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ÍNDICE

Introdução 1

Agradecimentos e dedicação 3

Palmito de bananeira & Flor de Banana 5

Trapoeraba 12
(commelina erecta - commelina diffusa)

Malvavisco 16
(malvaviscus arboreus - ibisco colibri)

Lírio do Brejo 21
(hedychium coronarium)

Picão preto 25
(bidens pilosa - bidens alba)

Taioba 29
(xanthosoma sagittifolium schott)

Bibliografia 35

Projeto Escola vivA 36


Pequeno Manual de Popularização e Identificação de PANC

As (P)lantas (A)limentícias (N)ão (C)onvencionais, nada mais são


do que essas plantinhas que vivem nos acompanhando, estão por
ai, no seu vaso de plantas, quintal, na sua horta, nos terrenos
baldios, na mata, nas praias, rios, brejos, etc... Elas estão por
toda parte! Ninguém precisa plantar (são em sua maioria plantas
perenes), o vento, os passarinhos, as borboletas, as abelhas e as
raízes se encarregam bem dessa missão de proliferar PANC por
toda parte! Até mesmo onde não são bem vindas, hahaha...

Há séculos são utilizadas por muitas culturas. O professor Valdely


Kinupp dedicou 10 anos em pesquisa e catalogou milhares de
espécies de plantas alimentícias não convencionais, foi ele que
criou o termo “PANC” e está propagando esse conhecimento pelo
Brasil com a ajuda de todos que são e se tornaram apaixonados
pela riqueza de nutrientes dessas plantas espontâneas.

Para os mais antigos elas já são conhecidas, sábia e resistente


medicina popular! Que não deixou morrer o conhecimento das ervas
medicinais e de plantas comestíveis. Mas muitas das plantinhas
que não só chá se fazia, mas alimentava e dava sustento, com
o tempo caíram no esquecimento e plantas como a taioba e a
serralha, por exemplo, que eram presentes na mesa de boa parte
do país, hoje pouco se vê!

A maioria das PANC são consideradas ervas daninhas, são o


terror da monocultura e do estilo de agricultura que nos foi
imposto pelos senhores do agronegócio. É uma verdadeira
guerra química em cima dessas plantas tão nutritivas e especiais.
Elas tem papel fundamental na natureza, um forte papel, de
recuperar e nos ajudar a identificar a qualidade do solo, elas

1
alimentam bichos e insetos dos mais variados tipos e se você tiver
disposto a identificá-la e aprender a preparar, pode alimentar sua
família, de uma forma que os alimentos hoje oferecidos no mercado
não são capazes de suprir. Segundo o Datasus, morrem em média
790 pessoas por ano no Brasil intoxicadas por agrotóxicos, sabemos
o quanto é caro consumir alimentos orgânicos do mercado e não
há previsões de políticas publicas que favoreçam os agricultores de
orgânicos de maneira que possam reduzir o valor final do alimento.

Bom o que nos resta é plantar! Seria maravilhoso se todas as


pessoas voltassem a produzir parte do seu próprio alimento, há
alguns caminhos para isso acontecer, e temos muitos exemplos
legais de comunidade e grupos de amigos que se juntaram para
fazer uma horta coletiva. Isso é um hábito muito prazeroso, além
de saudável! Mas aqui com esse pequeno manual de identificação
de PANC, te aconselhamos a entrar nesse mundo orgânico com
elas! Sim as PANC! Que são as maiores resistentes desse sistema
ganancioso e letal chamado agronegócio. Com as PANC você vai
conhecer melhor seu solo, vai aprender a identificar as plantas
ao seu redor e viver em harmonia novamente com a natureza.

A seleção de espécies desse manual foi feita pela facilidade em


encontrá-las na cidade de Angra dos Reis e na maioria das regiões
do Brasil. Por serem espécies de fácil reconhecimento, facilitando
ao máximo sua emersão no mundo das PANC! Boa leitura e Bom
apetite! Saúde! (A)

PANC É RESISTÊNCIA! SAÚDE E AUTONOMIA!

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Agradecimentos

Agradecemos ao sol, a chuva, ao vento, e a mãe terra por esse


alimento!
Valeu!!!

O coletivo Kasa vivA agradece primeiramente as crianças que aqui


vivem pela alegria e disposição de experimentar, conhecer e ajudar
a identificar cada plantinha estudada. Amada Flor, Levi Luz e Carlos
Daruê! Gratidão! Valeu!

Agradecemos a Regina Yassoe Fukuhara, por todo o apoio e


orientação prestada a Kasa vivA.

Agradecemos ao professor Valdely Kinupp pelo estudo das centenas


de PANC e pela propagação desse conhecimento.

Agrademos a todas as pessoas que de alguma


forma contribuíram para esse manual materializar.

Agradecemos você leitor por apoiar essa iniciativa, contribuindo


para tão sonhada realização do nosso projeto “Escola vivA”.

Gratidão!

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Dedicação Especial!

Dedico esse Pequeno Manual de Popularização e Identificação de


PANC as seguintes pessoas:

Dedicado a todas as pessoas que já passaram e passam fome. É


principalmente por vocês que esse manual existe!

Dedicado aos antigos e sua sabedoria popular (nossas avós, tias,


vizinhas, curandeiras, benzedeiras...) aos povos indígenas, a todas
as pessoas que não deixaram morrer o conhecimento das plantas
alimentícias e medicinais.

Dedicado as minhas crianças e a todas as crianças do planeta,


que vocês possam semear novamente essa cultura de religação a
natureza, pois dela somos parte e juntos faremos a revolução que
precisamos e sonhamos!

Dedicado ao meu companheiro Carlos Sagaz, mês que vem vamos


completar 10 anos de união e resistência! Gratidão por toda nossa
historia! Te amo!

Lyn Sagaz

Okupa Kasa vivA, Angra dos Reis, abril de 2018

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PALMITO DE BANANEIRA
&
FLOR DE BANANA
Quando a gente fala que as PANC, podem salvar o mundo da fome
e da desnutrição, tem gente que acha exagero. Mas olha só quanta
coisa podemos aproveitar da bananeira; fruto maduro, fruto verde,
casca do fruto, flor da banana e o palmito. São esses dois usos
não convencionais da planta que irei te mostrar primeiro... Mas
que dádiva é essa planta! Acompanhe...

Palmito de Bananeira

É muito consumido na Ásia e no Brasil é conhecido e consumido


apenas pelos povos indígenas. Todas as bananeiras, com frutos
comestíveis possuem palmito no centro do caule.

Dicas para identificação

Quando for cortar a banana do pé, você deve cortar o seu tronco,
pois só assim ele iniciara um novo ciclo e formará outro cacho.
Bom, é nessa hora que depois de cortado o tronco você tira a parte
de baixo e a de cima, ficando apenas com o meio do tronco 3,4
palmos de tronco. O palmito só existe em bananeiras com cachos
formados. Na natureza existem ciclos e devem ser respeitados.

Propriedades do palmito de bananeira

Ele é fonte de fibras, potássio, fósforo, cálcio e muito rico em


vitamina B6 (que é conhecida como piridoxina e está presente no
chamado complexo B, importante para o bom funcionamento do
cérebro e para a formação de células do sangue, ajuda a manter
a energia dos alimentos que comemos e a equilibrar os níveis de
açúcar no sangue).

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O palmito da bananeira é ótimo para controlar diabetes, previne
pedra no rim, gastrite e úlceras.

Como utilizar

O palmito da bananeira pode ser utilizado em cozidos, refogado,


saladas e até mesmo em conserva.

Modo de preparo

1. Para fazer precisa ser bem o meio do tronco da bananeira, tirar


todas as camadas do tronco, até que fique somente a parte branca
sem camadas.

2. Depois corte, coloque em uma vasilha de molho na água com


um pouco de vinagre e sal por 40 minutos ou mais.

3. Troque a água e ferva por 20 minutos, também com um pouco


de vinagre e sal.

4. Repita o processo e troque a água novamente, ferva por mais 20


minutos com outra água e um pouco de vinagre.

5. Escorra e depois utilize para refogar com tomates, folhas o que


for do seu agrado combinar. Pode usar também em saladas com
outros legumes e verduras, como preferir!

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Outra forma de preparar.

1. Cortar em cubos assim que tirar as camadas, colocar na salmoura


com água, limão e sal por uma noite.

2. Lavar em água corrente e utilizar.

Minha dica é que você prove o palmito antes de colocar na receita,


se ainda estiver com gosto amargo, ferva com vinagre por 20
minutos.

Dá trabalho para colher e preparar, mas é sempre muito gostoso e


gratificante acompanhar todos os processos do seu alimento!

Bom apetite!

Palmito de Bananeira

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Flor de Banana

Popularmente conhecida por umbigo de bananeira ou coração


de bananeira, essa PANC além de saborosa, quando preparada
corretamente, tem um alto poder de cura e é mega nutritiva! Seu
uso culinário é bem conhecido em países asiáticos e no Brasil faz
parte da cultura indígena e minera, porém no restante do país esse
conhecimento não foi cultivado. Faremos nós esse resgate então!
Experimente e indique aos amigos!

Dicas para identificação

A flor da banana fica na ponta do cacho da banana, corte junto


com seu cacho quando já estiver no ponto de engorda da banana.
Não se esqueça de cortar o tronco da bananeira para iniciar um
novo ciclo de bananas e flores!

Propriedades

A linda e maravilhosa flor de banana é rica em vitamina C, vitamina


A, fibras e potássio. Ela ajuda a reduzir dores musculares.

A flor da banana tem capacidade de tratar infecções, feridas, ajuda


a prevenir o crescimento de bactérias patogênicas, Seu extrato é
usado para prevenir o crescimento do parasita da malária.

Melhora o humor e diminui a ansiedade devido ao magnésio


presente nas flores.

Ela ajuda a encontrar os radicais livres e curar os problemas de


saúde relacionados, como o câncer e envelhecimento precoce.

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Como utilizar

1. Ao manusear o umbigo utilize luvas ou unte as mãos com óleo


para evitar que suas mãos fiquem com nodoas que serão difíceis
de sair.

2. Retire as primeiras cascas, pois são duras, mas você pode


reservar para utilizar como recipiente na hora de servir.

3. Corte em rodelas finas como cebolas e coloque de molho em


uma vasilha com a calda de um limão e uma colher de sobremesa
de bicarbonato. Esse processo é para evitar a oxidação.

4. Em uma panela com água deixe ferver por 10 minutos. Escorra a


água e repita o processo por mais duas vezes, sempre escorrendo
e trocando a água.

Modo de preparo

Você pode preparar sua flor de bananeira refogada com seus


temperos e (ou) legumes favoritos. Também fica uma delícia na
salada, como recheio de tortas e pasteis. Use a criatividades e
compartilhe a experiência com mais pessoas! Bom apetite!

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flor de Bananeira

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TRAPOERABA
commelina erecta e commelina diffusa
Trapoeraba é mais uma plantinha que poucas pessoas conhecem
seu uso como alimento. Quem tem contato com plantio, com horta
provavelmente já se deparou com a trapoeraba, mas se você a
considera como praga, erva daninha, prepare-se! Pois vai descobrir
que ela é na verdade um nutritivo alimento que está só esperando
ser colhida para entrar na tua panela!

Trapoeraba (commelina erecta - commelina diffusa)

Nativa da América central e do sul, encontrada em várias regiões


brasileiras é conhecida por vários nomes, trapoeraba, trapoerava,
olho-de-santa-luzia, andaca, santa-luzia e erva-de-santa-luzia.

Dicas para identificação

É uma planta de ciclo anual que atinge até 40cm de altura, gosta
de sombra, prefere solos ricos em nutrientes úmidos, mas não
precisa estar encharcado. Suas folhas e caules são roxos e suas
florzinhas são rosas, roxas ou azuladas. A floração aparece de
fevereiro a abril.

Propriedades

A planta é rica em proteínas, fibras e sais minerais, tais como


cálcio, magnésio e zinco. Ela é uma planta diurética, anti-
inflamatória e antirreumática. Como chá é um excelente diurético,
evita a retenção de líquido, elimina toxinas do organismo e previne
o envelhecimento precoce. Ela auxilia na melhora de cistites e
inflamações do aparelho urinário.

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Como utilizar

A planta além de comestível fica ótima para ornamentar espaços,


pode pendurar em um vaso, além de linda, fica fácil de colher para
se alimentar.

A trapoeraba é muito utilizada para alimentar animais, galinhas


caipiras adoram!

Para consumo humano alguns cuidados são necessários, colher de


locais limpos de fezes animal e lixo. Assim que colher as folhas,
lavar bem, cada uma, você pode deixar de molho em uma solução
com um pouco de vinagre. Importante cozinhar ou escaldar as
folhas antes de consumir, por conter oxalato.

As flores podem ser consumidas cruas, basta lavar e introduzir na


solução de vinagre.

Modo de preparo

As folhas acompanham diversos pratos, podem ser preparadas


em refogados, ensopados, com arroz, bolinhos, pode acompanhar
legumes e outros alimentos da sua dieta alimentar.

As flores ficam ótimas em saladas e para enfeitar diferentes


pratos doces e salgados. É indicado o consumo regular em doses
moderadas da nossa trapoeraba linda!

Bom apetite!

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trapoeraba

TRAPOERABA AZUL - COMMELINA ERECTA

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MALVAVISCO
malvaviscus arboreus - ibisco colibri
As PANC, sempre estão por aí nos acompanhando no dia a dia, são
aquelas plantinhas que geração a geração a gente ouve dizer “come
os pretinhos que são docinhos” como a maria pretinha (solanum
americanum), “tira o cabinho e chupa o melzinho!” das flores de
malvavisco! Essa planta, de flor docinha e que alegra nossos
caminhos, vamos agora aprender como reconhecer e preparar!

Malvavisco (malvaviscus arboreus - ibisco colibri)

Aquela flor vermelhinha, que sempre ta fechada e vai colorindo as


calçadas, a criançada adora seu melzinho, as abelhas e beija flores
também!

Kinupp e Lorenzi (2014)* catalogam a espécie como PANC, dando


dicas de como consumi-la.

A planta é muito conhecida no México e é vista em toda a América


central e do sul.

Dicas para identificação

Malvavisco arboreus é um arbusto lenhoso, pertence à família


malvaceas, nativa da América tropical, perene (longo ciclo de
vida), de crescimento ereto, muito ramificado, de 2,3 metros de
altura, planta ornamental muito utilizada em cercas e jardins.
Folhas ovaladas, dentadas nas bordas de cor verde escuro. Flores
solitárias, vermelho escarlate.

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Propriedades

O malvavisco estimula as funções cerebrais e melhora a memória.


Devido a sua constituição, que contém a vitamina B7. Vitamina
que é responsável por participar da produção de acetilcolina que
melhora a concentração. No México o seu chá é muito usado para
inflamações do sistema digestivo.

Como utilizar

A Flor é mais usada como chá, mas também é comestível in


natura. As folhas mais tenras, recém brotadas do malvavisco
podem ser utilizadas na preparação de refogados. As folhas mais
velhas também podem ser consumidas mas perdem boa parte dos
nutrientes.

Modo de preparo

É preciso lavar muito bem as flores par utilizar, o ideal é abrir


e ir tirando as pétalas para sua salada ou para decorar pratos
salgados e doces. Nesses casos ela deve ser o último ingrediente
acrescentado. Dá para fazer geleia com suas flores e usar no meio
da massa para colorir.

1. Para o preparo da planta, basta tirar as folhas do talo e lavar


bem, cortar e reservar.

2. Separar seus temperos favoritos como alho, cebola, pimenta,


etc...

3. Escolher um acompanhamento: raízes, legumes, etc... Você


também pode preparar as folhagens sozinhas.

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4. Ferva um pouco de água e escalde as folhas em uma peneira.

5. Em uma panela frite os temperos e prepare seu legume de


preferência, faltando poucos minutos para ficar pronto adicione as
folhas de malvavisco e misture para pegar gosto. Se for preparar
apenas as folhas, frite o tempero na panela e em seguida jogue as
folhas, mexa durante um minuto e desligue.

Bom apetite!!!

SALADA DE MALVAVISCO

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MALVAVISCO

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LÍRIO DO BREJO
hedychium coronarium
“Colhendo lírio, lirulê... Colhendo lírio, lirulá...”
Dá próxima vez que for fazer trilhas, for à cachoeira, passar por
um lugar alagado, um brejo, preste atenção que essa charmosa e
cheirosa plantinha deve estar por perto. Nosso gengibre mágico!

Lírio do brejo (hedychium coronarium)

Esta planta é da família zingiberaceae, é prima do gengibre,


também conhecida como: gengibre branco, gengibre borboleta,
jasmim borboleta e lírio de Oxum. Tem origem no Himalaia, China
e Madagascar.

Dicas para identificação


Planta de crescimento rápido, o que valoriza seu caráter ornamental,
podendo chegar a 1 ou 2 metros de altura.. Possui uma folhagem
verde brilhante. Suas flores são brancas, médias e grandes, muito
perfumadas e se formam o ano todo assemelhando-se ao jasmim.

Propriedades
Suas flores apresentam elevada atividade protetora do fígado, é
um anti-inflamatório potente com significativa ação analgésica
comparada a ação do diclofenaco. Apresenta ação calmante e
relaxante.

As folhas são usadas para regular a pressão arterial. Com excelente


ação diurética e anti-hipertensiva.

A grande concentração de princípios ativos está nas raízes.


Apresenta atividades antifúngica e bactericida.

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Como utilizar

Flores - comestíveis in natura.


Folhas - as folhas do lírio do brejo são comestíveis, elas tem uma
textura bem fibrosa e deve cozinhar ou decoctar antes do consumo.
Suas folhas também servem para a produção de papel artesanal.
Raiz - A raiz do lírio do brejo é a melhor parte dessa planta
cheirosa! Ela é rica em amido, da para fazer farinha de polvilho. O
chá da raiz também pode ser tomado, é uma bebida refrescante
com sabor picante, semelhante ao gengibre, mas tem um aroma
floral.

Modo de preparo

1. As flores, basta lavar bem e colocar nas saladas ou para decorar


pratos doces e salgados, dá para fazer geleia, fica delicioso e
muito aromático, a sua maior utilização é como chá para curar
problemas ligados ao fígado.

2. Para preparar as folhas, lave-as bem, corte em miúdos e prepare


misturadas em cozidos, mínimo de 30 minutos cozinhando.

3. A raiz você pode fazer o chá, ralar na comida, adicionar pedaços


cru no suco, preparar o amido e fazer mingaus, bolos, etc...

Preparo do amido

Basta descascar o gengibre de lírio do brejo, colocar no liquidificador


e bater, colocar a massa em um pano de prato limpo, amarrar,
colocar dentro de uma bacia e esperar o amido descer. Depois é só
usar! Bom apetite!

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A medida do chá é de uma colher de flores ou folhas picadas para
cada xícara de água. Pode tomar até 4 xícaras de chá por dia.

lírio do brejo

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PICÃO PRETO
bidens pilosa - bidens alba
Sabe aquela erva que os antigos vivem dizendo para banhar os
bebês com icterícia (amarelão)? Sim! O famoso picão!! Além de
planta medicinal o picão preto é uma PANC! Então bora mergulhar
na quantidade de benefícios que essa planta tão maravilhosa tem
a nos oferecer!

Picão preto (bidens pilosa - bidens alba)

Está presente em praticamente todo o território brasileiro, além de


vários outros habitats tropicais do mundo.

Dicas para identificação

Planta herbácea, ereta, com porte variando entre 20 e 150cm, com


reprodução exclusivamente por sementes. Possui desenvolvimento
rápido e alta produção de sementes; nas condições tropicais, a
planta pode ser encontrada durante todo o ano.

Propriedades

Muito utilizado pelos povos guaranis como planta medicinal, o


picão é rico em vitaminas e minerais, como o magnésio, o ferro e o
potássio. Como antioxidante, demonstrou ação mais potente que a
vitamina E, um dos antioxidantes mais utilizados comercialmente.

Um estudo realizado entre Cuba e Espanha demonstraram que a


ação do picão preto no organismo estimula a ação imunológica,
combate doenças infecciosas como gripes, inflamações e infecções
de vários tipos. No Japão foi comprovada uma pesquisa que o
picão preto tem capacidade de modular o sistema imunológico,
combatendo alergias do tipo1, além de um poderoso protetor
estomacal (combate a úlceras, gastrites, refluxos...).

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Na Índia foi realizada uma pesquisa sobre a capacidade antiviral
do picão com êxito comprovado no combate a herpes simples.
A França em parceria com a República dos Camarões, realizou
uma pesquisa que demonstrou a capacidade do picão preto para
fortalecer a musculatura do útero, regulando a menstruação
e auxiliando na hora do parto natural. Pesquisa na Tailândia
comprova o poderoso papel do picão preto no controle a diabetes
tipo 2, diabetes autoimune e hipertensão.

Como utilizar

Uso alimentício de folhas antes de florescer. É uma planta com


baixíssima toxicidade então pode ser consumida diariamente em
media quantidade.

Uso do chá diariamente combate as doenças citadas.

Não é indicado consumir a erva durante uma crise de asma ou de


bronquite.

Modo de preparo

1. Colher as folhas novas em quantidade média

2. Lavar e preparar separadas ou juntas de seus alimentos de


preferência. Indico comer refogada. Use e abuse da criatividade
incorporando esse novo alimento no seu cardápio! Bom apetite!

A medida do chá é de uma colher de flores e folhas picadas para


cada xícara de água. Pode tomar até 3 xícaras de chá por dia.

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picão preto - bidens pilosa

picão preto - bidens alba

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TAIOBA
xanthosoma sagittifolium schott
A Taioba é uma verdura que com o tempo foi desaparecendo da
mesa dos brasileiros, em Minas Gerais ainda é ativa a cultura do
cultivo dessa poderosa planta! O estudo das PANC está resgatando
esse costume e trazendo de volta ao nosso prato a deliciosa taioba!

Taioba (xanthosoma sagittifolium schott)

Planta da família das Aráceas encontrada na mata atlântica, sendo


originaria das regiões tropicais da América do Sul. É cultivada e
consumida em países da América Central, África e Ásia. No Brasil
é facilmente encontrada nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e Espírito Santo. Na região Sudeste se consome a folha
enquanto no Nordeste é comum o consumo do rizoma.

Dicas para identificação

A planta pode atingir até dois metros de altura, tem como


característica folhas grandes, com desenho de borda, cor verde
escuro nas folhas mais velhas e verde claro nas folhas novas. A
taioba em questão possui o talo verde que sai da união das folhas,
com duas orelhas separadas até o encontro do talo.

A taioba com talo roxo tem um nível muito alto de oxalato e não
indico o consumo nesse primeiro contato. Então fique atento, taioba
que você vai colher, tem o talo verde uniforme. De preferência as
folhas mais jovens e que estiverem na sombra.

É preciso se atentar para não confundir sua folha de taioba com a


folha do inhame, que é parecida e é toxica. Para isso não acontecer
siga a risca todo o processo de identificação e preparo.

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Propriedades

Seu rizoma é poderoso, conforme o estudo de alguns autores e


pesquisadores, serve para atenuar casos de lepra.

As folhas contêm alto nível de vitamina A, vitaminas do complexo


B, vitamina C, potássio, cálcio, muito rica em ferro, fósforo e fi-
bras. Na internet é muito fácil achar todos os benefícios que essa
PANC trará para sua família. Comece a pesquisar agora mesmo
e compartilhe tudo que você pode comprovar sobre a taioba e ou-
tras plantas que for experimentando.

Como utilizar

Prestando muita atenção na hora de colher seguindo todas as ins-


truções acima e fazendo uma comparação com o desenho e foto.
Ira cortar a taioba utilizando uma faca ou tesoura com boa parte
do talo (caule) na diagonal, para que a planta continue a produzir
folhas.

Se desejar consumir o rizoma, de preferência as folhas grandes


com caule grosso, agarre o caule e puxe com força para cima, se
estiver difícil cave um pouco o local.

O rizoma não pode ser consumido no dia que foi colhido, minha
indicação é para que limpe a terra dele e deixe-o velar no sol por
um dia. E deixe mais 3 na fruteira sem as pequenas raízes, que
ficam penduradas.

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Modo de preparo

Folha e talo

1. Lave bem as folhas e os talos, retire as folhas dos talos, reserve


as folhas.

2. Corte em rodelas bem finas ou de 1cm os talos e coloque para


ferver em uma panela com água suficiente para cobri-lo e deixe
por 10 minutos, até que amoleça os talos.

3. Enquanto isso pique o tempero desejado, alho, cebola ou o que


for do seu agrado. Você ira preparar a taioba da mesma forma que
prepara sua couve.

4. Em uma tábua, corte bem fino ou rasgue as folhas da taioba,


coloque-as em um escorredor de macarrão e jogue a água quente
e os talos por cima em um processo de escaldar.

5. Refogue os temperos com azeite ou óleo na panela e depois


jogue toda a taioba (folhas e talos já escaldados) em cima, mexa
por um ou dois minutos até que pegue o sabor do seu tempero.
Desligue o fogo e está pronto!

Se preferir pode fazer separado o talo da folha, use da criatividade


e crie pratos de acordo com teu gosto.

Raiz/Rizoma

1. Depois de ficar 3 dias esperando é hora de ver se o rizoma já


perdeu o oxalato, descasque totalmente, corte em pedaços. Faça
o teste cozinhando um pequeno pedaço até que fique bem mole,

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media de 30min. Prove! Se estiver pinicando levemente a garganta
deve esperar mais um dia, reserve o rizoma já cortado e sem casca
na geladeira e volte a preparar no dia seguinte. Esse processo é
para diminuir o oxalato da planta em específico do rizoma.

2. Em uma panela grande comum ou de pressão cozinhe a raiz


com água e um pouco de sal até que fique totalmente mole, media
de 30 minutos na pressão.

3. Ela já está perfeita para ser usada, ideal usar para engrossar
caldos de feijão, batendo no liquidificador um pouco de feijão com
bastante caldo ou meio copo de água, da um delicioso caldo depois
de refogado e temperado.

4. Pode guardar na geladeira e usar por atê 3 dias para engrossar


seu feijão, caldos e sopas. Fica muito bom, além de super
nutritivo! Ninguém percebe a adição do rizoma no caldo, só quando
mencionado.

Muita gente tem receio de consumir a taioba, por não saber coletar
ou preparar, mas se você seguir a risca minhas orientações ira ver
como é fácil e gostoso todo esse processo que por fim trará de
volta a taioba a nossa mesa! E depois que já estiver familiarizado
com a planta, apaixonado como sei que vai ficar, não esqueça de
ensinar pessoalmente os amigos e familiares a coletar e preparar a
taioba! Eu sei que juntos somos capazes de cultivar de volta essa
verdura orgânica e gratuita no almoço das famílias brasileiras!

Bom apetite companheir@s!

Espero que tenham gostado... Saúde para tod@s! (A)

33
taioba

taioba - indicadores

34
Esse manual foi feito com a experiência de quem consome
diariamente PANC no cardápio.

Toda planta deve ser consumida com moderação e na dúvida se


deve cozinhar ou se pode comer cru, cozinhe! Branqueie, antes
do preparo. Continue a pesquisa pelas PANC, a partir do material
que conheceu aqui nesse Pequeno Manual de Popularização e
Identificação de PANC.

Bibliografia

Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil – Valdely


Kinupp e Harri Lorenzi

saboresdomato.blogspot.com.br

www.matosdecomer.com.br

www.embrapa.br

Autor da própria Saúde (Canal do Youtube)

Trilha sonora do processo criativo

Ave Sangria, Os Ticoãs, Nina Simone, Charlie Brown Jr., Buena


Vista Social Club, Pink Floyd, Billie Holiday e Cypress Hill.

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Projeto de educação e ação ambiental

Kasa vivA

É um coletivo que atua com projetos ambientais de recuperação


da mata atlântica, conscientização e propagação da permacultura.

O que é a Permacultura?

A permacultura é uma forma de planejar assentamentos humanos


autossustentáveis e harmônicos. Nós acreditamos que é uma
responsabilidade em comum, cuidar do planeta, cuidar das pessoas
e partilhar os excedentes.

Projeto Escola vivA

Uma Escola vivA é uma escola livre, não precisa de um local fixo
pra acontecer. Ela vai levar a consciência ambiental e social por
aonde passar!

Focamos principalmente na popularização dos princípios da


permacultura citados a cima e em todas as técnicas de uma
comunidade ecológica e tecnológica. Por que sim! As duas coisas
são possíveis juntas!

O campo de ação é escolas, praças e centros comunitários.


Nosso objetivo é ajudar a reconectar o ser humano a natureza,
possibilitando uma vida melhor para todxs!

36
Forma de atuação

Escola Publica
A atuação do coletivo Kasa vivA nas escolas será em parceria
com os pais, professores e direção, vamos trabalhar: destinação
de resíduos orgânicos e recicláveis, adubação e preparo de solo
para plantio, horta orgânica, iniciação a sistemas agroflorestais e
produção de mudas. Estão planejadas também aulas sobre ética
ambiental, energias renováveis, bioconstrução e saneamento
ecológico.

Comunidades
O coletivo Kasa vivA pretende atuar em comunidades, algumas com
alto índice de violência, em parceria com a associação de moradores
e a unidade de saúde da comunidade, promovendo eventos
semanais de conscientização ambiental com reflorestamento de
áreas degradadas.

Implementação de hortas florestas comunitárias, identificação,


manejo e preparo de plantas alimentícias não convencionais
(PANC).

Orientação e organização de cooperativas de alimentos


agroflorestais. Desde a regularização até a chegada do produto ao
mercado.

Destinação correta de resíduos orgânicos e recicláveis,


transformando o lixo em renda com incentivo a cooperativas de
reciclagens.

37
Conclusão

Acreditamos que trabalhando pela conscientização da


responsabilidade com o meio ambiente nas escolas e comunidades,
vamos semear futuros agentes multiplicadores de idéias
sustentáveis, que irão mudar o cenário atual de degradação
ambiental.

Queremos pautar que muitas das comunidades de Angra dos Reis


são construções irregulares inseridas em meio a mata atlântica,
causadoras de um impacto totalmente destrutivo para o meio
ambiente e para a vida social dessas pessoas. São comunidades
muito pobres e com alto índice de violência.

A formação de cooperativas de produção de alimentos agroflorestais


nessas áreas de vulnerabilidade social possibilitará uma renda
significativa para as famílias envolvidas, além de uma nova
perspectiva de vida.

Esse livro é uma forma de apoiar a organização do projeto. Entre


em contato com o coletivo Kasa vivA para saber como participar e
colaborar para a realização do mesmo.

Contato do coletivo Kasa vivA

(11) 984969656 – WhatsApp


(24) 999490429 – Telegram
Página oficial no Facebook: FYA okupa casa vivA
Email: okupayresiste@gmail.com

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