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INSTITUTO FACUMINAS EAD LTDA.

A GRANDE RELEVÂNCIA DO CONTROLE INTERNO PARA A GESTÃO DOS


RECURSOS PÚBLICOS

Trabalho de Conclusão de Curso

Rio das Ostras-RJ – 2023


SUELY LUZIA PEREIRA

A GRANDE RELEVÂNCIA DO CONTROLE INTERNO PARA A GESTÃO DOS


RECURSOS PÚBLICOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentada a Pós-Graduação em
CONTABILIDADE PÚBLICA E
AUDITORIA do Instituto Facuminas
EAD Ltda. como requisito à obtenção
do Certificado de Conclusão do
curso.

Rio das Ostras/RJ – Novembro/2023


EPÍGRAFE

“Sê humilde para evitar o orgulho, mas


voa alto para alcançar a sabedoria.”

Santo Agostinho
SUMÁRIO

1. Introdução………………………………………………………………………………..06

2. A Importância do Controle Interno ………………………………………...….……....08

2.1 Controle Interno………………………………………………………...…..….11

2.2 Eficiência e Eficácia……………………………………………………………13

2.3 Transparência e Economicidade……………………………………………..15

2.4 Importância do Controle Interno em Gráficos e Resultados ……………...17

3. Considerações finais ……………………………………………………………..…….19


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AICPA – Instituto Americano de Cotadores Públicos Certificados


CF – Constituição Federal
CONACI – Conselho Nacional de Controle Interno
CGU – Controladoria Geral da União
DICON – Dirigentes de Controle Interno dos Poderes da União
MP – Ministério Público
MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
TCE – Tribunal de Contas do Estado
TCU – Tribunal de Contas da União
RESUMO: O panorama atual no Brasil está marcado por incertezas. O gestor
público precisa manter a vigilância sobre a aplicação dos recursos públicos,
considerando fatores como custos, transparência, eficiência e eficácia. Para
desempenhar essa tarefa, é crucial que o gestor busque fortalecer o controle interno.
O objetivo desta pesquisa é destacar a importância da atividade do Controle Interno
para uma gestão eficiente e transparente dos gastos públicos, com foco na atividade
de controle interno do Governo Federal. Para atingir esse objetivo, foi realizado um
trabalho bibliográfico e um levantamento de dados estatísticos sobre o tema por
meio do método histórico. Foram analisados dados estatísticos relacionados à
transparência, eficiência e eficácia, combinado a dados bibliográficos que definem a
atividade de controle interno. Os resultados da pesquisa destacam a importância do
controle interno. Conclui-se que a atividade de controle interno desempenha um
papel fundamental para a gestão eficiente e transparente dos gastos públicos.

Palavras-chave: Controle Interno. Gestão. Recursos Públicos.

ABSTRACT: The current panorama in Brazil is marked by uncertainty. The public


manager needs to maintain vigilance over the application of public resources,
considering factors such as costs, transparency, efficiency and effectiveness. To
perform this task, it is crucial that the manager seeks to strengthen internal control.
The objective of this research is to highlight the importance of Internal Control activity
for efficient and transparent management of public spending, focusing on the Federal
Government's internal control activity. To achieve this objective, bibliographical work
and a survey of statistical data on the topic were carried out using the historical
method. Statistical data related to transparency, efficiency and effectiveness were
analyzed, combined with bibliographic data that define internal control activity. The
survey results highlight the importance of internal control. It is concluded that internal
control activity plays a fundamental role in the efficient and transparent management
of public spending.

Keywords: Internal control. Management. Public Resources.


1 INTRODUÇÃO:

A população brasileira está cada vez mais exigente em relação aos


administradores públicos, cobrando uma utilização mais eficiente dos recursos
públicos e exigindo eficiência e transparência nos gastos públicos.

A conjuntura nacional atual evidencia que a administração pública enfrentou


desafios decorrentes da ineficiência de seus gestores, resultando em déficits no
orçamento público e na implementação de medidas de corte de gastos e
congelamento de restrições. Além disso, nota-se um aumento do interesse da
população na fiscalização da aplicação dos recursos públicos nesse novo cenário.

Ao longo das últimas décadas, foram adotadas medidas para evitar orçamentos
deficitários e gastos desnecessários. inicialmente, destaca-se a Lei de
Responsabilidade Fiscal de 2000, que orienta a condução das finanças públicas,
seguida pela Lei Complementar nº 131 de 2009 (Lei Capiberibe), a Lei nº 12.527 de
2011 (Lei de Acesso à Informação) e o Decreto nº 5.482 de 2005.

A observação dessas leis, decretos e divulgação no Portal da Transparência e no


Portal de Compras Governamentais revelam que o princípio da publicidade,
presente na Constituição Federal e exigido pelo artigo 48 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, tem sido respeitado e incentivado pelos legisladores. Isso
contribui para a transparência dos gastos e o fortalecimento do controle interno.

No livro “Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor Público”,


(Castro, 2011) fala da importância do controle interno:

“O controle interno é importante para os gestores e auditores. Pois


o principal papel de uma auditoria interna é garantir para os
dirigentes da entidade que os controles internos estão funcionando
adequadamente. Quanto maior o risco e a incerteza, mais
importante será a verificação sobre o funcionamento adequado
dos controles internos”.

O controle Interno de grande relevância, mas além disso, possui grande


abrangência, conforme citado por (PISCITELLI, 2006):
“Na realidade, o campo de abrangência da função de controle
interno (e externo) é mais amplo que o da supervisão ministerial;
esta se restringe aos casos de controle deliberativo, enquanto o
controle interno (e externo) se aplica a quaisquer casos de
utilização de recursos públicos, a quaisquer pessoas, inclusive de
direito privado, e mesmo privadas”.

Considerando a realidade atual e compreendendo a importância e o alcance


do controle interno, é relevante abordar a relevância desse controle na gestão dos
recursos públicos.

No contexto apresentado, destaca-se a importância da atividade do controle


interno para uma gestão eficiente e transparente dos gastos públicos, analisando as
atividades desempenhadas pelo controle interno na Administração Pública Federal,
o nível de transparência dos gastos e a eficiência dos mesmos.

Para avaliar a importância do controle interno, adotamos os seguintes


procedimentos metodológicos: leituras preliminares para aprofundamento do tema,
definição e elaboração dos instrumentos de coleta de dados, e determinação das
etapas de análise do material.

Ao longo da pesquisa, foram realizados os seguintes procedimentos:


apresentação da pesquisa bibliográfica relacionada ao tema, contabilidade e
controle interno, identificando inicialmente trabalhos de Castro (2011), Piscitelli
(2006) e Bliacheriene (2016), que desenvolveram conceitos relevantes para a
pesquisa teórico. Posteriormente, realizou-se o levantamento de dados documentais
relacionados à eficiência e transparência nos gastos públicos.

Por fim, o estudo foi aprofundado por meio de uma pesquisa exploratória,
confrontando a atuação crescente do controle interno com os dados documentais
relativos à eficiência e transparência nos gastos públicos. Isso corrobora as teorias
que afirmam que o controle interno desempenha um papel crucial na gestão dos
recursos públicos.
2 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO

A literatura que trata desse tema é composta por pesquisas e artigos


divulgados pela Controladoria Geral da União (CGU), bem como obras de Castro
(2011), Piscitelli (2006), Arantes (2016), Silva (2009) e Bliacheriene (2016), além de
publicações disponíveis nos sites online do Tribunal de Contas da União (TCU).

Dentre os autores referenciados, destaca-se Castro (2011) por abordar o tema


de maneira mais aprofundada, oferecendo uma visão abrangente sobre o controle
interno, incluindo sua origem, princípios e especificamente, sendo considerado o
mais importante e representativo.

A obra de Piscitelli (2006) fornece informações sobre o embasamento legal e


o alcance das atividades do controle interno.

Na obra de Bliacheriene (2016), encontramos abordagens sobre a


implementação, modelagem e objetivos das controladorias públicas modernas.

Ao apresentar dados estatísticos relacionados ao tema, Arantes (2016) oferece


insights sobre a perspectiva dos gestores em relação à importância do controle
interno para a gestão pública.

Ao analisar a literatura utilizada como base para este estudo, observa-se a


importânbcia do tema, Conforme evidenciado na obra de Piscitelli (2006), percebe-
se a presença de vários ordenamentos jurídicos, sendo a Constituição Federal de
1988 um destaque, como indicado no seu artigo 74:
Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de
forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual,
a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
institucional.

Junto com a CF/88, Piscitelli (2006) menciona também a Lei 11.204, de 05 de


dezembro de 2005, a qual, de acordo com ele, adicionou às responsabilidades da
Controladoria Geral da União as atividades de correção, prevenção e combate à
corrupção, como evidenciado no artigo 17 dessa lei:
Art. 17. À Controladoria-Geral da União compete assistir direta e
imediatamente ao Presidente da República no desempenho de
suas atribuições quanto aos assuntos e providências que, no
âmbito do Poder Executivo, sejam atinentes à defesa do
patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à
correição, à prevenção e ao combate à corrupção, às atividades
de ouvidoria e ao incremento da transparência da gestão no
âmbito da administração pública federal.

Apesar da existência de vários fundamentos legais, a pesquisa foi


aprofundada para validar a relevância do controle interno na gestão dos recursos
públicos, e essa importância é respaldada por uma passagem da dissertação de
Arantes (2016), na qual ele afirma:
“Durante as entrevistas surgiram reflexões mais aprofundadas
acerca do efeito da CGU sobre a gestão pública. Conforme
tratado anteriormente, é unânime o entendimento entre os
gestores entrevistados de que o órgão de controle interno exerce,
ou teria potencial de exercer, um papel fundamental na melhoria
da gestão”.

Para apoiar a pesquisa, busquei aprofundar a compreensão dos objetivos do


controle interno, a fim de determinar se seu propósito é aprimorar a gestão dos
recursos públicos, tornando a administração dos gastos mais eficiente e
transparente. Dessa maneira, em Castro (2011), foram identificados critérios
fundamentais por ele eleitos para que o controle interno seja eficaz:
* Controle certo, no lugar e no tempo certo;
* Controle exercido junto ao ato praticado e proporcional aos
riscos envolvidos;
* Controle funcionando de forma consistente e permanente;
* Controle com custos adequados, sem exceder os benefícios
dele provenientes;
* Controle como instrumento auxiliar do dirigente, para a tomada
de decisão; e
* Controle com métodos eficientes de prevenção, para evitar
apontar fatos consumados e geralmente irremediados financeira,
administrativa e politicamente

Reiterando a ênfase na importância dada à aplicação dos recursos


públicos, menciona-se um trecho da entrevista do Diretor da Secretaria de
Controle Interno do Senado concedido à Agência Senado, no qual ele afirma:
Não adianta apenas usar corretamente o dinheiro. É preciso
utilizá-lo bem e para uma boa finalidade. Não basta ser eficaz,
tem que ser eficiente, efetivo, econômico e usar bem os recursos
públicos.

O atual modelo de gestão pública, centrado na administração de riscos, sem


reforço do controle interno e na transparência, está buscando constantemente maior
eficiência, eficácia e efetividade nas ações dos gestores públicos. A sociedade confia
nesses gestores na aplicação dos recursos destinados às diversas áreas do serviço
público.

2.1 CONTROLE INTERNO

Para evidenciar a relevância do controle interno, é necessário, antes de tudo,


compreender o que é e como está estruturado, desde sua origem até os dias atuais.
O controle interno não se limita à atuação exclusiva da Controladoria Geral da
União (CGU); ele é exercido em cada órgão público.
Sua responsabilidade consiste em verificar a conformidade dos processos
realizados no órgão, abrangendo desde processos licitatórios e de pagamento até a
contratação de pessoal, concessão de contratos, contratação de obras e serviços,
entre outros.
Para conceituar controle interno, Castro (2011) se utilizou da definição do
Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA), que, de acordo
com ele, é a mais amplamente difundida até o momento:
“O controle interno compreende o plano de Organização e todos
os métodos e medidas, adotadas numa empresa para proteger
seu ativo, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados
contábeis, incrementar a eficiência operacional e promover a
obediência às diretrizes administrativas estabelecidas”.

Quanto à estrutura, podemos visualizar de forma clara e objetiva na imagem


abaixo o modelo adotado pelo Controle Interno no Governo Federal:

Figura 1 – Modelo de Três Linhas de Defesa


Fonte: Declaração de posicionamento do IIA: as três linhas de defesa no

gerenciamento eficaz de riscos e controles

No âmbito do Governo Federal, a estruturação ocorre da seguinte maneira:


Na 1ª Linha de Defesa, o Controle Interno é realizado em cada órgão pelos seus
gestores, contando com o suporte de um setor responsável pelas atividades de
controle interno administrativo. Na 2ª Linha de Defesa, encontram-se os órgãos
setoriais, representados pelos ministérios, nos quais cada ministro supervisiona
diretamente um órgão de controle interno. Finalmente, na última linha antes de
chegar ao Controle Externo (TCU), está a 3ª Linha de Defesa, realizada pela CGU.
J. Antônio Meyer P. Jr. entende que a 2ª Linha de Defesa também é exercida
por órgãos centrais de sistema como o Ministério da Fazenda, a Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG), a Secretaria de Orçamentário Federal, entre outros exemplos (...)
O controle interno tem progredido de maneira contínua, sempre em busca do
aprimoramento das ferramentas de controle, tanto financeiros quanto administrativos, com o
objetivo de contribuir para uma maior transparência dos gastos públicos. Essa evolução é
detalhadamente descrita no Seminário Internacional de Auditoria e Controle Interno, que
ocorreu em dezembro de 2014 em Brasília, pelas palavras de Marlene Alves de Albuquerque,
que foi Secretária Federal de Controle Interno-Adjunta da CGU até dezembro de 2014.

“Houve vários avanços conquistados nos últimos 12 anos, tanto


no que se refere às parcerias interinstitucionais supracitadas,
como também em relação ao combate à corrupção, ao aumento
da transparência e à melhoria da gestão (neste caso, cooperaram
bastante a instituição da lei de acesso à informação, a ouvidoria e
a abertura do portal da transparência, que fomenta a participação
social), o aprimoramento do marco legal (leis de conflito de
interesse, de combate ao nepotismo etc), à interlocução com a
sociedade e à articulação internacional e com outros órgãos de
Controle Interno, tais como o Conselho Nacional de Controle
Interno (CONACI) e o Conselho de Dirigentes de Controle Interno
dos Poderes da União (DICON)”.

2.2 EFICIÊNCIA E EFICÁCIA

Reforçando essa ideia encontramos as declarações de Monika Kos, Chefe de


Cooperação Internacional da Unidade Central de Harmonização do Ministério das
Finanças da Polônia, durante o Seminário Internacional de Auditoria e Controle
Interno, ocorrido em dezembro de 2014 em Brasília:

“Atingir metas é algo bem recente no setor público, consequência


da aplicação do Controle Financeiro Interno Público.
Tradicionalmente, a ênfase era dada no gasto do recurso e na
conformidade com o orçamento, leis e regulamentos. Outra
novidade é a necessidade de que os dirigentes máximos das
entidades sejam mais que chefes ou especialistas nesta ou
naquela área. Precisam ser administradores, focados na gestão,
na conquista de objetivos e na ideia de agregar valor. Nesse
contexto, são necessárias mudanças de mentalidade e também
nos acordos legais e organizacionais, para aprimorar o uso do
recurso público e para que o real significado de “eficiência e
efetividade” seja obtido”.

A busca pela eficiência e eficácia tornou-se um dos principais objetivos dos


gestores públicos na atualidade. Isso ocorre não apenas devido à maior
especialização dos gestores atuais, mas também devido ao aumento das demandas
de controle social exercido pela população e do controle externo do Governo Federal
(TCU). A ênfase agora é não apenas aplicar os recursos públicos, mas fazê-lo da
maneira mais eficiente possível (eficiência) para alcançar resultados (eficácia).
Embora sejam conceitos futuros, eles se diferenciam, conforme definido no artigo
publicado por Rodrigo Batista de Castro no 30º Encontro da ANPAD em 2006:

“A eficiência não se preocupa com os fins, mas apenas com


os meios, ela se insere nas operações, com vista voltada
para os aspectos internos da organização. Logo, quem se
preocupa com os fins, em atingir os objetivos é a eficácia,
que se insere no êxito do alcance dos objetivos, com foco
nos aspectos externos da organização”.

Reforçando a relevância do controle interno para a eficiência e eficácia na


utilização de recursos públicos, Barroso (2009) em sua monografia intitulada "A
importância do controle interno na administração pública municipal: uma ferramenta
de gestão e transparência", destaca:
“Como o controle interno é um setor que participa de forma
efetiva do planejamento orçamentário e faz avaliação periódica
da sua execução, torna-se um dispositivo de grande relevância
para que os recursos públicos sejam aplicados de forma eficaz”.
Referente ao tema abordado neste tópico, observamos algumas
considerações sobre o processo de controle e as restrições ao controle interno no
Curso de Avaliação de Controles Internos do Tribunal de Contas da União (2012):
• controle interno é um meio, e não um fim em si mesmo, integra o
processo de gestão (construído “dentro” e não “sobre” os
processos de negócio) para fornecer segurança razoável de que
objetivos estabelecidos serão alcançados;
• controle interno auxilia, mas não garante que objetivos serão
atingidos e, para ser eficaz, deve ser concebido levando em conta
os riscos sobre o alcance desses objetivos;
• controle interno é um processo executado por seres humanos,
portanto, a sua eficácia deve ser considerada sob a perspectiva
da natureza humana.

2.3 TRANSPARÊNCIA E ECONOMICIDADE

Nos últimos quinze anos, testemunhamos um avanço notável na


transparência das contas públicas e em todas as suas atividades. Esse progresso
teve início com a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000, que
orientou a condução das finanças públicas. Posteriormente, foram rompidas a Lei
Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009 (Lei Capiberibe), a Lei nº 12.527, de
18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) e o Decreto nº 5.482, de 30
de junho de 2005.

Ao analisar essas leis, decretos e a divulgação nos Portais de Transparência


e de Compras Governamentais, torna-se evidente que o princípio da publicidade
(transparência), presente na Constituição Federal e exigido pelo artigo 48 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, tem sido respeitado e elevado pelos responsáveis pela
execução do orçamento.

A Controladoria Geral da União (CGU), como órgão de controle interno do


Governo Federal, conduz auditorias por meio de sistemas de informação, gerando
informações relevantes que são divulgadas através do Portal da Transparência.
Essas informações resultaram em relatórios específicos a base para as decisões
dos gestores, permitindo também a visualização de trilhas de auditoria. Estas, por
sua vez, podem orientar o trabalho de auditório realizado pelo controle externo.

A relevância do controle interno para a transparência é respaldada por


Barroso (2009) em sua monografia intitulada "A importância do controle interno na
administração pública municipal: uma ferramenta de gestão e transparência",
quando ele afirma:

“Sem controle não pode haver transparência visto que é uma


consequência natural resultante da atividade desempenhada pelo
controle interno, em virtude de ser um órgão normatizador e
examinador da gestão pública fazendo parte da própria
administração através da fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e os torna transparentes
quando no desempenho de sua função faz com que o gestor do
Poder Executivo publique o relatório resumido da execução
orçamentária determinada no art. 165, § 3° da Constituição
Brasileira”.

Os princípios estão intrinsecamente ligados, uma vez que, quanto mais


transparentes forem os processos, atividades e contas públicas, mais fácil será
identificar oportunidades de economia de recursos para serem aplicadas em outras
áreas. Além disso, a transparência facilita a identificação de desvios de recursos, má
gestão de recursos públicos e casos de corrupção. O controle interno desempenha
um papel crucial na identificação e responsabilização dos gestores, podendo resultar
na recuperação de recursos para os cofres do Tesouro Nacional.

A noção de economicidade nas atividades do controle interno no setor público


é bem abordada no artigo de CARDIN (2015) intitulado "Controle interno na
administração pública como ferramenta para economicidade de processos".

“Contudo, a ideia de economicidade envolve atos e


comportamentos expressos comoeficientes, produtivos, eficazes,
rentáveis e outros, assim, o objetivo será realizar o máximo de
rendimento dos recursos disponíveis, com a utilização de um
método de apropriação de dados que leva em conta os interesses
da coletividade e os fatores sociais do mercado, num determinado
tempo e espaço”.

Um exemplo de economia resultante da atuação do Controle Interno,


ilustrando, assim, a sua importância, está evidenciado em partes de uma matéria
publicada no site Portal Brasil (2016):
“A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que as 2.438
Tomadas de Contas Especiais (TCEs) analisadas, em 2015, e
encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU)
representam valor potencial de quase R$ 3 bilhões de retorno ao
Tesouro Nacional”. (…) “A CGU adverte que em relação a 2014, o
número de processos avaliados é só 5,5% maior, mas o montante
que pode ser recuperado é mais que o dobro (de R$ 1,38 bilhão,
em 2014, para R$ 2,79 bilhões, em 2015). O valor também é
recorde no comparativo dos últimos cinco anos”.

2.4 IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO EM GRÁFICOS E


RESULTADOS

Além dos dados coletados para sustentar a importância do controle interno, é


também satisfatório demonstrar isso por meio de gráficos, cujos três aspectos
podem ser claramente observados: no primeiro gráfico, nota-se predominantemente
a insuficiência de sistemas de controle interno como uma facilitadora de fraudes; em
segundo lugar, identificamos que entre as medidas para evitar atos fraudulentos, um
número significativo acredita que a melhoria dos controles internos é a principal; e
no último gráfico, reafirmamos a importância do controle interno para a detecção de
fraudes.

Gráfico 1- Circunstâncias Facilitadoras para Atos Fraudulentos


Fonte: KPMG (“A Fraude no Brasil – Relatório da Pesquisa 2009”)

Dentre as medidas mencionadas na pesquisa para prevenir futuros atos


fraudulentos, a grande maioria envolve as atividades do controle interno, seja
através do aumento de recursos para o setor de auditoria interna, seja pela
elaboração de um manual de conduta ou treinamento de funcionários. Um exemplo
disso é o controle interno do governo federal, que regularmente orienta e apoia
treinamentos em diversos órgãos, tanto presencialmente quanto à distância por meio
de suas escolas virtuais. Além disso, eles elaboram várias cartas e manuais,
orientando não apenas comportamentos adequados, mas também sobre a correta
aplicação dos recursos e o funcionamento do controle interno.

No gráfico subsequente, apresentamos uma análise de como as fraudes


foram identificadas, e certamente podemos vincular os gráficos 3 e a figura 2 deste
artigo. No gráfico, os controles internos foram indicados pelos entrevistados como a
principal fonte de detecção de fraudes, e na figura, observamos na prática os
números de investigações, procedimentos e operações transportadas pelo controle
interno do governo federal, em colaboração com outros ministérios. Isso resultou em
1.410 prisões e um prejuízo estimado de 2,6 bilhões de reais, que podem ser
recuperados para os cofres públicos.

Gráfico 3- Como as fraudes foram detectadas


Fonte: KPMG (“A Fraude no Brasil – Relatório da Pesquisa 2009”)
Reforçando a importância do controle interno temos ainda a imagem abaixo,
na qual está descrito algumas ações interinstitucionais entre os anos de 2003 e
2014:

Figura 2 – Resultado das ações interinstitucionais entre 2003-2014


Fonte: Controladoria Geral da União – CGU

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos específicos da pesquisa foram: identificar as atividades do


controle interno na Administração Pública Federal; avaliar o nível de transparência
dos gastos dessa administração; avaliar a eficiência dos gastos; e analisar a relação
entre controle interno, transparência e eficiência. O objetivo geral foi analisar a
importância do controle interno para uma gestão eficiente e transparente dos gastos
públicos, explorando a relação entre controle interno, transparência e eficiência.
Uma pesquisa, baseada em levantamento bibliográfico e dados documentais,
incluindo a obra de Castro (2011) e outros autores, concluiu que o controle interno
desempenha um papel significativo para uma gestão eficiente e transparente dos
gastos públicos.

O controle interno tem sido crucial na fiscalização da execução orçamentária


e em outras atividades, exemplificado pela criação do Observatório da Despesa
Pública pela CGU. Além disso, tem desempenhado papel fundamental na verificação
do emprego correto dos recursos, indo além de uma mera análise financeira,
orçamentária e contábil, avaliando a gestão de processos e recursos humanos.

Os resultados do estudo destacam a importância do controle interno para uma


gestão eficiente dos recursos públicos, fornecendo uma ferramenta crucial para
corrigir falhas nos processos e promover uma administração eficaz e transparente. O
texto enfatiza a necessidade de alinhamento entre controle interno e controle
externo, evitando discrepâncias e duplicidade de informações.

No contexto atual, onde a sociedade exige não apenas a aplicação adequada


dos recursos, mas também uma gestão eficiente e eficaz, são destacados temas
importantes como a Gestão de Riscos e Governança, regulamentados pela instrução
normativa conjunta MP/CGU nº 01 de 10 de maio de 2016, que representam áreas
pertinentes para futuros estudos na administração pública brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Domingos Poubel de. Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor


Público. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

ARANTES, Rodrigo Eloy. O controle interno como apoio à gestão dos órgãos
públicos?: uma análise sob a perspectiva dos gestores federais. 2016. 105 p.
Dissertação (Mestrado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Programa de
Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento, área de concentração em
Economia ) – IPEA, Brasília-DF, 2016.

SILVA, Lia de Castro. Controles internos e gestão de riscos: estudo de caso em


órgãos de controle da administração pública brasileira. 2009. 89 p. Monografia
(Especialização em Auditoria Interna e Controle Governamental do Instituto
Serzedello Corrêa do Tribunal de Contas da União) – ISC, Brasília-DF, 2009.

PISCITELLI, Roberto Bocaccio. Contabilidade Pública: uma abordagem da


administração financeira pública. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BLIACHERIENE, Ana Carla et al. Controladoria no setor público. 1. ed. Belo


Horizonte: Fórum, 2016.

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