À primeira vista, o modelo pode parecer ingênuo e excessivamente brando com
os autores de crimes. Entretanto, o método pelo qual a Justiça Restaurativa atua como facilitadora de um acordo entre a parte que errou e a vítima pode servir como alternativa para um país sobrecarregado por crimes, em boa parte impunes.
Por intermédio de um facilitador, a justiça restaurativa reúne vítima, ofensor e
comunidade — o que pode incluir a família dos envolvidos e testemunhas. O facilitador atua como único representante do aparato judicial. O papel dele é acompanhar o processo, não tomar decisões ou proferir sentenças. Cabe à vítima o papel principal, como decidir os locais das reuniões, dias e horários, além de aceitar a oferta de reparação, recuperando o poder que lhe havia sido subtraído pela ação do ofensor. O desfecho resulta do entendimento entre os envolvidos.
É uma forma útil e justa de resolver conflitos, especialmente no âmbito dos
delitos de menor poder ofensivo e de outros crimes que, embora graves, precisam não apenas da resposta penal tradicional, mas de um grau maior de resolução social, empoderamento das vítimas e restauração dos laços e valores sociais.
5. A “co-laboração” da justiça restaurativa no caminho da efetividade do
programa de combate a intimidação sistemática.
O modelo de Justiça Restaurativa já atua a dez anos no Brasil e sua prática
tem se alastrado pelo território brasileiro. E reconhecida como uma forma de solução de conflitos que trabalha de forma sensível e criativa com as vítimas e ofensores primando pela escuta dos mesmos e com a aproximação entre vítima e agressor juntamente com suas respectivas famílias e a sociedade em que estão inseridos.
Diante do quadro angustiante para a vítima que se destacam os benefícios de
trabalhar com a Justiça Restaurativa, composta por suas práticas e programas. Nos dias atuais, as Práticas Restaurativas estão sendo implantadas nas escolas como meio de evitar e enfrentar a violência, incluindo o bullying, através da prevenção e consolidação das relações, promovendo um melhor relacionamento entre escola, família e comunidade. Desta forma, as Práticas Restaurativas destinam-se à restauração e à reparação das relações através do diálogo, dos círculos de paz e das reuniões restaurativas, procurando reconectar e recuperar relações.
Diversos estados brasileiros já aplicam os círculos restaurativos para
solucionar os casos de violência dentro das escolas. Estas práticas estão de acordo com a Política Nacional de Resolução de Conflitos no Judiciário, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio da Resolução n. 125/2010, e Resolução n. 225/2016, que tem em seu texto diretrizes que autorizam a prática e propagação da Justiça Restaurativa no Poder Judiciário. O procedimento do círculo restaurativo dura de três a quatro horas e participam todos os envolvidos no conflito; sentados em círculo, cada um tem sua oportunidade para falar e ser ouvido.