Você está na página 1de 2

RESENHA: O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA - CIRCE BITTENCOURT

AUTOR:: PAULO GABRIEL CASTRO SALES

O saber histórico na sala de aula é um apanhado de textos focado em educação


histórica. Essa obra contém uma coletânea de textos, é organizada por Circe
Bittencourt e outras referências na área. Bittencourt Possui graduação em História pela
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1967), pós-graduação em
Metodologia e Teoria de História pela faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas - USP (1969), mestrado em História Social pela Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas - USP (1988) e doutorado em História Social pela
Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é professora de pós-graduação da
Faculdade de Educação da USP e da Pontifícia Universidade Católica- SP. Tem
experiência na área de história das disciplinas e currículos escolares e educação
indígena. Desenvolve pesquisas atualmente sobre a história dos livros didáticos,
mantendo a organização do banco de dados LIVRES referente aos livros didáticos
brasileiros de 1810 a 2007, sobre ensino de história e história da educação, em
especial história da educação indígena.
O texto que abordado nessa resenha se trata do Livros didáticos entre textos e
imagens. Logo a princípio a autora traz o livro como instrumento didático e pedagógico,
mas trazendo suas nuanças, como, por exemplo, seu papel enquanto mercadoria, e
seu caráter ideológico. Acredito que nesse início, outra questão importante que a
mesma suscita é a das imagens dos livros de história, questionando seu papel e
provocando os professores em relação a sua existência enquanto mero ilustrador.
Outra questão importante a respeito do livro de didáticos são sobre suas
demandas. Quem são os envolvidos na construção do livro didático? Que demandas
ele obedece? Em uma análise pessoal do autor dessa resenha, proporcionada pelo
programa PIBID História – UECE, tive a oportunidade de analisar dois livros didáticos
de épocas diferentes – um de 2008 e um de 2013 – onde ambos tem perspectivas
muito diferentes. O segundo acerca de revolução francesa trazia uma abordagem
conexa com o contexto da época de lançamento, abordando os protestos de 2013 e a
manifestação como ato importante para democracia e conquista de direitos. Tanto na
França como no Brasil. Já de 2008, mais antigo e mais engessado, trazia uma visão
mais linear a tradicional, sendo ele muito rico em informações, mas com poucos
questionamentos e relações com a atualidade (o que é uma grande falta, tendo em
linhas genéricas que a História é uma relação entre entender o presente através do
passado) evidenciando a grande falha de representar a uma narrativa histórica
desconexa com o presente.
A tradição imagética nos livros de história já é bem antiga, talvez um dos
primeiros modos de transformar o livro em uma ferramenta mais didática, mas será que
a imagem por si só é suficiente para suscitar a empatia histórica do aluno para com o
assunto estudado? Em minha visão o principal incentivador desse evento é o próprio
professor e sua habilidade em usar os instrumentos didáticos proporcionados, seja livro,
imagem, música, jornais e demais possível.
Outra questão importante é a acerca dos temas inseridos no livro didático (sendo
esses frutos de escolhas). De quem é a perspectiva mostrada, quais as fontes, porque
mostrar fulano e não cícrano? Essa crítica é muito importante e revela um pouco da
perspectiva a autora a respeito, onde a mesma problematiza a participação e visão
sobre os indígenas nos livros didáticos. Em geral a perspectiva quase sempre
eurocêntrica traz uma visão parcial e/ou distorcida a respeito dos povos originários em
geral. Mais uma vez o passado desconexo do presente limita uma relação indenitária
entre os povos originários e nós atuais Brasileiros, entrando ai a intervenção do
professor para preencher essa lacuna. Por vezes o livro não aborda de forma sincera o
jogo de interesses, causando até confusão entre os mesmos.
O texto traz uma reflexão muito válida a respeito do livro didático enquanto
instrumento didático, pairando questões importantes a respeito de sua função enquanto
mercadoria, ferramenta ideológica e auxiliar do professor. Questões a respeito de seu
conteúdo e produção nos fazem pensar nas escolhas narrativas e modos de suscitar
essas questões;

Você também pode gostar