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Expediente
Ir. Ataíde José de Lima GT – Diretrizes de Solidariedade
Superior Provincial e Presidente das Francisca Camila Gonzaga Freitas
Mantenedoras UBEE – UNBEC Igor Adolfo Assaf Mendes
Jefferson Luiz Clemente de Oliveira
Ir. Renato Augusto da Silva
Luciana de Farias
Vice-Presidente das Mantenedoras UBEE – UNBEC
Nayraline Barbosa de Oliveira
Ir. José Augusto Júnior Paulo Afonso de Araújo Quermes
Ecônomo e Diretor-tesoureiro
Leitura Crítica
Ir. Antônio Carlos Machado Ramalho de Azevedo Deysiane Farias Pontes
Conselheiro Provincial e Diretor-conselheiro Ir. Davi Nardi
Ir. Joilson de Souza Toledo Ir. Eliseudo Salvino
Conselheiro Provincial e Diretor-conselheiro Ir. Lúcio Gomes Dantas
Ir. Maicon Donizete Andrade Silva
Ir. Maicon Donizete de Andrade Silva Ir. Márcio Henrique Ferreira da Costa
Conselheiro Provincial e Diretor-conselheiro Ir. Paulo Henrique Oliveira Soares
Ir. Natalino Guilherme de Souza Marcella S. Cytrangolo Rayol Gomes
Conselheiro Provincial e Diretor-conselheiro Agradecimentos
Elísio Alcântara Neto Ir. Afonso Tadeu Murad
Superintendente de Missão e Gestão Ir. Joilson de Souza Toledo
Ir. Vicente Sossai Falchetto
Jefferson Luiz Clemente de Oliveira Ir. Fábio Soares
Gerente Socioeducacional Alex Gonçalves Pin
Autoria e organização Revisão de Texto
Igor Adolfo Assaf Mendes Brena Kesia Costa Pereira
Nayraline Barbosa de Oliveira
Rudá Ricci Projeto Gráfico e Diagramação
Joaquim Rodrigues dos Santos
Consultoria
Instituto Cultiva www.marista.edu.br
Ficha Catalográfica
Província Marista Brasil Centro-Norte.
Diretrizes das ações de solidariedade da Província Marista Brasil Centro-Norte / Igor
Adolfo Assaf Mendes; Nayraline Barbosa de Oliveira; Rudá Ricci. – Brasília: UBEE, 2021.
34 p. : il.
ISBN: 978-65-86675-09-2 (Versão eletrônica).
ISBN: 978-65-86675-08-5 (Versão impressa).
1. Solidariedade Marista. 2. Pedagogia da Presença. 3. Virtudes Maristas. I. Oliveira,
Nayraline Barbosa de. II. Ricci, Rudá. III. Marista Centro-Norte. IV. Marista. V. Título VI.
CDD: 370
CDU: 37
Sumário
Apresentação 5
Introdução 8
O que já realizamos? 10
Capítulo 1: Princípios Norteadores da Solidariedade Marista 11
Solidariedade e Fraternidade: nossa Casa Comum 11
Solidariedade por meio da Pedagogia da Presença 16
Virtudes norteadoras: Simplicidade, Humildade e Modéstia 17
Educação preferencialmente dos mais pobres 20
Compromisso com a Justiça Social 22
Educar do jeito de Maria 23
Capítulo 2: Orientações Gerais das Diretrizes das Ações de
Solidariedade da Província Marista Brasil Centro-Norte 27
Diretriz 1 28
Diretriz 2 29
Diretriz 3 30
Capítulo 3: Apontamentos finais das Diretrizes das Ações de
Solidariedade 31
Referências 33
Apresentação
História e passado que não passam, o presente pedindo para ser narrado, o
futuro à espera de sua realização (SUBCOMISSÃO INTERAMERICANA DE
SOLIDARIEDADE, 2013, p. 62).
A missão marista não se edifica somente por esse caminho. Como podemos
constatar ao longo de nossa história, comprometemo-nos também com a
criação de espaços de participação, contestação e amplificação das vozes dos
excluídos e marginalizados. A educação integral, proposta por Marcelino
Champagnat, rompe as barreiras da sala de aula, das instituições escolares,
assim como, a pedagogia da presença, um dos princípios maristas, desafia-nos
a estar ao lado daqueles que necessitam, em especial, crianças, adolescentes
e jovens, acompanhando seu aprendizado e ação fora das formalidades
curriculares.
1
As Diretrizes das Ações de Solidariedade é um documento que abrange as áreas que envolvem
a Província Marista Brasil Centro-Norte (canônica) e o Marista Centro-Norte (executivo) das
mantenedoras União Brasileira de Educação e Ensino – UBEE e União Brasileira de Educação
e Cultura - UNBEC.
2
Subcomissão Interamericana de Solidariedade (2013).
3
Marista Centro-Norte (2019).
4
UMBRASIL (2013).
5
Instituto dos Irmãos Maristas (2017).
Por fim, o terceiro capítulo, “Apontamentos finais das Diretrizes das Ações
de Solidariedade”, apresenta os horizontes de implementação das diretrizes,
citando o que deverá ser preservado como ação, aquilo que precisa ser
otimizado e propostas de novos caminhos.
Desejamos a todos(as) uma boa leitura e que estas páginas possam iluminar
nossas ações, a fim de ajudar a ‘alargar o espaço da tenda’ e a caminhar junto
com as crianças, adolescentes e jovens marginalizados pela vida.
Advocacy é estratégia para mudar uma política pública em nome de uma causa.
Na prática, é a tentativa de influenciar os responsáveis pela formulação e
implementação de políticas públicas. Neste campo, ingressa-se na disputa de
interesses que permeiam qualquer sistema democrático de tomada de decisão
coletiva. Disputas que, ao cabo, influenciam a estrutura, métodos e prioridades
do Estado. Já a ação de solidariedade pode se aproximar das ações de Advocacy
ou de ações de caráter mais assistencial.
6
Em 2018, foi realizado um levantamento das ações de cunho solidário executadas pelas
unidades socioeducacionais da Província Marista Brasil Centro-Norte.
Quando se fala de solidariedade, dita muitas vezes como uma firme determinação
de empenhar-se pelo bem comum, tendo origem no francês, solidarité, a qual,
também, pode remeter a uma responsabilidade recíproca, pode sugerir uma rede
de proteção social, de garantias de sobrevivência e da dignidade humana,
mas, sem garantir o protagonismo do beneficiado; porém, pode transcender
e garantir que o beneficiado da ação solidária seja, ele próprio, seu condutor,
seja sujeito. E ser sujeito significa ser atuante na política, ir além da condição
de objeto de uma ação.
8
O projeto promove debate de qualidade, a partir da simulação de conselhos e assembleias
da Organização das Nações Unidas (ONU), incentivando os estudantes do Ensino Médio a
lapidarem a argumentação e a ficarem atentos às notícias do mundo, formando o senso crítico
para a cidadania.
9
A Comissão das Juventudes é formada por adolescentes e jovens que compõem os
diferentes grupos e iniciativas pedagógico-pastorais que dinamizam a missão nas Unidades
Socioeducacionais da PMBCN.
10
A proposta do Voluntariado Estudantil Marista (VEM), em seu itinerário formativo, oferece a
possibilidade de construção de autonomia e emancipação dos sujeitos ora estudantes maristas
- reconhecendo o movimento originário e que reproduz as desigualdades - possam, em sua ação
voluntária, contrapor a tal movimento, pensando junto com a comunidade outro projeto de
sociedade onde caibam todos com garantia de seus direitos na condição de pessoas humanas.
Acompanhar e fiscalizar as políticas sociais, exercendo o controle social em redes, fóruns ou
conselhos de direitos voltados para a temática em questão.
11
Família Carismática Global, farol de esperança neste mundo turbulento; 2 - Ser o rosto e as
mãos de tua terna misericórdia; 3 - Inspira nossa criatividade para sermos construtores de
pontes; 4 - Para caminhar com as crianças e jovens marginalizados pela vida; 5 - Responder
com audácia às necessidades emergentes.
Nesta perspectiva, a mensagem final do XXII Capítulo Geral nos lança o apelo
a essa ‘amizade’, tendo como princípio responder com audácia as necessidades
emergentes, abandonando velhos paradigmas e buscando criativamente
modelos alternativos para tornar visível o amor de Deus no mundo de hoje. Isso
só é possível quando nos comprometemos firmemente na promoção e defesa
dos direitos das crianças, dos adolescentes e dos jovens.
A Encíclica Fratelli Tutti destaca também a situação das pessoas que “sentem que
vivem sem pertença nem participação” e “que as impede de beneficiar da plena
cidadania”. E sustenta: o objetivo não é apenas cuidar delas, mas acompanhá-
las e “ungi-las” de dignidade para uma participação ativa na comunidade civil e
eclesial. Uma nova perspectiva solidária (PAPA FRANCISCO, 2020).
Eles têm uma coisa que os jovens dos bairros mais ricos não possuem – não
por culpa deles, mas porque é uma realidade sociológica: têm a experiência
da sobrevivência, também da crueldade, da fome, das injustiças. Têm uma
humanidade ferida. E penso que a nossa salvação vem das feridas de um
homem ferido na cruz. Daquelas feridas, eles obtêm sabedoria, se houver um
bom educador que os leve em frente. Não se trata de ir lá fazer beneficência,
ensinar a ler, dar de comer... não! Isto é necessário, mas é provisório. É o
primeiro passo. O desafio – e eu os encorajo – é ir lá para os fazer crescer
em humanidade, em inteligência, em valores, em hábitos, para que possam
ir em frente e levar aos outros experiências que não conhecem (SAYAGO,
2019, p. 92).
São 17 objetivos e 169 metas de ação global para alcance até 2030, em
sua maioria, abrangendo as dimensões ambiental, econômica e social do
12
“Transformando Nosso Mundo - A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
Acesso em 10 de nov de 2020. Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/home/agenda
13
A educação marista assume uma concepção cristã e sistêmica da pessoa humana na
configuração de uma educação integral, de modo a educá-la na e para a solidariedade,
formando agentes de transformação social e encorajando-os a assumir sua responsabilidade
pelo futuro da humanidade (UMBRASIL, 2010, p. 52).
14
Integral também significa que ela é uma pedagogia adaptada às crianças, aos adolescentes
e aos jovens em suas mentalidades diversas; clara, suficiente em suas diferentes situações
cronológicas. Busca integralidade na verdade que seja facilitada de todos os modos,
particularmente, pelo amor, pelo entusiasmo e pela doação, como sendo o método apropriado.
A experiência nos ensina mais uma vez que cometemos um erro palmar.
Na última visita que fiz, constatei surpreso que o estabelecimento está com
falta das coisas mais necessárias, seja no tocante ao espaço ocupado pelos
alunos, seja na parte reservada aos Irmãos, seja quanto ao mobiliário, seja
quanto ao pagamento, que não está em dia: embora mínimo, não foi pago
integralmente no primeiro ano.
Por vezes, usa-se o adjetivo ‘simples’ para classificar uma pessoa ingênua, sem
senso crítico, de pouca cultura letrada, que apresenta limitação intelectual
ou se expressa mal. Nada disso tem a ver com simplicidade. Essa não está no
começo do caminho da humanização, mas ao final. São Tomás de Aquino dizia
que a sabedoria e o conhecimento, na medida que evoluem, se simplificam.
Há pessoas com alta capacidade artística, técnica, intelectual, operacional, que
mantém a simplicidade, porque a ilusão do poder, do conhecimento, dos cargos
e do dinheiro não lhes dominou. Porque são simples, sabem viver intensamente
os pequenos momentos do cotidiano e os grandes momentos de fracassos e
conquistas; conhecem sua beleza e sua limitação; aprendem com o tempo;
continuam sempre aprendizes; são adultos, com a alegria e a fluidez do coração
de criança; descomplicam os problemas; tentam compreender a complexidade
da realidade sem análises rasas e simplistas.
Certo dia, relata o Irmão Silvestre, nós estávamos, alguns Irmãos, de viagem
com o bom Padre Champagnat. Outro padre, edificado com a modéstia e do
recolhimento dos Irmãos, e não conhecendo o venerado Padre Champagnat,
lhe pergunta a meia voz quem eram esses Irmãos que ele via pela primeira
vez? “São, respondeu o Padre Champagnat, Irmãos que se ocupam da
instrução da juventude.” E o padre, naturalmente, quis inteirar-se de seu
fundador. “Sabe-se pouco - respondeu o venerado Padre Champagnat - é
uma sociedade que se formou, pouco a pouco, pelos cuidados de um vigário
que reuniu alguns jovens aos quais se juntaram a eles.” O padre, vendo todos
nos olhares voltados para o bom Padre Champagnat, e compreendendo
sua resposta vaga diz então: “Não firamos a modéstia.” Depois vendo o
embaraço que sua pergunta causou ao bom Padre Champagnat, mudou de
conversa.” O Irmão Silvestre acrescenta: “É notório que nosso venerado
fundador tinha uma aversão marcada ao louvor e aos cumprimentos, e toda
espécie lisonjas” (LANDRY, 2016, p. 98-99).
Em Puebla, a Igreja faz uma opção preferencial pelos pobres e pelos jovens.
Seus documentos sinalizam a necessidade de um processo de conversão. Assim
também a PMBCN entende que é preciso rever posturas e processos para a
vivência mais intensa da solidariedade.
Em sintonia com os ensinamentos da Igreja, Marcelino Champagnat,
juntamente com seus irmãos, tornou-se referência, em sua época, na
educação de crianças, adolescentes e jovens, principalmente os mais pobres.
Aprendendo com ele, precisamos não só vislumbrar, mas também agir com
o mesmo horizonte educacional para este público presente nos nossos
colégios e escolas educacionais sociais. Porém, o caminho precisa ser
diferente. Fomentemos uma educação para a solidariedade, para participação,
para colaboração solidária, para transformação contextualizada e ciente das
injustiças que passam cada um desses sujeitos.
Estou tendo uma simpatia cada vez maior para com esta obra que, se bem
examinada, não fica fora do meu objetivo, pois diz respeito à educação dos
pobres. Portanto, senhor Bispo, envidarei de bom coração todos os esforços
para favorecer o zelo de V. Exa., uma vez que se dignou pensar em minha
pessoa (Cartas de Champagnat, Nº 28).
Maria provou três etapas em sua vida e missão. A primeira etapa corresponde
ao período de gestação, nascimento e educação de Jesus, até que ele se tornasse
adulto. Educar é uma tarefa longa, paciente, que exige amor e acompanhamento
constante.
Com esse gesto, Maria nos diz: “o amor tem pressa”. Saímos de nossa zona
de conforto e vamos ao encontro do(a) outro(a). Isabel e Maria se abraçam
carinhosamente. Olhos nos olhos, coração a coração. Nessas duas mulheres
grávidas que cantam e dançam alegremente sentimos que somos geradores(as)
de vida, parturientes de uma nova sociedade. Cultivamos o afeto nas nossas
relações com os/as estudantes e nossos companheiros(as) de missão.
Celebramos a beleza da existência, apesar de tantos sinais de morte que nos
rodeiam. Abraçamos a esperança.
Diretrizes das
Diretrizes das Ações
Ações de
de Solidariedade
Solidariedade 27
Tais premissas orientam o trabalho unitário da ação de Solidariedade do Brasil
Marista, portanto, a formulação das diretrizes que passamos a elencar para o
desenvolvimento das ações de Solidariedade da Província Marista Brasil Centro-
Norte, aliadas aos princípios descritos no capítulo anterior deste documento, é
fundamentada no diálogo sobre essa temática conectada as três províncias do
Brasil, valorizando o trabalho que já está posto, assim como, contribuindo para
pensar novas possibilidades de fazer Solidariedade.
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O Orçamento Participativo Criança ou OP Criança trata-se de um projeto pedagógico que
envolve redes municipais de ensino nas quais, uma vez por semana, a grade horária de aulas
é dedicada ao estudo da realidade local, metodologia de pesquisa, aplicação de pesquisas
sobre problemas sociais no entorno escolar e discussão de soluções. Nas redes municipais de
ensino, são realizadas assembleias regionais das escolas públicas e, finalmente, a Conferência
Municipal de Crianças e Adolescentes.
A busca é por harmonia: “pensar o que se sente o que se faz; sentir bem o que
se pensa e o que se faz; e fazer bem o que se pensa e o que se sente” (SAYAGO,
2019, p. 16). São muitas possibilidades de construção da unidade, como a de
promover uma agenda comunitária entre família e escola a partir de projetos
que envolvam as famílias ou de visitas engajadas entre colaboradores e públicos
envolvidos com ações de advocacy, dos colégios e escolas educacionais sociais,
das ações de solidariedade e de evangelização. A visita engajada significa o