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Petrologia Magmática

TÓPICO I – GENERALIDADES
I.2. ALGUMAS
PROPRIEDADES DOS
MAGMAS
Aula [4]
I.2.1. LÍQUIDO (MELT) ×
MAGMA
Líquido (melt) × magma

a cristalização de uma rocha magmática


traduz a transição de um sistema a um
constituinte – líquido (=melt), até um
sistema a vários contituintes
independentes – magma e depois rocha
O magma como sistema

sistema com 1 fase = melt


líquido + voláteis dissolvidos

somente situações de muito alta T


o magma se encontra inteiramente líquido
sistema com 2 fases
2 líquidos imiscíveis
raras situações de dois líquidos
imiscíveis – silicático e carbonatítico
sistema com 2 fases
líquido + bolhas de fluído volátil

sistema com 2 fases


líquido + cristal X
sistema com 4 fases
líquido + bolha + cristal X + cristal Y
melt e magma não são necessariamente
a mesma coisa!

Líquido = melt
parte essencial do magma
solução de íons a alta T
silicático – raro carbonatítico
Líquido = melt
Difere do arranjo estrutural dos cristais
Os átomos possuem um ordenamento
estrutural com tetraedros Si-O algo
mais distorcidos do que o dos cristais
A unidade estrutural fundamental é o
tetraedro (SiO4)4-
Líquido = melt
As cadeias de tetraedros Si-O formam
polímeros dentro do líquido

Outros íons – Ca++, Mg++, Ti4+, Fe3+


competem pelos ânions disponíveis e
tendem a se ligar com oxigênio e
podem modificar o grau de
polimerização Si-O
I.2.2. VOLÁTEIS NO
MAGMA
Constituintes voláteis no magma
Evidências da participação de voláteis
nos sistemas magmáticos:
minerais hidratados (e.g. micas e/ou
anfibólios)
erupções vulcânicas explosivas
inclusões gasosas e líquidas em
minerais
Os constituintes voláteis de um magma
são espécies químicas que em pressão
atmosférica e temperaturas magmáticas
existem como fase gasosa ou vapor:

H2O, CO2, HCl, HF, F, Cl, H2S, CO,


CH4, O2, NH3, S2
A fração volátil mais importante dos
magmas é a H2O e em segundo lugar
CO2
A profundidades acima de 1 km não há
distinção entre líquido e gás, e a fração
volátil comporta-se como fase fluída
de baixa densidade, geralmente
<2g/cm3
Fase fluída volátil × melt
Não confundir a fase fluída volátil de
um magma com a fase líquida silicática
(melt), cuja densidade em geral é
>2,2g/cm3

O líquído silicático (melt) em geral


contém ou voláteis dissolvidos ou uma
fase volátil fluída separada
H2O Solidus Liquidus
líquido
P Melt + H2O
dissolvida
líquido
Melt + H2O
dissolvida
sólidos +
+ cristais
vapor 2 fases
Melt + vapor

T
Voláteis
Faixas de valores nos diferentes magmas

komatiítico basáltico andesítico riolítico


seco? variável comum comum
comum 2 a 3% até 7%
<2%
Solubilidade dos voláteis no magma
A solubilidade de uma determinada
substância volátil é uma medida da
quantidade máxima desta substância
que pode ser uniformemente dissolvida
em um magma (melt), acima da qual
esta substância passa a existir como
fase separada
Solubilidade dos voláteis no magma
Assim pode-se falar em saturação de
voláteis nos magmas:

de
dissolvido exsolvido

da
ili
lu b
P insaturado saturado
so
e/ou
de

T
te
mi
Li

Concentração de voláteis
Solubilidade dos voláteis no magma

A solubilidade das substâncias voláteis


no magma varia em função de P, T e
composição dos magmas.
Solubilidade dos voláteis no magma
aumenta pressão, aumenta solubilidade
isto é, dissolve maior % de voláteis
aumenta temp., diminui solubilidade
isto é, dissolve menor % de voláteis

são efeitos opostos, mas o efeito da


pressão é mais preponderante
Exsolução da fase volátil
Duas situações limite

a) Descompressão – ascenção adiabática


do magma

b) Resfriamento isobárico (P constante)


exsolução da fase volátil
Descompressão – ascenção adiabática
insaturado em água saturado em água

e
ad
i l id
lu b
so
P
líquido líquido
de

+
rva
c u bolhas
0
0 Concentração de água (%peso)
exsolução da fase volátil
Resfriamento isobárico (P constante)
retro-ebulição líquido
Melt + H2O
P
líquido dissolvida
+
cristais
saturado anidros insaturado
em água em água

Solidus Liquidus
T
I.2.3. TEMPERATURA,
VISCOSIDADE E
DENSIDADE
Temperatura

medidas diretas em vulcões


simulação em laboratório de
temperaturas liquidus e solidus de
magmas de composições diferentes
- Faixas de valores em ºC -

komatiítico basáltico andesítico riolítico


1200-1400º 900-1100º
1000-1200º 700-900º
Viscosidade
Do ponto de vista dinâmico é a
propriedade mais importante do magma

É a maior ou menor resistência ao fluxo


No melt esta resistência significa
imobilidade dos átomos
Dois estilos diferentes de escoamento da lava:

menor mobilidade maior mobilidade


mais viscoso mais fluído
A morfologia dos vulcões resulta da mobilidade das
lavas
Vulcão tipo escudo
Havaí
~200km
magma basáltico – vários
km/h
Domo de lava
Mont Pelée
(Martinica – Antilhas) ~ 1km
magma andesítico- riolítico
“pasta de dente”
viscosidade é definida pela facilidade de
fluir sob tensão cisalhante
 =  (dv/dy) =  (d/dt)
 = tensão cisalhante (força/área)
dv/dy = gradiente de velocidade
d/dt = taxa de deformação
(taxa de mudança da forma)
viscosidade é medida em
Pa s (Pascal × segundo) ou
Poise (Po) (10 poise = 1 Pa s)

Sólidos = 1020 a 1026 poises


Líquidos magmáticos = até 1010 poises
Mel = 102 poises
Água = 10-2 poises
Faixas de valores de viscosidade
(em poises) nos diferentes magmas

komatiítico basáltico andesítico riolítico


menor maior
102 - 103 104 - 105 106 - 107
Fatores que afetam a viscosidade

Grau de polimerização do melt


Presença de cristais
Presença de voláteis
Temperatura
viscosidade × grau de polimerização
quanto maior a polimerização do melt,
isto é, sua estruturação em cadeias de
tetraedros Si-O, menor a mobilidade dos
átomos

maior polimerização, maior viscosidade


maior % sílica, maior polimerização
maior % sílica, maior viscosidade
viscosidade × quantidade de cristais
Pela presença ou não e quantidade de
cristais
presença de cristais aumenta a
viscosidade
fala-se em viscosidade efetiva, que leva
em conta tamanho e quantidade dos
cristais
viscosidade × voláteis no magma
presença de água dissolvida no magma
provoca despolimerização do melt
reduz viscosidade

magma seco, mais viscoso


magma hidratado, mais fluído
viscosidade × temperatura
aumento da temperatura aumenta a
energia cinética dos átomos e “afrouxa”
a estrutura do melt
reduz viscosidade

aumento da temperatura diminui a


viscosidade
Em síntese:
A viscosidade é menor a:

Maior temperatura
Maior concentração de voláteis
Menor concentração de sílica
Menor quantidade de cristais
viscosidade × composição × temperatura
10 magmas anidros
Log Viscosidade (poises)
0 º C
100
8

andesito
0º C
1 2 0
6 º C
basalto
0
14 0
4

riolito
2

50 60 70 %SiO2
viscosidade × cristalização × temperatura

Log Viscosidade (poises) 5 basalto

Início da cristalização
4

3
líquido
2 +
líquido cristais
1400 1300 1200 1100 T(ºC)
viscosidade × quantidade de voláteis
10 riolito a 1000ºC
Log Viscosidade (poises)
8
6

4
2

2 4 6 8 10 %H2O
Densidade - 
Massa dividida pelo volume M/V
unidade g/cm3 ou Kg/m3

densidade de diferentes tipos de melt


varia de 2,8 g/cm3 a 2,2 g/cm3

densidade de diferentes minerais varia


de 5 g/cm3 a 2,6 g/cm3
Densidade de melts × magmas × rochas
melts silicáticos são 10 a 20% menos
densos que as rochas de composição
equivalente

Maior diferença ocorre quando o magma


possui bolhas de voláteis, as quais
podem diminuir a densidade do magma
a valores tão baixos quanto 0,05 g/cm3
Importância da densidade
O espectro de variação de densidade
entre os diferentes tipos de magma é
muito menor que o da viscosidade

O efeito maior da densidade está no


contraste de densidade entre sólidos e
melt, ou entre diferentes parcelas do
magma
A densidade é uma propriedade física
importante em processos como:
a ascenção do magma após a fusão
parcial da fonte
incorporação de sólidos externos ao
magma
mistura de magmas
convecção em corpos de magma
Densidade melt × cristais 4,4 4,8-5,2
3,6 Ox
3,4 Bt
Densidade g/cm3

3,2 Ol
CpxOpx
3,0
Hbl
2,8 Plg
Qz basalto
2,6
andesito
2,4 Kf
2,2 riolito
800 1000 1200 T (ºC)
Densidade × avanço da cristalização
Durante a evolução de um mesmo
magma poderá haver diferença de
densidade entre o início e o final da
cristalização
Por ex., fases menos densas no início, o
magma aumenta a densidade ao final; ou
vice versa.
Densidade aumenta com a pressão
resultado da compressibilidade dos
líquidos
Densidade g/cm3

3,0
2,8
basalto
2,6
2,4 andesito
2,2
0 10 15 P (Kbar)
Densidade × empuxo
A interação entre contraste de densidade
e a força da gravidade é muito
importante da dinâmica dos magmas

Neste caso, os contrastes de densidade


produzem forças de empuxo (buoyancy)
Densidade × empuxo
Corpos mais densos que seu entorno
experimentam empuxo negativo
Corpos menos densos experimentam
empuxo positivo, tendem a subir
Empuxo tende a zero quando os corpos
possuem as mesmas densidades
Densidade × empuxo
O resultado entre forças de empuxo e as
forças de resistência contrárias é que
fazem com que um corpo afunde –
empuxo negativo, ou ascenda (flutue ou
flote) – empuxo positivo
Muitos fenômenos magmáticos
envolvem empuxo entre partículas
(cristal, rocha ou bolha de voláteis) e o
magma ou melt
Densidade × empuxo
Há situações onde os cristais podem
afundar ou flotar dentro de um corpo de
magma
A possibilidade de empuxo negativo
(tendência a afundar) ou positivo
(tendência a flotar) entre cristais e o melt
depende da pressão
Exemplo da variação do densidade com
a pressão entre plagioclásio e o melt
basáltico
alta P - flota
Densidade g/cm3

3,0 baixa P - afunda


a l t o
2,8 bas
a g io c lá si o An
2,6 P l 90

2,4
2,2
0 10 15 P (Kbar)
Exemplo da variação de densidade com
a pressão entre olivina e o melt
komatiítico

9 6
Fo

Profundidade (km)
a
160

v in
400

Oli
P (Kbar)

120
t o 300
80 t ií
ma Ponto 200
40 ko neutro 100
0 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6
Densidade g/cm3

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