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JUSTIÇA RESTAURATIVA

Acadêmicas: Caroline H. Feil, Cleidiane R. M. Antunes, Gabriely


C. Peters, Giovana Coletto, Nicóli Tumelero e Silvane Hammes
História
● O termo Justiça Restaurativa foi utilizado pela
primeira vez em um artigo desenvolvido por Albert
Eglash, no ano de 1977, nascendo assim, no contexto
internacional este modelo de justiça, utilizado até
hoje;
● Os estudos sobre a Justiça Restaurativa foram
intensificados a partir de 1970, com o intuito de
buscar soluções alternativas para os altos custos de
manutenção do sistema prisional, e também para a
ineficiência do modelo tradicional;
● Desde o ano de 1989, a Nova Zelândia adotou a
Justiça Restaurativa como o principal método para a
resolução de conflitos penais, que envolvessem
crianças e adolescentes.
História ● A ONU, a partir da Resolução nº 1999/26, de 28
de julho de 1999, passou a regulamentar no
âmbito do direito internacional, as práticas da
restaurativa, na Justiça Criminal;
● Outras duas Resoluções foram editadas pela
ONU, referente a Justiça Restaurativa, a
Resolução nº 2000/14 e a nº 2002/12, ambas
estabelecem princípios básicos para a utilização
desses programas restaurativos no âmbito
criminal.
História
● No Brasil, teve início oficialmente no ano de 2005,
com três projetos pilotos, implantados nos Estados de
São Paulo, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal,
através da parceria entre os Poderes Judiciários
desses Estados e a então Secretaria da Reforma do
Judiciário do Ministério da Justiça e o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD);
● Durante todos esses, a Justiça Restaurativa se
espalhou e se enraizou em todo o país, tendo
experiências bem sucedidas em quase todos os
estados.
● Para a implementação, cada estado, observa e
respeita, os potenciais e os desafios de cada local e
também os contextos institucionais e comunitários.
O que é? ● A Justiça Restaurativa é uma maneira de olhar
para situação incluindo a responsabilidade do
infrator e o conhecimento da vítima do que gerou
aquela atitude. Assim, busca com isso a
possibilidade do entendimento por ambas as
partes, o que evitará a reincidência do infrator e
traumas futuros para a vítima.
● A mediação vítima-ofensor consiste basicamente
em colocá-los em um mesmo ambiente,com o
objetivo de que se busque ali acordo que
implique a resolução de outras dimensões do
problema que não apenas a punição, como, por
exemplo, a reparação de danos emocionais.
A diferença entre ● A pessoa que cometeu crime precisa devolver
ao Estado aquilo que lhe é de direito em
justiça restaurativa forma de punição. O indivíduo pode ser

e justiça retributiva privado de liberdade e/ou pagar algum valor


que será revertido para o Estado (pena
(punitiva) pecuniária) para que após esse tempo isolado
possa voltar a conviver em sociedade
adequadamente.
● A vítima tem uma participação mínima, como
figurante. O ofensor é alienado do processo e
se comunica apenas através do advogado.
Existe uma polarização entre infrator e
vítima.
A diferença entre ● A conciliação é mais voltada para resolver
questões de interesse econômico.
justiça restaurativa ● Os conciliadores se permitem conduzir um
e conciliação pouco o processo para resultados mais
efetivos.
● A conciliação acontece com hora marcada na
pauta do tribunal.
● Já na mediação realizada pela Justiça
Restaurativa não é possível estabelecer
quando vai acabar, pode demorar dias, meses,
até se construir uma solução.
A ideia por trás da justiça restaurativa é promover a cura, a
reconciliação e a restauração das relações prejudicadas,

Como funciona? tanto quanto possível. O funcionamento da justiça


restaurativa pode variar em detalhes de um lugar para outro,
mas geralmente envolve os seguintes elementos:

● Diálogo e Comunicação: A justiça restaurativa


enfatiza o diálogo e a comunicação entre as partes
envolvidas, incluindo o infrator, a vítima e a
comunidade. Todos se reúnem em um ambiente
seguro e estruturado para discutir o incidente,
expressar suas preocupações e compartilhar suas
perspectivas.
● Responsabilidade: A responsabilidade pelo dano
causado é um elemento central da justiça
restaurativa. O infrator é incentivado a confiar em
sua responsabilidade pelo crime e assumir um papel
ativo na busca de soluções para reparar o dano.
● Reparação do Dano: A justiça restaurativa visa as peças do dano
causado. Isso pode incluir restituição à vítima, serviço comunitário,
Como funciona? trabalho de restauração ou outras ações que ajudem a compensar as
perdas sofridas pela vítima.
● Participação da Comunidade: A comunidade desempenha um papel
ativo no processo de justiça restaurativa. Os membros da comunidade
oferecem apoio às partes envolvidas e ajudar a encontrar soluções
para restaurar a harmonia na comunidade.
● Acordos Voluntários: Em muitos casos, os acordos de justiça
restaurativa são voluntários e dependem do consentimento de todas as
partes envolvidas. Isso incentiva a cooperação e a responsabilidade.
● Prevenção de Recidiva: A justiça restaurativa também se concentra
na prevenção da reincidência, ajudando os infratores a entender as
consequências de suas ações e oferecendo oportunidades para
mudanças de comportamento.
● Avaliação contínua: A eficácia do processo é frequentemente
avaliada e ajustada conforme necessário, com o objetivo de garantir
que os resultados sejam esmagadores para todas as partes envolvidas.
Práticas
restaurativas
A justiça restaurativa pode ser
aplicada para os crimes mais
diversos, em diferentes fases do
trâmite processual penal. É possível,
por exemplo, que o juiz já na
audiência de custódia, determine, no
rol de medidas cautelares especiais,
as práticas de justiça restaurativa
(Art. 319 do Código de Processo
Penal).
● O papel do psicólogo na justiça restaurativa é de
extrema importância, pois essa abordagem busca
O papel do promover a resolução de conflitos de maneira mais

psicólogo na justiça
humanizada, focando na reparação dos danos
causados e na reintegração dos envolvidos na
restaurativa comunidade. Seguem algumas das funções do
psicólogo:
● Avaliação Psicológica: O psicólogo desempenha
um papel fundamental na avaliação psicológica
dos indivíduos envolvidos no processo da justiça
restaurativa. Isso inclui a avaliação das vítimas,
agressores e outros participantes, a fim de
compreender as suas necessidades emocionais,
traumas, potencial de ressocialização e disposição
para participar ativamente do processo.
● Mediação de Conflitos: O psicólogo atua
como mediador, facilitando a comunicação
O papel do entre as partes envolvidas no conflito. Ele
psicólogo na justiça promove um diálogo construtivo, permitindo

restaurativa que as pessoas expressem seus sentimentos,


preocupações e desejos, com o objetivo de
alcançar um entendimento mútuo e buscar
soluções que visem à restauração.
● Empoderamento das Vítimas: O psicólogo
ajuda às vítimas a se sentirem empoderadas e
ouvidas durante o processo. Isso envolve
fornecer apoio emocional, orientação sobre
seus direitos e opções, e auxílio na expressão
de suas necessidades e expectativas em
relação aos agressores.
● Apoio aos Agressores: O psicólogo também
desempenha um papel na promoção da
O papel do responsabilidade e da empatia nos agressores.

psicólogo na justiça Isso inclui a identificação e compreensão das


causas subjacentes de seu comportamento e o
restaurativa desenvolvimento de estratégias para evitar a
reincidência.
● Desenvolvimento de Planos de Ação: O
psicólogo auxilia na criação de planos de ação
concretos, com medidas de reparação a serem
cumpridas pelos agressores. Isso pode incluir
pedidos de desculpas, serviços à comunidade,
tratamento psicológico e outros métodos que
visam à reparação do dano causado.
● Acompanhamento e Avaliação: O psicólogo
acompanha o progresso do processo de justiça
O papel do restaurativa, garantindo que as partes estejam

psicólogo na justiça cumprindo os acordos estabelecidos. Ele avalia o


impacto do processo nas vítimas, nos agressores
restaurativa e na comunidade, ajudando a ajustar os planos de
ação, conforme necessário.
● Promoção da Resiliência Comunitária: Além
de focar nas partes diretamente envolvidas no
conflito, o psicólogo na justiça restaurativa
também contribui para o fortalecimento da
comunidade. Isso é feito por meio do
desenvolvimento de estratégias que promovam a
compreensão, a solidariedade e a resiliência
dentro da comunidade.
● Formação e Sensibilização: Os psicólogos
desempenham um papel importante na
O papel do formação de profissionais da justiça e na

psicólogo na justiça sensibilização da sociedade sobre os

restaurativa princípios e benefícios da justiça restaurativa.


● Em resumo, o psicólogo desempenha um
papel multifacetado na justiça restaurativa,
trabalhando para facilitar o diálogo, promover
a empatia, apoiar as vítimas, responsabilizar
os agressores e contribuir para a cura das
relações quebradas. Essa abordagem visa à
restauração e à reconciliação, em
contraposição ao sistema de justiça criminal
tradicional, que se concentra mais na punição,
● Embora os psicólogos desempenhem um
papel fundamental na justiça restaurativa, a
Somente psicólogos participação não está restrita apenas a eles.

podem participar? Profissionais de diversas áreas, como


assistentes sociais, mediadores, advogados e
membros da comunidade, podem
desempenhar funções importantes nesse
contexto, contribuindo com suas habilidades
específicas para promover a resolução de
conflitos e a restauração das relações. A
colaboração multidisciplinar é
frequentemente incentivada na abordagem da
justiça restaurativa.
Críticas e Crítica: A Justiça Restaurativa desvia-se do devido
processo legal, das garantias constitucionais e
Contra-Críticas normas infraconstitucionais, produzindo uma erosão
no Direito Penal legítimo e codificado, que tem no
princípio da legalidade o seu pilar de garantia para o
cidadão.

Contra-Crítica: O que a Justiça Restaurativa faz é


dar uma prioridade diferente à proteção de seus
direitos, não adotando um processo no qual os
principais protagonistas são os advogados e cujo
objetivo primordial é minimizar a responsabilidade
do infrator ou obter a sanção mais leniente possível.
Críticas e Crítica: A Justiça Restaurativa banaliza certos
crimes, como no caso da violência doméstica, num
Contra-Críticas retrocesso ao tempo em que se dizia que isso era
questão de vara de família e agora, de Justiça
Restaurativa...

Contra-Crítica: Um dos requisitos para se admitir


o encaminhamento das pessoas ao processo
restaurativo é a voluntariedade, ou seja, se a vítima
não quiser, não há processo restaurativo, e o sistema
formal continua acionável normalmente
Críticas e Crítica: A Justiça Restaurativa desjudicializa a
Justiça Criminal e privatiza o Direito Penal,
Contra-Críticas sujeitando o infrator, e também a vítima, a um
controle ilegítimo de pessoas não investidas de
autoridade pública.

Contra-Crítica: O processo restaurativo é


constitucional e legalmente sustentável, não sendo,
assim, uma alternativa extralegal. O que ocorre é
um procedimento de mediação, conciliação e
transação, previstos na legislação, com uma
metodologia restaurativa, que admite a participação
da vítima e do infrator no processo decisório,
quando isso for possível e for essa a vontade das
partes.
Críticas e Crítica: A Justiça Restaurativa"passa a mão na
cabeça do infrator", só servindo para beneficiá-lo e
Contra-Críticas promover a impunidade.

Contra-Crítica: O grande clamor social contra a


impunidade e a leniência do sistema penal é
justamente contra o sistema formal e vigente. Por
outro lado, a prisão, por sua impropriedade e
ineficácia, além de seus malefícios, só é reservada
para crimes graves.
Crítica: A Justiça Restaurativa não tem o condão de
restaurar a ordem jurídica lesada pelo crime e nem
Críticas e mesmo pode restaurar a vítima.

Contra-Críticas Contra-Crítica: Na sua feição de procedimento


complementar do sistema, a Justiça Restaurativa
estará também recompondo a ordem jurídica, na
medida em que estará trabalhando o crime, com
outra metodologia, mas que leva a resultados
melhores para a vítima, que recupera segurança,
autoestima, dignidade e controle da situação, e
também para o infrator, na medida que ao mesmo
tempo em que o convoca na sua responsabilidade
pelo mal causado lhe oportuniza meios para
refazer-se, inclusive participando de programas da
rede social de assistência.
Crítica: A Justiça Restaurativa não produz reais
mudanças.
Críticas e
Contra-Críticas Contra-Crítica: O objetivo da Justiça Restaurativa
não seria a redução da reincidência, mas sim a
responsabilização efetiva dos infratores e a
reparação, por parte deles, das vítimas. Por outro
lado, também é razoável argumentar que, se um
determinado processo utiliza os mecanismos
restaurativos e alcança seus objetivos, então é
possível esperar uma redução da reincidência.
Pontos Positivos

Pontos Positivos e ● Pacificação das relações sociais, de forma mais


direta e efetiva do que uma decisão judicial.
Negativos ● A justiça restaurativa no âmbito da juventude é
um grande passo, visto que é melhor o jovem
reparar o dano, e tem um suporte do estado, para
que não volte a cometer novamente o crime, do
que já tomar uma medida de internação.
○ Internação tem que ser em casos graves e
delicados.

Ponto Negativo

● Não é usada em crimes graves e não tem


estrutura adequada para ser favorável para
vítima e ofensor.
Conselho Nacional de Justiça. Mapeamento dos Programas de Justiça
Restaurativa. Brasília, junho de 2019. Disponível em:
Referências https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/conteudo/arquivo/2019/06/8e6
cf55c06c5593974bfb8803a8697f3.pdf. Acesso em: 23 de outubro de
2023.

HENRIQUE, Willian Brian Lima. Justiça Restaurativa. Jus Navigandi,


2016. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/47670/justica-restaurativa. Acesso em: 23 de
outubro de 2023.

O Surgimento da Justiça Restaurativa. Justiça Restaurativa. Disponível


em:
http://www.justicarestaurativa.com.br/portal/index.php/o-que-e-justica-res
taurativa/o-surgimento-da-justica-restaurativa. Acesso em: 23 de outubro
de 2023.

WINKELMANN, A.G; GARCIA, F.F.D. Justiça Restaurativa: Principais


fundamentos e críticas. Jus Navigandi, 2012. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/20775/justica-restaurativa/2. Acesso em: 23 de
outubro de 2023.

A diferença entre Justiça Retributiva (modelo vigente) e Justiça Restaurativa


(novo modelo) Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/as-diferencas-entre-justica-retributiva-
modelo-vigente-e-justica-restaurativa-novo-modelo/780339861

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