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A IMPORTÂNCIA DO CONTROLO INTERNO NA GESTÃO DOS RECURSOS

FINANCEIROS: UM ESTUDO DE CASO DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA


REPÚBLICA NO PERÍODO ENTRE 2015-2017.

Sérgio Marrucule*
Natália Graziano**
* Casa Civil da Presidência de República.
**Universidade Pedagógica de Maputo. Nataliavb77@gmail.com

Resumo

O objectivo do trabalho foi de analisar a importância do controlo interno na gestão dos recursos financeiros da
Casa Civil (2015 a 2017). Decorrente do objectivo geral, foram formulados os seguintes objectivos específicos:
i) Identificar e descrever o controlo interno existente e os seus procedimentos de gestão dos recursos
financeiros; ii) Evidenciar a importância do controlo interno para a gestão eficiente dos recursos financeiros e;
iii) Avaliar a importância do controlo interno para a gestão eficiente dos recursos financeiros na Casa Civil.
Amostra foi constituída por 10 (dez) funcionários que compunham o quadro dos sectores da DAF, dos quais
dois eram gestores/ directores e oito técnicos da DAF. Para a recolha de dados aplicou-se um questionário, cujas
perguntas foram apresentadas de modo a que os respondentes assinalassem com X, na opção correcta. O
questionário continha dois blocos onde a primeira foi direccionada para os técnicos e o segundo para os
gestores. Do trabalho, conclui-se que o sistema de controlo interno implementado na Casa Civil, da Presidência
da República, entre 2015 a 2017, jogou um papel importante para a gestão eficiente dos recursos financeiros da
instituição.
Palavras-chave: Controlo interno, Gestão, Recursos financeiros, Administração pública.

Introdução

Cada vez mais a sociedade vem exigindo a transparência dos actos e auxiliando na
fiscalização do dinheiro em organizações tanto públicas como privadas. Para tanto, devem os
gestores envolvidos neste processo, estarem preparados para atenderem satisfatoriamente os
anseios da sociedade, necessitando do auxilio de controlo interno para que possam atender as
demandas sem ferir a legislação, respeitando os princípios da legalidade, da moralidade, da
impessoalidade, da economicidade, da transparência e da eficiência no serviço público, para
que possam trazer grandes benefícios para as organizações, pois ajudam a prevenir,
desperdícios, erros e fraudes.

O processo evolutivo e de inovações tecnológicas da sociedade exigem uma nova gestão que
garanta a prestação do serviço público de acordo com as novas necessidades que surgem aos
cidadãos. Dai que, entender o controlo interno dentro da iniciativa pública, mostra-se como
uma alternativa rentável à sociedade, uma vez que o corte de gastos resumir-se-ia ao mal
gasto e não a cortes lineares, quase que indiscriminados nos investimentos, prejudicando a
população. Enquanto na iniciativa privada o controlo é imposto pelo empresário, na
administração pública é uma exigência legal, que é cumprida muitas vezes de maneira
equivocada. Isto pode ser explicado devido à ausência de trabalhos técnicos ou existências de
trabalhos mal concebidos, sobre controlo interno, o que leva o gestor a interpretar de
diferentes formas o controlo e sua finalidade, muitas vezes burocratizando ou distorcendo sua
verdadeira função.

Nesta conformidade o presente trabalho tem como objectivo fundamental analisar a


importância do controlo interno na gestão dos recursos financeiros da Casa Civil da
Presidência de República no período entre 2015-2017.

Material e métodos
Para o presente trabalho, optou-se por amostra não probabilística por ter havido
acessibilidade ou conveniência conforme as vantagens que a sua aplicação proporcionou,
como seja a faculdade que o pesquisador teve de seleccionar dos elementos a que teve
facilidade de acesso. Assim, a amostra foi constituída por 10 (dez) funcionários, do total de
20 (vinte) que compunham o quadro dos sectores da direcção de finanças (DAF), dos quais 2
(dois) eram Gestores/ Directores e 8 (oito) Técnicos.

Para a recolha de dados aplicou-se um questionário, cujas perguntas foram apresentadas de


modo que os respondentes assinalassem com um X, a opção correcta. Este questionário,
como dissemos, foi elaborado numa base de questões de resposta fechada, tendo por
objectivo auscultar a opinião dos respondentes sobre a preponderância que o CI pode ter na
gestão de recursos financeiros de uma entidade.

Resultados

Relativamente a caracterização geral da amostra, verificou-se que o grupo masculino


correspondia a 62,5%, contrariamente ao grupo feminino que correspondeu a 37,5%
revelando falta de equidade de género.

No concerne-te ao tempo de serviço, constatou-se maior percentagem aos funcionários que


estavam entre os 5 a 10 anos, seguidos dos que ainda não haviam completado 5 anos de
serviços efectivos na instituição.

Quando a carreira profissional, maior número correspondeu aos técnicos superiores de N1,
seguidos de técnicos profissionais. Estes resultados mostraram que a Casa Civil era composta
de funcionários com competências para exercer qualquer tipo de função.
Do total da amostra (10 inquiridos), segundo os dados colhidos, a maioria do pessoal
enquadrava-se na categoria de “Técnicos” com 80% e por último a categoria de gestores/
directores” com 20%.

No quadro abaixo são apresentados os resultados obtidos a partir da administração do


questionário de perguntas fechadas.

Quadro 1 - Respostas as questões colocados no questionário.


Tipo de questão Sim % Não %
A Entidade implementava um sistema de controlo interno? 10 100 - -
Nos procedimentos de controlo interno, existiam políticas para garantir gestão de 10 100 - -
recursos financeiros da entidade?
Considerava que os procedimentos implementados na actividade do controlo 8 80 2 20
interno contribuíam para que a realização das tarefas era feita de forma eficiente?
Na Casa Civil da Presidência da República existia um Manual de procedimentos 10 100 - -
para que o controlo interno contribuísse para uma gestão eficiente dos Recursos
financeiro?
A implantação de actividade de controlo conduzia a uma maior eficiência no 10 100 - -
processo de realização da receita e da despesa?
Existia segregação de funções entre os colaboradores que operavam a receita e a 10 100 - -
despesa?
Estava estabelecido um princípio de rotatividade de funções para os 10 100 - -
colaboradores da área financeira?
Eram efectuadas, periodicamente, reconciliações bancárias? 8 80 2 20
A contabilização do compromisso era efectuada por pessoa distinta da que 7 70 3 30
autorizava a compra?
Existia limite ao valor de despesas a pagar por fundo de maneio? 10 100 - -
O pagamento das facturas era efectuado por pessoas diferentes daqueles que 6 60 4 40
efectuavam normalmente o seu processamento?

Sobre a questão em que se procurou saber se “a Entidade implementava um sistema de


controlo interno”, todos os inqueridos afirmaram que sim, o que significa que os
funcionários estavam a par da existência do controlo interno e a importância desta actividade.
Ou seja, a corroborar com Migliavacca (2002), entendiam que a existência de um controlo
interno na organização, mostrava a responsabilidade e a preocupação dos gestores de zelar,
avaliar, comprovar, eliminar possíveis falhas, erros ou fraudes e exercer um controlo
adequado aos actos praticados pela sua administração.

Sobre a questão se “nos procedimentos de controlo interno, existiam políticas para garantir
gestão eficiente de recursos financeiros da entidade”, todos os inqueridos afirmaram
unanimemente que sim o que, a corroborar com Meirelles (1990) e Almeida (1996),
significou que existirem regras estes podiam garantir a eficiência da actividade do controlo
interno.
Em relação a questão sobre se “consideravam que os procedimentos implementados na
actividade do controlo interno contribuíram para que a realização das tarefas de forma
eficiente”, 80% dos inquiridos responderam unanimemente que sim e 20% disse que não, o
que significou que a Casa Civil da Presidência da República tinha consciência que diante do
cenário competitivo, em que as organizações viviam no dia-a-dia para poderem encontrar
sucesso e garantir a continuidade das mesmas, devia pautar por uma gestão pautada em
informações confiáveis e valorizando os procedimentos do controlo interno. Por outro lado, e
valendo nos de Da Costa (2007), entendeu-se que um bom e eficiente sistema de controlo
interno permitia que administradores obtivessem dados mais condizentes sobre a realidade da
empresa, possibilitando traçar objetivos mais claros, identificar de maneira mais rápida os
problemas e também as respectivas soluções. Por outro lado, os inqueridos consideraram
importante a adopção de mecanismos de controlo que permitiam identificar e gerir os riscos,
de forma proactiva, porque constitui hoje em dia uma necessidade permanente em qualquer
organização.

Sobre a questão se “na Casa Civil da Presidência da República existia um Manual de


procedimentos para que controlo interno contribuísse para gestão eficiente dos Recursos
financeiro”, todos entrevistados afirmaram que sim, o que significou que a Casa Civil da
Presidência da República, considerava importante a adopção de mecanismos de controlo que
permitissem identificar e gerir os riscos, de forma proactiva, porque constitui hoje em dia
uma necessidade permanente em qualquer organização. Portanto, os procedimentos seguiram
o Manual de Gestão Financeira (MGF). A gestão do orçamento, envolveu todas as áreas, que
compreendiam as áreas de preparação para elaboração do orçamento ou seja área de análise
das propostas orçamentais, elaboração de planos de actividade, aprovação do orçamento,
execução e controlo.

Com relação a questão se “entendiam que a implantação de actividade de controlo conduzia


a uma maior eficiência no processo de realização da receita e da despesa”, todos
entrevistados afirmaram que sim porque garantia a redução de riscos e erros, tornando a
gestão dos recursos financeiros eficiente. A corroborar com Silva (2009:84), controlos
internos implantados e fortes garantem que recursos da empresa sejam utilizados apenas para
os fins pretendidos, minimizando significativamente o risco de mau uso de recursos.
Controlos internos implantados e fortes impedem também quaisquer irregularidades
financeiras, detetando-os rapidamente e, assim, resolvem quaisquer problemas que surjam em
tempo útil. Além disso, ter fortes controlos internos no local pode impedir que os
funcionários de uma empresa de ser acusado de quaisquer irregularidades ou desvios de
fundos.

Questionados se “existia segregação de funções entre os colaboradores que operavam a


receita e a despesa?”, todos entrevistados afirmaram que sim, e isso significou que a Casa
Civil na Presidência da Republica entendia que para minimizar os factores de risco, a
segregação de funções dentro das instituições era acto determinante. A segregação de funções
consiste na separação de atribuições ou responsabilidades entre diferentes pessoas, na
discriminação entre as funções de execução de operações, autorização, contabilização e
controlo, de tal maneira que nenhum funcionário detenha poderes e atribuições para realizar
todas as operações. Nesta conformidade, entendemos que a segregação de funções deve ser
efectuada periodicamente, para minimizar os factores de risco, por isso, a segregação de
funções dentro das instituições é acto determinante. Na instituição ela consiste na separação
de atribuições ou responsabilidades entre diferentes pessoas, na discriminação entre as
funções de execução de operações, autorização, contabilização e controlo, de tal maneira que
nenhum funcionário detenha poderes e atribuições para realizar todas as operações.

No que respeita a questão se “estava estabelecido um princípio de rotatividade de funções


para os colaboradores da área financeira”, os entrevistados foram unanimes em afirmar que
havia rotatividade, o que trouxe benefícios a Casa Civil na Presidência da República, porque
o funcionário passava a ter uma visão geral do sector.

Sobre a questão se “eram efectuadas, periodicamente, reconciliações bancárias”. 80% dos


inqueridos afirmou que sim e 20% afirmou que não, o que quer dizer que existia consciência
da importância da gestão eficiente dos recursos financeiros nesse período.

No concernente a questão se “a contabilização do compromisso era efectuada por pessoa


distinta daquela que autorizava a compra”, 70% dos inqueridos disse que sim. Apenas 30%,
representando uma minoria, disse que não. Entendemos que a maioria teve razão pelo facto
da Casa Civil, para o seu funcionamento, teria que seguir todos os procedimentos contidos no
Manual de procedimentos de Gestão Financeira da própria empresa. Os instrumentos
contidos nesse Manual sistematizavam todas as regras e procedimentos relacionados com os
processos administrativos e financeiros da instituição, o qual foi a base também para
elaboração deste estudo, uma vez que o mesmo aborda todos os processos desde a gestão do
orçamento até a prestação de contas.
Quanto a questão se “existia limite ao valor de despesas a pagar através do fundo de maneio”,
constatou-se total concordância por parte dos inqueridos ao terem dito que sim. O fundo de
maneio existia para o pagamento de pequenas despesas correntes, do dia-a-dia, da empresa,
não necessitando de procedimentos que envolviam requisições com autorizações dos grandes
decisores. Por isso, as despesas eram feitas com valores insignificantes e limitados.

Finalmente foram questionados se “o pagamento das facturas era efectuado por pessoas
diferentes daqueles que efectuavam normalmente o seu processamento”, a maior parte dos
inqueridos, correspondendo a 60%, respondeu que sim. A ser assim, este resultado
proporcionava melhor transparência do processo bem como um melhor controlo do ciclo de
contas a pagar pela empresa.

Conclusões

Conforme referido, o controlo é um processo levado a cabo pelo conselho da administração,


direcção e outros membros de uma organização, com objectivo de proporcionar um grau de
confiança razoável na concretização da fiabilidade de informação financeira, utilização eficaz
e eficiente dos recursos financeiros, protecção dos activos, cumprimento das leis,
regulamentos e políticas estabelecidos de modo a cumprir com os procedimentos e
determinadas pela gestão.

A pesquisa aplicada na Casa Civil teve como objectivo fundamental analisar a importância do
sistema de Controlo Interno na gestão eficiente dos recursos financeiros, mostrando de que
forma actua como um suporte de apoio as decisões gestão.

Do trabalho conclui-se que o sistema de controlo interno implementado na Casa Civil da


Presidência da República entre 2015 a 2017 jogou um papel importante para a gestão
eficiente dos recursos financeiros da instituição, pelo facto de ter sido possível verificar a
importância que a instituição da aos procedimentos do controlo interno, para gestão de
recursos financeiros.

Por outro lado, pode-se inferir que, a partir dos resultados obtidos, a instituição tinha
consciência, diante do cenário competitivo em que as organizações vivem no dia-a-dia, de ter
sucesso e garantir a continuidade das mesmas para uma gestão pautada em informações
confiáveis, valorizando os procedimentos do controlo interno.
Bibliografia
Almeida. M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. Atlas. SÃO Paulo; (2003).
Da Costa, C. B. Auditoria Financeira, teoria e prática. Editora Rei dos livros; (2010).
Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, (1990).
Migliavacca, N. P. Controle interno das Organizações. Editora São Paulo; (2002).
SILVA, Lino Martins da. Contabilidade governamental. 7. ed. São Paulo: Atlas, (2009).

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