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Propriedades-índice

das rochas
Prof. Klinger Senra
Propriedades-índice das rochas

Rochas apresentam grande variação em suas propriedades básicas.

As propriedades-índice das rochas são propriedades físicas que refletem a estrutura, a


composição e o comportamento mecânico do material. Pode-se citar:
Peso específico;
Porosidade;
Teor de umidade;
Velocidade de propagação do som;
Durabilidade;
Permeabilidade.

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Propriedades-índice das rochas

Importância dessas propriedades-índice:


- Possibilitam caracterizar e quantificar a matriz (rocha);
- Possibilitam correlações com algumas propriedades mecânicas.

Oficina de Textos (2022). 3


Propriedades-índice das rochas

Desvantagem dessas propriedades:


Normalmente, esses índices são medidos em pequenas amostras de rocha intacta (minerais,
poros e microfissuras) e, dessa forma, podem não ser indicativos das propriedades do maciço
rochoso (MARQUES E VARGAS Jr, 2022).

Mas...
São utilizadas em aplicações associadas à rocha intacta, como:
Seleção de agregados para concreto;
Operações de perfuração e corte;
Avaliação de materiais para rip-rap em barragens, etc.

Oficina de Textos (2022). 4


Propriedades-índice das rochas

Rochas são compostas de três fases (assim como o solo):


- Minerais sólidos; Amostra de rocha

- Líquido (água, petróleo, etc.); VOLUME PESO


- Ar ou gases.
V gasoso Pa = 0
a
V
v
V líquido Pw
w

V Ps
s sólido

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Propriedades-índice das rochas

Peso específico
• Relacionado ao estado de tensões verticais da crosta terrestre;
• Fornece informações sobre mineralogia ou os constituintes dos grãos;
• Fornece informações sobre o grau de alteração da rocha: Amostra de rocha

⁃ Maior o grau de alteração, menor o peso específico. VOLUME PESO

V gasoso Pa = 0
a
𝑃 𝑃𝑠 + 𝑃𝑤 V
𝛾= = v
𝑉 𝑉 V
w
líquido Pw

V Ps
s sólido

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Propriedades-índice das rochas

Densidade relativa (ou gravidade específica da rocha – G)


• Propriedade variável: depende do grau de saturação.

𝛾
G= Amostra de rocha
𝛾𝑤
VOLUME PESO

V gasoso Pa = 0
a
𝛾𝑤 - peso específico da água a 4ºC (1g/cm³ ou 9,8kN/m³). V
v
V líquido Pw
w

V Ps
s sólido

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Propriedades-índice das rochas

Peso específico dos grãos (ou dos sólidos)


• Propriedade constante.

Amostra de rocha
𝑃𝑠
𝛾𝑠 = VOLUME PESO
𝑉𝑠
V gasoso Pa = 0
a
V
v
V líquido Pw
w

V Ps
s sólido

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Propriedades-índice das rochas

Densidade relativa dos grãos


𝛾𝑠
𝐺𝑠 =
𝛾𝑤
Amostra de rocha

VOLUME PESO

V gasoso Pa = 0
a
V
v
V líquido Pw
w

Gs dos minerais mais comumente


encontrados na natureza (Goodman, V Ps
s sólido
1989).

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Propriedades-índice das rochas

Densidade relativa dos grãos


• Pode ser determinada:
1) Através de análise de lâmina delgada da rocha em microscópio. Permite a análise da
constituição mineralógica da rocha e da proporção em volume que cada tipo de mineral ocupa:

𝑛
Onde:
𝐺𝑠 = Gs𝑖 𝑉𝑖 Gs𝑖 = densidade relativa do constituinte mineral i;
𝑖=0 N = número de constituintes;
Vi = porcentagem do volume da lâmina ocupado pelo
constituinte mineral i.

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Propriedades-índice das rochas

Densidade relativa dos grãos


• Pode ser determinada:
2) Através da trituração da amostra de rocha e determinação da densidade do material
moído em picnômetros de volume constante, de modo semelhante ao ensaio de
densidade relativa de grãos de amostras de solo (MARQUES; VARGAS Jr., 2022).

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Propriedades-índice das rochas

Peso específico saturado


𝑃𝑠𝑎𝑡
𝛾𝑠𝑎𝑡 = , sendo Sr = 100%
𝑉
Amostra de rocha

Grau de saturação VOLUME PESO

V gasoso Pa = 0
𝑉𝑤 a
𝑆𝑟 = (%) V
v
𝑉𝑣 V
w
líquido Pw

V Ps
s sólido

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Propriedades-índice das rochas

Peso específico aparente seco

𝑃𝑑
𝛾𝑑 =
𝑉
Amostra de rocha

O peso específico seco tem influência VOLUME PESO


direta nas propriedades mecânicas de
V gasoso Pa = 0
a
resistência e deformabilidade das
V
v
rochas. V líquido Pw
w

Tanto a resistência à compressão V Ps


s sólido
quanto o módulo de elasticidade
aumentam com o valor da densidade .

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Propriedades-índice das rochas

Porosidade
𝑉𝑣
𝑛= (%)
Representa a proporção de vazios no volume total da rocha. 𝑉

Classificação das rochas quanto à porosidade (MARQUES; VARGAS Jr., 2022):


- Meios porosos propriamente ditos;
- Meios fraturados.

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Propriedades-índice das rochas

Porosidade

Meios porosos propriamente ditos:


Compreendem materiais de porosidade granular (ou de interstícios), representados por:
 Solos;
 Sedimentos;
 Rochas sedimentares.

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Propriedades-índice das rochas

Porosidade

Meios fraturados:
A porosidade, denominada porosidade fraturada, é originada pelos vazios resultantes da quebra
da rocha, ou seja, pelas descontinuidades.

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Propriedades-índice das rochas
Porosidade
Porosidade cárstica:
Comum em rochas solúveis (carbonatos e sais), é formada pela dissolução de porções da matriz
rochosa pela água que percola pelas descontinuidades.

Fonte: Iritani e Ezaki (2010).

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Propriedades-índice das rochas

Dupla porosidade

Quando o meio apresenta porosidade granular e secundária (de fraturas).

Exemplos:
 Algumas rochas sedimentares;
 Horizontes de transição solo-rocha.

Representação esquemática da disposição e fluxo em um meio com


dupla porosidade (intergranular/fraturado).
Fonte: Paula e Campos (2016).
Rochas com porosidade granular entrecortadas por
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descontinuidades
Propriedades-índice das rochas

Rochas ígneas e metamórficas intactas


Têm porosidade raramente superior a 2%, em geral relacionada às microfissuras.

O efeito de intemperismo, especialmente nas microfissuras, no contorno dos grãos e nas juntas,
pode acarretar aumento da porosidade, a qual serve como um índice bastante preciso ao se
avaliar a qualidade de tais rochas.

Resumindo:
• n  2% (sãs);
• 20%  n  50% (intemperizadas).

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Propriedades-índice das rochas
Em rochas sedimentares...
... formadas pelo acúmulo de grãos, fragmentos de rocha ou conchas, a porosidade varia de
aproximadamente 0 a 0.4 (n=40%).

Neste tipo de rocha, a porosidade geralmente decresce com a idade geológica e com a
profundidade, outros fatores mantidos constantes. Quanto mais antiga a rocha, maior a presença
de minerais estáveis; os instáveis já foram alterados, lixiviados e substituídos por outros estáveis,
conferindo menor espaço de vazios ao material (MARQUES E VARGAS Jr, 2022).

Resumindo:
Rochas sedimentares: 0 < n < 90%;
calcários – n  50%;
arenitos – n = 15% (valor típico).
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Propriedades-índice das rochas

Porosidade efetiva (𝑛𝑒 )

É o volume de poros efetivamente disponível para ser ocupado por fluidos livres (Ve ↔ exclui
todos os poros não conectados, inclusive o espaço ocupado pela água adsorvida nas argilas)
dividido pelo volume total.
Isso se deve à parte da água ser retida no solo ou na rocha pela ação das forças moleculares e
pela tensão superficial. Ou seja, apenas parte da água armazenada pode ser liberada.

𝑉𝑒
𝑛𝑒 = (%)
𝑉

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Propriedades-índice das rochas

Capacidade de retenção específica (𝑛𝑠 )

Da água contida no meio, parte é retida por efeitos capilares e moleculares, sendo expressa pela
capacidade de retenção específica (𝑛𝑠 ), definida pela relação entre o volume de água retida pelo
meio (Vs), após escoada a água livre ou gravitacional, e o volume total (V):
𝑉𝑠
𝑛𝑠 = (%)
𝑉

Como o volume da água liberado pela ação da gravidade é determinado pela porosidade efetiva,
a capacidade de retenção específica corresponde à diferença entre porosidade total e a porosidade
efetiva:
𝑛𝑠 = 𝑛 − 𝑛𝑒

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Propriedades-índice das rochas

Quando o meio apresenta porosidade de interstícios ou granular, permitindo a livre circulação


da água, e a importância relativa das descontinuidades é menor, em geral são válidas as leis que
regem os fluxos nos meios porosos, conhecidas na Mecânica dos Solos como lei de Darcy.

Para os meios com porosidade de fraturas, foram elaboradas leis específicas de escoamento,
no campo da Mecânica das Rochas.

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Propriedades-índice das rochas

Fatores que influenciam na porosidade

- Forma e imbricamento dos grãos;


- Presença de materiais de granulometria fina ocupando espaços intergranulares (argilas e
siltes);
- Presença de materiais cimentantes, geralmente constituídos por óxidos e carbonatos, que
podem preencher total ou parcialmente os poros do meio;
- Distribuição granulométrica propriamente dita.

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Propriedades-índice das rochas

Formas de se determinar a porosidade

1) Medida direta, através do volume de vazios, em laboratório:


- Saturação da amostra por imersão e submetida a vácuo - flotação/flutuabilidade (ISRM/2007).

Este método deve ser aplicado


apenas quando as amostras não
apresentam uma apreciável
expansibilidade ou
desfragmentação, quando
submetidas à elevadas temperaturas
da estufa e quando imersas em água.

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Propriedades-índice das rochas

Formas de se determinar a porosidade

1) Medida direta, através do volume de vazios, em laboratório:


Determina-se no ensaio:
- Massa saturada de superfície seca;
- Massa submersa;
- Massa seca.

Isso permite a obtenção do volume de vazios e total da amostra, e assim, a determinação da porosidade e
do peso específico aparente seco.
Os detalhes do ensaio podem ser encontrados em Rezende (2014).

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Propriedades-índice das rochas

Formas de se determinar a porosidade

2) Através do teor de umidade de saturação e da densidade relativa dos grãos:

𝑤𝑠𝑎𝑡 . 𝐺𝑠
𝑛= para Sr = 100(%)
1 + 𝑤𝑠𝑎𝑡 . 𝐺𝑠

3) Medida através de lâmina delgada:


- Contagem de poros em lâminas delgadas, com uso de microscópio.

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Rezende (2014).

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ROCHA IDADE PROFUNDIDADE (m) POROSIDADE
(%)
Anfibolito W1 (MG) Proterozóico Superfície 0,56
Anfibolito W1/W2 (MG) Proterozóico Superfície 0,36
Anfibolito foliado W1 (MG) Proterozóico Superfície 0,21

Arenito W1 (Triângulo Cretáceo Superfície 11,69


Mineiro)

Arenito W2 (Triângulo Cretáceo Superfície 10,86


Mineiro)

Arenito W3 (Triângulo Cretáceo Superfície 32,42


Mineiro)

Arenito W4 (Triângulo Cretáceo Superfície 23,99


Mineiro)
Argilito Terciário Próx. à superfície 22,0 a 32,0
Calcário (UK) Carbonífero Superfície 5,7
Calcário Bermuda Recente Superfície 43,0
Diabásio Frederick 0,1
Dolomito Niagara Siluriano Superfície 2,9
Folhelho Cretáceo 210 33,5
Folhelho Cretáceo 2130 7,6
Gabro San Marcos 0,2
Giz (UK) Cretáceo Superfície 28,8
Granito são (MG) Proterozóico Superfície 3,3
Granodiorito (MG) Proterozóico Superfície 1,7
Granito decomposto 20,0
Kinzigito (RJ) Proterozóico Superfície 0,6 Adaptado de Marques e Azevedo (2006).
Mármore 1,1
Xisto grafitoso (MG) Proterozóico Superfície 4,1
Quartzo bitotia xisto W2/W3 29
Proterozóico Superfície 2,35
(MG)
Propriedades-índice das rochas
Teor de umidade (w)
Propriedade diretamente relacionada com a porosidade.

𝑀𝑤
𝑤= (%)
𝑀𝑠

Para rochas que se encontrem completamente saturadas (Sr = 100%), pode-se definir o teor de
umidade de saturação (𝑤𝑠𝑎𝑡 ).

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Propriedades-índice das rochas
Algumas relações entre índices físicos, usados na classificação e identificação de rochas, são
expressas por meio das seguintes equações:

Gs w  S e
s Gs  S e
d   sat  w
 d  G s  w (1n ) 1e 1 e

n w sat G s
e n , S100 %
1n 1 w sat G s

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Propriedades-índice das rochas
Muita calma nessa hora porque é possível se deduzir todas estas equações!

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Propriedades-índice das rochas
Velocidade de propagação de ondas ou velocidade sônica
Vibrações nas rochas se propagam, principalmente, por meio de ondas longitudinais e
transversais. Teoricamente, a velocidade com que uma onda se propaga através da rocha
depende exclusivamente de suas propriedades elásticas (E, ) e de sua massa específica, .

Na prática, o que se tem observado é que o grau de fissuramento da rocha interfere nessas
medidas (a velocidade de propagação diminui com a presença de fissuras). Desse modo, a
velocidade de propagação da onda pode ser usada como índice para avaliar o grau de
fissuramento da rocha (GOODMAN, 1989).

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Velocidade de propagação de ondas
Logo, conclui-se que:

- a velocidade de propagação da onda diminui com o aumento da porosidade da rocha  rocha


mais alterada: v  se n .

- a velocidade de propagação da onda se eleva com o aumento da densidade da rocha  rocha


menos alterada: v  se  .

- a velocidade de propagação da onda aumenta com o nível da tensão aplicada  diminui a


porosidade: v  se   (uma vez que n ).

- a velocidade de propagação da onda aumenta com o teor de umidade na rocha  água


preenchendo os vazios: v  se w .

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Velocidade de propagação de ondas
Este índice é muito usado para determinar zonas de fraturamento e, ou, alteração em escavações
subterrâneas.

Velocidade de propagação de onda em uma amostra de rocha pode ser obtida da seguinte maneira:

um cristal piezoelétrico (quartzo ou turmalina), emissor de ondas longitudinais, é adaptado a uma


extremidade do corpo de prova cilíndrico. Na face oposta, é adaptado o cristal piezoelétrico
receptor de vibrações. O tempo gasto para o percurso é determinado pela diferença de fase em um
osciloscópio. A velocidade de propagação longitudinal (vl) é calculada por
𝐿
Em que: 𝑉𝑙 =
𝑡
L – comprimento do corpo-de-prova
T – tempo de percurso da onda (medido). 35
Velocidade de propagação de ondas
Por serem não destrutivos, os ensaios de velocidade de propagação
de ondas podem ser realizados sobre as mesmas amostras em que se
realizaram os ensaios de resistência à compressão uniaxial.

Através de dois transdutores (um transmissor e um receptor de


Equipamento de teste ultrassônico Pundit Lab,
ondas) de frequência 500 kHz, acopla-se as amostras entre os da Proceq.

mesmos, utilizando-se entre eles uma fina camada de vaselina, para


se garantir um perfeito contato entre as superfícies. A velocidade de
propagação de ondas (Vp) é calculada por meio de tempo necessário
para que a onda sonora se propagasse de um transdutor a outro.

36
37
Velocidade de propagação de ondas

Velocidade de onda longitudinal de rochas. Adaptado de Goodman (1989) e Rezende (2016). 38


Velocidade de propagação de ondas
Fourmaintraux (1976) propõe um índice de qualidade, IQ, de rochas com base na velocidade de
propagação de ondas longitudinais, obtido da seguinte maneira:
a) Calcula-se a velocidade longitudinal da onda na amostra, de acordo com a sua composição
mineralógica (velocidade que ocorreria se o espécime não tivesse poros nem fissuras). Conhecida,
portanto, a composição mineralógica da amostra, tem-se: 1 n C
* 
 i
vl i 1 v l,i
Em que:
vl* - velocidade de propagação longitudinal na rocha;
Ci – volume ocupado pelo material i em %;
N – número de materiais presentes na amostra;
Vl,i – velocidade de propagação longitudinal da onda no material constituinte i (ver tabela). 39
Velocidade de propagação de ondas
1 n Ci
* 

v l i1 v l,i

Velocidade de onda
longitudinal dos minerais
(FOURMAINTRAUX,
1976).

Com base em medidas de laboratório e observações das fissuras através de microscópios,


Fourmaintraux verificou a extrema sensibilidade do índice IQ com o grau de fissuramento da
rocha e propôs uma classificação para as amostras em função de IQ e da porosidade, como base
para descrever o grau de fissuramento .

40
Velocidade de propagação de ondas
b) Determina-se a velocidade de onda longitudinal (vl) da amostra de rocha em laboratório.
c) Calcula-se o índice de qualidade (IQ) por meio da equação:
vl
IQ (%) * 100%
vl
Fourmaintraux (1976) observou que o índice de qualidade é ainda influenciado pela presença dos
poros e propôs a seguinte relação para IQ:

IQ(%)  100 1,6 n p %

Em que np % é a porosidade da rocha não-fissurada.

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Velocidade de propagação de ondas
Com o valor da porosidade conhecido e o valor de IQ calculado, é definido um ponto em uma das
cinco faixas:

(I) não-fissurado a levemente fissurado


(II) levemente a moderadamente fissurado
(III) moderadamente a fortemente fissurado
(IV) fortemente a muito fissurado
(V) muito a extremamente fissurado

Esquema de classificação do grau de fissuramento da


42
rocha.
Alterabilidade e durabilidade
Rochas são mais ou menos afetadas por ciclos de variação no nível de tensões, por:
- aquecimento-resfriamento,
- umedecimento-secagem,
- congelamento-degelo,
- descarregamento-carregamento, que levam à fadiga e ruptura do material.

Quanto mais durável for uma rocha, menos ela se desintegrará.

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Alterabilidade e durabilidade
Exemplos:
Granitos: intactos, são duráveis pois podem ser submetidos a ciclos de umedecimento-
secagem sem se desintegrarem.
Folhelhos – incham ou desintegram-se quando expostos às condições atmosféricas.

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Alterabilidade e durabilidade
Índice de alterabilidade
Está diretamente relacionado à velocidade de intemperismo da rocha e indica sua
tendência de desagregação.

Oferece uma faixa relativa de durabilidade da rocha.

Entre os processos que alteram as propriedades das rochas, pode-se citar tanto químicos,
como hidratação, solução e oxidação; quanto físicos, tais como esfoliação, desagregação e
abrasão.

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Alterabilidade e durabilidade
Índice de alterabilidade
Alterabilidade é a facilidade que uma determinada rocha tem de se alterar.

Durabilidade é o inverso da alterabilidade, ou seja, a dificuldade que uma determinada


rocha tem em se alterar.

O índice de durabilidade pode ser determinado através dos ensaios de durabilidade.

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Alterabilidade e durabilidade
Ensaio de durabilidade
Ensaio proposto por Franklin e Chandra (1972), utilizado para determinar a resistência de
rochas a ciclos de molhagem-secagem.

O aparelho utilizado consiste de um cilindro de 140 mm de diâmetro e 100 mm de


comprimento.

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Alterabilidade e durabilidade
Ensaio de durabilidade
As paredes do cilindro são formadas por uma malha metálica com abertura de 2 mm.
Uma amostra de rocha de aproximadamente 500 g é quebrada em 10 pedaços de 40 a 60 g,
previamente secos e pesados, que são colocados dentro do cilindro.
O cilindro é imerso em um tanque com água (ou qualquer outro fluido de interesse – água de
mina, por exemplo) e submetido a uma velocidade de 20 rpm durante 10 minutos.
Amostras de rocha de moderada a baixa durabilidade desintegram-se progressivamente e os
fragmentos passam através da malha.
Após os 10 minutos, o cilindro com a fração remanescente da amostra é removido, levado a secar
em estufa e a fração remanescente da amostra é pesada.

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Alterabilidade e durabilidade
Ensaio de durabilidade
A relação entre o peso seco da fração de amostra retida no cilindro e o peso inicial da amostra é
definida como índice de durabilidade (Id):
peso final
Id 
peso inicial

Os valores de Id aproximam-se de zero para as amostras altamente suscetíveis à desagregação e de


100% para materiais que se desagregam muito pouco.

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Alterabilidade e durabilidade
Ensaio de durabilidade
Gamble (1971) propôs que se submetesse a amostra a um segundo ciclo de 10 minutos após a
secagem.
Uma classificação de durabilidade proposta por Gamble (1971) é apresentada na Tabela.

Fonte: Goodman (1989).

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Alterabilidade e durabilidade
Ensaio de durabilidade
Foi observado que a durabilidade varia diretamente com a densidade e inversamente com
o teor de umidade natural:
Id  densidade
Id  1/umidade

Em relação a outros ensaios de desgaste, tais como o ensaio de Los Angeles ou o ensaio
de Micro-Deval, o “Slake” é um ensaio simples de efetuar pois necessita de amostras
pequenas (Ferreira e Antão, 2006).

51
Alterabilidade e durabilidade
Exemplo: Resultado do ensaio na rocha gnáissica Madeira Branca intacta (Filho, Xavier
e Maia, 2013).

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Ensaio com esclerômetro de Schmidt
Utilizado para determinação da resistência à compressão uniaxial (UCS) da matriz
rochosa, a partir de valores de rebote (R), em especial para os materiais existentes nas
paredes de descontinuidades.
Há dois tipos de martelos:
- Tipo L – para ensaios em materiais menos resistentes –
intemperizados, porosos ou brandos;
- Tipo N – para ensaios de campo.

Esclerômetro de Schmidt Tipo L da Proceq.

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Ensaio com esclerômetro de Schmidt
Amostras devem ter, preferencialmente:
- Diâmetro > 54,7mm, para ensaios com martelo tipo L;
- Diâmetro > 84mm, para ensaios com martelo tipo N.
- Blocos devem ter no mínimo 100mm de espessura no ponto de impacto.
- Aconselha-se a utilização de uma base de aço para a realização dos ensaios.

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Ensaio com esclerômetro de Schmidt
Martelo mecânico vs martelo digital

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Ensaio com esclerômetro de Schmidt
Martelo mecânico vs martelo digital

• Modelos mecânicos apresentam como resultado o valor de


rebote (R), que depende da inclinação de realização do ensaio
(direção vertical, inclinado para baixo, na horizontal, etc.) .

• Modelos digitais não necessitam de correção relativa à


inclinação, mas o valor do rebote (Q) deve ser corrigido para a
obtenção de R.

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Ensaio com esclerômetro de Schmidt
Correlações de literatura mais comuns:

Winkler e Matthews (2014):


R = {(Q-8,5605)/1,0008}

Deere e Miller (1966):


UCS = 6,9 x 10(0,0087R+0,16)

Baesso (2021)

57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• AZEVEDO, I. C. D.; MARQUES, E. A. G. Introdução à mecânica das rochas. Ed. UFV, 2006. 361p.

• BAÊSSO, A. C. D. Estudo experimental da determinação da resistência à tração direta de rochas.


Dissertação de Mestrado, PUC-RJ. 2021.

• FERREIRA, M. Q.; ANTÃO, A. M. Utilização do “Slake Durability Test” na caracterização da


alteração de granitos. VII Congresso Nacional de Geologia, 2006.

• FILHO, J. L. E.; XAVIER, G. C.; MAIA, P. C. A. Análise da durabilidade de gnaisse através de


ensaio de desgaste. VÉRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v.15, n. 3, p. 7-16, set./dez. 2013.

• GOODMAN, R.E. Introduction to rock mechanics. 2ª Ed. New York: John Wiley & Sons, 1989. 562 p.

58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• MARQUES, E. A. G; VARGAS Jr, E. A. Mecânica das rochas. Oficina de Textos, 2022.

• PAULA, T. L. F; CAMPOS, J. E. G. Aquíferos com fluxos controlados simultaneamente por


porosidade intergranular e planar: aplicação a rochas metassedimentares do Alto Paraguai, MT,
RBRH Vol. 21 NO .1 Porto Alegre Jan./Mar. 2016 P. 11 – 24, DOI: 10.21168/RBRH.V21N1.P11-24.

• REZENDE, K. S. Classificação geomecânica e tentativas de correlações de propriedades


geotécnicas de rochas da mina de Volta Grande, Nazareno, MG. Trabalho de conclusão de curso,
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa.

• REZENDE, K. S. Correlações entre propriedades geomecânicas para anfibolitos e xistos do sul do


estado de Minas Gerais, Brasil, Dissertação de mestrado, Departamento de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Viçosa.

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