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1, no 10
© dos autores, 1997, 1998.
© Ágalma para a língua portuguesa, 1998.
© Ed. Scipione, 1995 para o artigo de Fanny Abramovich.
1a edição: novembro de 1998
Projeto gráfico da capa e primeiras páginas
Homem de Melo & Troia Design
Editores
Angela Baptista do Rio Teixeira
Marcus do Rio Teixeira
Direção desta coleção
Angela B. do Rio Teixeira
Organização deste número
Jandyra Kondera Mengarelli
Colaboraram neste número
Angela B. do Rio Teixeira, Agnés Rassial, Eliana Yunes, Fanny Abramovich, Ivan Corrêa, Liane
Trece, Lucy da Silva Prado, Marcus do Rio Teixeira, Maria Rita Kehl, Maria Dolores Coni, Martine
Lerude, Sandra Pereira, Sonia Magalhães, Syra Tahim Lopes.
Tradução
Lucy da Silva Prado
Revisão da tradução e tipográfica a cargo dos editores
Depósito Legal
Impresso no Brasil/Printed in Brasil
Catalogação
Mivaldo Silva Gonçalves Filho
ISSN: 0103-7633
Editorial, 07
Jandyra Kondera Mengarelli
O que se conta
Monstros & Cia: A gênese do medo na literatura de horror e nos
contos de fadas, 15
Marcus do Rio Teixeira
Fantasia de boneca, 32
Angela B. do Rio Teixeira
Novas velhas histórias, 41
Sonia Campos Magalhães
Da oralidade à feminilidade, uma história que agrada às meninas:
O gigante de Zèralda, 53
Martine Lerude
Era uma vez porque não era mais, 63
Jandyra Kondera Mengarelli
Histórias de verdade ou Das tramas de Luís Cezar Neto Luís Per-
nam-bucana Cezar Filho e seu amigo integalático, Buzzlightyear,
71
Sandra Pereira
Dos contos
A assunção do sujeito segundo Clarice, 83
Eliana Yunes
O livro antes da leitura com Françoise Dolto, 95
Agnès Rassial
O Caso Louise, 111
Lucy da Silva Prado
Encantos
O encanto do desencanto, 131
Ivan Corrêa
Aventuras da imaginação, 138
Maria Rita Kehl
Em cantos
Campos não desbravados, 145
Dolores Coni Campos
Como os livros infantis desenham nossos personagens, 165
Fanny Abramovich
Seção Rumor, 173
TÍTULOS ORIGINAIS E LOCAIS DE PUBLICAÇÃO
pervertidos do porvir.
Ora, se a cantiga mencionada é justamente cantada num alto
momento civilizatório em que as crianças recebem umas pelas
mãos das outras a letra da canção e juntas e em roda são enlaçadas
pela ciranda de uma linguagem! E se a letra inclui acertar o gato,
é justamente quando exclui o gato. Entra a palavra, sai o gato.
Salva-o. Ou melhor: salva-se de ter que matá-lo de fato, sendo
ali, na canção, a possibilidade de acertá-lo.
Alguns dirão, por outro lado, que a criança nada sabe
do que está cantando, e por esta razão diverte-se com a roda,
entretém-se com o cantar e que não contam as palavras do canto.
Porém grande parte destas cantigas são poemas ou contos bem
enxutos, brevíssimos, que têm a peculiaridade de conter uma
ação, um drama, vívidos personagens, eventualmente desfechos
onomatopeicos e variação de vozes. O que eles contam — o cravo
saiu ferido, a rosa despedaçada; o anel que tu me destes era vidro
e se quebrou...; como pode um peixe vivo viver fora d’água fria/
como poderei viver sem a tua companhia; faz três noites que eu
não durmo, pois perdi o meu galinho... — são rápidas tragédias
sem nenhum rebuscado estilístico e que, entretanto, não trazem
lágrimas, não fazem das crianças mais desgraçadas. Ao contrário,
elas cantam. Divertem-se. E adormecem placidamente porque
“ficaram três noites sem dormir”. E estes pequenos contos, se eles
“colam”, quer dizer, se as crianças os cantam, é porque portam um
saber que inclui o pequeno cantor. É porque dizem dela e dizem
nela. Como toda história contada inclui o contador. E a palavra
história, vale lembrar, vem do grego Istwr, hístor, que sabe. Se
ela canta é porque um saber nela começa a se contar. E entram na
história. E com que verdade ela o faz!
Assim, fadas, bruxas, gigantes que nunca ninguém viu, são
eles próprios um belo conto. E se eles não mais marcarem presença
nas narrativas, através de que a criança vai se dizer? Através de que
se fará representar o que ela vive na sua construção de falasser?
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DOS CONTOS, EM CANTOS
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EDITORIAL
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DOS CONTOS, EM CANTOS
Sobre a Organizadora
Psicanalista-Membro da Biblioteca Freudiana de Curitiba,
onde é responsável pelo Espaço Psicanálise de Crianças e
Adolescentes. Psicóloga do Serviço de Psicologia do H.C. -
U.F.PR. Poeta.
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