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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DISPLIPLINA MCMQ DATA 16/10/23


PROF. PEDRO CARLOS OPRIME TURMA
ATIVIDADE 3: GRÁFICOS DE CONTROLE POR VARIÁVEL

1. Quais são as causas aleatórias e atribuíveis de variabilidade? Qual o papel que


elas exercem na operação e na interpretação de gráficos de controle?

Causas aleatórias (comuns) são variações naturais e inerentes a qualquer


processo, não podem ser atribuídas a fatores específicos, e aparecem como variação
dentro dos limites de controle em gráficos de controle.
Causas atribuíveis (especiais) são variações que podem ser rastreadas até
fatores específicos ou eventos fora do comum, e aparecem como pontos fora dos
limites de controle ou padrões não aleatórios nos gráficos de controle.
No uso de gráficos de controle, distinguir entre causas aleatórias e causas
atribuíveis é crucial para a gestão da qualidade, pois ajuda a identificar problemas
no processo que exigem ação corretiva. Causas aleatórias representam a variação
natural, enquanto causas atribuíveis indicam problemas a serem resolvidos para
melhorar a qualidade do processo.

2. Discuta a relação entre um gráfico de controle e testes de hipóteses.

Enquanto os gráficos de controle são utilizados para monitorar a estabilidade


de um processo ao longo do tempo, os testes de hipótese são utilizados para fazer
afirmações ou análises sobre médias, variações e outras características de um
processo, baseado em uma amostra de dados.
A relação entre essas ferramentas está na forma como elas se
complementam; Gráficos de controle identificam problemas em um processo, como
a presença de causas especiais (anomalias). Quando um problema é detectado, os
testes de hipóteses podem ser usados para confirmar se a diferença é
estatisticamente significativa. Os gráficos de controle podem mostrar mudanças no
processo, mas eles não quantificam a significância estatística dessas mudanças. Os
testes de hipóteses aprofundam a análise, determinando se as diferenças são
estatisticamente reais e fornecendo informações adicionais sobre as mudanças no
processo. Em resumo, os gráficos de controle apontam para problemas e anomalias,
enquanto os testes de hipóteses aprofundam a análise estatística para confirmar e
quantificar esses problemas. Juntas, essas ferramentas desempenham um papel
fundamental na gestão da qualidade e na melhoria contínua de processos,
fornecendo uma abordagem equilibrada de monitoramento e análise estatística.

3. Discuta os erros tipo I e tipo II dos gráficos de controle.


Em gráficos de controle e em estatística, os erros tipo I e tipo II são
conceitos importantes relacionados à tomada de decisões com base nas informações
fornecidas pelos gráficos.

Erro Tipo I:

Erro Tipo I, também conhecido como falso positivo ou erro alfa (α), ocorre
quando se rejeita erroneamente a hipótese nula, que é uma afirmação de que o
processo não está sob controle, quando na realidade ele está sob controle. Isso
significa que você concluiu que há uma causa especial (anomalia) no processo,
quando, na verdade, as variações observadas eram devido a causas comuns
(variação aleatória). O risco de cometer um Erro Tipo I está relacionado ao nível de
significância (α) escolhido no teste de controle. Um nível de significância mais
baixo reduz o risco de Erro Tipo I, mas aumenta o risco de Erro Tipo II.

Erro Tipo II:

Erro Tipo II ocorre quando não se rejeita a hipótese nula, quando, na


verdade, há uma causa especial no processo. Isso significa que você não detectou
uma anomalia no processo, embora ela estivesse presente. A probabilidade de
cometer um Erro Tipo II é frequentemente representada como β (beta). Um teste
mais sensível (com um nível de significância mais alto) reduz o risco de Erro Tipo
II, mas aumenta o risco de Erro Tipo I.

A relação entre esses dois tipos de erros em gráficos de controle está


diretamente relacionada ao equilíbrio entre a sensibilidade do teste e a
especificidade do teste. Ao ajustar o nível de significância (α) e a capacidade de
detecção (1 - β) de um gráfico de controle, você pode influenciar a probabilidade de
cometer Erros Tipo I e Tipo II.

Para reduzir o risco de um erro tipo I, muitas vezes é necessário aceitar um


risco maior de erro tipo II e vice-versa. Portanto, a escolha do nível de significância
e a definição dos limites de controle em um gráfico de controle devem ser feitas
com base nas necessidades e nas consequências específicas de cada aplicação. O
objetivo é encontrar um equilíbrio que permita uma detecção adequada de
problemas no processo sem gerar falsos alarmes excessivos.

4. Discuta o conceito de subgrupos racionais e o papel que eles desempenham nos


gráficos de controle.

Subgrupos racionais desempenham um papel fundamental nos gráficos de


controle, que são ferramentas utilizadas para monitorar e garantir a qualidade de um
processo ao longo do tempo.
Subgrupos racionais referem-se a amostras ou grupos de observações
coletadas de um processo de produção de forma organizada e lógica. Cada subgrupo
é uma coleção de dados que é coletada em circunstâncias semelhantes ou sob
condições específicas.
Segundo Shewhart, subgrupos ou amostras devem ser selecionadas de tal
modo que, se estiverem presentes causas atribuíveis a chance de diferença entre
subgrupos será maximizada e a chance de diferença devido a essas causas dentro de
um subgrupo será minimizada; ou seja, os subgrupos devem ser tais que, se causas
especiais ou atribuíveis estiverem presentes, elas aparecerão em forma de diferenças
entre os subgrupos, ao invés de diferenças entre os membros de um subgrupo.
Os subgrupos racionais desempenham um papel crucial na construção e
interpretação de gráficos de controle, permitindo que as organizações monitorem a
estabilidade de seus processos e identifiquem desvios do padrão. Eles ajudam a
separar a variação natural da variação atribuível a causas específicas, o que é
essencial para melhorar a qualidade e a eficiência dos processos de fabricação.
Ao criar um gráfico de controle, os dados coletados em subgrupos racionais
são usados para calcular estatísticas de resumo para cada subgrupo, geralmente a
média e a amplitude. A média do subgrupo (X̄) é usada para monitorar mudanças no
valor médio do processo, enquanto a amplitude (R) é usada para monitorar a
dispersão dos dados dentro do subgrupo. Essas estatísticas de resumo são plotadas
ao longo do tempo em gráficos de controle, geralmente em um gráfico de controle
por variáveis (como o gráfico X̄-R ou X̄-S) ou por atributos (como o gráfico p ou
np).
Assim, o uso de subgrupos racionais ajuda a distinguir entre variações
normais dentro de um subgrupo e variações anormais entre subgrupos. Isso é
essencial para detectar problemas e realizar ações corretivas quando necessário.

5. Discuta a lógica subjacente no uso de 3 sigmas no cálculo dos limites dos


gráficos de Shewhart.

O primeiro fundamento de Shewhart indica que independente do tipo de


gráfico de controle, os limites serão estabelecidos a uma distância de três sigma da
linha central. Assim, os limites de controle são determinados como um múltiplo do
desvio-padrão, em geral L = 3, ou seja, os limites se localizam a 3 desvios-padrão
da média. Portanto, os limites 3 sigmas são normalmente empregados em gráficos
de controle.
Shewhart iniciou seus estudos pelo Teorema de Tchebycheff, este afirma
que, para um conjunto de dados qualquer, a probabilidade de uma observação estar
distante da média mais do que “k” vezes ou “k” vezes o desvio padrão, é menor ou
igual a 1/(k^2). Assim, a probabilidade de termos observações distando mais do
que, ou igual a, 3*sigma, é menor ou igual a 0,111. Importante ressaltar que a
probabilidade independe do valor da média da distribuição.
Em seguida, Shewhart analisou que quanto mais distantes da média estavam
os dados do processo (principalmente quando ultrapassavam os limites 3sigma),
mais facilmente as causas da ocorrência eram analisadas e descobertas. Isto não
ocorria com as observações cujos valores estavam mais próximas da media do
processo. E a robustez dos limites 3*sigma, englobando 88,9% dos dados em
situação limite (Teorema de Tchebycheff), e aproximadamente 99,0% em situações
práticas de manufatura (Regra Empírica), serviam muito bem ao propósito do
controle estatístico do processo.
Assim, entre os limites 3sigma, estariam as causas aleatórias, comuns,
também chamadas de variação rotineira.
Desta forma, a escolha de 3 sigmas para estabelecer os limites de controle é
baseada na ideia de que a maioria dos dados dentro de 3 sigmas da média representa
a variação natural do processo. Quando um ponto de dados cai fora desses limites, é
considerado um sinal de que algo fora do comum está acontecendo no processo. Em
outras palavras, a utilização de 3 sigmas fornece uma alta sensibilidade para
detectar desvios significativos no processo.

6. Um departamento de emergência de um hospital está monitorando o tempo de


admissão de pacientes por meio de gráficos de controle média e amplitude. Use
os dados amostrados, indicados abaixo, para calcular os limites de controle. O
processo está sob controle? Caso negativo, o que você faria?

Tempo de admissão em minutos:

Subgrupo 𝑥 R Subgrupo 𝑥 R
1 8,3 2 11 8,8 3
2 8,1 3 12 9,1 5
3 7,9 1 13 5,9 3
4 6,3 5 14 9,0 6
5 8,5 3 15 6,4 3
6 7,5 4 16 7,3 3
7 8,0 3 17 5,3 2
8 7,4 2 18 7,6 4
9 6,4 2 19 8,1 3
10 7,5 4 20 8,0 2

Com base nos dados fornecidos pelo enunciado do exercício, foram


calculados os limites de controle tanto para a média quanto para a amplitude. Também foi
consultada uma tabela de fatores para construção de gráficos de controle para variáveis.
Estes limites são:

Gráfico R
D3 (20 amostras) 0,415
D4 (20 amostras) 1,585
Limite Superior de
Controle 4,99275
Limite Inferior de
Controle 1,30725

Gráfico X/R
A2 (20 amostras) 0,18
Limite Superior de
Controle 8,137
Limite Inferior de
Controle 7,003

Foram, então, construídos dois gráficos com base nos dados, sendo esses:

Observando os gráficos, percebe-se que o processo, em sua totalidade, se


encontra fora de controle - ou seja, conta com diversas causas de anomalia que não
são inerentes ao próprio processo. Neste contexto, é essencial realizar uma análise
aprofundada para compreender as causas subjacentes do atraso no tempo de
admissão de pacientes no hospital. Essa investigação pode ajudar a determinar se o
problema está relacionado a questões mecânicas que requerem a substituição ou
manutenção de equipamentos hospitalares, ou se as falhas nas operações estão
ligadas à falta de orientações adequadas para os operadores.
Portanto, é aconselhável conduzir testes nas equipamentos que são utilizados
nos processos de admissão de um paciente, com o auxílio de técnicos ou operadores
mais experientes, a fim de comparar a qualidade de seus resultados e identificar
possíveis discrepâncias. Simultaneamente, é fundamental envolver os funcionários
no processo, promovendo a coleta de feedback por meio de questionamentos, a fim
de compreender suas preocupações e obter insights sobre como eles executam suas
tarefas. Esse diálogo aberto pode ser fundamental para a identificação de soluções
eficazes e a melhoria do tempo de admissão de pacientes no hospital.
Em um segundo momento, é importante levantar os novos dados depois que
os testes forem realizados, calcular novos limites de controle e construir um outro
gráfico, possibilitando novas análises.

Os cálculos envolvidos na resolução deste exercício podem ser consultados


em: Atividade 2 - Gráficos de Controle

7. Gráficos de controle para 𝑥 e 𝑅 deve ser mantido sobre a força de resistência de um


ferrolho metálico. Depois da análise de 30 amostras de tamanho n=6, obtém que:

30 30
∑ 𝑥 = 12. 870 e ∑ 𝑅𝑖 = 1350.
1 1

a) Calcule os limites de controle para o gráfico R.


b) Calcule os limites de controle para o gráfico 𝑥.
c) Supondo que o processo esteja sob controle, estime os parâmetros µ e σ.
8. Os gráficos de controle 𝑋 e R estão em uso com os seguintes parâmetros:

Gráfico X-bar Gráfico R


LSC=363,0 LSC=16,18
Linha Central = 360,00 Linha Central=8,91
LIC=357,00 LIC=1,64

Ambos os gráficos estão sob controle. A característica da qualidade é normalmente


distribuída e o tamanho da amostra usado nos gráficos é n=9.
a) Qual o risco α associado ao gráfico X-bar?
b) Qual o valor do comprimento médio de sequência (CMS) até a detecção de um
ponto fora dos limites, também conhecido como ARL(average run length)?
9. Vinte medidas sucessivas de dureza são feitas em uma liga metálica sendo os dados
mostrados na tabela a seguir.
1) Usando todos os dados calcule os limites de controle para o gráfico das
observações individuais e da amplitude móvel. Determine se o processo esta sob
controle estatístico se não, considere que as causas atribuíveis possam ser
encontradas e eliminadas essas amostras e reveja os limites de controle.
2) Estime a média o desvio padrão do processo quando ele estiver sob controle.

Observaçã
Observação Dureza Dureza
o
1 51 11 51
2 52 12 57
3 54 13 58
4 55 14 50
5 55 15 53
6 51 16 52
7 52 17 54
8 50 18 50
9 51 19 56
10 56 20 53
10. Descreva os passos para implementar um gráfico de controle. Explique o que é
a Fase I e Fase II.

O primeiro passo para a criação dos gráficos de controle é retirar a amostra,


seguido de calcular a média de cada subgrupo, assim como seu desvio-padrão ou
amplitude, e por fim, calcular a média das médias, a média dos desvios-padrões ou
média das amplitudes calculadas. Com esses dados obtidos, é necessário calcular os
limites de controle e utilizam a média das médias e a média da medida de dispersão
escolhida (amplitude ou desvio-padrão), para que seja possível plotar os valores
obtidos e analisar os gráficos.
A Fase I consiste na verificação de se o processo se encontra sob controle ou
não, assim como é o momento de se adequar o processo para a Fase II.
A Fase II, por sua vez, abrange o monitoramento do desempenho e
indicadores do processo, incluindo verificar se há ocorrência dos diferentes tipos de
erros.

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