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UNASP- EC – Faculdade Adventista de Teologia

Ciência e Religião – Prof. Francisle Neri


Trabalho Individual do Aluno – Juliano Maicon Nascimento RA 026464
Tema “ O papel da |Religião na crença do Criacionismo”
Título: Do Genesis a Sala de Aula –
O Impacto Religioso nas Crenças Criacionistas.
1 slide - Introdução.
O criacionismo tem sido uma resposta religiosa aos questionamentos sobre a origem do universo
e da vida. Para muitos, essa crença fornece um sentido de propósito e ordem em um mundo
complexo e muitas vezes caótico. No entanto, no cenário contemporâneo, onde a ciência se
estabeleceu como uma fonte primária de conhecimento e entendimento do mundo, a crença
criacionista muitas vezes entra em conflito com teorias científicas, principalmente com a teoria da
evolução.
2 slide - Breve definição de criacionismo e seu vínculo com a religião
O criacionismo pode ser definido como a crença na ação direta e intencional de uma entidade divina
na criação do universo e da vida. Diferentes versões do criacionismo existem, variando de
interpretações literais das escrituras sagradas até visões mais simbólicas ou metafóricas. O elo
entre o criacionismo e a religião é inegável, pois a maioria dessas crenças se origina de textos
sagrados e tradições religiosas que afirmam um ato deliberado de criação por parte de Deus ou
deuses.
3 slide - Contextualização Histórica - O criacionismo, enquanto crença na origem divina e
intencional do universo e da vida, é uma perspectiva que transcende fronteiras culturais e
temporais. Historicamente, várias civilizações conceberam mitos e narrativas para explicar a
origem do mundo e da humanidade, refletindo a natureza intrínseca do ser humano de buscar
significado e propósito para a existência.
Antes do advento da ciência moderna, a maioria das culturas ao redor do mundo dependia de
histórias de criação para explicar a origem da vida e do universo.
✓ Na cultura babilônica, temos o épico Enuma Elish, que descreve a criação do mundo
através de uma batalha cósmica entre deuses.
✓ Na tradição hindu, os Vedas e outros textos sagrados apresentam uma variedade de
histórias sobre a criação, muitas vezes centradas em deidades como Brahma, o criador.
✓ Da mesma forma, tradições nativas ao redor do mundo, dos povos indígenas das Américas
aos aborígines australianos, têm suas próprias narrativas de criação, refletindo sua
compreensão única do mundo.
✓ No contexto judaico-cristão, as histórias da criação encontradas no livro do Gênesis têm
sido fundamentais para a compreensão da origem do mundo. A narrativa do Gênesis, que
descreve a criação do mundo em seis dias e o descanso de Deus no sétimo, tem sido
interpretada de várias maneiras ao longo dos séculos.

4 Slide - Nos primeiros séculos do Cristianismo, figuras como Santo Agostinho advertiam contra a
interpretação literal de certas partes das Escrituras, incluindo a história da criação. No entanto, com
a Reforma Protestante e a ênfase na sola scriptura (somente a Escritura), houve um retorno por
alguns à interpretação literal da Bíblia, incluindo o relato da criação.

5 Slide - Com o advento da ciência moderna e, particularmente, com a proposta da teoria da


evolução por Charles Darwin no século XIX, o criacionismo judaico-cristão foi desafiado e começou
a evoluir em resposta, levando a diferentes formas de criacionismo, como o criacionismo da Terra
Jovem e o Design Inteligente.

6 Slide - As Escrituras Sagradas e o Criacionismo


O criacionismo, em sua vertente judaico-cristã, está profundamente enraizado nas narrativas
bíblicas da criação, especialmente nos capítulos iniciais do livro do Gênesis. Estas narrativas têm
moldado a visão de mundo de inúmeros fiéis ao longo dos séculos e continuam a ser fundamentais
na formação da cosmovisão criacionista.

7 Slide - Análise das narrativas bíblicas de criação (Gênesis 1 e 2)


O livro do Gênesis apresenta duas narrativas distintas da criação. No primeiro capítulo e nas
primeiras linhas do segundo, a criação é descrita como um processo ordenado de seis dias,
culminando com o descanso divino no sétimo. Aqui, o énfase é na soberania e poder de Deus ao
ordenar o cosmos.
Em contraste, Gênesis 2:4-25 oferece uma visão mais íntima e detalhada da criação, focando na
formação do ser humano e na relação especial entre o homem, a mulher e Deus. Esta narrativa
destaca a proximidade e o cuidado de Deus pela humanidade.

8 Slide - Interpretações literais versus simbólicas da criação nas tradições religiosas.


Ao longo da história, houve uma ampla gama de interpretações das narrativas da criação. Alguns,
defendendo uma abordagem literalista, sustentam que a Terra e o universo foram criados em seis
dias literais. Esta visão, muitas vezes associada ao criacionismo da Terra Jovem, é amplamente
sustentada por grupos fundamentalistas.
Por outro lado, muitos teólogos e estudiosos interpretam os relatos da criação de maneira simbólica
ou alegórica. Santo Agostinho, por exemplo, acreditava que os "dias" da criação não deveriam ser
entendidos como períodos de 24 horas, mas sim de maneira figurada.

9 Slide - A influência de outros textos religiosos sobre a crença criacionista.


Além do Gênesis, outros textos e tradições religiosas têm impactado a visão criacionista. Por
exemplo, os Salmos e os Profetas frequentemente evocam imagens da criação para destacar a
majestade e providência de Deus. No Novo Testamento, João 1 faz alusão ao ato criativo divino,
identificando Cristo como a "Palavra" através da qual todas as coisas foram feitas.

10 Slide - Teologia e Criacionismo.


A teologia, como o estudo sistemático e a reflexão sobre o divino, tem sido fundamental na
formação e perpetuação das crenças criacionistas. Ao longo dos séculos, várias perspectivas
teológicas sobre o criacionismo surgiram, refletindo diferentes compreensões da natureza divina e
da criação.

11 Slide - Diferentes perspectivas teológicas sobre o criacionismo

✓ Teologia da Criação Esta perspectiva sustenta que tudo o que existe é resultado da vontade
e ação direta de Deus. Em contraste com uma visão deísta, onde Deus inicia a criação e
depois se retira, a teologia da criação afirma a contínua sustentação e envolvimento de Deus
com sua criação (Barth, 1962).

✓ Teologia Natural: Esta abordagem busca encontrar evidências da existência e natureza de


Deus através da observação e razão, sem o auxílio das revelações sagradas. Dentro dessa
visão, o mundo natural é visto como um livro que, juntamente com as Escrituras, revela a
natureza divina. O argumento do design, que sugere que a complexidade e a ordem do
universo apontam para um Designer divino, é um exemplo desta abordagem (Aquino, 1265-
1274).

12 Slide - O papel das autoridades religiosas e líderes eclesiásticos na promoção ou refutação do


criacionismo.
As autoridades religiosas têm desempenhado um papel significativo na definição da posição oficial
das igrejas sobre o criacionismo. Em algumas tradições, os líderes eclesiásticos têm defendido
abertamente interpretações literais das Escrituras, rejeitando teorias científicas como a evolução.
Em contraste, outros líderes, como o Papa Francisco, reconheceram a evolução como compatível
com a crença na criação divina. A orientação de líderes influentes pode moldar a opinião pública e
influenciar as políticas educacionais e científicas em determinadas regiões ou países.

13 Slide - Criacionismo e Educação.


A intersecção do criacionismo com o campo educacional tem sido uma área de controvérsia e
debate por décadas. Esse encontro marca a junção de crenças religiosas profundamente
arraigadas com o imperativo educacional de fornecer uma educação científica robusta e baseada
em evidências.
14 Slide - O debate sobre ensinar criacionismo nas escolas.
Desde o início do século XX, houve debates significativos sobre a inclusão do criacionismo no
currículo das escolas, particularmente nos Estados Unidos. O julgamento de Scopes, em 1925, é
frequentemente citado como um marco neste debate, em que um professor foi julgado por ensinar
a teoria da evolução em contravenção à lei do estado do Tennessee (Larson, 1997). Ao longo do
tempo, o debate se transformou, com algumas abordagens mais recentes promovendo o "design
inteligente" como uma alternativa à evolução, argumentando que ele deveria ser ensinado como
uma teoria concorrente nas aulas de ciências (Forrest & Gross, 2004).
15 Slide - A influência da religião na formação educacional e na promoção de visões criacionistas.
Em muitos contextos, as escolas religiosas têm liberdade para incorporar ensinamentos
criacionistas em seu currículo. Em alguns casos, isso pode resultar em uma rejeição completa da
evolução ou em uma tentativa de reconciliar a teoria da evolução com crenças criacionistas (Branch
& Scott, 2009). Em outros contextos, a educação em casa tem sido uma escolha para famílias que
desejam ensinar uma perspectiva criacionista sem interferência (Kunzman, 2009).
16 Slide - O papel das instituições religiosas na educação e sua postura em relação ao
criacionismo.
As instituições religiosas, como seminários e escolas paroquiais, muitas vezes têm uma postura
mais literalista em relação ao criacionismo. No entanto, há uma variedade de perspectivas dentro
dessas instituições, e algumas delas têm buscado integrar a ciência e a religião de maneiras mais
nuanceadas e sofisticadas (Hess & Shipman, 2011).
(colocar imagem da Escola Adventista e sua relevância no ensino do criacionismo)

17 Slide - Desafios Contemporâneos


Nos tempos modernos, a interação entre criacionismo e evolucionismo revela-se um campo de
contínua tensão. Ambas as perspectivas têm suas raízes profundamente fincadas, resultando em
debates apaixonados que desafiam os limites entre ciência, fé e educação. . Contudo, o diálogo
contínuo e a busca por compreensão mútua são essenciais para abordar esses pontos de tensão
de maneira produtiva.
18 Slide - A tensão entre criacionismo e evolucionismo no mundo moderno
Em diversos lugares, especialmente em sociedades ocidentais, a aceitação da evolução tem
crescido. No entanto, há regiões e comunidades em que o criacionismo mantém-se fortemente
presente (Numbers, 2006). Esta tensão, muitas vezes, reflete divisões mais amplas relacionadas à
política, educação e visão de mundo.
19 Slide - A influência da ciência no entendimento religioso da criação
Com o progresso da ciência, muitos teólogos e estudiosos religiosos têm reavaliado as tradições
interpretativas das Escrituras, procurando uma conciliação entre os ensinamentos religiosos e as
descobertas científicas. Grupos como a "BioLogos Foundation" incentivam uma compreensão
harmônica entre a fé cristã e a teoria da evolução (Collins, 2007).
20 Slide - O impacto da secularização e do avanço científico nas crenças criacionistas.
A secularização, ou a redução da influência religiosa na vida pública, tem contribuído para uma
reavaliação das crenças criacionistas em alguns contextos. Muitos indivíduos e comunidades, em
resposta à secularização e ao avanço científico, têm reafirmado suas crenças criacionistas,
enquanto outros adotam perspectivas mais conciliatórias, como o criacionismo evolutivo (Giberson
& Collins, 2011).
Em resumo, os desafios contemporâneos que enfrentam a intersecção entre ciência e religião,
particularmente no que diz respeito ao criacionismo, são tanto um reflexo de desenvolvimentos
históricos quanto de mudanças culturais em andamento. A busca por uma compreensão mútua
e um diálogo respeitoso permanece vital para uma coexistência pacífica entre as diferentes
perspectivas.

21 Slide - Conclusão
A interação entre ciência e religião, particularmente no contexto do criacionismo, é um reflexo dos
profundos questionamentos humanos sobre a origem e o propósito da vida. Neste trabalho,
exploramos as raízes e manifestações do criacionismo, especialmente no contexto religioso, e
examinamos a complexa relação entre as crenças criacionistas e os desenvolvimentos científicos
e educacionais contemporâneos.

O papel da religião na sustentação e promoção do criacionismo é indiscutível. Para muitos, a


religião oferece uma estrutura interpretativa para compreender o mundo e a existência humana, e
as narrativas de criação são fundamentais para essa compreensão. No entanto, em uma era
marcada pelo avanço científico e pela secularização, o criacionismo enfrenta desafios significativos.
Estes desafios não são apenas externos, mas também internos, à medida que os próprios crentes
buscam maneiras de reconciliar sua fé com a ciência.

O diálogo entre ciência e religião é, portanto, de suma importância. Em vez de se verem


como adversários, esses dois domínios do conhecimento podem se enriquecer
mutuamente. A ciência pode oferecer insights sobre os mecanismos e processos da vida,
enquanto a religião pode oferecer profundidade e significado.

É importante reconhecer que, para muitos, o criacionismo não é apenas uma rejeição da evolução,
mas uma afirmação da soberania e intencionalidade divinas. Portanto, os debates sobre
criacionismo e evolução não são apenas acadêmicos ou teóricos; eles tocam nas
convicções mais profundas das pessoas sobre o divino, o propósito e o significado.

Finalmente, é essencial que, em todas as discussões e debates sobre criacionismo, haja respeito
mútuo. A busca pelo entendimento deve ser priorizada acima da vontade de "ganhar" um
argumento. Em última análise, tanto a ciência quanto a religião buscam a verdade, embora por
meios diferentes. E, ao reconhecer a validade e o valor de ambas as perspectivas, podemos nos
aproximar de uma compreensão mais holística e integrada da realidade.

Referências:

1. Barbour, I. (1997). Religião e Ciência: Conflito e Diálogo. São Paulo: Edições Loyola.
2. Gould, S. J. (2002). Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life*. New York:
Ballantine Books.
3. McGrath, A. (2011). Dawkins' God: From The Selfish Gene to The God Delusion*. Wiley-
Blackwell.
4. Numbers, R. (1993). A Criação da Ciência: Uma história da controvérsia sobre a evolução*.
Editora UNESP.
5. Armstrong, K. (1993).Uma História de Deus. São Paulo: Companhia das Letras.
6. Dalrymple, G. B. (2004). As Idades da Terra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
7. Livingston, J. C. (1993). Anatomia da Tradição Teológica. São Paulo: Loyola.
8. Mardsen, G. M. (1982). Fundamentalism and American Culture. Oxford: Oxford University Press.
9. Walton, J. H. (2009).The Lost World of Genesis One: Ancient Cosmology and the Origins
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10. Alter, R. (1996). Gênesis: Tradução e Comentário. W.W. Norton & Company.
11. Agostinho de Hipona. (2008). A Literal Interpretation of Genesis. New City Press.
12. Brueggemann, W. (1982). Genesis. Atlanta: John Knox Press.
13. Hamilton, V. P. (1990). The Book of Genesis. Grand Rapids: Eerdmans.
14. McKenzie, J.L. (1965). The Two-Edged Sword: An Interpretation of the Old Testament.
Milwaukee: Bruce Publishing Company.
15. Numbers, R. L. (2006). The Creationists: From Scientific Creationism to Intelligent Design.
Harvard University Press.
16. Collins, F. S. (2007). The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief. Free Press.
17. Giberson, K. W., & Collins, F. S. (2011). The Language of Science and Faith: Straight Answers
to Genuine Questions*. IVP Books.

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