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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS ARAQUARI

CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO

GABRIEL GONSALEZ 1, LUCAS SCOPEL 2, MATHEUS PETRICH 3 E WILLIAN


FURLAN 4

DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO DO BRASIL DE 1860 A


1953

Análise do papel do estado na indústria petrolífera

Resumo: A evolução da indústria petrolífera, acarretou em diversas transformações


na humanidade e em seus processos de produção, o propósito deste artigo é
mostrar tais transformações decorrentes dessas mudanças no Brasil, nos foi
observado que mesmo com tanta abundância de recursos petrolíferos, o Brasil se
mostrou desinteressado no setor industrial de petróleo.

Palavras-chave: Petróleo, Recursos petrolíferos, PETROBRAS, Campanha do


petróleo.

Abstract: The evolution of the oil industry has resulted in several transformations in
humanity and its production processes, the purpose of this article is to show such
transformations resulting from these changes in Brazil, it was observed that even
with such an abundance of oil resources, Brazil proved to be uninterested in the
industrial oil sector.

Keywords: Petroleum, Petroleum Resources, PETROBRAS, Petroleum Campaign.


INTRODUÇÃO:

É cada vez mais evidente, no suceder da sociedade, o quanto a produção de


petróleo se torna mais importante para a nossa civilização, para vida e produção dos
indivíduos, e de suas empresas que estão estabelecidos nela, conforme avançamos,
mais e mais se faz necessário um desenvolvimento contínuo dos meios de produção
de tal óleo. Neste trabalho iremos abordar o desenvolvimento da indústria de
petróleo no brasil, suas transformações no decorrer do tempo.

Considerações: Este artigo tem como referência o livro: A questão da Petrobras no


Brasil, todas as citações, tal como o desenvolvimento geral do artigo se dá por essa
pesquisa.

1. Período de 1860 a 1890:

Nesse período vemos que a busca para a exploração de petróleo e de outras


fontes enérgicas do período (carvão, xisto-betuminoso e piro-betuminoso), eram
quase nulas e sem importância no Período do Império, além de que a legislação
daquela época sobre as posses e legislação do trabalho ainda não estavam
evidentemente bem elaboradas:

‘’ A legislação de minas do período imperial. por sua vez. não se


sustentava em nenhum código legal específico. sendo definida em
seus aspectos fundamentais pelo texto da constituição de 1824 e pela
lei e terras de 1850 o princípio básico estabelecido é que o subsolo
constituía propriedade do estado, podendo entretanto ser explorado
por particulares. A propriedade não garante qualquer direito especial
sendo obrigado a autorização.’’

DIAS, José Luciano de Mattos et al. Um difícil petróleo:: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José Luciano de
Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de Gomes Castro,
[1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 2.

Sendo as únicas iniciativas de pesquisas geológicas no brasil para procura de


produção de energia sendo feitas apenas por grandes proprietários ingleses como
Thomas Denny Sargent e Eduardo Pellew Wilson, e a única busca que vemos por
petróleo no Brasil naquele período, foi uma concessão feita em 1864 para Thomas
denny, que o concedia a permissão de explorar por 90 anos para si mesmo, uma
turfa de petróleo em ilhéus na bahia, que não teve nenhuma investigação geológica
no local ou de natureza certa das jazidas, também era bastante vaga em relação aos
minerais que que pesquisavam e as técnicas empregadas, já o Wilson que apesar
de ‘’Brasileiro’’ dono de muitas jazidas passou suas concessões para os Lord
Walsingham e John Cameron Grant donos da John Grant and Company (que era
produtora de óleos para iluminação, parafina, ácido sulfúrico e sabão), a Expansão
ferroviária para o sul gerou algum interesse no império, para a exploração de carvão
e xisto, pois como os transporte ferroviários eram movidos a vapor, o carvão seria
uma ótima aquisição a exploração de tal para as ferrovias, porém não teve nenhum
resultado concreto.
1.1 Algumas regalias dadas a Thomas denny:

“Plenos direitos de propriedade da mina; a permissão para a desapropriação


das terras de propriedade de terceIros; a isenção de impostos para a
importação de equipamentos e para a exploração da turfa e petróleo, e
determinavam as condições de desembarque e transporte dos
equipamentos’’

“[...] o decreto isentava os trabalhadores empregados na pesquisa ou na


lavra de recrutamento para a Guarda Nacional. Também fixava a quantia de 2
mil réis. a ser paga por cada data mineral demarcada, um Imposto de 1%
sobre os rendimentos líquidos da exploração de petróleo, turfa e outros
minerais, e de 5% sobre os rendimentos líquIdos da exploração de metais
preciosos eventualmente encontrados’’

DIAS, José Luciano de Mattos et al. Um difícil petróleo:: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José Luciano de
Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de Gomes Castro,
[1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 2.

2. Período de 1890 a 1930:

Devido às mudanças ocasionadas pelos ideais liberais e federativos no país, houve


uma mudança de governo (de monárquico para republicano), o que levou numa
nova constituição que possuía mudanças explícitas, como a mudança abrupta das
propriedades privadas (considerando que a propriedade era o solo e o subsolo),
além de reduzir as extensões de terras públicas sob jurisdição do estado, isso
culminou no enorme desastre na atividade mineira, onde as jazidas foram jogadas a
esfera privada e onde às disputa de herdeiros, conflito de posses e demarcações de
limites reinavam.

Poucas tentativas da iniciativa privada deram certo naquele momento, justamente


pelo motivo que atividade de exploração de jazidas era muito cara, e rendia pouco
lucro momentâneo, alguns desses exemplos são :

“Eugênio Ferreira de Camargo (1869- 19 19). de conhecida família paulista, adquire


em 1892 terras incluídas em uma antiga concessão para a exploração de carvão em
Bofete, São Paulo. Prosseguindo uma sondagem realizada pelo proprietário anterior,
encontra vestígios de óleo. Em seguida, contrata um cientista belga, Auguste Collon.

Então vivendo em São Paulo, para que fizesse um relatório sobre as possibilidades
petrolíferas da região. Com as perspectivas favoráveis oferecidas pelo trabalho de
Collon. Camargo leva adiante seu projeto, adquirindo uma sonda Keystone, com
capacidade para perfurar 650 metros, e contratando um sondador norte-americano.

Artur Reardon para conduzir a perfuração. Na locação definida por Collon, os


trabalhos avançam no correr do ano de 1897, até a profundidade de 480 metros,
tendo sido retirados do poço dois barris de óleo. Os gastos elevados e o pouco
resultado obtido certamente determinaram o abandono das atividades.’’

DIAS, José Luciano de Mattos et al. A legislação liberal sob ataque: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José
Luciano de Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de
Gomes Castro, [1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 8.

Com isso vemos o impacto causado pela mudança da propriedade e a retirada do


Estado sobre a iniciativa mineira, o que nos culminou em 9 anos de atraso na
mineração petrolífera. Através disso o estado começou a passar lentamente
retomando a regulação no setor de mineração.

Em 1907 o ministério da agricultura convida Orville derby para comandar a SGMB


(serviço geologico e mineralogico do brasil), 8 anos depois é criada uma
regulamentação chamada lei de calógeras :

“Apresenta um grande esforço legal para contornar os direitos absolutos do


proprietário do solo, estabelecidos na Constituição. Proibia-se a divisão da mina entre
herdeiros da propriedade do solo; permitia-se a administração direta das minas pelo
governo federal se fosse da vontade do proprietário e criava-se a figura do ‘ inventor
de minas’ “

DIAS, José Luciano de Mattos et al. A legislação liberal sob ataque: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José
Luciano de Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de
Gomes Castro, [1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 10.

Porém o Brasil apenas foi tomar ciência da importância da importação petrolífera


com o surgimento da primeira guerra mundial, quando a demanda por itens
petrolíferos explodiu de maneira alarmante. A partir de então, vemos a maior
protagonização da SGMB na procura de jazidas de petróleo no Brasil, onde tinham
três possibilidades de pesquisa para a produção do petróleo, fornecida por david
white, em que SGMB se focou, no sul, no nordeste e na amazônia.

As pesquisas duraram 10 anos, e apesar de não terem achado petróleo,


conseguiram uma grande experiência em profissionais petrolíferos, mesmo sem
qualquer investimento de grande escala do governo federal e com equipamentos
ultrapassados, assim acumulando um grande conhecimento sobre a geologia do
país.
DIAS, José Luciano de Mattos et al. A legislação liberal sob ataque: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José
Luciano de Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de
Gomes Castro, [1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 13.

3.Período de 1930 a 1938:

Com a tomada do poder feita pelo Getúlio Vargas e a implementação do governo


provisório, aconteceu uma reforma no ministério da agricultura sob o comando do
Tenente Juarez Távora, havendo algum tempo depois a extinção da SGMB e a
criação da DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral) devido à
problemas financeiros de gestão, muito provavelmente vinda da crise financeira
mundial. O departamento não teve grande aquisição de recursos, além de todas as
perfurações nos pontos já catalogados não teve grande sucesso, fazendo com que o
departamento fizesse uma reavaliação geral, a iniciativa privada se fez ausente no
investimento e nas pesquisas de jazidas. No ano seguinte um engenheiro
desconhecido, diz ter achado resquícios de óleos em Alagoas, essa notícia
repercutiu muito nos jornais, pois contradizia o DNPM, o que gerou um conflito de
acusações e pesquisas em cima dessa descoberta, com isso vários pesquisadores
tomaram um lado. Depois de anos de discussões a afirmação do Engenheiro estava
correta e em 1939 (já sob a jurisdição do Estado novo), é achado petróleo.

4. Período de 1939 a 1953:

Com a descoberta do Petróleo em Lobato a exploração foi assumida pelo CNP


(Conselho Nacional de Petróleo), e mesmo com a incrível descoberta, a jazida
perdeu vazão rapidamente, então a partir daí começaram os planos do governo de
mapeamento geológico do recôncavo baiano em conjunto com uma companhia
norte-americana, a United Geophysical Co, o que culminou em resultados não
muitos significativos a princípio, somente 2/3 anos depois com a descoberta de
petróleo em Candeias e Itaparica e gás natural em Aratu.

A gestão da CNP era muito mais estratégica do que a DNPM como vemos na
citação:

‘’O CNP era bem mais flexível que o DNPM no manejo de suas verbas, que
também eram maiores. Isso permitiu, por exemplo. a contratação de firmas
prestadoras de serviços. como as norte-americanas Drilling and Exploration Co ..
encarregada da perfuração dos poços. e United Geophysical co’’

DIAS, José Luciano de Mattos et al. O conselho Nacional do petróleo: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José
Luciano de Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de
Gomes Castro, [1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 23.

Mesmo com toda relevância no descobrimento e no desenvolvimento nas pesquisas


de Petróleo, o CNP começou a perder força com o passar do tempo e com as
limitações cada vez maiores impostas pelos governantes:
‘’Em 1944, sob a nova gestão do general João Carlos Barreto, a firma de
consultoria De golyer and MacNaughton é contratada para realizar a supervisão
das atividades de exploração desenvolvidas pelo CNP e opinar sobre as
possibilidades petrolíferas do país. Coube à mesma firma dar início à formação de
geólogos de petróleo brasileiros.1937 Nesse mesmo período reclama-se também
a aerofotogrametria. a cargo da Cruzeiro do Sul. a tomada de perfis elétricos.
trabalho feito pela Schlumberger. e a contratação de mais empresas de geofísica.
como a Exploration Surveys Inc e a Geophyslca1 Service Inc.’’

DIAS, José Luciano de Mattos et al. O conselho Nacional do petróleo: A extração antes da Petrobrás. In: DIAS, José
Luciano de Mattos. A questão da Petrobras no Brasil: Uma história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de
Gomes Castro, [1993]. cap. Gás e petróleo no Brasil Imperial 1, p. 23.

Em 1946 com a queda do Estado Novo e a redemocratização do Brasil, o CNP


começou a desempenhar funções muito distintas, indo de fiscalização do mercado
de combustíveis à produção de campos de petróleo, em que sua forma estrutural
não era prevista para lidar com isso.

Com o descobrimento pelo CNP de jazidas no nordeste, metade dos pedidos


continuavam sendo para a bacia do Paraná em razão do acesso às outras áreas do
Brasil, que eram todos muito caros para iniciativa privada, o que fazia seus
investimentos ficarem todos presos ao centro-sul.

Em 1950 começaram a realizar sondagens no Pará e em Sergipe, nos anos


seguintes iniciaram-se outras sondagens em São Paulo, Paraná e no Amazonas.
Com o começo dos surgimentos de exploração nesses lugares, nasce a
necessidade de as dividí-las regionalmente entre Serviço Regional da Bahia (SRBA)
e o Serviço Regional da Amazônia (SRAZ).

Conclusão:

Concluímos que os setores indústrias nacionais, não se desenvolvem sem um


investimento forte nacional, e que exige um trabalho de décadas de gastos públicos,
para manter as pesquisas ávidas e em constante desenvolvimento e atualizações,
pois nem todos os investimentos irão dar retorno a curto prazo, que é justamente o
contrário das necessidades da iniciativa privada, por isso o estado surge como um
pioneiro para no futuro ser substituído por entidades privadas.

Referências bibliográficas:

DIAS, José Luciano de Mattos et al. A questão da Petrobras no Brasil: Uma


história da Petrobrás. Rio de Janeiro: Ângela Maria de Gomes Castro, [1993]

LEI No 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850, Constituição do Brasil, 1850;

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