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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

Rito Francês ou Moderno


Um centro de conhecimento e de resgate histórico sobre o rito fundador da Maçonaria Brasileira.

Categoria: Instruções de Aprendiz

O QUE É UM RITO?

Um Rito é um conjunto ordenado de gestos (denominados Sinais pelos Maçons), de palavras e de objetos, que estão libertos do tempo e
do espaço. O termo Rito provém do sânscrito “Rita” que significa agir de acordo com a ordem original. Este significado indica que cada
Rito se destina a imitar ou reproduzir o processo de manifestação. Por este mesmo fato, o Rito está ligado a uma passagem de um es-
tado para outro que induz uma mudança de relação, papel ou função no corpo social ou na comunidade a que se pertence, e uma
transformação interior.

Um ritual perde todo o seu sentido fora do campo coletivo. Só uma comunidade pode dar vida ao mito, que só tem realidade através
da representação do grupo que reconhece o seu valor.

Os ritos definem papéis: papéis e deveres dos homens uns para com os outros. Através destes papéis, cada pessoa encontra o seu lugar,
tal como cada pessoa deve encontrar o seu lugar no universo. Assim, procurar compreender um rito é procurar compreender o sen-
tido da própria vida.

Em cada rito, pode haver múltiplos rituais. Cada Rito constitui um todo relativamente homogêneo porque organiza mitos e símbolos
de acordo com um processo específico articulado em torno de correntes de pensamento tradicionais mais ou menos identificáveis. Os
Ritos diferem essencialmente nos modos de transmissão e expressão, bem como na forma como o adepto percebe o ritual. A ação do
Ritual, consequentemente, operará de forma diferente.

Os Rituais organizam o todo simbólico e mítico que dá a um Rito o seu caráter específico. Um ritual levará assim a expressão de um
Rito ao estabelecer uma ordem e uma harmonia no grupo que o pratica. Cada ritual organizará portanto um cerimonial através de um
conjunto de textos e gestos tradicionais que deverão permitir aos iniciados apreender, através da experiência, realidades que não po-
dem ser traduzidas para uma linguagem comum. Os métodos utilizados são múltiplos, embora visem o mesmo objetivo. Análise, me-
mória, intuição, e qualquer possibilidade de percepção sensorial ou emocional são fatores que podem levar o adepto ao Conheci-
mento, ou seja, à percepção do Real ou do Absoluto que é chamado a descobrir por si mesmo e dentro de si mesmo.

Para conseguir esta transformação interior, o ritual irá separar o iniciado do mundo profano e criar um espaço-tempo sagrado, que é
chamado a viver através de estados de consciência. Neste espaço e tempo sagrado, o ritual coloca os símbolos em ação. Cada gesto e
cada símbolo assume um significado.

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Através de gestos e palavras, o Ritual implica, associa todos os participantes em uníssono e fá-los entrar no espaço/tempo sagrado da
Loja simbólica. O ritual tem uma dupla virtude, exige o que tem de ser feito e, ao mesmo tempo e a parte Iniciática.

Invoca o dom ao trabalho, com rigor, disciplina e emoção. Mas a busca e identificação dos símbolos são tão importantes quanto o pró-
prio Ritual em si, que é o seu apoio.

A Maçonaria é detentora de um método próprio, metafísico por um lado, porque está aberta a qualquer pessoa que deseje dar este
passo e trabalhar regularmente, e esotérico por outro lado, porque a partir de uma linguagem simbólica, gestos ritualísticos e da inici-
ação, este trabalho permite ao indivíduo engajado em fazer germinar a Luz.

Este “método” é expresso através do Rito que é, portanto, o conjunto de regras “fixadas no desenrolar da cerimônia.

Os Rituais são as condições vitais que estão contidas nestas regras. No entanto, a experiência das passagens iniciáticas e o estudo dos
símbolos destinam-se a atuar sobre o Maçom de modo a provocar uma transformação consciente do seu ser.

O respeito de Obrigação dada no momento da Recepção contribui para a abertura do coração e do espírito ao seio da Fraternidade dos
Franco-Maçons.

FONTE: Livret d’instruction de l’Apprenti – Rite Français (GLNF)

Tradução do Francês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

 22 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz  Deixe um comentário

History of Freemasonry in France


HISTORIOGRAFIA
Até meados do século XX, a história da Maçonaria era excluída dos programas de história em estilo clássico nas universidades. Particu-
larmente na França, a historiografia maçônica foi assim quase inteiramente dividida entre autores que eram veementemente pró ou
anti-Maçonaria (com o primeiro sendo frequentemente os próprios maçons). Desde então, a influência política da Maçonaria dimi-
nuiu, e seu conflito histórico com a Igreja Católica Romana da França (agora também menos politicamente poderosa) foi, se não resol-
vido, pelo menos apaziguado. Esse clima tem sido mais favorável à aplicação de princípios e métodos históricos clássicos à historiogra-
fia maçônica, permitindo que ela desenvolva e forme uma disciplina própria, a “Maçonologia”, dedicada a um estudo mais amplo e
mais neutro das altamente variadas vertentes do universo cultural e intelectual formado pela Maçonaria Europeia em geral e pela Ma-
çonaria Francesa em particular.

A Maçonaria francesa oferece ao historiador vários documentos (manuscritos, diplomas, gravuras, caricaturas, artigos de revistas e
outros materiais impressos), além de um grande número de objetos relacionados ao ritual (aventais maçônicos, tábuas, vasos, meda-
lhas) e à vida cotidiana (cachimbos , relógios, caixas de tabaco e arte decorativa em louça) que foram expostos em muitos museus e ex-
posições permanentes. No entanto, as principais fontes nessa área continuam sendo os manuscritos, especialmente o setor de manus-
critos da Biblioteca Nacional da França (Bibliothèque Nationale de France) e da Biblioteca Municipal de Lion. Em 2001, o governo russo
repatriou (entre outras coisas) todos os arquivos maçônicos que foram confiscados pelos nazistas durante a ocupação da Europa – eles
estavam em Moscou desde 1945.

Prato Francês do século XVIII

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ANTIGO REGIME
ORIGENS
Segundo uma tradição datada de 1777, a primeira Loja Maçônica na França foi fundada em 1688 pelo Regimento Irlandês Real, que se-
guiu Jaime II da Inglaterra para o exílio, sob o nome “La Parfaite Égalité” de Saint-Germain-en-Laye. Os historiadores acreditam que
esse evento seja provável, mas nunca pôde ser provado conclusivamente. O mesmo pode ser dito da primeira Loja de origem inglesa,
“Amitié et Fraternité“, fundada em 1721 em Dunquerque. A primeira loja cuja existência é historicamente certa foi fundada por alguns
ingleses em Paris “por volta de 1725”. Encontrou-se na casa do Fornecedor Huré, na rue des Boucheries, “à maneira das sociedades in-
glesas”, e reuniu principalmente irlandeses e jacobitas exilados. É bastante provável que tenha sido nesta loja que em 1732 tenham re-
cebido patentes oficiais da Grande Loja de Londres sob o título distintivo de Loja “Saint Thomas“, reunidas ao sinal do “Louis d’Argent“,
ainda na rue des Boucheries.

Em 1728, os maçons decidiram reconhecer Philip Wharton, 1º Duque de Wharton (1698-1731) como “Grão-Mestre dos Maçons da
França”. Wharton estava em Paris e Lion de 1728 a 1729 e em 1723 já havia se tornado Grão Mestre da Grande Loja de Londres. Sua in-
dicação como Grão-Mestre Francês, antes da transformação da “Grande Loja de Londres” na “Grande Loja da Inglaterra em 1738”, é
considerada por alguns historiadores como um ponto de partida para a Maçonaria Francesa e uma declaração de sua independência
da Maçonaria Britânica. Foi sucedido como Grão Mestre dos Maçons Franceses pelos jacobitas James Hector MacLean (1703-1750) e de-
pois por Charles Radcliffe, Conde de Derwentwater (1693-1746).

Se a existência de um Grão Mestre na França já é atestada em 1728, foram necessários mais dez anos para uma verdadeira assembleia
de representantes de todas as lojas “inglesas” e “escocesas” para formar a primeira Grande Loja da França em 24 de junho 1738 onde
se instalou Louis de Pardaillan de Gondrin (1707-1743), 2º Duque de Antin, como “Grão-Mestre Geral e Perpétuo no Reino da França”.
Foi essa Grande Loja que deu origem às jurisdições maçônicas francesas que ainda existem hoje.

DÉCADA DE 1730
Em dezembro de 1736, o Cavaleiro Ramsay pronunciou um discurso no qual propôs a ideia de uma origem cavalheiresca para a Maço-
naria. Mais tarde, essa ideia teve uma influência definitiva de instigação na Maçonaria Francesa, que entre 1740 a 1770, viu surgir um
grande número de graus maçônicos superiores, que mais tarde se reagruparam em torno de diferentes ritos maçônicos.

A primeira revelação dos segredos maçônicos ao público francês data de 1737 e, no ano seguinte, foram publicados na La Gazette de
Hollande sob o título La réception d’un frey-maçon (“A recepção de um maçom”), com base em investigações de René Hérault, tenente
da polícia, e o testemunho da senhorita Carton, dançarina da Ópera, a quem um maçom havia contado os segredos. O interesse da po-
lícia reflete os medos da monarquia absoluta quanto aos perigos que isso poderia advir de uma “sociedade que admite pessoas de to-
das as propriedades, condições, religiões e nas quais pode ser encontrado um grande número de estrangeiros”. Por isso, proibiu “todos
os Cozinheiros, Proprietários de Cabarés e outros de participarem das assembleias de Franco Maçons supracitadas”. No entanto, isso
não os impediu de se encontrar, sob a proteção de figuras da alta nobreza, como o Duque de Antin. Outras investigações ocorreram de
1740 a 1745, dando origem a relatórios policiais altamente detalhados que agora constituem uma fonte preciosa para os historiadores
da Maçonaria. Essas investigações também foram acompanhadas de prisões e sentenças leves, até que a Maçonaria se tornou definiti-
vamente parte da vida social francesa, com condenações e sentenças emanadas da monarquia, terminando por volta do final do sé-
culo XVIII.

Templo Maçônico do século XVIII no Châuteau de Mongenan


(Portets, Gironda)

O ano de 1738 também viu a condenação da Maçonaria na bula papal In eminenti apostolatus do Papa Clemente XII. Este foi o sinal de
uma onda de perseguições anti-maçônicas nos países europeus mais leais à cidade de Roma, mas não na França, onde a bula foi recu-
sada pelo Parlamento de Paris por razões políticas (uma bula precisava ser registrada pelo Parlamento para entrar em vigor na
França). A Maçonaria francesa, assim, rapidamente se tornou principalmente católica na composição, incluindo vários padres, e per-
maneceu assim até a Revolução Francesa.

1740 a 1788
Na década de 1740, surge uma forma original e de sexo misto da Maçonaria, conhecida como “Maçonaria da Adoção”. Aparece entre a
alta aristocracia francesa, da qual a Duquesa de Bourbon-Condé, irmã do Duque de Chartres, era a Grão Mestra. Em 1743, após a morte

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do Duque de Antin, Louis de Bourbon-Condé (1709-1771), Conde de Clermont, Príncipe de sangue e futuro membro da Academia Fran-
cesa (Académie Française), o sucedeu como “Grão-Mestre de todas as lojas regulares na França”. Ele permaneceu no cargo até sua
morte em 1771. Por volta de 1744, havia cerca de 20 lojas em Paris e 20 nas províncias. As Lojas provinciais eram mais frequente-
mente fundadas por maçons de Paris que viajavam à negócios ou por intermédio de lojas militares em regimentos que passavam por
uma região – onde um regimento com uma loja militar deixavam seus quartéis de inverno, era comum também deixar para trás o em-
brião de uma nova Loja civil naquele local. As muitas expressões de origem militar ainda usadas nos banquetes maçônicos de hoje da-
tam daquela época, como o famoso “canon” (canhão, significando o copo) ou “poudre forte” (pólvora forte, significando o vinho).

Uma jovem mulher é recebida em uma


Loja de Adoção durante o Primeiro Im-
pério Francês.

Em 1771, Louis Philippe d’Orléans (1747-1793) sucedeu o Conde de Clermont como Grão Mestre. Sob sua autoridade e com o apoio das
lojas provinciais para a ação contra a hegemonia das Lojas em Paris, a Grande Loja da França foi reorganizada e em 1773 mudou seu
nome para Grande Oriente da França, responsável por 600 lojas (aproximadamente). Apenas alguns “Vénérables” (Veneráveis), princi-
palmente parisienses, recusaram-se a deixar de ser presidentes vitalícios de suas lojas, resistindo a essa reforma com uma cisão, for-
mando, assim, a “Grande Loja de Clermont” que durou até maio de 1799.

Philippe d’Orléans como Grão Mestre


do Grande Oriente da França

REVOLUÇÃO
1789 a 1815

Após a Revolução Francesa, o jesuíta Augustin Barruel escreveu que os maçons haviam preparado ativamente a revolução de 1789,
que foi usada para apoiar as teorias de uma conspiração maçônica. Esta tese foi repetidamente reprovada mais tarde, principalmente
durante a Terceira República Francesa, por autores católicos (usando-a para se opor à República e à Maçonaria) e pelos Maçons (para
reforçar sua posição pró-republicana e sua imagem positiva com o governo republicano). Na realidade, havia Maçons tanto nos cam-
pos republicanos quanto monárquicos. O Duque de Luxemburgo, braço direito do Grão-Mestre e força motriz por trás da criação do
Grande Oriente da França, emigrou em julho de 1789 e uma loja aristocrática conhecida como “La Concorde” fugiu de Dijon em agosto
de 1789. Tendo se tornado “Philippe-Égalité“, o próprio Grão-Mestre do Grande Oriente renunciou publicamente à Maçonaria em 1793,
pouco antes de ser executado por guilhotina.

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Lojas na França em 1789

Embora o Grande Oriente proclame seu apego à forma democrática de governo a partir de janeiro de 1789, foi forçado a interromper
suas atividades pelo Terror entre 1793 e 1796, e das quase 1000 lojas ativas na véspera da Revolução apenas 75 mantiveram um estado
adequado para retomar suas atividades em 1800. No entanto, por seu funcionamento nos anos anteriores à Revolução, essas lojas ha-
viam assumido uma certa independência do Estado e da Igreja, provavelmente dando origem a novas aspirações. Entre os maçons ati-
vos no período revolucionário estavam Mirabeau, Choderlos de Laclos e Rouget de l’Isle, escritor do hino nacional “La Marseillaise“.
Na Egiptomania francesa que se seguiu à invasão do Egito em 1799, por volta de 1810, o Rito do Misraïm e a Maçonaria “Egípcia” apa-
receram entre as tropas francesas baseadas na Itália, que se espalharam para a França em 1814.

Nicolas Perseval, A União das Três


Ordens, 1789 – A pintura mostrava a
união das Ordens que ocorreu em
frente a um Templo Maçônico.

PRIMEIRO IMPÉRIO
O plebiscito de 6 de novembro de 1804 legitimava o Primeiro Império Francês de Napoleão I. Nos dias seguintes, os maçons descobri-
ram que seu irmão Joseph Bonaparte havia sido nomeado Grão-Mestre do Grande Oriente da França, com sua administração efetiva-
mente colocada nas mãos de Jean-Jacques-Régis de Cambacérès. Uma lenda afirma que Napoleão em pessoa era maçom, mas os co-
mentários que fez sobre Santa Helena parecem uma prova clara do contrário:

“[A Maçonaria é] uma pilha de imbecis que se reúnem para animar e executar muitas loucuras ridículas. No entanto, eles realizavam
boas ações de tempos em tempos.”

Durante o Primeiro Império, o Grande Oriente da França estava sob estrito controle das autoridades políticas e, pouco a pouco, reuniu
quase toda a Maçonaria Francesa (que havia novamente se desenvolvido e rapidamente alcançou 1.200 lojas, principalmente milita-
res) sob sua égide. No entanto, em 1804, o conde Alexandre de Grasse-Tilly (1765-1845) chegou à França de seu local de nascimento nas
Antilhas, com poderes designados pelo Supremo Conselho de Charleston, fundado em 1801. Ele estabeleceu um Supremo Conselho da
França e contribuiu para a criação da “Grande Loja Escocesa Geral da França”, sob a proteção de Kellerman. O centralismo de Estado
exigiu a fusão dessas duas instituições, o que aconteceu alguns anos depois.

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Painel da Loja “Bonaparte” , de 1810

1815 a 1850
Em 1814, no início da Restauração Bourbon, o conde de Grasse-Tilly despertou o conflito entre o Grande Oriente da França (querendo
ser o centro unificado de toda a Maçonaria francesa) e o Supremo Conselho da França (ciumento por causa da independência do Rito
Escocês Antigo e Aceito), que durou até o final do século. O outono final do Primeiro Império, no ano seguinte, enfraqueceu bastante a
Maçonaria Francesa, que havia sido um dos principais pilares do Império, com o número de lojas caindo para 300 por volta do final de
1820.

Ao longo do século XIX, a Maçonaria francesa se tornou pouco a pouco mais democrática e politizada – vários maçons estavam entre
os revolucionários da Revolução de Julho e, com as exceções de Lamartine e Ledru-Rollin, todos os membros do governo provisório de
1848 também foram Maçons. As lojas também se tornaram cada vez mais anticlericais quando os católicos as deixaram na sequência
de repetidas excomunhões papais (que entraram em vigor na França através da concordata de Napoleão em 1801).

Banquete Maçônico por volta de 1840.

SEGUNDO IMPÉRIO
Em 1851, Napoleão III pôs fim à Segunda República Francesa e iniciou o Segundo Império Francês. Como seu tio havia feito antes dele,
ele ofereceu sua proteção à Maçonaria Francesa. Ele conseguiu que o Grande Oriente da França concordasse em eleger o Príncipe da
Casa de Murat como seu Grão-Mestre, mas ele não queria ser representado por Murat. Em 1862, eles obtiveram permissão para eleger
um representante diferente e Napoleão III decidiu nomear seu sucessor – este foi Maréchal Magnan, que ainda não era Maçom e, por-
tanto, teve que passar por todas as 33 cerimônias da Maçonaria do Rito Escocês em rápida colação de graus para assumir o posto. O
decreto imperial havia esquecido de mencionar o outro rito maçônico, o Rito Francês e, portanto, o “Rito Escocês”, ficou sob o acadê-
mico Jean Viennet (1777-1868), apenas para manter sua independência.

Dois anos depois, o imperador novamente autorizou o Grande Oriente a eleger seu Grão-Mestre. Magnan foi eleito e permaneceu
Grão-Mestre até sua morte em 1865 (o arcebispo de Paris concedeu a absolvição de Magnan antes de seu enterro, e seu caixão foi co-
berto com insígnias maçônicas, pelas quais ele foi criticado pelo Papa). Aprendendo sua lição neste período autoritário, o Grande Ori-
ente suprimiu o papel de Grão-Mestre no final do Segundo Império, colocando sua liderança nas mãos de um “Presidente do Conselho
da Ordem”.

Em 1869, houve uma disputa entre o Grande Oriente e a Grande Loja da Louisiana, nos Estados Unidos, sobre o reconhecimento de
uma Loja que a GL não havia reconhecido. Este foi o prelúdio ao cisma da Maçonaria Continental.

PARIS COMUNISTA

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Em 1870, o Grande Oriente da França contava com cerca de 18.000 maçons e o Rito Escocês, com cerca de 6.000. Em março de 1871, co-
meçou em Paris a Commune, na qual os maçons parisienses estavam fortemente envolvidos. Thirifocq, um militante socialista e mem-
bro da loja “Le Libre Examen” do Supremo Conselho da França, exigiu que faixas maçônicas fossem colocadas nas muralhas de Paris e
que elas fossem “vingadas” caso fossem rasgadas pelas balas das forças anti-comunistas. Muitos Maçons figuravam entre os revolucio-
nários, incluindo Jules Vallès e Élisée Reclus. Em 29 de abril de 1871, vários milhares de Maçons de ambas as obediências se reuniram
atrás de dezenas de estandartes para uma grande manifestação reunida diante das forças de Versalhes. Esta demonstração foi seguida
de uma reunião entre dois emissários da Commune (incluindo Thirifocq) e Adolphe Thiers, que terminaram em fracasso e no esmaga-
mento da Commune pelos Versalhes. Ao contrário das lojas parisienses, as províncias não apoiavam a Comuna, em cuja queda o
Grande Oriente oficialmente desaprovou a ação das lojas parisienses e se uniu a Thiers e à Terceira República Francesa, na qual deve-
ria desempenhar um papel de liderança.

Busto Maçônico de Jacques


France (1879)

1875 a 1899
Em 8 de julho de 1875, Jules Ferry (futuro ministro da educação pública da República) e Émile Littré (autor do dicionário de mesmo
nome) foram iniciados na loja “La Clémente Amitié“. A República Francesa desejava abrir escolas seculares em todo o seu território e,
assim, entrou em um conflito aberto com a Igreja Católica, que se opunha à abertura de escolas seculares. Foi nesse contexto que o
Grande Oriente, que naquele momento prestou seu apoio à República, decidiu em 1877 abolir sua exigência de que seus membros
acreditassem na existência de Deus e na imortalidade da alma e em suas lojas. “pela Glória do Grande Arquiteto do Universo”. Em teo-
ria, cada loja permaneceu livre para escolher se continuava ou não respeitando esse antigo Landmark da Maçonaria, mas (em um
clima envenenado por 30 anos de conflito aberto entre a República e a antiga religião do Catolicismo), na prática, todas as referências
à religião foram eliminadas dos rituais do Grande Oriente.

A decisão de admitir ateus não foi universalmente aprovada na França e levou, em 1894, a um cisma na Maçonaria Francesa. As lojas
que desejam exigir uma crença na Deidade romperam com o Grande Oriente e formaram a Grande Loja da França (a segunda organi-
zação com este nome).

Quanto ao Rito Escocês do Supremo Conselho da França, a obrigação tradicional não foi suprimida, mas o Grande Comandante Crémi-
eux, em 1876, trouxe de volta à força que sua jurisdição não deveria impor “nenhuma forma ao Grande Arquiteto do Universo”. O Su-
premo Conselho também enfrentou uma secessão de lojas trabalharem acima dos três graus, que pretendiam sair de seu patrocínio.
No final, concedeu-lhes a independência, fundindo-os na Grande Loja da França.

De 1893 a 1899, a França assistiu à formação da primeira obediência maçônica tradicional do sexo misto, que rapidamente se tornou
internacional – o Ordre Mixte International du Droit Humain, que também adotou o Rito Escocês Antigo e Aceito.

1900-presente

1900-1918:
A Maçonaria francesa começou o século XX com o “Affaire Des Fiches”, um escândalo que deixou vestígios duradouros e testemunhou
sua implicação na política da época. Tudo começou em 1901, quando o general André, ministro da Guerra e Maçom, pediu as convic-
ções filosóficas e religiosas de cerca de 27.000 oficiais, para ajudá-los a avançar. Centenas de maçons em todo o país enviaram essas in-
formações. Em 1904, a imprensa tomou conta do caso, causando um enorme escândalo e levando à demissão do General André.

Em 1913, duas lojas (“Le Centre des Amis” e “Loge Anglaise 204“) deixaram o Grande Oriente e fundaram a “Grande Loja Nacional Inde-
pendente e Regular”, que foi imediatamente reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra até a década de 1960, permaneceu diri-
gida principalmente por ingleses ou americanos residentes na França. Em 1948, mudou seu nome para Grande Loja Nacional Francesa
(Grand Loge Nationale Française), nome que ainda possui hoje em dia.

Embora a corrente pacifista que apareceu na França antes da Primeira Guerra Mundial também se manifestasse na Maçonaria, como
em outros países, essa corrente desapareceu com o início da guerra e o primeiro gabinete do “Union sacrée” que incluía 9 maçons.
Uma conferência internacional realizada em janeiro de 1917 na Grande Loja da França incluiu muitas obediências europeias. Eles lan-

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çaram um apelo à criação da Liga das Nações, e uma conferência semelhante em junho do mesmo ano, com representantes de 16 obe-
diências aliadas ou neutras ao Grande Oriente da França tinham os mesmos objetivos.

1918-1945:
Após perdas na Primeira Guerra Mundial, a Maçonaria retomou seu crescimento – o Grande Oriente da França subiu de 23.000 mem-
bros em 1919 para 33.000 na década de 1930, enquanto a Grande Loja da França aumentou de 6.300 membros para 16.000 no mesmo
período.

Embora um pedido de Antonio Graziadei de proibir especificamente os membros do partido comunista de também serem Maçons ti-
vesse sido rejeitado, pois a condição parecia “muito óbvia”, as conexões maçônicas continuadas de muitos comunistas franceses leva-
ram a uma condenação específica por Leon Trotsky em 1922, e um ultimato de que eles deveriam cortar publicamente esses vínculos
até o ano novo. A maioria dos maçons socialistas que escolheram o Partido Comunista Francês após a cisão no congresso de Tours dei-
xaram o partido. Algumas das Lojas fechadas na Rússia pelos bolcheviques foram reformadas na França por refugiados russos – “As-
trée” na Grande Loja, “l’étoile du Nord” e “la Russie libre” no Grande Oriente.

No período entre guerras, a Maçonaria Francesa ocupou um lugar importante na aparência política da República e esteve fortemente
implicada em suas lutas. Assim, foi particularmente afetada pela queda da República durante a Batalha da França, em 1940. O regime
de Vichy e as forças de ocupação alemãs se uniram em outubro de 1940 para organizar uma importante exposição anti-maçônica que
percorreu toda a França. Seu tema geral afirmava a existência de uma conspiração contra a França que levara à queda do país e que,
de acordo com as teses da Ação Francesa, havia sido organizada por “judeus, protestantes, maçons e estrangeiros”. Um serviço contra
sociedades secretas foi criado em 1941, onde estudavam artigos confiscados dessas sociedades e publicaram “Les documents maçonni-
ques“, uma revisão que considerou a Maçonaria uma das principais causas da derrota da França. Uma lei de 1941 também aplicava o
“Estatuto dos Judeus” aos maçons. Um filme anti-maçônico, intitulado “Forças ocultas”, foi produzido e exibido em Paris em 1943.

Mil maçons franceses também foram deportados ou mortos durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente por envolvimento em
atividades de resistência francesa ou devido às suas origens judaicas, com os templos maçônicos saqueados e seus arquivos confisca-
dos. No entanto, o sentimento de companheirismo que surgiu entre Gaullistas, comunistas e maçons trabalhando na Resistência con-
tra um inimigo comum significava que, no período pós-guerra, a condenação comunista da Maçonaria diminuiu consideravelmente na
França.

Quando as lojas reviveram com a libertação da França, os comitês de expurgo eram frequentemente criados espontaneamente. No en-
tanto, o número total de maçons franceses ativos havia caído em dois terços e a maçonaria francesa levou vinte anos para recuperar
seus números antes da guerra e nunca recuperou a influência política e social que exercia sob o Primeiro Império, durante o ano de
1848, durante a Revolução e sob a Terceira República, preferindo recorrer a reflexões filosóficas que se tornaram cada vez mais espiri-
tuais por natureza. Também em 1945, os Maçons das lojas de adoção na Grande Loja da França formaram uma “União Maçônica Femi-
nina da França” (“Union maçonnique féminine de France“), que em 1952 se tornou a Grande Loja Feminina da França. Em 1959, essa
obediência abandonou o Rito de Adoção em favor do Rito Escocês Antigo e Aceito.

DIVISÕES E UNIFICAÇÕES DO PÓS-GUERRA:


Em 1958, alguns irmãos da Grande Loja Nacional Francesa discordaram do seu não reconhecimento por outras obediências francesas
e se separaram para formar a “Grand Loge nationale française dite «Opéra»“, que depois se tornou a Grand Loge Traditionnelle et
Symbolique Opéra (GLTSO). Em 1964, a Grande Loja da França assinou um acordo com o Grande Oriente da França que provocou uma
ruptura dentro em si e com o Supremo Conselho da França. O Grande Comandante Charles Riandey, acompanhado por centenas de ir-
mãos, deixou o Supremo Conselho para formar outro sob a égide da Grande Loja Nacional Francesa (Grand Loge Nationale Française),
conhecido como “Supremo Conselho para a França”.

Desde a década de 1970, houve várias divisões que deram origem a muitas pequenas obediências, bem como muitas micro-obediên-
cias e Lojas independentes. Embora a seriedade de alguns deles seja reconhecida por unanimidade, a conformidade de outros com as
tradições maçônicas nem sempre é bem estabelecida. Alguns autores veem nessa tendência um reflexo da atomização e rejeição indi-
vidualista das instituições que (segundo eles) agora caracterizam a sociedade francesa moderna. Em 20 de fevereiro de 2002, os Grão-
Mestres, as Grão-Mestras e os presidentes das nove obediências maçônicas se reuniram em Paris para assinar o texto fundador da
nova “Maçonaria Francesa” (“Maçonnerie française“), expressão originada como um ‘nome de marca’ (brandname) pelo Grande Ori-
ente de França. Seu texto foi o seguinte:

[…]
Longe das controvérsias partidárias, engajadas em uma jornada iniciática que emancipa consciências, as obediências maçônicas france-
sas juntas afirmam:

A primazia de um equilíbrio harmonioso na jornada iniciática, a prática de um método simbólico e o engajamento na sociedade como
cidadão;
A rejeição de todo dogmatismo e toda segregação;
A recusa de todos os integrismos e todos os extremismos;

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

A vontade de trabalhar para a melhoria da condição humana, para o progresso das liberdades individuais e coletivas;
A defesa e promoção da absoluta liberdade de consciência, pensamento, expressão e comunicação;
A defesa e promoção do secularismo, uma liberdade essencial que permite a todos os outros;
Pesquisa sobre o diálogo para a paz, fraternidade e desenvolvimento.

Eles decidem trabalhar juntos para o aperfeiçoamento do homem e da sociedade.

Em outubro de 2002, essa coleção de obediências criou o Instituto Maçônico da França (Institut Maçonnique de France, ou FMI), com o
objetivo de “promover a imagem cultural da Maçonaria Francesa através da herança histórica, literária e artística e sua diversidade” e
de “redescobrir, aprofundar e divulgar a todos os membros do público os valores culturais e éticos da Maçonaria”. O FMI é ao mesmo
tempo uma base para a cultura maçônica e um centro de estudos e pesquisas. Ele organiza um salão anual de livros maçônicos e con-
cede um prêmio literário a um autor que não é Maçom, mas defende ideias e valores próximos aos da Maçonaria. No entanto, em ju-
lho de 2006, a Grande Loja da França (Grand Loge de France) decidiu deixar a associação formada em 2002 e o Grande Oriente da
França (Grand Orient de France) decidiu anular o ‘nome da marca’ “Maçonnerie Française” com o INPI.

Na França, existem 11 Grandes Lojas, algumas das quais reconhecem oficialmente a legitimidade das outras. No entanto, em junho de
2005, a Grande Loja Nacional Francesa (Grand Loge Nationale Française) e a Grande Loja da França (Grand Loge de France) tomaram
medidas para melhorar suas relações de trabalho fraterno, assinando um “Protocolo Administrativo”, permitindo que cooperassem
entre si em um nível abaixo do reconhecimento oficial.

Bibliografia:

Dachez, Roger (2003). Histoire de la franc-maçonnerie française. Que sais-je?. PUF. ISBN 2-13-053539-9.
Peter. F. Baumberger; Jacques Mitterrand; Serge Hutin; Alain Guichard (1992). “Franc-maçonnerie”. Encyclopédie Universalis. 9.
Encyclopédie Universalis. ISBN 2-85229-287-4.
Naudon, Paul (1981). Histoire générale de la franc-maçonnerie. PUF. ISBN 2-13-037281-3.
Franc-maçonnerie, avenir d’une tradition. Musée des Beaux-Arts de Tours. 1997. ISBN 2-84099-061-X.
Daniel Ligou (2000). Histoire des Francs-Maçons en France. 1. private publisher. ISBN 2-7089-6838-6.
—— (2000). Histoire des Francs-Maçons en France. 2. private publisher. ISBN 2-7089-6839-4.
Garibal, Gilbert (1994). Être franc-maçon aujourd’hui. 2. Marabout. ISBN 2-501-02029-4.
“Les francs-maçons”. Historia. 48. 1997. ISSN 0018-2281.
“Les francs-maçons”. L’Histoire. 256. 2001. ISSN 0182-2411.

Documentários:

Grand Orient les frères invisibles – script by Alain Moreau, directed by Patrick Cabouat, produced by France 5 / Program 33.
Further reading
Pierre Chevallier, Histoire de la franc-maçonnerie française, 3 volumes, Fayard, 1974
Laurent Jaunaux, Concise History of the French Regular Freemasonry, Philalethe Society, 2001

FONTE: https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Freemasonry_in_France

Tradução do Inglês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

 21 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz, Origens  2 comentários

Então, o que é o Rito Francês?

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

Vários nomes e variantes são utilizados pelas diferentes Lojas ou obediências:

Rito Francês ou Moderno;


Rito Francês Tradicional, simbólico e tradicional, que foi restaurado por René Guilly;
Rito Moderno ou Francês Restabelecido, o do século XVIII com contribuições inglesas de René Guilly;
A versão Murat do Rito Francês (GODF – V2) de 1858 (abreviada, curta, clara, dita ser “provavelmente a mais autêntica”);
A versão Amiable do Rito Francês (GODF) de 1885 muito influenciada pelo positivismo, racionalismo e cientismo. Substitui as via-
gens por longos discursos moralizadores. Estas duas últimas versões substituem a apresentação de símbolos por discursos moralis-
tas e alegóricos sobre o bem e o mal (Mainguy);
A versão Blatin do Rito Francês de 1907 que é apenas um rearranjo da versão anterior;
A versão Grousier do Rito Francês (GODF) em 1938 que retoma os antigos costumes, tais como as penalidades e as viagens;
O Rito Francês Tradicional ou o Rito Francês Restabelecido de 1955, que é o início de um regresso às fontes ao Regulador de 1801,
com alguns acréscimos do século XVIII;
Finalmente, a última versão conhecida do GODF V3, em 1935, que marca um profundo retorno aos rituais originais, que terá alguns
desenvolvimentos adicionais para conduzir o “Rito Francês de Referência do GOdF” em 6002, que foi atualizado para se ter em
conta a mixidade agora adquirida.

Por outro lado, o Rito Francês encontrará uma regularidade (ou melhor, um reconhecimento da GLUI) graças a Roger Girard, em 1979,
que contacta Louis-Auguste Derozière, então Grão-Mestre da GLNF. Assim foram criadas duas Lojas, “Les Anciens Devoirs” e “St Jean-
Chrysostome” em Junho de 1979 dentro da GLNF; estas duas Lojas usaram o ritual do regulador mais ou menos “GLNFizado” pelos
seus autores.

Em certos rituais, a abertura do VLS (Volume da Lei Sagrada ou Volume das Sagradas Escrituras) em João, a invocação de Deus, a luz
vermelha noturna permanentemente acesa: não se terá de procurar muito a influência profunda do RER, mas também a vontade de se
dissociar do REAA nas adaptações trazidas por René Guilly e os seus companheiros. Um vasto debate …

Os rituais de 1786 são muito anteriores à adoção do lema “Liberdade-Igualdade-Fraternidade”, e também, muito antes da invenção do
termo “laico”.

Trecho da Palestra de Thierry Loron proferida à “Juste et Parfaite Loge de Saint-Jean Fidélité & Liberté”, Oriente de Genebra
(Suíça) em 19 de Novembro de 2006.

Tradução do Francês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

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 12 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz  Deixe um comentário

A Regra dos Doze Pontos da GLNF

GLNF

1 – A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem como fundamento tradicional a fé em Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

2 – Maçonaria refere-se aos “Antigos Deveres” e aos Landmarks da fraternidade, notadamente quanto ao respeito absoluto das tradi-
ções específicas da Ordem, essenciais para a regularidade da jurisdição.

3 – A Franco-Maçonaria é uma Ordem à qual só homens livres e respeitáveis podem pertencer, que se comprometem a pôr em prática
um ideal de Paz, Amor e Fraternidade.

4 – A Franco-Maçonaria visa assim, através da melhoria moral dos seus membros, a de toda a humanidade.

5 – A Franco-Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos rituais e do simbolismo, meios de acesso ao
Conhecimento através dos caminhos espirituais e iniciáticos que lhe são próprios.

6 – A Franco-Maçonaria exige que todos os seus membros respeitem as opiniões e crenças de cada indivíduo. Proíbe qualquer discus-
são ou controvérsia política ou religiosa em seu interior. É, assim, um centro permanente de união fraterna onde existe uma compre-
ensão tolerante e uma harmonia frutuosa entre homens que, sem ela, teriam permanecido estranhos uns aos outros.

7 – Os Franco-Maçons assumem as suas obrigações sobre o Volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento que prestou, o caráter
solene e sagrado indispensável à sua perpetuidade.

8 – Os Franco-Maçons reúnem-se fora do mundo profano, as três Grandes Luzes estão sempre expostas nas Lojas, onde se encontram
as Luzes da Ordem: o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso, para ali trabalharem segundo o rito, com zelo e diligência e de
acordo com os princípios e regras prescritos pela Constituição e pelo Regulamento Geral da Obediência.

9 – Os Franco-Maçons devem admitir em suas Lojas apenas homens de plena idade, de perfeita reputação, pessoas de honra, leais e
discretas, dignos em todos os aspectos de serem seus Irmãos, e capazes de reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito po-
der do Eterno.

10 – Os Franco-Maçons cultivam em suas Lojas o amor pela pátria, a submissão às leis e o respeito pelas Autoridades constituídas. Con-
sideram o trabalho como o principal dever do ser humano e honram-no sob todas as suas formas.

11 – Os Franco-Maçons contribuem, através do exemplo ativo do seu comportamento sábio, viril e digno, para a influência da Ordem
no que diz respeito ao segredo maçônico.

12 – Os Franco-Maçons devem uns aos outros, em honra, ajuda fraterna, mesmo com risco de vida. Eles, em proteção, praticam a arte
de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio essenciais para aperfeiçoar a maestria de si mesmo.

FONTE: Livret d’instruction de l’Apprenti – Rite Français (GLNF)

Tradução do Francês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

 11 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz, Landmarks, Maçonaria no Século XXI  2 comentários

Nascimento da Maçonaria Especulativa

Anthony Sayer, Primeiro Grão-Mestre da Grande


Loja de Londres

Foi em 24 de junho de 1717, festa de São João do Equinócio, que quatro Lojas de Londres se constituíram em uma Grande Loja e elege-
ram Anthony Sayer como Grão-Mestre. Em 24 de junho de 1718, ele foi sucedido por George Payne, que ordenou a coleta de todos os
escritos e documentos existentes na Ordem. Em 1719, o pastor Jean-Théophile Désaguliers, nascido na França, tomou seu lugar.
Como o Grão-Mestrado era então de gestão anual, Payne viu-se re-instalado como chefe da Ordem em 1720, enquanto em 1721 um no-
bre lorde, o Duque de Montagu, honrou a nova sociedade com seu prestígio.

George Payne

Em 1723 que foi publicada a primeira edição das Constituições, em que a história mais ou menos lendária da nova Fraternidade se jus-
tapõe às obrigações dos Irmãos Maçons sob o Grão-Mestrado do famoso Duque de Wharton, que se encontrava nas origens da Ordem
na França. O Pastor Anderson, é realmente o autor, e o único autor, das Constituições que levam seu nome? O espírito e a influência

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

de seu colega Désaguliers são indiscutíveis na carta constitutiva da maçonaria que acabava de nascer. É chamada de especulativa para
distingui-la da Maçonaria Operativa Medieval, e que impediu de morrer completamente, ressuscitando-a ao transformá-la. De agora
em diante, há uma sociedade à qual se pode ter acesso através provas de iniciação, que nada mais são do que um rito de passagem do
mundo profano, que ignora a luz, para o mundo maçônico, que é iluminado por ela. Uma vez recebido como Aprendiz, torna-se Com-
panheiro e recebe a plenitude do conhecimento e da revelação maçônica obtendo o grau de Mestre. Mas ao entrar na sociedade maçô-
nica, há uma condição imperativa: a obrigação de guardar segredo e não revelar nada sobre os mistérios da Ordem. Qual seria a utili-
dade de deixar o mundo profano para ascender às verdades superiores se o público as conhecesse? Como lema, a maçonaria poderia
ter dito como Horácio: Odi profanum vulgus et arceo (Odeio a multidão vulgar e afasto-a).

Jean-Théophile Désaguliers

A nova sociedade viu-se imediatamente à vontade na Inglaterra dos reis George. Satisfez até uma necessidade num país que tinha sido
dilacerado por conflitos religiosos e políticos e disputas políticas inextricavelmente interligadas. Parecia que, com ela, a Inglaterra ti-
nha encontrado um refúgio de graça no qual podia descansar depois de tanta contenda.

Duque de Montagu

Mas esta visão idílica está longe de ser exata, pois se nasceu uma nova Maçonaria no início do século, não restou uma Maçonaria tra-
dicional como afirmava o texto das Antigas Constituições emitido em Londres em 1722, e cujas opiniões não se coadunam com o
deísmo tolerante professado pelos pastores Anderson e Désaguliers.

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

Duque de Wharton

Desde o início da sua história, a maçonaria era para os próprios maçons, fossem eles antigos ou se intitulassem modernos, um objeto
de contradição e divisão. Mas não será este o destino de todas as instituições espirituais? Oportet haereses esse (deve haver heresias).
Desde o início da Ordem, é muito difícil decidir se existe ou não realmente uma ortodoxia maçônica. Se a questão surgiu para os ma-
çons ingleses, divididos entre Antigos e Modernos até a reunião final que ocorreu em 1813 e deu origem à atual Grande Loja Unida dos
Antigos Franco-Maçons da Inglaterra, ela se coloca e ainda existe para a Maçonaria Francesa.

James Anderson

Por Pierre Chevallier

Tradução do Francês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

 8 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz, Maçonaria no Século XVIII, Origens  2 comentários

A Prova de Sangue do Ritual de 1801

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

RESUMO

Iniciaremos abordando a origem da maçonaria na França e desenvolvimento dos Graus Simbólicos, passando por fatos históricos, que
demonstravam como eram selados acordos na antiguidade; e qual a relevância do acordo com sangue na iniciação maçônica de ou-
trora. Exploraremos a história envolvida no início dos acordos, mudanças históricas e utilização na maçonaria, simbolismo e como fo-
ram utilizados na maçonaria como publicados em 1801 e a implementação da maçonaria no Brasil. O poder de comprometimento do
ritual, simbolizava a entrega de sua unidade para o contexto coletivo, afirmando suas características que o distingue e sua capacidade
de assegurar a união entre seus irmãos. Após as reformas realizadas ao longo da história, foram suprimidas meramente ao simbo-
lismo intelectual, sem perder, no entanto, sua relevância na iniciação.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo resgatar, explanar e trazer luz sobre uma passagem ritualística histórica do Rito Francês publicado em
1801 e que fora suprimida ao longo dos séculos e das reformas. Tal passagem refere-se sobre o ato do profano, quando em sua inicia-
ção, oferecer seu próprio sangue como prova de aptidão e comprometimento com a finalidade de se tornar aprendiz maçom. Assim, a
prova de sangue para o profano, sugeriria e mostrava até que ponto ele estaria disposto a se doar à obra maçônica.

Tal prova, traz consigo também o entendimento de que após, a violação ritualística do corpo do profano, a ele será permitido fazer
parte do corpo maçônico e passa a ser inserido em uma coletividade onde terá laços fraternais com novos Irmãos e com suas
tradições.

Esta dissertação resgata, ainda que de forma breve, um histórico da maçonaria na França, sobre o desenvolvimento dos graus simbóli-
cos, a chegada do Rito Francês em Portugal e no Brasil, como a prova de sangue aparece no ritual publicado em 1801 e o juramento
que envolve a prova de sangue; bem como de seu simbolismo. Por fim, não menos importante, o porquê este tipo de procedimento ri-
tualístico teve seu fim e qual tipo de procedimento tomou o seu lugar.

DESENVOLVIMENTO

I. Sobre os juramentos com sangue ao longo da história

A partir da organização das religiões nos primeiros séculos, observamos e comprovamos, a partir dos seus livros sagrados, o simbo-
lismo relacionado ao sangue em diversas tradições espirituais. No cristianismo, o sangue é um símbolo muito presente, aparecendo na
bíblia mais de quatrocentas vezes. Em João 6:54, Jesus declara: “O homem que come a minha carne e bebe o meu sangue goza da vida
eterna e eu o ressuscitarei no último dia”. O sangue de Cristo não representa sua morte, mas sim, sua ressurreição. Os cristãos comun-
gam com o entendimento de que o cálice de vinho simboliza o sangue de Jesus. Os Cristão Católicos acreditam na transubstanciação ou
na mudança de substância ou essência pela qual o vinho se torna, na realidade, o sangue de Jesus Cristo.

As doutrinas judaica e muçulmana proíbem o consumo de sangue. Os judeus Kosher aderem à prática de drenar o sangue da carne,
tanto no momento do abate quanto na salga. Os Testemunhas de Jeová tradicionalmente implicam passagens do Antigo e do Novo Tes-
tamento em sua recusa em receber transfusões de sangue, mesmo quando podem correr risco de morte. Desde os dias dos apóstolos

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

de Jesus, no primeiro século, os cristãos foram instruídos a “abster-se” e “guardar-se” do consumo de carne e sangue, tradição obser-
vada durante o período da Páscoa.

O sangue tem sido usado para consolidar relacionamentos entre membros individuais da sociedade por séculos. Heródoto escreveu:
“Os juramentos entre os Citas são acompanhados com as seguintes cerimônias: uma grande tigela de barro é enchida com vinho, e os
participantes do juramento, ferindo-se levemente com uma faca ou uma sovela, jogam um pouco de seu sangue no vinho… as partes
bebem cada um, um gole do sopro”.

Os Citas, povo indo-europeu que viveu nas margens norte do Mar Cáspio, faziam o procedimento. Em seu ritual, dois membros faziam
cortes na mão esquerda e deixavam escorrer o sangue dentro de um copo feito do chifre de um animal. Depois, o líquido era mistu-
rado ao vinho para que ambos os homens molhassem a ponta de suas espadas antes de bebê-lo. O vínculo era considerado tão forte
que era permitido ter apenas até três irmãos de sangue, que deveriam manter um longo período de amizade.

Um juramento de sangue foi usado para selar um pacto entre os líderes de sete tribos húngaras no século 11. Os participantes corta-
vam seus braços e deixam seu sangue derramar em um cálice, selando seu status de irmãos de sangue. Os Balcãs também o faziam,
mas apenas entre soldados, para simbolizar um vínculo mais familiar entre eles.

A essência do simbolismo imbuído na prática dos laços de sangue persiste na vida contemporânea. As cerimônias de juramento de
sangue, que envolvem duas ou mais pessoas pressionando pequenos cortes (geralmente em um dedo, mão ou antebraço), representam
a ideia de que o sangue de cada pessoa agora flui nas veias do outro participante ou participantes. Juramentos de sangue estabelecem
pessoas que não são parentes de nascimento como “irmãos de sangue” ou “irmãs de sangue”.

II. História da maçonaria na França e do desenvolvimento dos Graus Simbólicos

A Maçonaria chega na França em 1725. Durante os cerca de cinquenta anos (entre 1735 e 1785) em que a Maçonaria se expandiu na
França, fundaram-se e desenvolveram-se inúmeras Lojas. Com o desenvolvimento dos Altos Graus, surgem e proliferam-se inúmeros
Capítulos e Ritos, principalmente a partir da década de 1750. Muitas vezes estes Altos Graus só eram praticados numa cidade ou então
apenas por um conjunto limitado de Lojas da mesma região.

Em um acordo estabelecido no Convento de 1773, no qual a primeira Grande Loja da França, fundada em 1738, muda o seu nome para
o atual: Grande Oriente de França, instituindo-se a si mesma como uma federação de Lojas e de Ritos; e entre outras medidas adotadas
nos trabalhos históricos deste Convento (que se realizou, diga-se de passagem, vinte anos antes da Revolução Francesa), é exigido, a
partir de então a inamovibilidade dos Veneráveis Mestres das Lojas (prática comum na época); instaurando-se também o princípio da
eleição para os diferentes cargos e instaura-se igualmente o direito de representatividade das Lojas, cujos representantes (chamados
de Delegados ou Deputados), vêm a constituir o Convento (que era e continua a ser o órgão legislativo desde então) do Grande Oriente
de França.

Consciente da necessidade de estabelecer a sua própria doutrina dos Altos Graus e para pôr fim à proliferação indiscriminada das cen-
tenas de Ritos e Graus então existentes, o Grande Oriente da França cria em 1782, uma Câmara de Altos Graus, através de uma circular
publicada em 1784. Esta circular estabelece a reunificação de sete Soberanos Capítulos Rosa-Cruz, criando uma instituição denomi-
nada Grande Capítulo Geral de França, que tem como finalidade “ser a Assembleia Geral de todos os Soberanos Capítulos que existem
ou que venham a existir regularmente na França” e que “não afiliará no seu seio nenhum Soberano Capítulo que não seja portador de
constituições outorgadas pelo Grande Oriente de França”.

Este Grande Capítulo Geral, sob a orientação e dinamização de Roettiers de Montaleau, seu Grande Orador, efetuará a análise e o es-
tudo de algumas centenas de graus que existiam na época e redige um conjunto de Rituais próprios consoantes a sua respectiva afini-
dade ritualística simbólica e filosófica. A este agrupamento de diferentes graus da mesma “família filosófica maçônica”, deu-lhe o
nome de Ordens Sapienciais, sendo que, o Convento de 1786, onde reuniu-se o Grande Capítulo Geral, confia a este, a administração
dos Capítulos que trabalhavam em graus superiores ao grau de Mestre.

Depois do Convento de 1786 desenvolveu-se intensa atividade nas Ordens de Sabedoria (ou Sapienciais) do Rito Francês, espalhando-
se por toda a França, pelas colônias francesas, Suíça, Bélgica e todos os países que pertenciam à área de influência continental fran-
cesa, incluindo Portugal e Espanha, que por sua vez, a passam para os países latino-americanos, inclusive para o Brasil.

Este ímpeto esmoreceu progressivamente, no decorrer da segunda metade do século XIX por conta do avanço do Rito Escocês Antigo e
Aceito e pelas reformas (ou deformações) pelo qual o Rito Francês passou.

III. A forma como a Prova de Sangue aparece em 1801 no Rito Francês

Em 1801 após a separação das lojas, algumas práticas foram inseridas na maçonaria francesa bem como as provas de agua e fogo para
purificação, prova de sangue como forma de juramento e compromisso e o cálice de amargura que faz o profano refletir sobre as do-
res inseparáveis da vida humana.

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

Após ter concluído a terceira viagem na iniciação, o neófito acaba sendo submetido a um dos grandes ensinamentos que temos na Ma-
çonaria. O V.·.M.·. na condução do ritual exige que iniciado escreva de próprio punho a garantira de total discrição e que após esse
texto, deverá ser assinado com sangue. Caso o profano consinta um irmão inicia-se o procedimento de coleta colocando o torniquete
em seu braço e ao encostar a agulha no braço do candidato, o Irmão Terrível intercede pelo mesmo e o ato da coleta se interrompe re-
tirando o torniquete.

Novamente o Venerável Mestre fará a mesma pergunta para garantir que o futuro novo irmão realmente está de acordo com o jura-
mento e o processo de instalação do torniquete se reinicia. A agulha é posicionada na veia até que o neófito sinta o gélido metal onde o
Irmão terrível mais uma vez interrompe o ato intercedendo pelo profano.

O ritual segue com a explicação da alegoria empregada por meio dos dizeres: “aprendei com essa prova que em todos os momentos e
sob todas as circunstâncias deveis socorrer vossos irmãos e derramar, se necessário for, o seu sangue por eles”.

IV. Implantação em Portugal e no Brasil

Em 1802, Hipólito José da Costa trouxe de Londres e de Paris a Carta Patente necessária para o funcionamento do Grande Oriente Lusi-
tano, sendo dois anos mais tarde assinado um Tratado de Amizade com o Grande Oriente de França. O mesmo é assinado, por parte do
Grande Oriente Lusitano, pelo membro de nome simbólico Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que pressupõe que as Ordens Sapienci-
ais do Rito Francês já existiam anteriormente em Portugal, no seio do Grande Oriente Lusitano, embora não existam documentos que
abonem nesse sentido, mas a Constituição do Grande Oriente Lusitano de 1806, refere-se explicitamente, nos seus Capítulos IIIº e XIIIº,
às diferentes Ordens e Capítulos do Rito Francês o que pressupõe a existência de um “Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-
Cruz” ou apenas a presença de vários Capítulos em território português.

No início do século XIX, o Grande Oriente do Brasil, a primeira Obediência brasileira, foi fundada em 1822, adotando o Rito Moderno,
antes do Rito Escocês que só seria introduzido em 1832. Desta forma, o Rito Moderno chega em terras brasileiras, mas não traz consigo
na bagagem a prova de sangue que é o objeto deste estudo. Vejamos pois o seu simbolismo.

V. Simbolismo da prova de sangue e seu significado

A prova de sangue traduz a implicância do maçom doar de si mesmo, abdicar momentaneamente de seu eu, de sua própria corporei-
dade em prol de um bem maior – a obra maçônica. O sangue, símbolo da vitalidade, mas também da individualidade (o sangue traz
marcas características da genética e da história biológica e ancestral de um indivíduo), ao ser doado, representa a transgressão do eu,
que rompe suas fronteiras individuais, ao permitir-se entregar parte de si mesmo, da sua individualidade, à Grande Obra. Não aleato-
riamente, o símbolo utilizado pela iconografia cristã para representar o sacrifício de Cristo, é o seu Sangue e o seu Corpo; o que equi-
vale dizer que, ao ser desmembrado durante o ato da missa, seu corpo e seu sangue, consumidos e divididos entre os presentes, deixa
de ser um corpo individual, para se totalizar e se integrar na comunidade. O sangue está, portanto, associado ao sentido de sacrifi-
cium, que, em um sentido mais elementar, de sacro-ofício, representa a doação da individualidade para a realização de um ofício sa-
cro, coletivo.

Dar o sangue significa, portanto, a disponibilidade que o candidato tem de oferecer parte de si à obra maçônica. A violação do corpo
como parte de uma ritualística sacramental marca o fato de que o profano, antes um corpo isolado e individual, passa agora a consti-
tuir parte do Grande Corpo Maçônico: sua obra não é mais sua, mas é Magna, é Grande, porque o insere em uma irmandade. Alain
Bauer, em “Newton e a Franco-Maçonaria” comenta o fato de que a iniciação maçônica se traduz em uma inserção de um indivíduo
como parte de uma nova irmandade, ele cria um laço familiar com a tradição maçônica e com os indivíduos pertencentes a ela. Doar o
sangue significa ser consanguíneo, partilhar de sua natureza – formar uma ambiência familiar com outros que, até então, eram mera-
mente estranhos.

Uma reflexão que surge a partir da prova do sangue é: pelo que estamos dispostos a nos sacrificar? A mera iniciativa do candidato de
aceitar entregar parte de si em seu juramento é emblemática da sua disposição em doar a si mesmo para a construção do Templo. Ela
não precisa ser literal; o candidato está pronto porque, após a purificação dos elementos, ele se despiu de sua identidade profana, de
sua autoimagem. Ele está pronto ao sacramento da renúncia, de permitir que seu sangue, sua individualidade, se torne parte de algo
maior que si mesmo. O sangue individual se dilui no sangue universal, que é a própria Magnum Opus, a Grande Obra maçônica de re-
construção do Templo.

VI. Reforma Doutrinária

Na reforma de Murat, já em 1858, sustenta a Imortalidade da Alma e a existência de Deus. Ou seja, mantém a invocação ao Grande Ar-
quiteto do Universo, em seu ritual Deísta e influenciado pela Constituição de Anderson.

Já em 1877, houve a grande reforma doutrinária no Grande Oriente de França, que suprimiu a obrigatoriedade da crença em Deus e
da crença na imortalidade da alma, não como uma afirmação do ateísmo, mas com a justificativa de que era por respeito à liberdade
religiosa e de consciência, já que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo, não devendo ser impostas. O
Grande Oriente de França, que acolheu a reforma, queria demonstrar com isso o máximo de escrúpulos para com os seus filiados, re-
jeitando toda e qualquer afirmação dogmática. Tal atitude provocou uma rápida reação da Grande Loja Unida da Inglaterra que rom-

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22/11/2023, 16:01 Instruções de Aprendiz – Rito Francês ou Moderno

peu o tratado de reconhecimento com o Grande Oriente de França. Ruptura essa que nunca mais fora reestabelecida. O caso envolveu
não apenas uma questão doutrinária como ainda político-religiosa à época, impactando diretamente o futuro da maçonaria não só na
França, mas no mundo. Tal reforma desembarcou no Brasil no início de nossa República, trazido em parte por militares progressistas
que transitavam na sociedade francesa e tal pensamento se perpetuou no Brasil, ainda que na França tenham sido realizadas diversas
reformas para atenuar o extremismo da reforma de Amiable. O Rito Moderno no Brasil, portanto, segue na contramão do mundo que
busca cada vez mais um resgate histórico do Rito Francês Tradicional e reformas como a de Arthur Groussier em 1938 e 1955 que se
tornou um meio termo entre o Simbolismo Tradicional e o Extremismo Intelectual e Político de Amiable.

VII. A ausência da Prova de Sangue no ritual de 1887 e as transformações do sentido das provas

Portanto, nas mudanças efetuadas em 1887 nos rituais simbólicos, devido à interferência de Amiable, então Grão Mestre, as provas fo-
ram suprimidas. Antes simbólicas e literais, se tornaram meramente “intelectuais”, através de perguntas que, a modo socrático, visam
provocar o candidato em sua busca pela Iluminação da Consciência. Mesmo com a retirada da prova de sangue e demais provas, no
entanto, ainda é possível perceber sua presença em determinadas perguntas, que põem em xeque a individualidade do maçom e seu
comprometimento para com a Obra. Ele é questionado se deve se rebelar ou se acomodar perante a injustiça; se deve aceitar ou não
um governo ditatorial. As perguntas medem, em termos práticos, o quanto o maçom está disposto a sacrificar de si: em que medida ele
recusa ou aceita dar seu sangue para a conclusão da Grande Obra, o aperfeiçoamento moral do indivíduo. Ainda que acreditemos que
as provas possuem caráter elucidativo para o consciente e subconsciente, sua ausência pode impactar na totalidade da compreensão
dos ensinamentos e arcanos encerrados em nossa doutrina.

CONCLUSÃO

Embora o ritual de sangue tenha sido suprimido nos rituais simbólicos, a sua importância pode ser substituída pelas perguntas e pelo
juramento que o recipiendário faz ao proferir as palavras que conferem o status de maçom. A ritualística mesmo atualizada para os
tempos mais modernos, ainda preserva na sua essência, dando ao indivíduo a obrigação de cumprir com suas leis, respeitar os costu-
mes e seguir com a conduta correta e justa. Isso não atenua a seriedade com que se espera de um indivíduo, ao contrário, a morali-
dade que experimentamos é cada vez maior, ao passo que somos capazes de observar com mais acuracidade nos atos entre os indiví-
duos na sociedade. Por fim, a reflexão que nós fazemos é: suprimir as provas físicas substituindo-as por provas meramente intelectu-
ais, de fato, formou uma nova classe de maçons conscientemente iluminados? Os maçons que passam por provas meramente intelec-
tuais são moralmente mais comprometidos ou mais esclarecidos que os que passam por provas físicas? Longe de trazer respostas para
essas perguntas nesta conclusão, deixemo-las para a reflexão por parte de nossos interlocutores e para quem sabe, objeto de estudo
futuro.

REFERÊNCIAS

Internet:

Fonte: https://bibliot3ca.com/ensaio-sobre-as-origens-dos-rituais-e-graus-simbolicos/ {Anderson}

Bibliografia:

António Arnaut, Introdução à Maçonaria, 2000, Coimbra Editora, ISBN 9789723214161

A. H. de Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, I Volume, Editorial Presença, Lisboa, 1990, ISBN 972-23-1226-X

Alain Pigeard e outros, Os Franco-Mações, 2003 (1.ª Ed.), Editora Pregaminho, ISBN 972-711-429-6 (Traduzido da edição original: Les
Francs-Maçons, Éditions Tallandier, Paris, 1998)

Rituel D’Apprenti – Selon Le Régulateur du Maçon – GLNF 08/2014

Victor Guerra, Rito Francês, História, reflexões e desenvolvimento, Editorial Masonica.es, Oviedo, 2018, ISBN 978-84-17732-15-8

Victor Guerra, Rito Moderno, Editorial Masonica.es, Oviedo, 2019, ISBN 978-84-17732-37-0 (Traduzido da edição original espanhola de
José Filardo)

Victor Guerra, La Masoneria de los Modernos, Historia y Ritualidad, Editorial Masonica.es, Oviedo, 2020, ISBN 978-84-17732-88-2

André Otávio Assis Muniz, Novo Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz (Completo), 2017 (1.ª Ed.), A Gazeta Maçônica

Joséis Caramés Lage, Manual del Rito Francés, Editorial Masonica.es, Oviedo, 2018 (1.ª Ed.)

Elaborado por:

Anderson Okamura, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

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Antonio Carlos Reis, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Everson José de Souza Prestes, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Lucas Oltmann, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Luiz Paulo Bertoldo, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Marcelo Gonçalves, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Miguel Gustavo Naspolini Marques, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Rafael Aparecido Pastorelli, A.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia Nº4.616

Mestres Orientadores, M.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia 4.616

Julio B. Lussari, M.·.I.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia 4.616

Gladson F. Marques, M.·.M.·. da A.·.R.·.L.·.S.·. Helvetia 4.616

 7 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz, Maçonaria no Século XIX  Deixe um comentário

Panorama Histórico (sob perspectiva da GLNF):

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1717: Esta é a data da fundação, por quatro Lojas não operativas em Londres, da primeira Obediência Maçônica: a Grande Loja de
Londres e Westminster, cujo primeiro Grão-Mestre foi Anthony Sayer.

O valor desta data reside sobretudo no fato de ser a data constitutiva da primeira organização obediencial do mundo.

Suas leituras lhe ensinarão que em outros lugares e outras épocas, as lojas maçônicas existiam muito antes de 1717.

1723: Sob o Grão-Mestrado de Philipp, Duque de Wharton, a primeira edição das Constituições desta Grande Loja, dita de Anderson (17
de Janeiro), Jean Théophile Desaguliers (pároco anglicano), Grão-Mestre Adjunto, teve grande participação nisso.

1729: Nascimento da Grande Loja da Irlanda.

1732: A Grande Loja de Londres constitui a Loja Parisiense de “Louis d’Argent” (3 de Abril) e a Loja Inglesa (futura Inglesa Nº 204) em
27 de Abril em Bordeaux.

1735: A Grande Loja Anual da Ordem dos Maçons no Reino da França (27 de Dezembro) atestaram a existência nesta data de uma
Grande Loja da França.

1736: Fundação da Grande Loja da Escócia sem filiação inglesa, a quarta no mundo, mas a terceira sobrevivente.

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1738: Segunda edição das Constituições de Anderson, a Grande Loja de Londres torna-se oficialmente a Grande Loja da Inglaterra (25
de Janeiro).

1739: Início da “Queixa dos Antigos e dos Modernos”.

1756: Terceira edição das Constituições de Anderson. Edição de “Ahiman Rezon”: Constituições escritas por Laurence Dermott, da
Grande Loja dos Antigos”.

1766: Concordata entre a Grande Loja da Inglaterra e a Grande Loja da França.

1767: Quarta edição das Constituições de Anderson.

1773: O Duque de Chartres é instalado como Grão-Mestre da nova Obediência Francesa, doravante denominada “Grand Orient de
France” (22 de Outubro).

1785: Fixação e publicação em versão manuscrita dos rituais dos 3 primeiros graus de um sistema de 7 graus que, no final do século
XVIII, tomou o nome de Rite Français.

1799: Concordata de união sancionada pelo Grande Oriente da França e a Grande Loja da França, solenidade que realizou a fusão das
duas obediências sob o nome de Grande Oriente da França em 22 de Junho.

1801: Publicação impressa dos rituais dos três primeiros graus de 1785, sob o título de “Régulateur du Maçon”, documento de referên-
cia que permitiu o desenvolvimento dos rituais praticados hoje dentro da Grande Loja Nacional Francesa.

1809-1813: Uma Loja de Promulgação, sob a obediência dos Modernos, determina os Antigos Landmarks e examina os pontos de diver-
gência entre eles e os “Antigos”. Os rituais são revistos.

27 de dezembro de 1813: Ato de União dos “Antigos” e “Modernos” e nascimento da “Grande Loja Unida da Inglaterra”.

1815: Nova edição das Constituições de Anderson que esclarece a obrigação tradicional e universalmente aceita de “acreditar no Glori-
oso Arquiteto do céu e da terra”.

1823: Promulgação pela Emulation Lodge of Improvement, “ELOI”, dos rituais simbólicos ingleses de reconciliação, mais comumente
conhecido como “Emulation Working”, na frança comumente conhecido como Émulation ou Rite Emulation.

1877: Novas Constituições do Grande Oriente da França que removem o marco fundamental da obrigação de acreditar em Deus e na
imortalidade da alma.

1878: Desaparecimento da Regularidade na França: a Grande Loja Unida da Inglaterra rompe com o Grande Oriente da França, agora
considerado irregular após sua decisão de abandonar qualquer referência ao Grande Arquiteto do Universo.

1894: Fundação da atual Grande Loja da França.

1913: Retorno da regularidade na França pela constituição da Grande Loja Nacional Independente e Regular para a França e as Colô-
nias Francesas (GLNIR).

As Lojas: “Le Centre des Amis” e “L’Anglaise de Bordeaux” constituem a Grande Loja Nacional Independente e Regular para a França e
as Colônias Francesas em 5 de Novembro. O Mui Respeitável Irmão Édouard de Ribaucourt é o primeiro Grão-Mestre; esta Obediência
é imediatamente reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra e quase toda a Maçonaria regular em todo o mundo.

Após os eventos da Segunda Guerra Mundial e a proibição da Maçonaria na França, a GLNIR se reconstruiu. As Lojas puderam então
renascer com o apoio em particular dos maçons britânicos que viviam na França, apoio semelhante ao que lhes havia chegado du-
rante a Primeira Guerra Mundial. Seguiu-se um novo impulso notável. A Obediência decidiu mudar seu nome para, doravante, Grande
Loge Nationale Française (29 de Outubro de 1948).

1929: Edição pela Grande Loja Unida da Inglaterra dos “Princípios Básicos”, em 4 de setembro de 1929, que definem os 8 critérios de
regularidade maçônica, com o desejo de tê-los aplicados universalmente.

1979: Chegada do Rito Francês à Grande Loja Nacional Francesa, com a criação das Respeitáveis Lojas ​Les Anciens Devoirs n° 238 e
Saint Jean Chrysostome n° 239. A partir de 1990, o Rito será implantado em um continuum em 7 graus, os três primeiros sendo pratica-
dos dentro da Grande Loja Nacional Francesa, e os quatro seguintes dentro de uma jurisdição amigável por ela reconhecida.

Para mais informações:

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Cadernos de Formação da GLNF: N° 1, 2 e 3;


História da GLNF (1913-1963);
O Livro do Centenário da GLNF.

FONTE: Livret d’instruction de l’Apprenti – Rite Français (GLNF)

Tradução do Francês por:


Julio Lussari – M∴ I∴ da A∴ R∴ L∴ S∴ HELVETIA nº4616 – Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Paraná

 4 de junho de 2022  Instruções de Aprendiz, Origens  Deixe um comentário

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