descrição do material rochoso (ou rocha intacta): o termo material rochoso
aqui se refere à rocha que não tem fracturas contínuas, que reduzem
significativamente sua resistência à tracção;
2. Uma descrição das descontinuidades; e
3. Uma descrição da massa rochosa: o termo massa rochosa aqui se refere ao
material rochoso e as descontinuidades. As informações de (1) e (2) são
combinadas para fornecer uma descrição geral da massa rochosa.

A seguir se apresenta um exemplo:


1. Desintegração ambiental
2. Dureza
3. Estratificação (se houver - apenas rochas sedimentares)

(42)
4. Cor
5. Tipo de rocha
6. Fractura/condição da junta, incluindo espaçamento, condição da superfície,
separação dos planos da junta, condição da parede da rocha, continuidade das
juntas e orientação de cada conjunto de juntas.
7. Inclusões, tipos de rochas secundarías e minerais observados (ou seja, pirita,
anidrita, etc.).
8. Outras características que podem precisar ser levadas a atenção do engenheiro

Desgaste abiental
O Desgaste é o processo de desintegração física e decomposição química geralmente
agindo em conjunto. O processo de alteração e quebra da rocha ocorre sob a influência
directa da hidrosfera e da atmosfera, junto ou próximo à superfície da Terra. O desgaste
e alteração química são aspectos importantes da classificação de rochas que podem
afectar as propriedades tanto da rocha intacta assim como da massa rochosa. As
mudanças ocorrem ao longo do tempo, impactando na dureza, resistência,
compressibilidade e permeabilidade da rocha. A massa rochosa é alterada até que a rocha
seja reduzida a solo. A Tabela 3-7 mostra os termos usados para descrever o estado de
desgaste de uma massa rochosa.

Tabela 3-7: Termos de Desgaste para a Massa Rochosa


Termo Descrição Categoria
Intacta Nenhum sinal visível de desgaste do material rochoso,
I
uma ligeira perda de cor nas superfícies de principais
descontinuidades. Se for cristalina, a rocha toca quando
martelada.
Ligeiramente A perda de cor indica o desgaste do material rochoso e
II
desgastada superfícies de descontinuidade. Todo o material rochoso
pode perder a cor pelo desgaste e pode ser um pouco
mais fraco externamente do que no seu estado natural.
Algumas juntas podem mostrar revestimentos finos de
argila.
Moderadamente Menos da metade do material rochoso é decomposto e/ou
III
desgastada desintegrado e transforma-se em solo. A rocha natural ou
com perda de cor, está presente como uma estrutura
contínua ou como amostra da rocha. A rocha tem um som
abafado quando martelada e mostra uma perda
significativa de resistência em comparação com a rocha
natural.
Muito Mais da metade do material rochoso é decomposto e/ou
IV
desgastada desintegrado e transforma-se em solo. A rocha natural ou
com perda de cor, está presente como uma estrutura
descontínua ou como amostra da rocha. A rocha mostra
severa perda de resistência e pode ser escavada com a
picareta de um geólogo. O rocha faz um 'clunk' quando
martelada.
Totalmente Todo o material rochoso é decomposto e/ou desintegrado
V
desgastada e transforma-se em solo. A estrutura de massa original
ainda está praticamente intacta.
Solo residual Todo o material rochoso é convertido em solo. A estrutura
VI
de massa e a textura do material são destruídos. Há uma

(43)
grande mudança de volume, mas o solo não foi
significativamente transportado.
Natural Nenhum sinal visível de desgaste do material rochoso.
Perda da cor A cor do material de rocha natural é alterada. O grau de mudança
da cor original deve ser indicado. Se a mudança de cor estiver
confinada a constituintes minerais específicos, isso deve ser
mencionado
Decomposta A rocha é desgastada até a condição de um solo no qual a textura
original do material ainda está intacta, mas alguns ou todos os
grãos minerais estão decompostos.
Desintegrada A rocha é desgastada até a condição de solo em que a textura
original ainda está intacta. A rocha é friável, mas os grãos minerais
não se decompõem.

Dureza
A dureza da rocha é uma medida da resistência da rocha que é controlada por muitos
factores, incluindo o grau de endurecimento, cimentação, ligação de cristal e/ou grau de
desgaste. A dureza da rocha pode ser determinada por meio de testes manuais ou
laboratoriais de amostras.
Onde houver uma aparente mudança da resistência da rocha como resultado do desgaste
ou mudança na litologia, devem ser realizados testes de dureza. A Tabela 3-8 apresenta
os vários graus de dureza que podem ser usados. Uma vez que as medições da dureza da
rocha devem ser obtidas a partir de amostras que são representativas da massa rochosa,
geralmente o teste de dureza rocha não deve ser realizado a partir de carotes de amostras
partidas.

Tabela 3-8: Escala de resistência relativa da rocha


Termo Identificação de Campo
Extremamente De areia solta ao carote mole, se desintegra ou se desmorona ao
Fraca remover do barrilete/tubo ou sob pequena pressão; arenito não
cimentado
Muito Fraca Pode ser recuado com dificuldade pela miniatura. Pode ser moldável
ou friável com a pressão do dedo. Em afloramento, pode ser
escavado facilmente com a ponta da picareta geológica. O arenito
pode ser deformado ou esmagado com os dedos
Fraca Pode ser arranhado com a unha. Pode ser descascado com um
canivete. Esmaga-se sob golpes com martelo/picareta geológica. O
arenito não pode ser deformado com o dedo, mas os grãos podem
ser esfregados da superfície e pequenos pedaços podem ser
esmagados entre os dedos, mas com alguma dificuldade.
Moderadamente Não pode ser arranhado com a unha. Pode ser descascado com
dura dificuldade com um canivete. A amostra pode se desfazer com um
único golpe firme de martelo/picareta geológica. O arenito pode ser
arranhado com uma faca; os grãos não se esfregam na superfície.
Dura Pode ser arranhada com a faca ou picareta geológica, mas com
dificuldades. Vários golpes fortes de martelo necessários para
desfazer a amostra.

(44)
Estratificação
Identificada pela presença de uma série de superfícies planas ou quase planas que
separam visivelmente cada camada sucessiva da rocha estratificada (de litologia igual ou
diferente) da camada precedente ou seguinte. Ela pode ou não estar fisicamente separado
(aparece como uma fractura). Essas características, incluindo a foliação e estratificação
ígnea, devem ser medidas e adequadamente descritas, pois controlam o mecanismo e a
extensão da falha do talude. Eles também afectam o grau de amadurecimento da rocha
durante a escavação e detonação. Tipicamente, as rochas sedimentares contêm uma série
dessas camadas.
Os termos de estratificação usados para descrever a espessura dos estratos são
apresentados na Tabela 3-9. O termo espessura do estrato representa a quantidade de
material rochoso entre dois planos de estratificação distintos.

Tabela 3-9: Termos de Estratificação


Termo de Estratificação Espessura
Estrato muito grosso >2m
Estrato grosso 600 mm – 2 m
Em estratos finos 60 mm – 600 mm
Em estratos muito finos 20 mm – 60 mm
Laminado 6 mm – 20 mm
Finamente laminado < 6 mm

Cor
A cor pode ser um indicador da influência de outros processos geológicos significativos
que podem estar a ocorrer na massa rochosa (por exemplo, a presença de água, a ação
do desgaste, etc.); não é em si uma propriedade de engenharia específica. É uma boa
prática que o processo de designação de cores também seja executado numa face de
rocha húmida que foi esfregada e limpo de detritos e fluidos de perfuração. Sempre que
possível, a cor deve ser comparada com um gráfico padrão, como o Gráfico de Cor de Solo
do Munsell ou aqueles produzidos pela Sociedade Geológica da America.
Descontinuidades
As descontinuidades geológicas são falhas ou planos visíveis de fraqueza na massa rochosa
que separam a massa rochosa em unidades discretas. Elas incluem characterÍsticas
estruturais, como juntas e falhas, e characterísticas deposicionais (rachas), como planos
de estratificação. As propriedades de descontinuidades geológicas que são medidas nas
amostras de carotes incluem a orientação e espaçamento.
As descontinuidades frequentemente ocorrem em conjuntos subparalelos dentro de uma
massa rochosa. Elas devem ser descritas cuidadosamente e sistematicamente, pois
desempenham um papel significativo no controle do desempenho de engenharia das
massas rochosas em termos de resistência, deformação e permeabilidade.
Uma junta é uma fractura ou separação numa rocha. As juntas podem variar de
perpendicular a paralela na orientação em relação à estratificação. Nenhum movimento
visível paralelo à superfície da junta. O movimento que ocorre em ângulos rectos com a
superfície da junta faz com que as juntas se separem ou se abram. As superfícies das
juntas são geralmente planas e frequentemente ocorrem com juntas paralelas para formar
um conjunto de juntas. Dois ou mais conjuntos de juntas que se cruzam definem um
sistema de juntas.
A frequência de descontinuidades é estabelecida pelo número de fracturas por intervalo
de medição e é descrita na secção Características da Massa Rochosa.
O espaçamento entre descontinuidades é definido como a distância perpendicular entre
descontinuidades adjacentes. A Tabela 3-10 mostra como é descrito no campo.

(45)
Tabela 3-10: Definição do Espaçamento de Descontinuidade
Descrição Espaçamento de
Descontinuidade
Muito espaçadas >3m
Espaçadas 1–3m
Moderadamente espaçadas 300 mm – 1,0 m
Pouco espaçadas 30 – 300 mm
Muito espaçadas <30 mm

Orientação
Esta é a inclinação de uma descontinuidade medida a partir da horizontal. A orientação
das descontinuidades numa massa rochosa é de importância suprema para o
dimensionamento na engenharia de rochas. A orientação de uma descontinuidade no
espaço é descrita pela direcção da inclinação (azimute, três dígitos) medida no sentido
horário em graus a partir do Norte verdadeiro e pela inclinação da linha de declinação mais
acentuada no plano da descontinuidade medida em graus a partir da horizontal (dois
dígitos). A orientação pode ser expressa em graus, mas de preferência usando os termos
descritivos dados na Tabela 3-11 abaixo:
Tabela 3-11: Descrição da Inclinação

Termo Ângulo (Graus)


Horizontal 0-5
Plana ou ângulo baixo 5-35
Inclinanda moderadamente 35-55
Ângulo Elevado ou Íngreme 55-85
Vertical ou Quase Vertical 80-90

Características da Massa Rochosa


A qualidade da rocha recuperada pode ser classificada em termos de recuperação total ou
sólida do carote ou em termos de um índice de qualidade, como designação de qualidade
da rocha (RQD), índice de fractura ou índice de estabilidade, desde que se considerem
apenas as fracturas naturais.
As características gerais de engenharia da massa rochosa são estabelecidas por meio da
avaliação dos elementos estruturais do carote da rocha. As propriedades das
descontinuidades geológicas são avaliadas por meio de medições feitas em amostras de
carotes, incluindo comprimento médio do carote (ACL), designação de qualidade de rocha
(RQD) e fracturas por cada intervalo de um metro. A Recuperação do carote também é
medida e descreve em certo grau as propriedades das descontinuidades, mas é mais
pertinente na caracterização de outras propriedades da massa rochosa, como a presença
de vazios. Os valores de ACL, RQD, Fracturas por Intervalo e Recuperação do carote são
determinados para cada execução ou tiragem do carote e são anotados no registro original
do perfurador.
A Tabela 3-7 mostra a caixa do carote para transporte e armazenamento da rocha
recuperada. Deve-se ter cuidado ao colocar o carote de rocha nas caixas do carote e é
recomendado cobrir o carote por uma luva de polietileno de encaixe solto e rotulado antes
de colocá-lo na caixa do carote. As etiquetas da caixa do carote devem ser preenchidas
usando uma caneta marcadora preta indelével.

(46)
Figura 3-2: Caixa de carote de Rocha Recuperada (Estrada N221 Chibuto -
Guijá, Província de Gaza)
O RQD é a soma dos comprimentos dos pedaços de todas as rochas intactas e sólidas
recuperadas num poço de qualquer orientação. Todos os pedaços do carote de rocha sólida
e intacta com comprimento igual ou superior a 100 mm são somadas e divididas pelo
comprimento do carote. Assim, o RQD é simplesmente uma medida da percentagem da
rocha sólida recuperada de um intervalo num poço. O RQD é um indicador e tem sido
relacionado à qualidade geral de engenharia da rocha conforme mostrado na Tabela 3-12
cujos valores mais altos indicam a rocha mais intacta e com melhor desempenho.

Tabela 3-12: Descrição Qualitativa de Rochas Baseada no RQD


RQD (%) Qualidade da Rocha
0 - 25 Muito má
25 – 50 Má
50 – 75 Razoável
75 – 90 Boa
90 – 100 Muito boa (Excelente)

Como determinar o RQD (Figura 3-3): Como uma ilustração, com base no comprimento
do carote da rocha obtido em cada tiragem, as seguintes quantidades podem ser usadas
para avaliação da qualidade da rocha:

(47)
𝐃𝐞𝐬𝐢𝐠𝐧𝐚çã𝐨 𝐝𝐚 𝐐𝐮𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐚 𝐑𝐨𝐜𝐡𝐚
ΣComprimento de pedaços intactos e sólidos do carote > 100 mm
= x100%
Comprimento total do carote (mm)

Para o carote, o RQD é calculado como se segue:


625 + 230 + 135 + 100
𝑅𝑄𝐷 = = 0.727
1500

O RQD é 73%. Da Tabela 3-12, a qualidade da rocha é


razoável.

Comprimento do carote da rocha recuperada


Taxa de Recuperação =
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟𝑓𝑢𝑟𝑎çã𝑜

Figura 3-3: Determinação do RQD

As descrições comuns da densidade de fractura estão resumidas na Tabela 3-13. É


importante notar que a recuperação do carote também depende da resistência da massa
rochosa e do método de perfuração.

Tabela 3-13: Densidade de Fractura. Modificado da Agência de Reclamação do


DOI E.U (1998)
Densidade Descrição
Fracturada
Não fracturado Nenhuma fractura observada ou pedaços recuperados
principalmente em comprimentos superiores a 1 m.
Ligeiramente Pedaços recuperados principalmente em comprimentos de 300
fracturado mm a 1 m, com poucos comprimentos espalhados menores
que 300 mm ou maiores que 1 m.
Moderadamente Os pedaços recuperados principalmente em comprimentos de
fracturado 100 a 300 mm com a maioria dos comprimentos de cerca de
200 mm.
Muito fracturado Comprimentos médios de 30 a 100 mm com intervalos
fragmentados. Pedaços recuperados principalmente em
comprimentos inferiores a 100 mm.
Extremamente Pedaços recuperados principalmente como fragmentos de
fracturado comprimentos do carote, curtos e espalhados.

Resistência estimada do material rochoso


Frequentemente, são as características secundárias da massa rochosa que determinam a
resistência e o comportamento da rocha. Como tal, ao descrever os carotes de rocha ou
exposições de rocha, normalmente é suficiente estimar a resistência. Isso pode ser
alcançado no campo usando o teste de reagrupamento do martelo Schmidt ou o teste de

(48)
Carga Pontual, que é especialmente mais fiável. Os resultados são então refinados
posteriormente no laboratório. As terminologias para descrever a resistência da rocha com
base na resistência à compressão não confinada são apresentadas na Tabela 3-14.

Tabela 3-14: Descrição da resistência do material rochoso no campo versus UCS


Descrição Identificação de campo Resistência à
Compressão
Não Confinada
(MPa)
Extremamente Recuado por miniatura 0,3 a 1
fraca

Rocha muito fraca O material desintegra-se sob golpes firmes 1a3


com a ponta afiada da picareta geológica

Rocha fraca Só pode ser raspado com um canivete. 3 a 10


deslocamentos superficiais de 2 a 4 mm com
golpe firme da ponta afiada da picareta
geológica
Rocha de Não pode ser raspado ou descascado com 10 a 25
Resistência Média um canivete. A amostra quebra com golpes
firmes da ponta da picareta geológica.
Rocha dura Os testes de carga pontual devem ser 25 a 70
realizados a fim de distinguir entre essas
Rocha muito dura 70 a 200
classificações, e os resultados podem ser
Rocha extremanete verificados por testes de resistência à >200
dura compressão não confinada nas amostras
seleccionadas

3.3.5 Requisitos de características do solo e da rocha para análise geotécnica

Com base na classificação USC, as características de engenharia do solo podem ser


correlacionadas aos requisitos para a análise geotécnica, conforme apresentado na Tabela
3-15. A orientação geral também é providenciada para a caracterização da estabilidade
dos taludes, onde uma análise detalhada pode não ser necessária com base na experiência
anterior semelhante na área ou onde a rocha apresenta os ângulos de inclinação
necessários. São fornecidas orientações sobre a adequação do grupo de materiais para os
aterros, assim como para o suporte da fundação e a qualidade da rocha.

(49)
Tabela 3-15: Análise Necessária de Engenharia Geotécnica (FHWA, 2012)
Classificação de solo Aterros e taludes em corte Estruturas de Fundações Estruturas de Contenção
Pontes e Estruturas de Convencional, Berço e MSE
Contenção
Unificada AASHTO Tipo de Análise da Análise de Análise da Análise de Pressão Análise de
solo Estabilidad Assentamento capacidade Assentamento Lateral do Establidade
e do Talude de carga solo

GW A-1-a SAIBRO Geralmente. Geralmente, Necessário Geralmente, Solos GW, Todas as


Bem não é não é para bases ou não é SP, SW e SP paredes
graduado necessária necessária, sapatas, necessário, são devem ser
GP A-1-a SAIBRO se o talude excepto estacas ou excepto para geralmente projectadas
Mal de corte ou possivelmente fundações de solos SC ou adequados para fornecer
graduado aterro for de para solos SC. poços para grandes para os um factor de
GM A-1-b SAIBRO 1,5H para perfurados. estruturas aterros ou segurança
Siltoso 1V, e os pesadas. em muros de máximo (F.S.)
GC A-2-6 SAIBRO drenos As sapatas contenção ou = 1,5 contra
A-2-7 Argiloso subterrâneos geralmente Correlações paredes de deslizamento
SW A-1-b AREIA forem são empíricas com solos ao longo da
Bem usados para adequadas, valores de SPT reforçados. base.
graduada baixar o excepto geralmente
SP A-3 AREIA lençol possivelmente usadas para Solos GM, Considerações
Mal freático num para solos SC. estimar o GC, SM e SC de
graduada talude de assentamento. geralmente estabilidade
SM A-2-4 AREIA corte. adequados externa do
A-2-5 Siltosa se tiverem talude externo
SC A-2-6 AREIA A erosão dos menos de iguais às
A-2-7 Argilosa taluides pode 15% de fornecidas
ser um finos. anteriormente
problema Análise da para taludes
para solos de pressão de corte e
tipo SW ou lateral do aterros.
SM. solo
necessária
usando o
ângulo de

(50)
fricção
interna do
solo.
ML A-4 SILTO Obrigatório, Obrigatório, a Necessário. Necessário. Esses solos
Silto a menos que menos que seja Sapata directa Pode usar não são
Inorgânico seja não não plástico. geralmente valores de SPT recomendad
ARENOSO plástico. adequada. se for não os para uso
A erosão dos plástico. directamente
taludes pode por trás ou
ser um em muros
problema. de contenção
ou paredes
de solos
reforçados.
CL A-6 ARGILA Necessário. Obrigatório, a Necessário. Necessário. Esses solos
Argila menos que seja Pode usar os não são
inorgânica não plástico valores de SPT recomendad
Arenosa se for não os para uso
OL A-4 SILTO Necessário. Necessário Necessário. plástico. directamente
Orgânico por trás ou
em muros de
contenção ou
paredes de
solos
reforçados.
MH A-5 SILTO Necessário. Necessário Necessário. Necessário. Esses solos Todas as
Inorgânico A erosão dos não são paredes
taludes pode Fundação Dados de teste recomendad devem ser
ser um profunda de consolidação os para uso projectadas
problema. geralmente necessários directamente para fornecer
CH A-7 ARGILA Necessário Necessário necessária, a para estimar o por trás ou a minima de
Argila menos que o valor e o tempo em muros de F.S. = 2
Gordurosa solo tenha de contenção. contra a
Inorgânica sido pré- assentamento. rotação e F.S.
OH A-7 ARGILA Necessário Necessário carregado. = 1,5 contra
Orgânica deslizamento

(51)
PT - TURFA Necessário Necessário. É necessária Altamente ao longo da
Sujo O uma fundação compressível e base.
assentamento profunda, a não adequado
de longo prazo menos que a para suporte de Considerações
pode ser turfa seja fundação. de
significativo escavada e estabilidade
substituída. de taludes
Rocha Não são necessários aterros Necessário Necessário Necessário. externos
para para taludes de 1,5H a 1V para sapatas onde a rocha Usar ângulo iguais às
ou plano. directas ou está muito de fricção fornecidas
Cortes - necessários, mas poços desgastada ou interna anteriormente
dependem do espaçamento, perfurados. muito aterro de para taludes
orientação e resistência das Empiricament fracturada rochoso. de corte e
descontinuidades e e relacionado (baixo RQD). aterros.
durabilidade da rocha a RQD
Pode exigir
teste in-situ, tal
como
pressurímetro.
OBSERVAÇÕES:
Solos - o controlo temporário da água subterrânea pode ser necessário para escavações de fundação começando de solos GW a solos SM.
As especificações de aterro para paredes de solo reforçado usando reforços de metal devem atender aos seguintes requisitos para garantir
o uso de aterro não corrosivo: Intervalo de pH entre 5 a 10; Resistividade > 3000 ohm-cm; Cloretos <100 ppm; Sulfatos <200 ppm;
Conteúdo orgânico máximo de 1%.

Rocha - A durabilidade dos xistos (pedra siltoda, pedra argilosa, pedra de lama, etc.) a serem usados em aterros deve ser verificada. Os
xistos não duráveis devem ser aterrados como solos, ou seja, colocados em camadas de 0,3m no máximo e compactados com cilindros
de pés de ovelha ou normais pesados.

(52)
A Tabela 3-16 serve de guião para o uso de rochas desgastadas como material de base
de estradas.

Tabela 3-16: Classificação de Rochas Desgastadas para Aplicação nas Bases de


Estradas
Teste de Moinho Teste de Valor de Impacto do
de Durabilidade Agregado
%
Taxa de
Tipo de Exemplos Passando
AIV humidade/s 4 dias
Rocha Típicos 0.425 mm
DMI modificado ecagem de embebido
após o
(seco) AIV em glicol
tratament
modificado
o
Basalto <2% de
Cristalino Dolorito aumento
< 125 < 35 < 39 < 114%
Básico Gabbro de AIV
húmido
Ácido Granito
< 420 < 35 < 39 < 114% N/A
Cristalino Gneisse
Quartzito
Rochas de
Cherte N/A N/A <39 < 114% N/A
sílica alta
Hornfels
Arenito
Arcóseo
Rochas
Conglomerad < 125 < 35 < 31 < 114% N/A
Arenáceas
o
Siltito
Xisto
Rochas AIV húmido
Aluvião < 125 < 35 < 24 N/A
argilosas < 26
Filito
Dolomita
Rochas
Calcário N/A N/A < 39 < 114% N/A
carbonáticas
Mármore
Tilitos
Diamictitos < 125 < 35 < 22 < 115% N/A
Grauvaque
Horizonte
< 114%
Material cálsico
< 480 < 40 < 39 (caliches < N/A
pedogênico Ferricrete
120%)
Lodo

3.4 Selecção de parâmetros de engenharia geotécnica

3.4.1 Geral
A análise da estabilidade das características geotécnicas dos elementos como taludes,
aterros, estruturas de contenção e fundações, requer um conhecimento adequado das
propriedades de engenharia do solo e da rocha para um dimensionamento e construção
adequados da estrada. As propriedades dos materiais que formam o leito e dos materiais
usados para a construção de aterros e formação têm uma influência significativa no
desempenho da estrada e nas estruturas suportadas. Esta secção visa estabelecer as
propriedades do solo e da rocha necessárias para estabelecer os parâmetros finais do solo
e da rocha a serem usados para a análise e dimensionamento geotécnico.
Os resultados da investigação geotécnica realizada devem ser usados para caracterizar as
condições subterrâneas e para estabelecer as propriedades geotécnicas para o

(53)
dimensionamento ou desenvolver elementos geotécnicos para o projecto. Esses elementos
geotécnicos são estabelecidos a partir das informações geotécnicas básicas obtidas, bem
como dos resultados dos furos, testes in-situ, poços de teste e dados de ensaios
laboratoriais, conforme apresentado nas secções anteriores. A interpretação das condições
subterrâneas, em combinação com os requisitos do projecto, determina quais parâmetros
são críticos para a concepção do projecto e o desenvolvimento de um modelo de terreno
para o alinhamento do projecto. Os parâmetros de dimensionamento geotécnico devem,
portanto, ser interpretados a partir de um grande número de medições, de modo que o
modelo de solo reflicta as condições subterrâneas com a maior precisão possível.

3.4.2 Informações necessárias

As informações necessárias obtidas a partir da investigação de campo em combinação com


os testes de laboratoriais indicados na Tabela 3-1, devem permitir que os requisitos de
projecto ou de dimensionamento das características geotécnicas e a seleção de materiais
adequados para a construção sejam estabelecidos. Além da estrutura do pavimento da
estrada, o desempenho geral da estrada depende do projecto ou dimensionamento
adequado dos elementos estruturais que compõem o ambiente da estrada e que incluem
o seguinte:
• O pavimento da estrada;
• Os aterros;
• A fundação do aterro;
• Os cortes.

A localização dessas características deve ser estabelecida o mais cedo possível para
garantir que as sondagens subterrâneas e a respectiva avaliação geotécnica sejam
devidamente planeadas, a fim de obter as informações necessárias para o seu
dimensionamento. Deve-se considerar também as estruturas ao longo da estrada, como
muros de contenção e pontes.
A estrutura do pavimento da estrada deve fornecer a necessária resistência à
deformação devido à carga do tráfego. A profundidade geral da estrutura do pavimento é
influenciada pela resistência do leito. Assim sendo, o critério básico de dimensionamento
de pavimentos rodoviários é baseado nos valores de resistência do leito. O material do
leito deve ser avaliado para determinar o seguinte:
• A resistência do leito;
• Indicação de densidades compactadas;
• Derivar índices de consistência: Limites de Atterberg

A resistência é determinada usando a taxa de penetração (mm/golpe) do teste de


Penetrômetro Dinâmico do Cone (DCP), que tem uma correlação razoável com o CBR que
é um dos parâmetros mais familiares. Outros factores a serem considerados são a
suscetibilidade ao inchaço e ao colapso do material dentro do prisma da estrada. A
estabilidade do material não deve ser afectada pela água. Um leito composto de argila
pesada será afectado pela variação de humidade, que é acompanhada por mudanças de
volume, onde encolhe na época seca e se expande na época chuvosa.
As propriedades geotécnicas do leito para areias e pedras podem ser estabelecidas a partir
de correlações entre os valores N de SPT e o ângulo pico de atrito do solo e a densidade
no local.
O aterro e a fundação do aterro devem compreender o material estável que não se
comprime sob o peso próprio do aterro. Além disso, os aterros rodoviários devem ser
projectados e construídos com taludes estáveis e sem assentamentos excessivos. A
selecção do material para o aterro e sua preparação durante a construção, requer o
conhecimento das propriedades de engenharia do material. O potencial de assentamento
do aterro da estrada depende da espessura e das propriedades do aterro, bem como do

(54)
material compressível subjacente e da altura do aterro. O material da fundação do aterro
deve ser avaliado para determinar os parâmetros de dimensionamento, conforme
apresentado na secção 3.1.2.3, para o seguinte:
1. A resistência do leito;
2. Potencial de assentamento;
3. Estabilidade;
4. Hidrogeologia, regime de humidade e requisitos de drenagem;
5. Requisitos de construção especial.

Consulte a Tabela 6-1 do Manual de Investigação de Campo 2019, sobre as informações


detalhadas exigidas para o projecto do aterro e fundação do aterro.
Os cortes por outro lado, requerem uma avaliação da estabilidade do talude. A escavação
dos cortes requer uma compreensão do tipo do solo e da rocha a ser encontrado durante
a construção. A análise e dimensionamento do talude em corte requerem a determinação
do ângulo no qual os taludes escavados permanecerão estáveis sob as condições
ambientais antecipadas. O conhecimento do tipo do solo e da rocha permite que a
inclinação correta seja determinada.
A gama de materiais nos cortes deve ser avaliada adequadamente para o seguinte:
• Resistência ao cisalhamento do solo;
• Resistência do leito;
• Estabilidade do talude;
• Adequação dos materiais de corte para as camadas de base, sub-base e enchimento
de aterro;
• Hidrogeologia, regime de humidade e requisitos de drenagem;
• A dimensão de quaisquer problemas que possam ser encontrados durante e após a
construção.
Deve ser usada como referência a Tabela 6-1 do Manual de Investigação de Campo 2019,
nas informações detalhadas necessárias para a concepção de cortes de estradas.
Os cortes em materiais de escavação de rocha exigem que o perfil de velocidade
sísmica dentro dos materiais de corte seja determinado para identificar:
• O tipo de rocha;
• As características das descontinuidades da rocha, espaçamento das juntas, visto que
afectam o desempenho da massa rochosa e, portanto, afectam a estabilidade do
corte em rocha.
As propriedades de engenharia da rocha são geralmente controladas pelas
descontinuidades dentro da massa rochosa e não pelas propriedades do material intacto
e, por isso, é fundamental que estas sejam devidamente identificadas e quantificadas. No
entanto, as pesquisas de refracção sísmica exigem um geofísico devidamente qualificado
e experiente.
Deve ser usada como referência a Tabela 6-1 do Manual de Investigação de Campo 2019,
para as informações detalhadas necessárias para avaliação/dimensionamento de
escavações e cortes.

3.5 Categorias subterrâneas Locais

3.5.1 Geral

Uma abordagem de observação do local também fornece ao engenheiro geotécnico uma


boa compreensão da origem provável dos problemas de construção e os métodos de
investigação que podem ser apropriados para o uso. A condição subterrânea do local pode
ser dividida pelas categorias mostradas na Tabela 3-17, que são baseadas na
generalização do comportamento esperado nas obras de construção (Clayton 1995).

(55)
Tabela 3-17: Categorias substerrâneaslocais
Tipo de Resistência Compressibilidade Permeabilidade
material
Rocha Muito alta Muito baixa Média a Alta
Solo granular Alta Baixa Alta
Solo coeso Baixa Alta Muito baixa
Solos orgânicos Muito baixa Muito alta Alta
Solo artificial Média a Muito baixa Média a Muito alta Baixa a Alta

3.5.2 Áreas problemáticas do leito da estrada

Além dos perigos geológicos- identificados, os solos e condições problemáticas específicas


podem ser encontrados ao longo do comprimento e largura do traçado da estrada. Isso
requer atenção especial. As investigações de campo específicas e testes laboratoriais são
necessários para avaliar esses solos e, portanto, influenciarão o plano de investigação
geotécnica. A discussão sobre a preparação do leito da estrada para solos e condições
problemáticas, bem como as soluções de engenharia necessárias, é apresentada na
Secção 5. Também deve ser usada como referência a Secção 5.3 do Manual de
Investigação de Campo 2019.

3.5.2.1 Solos colapsáveis


Descrição:
Os solos colapsáveis sofrem assentamento quando molhados e carregados
simultaneamente. O fenómeno ocorre quando o material está parcialmente saturado. Isso
ocorre principalmente em todo o solo arenoso ou siltoso de textura aberta, com uma alta
taxa de vazios (baixa densidade seca, ou seja, <1500 kg/m³). Eles têm resistência ao
cisalhamento relativamente alta com baixo teor de humidade devido a sua forma coloidal
ou outras coberturas ao redor dos grãos individuais, mas que se reduz significativamente
com pequeno aumento de humidade. Solos colapsáveis geralmente podem ser
identificados por testes simples, como distribuição de tamanho de partículas, limites de
Atterberg, densidade seca, índice de vazios ou grau de saturação e muitas autoridades
reguladoras apresentam critérios pelos quais o colapso pode ser identificado.
Uma outra grande implicação para as obras é que, nesses materiais, os resultados dos
testes de penetração relativamente altos podem ser enganosos, pois pequenos aumentos
na humidade podem, ao reduzir significativamente as pressões de sucção, causar uma
grande redução na rigidez e, portanto, o assentamento da fundação.
A assentamento colapsável ocorrerá quando:
• O solo tem uma densidade muito baixa, devido ao grande número de vazios que
separam a estrutura de quartzo;
• Existe condição inicial de saturação parcial;
• Um aumento no teor de humidade afecta o material coloidal de ligação, levando à
perda de resistência ao cisalhamento, sem alteração na pressão aplicada;
• Densidades inferiores a cerca de 1600 kg/m3 (principalmente na gama de 1000 a
1585 kg/m3);
• A presença de “pinholing” ou esvaziamento observado durante o perfil do solo;
• Normalmente, mais de 60% da massa do material está no intervalo de 0,075 a 2
mm e menos de 20% é mais fino do que 0,075 mm;
• A pressão imposta exercida sobre a estrutura do solo pela estrutura excede a
pressão de sobrecarregamento.

(56)
Avaliação

• Identificação do problema através de perfilagem de campo detalhada, a presença


de “pinholing” ou esvaziamento observado durante a perfilagem do solo;
• Teste de carga da placa de campo com imersão;
• O teste de edômetro em laboratório é o método mais comum usado para prever o
colapso por assentamento.

A Tabela 3-18 fornece um guia para determinar a gravidade do problema de colapso, com
base no potencial de colapso do teste do edômetro. Consulte a Secção 5.3.5 do Manual de
Investigação de Campo 2019, para o método de determinação do potencial de colapso
(CP).

Tabela 3-18: Guia para determinar a gravidade do problema de colapso


Potencial de colapso Gravidade do Problema
0% - 1% Sem problema
1% - 5% Problema Moderado
5% - 10% Problema
10% - 20% Problema grave
>20% Problema Muito grave

Soluções geotécnicas
• Remoção ou remoção parcial;
• Compactação da superfície com Cilindros de impacto.

Mais detalhes sobre a melhoria do solo são fornecidos na secção 5.

3.5.2.2 Solos dispersivos


Descrição
Solos dispersivos são aqueles que, quando colocados na água, apresentam forças
repulsivas com as partículas de argila que excedem as forças atractivas. A dispersão pode
ocorrer em qualquer solo com uma alta percentagem de sódio mutável. Se a água estiver
fluindo, as partículas dispersas de argila são lavadas, causando a erosão interna e,
eventualmente, linhas de percolação nos aterros. Os solos dispersivos frequentemente se
desenvolvem em áreas baixas com topografia pouco ondulada e taludes relativamente
planas e geralmente caracterizados por uma precipitação anual de menos de 850 mm. A
identificação de solos dispersivos é muito crítica no dimensionamento de aterros e taludes.
Avaliação
Os seguintes testes laboratoriais de engenharia de solo e pedológicos são usados para a
identificação de solos dispersivos:
• Determinação da porcentagem de sódio mutável (ESP);
• Teste de pinhole;
• Capacidade de mudança catiónica (CEC).
• Teste de fragmento.
• Teste de hidrômetro duplo.
• Taxa de absorção de sódio (SAR) e o pH.

Para obter mais detalhes de teste, consulte o Manual de Investigação de Campo 2019.

(57)
Soluções geotécnicas
As medidas para evitar danos do solo dispersivo no ambiente da estrada incluem o
seguinte:
• Evite o seu uso em aterros, tanto quanto possível;
• Remova e substitua no leito;
• Gerir adequadamente os fluxos de água e drenagem na área. Canais e ravinas
criados devido à erosão devem ser fechados com material menos erodível e os
fluxos de água redireccionados;
• Cobertura dos solos erodíveis com materiais não erodíveis e bioengenharia
cuidadosa, auxiliada por geossintéticos quando necessário.

Mais detalhes sobre a melhoria de solos são fornecidos na Secção 5.

3.5.2.3 Solos expansivos


Descrição
Estes são solos, nos quais as variações no teor de humidade resultam na mudança
volumétrica, isto é, dilatação ou encolhimento da amostra do solo devido à presença de
minerais secundários derivados da decomposição da rocha mãe. A decomposição/desgaste
químico da rocha básica forma minerais contendo argilas esmectitas (montmorilonitas),
que controlam principalmente o potencial expansivo de um solo. É a quantidade e o tipo
dos minerais de argila que influenciam a magnitude da mudança de volume com a variação
da humidade, devido aos ciclos de secagem e humedecimento, causando,
consequentemente, os problemas relacionados aos solos expansivos. Os danos típicos
causados por solos expansivos em estradas incluem desníveis longitudinais e
irregularidades, movimento diferencial perto de aquedutos e fissuras longitudinais ou uma
grelha de fendas longitudinais e transversais interconectadas, levantamento de aquedutos
e danos nos tubos.

Avaliação
Realizado por meio de:
• A observação de campo é a maneira mais simples de identificar a presença de
solos expansivos através da visualização superficial de rachas em solos cinza
escuro, preto ou às vezes em solos vermelhos;
• Uma indicação de solos potencialmente expansivos também pode ser obtida a
partir de mapas do tipo de solo onde os materiais identificados como solos
"vérticos" sempre terão características expansivas, enquanto solos com um
elevado status de base (ou eutrófico) e teor de argila devem ser investigados
mais cuidadosamente, pois têm o potencial de ser expansivos;
• Registo correcto do perfil do solo. A presença de uma cobertura espessa não
expansiva transportada ou de solo superficial pode às vezes encobrir a presença
de fissuras e escavação de um poço de teste, no qual serão observadas rachas e
deslizamento (indicação de movimento volumétrico) do material;
• Testes de campo simples;
• Testes in-situ;
• Testes laboratoriais;
• Testes de Indicador;
• Difracção de Raio-X (XRD), para a identificação de esmectita nos solos do leito;
• Teste de Pressão de Dilatação;
• Teste de Dilatação Livre.

As características típicas da argila expansiva para a identificação preliminar de potenciais


problemas são fornecidas na Tabela 5-5 do Manual de Investigação de Campo 2019.

(58)
Previsão da dilatação esperada
Zona Activa
A variação sazonal do teor de humidade devido aos ciclos de secagem e humedecimento
afecta principalmente os poucos metros superiores de um depósito de solo, confinando as
mudanças de volume em solos expansivos dentro desta zona. Esta zona é definida como
a zona activa e é avaliada através do gráfico do teor de humidade in-situ com a
profundidade para as amostras recolhidas durante as estações chuvosa e seca. A
profundidade na qual o teor de humidade não mostra variação sazonal é o limite da zona
activa. Esta também é conhecida como a profundidade da mudança sazonal de humidade.
A zona activa é geralmente até uma profundidade de 300 mm: no entanto, para fins de
projecto, a zona para humidade de equilíbrio deve ser considerada como sendo de 600
mm e abaixo.

Expansividade potencial

O método mais comum e simples é o método modificado de Van der Merwe (1964) para
expansividade potencial de solos usando a Figura 3-4, que é baseado na fração de argila
e no Índice de Plasticidade (PI) padrão. É útil para a identificação preliminar de solos
expansivos. Os parâmetros necessários são o Índice de Plasticidade (PI), a porcentagem
de material passando pelo peneiro de 0,425 mm e o teor de argila. No gráfico de previsão
de ondulação de Van der Merwe, o Módulo de Plasticidade (PM) ou PI de toda a amostra
(PI × (% passando pelo peneiro de 0,425 mm/100)) é traçado versus o teor de argila (%
do material menor que 2 μm) para determinar o potencial de inchamento da argila como
baixa, média, alta ou altamente muito expansivo. O potencial de inchamento é o potencial
de inchamento total para uma alteração da humidade de seca para húmida e o teor de
humidade in-situ real também deve ser considerado.

Figura 3-4: Gráfico de previsão de potencial de dilatação de Van der Merwe

Para quantificar a dilatação esperada, um factor de profundidade da Figura 3-4 é aplicado


à percentagem de dilatação no gráfico (Figura 3-5). O factor de profundidade é usado para
prever uma redução na dilatação com a profundidade devido à penetração de humidade
decrescente e uma diminuição na dilatação devido à pressão de sobrecarregamento
inerente.

(59)
Figura 3-5: Nomograma para estimar a dilatação potencial total provável de ser
experimentada em solos expansivos (A seguir Van der Merwe e Savage, 1979)
O método de Van der Merwe modificado incorpora o uso de uma abordagem unitária de
dilatação e não leva em consideração o teor de humidade inicial ou a densidade in-situ. O
método proposto pelo Weston (1979) leva em consideração o teor de humidade inicial, a
densidade e a pressão de sobrecarregamento. É baseado numa abordagem estatística de
valores de dilatação medidos em estruturas de pavimento de estradas. O método não
requer testes sofisticados e in-situ e égeralmente fiável para perfis de dilatação de até 5

(60)
metros. A Figura 3-6 fornece um método gráfico para a previsão da percentagem de
dilatação.

Figura 3-6: Percentagem de dilatação, segundo Weston (1979)

Soluções geotécnicas
• Achatamento dos taludes laterais de aterros (entre 1V:4H e 1V:6H);
• Remova o solo expansivo e substitua por material granular (entre 0.6 e 1m
dependendo da profundidade da argila);
• Manter a estrada sobre a argila como uma secção não pavimentada;
• Pré-humidecimento antes da construção do aterro ou formação (para OMC).
• Colocação de camadas pioneiras não compactadas de areia, pedra ou
enrocamento sobre a argila e humidecimento, seja naturalmente por precipitação
ou por irrigação (100 a 500 mm dependendo da espessura de argila e o potencial
dilatação);
• Estabilização da argila com cal para alterar as suas propriedades (caro - pode ser
necessário até 6% de cal);
• Misturando areia fina com a argila para alterar a sua actividade (proporção de
mistura a ser determinada através da experiência laboratorial);
• Selagem das bermas (não menos de 1 m de largura).
• Compactação de camadas finas de argila de menor plasticidade sobre a argila
expansiva para isolar as argilas activas subjacentes de mudanças significativas de
humidade;
• Utilização de membranas impermeabilizantes e/ou barreiras verticais de
humidade, que são geralmente geossintéticos.

Mais detalhes sobre a melhoria do solo são fornecidos na secção 5.

3.5.2.4 Solos Liquidificáveis


Descrição
Solos liquidificáveis geralmente ocorrem como solos saturados, soltos e de granulometria
grossa, que incluem areias, pedras, areia siltosa, pedra siltosa e areias de pedra (areia
britada). O solo exibe características semelhantes a fluídos, um estado em que os solos

(61)
arenosos soltos e saturados perdem uma grande proporção de sua resistência ao
cisalhamento. Sob tais condições, a areia solta saturada desenvolve características
semelhantes às de um líquido em que as forças interpartículas serão zero à medida que a
pressão da água dos poros aumenta cumulativamente e se torna igual ao componente de
tensão total máximo. A pressão da água dos poros aumenta sob o carregamento cíclico
induzido causado pelos tremores de terra, uma vez que não pode se dissipar rapidamente
em condições não drenadas, visto que a areia solta tende a compactar sob as condições
de carregamento cíclico induzido. Isso pode se desenvolver em qualquer profundidade
num depósito de areia onde ocorre uma combinação crítica de densidade in-situ e a
deformação cíclica. A redução na resistência ao cisalhamento e na rigidez do solo causa
falhas, como rupturas de taludes e espalhamentos laterais, redução da resistência de
carga das fundações e assentamento vertical do solo que impactam negativamente a
estrada.
As duas principais variáveis para estimar o potencial de liquefação são a resistência ao
carregamento cíclico, ou capacidade do solo de resistir à liquefação, representada em
termos de uma taxa de tensão cíclica, denominada taxa de resistência cíclica (CRR) e a
taxa de tensão cíclica (CSR) que é a taxa de tensão induzida sismicamente causada por
um terremoto. Uma análise de sismicidade específica do local pode ser realizada para
determinar o perfil CSR de projecto com profundidade.
As principais condições para que a liquefação ocorra incluem:
• O solo está saturado (ou seja, abaixo do lençol freático);
• O solo é predominantemente de granulometria grossa (normalmente menos de
cerca de 20 por cento de finos);
• O solo está solto (densidade relativa inferior a cerca de 40 por cento); e
• O movimento do solo é suficientemente forte.

Avaliação
O potencial de liquefação ou resistência é avaliado usando a relação expressa como um
Factor de Segurança, definido como uma proporção da taxa de tensão cíclica (CSR) para
a taxa de resistência cíclica (CRR). Isso geralmente é calculado para um terremoto de
magnitude de 7,5 e escalado para o terremoto projectado por um factor de escala de
magnitude (MSF)
CRR7,5
FOS = x MSF Equação 3-1
CSR
Nenhuma liquefação é esperada quando o FOS é maior que 1 e um material é considerado
potencialmente liquefável se o FOS é menor que 1.
A avaliação do CSR é orientada pelo pico de aceleração horizontal do solo e expressa pela
seguinte equação simplificada dada por Seed e Idriss (1971):

τ αmax σ
CSR = σ′av = 0,65 ( ) (σ′vo ) rd Equação 3-2
vo g vo

Onde τav é a média de tensão de corte cíclica; αmax é a aceleração horizontal máxima na
superfície do solo; g = 9,81 m/s2 é a aceleração da gravidade; σvo e σ’vo são as tensões de
sobrecarga vertical total e efectiva, respectivamente; e rd é um factor empírico de redução
de tensão que depende da profundidade. O factor de redução é responsável pelo perfil do
solo e é uma função da profundidade e da natureza do perfil do solo. O valor do factor de
redução, conforme relatado por vários investigadores, varia de 0,4 a 1,0. Moçambique é
classificado em três zonas com o propósito de determinar as ações sísmicas conforme
mostrado na Figura 9-1 das Especificações para Cargas de Pontes 2018 e a Tabela 9-1 das
mesmas Especificações fornece os valores de pico de aceleração do solo.
Até que a ANE, IP, desenvolva o banco de dados local, as seguintes relações podem ser
propostas para estimar o factor de redução de acordo com Robertson (2010):

(62)
rd = 1- 0,00765z Se z < 9,15m Equação 3-3a
= 1,174 – 0,0267z Se 9,15m < z < 23m Equação 3-3b
= 0,744 – 0,008z Se 23m < z < 30m Equação 3-3c
= 0,5 Se z > 30m Equação 3-3d

A avaliação da resistência à liquefação do perfil do solo requer o estabelecimento do estado


de tensão in-situ do solo. Testes empíricos de campo foram desenvolvidos para
estabelecer critérios de liquefação e estimar o CRR, os testes mais comumente usados são
a Penetração Padrão (SPT) e a Penetração do Cone (CPT). O teste de penetração do cone
fornece dados contínuos do perfil do solo; no entanto, a verificação é necessária com
amostras do SPT para confirmar o tipo de solo e verificar a interpretação da resistência à
liquefação, com base nas propriedades do solo. A Figura 3-7 mostra os gráficos para
estimar o CRR a partir da resistência à penetração do CPT corrigida em relação ao teor de
finos e características de grãos.

Figura 3-7: Gráficos baseados em CPT para estimar a taxa de resistência cíclica
(CRR) para areias limpas (Segundo Ishihara 1993).

A Figura 3-8 a mostra a taxa de resistência cíclica recomendada (CRR) para areias limpas
em condições de solo nivelado com base em CPT γl, limitação de tensão de corte e Figura
3-8b mostra a variação da taxa de resistência cíclica (CRR) com teor de finos baseados
nos dados de desempenho de campo do CPT (Stark e Olson 1995).

(63)
Figura 3-8a Taxa de resistência cíclica (CRR) para areias limpas em condições
de solo nivelado baseada na limitação da tensão ao corte do CPT, b) Variação de
taxa de resistência cíclica (CRR) com teor de finos baseados nos dados de
desempenho de campo do CPT (segundo Stark e Olson 1995).

Avaliação laboratorial
Realizada em amostras reconstituídas subjeitas o carregamento cíclico por meio de
testes triaxiais cíclicos, cisalhamento simples cíclico ou torção cíclica.

Soluções geotécnicas
Métodos de melhoramento do solo empregando densificação e drenagem melhorada.
Mais detalhes sobre a melhoria do solo são fornecidos na secção 5.

3.5.2.5 Argilas moles


Descrição
Esses são solos que exibem resistência ao cisalhamento muito baixa, alta
compressibilidade e levam a graves problemas de assentamento relacionados ao tempo.
Encontram-se principalmente em áreas estuarinas (lagoas) e pantanosas, resultantes da
presença de argilas aluviais muito moles. As argilas moles profundas nas áreas estuarinas
são formadas principalmente como resultado das flutuações periódicas do nível do mar.
As argilas moles do interior tendem a ser muito mais superficiais, tendo sido depositadas
em áreas pantanosas. Devido às baixas resistências ao cisalhamento não drenada
associada a argilas moles, os respectivos valores variam entre 10 kPa e 40 kPa, e o
problema típico inclui instabilidade, grandes assentamentos sob carga pesada, como
aterros de estradas.
Avaliação
Teste de Campo
• Uso de fotografias aéreas para determinar a extensão lateral dos planos aluviais
onde podem estar presentes argilas moles, antes do início das técnicas normais
de investigação de campo;
• Teste de Penetração Padrão (SPT) em furos: Determina a consistência e a
resistência ao cisalhamento relacionada ou a capacidade de carga do solo;

(64)
• Teste de Corte de Palheta: usado para determinar a resistência ao cisalhamento
não drenada de argilas totalmente saturadas, mas deve ser considerado apenas
como um teste de índice;
• Teste de penetração do cone (CPT, anteriormente conhecido como teste de sonda
holandesa): Avalia a densidade relativa do solo, resistência ao cisalhamento,
características de compressibilidade e capacidade de carga;
• Sonda Piezométrica (CUPT): Desenvolvimento adicional do CPT. O sistema mede
as pressões do cone e, simultaneamente, as pressões dos poros induzidas
durante a penetração. A natureza do solo pode ser estabelecida a partir da
relação entre o cone e a pressão dos poros;
• Pressurímetro Autoperfurante (SBP): Usado em conjunto com a perfuração
normal e consiste em avançar um tubo no solo até a posição de teste e, então,
introduzir uma membrana. A pressão necessária para introduzir a membrana é
medida em intervalos de tensão. As pressões dos poros podem ser medidas e as
condições drenadas ou não drenadas podem ser testadas. O Módulo elástico e
resistência ao cisalhamento podem ser derivados.

Testes laboratóriais
• Limites de Atterberg
• O teste de consolidação deve ser realizado por edômetro numa amostra de solo
não perturbada para determinar a compressibilidade e os dados de consolidação.
A avaliação do primeiro, expressa como o coeficiente de compressibilidade (mv)
ou o índice de compressão (Cc) é geralmente aceite como muito mais fiável do
que a avaliação do coeficiente de consolidação (ver Secção 4.3.3.1);
• Palheta de laboratório
• Consolidação Triaxial

Solução geotécnica
Construção antecipada de aterros de estrada (pré-carregamento). Construção controlada
da formação/aterro de estrada para evitar falhas de estabilidade pois as pressões da água
dos poros aumentam sob as cargas aplicadas. Os aterros nessas áreas devem ser
construídos lentamente, camada por camada, enquanto se monitora as pressões da água
dos poros e camadas adicionais são colocadas apenas quando as pressões da água dos
poros se dissipam adequadamente e fornecem ganho de resistência ao cisalhamento. A
resistência inicial do solo mole e sua taxa de aumento com o tempo devido a consolidação
sob as cargas aplicadas devido a construção de aterro devem ser estimadas para controlar
a construção faseada (ver Secção 4.3.6.1).
Contornar solos moles, construindo uma série de colunas de pedra próximas ao longo do
traçado do aterro da estrada, que são compactadas dinamicamente na argila mole.
O uso de uma grande gama de produtos geossintéticos como camadas de separação e
para facilitar e acelerar a drenagem tem contribuído para a melhoria da construção
nessasárea nas últimas duas décadas, e deve ser obtido aconselhamento especializado a
esse respeito.
Mais detalhes sobre a melhoria do solo são fornecidos na Seção 5.

(65)
4 Considerações de Dimensionamento

4.1 Introdução
Este capítulo, tem como foco as considerações de dimensionamento geotécnico
relacionadas à construção de estradas. Em geral, cobre aspectos sobre abordagens
analíticas, análises de estabilidade de características geotécnicas como taludes e aterros,
estruturas de suporte e protecção como muros de contenção, determinação da capacidade
de carga, projecto de melhoria do solo para melhorar solos compressíveis a fim de acelerar
o processo de consolidação, melhorando solo granular de enchimento para aumentar a
resistência à deformação e dimensionamento de estabilização de taludes. O capítulo
baseia-se nas informações que foram colectadas nos capítulos anteriores, incluindo a
orientação sobre a planificação adequada de investigações geotécnicas, compreensão da
condição subterrânea, identificação de perigos geotécnicos, a fim de estar ciente e
antecipar problemas que podem acontecer durante e após a construção e interpretação
dos parâmetros do solo e da rocha. Os capítulos anteriores fornecem os dados necessários
para este capítulo.

4.2 Abordagem analítica


O desempenho dos elementos estruturais da estrada, conforme apresentado na Secção
3.4.2, depende do entendimento adequado do subsolo e da interpretação dos parâmetros
e características do solo e da rocha. A selecção de um valor apropriado para o parâmetro
tal como a resistência ao cisalhamento do solo a ser usado na análise depende de uma
estrutura geotécnica particular em consideração. A análise da estabilidade se aplica a uma
grande variedade de problemas de engenharia geotécnica. As estruturas geotécnicas em
consideração são mostradas na Figura 4-1 e Figura 4-2, onde são apresentados
os parâmetros mínimos necessários para a análise da estabilidade em métodos de limite
de equilíbrio. Cada caso será tratado posteriormente em seções específicas deste
capítulo.
O método de limite de equilíbrio é baseado no conceito de um valor limite que pode ser
correspondido quando as forças que agem para causar a falha estão em equilíbrio com as
forças que agem para resistir a falha. A análise, portanto, requer a aplicação de um factor
de segurança (FS) para evitar que as forças actuantes causem a falha. O FS é definido em
cada ilustração.
Os elementos básicos de análise para o método de limite de equilíbrio são:
• Superfície de falha de formato simples (plana, circular ou espiral) é assumida.
Atenção especial é necessária para taludes em rocha com descontinuidades;
• A distribuição de tensões que actuam ao longo da superfície da falha para causar
falha também é assumida;
• A resistência ao cisalhamento mobilizada é estimada e assumida como actuando
simultaneamente ao longo de toda a superfície da falha.
Do exposto, significa que se o FS do limite de equilíbrio for inferior a 1,0, a falha será
considerada provável. O requisito é, portanto, a análise da condição que existiria na falha
e as medidas aplicadas para atingir os factores de segurança para evitar que isso ocorra.
De acordo com esta abordagem, é fundamental que se assegure que um estado limite de
roptura ou deformação excessiva não ocorrerá.

(66)
4.2.1 Como determinar o Factor de Segurança para taludes de solo e de rocha

Taludes de Solo e de Rocha


Na Figura 4-1, o FS é definido como a taxa da resistência ao cisalhamento (S) disponível
ao longo da superfície de deslizamento para as tensões de corte (F) que tendem a produzir
rotura ao longo da superfície.

Figura 4-1: Parâmetros de resistência na análise de estabilidade pelo método


de limite de equilíbrio no talude de rocha e de solo (adoptado de Hunt, 1986)

Talude de rocha
S cL+(N−U)tanφ
FS = F = Equação 4-1
W sin θ

cL+(Wcos θ−U)tanφ
FS − Equação 4-2
Wsin θ

Talude de solo (método de fatias)


1
∑ [cb+(W−Ub)tanφ]
S Mi
FS = F = Equação 4-3
∑ Wsin θ

M = f(φi θi FS)

A presença de água num talude e aterro aumenta a magnitude das forças que actuam
para causar a falha. A precipitação anual tem influência directa na estabilidade de taludes
e aterros. As condições de humidade no local irão influenciar a selecção do parâmetro do
solo, pois as condições de humidade do solo podem mudar num local. O material pode se
tornar seco, parcialmente saturado ou saturado, dependendo das mudanças sazonais e
eventos de geo-perigo, como cheias ou longos períodos de seca. As condições de
drenagem também terão um papel na selecção dos parâmetros do solo.

(67)
4.2.2 Aterro em argila mole

Na Figura 4-2, o FS é definido como a taxa entre o momento de resistência e o momento


de derrube para a estabilidade do talude de um aterro em argila mole. A análise para
definir a altura do aterro colocado durante cada estágio e a taxa na qual o aterro é colocado
é normalmente concluída usando uma análise de estabilidade do declive de equilíbrio limite
junto com a análise de taxa de assentamento com o tempo para estimar a consolidação
percentual necessária para a estabilidade, conforme discutido na Secção 4.3.4.

Figura 4-2: Definição de análise de estabilidade por limite de equilíbrio para


aterro em argila mole (adoptado de Hunt, 1986)

rLSu
FS = Equação 4-4
B∆qs a

4.2.3 Muro de contenção de gravidade

Figura 4-3: Parâmetros de resistência na análise de estabilidade pelo método


de limite de equilíbrio de muro de contenção de gravidade (adoptado de Hunt,
1986)

(68)
Pa = Ws tan(θ − φ) Equação 4-5

Pa = (1/2γH 2 cotθ)tan(θ − φ) Equação 4-6

Ww d1 +Pa sinφB+Pp d3
FSrotação = Equação 4-7
Pa cosφ d2
Onde:
Pa Resultante da pressão activa do solo
Pp Resultante da pressão passiva do solo
Ww Peso do muro
Ws Peso da cunha do solo
d1 Distância ao centro de Ww
d2 Distância ao ponto de aplicação da resultante Pa
d3 Distância ao ponto de aplicação da resultante Pp

4.2.4 Escavação reforçada

Na Figura 4-3, o FS é aplicado para os parâmetros de resistência medidos. A força de


pressão do solo deve ser a força necessária para alcançar a estabilidade.

Em solos sem coesão

Figura 4-4: Diagrama de pressão aparente do solo para areias (Sabatini et al.,
1999)

(69)
As seguintes definições se aplicam à Figura 4-4 e Figura 4-4: `
H1 Distância da superfície do solo à ancoragem superior do solo
Hn+i Distância da base da escavação até a ancoragem mais baixa do solo
Thi Carga horizontal na ancoragem do solo i
R Força de reacção a ser resistida pelo leito (ou seja, abaixo da base de
escavação)
P Ordenada máxima do diagrama

1−sinφ φ
𝐾𝑎 = 1+sinφ = tan2 (45° − 2 ) Equação 4-8

1+𝑠𝑖𝑛𝜑 𝜑
𝐾𝑝 = 1−𝑠𝑖𝑛𝜑 = 𝑡𝑎𝑛2 (45 + 2 ) Equação 4-9

CARGA TOTAL = 0.65K A γH 2 Equação 4-10

Em solos coesos:

Os coeficientes da pressão activa e passiva do solo para um solo coeso definido pelos
parâmetros de resistência à tensão efectiva φ′ e c′, são definidos como segue:

φ′ 2c′ φ′
𝐾𝑎 = tan2 (45° − ) − σ′ tan (45° − ) Equação 4-11
2 v 2

φ 2c′ φ′
𝐾𝑝 = tan2 (45° + 2 ) + σ′ tan (45° + ) Equação 4-12
v 2

Onde σv é a tensão vertical total.


Para o caso não drenado com φ = 0 e c = Su, os coeficientes da pressão total activa e
passiva do solo são:

𝟐𝑺𝒖
𝑲𝒂𝑻 = 𝟏 − Equação 4-13
𝝈𝒗

𝟐𝑺𝒖
𝑲𝒑𝑻 = 𝟏 + Equação 4-14
𝝈𝒗

(70)
Figura 4-5: Diagramas de pressão aparente do solo para argilas muito duras a
duras e moles a médias (Sabatini et al., 1999)
No caso de escavações em solos argilosos, a pressão aparente do solo está relacionada ao
número de estabilidade, Ns, que é definido como se segue:
γH
Ns = Equação 4-15
Su

Onde γ é o peso unitário total do solo argiloso, S u é a resistência média ao cisalhamento


não drenada do solo argiloso abaixo da base da escavação e H é a profundidade de
escavação.
• para argilas moles a médias, Ns > 4
• para argilas muito duras a duras, Ns <4
• valor de transição entre argila mole a média e muito dura a dura: (Ns = 4)

Para argilas moles a médias, Ns >4


Ph = γH − 4Su Equação 4-16
4𝑆𝑢
𝑃𝑎 = 𝛾𝐻 (1 − ) Equação 4-17
𝛾𝐻

Para avaliar as pressões aparentes do solo para o dimensionamento de muros temporários


em argilas moles a médias, o coeficiente de tensão total da pressão activa do solo é
definido como se segue:
4Su
KA = 1 − m Equação 4-18
γH

Onde m é um factor empírico que explica os efeitos potenciais da instabilidade da base


nas escavações profundas em argilas moles. O coeficiente de pressão aparente do solo KA
na equação (4-18) é diferente do coeficiente local de limite horizontal ka da pressão activa
não drenada do solo.

Argilas muito duras a duras: Ns ≤4


Pa = 0,2γH a 0,4γH
CARGA TOTAL = 0,17γH 2 a 0,33γH 2 Equação 4-19

(71)
O valor da constante KA igual a 0,22 deve ser usado para avaliar a grandeza de pressão
máxima para o fuso de pressão aparente do solo de argila mole a média no intervalo 4<Ns
5.14.

As Estacas-pranchas em consola não devem ser usadas quando cu/H < 7.

4.2.5 Estaca-prancha ancorada


A abordagem de limite de equilíbrio pode ser usada para avaliar a estabilidade dos muros
ancorados para a estabilização de taludes ou escavação em solos altamente estratificados,
especialmente nos casos em que a superfície da potencial falha é profunda ou ocorre ao
longo de interfaces fracos bem definidas, e onde sobrecargas complicadas estão presentes.
Dois métodos de análise comumente usados diferem pelas suposições feitas em relação à
restrição fornecida pelo solo na ponta:
• Suporte de solo livre: assume que o muro está livre para girar e que não há
resistência passiva atrás do muro, ou seja, a resistência passiva na frente do
muro é suficiente para resistir ao movimento para frente da ponta, mas não
suficiente para prevenir a rotação. Recomendado para solos soltos sem coesão,
sedimentos e argilas.
• Suporte de solo fixo: assume que o solo fornece restrição completa contra a
rotação com resistência à pressão desenvolvida em ambos os lados, ou seja, a
pressão passiva na frente do muro é suficiente para evitar o movimento para
frente e a rotação da ponta. Recomendado para areia densa e saibro.

Onde:
(a) Forma de deflexão
(b) Distribuição assumida de pressão
(c) Distribuição do momento flector

Figura 4-6: Distribuição da pressão para suporte de solo livre e fixo

As seguintes definições se aplicam a Figura 4-6:

(72)
d = profundidade de condução
H = profundidade de escavação
PA = impulso activo
PP = resistência passiva
T = força de ancoragem

Método de análise de suporte de solo fixo: A partir da distribuição da pressão, para


equilíbrio, Σ forças horizontais = 0
A resistência passiva no comprimento CD actua como uma carga horizontal em C.
A estacaria é considerada como duas vigas equivalentes, AF e FC, ligadas por um pino em
F
A distância x, localizando o ponto de contraflexão, pode ser obtida por uma análise
rigorosa envolvendo um procedimento iterativo, porém, geralmente é determinada
através da relação x/H e φ’:
Φ’ 15⁰ 20⁰ 25⁰ 30⁰ 35⁰ 40⁰
x/H 0,37 0,25 0,15 0,08 0,033 -0,01

Uma abordagem simples é assumir que o ponto de contraflexão ocorre no ponto de


pressão lateral zero.
Considerando a viga equivalente AF, as forças podem ser definidas como se segue:
P1 = 12K a γ(H + x)2 e R1 = 12K p γx 2

A força de amarração/ancoragem T é calculada pela equação de momentos em torno de


E, para calcular a reação em F e depois, determinar T, para o equilíbrio horizontal da viga
EF.
T = P1 – R1- RF Equação 4-20
Onde RF é obtido pela equação de momentos em torno do ponto E
Considerando a viga equivalente FC, as forças resultantes são dadas por:
R 2 = pF (d − x) onde 𝑝𝐹 = K a γ(H − x) − K p γx e

R 3 = 12(K p − K a )γ(d − x)2


Equacionando os momentos sobre C, a profundidade necessária d é calculada por interação
para (d-x). Um aumento de 20% a 50% é considerado para o valor calculado de d para
permitir o comprimento CD, ignorado durante a análise. O valor típico é um aumento de
20%
ds = 1,2d
Se o momento de flexão máximo ocorre em z0 abaixo do topo do muro
T = 12K a γz02

Considerando o ponto de cisalhamento zero

2T
z0 = √K Equação 4-21

(73)
O Momento de flexão máximo
Mmax = T(z0 − a) − 16K a γz02 Equação 4-22

Método de análise de suporte de solo livre:


Quatro forças para manter o equilíbrio são definidas como segue:
T = força de ancoragem
PAD = impulso activo acima do ponto B =
1
K p γ(H − z0 )2
2

RPI = resistência passiva = [2c′(√K p − √K a ) − K a γH]d


RP2 =
1
(K p − K a )γd2
2

Equacionando os momentos sobre o ponto de ancoragem, um valor para d é obtido.


Equacionando as forças horizontais, o valor de T por metro executado no muro é obtido:
ΣH = 0 = T – PAD + RP1+RP2 Equação 4-23
Recomenda-se que o valor de T seja aumentado em 15% para permitir a concentração de
carga no ponto de ancoragem devido à flexibilidade da cobertura.

4.2.6 Fundações
O propósito das fundações é transferir as cargas de uma estrutura para o solo, de forma
que forneça suporte adequado para que a estrutura apresente um desempenho
satisfatório. Os requisitos são de que para cada situação de projecto geotécnico, o
assentamento do solo, causado pela carga deve estar dentro dos limites toleráveis e
nenhum estado limite relevante seja excedido para dar origem a roptura do solo. Isso
levará ao colapso ou derrube da estrutura. As fundações devem, portanto, evitar a roptura
por corte do material de suporte por baixo da sapata e minimizar o assentamento através
da redução a pressões da carga aplicada. É responsabilidade do engenheiro geotécnico
fornecer ao projectista estrutural as informações sobre a capacidade de carga admissível
para os limites aceitáveis de assentamento.

4.2.6.1 Fundações superficiais


Elas geram o suporte inteiramente a partir de suas bases e suportam a uma profundidade
menor que duas vezes a largura da fundação. As fundações superficiais são geralmente
menos caras do que as fundações profundas e não são usadas em solos com capacidade
de carga insuficiente, em solos onde o assentamento excede a tolerância da estrutura
suportada, onde o assentamento diferencial excede a tolerância da estrutura, ou onde a
lavagem excessiva ou erosão pode colocar em perigo a integridade da fundação. O
assentamento excessivo da fundação pode levar ao mau desempenho das estruturas
geotécnicas. O assentamento do aterro causa problema de saliência da ponte nos acessos
da ponte e o assentamento diferencial entre dois pontos de fundações das pontes pode
levar à distorção angular da ponte.
A carga aplicada a uma sapata induz uma pressão na base da sapata e, à medida que a
pressão aumenta, a sapata afunda gradualmente no solo. Quando a pressão aplicada
excede a capacidade de carga do solo, a sapata experimenta um grande assentamento
sem qualquer aumento adicional da pressão. O comportamento de resposta da sapata sob
carregamento é melhor explicado referindo-se ao diagrama de pressão-assentamento na
Figura 4-7 para os diferentes modos de falha da fundação.

(74)
Os três modos de rotura são: (a) rotura por corte geral, (b) rotura por corte local e (c)
rotura de cisalhamento por punçoamento. O modo de falha depende principalmente da
compressibilidade dos solos.

Figura 4-7: Modos de falha: (a) corte geral, (b) corte local e (c) corte por
punçoamento (Craig, 2004)

A roptura por corte geral é típica em solos de baixa compressibilidade (ou seja, solos
densos ou rígidos). A roptura por corte geral é caracterizada pelo levantamento da
superfície do solo em ambos os lados da sapata. O movimento de deslizamento final
geralmente ocorre apenas num lado, acompanhado por forte inclinação da sapata levando
ao colapso final. A falha é repentina.
A roptura por corte local é típica em solos de alta compressibilidade e solos que são
relativamente fracos ou moles quando comparados a solos susceptíveis a roptura geral
por corte e, este modo de falha, é caracterizado pela ocorrência de assentamentos
relativamente grandes e a capacidade de suporte final não está claramente definida. Uma
ligeira perturbação adjacente pode ocorrer na superfície do solo, mas não ocorre a rotação
ou inclinação da sapata.
A roptura de cisalhamento por punçoamento geralmente ocorre num solo de baixa
compressibilidade se a fundação estiver localizada a uma profundidade considerável. As
sapatas colocadas a grande profundidade em areia densa ou em areia densa sustentada
por solo mole e compressível podem falhar pelo modo de cisalhamento por punção. Há
uma compressão relativamente alta do solo em baixo da sapata, acompanhada por corte
na direção vertical em torno das bordas da sapata.
A Figura 4-8 mostra os limites do equilíbrio plástico após a roptura do solo abaixo de uma
sapata contínua de largura Bf e assentada a uma profundidade Df.

(75)
Figura 4-8: Sapata da largura Bf numa profundidade Df abaixo da superfície

Definições de capacidade de suporte


Capacidade de carga final O valor da intensidade de carga líquida (pressão) que
qult ou qf causaria a roptura por corte do solo de suporte
imediatamente abaixo e adjacente a uma fundação
Intensidade de carga Valor da intensidade de carga adicional imposta pela nova
líquida estrutura na base da fundação, incluindo terraplenagens
Intensidade de carga bruta A intensidade de carga na base da fundação devido a todas
as cargas acima desse nível.
Pressão final bruta de A tensão aplicada ao solo pela sapata nas condições finais
carga (de rotura) no nível do suporte.
Capacidade de carga A intensidade de carga líquida máxima permitida na base
Admissível da fundação, levando em consideração a capacidade de
suporte, a quantidade e o tipo de assentamento esperado
e a capacidade de uma determinada estrutura para resistir
a esse assentamento.

A equação da capacidade de carga total final (Terzaghi, 1943), para uma sapata
infinitamente longa e carregada centralmente de largura Bf, num material de fundação
com peso unitário é dada por:

q ult = c(Nc ) + q(Nq ) + 0,5(γ)(Bf )(Nγ ) Equação 4-24

Onde
c = coesão do solo
Nc = factor de capacidade de carga para o termo de coesão
q = sobrecarga na base da sapata (γDf)
Nq = factor de capacidade de carga para o termo de sobrecarga
Bf = largura da sapata
γ = peso unitário do solo abaixo da sapata

Nγ = factor de capacidade de carga para peso unitário do solo

Deve-se notar que os valores de Nγ dependem do ângulo de atrito e as diferenças são


relatadas por vários pesquisadores. As expressões mais comumente usadas são:
Nγ = 2(Nq + 1)tan φ (Caquot e Kerisel, 1948)

(76)
Nγ = 1,8(Nq − 1)tan φ (Hansen, 1961)

Nγ = (Nq − 1)tan(1,4φ) (Meyerhof, 1963)

FHWA, AASHTO e EC7 usam a expressão de Caquot e Kerisel e, portanto, está proposta
para uso neste Manual. Os valores de Nc, Nq e Nγ em função do ângulo de atrito são
fornecidos na Figura 4-9 e na Tabela 4-1.

Angulo de atrito, Graus

Figura 4-9: Factores de capacidade de carga versus ângulo de atrito (AASHTO,


1996)

(77)
Tabela 4-1: Factores de capacidade de carga (AASHTO, 1996)
ɸ Nc Nq Nɣ ɸ Nc Nq Nɣ
0 5,14 1,0 0,0 23 18,1 8,7 8,2
1 5,4 1,1 0,1 24 19,3 9,6 9,4
2 5,6 1,2 0,2 25 20,7 10,7 10,9
3 5,9 1,3 0,2 26 22,3 11,9 12,5
4 6,2 1,4 0,3 27 23,9 13,2 14,5
5 6,5 1,6 0,5 28 25,8 14,7 16,7
6 6,8 1,7 0,6 29 27,9 15,4 19,3
7 7,2 1,9 0,7 30 30,1 18,4 22,4
8 7,5 2,1 0,9 31 32,7 20,6 26,0
9 7,9 2,3 1,0 32 35,5 23,2 30,2
8 8,4 2,5 1,2 33 38,6 26,1 35,2
11 8,8 2,7 1,4 34 42,2 29,4 41,1
12 9,3 3,0 1,7 35 46,1 33,3 46,0
13 10,4 3,3 2,0 36 59,6 37,8 56,3
14 11,0 3,6 2,3 37 55,6 42,9 66,2
15 11,9 3,9 2,7 38 61,4 48,9 78,0
16 11,6 4,3 3,1 38 67,9 56,0 92,3
17 12,3 4,8 3,5 40 75,3 64,2 109,4
18 13,1 5,3 4,1 41 83,9 73,9 130,2
19 13,9 5,8 4,7 42 93,7 85,4 155,6
20 14,8 6,4 5,4 43 105,1 99,0 186,5
21 15,8 7,1 6,2 44 118,4 115,3 224,6
22 16,9 7,8 7,1 45 133,9 134,9 271,8

Dimensionamento da estabilidade final para fundações superficiais


Influência da forma da sapata
A expressão da capacidade de carga é para um problema da sapata de faixa infinitamente
longa. As capacidades de carga de sapatas quadradas, retangulares e circulares são
determinadas por meio de factores de forma semi-empíricos aplicados à solução para a
sapata. Os factores da capacidade de suporte Nc, Nq e Nγ devem ser multiplicados pelos
respectivos factores de forma, conforme apresentado na Tabela 4-2 abaixo para uma
sapata com largura Bf e comprimento Lf:

(78)
Tabela 4-2: Factores de correção de forma (AASHTO 1996)
Ângulo de atrito Coeficiente de Coeficiente de Coeficiente de
Coesão (sc) Sobrecarga (sq) Peso unitário
(sγ)
φ=0 Bf 1,0 1,0
1+( )
5Lf
φ>0 Bf Nq Bf Bf
1 +( )( ) 1 + ( tan φ) 1 − 0,4 ( )
Lf Nc Lf Lf
Para sapatas circulares e quadradas (Bf/Lf) = 1.
Influência da profundidade de colocação

Factores de profundidade também foram estabelecidos em termos da razão Df/Bf conforme


mostrado na Tabela 4-3. No entanto, o factor de correcção de profundidade só deve ser
usado se for certo que a resistência ao cisalhamento do solo acima do nível da fundação
é, e permanecerá, igual (ou quase igual) àquela abaixo do nível da fundação. O aterro ou
cobertura sobre a sapata deve ser de material granular compactado de alta qualidade que
possa ser confiavelmente assumido para permanecer no lugar durante toda a vida útil da
sapata. Isso fornece a resistência ao cisalhamento adicional e pode ser incluído pela adição
de factor de profundidade de colocação, caso contrário, o factor de correcção de
profundidade deve ser considerado como 1. O factor de profundidade de colocação,
influencia o termo de sobrecarga, conforme mostrado na Tabela 4-3.

Tabela 4-3: Factor de correção de profundidade (Brinch Hansen, 1970)


Ângulo de atrito, Df/Bf dq
φ (graus)
1 1,20
2 1,30
32
4 1,35
8 1,40
1 1,20
2 1,25
37
4 1,30
8 1,35
1 1,15
2 1,20
42
4 1,25
8 1,30

Influência do lençol freático


Os valores de peso unitário usados na equação da capacidade de carga para a análise da
tensão efectiva consideram três situações diferentes para a localização do lençol freático:
(1) Se o lençol freático estiver bem abaixo do nível da fundação, o peso unitário bruto (γ)
é usado no segundo e terceiro termos da Equação 4-24. (2) Se o lençol freático estiver no
nível da fundação, o peso unitário efectivo (flutuante) (γ ') deve ser usado no terceiro
termo (que representa a resistência devido ao peso do solo abaixo do nível da fundação),

(79)
o peso unitário bruto sendo usado no segundo termo (representando a resistência devido
à sobrecarga acima do nível da fundação). (3) Se o lençol freático estiver na superfície, o
peso unitário efectivo deve ser usado em ambos o segundo e o terceiro termos.
No caso de uma areia (c’ = 0), o primeiro termo é, naturalmente, zero. Numa análise da
tensão total de uma fundação em argila totalmente saturada, o peso unitário saturado
(isto é, total) (γsat) é usado no segundo termo, o terceiro termo sendo zero (N γ = 0 para
φu = 0).
Os factores de correcção para contabilizar a redução na resistência ao cisalhamento devido
à localização da água subterrânea podem ser incorporados usando os valores fornecidos
na Tabela 4-4 e valores de interpolação entre aqueles fornecidos. Os factores de correcção
se aplicam ao segundo e terceiro termos na equação da capacidade de carga, uma vez
que incluem um peso unitário.

Tabela 4-4: Factor de correcção para localização do lençol freático (AASHTO,


1998)
Profundidade do CWγ CWq
Lençol Freático, Dw
0 0,5 0,5
Df 0,5 1,0
> 1,5Bf + Df 1,0 1,0

Os factores de correção do lençol freático podem ser calculados usando as seguintes


equações:
D
CWγ = 0,5 + 0,5 (1.5BW+D ) ≤ 1,0 Equação 4-25
f f

D
CWq = 0,5 + 0,5 ( DW ) ≤ 1,0 Equação 4-26
f

Além dos factores de forma e profundidade, outros factores são incorporados para levar
em consideração a inclinação da carga, inclinação do terreno (superfície do solo inclinada)
e inclinação da sapata. Existem diferenças nesses factores por vários pesquisadores.
Influência do carregamento inclinado
O efeito do carregamento inclinado na capacidade de carga pode ser levado em
consideração por meio de factores de inclinação. Se houver o ângulo de inclinação da carga
resultante para a vertical, então Nc, Nq e Nγ devem ser multiplicados, respectivamente,
pelos seguintes factores:
H
ic = 1 − Equação 4-27
2cBL
1.5H
iq = 1 − Equação 4-28
V

iγ = i2q Equação 4-29

onde V e H são os componentes verticais e horizontais da carga resultante,


respectivamente. No caso em que a carga inclinada é a resultante formada pelos
componentes de carga axial e de corte aplicados à sapata pela coluna ou haste do muro.
As cargas inclinadas são normalmente o resultado de uma grande componente de carga
lateral combinada com a componente da carga de gravidade surgindo de uma estrutura
sujeita a carga do vento ou peso morto conectado por uma linha de amarração para
fundações no fundo do mar. A inclusão do factor de carregamento inclinado na equação

(80)
de capacidade de carga geralmente pode ser omissa, se as componentes desta resultante
(ou seja, as forças axiais e de corte) são verificadas contra a resistência disponível na
respectiva direcção (ou seja, capacidade de carga e deslizamento, respectivamente).

Influência de sapatas inclinadas


Nos casos em que a sapata está inclinada para a horizontal, a equação da capacidade de
carga também deve ser modificada. Este é o caso onde a sapata é normal à carga inclinada
(a base é inclinada), consulte a Figura 4-10. No entanto, tais sapatas devem, em geral,
ser evitadas para pontes ou limitadas para inclinações superficiais, onde α é inferior a
cerca de 8 a 10 graus da horizontal (positivo para cima).

Figura 4-10: Inclinação da fundação para horizontal (segundo Meyerhof 1953)

A equação da capacidade de carga deve ser modificada usando os factores conforme


determinado da Tabela 4-5.

Tabela 4-5: Factor de correção da fundação inclinada (Brinch Hansen, 1970)


Ângulo de atrito Coeficiente de Coeficiente de Peso Coeficiente de
Coesão (c) Unitário (γ) Sobrecarga (q)
bc bγ bq
α 1,0 1,0
φ=0 1−( )
147,3
φ>0 1 − bq
bq − ( ) (1 − 0,017α tanφ)2 (1 − 0,017α tanφ)2
Nc tan φ

A forma geral da equação resultante da capacidade de carga final, incluindo factores de


correção é, portanto:
q ult = cNc Sc bc + qNq CWq Sq bq dq + 0,5γBf Nγ CWγ Sγ bγ Equação 4-30

Onde:
bc , bq e bγ Factores de correcção para a inclinação da fundação

CWγ and CWq Factores de correção considerando a localização do lençol freático


dq Um factor de correção para levar em conta a resistência ao corte ao
longo da superfície de roptura que passa no material sem coesão

(81)
acima do nível de suporte (aplicado apenas ao termo de sobrecarga
e no nível de suporte)
Nc, Nγ e Nq Obtido na Tabela 4-1 ou Figura 4-9

Sc, Sq e Sγ Factores de correção de forma

Influência do carregamento excêntrico


Cargas excêntricas resultam de cargas aplicadas em algum lugar diferente do centro da
sapata ou de momentos aplicados. Sapatas de encontros ou pilares e de muros de
contenção são exemplos de sapatas que estão sujeitas a este tipo de condição de carga.
As sapatas podem ser submetidas a cargas excêntricas como resultado de uma
combinação de cargas e momentos verticais, ou momentos induzidos por cargas de corte
transferidos para a sapata. As sapatas com carga excêntrica distribuem a carga por uma
área menor do que toda a área da sapata, o que resulta na redução da capacidade de
carga. A capacidade de carga pode ser analisada por dois métodos: (1) o conceito de
largura útil/efectiva e (2) a aplicação de factores de redução.
No método de largura útil, uma largura de fundação efectiva B’ deve ser usada para
determinar a capacidade de carga, que é aquela parte da sapata que é simétrica em
relação à carga, onde
B′ = Bf − 2𝑒𝐵 Equação 4-31
eB é a excentricidade da carga resultante na base de uma sapata de largura Bf. Numa
excentricidade bidirecional, a carga também é excêntrica na direção do comprimento de
uma sapata rectangular, uma expressão semelhante é usada para o comprimento efectivo
L’:
L′ = Lf − 2eL Equação 4-32

Figura 4-11: Distribuição de pressão na base da fundação

Para e < Bf/6


P 6e
q min = B L (1 − B ) Equação 4-33
f f f

P 6e
q max = B L (1 + B ) Equação 4-34
f f f

(82)
Para e> Bf/6
q min = 0 Equação 4-35

4P
q max = 3L (B −2e) Equação 4-36
f f

A tensão de suporte admissível


O cálculo da capacidade de carga bruta admissível de fundações superficiais requer a
aplicação de um factor de segurança à capacidade de carga final bruta. Uma capacidade
de carga admissível deve ser calculada e que forneça um factor de segurança mínimo de
3,0 contra a capacidade de roptura para o cisalhamento e limite de assentamento da
sapata a um valor tolerável.
qult
q tudo = Equação 4-37
FoS

Figura 4-12 mostra as forças aplicáveis para uma análise compreensiva do problema de
capacidade de carga para sapatas.

Figura 4-12: Definição e localização de forças para sapatas (de WSDOT, 2010)

As variáveis mostradas na Figura 4-12 são definidas como se segue:

(83)
DC, LL, EQ cargas estruturais verticais aplicadas à sapata/muro (carga morta, carga
viva, carga EQ, respectivamente)
DCabut carga da estrutura devido ao peso do pilar
EQabut força de inercia do pilar devido ao carregamento do terremoto
EVheel carga vertical do solo no topo do muro
EVtoe carga vertical do solo no pé do muro
EHsoil carga lateral devido à pressão activa do solo ou em repouso atrás do pilar
LS carga lateral de pressão do solo devido à carga viva
EQsoil carga lateral devido ao efeito combinado de pressão activa do solo ou em
repouso mais a pressão sísmica do solo atrás do pilar
Rep resistência final passiva do solo (nota: a altura do triângulo de distribuição
de pressão é determinada pelo engenheiro geotécnico e é específica do
projecto)
Rτ resistência ao corte do solo ao longo da base da sapata na interface de
solo-betão
σv tensão de resistência vertical resultante na base da sapata
R força resultante na base da sapata
eo excentricidade calculada sobre o ponto O (pé da sapata)
Xo distância para resultante R do pé do muro (ponto O)
B largura da sapata
H altura total do encontro/pilar mais a espessura da superestrutura

A Tabela 4-6 fornece a orientação sobre quando usar factores de carga máximos ou
mínimos para os vários modos de falha da sapata (resistência, rotação e deslizamento)
para cada força, para o estado limite de resistência.

Tabela 4-6: Selecção de Factores de Carga Máxima ou Mínima na Base da


Fundação directa para Vários Modos de Falha para o Estado Limite de
Resistência (WSDOT 2010)
Carga Factor de carga
Deslizamento Rotação, eo Tensão de resistência
(ec, σv)

DC, DCpilar Usar min. factor de Usar min. factor de Usar min. factor de
carga carga carga
LL, LS Usar factor de carga Usar factor de carga Usar factor de carga
intermédio (e.g., LL) intermédio (e.g., LL) intermédio (e.g., LL)

EVsalto, Usar min. factor de Usar min. factor de Usar min. factor de
EVdedo do pé carga carga carga
EHsoil Usar max. factor de Usar min. factor de Usar min. factor de
carga carga carga

(84)
4.2.6.2 Fundações profundas
O suporte das fundações profundas é derivado na maioria dos casos através da sua base
e do seu atrito lateral (Tabela 4-13), do atrito lateral ou de suporte da base
separadamente, e a profundidade é substancialmente maior do que a menor largura. Elas
são agrupadas como estacas. As fundações profundas são usadas quando uma fundação
superficial não é viável ou quando se acredita que representa um risco para o projecto
devido a futuras escavações, lavagem ou outras circunstâncias potenciais em que o
suporte da fundação pode ser comprometido. A profundidade de sondagem para fundações
de estacas para os aquedutos deve ser tal que, mais resistência ao atrito possa ser
desenvolvida para que o aqueduto possa ser seguro contra o deslizamento.

Figura 4-13: Definição da resistência do eixo e suporte da ponta da fundação


profunda (Das, 2001)

Capacidade final da estaca


A equação básica para a resistência final da estaca, que é uma contribuição do eixo da
estaca e da base da estaca, é dada como:
Qult = Qs + Qp Equação 4-38

Onde
Qp Carga suportada na ponta da estaca

Qs Carga suportada pela fricção da camisa desenvolvida na lateral da estaca


(causada pela resistência ao cisalhamento entre o solo e a estaca)

Se Q s for pequeno, então


Q ult ≈ Q p
Nesse caso, as estacas são referidas como estacas de suporte da extremidade/ponta.
O comprimento necessário da estaca pode então ser estimado com precisão se os registos
adequados de sondagem do subsolo estiverem disponíveis.

(85)
Se Q p for pequeno, então
Q ult ≈ Q s
Essas estacas são chamadas estacas de fricção porque a maior parte da resistência é
derivada da fricção da camisa desenvolvida na lateral da estaca.
Com base na equação 4-30, a capacidade de suporte final geral pode ser expressa como
abaixo, substituindo B por D como o diâmetro da estaca:
q ult = 𝑞𝑝 = cNc∗ + qNq∗ + γDNγ∗ Equação 4-39

Onde Nc∗ , Nq∗ e Nγ∗ são os factores de capacidade de carga que incluem os factores de forma
e profundidade necessários. Uma vez que D é relativamente pequeno, o termo γDNγ∗ pode
ser ignorado, e assim
q ult = cNc∗ + q′Nq∗ Equação 4-40

Portanto, a capacidade de carga da estaca da ponta é:


Qp = Ap q p = Ap (cNc∗ + q′Nq∗ ) Equação 4-41

Onde
Ap = área da ponta da estaca
c = coesão do solo suportando a ponta da estaca
qp = resistência de ponto unitário
q′ = σ′v = tensão vertical efectiva ao nível da ponta da estaca
Nc∗ , Nq∗ = factores de capacidade de carga

DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DA ESTACA NA AREIA


Capacidade da estaca de ponta
Na areia c = 0, portanto, a Equação 4-41 assume a forma:
Qp = Ap q p = Ap σ′v Nq∗ Equação 4-42

Os valores de Nq∗ em função de φ são mostrados na Figura 4-14. A capacidade de carga


de estacas de ponta na areia geralmente aumenta com a profundidade de cravação no
estrato de suporte e atinge um máximo numa proporção de cravação Lb/d = Dcr
(profundidade crítica), Figura 4-15. Num material homogêneo, Lb é igual ao comprimento
de cravação real da estaca L. Onde a estaca penetrou num estrato de resistência além de
Dcr, o valor de qp permanece constante, portanto Qp não deve exceder o valor limite:
Qp = Ap σ′v Nq∗ ≤ Ap q l Equação 4-43

A resistência limite da ponta é:


q l (kN⁄m2 ) = 50Nq∗ tan φ Equação 4-44

onde φ = ângulo de atrito do solo no estrato de resistência.


A resistência final da ponta pode ser obtida a partir dos números de penetração padrão,
conforme sugerido por Meyerhof (1976) como se segue:
L
q l (kN⁄m2 ) = 40Ncor D ≤ 400Ncor Equação 4-45

(86)
Onde Ncor = Número médio de penetração padrão perto da ponta da estaca (cerca de
10D acima e 4D abaixo da ponta da estaca).

Resistência por atrito


A resistência por atrito em qualquer profundidade de uma estaca é:
f = Kσ′0 tan δ Equação 4-46
Onde:
f = resistência unitária de atrito em qualquer profundidade z
Ks = coeficiente de pressão do solo
σ′0 = tensão vertical efectiva na profundidade em consideração

δ = ângulo de fricção do solo-estaca

A resistência por atrito ou da camisa de uma estaca é dada por:


Qs = ∑ p∆Lf Equação 4-47
onde:
p = perímetro da secção da estaca
∆L = comprimento incremental da estaca sobre o qual p e f são considerados
constantes (Figura 4-16)

O valor de Ks depende da natureza da instalação da estaca e os seguintes valores são


recomendados para uso na equação 4-38:

Tabela 4-7: Valores médios para coeficiente de pressão do solo


Método de Instalação de Ks
Estacas
Perfuração ou a Jacto ≈ K 0 = 1 − sin φ
Conduzido através do baixo ≈ K 0 = 1 − sin φ to 1,4𝐾0 = 1,4(1 − sin φ)
deslocamento
Conduzido através do alto ≈ K 0 = 1 − sin φ to 1,8𝐾0 = 1,8(1 − sin φ)
deslocamento

A tensão vertical efectiva σ′0 para uso na equação 4-48 aumenta com a profundidade da
estaca até um limite máximo a uma profundidade de 15 a 20 diâmetros da estaca e
permanece constante depois disso, consulte a Figura 4-16. A profundidade crítica L' na
Figura 4-16 depende de vários factores, como ângulo de atrito do solo, compressibilidade
e densidade relativa.
A profundidade crítica L' é definida como:
L′ = 15D Equação 4-48
Vários pesquisadores propuseram os valores de δ. Outros propuseram valores para o
termo (Kstan), por exemplo, os valores propostos por Tomlinson (1977) para estacas
conduzidas de diferentes materiais são apresentados na Tabela 4-8

(87)
Tabela 4-8: Valores de Ks tan δ segundo Tomlinson (1977)
Tipo de Estaca 𝜹 Ks
Densidade relativa Densidade relativa alta
baixa
Aço 20⁰ 0,5 1,0
Betão 0,75 𝜑′ 1,0 2,0
Madeira 0,67 𝜑′ 1,5 4,0

O julgamento deve ser usado na escolha dos valores de δ e eles variam de 0,5φ a 0,8φ
(Das, 2001).
A resistência unitária média de atrito para estacas conduzidas pode ser obtida a partir da
resistência à penetração padrão média (Meyerhof, 1976) como segue:

Para estacas conduzidas de alto deslocamento


fav = (kN⁄m2 ) = 2Ncor Equação 4-49
Para estacas conduzidas de baixo deslocamento
fav = (kN⁄m2 ) = Ncor Equação 4-50
Então,
Qs = pLfav Equação 4-51

Figura 4-14: Factor de capacidade de carga de Meyerhof, 𝐍𝐪∗

(88)
Figura 4-15: Variação da resistência unitária de ponta numa areia homogênea
(de Das, 2001)

Figura 4-16: Fricção unitária para estacas na areia (from Das, 2001)

DETERMINAÇĀO DA CAPACIDADE DE CARGA DA ESTACA NA ARGILA


Para estacas na argila, a resistência não drenada é geralmente considerada o valor crítico.
A resistência ao corte não drenada cu é usada para calcular as capacidades finais do eixo
e da base.
Capacidade de carga da ponta
A capacidade de suporte da ponta do fundo de ambas as estacas conduzidas e perfuradas
é dada pela equação
Qp = Nc cu Ap Equação 4-52

onde:
cu = resistência não drenada na ponta da estaca
Ab = área da base da estaca

(89)
Nc = factor de capacidade de suporte = 9,0 quando L/D> 4 ou pelo menos
cinco diâmetros de estaca no estrato de suporte ou 6,75 para argilas
fissuradas

Para estacas em argila saturada em condição não drenada 𝜑 = 0,


Qp = Nc∗ cu Ap = 9cu Ap Equação 4-53

Resistência por atrito


A resistência por atrito ou da superficie expressa em termos de tensão efectiva é dada
por:
fs = Kσ′v tan δ = βs σ′0 Equação 4-54

O valor de K depende do tipo de solo, do método de instalação da estaca e do histórico de


tensões do solo. O valor do limite inferior de β pode ser obtido assumindo 𝛿 = 𝜑′𝑑 e

𝐾 = 1 − 𝑠𝑖𝑛𝜑𝑑′ assim:
βs = (1 − sin φ′d )tanφ′d Equação 4-56
Onde 𝜑𝑑′ = ângulo de atrito drenado de resistência ao corte de argila remodelada
Para argilas superconsolidadas:

K = (1 − sinφ′d )√OCR Equação 4-57

A resistência por atrito para argilas normalmente consolidadas é então dada por:
fs = (1 − sin φ′d ) tanφ′d 𝜎𝑜′ Equação 4-58

A resistência por atrito para argilas superconsolidadas é então dada por:

fs = (1 − sin φ′d ) tanφ′d √𝑂𝐶𝑅𝜎𝑜′ Equação 4-59


A resistência total por atrito é, portanto, dada por:
Qs = ∑ fp∆L Equação 4-60

Capacidade admissível da estaca


A capacidade de carga admissível da estaca, aplicando um factor de segurança à
capacidade de carga final:

Qult
Qall = Equação 4-61
FoS

O factor de segurança varia de 2,5 a 4, dependendo das incertezas do cálculo da carga


final.

(90)
A Figura 4-17 mostra alguns exemplos de estacas perfuradas (pilares perfurados): (a) e
(b) em solos coesos fortes (c) e (d) penetrando no solo relativamente fraco para solo forte
e (e) e (f) suportado por rocha.

Estaca de
Ponta

Estaca de
Ponta
Soquete
de rocha

Figura 4-17: Principais tipos de estacas (De Hunt, 1986)

Requisitos de Dimensionamento:
Se uma fundação por estaca for recomendada pelo engenheiro geólogo, o engenheiro
geotécnico calculará as resistências de suporte nominais dos tipos e dimensões de estacas
recomendadas. O engenheiro geotécnico irá preparar as recomendações de fundação,
incluindo as seguintes informações; tipos e dimensões de estacas recomendadas e um
gráfico das capacidades nominais calculadas versus profundidade para cada infraestrutura
e cada tipo de estaca e dimensão considerada.
1. O engenheiro geotécnico recomendará métodos de controlo de campo junto com
os factores phi associados correspondentes ao método de controlo de campo.
2. O engenheiro geotécnico tratará de quaisquer outras questões associadas à
estaca, incluindo o potencial do arrasto para baixo e o valor associado ao arrasto
para baixo, o potencial para configuração junto com a taxa estimada e
quantidade de configuração antecipada e o potencial para relaxamento e a
quantidade estimada de relaxamento. (Estacas conduzidas em areias finas
saturadas densas, lodos densos ou rochas laminadas fracas, como xisto, exibirão
uma diminuição na capacidade após a condução ter sido concluída)
3. O engenheiro geotécnico fornecerá os parâmetros da curva P-Y para a análise de
carga lateral da estaca quando apropriado.
4. O engenheiro da ponte preparará as recomendações finais da fundação usando as
informações contidas no relatório da fundação.
5. O engenheiro estrutural usará as recomendações de fundação para determinar o
número de estacas necessárias e concluir o dimensionamento da infraestrutura.

(91)
6. Os requisitos hidráulicos da estrutura e uma previsão para a profundidade
potencial de erosão devem ser estabelecidos e deve ser feita referência ao
Manual de Hidrologia 2017.

Carga de arrasto: O efeito de arrastar para baixo deve ser levado em consideração.
As condições de solo e de rocha que promovem efeitos de dragagem moderados a
grandes incluem:
1. Mudanças no peso/geometria da sobrecarga em, ou adjacente a, fundações com
estrato do solo compressível (mesmo aterros relativamente pequenos,
dependendo da estratigrafia e do tipo do solo). Isso inclui o alargamento do
aterro, remoções e substituições de escavação e outras operações gerais de
construção de movimento de terra.
2. Fundações profundas instaladas em estrato do solo compressível com processos
contínuos de consolidação lenta de solos colocados no aterro anterior.
3. Desidratação ou mudanças na água subterrânea nativa ou humidade do solo.

As seguintes informações do projecto são necessárias para avaliar adequadamente a


magnitude da carga de arrasto:
1. Propriedades do solo e estratigrafia dos solos do local.
2. Tipo de estaca, dimensões e comprimento proposto da estaca.
3. Informações sobre quantidade, extensão e cronograma de construção associado a
aterros de solo.
4. ‘Cargas superiores’ estruturais não factoradas, particularmente carga morta,
aplicada no topo da estaca.
5. Modelos de comportamento do solo (com base em testes de carga ou modelos
existentes) para carga na estaca vs. comportamento de deformação- (curvas T-z
e Q-z), se disponível.

As ilustrações acima fornecem uma visão geral dos requisitos dos parâmetros. A avaliação
da propriedade de dimensionamento geotécnico e a selecção final dependem do estrato
geológico individual identificado e dos perigos geológicos identificados, regionalmente e
especificamente no local do projecto conforme apresentado na Tabela 2-1. A condição
prevalecente no momento em que a estrutura estará em serviço deve ser considerada
com precisão na fase de dimensionamento.
Os elementos básicos para o método de análise do limite de equilíbrio são:
• Superfície de falha de formato simples (plana, circular ou espiral) é assumida.
Atenção especial é necessária para taludes em rochas com descontinuidades.
• A distribuição de tensões agindo ao longo da superfície de fracasso para causar
falha também é assumida
• A resistência ao cisalhamento mobilizada é estimada e assumida como actuando
simultaneamente ao longo de toda a superfície da falha.

Do exposto, significa que se o limite de equilíbrio FS for inferior a 1,0, a falha será
considerada provável. O requisito é, portanto, a análise da condição que existiria no
fracasso e as medidas aplicadas para atingir os factores de segurança para evitar que isso
ocorra. De acordo com esta abordagem, é fundamental que seja assegurado que um
estado limite de roptura ou deformação excessiva não ocorrerá.
Os métodos de limite de equilíbrio formam a base de análise para avaliar a estabilidade.
No entanto, onde os mecanismos de falha de estabilidade antecipados são mais complexos
e não bem modelados por técnicas de limite de equilíbrio, ou se a análise da deformação
de um talude for necessária, fica ao critério do Engenheiro Geotécnico usar técnicas de
análise mais sofisticadas, além das metodologias de limite de equilíbrio ou usar programas
de computador para realizar cálculos e para fins de análise, desde que tais programas

(92)
estejam disponíveis. O Engenheiro Geotécnico deve estar ciente da sensibilidade dos
programas de computador aos dados de entrada e aos detalhes da configuração do
modelo.

4.3 Aterros de estradas

4.3.1 Geral
Os aterros de estradas devem ser projectados e construídos com taludes estáveis e não
devem sofrer assentamentos excessivos. As principais questões geotécnicas para aterros
rodoviários são a estabilidade e as características de assentamento dos solos da fundação
e a capacidade de suporte da base. O potencial de assentamento do aterro da estrada
depende da espessura e das propriedades do material do aterro e do material compressível
subjacente e da altura do aterro. A Figura 4-18 mostra o ambiente da estrada incluindo
aterros e cortes, mas a secção de aterro é destacada, mostrando as condições
prevalecentes.

Figura 4-18: Seção Típica de Corte/Aterro (NYSDOT 2012)

Os aterros rodoviários são geralmente descritos em termos de quatro parâmetros


principais, nomeadamente topografia, condição geológica, clima e altura. A consideração
dos quatro parâmetros fornecerá uma indicação da probabilidade relativa de problemas
potenciais significativos de estabilidade ou deformação.
O impacto da geologia e do relevo são discutidos na Secção 2.2.3 e Secção 2.2 e Tabela
3-6 do Manual de Investigação de Campo 2019, mostrando informações sobre
as características fisiográficas e classes topográficas em Moçambique. Como os aterros
são geralmente construídos com aterro projectado e importado de outros locais,
incluindo

(93)
cortes dentro do projecto, uma estrada em áreas com topografia variável e áreas
acidentadas exigirá a construção de aterros altos e cortes profundos e terá impacto nos
custos do projecto.
A precipitação tem a influência mais importante na estabilidade de taludes dos aterros nos
taludes laterais ou ravinas, quando o nível freático sobe como resultado da chuva,
reduzindo assim a resistência efectiva ao cisalhamento do material. A análise é
influenciada pelo tipo de solo, pois a taxa de infiltração da chuva depende do tipo de solo.
A infiltração pode ocorrer repentinamente e permanecer estável ou reduzir lentamente na
argila arenosa em comparação com um material mais grosso, que pode levar à infiltração
completa e subida do lençol freático.
Existe uma grande probabilidade de haver problemas de estabilidade e assentamento em
aterros altos. Se o aterro for construído com material de boa qualidade e bem compactado,
pode-se esperar que o assentamento de longo prazo dentro do aterro seja mínimo ou
dentro dos limites admissíveis.
Deve-se ter conhecimento do impacto do acima exposto nas principais questões
geotécnicas para aterros rodoviários, que são as características de estabilidade e
assentamento dos solos de fundação e a capacidade de suporte na base. A selecção do
material para o aterro e sua preparação durante a construção requer o conhecimento das
propriedades de engenharia do material. As informações apropriadas sobre os parâmetros
estabelecidos no Capítulo 3 devem estar disponíveis para uso e aplicação no processo de
dimensionamento.

4.3.2 Considerações de Dimensionamento


A questão principal da concepção é se o solo de fundação existente pode suportar as novas
cargas de aterro sem sofrer roptura por deslizamento ou assentamento excessivo. O
Engenheiro Geotécnico tem a responsabilidade de avaliar ambas as informações de campo
e de laboratório como uma validação do processo de dimensionamento. Se os resultados
forem incomuns, com base na experiência e nas informações históricas de relatórios
anteriores, isso fornece uma visão sobre a validade e fiabilidade das informações, antes
que a selecção final dos parâmetros de dimensionamento inicie. Se a estimativa do
parâmetro de vários métodos de teste for má, isso pode geralmente levar a testes
adicionais para fins de verificação cruzada. Às vezes, aterros experimentais são
construídos no início do processo de construção para verificar as suposições feitas durante
o dimensionamento.
A Tabela 4-9 fornece um resumo das propriedades de engenharia e testes de campo e de
laboratório necessários para o dimensionamento dos aterros. As necessidades de
caracterização do local e as considerações de testes de campo e laboratório para o
dimensionamento do aterro são apresentadas na Secção 6.2.1, bem como na Tabela 6-2
e Tabela 6-4 do Manual de Investigação de Campo 2019.

(94)
Tabela 4-9: Propriedades de engenharia e testes de campo e de laboratório
para o dimensionamento do aterro. De Washington State DOT (2013)
Parâmetro Teste de Campo/ Testes Laboratoriais
Requisito
Colapso Recuperar amostras não Teste de edômetro duplo
perturbadas do furo de
Teste de potencial do
teste do trado, poço de
colapso
teste ou furo
Densidade compactada Testes in-situ Densidade de amostras
(densidade in-situ) não perturbadas
(DPSH / CPT / SPT / CPTU)
Relações de humidade-
Perfilamento in-situ de
densidade de solos e
furos de teste/poços de
misturas de solo-agregado
teste
Testes de substituição de
areia
Resistência ao Recuperar amostras não Teste triaxial drenado
cisalhamento drenada perturbadas de furos de
Teste de caixa de corte
teste do trado, poço de
Ângulo efectivo de atrito drenado
teste ou furos
interno
Teste traixial não drenado
Coesão efectiva com medição da pressão
da água dos poros.
Teste de compressão
triaxial consolidado-não
drenado em solos coesos
Elevação Recuperar amostras não Teste de edômetro duplo
perturbadas do furo de
Teste de ondulação sob
teste do trado, poço de
carga
teste ou furo
Teste de índice de
propriedade (amostra
perturbada)
Testes de índice de Recuperar amostras não Distribuição do tamanho de
propriedade perturbadas do furo de partículas
teste do trado, poço de
Limites de Atterberg
teste ou furo
Teor de humidade
Nível do lençol freático Perfurar um furo ou poço, Grau de saturação
deixe para um período de
tempo para que o nível da
água se estabilize no furo e
depois medir o nível
Permeabilidade Recuperar amostras não Teste de permeabilidade de
perturbadas do furo de queda ou de cabeça
teste do trado, poço de constante
teste ou furo
CPTU, Teste de Lugeon

(95)
Embora os aterros com menos de 5 m de altura e em áreas de solo estável e com declives
não superiores a 1,5H: 1V geralmente não exigem uma investigação e análise geotécnica
detalhada, eles não devem ser ignorados e a base de dimensionamento para o cálculo e
recomendações ainda deve ser revista e verificada. Esses aterros podem ser especificados
principalmente quando baseados na experiência anterior na mesma região e no parecer
de engenharia. Da mesma forma, os aterros com mais de 5 m de altura e os construídos
num solo mole, geralmente requerem uma análise geotécnica detalhada.
As considerações sobre o material de construção do aterro são abordadas na Secção 5.2.2
do Manual de Investigação de Campo 2019 e as especificações de construção específicas
para a construção de terraplenagens são fornecidas nas Normas de Trabalho para Obras
Rodoviárias Série 300 e nas Especificações Padrão para Obras Rodoviárias e de Pontes,
Série 3000. O projectista geotécnico deve determinar durante o programa de sondagens
se algum material da terraplenagem planeada será adequado para a construção do aterro.
Deve-se considerar se o material é sensível à humidade e difícil de compactar durante o
clima húmido.

4.3.3 Como realizar uma análise de assentamento


Quando a fundação do aterro consiste em turfa ou argila mole, a probabilidade de
assentamento do aterro aumenta. Este assentamento pode ser devido à consolidação do
solo de fundação ou devido a roptura final do solo de fundação. Nesses casos, ocorre uma
combinação da deformação e roptura. Há um assentamento súbito do aterro acompanhado
pelo levantamento do solo, geralmente a alguma distância da ponta do aterro.
O assentamento total do aterro é considerado como consistindo em: compressão dentro
do aterro, assentamento imediato do aterro ou assentamento do solo de fundação (não
drenado), assentamento de consolidação primária do solo de fundação e compressão
secundária controlada pela composição e estrutura do estrato do solo de fundação. A fim
de estabelecer o alvo do critério de assentamento, deve ser determinada a tolerância das
estruturas ou utilidades do assentamento diferencial como resultado do comportamento
do assentamento do aterro.
Para determinar o valor e o índice de assentamento, é necessário ter conhecimento do
seguinte:
• O perfil de subsolo incluindo os tipos de solo, camadas, nível do lençol freático e
pesos unitários. Isso é obtido a partir dos resultados da sondagem subterrânea,
Capítulo 3;
• Os índices de compressão para compressão primária, de recomposição e secundária
de dados de testes laboratoriais, correlações de índice de propriedades e resultados
de programas concluídos de monitoramento de assentamento para o local ou locais
próximos com condições de solo semelhantes.
• Além dos índices de compressão, a geometria da carga de aterro proposta, incluindo
o peso unitário dos materiais do aterro e quaisquer cargas de sobrecarregamento de
longo prazo;
• A distribuição de tensões no solo após a construção da estrutura.

Conforme declarado acima, a assentamento total é dividida em três etapas:


1. Assentamento inicial (imediato, assentamento do aterro ou do solo de fundação
ou assentamento não drenado ou por corte (Si))
2. Assentamento de Consolidação Primária (Sc)
3. Compressão secundária (Ss)

O assentamento total (longo prazo) é a soma ( ST) = assentamento inicial + consolidação


primária + compressão secundária:

𝑺𝑻 = 𝑺𝒊 + 𝑺𝒄 + 𝑺𝒔 Equação 4-62

(96)
4.3.3.1 Determinação de parâmetros para consolidação primária

Compressão versus curva de pressão


Os dados do teste de consolidação são usados para estabelecer os parâmetros necessários.
O projectista geotécnico deve estar ciente de que os parâmetros, baseados nos resultados
de consolidação laboratorial, muitas vezes variam dos valores reais de campo, devido à
perturbação da amostra e presença de costuras na amostra que reduzem a distância de
drenagem, o que influencia fortemente as taxas de consolidação e, portanto, o tempo de
consolidação.
Os resultados do teste de consolidação são desenhados de maneira específica para obter
os parâmetros necessários. A curva que representa a taxa de vazios versus pressão, onde
a pressão é traçada numa escala logarítmica (curva e-log-p) é mostrada na Figura 4-19.
Noutros casos, isso é referido como (curva e-log-𝜎′𝑣 ). A Figura 4-19 mostra as diferentes
características da (curva e-log-〖σ'〗_v), curva de compressão virgem, curva da amostra
perturbada, curva de amostra não perturbada, curva de dimensionamento, pressão de
sobrecarga po, pressão de pré-consolidação pc e pressão incremental, ∆p.

Figura 4-19: Curva de pressão versus taxa de vazios (curva e-log-p), (Hunt
,1986)

A Tabela 4-10 apresenta um resumo dos parâmetros para o uso na teoria de consolidação
unidimensional obtido a partir do teste de consolidação unidimensional.

(97)
Tabela 4-10: Parâmetros e símbolos de consolidação
Símbolo Parâmetro
Cc ou Cεc Índice de Compressão
Cs Índice de ondulação
Cr ou Cεr Índice de recompressão
Cα ou Cεα Índice de Compressão Secundária
σ’p or p’c Tensão de Pré-consolidação Eficaz
Cv Coeficiente de Consolidação
mv Coeficiente de Compressibilidade de Volume

Índice de recompressão
Na Figura 4-19 acima, a porção de recompressão da curva é estendida para trás da curva
inicial em p, para formar uma nova curva com uma inclinação inicial mais plana. Esta
porção plana da curva é referida como tendo uma inclinação, 𝐶𝑟 .
Índice de Compressão
O índice de compressão Cc é a inclinação da curva de compressão virgem na Figura 4-19,
a porção linear da inclinação, considerando quaisquer dois pontos na porção linear do
gráfico. É adimensional. O índice de compressão representa a mudança na taxa de vazios
(e) por ciclo logarítmico de mudança na pressão efectiva. Assim, o índice de compressão
é dado pela Equação 4.63:

𝒆𝟏 −𝒆𝟐
𝑪𝒄 = 𝒑 Equação 4-63
𝒍𝒐𝒈( 𝟏⁄𝒑𝟐 )

𝐶𝑐 é estimado a partir das seguintes expressões:


Para argilas normalmente consolidadas (NC) de sensibilidade moderada a baixa (Terzaghi
e Perk, 1967)

𝑪𝒄 ≈ 𝟎,𝟎𝟎𝟗(𝑳𝑳 − 𝟏𝟎%) Equação 4-64


Onde LL = limite liquido

Para lodos e argilas (McCarthy, 1982)

𝑪𝒄 ≈ 𝟎, 𝟓𝟒(𝒆𝟎 − 𝟎,𝟑𝟓) Equação 4-65


Onde 𝑒0 é a taxa de vazios inicial.

𝑪𝒄 ≈ 𝟎, 𝟎𝟎𝟓𝟒(𝟐,𝟔𝒘 − 𝟑𝟓) Equação 4-66


Onde
w = teor de água natural

Coeficiente de compressibilidade do volume


O coeficiente de compressibilidade de volume (m v) é definido como a mudança de volume
por unidade de volume por unidade de aumento na tensão efectiva. As unidades de mv
são o inverso da pressão (𝑚2 /MN). A mudança de volume pode ser expressa em termos
de proporção de vazios ou espessura da amostra. Se, para um aumento na tensão efectiva
de 𝜎′0 para 𝜎′1 , a taxa de vazios diminui de 𝑒0 para 𝑒1 , então mv é dado pela Equação 4.67:

(98)
𝟏 𝒆𝟎 −𝒆𝟏
𝒎𝒗 = ( ) Equação 4-67
𝟏−𝒆𝟎 𝝈′𝟎 −𝝈′𝟏

A Figura 4-20 mostra os resultados do teste de consolidação idealizado e como os


parâmetros são determinados. A inclinação da resposta durante a descarregamento ou
ondulação é frequentemente indicada como 𝐶𝑠, enquanto a resposta durante um ciclo de
descarregar-recarregar é frequentemente indicada como 𝐶𝑢𝑟. Na prática, os valores para
𝐶𝑟, 𝐶𝑠 e 𝐶𝑢𝑟 são praticamente idênticos e muitas vezes usados de forma intermutável
(Loehr et al. 2016).
Alternativamente, os resultados da consolidação são desenhados em termos de tensão
vertical, 𝜀𝑣 = Δ𝑒 / (1 + 𝑒𝑜) versus o logaritmo de base 10 da tensão vertical efectiva -
Figura 4-21 (a), ou o volume específico, 𝜐 = 1 + 𝑒, versus o logaritmo natural (base-𝑒) da
tensão vertical efectiva - Figura 4-21 (b). A compressibilidade estabelecida para a faixa
de recompressão a partir de gráficos de tensão vertical efectiva versus tensão é referida
como índice de recompressão modificado ou taxa de recompressão, 𝐶𝑟𝜀. A
compressibilidade para a faixa de compressão virgem é denominada como índice de
compressão modificado ou taxa de compressão, 𝐶𝑐𝜀. Para gráficos de volume específico
versus log natural da tensão efectiva, Figura 4-21(b), a compressibilidade é
respectivamente denotada como 𝜅 e 𝜆 para as faixas de recompressão e compressão
virgem.
Assim, Cεc, Cεr e Cεα são usados quando os dados de consolidação são apresentados em
termos de deformação vertical (εv) em vez de taxa de vazios, conforme mostrado na
Figura 4-21.

Figura 4-20: Definição do parâmetro de consolidação idealizada (Loehr et al.


2016)

(99)
Figura 4-21: Apresentações alternativas comuns para testes de consolidação:
(a) log da tensão vertical efectiva - deformação vertical e (b) log natural da
tensão vertical efectiva - volume específico (Loehr et al. 2016)

Nota: Os valores numéricos estabelecidos a partir dos diferentes diagramas não devem
ser usados de forma intermutável.

Os valores de compressibilidade estabelecidos a partir dos diferentes diagramas estão


inter-relacionados, de acordo com as seguintes equações:

𝑪𝒄= 𝑪𝒄𝜺(𝟏+ 𝒆𝟎) Equação 4-68

𝑪𝒓= 𝑪𝒓𝜺(𝟏+ 𝒆𝟎) Equação 4-69

𝑪𝒄= 𝝀. 𝒍𝒏(𝟏𝟎) ≊ 𝟐, 𝟑𝝀 Equação 4-70

𝑪𝒔= 𝜿. 𝒍𝒏(𝟏𝟎) ≊ 𝟐, 𝟑𝜿 Wood (1990) Equação 4-71

Onde λ e κ são inclinações no log natural da tensão vertical efectiva vs. curva de volume
específico, conforme definido em Figura 4-21b.

Grau de consolidação
Da secção anterior, pode-se observar que, durante o processo de consolidação, os vazios
do solo são reduzidos pelo aumento da pressão, devido à acção do carregamento. Na
prática, esse processo pode ocorrer por um longo período de tempo, dependendo do tipo
de solo, relacionado a permeabilidade da camada compressível e histórico de
carregamento. O histórico de pressão se refere às condições que levam à consolidação
normal, consolidação excessiva e menor consolidação.
Se a tensão efectiva actual é a máxima para a qual o solo já foi submetido, a argila é
considerada normalmente consolidada (NC). Se a tensão efectiva em algum momento no
passado foi maior do que o valor presente, a argila é considerada superconsolidada (OC).

(100)
Quando a consolidação sob a carga existente ainda está ocorrendo e continuará a ocorrer
até que a consolidação primária seja concluída, os solos são considerados sub-
consolidados. Isso pode continuar mesmo se nenhuma carga adicional for aplicada. O
histórico de carregamento para o qual a camada de argila foi submetida influencia como
a camada se consolida e o grau de consolidação excessiva é um parâmetro útil a este
respeito.

Interpretação da pressão de pré-consolidação: Esta é a tensão vertical efectiva


máxima que actuou na argila no passado. O método mais comumente usado para obter a
pressão de pré-consolidação é o método empírico de construção gráfica de Casagrande, a
partir da curva (e–log 𝜎′𝑣 ), mostrado na Figura 4-22. Em muitas argilas e sedimentos,
esta abordagem pode ser adequada para avaliar um valor razoável da pressão de pré-
consolidação 𝜎’p para fins de engenharia. As etapas envolvidas no método gráfico de
Casagrande são mostradas na Figura 4-22 e são as seguintes:

1. Construa uma linha tangente à parte mais iclinada da curva de consolidação


dentro da faixa de carregamento normalmente consolidada.
2. Localize o ponto de curvatura máxima da curva de consolidação medida para
tensões onde a inclinação faz a transição de plana para inclinada. Construa uma
linha horizontal a partir deste ponto de curvatura máxima.
3. Construa uma linha tangente à curva no ponto de curvatura máxima.
4. Construa uma linha que divide o ângulo entre a linha horizontal construída na
Etapa 2 e a linha tangente construída na Etapa 3.
5. O valor da tensão na intersecção entre a linha bissectriz (Etapa 4) e a primeira
linha tangente (Etapa 1) é considerada a pressão de pré-consolidação.

Figura 4-22: Ilustração do método de Casagrande para interpretar a tensão de


pré-consolidação (Loehr et al. 2016)

(101)
Existem casos em que o ponto de curvatura máxima não é claro. Nesses casos, várias
interpretações alternativas deste ponto devem ser consideradas para estabelecer um
intervalo razoável de estimativas para a pressão de pré-consolidação.
O grau de consolidação excessiva é expresso usando o índice de consolidação execessiva
(OCR) definido como o valor máximo de tensão efectiva no passado (pré-consolidação)
dividido pelo valor presente, expresso pela Equação 4-72:

𝛔′𝐩
𝐎𝐂𝐑 = 𝛔′ Equação 4-72
𝐯𝐨
Onde 𝜎′𝑣𝑜 é a tensão efectiva vertical actual in-situ.

Ajustamento do teste de consolidação de laboratório para obter a curva de


consolidação de campo:

Argilas normalmente consolidadas

Uma argila normalmente consolidada tem uma taxa de consolidação excessiva de 1. Elas
geralmente têm uma consistência que varia de muito mole a mole, dependendo da sua
idade. Mas elas tendem a ser muito duras a duras em consistência offshore, onde uma
espessura substancial pode ser depositada (Hunt 1986).
Devido à perturbação da amostra e ao facto de que a amostra do solo do laboratório foi
removida de seu ambiente de tensão in-situ, isso significa que a curva de consolidação de
campo real in-situ será um pouco diferente do que é medido num teste de consolidação
do laboratório. Um método gráfico simples sugerido por Schmertmann (1955) é usado
para corrigir as curvas de consolidação do laboratório a fim de obter curvas de
consolidação de campo mais realistas. Neste método, pode-se esperar que a linha de
virgem de laboratório intersecte a linha de virgem in-situ numa taxa de vazios de
aproximadamente 0,42 vezes a taxa de vazios inicial. A Figura 4-23 mostra o método para
amostras de argila NC e os passos são os seguintes:
1. Execute a construção gráfica de Casagrande para obter a tensão de pré-
consolidação, 𝜎′𝑝
2. Calcule a taxa de vazios inicial, (𝑒0 ). Desenhe uma linha horizontal de 𝑒𝑜, paralela
ao eixo da tensão efectiva, até a tensão de pré-consolidação, 𝜎′𝑝 . Isso define o
Ponto 1 na Figura 4-23.
3. Desenhe uma linha horizontal paralela ao eixo da tensão efectiva numa taxa de
vazios de 𝑒 = 0,42e0. Onde esta linha cruza a extensão da curva de compressão
virgem medida define o Ponto 2 na Figura 4-23.
4. Liga os Pontos 1 e 2 com uma linha recta, 𝐹, para produzir a curva de
consolidação virgem de campo estimada.

(102)
Figura 4-23 Método de Schmertmann (1955) para obter a curva de
consolidação de campo para solos normalmente consolidados (em Loehr et al.
2016, de Holtz, et al., 2011).

Ajuste do teste de consolidação do laboratório para obter a curva de consolidação


de campo:

Argilas superconsolidadas
O solo superconsolidado tem uma taxa de superconsolidação maior que 1. A
superconsolidação ocorre devido a factores geológicos, como a erosão do material
sobrecarregado e a subida permanente do lençol freático. Dependendo da quantidade e
da duração de pré-tensões, os solos argilosos superconsolidados variam em consistência
de firme a muito duro e duro. Os solos superconsolidados não tendem a ter grandes
assentamentos. O método de Schmertmann (1955) também é usado para corrigir as
curvas de consolidação do laboratório, a fim de obter curvas de consolidação de campo
mais realistas para argilas superconsolidadas como se segue:
1. Faça a construção gráfica de Casagrande para obter a tensão de pré-
consolidação, 𝜎′𝑝 .
2. Calcule a taxa de vazios inicial, 𝑒𝑜. Desenhe uma linha horizontal de 𝑒𝑜, paralela
ao eixo da tensão efectiva, até a tensão efectiva vertical in-situ, 𝜎′𝑣0 . Isso define
o Ponto 1 na Figura 4-24.
3. Do Ponto 1, desenhe uma linha paralela à curva de descarga-recarga medida
para a tensão de pré-consolidação, 𝜎′𝑝 . Isso define o Ponto 2 na Figura 4-24.
4. Desenhe uma linha horizontal paralela ao eixo de tensão efectiva numa taxa de
vazios de 𝑒=0.42𝑒0 . Onde esta linha cruza a extensão da curva de compressão
virgem do laboratório define o Ponto 3 na Figura 4-24.
5. Liga os pontos 1 e 2 e os pontos 2 e 3 por linhas rectas. A inclinação da linha que
liga os pontos 1 e 2 é a curva de recompressão in-situ estimada, enquanto a
inclinação da linha que liga os pontos 2 e 3 representa a curva de consolidação
virgem de campo.

(103)
Uma vez que a inclinação da curva de descarga-recarga é geralmente uma representação
melhor do comportamento de recompressão para o solo do que a curva de recompressão
inicial, a inclinação do ciclo de descarga-recarga é usada para estabelecer a inclinação da
faixa de recompressão (𝐶𝑟) de carregamento.

Figura 4-24: Método de Schmertmann (1955) para obter a curva de consolidação


de campo para solos superconsolidados (em Loehr et al. 2016 de Holtz, et al.,
2011)

O OCR pode ser calculado a partir das interpretações para determinar a pressão de pré-
consolidação com base no histórico de tensões dos solos, conforme mostrado na Tabela
4-11

Tabela 4-11: Terminologia do solo aplicada ao histórico de tensão (Loehr et al.


2016)
𝑶𝑪𝑹 Terminologia Abreviação
1 Normalmente consolidado NC
1<𝑂𝐶𝑅<2 Ligeiramente super-consolidado LOC
2<𝑂𝐶𝑅<8 Moderadamente super-consolidado MOC
𝑂𝐶𝑅>8 Fortemente super-consolidado HOC

Taxa de tempo de consolidação


Para estimar a consolidação do assentamento, é necessário o valor do coeficiente de
compressibilidade do volume ou do índice de compressão.
A taxa de tempo de assentamento é tipicamente representada pelo coeficiente de
consolidação vertical 𝑐𝑣 da curva de compressão versus tempo, numa faixa de
carregamento de interesse prático. A Figura 4-25 mostra as condições do teste de

(104)
consolidação e as definições da curva de compressão versus tempo. A curva é dividida em
duas partes, a serem discutidas em detalhes nas secções abaixo:
Consolidação primária, ocorre enquanto o excesso de pressão dos poros se dissipa. Esse
é o assentamento associado ao reajuste das partículas de solo devido à dissipação da água
dos vazios.
A consolidação secundária é um processo lento que continua depois da consolidação
primária. Ocorre quando o solo continua a assentar após o excesso de pressões da água
dos poros serem dissipadas a um nível insignificante, ou seja, a consolidação primária é
essencialmente concluída.

Figura 4-25: Compressão versus tempo para um ciclo de carga de teste de


consolidação (Hunt, 1986)

Método de Casagrande
A Figura 4-26 é uma ilustração do método gráfico de Casagrande. O método usa um gráfico
de deflexão versus o logaritmo do tempo. As tangentes são desenhadas para a secção
primária da curva no ponto de inflexão e para a secção secundária para localizar δ100 (a
leitura em 100% de consolidação primária). A leitura corrigida para t0 é localizada
desenhando, acima de um ponto correspondente a um tempo de cerca de 0,1 minuto,
uma distância igual à distância vertical entre este ponto e o ponto para o qual os valores
de t estão na proporção de 4:1, e a distância vertical entre eles é medida. A leitura para
a compressão de 50% é encontrada como o ponto médio entre δ0 e δ100 e o valor
correspondente para t50 é determinado em segundos. O ponto corresponde a U=50% (ou
seja, 50% de consolidação primária).
O método de Casagrande usa o tempo para completar 50 por cento da consolidação
primária, t50, para calcular o coeficiente de consolidação (cv) da equação

𝑻𝒗 𝑯𝟐
𝒄𝒗 = 𝒄𝒎𝟐 /𝒔𝒆𝒈 𝒐𝒓 (𝒎𝟐 /𝒂𝒏𝒐) Equação 4-73
𝒕𝟓𝟎
Onde
H = metade da espessura média da amostra no teste, pois tem drenagem dupla.
Exemplo, para uma camada de 10 m, drenagens de duas vias, topo e fundo, H =
5 m.

(105)
Tv = o factor de tempo teórico para atingir 50 por cento de consolidação (𝑇50 = 0.197).
O coeficiente de consolidação é dado por Equação 4-74

𝟎,𝟏𝟗𝟕𝑯𝟐
𝒄𝒗 = Equação 4-74
𝒕𝟓𝟎

Figura 4-26: Método do logaritmo do tempo de Casagrande para determinar o


coeficiente de consolidação (Loehr et al. 2016)

Método de Taylor da raiz quadrada do tempo


No método de Taylor, as leituras do mostrador (deflexão) são desenhadas contra a raiz
quadrada do tempo em minutos, conforme mostrado na Figura 4-27. A curva teórica é
linear até cerca de 60% de consolidação e 90% de consolidação.
O tempo para 90% de consolidação primária, t 90, é obtido desenhando uma linha recta
(DE) com abscissa 1,15 vezes a abscissa correspondente. t90 é considerada para
corresponder ao ponto onde esta linha intersecta a taxa de tempo da curva de
consolidação. A intersecção da linha DE com a curva experimental localiza o ponto (a90)
correspondente ao grau de consolidação de 90%, U = 90% e o valor correspondente (t90)
pode ser obtido.
O valor de Tv correspondente a U = 90% é 0,848 e o coeficiente de consolidação é então
calculado de acordo com a Equação 4-75.

𝟎,𝟖𝟒𝟖𝐇𝟐
𝐜𝐯 = Equação 4-75
𝐭 𝟗𝟎

(106)
Figura 4-27: Método de Taylor da raiz quadrada do tempo para determinar o
coeficiente de consolidação (Craig, 2004)

Ambos os métodos gráficos são aproximados e resultarão em diferentes valores


calculados para cv para as mesmas medições de teste. O método de Casagrande pode
ser aplicado apenas a curvas típicas em forma de S, mas para outras curvas, o método
é insatisfatório. O valor de cv do método de Casagrande, quando comparado com o valor
de cv obtido pelo método de Taylor, é geralmente menor, e a taxa varia entre 0,2 e 1
(Leroueil (1987). O método de Taylor não pode ser aplicado com sucesso para valores
fiáveis de cv, no caso de amostras de consolidação rápida (por exemplo, caulinita
grossa), por causa da alta velocidade de rotação do ponteiro de leitura de compressão
(Shukla et al. (2009).
As amostras de alta qualidade tipicamente exibirão uma redução acentuada nos valores
calculados de 𝑐𝑣 perto da tensão de pré-consolidação.
A consolidação ocorre de forma relativamente rápida e os valores de cv podem ser
relativamente altos, quando os incrementos de carga são menores do que a tensão de
pré-consolidação.
A taxa de tempo das análises de assentamento com base nos resultados do teste de
consolidação muitas vezes supera a previsão do tempo realmente necessário para a
consolidação primária ser concluída no campo.

O cv usado para determinar o tempo para o assentamento de consolidação primária


deve ser o mesmo da pressão (incremento de carga) mais próxima das condições de
campo previstas.

(107)
O período de tempo para que ocorra o assentamento de consolidação primária é uma
função da compressibilidade e permeabilidade do solo. O coeficiente de consolidação (cv)
está relacionado com a permeabilidade (k) e o coeficiente de compressão vertical (m v)
conforme indicado nas Equações 4-76 – 4-78

𝟏 𝐤
𝐂𝐯 = 𝛄 Equação 4-76
𝐰 𝐦𝐯
∆εv
mv = ∆σ′ Equação 4-77
v

∆𝒆
𝒎𝒗 = ∆𝝈 Equação 4-78
𝒗 (𝟏+𝒆𝒂𝒗 )
Onde
𝛾𝑤 = Peso unitário de água
∆𝜀𝑣 = Mudança na altura da amostra
∆𝜎𝑣 = Mudança na tensão efectiva
∆𝑒 = Mudança na taxa de vazios
∆𝑒𝑎𝑣 = Taxa de vazios média durante a consolidação

4.3.3.2 Determinação de parâmetros para compressão secundária


Como pode ser observado na Figura 4-28, o assentamento da compressão secundária é
relativamente pequeno em comparação com o assentamento da consolidação primária. No
entanto, na argila mole e solos orgânicos, a compressão secundária pode ser muito
significativa e pode igualar a consolidação primária em magnitude. O índice de compressão
secundária é geralmente independente da espessura da camada no estado de tensão de
campo e, teoricamente, é uma função apenas do índice de compressão secundária e do
tempo. A magnitude do assentamento da compressão secundária é estimada usando o
coeficiente de compressão secundária (Cα). O coeficiente de consolidação secundária é
medido a partir da curva de tempo-taxa de vazios após a consolidação primária ser
concluída para a tensão desejada, conforme mostrado na Figura 4-28.
A tensão efectiva final prevista deve ser considerada ao avaliar os valores de (Cα) (ou Cαε)
para o dimensioinamento, pois é dependente do histórico de tensão. O c máximo é
observado para tensões que excedem a tensão de pré-consolidação para a compressão
virgem. As medições do coeficiente de compressão secundária devem ser feitas usando
amostras de alta qualidade quando a compressão secundária é importante para o
dimensionamento, já que os valores das amostras perturbadas são geralmente menores.
Cα é expresso como:

∆𝒆
𝑪𝜶 = ∆ 𝐥𝐨𝐠 𝒕 Equação 4-79

Onde
∆𝑒 = a mudança na taxa de vazios ao longo do tempo decorrido igual a (t1-t2), após a
consolidação primária, geralmente considerada como U = 99,3%.

(108)
Figura 4-28: Avaliação de 𝑪𝜶 da resposta de tempo - deformação para
incremento de teste de consolidação (Loehr et al. 2016)

A compressão secundária de depósitos orgânicos altamente compressíveis, como turfa,


geralmente é muito grande e às vezes é difícil identificar o fim da consolidação primária.
Isso é atribuído à transição da compressão primária para a secundária, não sendo
facilmente identificável usando os métodos de interpretação padrão. É utilizada a teoria
de consolidação para o tempo de cálculo das taxas de assentamento. O uso de testes de
carga em grande escala que são totalmente instrumentados é preferível.

4.3.4 Determinação do valor de assentamento


Todos os aterros devem ser avaliados para o assentamento, pois o desempenho de um
aterro da estrada pode ser adversamente afectado pelo assentamento diferencial
excessivo na superfície da estrada. Isso deve incluir aterros que tenham um factor de
estabilidade geral de segurança adequado.

4.3.4.1 Assentamento de Consolidação primária

A quantidade de consolidação primária depende da proporção de vazios inicial do solo.


Quanto maior a taxa de vazios inicial, mais água pode ser extraída e maior será a
consolidação primária. A taxa na qual ocorre a consolidação primária também depende da
taxa na qual a água é espremida dos vazios do solo, o que está relacionado à
permeabilidade do material. No fim da consolidação primária, todas as pressões de água
dos poros em excesso se dissiparam e o grau médio de consolidação (U) se aproxima de
100%.
Na análise de assentamento, a compressão de um estrato de argila in-situ é assumida
como sendo diretamente relacionada ao estrato do teste e expressa pela Equação 4.80.

(109)
∆𝒆
𝑺 = ∆𝑯 = 𝑯 Equação 4-80
𝟏+𝒆𝟎
Onde
H = espessura do estrato
e0 = a proporção inicial de vazios corrigida para a ligeira expansão que ocorre na extrusão
de amostragem
Δe = a variação na taxa de vazios resultante de um aumento da pressão efectiva de
sobrecarregamento para a pressão imposta no estrato pela carga da fundação.
A maneira como os dados são desenhados determinará como os parâmetros determinados
acima serão usados para calcular o assentamento. As curvas e-log p ou ε-log p são usadas.
A Tabela 4-12 apresenta um resumo das relações para determinar o assentamento de
consolidação primária total (Sc). A tensão de pré-consolidação proporciona as condições
para o uso das equações.
O cálculo do assentamento começa com o perfil do solo sendo dividido em camadas, com
cada camada reflectindo as mudanças nas propriedades dos solos.

Tabela 4-12: Equações de Assentamento de Consolidação Primária (NYSDOT,


2012)
Histórico de Determinação de assentamento Equação
tensão
e-log p

𝜎′𝑣𝑜 = 𝜎′𝑝 𝑖 𝐶𝑐 𝜎′𝑓 4-81


𝑆𝑐 = ∑ 𝐻0 (𝑙𝑜𝑔 )
1 1 + 𝑒0 𝜎′𝑣0
𝜎𝑓 < 𝜎𝑝 𝑖 𝐶𝑟 𝜎′𝑓 4-82
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻0 (𝑙𝑜𝑔 )
1 1 + 𝑒0 𝜎′𝑣0
𝜎′𝑣0 < 𝜎′𝑝 < 𝜎′𝑓 𝐶𝑐 𝜎′𝑓 𝐶𝑟 𝜎′𝑝 4-83
𝑆𝑐 = 𝐻0 ⌊ (𝑙𝑜𝑔 )+ (𝑙𝑜𝑔 )⌋
1 + 𝑒0 𝜎′𝑣0 1 + 𝑒0 𝜎′𝑣0
𝜀 – log p
𝜎′𝑣0 = 𝜎′𝑝 𝑖 𝜎′𝑓 4-84
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻0 𝐶𝜀𝑐 (𝑙𝑜𝑔 )
1 𝜎′𝑣0
𝜎′𝑓 < 𝜎′𝑝 𝑖 𝜎′𝑓 4-85
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻0 𝐶𝜀𝑐 (𝑙𝑜𝑔 )
1 𝜎′𝑣0
𝜎′𝑣𝑜 < 𝜎′𝑝 < 𝜎′𝑓 𝑖 𝜎′𝑓 𝜎′𝑝 4-86
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻𝑜 ⌊𝐶𝜀𝑐 (𝑙𝑜𝑔 ) + 𝐶𝜀𝑐 (𝑙𝑜𝑔 )⌋
1 𝜎′𝑣𝑜 𝜎′𝑣𝑜
Onde:
𝜎′𝑓 = 𝜎′𝑣𝑜 + ∆𝜎′𝑣
𝜎𝑣𝑜 = Tensão efectiva vertical inicial na camada ith
∆𝜎𝑣 = Variação da tensão na camada ith

4.3.4.2 Assentamento de Consolidação Secundária


A ocorrência de compressão secundária é independente do estado de tensão e
teoricamente é uma função apenas do índice de compressão secundária e do tempo. Pode

(110)
levar anos para que o assentamento primário seja concluído e a compressão secundária
continue por décadas sem carga adicional. As equações a seguir são usadas para a
determinação do assentamento de compressão secundária, Tabela 4-13.

Tabela 4-13: Equações de Assentamento de Consolidação Secundária (NYSDOT,


2012)
Histórico de Determinação de assentamento Equação
tensão
e – log p 𝑖 𝐶𝛼 𝑡2 4-87
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻𝑜 𝑙𝑜𝑔 ( )
1 1 + 𝑒𝑜 𝑡1
𝜀 – log p 𝑖 𝑡2 4-88
𝑆𝑐 = ∑ 𝐻𝑜 𝐶𝜀𝛼 𝑙𝑜𝑔 ( )
1 𝑡1

4.3.5 Procedimentos de Dimensionamento

4.3.5.1 Selecção do parâmetro de dimensionamento

1. Desenha todos os resultados do furo (secção transversal de subsolo)

2. Estabeleça o nível correcto de água subterrânea.

3. Compila todos os parâmetros de consolidação nos gráficos seguintes (os


parâmetros serão definidos abaixo), para todos os furos ou zonas de acordo com
o plano de sondagem.
𝐶𝑐
i) vs Profundidade
1+𝑒𝑐

𝐶𝑟
ii) vs Profundidade
1+𝑒0

𝐶𝛼
iii) vs Profundidade
1+𝑒𝜌

iv) OCR vs Profundidade

v) 𝛾𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑜(𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜) vs Profundidade (pressão de sobrecarga efectiva)

vi) 𝐶𝑣 vs Profundidade

vii) 𝑚𝑣 vs Profundidade

viii) 𝑘𝑣 vs Profundidade (obtido apartir da relação 𝑚𝑣 𝐶𝑣 e 𝛾𝑤 )

4. Obtenha valores estimados de (𝜎′𝑝 ) de vários testes in situ que podem ser usados para
fornecer estimativas de (𝜎′𝑝 ) ou 𝑂𝐶𝑅, que podem ser usados para avaliar (𝜎′𝑝 ) em pontos
específicos no perfil de subsolo ou como ferramentas de perfilamento para obter um perfil
mais contínuo de (𝜎′𝑝 ), como:
• Penetrômetro de Cone (CPT)
• Penetrômetro de Cone, Piezocone (CPTU)
• Dilatômetro plano (DMT),
• Pressurímetro (PMT),

(111)
• Dispositivo de corte de palheta de campo (FVT), e
• Correlações de valor SPT.
No entanto, as correlações de testes in situ fornecem apenas medidas indirectas
de (𝜎′𝑝 ) que devem ser transformadas usando funções derivadas empiricamente
ou outras funções derivadas teoricamente para produzir o valor estimado de (𝜎′𝑝 ).
O projectista geotécnico deve estar ciente da adequação do uso de um tipo
específico de instrumento, condições subterrâneas e tipo de solo e estar informado
a respeito das limitações.

5. Para estimar o assentamento imediato (com base na teoria da elasticidade),


determine o valor do Módulo de Young não drenado (𝐸𝑢 ) do subsolo com base na
correlações de laboratório ou de campo:
• Correlações de valores SPT
• Correlações de resistência ao corte não drenada.

4.3.5.2 Determinação da distribuição da tensão


O carregamento do aterro, que pode ser em estágio único ou múltiplo, induzirá a tensão
adicional ao solo de fundação. É um dos principais parâmetros de entrada para a análise
do assentamento. Vários métodos estão disponíveis para estimar a distribuição de tensões
como resultado do aterro ou outras cargas impostas. Existem outros factores que
influenciam a distribuição da tensão, em profundidade, ponto médio da camada que está
sendo avaliada, estes incluem:
• A geometria (comprimento e largura) do aterro;
• Inclinação dos taludes laterais do aterro;
• Peso unitário do material do aterro (para a tensão devido ao peso próprio);
• Pressão de água dos poros e parâmetros de pressão de água dos poros de
Skempton 'A' & 'B';
• Profundidade abaixo da superfície do solo para a camada em avaliação; e
• Distância horizontal do centro da carga ao ponto em questão.

Os métodos baseados na elasticidade são comumente usados para estimar o aumento da


tensão vertical em estratos subterranêos devido a uma carga de aterro ou carga de aterro
em combinação com outras cargas de sobrecarregamento. O aumento da tensão vertical
é estimado no ponto médio da camada em avaliação. Na maioria dos casos, as equações
para a teoria de elasticidade foram geradas em gráficos e tabelas de dimensionamento
para cenários de carregamento típicos para aplicação.
As Figura 4-29 e Figura 4-30 mostram os factores de influência na tensão vertical sob um
aterro muito longo e sob os cantos de uma carga triangular de comprimento limitado,
respectivamente. Na Figura 4-29, o Factor de Influência (I) é uma função da taxa entre
as medidas da secção transversal do aterro e a profundidade no ponto de avaliação. Na
Figura 4-30, é a relação entre as medições da base do aterro e a profundidade de
interesse.
∆𝜎 = 𝐼𝑞𝑜 Equação 4-89

𝑎 𝑏
𝐼 = 𝑓 (𝑧 , 𝑧 ), Figura 4-29.

𝐼 = (𝑚, 𝑛), Figura 4-30.


Onde
𝐿 𝐵
𝑚=𝑧 𝑒 𝑛= Como definido na Figura 4-30.
𝑧

(112)
Figura 4-29: Factores de influência na tensão vertical sob um aterro muito
longo (segundo NAVFAC, 1971 como reportado em Holtz e Kovacs, 1981)

(113)
Figura 4-30: Valores de influência para a tensão vertical sob os cantos de uma
carga triangular de comprimento limitado (segundo NAVFAC, 1971 como
reportado em Holtz e Kovacs, 1981)

(114)
4.3.5.3 Determinação do assentamento imediato
O assentamento imediato pode ser estimado usando a teoria do deslocamento elástico.
Os assentamentos imediatos calculados são geralmente esperados para serem concluídos
durante a construção do aterro.
1
𝑆𝑖 = ∑𝑖1 𝐸 (𝐼. 𝑞)𝑑ℎ Equação 4-90
𝑢

Onde
q = Tensão/pressão aplicada no subsolo (kPa).
dh = Espessura de cada camada (m).
Eu = Módulo de Young não drenado do subsolo (kPa)
I = Factor de influência

Durante a aplicação da carga, o excesso de pressões dos poros se estabelecerá na argila,


mas ocorrerá relativamente pouca drenagem de água, uma vez que a argila tem uma
baixa permeabilidade.

4.3.5.4 Determinação de assentamento de consolidação primária


• As Equações da Tabela 4-12 devem ser utilizadas, de acordo com o histórico de
tensão.

4.3.5.5 Determinação de taxa de consolidação


• As Equações 4-73 a 4-75 devem ser usadas, de acordo com as condições
problematicas de contorno.
• O grau médio de consolidação em função do Factor de Tempo para a teoria de
consolidação por fluxo vertical é dado por:

4𝑇𝑣
𝑈𝑣 = √ Equação 4-91
𝜋

𝑇𝑣 = 0,25𝜋𝑈 2 para U < 60% Equação 4-91a

𝑇𝑣 = 1,781 − 0,933log (100 − 𝑈%) para U > 60% Equação 4-91b

𝐶𝑣 𝑡
Para 𝑇𝑣 = < 0.2
𝐻02

8 −𝜋2 𝑇𝑣
𝑈𝑣 = 1 − 𝜋2 𝑒𝑥𝑝 ( ) Equação 4-92
4

𝐶𝑣 𝑡
Para 𝑇𝑣 = > 0,2
𝐻02

(115)
Alternativamente, determine Cv a partir de testes de permeabilidade in-situ de
campo junto com mv a partir de testes de consolidação de edômetro de laboratório
e use a Equação 4-76.

4.3.5.6 Determinação do assentamento de compressão secundária


• As equações na Tabela 4-13, devem ser usadas de acordo com as condições de
teste.

4.3.5.7 Como determinar a sobrecarga


O sobrecarregamento visa atingir uma taxa mais alta do assentamento inicial e, assim,
reduzir as liquidações de longo prazo. Existem três questões principais que precisam de
ser abordadas ao projectar a sobrecarga necessária.
• Duração necessária para a sobrecarga
• Altura da camada extra no topo do aterro necessária para o
sobrecarregamento.
• Verificar a capacidade de carga para o aterro na borda com a camada de
sobrecarga

A altura líquida da camada do aterro = Nível da Estrada Concluida - Nível do Solo


Existente
NFH = FRL-EGL
Altura Estimada da camada do Aterro = Altura Líquida da camada + Assentamento Total
EFH = NFH + ST
O assentamento total é a soma de Assentamento Imediato (Si), Assentamento de
Consolidação Primária (Sc) e Assentamento de Consolidação Secundária (Sc).
A Altura Bruta de do aterro é a soma da Altura da camada do Aterro e da camada de
Sobrecarga
GFH = EFH + SF
A acção da pressão total é uma função da pressão de sobrecarregamento efectivo do
aterro e da sobrecarga.
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐸𝐹𝐻 ∗ 𝛾𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑜 + 𝑆𝐹 ∗ 𝛾𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑎

O procedimento de dimensionamento pode ser resumido como se segue:


1. Determinar o assentamento de longo prazo do aterro sob carregamento do aterro
(EFH)
2. Determinar o tempo de duração de sobrecarregamento (Tsobrecarga). Isso é ditado
pelo cronograma do projecto.
3. Gerar gráficos de assentamentos totais versus tempo para diferentes alturas brutas
(GFH).
4. Usando a assentamento total com base no EFH, e o tempo de sobrecarga
necessário, o GFH pode ser determinado a partir das curvas geradas, para atingir
o assentamento necessário para o prazo admissível de projecto.

(116)
4.3.5.8 Considerações da avaliação de estabilidade
O dimensionamento de aterros requer que a estabilidade do talude lateral e a capacidade
de suporte sejam avaliadas além do assentamento. Existem questões-chave que
influenciarão a abordagem da análise de estabilidade.
• Fiabilidade na investigação do local: Se a fiabilidade total na investigação não
for alcançada, uma abordagem conservadora será necessária para o factor de
segurança.
• Presença de solo mole: é necessário primeiro estabelecer se o local está coberto
por algum material mole, como lodo mole, argila ou turfa. A presença de lodo mole,
argila ou turfa exigirá uma análise de estabilidade em etapas. Os aterros nos solos
de fundação fracos frequentemente requerem análises detalhadas. A roptura pode
ocorrer se a altura crítica for atingida durante a construção.
• As restrições do local devem ser estabelecidas, pois terão impacto no talude do
aterro. O espaço disponível permitirá taludes mais planos, enquanto os locais com
restrições precisarão de teludes mais inclinados do que 1,5H:1V. Em geral, aterros
com 5 m ou menos de altura com 1,5H:1V ou taludes laterais mais planos podem
ser projectados com base na precedência anterior e na análise de engenharia,
desde que não haja problemas conhecidos de condições de solo, como solos
orgânicos e moles.
• Impacto nas estruturas próximas: Se os novos aterros são susceptíveis de criar
um impacto nas estruturas próximas ou pilares de pontes, por exemplo, espera-se
que a amostragem e testagem apropriadas e mais detalhadas, sejam realizados. É
necessária uma análise mais elaborada. O assentamento dos solos de fundação
induzido por cargas de aterro pode resultar em movimentos excessivos dos
elementos da infraestrutura.
• Presença de solos potencialmente liquificáveis: A análise sísmica é necessária
para avaliar os solos liquificáveis e pode ser necessária a melhoria do solo. Isso
terá impacto sobre as opções de técnicas de melhoria do solo.

4.3.5.9 Análise da estabilidade


Aterros que não suportam estruturas com inclinações laterais de 1,5H: 1V ou mais planas
normalmente não requerem uma análise da estabilidade da inclinação.
1. Para a análise da estabilidade, pelo menos os estágios de curto e longo prazo
devem ser verificados.
a) Curto prazo (tensão total) usando resistência ao corte não drenada, Su.
Neste caso, a estabilidade crítica está sob condições não drenadas, como na
maioria das argilas e sedimentos, uma análise da tensão total usando o
valor de coesão não drenada sem atrito é apropriada e deve ser usada para
a avaliação de estabilidade. Uma análise não drenada assume que a carga
analisada é aplicada mais rapidamente do que o excesso de pressões de
água dos poros resultante da carga.
b) Longo prazo (tensão efectiva) usando parâmetros de resistência drenada
(c’-∅ '). Nesse caso, a estabilidade crítica está sob condições drenadas, como
na areia ou saibro. A análise de tensão efectiva usando um ângulo de atrito
de pico é apropriada e deve ser usada para a avaliação de estabilidade.

2. O factor de segurança necessário


A Figura 4-31 mostra uma condição de roptura final de um aterro em argila mole,
uma combinação de deformação e roptura ocorreu. O objectivo da análise da
estabilidade é verificar se um estado limite de roptura ou deformação excessiva
não ocorrerá, ou seja, o valor de dimensionamento do efeito da força actuante é
menor do que o valor de dimensionamento da força de resistência à ação.

(117)
A instabilidade potencial é devida ao peso total da camada da massa do solo (W
por unidade de comprimento) acima da superfície de falha A-B. Na falha, as forças
actuantes e resistentes agem da seguinte forma:
O movimento de força actuante consiste no peso do aterro. O momento de
acionamento é o produto do peso do aterro actuando através do seu centro de
gravidade vezes a distância horizontal do centro de gravidade ao centro de rotação
(Lw).
A força de resistência é a resistência ao corte total agindo ao longo do plano de
deslizamento. O momento de resistência é o produto da força de resistência vezes
o raio do círculo (Ls).
Para o equilíbrio, a resistência ao corte que deve ser mobilizada é a soma ao longo
da superfície da falha A-B. O factor de segurança (FS) contra a roptura é igual à
proporção entre os momentos de resistência e de actuação, conforme fornecido
abaixo.

Momento de Resistência Resistência total ao Corte ∗ Ls


FS = =
Momento de Actuação Peso força ∗ Lw
A análise preliminar, durante os estágios iniciais do dimensionamento, pode ser
realizada usando uma estimativa preliminar rápida de verificar se a estabilidade
pode ser um problema e se análises mais detalhadas devem ser conduzidas, usando
a Equação 4-93:
6c
FS = γ Equação 4-93
aterro ∗Haterro

Onde c é a coesão do solo argiloso da fundação, γaterro é o peso unitário do aterro


e Haterro é a altura (espessura) do aterro. O valor para a coesão (c), pode ser obtido
a partir de testes de campo de resistência de pahleta nos solos subjacentes e usado
com a equação para estimar o FS no campo. Uma análise de estabilidade mais
detalhada é necessária quando o FS obtido desta forma é inferior a 2,5 ou quando
se espera que a água subterrânea esteja dentro do círculo deslizante AB na Figura
4-31.

(118)
Figura 4-31: Mecanismo de roptura de arco circular típico. Adaptado de US DOT
FHWA (2006)

Como um guia geral, para a estabilidade geral, o factor de segurança necessário


é o seguinte:
a. FS de curto prazo 1,2 a 1,3 (se houver confiança nos valores de resistência,
use 1,2). Todos os aterros que não suportam estruturas potencialmente
impactantes devem ter um factor de segurança mínimo de 1,25.

b. FS de longo prazo = 1,4 a 1,5. Todos os aterros de aproximação de pontes


e aterros que suportam estruturas críticas devem ter um factor de
segurança de 1,5. Estruturas críticas incluem aquelas para as quais a falha
resultaria em um perigo de segurança com risco de vida para a público.

3. Pelo menos dois tipos de planos de falha potencial devem ser verificados.
a) Circular (Bishop Modificado).
b) Método Não Circular ou de Cunha (Janbu modificado ou Morgenstern & Price
ou Sarma). Estes são baseados na satisfação do equilíbrio de forças, ao
invés de equilíbrio de momentos.

Nota:
• Normalmente, o Método de Cunha produzirá o FS menor em
comparação com o Método Circular.
• Deve seleccionar o limite adequado para a análise de cunha, se
possível, começar com métodos circulares para determinar a zona
potencial da falha.
• Quando os solos de suporte são homogêneos e profundos, a superfície
de falha se aproxima de um arco circular.
• Se o estrato mole for relativamente fino e sustentado por um
material muito forte, é provável que haja uma superfície de falha
plana.

(119)
O engenheiro geotécnico deve considerar as condições de contorno do problema
para determinar o método de análise mais eficaz. A Figura 4-32 mostra
problemas de estabilidade na forma de falhas rotacionais e deslizamento do
bloco que muitas vezes ocorrem quando o aterro é construído sobre solos
moles, como argilas e sedimentos de baixa resistência, e quando o solo da
fundação é sujeito a tensões excessivas durante ou imediatamente após a
construção.

Figura 4-32: Modos de falhas do talude lateral em aterros. De IOWA State


(2013) e US DOT FHWA (2006)

Os parâmetros a serem usados no método de análise selecionado para determinar


o factor de segurança dependem do tipo de solo e das características de resistência.
Os parâmetros de resistência ao corte do material do aterro devem ser
determinados a partir de testes nos estratos compactados até os valores de
densidade seca e teor de humidade a ser especificado para o aterro.

Nos solos coesos, o teste triaxial não consolidado não drenado (UU) ou consolidado
não drenado (CU) ou corte de palheta de campo deve ser usado na análise de curto
prazo, enquanto o teste triaxial CU com medições de pressão de água dos poros
ou testes triaxiais consolidados drenados (CD) são usados para a análise de longo
prazo. Para solos granulares, os valores do ângulo de atrito efectivo a partir de
gráficos de resistência à penetração padrão (SPT) versus ângulo de atrito ou de
testes de corte directo são necessários para a análise.

4. A seguinte dimensão será usada


a) A altura do aterro deve ser:
• EFH se nenhuma sobrecarga é aplicada
• GFH se houver sobrecarga.

(120)
b) Carregamento de sobrecarga de pelo menos 10 kPa (tráfego de construção) no
topo da pressão de actuação do aterro.
c) A magnitude do assentamento imediato (solo mole) deve ser incluída no EFH ou
GFH para simular o assentamento durante a construção para que a análise de
estabilidade não subestime o peso do aterro.
5. Geral para os parâmetros de resistência do material de aterro
predominantemente granular bem compactado é c '= 0 a 5kPa, ∅' = 28 ° a 30 °.
Recomenda-se realizar o teste de caixa de corte no material de aterro bem
compactado para obter parâmetros representativos

Desvantagens da caixa de corte


• A distribuição da tensão de corte sobre o plano de roptura é considerada
uniforme, o que não é o caso;
• A tensão normal não pode ser alterada durante um teste para reflectir o
caminho da tensão;
• Apenas medições de tensão total podem ser feitas, pois não é possível medir a
pressão dos poros dentro da amostra.

A Tabela 4-14 resume os diferentes métodos de análise de estabilidade de taludes. Estes


também são os métodos normalmente incluídos nos pacotes de software de análise da
estabilidade de taludes.

Tabela 4-14: Métodos, detalhes e hipóteses de estabilidade de taludes (ODOT,


2018)
Método Força de Momento de Hipótese
Equilibrio Equilíbrio
Ordinário ou A superfície de deslizamento é

Fellenius circular e as forças nas laterais das
camadas são negligenciadas.
Bishop A superfície de deslizamento é

simplificado circular e as forças nas laterais das
camadas são horizontais (sem
cisalhamento)
Janbu As inclinações das forças entre

simplificado camadas são assumidas
Spencer As forças entre camadas são
√ √
paralelas e a posição da força
normal na base da camada é
assumida
Morgenstern- A força de corte entre camadas está
√ √
Price relacionada à força normal entre
camadas por X = 𝜆f (x) E e a
posição da força normal na base da
camada é assumida
Lowe-Karafiath As inclinações das forças entre

camadas são assumidas
Sarma A força de corte entre camadas está
√ √
relacionada à força de corte
disponível entre camadas, a
resistência ao corte entre camadas
depende dos parâmetros de
resistência ao corte, pressões da

(121)
água dos poros e a componente
horizontal

4.3.5.10 Consideração para aterros em terreno pantanoso


O solo em áreas pantanosas tem baixa resistência inicial ao corte e a camada inicial do
aterro deve ser distribuída uniformemente de forma que nenhuma falha por corte seja
induzida. A camada também deve ser capaz de suportar equipamentos de construção
pesados. As espessuras de cada estágio de camada de aterro subsequente devem ser
determinadas principalmente considerando a estabilidade do talude, usando os métodos
da Tabela 4-6. A construção de aterros em terreno pantanoso deve ser monitorada de
perto usando instrumentação. A pressão dos poros e o assentamento podem ser
monitorados durante cada estágio de colocação do aterro. O monitoramento e a
instrumentação são discutidos mais detalhadamente no Capítulo 7. Os dados adquiridos
podem ser usados para projectos futuros, bem como dados de entrada para análise
comparativa do comportamento do aterro, com relação à taxa e magnitude do
assentamento do aterro durante a construção. A espessura actual para o próximo estágio
pode ser modificada com base nas informações colectadas da instrumentação, em
comparação com os valores previstos.
Drenos verticais devem ser instalados para fornecer canais de fluxo vertical nos depósitos
de pântano. O objectivo é reduzir o comprimento do caminho de drenagem, afectado pelo
espaçamento dos drenos e, portanto, a consideração de dimensionamento mais
importante. O espaçamento e profundidades dos drenos dependem da espessura e da
permeabilidade horizontal dos depósitos de pântano e da camada de argila subjacente,
bem como da função de longo prazo do aterro. Os depósitos pantanosos são mais
propensos a ter uma permeabilidade horizontal muito maior do que a permeabilidade
vertical. É essencial que os coeficientes de consolidação em ambas direcções horizontal e
vertical sejam conhecidos com a maior precisão possível. Os drenos são normalmente
instalados num padrão quadrado ou triangular, conforme discutido na Seção 4.3.7.2.
As técnicas para apoiar a plataforma de trabalho de construção incluem a colocação de
uma camada de geotêxtil no depósito mole.

4.3.5.11 Consideração para o tratamento do solo para a estabilidade do aterro


É considerada uma série de técnicas disponíveis para mitigar a estabilidade inadequada
dos taludes para aterros novos ou alargamento de aterros. Os três métodos principais
para melhorar a estabilidade são:
1. Construir o aterro devagar o suficiente para permitir a consolidação e o subsequente
aumento da resistência. Isso pode incluir o uso de drenos verticais para controlar o
aumento excessivo da pressão dos poros;
2. Projectar o aterro com taludes de baixa inclinação;
3. Construir uma contra-berma. O objectivo é adicionar peso para aumentar a
resistência ao momento de rotação.

A seguir são apresentados exemplos de opções para a mitigação da instabilidade e serão


discutidos com mais detalhes na secção 4.3.6.
Opção 1
• Berma de contrapeso (deve ter material para o aterro suficiente no local)
• Substituição parcial de solo mole (deve ser limitada a não mais que 4 m de
profundidade, se possível).
• Combinação das opções acima.
Opção 2
• Construção em fases (com ou sem drenos verticais). O ganho de resistência para
cada estágio deve ser avaliado

(122)
• Reforço com geossintéticos (geotêxteis de alta resistência)
• Combinação das opções acima.

Opção 3
• Aterro empilhado usando sistema de laje (requer estacas de transição entre
aterro empilhado e não empilhado)
• Geo-espuma como enchimento leve, de poliestireno expandido (EPS)
• Colunas de pedra
• Substituição dinâmica (apenas se a argila mole for superficial)

Considerações práticas sobre o comportamento de assentamento de solos em


aterros
Saibro, areias e sedimentos não plásticos:
• relativamente rígido em comparação com outros tipos de solo
• consolida rapidamente sob carga.
• raramente apresenta problemas de assentamento, a menos que tolerâncias
estreitas sejam necessárias ou o solo esteja muito solto ou fortemente carregado .

Lodos plásticos, argilas e misturas de argila


• consolida mais lentamente e pode apresentar problemas de assentamento,
dependendo da rigidez do solo e da magnitude do carregamento.

Lodos e argilas macias


• especialmente compressível
• frequentemente requerem considerável esforço e atenção durante a
caracterização no local, dimensionamento e construção para evitar problemas
de operacionalidade a partir de assentamentos excessivos.
• O assentamento muitas vezes continua por muito tempo após a conclusão da
construção.

Solos orgânicos
• geralmente altamente compressível e biodegradável.
• o assentamento de consolidação em alguns solos orgânicos pode ocorrer
rapidamente
• a compressão secundária pode resultar em grandes assentamentos que ocorrem
por muitos anos.

4.3.6 Mitigação da Estabilidade


Existem várias opções que podem ser implementadas, usando uma variedade de técnicas
para mitigar a estabilidade inadequada de taludes para aterros novos, aterros existentes
ou projectos de alargamento de aterros. Se o espaço permitir, mudar a linha central da
estrada para uma área com melhores solos pode ser a solução mais económica ou reduzir
a linha de inclinação diminuirá o peso do aterro e melhorará a estabilidade de solos sujeitos
as tensões excessivas. No entanto, isso nem sempre é possível. As técnicas comuns são
discutidas abaixo e incluem a construção em estágios para permitir que os solos
subjacentes ganhem resistência, reforço da base, melhoria do solo, uso de material leve
e construção de bermas de rodapé e chaves de corte. A aplicação dos diferentes métodos
é discutida mais detalhadamente na Secção 5.

(123)
4.3.6.1 Construção em fases
Esta técnica é usada para permitir que as pressões da água dos poros em excesso se
dissipem e permitir que os solos da fundação ganhem resistência com cada fase da
construção, pois a dissipação da pressão da água dos poros aumenta a pressão efectiva.
Um aumento da pressão efectiva do subsolo resulta num aumento da resistência ao
cisalhamento. O procedimento envolve a colocação do aterro lentamente e em etapas. No
entanto, o método é aplicável quando é possível permitir a dissipação do excesso de
pressões de água dos poros dentro do tempo de construção disponível, o que depende da
permeabilidade do subsolo ser grande o suficiente ou da profundidade total dos estratos
compressíveis suficientemente finos. Diferentes abordagens são usadas para avaliar a taxa
de colocação do aterro e o ganho de resistência necessário em vários tipos de solos de
fundação.
Para a construção em etapas, a análise da tensão total e a análise da tensão efectiva são
as duas abordagens gerais usadas para avaliar os critérios usados durante a construção
para controlar a taxa de colocação de aterro e permitir que o ganho de resistência
necessária ocorra nos subsolos moles. Para a abordagem de tensão total, a taxa de
construção do aterro é controlada por meio do desenvolvimento de um cronograma de
alturas máximas de colocação das camadas de aterro e períodos de atraso intermédios de
construção do aterro. Somente quando a quantidade desejada de consolidação ocorrer é
que a colocação da próxima camada de aterro pode começar.
Por outro lado, na abordagem da tensão efectiva, o aumento da pressão dos poros abaixo
do aterro no subsolo mole é monitorado e usado para controlar a taxa de construção do
aterro. O aumento da pressão dos poros não pode exceder um valor crítico, que é a taxa
entre a pressão dos poros e a tensão total de sobrecarregamento. Isso garante a
estabilidade do aterro durante a construção. O valor crítico é geralmente controlado no
contrato. O aumento da pressão dos poros causado pela tensão de consolidação é medido
usando transdutores de pressão dos poros, normalmente localizados em locais-chave
abaixo do aterro. A instrumentação típica consiste em inclinômetros de talude para
monitorar a estabilidade, piezômetros para medir o excesso de pressão da água dos poros
e dispositivos de assentamento para medir a quantidade e a taxa de assentamento. A
Figura 4-33 mostra o conceito de cálculo da consolidação percentual na construção em
etapas.

Figura 4-33: Conceito de cálculo da consolidação percentual na construção em


etapas (NYSDOT, 2012)

Após a colocação da primeira camada, a construção da segunda e dos estágios


subsequentes começa quando a resistência das camadas anteriores é suficiente para
manter a estabilidade. Cada vez que a camada é adicionada, o aterro começa a se

(124)
consolidar, enquanto o subsolo mole e as camadas anteriores já tiveram tempo para reagir
ao aumento da tensão devido as camadas aplicadas anteriormente. A Figura 4-33 é uma
ilustração simplista, de uma média ponderada da consolidação percentual ocorrida para
cada etapa até o momento em questão, que deve ser utilizada para determinar a
consolidação percentual média do subsolo devido ao peso total do aterro. Em geral, é
melhor escolher uma altura da camada e o incremento do período de atraso tão pequeno
quanto possível.
A espessura da camada que pode ser colocada nos solos fracos não deve induzir a roptura
do solo. Os incrementos da altura de enchimento variam de 60 cm a 120 cm e os
incrementos de período de atraso variam de 10 a 30 dias. Conforme proposto na
Seção 4.3.7, programas de computador são usados para definir a altura do aterro
colocada durante cada estágio e a taxa em que é colocado, junto com o tempo de
assentamento e a percentagem de consolidação necessária para a estabilidade. No
entanto, a abordagem de passo a passo na Secção 4.3.5.7 pode ser usada para
determinar manualmente a altura do aterro.
A Figura 4-34 mostra os princípios do método de construção em fases. Mostra a evolução
dos diferentes parâmetros em cada etapa à medida que o aterro é adicionado, o aterro
começa a se consolidar, enquanto o subsolo mole e os aterros anteriores já tiveram tempo
de reagir ao aumento da tensão devido aos aterros aplicados. Um intervalo de tempo
passa para permitir algum ganho de resistência a partir da consolidação antes da próxima
camada ser colocada e o procedimento é repetido até que a altura total seja atingida.

Figura 4-34: Princípios do Método de Construção por etapas (NYSDOT, 2012)

(125)
Tanto a resistência inicial não drenada do solo mole quanto a sua taxa de crescimento com
o tempo devido à consolidação sob cargas aplicadas devem ser estimadas para controlar
a construção por etapas. Para cada etapa, determine o ganho de resistência não drenada
como se segue:

ΔCuu = Δσv tanφconsol. Equação 4-95


Estime a resistência em qualquer grau de consolidação usando:

Cuu% = Cuui + UΔσv tanφconsol Equação 4-96


Onde
𝑠𝑖𝑛𝜑𝑐𝑢
𝑡𝑎𝑛 𝜑𝑐𝑜𝑛𝑠𝑜𝑙 =
(1 − 𝑠𝑖𝑛𝜑𝑐𝑢 )

O aumento da tensão de consolidação é o aumento da tensão efectiva no subsolo mole


causado pelo enchimento do aterro. Com base nas especificações do resultado final, o
assentamento imediato pode ser assumido como uma porcentagem do assentamento
primário do aterro para atingir um FS crítico, para o propósito da concepção. Isso será
então verificado em relação ao programa de monitoramento de campo.
A equação do assentamento básico é utilizada para estimar o assentamento, levando em
consideração a altura do aterro e, portanto, o aumento da tensão, a espessura do solo
mole e seu módulo de elasticidade através do coeficiente de compressibilidade:

σH
δ= Equação 4-97
E
Onde
𝛿 Assentamento
𝜎 aumento da tensão devido ao aterro
H espessura da camada compressível
E módulo = 1/mv
mv coeficiente de compressibilidade

Isto é baseado nos dados monitorados, da deformação lateral máxima observada abaixo
da ponta do aterro e do assentamento máximo observado abaixo do centro do aterro. A
deformação lateral máxima abaixo da ponta do aterro é de aproximadamente 0,28 vezes
o assentamento máximo observado abaixo do centro do aterro no final do estágio de
carregamento
O material utilizado na construção em fases de aterros ou enchimentos, deve ter boa
graduação granulométrica, capaz de ser bem compactado e não deve conter materiais
orgânicos, como raízes de árvores e argilas saturadas e solos altamente orgânicos são
considerados inadequados. De acordo com a Tabela 3-15 e a Secção 4.3.5.11, o material
altamente desejável para o enchimento de aterro varia de solos granulares bem graduados
(areia e saibro) até os solos de tamanhos mais finos (lodo e argila), que são menos
desejáveis. Isso inclui solos com mais de 5% em peso de materiais orgânicos, uma
dilatação de mais de 3% (por exemplo, argilas pretas) e argilas com um índice de
plasticidade acima de 45 ou um limite de líquido acima de 90.

(126)
As desvantagens da construção em estágios incluem a necessidade de instrumentação no
solo e o monitoramento regular dos dados. O processo requer mais tempo de construção.
Os factores críticos que regem o dimensionamento de aterros rodoviários são:
estabilidade, assentamento total/diferencial e tempo de assentamento. Nas situações em
que os dados monitorados revelam que as condições para a construção em estágios não
são atendidas, por exemplo, a taxa de assentamento é mais lenta e que os assentamentos
totais não podem ser reduzidos, o método pode ser usado em conjunto com outras
técnicas, conforme discutido nas secções a seguir abaixo.

4.3.6.2 Reforço da base


O reforço da base pode ser usado para aumentar o factor de segurança contra a falha dos
taludes de aterros planificados, particularmente aqueles localizados em solos moles que
são caracterizados por baixa resistência ao cisalhamento, alta compressibilidade e baixa
permeabilidade. O reforço da base consiste normalmente na colocação de um geotéxtil ou
geogrelha na base de um aterro antes de construir o aterro. Técnicas como colunas de
pedra, mistura de solo, pregagem de solo, âncoras de solo e cimentação podem ser usadas
para aumentar a força de resistência. O efeito de reforço/confinamento de
geotéxteis/geogrelhas/geocélulas é útil, pois melhora a estabilidade do aterro, permite a
construção controlada sobre os solos moles, garante um assentamento mais uniforme do
aterro e resulta em soluções económicas.
O reforço da base pode ser projectado para aplicações temporárias ou permanentes. A
maioria das aplicações de reforço da base são temporárias, em que o reforço é necessário
apenas até que a resistência ao corte do solo subjacente tenha aumentado o suficiente
como resultado da consolidação sob o peso do aterro. Portanto, o reforço da base não
precisa atender aos mesmos requisitos de desimensionamento como o reforço da base
permanente no que diz respeito ao deslizamento e durabilidade. Métodos de estabilidade
de inclinação de limite de equilíbrio são usados para determinar a resistência necessária
para obter o factor de segurança desejado no dimensionamento do reforço da base.
Durante a construção, os materiais de reforço da base devem ser colocados em faixas
longitudinais contínuas na direção do reforço principal. Devem ser evitadas juntas entre
pedaços de geotêxtil ou geogrelha na direcção da resistência (perpendicular ao talude).
Todas as juntas nos geotéxteis devem ser costuradas e não lapidadas. Da mesma forma,
as geogrelhas devem ser conectadas com pinos e não simplesmente sobrepostas. Onde o
reforço da base é usado, o uso de saibro de câmaras de empréstimo também pode ser
apropriado para aumentar a resistência ao cisalhamento do aterro.

4.3.6.3 Melhoria do solo


A melhoria do solo é outra opção usada para mitigar a estabilidade inadequada de taludes
para ambos aterros novos e existentes, bem como reduzir o assentamento. A maioria dos
problemas de fundação ocorrem devido ao alto índice de vazios, materiais de baixa
resistência e conteúdo de água desfavorável no solo. Portanto, os conceitos básicos de
melhoria do solo incluem densificação, cimentação, reforço, modificação ou substituição
do solo, drenagem e outros controles de conteúdo de água. Além dessas categorias,
drenos de pavio podem ser usados em combinação com a construção de aterro em
estágios para acelerar o ganho de resistência e melhorar a estabilidade e acelerar o
assentamento a longo prazo. Os drenos do pavio em acção, reduzem significativamente o
comprimento do caminho de drenagem, acelerando assim a taxa de ganho de resistência.
Outras técnicas de melhoria do solo, como colunas de pedra, também podem acelerar o
ganho de resistência da mesma forma que os drenos de pavio. Colunas feitas de pedra ou
solo quimicamente estabilizado aumentam a rigidez da fundação e podem aumentar
substancialmente a estabilidade e diminuir o assentamento.

(127)
4.3.6.4 Aterros leves
O uso de aterros leves é outra opção para melhorar a estabilidade do aterro. As condições
em que a sua aplicação é apropriada são: a redução das forças actuantes que contribuem
para a instabilidade e a redução do assentamento potencial resultante da consolidação de
solos de fundação compressíveis. O Geo-espuma como um exemplo de aterros leves, tem
aproximadamente 1/100 do peso do solo do aterro convencional e, como resultado, é
particularmente eficaz na redução de forças actantes ou potencial de assentamento. Os
aterros leves são raramente usados devido aos altos custos ou outras desvantagens do
uso desses materiais. Uma variedade de materiais pode ser usada como aterro leve, como:
• Aterro de poliestireno expandido (blocos "geo-espuma"),
• Agregados leves (xisto expandido, solite, norlite, pedra-pomes, escória de alto-
forno, cinzas volantes),
• Pneus de borracha em tiras,
• Aterro de betão leve. Este é um material geotécnico de engenharia com uma
relação de resistência/densidade única que pode ser usado para reduzir cargas em
solos moles de fundação, estruturas enterradas ou muros de contenção. O aterro
de betão leve consiste numa matriz de cimento contendo vazios de ar
uniformemente distribuídos e não interconectados introduzidos por um agente
espumante. A fluidez e as propriedades cimentícias desse material fornecem um
produto autonivelado e não requer compactação. O aterro de Betão Leve tem uma
densidade que é de 25% - 35% do solo típico de aterros.

4.3.6.5 Bermas e chaves de cisalhamento


O objectivo das bermas da ponta é adicionar peso à área além da ponta do aterro para
aumentar a resistência ao derrube. O dimensionamento de contra-berma requer uma
análise feita muito cuidadosamente como para qualquer estrutura e pode ser realizada
usando a Figura 4-35. Três casos são considerados. Caso I: a largura do aterro é grande
em comparação com a espessura do solo mole (> 1,5 vezes), Caso II: a largura do aterro
varia de 0,5 a 1,5 vezes a espessura do solo mole e Caso III: a largura do aterro é pequena
em comparação com a espessura do solo mole (<0,5 vezes).

(128)
Figura 4-35: Dimensionamento da Contra-berma, de NAVFAC (1982) em Hunt
(1984)

As inclinações das bermas das pontas são geralmente mais suaves do que os taludes
laterais do aterro, mas a própria berma deve ser verificada quanto à estabilidade. O uso
de bermas pode aumentar a magnitude dos assentamentos como consequência do
aumento do tamanho da área carregada. As bermas da ponta aumentam a resistência ao
cisalhamento da seguinte maneira:
• Ao adicionar o peso e, assim, aumentar a resistência ao corte de solos granulares
abaixo da área do pé do aterro;

(129)
• Adicionando materiais de alta resistência para a resistência adicional ao longo das
superfícies de falhas potenciais que passam pela berma da ponta;
• Criando uma superfície de falha mais longa, adicionando assim mais resistência ao
corte, pois a superfície de falha deve passar por baixo da berma da ponta e não do
aterro e da berma.

O uso de chaves de cisalhamento é outro método para melhorar a estabilidade de um


aterro, aumentando a resistência ao longo das superfícies de potenciais falhas. As chaves
de cisalhamento funcionam de maneira semelhante às bermas das pontas, contudo, em
vez de ser adjacente a ponta do aterro, a chave de corte é colocada de baixo do aterro
(Figura 4-36) e frequentemente abaixo da ponta do aterro. Elas melhoram a estabilidade
do aterro, forçando a superfície de potencial falha através do forte material da chave de
corte ou ao longo de um caminho muito mais longo abaixo da chave de corte. As chaves
de corte são mais apropriadas para condições em que podem ser incorporadas numa
formação subjacente mais forte. Elas são normalmente preenchidas com resíduos de
pedreira ou materiais semelhantes que são relativamente fáceis de colocar abaixo do nível
do lençol freático, requerem compactação mínima, mas ainda têm alta resistência ao corte
interna. As chaves de corte normalmente variam de 1,5 a 4,5 m de largura e se estendem
de 1,2 a 3,0 m abaixo da superfície do solo.

Figura 4-36: Uso de chave de corte (US DOT FHWA (2006B)

4.3.6.6 Remoção e substituição


Os solos coesivos compressíveis muito moles são escavados e substituídos por materiais
melhores (por exemplo, areia compactada ou aterro adequado) para fornecer uma
fundação estável. Se o material mole for muito mais profundo do que a profundidade de
escavação prática, a escavação e a substituição parcial também são possíveis. No entanto,
o efeito na estabilidade e no assentamento de longo prazo do material mole remanescente
deve ser considerado. Às vezes, a escavação e a substituição parcial do material mole são
usadas com técnicas de tratamento de solo para superar os problemas acima. Este método
será mais difícil se o nível do lençol freático estiver acima da base da escavação.

4.3.7 Mitigação de assentamento


Técnicas de mitigação de assentamento são empregues quando é observado que a
extensão do assentamento está além do valor que pode ser tolerado conforme discutido
na Secção 4.3.6.1. O assentamento em aterros é relativo a uma norma julgada adequada

(130)
para o aterro específico. É importante monitorar o desempenho de um aterro e do subsolo
que o sustenta durante e após a construção.
Frequentemente, há uma tentativa de reduzir o potencial assentamento pela compactação
do solo de fundação, mas esse processo é caro e por razões práticas raramente é aplicado.
Em vez disso, os métodos mais comumente usados para mitigar o assentamento incluem
aceleração usando sobrecargas e drenos de pavio, aterros leves e remoção e substituição
como foi o caso descrito para a estabilidade.

4.3.7.1 Aceleração usando a sobrecarga e pré-carregamento


O Sobrecarregamento ou pré-carregamento é uma das técnicas aplicadas principalmente
para fortalecer os solos fracos. A maior parte da sobrecarga é realizada pela construção
de um aterro sobre os solos fracos. Portanto, as cargas de sobrecarga são cargas
adicionais colocadas sobre o aterro acima da altura do projecto. A eficácia da sobrecarga
depende de vários factores que devem ser analisados, tais como as características de
tempo-assentamento do solo da fundação e a relação entre a altura da sobrecarga e a
altura final do aterro. A intenção é usar a sobrecarga para pré-induzir o assentamento
estimado para ocorrer devido a consolidação primária e compressão secundária devido à
carga de aterro.
À medida que a relação altura da sobrecarga - altura do aterro diminui, a eficácia da
sobrecarga também diminui. A intensidade de carregamento pelo incremento da
sobrecarga nas camadas compressíveis deve ser verificada pelos métodos usuais de
distribuição da pressão. Se o aterro for alto (> 10 m) e a camada compressível for mais
profunda do que 5 m, a sobrecarga será relativamente ineficaz e não eliminará todo o
assentamento. A sobrecarga é projectada para atingir o assentamento total estimado ou
superior apenas na consolidação primária. O aterro de pré-carregamento não pode ser
construído muito rapidamente sobre uma argila mole onde um deslizamento rotacional ou
roptura da base pode ocorrer devido ao desenvolvimento de pressões excessivas da água
dos poros.
Durante a construção do aterro, a sobrecarga é construída até uma altura predeterminada,
geralmente entre 300 mm e 3 m acima do nível final. O procedimento descrito na Secção
4.3.5.7 pode ser usado para estimar a altura do aterro. A sobrecarga é mantida por um
período de espera predeterminado (normalmente de 3 a 12 meses) com base nos cálculos
de assentamento-tempo. O aterro da sobrecarga deve ser de pelo menos um terço da
altura de dimensionamento do aterro para fornecer qualquer economia significativa de
tempo.
O pré-carregamento é aplicado em estradas para melhorar os solos de fundação dos
aterros. No pré-carregamento, a sobrecarga é removida após os objectivos de
assentamento terem sido atingidos, a fim de evitar a deformação adicional. A pressão da
água dos poros no carregamento não drenado que ocorre abaixo do aterro devido ao pré-
carregamento pode ser prevista usando os parâmetros de pressão da água dos poros "A"
e "B" de Skempton medidos no teste triaxial CU, conforme indicado na Tabela 4-1, com o
procedimento seguinte:
1. Determinar a tensão efectiva (σ 'v) e a pressão estática da água dos poros (u0)
para a profundidade média da argila, antes de colocar a pré-carga.
2. Encontrar o incremento da tensão na profundidade z devido à pré-carga (∆σ1).
3. Usando o parâmetro ‘A” e “B” medido em laboratório, calcule o excesso de água
porosa. Durante o teste triaxial, é importante monitorar a pressão dos poros para
determinar os parâmetros de pressão dos poros A e B. Os parâmetros A e B não
são constantes, mas mudam com o caminho da tensão do solo. O excesso de
pressão de água dos poros é calculado a partir de:

∆𝑢 = ∆𝜎3 + 𝐴(∆𝜎1 − ∆𝜎3 ) Equação 4-98

(131)
∆𝑈 ∆𝑈
Onde 𝐴 = e𝐵=
∆𝜎1 ∆𝜎3
4. Medir a pressão dos poros do campo com o piezômetro para verificar os valores
calculados;
5. Usando o caminho de tensão efectiva definido no teste triaxial, determine os
valores da pressão dos poros e dos parâmetros A e B. Em geral, os testes triaxiais
devem ser realizados na tensão de confinamento inicial (σ0'). O terceiro ponto no
teste triaxial é normalmente realizado em 4𝜎0 .

O índice de carregamento em relação ao índice de consolidação do solo deve ser


tal que o excesso de presssões dos poros não se desenvolva. Neste caso, ocorre o
carregamento drenado e a consolidação.

4.3.7.2 Drenos verticais


O índice baixo de consolidação em argilas saturadas, sedimentos soltos, areia fina e
sedimentos argilosos de baixa permeabilidade pode ser acelerada por meio de drenos
verticais. O objectivo principal dos drenos verticais é reduzir o caminho de drenagem num
depósito espesso de solo compressível. A consolidação é então devida principalmente à
drenagem radial horizontal, resultando na dissipação mais rápida do excesso de pressão
de água dos poros; a drenagem vertical torna-se de menor importância. Teoricamente, a
magnitude final do assentamento de consolidação é a mesma, apenas o índice de
assentamento é afectado. Um grau de consolidação da ordem de 80% seria desejável no
final da construção.
O método tradicional de instalação de drenos verticais é perfurar furos de sondagem na
camada de argila e enchê-los com areia adequadamente graduada. A areia deve ser capaz
de permitir o fluxo eficiente de água, e evitar que as partículas finas de solo sejam
arrastadas. O enchimento cuidadoso é essencial para evitar descontinuidades que podem
dar origem a "estrangulamento" e tornar o dreno ineficaz. Os drenos de areia, variam de
2,5 a 5 m de espaçamento, instalados no estrato fraco e conectados a uma manta de solo
granular de drenagem livre (Figura 4-37). O espaçamento da grelha é seleccionado de
forma a aumentar a taxa de consolidação e tornar os assentamentos aceitáveis, conforme
a necessidade do projecto. O espaçamento da grelha mais comumente adoptado para a
melhoria do solo fica entre a faixa de 1,5 a 3,5 m, dependendo se o padrão quadrado ou
triangular é usado conforme discutido na Secção 5.3. Drenos de areia podem reduzir
o tempo necessário para o sobrecarregamento para apenas 1/100 ou menos. O tempo
de instalação deve ser levado em consideração. A eficácia dos drenos depende
da permeabilidade horizontal do solo e da profundidade.
Actualmente drenos pré-fabricados são geralmente usados e tendem a ser mais
económicos do que drenos enchidos para uma determinada área de tratamento.
Geralmente, os drenos de pavio (Figura 4-37) são pequenos drenos pré-fabricados
consistindo num tubo de plástico que é coberto por geotéxtil, que funciona como um
separador e um filtro para evitar que os orifícios do tubo de plástico sejam obstruídos pelo
solo adjacente. Os drenos têm geralmente 100 mm de largura e cerca de 6,25 mm de
espessura, produzidos em rolos que podem ser alimentados por um mandril. Eles são
instalados empurrando ou vibrando um mandril no solo com o dreno do pavio por dentro.
A pré-perfuração de depósitos de solo denso pode ser necessária em alguns casos para
atingir a profundidade do dimensionamento. Uma vez que os drenos verticais são
geralmente caros, quaisquer vantagens devem ser comparadas ao custo adicional da
instalação e a viabilidade de uma solução de sobrecarga deve sempre ser considerada
primeiro.

(132)
Figura 4-37: Uso de drenos verticais para acelerar o assentamento (NCHRP,
1989)

4.3.7.3 Remoção e substituição


O solo mole pode ser removido para fornecer uma fundaçâo estável. A remoção e
substituição (escavação excessiva) referem-se à escavação de solos moles compressíveis
de baixo do aterro e substituí-los por um material mais granular, de melhor qualidade,
menos suscetível aos efeitos negativos causados pela água ou excessivo teor de humidade
ou solo menos compressível (Figura 4-38). Quando as análises indicam que ocorreria mais
assentamento da fundação do que admissível, a remoção parcial ou completa do material
compressível da fundação pode ser necessária. No entanto, devido aos altos custos
associados à escavação e disposição de solos inadequados e à dificuldade de escavação
abaixo do lençol freático, a remoção e a substituição só se justificam sob certas condições.
Algumas dessas condições incluem o seguinte:
• A área que requer escavação excessiva não é grande;
• Os solos inadequados estão próximos da superfície do solo e não se estendem
muito profundamente (a remoção de material inadequado além da profundidade
de 3 m normalmente não é economicamente viável);
• O bombeamento temporário da água não é necessário para apoiar ou facilitar a
escavação;
• Os solos inadequados podem ser despejados no local ou podem ser depositados
com segurança num outro local próximo;
• Os materiais de enchimento adequados estão prontamente disponíveis para
substituir o volume de solos inadequados.

(133)
Figura 4-38: Remoção e substituição

4.4 Encontros, muros de contenção e taludes reforçados

4.4.1 Encontros de pontes sobre argila mole


Nas aproximações de pontes, a deformação pode ocorrer tanto na direção vertical assim
como lateral. Os principais assentamentos são resultados da deformação vertical. O
assentamento do aterro junto de um encontro pode criar uma depressão indesejada na
superfície da estrada. As lajes de transição de pontes são usadas na transição entre a
ponte e o aterro para minimizar os efeitos do assentamento diferencial e devem ter a
mesma largura do tabuleiro da ponte. No entanto, como apenas um pequeno
assentamento é desejável nos encontros, estacas e poços perfurados são necessários e o
uso é feito de materiais seleccionados com requisitos de compactação aumentados para
evitar assentamentos diferenciais. A Figura 4-39 mostra os elementos do aterro do acesso
da ponte.

Figura 4-39: Elementos de um aterro de acesso da ponte. de Briaud et al (1997)

(134)
A compressão lateral dos solos de fundação pode ocorrer se os solos forem moles e se a
sua espessura for menor que a largura do talude da extremidade do aterro. Atenção
também deve ser dada ao peso do aterro atrás do muro, pois irá impor pressão lateral do
solo nas estacas e não deve exceder o ponto de cedência (py) da argila dado pelo seguinte:
𝑝𝑦 = 3𝑐𝑢 Equação 4-99

A Equação 4-99 é usada como critério para avaliar quando é necessária atenção especial
às tensões de flexão excessivas.
Para analisar o problema, uma distribuição triangular da pressão lateral do solo é
assumida, em que o valor máximo da pressão lateral pH ocorre no centro da camada de
argila e dado por:
𝑝𝐻 = 𝐾0 𝜎𝑧 𝐵𝑤 Equação 4-100

Onde 𝐾0 = 0,4, o coeficiente de pressão do solo em repouso


𝜎𝑧 = o incremento da tensão vertical no centro da camada de argila sob a base do
aterro devido ao peso do aterro
𝐵𝑤 = largura da estaca.
Os materiais circundantes aos sistemas de fundação profunda também podem causar
fricção negativa na superfice ou um efeito de arrastar para baixo em estacas individuais
ou poços perfurados, conforme os aterros de acesso e os solos de fundação assentam
(Figura 4-40). Estudos anteriores indicaram que este efeito pode ocorrer com um pequeno
assentamento de apenas 10 mm. Se ocorrer arrasto suficiente para baixo, as capacidades
axiais das estacas ou eixos podem ser excedidas. As tensões de flexão resultantes devido
à pressão lateral nas estacas são responsáveis pela inclinação observada dos encontros
apoiados por estacas em direção ao seu aterro. As estacas devem ser projectadas para o
atrito negativo.

Figura 4-40: Assentamento e arraste para baixo em pilares e estacas de pontes.


Modificado de US DOT FHWA 2006

As sobrecargas podem ser usadas nas áreas de pilares de pontes localizadas em solos
como lodos soltos, areias finas e lodos argilosos que se consolidam rapidamente. Ao pré-
carregar a área de encosto, é possível reduzir o assentamento da estrutura a um valor em
que uma sapata superficial da fundação pode ser usada em vez de estacas.

(135)
4.4.2 Muros de contenção

Muros de contenção são usados em locais de corte e aterro onde o espaço não permite
que um talude autónomo de terra (natural) se estenda até o terreno original. Os muros
de contenção também são usados onde o talude na vertente é muito inclunada para formar
um talude de aterro estável. Os muros de contenção também podem ser necessários na
base de um aterro de acesso da ponte. Tradicionalmente, esses muros são de betão
armado (gravidade ou consola), aço ou escoras de betão pré-moldado, gabiões de cesto
de arame enchidos com pedra, folhas de aço ou estacas de aço e muros de retardamento,
os quais fornecem suporte externo para a massa do solo retida.
Várias inovações nos tipos de muros de contenção estão disponíveis, incluindo o uso de
características inerentes de solo retido ou reforçado como parte do sistema de suporte.
Os muros de gravidade derivam a sua capacidade de resistir às cargas laterais por meio
do peso morto do muro. O tipo do muro gravidade inclui muros de gravidade rígidos,
muros de terra mecanicamente estabilizadas (MSE) e muros de gravidade modulares pré-
fabricados. Os muros de semigravidade são semelhantes aos muros de gravidade, excepto
que eles dependem dos seus componentes estruturais para mobilizar o peso morto de um
aterro para derivar a sua capacidade de resistir as cargas laterais. A terminologia mais
comum associada ao dimensionamento de estruturas de semigravidade é dada na Figura
4-41.

Figura 4-41: Terminologia associada aos muros de contenção de semigravidade

Os muros em consola sem gravidade dependem de componentes estruturais do muro


parcialmente embutidos em materiais da fundação ou vertente do talude para mobilizar a
resistência passiva para resistir a cargas laterais.
Existem três categorias de sistemas de suporte com base na vida funcional pretendida:
permanente, temporário e provisório (NYSDOT, 2013).
1. Permanente: um sistema permanente fornece uma função de suporte
estrutural durante a vida útil do elemento.

(136)
2. Temporário: um sistema temporário é projectado para fornecer suporte
estrutural durante a construção e é removido quando a construção é
concluída.
3. Provisório: um sistema provisório é idêntico a um sistema temporário em
funcionamento, excepto que permanece no lugar (embora não forneça mais
uma função estrutural) porque a sua remoção seria prejudicial para a obra
acabada.

4.4.2.1 Tipos de muro de contenção


A classificação dos sistemas de muro de contenção, é baseada no mecanismo geotécnico
básico usado para resistir às cargas laterais e o método de construção usado para a
instalação do muro. A seguir estão as definições usadas para classificar os sistemas de
muro de contenção (NYSDOT, 2013):
1. Estruturas estabilizadas externamente: Estruturas estabilizadas externamente
dependem da integridade dos elementos do muro (com ou sem cintas, escoras,
morsas e/ou amarras ou âncoras) para resistir às cargas laterais e também evitar
o desfiamento ou erosão do solo retido.
2. Estruturas estabilizadas internamente: as estruturas estabilizadas internamente
dependem do atrito desenvolvido entre os elementos de reforço próximos e o
aterro para resistir à pressão lateral do solo. Um elemento não estrutural
separado (face, tapete de controle de erosão e/ou vegetação) é anexado para
evitar o desfiamento ou erosão do solo retido.
3. Muros de Contenção do Tipo Enchimento: Estruturas de contenção construídas da
base do muro até o topo (ou seja, construção de " baixo para cima").
4. Muros de contenção do tipo corte: estruturas de contenção construídas do topo do
muro até a base (ou seja, construção de "cima para baixo").

Estruturas de aterro estabilizadas externamente


Exemplos de estruturas de contenção estabilizadas externamente incluem o muro de
gravidade construído no local/pré-moldado, composto por uma massa de betão, incluindo
almofadas de nivelamento, enchimento de solos e um sistema de drenagem subterrâneo
para reduzir a pressão hidrostática no sistema do muro.
a. Muro de gravidade
Um muro de gravidade é uma estrutura massiva, geralmente económica apenas
para pequenas alturas para suportar aterros de baixa altura de menos de 6 m. A
estabilidade do muro de gravidade é alcançada pelo peso do sistema do muro para
resistir à pressão lateral do solo. A Figura4-42 mostra o diagrama de carga para
um muro de gravidade. Usando as cargas definidas, consulte a Figura 4-42 para o
cálculo de FS.

(137)
Figura 4-42: Diagrama de forças de um muro de contenção gravitacional (Hunt,
1986)

Onde:
PA Resultante da pressão activa do solo
Pp Resultante da pressão passiva do solo (fornecendo resistência ao deslizamento)
W Peso do muro (proporcionando estabilidade)
Ws Peso da cunha de solo
d Distância ao centro de Ww (momento induzido)
R Resultante na base do muro usada para determinar a pressão da base
d3 Distância ao ponto de aplicação da resultante Pp

b. Sistemas de muros pré-fabricados


Outro exemplo de estruturas de contenção estabilizadas externamente são os
Sistemas de Muros Pré-fabricados (PWS). O sistema é composto por unidades de
face pré-fabricadas e unidades de contraventamento, incluindo almofadas de
nivelamento, unidade de enchimento, enchimento de solos, material de enchimento
de juntas e geotéxtil e um sistema de drenagem subterrânea para reduzir a pressão
hidrostática no sistema do muro. As unidades de face pré-fabricada podem ser uma
série de unidades de face aberta montadas para formar caixas, que são conectadas
em sequência ininterrupta ou uma combinação de unidades de face sólida com um
alinhamento característico e método de conexão. A estabilidade do PWS é
alcançada pelo peso dos elementos do sistema do muro e o peso do enchimento
para resistir à pressão lateral do solo.

c. Gabiões
Os gabiões são estruturas de contenção estabilizadas externamente compostas por
cestos de arame torcidos ou soldados que são divididos por diafragmas em células,
incluindo o enchimento do cesto com pedra. Os gabiões são mais aplicáveis quando
construídos em novos aterros assim como nos alargamentos de aterros. A

(138)
estabilidade desses sistemas é alcançada pelo peso dos cestos cheios de pedra
resistindo às forças de derrube e deslizamento geradas pelas tensões laterais do
material retido.

Os gabiões são reforçados nos cantos por arame de maior dimensão e diafragmas
de malha que os dividem em compartimentos. O arame deve ser galvanizado e, às
vezes, revestido em PVC para maior durabilidade. Os cestos geralmente têm uma
malha hexagonal dupla-torcida, o que permite que a parede do gabião se deforme
até uma certa ponta sem que as caixas quebrem ou sofram perda significativa de
resistência.

As paredes do gabião são normalmente utilizadas para muros de até 6 m de altura.


Por causa de sua flexibilidade inerente, eles não são recomendáveis imediatamente
abaixo de estradas pavimentadas devido à probabilidade de movimento do aterro
e subsequente fissura no pavimento.

A Figura 4-43 mostra exemplos típicos de paredes de gabião. O degrau máximo


recomendado em cada camada é a metade da profundidade da unidade de gabião.
Em alguns casos, as bases das paredes de gabiões podem ser inclinadas em até 6º
de declive para aumentar a estabilidade. A fim de manter o talude-traseiro o mais
seco possível, é aconselhável fornecer drenos de saída do ponto mais baixo da
parede e garantir que a descarga de drenagem possa ser inspeccionada
visualmente a partir dessas saídas para as fossas.

Figura 4-43: Exemplos típicos de paredes de gabião

(139)
A Tabela 4-15 apresenta os tamanhos padrão dos gabiões de malha de arame de
aço hexagonal e colchões de rebite atendendo aos requisitos de SANS 1580: 2010.

Tabela 4-15: Tamanho do Gabião da malha de arame de aço hexagonal típico


Elemento Profundidade (m) Largura Máxima Comprimento
(m) máximo (m)
Dimensão da gaiola <0,5 2,0 6,0
(m)
<1,0 1,0 4,0

Profundidade Largura Fio de Ourela


da gaiola (m) transversal malha
Dimensões da malha 0,17 – 0,30 60 (-4 +10) 2.2 (±0,08) 2,7 (±0,08)
de arame
0,30 – 1,00 80 (-4 +10) 2,7 (±0,08) 3,4 (±0,08)

Em geral, as paredes de gabião têm as seguintes vantagens:


• Gabiões podem ser facilmente empilhados de diferentes maneiras, com
degrau interno ou externo melhorando a estabilidade
• Gabiões combinam muito bem com ambientes naturais
• Eles podem sustentar assentamentos diferenciais sem perda significativa
de resistência ou danos consideráveis.
• Eles permitem a drenagem livre através da parede,
• A seção transversal pode ser alterada para se adequar às condições do local
As caixas podem suportar forças de tracção limitadas para resistir ao
movimento horizontal diferencial

As suas desvantagens incluem:


• As paredes de gabião precisam de um grande espaço para caber ou encaixar
a base da parede. Essa largura da base normalmente ocupa cerca de 40 a
60% da altura, e gabiões podem não ser uma boa solução onde o espaço é
limitado.
• O seu alto grau de permeabilidade pode resultar na perda de finos pela
parede. Em aterros, isso pode resultar no assentamento atrás da parede e
na superfície da estrada. Muitas vezes, este problema pode ser evitado
usando um geotéxtil entre a parede e o aterro, conforme mostrado na Figura
4-43.
• A flexibilidade inerente pode ser uma desvantagem, pois as instalações
sobrepostas podem distorcer. Uma consideração importante na
determinação do uso desses sistemas é o espaço necessário para o tamanho
dos cestos, principalmente o cesto da base.
• A instalação dos cestos às vezes exigirá corte e bancada de aterros
adjacentes.

Estruturas de corte estabilizadas externamente


O mecanismo de estabilidade de uma estrutura de corte estabilizada externamente é
obtido pela instalação de um muro estrutural de resistência suficiente para resistir às
forças de derrube e deslizamento geradas pelas tensões laterais do solo retido atrás dela.
Estruturas de corte estabilizadas externamente incluem muros de chapas, estacas
soldadas, muros revestidos e muros ancorados.

(140)
A Figura 4-44 mostra um exemplo de muro de contenção ancorado. As âncoras são
geralmente usadas onde é difícil obter embutimento suficiente para fornecer o suporte em
consola para um muro de contenção. As âncoras recebem sua resistência por serem
fixadas numa barra de apoio, como mostrado na Figura 4-44a, ou por serem betonadas
no solo ou rocha, como na Figura 4-44b. Os muros de contenção ancorados não devem
ser usados quando elementos, que não seja a drenagem da estrada ou outras
características da estrada, devem ser construídos dentro da zona de influência do sistema
de ancoragem. A orientação para determinar as propriedades do dimensionamento, como
espaçamento, é fornecida na Tabela 4-10.

Figura 4-44: Um muro de contenção típico ancorado (NYSDOT, 2013)

As estacas soldadas usadas como parte de um sistema de escoramento são unidades ou


membros estruturais verticais, que são espaçados em intervalos definidos, tipicamente
espaçados em intervalos de 2 m a 3 m. Um material de revestimento é colocado entre as
estacas soldadas para completar o sistema de escoramento. Estacas soldadas e
revestimento têm módulos de secção disponíveis mais altos e, portanto, maiores
profundidades de escavação podem ser suportadas por este sistema em comparação com
aqueles suportados por placas. As estacas soldadas em consola são geralmente práticas
para escavações de até aproximadamente 5 m de altura.
A Tabela 4-16 resume as condições mais apropriadas para as diferentes estruturas de
corte estabilizadas externamente.

(141)
Tabela 4-16: Adequação de sistemas de suporte de muro
Tipo de muro Condições mais Desvantagens
apropriadas

Não pode estender a parede abaixo


Argilas superconsolidadas
do fundo da escavação
Estacas soldadas
Areias com coesão Desidratação eficaz necessária
e retardamento
Permite grandes movimentos em
Areias bem desidratadas
solos moles

Pode permitir grandes movimentos


em solos moles
Condições fáceis de dirigir em
Estacas-
argilas, areias e misturas de Não consegue penetrar obstáculos
pranchas
argila-areia ou materiais fortes
Desidratação eficaz necessária

Argilas moles e areias soltas Relativamente caro


abaixo do lençol freático, onde
Muros de é necessário controlar o Penetração em solos fortes pelo
diafragma movimento lateral método de vala de lama lenta é
difícil

Sistema de Condições mais Desvantagens


suporte apropriadas

Suporte cruzado Escavações estreitas Permite grandes movimentos do


muro em solos moles
Raspador e Escavações largas
bermas

Precisa de material apropriado para


Qualquer largura de ancoragem e distância alcançável
Âncoras
escavação onde o controlo de
(Amarras) Componente vertical imposto no
movimento é necessário
muro

Estruturas de Aterro Estabilizadas Internamente


Estruturas de aterro estabilizadas internamente incluem Sistemas de Solos Estabilizados
Mecanicamente (MSES), Sistemas de Paredes Estabilizadas Mecanicamente (MSWS) e
Sistemas de Solos Reforçados Geossinteticamente (GRSS). Essas estruturas são usadas
quando os aterros precisam ser construídos com taludes mais íngremes do que o normal,
onde existe uma área de servidão limitada e restrições de construção. As propriedades
necessárias para geossintéticos são fornecidas no SANS ISO 10318-2013 e apresentadas
na Secção 4.11.
O mecanismo de estabilidade de uma estrutura de aterro estabilizada internamente é
obtido melhorando a resistência do solo de aterro, colocando elementos de reforço de
tração (inclusões) no aterro para criar uma massa reforçada. O peso da massa de solo
reforçado resiste às forças de derrube e deslizamento geradas pelas tensões laterais do
solo retido.
Esses sistemas de muros podem não ser apropriados onde pode ser necessário obter
acesso futuro a utilidades subterrâneas, cortando ou perturbando os elementos de reforço,
pois eles dependem de uma massa de solo reforçada para a estabilidade.

(142)
a. Sistemas de Solos Estabilizados Mecanicamente (MSES)
Os muros de contenção de Solo Estabilizado Mecanicamente (MSE) empregam
reforços de tracção metálicos (inextensíveis) ou poliméricos (extensíveis) na massa
do solo e um elemento de revestimento vertical ou quase vertical (ver Figura 4-45).
MSES são preferidos em vez de sistemas de solos não estabilizados onde o solo
fraco de fundação é encontrado, pois eles podem tolerar grandes assentamentos
diferenciais e assentamentos verticais gerais. Os muros do MSES podem ser
construídos em situações de corte e aterro, mas são mais apropriadas para locais
do aterro e normalmente são utilizadas para muros com altura entre 3 e 12 m, mas
tecnicamente viável para alturas superiores a 30 m. Eles fornecem uma maior
resistência ao carregamento sísmico do que as estruturas de muros de betão
rígidos.

Cada reforço é conectado ao revestimento por meio de uma ligação mecânica. A


carga é transferida do solo de aterro para a ligação metálica ou polimérica por corte
ao longo da interface e/ou através da resistência passiva nos membros transversais
da ligação. A estabilidade desses sistemas é alcançada pelo peso da massa de solo
reforçado resistindo às forças de derrube e deslizamento geradas pelas tensões
laterais do solo retido atrás da massa reforçada.

Figura 4-45: Muro do MSES com Painéis de Face de Betão Pré-moldados

Um guia para determinar os comprimentos de embutimento preliminares é usar


70% da altura do muro de MSES proposta. O corte e perfilamento de aterros
adjacentes para instalar o reforço nos comprimentos de embutimento necessários
às vezes é necessário. A orientação para determinar as propriedades de
dimensionamento, como espaçamento, é fornecida na Tabela 4-10.

Os muros do MSES não devem ser usados onde a erosão ou lavagem na planície
de inundação podem fragilizar a massa reforçada de solo, a menos que o muro
tenha a fundação a uma profundidade suficiente ou protecção adequada contra o
desgaste, seja fornecida para prevenir a erosão ou desgaste.

A Figura 4-46 mostra a aplicação do reforço do solo em taludes de aterro, usado em


novas construções para inclinar os taludes laterais e aumentar as alturas dos
aterros, reduzindo assim os requisitos de enchimento. Eles também são usados
para substituir muros de contenção convencionais e reparar os taludes colapsados,
Figura 4-46 e Figura 4-46d respectivamente. O uso mais proeminente de reforço é, no

(143)
entanto, para alargamento e reconstrução de estradas existentes (Figura 4-46c). O
uso de taludes íngremes reforçados para alargar as estradas melhora a estabilidade
da massa, elimina a área de servidão adicional e muitas vezes acelera a construção.
A orientação no método de análise para avaliar os parâmetros de dimensionamento
para o reforço é apresentada abaixo nos modos de falha para aterros de solo
reforçado e na Tabela 4-10.

Figura 4-46: Aplicação de taludes reforçados na construção de estradas.


NYSDOT (2007)

Os taludes de solo reforçado não devem ser usados onde a erosão da planície de
inundação pode fragilizar a massa do solo reforçado. Eles não devem ser usados
onde serviços públicos, drenagem ou outro recurso devem ser construídos dentro
da zona reforçada, a menos que a sua instalação possa ser adequadamente
coordenada.

Guarda-corpos, postes de vedação e outros recursos semelhantes podem ser


instalados dentro da zona de solo reforçado, mas devem ser levados em
consideração no dimensionamento. Uma cobertura vegetal para os taludes do solo
reforçado pode ser fornecida, mas requer detalhes especiais que dependem do
ângulo do talude.

Modos de roptura para aterros de solo reforçado

Os requisitos gerais de dimensionamento para taludes de aterro reforçados são


semelhantes aos dos taludes de aterros não reforçados. Isso significa que o factor
de segurança deve ser adequado para ambas as condições de curto e longo prazo
e para todos os modos de roptura possíveis. O peso da massa de solo reforçado
resiste às forças de derrube e deslizamento geradas pelas tensões laterais do solo
retido.

Existem três modos de roptura possíveis (Figura 4-47) para taludes


reforçados: interno, externo e composto. O modo interno de roptura ocorre
quando o plano de deslizamento passa por elementos de reforço. No caso do
modo externo, a

(144)
superfície de roptura passa por trás e por baixo do solo reforçado. A roptura
composta ocorre quando a superfície de roptura passa por atrás e pela massa de
solo reforçado (Figura 4-47).

Na análise, o reforço é representado por uma força concentrada dentro da massa


do solo que intercepta a superfície de potencial roptura. Ao adicionar a resistência
à roptura fornecida por esta força à resistência do solo, um factor de segurança
igual ao factor de segurança da estabilidade de rotação é aplicado ao reforço. A
capacidade de tracção de uma camada de reforço é considerada como o mínimo de
sua resistência ao desmoronamento permitida por trás da superfície de potencial
roptura ou sua resistência de dimensionamento admissível a longo prazo. O factor
de segurança da estabilidade do talude é obtido da superfície crítica, exigindo a
quantidade máxima de reforço.

Figura 4-47: Modos de roptura para aterros de solo reforçado. US DOT FHWA,
2001)

O método de análise é o seguinte:

PASSO 1: Estabeleça os requisitos geométricos, de carga e desempenho


para o projecto. Os requisitos geométricos e de carregamento do
aterro são a altura do talude, ângulo do talude, cargas externas de
sobrecarregamento e barreiras de tráfego. Os requisitos de desempenho
estão relacionados às estabilidades externa, composta e interna.
Portanto, as ropturas externas (deslizamento, assentamento profundo,
estabilidade geral, falha local de resistência ou compressão lateral),
as ropturas compostas e internas precisam de um factor de
segurança maior ou igual a 1,3. O factor de segurança para
carregamento dinâmico e a magnitude e taxa de tempo de assentamento
pós-construção com base nos requisitos do projecto também são
importantes.
PASSO 2: Determine as propriedades de engenharia dos solos in-
situ. Estes incluem: a fundação e o solo retido (ou seja, solo abaixo e
atrás da zona reforçada), parâmetros de resistência (cu e ϕu, ou c ′ e ϕ ′)
para cada camada de solo, pesos unitários (γwet e γdry ), parâmetros de
consolidação (Cc, Cr, Cv e Δp), localização do lençol freático e superfícies
piezométricas, e para a reparação dos deslizamentos, a identificação da
localização de planos de deslizamento anteriores e causa da roptura.

(145)
PASSO 3: Determine as propriedades do aterro reforçado e, se diferente, o
aterro retido, a saber, a granulometria e índice de plasticidade,
características de compactação (γdry ± 2% do teor de humidade ideal e ωopt),
espessura da camada compactada, parâmetros de resistência ao
cisalhamento (cu e ϕu , ou c' e ϕ'), e a composição química do solo (pH).

PASSO 4: Avalie os parâmetros do projecto para o reforço. Um desses


parâmetros é a força geossintética admissível (Tal). É definido como a
resistência final (Tult) dividida pelo FS (factor de segurança) vezes o factor
de redução (RF), que é um factor combinado para levar em conta a perda
de força geossintética durante a vida do projecto do muro e é igual a RFID
vezes RFCR vezes RFD , onde RFID é um factor de redução para danos de
instalação, RFCR é um factor de redução para deslizamento e RFD é um factor
de redução para degradação química e biológica. T ult é a resistência à
tracção final da faixa de largura do geossintético com base no valor médio
mínimo da lista para um dado produto.

O manual FHWA NHI recomenda RFID = 1,1 a 3,0, RFCR = 1,6 a 5,0 e RFD
= 1,1 a 2,0.

Para aterro granular, RF = 7 pode ser usado conservadoramente para o


projecto preliminar e estruturas não críticas de rotina, onde os requisitos
mínimos de teste são satisfeitos. O segundo parâmetro é a resistência à
remoção que é modelada como um factor de segurança de 1,5 para solos
granulares, 2 para solos coesos e um comprimento mínimo de ancoragem
(Le) de 1 m também é necessário.

b. Sistemas de Muros Estabilizados Mecanicamente (MSWS)


Estes são Sistemas de Muros Pré-fabricados (PWS) que, quando construídos para
além das alturas dos muros que excedem a altura máxima permitida e sem reforço,
podem ser usados como estruturas altas, excedendo em mais de 20 m de altura
do muro, contam com elementos de reforço dentro do aterro para fornecer
estabilidade. O reforço é conectado ao revestimento por meio de uma ligação
mecânica ou de fricção, dependendo do sistema.

c. Sistemas de Solos Reforçados Geossinteticamente (GRRS)


Os geossintéticos são comumente usados para reforçar uma massa de solo, para
permitir a construção de aterros com declives muito acentuados e até verticais.
Esses sistemas são chamados de Sistemas de Solos Reforçados Geossinteticamente
(GRSS). Os sistemas GRSS temporários são comumente usados para construção
em etapas, pois são baratos e fáceis de construir.

Uma consideração importante ao projectar esses sistemas é o espaço necessário


para embutir o reforço. Um guia para determinar os comprimentos de embutimento
preliminares é usar 70% da altura do muro GRSS proposta.

O GRSS não deve ser usado nos 2 m superiores de um aterro se houver expectativa
de trabalho significativo de utilidade futura.

Estruturas de Corte Estabilizadas Internamente


Estruturas de corte estabilizadas internamente incluem o Sistema de Muros de Pregagem
do Solo (SNWS), Figura 4-35. O mecanismo de estabilidade de tais sistemas de muros é
obtido melhorando a resistência de um solo, através da colocação de elementos de reforço
de tracção (inclusões) no solo para criar uma massa reforçada. O peso da massa reforçada
do solo resiste às forças de rotação e deslizamento geradas pelas tensões laterais do solo

(146)
retido. As pregagens do solo são barras de aço ou tendões instalados para reforçar ou
fortalecer o solo existente.

Figura 4-48: Muro de Pregagem do Solo (NYSDOT, 2013)

Os muros de pregagem do solo são usados para apoiar o solo existente para uma situação
de corte. As pregagens do solo são instaladas num aterro ou escavação à medida que a
construção prossegue da superfície do solo existente até o fundo proposto da escavação.
No processo de pregagem do solo cria -se uma seção reforçada que é estável e capaz de
reter o solo atrás dela.

4.4.2.2 Considerações do Projecto


As considerações do projecto geotécnico incluem:
• Estabelecer o alinhamento do muro e os níveis superior e inferior;
• Analisar a estabilidade externa do muro (ou seja, deslizamento e rotação);
• Analisar a estabilidade global (ou seja, roptura atrás ou em baixo do muro);
• Projectar os tratamentos de fundação para suportar o muro; e
• Fornecer a análise estrutural e detalhes para muros não registados. A estabilidade
interna dos sistemas de muros registados de contenção é fornecida pelo fabricante
durante a fase de construção.
• A capacidade necessária da estrutura é determinada principalmente pela altura do
muro e a magnitude das forças a serem retidas, consulte as Seções 4.2.4 e 4.2.5.
• A consideração das pressões do solo pode ser baseada nas teorias de Coulomb ou
Rankine. O tipo de pressão do solo usado para o projecto depende da capacidade
do muro de ceder em resposta às cargas do solo. Para muros que são livres para
transladar ou rodar (ou seja, muros flexíveis), as pressões activas devem ser
usadas no solo retido.
• Geralmente, os muros MSES que suportam directamente as sapatas directas de
encontros ou pilares de pontes devem ter 8 m ou menos de altura total. As cargas
de serviço na base do encontro não devem exceder 285 kPa.
• Todos os muros de contenção e taludes reforçados devem ter um factor de
segurança geral de 1,3.
• Todos os encontros e muros de contenção e taludes reforçados considerados
críticos devem ter um factor de segurança de 1,5.

(147)
• Para pregagens de solo, o factor de segurança mínimo de construção deve ser 1,2
para muros não críticos e 1,35 para muros críticos, tais como os que sustentam os
pilares ou encontros.

Os fatores que influenciam a seleção do tipo de muro apropriado incluem:


• As cargas do projecto;
• profundidade adequada para o suporte da fundação;
• presença de factores ambientais perniciosos,
• restrições físicas do local;
• geometria transversal do local, existente e planeada;
• potencial de assentamento, estética desejada;
• construtibilidade, manutenção e custo.

A Tabela 4-17 resume os factores mais importantes relacionados a cada um dos diferentes
sistemas de suporte lateral e fornece um guia para avaliar a adequação de um sistema
para o projecto específico. Os diferentes sistemas de suporte lateral apresentados acima
são classificados como muros embutidos ou solos reforçados. O muro embutido usa um
muro estrutural externo contra o qual as forças estabilizadoras são mobilizadas, inclusive
da pressão passiva. Os muros que não são embutidos para estabilidade são estabilizados
internamente pela instalação de elementos de reforço que se estendem além de qualquer
superfície de potencial roptura e não dependem significativamente da pressão passiva do
solo para a sua estabilidade.

(148)
Tabela 4-17: Detalhes dos sistemas de suporte lateral (Franki)
Tipo Tamanho Espaçame Suporte Profundidad Capacida Custo de Custo Poluição Área Flexibilidade Água e
Nominal nto Secundário e Máxima de de Estabeleci por m2 Sonora Necessária em Caso de Roptura
(mm) Nominal Adicional Normal que Carga mento do local Obstrução
(metros) pode ser Vertical
Suportada

MUROS EMBUTIDOS

Estacas - Pelos Contínua Nenhum Consola: 3 Mau Médio Alto Alto Médio Mau Bom
pranchas detalhes do
Metálicas fornecedor Escorado: 10
Ancorado: 15+

Estacas - Pelos Contínua Nenhum Consola: 3 Razóvel Médio Alto Alto Médio Razóvel Bom
pranchas detalhes do
de Betão fornecedor Escorado: 10
Ancorado: 15+

Metálicas Seção H 1 – 2,5 Revestiment Consola: 3 Razóvel Médio Médio Alto se Médio Razóvel Mau
Soldadas padrão, RSJ o de madeira dirigido,
ou perfis de ou gunite Escorado: 10 senão
canal Ancorado: 15+ baixo

Estacas 300 – 1200 1 – 2,5 Gunite Consola: 4 – 5 Bom Médio Médio Baixo Médio Razóvel a Bom Mau
Soldadas diâmetro
de Betão Escorado: 10
Ancorado: 25+

Muros de 300 – 1200 0,5 – 1,0 x Nenhum Consola: 4 – 5 Bom Médio Alto Baixo Médio Razóvel a Bom Razóvel a Bom
Estacas diâmetro diâmetro
Contíguas Escorado: 10
e Ancorado: 25+
Secantes

Muros de Largura Contígua Nenhum Consola: 4 - 5 Bom Alto Alto Baixo Grande Razóvel a Bom Bom
diafragma 400 – 500,
Escorado: 10
600,
Ancorado: 25+
800, 1000,
1200, 1500

SISTEMA DE SUPORTE DE MURO EMBUTIDO

(149)
Estacas de 300 – 1200 3-8 Âncoras 5 – 20 -- Médio Médio Baixo Grande Razóvel a Bom Bom
suporte diâmetro possíveis

Âncoras 165 1,5 - 5 Estacas < 30 -- Médio Médio Baixo 5 – 6 m de Bom Usar barra oca
Pós- perfilagem em solo pobre
tensionad
as

Estacas de 500 – 1500 Varia Varia -- Bom Médio Médio a Baixo Médio Mau Bom (cravado)
âncora Alto Mau
(perfurado)

SOLOS REFORÇADOS

Geo- 80 – 125 1,0 – 2,0 Gunite 12 Mau Baixo a Baixo a Baixo Pequeno Bom Mau
Pregos diâmetro Vertical e Médio Médio
horizontal

Microestac 80 – 250 0,5 – 1,0 Nenhum ou 8 Bom Médio Médio a Baixo Pequeno Bom Razóvel
as diâmetro gunite Alto
Reticulada
s

Cavilha de 450 – 1500 1,0 – 3,0 Nenhum ou 8 Bom Médio Médio a Baixo Médio Mau Bom (cravado)
Solo diâmetro gunite Alto Mau
(perfurado)

(150)
4.5 Taludes de estradas
Os taludes à beira da estrada são definidas como taludes de corte ou de aterro, ou taludes
naturais adjacentes. A Figura 4-49 fornece detalhes da terminologia usada na definição
dos taludes, tanto dentro assim como fora da Faixa de Servidão, mas que pode influenciar
a estabilidade da estrada. Os taludes naturais instáveis e de corte, costumam criar um
problema considerável para os usuários da estrada.

Figura 4-49: Terminologia comumente usada para definir uma estrada e taludes
associados

4.5.1 Taludes submersos

A análise de taludes totalmente submersos é relativamente directa e geralmente é tratada


com pesos flutuantes e análise de tensão total. A análise dos taludes parcialmente
submersos é muito mais comum. Exemplos de taludes parcialmente submersos incluem
aterros de estradas que terminam em extensões de água como lagos e rios ou taludes
laterais de represas e lagoas para instalações de águas pluviais. A análise da porção
submersa usa pesos totais com forças de água superficiais aplicadas ou pesos flutuantes
com forças de infiltração. Usar apenas pesos flutuantes para as porções abaixo da
superfície da água ou definir uma superfície da água no espaço ignora o efeito de reforço
da água livre. A água estagnada deve ser modelada como uma força normal derivada de
pressões hidrostáticas.
Alguns aterros de estradas podem estar sujeitos a formação de lagoas de água na base
dos taludes durante eventos de cheias ou águas estagnadas ou lagos próximos. Os
distritos das províncias da Zambézia e Sofala são os mais susceptíveis a cheias regulares.
As províncias de Manica e Tete foram afectadas por vários eventos de cheias severas. Esta
situação pode fazer com que os solos dos aterros e fundações se tornem saturados.
Os solos podem não drenar tão rapidamente quando a água baixa e podem permanecer
saturados por algum período depois que a água retornar ao seu nível normal inferior. Por
outro lado, pode surgir uma situação em que o nível de água adjacente ao talude diminui
a uma taxa mais rápida do que as pressões hidrostáticas podem se equilibrar por
infiltração, criando uma condição crítica de instabilidade do aterro comumente conhecida

(151)
como rebaixamento rápido (Figura 4-50). Esta condição pode ocorrer nos taludes
adjacentes a um reservatório, rio ou canal após um longo período de acumulação de
chuva, redução planeada de água por meio de estruturas de controle ou falha da estrutura
de represamento de água.
O rebaixamento rápido é mais prevalecente em taludes argilosos, nos quais as pressões
de água dos poros em excesso não se dissipam à medida que a água recua, mantendo
assim a resistência ao cisalhamento geral baixa.
As análises de estabilidade realizadas para avaliar esta situação devem modelar o aterro
como sendo saturado até ao nível alto da água e devem ser realizadas usando parâmetros
de tensão efectiva para solos de fundação e materiais de aterro, juntamente com um
conhecimento profundo de pressões de água dos poros e de infiltração.

Figura 4-50: Efeito de Inundações e rebaixamento rápido na estabilidade do


aterro

4.5.2 Aterro em áreas montanhosas


O dimensionamento de aterros em regiões acidentadas e montanhosas frequentemente
assume uma forma diferente das áreas planas. Isso ocorre porque muitos aterros nesses
locais são construídos por operações de corte e aterro. O procedimento é que o solo e a
rocha sejam cortados; se adequados para uso como aterro, eles são compactados para
formar aterros laterais (Figura 4-51). O uso desses materiais predominantemente
granulares limita a quantidade de deformação vertical ou assentamento do tipo observado
em aterros de solos moles em áreas planas.
A adequação do solo escavado de uma seção de corte da estrada para reutilização deve
ser determinada por uma combinação de reconhecimento do local, informações de
perfuração e testes de laboratório. A altura e a largura das bancadas dependem das

(152)
características dos materiais do talude e são geralmente especificadas em manuais de
dimensionamento e terraplenagens.

Figura 4-51: Construção típica de aterros em áreas montanhosas. De FAO


(1998)

As técnicas de compactação inadequadas usadas em tais aterros localizados em taludes


laterais nas áreas montanhosas inclinadas frequentemente resultam em aterros que são
apenas marginalmente estáveis. As seguintes condições devem ser consideradas
cuidadosamente, se não forem devidamente avaliadas e tratadas, aumentarão a
probabilidade de falhas dos aterros ao longo das estradas na montanha:
• Drenagem subterrânea inadequada com condições de infiltração pronunciada;
• Remoção incompleta de vegetação e material orgânico e falta de bancada antes da
construção do aterro;
• Construção de aterros com material solto de entulho derivado de escavações
anteriores;
• Erosão nos taludes imediatamente abaixo do aterro;
• Presença de superfícies de corte pré-existentes abaixo do aterro;
• A presença de planos de fraqueza com orientação desfavorável no solo ou rocha
abaixo do aterro.

A estabilidade geral de um talude de aterro numa vertente é difícil de quantificar e, ao


contrário de aterros relativamente homogêneos em áreas planas, os mecanismos de falha
de aterros em terreno montanhoso são muito difíceis de analisar usando métodos
convencionais de limite de equilíbrio. O motivo é que as superfícies de falha
frequentemente envolvem material não homogêneo, pois tanto o aterro assim como o

(153)
talude subjacente, cada um com propriedades de materiais significativamente diferentes,
estão envolvidos. Além disso, a seção transversal dos aterros em terrenos acidentados é
diferente do terreno plano, visto que geralmente são construídos apenas num lado da
estrada. Portanto, a estabilidade e os ângulos de inclinação lateral do aterro são muitas
vezes projectados com base na experiência local, com base nas propriedades do material
que forma o aterro.
O tipo de material (rocha ou solo e os parâmetros de resistência de cada um) que será
usado desempenha um papel crítico ao decidir os ângulos de talude do aterro para o
dimensionamento sem análise de estabilidade. A Tabela 4-18 mostra ângulos de talude de
aterro preliminar ou provisório com base nos tipos de materiais.

Tabela 4-18: Ângulos de declive de enchimento preliminar


Materiais de aterro Altura do aterro
<5m 5-10 m 10-15 m
Aterro de rocha 1.5H:1V 2H:1V
Areia com boa granulometria, saibro e areia 1.5H:1V – 2H:1V 2H:1V
ou siltos misturados com saibro
Areia com granulometria má 2H:1V – 3H:1V -
Solos de argila arenosa, solos de argila 2H:1V 3H:1V -
siltosa e solos argilosos muito duros a duros
Solos de argila mole, argilas plásticas 3H:1V - -

Para aterros em terrenos acidentados, onde os aterros são predominantemente


granulares, os taludes laterais são frequentemente projectadas usando uma proporção de
declive de 1,5H: 1V. Isso pressupõe que as especificações de tamanho de partículas,
drenagem e compactação sejam atendidas. Blocos de rocha de tamanho maior
(enrocamento seleccionado) podem ser colocados no lado inferior do aterro para reforçar
o aterro e drenar a água da superfície, como mostrado na Figura 4-52.

Figura 4-52: Taludes laterais típicos de um aterro de enrocamento

(154)
Em aterros altos, bermas de até 5 m de largura podem ser construídas para dar acesso
aos taludes laterais para a manutenção ou controle de drenagem superficial. Eles também
são importantes para evitar a erosão, desde que a água superficial que recolhem seja
devidamente controlada. Degraus ou chavetas de corte cortadas no talude vertente antes
da construção do aterro (Figura 4-53) aumentam a resistência à falha ao longo da interface
natural de terreno- aterro.

Figura 4-53: Enchimento de bancos num talude de bancos ao lado da colina


com. JKR (2010)

4.5.3 Dimensionamento do talude de corte do solo


Problemas geotécnicos são frequentemente encontrados em cortes de estradas. O
prpojecto seguro de encostas em corte é baseado em experiências anteriores ou em
análises mais aprofundadas. Ambas as abordagens requerem informações precisas sobre
as condições geológicas obtidas a partir de procedimentos padrão de classificação de
laboratório e de campo. Eles são projectados para serem estáveis para as condições
previstas, mas frequentemente se tornam instáveis quando as condições do terreno
expostas durante a escavação são diferentes daquelas previstas durante a concepção ou
quando taludes mais íngremes precisam ser construídos devido a restrições de espaço.
Os ângulos típicos de inclinação de corte para a maioria dos solos são de 27º. Taludes de
corte com mais de 3 m de altura geralmente requerem uma análise geotécnica mais
detalhada. Cortes relativamente planos (2H:1V ou mais planos) em solo granular, quando
a água subterrânea não está presente acima da linha da vala, provavelmente não exigirão
uma análise rigorosa. Geralmente, o factor de segurança do projecto para estabilidade de
inclinação estática é de 1,25. Este factor de segurança deve ser considerado como valor
mínimo.
Para estradas de baixo volume, a prática geralmente aceite é que os taludes de corte
precisam ser o mais íngremes possível e num ângulo mais acentuado do que dos aterros,
uma vez que constituem solo in-situ ou rocha relativamente intacta.
O ângulo no qual os taludes de corte permanecerão estáveis para as condições de água
subterrâneas assumidas ou observadas que se aplicarão, deve ser determinado para o
dimensionamento. Isso deve envolver o exame de solos e rochas a partir de exposições
de superfície e estudos do desempenho dos taludes naturais existentes e taludes de corte
na área.

(155)
As informações necessárias para o dimensionamento de taludes de corte incluem a
natureza e a resistência dos materiais que serão escavados, as condições do lençol
freático, as inclinações dos estratos rochosos, o grau de desgaste e a extensão das juntas
ou quaisquer outras deficiências potenciais.
A estabilidade de um talude de corte pode ser aumentada através do uso de uma série de
técnicas, incluindo:
• Achatamento do talude. Deve haver uma área de servidão suficiente disponível.
O achatamento do talude geralmente se mostra mais eficaz para solos granulares
com uma grande componente de atrito. Perfis de inclinação única geralmente são
cortados em solos densos com resistência suficiente contra falhas. A sua altura
costuma ser limitada a 6 m.

• Taludes de bancada. Estes são mais eficaz para solos coesos. A bancada também
reduz a quantidade de face exposta ao longo de um talude, reduzindo assim a
erosão.

Os perfis de inclinação de corte podem ser de inclinação única, inclinação múltipla


ou bancada (Figura 5-54). Frequentemente, os taludes cortados são bancadas, isto
é, escavados em degraus, a fim de melhorar o controle de drenagem e interceptar
detritos em queda. Taludes de corte de bancada são normalmente implantados em
rocha e rocha erodida e não devem ser usados em solos fracos, como colúvio. Como
regra, a escavação deve ser executada a partir da parte superior do talude para a
parte inferior para manter a estabilidade. A Figura 4-54 mostra um exemplo típico
de bancada de um talude de corte num solo residual.
Perfis multi-inclinados são cortados onde uma escavação encontra solo sobreposto
a rocha ou onde a estratigrafia consiste em duas ou mais camadas de solo ou rocha
com diferentes características de resistência, conforme ilustrado na Figura 4-54.
Taludes de bancada são projectados quando há necessidade de desacelerar e
interceptar o escoamento superficial, ou para conter a queda de detritos de uma
bancada para outra, como seria o caso de uma escavação em rocha articulada.
O controle da água é fundamental em taludes de corte de bancada e a drenagem
de cima deve ser transportada lateralmente por valas na ponta de cada secção de
corte e descarregada em riachos adjacentes ou por meio de calhas e cascata em
aquedutos. O ponto ‘D’ na seção mostra os locais dos drenos.
Observe que a inclinação varia com a qualidade da rocha. A inclinação no saprólito
varia com a orientação da folheação. Tanto quanto practicamente possível, as
bancadas devem ser colocadas em contacto com os tipos de materiais. No entanto,
é difícil adoptar ângulos de talude de corte variáveis num local onde o tipo de solo
muda lateralmente ou verticalmente em curtas distâncias. O ângulo seguro deve
ser determinado a partir de uma avaliação geral dos solos predominantes
encontrados. Em caso de incerteza, é necessário selecionar um ângulo de inclinação
conservador.

(156)
Figura 4-54: Banco de talude de corte (Hunt, 1986)

Os taludes frequentemente contêm uma mistura de materiais e são heterogêneas,


como ilustrado na Figura 4-54, tornando virtualmente impossível determinar a
resistência ao corte média ou efectiva dos materiais formadores do talude por meio
de testes de laboratório. Em tais casos, as análises de estabilidade ajudarão muito
pouco na determinação do ângulo seguro de corte, e o dimensionamento do talude
de corte deve ser acompanhado pela aplicação da experiência. Os métodos a serem
usados no projecto de um talude de corte individual irão, portanto, variar de acordo
com as condições do local. As características dos materiais do talude terão impacto
na altura e largura das bancadas, por exemplo, conforme apresentado na
Secção 4.3.6.5 e é normalmente especificado em manuais de
dimensionamento e terraplenagem.

• Rebaixamento do lençol freático. A drenagem subterrânea pode ser empregada


para reduzir as forças motrizes e aumentar a resistência ao cisalhamento do solo,
baixando o lençol freático, aumentando assim o factor de segurança contra a falha
do talude. As técnicas de drenagem subterrânea disponíveis incluem trincheiras de
corte, drenos horizontais e poços de alívio.

• Sistemas estruturais como muros de contenção ou taludes reforçados. Essas


opções são geralmente mais caras do que as outras técnicas, mas podem ser a
única opção quando o espaço é limitado.

Uma abordagem de "corte e aterro", em que materiais cortados de um talude de


montanha são usados para construir um aterro adjacente com a finalidade de
apoiar parte da estrada, é o processo de construção mais ideal. Se a quantidade
de material das escavações corresponder aproximadamente à quantidade de
material necessária para fazer os aterros, então o processo é chamado de operação
de 'corte e aterro balanceado', assumindo que o material escavado é adequado
para o uso como enchimento. Como a elevação do terreno em relação à linha
central pode mudar abruptamente, o corte e aterro balanceado é normalmente
usado para descrever a situação em que o equilíbrio pode ser alcançado dentro de
uma curta distância ao longo do alinhamento.

(157)
A Tabela 4-19 resume os ângulos de inclinação de corte para uso num projecto preliminar.
Esses ângulos de inclinação são indicativos e requerem avaliação específica do local.

Tabela 4-19: Taxas de declive de corte do solo (H:V) para fins de projecto
preliminar
Tipo de material Altura total de declive de Observação
corte (m)
3–6 6 - 10 10 - 15
Solos argilosos residuais 1:1 1:1 2:1 Considere a escada quando a
altura do talude for superior a 6
m. A cobertura vegetal é
altamente recomendada
Solos pesados de argila 1.5:1 2:1 --- Manter o talude seco é
plástica --- extremamente importante
Solos granulares com 1.5:1 2:1 --- Mantenha uma inclinação
algumas argilas --- constante. Drenagem e
vegetação adequadas são
necessárias
Solos densos 0,75:1 1,5:1 2:1 Reduza a porção superior para
transportados 1:1 para limitar a formação de
(paralelepípedos ravinas ou alargamento
subangulares, saibro e
areias numa matriz
fina)
Solos densos, solto a 1:1 1,5:1 2:1 Cubra o talude com relva e
médio transportados outras plantas apropriadas e
(pedras, mantenha o talude seco.
paralelepípedos sub-
angulares e saibro
numa matriz fina) ou
tálus

4.5.4 Dimensionamento do talude rochoso


Em terrenos montanhosos, como as províncias de Niassa e Manica, o dimensionamento
do talude de corte de rocha deverá satisfazer as várias necessidades do projecto, sendo
esta a configuração mais íngreme que também é estável dada a geologia local. O
dimensionamento do declive da rocha também incluirá as recomendações da área de
captação da rocha que são apropriadas para a altura e inclinação da face do talude. O
dimensionamento de taludes de rocha visa desenvolver cortes de rocha que sejam seguros
para construir e fornecerão segurança de longo prazo para o público.
A inclinação de taludes rochosos deve ser baseada na geologia estrutural e estabilidade
das unidades rochosas. Geralmente são descritos no Relatório Geológico ou Geotécnico.
Inclinações de unidades rochosas verticais, 0,25: 1, 0,5: 1, 0,75: 1 e 1: 1 são comumente
consideradas. A inclinação do corte da rocha projectada deve ser a inclinação contínua
mais íngreme (sem bancos) que satisfaça as considerações físicas e de estabilidade. A
detonação controlada (usando técnicas de detonação pré-dividida e aparada) é
normalmente necessária para taludes de corte de rocha de vertical para 0,75: 1.

4.5.4.1 Área de queda do talude rochoso


As falhas nos taludes rochosos também podem assumir a forma de deslizamentos ou
quedas de rochas, onde muitos blocos maiores, ou blocos individuais, se desintegram da
massa rochosa e caem ou rolam na estrada.

(158)
A área de queda é uma área não percorrida entre a estrada e o talude do corte, com
requisitos mínimos de largura, profundidade e inclinação. As dimensões mínimas devem
ser determinadas com base na inclinação e altura do talude de corte da rocha. A
profundidade da área de queda varia com a configuração do talude.
A boa prática requer uma meta de 90% de contenção de rocha na área de captação para
todos os taludes de rocha novos e reconstruídos. Essa meta pode não ser alcançável em
todos os casos devido ao custo, razões ambientais ou outros factores. A profundidade da
área de captação pode ser alcançada de várias maneiras, incluindo escavação e/ou
colocação de estruturas de contenção adequadas na berma da estrada. Onde os taludes
têm inclinações planas do que 0,75:1, e onde o tamanho previsto de uma única rocha é
inferior a 0,6 m de diâmetro, as vedações de rede de arame podem ser consideradas como
um substituto para a profundidade da queda.
Desvios temporários podem exigir a construção de taludes de rocha e áreas de queda. As
áreas de queda devem então ser projectadas para capturar ou reter pelo menos a
quantidade de queda de rocha que estava disponível antes da construção, para locais que
foram anteriormente uma área de actividade de queda de rocha. Qualquer desvio que
reduzirá a área de precipitação colocará os motoristas em risco e, o talude da rocha e a
área de precipitação devem ser projectados para, no mínimo, não aumentar o risco para
o público. As medidas de mitigação adicionais, juntamente com viagens só de ida,
velocidade de viagem reduzida na zona de queda de rochas e distâncias de visibilidade
aumentadas podem ser necessárias para reduzir o risco para o público. O projectista deve
abordar todas essas questões no processo de dimensionamento.

4.5.4.2 Bancadas
Para a maioria dos projectos de taludes de rocha, as bancadas devem ser evitadas. A
necessidade de bancadas será avaliada nas investigações geológicas e geotécnicas e
descrita nos relatórios resultantes. A configuração da bancada pode ser controlada pela
necessidade de realizar a manutenção periódica que requer acesso à bancada. Os taludes
de solo e de rocha podem precisar de uma modificação com bancadas para se adequar ao
meio ambiente ou por preocupações de segurança e económicas. A seguir estão algumas
aplicações apropriadas de bancadas.
• A bancada pode melhorar a estabilidade do talude onde inclinações contínuas não
são estáveis.
• Onde a manutenção devido a descamação do solo sobrecarregada pode ser
antecipada, uma bancada fornecerá acesso e espaço de trabalho no contacto da
rocha sobrecarregada;
• O desenvolvimento de uma bancada de acesso pode facilitar a construção onde o
topo do corte começa num local intermédio do talude.
• Nos cortes muito altos, bancos podem ser incluídos por razões de segurança onde
a queda de rocha é esperada durante a construção.
• Onde necessário, as bancadas podem ser localizadas para interceptar e direcionar
o escoamento da água superfícial e infiltração de água subterrânea para uma
instalação de colecta apropriada, conforme mostrado na Figura 4-54.
• Todos os bancos devem ser construídos para permitir o acesso de manutenção

4.5.4.3 Estabilização de taludes de rocha e técnicas de mitigação de queda


de rochas
A Figura 4-55 mostra as condições de estabilidade de um talude de rocha com bloco
potencialmente instável formado por fractura mergulhanda para fora da face. Diversas
medidas de estabilização e protecção podem ser implementadas, as quais são divididas
em três classes pelo Willey (1991), conforme se segue:
a) Reforço: - melhoria das forças de resistência, aumentando a resistência ao
cisalhamento. Uma série de técnicas de reforço são mostradas na Figura 4-56.

(159)
b) Remoção de rochas:- redução das forças motrizes pela remoção de rochas soltas,
ver Figura 4-57.
c) Protecção:- construção de estruturas para proteger a estrada de quedas de
rochas, ver Figura 4-58.

Na Figura 4-55, um bloco de rocha de peso W tem um plano de deslizamento potencial de


área, A, que mergulha num ângulo Ψp fora da face. O lençol freático está num nível acima
da base da fissura de tensão, de modo que as forças da água U e v são desenvolvidas
dentro do talude e actuam em direções normais ao plano de deslizamento e à fissura de
tensão, respectivamente. A resistência ao corte do plano deslizante é definida pela coesão
(c) e ângulo de atrito (ϕ) da face da fractura. A suposição é que a rocha é um material
Mohr-Coulomb. Conforme foi definido na seção 4.2, o factor de segurança do bloco é dado
pela seguinte equação.
Forças de Resistência
FS = Forças de Deslocamento

cA+Ntanϕ
= Equação 4-101
S
cA+(Wcosψp −U−Vsinψp ) tanϕ
FS = Equação 4-102
Wsinψp +Vsinψp

Onde N e S são as forças normais e de corte respectivamente, actuando na face deslizante.


Assim, as forças de resistência podem ser melhoradas aumentando a força normal, N
através da instalação de parafusos de rocha tensionados e a força de deslocamento pode
ser reduzida removendo a rocha para diminuir o peso do bloco. Reduzir a pressão da água
dentro do talude também melhorará as forças de resistência e deslocamento.

(160)
Figura 4-55: Forças condutoras e de resistência num talude rochoso (Willey,
1991)

Figura 4-56: Método de reforço do talude rochoso (Willey, 1991)

(161)
Um dos métodos de remoção da rocha mais comuns usados é achatar a inclinação a um
ângulo suficiente para evitar que as rochas deslizem/caiam. Isso se aplica quando o
objectivo é eliminar totalmente todo o potencial de queda de rochas no futuro. Isso
geralmente é realizado por técnicas de detonação. As considerações para o achatamento
de uma inclinação incluem a condição de talude existente, ângulo de inclinação, orientação
de descontinuidades dentro da rocha, disponibilidade da área de servidão e volume total
de rocha a ser removido.

Figura 4-57: Métodos de remoção de rochas para estabilização do talude


rochoso (Willey, 1991)

A protecção com rede é um método comumente usado para prender rochas instáveis na
superfície da encosta, colocando fios ou rede de cabos na encosta. Isso ajuda a unir as
massas soltas de rocha, criando uma massa coesa que melhora a estabilidade da face da
rocha. Outras estruturas de protecção incluem:
• Cortina de malha de arame;
• Contraforte de rocha
• Corrimão da Viga Thrie/muro da Rocha de Viga Corrugada
• Muro de Captação de Cabo de Aço (Figura 4-58)

(162)
Figura 4-58: Muro de Captação de Cabo de Aço (NYSDOT, 2013)

Os muros de captação de cabo de aço são projectados para funcionar como sistemas de
absorção de energia que podem resistir o impacto das rochas que atingem o sistema,
enquanto dissipam a energia da rocha onde a rocha pode cair na base do muro ou passar,
no caso de sistema de cortinas atenuantes (sistema de muro híbrido de queda de rochas).
Um dos métodos de construção de estruturas para proteger a estrada da queda de rochas,
é a construção de valas de queda de rochas. Valas de captação bem projectadas são
provavelmente a forma mais eficaz de controlo da queda de rochas. As dimensões mínimas
devem ser determinadas com base na inclinação e altura do talude de corte da rocha. A
área de captação fornece uma área de recolha para a rocha caída e também fornece zonas
de recuperação para veículos errantes e facilita a drenagem de água. As melhorias nas
valas de captação incluem o alargamento da vala, o aumento da profundidade da vala e a
modificação do ângulo da proa da vala em direcção ao corte/declive da rocha.
A Figura 4-59a mostra uma representação de rochas caindo de uma inclinação de 4V: 1H
de 24,4 metros de altura e impactando numa área de captação plana e rolando na distância
na Figura 4-59b. Os caminhos de queda de rochas preferidos mais comuns para este
declive são indicados como ‘A’, ‘B’, ‘C’ e ‘D’. Pelo menos dois factores são essenciais para
o desenvolvimento de caminhos preferidos para a queda de rochas: a presença de
caracteristícas de lançamento e o aumento da altura do talude. A distância de impacto é
definida como a distância do talude medida desde a base do talude de corte de rocha até
o ponto onde uma rocha em queda atinge o solo pela primeira vez.
O declive de uma área de captação, seja de fundo plano ou inclinado, tem apenas uma
ligeira influência sobre onde uma rocha caindo primeiro impactará a área de captação. Em
outras palavras, o ponto de impacto de uma queda de rocha pode ser fortemente
influenciado por irregularidades do talude de corte, comumente referidas como
"características de lançamento".
A distância de lançamento é definida como a distância do talude, medida entre a base do
talude de corte e o ponto mais distante que a rocha atinge a partir da base do talude,
Figura 4-59b.

(163)
Figura 4-59: Percursos de queda de rochas e distância de lançamento (Pierson
et al., 2001)

As rochas que caem ao longo do caminho 'A' não encontram o talude até pouco antes do
impacto, resultando em distâncias de impacto menores medidas a partir da base do talude
de corte. As rochas que seguem o caminho 'B' atingem o talude em dois lugares, mas não
atingem as características de lançamento, resultando assim numa distância de impacto
menor.
Aquelas que encontram características de lançamento no taluded são empurradas para
mais longe do talude e seguem caminhos semelhantes a ‘C’ ou ‘D’. Rochas “lançadas”
tendem a ter maiores distâncias de impacto, aumentando a propagação ou dispersão dos
impactos registrados em comparação com rochas que não atingem as características de
lançamento. As características de lançamento mudam a queda vertical de uma rocha para
o deslocamento horizontal. Normalmente, quanto maior for a velocidade da rocha quando
ela atinge uma característica de lançamento, maior é o deslocamento horizontal.
De acordo com a Figura 4-59b, há dois resultados quando a rocha cai: (i) a rocha não se
move além do ponto de impacto, posição 'A'. Para este caso, a distância de lançamento é
igual à distância de impacto. Este resultado inclui rochas que rolam para trás em direção
à ponta do talude a partir do ponto de impacto; (ii) a rocha impacta na posição 'A', depois
rola em direção à estrada atingindo uma distância máxima da base do talude na posição
'B'. Neste caso, a distância de lançamento é maior que a distância de impacto.
A área de captação da rocha inclui a área plana da vala mais o declive interno que termina
na berma (Figura 4-60). A inclinação interna normalmente varia entre 1V: 6H e 1V: 4H.

(164)
Figura 4-60: Diagrama de Talude de corte da rocha (MnDOT, 2017)

Os gráficos de dimensionamento são fornecidos em Pierson et al. (2001), para avaliar a


eficácia da área de captação, projectar as áreas de captação com base numa determinada
percentagem da meta do projecto de contenção de queda de rochas. Os gráficos de
dimensionamento podem ser usados para avaliar a viabilidade económica de várias
combinações de taludes de corte e área de captação que maximizarão o benefício de um
determinado investimento. Uma combinação de medidas de mitigação pode ser aplicada.
Se um sistema de barreira for incorporado no projecto de mitigação, os critérios de
dimensionamento completos da largura da área de captação podem não ser necessários.
Em tais casos, a decisão de reduzir a largura da área de captação deve ser tomada por
um projectista experiente de taludes de rochas.
A recomendação geral é que as áreas de captação de queda de rochas com mais de 10 a
11,5 m de largura não são normalmente económicas para construir, e barreiras adicionais,
vedações ou muros para obter a profundidade da vala se tornam mais económicas do que
valas mais largas.

Nota:
Apenas pessoal qualificado e experiente de engenharia de taludes de rocha
deve executar o dimensionamento geral do talude de rocha e da área de
captação. Compreender as forças que desencadeiam as quedas de rochas é um
passo importante em direção à mitigação, em vez de tentar prever.

4.5.4.4 Análise de estabilidade de taludes rochosos


Ao contrário dos taludes de solo, a estabilidade do talude de corte da rocha é influenciada
por uma série de factores, como o tipo de rocha, a resistência dos blocos intactos da rocha,
as características das descontinuidades, já que as descontinuidades controlam fortemente
a estabilidade do talude da rocha, o grau e a extensão do desgaste da massa rochosa e
as condições da água subterrânea. A presença de água nas descontinuidades da rocha é
crítica para a avaliação da estabilidade.
O dimensionamento do talude de rocha depende fortemente do mapeamento da superfície
e registo de descontinuidade em furos da estrutura da rocha para avaliar os padrões e
condições de descontinuidades (fractura/junta). Em alguns casos, os dados dos furos de
teste também devem ser obtidos, especialmente se o mapeamento da superfície não for
viável devido à presença de solo sobrecarregado ou por outras razões.

(165)
Os ângulos de inclinação de corte são normalmente derivados de uma avaliação das
características da massa rochosa, que pode ser obtida a partir de uma combinação de
medições feitas de faces da rocha-mãe expostas e uma avaliação de carotes da rocha. A
análise e as recomendações finais são baseadas em vários factores diferentes, incluindo:
• Tipo de rocha;
• Orientação e frequência de descontinuidades (leito, juntas, fracturas)
• Altura de corte
• Desgaste
• Presença de material erodível
• Orientação da estrada
• Faixa de servidão
• Estética

É difícil fornecer diretrizes gerais para recomendações de dimensionamento que se


encaixem a todas as circunstâncias. Isso ocorre porque a estrutura geológica e o tipo de
rocha variam consideravelmente em cada corte individual da rocha (frequentemente
dentro do mesmo projecto). A resistência da massa rochosa da rocha intacta é
principalmente afectada por descontinuidades, e orientação de descontinuidade e ângulo
de fricção e geralmente controlam a estabilidade do talude da rocha. Essas características
da rocha são discutidas na Secção 3.3.4.2.

Altura do Talude da rocha


Os taludes de corte estão em:
• rochas moles, que incluem principalmente xisto e arenito, que podem ser
escavadas sem detonação ou;
• rochas duras, exigindo detonação. Rochas duras incluem rochas ígneas
metamórficas e carbonatos.
a) Cortes baixos de rocha
Cortes baixos de rocha (<2 m de altura) podem ser tratados como taludes de rocha
ou taludews de solo pelo projectista. Os Taludes de rocha fraca podem ser
achatados para combinar com os taludes de solo existentes e cobertas com solo
superficial e vegetação. Na rocha dura, a detonação da encosta provavelmente será
necessária.

b) Cortes intermédios de rocha


Os cortes intermédios de rocha (2 a 10 m de altura) devem seguir de perto a
Tabela 4-1 nas diretrizes de dimensionamento do Manual de Dimensionamento de
Pavimentos. Os taludes de rocha fraca podem ser tratados como taludes de solo
com secções de vala padrão, no caso em que devem ser cobertas com solo
superficial e vegetação.

Nesse caso, muitas vezes é desejável cortar a rocha fraca num declive acentuado,
como 4V: 1H, e direcionar o escoamento para longe da face o máximo possível.
Nos tipos de rocha dura, técnicas de detonação controlada são necessárias para a
modelagem final da face de corte. A largura padrão da vala deve ser de 4 m, com
profundidade de 1,33 m. Usando uma inclinação interna padrão de 1V: 6H ou 1V:
4H, a área de captação de rocha resultante (largura da vala + inclinação interna)
seria de 3 ou 9 m, respectivamente. Taludes compostos, constituidos por rochas
fracas e duras (particularmente com duras sobrepostas a fracas) são suscetíveis à
erosão diferencial e requerem consideração cuidadosa. Normalmente, a camada de
rocha dura será achatada 3 m da face da rocha fraca subjacente, com uma bancada
impermeável construída no topo da camada da rocha fraca.

(166)
c) Cortes altos de rocha

Os cortes altos de rocha (> 10 m de altura) devem ser investigados e projectados


por um Engenheiro Geotécnico experiente. A investigação da qualidade da rocha e
das propriedades do maciço rochoso (tais como orientação e frequência de juntas)
deve ser conduzida em afloramentos rochosos e amostras de carotes da rocha para
projectar taludes de corte apropriados e áreas de captação de valas. Os cortes altos
de rocha requerem técnicas de detonação controlada para limitar a queda da rocha
durante a construção e após a conclusão do projecto. Para fins de planificação
preliminar, estime a remoção de rocha necessária/faixa de servidão, assumindo
uma inclinação de rocha de 2V: 1H (63 °) e uma área de captação de rocha de
11,65 m. Estes produzirão valores conservadores na maioria dos casos e devem
ser refinados antes de finalizar o dimensionamento.

Geralmente, o dimensionamednto de taludes de corte de rocha é um processo progressivo.


Ele começa com a sondagem adequada do local do projecto, dentro do qual cada talude
ao longo da estrada é dividido em unidades de projecto. A classificação da encosta e a
formação das unidades de projecto são geralmente baseadas nas propriedades do material
da encosta, nas condições de descontinuidade, na estratigrafia da encosta, no grau de
desgaste e na influência da água subterrânea. A Figura 4-61 mostra o processo de análise
de estabilidade de talude.

(167)
1. Colecta preliminar de dados geológicos
através de fotografias aéreas, mapeamento
superficial e carotes de furos

2. Análise preliminar de dados geológicos para


3. Declives nos quais não
estabelecer maiores padrões geológicos em relação
existem descontinuidades
aos declives propostos para avaliar a probabilidade
desfavoráveis ou declives nos
de desenvolvimento de deslizamentos
quais a falha não importaria
ser identificada. Sem
necessidade de análise
adicional de estabilidade
4. Declives nos quais existem descontinuidades desses declives. Os ângulos
desfavoráveis identificadas e aqueles declives nos de declives determinados a
quais a falha poderá ser critica, marcada para um partir de considerações
estudo detalhado. operacionais

7. Instalação de
5.Investigação 6. Testes de corte de piezómetros nos furos de
geológica detalhada superficies de perfuração para
das áreas de declives descontinuidade - estabelecer padrões de
críticos com base no particularmente se fluxo de água
mapeamento forem cobertas pela subterrânea, pressão e
superficial e registo argila ou polidas. monitorar mudanças de
de caroter de níveis de água
perfuração. subterrânea durante e
depois da construção

8. Re-analise as áreas criticas do declive com base na informação detalhada a partir dos passos
5, 6 e 7 usando técnicas de limites de equilíbrio para calcular, plano e cunhas deslizantes.
Examinar a possibilidade de outros tipos de falhas induzidas por desgaste, quedas ou danos
devido a dinamitação.

9. Examinar encostas cujo risco de falhas é elevado em termos de dimensionamento do


talude de corte. Opções são:
a. Achatar os taludes;
b. Estabilizar os taludes por drenagem ou em casos especiais, por parafusos rochosos ou
cabos tensionados
c. Aceitar o risco de falhas e implementar programa de monitoramento para
previsão de falhas

10. A estabilização de taludes por


drenagem ou reforço viável se a economia 11. Aceitar o risco de falha com base na
de custo resultante do aumento de capacidade de prever e acomodar
taludes exceder o custo de elaboracão e deslizamento sem colocar o pessoal e
construção do sistema de estabilização. equipamento em perigo. Método de
Medições de campo adicionais necessárias previsão mais fiável baseado na medição
para estabelecer as características de do deslocamento da inclinação.
drenagem da massa rochosa

Figura 4-61: Processo de análise de estabilidade do talude

(168)
4.5.4.5 Ocorrências de falhas e remediação
As análises de estabilidade de taludes rochosos consistem principalmente em duas fases,
a primeira direccionada para o risco global de estabilidade dos taludes e a segunda para
o risco de queda de rochas (sub-global). A partir da discussão acima, o método de
remediação necessário para a estabilidade global do talude também administrará o risco
de queda de rocha. Pode ser necessário gerir o risco de queda de rocha, embora não haja
risco global de estabilidade do talude. As opções de remediação são geralmente
correlacionadas à energia ou volume do evento global ou subglobal e podem ser
simplificadas conforme indicado na Tabela 4-20.

Tabela 4-20: Opções de remediação (adaptado de VDOT, 2012)


Opção de Objectivo Avaliação de Aplicação Requisito para
remediação custo manutenção
Reconstrução e Destina-se a Custo mais alto Adequado para Requer inspecção
Escavação minimizar a por unidade de os eventos de e manutenção
probabilidade área de talude maior energia; limitadas.
de um evento corrigida
Redes de Fluxo de Destina-se a Alto custo por Adequado para Requer inspecção
Detritos ou interceptar e unidade de eventos de alta periódica e
Dispositivos de reter uma área de talude energia e de inspeção após
Absorção de grande massa corrigida; alto volume; cada evento
Energia Alta de material
com falha
Aparafusamento Destina-se a Alto custo por Adequado para Requer inspecção
ou Drenagem de aumentar o unidade de eventos de e manutenção
Rocha factor de área de talude moderada a limitadas
segurança ou corrigida alta energia e
estabilizar de alto volume
grandes
cunhas, lajes
ou massas de
derrube;
Malha de Rocha Destina-se a Custo Adequado para Requer inspecção
ou Estabilização estabilizar moderado por eventos de periódica
plana grandes áreas unidade de energia
da face do área de talude moderada e de
talude exibindo corrigida volume
zonas de falha moderado,
planas
paralelas à
superfície do
talude

4.5.4.6 Considerações de dimensionamento


Há uma série de aspectos importantes que precisam ser considerados durante o
dimensionamento do talude de corte de rocha. Esses incluem:
A. Estabilidade
A estabilidade está relacionada com a estabilidade dos blocos de rocha formados
pelas descontinuidades. As principais descontinuidades, como juntas persistentes
mergulhandas adversamente, planos de estratificação e juntas de falha, costuras
fracas erodidas e zonas de falha devem receber atenção especial no

(169)
dimensionamento do talude de corte de rocha. A profindidade da recolha de dados
de campo, a profundidade de direcção, natureza e tipo de preenchimento da junta,
rugosidade e espaçamento da junta são importantes para a análise de estabilidade
dos modos de roptura plana, em cunha e derrube. A altura do talude, ângulo,
presença de características potenciais de lançamento de rocha, tamanho do bloco
e forma do bloco são importantes para a análise e dimensionamento de técnicas
de mitigação de quedas de rocha.

A colecta de dados de campo geralmente é feita na base do local específico do


projecto. Em áreas onde a roptura pode levar a grandes danos às propriedades e
estruturas ou bloqueio significativo da estrada, a face da rocha deve ser mapeada
em detalhe por geólogos de engenharia experientes.

As bancadas devem ser fornecidas entre rebatedores ou inclinações de gradientes


significativamente diferentes. As bancadas geralmente não são necessárias em
rochas maciças duras do ponto de vista da estabilidade.

Métodos de cálculo manual podem ser usados para analisar as potenciais ropturas
planas e em cunha e programas de computador também podem ser usados quando
disponíveis.

B. Potencial queda de rocha

O projectista deve consultar e estabelecer o potencial de risco geológico para


compreender o grau de potencial de queda de rocha no projecto.

Onde as bancadas são fornecidas, o possível ressalto da queda de rocha deve ser
avaliado. Programas de simulação de queda de rocha são usados para analisar o
tamanho de captação da queda de rocha e a previsão da energia cinética da rocha.
No entanto, apenas os profissionais geotécnicos com experiência no uso desses
programas devem realizar a análise.

Para grandes encostas de rocha, o potencial de risco de queda de rocha pode ser
difícil de avaliar. Se praticável e economicamente viável, uma vala de captura ou
vedação deve ser fornecida ao longo da ponta do corte para conter a queda de
pedras.

As bancadas, se fornecidas, devem ser mais largas possível (de preferência, pelo
menos 2 m na rocha natural), a fim de conter pequenas quedas de rochas e detritos
e permitir o acesso para manutenção.

C. Drenagem

A atenção à drenagem é imperativa nas fases de projecto e construção e representa


um método relativamente de baixo custo para melhorar o desempenho e a
estabilidade estrutural. A menos que seja considerado que não há potencial para
erosão superficial, as valas de drenagem devem ser fornecidas ao longo das
bancadas, ver Figura 4-41.

As valas de drenagem de bancada reduziriam a velocidade e o volume do


escoamento no talude, com consequente redução da erosão e infiltração. As
bancadas construídas sem provisão de drenagem podem encorajar a infiltração de
águas superficiais, levando à redução da estabilidade.

Onde as obras estão sendo construídas em secções de corte ou em locais com


grandes quantidades de água introduzidas por fluxo superficial ou através de
sistemas de água subterrânea, os sistemas de drenagem especialmente

(170)
projectados devem ser avaliados e detalhados de forma adequada para acomodar
esses impactos.

D. Ocupação da terra (Faixa de servidão)

Um talude de rocha sem bancadas pode minimizar a ocupação da terra. Se a


estabilidade for garantida, isso deve ser considerado.

A opção de fornecer uma vala de captação ou uma barreira de queda de pedra ao


nível da estrada pode não ocupar necessariamente mais espaço do que a provisão
de bancadas no talude. Isso deve ser considerado como uma alternativa.

E. Construção
O processo de construção (por exemplo, dinamitação) muitas vezes enfraquece a
massa rochosa, particularmente em locais de bancada se forem considerados no
projecto. Técnicas controladas (por exemplo, escamação manual, pré-divisão)
devem ser usadas para minimizar os danos. Pode ser necessário contratar um
Consultor de Dinamitação para ajudar o empreiteiro a projectar uma detonação
segura se houver estruturas próximas, se o local for particularmente desafiador ou
de outra forma tiver o potencial de resultar em consequências indesejáveis.

F. Vegetação
O gradiente do talude e o solo superficial devem suportar o crescimento da
vegetação.

G. Manutenção
Aspectos de inspecções e obras de manutenção, incluindo provisão de acesso
seguro, devem ser considerados e acordados durante o dimensionamento.

As bancadas podem facilitar o acesso para manutenção. A manutenção das


bancadas é de tal ordem que devem ser limpadas regularmente, especialmente
durante os períodos de chuva.

4.5.5 Estabilização de Taludes de corte e aterro


As técnicas de estabilização de taludess são específicas do local e, portanto, devem ser
selecionadas e projectadas com base nas características dos materiais de enchimento e
do talude do projecto. Geralmente, antes de construir um aterro em áreas acidentadas, é
necessário avaliar a condição da estabilidade da encosta contra falhas superficiais e
profundas. A Tabela 4-21 fornece algumas técnicas de estabilização de taludes apropriadas
para aterros e taludes de vertente subjacentes.

(171)
Tabela 4-21: Técnicas de estabilização de taludes de aterros para taludes
íngrimes. Modificado de MPWT (2008)
Tipo de instabilidade Opção de estabilização
Roptura dentro do talude de • Reduzir o ângulo de inclinação e remover o
aterro (interna) material excedentário
• Material de enchimento adequadamente
compactado
• Considerar o uso de um muro de contenção
• Garantir que a drenagem lateral da estrada
seja controlada
• A bioengenharia geralmente é importante
para evitar a erosão superfícial
Roptura do talude de aterro e
das encostas montanhosas • Reavaliar o declive e remover o material
subjacentes (externa) excedentário
• Material de enchimento adequadamente
compactado
• Antes de colocar o enchimento, preparar as
bancadas do talude para interceptar planos
potenciais de roptura
• Considerar o uso de um muro de contenção
• Garantir que a drenagem lateral da estrada
seja controlada
• A bioengenharia geralmente é importante
para evitar a erosão superfícial
Roptura dentro de encostas
montanhosas subjacentes • Reduzir a inclinação lateral se houver espaço
suficiente
• Muro de contenção
• Garantir que a drenagem lateral da estrada
seja controlada
• A bioengenharia é geralmente importante
para prevenir a erosão superficial e
aumentar a resistência superficial do solo.

Nos casos em que se espera a presença de água subterrânea de fontes diferentes, os


taludes de aterro requerem estruturas de drenagem superficiais e subterrâneas para
manter as águas subterrâneas longe da área, conforme apresentado na Secção 4.9. O
controle deficiente da água subterrânea pode levar ao amolecimento do material da
fundação ou fazer com que o material de enchimento seja prejudicado através de erosão
por infiltração.

4.6 Análise e mitigação de deslizamentos de terra

4.6.1 Ocorrência de deslizamentos de terra

A avaliação apresentada no Manual de Investigação de Campo 2019, indica que os


deslizamentos de terra não são uma fonte importante de geo-risco natural em
Moçambique. No entanto, quando acontecem, resultam em bloqueios temporários parciais
ou completos de secções de estradas. Os deslizamentos de terra representam um risco
significativo para a operação da estrada e também podem causar fatalidades. Várias
fatalidades foram relatadas nas províncias da Zambézia, Tete e Sofala devido a
deslizamentos de terra que ocorreram durante as fortes chuvas em 1998.

(172)
Existem parâmetros intrínsecos que definem as condições de estabilidade dentro do
talude. Esses parâmetros intrínsecos são a geometria do talude, material do talude,
descontinuidades estruturais, uso e cobertura da terra e água subterrânea. A ocorrência
de deslizamentos de terra está frequentemente relacionada a um aumento na tensão de
corte (força motriz) ou uma redução na resistência ao corte (força de resistência). Os
processos que aumentam a tensão de corte ou diminuem a resistência ao corte numa
encosta são normalmente denominados como factores preparatórios ou desencadeantes
de deslizamentos de terra. Factores preparatórios (pré-condicionamento) tornam o talude
cada vez mais suscetível a roptura sem realmente iniciar o movimento. Factores
desencadeantes são eventos que finalmente iniciam o movimento. Parâmetros geológicos
e topográficos são geralmente considerados como factores preparatórios de deslizamentos
de terra. Os factores desencadeantes incluem chuva, terremotos, erosão da ponta e
actividades humanas. Os factores comuns causadores de deslizamentos de terra são
apresentados na Tabela 4-22.

Tabela 4-22: Factores comuns causadores de deslizamentos de terra.


Modificado de Nettleton et al (2005) em ERA (2013)
Causas internas
Materiais:
• Solos sujeitos a perda de resistência por contacto com a água ou como resultado de alívio
de tensão (suavização de pressão).
• Solos de granulometria fina que estão sujeitos a perda de resistência devido ao desgaste.
• Rochas fracas com descontinuidades adversamente orientadas caracterizadas por baixa
resistência ao cisalhamento, como planos de estratificação e juntas.
Desgaste:
• Desgaste físico e químico de solos causando perda de resistência (coesão aparente e
atrito).
Pressão de água dos poros:
• Altas pressões de água dos poros causando uma redução na resistência efectiva ao
cisalhamento
Causas externas
Remoção do suporte do talude:
• Corte por baixo pela água (ondas e incisão de córrego).
• Lavagem do solo.
• Escavações humanas
• Aumento de carregamento:
• Acumulação natural de água, neve, tálus.
• Pressões humanas (por exemplo, aterro e edifícios).
Efeitos transitórios:
• Terremotos e tremores.
• Choques e vibrações (explosões).

Para entender a ocorrência de deslizamentos de terra, o engenheiro geotécnico deve estar


atento e ser conhecedor das causas de deslizamentos de terra, que podem ser
categorizadas como se segue:
• Natural e artificial
• Geológico, topográfico e hidrológico

(173)
Os aspectos das causas são apresentados na Tabela 4-23 e Tabela 4-24.

Tabela 4-23: Causas naturais e artificiais de deslizamentos de terra (ERA,


2013)
Causas naturais
• Material plástico e consequentemente fraco
• Material sensível e colapsável
• Material desgastado e cisalhado
• Material articulado ou fissurado
• Descontinuidades estruturais com orientação adversa (incluindo falhas nas juntas,
tesouras de flexão, contactos litológicos)
• Contraste na permeabilidade e seus efeitos nas águas subterrâneas e pressões dos poros
• Contraste de rigidez (material rígido e denso sobre material menos denso e mais fraco)
• Processos geomorfológicos:
• Elevação tectônica e vulcânica
• Erosão fluvial da ponta do talude
• Erosão do subsolo (solução, tubulação)
• Carregamento natural do talude por acumulação de material por cima
• Redução de falésias e margens de rios
Processos físicos:
• Chuvas intensas de curto período
• Alta precipitação prolongada
• Rebaixamento rápido após inundações
• Aumento da pressão da água dos poros
• Carregamento de terremoto
• Congelar-descongelar, ou seja, desgaste mecânico
• Encolhimento e dilatação de solos expansivos
Causas artificiais
• Remoção da vegetação
• Interferência com ou alterações na drenagem natural
• Modificação de inclinações dos taludes durante a construção de estradas, ferrovias,
edifícios, etc.
• Sobrecarregamento dos taludes
• Actividades de mineração e pedreiras
• Vibrações de tráfego pesado, dinamitação, etc.
• Rebaixamento (de reservatórios)
• Irrigação
• Manutenção defeituosa dos sistemas de drenagem
• Contenção lateral do solo não compactado

(174)
Tabela 4-24: Factores causadores climáticos, geológicos, hidrológicos e
topográficos
Causas climáticas
• Períodos de chuvas prolongadas e/ou intensas que podem levar à saturação do talude
• Alta precipitação anómala.
Causas geológicas
• Tipo de rocha, grau de desgaste, padrões de junção e fractura
• Presença de falhas ou zonas de corte
• A direcção e o ângulo de mergulho e juntas na rocha-mãe subjacente em comparação
com o ângulo e orientação para a encosta, particularmente se a rocha-mãe estiver
exposta ou numa profundidade plana abaixo da superfície,
• A persistência de juntas e enchimento de argila
• A sequência dos estratos subjacentes, particularmente se incluir camadas fracas ou
impermeáveis
• A presença de colúvio e materiais não consolidados
Causas hidrológicas
• Períodos de chuvas prolongadas e/ou intensas que podem levar à saturação do talude
• Precipitação anormalmente alta
• A presença de um rio ou riacho na base do talude, particularmente se isso poder causar
erosão na ponta durante os períodos de inundação ou fluxo alto
• A presença de um curso de drenagem na crista ou acima da crista do talude
• Quaisquer indicações de um lençol freático alto ou temporariamente suspenso dentro do
talude, por ex. infiltrações e nascentes.
Causas topográficas
• Taludes íngremes
• Taludes íngremes sem vegetação, suscetíveis à erosão;
• Depressões irregulares ou áreas pantanosas não drenadas nos taludes

Os deslizamentos de terra podem ocorrer acima ou abaixo da estrada, ou através da


estrada no caso de falhas profundas. Os deslizamentos de terra que ocorrem abaixo da
estrada podem envolver taludes de aterro, bem como o material do talude natural
subjacente. Deslizamentos de terra acima da estrada podem ocorrer no talude de corte
ou podem envolver o movimento do talude natural acima.

4.6.2 Movimento de deslizamento de terra


Existem quatro tipos gerais de deslizamentos de terra, conforme mostrado na Figura 4-62.
Quedas referem-se à queda do solo ou massa rochosa e onde não se forma uma superfície
de deslizamento. A massa em movimento percorre a maior parte da distância no ar após
o desprendimento. Frequentemente, inclui movimento de salto. Uma queda começa com
o desprendimento de material de uma encosta íngreme ao longo de uma superfície na qual
ocorre pouco ou nenhum deslocamento de corte. As quedas de solo frequentemente
ocorrem quando um material facilmente erodível está por baixo de um material mais
resistente à erosão. As quedas de rochas podem ocorrer em quase todos os tipos de rochas
e são geralmente causadas por desgaste, variação de temperatura, altas pressões de água
nas fissuras ou entalhes. Elas geralmente ocorrem ao longo de planos de estratificação,
juntas ou zonas de falha local.
Rotação (a superfície de deslizamento é curva). Os deslizamentos por rotação são
relativamente pouco frequentes e ocorrem em solos coesos ou maciços rochosos muito
fracos com pouco ou nenhum controle estrutural. Os deslizamentos deste tipo são

(175)
relativamente profundos. Os deslizamentos multi-rotacionais são desencadeados por um
deslizamento inicial, muitas vezes local, e se desenvolve gradualmente se espalhando para
trás ao longo de uma falha comum.
Transladação (a superfície deslizante é mais ou menos plana) ou em cunha (a superfície
deslizante é formada por duas ou mais superfícies que se cruzam). Elas podem ser
divididas em blocos, deslizamentos, deslizamentos de laje, diveros deslizamentos de
transladação e falhas de espalhamento.
Em fluxos, o material se quebra à medida que desce o talude como um fluído viscoso. Os
fluxos típicos incluem: fluxos de terra, fluxos de lama, fluxos de detritos e fluxo de
deslizamentos. A diferença característica entre o fluxo de terra e de lama é que a taxa de
fluxo de lama é maior do que a de um fluxo de terra.

Figura 4-62: Tipos de deslizamentos de terra (adaptado de Wintercorn e Fang,


1975)

Os deslizamentos de terra também podem ser classificados em termos de profundidade


máxima, conforme apresentado na Tabela 4-25.

Tabela 4-25: Classificação de deslizamentos de terra em termos de


profundidade (Wintercorn e Fang, 1975)
Tipo Profundidade Máxima (D)
Deslizamentos superfíciais < 1,5 m
Deslizamentos pouco profundos 1,5 – 5,0 m
Deslizamentos profundos 5,0 – 20,0 m
Deslizamentos muito profundos >20,0 m

Avaliação de suscetibilidade a deslizamentos: Os factores causadores comuns de


deslizamentos são apresentados na Tabela 4-24, onde se mostra que a ocorrência de
deslizamentos de terra é controlada por vários factores espaciais e climáticos, como
geologia, topografia, condições hidrogeológicas, vegetação e precipitação. A avaliação da
suscetibilidade a deslizamentos requer diversa e grandes quantidades de dados espaciais
a serem considerados no procedimento de análise. A Figura 4-63 mostra métodos de
avaliação de susceptibilidade a deslizamentos de terra, que podem ser classificados em

(176)
métodos qualitativos (orientados para o conhecimento) e quantitativos (orientados por
dados e baseados fisicamente), dependendo da forma como tratam os factores indutores
de deslizamentos de terra e modelos.

Figura 4-63: Avaliação de suscetibilidade de deslizamentos de terra (Chae et


al., 2017)

Conforme indicado acima, a avaliação da suscetibilidade de deslizamentos é complexa e


as técnicas analíticas utilizadas também requerem uma verificação cuidadosa e calibração
contra dados de campo, bem como abordagem de análise com base na tipologia de
deslizamentos (Hungr et al., 2005). Métodos empíricos foram desenvolvidos com base nos
dados disponíveis e podem ajudar a prever a área coberta por detritos de deslizamento e
quantificar o volume para escoamento de detritos e distância de percurso.
O volume de deslizamento é um parâmetro fundamental para a avaliação da
suscetibilidade e do perigo de deslizamento. A análise de risco também deve levar em
consideração a distância máxima que a massa de deslizamento é capaz de percorrer no
seu movimento descendente. A Figura 4-64 mostra a relação entre a distância de percurso
(L) de deslizamentos e a diferença de nível entre o ponto inicial e o ponto final da deposição
(H) e a influência do volume de massa em movimento (V) na sua mobilidade. Devido à
dispersão, é aconselhável usar o envelope inferior ou a linha correspondente a um certo
nível de fiabilidade (por exemplo, 90%) (Hungr et al., 2005).

(177)
Figura 4-64: Relação entre mobilidade de deslizamento (H/L) e volume (de
Chae et al., (2017)

A suscetibilidade espacial pode ser expressa em termos da área afectada pela chegada de
detritos de deslizamento. Uma proporcionalidade aproximada foi encontrada entre o
volume (V) de detritos de deslizamento e a área (A) coberta por eles. Li (1983) fornece a
seguinte equação empírica:
Log A = 1,9 + 0,57 Log V Equação 4-103

A Tabela 4-26 mostra que em afloramentos rochosos, espera-se que as quedas de rochas
apareçam em taludes acima de 45°. Nos taludes cobertos por depósitos de pedra, as falhas
de detritos são esperadas para ocorrer em ângulos de talude acima de 30°, deslizamentos
de terra planos e fluxos de detritos no colúvio e até taludes cobertos acima de 25°,
enquanto deslizamentos rotacionais são possíveis em depósitos deltaicos e lacustres com
declives acima de 15°.

Tabela 4-26: Ângulos de limite para diferentes materiais geológicos no talude


(de Corominas, 2003),
Material do talude Tipo de deslizamento de terras Ângulo de limite
Base rochosa Queda de rocha 45°
Depósitos de pedra Falha de detritos 30°
Colúvio e till Deslizamento superficial e fluxo 25°
de detritos
Depósitos glaciolacustres Deslizamento rotacional 15°

4.6.3 Sistema de aviso prévio


De acordo com a definição da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução
de Desastres (UNISDR 2009), um sistema de aviso prévio é definido como “o conjunto de

(178)
capacidades necessárias para gerar e disseminar informações de alerta oportunas e
significativas para permitir que indivíduos, comunidades e organizações ameaçadas por
um perigo para se prepararem e agir de forma adequada e em tempo suficiente para
reduzir a possibilidade de danos ou perdas”. O aviso prévio de deslizamento de terra é,
portanto, essencial para o reconhecimento prévio ou antecipado de indicadores de
deslizamento, de modo que os residentes possam ser evacuados de potenciais áreas de
deslizamento de terra para reduzir os danos causados por deslizamentos de terra e instruir
encerramentos de estradas.
O desenvolvimento de um sistema de aviso prévio visa a tomada de medidas para gerir e
reduzir o espectro de riscos. A elaboração do plano de investigação geotécnica deve,
portanto, ser alinhado ao escopo dos geo-riscos apresentados na Tabela 2-1, para garantir
que a redução do risco de desastres seja gerida de maneira adequada. Existem vários
métodos para prever o potencial de deslizamento de terra,
• Os sistemas tradicionais de monitoramento topográfico realizados através de
pontos de controle. Isso pode incluir um programa para verificações rápidas de
estabilidade feitas apenas por medições de distância.
• Um sistema automatizado pode ser configurado para fazer leituras mais frequentes
em intervalos predefinidos.
• O movimento do talude pode ser verificado usando triangulação ou GPS para
determinar as coordenadas de cada estação em intervalos menos frequentes para
reconfirmar as medições. Baseia-se na aplicação de tecnologias de informação e
geoespaciais, como sensoriamento remoto e sistemas de informação geográfica
(GIS).
• A identificação de parâmetros desencadeantes intrínsecos e externos que causam
instabilidade de teludes é importante para fins de estabelecer o nível de potencial
de perigo e limite de deslizamento. Um limiar é definido como o nível mínimo ou
máximo de alguma quantidade necessária para que um processo ocorra ou um
estado mude (White et al., 1996). A maioria dos métodos de alerta de deslizamento
de terras usa limiares de accionamento que são determinados com base na
precipitação e nas propriedades físicas do solo.
• O esquema de classificação do parâmetro de avaliação de suscetibilidade de taludes
(SSEP) pode ser usado como uma abordagem de avaliação especializada para
zoneamento de risco de deslizamento. O monitoramento da precipitação e das
mudanças nas propriedades físicas do solo em tempo real ou quase tempo real
pode fornecer informações para a detecção precoce de deslizamentos de terra num
amplo terreno natural. Um instrumento para medir as mudanças na inclinação do
talude (inclinômetro) é instalado em áreas suscetíveis à mudança da inclinação do
talude.
• Assegurar limiares de accionamento fiáveis para aviso prévio de deslizamento é
fundamental. Em muitos casos, os deslizamentos de terra são desencadeados sob
condições de chuvas fortes e, portanto, é importante estabelecer um limiar
relacionado à precipitação e às condições hidrológicas do solo.

A Figura 4-65 mostra o mecanismo de transmissão de dados de sensores técnicos-


interhumanos. Nesta metodologia, cada dispositivo de monitoramento envia informações
específicas sobre o nível de perigo directamente para a comunidade e para o centro de
controle local. Um oficial treinado, capaz de identificar os sintomas (início do movimento
de deslizamento), realiza uma verificação visual do equipamento de monitoramento e
dispositivo de alerta para o caso da occorência de um alerta falso, devido a falha do
equipamento.

(179)
Figura 4-65: Mecanismo de transmissão de dados entre dispositivos de
monitoramento de deslizamento e de alerta. (de Fathani et al., 2016)

Uma unidade especial deve ser instalada para gerir adequadamente o sistema de
emergência a fim de organizar e responder em tempo útil a deslizamentos de terra que
podem afectar as estradas. Para que a unidade responda a fim de estabelecer um sistema
de alerta precoce, é essencial ter informações precisas e oportunas sobre os locais de
deslizamentos de terra e dados de precipitação. O desenvolvimento de EWS baseado em
dados, porque os dados sobre deslizamentos anteriores são usados para obter informações
sobre os factores críticos que influenciam a ocorrência de deslizamentos de terra.
A existência de um sistema de emergência facilitará a identificação antecipada e inspecção
de incidentes graves de deslizamentos e permitirá que acções correctivas urgentes sejam
tomadas. Um EWS eficiente deve incluir as seguintes actividades (DiBiagio e Kjekstad,
2007):
• monitoramento, incluindo aquisição de dados, transmissão e manutenção dos
instrumentos;
• análise e previsão, que podem ser feitas usando limiares, opinião de
especialistas, métodos de previsão e assim por diante;
• alerta, ou seja, a disseminação de mensagens compreensíveis alertando sobre a
ameaça eminente;
• resposta, sobre se as pessoas são capazes de entender e como reagem ao aviso.

4.6.4 Medidas correctivas de deslizamentos de terra

Os deslizamentos de terra têm consequências muito graves, levando a catástrofes. Falhas


em argila e areias soltas saturadas e sedimentos ocorrem muito rapidamente e sem aviso.
As consequências dos deslizamentos de rochas são frequentemente indirectas, mas têm
consequências directas desastrosas. As medidas correctivas assumem diferentes formas.
A selecção de medidas correctivas apropriadas dependerá da viabilidade de engenharia,
viabilidade económica e aceitabilidade ambiental. A Tabela 4-27 contém uma lista dos
métodos mais comuns que podem ser usados para estabilizar ou remediar os efeitos dos
deslizamentos de terra. Embora uma medida correctiva possa ser suficiente para
minimizar o efeito de um deslizamento de terra, a maioria dos trabalhos correctivos
geralmente envolve uma combinação de dois ou mais métodos.

(180)
Tabela 4-27: Medidas correctivas comuns de deslizamentos. De Sassa e Canuti
(2008)

Drenagem:
• Drenos superfíciais para desviar a água para não fluir para a área de deslizamento
• Drenos de valas superficiais ou profundas preenchidos com materiais de drenagem livre
(preenchimentos granulares grossos e geossintéticos)
• Suporte de contrafortes de materiais de granulometria grossa
• Poços verticais (grande diâmetro) com drenagem por gravidade
• Drenos sub-horizontais
• Túneis de drenagem, galerias ou acessos
• Desidratação por bombeamento
• Drenagem por sifonagem.
Reforço interno do talude:
• Parafusos de rocha
• Microestacas
• Pregagem do solo
• Âncoras
• Rejunção
• Colunas de pedra
• Congelamento
• Bioengenharia
Modificação da geometria do talude:
• Remoção de material da área adjacente à crista do talude (com possível substituição por
enchimento leve)
• Adicionar material na área na base do talude (berma de contrapeso ou aterro)
• Redução geral do ângulo de inclinação.
Estruturas de contenção:
• Muros de contenção de gravidade
• Muros do berço
• Muros de gabião
• Estacas, pilares e caixotões passivos
• Muros de betão armado moldados in-situ
• Estruturas de contenção de terra reforçadas
• Redes de retenção para taludes rochosos
• Chave de corte.

(181)
4.7 Dimensionamento geotécnico para fundações de estruturas
marítimas

4.7.1 Geral
Os requisitos para o dimensionamento de fundações para suportar estruturas marítimas,
como golfinhos, cais e muros de ala, embarcadouros, estruturas terminais e docas, rampas
de pedestres são os mesmos que para outras instalações de transporte. Além das rampas
de pedestres e edifícios de terminais, essas estruturas devem lidar com cargas de impacto
de navios e cargas das ondas. A base para o projecto de fundações para edifícios de
terminais deve ser coberta pelos requisitos da Autoridade Portuária.
As estruturas permitem que os navios possam ancorar/atracar para a transferência de
cargas. Os materiais a serem utilizados variam com as condições de carregamento,
propósito da vida útil da estrutura e disponibilidade. As paredes são normalmente
construídas com betão maciço, estacas-pranchas de aço ou estacas de madeira. Os
elementos básicos desses muros são a fundação estrutural, a protecção contra erosão do
muro e a própria estrutura do muro.
O factor chave no dimensionamento de estruturas marítimas é que elas devem ser capazes
de resistir às cargas de impacto das embarcações. Para obter mais detalhes, consulte BS
6349-2: 2019 Obras Marítimas, que fornece recomendações para o dimensionamento de
muros de cais, docas e golfinhos.

4.7.2 Estruturas marítimas


As estruturas marítimas incluem estruturas fixas ancoradas e estruturas fixas flutuantes
ao longo das margens e costas de oceanos e de grandes rios e lagos.
A Figura 4-66 e Figura 4-67 mostra exemplos de estruturas marítimas: (a) divisória
ancorada; (b) divisória em consola; (c) plataforma de alívio; (d) ensecadeira celular: (1)
circular e (2) diafragma; (e) ensecadeira de muro duplo; (f) dique de rocha gravitacional;
(g) muro de betão por gravidade; (h) muro de blocos de betão; e (i) caixa flutuante de
betão pré-moldado.

(182)
Figura 4-66: Tipos de estruturas à beira-mar (de Hunt, 1986)

Figura 4-67: Estrutura à beira-mar ao longo Avenida da Marginal, Maputo.

(183)
4.7.3 Requisitos de dimensionamento

4.7.3.1 Geral
O ambiente operacional das embarcações influenciará os requisitos de dimensionamento.
A altura da estrutura e as cargas a serem suportadas impõem restrições à selecção do tipo
de estrutura. Normalmente, as estruturas sujeitas a cargas de impacto de navios são
projectadas para resistir totalmente a essas cargas. No entanto, para terminais de
ferryboats, o maior risco em termos de perda financeira e potencial de perda de vidas é o
potencial de danificar o navio. Portanto, os terminais dos ferryboats sujeitos a cargas de
impacto do navio precisam ser projectados para serem flexíveis o suficiente para
desacelerar o navio sem danificá-lo. Se ocorrer a falha da fundação, a escolha é fazer com
que a fundação falhe antes que o navio seja danificado. Isso requer que os elementos de
fundação sejam projectados com uma margem de segurança inferior do que é
normalmente necessário para as estruturas.

4.7.3.2 Análise e factores de dimensionamento


a) Condições geológicas
Informações completas sobre as condições geológicas e as propriedades do solo são
necessárias antes que os processos de análise, projecto e construção sejam considerados.
A estabilidade da fundação requer uma avaliação cuidadosa. As áreas à beira-mar são
caracterizadas por solos granulares soltos e materiais orgânicos moles, condições de solo
tipicamente pobres. As forças impostas pela natureza e pela própria instalação também
devem ser consideradas. As forças da corrente/ondas causam lavagem e erosão das
fundações e da própria estrutura, particularmente no caso de plataformas de alívio.

b) Forças laterais
As forças laterais a serem consideradas incluem o seguinte:
• Pressões de terra activas e passivas e efeitos de cargas de sobrecarregamento
• Pressões de água desequilibradas dos estágios de inundação do rio e mudanças de
maré, especialmente durante chuvas fortes e efeitos das mudanças climáticas
• Forças de navegação de navios e âncoras de amarração
• Pressão das ondas, forças e cargas da corrente e efeitos da lavagem
• Forças de terremotos
Depósitos espessos de solo mole resultam em altas forças laterais e assentamento de
aterro que afectam severamente o desempenho do sistema de âncora da divisória. Vários
métodos para reduzir as pressões laterais e subsidência do talude traseiro são mostrados
na Figura 4-68.

(184)
Figura 4-68: Métodos para reduzir as pressões laterais e subsidência do talude
traseiro em solos moles (de Hunt, 1986)

Na Figura 4-68, os procedimentos são os seguintes:


(a) escavar o solo mole, instalar a divisória, colocar dique de rocha e aterro;
(b) escavar solo mole, instalar a divisória, colocar o aterro granular da divisória
em direção à terra;
(c) esquema de reaterro de escavação onde o aterro granular é escasso.

A Figura 4-69 e a Figura 4-70 mostram as distribuições de pressão do solo ao redor do


muro da estaca-prancha em consola e contra a divisória ancorada.

(185)
Figura 4-69: Diagrama de pressão ao redor do muro de estacas-prancha em
consola (de Hunt, 1986)

Dimensões Parâmetros dos solos


Pressões

acima GWL Aterro de areia

acima GWL

Argila No. 1

Linhas de
dragagem

Argila No. 2

Passiva Activa
Líquido

Líquido

Figura 4-70: Diagrama de pressão contra o sistema de divisória ancorado (de


Hunt, 1986)

(186)
c) Estabilidade
A estabilidade contra a rotação é uma preocupação com todos os tipos de estruturas. A
estabilidade da base contra a roptura de corte rotacional em solos fracos requer
consideração para todos os tipos de estruturas e o deslizamento é crítico para estruturas
de gravidade.

d) Construção
Na maioria dos casos, as estruturas à beira-mar são construídas na água e, em seguida,
o solo é recuperado por enchimento, seja com aterro hidráulico ou uma combinação de
aterro despejado por barcos e despejado em terra. A orla é então dragada até a sua
profundidade final e o muro deve reter todo o material colocado atrás dele. Assim, os
possíveis efeitos da sequência e procedimentos de construção na integridade da estrutura
devem ser considerados e aqueles que podem ter efeitos adversos nas estruturas devem
ser proibidos.

4.7.3.3 Cargas de impacto de navios


A carga de impacto depende do tamanho da embarcação e do nível de resistência
correspondente. Embarcações diferentes exigem níveis de resistência operacionais
diferentes, por exemplo, pequenos barcos artesanais são muito mais baixos do que navios
de contentores. Os tamanhos de navios são, portanto, considerados como aspectos críticos
do projecto. A carga de impacto dependerá da velocidade de aproximação do navio, ângulo
de atracação e das toneladas de porte bruto (DWT) do navio. O porto de Maputo
encontrava-se em 2018, apto para receber navios com capacidade até 120 000 DWT. Para
o cálculo das forças de atracação e amarração, os usuários devem consultar o BS 6349-
4: 2014 - Estruturas Marítimas.

4.8 Dimensionamento de elementos de infiltração e drenagem


subterrânea
A água subterrânea ou infiltração superficial afecta o desempenho das estradas e contribui
significativamente para as falhas do pavimento, se não for controlada de forma adequada.
O dimensionamento de elementos de infiltração inclui o projecto de estruturas para
encorajar a infiltração de águas pluviais de volta para o chão. O projecto geotécnico de
elementos de infiltração inclui avaliação do regime de água subterrânea, estratigrafia do
solo e condutividade hidráulica do solo, pois afecta o funcionamento hidráulico dos
elementos de infiltração e a estabilidade geotécnica do elemento (por exemplo,
estabilidade do talude, efeito da infiltração na estabilidade de estruturas e talude
adjacentes e projecto de enchimentos que devem reter a água tanto para estabilidade dos
taludes assim como para a falha de tubulação).
A Figura 4-71 mostra os métodos de controlo de drenagem do pavimento: (a) corte
superficial em terreno plano; (b) corte lateral de vertente e (c) aterro lateral de vertente.
Os drenos subterrâneos são usados para baixar o nível do lençol freático, drenar os
taludes, ajudar a estabilizar os taludes de corte e evitar que a água entre por baixo na
secção do pavimento, enquanto os drenos de bordo removem água da secção do
pavimento.

(187)
Figura 4-71: Métodos de controlo da drenagem do pavimento (de Hunt, 1986)

Uma vez que os drenos subterrâneos e drenos de bordo removem a água por meio do
fluxo de gravidade, eles devem ser continuamente inclinados para uma saída de modo a
funcionar efectivamente e garantir que nenhuma água interceptada possa se acumular.
As saídas podem incluir um canal de drenagem ou um sistema de drenagem fechado. Os
drenos de bordo devem ser fornecidos com saídas laterais para a vala da estrada ou para
estruturas apropriadas num sistema fechado de drenagem de água.
Alguns locais óbvios para drenos subterrâneos são áreas de nascentes existentes onde
uma nova estrada pode ser localizada, ou onde o pavimento está localizado na base de
um corte lateral de vertente, ou nos taludes com declives muito longos onde o fluxo de
escoamento e zonas de infiltração tendem seguir a direção do pavimento.
O dreno de bordo deve interceptar a água da camada aquífera mais alta da secção do
pavimento. Essa água é geralmente encontrada na camada da base asfáltica. Nas seções
do pavimento que incluem base permeável, o dreno de bordo deve estar em contacto com
a base permeável nos pontos baixos da sua seção transversal.
Para fins de projecto, é recomendado que as quantidades de fluxo de escoameneto de
água e zonas de infiltração sejam estimadas para fornecer estruturas de drenagem
adequadas. Deve ser feita referência ao Manual de Hidrologia e Dimensionamento de
Estruturas de Drenagem, 2019.

(188)
4.9 Dimensionamento da fundação para sinais, placas, barreiras
acústicas e aquedutos
As estruturas para sinais de trânsito, placas, iluminação e barreiras acústicas são
geralmente elementos padronizados, projectados pelo fabricante e devem ser
homologados pela ANE, IP.
A ANE, IP, deve estar envolvida nos projectos preliminares quando as informações do
subsolo são necessárias e/ou recomendações de fundação são necessárias. Isso deve
permitir que uma quantidade estimada seja incluída nos planos do contrato. O projecto
preliminar da fundação para iluminação de mastro alto, estruturas de sinalização
suspensas ou outros suportes de aço pesados deve ser fornecido pela ANE durante a fase
de projecto.
As barreiras acústicas geralmente usam desenhos padrão. Uma análise apropriada deve
ser realizada para garantir que as barreiras acústicas funcionem bem e não exijam
manutenção excessiva devido o assentamento ou rotação. Se a investigação do solo
revelar que há áreas onde as barreiras acústicas podem encontrar uma construção
problemática (condições artesianas, rocha superficial ou turfa), isso deve ser destacado
no relatório geotécnico e levado ao conhecimento do pessoal de elaboração do projecto
de modo que um projecto ou orientação de especialidade possa ser incluído nos planos.
Os riscos geotécnicos potenciais, como deslizamentos de terra que podem afectar as
estruturas, devem ser identificados. A identificação e extensão/condição (ou seja,
espessura) de aterros feitos pelo homem existentes devem ser observados, já que muitas
dessas estruturas podem estar localizadas nos aterros projectados. As condições de
superfície e subterrâneas que podem afectar a construtibilidade das fundações, como a
presença de rocha-mãe superficial, ou paralelepípedos e pedregulhos, devem ser
identificadas, pois muitas dessas estruturas têm fundações muito superficiais e a
investigação pode consistir apenas no reconhecimento geral do local com investigação
mínima do subsolo.
Novos dados de subsolo devem ser obtidos, se os dados geotécnicos disponíveis e as
informações colectadas na visita do local não forem adequadas para fazer uma
determinação das condições de subsolo conforme exigido no Manual. As explorações que
consistem em sondagens geotécnicas, poços de teste e furos manuais ou uma combinação
dos mesmos devem ser realizadas para atender aos requisitos de investigação aqui
previstos. No mínimo, a sondagem do subsolo e o programa de teste de laboratório devem
ser desenvolvidos para obter informações para analisar a estabilidade da fundação,
assentamento e construtibilidade em relação a:
• Formação(ões) geológica(s)
• Localização e espessura das unidades de solo e rocha
• Propriedades de engenharia de unidades de solo e rocha, como peso unitário,
resistência ao corte e compressibilidade
• Condições da água subterrânea (variações sazonais)
• Topografia da superfície do solo
• Considerações locais, (por exemplo, depósitos de solos problemáticos de acordo com
a secção 5.3 do Manual de Investigação de Campo 2019, vazios subterrâneos de
desgaste de solução ou actividade de mineração, ou potencial de instabilidade da
encosta).

As fundações para essas estruturas não devem ser colocadas em talude mais íngremes do
que 1,5H: 1V. Se houver terreno inclinado, algumas considerações especiais para
determinar a profundidade da fundação são necessárias. No entanto, o topo da fundação
padrão pode simplesmente ser localizado na parte inferior ou abaixo do fundo da vala de
drenagem, se a fundação estiver localizada num talude que faça parte de uma vala de
drenagem.

(189)
Para todas as fundações colocadas num talude ou onde a linha central da fundação é
inferior a 1B para a berma do talude, onde B é a largura ou diâmetro da Fundação Padrão,
as profundidades da fundação do Plano Padrão devem ser aumentadas como se segue, e
conforme ilustrado na Figura 4-72:
• Para inclinações 3H:1V ou mais planas, nenhuma profundidade adicional é
necessária.
• Para 2H:1V ou mais plana, adicione 0,5B à profundidade.
• Para inclinações de 1,5H:1V, adicione 1,0B à profundidade.

Figura 4-72: Detalhe do projecto da fundação para um terreno inclinado (de


WSDOT, 2010)

Para fundações em rocha, um projecto especial é necessário e o fracturamento e a junção


na rocha, e seu efeito na resistência da fundação, devem ser avaliados. Geralmente é
necessária uma fundação de eixo perfurado ou com base ancorada.

Se os projectos de fundação não padronizados forem necessários para barreiras acústicas,


o projectista geotécnico deve fornecer as seguintes informações ao projectista estrutural:

• Descrição das unidades de solo usando o Sistema Unificado de Classificação de


Solos.
• Nível do terreno e nível dos limites unitários do solo/rocha.
• Profundidade do lençol freático ao longo do comprimento da barreira.
• Diagramas de pressão de terra e parâmetros de dimensionamento.
• Parâmetros de resistência unitária do solo que incluem o peso unitário efectivo,
coesão (φ), coeficiente de pressão activa do solo (Ka), coeficiente de pressão
passiva do solo (Kp),
• Para fundações do eixo, as pressões passivas são assumidas para actuar em 3
diâmetros de eixo e um factor de segurança de 1,5 deve ser aplicado à resistência
passiva.

(190)
O projecto final das fundações dessas estruturas, se concluído pela Contratada, deverá
ser revisto e aprovado pela ANE, IP.

4.10 Aspectos geotécnicos para o dimensionamento e instalação de


tubos

4.10.1 Requisitos de dados

Os tubos de drenagem e aquedutos podem ser instalados no solo natural, aterros


existentes ou aterros a serem construídos. Ao desenvolver recomendações de engenharia
geotécnica para tubos de drenagem e aquedutos, o engenheiro geotécnico é responsável
por abordar o seguinte (NYSDOT, 2018):
• Adequação do solo escavado para reutilização como aterro.
• Assentamento antecipado do solo resultante do aterro recém-colocado.
• O efeito da corrosão do tubo (quando aplicável) na integridade do sistema de solo
adjacente.
• Até que ponto as medidas de engenharia são necessárias para mitigar as
preocupações de assentamento (ou seja, uso de suporte de estaca, uso de pré-
carregamentos, drenos verticais pré-fabricados, construção em estágios, etc.)
• A provável presença de água subterrânea e seu efeito nas condições de
estratificação (ou seja, a extensão em que a desidratação da construção pode ser
necessária)
• pH, resistividade e classificação do solo e pH das águas superficiais nas
proximidades do tubo de drenagem ou aqueduto.
• Classificação do solo dentro de 0,67 a 1,0m (profundidade) nas saidas dos tubos.

4.10.2 Técnicas de instalação


A instalação de um tubo com o alinhamento e nível adequados requer perturbações na
área circundante, cuja extensão é consequência da técnica especificada. O Projectista deve
pesar os factores, entendendo que o método mais simples de instalação (escavação
aberta) muitas vezes resulta num nível considerável de perturbação, enquanto um método
alternativo e engenhoso de instalação (tecnologia sem valas) pode reduzir o nível de
perturbação, mas será mais caro e exigirá mais investigação prévia.
A escavação aberta (corte aberto, corte e cobertura) é uma escavação feita a céu aberto
e ao invés de um túnel. O método mais simples de instalar um aqueduto transversal,
utilidades ou túnel é escavando uma vala até a profundidade necessária e, em seguida,
aterrar a escavação acima das estruturas. No entanto, para realizar esta operação com
segurança (especialmente em profundidades extensas), é necessária uma grande área de
zona de trabalho para permitir uma estabilidade suficiente dos taludes laterais das
escavações ou a instalação de elementos de escoramento de capacidade estrutural
suficiente (com componentes de reforço, se necessário) para apoiar e circundar a cavidade
da escavação.
Os fatores que podem compensar o aumento nos custos da tecnologia sem valas e
influenciar a decisão do método de instalação apropriado, são caracterizados como custos
sociais (NYSDOT, 2018, de Boyce e Bried, 1994):
Danos na estrada: As perturbações causadas pela operação de instalação de tubos
contribuem significativamente para a diminuição da expectativa de vida do pavimento. As
reposições inadequadas ou impróprias da escavação resultam em custos mais altos devido
a reparações periódicas, aumenta os custos do utente, obrigando-o a iniciar com as
reclamações.
Danos aos elementos adjacentes: Espera-se que os empreiteiros executem o trabalho
usando as precauções necessárias para evitar danos aos tubos de condutas e outros
elementos subterrâneos instalados.

(191)
Danos às estruturas adjacentes: O sistema de suporte para escavações abertas deve
abordar a estabilidade das estruturas adjacentes. Além da escavação ou remoção de
material impactando nas estruturas adjacentes, o lençol freático pode estar em conflito
com a instalação proposta e as operações de enchimento. A desidratação da vala pode
causar problemas de movimento e/ou assentamento.
Ruído e Vibração: O ruído de construção e a vibração podem ter um grande impacto nas
áreas circundantes. Uma escavação aberta requer equipamentos e operações de
construção para rastrear o alinhamento do aqueduto transversal, utilidades ou túnel em
todo o seu comprimento. Em contraste, os métodos sem valas normalmente utilizam
localizações pontuais que localizam distúrbios, tornando-os mais fáceis de gerir e
controlar.
Poluição do Ar: Conforme mencionado para ruídos e vibrações, uma escavação a céu
aberto requer equipamentos e operações de construção para rastrear o alinhamento do
aqueduto transversal, utilitades ou túnel em todo o seu comprimento. A poeira gerada a
partir das operações de construção não é apenas um incômodo público, mas pode ter
implicações graves para a saúde que podem ser críticas em áreas sensíveis (por exemplo,
hospitais, escolas).
Interrupção do tráfego de veículos: É necessário um plano de controle de tráfego por
zona para todos os trabalhos que afectam o tráfego de veículos e pedestres. Em
escavações abertas, devem ser tomadas precauções adequadas para proteger o tráfego
de veículos e pedestres. Nenhuma via deve ser fechada sem aprovação prévia e nenhum
corte no pavimento deve ser deixado sem preenchimento durante a noite. Podem ser
utilizadas placas de cobertura de aço (recuadas). Todas essas operações têm impacto no
movimento do tráfego. Os métodos sem valas muitas vezes minimizam o atraso e o
movimento mais lento do tráfego, reduzindo a escavação de superfície.
Segurança de Pedestres: Conforme mencionado, com a interrupção do tráfego de
veículos, é necessário planificar todos os trabalhos que afectam o tráfego de veículos e
pedestres. A utilização de rotas de desvio para permitir escavações abertas aumenta o
tráfego em estradas secundárias utilizadas por pedestres. O tráfego adicional de veículos
pode impedir o tráfego de pedestres e criar um risco à segurança.
Perda de Negócio e Comércio: Uma escavação aberta requer equipamento e operações
de construção para rastrear o alinhamento do aqueduto transversal, utilidades ou túnel
em todo o seu comprimento. A tendência natural das pessoas de evitar áreas obstruídas
pode ter impacto nos negócios locais.
Danos em Estradas de Desvio: A utilização de rotas de desvio para permitir escavações
abertas aumenta o tráfego em estradas secundárias. Essas rotas normalmente não são
projectadas para o aumento das cargas de tráfego, o que pode resultar em danos se não
for devidamente tratado antes.
Segurança do Local: A tecnologia sem valas envolve menos equipamento, mão de obra
ou perturbação da superfície, tudo o que reduz a probabilidade de acidentes relacionados
ao local.
Reclamações de Cidadãos: Danos nas estradas, ruído e vibrações, poluição do ar, etc.
são consequências da actividade de construção que perturba a vida normal dos residentes
e empresas. Qualquer perturbação pode gerar reclamações.
Impactos Ambientais: Os projectos de construção podem envolver trabalho em áreas
ambientalmente sensíveis (por exemplo, pântanos, rios, riachos, locais históricos, etc.).
Uma escavação aberta frequentemente não é viável ou permitida nessas circunstâncias.
Os métodos sem valas podem eliminar os efeitos prejudiciais a essas áreas sensíveis. Além
disso, para locais que contêm contaminantes, uma escavação aberta apresenta uma
infinidade de impedimentos de como manusear o material até como descartá-lo. Métodos
sem valas minimizam a perturbação do solo e reduzem a remoção de entulho.

(192)
4.10.3 Desenvolvimento do dimensionamenton
A Tabela 4-29 fornece suposições sobre o método potencial de instalação com base nas
condições subterrâneas identificadas.

Tabela 4-28: Técnicas de Construção Sem Valas (NYSDOT, 2018)


Método de Instalação Tipos de Solos Compatíveis
Perfuração com Broca Variedade de condições do solo
(AB)
Perfuração com Lama Material firme, coeso e estável. Material húmido não coeso,
(SB) pode ser acomodado desde que sejam exercidas precauções
especiais.
Compressões de Tubos Solos granulares e coesos estáveis são os melhores. A areia
(PJ) instável é a menos favorável. Pedras grandes causam
frequentes interrupções do trabalho. O método pode ser
executado em qualquer condição de solo com as precauções
adequadas.
Micro-Tunelamento Variedade de condições do solo, incluindo rocha de face
(MT) completa e nível alto do lençol freático.
Perfuração Direcional Argila é ideal. Areia e lodo sem coesão requerem bentonite.
Horizontal (HDD) Saibros e paralelepípedos são inadequados
Tunelamento Utilitário Variedade de condições do solo
(UT)

4.10.4 Construção

Para garantir que o caminho de perfuração projectado está em conformidade com os


documentos do contrato durante a instalação, a Contratada deve apresentar a sua
proposta de direcção (por exemplo, cabeçote de direcção articulada, jactos de
deslocamento incorporados em um sensor de direcção e cabeçote de direcção, etc.) e
equipamento de rastreamento (por exemplo, transmissor e receptor de sonda, sistema de
navegação eletromagnético de fundo de poço, linha de nível de água, laser e ferramentas
de pesquisa, etc.), procedimentos e locais propostos que requerem acesso à superfície ou
subsolo.
Como as instalações sem valas são normalmente especificadas para minimizar/eliminar a
perturbação na área circundante, as tarefas de monitoramento para o Empreiteiro devem
ser incluídas no contrato. Um levantamento da superfície do solo existente ao longo do
caminho proposto para a instalação do revestimento, antes do início do trabalho,
estabelecerá os dados da linha de base. O processo de instalação sem valas deve ser
monitorado de perto durante a sua operação para minimizar/eliminar os movimentos do
solo.

4.11 Dimensionamento geossintético


Em áreas onde os materiais seleccionados não estão disponíveis, o uso de materiais
geossintéticos para o reforço do aterro pode reduzir o assentamento diferencial. Existe um
grande número de materiais geossintéticos para uso em aplicações geotécnicas. Esses
produtos geralmente se enquadram nas seguintes categorias principais:
• separadores de solo,
• elementos de reforço,
• barreiras impermeáveis e revestimentos,
• elementos de drenagem e filtros,

(193)
• tecidos de pavimentação e sistemas compostos onde o material desempenha mais
de uma função.

De acordo com a SANS ISO 10318-2013, os geossintéticos cobrem várias funções,


conforme mostrado na Tabela 4-30. A tabela identifica quais dos produtos geossintéticos
proporcionariam os maiores benefícios em funcionalidade. A Tabela 4-30 dá uma visão
geral dos geossintéticos versus função

Tabela 4-29: Tipo e função dos geossintéticos


Tipo Função
Drenagem Filtração Separação Protecção Barreira Reforço Controle
da erosão
superficial

Geotéxteis ✓ ✓ ✓ ✓
Geogrelhas ✓
Geomembranas ✓
Georede ✓
Geo-tapete ✓
Geocélula ✓ ✓
Geoespaçador ✓
Barreira ✓ ✓
Geossintética
Geocomposto ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Os geossintéticos são caracterizados pelas seguintes propriedades.


• Resistência à tração e cisalhamento.
• Resistência ao rasgamento.
• Permeabilidade à água vertical ao plano.
• Permeabilidade à água no plano.
• Tamanho da abertura.

A Tabela 4-30 resume as propriedades dos materiais mais comumente exigidas a serem
especificadas de acordo com os testes padrão correspondentes.

Tabela 4-30: Resumo das propriedades de materiais para geossintéticos


Propriedade do Material Padrão de Teste Unidade
Permissividade ASTM D4491 sec-1
Taxa de fluxo ASTM D4491 l/m/m2
Rasgo trapezoidal ASTM D4533 kN
Contenção da resistência à tração ASTM D4632 kN
Contenção da força de alongamento ASTM D4632 %
Tamanho de abertura aparente ASTM D4751 mm
(AOS)
Punção (CBR) ASTM D6241 kN

(194)
Resistência à tração (MD) EN ISO 10319 kN/m
Tensão na carga máxima EN ISO 10319 %
Resistência à tração (CD) EN ISO 10319 kN/m
Tensão na carga máxima (CD) EN ISO 10319 %
Permeabilidade - normal ao plano EN ISO 11058 8 m/sec
Resistência à punção estática - EN ISO 12236 kN
Tamanho do poro de abertura O90 EN ISO 12956 mm
Resistência à Punção Dinâmica - EN ISO 13433 mm
Queda do Cone

Observe que os testes de contenção caracterizam as propriedades de tracção de curto


prazo de geotêxteis. Para determinar as propriedades de tracção de geotéxteis sob carga
sustentada de longo prazo e deformações, os testes de tensões de deformação e roptura
devem ser realizados.

4.11.1 Desenvolvimento de parâmetros de dimensionamento

A aplicação do reforço geossintético nas rodovias reduzirá significativamente as tensões


verticais transferidas para a base e leito, o que deve resultar em benefícios de longo prazo
para essas camadas. Contudo, o desempenho do geossintético como reforço do pavimento
depende da caracterização do material tal como a posição do reforço, rigidez à tração e
alongamento.
Embora muitos produtos possam parecer semelhantes, as características dos materiais
podem variar muito entre os materiais. É importante verificar se os materiais entregues
num local do projecto são consistentes com os requisitos de projecto.
Para o projecto de drenagem subterrânea, são necessárias informações sobre a
granulometria e densidade do solo nas proximidades do dreno geossintético, bem como
detalhes sobre as prováveis fontes de água para o dreno, incluindo lençóis freáticos. Para
sistemas superficiais, os furos manuais serão adequados para esta avaliação. Para
sistemas de drenagem atrás de muros de contenção, poços de teste podem ser
necessários. Em geral, a investigação geotécnica do local conduzida para a própria
estrutura será adequada para o dimensionamento da drenagem. Geralmente, os
geotéxteis de tecido exibem características de permeabilidade pobres em comparação com
os geotéxteis não de tecido correspondentes.
Em geral, para a estabilização e separação do solo, os resultados dos testes de furos
manuais conjugados com de Deflectómetro de Impacto Pesado (FWD), serão adequados
para fins de projecto. Para solos do leito extremamente moles, dados de resistência ao
corte do leito podem ser necessários para permitir que um projecto de reforço do leito
seja conduzido.
Para o controle permanente da erosão, as características de granulometria do solo abaixo
da camada de geotêxtil e a medição da água subterrânea são importantes para o
dimensionamento geossintético. Furos de teste ou poços de teste serão necessários em
locais-chave onde os geotéxteis de controlo da erosão permanente podem ser usados.
Para o dimensionamento da geomembrana, geralmente são necessárias informações sobre
a água subterrânea e sobre a granulometria do solo. Se a geomembrana for colocada num
talude, os dados geotécnicos necessários para investigar a estabilidade do talude deverão
ser obtidos.
Os materiais também devem ser colocados devidamente, na direção correcta, com
ligações correctas (costura, soldagem, sobreposição, aperto, etc.) de acordo com as
especificações do projecto para garantir que a intenção do projecto seja atendida.

(195)
4.11.2 Requisitos de dimensiomento
Os aterros reforçados com geossintéticos podem ser projectados usando os princípios de
taludes de solo reforçados. Os requisitos de aterros de solo reforçados, Secção 4.4.2.1,
devem ser aplicados.
Recomenda-se que a ANE, IP, faça o uso do manual FHWA nº FHWA HI-95-038
"Dimensionamento Geossintético e Diretrizes de Construção - Caderno do Participante"
(Holtz, et al., 1995), além das secções aqui referenciadas acima.

(196)
5 Melhoria do solo

5.1 Objectivo
Há uma série de técnicas destinadas a alterar as condições desfavoráveis discutidas na
Secção 3.5.2 para as mais adequadas para apoiar o pavimento da estrada, garantir a
estabilidade, operacionalidade e desempenho de estruturas geotécnicas ou fazer o uso de
material in-situ para construção de aterros. A melhoria do solo visa atingir um ou mais
dos seguintes aspectos:
• aumentar a resistência ao corte e a resistência de carga,
• aumentar a densidade e, portanto, melhorar a trabalhabilidade e uso dos materiais
de aterro
• diminuir a permeabilidade,
• controlar as deformações (assentamento, elevação, distorções),
• melhorar a drenagem,
• acelerar a consolidação e o ganho de resistência ao cisalhamento do solo,
• diminuir as cargas impostas,
• fornecer estabilidade lateral
• melhorar a estabilidade do talude para a mitigação do deslizamento de terra,
• transferir cargas de aterro para camadas de subsolo mais competentes.

5.2 Parâmetros de projecto e dados de entrada para análise de


melhoria do solo
Em geral, a planificaçâo de um sistema de melhoramento do solo requer informações
específicas do solo que precisam ser enfatizadas, dependendo da técnica de melhoramento
do solo a ser implementada. As seguintes informações são necessárias:
• Informações geotécnicas detalhadas apresentadas na Secção 3.3.
• Condições de carregamento de estruturas, incluindo carga de tráfego
• Assentamento total e diferencial admissível de estruturas geotécnicas
• Conhecimento do local do projecto e o respectivo ambiente, as várias condições
encontradas ao longo da extensão e largura da fundação da estrada
• Detalhes dos vários sistemas de melhoria do solo disponíveis.

5.3 Técnicas de melhoria do solo

5.3.1 Técnicas de melhoria do solo e suas aplicações


Existem várias técnicas destinadas a alterar as condições desfavoráveis discutidas na
Secção 3.5.2 a fim de fornecer estabilidade aprimorada ou desempenho de assentamento.
• Técnicas de vibrocompactação, como colunas de pedra e vibro-flutuação, e outras
técnicas que usam sondas vibratórias que podem ou não incluir a compactação de
saibro no furo criado para ajudar a densificar o solo
• Compactação dinâmica profunda
• Densificação da dinamitação
• Reforço geossintético de aterros
• Drenos de pavio, colunas de areia e métodos semelhantes que melhoram as
características de drenagem do subsolo e, assim, ajudam a remover o excesso de
pressão dos poros que pode se desenvolver sob carga aplicada ao solo
• Técnicas de injecção de argamassa e substituição de solo por argamassa, como
reposição por compactação, jacto de reposição e mistura profunda de solo
• Tratamento de solos com cal ou cimento para melhorar a sua resistência ao corte
e características de trabalhabilidade

(197)
• Cimentação da permeação e congelamento do solo (apenas aplicações
temporárias)

Cada um desses métodos tem limitações quanto à sua aplicabilidade e o grau de melhoria
possível. A Tabela 5-1 fornece um resumo das técnicas de melhoria do solo para várias
condições geológicas e aplicações.

Tabela 5-1: Resumo das técnicas de melhoria do solo (Hunt, 1986)


Condições Técnica Aplicação

De granulometria baixa Aterro de areia Minimizar o assentamento da


compactada estrutura

Escavar e repor Minimizar o assentamento da


Superficial
estrutura
Aterros Compactação dinâmica Reduzir o assentamento da
Diversos estrutura
Profundo
Colunas de areia Reduzir o assentamento da
estrutura

Escavar e repor Minimizar o assentamento da


Superficial estrutura
Geotéxteis Apoiar aterros baixos
Sobrecarga Reduzir o assentamento da
estrutura
Profundo Geotéxteis Apoiar aterros baixos
Colunas de areia Reduzir o assentamento da
estrutura
Orgânicos
Sobrecarga Reduzir o assentamento da
estrutura
Compactação dinâmica Reduzir o assentamento da
estrutura
Enterrado
Reposição por Travar o assentamento da
compactação estrutura existente
Colunas de areia Reduzir o assentamento da
estrutura

Escavar e aterrar Minimizar o assentamento da


Superficial estrutura
Geotéxteis Apoiar aterros baixos
Sobrecarga Reduzir o assentamento da
estrutura
Argilas moles
Geotéxteis Apoiar aterros baixos
Profundo Colunas de areia Reduzir o assentamento da
estrutura
Colunas de cal Reduzir o assentamento da
estrutura

(198)
Sobrecarga Reduzir o assentamento da
estrutura
Compactação dinâmica Reduzir o assentamento da
estrutura
Reposição por Travar o assentamento da
Enterrado
compactação estrutura existente
Colunas de areia Reduzir o assentamento da
estrutura
Colunas de cal Reduzir o assentamento da
estrutura

Aditivo de saibro Base, sub-base, pavimento de


baixa qualidade
Mistura de cal Estabilizar a base e a sub-base
Argilas superfíciais
da estrada
Congelamento Travamento temporário do
assentamento

Escavar e aterrar Minimizar o assentamento da


estrutura
Superficial Mistura de sais Pó paliativo
Compactação de Aumentar a capacidade de
superfície suporte
Sobrecarga Reduzir o assentamento da
Sedimentos
estrutura
soltos
Colunas de pedra Aumentar a capacidade de
Profundo
suporte
Electro-osmose Aumentar temporariamente a
resistência do talude
Pontos de vácuo do poço Melhorar a estabilidade do
Enterrado
fundo da escavação

Compactação superficial Aumentar a capacidade de


suporte
Aditivo de cimento Base, sub-base, pavimento de
Superficial
baixa qualidade
Mistura de betume Base, sub-base, pavimento de
baixa qualidade
Vibroflutuação/Terra- Aumentar a capacidade de
Areias soltas
sonda suporte
Compactação dinâmica Aumentar a capacidade de
suporte
Profundo
Colunas de pedra Aumentar a capacidade de
suporte
Pontos do poço Aumentar a estabilidade da
inclinaçâo do talude de corte

(199)
Congelamento Estabilidade temporária para
escavação
Reposição por Travar o assentamento da
penetração estrutura existente
Enterrado
Congelamento Estabilidade temporária para
escavação

Pré-carregamento com PVDs


Conforme apresentado na Secção 4.3.7.2, o índice lento de consolidação nas argilas
saturadas de baixa permeabilidade pode ser acelerado por meio de drenos verticais que
encurtam o caminho de drenagem dentro da argila. O pré-carregamento é uma das
técnicas de melhoria de solo mais comuns para solos moles. A aplicação do método de
pré-carregamento é quase sempre combinada com o uso de drenos verticais. Drenos
verticais pré-fabricados (PVDs) são geralmente usados e tendem a ser mais económicos
do que drenos reaterrados para uma determinada área de tratamento.
É essencial para um projecto bem-sucedido que os factores que afectam as consolidações
do solo ao redor dos PVDs sejam levados em consideração. Os factores incluem
parâmetros do solo, ch e kh, o coeficiente de consolidação e permeabilidade do solo na
direção horizontal, respectivamente, o diâmetro da zona de fricção, ds e ks,
permeabilidade da zona friccionada e as propriedades de PVD. Os drenos são normalmente
instalados num padrão quadrado ou triangular. Os blocos prismáticos verticais de solo ao
redor dos drenos são substituídos por blocos cilíndricos, de diâmetro D, tendo a mesma
área da secção transversal (Figura 5-1).

Figura 5-1: Relação do espaçamento do dreno (S) com a zona de influência do


dreno (D) (Rixner et al., 1986)

O efeito de fricção é afectada pelas propriedades do solo. Da Figura 5-1, o padrão


triangular equilátero, o diâmetro do cilindro de influência (D), é 1,05 vezes o espaçamento
entre cada dreno. No padrão quadrado, D é 1,13 vezes o espaçamento entre os drenos.
Das Equações 4-91 e 4-92, o factor de tempo para a consolidação devido à drenagem
radial é dado por:

(200)
ch t
Th = Equação 5-1
D2
A equação 5-1, onde ch é o coeficiente de consolidação do solo na direção horizontal, t é
o tempo, D é o diâmetro do cilindro do solo desidratado por um dreno que está relacionado
ao espaçamento do dreno, mostra que quanto mais próximo o espaçamento de drenos,
mais rápido será o processo de consolidação devido aos proveitos de drenagem radial.
O tempo (t) é a duração necessária para atingir o grau médio de consolidação desejado
(Uh) para um determinado diâmetro de influência do dreno (D) e diâmetro do dreno (d).
Tipicamente, para atingir aproximadamente 90 por cento de consolidação em 3 a 4 meses,
os projectistas costumam escolher espaçamentos de drenos entre 1 a 1,5 m em argilas
homogêneas, 1,2 a 1,8 m em argilas sedimentares e 1,5 a 2,0 m em solos mais grossos.

5.3.2 Processo de identificação de técnicas apropriadas


A Tabela 5-2 descreve o processo para auxiliar na identificação do(s) método(s) de
melhoria do solo mais apropriado(s) para as condições prevalecentes.

Tabela 5-2: Processo de dimensionamento da melhoria do solo (NYSDOT, 2013)


Passo Processo
1 Realize investigações de subsolo no local do projecto. Identifique potenciais
condições pobres de solo, incluindo a extensão e o tipo de impacto negativo.
Identifique as variáveis que causam as condições inaceitáveis do subsolo
(Seção 3.5.2)
2 Identifique ou estabeleça os requisitos de desempenho do material
subterrâneo inaceitável
3 Identifique e avalie qualquer espaço, altura ou restrições ambientais
4 Avalie as condições subterrâneas - tipo, profundidade e extensão de solo
pobre, bem como profundidade do lençol freático e avalie a resistência ao corte
e potencial de compressibilidade (Seção 2.3)
5 Faça a selecção preliminar de metódo(s) de melhoria do solo – leva em
consideração o critério de desempenho, limitações impostas pelas condições
subterrâneas, programa e restrições do local ou ambeintais, e quantidade e
tipo de melhoria necessária (Consulte a Tabela 5-1 e use Tabela 5-3 para esse
passo de processo de selecção).
6 Projecto preliminar baseado em cada método apropriado de melhoria do solo
7 Comparação e selecção - a seleção final é baseada no desempenho,
construtibilidade, custo e quaisquer outros factores relevantes do projecto.

(201)
Tabela 5-3: Estratégia, funções e métodos de melhoria do solo (NYSDOT, 2013)
Estratégia Função Método
Acelerar o assentamento primário e/ou a • Drenos
resistência ao corte e o aumento da capacidade
Consolidação verticais
de carga, ou controle de deformações não
uniformes ou excessivas • Sobrecarga
temporária

Aumentar a capacidade de carga e a resistência • Vibro-


Adensamento ao corte de solos granulares. Diminuir o compactação
assentamento e aumentar a resistência à • Compactação
liquefação e ao movimento lateral ou controlar
Dinâmica
as deformações não uniformes ou excessivas
• Sobrecarga
temporária
Mistura Aumentar a capacidade de carga e a resistência • Métodos de
Profunda de ao corte; diminuir o assentamento e/ou mistura húmida
Solo fornecer estabilidade lateral e controle de • Métodos de
infiltração e resistência à liquefação e
mistura a seco
movimento lateral
Reposição da Para preencher vazios, aumentar a resistência • Injecção de
ligação ao corte e a capacidade de suporte, melhorar o Cimentação
controle de infiltração e diminuir o • Reposição por
assentamento Compactação
• Jactos de
ligação
Redução de Reduzir o assentamento e controlar as • Enchimentos
carga deformações não uniformes ou excessivas leves
Transferência Diminuir o assentamento, melhorar a • Aterro com
de carga resistência ao carregamento dinâmico ou suporte de
movimento lateral, controlar deformações não coluna (CSE)
uniformes ou excessivas
Reforço Aumentar a resistência ao corte, resistência à • Colunas de
liquefação e movimento lateral e diminuir o pedra
assentamento

5.3.3 Vantagens e desvantagens das técnicas de melhoria do solo


Existem vantagens e desvantagens para os diferentes métodos de melhoria do solo que
também devem ser consideradas durante a selecção do método. Essas vantagens e
desvantagens são indicadas na Tabela 5-4.

(202)
Tabela 5-4: Vantagens e desvantagens dos métodos de melhoria do solo
Método Vantagens Desvantagens
Mudança na Requer menor capacidade Maiores quantidades de aterro
Geometria do de carga para suportar o necessários.
Aterro aterro. Pode usar matarial Maior ocupação de terras.
do Pode aumentar assentamentos
aterro de granulometria
inferior nos bordos
de aterros
Aterro apoiado em Assentamento de aterro A cravação de estacas pode afectar a
estacas muito reduzido. estabilidade de estruturas existentes
Redução ou
de cargas laterais em aterros. As estacas são
estacas de pilar devido aos propensas de serem afectadas por
movimentos do solo fricção negativa da superficie.
O geotéxtil pode ser
necessário para fornecer restrição
lateral
nos bordos de aterro
Escavação e Capacidade de carga Escavação pode ser
substituição aumentada. difícil abaixo do
Redução de nível de água subterrânea.
assentamentos O solo mole remanescente
pode causar
assentamentos diferenciais. A
disposição
de solo escavado pode
ser um problema.
A colocação do aterro
abaixo do nível da água
requer consideração cuidadosa.
Os efeitos de
escavação temporária nas
estruturas próximas devem ser
considerados.
Jacto de ligação Maior capacidade de carga Produto final
e assentamentos dependente de
reduzidos. propriedades de solo existente. A
Colunas interligadas eliminação de
podem efluente é necessário
fornecer fundações de
maior capacidade de carga
Aterros leves Requer menor O poliestireno requer
capacidade de proteção contra gasolina, fogo
compactação para apoiar o e luz UV.
aterro. Assentamentos PFA é suscetível à geada e
reduzidos. Pressões de pode inibir o crescimento das
terra reduzidos sobre a plantas.
estrutura. PFA difícil de manusear
quando molhado.
Argila expandida difícil de
compactar em situações não
confinadas

Colunas de cal Maior capacidade de carga Resistência da coluna

(203)
e assentamentos sensível a química do solo,
reduzidos. particularmente
As colunas funcionam pH e alto teor de água.
como drenos para Resistências medidas no
aumentar a taxa de campo e no laboratório
assentamento podem ser diferentes
Pré-carregamento Redução da proporção de Pode ser demorado.
consolidação e Necessário o tratamento duplo do
assentamentos aterro. fiabilidade dos parâmetros de
secundários. A resistência dimensionamento
do solo aumenta. para cronometrar o pré-
O preenchimento de baixo carregamento
grau pode ser usado para requerido
pré-carregamento
Reforço do aterro Aumenta a capacidade de Os assentamentos totais podem não
carga ser reduzidos. O deslizamento pode
reduzindo tensões laterais reduzir a resistência de reforço do
do solo do aterro. Reduz longo prazo.
movimentos laterais Precisa evitar danos por
adjacentes do equipamento de construção.
aterro. Pode reduzir Requer protecção contra
assentamentos a luz UV e alguns
diferenciais produtos químicos
Estacas-pranchas Aumenta a capacidade de Necessidades de protecção contra
carga corrosão devem ser consideradas.
por tensões laterais no Perturbação de fluxos de águas
solo. subterrâneas. Assentamentos totais
Reduz os movimentos podem não ser reduzidos
laterais
adjacentes ao aterro
Deslocamento do Nenhuma escavação Grandes quantidades de aterro
solo necessária. necessários. Inadequado
Material levantado nas para depósitos espessos de
laterais do solo mole. Bolsas
aterro pode melhorar de solo mole podem
capacidade de carga ficar presos e
causar
assentamentos diferenciais. O aterro
deve ser contínuo
para evitar o aumento em
força do solo na ponta

Construção em Alturas aumentadas do Pode ser demorado.


fases aterro e ângulos de aterro Instrumentação no solo
mais íngremes requerida.
podem ser alcançados Monitoramento regular de dados
necessário
Colunas de pedra Maior capacidade de carga Métodos húmidos produzem
e assentamentos grandes quantidades de
reduzidos. efluente. Métodos secos
Colunas de pedra actuam não são adequados para
como solos muito moles
drenos verticais
aumentando a
taxa de consolidação

(204)
Sobrecarregamento Redução da proporção de Pode ser demorado. Capacidade de
consolidação e carga
assentamentos deve ser
secundários suficiente para tolerar o
aumento da altura do aterro.
Fiabilidade dos parâmetros de
dimensionamento
para sincronizar a
duração da sobrecarga
requerida
Drenos verticais Redução no tempo para Deve ser usado em
assentamentos do aterro conjunto com
para ocorrer depois do aplicação de carga para
aterro ter sido o solo. Efeitos de
colocado elevação, mancha, entupimento
e capacidade de descarga
precisam ser considerados
Colunas de betão Maior capacidade de carga Acesso necessário para
vibrado e assentamento reduzido fornecimento de betão

(205)
Capítulo 6
Manual de Dimensionamento Geotécnico
Investigação durante a construção

6 Investigação durante a construção

6.1 Introdução
As observações e testes devem ser realizados durante a construção. Isso permitirá a
modificação das recomendações do engenheiro geotécnico, no caso em que as condições
reais e encontradas durante a construção variam daquelas previstas com base no
programa de sondagem do subsolo.

6.2 Instrumentação in-situ e monitoramento


A instalação de instrumentação no local e a adopção de um programa de monitoramento
ajudam a documentar o comportamento; esta informação pode então ser usada para
desenvolver um dimensionamento geotécnico para um projecto, ajustar um projecto
existente, ajustar ou responder às actividades do empreiteiro, ou melhorar projectos
futuros. Em alguns casos, a instrumentação e o monitoramento são recomendados para
um projecto de modo a apoiar a pesquisa, o desenvolvimento ou a implementação de
técnicas ou processos de construção.
Certos tipos de projectos requerem monitoramento de qualidade. Os exemplos incluem:
• pré-carregamento e sobrecaregamento para a mitigação do assentamento
• estudos do nível da água subterrânea
• avaliação da estabilidade do talude
• índice de deslizamento de terra e monitoramento da sua magnitude (incluindo
movimentos de rocha)
• teste de carga
• monitoramento da saúde estrutural (e geotécnica).

O monitoramento permite a confirmação do comportamento previsto do projecto, e pode


fornecer informações valiosas se houver desvios do desempenho esperado, mostrar que o
prpojecto está a funcionar conforme o esperado, o que é sempre um resultado pouco
apreciado. As informações podem ser benéficas como uma validação da prática de
dimensionamento actual se os parâmetros monitorados concordarem com as expectativas.
Se as condições não forem comuns, isso frequentemente pode levar a percepções
adicionais úteis; se o desempenho for inadequado, um programa de mitigação será
necessário.
Todas as principais partes interessadas compartilham a responsabilidade de gerir a
instrumentação e o monitoramento durante a construção. Os documentos de construção
devem especificar que o empreiteiro tem a responsabilidade primária pelas interpretações
e deve gerir o fluxo de dados de monitoramento em todos os momentos e enviá-los ao
engenheiro supervisor.
Um valor provisório de 1,0% a um máximo de 2% do custo total do projecto deve ser
alocado para o esquema de instrumentação e monitoramento durante a construção

6.3 Fontes de materiais de terraplenagem


As fontes de materiais de construção de estradas devem ser identificadas dentro de uma
distância de transporte económica e devem estar disponíveis em quantidade e qualidade
suficientes para os fins pretendidos.
Quaisquer dados de origem de materiais existentes na área do projecto são colectados e
revistos. Nas áreas do projecto onde os locais de materiais estão actualmente localizados,
os dados que devem ser revistos e avaliados durante a fase de construção incluem:
• Geologia do local, o mapeamento existente, relatórios, etc.

(206)
Capítulo 6
Manual de Dimensionamento Geotécnico
Investigação durante a construção

• Fotografias aéreas, cobertura LIDAR


• Testes de qualidade anteriores e histórico de produção dos locais de origem dos
materiais
• Drenagem superficial e subterrânea na área do local
• Flutuações no lençol freático, incluindo poços de água localizados em terrenos
adjacentes que podem ser afectados por essas flutuações ou teor de humidade do
depósito
• Reivindicações feitas por proprietários de terrenos adjacentes
• Reclamações da contratada, incluindo a sua resolução final
• Uso do local para obter materiais para a manutenção futura

Para os requisitos do material de construção, deve-se consultar a Secção 5.2.2 do Manual


de Investigação de Campo 2019 para obter mais detalhes.

6.4 Garantia de qualidade durante a construção


Esta actividade tem como objectivo avaliar o desempenho de campo, particularmente se
a estratigrafia do local ou as propriedades do material não foram bem definidas, ou se
havia uma grande quantidade de incertezas no projecto geotécnico, ou se o projecto de
construção envolve grandes mudanças no ambiente do local (tais como escavação ou
bombeamento). A instrumentação instalada durante a construção pode ser útil para esse
propósito.
O monitoramento geotécnico mais comum usado durante a construção envolve:
• Monitoramento de ruído e vibração
• Monitoramento de assentamento
• Nível do lençol freático e monitoramento do fluxo de água
• Teste de carga estática para controle de construção

A cravação de estacas, instalação de poço perfurado e estacas fundidas com trado, e a


execução de muitas técnicas de melhoria do solo onde o equipamento é monitorado e
exibido em tempo real, são actividades típicas que podem ser facilmente monitoradas
durante a construção.
Os aterros temporários e permanentes, pré-carregamentos do solo e operações de
sobrecarregamento do solo são monitorados para garantir que o sistema funciona
conforme o previsto. No caso de pré-carregamentos e sobrecarregamento de solo, o
monitoramento é geralmente usado para determinar a magnitude e o comportamento do
índice do tempo da obra.
O monitoramento deve ser instituído o mais cedo possível durante as operações de
escavação e carregamento, de modo que o assentamento máximo do aterro (e qualquer
ressalto) seja capturado como parte do programa de monitoramento. Programas de
monitoramento mal planeados têm maior probabilidade de levar a omissões.
O assentamento real de fundações superficiais também é de interesse. Devido aos efeitos
de escala e métodos de construção, o assentamento previsto e medido de grandes
fundações frequentemente difere. A colecta de dados de campo em escala real é útil para
o projecto de dimensionamento em questão e para o uso em estudos maiores de
desempenho de fundações superficiais. A escolha dos sistemas de medições deve levar
em consideração a magnitude das medições esperadas, com precisão e exactidão
relativamente altas exigidas para medições pequenas.
O propósito das actividades de controle de qualidade é fornecer informações oportunas
para que o empreiteiro monitore e oriente cada processo de produção ou colocação. Os
dados colectados durante o monitoramento para certas características de qualidade
também podem ser usados na decisão de aceitação final.

(207)
Capítulo 6
Manual de Dimensionamento Geotécnico
Investigação durante a construção

As actividades mínimas de controle de qualidade do empreiteiro são definidas no contrato


de construção. O empreiteiro é responsável por estabelecer, implementar e manter um
plano de controle de qualidade para gerir, controlar, documentar e garantir que o trabalho
esteja em conformidade com os requisitos dos documentos do contrato.

(208)
7 Considerações pós-construção e monitoramento

7.1 Aspectos geotécnicos em assuntos de manutenção


Um programa deve ser implementado para possíveis ações correctivas usadas para
resolver problemas de manutenção de emergência. O programa deve abordar situações
de instabilidade do solo específicas do local, o uso apropriado, a quantidade e a extensão
do trabalho e, a incorporação de elementos de especificação deve ser determinada.
É responsabilidade da ANE, IP rever o local e as informações disponíveis para determinar
a origem e a extensão do problema, confirmando que questões mais profundas do subsolo
não são a causa, e o uso do detalhe é adequado. Normalmente, os sinais de alerta precoce
podem alertar os funcionários de manutenção para ficarem atentos sobre um talude
instável. Isto pode incluir o exame detalhado dos movimentos do solo no local e nas
proximidades, observação de fissuras com deslocamento vertical no topo ou elevação
perto da ponta do talude, susceptibilidade em relação à libertação da massa, por exemplo
abertura de rachas, disponibilidade de material de detritos soltos. Se a instabilidade for
identificada no seu estágio inicial, ações podem ser tomadas para evitar o movimento
adicional, prevenir falhas graves e economizar o custo de reparação.

7.2 Instrumentação e monitoramento

7.2.1 Objectivo

Existem casos em que a instrumentação é instalada para ajudar a identificar se há


impactos no desempenho decorrentes de um problema de construção. Após a construção
das obras geotécnicas e estruturais, é de interesse acompanhar o desempenho da obra
construída ou dos solos circundantes. O monitoramento do desempenho pós-construção é
usado para avaliar o comportamento das obras construídas para validação do projecto ou
como parte de projectos de pesquisa. Em alguns casos, um programa de monitoramento
que é iniciado na fase de construção pode continuar em serviço após a construção.

7.2.2 Tipos de instrumentos usados para monitorar o desempenho geotécnico


Existe uma grande variedade de técnicas para medir parâmetros geotécnicos de interesse
para projectos de construção. Alguns métodos requerem tempo e esforço para ler os
sensores in-situ, enquanto outros sistemas são totalmente automatizados. Os seguintes
são exemplos:
• Células de pressão (Terrestre/Total)
• Medidores de Rachas
• Sensores de Deflexão/Deformação
• Ponto de Accionamento (Tubo Vertical e Fio Vibratório)
• Inclinômetros Horizontais, Inclinômetros In-situ
• Células de Carga
• Piezômetros (Tubo Vertical, Ponto de Accionamento e Electrónico)
• Placas de Assentamento
• Técnicas Especializadas: Reflectometria no Domínio do Tempo (TDR), Detecção de
Luz e Alcance (LiDAR)
• Manómetros de Deformação Especializados: Geossintético do Sensor de Deformação
Óptico
• Piezômetros de Tubo Vertical
• Manómetros de Deformação (Resistência, Fio Vibratório e Fibra Óptica)
• Medidores de Inclinação
• Indicadores de Inclinação Vertical (Inclinômetros Automatizados no Local)
• Indicadores de Inclinação Vertical (Manuais)

(209)
Nem todos os projetos exigirão monitoramento de desempenho. No entanto, para casos
como quando grandes aterros são construídos ou taludes instáveis devem ser remediadas,
é uma boa prática desenvolver um programa de monitoramento.

(210)
8 Uso de programas de computador
Os programas de computador fornecem um meio de análise detalhada eficiente e rápida
de uma grande variedade de geometria de taludes e condições de carga. Os programas
estão disponíveis para interpretar a orientação da fractura nas amostras recolhidas e para
análises de assentamento do solo. É importante que o usuário compreenda a base do
programa e os dados de entrada necessários. A Tabela 8-1 lista exemplos de programas
e áreas de aplicação.
No entanto, o seguinte deve ser lembrado ao usar qualquer programa de computador (ERA
2013)
• Um conhecimento profundo das capacidades do programas e conhecimento da
teoria dos métodos de análise de estabilidade do declive de equilíbrio limite é
importante para determinar se o programa é apropriado para qualquer situação.
• O programas analisam a geometria de falha que reflecte razoavelmente a condição
real. Uma compreensão dos possíveis modos de falha é crucial para a aplicação
bem-sucedida do resultado da análise. Isso é particularmente importante em perfis
onde o modo de falha é determinado por factores geológicos. Falhas de colúvio
sobre o leito rochoso ou falhas em rochas desgastadas ocorrem mais
frequentemente ao longo das superfícies ditadas pela estrutura. Nesses casos,
geralmente não ocorrem falhas circulares, e uma análise não circular superficial é
apropriada.
• O programa analítico usado deve ser compatível com os elementos críticos do
problema do talude a ser investigado, por exemplo, condição de drenagem,
condição de carregamento ou estratificação de materiais dentro da massa de solo-
rocha.
• A resistência ao corte e os parâmetros adequados da água dos poros devem ser
usados para as análises. Nos casos em que a precisão dos parâmetros estiver em
dúvida, é apropriado realizar uma análise de sensibilidade para determinar os
efeitos sobre o factor de segurança das variações desses parâmetros. A análise
posterior de falhas semelhantes existentes também pode ser um problema a ser
considerado.
• Muitas vezes é recomendado verificar os resultados dos programas de computador,
se possível, manualmente ou por métodos de planilha. Se isso não for possível,
uma verificação paralela da amostra usando outro programa é recomendada. Os
resultados do programa devem ser verificados para garantir que os mesmos sejam
razoáveis e consistentes. Os Itens importantes a serem verificados incluem o peso
dos pedaços, as propriedades de resistência ao corte e as pressões da água dos
poros na parte inferior dos pedaços. O usuário deve ser capaz de determinar se a
superfície de deslizamento crítica passa pelo material relevante.
• Qualquer esquema de pesquisa usado nos programas de computador é restrito a
investigar um número finito de superfícies deslizantes. Além disso, a maioria desses
esquemas é projectada para localizar uma superfície de deslizamento com um
factor de segurança mínimo. Os esquemas podem não ser capazes de localizar mais
de um mínimo local. Os resultados das pesquisas automáticas dependem do ponto
de início da pesquisa e de quaisquer restrições impostas sobre como a superfície
deslizante se move. As pesquisas automáticas são geralmente controladas pelos
dados que o usuário insere no programa. Independentemente do programa usado,
uma série de pesquisas separadas devem ser realizadas para garantir que o factor
de segurança mínimo foi calculado.

(211)
Tabela 8-1: Exemplos de produtos de software e áreas de aplicação
Produto de Software Aplicação

Geoslope – SLOPE/W Programa de estabilidade de taludes para taludes de solo


e rocha. Pode analisar efectivamente problemas simples
e complexos para uma variedade de formatos de
superfície de deslizamento, condições de pressão da
água dos poros, propriedades do solo e condições de
carregamento.
Software Golden – Surfer O Strater fornece os meios para visualizar e analisar
(2D/3D), Grapher, e rapidamente os dados do subsolo, bem como registos,
Strater; furos de sondagem e seções transversais.
PLAXIS. Usado para projectar e realizar análises de elementos
finitos avançados de deformação e estabilidade do solo e
rocha, bem como a interação da estrutura do solo e o
fluxo de água subterrânea. Possui modelos constitutivos
avançados para a simulação do comportamento não
linear e dependente do tipo dos solos. Aplicar pressões
hidrostáticas e não hidrostáticas dos poros, modelar
estruturas e a interação entre as estruturas e o solo,
incluindo projectos de todos os tipos, como escavações,
fundações, túneis de aterro e muito mais.
Rocscience – RS2, RS3, Um programa de análise de elementos finitos de uso
geral projectado para análise 3D de estruturas
geotécnicas. Aplicável para rocha e solo, para escavações
subterrâneas, escavação de superfície, projecto de túnel
e suporte, projecto de fundação, aterros, consolidação,
infiltração de água subterrânea,
Settle3 Um programa tridimensional para a análise de
consolidação vertical e assentamento sob fundações,
aterros e cargas superficiais.
Slide2 Slide2 é um programa de estabilidade de taludes 2D para
avaliar o factor de segurança ou probabilidade de falha
de superfícies de falha circulares e não circulares no solo
ou taludes de rocha.
Pode ser usado para analisar a estabilidade de superfícies
de deslizamento usando corte vertical ou métodos de
limite de equilíbrio de corte não vertical, conforme
discutido na Seção 4.3.5.9, como Bishop, Janbu, Spencer
e Sarma, entre outros.
Superfícies de deslizamento individuais podem ser
analisadas ou métodos de pesquisa podem ser aplicados
para localizar a superfície de deslizamento crítica para
um determinado declive. Os usuários também podem
realizar análises determinísticas (factor de segurança) ou
probabilísticas (probabilidade de falha).
Slide3D O Slide3D permite que os engenheiros geotécnicos
calculem o factor de segurança de geometrias complexas
de estabilidade de taludes 3D que os modelos 2D não
podem simular totalmente. Modela geometrias
avançadas como deslizamentos de terra, paredes MSE,
taludes apoiados por pregos de solo
SWedge Ferramenta de análise para avaliar a geometria e
estabilidade de cunhas de superfície em taludes de rocha

(212)
RockWare – Rockworks 3D Usado para criar mapas 2D e 3D, registos e seções
and Logplot transversais, modelos geológicos, diagramas geológicos
gerais.
RocPlane, RocFall, RocData Kit de ferramentas de análise de talude de rocha para
análise e projecto de estabilidade de cunha plana.
Ferramenta especialmente útil para analisar a
estabilidade da bancada em minas a céu aberto e taludes
de rocha.

(213)
9 Relatórios e documentação geotécnica

9.1 Requisitos gerais


Um relatório geotécnico visa reunir as informações sobre os princípios fundamentais por
trás das investigações, as técnicas utilizadas para caracterizar o solo e as propriedades da
rocha, quantificar o comportamento mecânico do solo e da rocha e interpretar os dados
geotécnicos obtidos e as recomendações para aplicação no projecto, para fins de
comunicação com o pessoal de projecto e construção. O relatório e a documentação dos
dados colectados durante a investigação do local, a identificação das características gerais
do local e as condições do subsolo, bem como as recomendações para análises e projectos
de engenharia, devem ser devidamente preparados e formatados para abordar os
aspectos geotécnicos e objectivos de cada estrutura específica ou elemeto geotécnico no
projecto.
Diferentes relatórios são produzidos dependendo do estágio do projecto e da dimensão
das informações necessárias. O relatório pode ser apenas um levantamento preliminar do
solo, ou uma apresentação de dados geotécnicos, em comparação com o Relatório
Detalhado de Engenharia Geotécnica. Os relatórios geotécnicos podem ser divididos em
relatórios de nível preliminar e final, conforme discutido abaixo.

9.2 Requisitos de Conteúdo do Relatório Geotécnico

9.2.1 Relatório preliminar


Este deve ter o propósito de fornecer subsídios geotécnicos no estágio inicial de
desenvolvimento do projecto e estudos de reconhecimento (pré-viabilidade, viabilidade e
possivelmente até estágios de projecto preliminar). As actividades necessárias realizadas
durante as fases iniciais do projecto dependem da complexidade do projecto. Assim, o
conteúdo dependerá para que efeito o relatório está sendo preparado, por exemplo,
investigação de falha prematura de um pavimento da estrada ou necessária para uma
avaliação rápida ou evento de reparação de emergência, como ocorrência de deslizamento
de terra ou queda de rocha. Em geral, os relatórios de nível preliminar devem conter os
seguintes elementos:
• Uma descrição geral do projecto, elementos do projecto e histórico do
projecto;
• Um breve resumo da geologia regional e local. A quantidade de detalhes
incluídos dependerá da natureza do projecto;
• Um resumo da sondagem de campo e dos testes laboratoriais realizados;
• Uma descrição das condições de solo e de rocha do projecto. Para
relatórios de projecto preliminar nos quais novas sondagens foram obtidas, os
perfis de solo para características-chave do projecto (por exemplo, pontes,
paredes de contenção, etc.) podem precisar de ser desenvolvidos. As informações
devem ser transmitidas de forma que a localização dos furos e a estratigrafia
sejam apresentadas de forma significativa;
• Um resumo dos riscos geológicos identificados que podem afectar a
concepção do projecto (por exemplo, deslizamentos de terra, queda de rochas,
fluxos de detritos, liquefação, solo mole, solos expansivos, riscos sísmicos, etc.);
• Um resumo das recomendações geotécnicas preliminares;
• Apêndices que incluem quaisquer registos de perfuração e dados de teste de
laboratório obtidos, perfis de solo desenvolvidos, quaisquer dados de campo
obtidos e quaisquer fotografias.

(214)
9.2.2 Relatórios de Projeto Geotécnico de Nível Final

O relatório geotécnico final é um produto gerado com base numa análise de estudo
documental de dados geotécnicos existentes, uma avaliação geológica detalhada do local,
investigação completa do subsolo e programas de laboratório e análises e interpretações
detalhadas. O conteúdo do relatório dependerá do tamanho e complexidade do projecto
ou dos elementos do projecto e das condições do subsolo. Os elementos descritos abaixo
podem não ser necessariamente incluídos em alguns casos.

Com base nas boas práticas internacionais (WSDOT Manual de Dimensionamento


GeotécnicoM 46-03.01), o relatório geotécnico final deve conter os seguintes conteúdos:
• Uma descrição geral do projecto, elementos do projecto e histórico do
projecto;
• Condições superficiais do local do projeto e avaliações topográficas;
• Um resumo das condições geotécnicas que descreve resumidamente as
condições do subsolo e da água subterrânea para áreas-chave do projecto onde
as fundações, cortes, aterros, etc., serão construídos. Este documento também
deve descrever o impacto dessas condições de subsolo na construção. Geologia
da região e do local. Esta secção deve descrever o histórico de tensões do local e
histórico de deposição/erosão, unidades geológicas do leito e do solo, etc.
• Sismicidade regional e local para pontes principais, zona potencial de
origem, magnitude potencial de agitação, frequência, actividade histórica e
localização de falhas próximas;
• Um resumo dos dados do local disponíveis a partir do projecto ou registos do
local (por exemplo, registos finais de construção para actividades de construção
anteriores no local, pontes construídas ou outros layouts de estruturas, registos
de furos de teste existentes, mapas geológicos, resultados de reconhecimento
geológico anteriores ou actuais, etc.);
• Um resumo das sondagens de campo conduzidas, se aplicável, com uma
descrição dos métodos e padrões usados, bem como um resumo do número e
tipos de sondagens que foram realizadas. Uma descrição de qualquer
instrumentação de campo (por exemplo, piezômetros) instalada e sua finalidade
deve ser incluída.
• Um resumo dos testes laboratoriais realizados com a descrição dos métodos
e padrões utilizados, bem como um resumo da quantidade e tipos de testes
realizados;
• Uma descrição das unidades de solo/rocha encontradas no local do
projecto, as condições da água subterrânea, incluindo a identificação de quaisquer
aquíferos confinados, pressões artesianas, lençóis freáticos suspensos, potenciais
variações sazonais, quaisquer influências nos níveis de água subterrânea
observados e direcção e gradiente de água subterrânea, se conhecido. Se várias
leituras de nível de água subterrânea foram obtidas ao longo do tempo, as datas e
profundidades medidas, ou, no mínimo, a faixa de profundidades medidas e as
datas em que as leituras de nível de água mais altas e mais baixas foram obtidas.
Além disso, uma breve descrição do método usado para obter os níveis de água
subterrânea (tubo vertical aberto, piezômetro vibratório, piezômetro pneumático,
etc.).
• As descrições das condições do solo e da rocha ilustradas com perfis de
subsolo (ou seja, paralelo à linha central da estrada) e seções transversais (ou
seja, perpendicular à linha central da estrada) das principais características do
projecto, conforme apropriado. Um perfil de subsolo ou secção transversal é
definido como uma ilustração que mostra a distribuição espacial das unidades de
solo e rocha encontradas nas perfurações e sondagens. Como tal, o perfil ou secção
transversal conterá a linha de solo existente e proposta, os registos de perfuração
(incluindo valores SPT, unidades de solo/rocha, etc.) e a localização de qualquer
nível de água (s). As informações interpretativas contidas nessas ilustrações devem

(215)
ser reduzidas ao mínimo. O que parece ser o mesmo solo ou rocha em sondagens
adjacentes não deve ser conectado junto com linhas de estratificação, a menos que
essa estratificação seja razoavelmente certa. O potencial de variabilidade na
estratificação deve ser discutido no relatório.
• Um perfil de subsolo para pontes, viadutos e outras estruturas significativas.
Para paredes de contenção, os perfis de subsolo devem sempre ser fornecidos para
paredes de pregos de solo, paredes ancoradas e paredes em consola sem gravidade
e todas as outras paredes em que haja mais de uma perfuração ao longo do
comprimento da parede. Para outras situações de parede, a análise pode ser
usada para decidir se um perfil de subsolo é necessário ou não. Para cortes,
aterros e deslizamentos de terra, os perfis de solo devem ser fornecidos para
recursos de comprimento significativo, onde vários furos ao longo do comprimento
do recurso estão presentes. As seções transversais do subsolo devem sempre ser
fornecidas para deslizamentos de terra e para cortes, aterros, estruturas e paredes
que são grandes o suficiente para justificar sondagens múltiplas para definir a
geologia subjacente.
• Um resumo dos riscos geológicos identificados e seu impacto no desenho
do projecto (por exemplo, deslizamentos de terra, queda de rochas, fluxos de
detritos, liquefação, solo mole ou solos expansivos, etc.), se houver. A localização
e extensão dos perigos geológicos devem ser descritos.
• Para a análise de taludes instáveis (incluindo áreas de assentamento
existentes), cortes e aterros, os seguintes dados são necessários:
o A abordagem analítica e os pressupostos usados,
o Valores dos parâmetros de projecto,
o Uma descrição de quaisquer análises anteriores conduzidas, os resultados
dessas análises e a comparação desses resultados com quaisquer dados de
teste de laboratório,
o Qualquer definição de factores aceitáveis de segurança ou discussão de risco
aceitável de falha.
• Os cortes e escavações propostas devem ser considerados em termos de
análises temporárias (curto prazo) e de longo prazo e análises de estabilidade
realizadas para aqueles que têm um potencial de falha. As condições de
estabilidade global e local devem ser analisadas conforme apropriado. O nível de
análise deve ser consistente com as consequências da falha do talude. É
necessária atenção especial para cortes e aterros muito altos, cortes íngremes e
cortes com estrutura geológica adversa. As análises de estabilidade utilizadas
devem ser adequadas às condições de talude. Por exemplo, um modelo de falha
circular não deve ser usado para analisar um corte na rocha onde as
descontinuidades controlarão a estabilidade. O método de análise deve ser
declarado, juntamente com os dados de entrada e quaisquer suposições feitas. Se
forem usadas análises estereográficas, as redes estereoscópicas devem ser
anexadas e os resultados das análises resumidos.
• Recomendações geotécnicas para terraplenagem (projecto de aterro,
projeto de corte, possibilidade do uso de materiais locais para aterro). O projecto
de recursos de aterro, como ângulos de talude de aterro, a fundação e drenagem
subterrânea deve incluir análise de assentamento, estabilidade do talude,
condições da água subterrânea, subsidência, características de compactação e
problemas potenciais com os materiais a serem usados nos aterros. As
recomendações de projecto de aterro devem incluir a inclinação necessária para a
estabilidade, quaisquer medidas que precisam ser tomadas para fornecer um
aterro estável (reforço geossintético, drenos de pavio, taxa controlada de
construção de aterro, materiais leves, etc.), magnitude e taxa de assentamento
de aterro, e a necessidade e extensão da remoção de quaisquer materiais
inadequados.
• As recomendações do projecto de corte devem conter o ângulo de inclinação
necessário para estabilidade, infiltração e controle da tubagem e medidas de
controle de erosão necessárias, conforme apropriado, e quaisquer outras medidas

(216)
especiais necessárias para produzir um talude estável. Além disso, o talude de corte
e outros materiais no local devem ser identificados quanto à sua viabilidade para
uso no aterro, com uma discussão sobre o tipo de material de aterro para o qual
eles podem ser utilizados, a necessidade, se houver, de arejamento para reduzir o
teor de humidade e o efeito de factores ambientais no seu uso.
• Recomendações geotécnicas para taludes e escavações em rocha. Essas
recomendações devem incluir quaisquer medidas especiais para produzir um
talude de rocha estável, como aparafusamento/cavilha, bem como quaisquer
recomendações para evitar a erosão e queda de blocos de rocha intactos,
requisitos de drenagem de taludes internos e externos, métodos viáveis de
remoção de rochas e escavação de rochas, e a necessidade de detonação
controlada ou quaisquer outras técnicas especiais que possam ser necessárias.
• Recomendações geotécnicas para estabilização de taludes instáveis (por
exemplo, deslizamentos de terra, áreas de queda de rochas, fluxos de detritos,
etc.). Esta secção deve fornecer uma discussão sobre as opções de mitigação e
recomendações detalhadas sobre os métodos mais viáveis para mitigar os taludes
instáveis, incluindo uma discussão sobre as vantagens, desvantagens e riscos
associados a cada opção.
• Recomendações geotécnicas para paredes de contenção e taludes
reforçados com uma discussão sobre as opções de parede/talude reforçado, as
opções de parede/talude reforçado, tipo de fundação e requisitos de projecto (para
o estado limite de resistência: resistência de carga final, resistência lateral e de
levantamento se fundações profundas foram selecionados; para o estado limite de
serviço: resistência limitada de assentamento e quaisquer requisitos de
dimensionamento especial), parâmetros de dimensionamento sísmico e
recomendações (por exemplo, coeficiente de aceleração de dimensionamento,
estado limite de resistência de evento extremo, levantamento e resistência lateral
se fundações profundas foram seleccionadas), considerações de projecto para
limpeza quando aplicável e parâmetros de pressão lateral do solo. Para taludes
reforçados que requerem projecto de estabilidade interna (por exemplo, paredes
geossintéticas e paredes de pregos do solo), recomendações sobre a largura
mínima para estabilidade externa e geral, profundidade de incrustação, resistência
ao deslizamento e assentamento, espaçamento de reforço do solo, requisitos de
resistência e comprimento e dimensões para atender aos requisitos de estabilidade
externa. Para outras paredes de contenção, a largura mínima para estabilidade
geral, profundidade de embutimento, resistência ao deslizamento, assentamento e
parâmetros de projecto para determinar as pressões do solo que devem ser
fornecidas. Para paredes ancoradas, a capacidade de ancoragem alcançável,
dimensões da zona sem carga e distribuição de pressão de terra do projecto.
• Recomendações sobre materiais das pedreias e saibreiras, incluindo esboços
de fontes locais e mapas de localização regional, a qualidade dos materiais e sua
adequação para as diferentes estruturas de estradas e quantidade estimada.
Devem ser definidos os limites da origem do material em relação ao alinhamento
proposto, descrita a quantidade aproximada de material disponível, a quantidade
do material impróprio a ser descascado e as características de escavação do
material.
• Recomendações geotécnicas para pontes e estruturas hidráulicas, opções
de fundação consideradas, requisitos de projecto de fundação (para o estado limite
de resistência: a resistência de carga final e profundidade e resistência lateral e de
elevação; para o estado limite de serviço: a resistência limitada de assentamento
e quaisquer requisitos de dimensionamento especial), parâmetros e
recomendações de projecto sísmico (por exemplo, coeficiente de aceleração de
projecto, tipo de perfil de solo para desenvolvimento de espectros de resposta,
requisitos de mitigação de liquefação, resistência de estado limite de evento
extremo, levantamento e resistência lateral e valores de amortecimento do solo),
considerações de projecto para limpeza, se aplicável, pressões do solo nos

(217)
encontros e paredes em estruturas enterradas, e recomendações sobre lajes de
transição de pontes.
• Considerações de construção. Abordar questões de escalonamento de
construção, necessidades de escoramento e potenciais dificuldades de instalação,
taludes temporários, problemas potenciais de instalação de fundação, problemas
de construtibilidade de terraplenagem, esvaziamento, etc.
• Necessidades de monitoramento de longo prazo ou de construção, que
devem incluir recomendações sobre os tipos de instrumentação necessários para
avaliar o desempenho de longo prazo ou para controlar a construção e a zona de
influência de cada instrumento.
• Apêndices. Os apêndices típicos devem incluir layouts mostrando locais de
perfuração em relação às características do projecto e posicionamento, perfis de
subsolo e secções transversais típicas que ilustram a estratigrafia do subsolo em
locais-chave, todos os registos de perfuração usados para o dimensionamento do
projecto (inclui sondagens antigas, bem como novas) incluindo o registo da legenda
de cada registo, dados de teste de laboratório obtidos, resultados de medição de
instrumentação e disposições especiais necessárias, gráficos de projecto para
sustentação e levantamento da fundação, figuras de detalhes de projecto.

9.2.3 Informações gerais de relatórios e boas práticas

9.2.3.1 Apresentação de Informações de Investigação de Subsolo

O Engenheiro Geotécnico deve apresentar os resultados da investigação de subsolo com


cada Relatório Geotécnico na forma de sondagens desenhadas em planos e perfis
propostos e secções transversais quando aplicável. As sondagens desenhadas podem ser
abreviadas, mas devem incluir as classificações do solo e da rocha, valores de teste de
penetração padrão, resultados de teste de compressão não confinada e uma símbologia
do lençol freático, todos desenhados com informação da sua profundidade. Todas as
parcelas devem ser desenhadas numa escala de engenharia apropriada.
As informações devem estar de forma que a localização e estratigrafia dos furos seja
apresentada de forma significativa. É preferível que as informações geotécnicas sejam
apresentadas em relação às estruturas propostas, de modo que os engenheiros possam
determinar prontamente os locais dos elementos de fundação e outras características com
relação às perfurações, sondagens e estudos geofísicos.
Os registos finais de perfuração devem ser incluídos no relatório. Os registos devem ser
verificados/validados para garantir que as informações estejam correctas e que as
informações relevantes dos registos de campo sejam apresentadas (como a presença de
rochas, pedregulhos, condições artesianas, comentários ambientais, quaisquer condições
incomuns de perfuração/selagem e quaisquer problemas que tenham havido com o
equipamento). O número de identificação do projecto da ANE, IP, níveis, coordenadas e
informações do perfurador devem ser incluídos em todos os registos finais de perfuração
e sondagem.

9.2.3.2 Informações do Projecto

O relatorio geotécnico deve conter uma secção separada com o título “Informacao do
Projecto”. Esta secção, deve incluir uma infornmação resumida sobre o tipo de estrutura
analisada, a localização da estrutura e toda a informação pertinente (tal como o número
anterior da estrutura e toda a informação sobre construção existente, ou considerações
relacionadas com problemas de manutenção) que vai ajudar na descrição geral do
dimensionamento. Esta secção, pode incluir também informação sobre a sequência de
construção ou da selecção do dimensionamento e requisitos funcionais. Esta secção pode
ser complementada por informações adicionais ou por outras secções tais como “Resumo
do projecto”, se o relatório fizer parte das investigações ou se existir informação
substancial de obras anteriores, que podem ajudar a contextualizar o conteúdo do relatório
actual.

(218)
9.2.3.3 Resumo de Investigação Subterrânea

O Relatório Geotécnico deve conter uma secção separada entitulada “Resumo de


Investigação subterrânea”. Esta secção incluirá informações sobre as investigações
geofísicas, perfurações, sondagens ou outros avanços realizados no local, uma breve
descrição das condições do solo e da rocha da fundação no local e um resumo das medições
do lençol freático feitas e uma interpretação da estática do nível de água.
Esta secção, ou secção semelhante, deve conter e abordar quaisquer descobertas
relevantes, como locais altamente variáveis, presença de pedras e falhas, depósitos de
rochas problemáticas (como áreas cársticas), solos argilosos compressíveis, materiais
orgânicos ou circunstâncias incomuns, como urbanas, aterros ou qualquer contaminação
aparente do solo.

9.2.3.4 Análise Geotécnica

O Relatório Geotécnico conterá uma secção separada entitulada “Análise da Fundação”.


Para esta secção, o engenheiro geotécnico resumirá os resultados de uma análise
detalhada de engenharia geotécnica, para identificar os elementos críticos do projecto e
fornecer uma base para as recomendações geotécnicas. No mínimo, o Engenheiro
Geotécnico irá abordar o seguinte:
• Um resumo das premissas do projecto, incluindo, mas não se limitando a,
informações sobre alturas de aterro, pesos unitários de aterro, inclinação lateral e
ângulos de inclinação final, informações de carregamento da ponte (tanto axial
quanto horizontal), informações de carregamento do muro de contenção,
metodologias de projecto e outras informações pertinentes.
• Para estruturas, os tipos de fundação adequados serão avaliados e os tipos
de fundação alternativos revistos.
• Para aterros, a estabilidade geral será avaliada incluindo uma análise da
capacidade de carga, análise de assentamento e análise de estabilidade global. Se
necessário, o engenheiro geotécnico fornecerá uma análise de assentamento para
o uso de drenos de pavio, aterros de sobrecarga e material de enchimento leve.
Além disso, uma estimativa da taxa de tempo de assentamento será incluída para
contabilizar o assentamento primário e secundário que pode ser esperado ao longo
da vida do projecto.
• Para fundações directas, uma análise de capacidade de carga e assentamento
será fornecida. A análise incluirá um resumo das capacidades de carga permitidas
e finais e os factores de segurança assumidos. A análise incluirá uma estimativa
das capacidades totais e diferenciais previstas para cada estrutura analisada. Os
assentamentos diferenciais para os muros de contenção serão calculados com base
no espaçamento de 10 m. Além disso, uma estimativa da taxa de tempo de
assentamento será incluída para contabilizar o assentamento primário e secundário
que pode ser esperado ao longo da vida do projecto. Todas as sapatas serão
projectadas para uma profundidade mínima de 1,5 m.
• Para estacas e poços perfurados, serão desenvolvidos números de capacidade
final que mostram a capacidade em relação ao nível da ponta para a compressão
e tração. Além disso, o arrastamento para baixo e contração lateral serão revistos.
Os cálculos de pressão lateral do solo, incluindo parâmetros para o
desenvolvimento da curva P-y para estruturas sujeitas a cargas horizontais, serão
desenvolvidos. Serão fornecidos os níveis mínimos da ponta, requisitos de
revestimento e estimativas de sobrecravação.
• Todos os elementos da fundação serão projectados para compensar as perdas
nas capacidades laterais e axiais resultantes das profundidades de desgaste de
projecto calculadas.
• Serão abordadas análises para estruturas apoiadas em rocha ou amarradas a
formações rochosas. Isso inclui análises para áreas como aparafusamento e cortes
de rocha.

(219)
• Considerações de construção, tais como projecto de taludes temporários e
limites de escoramento, serão abordadas. Provisões especiais serão preparadas
para elementos que podem encontrar condições de solo difíceis ou que podem
exigir métodos de construção não típicos. Recomendações de sobreescavação (sub-
cortes) e requisitos de aterro serão discutidos e os detalhes preparados para o
projecto. Os requisitos de preparação da construção, quando aplicável, serão
abordados. A construção no clima húmido e o controle temporário da água da
construção serão avaliados.

9.2.3.5 Recomendações da Fundação

O Relatório Geotécnico deve incluir uma secção entitulada “Recomendações da Fundação”.


Esta seção incluirá recomendações definitivas, como:
a) Capacidades de carga finais e admissíveis e factores associados
b) Dimensões recomendadas das sapatas e profundidades de embutimento (ou um
gráfico indicando a capacidade disponível com base nas dimensões efectivas de
sapatas)
c) Tamanho recomendado de estacas e comprimentos estimados e nível da ponta
d) Dimensões recomendadas do poço perfurado e métodos de construção
e) Ângulos de inclinação recomendados para aterros
f) Períodos de espera para construção de aterro
g) Métodos de sobrecarga/recomendações do sistema
h) Tipos de fundação recomendados, tamanhos e profundidades de embutimento
i) Inclinações de corte de rocha recomendadas, incluindo recomendações de talude
e drenagem subterrânea
j) Escavações do solo superior e remoção de solos impróprios/escavações de solos
pobres
k) Taludes de escavação de trincheiras
l) Taludes temporários e limites de escoramento (quando apropriado)
m) Escavação em rocha e quaisquer outras recomendações que se apliquem ao
projecto.

As recomendações devem ser separadas em duas categorias: Recomendações Gerais e


Recomendações Especiais. As Recomendações Gerais devem conter recomendações
comuns que são frequentemente repetidas em projectos, tais como proteger as fundações
da chuva e construir aterros com ângulo de inclinação adequado para melhorar o
desempenho. A secção de recomendações especiais contém informações detalhadas
importantes para o projecto específico. As informações nesta secção são frequentemente
críticas para o projecto e são baseadas numa revisão tanto do local do projecto quanto da
intenção do dimensionamento.

9.3 Informações que dedem constar no Arquivo de Projeto


Geotécnico
É fundamental que a documentação esteja disponível e detalhando a base das
recomendações feitas no relatório geotécnico. Isso ajudará para o seguinte:
• para revisão pela equipe sénior,
• para abordar questões futuras que possam surgir referentes à base do
dimensionamento
• abordar adequadamente as mudanças que podem ocorrer após a conclusão do
projeto geotécnico
• para resolver adequadamente as questões relativas ao dimensionamento durante
a construção
• para resolver problemas ou reclamações de forma adequada, e
• fornecer uma base para o desenvolvimento de projectos futuros no mesmo local,
como alargamento de pontes ou aterros.

(220)
Visto que o engenheiro que faz o projecto original pode não ser necessariamente aquele
que lida com qualquer uma dessas atividades futuras, a documentação deve ser clara e
concisa, fácil e lógica em termos de sequência. Qualquer pessoa que deve olhar para os
cálculos e documentação relacionada não deve ter que ir ao projectista para entender o
que foi feito.

9.4 Relatórios Geotécnicos do Consultor e Documentação produzida


em nome da ANE, IP
Os relatórios geotécnicos e outra documentação produzida pelos consultores geotécnicos,
devem estar sujeitos aos mesmos requisitos de relatórios e documentação que é requerida
pela ANE, IP. As análises e/ou cálculos detalhados produzidos pelo consultor em apoio à
elaboração do relatório geotécnico deverão ser entregues à ANE, IP.
As listas de verificação apresentadas abaixo são para ajudar os engenheiros da ANE, IP
para a revisão de relatórios e planos geotécnicos e, devem também, orientar o consultor
geotécnico.

9.4.1 Lista de Controlo


A Tabela 9-1 apresenta a lista de verificação geral. As listas de verificação detalhadas
cobrindo as principais informações e recomendações que devem ser abordadas para
características geotécnicas específicas nos relatórios geotécnicos do projeto são
apresentadas no Apêndice B.

(221)
Tabela 9-1: Lista de verificação geral do relatório geotécnico
Geral Y N N/A
Folha de capa
• Número do contrato
• Título do Relatório
Índice
Resumo Executivo
• Recomendações gerais
• Recomendações específicas
• Descrição das recomendações e considerações especiais
Introdução
Termos de referência
Informacao fornecida do projecto
Trabalho de campo
Descrição do Local
Condições geológicas existentes e efeitos no projecto (geografia, topografia,
fisiografia), descrição de quaisquer perigos geológicos presentes (quedas de
rochas, deslizamentos, pântanos, sísmica)
Geologia
Região, formações geológicas, condições geológicas não comuns.
Condição do subsolo
Teste em laboratório "ou" Teste experimental
Resumo
Recomendações para elementos geotécnicos:
• Cortes e aterros da linha central
• Aterros sobre solo mole.
• Correcções de deslizamento de terra
• Estruturas de contenção
• Fundações superficiais
• Fundações profundas - estacas cravadas e poços perfurados
• Técnicas de Melhoramento do Solo
• Locais de materiais
Tabelas
Apêndices
• Registos digitais de Sondagem
• Resultados de testes de laboratório
• Análise de resultados (estabilidade do talude)
• Estudo específico do local (dispersividade, sísmica)

(222)
9.5 Resumo das Condições Geotécnicas
Um Resumo das Condições Geotécnicas deve ser obrigatório para todos os projectos que
contenham pontes, muros, túneis, reparação de taludes instáveis e terraplenagem
significativa. A intenção do Resumo é informar o empreiteiro sobre o que os projectistas
geotécnicos sabem ou suspeitam fortemente sobre as condições do subsolo. O Resumo
das Condições Geotécnicas deve conter especificamente as seguintes informações:
1. Descrição das condições do subsolo em linguagem simples e evitar o uso de
palavras e/ou nomenclatura que os empreiteiros não entendem. Identificação de
profundidades/espessuras do solo ou estratos de rocha e seu estado de humidade
e condição de densidade. Identificação da profundidade/nível das águas
subterrâneas e indique a sua natureza (por exemplo, suspenso, regional, artesiano,
(etc.). Se várias leituras ao longo do tempo foram obtidas, identifique as datas
e profundidades medidas ou, no mínimo, forneça a faixa de profundidades
medidas e as datas em que as leituras de nível de água mais altas e mais
baixas foram obtidas. Descreva também resumidamente o método usado para
obter o nível de água (por exemplo, tubo vertical aberto, piezômetro selado,
incluindo a unidade de solo/rocha em que o piezômetro foi selado, etc.). Consulte
os registos para obter informações detalhadas. Se estiver se referindo a uma
condição anormal de solo, rocha ou água subterrânea, consulte o projecto de
registo de perfuração onde a anomalia foi encontrada. Cuidado também deve se
ter ao descrever profundidades de estratos. Se as profundidades/espessuras
forem baseadas em apenas uma perfuração, basta consultar o registo do
furo para obter essa informação. Comentários sobre o potencial de
variabilidade nas espessuras dos estratos podem ser apropriados. Observe
também que as descrições detalhadas do solo/rocha não são necessárias se essas
condições não afectarem as actividades de construção do empreiteiro. Por
exemplo, para aterros ou paredes colocadas na base, informações detalhadas são
necessárias apenas para apoiar a discussão posterior neste documento
sobre a trabalhabilidade dos solos superficiais, bem como o potencial de
assentamento ou instabilidade e seu efeito na construção.
2. Para cada estrutura, se necessário, indique o impacto que a condição do solo, rocha
ou água subterrânea tem (terá) na construção. Onde for viável, consulte o (s)
registo (s) de perfuração ou dados que fornecem a indicação de risco. Certifique-
se de mencionar o potencial de risco para:
• cobertura do solo
• Instabilidade do talude devido à escavação temporária ou como resultado de um
elemento do projecto (por exemplo, contraforte, parede de amarração, cortes de
solos pregados)
• Assentamento e seu efeito sobre como uma determinada estrutura ou aterro deve
ser construído
• Potencial impacto geotécnico da construção de alguns elementos sobre o
desempenho de elementos adjacentes que são, ou não, uma parte do contrato de
construção (por exemplo, a melhoria do solo realizada na ponta de uma parede
pode causar o movimento dessa parede)
• Fluxo de água subterrânea e controle, se previsto, nas escavações de construção
• Camadas densas (por exemplo, podem inibir a cravação de estacas, escavação
de poços ou túneis, perfuração de pregos, tarugos ou âncoras)
• Obstruções, incluindo degregulhos ou pedras, se aplicável
• Dificuldades de escavação devido a rochas, rocha altamente fracturada ou intacta,
água subterrânea ou solo mole.
3. Quando as premissas e parâmetros do projecto podem ser afectados pela maneira
como a estrutura é construída, ou se as premissas ou parâmetros podem impactar
os métodos de construção do empreiteiro, tenha atenção para essas questões. Isso
pode incluir:
• Solos ou resistência da rocha (por exemplo, testes de carga pontual, RQD, UCS,
UU, testes CU, etc.)

(223)
• Se os eixos ou estacas são predominantemente de fricção ou resistência de ponta
por projecto
• As razões para níveis mínimos de ponta especificadas no contrato
• Cargas e os efeitos no dimensionamento/construção
• Se certos métodos de construção são exigidos ou proibidos, mencione o motivo
(geotécnico) para o requisito
• Potencial de liquefação e impacto no projeto/construção.
4. Lista de relatórios ou informações geotécnicas. Isso deve incluir o relatório
específico do projecto e memorandos (cópias no escritório do Engenheiro de
Projecto), bem como relatórios pertinentes que podem estar localizados num outro
lugar e podem ser de natureza histórica ou regional.
5. A intenção do Resumo é informar o empreiteiro do que os projectistas geotécnicos
sabem ou tem fortes suspeitas sobre as condições do subsolo. O resumo deve ser
breve (1 ou 2 páginas). Não deve incluir a relação de todos os dados disponíveis
(por exemplo, registos de poços, testes de laboratório, etc.). Devem ser
mencionados apenas os dados pertinentes às condições adversas de construção
previstas. Não deve incluir secções ou comentários sobre estruturas ou elementos
de projecto sobre os quais o projetista geotécnico não tem preocupações reais.

(224)
10 Referências e Bibliografia
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dimensionamento of fendering and mooring systems.
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(225)
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WSDOT (2010). Geotechnical Dimensionamento Manual (M 46-03.01). Environmental and
Engineering Programs. Washington State Department of Transport. 2010.

(226)
Apêndice A Exemplos de registo de sondagem
subterrânea

(227)
Apêndice B Lista de controlo de revisão de relatórios
geotécnicos (FHWA, 2003)

Todas as respostas diferentes de (sim) ou (N/A) para qualquer uma das perguntas da
lista de verificação em AZUL requerem o contacto do engenheiro geotécnico para um
esclarecimento e/ou para discutir o projecto.

INFORMAÇÕES DE INVESTIGAÇÃO DO LOCAL


Consulte a secção 2 e 3
Texto do relatório geotécnico (introdução) Sim No N/A
1. A localização geral da investigação é descrita e/ou um mapa da área
incluído?
2. O escopo e o propósito da investigação estão resumidos?
3. É dada uma descrição concisa da configuração geológica e topografia
da área?
4. As sondagens de campo e os testes de laboratório nos quais o
relatório se baseia estão listadas?
5. Adescrição geral da rocha, do solo subsuperficial e das condições da
água subterrânea são fornecidas?
6. As seguintes informações estão incluídas no relatório geotécnico
(normalmente incluídas nos apêndices do relatório):
a. Registos de furos de teste?
b. Dados de teste de campo
c. Dados de teste de laboratório?
d. Fotografias (se pertinente)?
Perfil do Esquema do subsolo
7. É fornecido um plano e um perfil de subsolo do local de investigação?
8. As sondagens de campo estão localizadas na vista de planta?
9. A investigação do local conduzida atende aos critérios mínimos
descritos em (3.1)?
10. As sondagens estão desenhadas e numeradas correctamente no
perfil e na seu verdadeiro nível e localização?
11. O perfil de subsolo contém uma descrição de palavras e/ou
representação gráfica dos tipos de solo e rocha?
12. Os níveis de água subterrânea e as datas estão medidos e mostrados
no perfil do subsolo?
Perfil de subsolo ou registo de perfuração de campo
13. Os tipos de amostra e profundidades são registados?
14. O SPT e contagem de golpes, a porcentagem de recuperação do
carote e os valores de RQD mostrados?
15. Se os testes de penetração do cone foram feitos, os gráficos de
resistência do cone e taxa de atrito mostrados com profundidade?
Dados de teste de laboratório

(228)
16. Foram realizados testes de classificação de solo de laboratório, como
teor de humidade natural, granulometria, limites de Atterberg,
realizados em amostras representativas seleccionadas para verificar a
identificação visual do solo em campo?
17. Os resultados dos testes de laboratório, como resistência ao corte,
consolidação, etc., estão incluídos e/ou resumidos?

CORTES DA LINHA CENTRAL E ATERROS


Consulte a secção 4.5
As descrições de estação a estação estão incluídas para: Sim Não N/A
1. Drenagem de superfície e subsuperfície existente?
2. Evidência de nascentes e áreas excessivamente úmidas?
3. Deslizamentos, quedas (movimento de massa) e falhas
observadas ao longo do alinhamento?
Corte ou aterro geral de solo
4. Recomendações específicas de drenagem
superficial/subterrânea?
5. Limites de escavação de materiais inadequados?
6. Medidas de protecção contra erosão para taludes, taludes
laterais e valas, incluindo recomendações de riprap ou
tratamento especial de taludes.
Cortes de solo
7. Dimensionamento do talude de corte recomendada?
8. Uso especial de solos escavados?
9. Factores de encolhimento-expansão estimados para materiais
escavados?
10. Se a resposta a 3 for sim, são fornecidas recomendações
para tratamento de dimensionamento?
Aterro
11. Dimensionamento do talude de aterro recomendado?
12. Irá preencher o dimensionamento do aterro e fornecer F.S. =
1,25?
Taludes rochosos
13. São fornecidos dimensionamentos de taludes e especificações
de detonação recomendados?
14. A necessidade de medidas especiais de estabilização de
taludes de rocha, por exemplo, vala de contenção de queda
de rochas, protecção de taludes de malha de arame, betão
projectado, parafusos de rocha?
15. O dimensionamento de todos os taludes de rocha em 0,25: 1
em vez de dimensionamento com base na orientação da
junção da rocha principal foi evitado?
16. 16. Os efeitos das vibrações induzidas pela explosão em
estruturas adjacentes foram avaliados?

(229)
ATERROS SOBRE SOLO MOLE 4.2, 4.3
Estabilidade de Aterros Sim Não N/A
1. A estabilidade do aterro foi avaliada para F.S. = 1,25 para
talude lateral e 1,30 para talude final de aterros na
aproximação da ponte?
2. A resistência ao corte do solo da fundação foi determinada a
partir de testes de laboratório e/ou corte de palheta de campo
ou testes de penetrômetro de cone?
3. Se o aterro proposto não fornecer factores mínimos de
segurança dados acima, são recomendações dadas ou
alternativas de tratamento viáveis, o que aumentará o factor
de segurança para o mínimo aceitável (como alterar o
alinhamento, nível inferior, usar contrapesos estabilizadores,
escavar e substituir o subsolo fraco, enchimento leve, reforço
de geotéxtil, etc.)?
4. As comparações de custos de alternativas de tratamento são
fornecidas e uma alternativa específica é recomendada?
Assentamento do subsolo
5. As propriedades de consolidação de solos de granulometria
fina foram determinadas a partir de testes de consolidação de
laboratório?
6. O valor e o tempo de assentamento foram estimados?
7. Para aterros de aproximação de pontes, são feitas
recomendações para retirar o assentamento antes da
construção dos encontros da ponte (período de espera,
sobrecarregamento ou drenagem de pavio)?
8. Se a instrumentação geotécnica for proposta para monitorar
a estabilidade e recalque do aterro, são fornecidas
recomendações detalhadas sobre o número, tipo e locais
específicos dos instrumentos propostos?
Considerações de Construção
9. Se a escavação e substituição de depósitos superficiais
inadequados (turfa, lixo, solo superficial) forem
recomendadas, os limites verticais e laterais de escavação
recomendada são fornecidos?
10. Onde um tratamento de sobrecarregamento é recomendado,
o plano e a secção transversal do tratamento de
sobrecarregamento são fornecidos no relatório geotécnico
para benefício do dimensionamento da estrada?
11. São fornecidas instruções ou especificações relativas à
instrumentação, taxas de colocação de aterro e tempos de
atraso estimados para o empreiteiro?
12. São fornecidas recomendações para a remoção de material
de sobrecarregamento após o período de recalque ser
concluído?

(230)
CORREÇÕES DE DESLIZAMENTO DE TERRA
Consulte a secção 4.6
Geral Sim Não N/A
1. É fornecida uma planta do local e uma secção transversal em
escala mostrando as condições da superfície do solo antes e
depois da falha?
2. O histórico anterior da área do deslizamentoe é resumido,
incluindo histórico de movimento, resumo do trabalho de
manutenção e custos e medidas correctivas anteriores
tomadas, se houver?
3. É fornecido um resumo dos resultados da investigação do
local, testes de campo e de laboratório e análise de
estabilidade, incluindo a (s) causa (s) do deslizamento?
Plano
4. Os recursos detalhados do deslizamento, incluindo a
localização de fissuras na superfície do solo, cabeça do talude
e movimento da ponta, são mostrados na planta do local?
Corte transversal
5. As secções transversais usadas para a análise de estabilidade
estão incluídas no perfil do solo, lençol freático, pesos
unitários do solo, resistência ao corte do solo e plano de
ruptura mostrados ?
6. A localização do plano de falha de deslizamento é
determinada a partir de indicadores de inclinação?
7. Para uma lâmina activa, foi a resistência do solo ao longo do
plano de falha da lâmina calculada de novo usando um F.S. =
1,0 no momento da falha?
8. As seguintes informações são apresentadas para cada
alternativa de correcção proposta (os métodos de correcção
típicos incluem contraforte, corte, reconstruir o talude,
drenagem superficial, drenagem-interceptora subsuperficial,
valas de drenagem ou drenos horizontais, etc.).
a. Seção transversal da alternativa proposta?
b. Factor de segurança estimado?
c. Custo estimado?
d. Vantagens e desvantagens?
9. É recomendada a (s) alternativa (s) de correcção, uma vez
que fornece um F.S. = 1,25?
10. Se drenos horizontais são propostos como parte da correcção
do escorregador, a investigação do subsolo localizou estratos
contendo água que pode ser drenada com drenos
horizontais?
11. Se uma contra-bainha da ponta for proposta para estabilizar
um escorregador activo, a investigação de campo confirmou
que a ponta do escorregador existente não se estende além
da ponta da contra-barra proposta?
Considerações de construção
12. Onde a correcção proposta exigirá escavação na ponta de um
deslizamento activo (como para contraforte ou chave de
corte) tem o "talude durante a construção F.S." com
escavação aberta foi determinada?

(231)
13. Se a escavação for aberta o F.S. está perto de 1,0, foi
proposta a construção da fase de escavação?
14. As flutuações sazonais do lençol freático foram consideradas?
15. A estabilidade do talude da escavação deve ser monitorada?
16. As características, técnicas e materiais especiais de
construção são descritos e especificados?

ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
Secção 4.4
Dimensionamento e Análise Sim Não N/A
1. Parâmetros de resistência do solo e o nível do lençol freático
recomendados para uso no cálculo das pressões laterais do solo no
dimensionamento de muros e factor de segurança para
desabamento, deslizamento e estabilidade externa do talude.
2. Propõe-se licitar dimensionamentos alternativos de paredes?
3. São apresentadas razões aceitáveis para a escolha e/ou exclusão de
certos tipos de parede?
4. Uma análise da estabilidade da parede está incluída com factores
mínimos aceitáveis de segurança contra rotação (F.S. = 2,0),
deslizamento (F.S. = 1,5) e estabilidade externa do talude (F.S. = 1,5)?
5. Se a parede for colocada em solos de fundação compressíveis, o total
estimado, o diferencial e a taxa de recalque são dados?
6. Os tipos de parede selecionados para solos de fundação
compressíveis permitirão movimento diferencial sem desgaste?
7. Detalhes de drenagem da parede, incluindo materiais e compactação,
são fornecidos?
Considerações de Construção
8. Os requisitos de escavação estão cobertos, incluindo talude seguros
para escavações abertas ou necessidade de cobertura ou
escoramento?
9. Flutuação do lençol freático?
10. Para paredes pregadas e âncoras de solo, o seguinte está incluído no
relatório geotécnico?
Paredes de tipo de construção de cima para baixo
a. Parâmetros de dimensionamento do solo (φ, c, γ)
b. Tamanho mínimo do furo (pregos do solo)?
c. Dimensionamento da resistência ao arrancamento(pregos do solo)?
d. Capacidade máxima de ancoragem (âncoras)?
e. Requisitos de protecção contra corrosão?

(232)
FUNDAÇÕES DE ESTRUTURA - FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Consulte a secção 4.2.6.1
Recomendações Sim Não N/A
1. As sapatas de directas são recomendadas para o suporte da
fundação? Se não, foram discutidos os motivos para não usá-
las?
Se os apoios de pé de apoio forem recomendados, as conclusões
e recomendações são dadas para o seguinte:
2. O nível de base da base recomendada e o motivo da
recomendação (por exemplo, com base na profundidade de
congelamento, profundidade estimada de limpeza ou
profundidade para material de resistência adequada) são
fornecidos?
3. É fornecida pressão admissível recomendada do solo ou
rocha?
4. O assentamento da base estimada e o tempo são fornecidos?
5. Onde as bases directas são recomendadas para apoiar
encontros colocados no enchimento da aproximação da
ponte, são fornecidos requisitos especiais de granulometria e
compactação para o enchimento da extremidade selecionado
e material de drenagem da parede posterior
Considerações de Construção
6. Os materiais foram adequadamente descritos, sobre os quais
a base será colocada, de forma que o inspector de projecto
possa verificar se o material está conforme o esperado?
7. Os requisitos de escavação foram incluídos para taludes
seguros em escavações abertas, necessidade de cobertura ou
escoramento, etc.?
8. A flutuação do lençol freático foi tratada?

FUNDAÇÕES DE ESTRUTURA - ESTACAS CONDUZIDAS


Secção 4.2.6.2
Recomendações Sim Não N/A
1. O tipo de estaca recomendado é fornecido (deslocamento, não
deslocamento, tubo de aço, betão, estaca H, etc.) com razões válidas
para escolha e/ou exclusão?
2. Você considera o (s) tipo (s) de estaca recomendado (s) os mais
adequados e económicos?
3. Os comprimentos estimados das estacas e os níveis estimados das
pontas são dados para as cargas de dimensionamento de estacas
admissíveis recomendadas?
4. Você considera razoáveis as cargas de dimensionamento
recomendadas?
5. Se um nível específico ou mínimo da ponta da estaca for
recomendada, uma razão clara é dada para o nível da ponta
necessário, como camadas moles subjacentes, friccção, arrasto,
estacas não economicamente longas, etc.?

(233)
6. A análise de dimensionamento (análise de Equação de onda) verificou
que a secção de estaca recomendada pode ser direcionada para o
nível da ponta estimado ou especificado sem danos (especialmente
aplicável onde camadas densas de Saibro-areia-pedregulho ou outras
obstruções têm que ser penetradas)?
7. Onde as estacas de limpeza são necessárias, o dimensionamento da
estaca e os critérios de cravação foram estabelecidos com base na
mobilização da capacidade de dimensionamento da estaca total
abaixo da zona de limpeza?
8. Onde a capacidade de carga lateral de estacas de grande diâmetro é
uma consideração importante de dimensionamento, as curvas p-y
(carga vs. deflexão) ou parâmetros do solo são fornecidos no
relatório geotécnico para permitir ao engenheiro estrutural avaliar a
capacidade de carga lateral de todas as estacas?
9. Para encontross de ponte apoiada em estacas sobre solo mole:
a) A carga de recalque nos encontros foi estimada e as soluções
como revestimento de betume foram consideradas no
dimensionamento? Geralmente não é necessário se a
sobrecarregamento de aterro estiver sendo executada.
b) A laje de transição da ponte é recomendada para moderar o
recalque diferencial entre as extremidades da ponte e o aterro?
c) Se a maior parte do assentamento do subsolo não for removida
antes da construção dos encontros (por sobrecarregamento), foi
feita uma estimativa da rotação dos encontros que pode ocorrer
devido à compressão lateral do solo do subsolo?
d) O laudo geotécnico alerta especificamente o dimensionamento
estrutural para o movimento horizontal estimado dos encontros?
10. Se o projecto da ponte for grande, o programa de teste de carga da
estaca foi recomendado?
11. Para estruturas principais em área de alto risco sísmico, foi feita
avaliação do potencial de liquefação do solo de fundação durante o
terremoto de dimensionamento (apenas areias saturadas soltas e
sedimentos são suscetíveis à liquefação)?
Considerações de Construção
12. Detalhes de cravação de estacas, como: pedras ou obstruções que
podem ser encontradas durante a cravação; necessidade de pré-
tratamento, jateamento, perfuração; necessidade de reforço da
ponta da estaca; sapatas de condução, etc.?
13. Requisitos de escavação: talude seguro para escavações abertas;
necessidade de cobertura ou escoramento; flutuação do lençol
freático?
14. Foram avaliados os efeitos da operação de cravação de estacas em
estruturas adjacentes, como protecção contra danos causados por
escavação de fundamentos ou vibrações de cravação de estacas?
15. O levantamento das condições pré-construção deve ser feito nas
estruturas adjacentes para evitar reclamações de danos
injustificados?
16. Em projectos de cravação de estacas grandes, foram considerados
outros métodos de controle de cravação de estacas, como teste
dinâmico ou análise de Equação de onda?

(234)
FUNDAÇÕES DE ESTRUTURA – POÇOS PERFURADOS
Consulte a secção 4.2.6.2
Recomendações Sim Não N/A
1. Os diâmetros e comprimentos do eixo são recomendados
para cargas de dimensionamento admissíveis com base numa
análise usando parâmetros de solo para fricção lateral e
resistência da ponta?
2. Assentamento estimado para cargas de dimensionamento
recomendadas?
3. Onde a capacidade de carga lateral do poço é uma
consideração importante de dimensionamento, as curvas p-y
(carga vs. deflexão) ou dados de solos são fornecidos no
relatório geotécnico que permitirá ao engenheiro estrutural
avaliar a capacidade de carga lateral do poço?
4. O teste de carga estática (até falha de recalque) é
recomendado?
Considerações de Construção
5. Os métodos de construção foram avaliados, ou seja, o
método de secagem mais barato ou o método de lama
podem ser usados ou o revestimento será necessário?
6. Se for necessário um revestimento, ele pode ser puxado
enquanto o eixo é betonado (isso pode resultar numa
economia significativa de custo em poços de diâmetro muito
grande)?
7. Se água artesiana foi encontrada nas explorações, foram
incluídas disposições de dimensionamento para manuseá-la
(por exemplo, exigindo revestimento e uma vedação tremie)?
8. Serão encontrados pedregulhos? (Se rochas forem
encontradas, então o uso de poços deve ser seriamente
questionado devido às dificuldades de instalação da
construção e consequentes custos mais elevados para as
rochas.)

TÉCNICAS DE MELHORIA DO SOLO


Ver secção 5
Recomendações Sim Não N/A
1. Para drenos de pavio, as recomendações incluem o
coeficiente de consolidação para drenagem horizontal, ch, e o
comprimento e espaçamento dos drenos de pavio?
2. Para aterros leves, as recomendações incluem as
propriedades do material (φ, c, γ), permeabilidade,
compressibilidade e requisitos de drenagem?
3. Para vibro-compactação, as recomendações incluem o grau
necessário de densificação (por exemplo, densidade relativa,
contagem de sopro SPT, etc.), limitações de assentamento e
controle de qualidade?

(235)
4. Para compactação dinâmica, as recomendações incluem o
grau necessário de densificação (por exemplo, densidade
relativa, contagem de sopro SPT, etc.), limitações de
assentamento e controle de qualidade?
5. Para colunas de pedra, as recomendações incluem
espaçamento e dimensões das colunas, capacidade de
suporte, características de assentamento e permeabilidade
(aplicações sísmicas)?
6. Para a reposição, as recomendações incluem o método de
reposição (permeação, compactação, etc.), critérios de
melhoria de material, limitações de assentamento e controle
de qualidade?

LOCAIS DE MATERIAIS
Consulte a secção 6.3
Recomendações Sim Não N/A
1. Localização do site do material, incluindo descrição das rotas
de acesso existentes ou propostas e limites de carga das
pontes, se houver?
2. As amostras de solo representativas de todos os materiais
encontrados durante a investigação do poço foram
submetidas e testadas?
3. Os resultados dos testes de qualidade do laboratório estão
incluídos no relatório?
4. Para fontes de agregado, os resultados do teste de qualidade
de laboratório (como abrasão L.A., sulfato de sódio,
degradação, absorção, agregado reactivo, etc.) indicam se os
materiais de especificação podem ser obtidos do depósito
usando métodos de processamento normais?
5. Se os resultados do teste de qualidade do laboratório
indicarem que o material de especificação não pode ser
obtido dos materiais da mina como eles existem
naturalmente, a fonte foi rejeitada ou são fornecidas
recomendações detalhadas para o processamento ou controle
da produção de modo a garantir um produto satisfatório?
6. Para fontes de empréstimo de solo, foram observadas
possíveis dificuldades, como teor de humidade ideal acima
para solos argilo-siltosos, resíduos devido a alto PI,
pedregulhos, etc.?
7. Onde solos argilo-siltosos com alto teor de humidade devem ser
usados, são fornecidas recomendações sobre a necessidade de
aeração para permitir que os materiais sequem o suficiente para
atender aos requisitos de compactação?
8. São fornecidos factores estimados de encolhimento
9. As quantidades de material comprovadas no local satisfazem as
necessidades de quantidade estimada do projecto?
10. Onde os materiais serão executados abaixo do lençol freático, as
flutuações sazonais do lençol freático foram determinadas?
11. Os requisitos de licença especial foram atendidos?
12. Os requisitos de recuperação de fossas foram cobertos
adequadamente?

(236)
13. Foi fornecido um esboço de material do local (plano e perfil) para
inclusão nos planos, que contém:
a. Número do site do material?
b. Seta norte e subdivisão legal?
c. Testar o furo ou testar os registos do poço, localizações, números e
data?
d. Nivel do lencol freatico e data?
e. Profundidade de sobrecarga inadequada, que terá que ser removida?
f. Área de deposição do material inadequado sugerida?
g. Área de mineração proposta e áreas previamente mineradas?
h. Locais de estoque existentes?
i. Estrada de acesso existente ou sugerida?
j. Limites de carga da ponte?
k. Detalhes de recuperação?
14. São fornecidas disposições especiais recomendadas?

(237)
Apêndice C Exemplos ilustrativos resolvidos

Exemplo de estaca pré-moldada conduzida


Um novo cais deverá ser dimensionado e construído. Uma investigação geotécnica foi
realizada para estabelecer a natureza, profundidade e extensão dos subsolos
subjacentes ao local proposto do cais.
Os furos de sondagem foram feitos usando a técnica de washboing com Testes de
Penetração Padrão (SPT) realizados em intervalos de um metro. Para ilustração, os
resultados dos testes de penetração padrão mostrados no registo do poço DH-12
(Apêndice A) são considerados de um dos locais ao longo do alinhamento do cais
proposto.
De acordo com DH-12, o subsolo é principalmente a camada de areia grossa média e
argila fina, cuja estrutura é relativamente densa. Os furos colocados ao longo do
alinhamento da nova ponte foram perfurados a profundidades de 51,6 m abaixo da
superfície.

Os resultados do relatório geotécnico fornecem os seguintes detalhes:


DADOS DE ENTRADA
Furo Profundidade (m) SPT N’
De Para Max Min Média
DH-12 0,0 9,4 3,5 2,9 3,2
9,4 19,5 13,9 11,7 12,4
19,5 27,5 14,0 11,0 12,8
27,5 34,2 27,0 17,0 22,0
34,2 40,2 31,0 26,0 28,5
40,2 51,6 27,0 21,0 23,8

Requisitos:
Para determinar a profundidade mínima (Db), de uma estaca de betão pré-moldado de
500 x 500mm de secção, que deve ser cravada, caso seja necessário para a estaca
suportar uma carga compressiva de projecto de 700 kN e para suportar uma carga de
levantamento de projecto de 150 kN. Determine a profundidade:
(a) de acordo com o método tradicional com um factor de carga geral de 2,0 e
(b) de acordo com o método do estado limite.
Procedimentos analíticos Cálculos
1. Calcule a resistência necessária e a Resistência de carga Abqb:
resistência ao levantamento da estaca: = 2,0 x 700 = 1400 kN
Abqb + Asqs
Ab: área da base da estaca Resistência ao levantamento, Asqs:

As: área do eixo da estaca = 2,0 x 150 = 300 kN

(238)
2. Calcule a capacidade de suporte final, que é Os cálculos são apresentados em
a pressão que causaria a ruptura por corte forma de tabela, conforme mostrado
do solo de suporte imediatamente abaixo e na tabela abaixo.
adjacente à estaca, a partir dos resultados
do SPT.
Os valores N são extraídos do Relatório
Geotécnico
Usando as correlações de Meyerhof,
𝑞𝑏 = 40𝑁𝐷𝑏 /𝐵 ≥ 400𝑁(𝑘𝑁⁄𝑚2 ) eq. 4-45
̅ (𝑘𝑁⁄𝑚 )
𝑞𝑠 = 2𝑁 2
eq. 4-49

3. Determine a profundidade necessária A partir do registo do furo, o local é


da estaca para garantir que ela seja principalmente coberto por argila e
capaz de suportar o carregamento argila de areia fina. É evidente de 5 a
necessário 19 m que o solo é principalmente
areia fina siltosa.
Pela inspecção da mesa, 300 kN de
elevação podem ser fornecidos a uma
profundidade de pelo menos 13,0 m
No entanto, isso não fornecerá a
resistência de carga necessária.
Por inspecção, a estaca deve ser
cravada a uma profundidade de 23,4
m
Método de estado limite.
1. Calcule os valores de qb e qs para dar As correlações de Meyerhof usadas
os valores característicos (qbk e qsk). acima são divididas por 1,50
2. Calcule as resistências de sustentação e
elevação características. Para uma estaca
cravada, um factor parcial de 1,30 é
aplicado tanto para a carga
característica assim como às
resistências de elevação
= 1,3 x 700 = 910 kN
Dimensionamento necessário da = 1,3 x 150 = 195 kN
capacidade de suporte, Rbd
Dimensionamento necessário da
resistência a elevação, Rsd
3. Determine a profundidade necessária Usando os valores de resistencia e
da estaca, para garantir que ela seja levantamento exigidos e por
capaz de suportar o carregamento inspecção, a estaca deve ser cravada
necessário a uma profundidade de 23,14 m.
Nota
• O exemplo ilustra uma avaliação global para dimensionamento preliminar. Numa análise
detalhada, use os valores de N para cada espessura de camada para completar a tabela.
• Tipos de estaca alternativos devem ser considerados. Por exemplo, o comprimento da
estaca fundida no local pode ser limitado. Um tipo de estaca alternativo é a estaca de
Trado de Lance Contínuo (CFA).

(239)
Db (m) N ̅
𝑵 Asqs qb (kN/m2) Abqb Abqb + Asqs
(kN) (kN)
𝟒𝟎 400N
𝐍𝐃𝐛
𝟎. 𝟓
9,4 3 3,2 120 2406 602 722
19,5 12 8,0 624 19344 4960 1240 1864
27,5 13 9,5 1045 5120 1280 2325
34,2 22 13 1778,4 8800 2200 3978
40,2 29 16 2572,8 11400 2850 5423
51,6 24 17 3508,8 9520 2380 5889

(240)
Exemplo de estaca perfurada sub-alargada
Uma investigação geotécnica foi realizada para estabelecer a extensão da natureza do
subsolo. Os resultados das condições do subsolo em termos de resistência não drenada
conforme mostrado abaixo. uma avaliação da resistência de carga de uma estaca
perfurada sub-alargada é necessária:
1. Usando o método tradicional para garantir (i) um factor de carga geral de 2 e (ii)
um factor de carga de 3 sob a base quando a resistência do eixo está totalmente
mobilizada, e
2. De acordo com o método do estado limite.

DADOS DE ENTRADA:
• Diâmetro do eixo: 1,10 m
• Base sub-alargada: 3,15 m
• O comprimento da estaca se estende de: 4,5 m a 23,5 m
• Profundidade: 21,5 m
• Peso unitário de argila: 20 kN/m3
• Peso unitário de betão: 23,5 kN/m3

Procedimentos analíticos Cálculos


1. Cálculo da capacidade de suporte No nível de base (23,5 m), a força não
qb = cuNc da Equação 4-53 drenada é 229,4 kN/m2

Nc = 6[1+0,2(Z/D)] ≤9 qb = 229,4 x 9 = 2065 kN/m2


Onde
D = diâmetro do poço perfurado (m)
Z = penetração do eixo (m)

(241)
2. Calcule a capacidade de fricção da Entre 4,5 e 19,3 m média (valor cauteloso) é
superficie. 151,84 kN/m2
qs = 0,4 x 151,84 = 60,74 kN/m2
qs = αcu da Equação 4-54
α = 0,4
Recomenda-se desconsiderar o atrito da
superficie ao longo de um comprimento de
2D acima do topo da base, abaixo de uma
profundidade de 19,3 m.

3. Calcule a carga final 𝜋


( 𝑥3,152 𝑥2065) + 𝜋 𝑥 1,10 𝑥 14,8 𝑥 60,74
Qf = Abqb + Asqs 4
= 16 093 + 3108
= 19 201 kN
4. Calcule a carga permitida. O permitido é o menor de:
𝑄𝑓 19 201
= = 9 601 kN
2 2
𝐴𝑏 𝑞𝑏 16093
+ 𝐴𝑠 𝑞𝑠 = + 3108 = 8472 kN
3 3

5. Calcule a carga total permitida

A carga permitida é aumentada em:


(𝛾𝐷𝐴𝑏 − 𝑊)/3 1 𝜋 𝜋
{(20 𝑥 19 𝑥 𝑥 3,152 ) − (23,5 𝑥 19 𝑥 𝑥 1,102 )}
3 4 4
Isso leva em consideração a diferença = 1/3(2961 – 424) = 846 kN
entre a pressão removida na base
devido ao furo do fuste e a pressão = 8472 + 846
aplicada posteriormente devido ao = 9320 kN
peso da estaca
Método de estado limite
6. Calcule a resistência característica
não drenada no nível de base
𝑐𝑢
𝑐𝑢𝑘 = 229,4
1,5 = 154 kN/m2
1,5

7. Calcule o valor médio da


resistência não drenada entre 4,5 e
19 m

𝑐𝑢𝑎𝑣
𝑐𝑠𝑘 =
1,5 151,84
= 101,2 kN/m2
1,5

(242)
8. Calcule o valor característico das
resistências de base por unidade
154 x 9 = 1386 kN/m2
de área 4
Nc = 9

9. Calcule o valor característico da 0,4 x 101,2 = 40,5 kN/m2


resistência do eixo por unidade de
área:
α = 0.4
10. Calcule as características de 𝜋
resistência de base Rbk 𝑥 3,152 𝑥 1386
4
= 11731 kN
11. Calcule a resistência característica 𝜋 𝑥 1,10 𝑥 14,8 𝑥 40,5
do eixo Rsk
= 2071 kN
12. Calcular a resistência de carga do
dimensionamento
Rcd
11731 2071
+
Os factores parciais apropriados para 1,6 1,3
uma estaca perfurada são:
= 7332 + 1593
𝛾𝑏 = 1,60 e
𝛾𝑠 = 1,30 = 8925 kN

(243)
Exemplo de projecto de construção de atero em etapas
(abordagem de tensão total)

DADOS DE ENTRADA

Aterro de saibro Siltos moles


Ângulo de fricção (∅): 36° Coeficiente de consolidação (CV): 0.093
Unidade de peso (𝛾𝑇 ): 20,42 kN/m3 m2/dia
Ângulo de fricção (∅𝑐𝑢 ): 17°
Areia densa Ângulo de fricção, dreinado (∅𝐶𝐷 ): 27°
Ângulo de fricção (∅): 40° Força não drenada (Cuu): 7,67 kN/m2
Unidade de peso (𝛾𝑇 ): 19,64 kN/m3 Unidade de peso (𝛾𝑇 ): 14,14 kN/m3

Procedimentos analíticos Cálculos


1. Realizar análise de estabilidade Consulte as seções:
O primeiro passo é avaliar a estabilidade da 4.2.1
inclinação da geometria do aterro, considerando 4.3.5.9
a condição de curto prazo, ou seja, a condição Tabela 4-6 para diferentes métodos de
não drenada. análise.
Um valor mínimo de FS de longo prazo de 1,25
é necessário
Com base na inadequação da estabilidade e O método simples de fatias de Bishop é
para garantir que haja ganho de resistência para usado
suportar o aterro, a construção em etapas é
utilizada como forma de mitigação na
construção do aterro.
2. Calcule a estabilidade da altura de aterro do
primeiro estágio
Use esta altura de enchimento inicial como
ponto de partida para as análises de tensão total A análise de estabilidade é repetida
e efectiva. usando o método simples de fatias de
Bishop, mas com altura de
A altura de aterro deve fornecer um FS igual ou preenchimento para fornecer FS
maior que o valor provisório mínimo aceitável. mínimo.
Altura de aterro de 1,82 m

(244)
Este exemplo usou FS = 1,15 a 1,2 como
mínimo.

3. Calcule o ganho de força devido ao aterro inicial


Isso é obtido calculando o aumento da tensão
devido à colocação do primeiro estágio de aterro.
Consulte a secção 4.3.5.2
Subdivida a camada de siltos moles em camadas e
zonas para análise, conforme ilustrado abaixo.
A largura do aterro (B) é dada por:

10,67 + (4 x 6,10) – (2 x 1,82)


= 31,40 m

Os aumentos de tensão nas zonas são os seguintes, com base na largura equivalente da
sapata de 31,40 m e usando o método de distribuição de tensão de Boussinesq. Assim, a
zona 3 está próxima do centro e só é usada posteriormente na análise.

Camada Zona Z Z/B I σν (kN/m2) ∆σ(kN/m2)


1,87 x 20,42 I x σν
1 1 1,53 0,049 0,98 37,16 36,42
2 6,10 0,194 0,93 37,16 34,56
2 1 1,53 0,049 0,55 37,16 20,44
2 6,10 0,194 0,75 37,16 27,87

1. Calcule a taxa e o tempo para consolidação

(245)
A relação entre a taxa e o tempo de consolidação
depende do factor de tempo Tv, do grau de
consolidação U e do comprimento do caminho de
drenagem.
O lodo mole pode drenar no topo, bem como em
Caminho de drenagem = (H / 2), onde H é a altura
da camada de siltos moles.

Supondo que o aterro do estágio 1 possa consolidar


por duas semanas (14 dias), a consolidação
percentual é calculada a partir de:

T = tCv/H2 Equação 4-91: 14 dias (0,093 m2/day)/(9,15/2)2


= 0,062
T = 0,25𝜋𝑈 2 da Equação 4-91a, for U <60%
Grau de consolidação U = 0,281
= 28%

1. Calcule o ganho de força em 14 dias com Cálculos tabelados abaixo


28% de consolidação

Da Equação 4-96

Ganho de força com atraso de 14 dias e atingiria 28% de consolidação

Camada Zona I x σν Cuui U ϕconso Cuu28%


(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2)
1 1 36,42 7,67 0,28 22° 11,8
2 34,56 7,67 0,28 22° 11,6
2 1 20,44 7,67 0,28 22° 10,0
2 27,87 7,67 0,28 22° 10,8

2. Calcule o ganho de força assumindo um atraso


de 60 dias
60 dias (0,093 m2/day)/(9,15/2)2
Calcular Tv e U
= 0,267

= 0,583
= 58%

Cálculos fornecidos na tabela abaixo


O ganho de força com atraso de 60 dias e a consolidação seria de 58%
Camada Zona
Ix σν Cuui U
ϕconso Cuu28%
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2)
1 1 36,42 7,67 0,58 22° 16,2
2 34,56 7,67 0,58 22° 15,8
2 1 20,44 7,67 0,58 22° 12,5

(246)
2 27,87 7,67 0,58 22° 14,2

Nota: Evite o período de atraso de mais de 2 meses


1. Calcule a altura do próximo enchimento do
estágio
Em seguida, é aumentar a altura de
enchimento, avaliar a estabilidade, até que
o factor de segurança seja de
aproximadamente 1,2, mas não inferior a
1,15

A altura total de enchimento é aumentada


para 2,42 m (0,60) de novo enchimento é
adicionado) após o período de atraso de 14 10,67 + (4 x 6,10) – (2 x 2,42)
dias. = 30,24 m

A largura efectiva do aterro torna-se

Camada Zona Z Z/B I σν (kN/m2) ∆σ(kN/m2)


1,87 x 20,42 I x σν
1 1 1,53 0,049 0,98 49,42 48,43
2 6,10 0,194 0,93 49,42 45,96
2 1 1,53 0,049 0,55 49,42 27,18
2 6,10 0,194 0,75 49,42 37,06

Supondo que o segundo estágio, trazendo a altura total de enchimento até 2,42 m, pode se
acomodar por 16 dias, calcule qual seria o Factor de Tempo (T) e a consolidação percentual
(U) a ser alcançada.
1. Calcular a consolidação média
Uma vez que o levantamento do primeiro
estágio tem 14 dias para consolidar e o
segundo levantamento do solo é permitido
para consolidar por mais 16 dias, o solo
terá na verdade consolidado por 30 dias no
total.

Como antes, use:


T = tCv/H2 Equação 4-91: 30 dias (0,093 m2/day)/(9,15/2)2
= 0,133
T = 0,25 𝜋U2 da Equação 4-91a, para U
<60% = 0,411
Grau de consolidação U = 41%

A consolidação média do período de atraso {1,82m (0,41) + 0,60m (0,28)}/2,42 m


de 14 + 16 dias será: = 0,377
= 38%
2. Calcular o ganho de força em 30 dias e
consolidação média de 38% Cálculos tabelados abaixo

(247)
Camada Zona
Ix σν Cuui U
ϕconso Cuu28%
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2)
1 1 36,42 7,67 0,38 22° 13,3
2 34,56 7,67 0,38 22° 13,0
2 1 20,44 7,67 0,38 22° 10,8
2 27,87 7,67 0,38 22° 11,9
Notas:
As etapas 7 e 8 continuam num processo iterativo de adição de enchimento, determinação da
consolidação média ponderada, ganho de força subsequente e análise de estabilidade para
determinar a próxima elevação "segura" até que o aterro seja construído em altura total
(6,10 m). Um FS mínimo aceitável a longo prazo de 1,25 deve ser alcançado.
Conforme ilustrado na Figura 4-25, a consolidação/assentamento do aterro continuará
lentamente após a colocação do aterro do estágio final. Ocorre quando o solo continua a
assentar depois que as pressões de água dos poros em excesso são dissipadas a um nível
insignificante, ou seja, a consolidação primária está essencialmente concluída. Isso causará
aumento na resistência do lodo mole.
Resumo do processo usado para este exemplo. Os cálculos sobre como determinar o tempo
necessário uma vez que o aterro seja concluído para fazer com que o factor de segurança
aumente para o FS mínimo aceitável a longo prazo de 1,25 são resumidos como segue:

Estágio Incremento de Atraso de tempo


aterro antes da próxima
fase
(m)

1 1,8 15
2 0,6 15
3 0,6 15
4 0,6 15
5 0,6 30
5 0,6 30
7 0,9 10
8 0,3 25
Total 6,1 155

(248)
FS de 1,25 obtido após 25 dias após a colocação da camada de aterro final
Ganho de força após 155 dias e consolidação de 71%

Camada Zona I x σν Cuui U ϕconso Cuu28%


(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2)
1 1 120,3 7,67 0,71 22° 42,2
2 37,4 7,67 0,71 22° 18,4
3 68.6 7,67 0,71 22° 27,3
2 1 110,9 7,67 0,71 22° 39,5
2 46,1 7,67 0,71 22° 20,9
3 74,8 7,67 0,71 22° 29,1

O exemplo acima mostra a abordagem da pressão total. Por outro lado, a análise de tensão
efectiva é usada para determinar a quantidade de aumento de pressão de poros que pode ser
tolerada antes que o factor de segurança do aterro caia para um nível crítico ao usar φCD para
a resistência do solo. Isso é avaliado determinando a razão de pressão de poros (ru), que é
frequentemente usada para comparar o aumento de pressão de poros com medições de
pressão de poros in-situ. Assim, as taxas de pressão dos poros que não devem ser excedidas
durante a construção de aterro.

Exemplo de muro de estaca-prancha ancorada (estruturas à beira-


mar)
As estacas-prancha podem ser usadas em estruturas à beira-mar para evitar que a água
do mar flua para as áreas de serviço necessárias. Eles também oferecem soluções
económicas para a necessária dragagem profunda de portos para permitir que navios
modernos na construção de novos portos.

(249)
DADOS DE ENTRADA

Camada de solo 1: Camada de solo 3:


Ângulo de atrito: 32 ° Ângulo de atrito: 22 °
Pressão não drenada (C): 17 kN/m2 Pressão não drenada (C): 50 kN/m2
Peso unitário (γ_T): 18 kN/m3 Peso unitário (γ_T): 19 kN/m3

Camada de solo 2: Condições de limite


Ângulo de atrito: 28 ° Profundidade de dragagem: 12 m
Pressão não drenada (C): 28 kN/m2 Profundidade da âncora: 2,0 m
Peso unitário (γ_T): 19 kN/m3 Profundidade da água: 4,0 m
Permitindo uma pressão de sobrecarga de 80
kN/m2 na superfície
Módulo de secção permitido: 180 MPA
Requeridos
1. Determine a profundidade de penetração D
2. Determine a força de ancoragem por unidade de comprimento da estaca-prancha.
Procedimentos analíticos Cálculos
1. Calcular coeficientes de pressão Faça referência à seção 4.2.1 e 4.7.3.2
activa e passiva do solo para cada
camada 32°
K aL1 = tan2 (45° − ) = 0,31
Condição activa 2
φ
K a = tan2 (45° − ) 28°
2 K aL2 = tan2 (45 − ) = 0,36
2

22°
K aL3 = tan2 (45 − ) = 0,46
2

(250)
Condição passiva:
22
K pL3 = tan2 (45 + ) = 2,2
O valor de Kp é necessário para a 2
terceira camada, abaixo da
linha de dragagem.

φ
K p = tan2 (45 + )
2

2. Calcule a pressão líquida lateral do


solo em cada profundidade Consulte as definições de distribuição de
Condição Activa: pressão nas figuras: 4-6, 4-69, 4-70

σha = (q + γH)K a − 2c√K a

Condição Passiva

σhp = (q + γH)K p + 2c√K p

At z = 0.0 (acima da linha de


dragagem: somente pressão activa)
𝜎ℎ,𝑎 = (80 + 18𝑥0)𝑥0,31 − 2𝑥17√0,31
∆𝜎ℎ = 𝜎ℎ,𝑝 − 𝜎ℎ,𝑎 = 5,87 kN/m2

(0 – 5,87) = -5,87 (say 6,0 kN/m2 na


direcção ativa)
At z = 4m (acima da linha de
dragagem: somente pressão activa) (80 + 18 ×4) × 0,31 − 2 × 17 × √0,31
Imediatamente antes = 28,25 kN/m2
(0 – 28,25) = -28,25 kN/m2
Imediatamente depois (Ka = 0,36 , C =
28 kN/m2) (80 + 18 × 4) × 0,36 − 2 × 28 × √0,36
= 21,12 kN/m2
(0 – 21,12) = - 21 kN/m2

At z = 12m (um pouco antes: apenas (80 + 18 × 4) + (19 − 10) × 8) × 0,36 − 2


pressão activa) (Ka = 0,36, C = 28) × 28 × √0,36
= 47,04 kN/m2
(0 – 47,04) = - 47 kN/m2

At z = 12 m (logo depois: pressão


activa à direita, pressão passiva à
esquerda)
(Ka = 0,45, Kp = 2,2, C = 50) abaixo
da linha de dragagem

Pressão activa à direita:


𝜎ℎ,𝑎 (80 + 18 × 4 + (19 − 10) × 8) × 0.45 − 2 × 50 × √0.45
= 33.72 kN/m2

Pressão passiva (at left)

(251)
𝜎ℎ,𝑝 (0 + (19 − 10) × 0) × 2,2 + 2 × 50 × √2,2
= 148,32 kN/m2
∆𝜎ℎ = 𝜎ℎ,𝑝 − 𝜎ℎ,𝑎
(148,32 – 33,72) = 114,61 kN/m2

At z = 12 + D (Pressão activa à direita,


pressão passiva à esquerda "sem
inflexão")
(80 + 18 × 4 + (19 − 10) × 8 + (19 − 10) ×
Pressão activa à direita: D) × 0,45 −2 × 50 × √0,45
= 33,8+ 4,05D

Pressão passiva (à esquerda): (0 + (19 − 10) × D) × 2,2 + 2 × 50 × √2,2


= 148,3 + 19,8D

(148,3 + 19,8 D) − (33,8 + 4,05 D)


∆𝜎ℎ = 𝜎ℎ,𝑝 − 𝜎ℎ,𝑎 = 114,5 + 15,75D

3. Calcule a profundidade de
penetração D
Veja as Figuras 4-6, 4-69 e 4-70.
4. Estabeleça o diagrama de Resultados para este exemplo mostrado
distribuição de tensão abaixo.

Para calcular D, tome ∑ 𝑀𝑎𝑡 𝐹 = 0,0


Para calcular F, tome ∑ 𝐹𝑥 = 0,0
A partir do diagram de forças resultantes para 1 ,2 ,3 e 4 são positivas e as forças F, 5
e 6 são negativas e a seguinte tabela é preparada

(252)
Força Magnitude Braço de momento no Momento sobre o ponto
“F” “F”
P1 5,87 x 4 = 23,48 0,0 0
P2 0,5 x (28,25 – 5,87) x 4 = 44,76 2 – 4/3 = 0,67 29,84
P3 21,12 x 8 = 168,96 2+4=6 1013,76
P4 0,5 x (47-21,2) x 8 103,20 8 – 8/3 + 2 = 7,3 756,8
P5 (-) 114,5D 10 = 0,5D 1145D + 57,25D2
P6(-) 0,5 x (15,75D) x D =7,88D2 10 = 2/3D 78,8D2 + 5,28D3
F F(-) 0,0 0,0

∑ 𝑀𝑎𝑡 𝐹 = 0,0+29,84+1013,76+756,8 = 1145D + 57,25D2 + 78,8D2 + 5,28D3


→ 5,283 + 136,05D2 + 1145D – 1800 = 0,0
= 1,34592 m
D = 1,346 m

∑ 𝐹𝑥 = 0,0 → 23,48 + 44,76 + 168,96 + 103,2 − 114,5𝑥1,346 − 7,88𝑥1,3462


F = 172,0 kN

(253)

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