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ISSN 2307-390X

Artigo original

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: entre a preservação e a formação profissional

Ana Carolina Fernandes Gonçalves e Cezar Luiz de Mari


Universidade Federal de Viçosa, Brasil

RESUMO: A compreensão sobre a diversidade cultural e sua importância para o empoderamento político-
econômico das comunidades tradicionais ampliou os limites da iniciativa de salvaguarda do patrimônio cultural,
deslizando da materialidade à imaterialidade. Em consonância com esse desdobramento, a educação patrimonial
fomentada pelas políticas de preservação como uma estratégia de conscientização e envolvimento, precisa também
ser ressignificada. Com esse intuito, o presente trabalho pretende apresentar uma interpretação da educação
patrimonial como formação e qualificação profissional, à luz da Convenção Internacional sobre a Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial celebrada pela UNESCO.
Palavras-chave: Educação patrimonial, Educação profissional, Indústria criativa, Patrimônio imaterial,
Tecnologia patrimonial.

HERITAGE EDUCATION: between the preservation and the professional formation


ABSTRACT: Understanding the cultural diversity and its value for the policy and economic empowerment of the
traditional communities enlarged the border of the protection of the cultural heritage, sliding from material to
immaterial goods. On this old context, the heritage education was projected by preservation policies as a strategic
to open the community perception and involvement about the heritage, but it need rethought according to this
development. To that end, this paper intends to show an interpretation of the heritage education as professional
training and qualification, considered the Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage
celebrated by UNESCO.
Keyworks: Heritage education, Professional education, Creative industry, Intangible heritage, Heritage tecnology.
_____________________
Correspondência para: (correspondence to:) anacgoncalves@ufv.br

INTRODUÇÃO normatização e burocratização do trabalho


comum às sociedades ocidentais modernas.
A preservação do patrimônio cultural, a
princípio tomada como uma iniciativa com Um dos principais responsáveis por
fim em si mesma, tem sido cada vez mais introduzir a política cultural como parte do
pensada e justificada a partir da perspectiva projeto de desenvolvimento econômico
da sustentabilidade de comunidades locais regional, o pernambucano Aloísio
por meio de atividades econômicas ligadas, Magalhães (1927-1982), criador do Centro
principalmente, ao turismo. Essa guinada Nacional de Referência Cultural (CNRC) e
pode ser observada a partir da década 1970, posteriormente presidente do IPHAN, à
tanto no discurso de entidades época dividido em Departamento do
supranacionais, como a UNESCO, quanto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
nacionais, como o IPHAN, responsáveis (DPHAN) e Fundação Pró-Memória,
pela salvaguarda do patrimônio cultural preocupava-se com a relação problemática
material e imaterial. Uma vez ligadas às entre artesanato e mercado apontando que
práticas produtivas e circulação de bens e tal atividade produtiva possui uma dinâmica
serviços, as técnicas de proteção e própria que não cabe nas diretrizes do
conservação tornam-se objeto de trabalho moderno industrializado. “Sua
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dinâmica obedece a leis próprias que se não das principais legislações sobre educação
forem respeitadas interrompem o seu nacional, por meio dos quais o princípio
desenvolvimento natural”, enfatizou o educativo do trabalho é explorado como
designer (MAGALHÃES, 1985, p. 55). uma condição política, econômica e cultural
para o exercício da cidadania. E como tal
A complexa relação entre cultura, trabalho
princípio pode incorporar o sentido
e educação é interpretada na perspectiva de
antropológico do trabalho artesanal,
Gramsci (1891-1937), cuja obra é
presente na Convenção para Salvaguarda do
referência mundial nos estudos de cultura e
Patrimônio Imaterial de 2003 da UNESCO,
política, tal como esclarece Schlesener
permitindo assim a interpretação da
(2017), como um processo histórico que
educação patrimonial, para além de uma
emerge da apropriação dos saberes
estratégia de preservação destes saberes,
tradicionais populares ou técnico-
como uma qualificação profissional para
científicos pelo sistema produtivo,
sustentar a produção local e regional.
transformando-o em uma nova forma de
reprodução elevada à linguagem na esfera O PRINCÍPIO EDUCATIVO DO
política para construção de consensos e uma TRABALHO: a experiência
nova cultura. A luta hegemônica dentro No artigo a Escola do Trabalho escrito em
desse processo ocorre no campo discursivo 1916, Gramsci chamava atenção para a
e consiste em quebrar os consensos subestimação do trabalho e a
passivos construídos pelos grupos dirigente subalternização da cultura do trabalho como
e revelar, assim, a relação dinâmica entre um interesse exclusivo das massas
material e cultural. proletárias, para a qual a escola profissional
O sociólogo húngaro Mézáros (1930-2017) e sua formação para a indústria, comércio e
argumentou, sempre a partir de uma crítica agricultura estava voltada. Enquanto uma
ao capitalismo, em favor de um projeto outra escola, voltada para as artes liberais e
educacional que rompa com a lógica de formação de médicos, advogados,
internalização que adapta as forças administradores e licenciados, priorizava a
produtivas e intelectuais ao mercado e cultura ilustrada atendendo as ambições
apresente-se como uma contraproposta pequeno-burguesas (GRAMSCI, 2010).
fundamentada no princípio gramsciano de Esse tema é melhor explorado por ele no
educação integral, a escola unitária caderno 12, cuja redação foi feita por volta
planejada para promover a de 1932, no qual Gramsci (2001) apresenta
“sustentabilidade”, entendida por ele como sua ideia de escola unitária. Partindo da
‘autogestão’ e ‘autoeducação’ como única diferenciação do projeto tecnicista e
forma de “controle consciente do processo utilitarista da educação, de um outro,
de reprodução metabólica social por parte histórico-crítico, no qual o princípio
de produtores livremente associados” educativo do trabalho é interpretado como
(MÉZÁROS, 2008, p. 72, destaques no uma disposição teórica e prática do ensino,
original). ele contribui para desfazer o lugar comum
Com o intuito de esclarecer essa relação da crítica apolítica sobre a educação voltada
dinâmica entre trabalho, cultura e educação para o trabalho.
no campo discursivo da preservação Para Gramsci, a falha não estaria na relação
patrimonial, o presente artigo apresentará entre educação e trabalho, mas na redução
uma possível interpretação da educação desta relação à instrução, cuja participação
patrimonial como uma formação para o passiva dos alunos levaria “o certo a se
trabalho dentro de uma proposta de tornar verdadeiro", permitindo o controle
desenvolvimento integral de comunidades cultural por meio dos aparelhos
tradicionais. O presente texto, portanto, é o hegemônicos. O que deveria ocorrer, em
resultado da análise qualitativa documental
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sua visão, era uma educação com a de ensino médio público a partir da reforma
participação ativa dos educandos, com de 2017. A Formação Técnica de Nível
contato direto entre conhecimento teórico e Médio é ofertada por Institutos Federais e
as artes práticas vivenciado como uma por instituições privadas mantidas pelas
experiência. Nesse sentido, as escolas associações da indústria e comércio, o
profissionais seriam uma proposta Sistema S, por meio do PRONATEC,
politicamente interessante, se tivessem uma programa governamental de formação
perspectiva crítica, ao contrário da profissional, cujas propostas “visam apenas
abordagem desinteressada e reprodutora à formação para o mercado de trabalho e a
das desigualdades sociais encontradas por inculcação da empregabilidade”, na análise
ele na formação técnica proposta pela crítica feita por Oliveira e De Mari (2018).
reforma educacional na formação técnica Além disso, há também os cursos superiores
proposta pela reforma educacional de em sistemas públicos e privados que
Gentili em 1922-1923, mas que também formam tecnólogos, nas mais variadas áreas
pode ser encontrada em reformas atuais, do mercado de trabalho. Tais possibilidades
como o Novo Ensino Médio de 2017 no são iniciativas que pretendem garantir o
Brasil. direito à formação para o trabalho, visto
Mais profunda e interna é a sua observação como essencial para autonomia e
sustentabilidade individual e coletiva.
de que a aprendizagem acontece no choque
cultural entre folclore, o conhecimento Esse direito fundamental para dignidade
prévio de mundo que o aluno adquire no humana encontra-se assegurado na
contato social com a família e comunidade, Constituição Federal de 1988, subjetivado
e a concepção científica, social e moral da pela fórmula de “qualificação para o
cultura cientifica. Se este conflito for trabalho” cuja responsabilidade é
conduzido pelo princípio educativo ativo do compartilhada pelo Estado e Família no
trabalho, a educação pode ser artigo art. 205, e está incluso em pelo menos
transformadora e criar condições para que três das metas do atual Plano Nacional de
as classes subalternas se organizem para Educação (2014-2024) para as políticas de
resistir ou responder às forças hegemônicas. educação pública.
Para isso, no entanto, é necessário pensar a
Reafirmando o direito assegurado na
filosofia da práxis como o anteparo
Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da
metodológico da prática pedagógica
Educação Nacional (LDB) de 1996
(MAYO, 2017).
introduziu uma seção própria para o ensino
O TRABALHO NOS DOCUMENTOS profissional. É incluído no art. 40 da LDB,
NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO pela Lei nº 11.741/2008, a definição de
Na educação brasileira que desponta no vários níveis para educação profissional:
século XXI, a formação profissional é uma qualificação profissional, técnico médio e
miríade de possibilidades, pelo menos no superior, cuja oferta é autorizada para
horizonte aberto das políticas de papel. diferentes inciativas e espaços educativos
Segundo o art. 4º da Resolução CNE/CP Nº como instituições privadas, filantrópicas ou
1, de 2021, a educação profissional e não, como o Sistema S e estágios. Mantém-
técnica brasileira é organizada em se assim, a colaboração do próprio setor
qualificação profissional, Educação empregador para formação da mão de obra,
Profissional Técnica de Nível Médio e em colaboração com setor público.
Educação Profissional Tecnológica, de Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para
graduação e de pós-graduação. Os cursos de o Ensino Médio (DCNEM) de 2012, o
qualificação profissional são ofertados trabalho é elevado, no art.5, a princípio
como cursos livres explorados, sobretudo, educativo, ao lado da pesquisa como
por plataformas digitais EAD e nas escolas princípio pedagógico. Neste mesmo artigo,
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encontra-se finalmente uma definição mais flexível e superficial, que permite ao


objetiva de trabalho: “§ 1º O trabalho é trabalhador uma constante adequação às
conceituado na sua perspectiva ontológica exigências do mercado de trabalho por meio
de transformação da natureza, como da formação continuada. Utilizando a
realização inerente ao ser humano e como metáfora do próprio relatório, o ensino
mediação no processo de produção da sua médio é projetado para ser uma plataforma
existência” (BRASIL, 2012). Ao lado dessa de embarque do jovem para o mercado de
definição, encontram-se as definições de trabalho, ofertando uma capacitação
tecnologia e cultura, para tornar mais claro mínima de tecnologia, comunicação e
o eixo norteador do ensino médio, o qual língua estrangeira, à qual ele pode retornar
deve contemplar a tecnologia como “a toda vez que precisar se adequar ao
transformação da ciência em força mercado de trabalho, por meio de novos
produtiva” considerando as “relações cursos profissionalizantes, em processo
sociais que a levaram a ser produzida” (art. contínuo. O relatório projetava nesse
5, §3, BRASIL, 2012) e a cultura como um modelo a formação do cidadão ideal para
“processo de produção de expressões comunidades internacionais como a União
materiais, símbolos, representações e Europeia, ou mesmo o Mercosul, nas quais
significados que correspondem a valores há um intenso fluxo de bens, serviços e
éticos, políticos e estéticos que orientam as pessoas (UNESCO, 1998).
normas de conduta de uma sociedade” (art. Contudo, essa não é a realidade de muitas
5.§4 , BRASIL, 2012). Além de agente comunidades tradicionais mais isoladas,
educativo, o mercado de trabalho é também que sobrevivem com formas de produção
uma diretriz para o planejamento da diferentes daqueles dos centros urbanos
educação, uma vez que é dele a demanda de industrializados, cujo setor de serviço gera
serviço. tanta mobilidade. Esta é a realidade de
Desse modo, em 2017, ao lado da formação populações ribeirinhas, grupos indígenas,
técnica de nível médio e superior, ofertada produtores rurais, aldeias de pescadores e
por institutos federais e pela iniciativa trabalhadores de pequenas cidades, cujas
privada, a Base Nacional Comum economias não produzem tantos postos de
Curricular (BNCC) prescreve uma trabalho. Essa condição, no entanto, não
“qualificação profissional”, entendida implica necessariamente, que tais cidadãos
como o desenvolvimento da não necessitem de uma educação que
empregabilidade do jovem, por meio do articule cultura, tecnologia e comunicação,
protagonismo juvenil e projeto de vida mas que tais articulações precisariam estar
como formação profissional de caráter geral contextualizadas às suas práticas e saberes.
de habilidades relacionadas à pesquisa,
O TRABALHO DE SALVAGUARDA
mediação, intervenção e ao
DO PATRIMÔNIO CULTURAL E A
empreendedorismo, previstas nos
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
itinerários formativos, a parte flexível do
currículo do ensino médio, e do domínio das A Convenção para Salvaguarda do
tecnologias digitais, nas práticas Patrimônio Imaterial de 2003, celebrada na
conduzidas pedagogicamente na base 32ª Conferência Geral da UNESCO,
comum nacional do currículo (BRASIL, reconhece no seu art. 2º como patrimônio
2015). cultural imaterial
É possível observar nessa empoeirada as práticas, representações,
expressões, conhecimentos e
proposta, o projeto já ultrapassado de competências – bem como os
educação da UNESCO, descrito no instrumentos, objetos, artefatos e
relatório “Educação um tesouro a ser espaços culturais que lhes estão
descoberto”, que prevê uma formação mais associados – que as comunidades,
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grupos e, eventualmente, preservação” (IPHAN, 2016). Com esse


indivíduos reconhecem como propósito os agentes formadores atuam
fazendo parte do seu património
cultural (UNESCO, 2003).
diretamente na comunidade, incentivando a
comunidade a se apropriar de suas
Manifestos, ainda segundo o mesmo artigo referências culturais, favorecendo o diálogo
da convenção citada, pelas expressões das e integrando essas atividades ao cotidiano,
tradições e expressões orais, a língua, artes por meio de práticas pedagógicas como
do espetáculo, práticas sociais, rituais e atos trilhas, passeios guiados, cartilhas,
festivos, conhecimentos e usos relacionados programas em meios de comunicação de
com a natureza e o universo e técnicas massa, disciplinas e projetos escolares.
artesanais tradicionais, cujas metodologias
para salvaguarda em nível internacional são Além disso, há a educação patrimonial
as iniciativas de cooperação técnica profissionalizante de nível técnico, ofertada
internacional e a manutenção de um Fundo como uma formação profissional para
Internacional para a proteção dos bens agentes culturais que trabalham em órgãos
culturais inclusos na Lista de Patrimônios responsáveis pela salvaguarda dos
Culturais Imateriais Mundiais. Já em nível patrimônios locais, regionais e nacionais e,
nacional, as metodologias são descritas nos portanto, pelos registros dos bens culturais
artigos 12º, 13º e 14º, respectivamente, imateriais, ofertada pelo Centro Lúcio
como inventário, projetos de Costa e superintendências regionais.
desenvolvimento sustentável e educação Também há uma formação profissional de
formal e não formal. Essa educação voltada nível superior, como complementação da
para salvaguarda patrimonial tem como fins formação acadêmica ofertada, sobretudo,
previstos a conscientização geral, a nas modalidades de especialização e
formação profissional e a pesquisa mestrado profissional, pelo próprio IPHAN,
científica (UNESCO, 2003). Universidades Federais e instituições
privadas, voltada para pesquisas de bens e
Dentro desse contexto, as propostas processos patrimoniais que contribuem
educativas previstas na Convenção do criticamente para a constante reflexão do
Patrimônio Imaterial de 2003 são pensadas trabalho prático e teórico envolvido nas
como uma educação patrimonial voltada políticas de salvaguarda.
para a população em geral e público escolar
em particular, com o intuito de Em todas as modalidades a educação
conscientizar e valorizar tais tradições, cuja patrimonial segue como diretrizes a
normatização no Brasil deu-se em 2016, conscientização sobre o valor do
com a portaria nº 137 do IPHAN, patrimônio, seja por meio do estudo dos
responsável pela execução dessas práticas bens culturais ou pela prática de inventariar
pedagógicas, juntamente com órgãos tais bens, ou ainda como conhecimento
vinculados ou colaboradores como as técnico para protegê-lo. Isto é, a educação
secretarias estaduais do IPHAN, Museus, patrimonial é pensada dentro dos limites de
Casas de Patrimônio e secretarias salvaguarda, como um encorajamento das
municipais de cultura. comunidades para usufruir de seus bens
culturais como uma mercadoria ou serviços,
No art. 2º dessa portaria, a definição de cujo valor simbólico é determinado pela
Educação Patrimonial é entendida como memória e identidade subjacente a ele.
processos educativos dialógicos e coletivos
nos quais o patrimônio cultural é Como os arquitetos brasileiros Name e
“apropriado como recurso para a Zambuzzi (2019) observaram, a
compreensão sócio-histórica das colonialidade como expressão de uma
referências culturais, a fim de colaborar condição histórica, que atravessa o tempo e
para seu reconhecimento, valorização e o marcos legais, se infiltra na prática de
proteção dos bens culturais. O patrimônio
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material - constituído de bens culturais participação direta da comunidade. No


geralmente pertencentes às culturas entanto, como aponta em recente artigo
colonizadoras, como igrejas, monumentos Costa (2020), embora esse instrumento seja
históricos e objetos de arte - é protegido por fundamental na luta para proteção do
meio do tombamento para o qual possui patrimônio imaterial coletivo, ele ainda não
punição prevista em lei contra a destruição é capaz de proteger das apropriações
intencional e roubo, enquanto o patrimônio indevidas para fins comerciais, exigindo a
imaterial - que contempla em grande parte interlocução com outras instâncias legais
as crenças, saberes e línguas dos povos como o INPI (Instituto Nacional da
tradicionais colonizados - é protegido por Propriedade Industrial), outras autarquias e
meio de registro para o qual não há órgãos ambientais.
mecanismo de regulamentação para Mesmo assim, como observa Costa (2020)
protegê-lo da exploração comercial. o registro do patrimônio imaterial coletivo
Isso ocorre, porque, a exploração de é uma iniciativa de emancipação para a
patrimônios culturais imateriais como comunidade, pois por meio dele é possível
expressões da diversidade cultural, reivindicar outros direitos econômicos,
normatizada pela UNESCO com a culturais e sociais, como por exemplo, o
Recomendação sobre a Salvaguarda da ensino da língua materna indígena,
Cultura Tradicional e Popular de 1989, demarcação de terra, direito de professar
pode ser operacionalizada como uma sua religião. O registro também cria
espécie de copyright de uma comunidade condições para a elaboração de projetos de
sobre o bem cultural, permitindo desenvolvimento sustentável das
movimentar a economia de municípios com comunidades, baseados em indústrias
produtos e serviços locais exclusivos, criativas, cujo sistema de produção mantém
oferecidos seja no mercado local aos o saber-fazer tradicional. Nesses projetos, a
turistas, ou produtos exportados para outras educação patrimonial segue outros rumos.
regiões ou mesmo países, como o queijo de
TECNOLOGIA PATRIMONIAL E
Minas Gerais, o bolo de rolo de
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Pernambuco, o acarajé da Bahia, a cajuína
do Piauí. Problemas surgem quando os Os saberes e técnicas tradicionais
saberes associados à produção de tais bens, registrados como patrimônio cultural
são incorporados por indústrias que se imaterial dizem respeito às formas de
apropriam do rótulo cultural para agregar produção artesanais diretamente ligadas ao
valor sem, no entanto, respeitar o complexo corpo, à cultura e ao território das
sistema cultural que existe na produção, comunidades tradicionais. Magalhães
protegido pela Convenção sobre a Proteção (1985) se referia a esse patrimônio como
e Promoção da Diversidade das Expressões Tecnologia Patrimonial, uma tecnologia
Culturais de 2005, celebrada pela doméstica diretamente ligada à
UNESCO. sobrevivência. Em uma de suas
conferências, Aloísio explicou a proposta
Com o intuito de garantir as ações do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel,
pactuadas e impedir a apropriação indevida criado na década de 1980, em Orleans,
do patrimônio imaterial de uma Santa Catarina, e tombado como patrimônio
comunidade por terceiros, o IPHAN cultural em 2019. O projeto original
elaborou o Programa Nacional do apresentado por ele era a criação de uma
Patrimônio Imaterial (PNPI), que viabiliza “espécie de Disneylândia” com os antigos
o processo de registro do patrimônio mecanismos de madeira para a produção de
imaterial, por meio de um plano que alimentos pelas comunidades de imigrantes.
envolve a identificação, reconhecimento, Nesse espaço, tais maquinários não apenas
salvaguarda e promoção, com a ficariam expostos à visitação, mas seriam
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usados e gerenciados pela própria UNESCO, sendo seu reconhecimento feito


comunidade, pela FAO, por serem formas de produção
numa tentativa de mostrar que agrícolas complexas que articulam em um
aquele procedimento existe, que eixo de sustentabilidade, a cultura, o meio
ele preenche a sua função, que ele ambiente e a economia, responsáveis pela
atende perfeitamente, segurança alimentar de comunidades rurais,
adequadamente, às necessidades
conservação do meio ambiente e formas de
da comunidade, que ele não
precisa ser substituído, que ele é vida tradicionais. No Brasil, o Sistema
mais barato que outras formas de Agrícola Tradicional de Apanhadoras de
energia (MAGALHÃES, 1985, p. Sempre-vivas foi registrado como
227). patrimônio da agricultura mundial em 2020.
Esse projeto difere da proposta de museus Da perspectiva da tecnologia patrimonial,
como Museu de Artes e Ofícios de Belo pensada não como uma forma de produção
Horizonte, o galpão de tecnologia antiga e ultrapassada a ser conhecida em
patrimonial do Museu Nacional de museus, mas como uma prática própria cujo
Imigração e Colonização em Joinville, ou conhecimento técnico peculiar exige
os acervos do Museu do Inconfidente de formação específica, fundamental para a
Ouro Preto, nos quais o trabalho está manutenção da sustentabilidade da
representado por meio de mecanismos e comunidade, a educação patrimonial ganha
ferramentas inertes em exposição como novos contornos pensada como uma
peças obsoletas como uma espécie de “pedagogia artesã”, desenvolvida na práxis
folclore do trabalho. No museu ao ar livre, pelos mestres-artesãos, como revelou a
o trabalho está simulado no movimento das antropóloga Alvares (2019) em seus
peças, na dinâmica da produção em tempo estudos sobre a pedagogia dos ceramistas
real do alimento manufaturado por meio de de Maragogipinho/BA.
antigas engrenagens e na gestão coletiva
destes bens. Essa educação patrimonial se torna
qualificação profissional de jovens, não
Na mesma direção, porém por meios apenas para atuar no mercado turístico
acadêmicos, Silva (2018) na sua pesquisa como guias ou comerciantes, mas como
sobre o ofício das paneleiras de Goiabeiras produtores dentro de uma cadeia econômica
do Espírito Santo, primeiro patrimônio própria. Como a formação de jovens
imaterial registrado no Brasil, ainda em artesãos pela Cooperativa Dedo de Gente 2,
2002, verificou que neste trabalho com que se unem em “fabriquetas” solidárias em
tecnologias patrimoniais não há passividade vários municípios da região centro-norte de
frente ao mundo, nele se estabelece uma Minas Gerais. O impacto dessa formação
relação orgânica entre meio ambiente e o atinge diretamente a economia local com a
sujeito que participa do processo produtivo criação das chamadas “indústrias criativas”.
de corpo e alma, uma vez que a força
produtiva se encontra em suas mãos, braços Essa visão econômica do patrimônio
e pernas e o projeto, a técnica e sabedoria cultural imaterial surgiu na UNESCO,
em sua memória. sobretudo, a partir do relatório “Our
creative diversity” de 1995, tornando-se um
Na lista de patrimônios culturais imateriais dos setores de iniciativa da UNESCO para
brasileiros, encontramos 14 patrimônios promoção da paz por meio do
culturais referentes aos saberes técnicos e desenvolvimento sustentável e
tecnologias patrimoniais 1. Dentro desse diversificado. Ao investigar sobre os riscos
universo, os Sistemas Importantes do experimentados por um grupo de artesãos
Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM) cearenses, em suas “carreiras criativas”, a
ganham destaque por seu registro de pesquisa dos administradores Duarte e Silva
patrimônio, que transcende os limites da (2013) revelou a complexidade dessa
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economia tradicional, baseada em trabalho de salvaguarda, em uma escala que


tecnologia patrimonial, na qual aparecem vai desde a conscientização sobre o valor do
simultaneamente como riscos, problemas patrimônio cultural até técnicas e
típicos de empreendimento como falta de tecnologias para proteção e conservação. E
capital, incerteza de demanda, como um outro caminho trilhado pelas próprias
também questões de ordem pessoal e comunidades que, hoje participam do
ambiental como problemas de saúde, processo de identificação, registro e
problemas familiares e chuva. proteção dos bens culturais, por meio da
continuidade das práticas e saberes através
Na formação profissional de nível técnico e
da transmissão intergeracional.
profissional, a educação patrimonial vai
Consequentemente, inferimos que seja
para além das técnicas de conservação e
possível falar em uma educação patrimonial
preservação, tão valorizadas na salvaguarda
sobre a memória e a identidade, na qual
do patrimônio material, ou mesmo sobre
vigora um discurso sobre a proteção, e uma
inventários e registros de patrimônios
outra educação patrimonial que é o próprio
imateriais, para se tornar pesquisa e
exercício de memória e identidade, no qual
extensão de tecnologias sustentáveis como
sobressai o discurso de sobrevivência da
fazem as universidades indígenas, como a
comunidade.
UIRN – Universidade Indígena do Rio
Negro ou Curso de Formação Intercultural CONCLUSÃO
para Educadores Indígenas da UFMG. Considerando, portanto, o lugar que o
Nessa formação, é possível ver o trabalho trabalho ocupa no sistema nacional de
de ensino e pesquisa universitária para o educação como princípio educativo e seu
reconhecimento das tecnologias caráter prático de experiência conduzida
patrimoniais como o Trabalho de por métodos pedagógicos de pesquisa e
Conclusão de Curso de Nascimento (2018) reflexão crítica e, aliado a ele, a concepção
sobre armadilhas tradicionais pataxós, no de tecnologia patrimonial como práticas
qual a autora enfatiza o caráter histórico da alternativas para solução de problemas da
pesquisa, pois são armadilhas consideradas ordem do dia, como uso sustentável dos
“antigas pelos pataxós”, e sua finalidade recursos naturais e humanos, o presente
pedagógica, uma vez que será levada para trabalho procurou defender a ampliação da
sua prática docente nas escolas pataxós. interpretação da educação patrimonial. Foi
A pesquisa acadêmica também pode se proposta a reflexão dessa modalidade de
desdobrar em propostas de intervenção para educação, para além da conscientização do
solução de problemas sem prejuízo cultural passado e afirmação da identidade,
das práticas tradicionais, como a proposta explorados pelo turismo, sugerindo que
de uma nova armadilha de pesca dos pudesse abarcar também a formação técnica
pesquisadores de Sousa, Laurentino e Corso e tecnológica de trabalhadores para
(2020), ou ainda o projeto de ciências da impulsionar, por meio de suas “carreiras
estudante secundarista Ana Julia Monteiro, criativas”, a economia sustentável das
que ficou entre os finalistas do Global comunidades, as chamadas “indústrias
Student Prize 2021, cuja proposta surgiu da criativas”, baseadas em seus próprios
ideia de reaproveitar os rejeitos da pesca de sistemas de produção.
sururu 3. Entre muitos outros exemplos que Essa ampliação permitiria pensar a
já existem. educação patrimonial dentro de uma
Há, portanto, dois caminhos distintos da proposta de educação integral, na qual a
educação patrimonial. Um trilhado pelos Escola, pensada como uma Escola Unitária,
agentes das instituições protetoras da poderia transcender a visão de trabalho
memória local, regional, nacional e subordinado aos sistemas de mercado
mundial, que conduzem a formação para o globais, cujos sistemas de produção
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desvinculam teoria, ação, práxis, BRASIL. Ministério da Educação. Base


pensamento crítico; cultura, economia e nacional comum curricular. Brasília, DF:
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cultural da identidade, mas que garantisse Jurídicas, Vol. 7, Núm. 18, p. 326-360,
que a tecnologia patrimonial fosse set./dez., 2020.
manejada pelas comunidades tradicionais
como um modo de produção próprio com DUARTE, M. de F.; SILVA, A. L. A
uma qualificação profissional específica, experimentação do risco na carreira
para movimentar uma economia criativa: o caso de mestres da cultura do
sustentável, e protegida do ímpeto de artesanato cearense. Revista Eletrônica de
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ACF Gonçalves e CL de Mari

NOTAS
1 Tradicional de Comunidades Quilombolas do Vale
Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (2002); Modo
de Fazer Viola-de-Cocho (2005); Ofício das Baianas do Ribeira (2018).
de Acarajé (2005); Feira de Caruaru (2006); Modo 2
A apresentação do projeto encontra-se disponível
Artesanal de Fazer Queijo de Minas nas regiões do
no sítio do projeto: http://site.dedodegente.com.br/
Serro e das serras da Canastra e do Salitre/ Alto
Paranaíba (2008); Ofício dos Mestres de Capoeira 3
CAMARGO, Suzane. Jovem de Maceió está entre
(2008); Modo de Fazer Renda Irlandesa, tendo como dez finalistas do Global Student Prize, premiação
referência este ofício em Divina Pastora/SE (2009); que reconhece estudantes excepcionais com impacto
Ofício de Sineiro (2009); Sistema Agrícola sobre colegas e sociedade. Conexão Planeta, 15 out.
Tradicional do Rio Negro (2010); Saberes e Práticas 2021. Disponível em
Associados ao modo de fazer Bonecas Karajá https://conexaoplaneta.com.br/blog/jovem-de-
(2012); Produção Tradicional e Práticas maceio-esta-entre-dez-finalistas-do-global-student-
Socioculturais Associadas à Cajuína no Piauí prize-premiacao-que-reconhece-estudantes-
(2014); Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas excepcionais-com-impacto-sobre-colegas-e-
(2015); Tradições Doceiras da Região de Pelotas e sociedade/. Acesso em 03 dez 2021.
Antiga Pelotas (2018); Sistema Agrícola

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