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O QUE É ADORAÇÃO?

Eis uma definição simples de adoração: adoração é honra e culto dirigidos a Deus.
Não precisamos começar com uma definição mais detalhada que essa. À medida
que estudarmos o conceito de adoração na Palavra de Deus, essa definição se
encherá de riqueza.
O Novo Testamento usa diversas palavras para adoração. Duas delas são dignas de
nota. A primeira é proskuneo, um termo comumente usado que literalmente
significa mandar um beijo, beijar a mão ou prostrar-se. É o termo usado para
significar adoração humilde. A segunda palavra é latreuo, que sugere render honra
ou prestar respeito.
Atos verdadeiros de adoração devem ser o transbordamento de uma vida em
permanente adoração
Ambas as palavras transmitem a ideia de dar, porque a adoração é dar algo a
Deus. A palavra anglo-saxônica da qual deriva o termo inglês atual é weorthscipe,
que está ligado ao conceito de importância. Adorar é atribuir a Deus sua
importância, ou declarar e afirmar seu supremo valor.

Quando nos referimos à adoração, estamos falando sobre algo que nós damos a Deus. O
cristianismo moderno parece, ao contrário, estar comprometido com a ideia de que Deus
deveria dar algo a nós. Os religiosos da televisão às vezes
parecem implacavelmente focados em obter coisas de Deus. Ele de fato nos dá com abu
ndância, mas a essência da fé autêntica e da verdadeira adoração está envolta em honra
e adoração que nós rendemos a Deus. Esse desejo intenso e desinteressado de dar a
Deus é o elemento que define a adoração genuína.
ADORAÇÃO EM TRÊS DIMENSÕES

Um adjetivo-chave, frequentemente usado no Novo Testamento para


descrever atos adequados de adoração, é o termo aceitável. Todo adorador procura ofere
cer o que é aceitável, e pelo menos três categorias de adoração aceitável são
especi- ficadas nas Escrituras.

A dimensão exterior

Primeiro, a adoração pode ser refletida em nosso comportamento em relação aos outros
Romanos 14.18 diz: Pois quem serve [latreuo] a Cris- to dessa forma é agradável a Deus
. O que significa esta oferta agradável a Deus? O contexto revela que é ser sensível ao ir
mão mais fraco. O versículo 13 diz: Portanto, não nos julguemos mais uns aos outros;
pelo contrário, tende como propósito não
pôr pedra de tropeço ou obstáculo diante de vosso irmão. Em outras palavras, quando
tratamos os irmãos em Cristo com o tipo adequado de sensibilidade, isso é um ato
aceitável de adoração. Esse ato honra ao Deus que criou e ama essa pessoa, e esse ato
também reflete a compaixão e o cuidado de
Deus. Romanos 15.16, além disso, sugere que o evangelismo é uma forma de adoração
aceitável. Paulo escreve que graça especial lhe foi dada para ser um servo de Cristo Jesu
s entre os gentios, servindo ao evangelho de Deus como sacerdote, para que os
gen- tios sejam aceitáveis a Deus. Os gentios que foram ganhos para Jesus Cristo pelo
ministério de Paulo tornaram-se uma oferta de adoração a Deus.
E, além disso, tornaram-se, eles mesmos, adoradores. Em Filipenses 4.18, Paulo
agradece aos filipenses por uma oferta em dinheiro para ajudá-
lo em seu ministério: Mas tenho tudo, até em excesso; tenho amplos supri- mentos,
depois que recebi de Epafrodito o que enviastes, como aroma suave e
como sacrifício aceitável e agradável a Deus. Aqui, a adoração aceitável é descrita com
o dar aos necessitados.
A dimensão interior. Uma segunda categoria de adoração envolve nosso comportamento
pessoal. Efésios 5.8-10 diz: Assim, andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em
toda bondade, justiça e verdade), procurando saber o que é agradável ao
Senhor. A palavra agradável vem do termo grego que significa “aceitável”. Neste contex
to, refere-se a bondade, justiça e verdade, dizendo claramente que fazer o bem é um ato
aceitável de adoração a Deus. Paulo começa 1Timóteo 2 exortando para que os cristãos
orem pelas
pessoas investidas de autoridade de modo que os crentes possam ter vida tranquila e se-
rena, em toda piedade e honestidade. O versículo 3 continua dizendo: Isso é bom e agra
dável diante de Deus, nosso Salvador. Portanto, compartilhar é um ato de adoração, e
esse é o efeito da adoração sobre os outros. Fazer o bem é igualmente um ato de
adoração, e esse é seu efeito em nossa vida. Há outro relacionamento afetado por nossa
adoração – o nosso relacionamento com Deus.

A dimensão ascendente

Esta terceira categoria, que resume maravilhosamente a adoração, é descrita em Hebreu


s 13.15,16. O versículo 15 diz: Assim, por intermédio dele, ofereçamos sempre a Deus
um sacrifício de louvor, que é fruto dos lábios que
decla- ram publicamente o seu nome. Quando analisamos a adoração em seu foco direci
onado a Deus, descobrimos que sua essência é simplesmente ação de graças e louvor.
Com o versículo 16, a passagem reúne todas as três categorias de
adoração: Mas não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com os outros, porque De
us se agrada de tais sacrifícios. Agradar a Deus, fazer o bem e compartilhar com os
outros – todos são atos de adoração legítimos e bíblicos. Isso abarca toda atividade e
todo relacionamento da
vida humana. A implicação é que, assim como a Bíblia se dedica de capa a capa ao tema
da adoração, o crente deve se dedicar à atividade de adoração,
absorvido pelo desejo de dedicar cada momento de sua vida a fazer o bem a todos, a co
mpar- tilhar as bênçãos com os vizinhos e a louvar a Deus, que é a fonte de toda bondad
e e toda bênção.
ADORAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL

Nossa definição de adoração é enriquecida quando compreendemos que a verdadeira


adoração atinge todas as áreas da vida. Devemos honrar e adorar a Deus
em tudo. Romanos 12.1,2. Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que
apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso
culto racional. E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável
e Senhor

SALVOS PARA ADORAR

Adoração não é opcional. Em Mateus 4.10, respondendo à tentação de


Satanás, Jesus citou Deuteronômio 6.13: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestar
ás culto. Ao dizer isso a Satanás, ele ampliou a ordem a todos os seres criados. Todos sã
o responsáveis para adorar a Deus. O fundamento sobre o qual se baseia a verdadeira
adoração é a redenção. O objetivo supremo na salvação dos pecadores é a eterna
manifestação da glória
de Deus: para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua b
ondade para conosco em Cristo Jesus (Ef 2.7). A adoração, é claro, não apenas magnific
a a glória de Deus; é a nossa resposta apropriada para o louvor da glória da sua graça, q
ue nos deu gratuitamente no Amado (Ef 1.6). Assim, no grande plano da redenção, uma
das principais coisas que Deus está fazendo é transformar peca- dores em
adoradores. Jesus disse que o Filho do homem veio ao mundo buscar e salvar o que se h
avia perdido (Lc 19.10). Em outras palavras, a principal razão pela qual somos
redimidos não é
escaparmos do inferno – esse é um abençoado benefício, mas não o propósito maior. O
objetivo central pelo qual somos redimidos não é nem mesmo podermos desfrutar das
múltiplas bênçãos eternas de Deus. De fato, o motivo supremo
de nossa redenção não está no fato de nós recebermos algo,
ao contrário, fomos redimidos para que Deus possa receber adoração – para que nossa
vida possa glorificá-
lo. A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sem
pre (Ef 3.21).

QUEM PODERÁ SUBIR AO MONTE DO SENHOR?


O texto do Salmo 24.3-6 nos dá o que talvez seja a mais fascinante descrição do Antigo
Testamento a respeito de um adorador aceitável:
Quem subirá ao monte do SENHOR, ou quem poderá permanecer no seu santo lugar?
Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega sua vida à mentira, nem
jura com engano. Esse receberá bênção do SENHOR e a justiça do Deus que lhe dá
salvação. Assim é a geração dos que buscam, dos que buscam tua presença.
Quem tem o direito de entrar na presença de Deus? Quem tem o direito de se
aproximar? Os que o buscam com mãos limpas e coração puro; isto é, os que adoram a
Deus de forma aceitável. E quem são os que adoram a Deus de forma aceitável?
Os que recebem justiça de Deus. Isso se refere a crentes que receberam a justiça de
Deus por atribuição (Rm 4.3-6) – pessoas que foram justificadas pela fé. Essas duas
coisas – justificação perante Deus e a verdadeira adoração – são inseparáveis.
Ninguém se torna um verdadeiro adorador sem primeiro ser justificado.

O inverso é igualmente verdadeiro: quando um pecador compreende e crê que


Deus perdoou-lhe a culpa por todo pecado, essa pessoa invariavelmente responderá com
o mais sincero louvor e gratidão. É por isso que, uma vez verdadeiramente tendo crido,
terminamos com o pecado desenfreado, com a religião superficial e com os falsos
deuses.
Passamos a adorar o Deus vivo e verdadeiro. Quem se recusa a abandonar os falsos
deuses ou a se desviar de seus pecados favoritos, não começou realmente a compreender
a verdade do evangelho. Esse não é um verdadeiro adorador.
Em outras palavras, a maneira como você adora revela o seu destino, porque, se a vida
de Deus estiver verdadeiramente em você, ela se manifestará em sincero louvor. Como e
a quem você adora também revelam os verdadeiros pensamentos e intenções do seu
coração. Aqueles cuja adoração é aceitável devem ter mãos limpas. Isto é, eles foram
lavados – justificados, limpos da culpa e cobertos com a veste pura da justiça de Cristo.
Eles têm um coração novo, por isso seus motivos, seus desejos e suas afeições se
inclinam para o que é puro e virtuoso. Eles são abençoados porque fazem parte da
geração que busca verdadeiramente a Deus (Sl 24.6).
Ainda assim, é uma luta adorar como devemos. De fato, enquanto retivermos
o remanescente da carne pecaminosa, nossa adoração nunca será tudo o que deveria ser.
Mas nós nascemos de novo espiritualmente. Nosso coração e nossa mente estão sendo
renovados e santificados – conformados à imagem de Cristo (2Co 3.18). Somos
consagrados a Deus e à busca da sua glória.
Por isso, vamos prosseguindo, procurando alcançar aquilo para que também [fomos] alc
ançado[s] por Cristo Jesus (Fp 3.12). O redimido nunca abandonará essa busca porque
não pode satisfazer-se verdadeiramente com uma adoração que esteja aquém do que a
adoração a Deus deveria ser. É precisamente por isso que almejamos o céu.

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