Nasci em 21 de abril de 1718, no estado de Connecticut, nos Estados Unidos da
América. Meu pai se chamava Ezequias, era advogado, e minha mãe Dorothy era filha de um pastor, conhecido como Pr. Jeremias. Fui o terceiro filho, de um total de cinco filhos e quatro filhas. Minha saúde era muito frágil, desde a minha infância, isso me privou de ter uma vida social mais dinâmica com outras crianças da minha idade. Sempre tive uma natureza sóbria e um espírito reservado, sempre quieto na minha. Na minha infância, já era preocupado com o destino da minha alma, talvez pela influência da religião, mas não fazia ideia do que seria uma conversão. Meu pai morreu quando eu tinha apenas nove anos, e aos quatorze anos perdi também a minha mãe. Me tornei um rapaz mais triste e melancólico, e nisso, os valores religiosos que tinha recebido na infância, começaram a declinar quando entrei na minha juventude... Entretanto, como fruto da obra da graça divina, consegui me afastar de algumas companhias indesejáveis e comecei a me dedicar mais ao tempo de oração no secreto. Comecei a ler mais a Bíblia e comecei a fazer parte de um grupo de jovens que se reuniam aos domingos para estudar as Escrituras. Comecei a prestar mais atenção nas pregações e procurava aplicá-las na minha vida. Mesmo assim, ainda não conhecia a Cristo pessoalmente. Me tornei cada dia mais zeloso no terreno da religiosidade, e senti a convicção e o peso do pecado, meu entendimento foi ficando mais agudo e tendo mais noção do senso do perigo e da ira de Deus. Finalmente, o Espírito Santo me convenceu e comecei a crer em Jesus Cristo, passei a experimentar o descanso de uma vida justificada, e a ação do poder de Deus em uma novidade de vida. Nisso eu tinha vinte e um anos de idade. Dois meses depois da minha conversão, ingressei na Universidade. Mesmo com muitas pressões, dediquei um bom tempo à comunhão a sós com Deus. As enfermidades, que ainda me acompanhavam, muitas vezes, atrapalharam meus estudos. Num momento particularmente difícil, contrai tuberculose e expelia sangue pela boca. Ainda assim, eu trabalhei intensamente e obtive muitos diferenciais como estudante. Porém, quando eu estava no terceiro ano da universidade, tive que abandonar devido a uma circunstância bastante delicada. Fiquei muito desapontado com isso, pois vi os outros concluindo seus estudos. No dia da formatura cheguei a pensar: “Neste dia eu deveria receber meu diploma, mas Deus achou conveniente negar-me isso.” Nesse período comecei a ficar com minhas preocupações mais acentuadas, mas principalmente com as almas perdidas. Comecei a pensar profundamente sobre as pessoas que nunca tinham ouvido falar de Cristo. Minha atenção foi em direção, em particular, aos índios norte-americanos, que tinham uma condição muito triste. Não havia muitos missionários que se dedicassem a eles. Ali comecei a colocar em prática o meu amor pelos índios, obtendo maiores informações sobre a realidade deles e orando frequentemente por eles. O meu desejo de levar o Evangelho aos índios foi crescendo em meu coração. Não tive como fugir disso, me apresentei como missionário aos índios. Minha saúde ainda precária, era um fato de grande preocupação, tendo em vista as condições difíceis que enfrentaria nessa nova fase. Meus amigos me diziam: “Se Deus quer que você vá, Ele lhe dará forças. Aos 24 anos, minha convicção era tão forte que declarei ao Senhor: “Quero esgotar minha vida neste serviço, para a glória de Deus.” No ano seguinte, comecei a dedicar minha vida pregando aos índios nas florestas solitárias e frias. Vendi meus livros e roupas que não ia usar, e comecei uma vida bastante isolada e marcada por uma trajetória de auto sacrifício e sofrimento. Mas Deus me abençoou ricamente. Como um “grão de trigo que morre ao cair na terra”, não fiquei só, dei muitos frutos. Frequentemente fui exposto ao frio e à fome. Não tinha como ter o conforto de uma vida normal. Viajava a pé ou cavalgando por longas distâncias, dia e noite. As viagens eram sempre perigosas. Para atingir algumas tribos distantes, passava por montanhas íngremes na escuridão da noite. Atravessei pântanos perigosos, rios de forte correnteza ou florestas infestadas de animais selvagens. Viajava de quinze a vinte e cinco quilômetros para comprar pão, e às vezes, antes de comê-lo, o pão estava azedo ou amassado. Dormia sobre um monte de palha que estendia sobre tábuas erguidas um pouco acima do chão. Em muitos momentos estava só, mas ficava muito feliz quando podia contar com meu intérprete para conversar. Não tinha companheiros cristãos com quem pudesse dividir o fardo em momentos de comunhão e oração. Não tinha nenhum conforto, a não ser o que me vinha de Deus. Meu ministério se tornou bem amplo, alcancei índios nos estados norte-americanos de Nova Iorque, Nova Jersey e ao leste da Pensilvânia. Encontrei os índios em meio a muitas superstições, e recebi, muitas vezes, os efeitos da fúria de seus sacerdotes. Eu pude declarar o poder de Deus acima de todos os deuses. Apesar de todas essas dificuldades, fui movido por um intenso desejo de contemplar a salvação dos índios. Com isto em vista, me aliei, muitas vezes, ao jejum e à oração. Não importa onde ou como eu vivi, ou por quais dificuldades eu passei, contanto que tenha, desta maneira, conquistado almas para Cristo. Boa parte do meu trabalho era feito em lutas físicas, especialmente pela minha saúde precária e meu temperamento natural muito inclinado para a melancolia – muita melancolia. Edwards chegou a dizer que excedi todas as pessoas melancólicas que ele conhecia. O fato é que Deus honrou sobremaneira o meu ministério. O Espírito de Deus desceu poderosamente sobre os índios, num grande avivamento que afetou tribos inteiras. Por volta de 1745, mesmo os índios que viviam de forma impiedosa, que eram contra à pregação do Evangelho, se convenceram do pecado. Vários se converteram. Muitos brancos, apareciam por curiosidade para ouvir o que eu dizia aos índios, também foram convertidos. Índios de toda floresta ouviram falar de mim e iam em grande número, ouvir a pregação do Evangelho. Esse ministério também influenciou as crianças índias. Criei escolas em que elas fossem ensinadas a lavrar a terra e a semear, além de receberem os ensinos do Evangelho de Cristo. Brainerd pensava em se casar. Então, ficou noivo de Jerusha, filha de seu amigo e proeminente pregador avivalista, Jonathan Edwards. Porém, o tempo gasto nas florestas úmidas lhe rendeu uma tuberculose. Ao escolher o trabalho nas florestas úmidas, David Brainerd já sabia que não poderia esperar viver muito. Ele começou a definhar, pouco a pouco. Devido a uma piora, Brainerd foi forçado a voltar à civilização. Em julho de 1747, o missionário se hospedou na casa de Edwards, em Northampton, no estado de Massachusetts, a fim de receber cuidados. No entanto, a doença evoluiu, e Brainerd partiu para encontrar o Salvador em 9 de outubro, aos 29 anos. Em razão disso, ele e Jerusha não se casaram. Testemunhou de Cristo em seus momentos finais, e anelava por encontrar-se com o Senhor. Jonathan Edwards conduziu seu funeral. Foi uma vida curta, mas que glorificou a Deus grandemente.
Um biógrafo de Brainerd diz que ele “foi como uma vela que, na medida em que se consumia, transmitia luz àqueles que estavam em trevas”.