Você está na página 1de 257

Energia Eólica

Atração de Investimentos no
Estado do Ceará

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ


Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico – CEDE
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará S.A. – ADECE

Junho 2009
Fortaleza – Ceará – Brasil
CID FERREIRA GOMES
Governador

IVAN RODRIGUES BEZERRA


Presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico – CEDE

ANTÔNIO BALHMANN CARDOSO NUNES FILHO


Presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará S.A. – ADECE

FERNANDO PATRÍCIO PESSOA


Diretor de Atração de Investimentos

Eng. José Artur Ribeiro Guimarães Neto, Msc


Eng. Ralffo Vieria, Msc
Autores
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Índice

Apresentação................................................................................................9
1. Sumário Executivo.................................................................................11
1.1 Organização . ............................................................................11
1.2 Pontos importantes dos Principais dos Capítulos.................................11
1.3 Utilidades do Trabalho..................................................................17

2. Introdução...........................................................................................17

3.Opções de Políticas e Regulamentações...................................................25


3.1 Exemplos Europeus.......................................................................26
3.1.1 Alemanha..........................................................................26
3.1.2 Dinamarca.........................................................................29
3.1.3 Reino Unido.......................................................................33
3.2 Exemplos dos Estados Unidos.........................................................35
3.2.1 Créditos Fiscais de Investimento.............................................35
3.2.2 Crédito Fiscal para Produção................................................37
3.2.3 Depreciação Acelerada........................................................39
3.2.4 Obrigações de Compras Governamentais...............................39
3.2.5 Portfólio Padrão de Renováveis e Outras Obrigações.................40
3.2.6 Sistema de Fundos de Benefícios e Cobrança Pública................44
3.3 Exemplos de Países em Desenvolvimento/Transição............................45
3.3.1 Índia.................................................................................46
3.3.2 Brasil.................................................................................48
3.4 Visão Geral de Considerações de Políticas.......................................55

4.Opções de Terras e Contratos de Arrendamento.........................................59


4.1 Contexto.....................................................................................59
4.1.1 Razões para a Participação do Proprietário do Terreno..............59
4.1.2 Identificação e Avaliação do Local.........................................60
4.1.3 Arrendamento versus Compra................................................60
4.1.4 Usos da Terra e Arranjos de Uso Misto....................................62
4.1.5 Contratos de Opção............................................................62
4.2 Principais Questões a Serem Tratadas em um Arrendamento.................63
4.2.1 Prazo................................................................................63
4.2.2 Área Arrendada..................................................................64

3
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4.2.3 Usos Aprovados..................................................................64


4.2.4 Acesso..............................................................................65
4.2.5 Bloqueio do Vento...............................................................65
4.2.6 Ruído e Outros Distúrbios......................................................66
4.2.7 Controle de Acesso.............................................................66
4.2.8 Proteção da Plantação.........................................................66
4.2.9 Manutenção das Estradas.....................................................66
4.2.10 Desmobilização................................................................68
4.2.11 Impostos..........................................................................68
4.2.12 Compensação..................................................................68
4.2.13 Outros Termos Comuns.......................................................68
4.3 Estruturas Típicas de Pagamento e Taxas...........................................69
4.3.1 Estruturas Típicas de Pagamento do Arrendamento do Terreno......69
4.3.2 Preços Pagos por Terras Arrendadas.......................................74

5.Suprimento de Projetos de Energia Eólica..................................................78


5.1 Opções para a Compra de Energia Eólica.......................................79
5.1.1 O Contrato de Compra de Energia........................................81
5.1.2 Comprando um Projeto de Energia Eólica................................82
5.2 Desenvolvimento...........................................................................84
5.3 Alternativas de Engenharia e Construção..........................................87
5.4 Principais Questões numa RFP.........................................................91
5.5 Outras Considerações sobre RFPs....................................................95
5.6 Ponderando Opções de Suprimento.................................................96

6.Questões Contratuais Relacionadas à Compra e Venda de Energia Eólica......97


6.1 Contrato de Compra de Energia Eólica (PPA).....................................97
6.1.1 Cláusulas Padrão em um Contrato de Compra de
Energia Eólica...................................................................98
6.1.2 Características Especiais de um Contrato de Compra de
Energia Elétrica..............................................................102
6.1.3 Relação do Contrato de Compra de Energia (PPA) com
Outros Contratos.............................................................106
6.1.4 Contratos Padrão..............................................................106
6.2 Contrato de Interconexão.............................................................108
6.2.1 Estudo de Impacto no Sistema de Transmissão........................108
6.2.2 Principais Disposições no Contrato de Interconexão.................108
6.3 Questões de Programação de Energia para Projetos Eólicos..............110
6.4 Questões Contratuais Relacionadas ao Financiamento......................112

4
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

7. Questões da Rede Elétrica....................................................................113


7.1 Fundamentos da Rede de Transmissão............................................113
7.2 Questões de Turbinas Eólicas Geradoras........................................115
7.3 Qualidade da Energia e Turbinas Eólicas........................................117
7.4 Variabilidade e Taxas de Penetração de Rede.................................119
7.5 Estudos de Impacto do Sistema.....................................................120

8.Aspectos Econômicos e Financeiros da Energia Eólica...............................121


8.1 Componentes de Custo da Energia Eólica......................................122
8.1.1 Custos de Capital..............................................................122
8.1.2 Custos Anuais...................................................................122
8.2 Fundamentos da Análise Econômica..............................................123
8.3 Fontes de Financiamento para Projetos de Energia Eólica..................124

9.Impactos no Desenvolvimento Econômico................................................127


9.1 Impactos Diretos.........................................................................127
9.1.1 Renda do Proprietário da Terra.............................................128
9.1.2 Impostos Territoriais............................................................128
9.1.3 Geração de Emprego........................................................128
9.1.4 Desenvolvimento de Cooperativas Regionais..........................134
9.2 Efeitos Indiretos..........................................................................135
9.3 Impactos Sociais........................................................................136

10. Análise Fiscal e Financeira...................................................................137


10.1 Fundamentação Constitucional e Legal...........................................137
10.2 Comentários de Pontos Apreciáveis da Lei do PROINFA....................139
10.3 Síntese da Fundamentação Legal...................................................144
10.4 Conclusão................................................................................146

Anexos
Anexo A: Requisitos do Terreno para Projetos de Energia Eólica..........................149
Anexo B: Modelo de Contrato de Arrendamento de Terreno...............................155
Anexo C: Modelo de Solicitação de Propostas................................................168
Anexo D: Modelo de Contrato de Compra e Venda de Energia.........................191
Anexo E: Modelo de Contrato de Interconexão...............................................240

5
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Lista de Figuras
Figura 7-1. Contribuição de Capacidade em Países Europeus........................... 120
Figura 9-1. TVP Níveis de Emprego do Projeto............................................... 131

Lista de Tabelas
Tabela 3-1. Capacidade Recentemente Instalada de Energia Eólica na Dinamarca...... 32
Tabela 3-2. Resumo dos leilões da NFFO (Inglaterra e País de Gales).................... 34
Tabela 3-3. Desenvolvimento da Energia Eólica nos Estados Unidos e o PTC........... 38
Tabela 3-4. Exigências de RPS para os Estados nos EEUU................................... 42
Tabela 3-5. Resumo das Políticas Discutidas...................................................... 55
Tabela 4-1. Vantagens e Desvantagens de Diferentes Estruturas de Pagamento.......... 72
Tabela 4-2 (a). Preços Pagos nos Arrendamentos dos Projetos Revistos – Royalty........ 75
Tabela 4-2 (b). Preços Pagos nos Arrendamentos dos Projetos Revistos – Taxa Fixa......... 77
Tabela 5-1. Etapas do Desenvolvimento do Projeto sob Diferentes Opções de Suprimento.......86
Tabela 5-2. Resumo das Alternativas de Engenharia e Construção......................... 87
Tabela 7-1. Tamanho do Projeto para Diferentes Interconexões de Voltagens........... 114

Acrônimos
AC Alternating Current (Corrente Alternada)
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
AWEA American Wind Energy Association (Associação Americana de Energia Eólica)
BLM U.S. Federal Bureau of Land Management (Agência Federal de Gerenciamento
de Terras dos Estados Unidos)
BoP Balance of Plant
CGE Câmara de Gestão da Crise de Energia (Brasil)
CI Contrato de Interconexão
Co-ops Cooperativas de Energia Eólica
DB Design and Build (Projetar e Construir)
DBC Design, Build and Construct (Projetar, Incorporar e Construir)
DBO Design, Bid and Operate (Projetar, Licitar e Operar)
DKK Danish Kroner (Kroner Dinamarquês)
DM Deutsche Mark (Marco Alemão)
DOE U.S. Department of Energy (Departamento de Energia dos Estados Unidos)
DtA Deutsche Ausgleichsbank
€ Euro
EEG Erneuerbare-Energien-Gesetz (Lei Alemã de Energia Renovável)
EPC Engineer, Procure, and Construct (Engenharia, Suprimento e Construção)
EPRI Electric Power Research Institute (Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica)

6
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

GEC Global Energy Concepts


GEF Global Enviromental Facility
GHG Greenhouse Gas (Gás do Efeito Estufa)
ha Hectare
Hz Hertz
IEC International Engineering Consortium
IFC International Finance Corporation
IPC Índice de Preços ao Consumidor
IREDA India Renewable Energy Development Agency (Agência Indiana de
Desenvolvimento de Energia Renovável)
ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional
para a Padronização)
KfW Kreditanstalt für Wiederaufbau
Km Quilômetro
m Metro
KV Quilo-volt
KW Quilowatt (1000 Watts)
KWh Quilowatt-hora
MVA Mega-volt-ampere
MW Megawatt (ou 1000 kW, ou milhão de watts)
MWh Megawatt-hora (ou 1000 kWh)
NFFO Non Fossil Fuel Obligation (Obrigação de Uso de Combustíveis não-Fósseis)
O&M Operação e Manutenção
PIE Produtor Independente de Energia
PROINFA Programa Nacional de Incentivos à Energia Alternativa (Brasil)
PPA Power Purchase Agreement (Contrato de Compra de Energia)
PTC Production Tax Credit (Crédito Fiscal para a Produção de Energia Renovável)
REC Renewable Energy Credits (Créditos de Energia Renovável)
REFIT Renewable Energy Feed-in Tariff (Tarifa Feed-in de Energia Renovável)
REPI Renewable Energy Production Incentive (Incentivo à Produção de Energia Renovável)
RFP Request for Proposals (Solicitação de Propostas)
RFQ Request for Qualifications (Solicitação para Qualificação)
RPS Renewables Portfolio Standard (Portfólio Padrão de Renováveis)
s Segundo
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition (Controles de Supervisão e Siste-
mas de Aquisição de Dados)
TIR Taxa Interna de Retorno

7
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

TVP Turbine Verification Program (Programa de Verificação de Turbina)


US$ Dólar Norte-Americano
WPA Wind Powering America

8
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A p r e s e n ta ç ã o

A energia motora que leva à elaboração de um trabalho como esse é, sem dúvi-
das, a vocação do Nordeste e do estado do Ceará, em especial, para a geração de
energia através dos ventos.

Uma das condições necessárias para se aproveitar bem a energia contida no vento
é quando há a instalação de um parque eólico, onde exista um fluxo permanente e
razoavelmente forte de vento.

A região Nordeste é a que apresenta as melhores condições do Brasil para o apro-


veitamento dessa energia, inclusive pela possibilidade de complementaridade com a
energia hidráulica. Como a velocidade dos ventos costuma ser maior em períodos de
estiagem, é possível operar as usinas eólicas como sistema complementar para as usi-
nas hidrelétricas, de forma a preservar a água dos reservatórios em períodos de poucas
chuvas. Portanto, essa operação permitiria a “estocagem” da energia elétrica.

Estimativas constantes do Atlas do Potencial Eólico de 2001 (último estudo re-


alizado a respeito) apontam para um potencial de geração de energia eólica de
cerca de 75 GW na região Nordeste. O Atlas também apresenta uma síntese das
características da distribuição desse regime de vento, organizada em sete regiões
geográficas. Boa parte do estado do Ceará está dentro de uma dessas regiões, a
zona litorânea Norte-Nordeste.

A combinação das brisas diurnas com os alísios de leste resulta em ventos médios
anuais entre 6m/s e 9m/s, na parte que abrange os litorais do Maranhão, Piauí,
Ceará e Rio Grande do Norte. As maiores velocidades médias anuais de vento ao
longo dessa região, abrangem os litorais do Rio Grande do Norte e Ceará, onde a
circulação de brisas marinhas é especialmente intensa e alinhada com os ventos alísios
de leste-sudeste.

O estado do Ceará, em relação às reservas energéticas primárias, é pobre. Não


possui nenhuma reserva significativa de petróleo, gás natural, hidráulica e carvão.
Também carece de centros de transformação, como refinarias, plantas de gás natural,
coquerias ou destilarias. Em compensação, é muito rico em duas áreas de energias
renováveis, solar e eólica. A necessidade de ser independente energeticamente trouxe
para o Estado alguns dos primeiros anemógrafos computadorizados e sensores espe-
ciais para estudar a viabilidade da energia eólica. Por ter sido um dos pioneiros a

9
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

realizar um programa de levantamento do potencial eólico, foram desenvolvidos vários


trabalhos, entre eles o Atlas Eólico do Ceará, elaborado pela Secretaria Estadual de
Infraestrutura (SEINFRA), com a colaboração de outras instituições. Depois disso, vários
estados brasileiros seguiram os seus passos, iniciando programas de levantamento de
dados de vento.

Numa iniciativa novamente pioneira, o Ceará produz neste trabalho um estudo téc-
nico da cadeia produtiva eólica, que pode servir de base e orientação a todos aqueles
que queiram investir no nosso estado e, com isso, poderão trazer desenvolvimento
social, emprego e renda para as populações distribuídas ao longo das mais diversas
regiões cearenses.

Agradecemos todos que contribuíram com importantes dados e informações, di-


reta e indiretamente, para a elaboração do trabalho. Destacamos especialmente os
colaboradores das seguintes instituições: Universidade Estadual do Ceará – UECE,
Universidade Federal do Ceará – UFC, Banco do Nordeste do Brasil – BNB, Centro
de Energias Renováveis e Meio Ambiente – CENEA, Associação Brasileira de Energia
Eólica – ABEEólica e empresas da cadeia produtiva eólica citadas ao longo do texto.

Agradecimentos especiais ao Instituto WinRock, idealizador inicial de estrutura


deste trabalho

10
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

1 Sumário Executivo
Para suprir a necessidade de informação, materiais, ferramentas e referências no
apoio aos interessados no desenvolvimento da energia eólica sustentável no estado
do Ceará, a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará – ADECE, com base
em pesquisas feitas pelo Instituto Winrock International, em cooperação com a Global
Energy Concepts (GEC), com os sistemas FIEC/FIESP, com a Universidade Estadual do
Ceará – UECE e o Banco do Nordeste do Brasil – BNB, viabilizou um documento para
fomentar o “Desenvolvimento de Projetos de Energia Eólica”. Objetiva trazer informa-
ções sobre um amplo número de tópicos relacionados ao desenvolvimento de energia
eólica em larga escala às principais partes interessadas e tomadores de decisão nos
mercados no estado do Ceará.

1.1 Organização

Cada sessão aborda um assunto específico e resume experiências de outros países


que desenvolveram projetos de energia eólica, relacionando-os às dificuldades locais,
no Ceará, procurando encontrar modelo de regulação desta atividade. Os assuntos
abordados incluem:
• Opções de regulamentação e política;
• Terreno: Opções de aquisição e contratos de arrendamento;
• Suprimento para projetos de energia eólica;
• Problemas contratuais relativos à comercialização de energia eólica;
• Problemas relativos à rede elétrica;
• Aspectos econômicos e financeiros da energia eólica;
• Impacto no desenvolvimento econômico.

1.2 Pontos importantes dos principais capítulos

Capítulo 1: Sumário

Capítulo 2: Introdução

Capítulo 3: Opções de regulamentação e política resume as políticas de energia


que nações desenvolvidas e em desenvolvimento estão empregando para apoiar a
inclusão de fontes renováveis, como a eólica, no mercado de energia elétrica e no mix

11
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

de geração. Fundamentalmente, existem quatro formas de apoiar as tecnologias de


energias renováveis:
1. Estabelecendo preços fixos em patamares suficientes para garantir projetos econo-
micamente viáveis;
2. Obrigando concessionárias e outras entidades a comprar energia proveniente de
fonte renovável;
3. Empregando política fiscal ou subsídios diretos para viabilizar de projetos;
4. Uma combinação das formas acima.

Preços fixos e subsídios, quando apropriadamente implantados, podem ser muito


eficazes para promover a instalação de energia eólica, como demonstrado em expe-
riências na Alemanha, Dinamarca e, mais recentemente, no Brasil. Combinações de
política fiscal com obrigatoriedade de compra com orientação para o mercado têm
sido usadas nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos e em desenvolvimen-
to com resultados diversos. Para que se promova com eficácia o desenvolvimento da
energia eólica, um sistema abrangente de políticas que apoiem o investimento privado
no setor de energia deve incluir:
• Contratos de compra de energia de longo prazo garantidos por instituições que
possuam boa reputação de crédito;
• Ambiente legal e regulamentar favorável ao investimento privado;
• Mercados financeiros estáveis;
• Acesso ao sistema de transmissão e distribuição.

Políticas mal formuladas e que mudem constantemente podem impedir o desenvolvimen-


to da indústria de energia eólica. Nas condições que podem limitar o sucesso de uma po-
lítica de energia renovável incluem-se: inconstância das políticas, incentivos ao investimento
ao invés de incentivos à produção, preços fixos estabelecidos que sejam muito baixos ou
muito altos ou que não possam ser ajustados conforme o desempenho do projeto. Essas
condições podem ser evitadas se indústria e governo trabalharem juntos para implementar
políticas com objetivos específicos de longo prazo e mecanismos para ajustar automatica-
mente, reduzir ou eliminar incentivos assim que os objetivos sejam alcançados.

Capítulo 4: Uso do terreno; contratos de arrendamento trata do processo de aqui-


sição de terras, incluindo várias formas de avaliar e controlar o terreno durante diferen-
tes fases do processo de desenvolvimento do projeto abordadas; preocupações comuns
tanto do proprietário do terreno quanto do responsável pelo projeto e formas de como
essas preocupações podem ser tratadas.

12
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

De maneira geral, desenvolvedores de projetos têm duas alternativas para adquirir o di-
reito de instalar turbinas eólicas em um terreno: arrendando ou comprando. Desenvolvedores
podem desejar comprar terras sem restrições para projetos eólicos, porém, isso não é muito
comum já que essa alternativa adiciona um investimento extra em um projeto naturalmente
intensivo em capital. Além do mais, em função das turbinas ocuparem uma porção pequena
do terreno, e porque as turbinas são compatíveis com a maioria de outros usos existentes do
terreno, torna-se desnecessária a aquisição da terra para um projeto de energia eólica.

O arrendamento do terreno é parte importante no desenvolvimento do projeto e a


documentação do arrendamento é necessária para o financiamento do projeto. Muitos
assuntos além do preço precisam ser abordados em um arrendamento, como:
• Um período de opção ou um contrato de opção separado durante a fase de de-
senvolvimento do projeto;
• Um período de longo prazo bem definido para as operações do projeto;
• Localização das turbinas de vento;
• Vias de acesso para construção, operação, manutenção e reparos;
• Outros usos aprovados para o terreno nas áreas ao redor das turbinas;
• Proteção da plantação;
• Prevenção contra outros empreendimentos que podem afetar negativamente o pro-
jeto de energia eólica.

Estruturas de pagamento comuns incluem royalties fixos (ou lineares) e pagamento


único. Contratos de arrendamento, com frequência, permitem o uso combinado da terra,
de forma que o proprietário do terreno possa continuar com suas operações de criação e
plantio nas áreas ao redor das turbinas. Um entendimento claro dos termos dos contratos
pode prevenir problemas entre os proprietários e os responsáveis pelo projeto.

Capítulo 5: Suprimento de projetos de energia eólica examina o processo de aqui-


sição de energia eólica. Projetos de energia eólica podem pertencer a concessionárias
ou a outros. Essa sessão descreve várias formas pelas quais concessionárias fazem a
aquisição em projetos de energia eólica. Essas formas de aquisição podem ser catego-
rizadas das seguintes formas:
• Contrato de Compra de Energia: Uma concessionária pode comprar a produção
de um projeto através de um contrato de compra de energia. Nesse caso, o
projeto de energia eólica pertence e é operado por outros, geralmente empresas
privadas: essa modalidade é praticada no estado do Ceará, onde o Governo Fe-
deral estabelece um programa de leilão que renumera o kWh, ficando o Governo
responsável pela compra dessa energia e integração dela ao sistema.

13
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Desenvolvimento Privado, Propriedade da Concessionária: Uma concessionária


pode comprar um projeto de um desenvolvedor privado e operá-lo por conta pró-
pria ou contratar terceiros para fazê-lo. O projeto é geralmente construído por seu
desenvolvedor após ganhar uma licitação e comprado depois de concluída sua
construção, mas também pode ser comprado em estágios anteriores.
• Desenvolvimento Próprio: Uma concessionária pode preferir desenvolver e ser dona
de um projeto, incluindo a escolha da localização, obtenção de permissões, aquisi-
ção de turbinas e equipamentos relacionados e a própria construção do projeto.

Se a concessionária quiser comprar energia ou se quiser comprar um projeto ou


ainda construir um projeto, a ferramenta tipicamente usada para selecionar o forne-
cedor, projeto, ou construtor é a Solicitação de Propostas. Comprador e vendedor
frequentemente têm objetivos conflitantes. A Solicitação de Proposta, a preparação da
proposta e o processo de avaliação da proposta podem ajudar a determinar o conjun-
to de compromissos mais apropriado, resultando em um arranjo aceitável para ambos
comprador e vendedor.

Capítulo 6: Problemas Contratuais Relacionados com a Compra e Venda


de Energia Eólica examina problemas associados com dois dos principais do-
cumentos dos projetos de energia eólica: o Contrato de Compra de Energia e o
Contrato de Interconexão. O Contrato de Compra de Energia e o Contrato de
Interconexão definem o que está sendo vendido e como o projeto será conec-
tado com a rede de transmissão para a entrega do produto. Juntos, o Contrato
de Compra de Energia e o Contrato de Interconexão definem responsabilidades
associadas com a entrega e a compra da energia de projetos de energia eólica.
Ambos contratos devem ser escritos de forma a ser aceitos por instituições de
financiamento de projetos.

A natureza intermitente da energia eólica deve ser levada em conta no Con-


trato de Compra de Energia e no Contrato de Interconexão. Às sessões afetadas
por essa característica incluem-se: disponibilidade, preço, quantidade da compra,
datas, motivo de força maior, partida e instalações de interconexão. Em alguns
lugares, operadores de transmissão e agências reguladoras estão estabelecendo
novos protocolos para programação e precificação de energia proveniente de pro-
jetos eólicos que levem em conta a natureza intermitente do vento, além de dispor
de meios razoáveis para projetos de energia eólica usarem a rede de transmissão
sem que existam penalidades por descumprimento associadas com programação
de um recurso intermitente. Tratar a energia eólica como uma carga negativa é a
maneira mais simples.

14
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Um modelo de Contrato de Compra de Energia e um de Contrato de Interconexão


estão incluídos nos anexos deste trabalho.

Capítulo 7: Problemas com a Rede de transmissão trata de problemas relaciona-


dos com a rede de transmissão característicos de projetos de energia eólica. Assim
como outros tipos de geração de energia, projetos de energia eólica usam a rede
de transmissão para entregar energia aos consumidores. A seguir estão os problemas
a serem considerados relacionados à conexão de projetos de energia eólica à rede
de transmissão:
• A modernização dos sistemas de transmissão pode ser necessária para reforçar
a rede para aceitar energia de um novo projeto de energia eólica. Essa melho-
ria pode ser muito cara e pode ser necessária se a melhor localização para o
desenvolvimento de projetos de energia eólicas for em áreas com redes fracas.
Por conta disso, no estado do Ceará há um projeto principal que é a construção
do Linhão, que será constituído de um eixo de integração dos novos empreendi-
mentos geradores de energia eólica e térmica. A Secretaria de Infraestrutura do
Governo do Estado – Seinfra já trabalha no projeto técnico e reserva orçamen-
tária que está sendo disponibilizada pelo governo do estado para a construção
do mesmo. Estima-se que ele poderá atender os empreendimentos eólicos até
2015, quando terá início uma segunda etapa no estabelecimento de uma infra-
estrutura de transmissão.
• A natureza intermitente da energia eólica afeta o equilíbrio entre produção e
consumo da mesma forma que variações de consumo o fazem. As variações
na produção de um projeto de energia eólica precisam ser consideradas no
contexto das variações de demanda de energia que podem ocorrer no decorrer
das horas, dias, semanas e estações do ano. No estado do Ceará se pretende
garantir o fornecimento regular de energia à sociedade com a ajuda das usi-
nas termoelétricas, totalizando 700MW de potência nominal média, 50% da
demanda de energia.
• Turbinas eólicas podem afetar a qualidade da energia, sendo que alguns dos mais
importantes impactos estão relacionados com o tipo de turbina, de velocidade fixa
ou variável. Potenciais efeitos negativos associados com a produção de energia rea-
tiva por geradores por indução e harmônicos de controle de energia em turbinas de
velocidade variável podem ser mitigados. Redes fracas e fortes estão em operação
com sucesso atualmente com penetração de vento em níveis excedentes a 20%.
• A contribuição para a capacidade do sistema de um projeto de energia eólica é
assunto de muito debate e cálculos, mas é geralmente limitado a algo menor que
sua produção média no longo prazo.

15
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Concessionárias fazem estudos de impacto no sistema para avaliar como um novo


projeto de energia eólica funcionará na rede e se alguma melhoria no sistema é neces-
sária para acomodar o novo projeto.

Capítulo 8: Aspectos Econômicos e Financeiros da Energia Eólica discute a econo-


micidade do projeto e suas finanças, incluindo componentes de custo de capital, termos
de financiamento e custos operacionais anuais. Uma planilha modelo, incluída e discuti-
da nos anexos, pode ser usada para entender as sensibilidades econômicas do projeto
com relação à produção de energia, aos custos de produção, ao preço definido no
Contrato de Compra de Energia, estruturas de incentivo, além de outros parâmetros.
No estado do Ceará, o impacto dos empreendimentos tem sido imediato, haja vista
que além do impacto financeiro que será avaliado, tem-se as vantagens competitivas
e propagandísticas, sendo o Ceará pioneiro na implementação de empreendimentos
com energia limpa no Brasil.

Capítulo 9: Impactos no desenvolvimento econômico discute os impactos socio-


econômicos de um projeto de energia eólica. A maioria dos impactos é positiva,
particularmente o aumento do emprego, da atividade econômica e da renda. No
entanto, a extensão desses impactos vai depender muito do tipo de desenvolvimen-
to de energia eólica que advir, das políticas fiscais e de emprego da região onde
esse desenvolvimento ocorrer. Nos Estados Unidos, por exemplo, cria-se, aproxi-
madamente, um emprego na construção para cada 1,25 MW de energia eólica
instalada, e cerca de um emprego de operação e manutenção para cada 5 MW
de capacidade instalada, o dobro desse mesmo número é esperado para as usinas
que estão entrando em operação no estado do Ceará. Uma outra vantagem é que
as novas usinas cearenses são instaladas em municípios pobres, longe da capital,
em sua maioria.

Além da criação de empregos diretos e do efeito multiplicador indireto, arrenda-


mento de terras e impostos sobre propriedade pagos por projetos de energia eólica,
podem ser importantes fontes de atividade econômica para uma região. Em função
da construção de projetos de energia eólica ser de relativo curto prazo e o número
de pessoas empregadas ser pequeno durante o período operacional, se comparado
com o período de construção, o incremento da arrecadação de impostos e a ativi-
dade econômica gerada por um projeto são geralmente maiores que os custos dos
serviços adicionais requeridos pelo projeto. Mesmo no caso de o estado conceder
incentivos fiscais (descontos no ICMS e outros que podem ser questionados, como
PIS e CONFINS), a distribuição de recursos através de salários e benefícios já é de
grande importância.

16
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

1.3 Utilidades do Trabalho

Apoiar o desenvolvimento da energia eólica no estado do Ceará e fornecer informação


que possa ser usada e adaptada para tratar as nossas necessidades específicas, sempre res-
saltando nossas potencialidades e vantagens competitivas, inclusive no campo tributário.

2 Introdução
A energia é um dos principais insumos da indústria, sendo que a disponibilidade,
o preço e a qualidade do suprimento energético são fundamentais para a competitivi-
dade. O custo da energia para o consumidor industrial tem crescido acima da inflação
e restrições ambientais têm adiado os projetos de expansão do parque gerador.

No mundo, a energia produzida por parques eólicos cresce em uma taxa de


35% ao ano, aproximadamente, chegando a taxa de crescimento de 60% ao ano
em alguns países como a Índia e Brasil. Em 2007, a capacidade instalada em ter-
mos mundiais era de 78.728 MW, com previsão de ultrapassar 100.000MW em
2008. Em países como a China a capacidade instalada cresceu 95% entre 2005
e 2007, passando para o sexto maior gerador mundial. O Brasil ainda ocupa uma
posição modesta, apesar do enorme potencial que possui, mas mudanças no ano
de 2008 fizeram o País assumir uma posição importante na geração eólica mundial.
Estados como o Ceará estão sendo estruturados para que seja possível o crescimento
continuado na instalação de usinas eólicas, contando hoje com 9 usinas instaladas e
outras 8 em fase de instalação. A Alemanha continua na liderança, com geração de
22.000 MW em 2007.

O cenário de previsão até 2012 seria:

Capacidade Instalada e Prognóstico até 2012 em MW.


Total Instalado até Potência Instalada Prognóstico até
Europa
2007 em 2007 2012
Espanha 14.714 3.100 26.214
Alemanha 22.247 1.667 32.377
França 2.471 888 2.471
Itália 2.721 603 9.121
Portugal 2.150 434 6.950
Reino Unido 2.394 427 11.794
Fonte: DEWI, 2008.

17
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Capacidade Instalada e Prognóstico até 2012 em MW.


Holanda 1.745 210 2.915
Outros Países 8.324 958 27.629
Total Europa 56.766 8.287 129.491
Total Instalado até Potência Instalada Prognóstico até
Américas
2007 em 2007 2012
USA 16.879 5.244 60.379
Canadá 1.845 386 10.045
América do Sul/Central 667 185 5.467
Total Américas 19.391 5.815 75.891
Total Instalado até Potência Instalada Prognóstico até
Ásia
2007 em 2007 2012
Índia 7.845 1.617 22.845
China 5.875 3.287 42.375
Japão 1.681 229 3.731
Outros Países 487 147 4.162
Total Ásia 15.888 5.280 73.113
Total Instalado até Potência Instalada Prognóstico até
Outros Continentes
2007 em 2007 2012
Austrália & Nova Zelândia 1.293 327 4.093
Outros Países 607 86 5.352
Total 1.900 413 9.445
Total Instalado até Potência Instalada Prognóstico até
2007 em 2007 2012
Total Europa 56.766 8.287 129.491
Total Américas 19.391 5.815 75.891
Total Ásia 15.888 5.280 73.113
Total Outros 1.900 413 9.445
Total Mundo 93.945 19.795 287.940
Fonte: DEWI, 2008.

No Brasil, a perspectiva é de crescimento econômico para os próximos anos, por


conta das obras e projetos de fomento impulsionados pelo PAC – Programa de Acelera-
ção de Crescimento. A indústria nacional está com mais de 82% de sua capacidade ins-
talada em atividade, isso representa o maior nível dos últimos 30 anos. Ainda assim, as
tendências apontam para um aumento e/ou ampliação do nível de atividade industrial.

18
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Desse modo, as buscas de soluções para reduzir o impacto do aumento de custo


e da insegurança do abastecimento de energia passam pela diversificação da matriz
energética, usando para isso as vantagens competitivas que o País possui, focando em
suas vantagens comparativas.

Segundo o atlas do potencial eólico brasileiro, o potencial de geração de energia


eólica do País é de 143 GW, não contanto com o potencial de geração de usinas off-
shore. Desse potencial, 20% estariam no Ceará. Em termos mundiais, temos a seguinte
distribuição de potencial:

Estimativas do Potencial Eólico Mundial.


Potencial Densidade Potencial
% de Terra
Região Bruto Demográfica Líquido
Ocupada[1]
(TWh/ano) (hab/km )
2
(TWh/ano)
África 24 106.000 20 10.600
Austrália 17 30.000 2 3.000
América do Norte 35 139.000 15 14.000
América Latina 18 54.000 15 5.400
Europa Ocidental 42 31.400 102 4.800
Europa Oriental & ex-URSS 29 106.000 13 10.600
Ásia (excluindo ex-URSS) 9 32.000 100 4.900
Total do Globo [2]
23 498.400 – 53.000
Fonte: Grubb and Meyer, 1993; Em relação ao potencial bruto;
[1]
Excluindo-se Groenlândia, Antártida, a maioria
[2]

das ilhas e os recursos offshore.

A matriz energética brasileira ainda é baseada em energia hidroelétrica, cor-


respondendo a 75% de toda a energia produzida (74,9 GW), seguida da energia
termoelétrica, 21% (21,2 GW). Nesse quesito, eólica representa 0,5%, que seriam
500 MW instalados. Em países como a Dinamarca, o consumo de energia vinda de
fonte eólica é de 21% da energia consumida no país, sendo 9% na Espanha e 8%
em Portugal e Alemanha.

No âmbito do PROINFA I (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Ener-


gia Elétrica), foram selecionados 144 empreendimentos, sendo 54 de energia eóli-
ca, com uma potência total de 3.315,26 MW, sendo 1.422,96MW para energia
eólica. Como já ressaltado, 14 empreendimentos de eólica foram selecionados para
o estado do Ceará, onde seis empreendimentos estão em operação e outros oito em
fase de finalização.

19
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A energia eólica pode garantir 10% das necessidades mundiais de eletricidade


até 2020, criar 1,7 milhões de novos empregos e reduzir a emissão global de dióxido
de carbono na atmosfera em mais de 10 bilhões de toneladas. Os campeões de uso
dos ventos são a Alemanha, a Dinamarca e os Estados Unidos, seguidos pela China,
Índia e a Espanha.

No âmbito nacional, o estado do Ceará destaca-se por ter sido um dos primeiros
locais a realizar um programa de levantamento do potencial eólico. Outras medições
foram feitas também no Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, litoral do Rio de Janeiro
e de Pernambuco e na ilha de Marajó.

Hoje existem centenas de anemógrafos computadorizados espalhados pelo territó-


rio nacional. Dentre as usinas em funcionamento no estado, tem-se:

Usinas do tipo Eólicas em Operação no Ceará


Potência
Usina Proprietário Município
Fiscalizada (kW)
100% para Wobben Wind Po-
Eólica de Prainha 10.000 Aquiraz - CE
wer Indústria e Comércio Ltda
100% para Wobben Wind Po- São Gonçalo do
Eólica de Taíba 5.000
wer Indústria e Comércio Ltda Amarante - CE
Parque Eólico de Be- 100% para Usina Eólica Eco-
25.600 Beberibe - CE
beribe nergy Beberibe S.A.
100% para Wobben Wind Po-
Mucuripe 2.400 Fortaleza - CE
wer Indústria e Comércio Ltda
100% para SIIF Cinco Gera-
Foz do Rio Choró 25.200 ção e Comercialização de Beberibe - CE
Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Eólica Canoa Que-
10.500 Geração e Comercialização Aracati - CE
brada
de Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Lagoa do Mato 3.230 Geração e Comercialização Aracati - CE
de Energia S.A.
100% para Eólica Paracuru
Eólica Paracuru 23.400 Geração e Comercialização Paracuru - CE
de Energia S.A.
100% para Bons Ventos Gera- São Gonçalo do
Taíba Albatroz 16.500
dora de Energia S.A. Amarante - CE
Total: 9 Usinas Total: 121.830

20
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Entre os países da América do Sul, o Brasil emergiu como o mercado mais


promissor para o desenvolvimento da energia eólica. Independentemente das con-
siderações ambientais, um fator importante que impulsionou o PROINFA I foi a crise
energética enfrentada pelo Brasil após um período de chuvas escassas e consequen-
temente um mau desempenho das grandes usinas hidrelétricas do País, resultando em
cortes de eletricidade.

Em uma segunda etapa do programa PROINFA, o governo brasileiro estabeleceu


a meta de que 10% da eletricidade do País serão provenientes de fontes renováveis
(eólica, biomassa e pequenas hidrelétricas) até 2022. Isso poderá significar algo entre
100 e 200 MW de capacidade eólica sendo instalados a cada ano.

Diferentemente de combustíveis convencionais, a energia eólica é uma fonte de


energia permanentemente disponível em praticamente todos os países. Traz os bene-
fícios da energia limpa e elimina os custos de outros combustíveis, evitando também
os riscos prolongados de outras fontes e a dependência econômica e política pela
importação de outros países.

Várias empresas brasileiras têm tentado estabelecer um empresa de montagem de


geradores de turbinas eólicas através de licenciamento ou joint ventures com fabricantes
europeus de geradores de turbinas eólicas.

Dessa forma, o objeto deste projeto analisará a estrutura da cadeia de forne-


cimento no ciclo de vida de um parque eólico e identificará várias áreas poten-
ciais onde empresas brasileiras poderiam fornecer serviços. Em termos de monta-
gem de geradores de turbinas eólicas e manufatura de componentes, este projeto
identifica ambas as barreiras técnicas e financeiras fazendo frente aos potenciais
fornecedores brasileiros. Além disso, analisará os impactos socioeconômicos para
o estado do Ceará, caso usinas sejam instaladas e empresas iniciem a produ-
ção de equipamentos aqui. Outro fator importante abordado é com relação aos
incentivos fiscais diferenciais que podem ser cedidos às empresas produtoras de
equipamentos e geradoras de energia eólica, que irão se reverter em diversos
benefícios ao Ceará.

Porém, apesar de todo o esforço que está sendo feito, ainda há falta de incentivo
e de uma política industrial. Vários outros fatores servem de barreira para o surgimento
de novos empreendimentos, como:

21
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Falta de uma política clara com relação aos licenciamentos ambientais;


• Ausência de regulamentação e elevados custos de conexão com a rede;
• Ambiente político-regulatório incerto (aumento de custos).

Este trabalho tem a função de orientar a reversão desse quadro, recomendando


que companhias brasileiras se concentrem em produzir:
• Pás de rotores industriais;
• Torres, armações básicas;
• Caixas das naceles;
• Eixos principais flexíveis;
• Sistemas de freio a disco;
• Amortecedores de vibração;
• Inversores;
• Painéis de controle e geradores.

Além disso, a transferência de tecnologia ou joint ventures com os principais fabri-


cantes europeus é necessária para que as empresas brasileiras obtenham a experiência
necessária e superem as curvas de aprendizagem.

As empresas de serviço brasileiras poderiam gerar negócio significativo na área de


manutenção, reparo, revisão e atualização de desempenho dos geradores de turbinas
eólicas e seus componentes (por exemplo: caixas de engrenagem, geradores e pás de
rotor). É altamente recomendado que empresas brasileiras capazes se associem aos
melhores fornecedores de serviços europeus para obter a experiência exigida.

A energia eólica é um recurso significativo e poderoso. É seguro, limpo, abun-


dante e quase ilimitado como uma provisão segura de energia. A indústria eólica é a
melhor oportunidade do mundo para começar a transição para uma economia global
baseada em energia sustentável. Mais de 50 países ao redor do mundo atualmente
contribuem para o total global e o número de pessoas empregadas pela indústria é
calculado em torno de 200.000.

Nas grandes usinas eólicas conectadas à rede, os geradores de turbinas eólicas


representam, aproximadamente, 60 a 70% do total do investimento. O restante dos
custos é para terreno, interconexão, fundações, estrada, construção, instalação e de-
senvolvimento de serviços relacionados. De acordo com o Danish BTM Consulte ApS,
o valor de mercado do gerador de turbina eólica cumulativo durante os próximos cinco
anos está aproximadamente em US$50 bilhões.

23
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Essa é uma indicação de quanto


é importante a instalação da fábrica
de gerador de turbina eólica dentro
de toda a cadeia de valor da ener-
gia eólica. O Brasil já possui alguns
fabricantes de geradores de turbina
eólica produzindo pás, componen-
tes e aerogeradores. No passado,
todos os grandes geradores de turbi-
nas eólicas instalados no Brasil foram importados; assim a maioria da renda, impostos e
benefícios empregatícios foram para países estrangeiros. Contudo, com a implantação
das fábricas de geradores de turbinas eólicas, isso deve mudar, trazendo inúmeros
benefícios ao País, além de empregos, renda e impostos.

A formação de uma indústria de energia eólica sustentável requer uma estrutura


política, legal e econômica favorável no estado do Ceará. Para promover um am-
biente desse tipo, o setor público deve trabalhar em cooperação com os participan-
tes do setor privado para garantir que as necessidades de todos os participantes
sejam satisfeitas, como está sendo feito em nosso estado. Geralmente, um dos desa-
fios para conseguir esse ambiente é falta de informação e ferramentas prontamente
acessíveis, particularmente:
• Materiais que resumam experiências e forneçam ajuda na condução de assuntos
específicos associados ao desenvolvimento de energia eólica e tributação do setor;
• Ferramentas para ajudar usuários a entender as diferentes perspectivas dos diferen-
tes participantes da indústria de energia eólica; e
• Referências para educar e informar as partes interessadas podem ser difíceis de
serem obtidas.

Consultas adicionais:

www.ewea.org: Associação Europeia de Energia Eólica

www.awea.org: Associação Americana de Energia Eólica

www.windpower.org: Associação Dinamarquesa de Energia Eólica

http://www.mme.gov.br/: Ministério das Minas e Energia

http://www.seinfra.ce.gov.br/: Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará

24
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

3 Opções de Políticas e Regulamentações

Aqui, examina-se um número de diferentes políticas que têm sido postas em


prática em diversos países para encorajar o desenvolvimento comercial da energia
eólica, assim como outras fontes de energia renováveis. Essas políticas pretendem
promover o desenvolvimento privado de tecnologia de projetos de energia reno-
vável, em função de que muitos dos países aqui discutidos estão movendo-se ou
moveram-se para uma estrutura de mercado de energia competitiva. Como a melhor
escolha da estratégia depende das prioridades e objetivos particulares de cada
país ou região, essa discussão concentra-se nos efeitos de várias abordagens para
encorajar o desenvolvimento da energia eólica, além de fornecer a estrutura para
a avaliação da eficácia e das limitações das estratégias individuais para atingir
seus objetivos.

Alguns elementos de política regulatória, como uma bem definida e estável estrutura
legal que apoia e protege o investimento privado, são benéficos para todas as tecnolo-
gias de energia. Outros elementos de política regulatória, que levam em conta atributos
específicos para energia eólica, são mais eficazes na promoção do desenvolvimento
de uma indústria de energia eólica. Por exemplo, algumas das mais eficazes políticas
e regulamentações para promover o uso da energia eólica consideram o benefício
ambiental da energia eólica quando comparam seus custos ao das fontes de energia
convencionais como o carvão ou a nuclear.

Em geral, o desenvolvimento da energia eólica pode ser apoiado através de uma


variedade de incentivos numa tentativa de estimular o mercado, ou provendo um mer-
cado para garantir que o desenvolvimento da energia eólica ocorra. Uma forma de
estimular o desenvolvimento da energia eólica é reduzir os custos através de incentivos
fiscais ou através de programas de subsídio de financiamento. Entretanto, reduzir os
custos pode não resultar na expansão do desenvolvimento se não houver compradores
para a eletricidade. Obrigatoriedade e outros requisitos de compra criam um mercado
para a produção de projetos de energia eólica sem a necessidade de redução de
custos. Exemplos de políticas e regulamentações atualmente usadas por governos para
apoiar a geração de energia eólica incluem:
• Compra governamental de energia eólica;
• Financiamento apoiado pelo governo para os custos de construção de projetos de
energia eólica;
• Programa de preço fixo de compra;
• Obrigatoriedade de compra de quantidade fixa (capacidade instalada);

25
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Portfólio padrão de energia renovável (solicitação de uma quantidade mínima de


energia proveniente de fontes renováveis);
• Garantir e premiar financiamento;
• Reembolsos e incentivos fiscais.

Existem outras abordagens indiretas para apoiar a energia eólica, como incenti-
vos para atrair plantas de produção ou políticas de desenvolvimento e pesquisa para
apoiar os avanços tecnológicos em turbinas eólicas. O estado do Ceará vem apoiando
atividades e iniciativas que visem desenvolver tecnologia e gerar recursos humanos
para atuar na área de energia eólica. A própria UECE – Universidade Estadual do
Ceará criou um curso de Mestrado na área de energias renováveis e vem pleiteando a
criação de um curso de Engenharia em Energias.

3.1 Exemplos Europeus

Um número de países europeus tem instituído, progressivamente, políticas de ener-


gia renovável ao longo das últimas duas décadas. Essa sessão fornece breves números
das iniciativas de políticas da Alemanha, Dinamarca e Reino Unido, que podem forne-
cer ideias para a implementação de políticas em outros países. Essas iniciativas incluem
preços fixos, financiamento federal, incentivos baseados na propriedade, impostos de
energia regulados, portfólios padrões de energia renovável e um mercado separado de
energia renovável em conjunto com o uso obrigatório de energia renovável.

A força fundamental impulsionando muito a política de energia eólica na Europa é


a mudança climática global e os compromissos feitos pelos países europeus em direção
à redução das emissões de dióxido de carbono.

3.1.1 Alemanha

Durante a década passada, a Alemanha tomou a liderança na fabricação de compo-


nentes e instalações de energia eólica como um resultado de iniciativas em três áreas de
política: determinação de preço, subsídios de investimento e financiamento federal. Du-
rante esse tempo, a capacidade eólica instalada na Alemanha cresceu de 1.132MW em
1995 para 4.442MW em 1999 e para 11.968MW em 2002 e 20952MW em julho
de 2007. A Alemanha tem um total de cerca de 125.000MW de capacidade instalada
de geração de energia elétrica, com cerca de 57% da energia proveniente de combustíveis
fósseis (predominantemente carvão), 30 % de fissão nuclear e 7% de energia eólica. Esse
país pretende livrar-se da energia nuclear ao longo das próximas duas décadas.

26
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

As políticas de incentivo da Alemanha para energia renovável foram impulsionadas


por um amplo apoio público às questões ambientais, incluindo preocupações a respeito
da segurança da energia nuclear após o acidente em Chernobyl, e das mudanças climá-
ticas associadas com a emissão de carbono oriundo da queima de combustíveis fósseis.

A Tarifa Feed-in1 de Energia Renovável (Renewable Energy Feed-in Tariff – REFIT),


como parte de uma Lei (Electricity Feed Law), define o preço pago para gerado-
res de energia eólica a 90% da tarifa média de concessionária paga pelo kWh
na entrega de varejo, o qual ficava em torno de 0,085/kWh de 1991 a 2000. A
REFIT não se aplicava a projetos em que o governo federal ou estadual, ou uma
concessionária pública detivesse mais de 25% de participação. O desenvolvimento
da energia eólica foi concentrado nas áreas costeiras do norte da Alemanha e,
em resposta às preocupações de que os preços relativamente altos pagos sob a
tarifa estavam sobrecarregando injustamente as concessionárias no norte, a tarifa
foi revista em 1998 para cobrir as obrigações da concessionária em 5% de suas
entregas totais anuais.

A REFIT foi substituída em 2000 por uma nova lei nacional de energia renovável,
Erneuerbare-Energien-Gesetz (EEG), a qual requereu que os operadores do sistema de
energia da Alemanha comprassem energia de cada forma específica de energia reno-
vável (incluindo eólica) por 20 anos, por um preço fixo mínimo. Em 2003, o preço ini-
cial para uma nova geração de energia eólica era 0,089/kWh pelos primeiros cinco
anos. Após o quinto ano, a tarifa cai para 0,06/kWh e manteve-se constante por 15
anos. Para projetos iniciados depois de 2003, o alto (primeiros cinco anos) e o baixo
(de 6 a 20 anos) preço de referência caia em 1,5% por ano. Se a geração de energia
de um projeto estava abaixo de 150% do desempenho de referência da turbina2, o
período de preço fixo mais alto era estendido em dois meses, com duração da exten-
são sendo proporcional ao quanto abaixo de 150% do desempenho de referência da
turbina o desempenho real do projeto esteve. A intenção desse sistema é proporcionar
suporte para projetos em lugares com menos vento, enquanto evita fornecer subsídios
“excessivos” a projetos em lugares com muito vento.

A chave para uma política eficaz de preço fixo é a determinação do preço. Preços
muito baixos não impulsionam o desenvolvimento, enquanto que preços muito altos
podem prejudicar o apoio público e político à política de preço fixo. Para garantir que

1
Tarifa Feed-in é uma modalidade tarifária que busca mitigar o risco do baixo fator de capacidade (25-40%)
típico de empreendimentos eólicos.
2
A turbina de referência compreende uma série de tipos de turbinas operando em uma velocidade média de
vento de 5,5m/s e altura para o centro do eixo de 30m, usando uma curva de potência aprovada [4].

27
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

os preços na Alemanha sejam apropriados, a EEG requer uma reavaliação da estrutura


de preços a cada dois anos para acomodar as mudanças de mercado, os avanços tec-
nológicos e a penetração de mercado de tecnologias de energia renovável. Qualquer
alteração na estrutura de preços da EEG aplicar-se-ia as novas instalações; projetos que
já estejam operando têm garantidos seus acordos de preço de longo prazo, de acordo
com a estrutura de preço do EEG na época de suas instalações, dessa forma, fornecen-
do confiança no preço àqueles que estiverem pretendendo investir em um projeto.

A segunda área da política alemã, relativa aos subsídios de investimento, inicia-


da em 1989 com o “Programa eólico de 100MW”, foi ampliada em 1990 com o
“Programa eólico de 250MW”. Esse programa foi extinto entre 1996 e 1998. Sob
o programa, projetos recebiam subsídios de DM 200/kW (cerca de 120US$/kW),
com um limite máximo de DM 100.000 por projeto para projetos de até 1MW, e um
máximo de DM 150.000 para projetos de mais de 1MW. Dependendo do tamanho
do projeto e do custo de capital, isso podia resultar em um subsídio de até cerca de
10% a 15% do custo de capital.

A terceira área de política, financiamento federal, oferece aos projetos alemães


de energia renovável financiamento com taxas abaixo do mercado através de uma
instituição federal.

Deutsche Ausgleichsbank (DtA), em cooperação com fundos do Programa Europeu


de Recuperação Econômica e com fundos do Programa Ambiental do Kreditanstalt für
Wiederaufbau (KfW). Os empréstimos cobrem aproximadamente 75% dos custos do
projeto, têm uma taxa de juros fixa entre 1% e 2% abaixo das taxas de mercado e um
período de até cinco anos de carência parcial, durante o qual somente os juros são
pagos, mas o montante principal do empréstimo mantém-se o mesmo. O financia-
mento federal é combinado com o financiamento de outras fontes, como empréstimos
de bancos locais (12% a 15%), concessões (5%) e capital próprio entre 5% e 8% dos
custos de capital do projeto. A pronta disponibilidade de empréstimos, cobrindo a
maioria dos custos de projeto, combinada com tarifas feed-in favoráveis, tem feito, de
modo relativamente fácil, a identificação de investidores interessados em projetos de
energia eólica.

Como foi mencionado previamente, o sistema alemão tem sido bastante eficaz em
estimular o desenvolvimento da energia eólica. O curso estável das receitas em preços
suficientes para fornecer um retorno satisfatório, combinado com custos relativamente
baixos dos financiamentos e subsídios para atacar a natureza intensiva em capital da
tecnologia, têm resultado em altas taxas de crescimento. Em resposta ao sucesso, uma

28
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

emenda ao EEG, proposta em 2003 pelo ministro do ambiente alemão, busca, entre
outras coisas, diminuir os incentivos aos projetos de energia eólica através da:
• redução do período máximo. Os projetos localizados em regiões com pouco ven-
to podem estender seus “períodos de altos preços” para 10 anos (para um total de
15 anos a partir do começo do projeto, incluindo o período base de 15 anos);
• redução do “período de preços baixos” aplicáveis nos anos 6 a 20 em locais com
muito vento em 0,005/kWh (por exemplo, para projetos terminados em 2004, os
preços seriam de 0,054/kWh ao invés de 0,059/kWh de acordo com a lei atual).

3.1.2 Dinamarca

Líder inicial em tecnologia eólica, a Dinamarca também tem sido eficaz em enco-
rajar o desenvolvimento desse tipo de energia. Em 1995, a Dinamarca tinha 637MW
de capacidade eólica instalada. Esse número aumentou para 2.880MW em 2002 e
para 3.136 em julho de 2007. A Dinamarca tem um total de cerca de 13.000MW
de capacidade de geração elétrica instalada com, aproximadamente, 76% de energia
gerada por combustíveis fósseis, nada por fissão nuclear e 22% de energia eólica.

A estrutura de políticas da Dinamarca tem, historicamente, diferenciados incentivos


baseados no tipo de propriedade: cooperativas de energia eólica (co-ops), proprie-
dade privada e propriedade de concessionárias. A infraestrutura de energia eólica
dinamarquesa favorece propriedade de projetos locais, tanto de indivíduos quanto de
cooperativas, e de pequenos projetos distribuídos.

Essa estrutura tem tendido a aumentar custos em função da falta de economias de escala,
mas tem reduzido a oposição local do desenvolvimento de projetos, porque eram pequenos,
tinham apoiadores locais e maximizavam os benefícios econômicos locais.

Até recentemente, co-ops e proprietários privados eram elegíveis para contratos de


compra com concessionárias em 85% do preço de varejo da energia ou cerca de 0,25
a 0,35 DKK/kWh (aproximadamente 0,04 a 0,05 US$/kWh). Co-ops e proprietários
privados também recebiam um reembolso do imposto de energia (0,17 DKK/kWh em
1996, ou cerca de 0,02 US$/kWh), e um reembolso do imposto do dióxido de car-
bono (0,10 DKK/kWh em 1996, ou cerca de 0,01 US$/kWh). Pagamentos dessas
três fontes totalizavam aproximadamente 0,5 a 0,6 DKK/kWh (cerca de 0.07 a 0.09
US$/kWh). Essas fontes de receita reduzem os riscos financeiros para investidores e
credores porque o projeto terá um fluxo garantido de receitas, que por vez, fortalece a
sua capacidade de gerar receitas líquidas para o pagamento de empréstimos e fornece
um retorno do capital investido.

29
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Mais de 150.000 famílias dinamarquesas têm turbinas eólicas, através das co-ops
ou individualmente, e representam uma grande força política no país. Além disso, a
Associação dos Proprietários de Turbina Eólica publica, mensalmente, estatísticas de
operacionais por tipo de turbina eólica, incluindo histórias bem sucedidas e de proble-
mas. Essa divulgação pública fornece fortes incentivos para a fabricação de produtos
de qualidade e dar suporte durante o período de operação das turbinas.

Outro elemento da política de energia eólica que tem afetado a indústria dinamar-
quesa de eólica é a exigência de certificação da turbina. O governo dinamarquês criou a
Estação de Testes de Turbina Eólica Risø e, para receber subsídios, as turbinas têm que ser
certificadas para poderem ser conectadas à rede de transmissão.

Durante os anos 80, a Dinamarca fornecia um subsídio de investimento de 30% do


custo da turbina eólica. A Dinamarca amplamente evitava problemas associados com
subsídios de investimentos como os que ocorriam nos Estados Unidos (discutidos abai-
xo) por causa da exigência da certificação Risø e da relativamente modesta quantia de
subsídio, se comparada com a quantia dos Estados Unidos, dentre outras coisas.

Por causa da ênfase na propriedade local e da estrutura fiscal, concessionárias


têm tido muito poucos incentivos para construir projetos próprios. As concessionárias
não são elegíveis para pleitear o reembolso ou qualquer outro tratamento fiscal prefe-
rencial. No entanto, elas podem candidatar-se para reembolsos do imposto do dióxido
de carbono quando utilizarem energia renovável. Era exigido que as concessionárias
arcassem com qualquer reforço à rede de transmissão que fosse necessário para o
recebimento de energia de projetos eólicos. Custos adicionais eram somados à tarifa
base das concessionárias e repassados aos consumidores.

Concessionárias podem desempenhar um papel mais importante no crescimento fu-


turo da energia eólica na Dinamarca devido ao esgotamento de áreas para novos pro-
jetos (e mais projetos novos mudam-se para plantas de larga escala longe da costa) e
como forma de atingir objetivos crescentes de geração de energia de fonte renovável.

Mudanças recentes na política energética dinamarquesa têm substituído os 85% da


tarifa feed-in dos preços de varejo para novos projetos. Contratos de compra de ener-
gia assinados entre 2000 e 2002 receberam duas formas de pagamento pela energia:
um preço fixo mínimo de 0,33 DKK/kWh por 10 anos (cerca de 0,05 US$/kWh)
mais um “certificado verde” que será comercializado por um preço de mercado, com
um valor legal mínimo de 0,10 DKK/kWh e um máximo de DKK 0,27 DKK/kWh (uma
variação de cerca de 0,015 a 0,040 US$/kWh). Depois de 10 anos de operação,
o sistema pretende tornar-se inteiramente dependente dos preços de mercado.

30
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Devido à Dinamarca ter sido um dos primeiros líderes em energia eólica, muitas
turbinas eólicas lá atingiram o final de suas vidas úteis (desenhos obsoletos). Um sistema
de certificado de substituição foi criado para promover a remoção de equipamento anti-
go (abaixo de 100 a 150 kW de capacidade indicada) e instalação de equipamento
novo. Um detentor de um certificado é premiado com um preço superior pela energia
produzida por turbinas novas até o máximo de duas ou três vezes da capacidade
substituída (dependendo da turbina substituída). Como resultado, em 2002, 300 novas
turbinas, totalizando quase 300MW, substituíram aproximadamente 1.300 turbinas
com capacidade total de 100MW. As instalações de turbinas eólicas dinamarquesas,
em 2002, totalizaram 526MW, assim, o programa de substituição representou mais
da metade das instalações naquele ano.

As recentes transições na política de energia eólica da Dinamarca ilustram um


ponto importante: consistentemente, políticas de longo prazo ampliam o desenvolvi-
mento de projetos de energia eólica, e incertezas sobre políticas futuras reduzem esse
desenvolvimento. A tabela 3-1 mostra a história recente da capacidade instalada das
turbinas eólicas na Dinamarca. O crescimento da capacidade de energia eólica era
praticamente estável durante o final dos anos 90, depois chegando ao pico de aproxi-
madamente o dobro da média recente anual em 2000, quando as ultimas instalações
com contratos de compra sob a tarifa anterior (85% do preço de varejo) foram cons-
truídas. Em 2001, o crescimento foi baixo e depois foi alto novamente em 2002, em
parte devido ao programa de substituição das turbinas descrito acima. O crescimento
baixo em 2001 foi, em parte, devido às incertezas que afetaram a indústria entre
1999 e 2001, quando mudanças importantes na liderança de governo da Dinamarca
e políticas de energia eólica foram consideradas e iniciadas, assim como a conclusão
de projetos em processo de desenvolvimento foram “apressados”, de forma que eles
pudessem se qualificar para arranjos mais desejáveis de compra de energia antes que
o período de elegibilidade terminasse.

Tabela 3-1. Capacidade Recentemente Instalada de Energia Eólica na Dinamarca1

Capacidade instalada Crescimento em relação ao


Ano
no final do ano, MW ano anterior, MW
1997 1.116 259
1998 1.420 304
1999 1.738 318
2000 2.341 603
2001 2.456 115
1
Fonte: BTM Consult World Market Updates

32
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Capacidade instalada Crescimento em relação ao


Ano
no final do ano, MW ano anterior, MW
2002 2.880 424
2003 250
2007 3136 240
2008
1
Fonte: BTM Consult World Market Updates

A política de apoio à energia eólica, relativamente estável e antiga, fez da Dina-


marca um líder da indústria, tanto em termos de penetração de mercado da energia
quanto da fabricação de turbinas eólicas com companhias dinamarquesas controlando
cerca de 50% do mercado mundial. A Evolução das políticas dinamarquesas para uma
abordagem mais baseada no mercado introduziu incerteza no mercado, mas políticas
atuais parecem estar dirigindo novamente a energia eólica na Dinamarca para um
importante crescimento.

3.1.3 Reino Unido

O Reino Unido tem um total de, aproximadamente, 73.000MW de capacidade


instalada de geração de energia elétrica, com cerca de 70% sendo gerada pela quei-
ma de combustíveis fósseis (predominantemente carvão e gás), 20% de fissão nuclear
e menos de 1% de energia eólica.

A indústria de energia elétrica no Reino Unido foi gradualmente desregulamentada


durante os anos 90. Uma parte do processo de desregulamentação foi o programa de
Obrigação de Uso de Combustíveis Não-Fósseis (Non Fossil Fuel Obligation – NFFO).
O programa NFFO foi originalmente desenvolvido para proteger a indústria de ener-
gia nuclear em um mercado desregulamentado, mas a lei permitia a participação de
tecnologias de energia renovável e, eventualmente, foi usada somente para energia
renovável. A NFFO estabeleceu novas metas semestrais de capacidade elétrica para
combustíveis não-fósseis, posteriormente evoluiu para a subdivisão dessas metas por tec-
nologia (por exemplo, biomassa e gás de aterro sanitário). Desenvolvedores de projetos
de energia renovável competem economicamente dentro de seu mercado tecnológico
com concessionárias regionais pelos contratos de compra de energia. Os contratos de
compra de energia das duas primeiras rodadas do programa foram de até cerca de
oito anos; subsequentes rodadas foram de contratos de 15 anos. O programa promove
ofertas de preços competitivos e cria tanto melhorias tecnológicas economicamente
orientadas quanto esforços de pesquisa e desenvolvimento.

33
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A tabela 3-2 resume os resultados dos cinco leilões NFFO. Como apresentado
na tabela, os preços foram significativamente reduzidos desde as rodadas 1 e 2 (com
contratos de compra de energia de curto prazo que terminaram em 1998), e rodadas
subsequentes (contratos de compra de energia de 15 anos). Outros fatores que prova-
velmente contribuíram para a redução das propostas de preços foram os avanços das
turbinas eólicas, a eficiência adquirida pelos desenvolvedores através da experiência
e a maior familiaridade do investidor com a tecnologia, que deve reduzir as taxas de
juros cobradas ou as exigências de retorno sobre o investimento. A Tabela 3-2 indica o
montante da capacidade eólica que foi premiada com contratos sob a NFFO; muitos
dos projetos que ganharam contratos NFFO não serão construídos devido a dificulda-
de em obter licenças locais, falta de acesso às linhas de transmissão, dificuldades de
financiamento e outros fatores.

Tabela 3-2. Resumo dos leilões da NFFO (Inglaterra e País de Gales)


Capacidade de
NFFO Ofertas de Preços Ofertas de Preços
Ano Energia Eólica,
Rodada (GBP/kWh) (aprox. US$/kWh)
MW2
1990 1 28 0,058 – 0,100 0,092 – 0,160
1991 2 196 0,064 – 0,110 0,102 – 0,176
1994 3 385 0,040 – 0,060 0,064 – 0,096
1997 4 793 0,031 – 0,050 0,050 – 0,079
1998 5 856 0,024 – 0,046 0,039 – 0,074

Qualquer diferença entre o preço premium da NFFO e preço médio mensal de


compra de energia das concessionárias é reembolsada através do fundo do Imposto dos
Combustíveis Fósseis (Fossil Fuel Levy). O Imposto dos Combustíveis Fósseis foi inicialmen-
te criado (como a NFFO) para subsidiar a energia nuclear e permanecerá até 2014. No
entanto, parte desse subsídio foi para a energia renovável, uma vez que a NFFO come-
çou a ser usada para energia renovável. O imposto tem se alterado ao longo do tempo
e variado entre cerca de 10% para menos de 1% do preço de varejo da energia.

Enquanto que a NFFO era esperada por muitos para apoiar uma vigorosa indústria de
energia eólica no Reino Unido, durante 2001 apenas 525MW de capacidade foi instalada,
capacidade essa que é bem menor que na Dinamarca e Alemanha. A razão primordial para
essa discrepância é a dificuldade em obter licenças de forma rápida. Além disso, obstáculos
para a transmissão de energia parecem limitar o desenvolvimento da energia eólica no Rei-
no Unido. De uma maneira geral, o Reino Unido opera com excesso de geração no norte

34
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(onde os recursos eólicos são melhores, mas a demanda de energia é relativamente leve) e a
energia flui por linhas de transmissão restritas no sul (onde os recursos eólicos são menores e
a demanda é relativamente pesada). Por isso, o desenvolvimento da energia eólica no norte
tende a exacerbar as limitações de transmissão, ao invés de ajudar a aliviá-las.

Em 2002, o Reino Unido mudou do sistema de contrato NFFO para um sistema de


obrigação renovável, que seguia a premissa básica do sistema de portfólio padrão de
energia renovável usado por alguns estados dos Estados Unidos (ver discussão abaixo).
A obrigação renovável britânica requer que varejistas de energia adquiram 3% da
energia que demandam a partir de fontes renováveis em 2003, elevando para 10%
até 2010. Essa obrigação exige que cerca de 1.250MW de fonte renovável sejam
instaladas a cada ano. Em julho de 2007, o Reino Unido contava com 1.963MW de
capacidade instalada, totalizando 1,5% da energia utilizada.

A atividade de desenvolvimento no estágio inicial parece ter crescido significativa-


mente em resposta ao padrão de portfólio padrão renovável.

Aproximadamente 700 MW de projetos off-shore têm sido aprovados na rodada


1 do processo de aprovações off-shore do governo, esperando-se que outros 4.000 a
6.000MW candidatem-se para a rodada 2. O processo da Rodada 1 inclui projetos
relativamente pequenos que estão a até 12 milhas da costa (nas águas territoriais britâ-
nicas), com arrendamentos de 22 anos. O primeiro projeto em escala de concessioná-
ria off-shore, usina North Hoyle de 60MW, da rodada 1, foi concluído em novembro
de 2003. O processo da rodada 2 inclui projetos muito maiores, além das águas
territoriais, com arrendamentos de 40 anos.

3.2 Exemplos dos Estados Unidos

Os Estados Unidos têm instituído diversos mecanismos de políticas nos níveis fe-
deral e estadual para encorajar o crescimento da indústria de energia eólica, com
variados graus de sucesso. Os Estados Unidos têm um total de cerca de 850.000MW
de capacidade de geração de energia elétrica, com 70% sendo gerada a partir de
combustíveis fósseis (predominantemente carvão e gás), 21% de fissão nuclear e menos
de 1% de energia eólica.

3.2.1 Créditos Fiscais de Investimento

Durante os anos 70 e 80, o governo federal estabeleceu diversos créditos fiscais de


investimento, geralmente com o objetivo de estimular a economia. Esses créditos fiscais

35
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

de investimento incluíam provisões específicas para recursos de energia renovável como


o vento; parcialmente em resposta ao embargo dos produtores árabes de petróleo de
1973 causado pela ampla crise econômica. O crédito fiscal de investimento permitia
que os proprietários de projetos de energia eólica reduzissem a base de cálculo do
montante investido em projetos em vias de qualificação. Logo depois, a Califórnia
ofereceu um crédito fiscal similar em nível estadual, chegando a quase 50% o crédito
fiscal sobre o custo da tecnologia eólica, que normalmente poderia ser reivindicado no
primeiro e segundo anos.

Na mesma época, o estado da Califórnia exigiu que as concessionárias ofereces-


sem contratos de compra para projetos de energia renovável, que revelaram ter tarifas
muito favoráveis. Esses contratos de compra de energia eram geralmente de 30 anos,
com preços fixos nos 10 primeiros anos baseados numa previsão evolutiva dos preços
da energia. Os contratos incluíam tanto um pagamento da energia quanto da capaci-
dade. Os preços da energia começavam em cerca de 0,05 US$/kW no início dos
anos 80; os pagamentos baseados na capacidade incrementavam a média de preços
pagos por kWh em um centavo ou mais.

A combinação de créditos fiscais e contratos com altos preços levaram a um agitado


desenvolvimento de energia eólica na Califórnia nos anos 80. Consequentemente, ao
longo dos anos 80, mais de 90% da capacidade eólica mundial estava instalada na Ca-
lifórnia. Entretanto, como o crédito fiscal era sobre o investimento, um projeto tinha apenas
que estar concluído e conectado à rede de transmissão até o final do ano fiscal. Em outras
palavras, não existia nenhum incentivo para a operação dos projetos, apenas para insta-
lá-los. Além disso, havia uma pressão significativa para instalar projetos apressadamente,
especialmente em anos que em que o crédito fiscal seria reduzido ou expiraria.

Com preços fixos progressivamente mais altos e um crédito fiscal muito lucrativo, o
financiamento de projetos poderia ser conseguido quando os investidores fossem capa-
zes de atingir retornos favoráveis em seus investimentos somente através dos incentivos
fiscais e depreciação acelerada, independentemente dos projetos produzirem energia
ou não. Frequentemente, esses financiamentos incluíam como garantia de dívida bancá-
ria o próprio projeto. Essa combinação de políticas resultou em um número de projetos
precariamente localizados e que utilizavam tecnologia de turbinas não comprovada.
Muitos desses projetos não tiveram o desempenho esperado e bancos, companhias de
seguro e investidores sofreram perdas significativas. Embora os incentivos fiscais e con-
tratos de compra de energia com preços altos tenham resultado numa quantidade sig-
nificativa de capacidade de energia eólica instalada, os efeitos econômicos colaterais
dessas políticas ainda hoje influenciam decisões de investimento. Bancos americanos

36
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

são geralmente céticos em relação à energia eólica por causa dessas falhas iniciais,
mostrando-se relutantes em reentrar no mercado de empréstimos para energia eólica.

Nos últimos anos, a maioria dos empréstimos para projetos nos Estados Unidos
vêm de instituições europeias ou canadenses.

3.2.2 Crédito Fiscal para Produção

As condições descritas acima fizeram com que aproximadamente 1.000MW


de capacidade de geração de energia fossem instalados na Califórnia ao longo de
1986. Entretanto, o crédito fiscal para investimento não foi renovado em 1987, e de
1987 a 1991, somente cerca de 500MW de capacidade eólica foi instalada na-
quele estado americano, utilizando-se capacidade eólica não-aproveitada que ainda
restava de alguns contratos de compra de energia com altos preços, que tinham sido
obtidos no início dos anos 80. Até 1991, a capacidade eólica instalada acumulada
nos Estados Unidos totalizou 1.600MW.

Em 1992, uma Lei de Política de Energia Federal foi colocada em prática e incluía
um crédito fiscal para a produção de energia renovável (Production Tax Credit – PTC).
Baseada na produção ao invés do investimento, essa provisão encorajava o desenvolvi-
mento de projetos de energia eólica focados em operações de longo prazo. De 1992
até 2002, 3.100MW de capacidade extra de energia eólica em nível de concessio-
nária foi adicionada em 15 estados; em julho de 2007, os EUA tinham 11.603MW
de capacidade instalada. Outros fatores, como avanços tecnológicos, que reduziram
os custos de produção de energia eólica, o crescente apoio político para energia “lim-
pa” e decretos estaduais, que resultaram na desregulamentação da legislação, também
ajudaram a incrementar a demanda por energia eólica.

Atualmente, o PTC é a política federal primordial dos Estados Unidos para apoiar
o desenvolvimento de energia eólica. Uma provisão similar, o Incentivo à Produção de
Energia Renovável (Renewable Energy Production Incentive – REPI), está disponível para
entidades públicas de energia ou outras que não paguem imposto de renda federal,
porque o REPI requer a apropriação de fundos federais a cada ano, sendo mais limi-
tado do que a PTC, além do valor poder ser reduzido se mais candidatos requisitarem
mais fundos do que foi alocado.

A PTC aplica-se à energia gerada durante os 10 primeiros anos da operação do


projeto. Esse crédito fiscal federal começou em US$0,015 por kWh, em 1994, e desde
então vem sendo reajustado anualmente pela inflação (aproximadamente US$0,018,

37
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

em 2003). Como a PTC representa benefícios pós-impostos para o investidor, a efetiva


alíquota pré-impostos da PTC é atualmente igual a US$0,025 por kWh.

O crédito, da forma como é implementado atualmente, tem duas desvantagens:


prazo curto para implementação e o fato de não ser transferível. A PTC original
expirou em 1999 e, depois de expirada, foi renovada até 2001. Depois de expi-
rada em 2001, a PTC foi renovada até 31 de dezembro de 2003. Como projetos
eólicos necessitam pelo menos 2 a 3 anos de desenvolvimento, as renovações de
curto prazo não são suficientes para garantir que a PTC estará em prática quando
se necessitar dela (um projeto se qualifica por estar concluído e em operação antes
da data de expiração). Devido a PTC ter que ser renovada a cada poucos anos, e a
renovação não ser garantida, foi criado um ciclo alternante entre períodos de expansão
e retração do desenvolvimento de energia eólica nos Estados Unidos.

A tabela 3-3 mostra a capacidade eólica instalada nos Estados Unidos em relação à
expiração da PTC. Como foi discutido previamente, a falta de uma política consistente de
longo prazo tem sido prejudicial ao crescimento da indústria eólica nos Estados Unidos.

Tabela 3-3. Desenvolvimento da Energia Eólica nos Estados Unidos e o PTC1

Capacidade Crescimento em
Ano Status da PTC Instalada no final Relação ao Ano
do ano, MW Anterior, MW
1997 1.611 21
1998 2.141 530
Projetos em via de qualificação devem es-
tar concluídos até 30 de junho; estendido
1999 2.445 304
até dezembro de 1999 para que projetos
concluídos até 2001 se qualifiquem.
2000 2.610 165
Projetos em vias de qualificação devem
estar concluídos até 31 de dezembro; es-
2001 4.245 1.635
tendido até março de 2002 para que pro-
jetos concluídos até 2003 se qualifiquem.
2002 4.674 429
Projetos em vias de qualificação devem
2003 6.361 1.687
estar concluídos até 31 de dezembro
1
Fonte: BTM Consult World Market Updates, exceto pelo crescimento de 2003, o qual é da Global Energy Concepts.

38
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Outra desvantagem da PTC é que ela representa um crédito fiscal não-transferível,


um pagamento indireto aos proprietários. Para beneficiar-se da PTC, proprietários de
projetos devem ter um uma importante e contínua dívida fiscal federal. Isso limita o
número de participantes e favorece companhias grandes e lucrativas como proprietárias
de projetos eólicos nos Estados Unidos. Recentes turbulências do mercado de concessio-
nárias de energia elétrica e de outros setores (o que causou que algumas companhias
não fossem lucrativas, e, portanto, não devessem impostos sobre os quais a PTC seria
creditada), e a aplicação do Imposto Alternativo Mínimo (Alternative Minimum Tax)
(no qual imposto pode ainda ser devido em certas circunstâncias) fazem a PTC menos
favorável para alguns potenciais donos de projetos. Com limitados participantes, existe
limitada competição e o retorno financeiro demandado por investidores em ativos de
projetos eólicos nos Estados Unidos é alto em relação aos retornos sobre patrimônio
líquido demandado na Europa.

3.2.3 Depreciação Acelerada

O código fiscal dos Estados Unidos permite também a depreciação acelera-


da sobre investimento em ativos, o que ajuda a aumentar o retorno pós-imposto
sobre investimento em projetos de energia eólica. A depreciação é considerada
uma despesa e é indicada numa declaração de renda (e para propósito de
cálculo de imposto de renda) como uma despesa.

A depreciação ocorreria normalmente durante a vida útil do equipamento, o qual,


para turbinas eólicas, é de aproximadamente 20 anos. Uma depreciação normal direta
de turbinas eólicas permitiria, então, uma redução dedutível de imposto de 5% do custo
do equipamento por ano, durante 20 anos. Entretanto, com a depreciação acelerada,
muito mais do investimento pode ser deduzido para propósitos de cálculo de imposto
de renda no início da vida do projeto, assim aumentando o valor econômico do projeto
para o seu dono. Em 2003, as provisões da depreciação acelerada aplicáveis a novos
projetos de energia eólica incluíram depreciação de 60% do custo do equipamento no
primeiro ano, 16% no segundo ano e 10% no terceiro ano, com a depreciação comple-
ta até o fim no sexto ano. Assim como com a PTC, para beneficiar-se completamente da
depreciação, o dono do projeto tem que ter uma substancial obrigação fiscal federal
que possa ser reduzida através da dedução da despesa de depreciação.

3.2.4 Obrigações de Compras Governamentais

O governo dos Estados Unidos é o maior consumidor individual de energia do


país, representando cerca de 2% do consumo total de energia. Governos locais e es-

39
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

taduais também consomem grandes quantidades de eletricidade. Consequentemente,


obrigações governamentais podem representar grandes incentivos para a indústria
de energia eólica. A Ordem Executiva 13.123, assinada em 1999, é uma instrução
geral para agências federais para incrementar o uso de energia de fonte renovável.
Como não há incentivo à adequação (ou penalidades para a não- adequação),
as reações à essa instrução têm variado entre agências e regiões. Metas têm sido
estabelecidas por diversas agências e compras significativas têm sido feitas pelo
Departamento de Energia, a Agência de Proteção Ambiental e o Departamento de
Defesa, dentre outros.

No estado de Nova Iorque, a Ordem Executiva 111 do governador, assinada em


2001, exige que todas as agências do estado comprem pelo menos 20% de suas ne-
cessidades de energia de fontes renováveis até 2010. Considerando-se que o governo
frequentemente representa um grande consumidor, suas compras de energia renovável
podem estimular o desenvolvimento imediato e economias de escala. Até agora, essas
obrigações não tiveram um impacto substancial na capacidade instalada nos Estados
Unidos, porém, espera-se que isso mude.

3.2.5 Portfólio Padrão de Renováveis e Outras Obrigações

Considerando-se que as concessionárias nos Estados Unidos estão sendo desre-


gulamentadas, alguns estados implementaram alguma forma de obrigação de com-
pra de energia renovável como parte de suas legislações de desregulamentação.
Uma das mais populares formas de obrigação é conhecida como um Portfólio Padrão
de Renováveis (Renewables Portfolio Standard – RPS). Com um RPS, fornecedores de
energia no varejo são obrigados a comprar uma porcentagem mínima de energia de
fontes renováveis.

Com um RPS, varejistas de energia são obrigados a comprar uma porcentagem mí-
nima de energia de fontes renováveis. Um varejista pode cumprir com suas obrigações
construindo e operando seu próprio projeto de energia renovável, comprando energia
diretamente de um produtor de energia renovável, ou comprando energia através de
um intermediário. Espera-se que esse sistema utilize as forças de mercado que irão mi-
nimizar os preços pagos pela energia renovável.

Como qualquer política, a estrutura da legislação do RPS afeta seu impacto. Os


elementos-chave para o sucesso incluem:
• Compatibilidade com a estrutura de mercado de energia para assegurar que cada con-
cessionária participante possa cumprir com suas obrigações da maneira mais eficaz;

40
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Apoio para as fontes renováveis existentes, se necessário;


• Novas exigências para renováveis;
• Pesadas penalidades para a não-adequação que custem mais do que a adequação;
• Estrutura flexível que permita ajustes aos avanços tecnológicos e outras mudanças
e mercado;
• Descrição precisa e clara.

Existem várias decisões-chave a ser tomadas para desenvolver uma exigência de


RPS apropriada. Primeiro, legisladores devem determinar o objetivo geral do desen-
volvimento de energia renovável. Deve ser ponderado também, pelos legisladores, o
potencial energético de energia renovável da área afetada pela política energética em
relação ao consumo histórico e projetado de energia elétrica e mix de geração para
que se determine um objetivo de desenvolvimento adequado.

Segundo, legisladores devem decidir quais as tecnologias que se qualificam ou


que sejam levadas em conta para que se cumpra o objetivo do RPS. Por exemplo: em
áreas com significativa capacidade de geração hidrelétrica, as tecnologias permitidas
podem não incluir nenhuma unidade hidroelétrica pré-existente, podem limitar a capaci-
dade das hidrelétricas existentes em um nível máximo para que possam se qualificar ou
permitir apenas capacidade hidrelétrica nova e/ou de pequena escala. Dependendo
dessas restrições, um RPS pode não encorajar nenhum novo desenvolvimento porque
seus objetivos poderiam ser atingidos com os recursos já existentes. Por exemplo, no
estado de Maine, as exigências de RPS são inferiores à capacidade de geração hidre-
létrica existente. Consequentemente, a legislação nesse estado é ineficaz ao promover
a geração adicional de energia renovável. Os processos de qualificação de tecnolo-
gias devem levar em conta os tipos de energia renováveis já existentes na região, assim
como avanços tecnológicos.

Uma terceira decisão-chave é especificar obrigações para comerciantes de ener-


gia. Essa decisão também requer uma definição de quais negociantes estão sujeitos
às obrigações. Algumas implementações de RPS excluem concessionárias muito peque-
nas, cooperativas e concessionárias municipais. As obrigações podem ser baseadas
em quantidade de energia (quantidade de kWh entregue) ou capacidade (montante,
em kW, de instalações para a geração de energia), e podem ter um objetivo fixo ou
estar condicionadas a uma porcentagem da venda de energia.

Enquanto não há nenhum RPS nos Estados Unidos, aproximadamente 13 estados


passaram leis de RPS até 2003. A tabela 3-4 ilustra as exigências de RPS para cada

41
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

um desses estados, cuja maioria dos objetivos representa um importante aumento na


geração de energia renovável, e a maioria tem objetivos intermediários para promover
aumentos incrementais na geração de energia renovável como forma de atingir o ob-
jetivo de longo prazo.

Tabela 3-4. Exigências de RPS para os Estados nos EEUU

Estado % Renovável e Ano Aplica-se a...

Arizona 1,1% até 2007 Todos


Três maiores concessionárias (que
Califórnia 20% até 2017 fornecem cerca de 75% da energia
no estado)
Novos consumidores, exceto munici-
Connecticut 13% até 2009
pais e cooperativas
Iowa 2,6% até 1999 Duas concessionárias

Maine 30% até 2000 Todos exceto municipais e cooperativas

Massachusetts 4% até 2009 Todos exceto municipais e cooperativas


Uma concessionária (que fornece cer-
Minnesota 10,5% até 2006
ca de 70% da energia no estado)1
15% até
Nevada2 Todos, exceto municipais e cooperativas
2013
Nova Jersey 6,5% até 2012 Todos, exceto municipais e cooperativas

Novo México 10% até 2011 Todos, exceto municipais e cooperativas


Variável de acordo com a
Pensilvânia Todos, exceto municipais e cooperativas
concessionária
Texas 3% até 2009 Todos, exceto municipais e cooperativas

Wisconsin 2,2% até 2011 Todos


1
Outras concessionárias fazem esforços de boa fé para gerar ou comprar 10% de energia fontes renováveis até
2015. Nenhuma penalidade para por não fazer esse esforço ou atingir a meta.
2 5% dos 15% é alocado para energia solar.
Fonte: Deyette, J., S. Clemmer, and D. Donovan, Plugging in Renewable Energy: Grading the States

As metas mostradas na Tabela 3-4 podem ser ilusórias e de difícil comparação sem
que se conheçam detalhes adicionais. Embora as metas de RPS de Maine e Connecticut
sejam altas, as políticas não encorajam o desenvolvimento de nova energia renovável

42
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

para satisfazer a demanda crescente. Maine já recebia 45% de sua energia de hidre-
létricas pré-existentes e de recursos bioenergéticos. Além do mais, energia hidrelétrica
gerada fora do estado também pode ser usada para atingir as metas de RPS de Maine.
Em Connecticut, a linguagem confusa da legislação prejudicou a implantação do RPS.
A comissão estadual de concessionárias públicas, que regula concessionárias elétricas,
determina que os requerimentos do RPS apliquem-se apenas àqueles consumidores que
trocaram seus fornecedores originais (antigos monopólios) de energia por fornecedores
concorrentes. Dado que poucos consumidores trocaram de fornecedor, isso efetivamen-
te reduziu as exigências RPS para baixo de um nível significativo.

O RPS da Califórnia deve facilitar o desenvolvimento de 11.000MW de geração


adicional de energia renovável. O RPS da Califórnia aplica-se apenas às três maiores
concessionárias do estado pertencentes a investidores, os quais são responsáveis por
aproximadamente 75% do consumo de energia dentro do estado. No entanto, até mes-
mo concessionárias municipais, como o Departamento de Água e Energia de Los Ange-
les, que é isento da legislação RPS, estão recebendo pressão política para aumentar seus
portfólios de energia renovável. O RPS da Califórnia também tem os seguintes elementos-
chave, que apoiam as expectativas das pessoas com relação ao seu sucesso:
• Requer 1% ao ano de aumento do nível atual para cada concessionária afetada
até que elas atinjam a meta de 20%;
• A meta de 20% representa um aumento dos níveis atuais para todas as concessionárias;
• Requer geração de energia dentro do estado.

Obrigações para energia renovável também têm sido colocadas em prática por
outras ações legislativas ou regulatórias. Em Minnesota, por exemplo, a comissão de
regulamentação requisitou que a maior concessionária do estado instalasse 400 MW
de energia eólica como parte de um acordo que permitia o armazenamento de lixo
nuclear dentro do estado. Reguladores também têm requisitado obrigações de desen-
volvimento de energia eólica como parte de acordos de fusões entre concessionárias.

Praticas empreendedoras como essas podem ser tomadas como exemplo no fo-
mento da energia eólica no estado do Ceará, no Brasil. Exemplos de legislação e
regulação podem ser tomados como modelo, já que nos EUA o potencial instalado de
energia eólica tem crescido de maneira expressiva, ao contrário do Brasil, que ainda
caminha de maneira lenta.

Porém, sabe-se que muito não pode ser aqui aplicado, devido a diferenças na
legislação e na configuração dos empreendimentos. Isso faz com que se procure fazer

43
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

adaptações nos modelos vencedores. Uma diferença básica que tem que ser observa-
da é com relação a autonomia administrativa de cada estado americano, que costu-
mam fazer suas próprias regelações, de modo que a matriz legal de implementação de
energia renovável no território americano seja heterogênea.

3.2.6 Sistema de Fundos de Benefícios e Cobrança Pública

Outra iniciativa de política energética proveniente da desregulamentação é


a criação de fundos para serem usados no apoio de programas de energia reno-
vável dentro dos estados. Os fundos de programas são tipicamente arrecadados
através de um pequeno aumento na tarifa para os consumidores de concessionárias
pertencentes a investidores nos estados. Esses fundos são então usados para uma
variedade de pesquisas em tecnologia de energia renovável, educação e ativida-
des de amplo alcance, ou ainda no suporte direto a projetos de energia renovável.
Aproximadamente 15 estados têm algum tipo de fundo de benefício para projetos
de energia renovável.

Por exemplo, a Califórnia fornece financiamento de incentivo a novos projetos


de energia renovável através de um incentivo à produção baseado num concorrido
processo de solicitação competitiva, com um máximo de 1,5¢/kWh, pagos ao
longo de um período de cinco anos após o projeto começar a gerar eletricidade.
O financiamento é alocado através de um processo de leilões em que as propostas
são classificadas em ordem da solicitação mais baixa de incentivos para a mais
alta. Começando pela solicitação mais baixa, as propostas eram aceitas como
ganhadoras até que os fundos disponíveis se esgotassem ou que todas as propostas
fossem aceitas. Leilões competitivos foram feitos em 1998, 2000 e 2001. Aproxi-
madamente, 1.300MW dos projetos (75% para projetos eólicos) foram agraciados
com financiamento com preços variando de 0,26 até 1,35¢/kWh (US$0,0026
a US$0,0135 por kWh). Até o final de 2003, mais de 750MW de projetos de
energia renovável financiados pelo programa de incentivo estarão em operação,
totalizando 11.603MW em julho de 2007.

Em outro exemplo, Illinois criou o Programa de Fundos de Benefício através de sua


lei de reestruturação de concessionárias de 1997. Como parte desse programa, o
Fundo de Custódia de Energia de Fonte Renovável (Renewable Energy Resource Trust
Fund) foi estabelecido e arrecadados US$0,50 de cada conta mensal de tarifa do
consumidor residencial (tarifas mais altas para consumidores industriais e comerciais).
Espera-se que as receitas desses fundos alcancem cerca de US$50 milhões por ano por
pelo menos 10 anos. Os fundos fornecerão garantias, empréstimos e outros incentivos
para projetos de energia renovável.

44
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

3.3 Exemplos de países em desenvolvimento/transição

Embora a maioria do desenvolvimento da energia eólica tenha ocorrido nos Esta-


dos Unidos e Europa, alguns dos melhores recursos eólicos são encontrados nos países
em desenvolvimento. Poucos países, como Índia e Brasil, têm dado passos para a
implementação de políticas abrangentes para encorajar o amplo desenvolvimento da
energia eólica. Têm sido registrados excelentes recursos eólicos em muitos locais no
Brasil. Índia, por outro lado, tem apenas moderados recursos eólicos, mas um conjunto
agressivo de incentivos ao desenvolvimento. Uma discussão mais detalhada das expe-
riências nesses dois países é fornecida mais adiante nesta sessão.

Outros países têm iniciado atividades para aumentar a consciência sobre o po-
tencial da energia eólica e para demonstrar a tecnologia. Atividades como essas são
geralmente precursoras das políticas de desenvolvimento. Por exemplo, muitos países
têm desenvolvido mapas detalhados dos recursos eólicos para quantificar seus poten-
ciais energéticos eólicos em regiões-alvo ou em todo o país. O Laboratório Nacional de
Energia Renovável dos Estados Unidos (U.S. National Renewable Energy Laboratory)
desenvolveu recentemente mapas para o México, Filipinas, Sri Lanka e parte da China
– cada um mostrando centenas de MW de potencial de desenvolvimento eólico. Um
número de países tem instalado projetos de energia eólica com assistência de fundos
de ajuda internacional. Alguns são pequenos projetos de demonstração, como o pro-
jeto eólico de 3MW no sul do Sri Lanka, e outros são de tamanho importante, como o
projeto de 50MW em Huitingxile, no interior da Mongólia, na China. Pretende-se que
os resultados e experiências com tais projetos encorajem legisladores a implementar
incentivos adicionais para o desenvolvimento de energia eólica.

Mesmo que fortes políticas ou incentivos não estejam em prática, muitos países
têm instalado projetos comerciais de energia eólica, frequentemente com preços mais
altos do que outras opções de geração. Decisões como essa são motivadas por uma
variedade de fatores, incluindo um interesse em ganhar experiência com a tecnologia e
a operação de recursos intermitentes de geração de energia, um desejo de diversificar
os portfólios de energia ou usar recursos nativos ou ainda como uma proteção contra
futuros aumentos nos preços dos combustíveis.

A Costa Rica tem garantido contratos de compra de energia a diversos projetos eólicos
para aproveitar seus excelentes recursos eólicos (média anual de 10 m/s). Um pequeno
projeto de demonstração foi instalado no México no início dos anos 90 e a concessionária
nacional está desenvolvendo atualmente uma solicitação para um projeto de 50MW com
potencial expansão para 100MW, na mesma região do seu projeto-piloto.

45
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

O Marrocos tem um ambicioso programa para desenvolver o uso de recursos


solares, eólicos e de outras fontes renováveis para reduzir sua dependência de com-
bustível importado. Em 2001, a primeira grande fazenda eólica, com 50MW de
capacidade, foi construída por uma joint venture entre a Eletricité de France e Vestas
Wind Systems A/S da Dinamarca. No final de 2003, propostas para a construção
de dois novos projetos, totalizando 200MW, a serem localizados perto de Tangier e
Tarfaya, estavam sendo avaliados.

Outros países estão trabalhando para incrementar a quantidade de energia elétrica


gerada de recursos renováveis. A Guatemala aprovou uma lei de incentivos à energia
renovável, no final de 2003, que fornece incentivos fiscais e econômicos para o desen-
volvimento de energia solar, pequenas hidrelétricas, de biomassa, geotérmica e eólica.
A eficácia dessa legislação se tornará transparente nos próximos anos. Alguns países
têm sido capazes de desenvolver uma infraestrutura industrial consideravelmente sólida
em conjunto com o desenvolvimento de projetos eólicos. Um estudo feito pela Global
Enviromental Facility (GEF) sobre o funcionamento de projetos conduzidos em nações
em desenvolvimento encontrou três questões-chave no sucesso em desenvolver um mer-
cado de energia renovável:
• Criar um clima favorável ao investimento para projetos privados;
• Criar uma estrutura reguladora para produtores independentes de energia;
• Determinar a melhor forma de cobrir a diferença de preços entre energia eólica e
tecnologias já estabelecidas.

Fundamentalmente, esses requisitos precisam ser satisfeitos para que haja uma po-
lítica eficaz de energia renovável em qualquer parte do mundo.

A experiência com a implementação de políticas de energia renovável na Índia e Brasil


são descritas com mais profundidade nas sessões seguintes. Como foi discutido previamen-
te, a Índia experimentou um importante desenvolvimento eólico em meados dos anos 90
devido a um conjunto agressivo de incentivos. Após um desenvolvimento tranquilo e algu-
mas modificações nas suas estratégias de política, a Índia experimentou um crescimento
adicional nos últimos anos. O Brasil estabeleceu altas taxas de penetração de mercado
para a energia eólica e está no meio da implementação de novos programas. Se eficazes,
as novas políticas lançarão uma importante indústria de energia eólica comercial no País.

3.3.1 India

A Índia tem um total de cerca de 120.000MW de capacidade de geração de


energia elétrica, com cerca de 82% de energia sendo gerada através de combustíveis

46
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

fósseis (a maioria carvão), 3% de fissão nuclear e menos de 1% de eólica. A Índia es-


tabeleceu uma meta de 10.000MW de renováveis até 2012, da qual se espera que
cerca de metade seja proveniente de energia eólica; em julho de 2007, já possuía
6.270MW de capacidade instalada.

A Índia tem a mais desenvolvida indústria eólica dentre os países em desenvolvimen-


to/transição, possuindo grandes produtores de aerogeradores, como a SUZLON, que
fornece máquinas para a maioria dos parques construídos no estado do Ceará. Para
promover o desenvolvimento privado, a Índia estabeleceu créditos fiscais. Esses créditos
eram inicialmente baseados no investimento, mas tinham sido alternados para créditos
baseados na produção, já que incentivos baseados no investimento resultam em projetos
que não têm um bom desempenho e porque o imposto corporativo marginal tem sido
reduzido de 55% para 35%. Os incentivos baseados no investimento tiveram um efeito
similar ao dos créditos fiscais na Califórnia, descritos acima. Com muito do retorno sobre
o investimento estando atrelado ao custo de capital e não ao desempenho de longo pra-
zo do projeto, alguns projetos indianos usam equipamentos inferiores, embora as regras
de elegibilidade e comissionamento fossem usadas para resolver esses problemas, que
já estão sendo superados, pois verifica-se equipamentos de excelência sendo produzidos
nos últimos três anos, cuja a maioria se destina a exportação.

Além do mais, o governo indiano tem desenvolvido novas políticas para facilitar o
desenvolvimento de uma indústria mais sólida e de longo prazo. Essas políticas incluem
regras de energia de mercado, que ajudam a participação de projetos de energia
renovável no mercado de energia. Algumas dessas regras incluem tarifas de compra
de energia publicamente disponíveis, transporte de energia, vendas a consumidores
livres e realocação de energia. O transporte de energia tem permitido o crescimento
do setor de produtores independentes de energia (PIE). PIEs podem usar diferentes
plataformas de linhas de transmissão, pagando um taxa para fornecer energia direto
ao consumidor. Produtores de energia eólica também podem realocar o excesso de
energia entregue à linha de transmissão durante a estação de ventos monções, quando
a geração de energia é alta, mas a demanda por energia é baixa, e usá-la mais quan-
do a demanda aumentar. O governo indiano também garante concessionárias locais
(PPAs). Essas novas políticas ajudaram a aumentar significativamente o desenvolvimento
de energia eólica na Índia.

O financiamento de projetos na Índia é facilitado pela Agência de Desenvolvimento


de Energia Renovável (IREDA), assim como outras instituições financeiras. A IREDA, uma
companhia pública limitada, tem financiado aproximadamente 360MW de projetos de
energia eólica juntamente com 1.300MW em outras tecnologias de energia renovável.

47
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Muitas políticas de nível estadual também afetam o desenvolvimento eólico na


Índia e variam de estado para estado. Exemplos dessas políticas incluem contratos
padronizados de compra de energia, incentivos fiscais e assistência de financiamento.
Exemplos específicos incluem:
• Em Karnataka, o governo estadual estabeleceu encargos de rede em 20% da
venda de energia para transporte de energia para consumidores, muito além das
instruções federais do Ministério de Fontes de Energia Não-Convencionais que
determinam que essas taxas devem ser de 2%. O preço de compra da energia
eólica em Karnataka tem sido cerca de US$ 67 a 70 por MWh;
• O preço de compra de energia eólica proposto em Maharashtra é aproximadamen-
te US$76 por MWh, com provisões relacionadas a transporte de energia, realoca-
ção e venda a consumidores livres, como parte do pacote regulatório esperado;
• Gujarat ofereceu terras do governo para desenvolvimento eólico.

3.3.2 Brasil

O Brasil tem um total de cerca de 75.000MW de capacidade de geração de


energia elétrica, com cerca de 83% da energia sendo gerada de hidrelétricas, 4% de
fissão nuclear e menos de 1% de energia eólica.

A indústria de energia eólica no Brasil está em sua infância, com aproximadamente


20 MW de capacidade eólica instalada em 2003 e, aproximadamente, 500MW
em dezembro de 2008. O potencial para o desenvolvimento mantém-se alto devido
ao grande tamanho do País, crescente demanda por energia, base fabril existente e
significativos esforços despendidos para a avaliação das melhores localizações para o
desenvolvimento de projetos eólicos tanto pelo governo quanto pelo setor privado. Em
2002, o Brasil adotou uma lei conhecida como o Programa Nacional de Incentivos à
Energia Alternativa (PROINFA) para aumentar a geração de energia eólica, de biomas-
sa e hidrelétricas de pequena escala. Os elementos principais do PROINFA incluem:
• Eólica, biomassa e sistemas de hidrelétricas de pequena escala fornecem 10% do
consumo de energia elétrica em 20 anos.
• Na fase inicial, a Eletrobrás, concessionária elétrica estatal nacional, assinou PPAs de
15 anos com 3.300 MW de capacidade desenvolvida de energia renovável de PIEs,
com a preferência para assinar contratos PIEs autônomos não-afiliados a companhias
envolvidas na geração convencional de energia,transmissão e distribuição.
• Nessa primeira fase, os preços de PPA foram baseados em preços de referência
específicos para cada tecnologia de geração.

48
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Em sua segunda fase, os PPAs de 15 anos tem capacidade equivalente para aten-
der pelo menos 15% de crescimento anual do mercado energético com energia
eólica, biomassa e hidrelétricas de pequena escala.
• Na segunda fase, os preços sob os contratos PPA devem ser baseados em preços
competitivos de uma combinação entre plantas de ciclos combinados de energia
de gás e hidrelétricas de grande escala. A diferença entre preços competitivos e
tecnologias específicas será compensada por uma conta especial chamada CDE
(Conta de Desenvolvimento Energético) a qual deverá ser financiada por contribui-
ções compulsórias dos consumidores.

O PROINFA introduz uma notável mudança no papel da Eletrobrás, que tradicional-


mente era concentrado no planejamento do sistema, financiamento e expansão. Com
o PROINFA, a Eletrobrás servirá como um comprador de energia, mas deixará ao setor
privado o papel de investir em ativos para a geração.

A implementação do PRIONFA tem sido adiada devido a várias questões importan-


tes, como os preços e os termos do PPA, que ainda estão sendo desenvolvidos. Preços
preliminares, que foram publicados em julho de 2003, variaram conforme a localiza-
ção e os esperados níveis de produção (com preços mais baixos indo para plantas com
mais ventos). Os preços variaram de cerca de US$62 por MWh para uma usina com
um fator de capacidade maior que 44% nas regiões Norte e Nordeste, até US$79 por
MWh para fator de capacidade inferior a 34% em outras regiões.

O PROINFA é apenas uma das muitas leis e regulamentações governando o


ambiente geral de política energética no Brasil. Outras questões relacionadas à
energia elétrica, política monetária, taxação e uso da terra (nos níveis federal, esta-
dual e local) precisam ser consideradas para que haja um entendimento completo
da situação regulatória no Brasil. Esforços prévios para promover a energia eólica
no Brasil incluem:
• Decreto 2003 (1996), que define o que é um PIE e garante acesso à rede de
transmissão para PIEs;
• Lei 9.648 (1998) alterou diversas leis anteriores e promoveu a reestruturação da
Eletrobrás;
• Resolução 112 (1999) da ANEEL definiu como projetos de energia eólica seriam
registrados e autorizados pela agência reguladora federal de energia elétrica;
• Resolução 261 (1999) da ANEEL exigia que as concessionárias investissem 1%
de suas receitas operacionais em pesquisa e desenvolvimento, conservação, o
que poderia incluir tecnologias de energia renovável;

50
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Decreto 3.827 (2001) isentou turbinas eólicas de IPI durante 2002;


• Resolução 24 do CGE criou o programa emergencial de energia eólica
fixando a meta de 1.050 MW de capacidade instalada de energia eólica
até 2003;
• Lei 10.438 (2002) criou o programa de incentivo ao PROINFA discutido acima.

Algumas dessas políticas foram eficazes apenas por um curto período de tempo
(não suficientemente longos para promover o desenvolvimento de projetos de energia
eólica de longo prazo), enquanto que outros são relativamente novos e seus principais
passos de implementação estão em andamento.

Em junho de 2002, a ANEEL autorizou cerca de 4.200 MW em projetos de


energia eólica de acordo com a Resolução 112. No entanto, a implementação desses
projetos pode ser lenta por causa de duas companhias, SIIF e ENERBRASIL, que são
proprietárias de mais de 80% dos projetos autorizados, mas que são consideradas PIEs
“não-autônomos”, já que elas também detêm concessionárias no Brasil. Assim, os pro-
jetos pertencentes à SIIF e ENERBRASIL podem não obter PPAs da Eletrobrás por causa
das provisões “autônomas” contidas no PROINFA.

Além disso, estão ocorrendo mudanças regulamentais para promover o desenvol-


vimento da energia eólica, enquanto a Eletrobrás e a indústria de energia elétrica no
Brasil estão sendo reestruturadas para que seja reduzida a propriedade do estado e au-
mentar a presença da iniciativa privada. Com mudanças nas lideranças governamen-
tais, existe dúvidas, dentro e fora do Brasil, quanto a continuidade, como planejada,
da reestruturação da indústria.

Os desenvolvedores de energia eólica enfrentam questões adicionais que in-


cluem: inflação alta, recursos limitados de financiamento, despesa de importação
de turbinas eólicas da Europa ou Estados Unidos devido à fraca moeda brasileira e
impostos de importação.

As perspectivas de longo prazo para projetos eólicos no Brasil parecem boas.


Importantes desafios relativos à mudanças de governo e à privatização de concessio-
nárias levaram a muitas mudanças de política que ainda têm que produzir importante
desenvolvimento da energia eólica. A implementação em andamento do PROINFA
deve produzir a combinação certa de políticas para permitir que o setor de energia
eólica cresça consideravelmente no Brasil.

51
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Usinas Eólicas em Operação no Ceará em Fev/2009.

Potência
Usina Proprietário Município
Fiscalizada (kW)
100% para Wobben Wind
Eólica de Prainha 10.000 Power Industria e Comércio Aquiraz - CE
Ltda
100% para Wobben Wind Po- São Gonçalo do
Eólica de Taíba 5.000
wer Indústria e Comércio Ltda Amarante - CE
Parque Eólico de 100% para Usina Eólica Eco-
25.600 Beberibe - CE
Beberibe nergy Beberibe S.A.
100% para Wobben Wind Po-
Mucuripe 2.400 Fortaleza - CE
wer Indústria e Comércio Ltda
100% para SIIF Cinco Gera-
Foz do Rio Choró 25.200 ção e Comercialização de Beberibe - CE
Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Eólica Canoa
10.500 Geração e Comercialização Aracati - CE
Quebrada
de Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Lagoa do Mato 3.230 Geração e Comercialização Aracati - CE
de Energia S.A.
100% para Eólica Paracuru
Eólica Paracuru 23.400 Geração e Comercialização Paracuru - CE
de Energia S.A.
100% para Bons Ventos Ge- São Gonçalo do
Taíba Albatroz 16.500
radora de Energia S.A. Amarante - CE
Total: 9 usinas 121.830
Fonte: ANEEL, 2009.

52
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Usinas Eólicas em Construção no Ceará em Fev/2009

Usina Potência (kW) Proprietário Município

Praia do 100% para Central Eólica Praia do


28.800 Acaraú - CE
Morgado Morgado S/A
100% para Central Eólica Volta do
Volta do Rio 42.000 Acaraú - CE
Rio S/A
100% para Eólica Formosa Geração
Praia Formosa 104.400 Camocim - CE
e Comercialização de Energia S.A.
100% para Eólica Icaraizinho Gera-
Eólica
54.000 ção e Comercialização de Energia Amontada - CE
Icaraizinho
S.A.
Eólica Praias de 100% para Central Eólica Praia de
28.800 Beberibe - CE
Parajuru Parajuru S/A
Parque Eólico 100% para Bons Ventos Geradora
31.500 Aracati - CE
Enacel de Energia S.A.
100% para Bons Ventos Geradora
Bons Ventos 50.000 Aracati - CE
de Energia S.A.
Total: 7 Usinas 339.500
Fonte: ANEEL, 2009.

53
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Usinas Eólicas pelo PROINFA no Ceará

Usina Potência (kW) Proprietário Município


100% para Central Eólica
Praia do Morgado 28.800 Acaraú - CE
Praia do Morgado S/A
100% para Central Eólica Vol-
Volta do Rio 42.000 Acaraú - CE
ta do Rio S/A
100% para Eólica Formosa
Praia Formosa 104.400 Geração e Comercialização Camocim - CE
de Energia S.A.
100% para Eólica Icaraizinho
Eólica Icaraizinho 54.000 Geração e Comercialização Amontada - CE
de Energia S.A.
Eólica Praias de 100% para Central Eólica
28.800 Beberibe - CE
Parajuru Praia de Parajuru S/A
Parque Eólico de 100% para Usina Eólica Eco-
25.600 Beberibe - CE
Beberibe nergy Beberibe S.A.
100% para Bons Ventos Gera-
Bons Ventos 50.000 Aracati - CE
dora de Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Eólica Canoa
10.500 Geração e Comercialização Aracati - CE
Quebrada
de Energia S.A.
100% para SIIF Cinco Gera-
Foz do Rio Choró 25.200 ção e Comercialização de Beberibe - CE
Energia S.A.
100% para Rosa dos Ventos
Lagoa do Mato 3.230 Geração e Comercialização Aracati - CE
de Energia S.A.
100% para Eólica Paracuru
Eólica Paracuru 23.400 Geração e Comercialização Paracuru - CE
de Energia S.A.
São Gonçalo
100% para Bons Ventos Gera-
Taíba Albatroz 16.500 do Amarante
dora de Energia S.A.
- CE
Total: 12 Usinas
Fonte: ANEEL, 2009.

54
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

3.4 Visão Geral de Considerações de Políticas

A Tabela 3-5 resume as várias políticas discutidas nessa sessão.

Tabela 3-5. Resumo das políticas discutidas

Exemplos onde
Tipo de Política Comentários
Foram Usadas

Os créditos combinados dos Estados Uni-


dos/Califórnia significavam que a geração
de energia a longo prazo não era crítica
Créditos fiscais para para o retorno dos investidores; potencial
Alemanha, Dinamar-
investimentos, subsí- para abusos sem a supervisão adequada
ca, Estados Unidos,
dios a investimentos, e a certificação dos equipamentos. Devem
Califórnia, Índia,
e depreciação ace- ser usados com cautela (com supervisão
México.
lerada. adequada e com a certificação dos equi-
pamentos) e devem ser equilibrados com
períodos de incentivos à operação para
que se promova a produção.

Preferíveis em relação aos subsídios a


investimentos porque estão atrelados à
operação bem sucedida e não somente
baseados no capital investido. Reduz o
risco geral por fornecer uma parte do flu-
xo de receitas necessárias ao pagamen-
Reembolso de im- to do investimento. Repetidas expirações
Dinamarca, Estados
postos, isenções e e renovações subsequentes dos créditos
Unidos, Índia, Brasil,
créditos fiscais para fiscais nos Estados Unidos levaram a
México.
a produção. ciclos de crescimento e apatia. Da for-
ma como foi implementado nos Estados
Unidos, proprietários devem ter substan-
ciais obrigações fiscais para que possam
beneficiar-se dos incentivos, restringindo
assim as estruturas de propriedade dos
projetos.

55
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Exemplos onde
Tipo de Política Comentários
Foram Usadas

O preço deve ser alto o bastante para


suportar o desenvolvimento, mas não tão
altos para não superestimular ou para não
ser muito caro para os pagadores das ta-
Alemanha, Dinamarca, rifas; pode ser desejável para “nivelar” os
Tarifas Feed-in (defini-
Califórnia, vários esta- benefícios em áreas com menos ventos (fór-
ção de Preços)
dos indianos, Brasil. mulas de ajuste podem ser complicadas, e
a necessidade e/ou legitimidade podem
ser discutíveis). Mecanismos devem reava-
liar os preços devido aos avanços tecno-
lógicos e mudanças no mercado.

Permite que mecanismos mercadológicos


sejam usados para que se atinja as me-
tas, como leilões e processos competitivos
Metas de capacida- Reino Unido, vários
de oferta e propostas. Nem todos os ga-
de mínima e portfólio estados dos Estados
nhadores do prêmio irão necessariamente
padrão de renováveis Unidos, Brasil, China.
construir um projeto, particularmente se a
competição resultar em preços abaixo do
mercado.
Pode exigir que seja possível o transporte
Compras Estados Unidos (Fede- de energia ou oferta de produto no varejo
governamentais ral e Nova Iorque) por concessionária existente (ou certifica-
do comercializável de energia renovável).

Financiamento
Alemanha, Índia
governamental

O governo garante o contrato de compra


de energia que provavelmente necessi-
Garantia governa-
Índia te de financiamento, se o comprador de
mental aos contratos
energia não for considerado merecedor
de crédito.

56
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Exemplos onde
Tipo de Política Comentários
Foram Usadas

Terras governamen-
tais oferecidas para
Estados Unidos, Índia
o desenvolvimento
eólico

Pode ser usado para arrecadar recursos


para a aplicação de outros programas,
como incentivos à produção (ex. Imposto
sobre Combustíveis Fósseis do Reino Uni-
Uso do bem público Califórnia, Reino Unido.
do para financiar a Obrigação de Uso
de Combustíveis Não-Fósseis. A cobrança
não deve ser muito alta e toda arrecada-
ção deve ser propriamente usada.

Na Dinamarca, é exigida para que se pos-


Exigência de certi- sa pleitear subsídios e, mais recentemente,
ficação de turbinas Alemanha, Dinamarca para a conexão à rede de transmissão.
eólicas. Ajuda a assegurar que a tecnologia rece-
bendo financiamento público seja viável.

Pode incluir muitos pontos, como o aces-


so à rede de transmissão e os custos de
políticas de modernização (seja pago por
Requisitos para aces- Dinamarca, Índia,
projeto ou dividido entre todos os pagado-
so à transmissão. Brasil, México
res de tarifas), políticas de realocação de
energia, definição de Produtor Indepen-
dente de Energia (PIE)
Preços mais altos como recompensa a no-
vos projetos que substituam equipamentos
Incentivos à substitui-
Dinamarca antigos, têm incrementado o desenvolvi-
ção de Turbinas.
mento de antigos projetos e aumentado a
capacidade instalada.

Note-se que cada país ou estado visto nessa sessão teve sua própria aborda-
gem para uma política de energia renovável. A Alemanha e a Dinamarca têm usa-

57
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

do preços fixos e subsídios, enquanto os Estados Unidos usam uma combinação


de política fiscal e obrigações com orientação de mercado. O Reino Unido, Índia
e Brasil têm usado várias combinações de abordagens com (predominantemente)
orientação de mercado, mas têm instalado menos capacidade de geração de
energia eólica que a Alemanha, Dinamarca ou Estados Unidos, geralmente por-
que outro elemento da estrutura de política geral estava faltando ou era imprópria
para o desenvolvimento da energia eólica. Para promover eficazmente a energia
eólica, um sistema geral de políticas que apóiem o investimento privado no setor
elétrico deve incluir:
• Contratos de compra de energia de longo prazo garantidos por uma instituição
com boa reputação de crédito;
• Ambiente legal e regulatório propício para o investimento privado;
• Mercados financeiros estáveis; e,
• Acesso à rede de transmissão (veja na Sessão 6 uma discussão detalhada
sobre questões relacionadas à rede de transmissão).

Políticas mal redigidas e em constante mudança podem impedir o desenvolvi-


mento de uma indústria eólica. Dentre as condições que podem limitar o sucesso
de uma política de energia renovável, estão: períodos de frequentes renovações
de uma política (como os períodos de dois a três anos para renovação dos cré-
ditos fiscais nos Estados Unidos), incentivos baseados no investimento ao invés
de na produção, preços fixos estabelecidos muito altos ou muito baixos ou que
não possam ser ajustados com base no desempenho de um projeto. Problemas
como esses podem ser evitados se indústria e governo agirem em conjunto para
implementar políticas com metas específicas de longo alcance e mecanismos au-
tomáticos de ajuste, redução ou eliminação dos incentivos, uma vez que as metas
sejam atingidas.

Para que qualquer política seja verdadeiramente eficaz, os elaboradores da


política precisam conhecer o mercado local: sua estrutura, o nível de demanda,
o crescimento da demanda, os fornecedores, os recursos existentes (infraestrutura
de suporte e geração) Os elaboradores de uma política precisam também ter um
objetivo claro e preciso para a criação de uma política funcional. Quando essas
necessidades não são atendidas, a política pode ter consequências inesperadas ou
não produzir o resultado desejado.

58
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4 Opções de Terras e Contratos de Arrendamento

Essa sessão trata de questões que precisam ser consideradas na aquisição de terras
para um projeto eólico. Desenvolvedores de projetos eólicos geralmente podem obter con-
tratos de arrendamento de terreno de longo prazo para uso do projeto. Frequentemente,
isso é feito em duas fases: uma fase de opção e uma fase de arrendamento de longo prazo
(esse modelo é o que é usado no estado do Ceará, geralmente contratos de 15 a 20 anos).
Para determinar se uma porção de terra tem fortes recursos eólicos, o desenvolvedor deve
ter acesso à terra para instalar equipamento de monitoramento eólico. Esse acesso de curto
prazo é normalmente conseguido através de um Contrato de Opção. Se os testes revelarem
bons recursos eólicos e outros fatores indicarem que o projeto é factível, o desenvolvedor
normalmente executaria a opção e o contrato de arrendamento de longo prazo seria assina-
do. Do contrário, a opção expira. Também é possível que o contrato de opção de curto pra-
zo e o contrato de arrendamento de longo prazo seja incluído em um único documento.

Existe um número de elementos a serem considerados ao preparar-se um contrato


de arrendamento de terreno para um projeto eólico. Esses incluem estruturas de paga-
mento, preço, prazos e questões de uso da terra. As perspectivas e interesses de pro-
prietários e desenvolvedores são discutidas nessa sessão, assim como as formas como
normalmente as necessidades dos participantes são satisfeitas pelos acordos. Anexo B
contém um exemplo de um Contrato de Arrendamento.

O instrumento legal usado para obter os direitos de desenvolver e operar um pro-


jeto eólico nas terras de outra pessoa irá variar de acordo com leis e costumes locais.
Existem diversos métodos comuns, mas legalmente diferentes de se obter esses direitos,
incluindo arrendamento e cessão de uso. Para o propósito desse documento, a palavra
arrendamento é usada apesar de arrendamentos e cessões de uso serem diferentes
legalmente. No estado do Ceará têm se estimulado a se fazer contratos de arrenda-
mento duradouros, de 20 anos, que são estabelecidos como um percentagem em cima
do faturamento bruto do parque, girando em torno de 1,5%. Porém, antes de o parque
ser construído, contratos de arrendamento são feitos ainda na fase de medição, onde
arrendador e arrendatário estipulam valores bases.

4.1 Contexto

4.1.1 Razões para a Participação do Proprietário do Terreno

Frequentemente, terrenos apropriados para projetos de energia eólica pertencem


a proprietários rurais, cooperativas ou entidades governamentais (federal, estadual ou

59
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

município). Proprietários de terras podem interessar-se em arrendar suas terras a projetos


de energia eólica pelas seguintes razões:
• Renda Incrementada – Alugar os direitos de uso do vento em terras ventosas para pro-
jetos eólicos pode proporcionar valorosa renda adicional. Ao mesmo tempo, a maior
parte das terras permanece disponíveis para a exploração de outras atividades, como
agricultura e pecuária, nas áreas ao redor das turbinas que, em projetos multi-turbinas
típicos, ocupa menos de 5% do terreno em que está situado o projeto.
• Diversificação da Renda – Estando as terras de um fazendeiro em produção, ele
receberá pagamento pelo arrendamento das terras.
• Desenvolvimento Econômico para a Comunidade Local – O desenvolvimento de
energia eólica pode trazer um reforço para a economia local através da criação
de empregos que exigem mão-de-obra qualificada, incluindo a fabricação de
turbinas, construção e operação de projetos eólicos, além do aumento da arreca-
dação de impostos para os governos locais.
• Ar e Água mais Limpos – Energia eólica é uma das fontes mais limpas de energia
elétrica. Ela não polui o ar ou a água e não produz lixo que precisa ser armaze-
nado ou descartado. Energia eólica pode ser usada em larga escala por anos a
fio, sem prejudicar a saúde dos residentes locais ou afetar gerações futuras.

4.1.2 Identificação e Avaliação do Local.

Antes de entrar em contratos de uso da terra, os desenvolvedores precisam saber


se o terreno é apropriado para um projeto de energia eólica. A força do vento varia
fortemente de um local para o outro e somente os dados colhidos numa localização
especifica podem demonstrar como o vento sopra nesse local. Desenvolvedores usam
mapas de força do vento, conhecimentos de uma área e dados que eles obtêm de
equipamentos de monitoramento para entender o quão forte, em qual direção e quando
o vento tende a soprar em regiões específicas. Geralmente tais dados são levantados
por empresas locais que cobram valores proporcionais à potencia nominal do parque
eólico a ser construído; aqui no estado do Ceará o preço médio é de R$40.000,00/
MW. Anexo A contém discussão adicional de como desenvolvedores avaliam terras
apropriadas para o desenvolvimento de projetos de energia eólica e a quantidade de
terra comumente necessária ao projeto.

4.1.3 Arrendamento versus Compra

De maneira geral, desenvolvedores têm duas alternativas para obter o direito de


instalar turbinas eólicas em um terreno: arrendando ou comprando. Às vezes, desenvol-

60
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

vedores compram terras para projetos eólicos, mas isso não é muito comum. A maioria
das compras de terrenos ocorrem quando as concessionárias são donas do projeto ou
para projetos de pesquisa (ex: em um ambiente não-competitivo e não-comercial). A
compra do terreno é incomum porque resulta numa despesa que deve ser adicionada
para um projeto que já é naturalmente intensivo em capital. Além do mais, devido às
turbinas ocuparem uma pequena porção do terreno e serem compatíveis com a maioria
dos usos dados à terra, não há a necessidade de se adquirir todo o terreno para o
projeto de energia eólica.

A propriedade do terreno tem realmente a vantagem de proporcionar ao desenvol-


vedor do projeto eólico o controle de longo prazo do terreno, o que permitiria que no-
vos projetos fossem construídos após a vida útil do projeto original, sem a necessidade
de negociar um novo arrendamento.

A propriedade da terra proporciona à companhia elétrica os benefícios de controle


de longo prazo do ativo de geração de energia, e a compra do terreno pode, com
frequência, ser incluída na base da tarifa da companhia (investimentos e despesas que
são permitidos à companhia recuperar dos consumidores).

Alugar a terra ou obter cessão de uso do proprietário do terreno é o tipo mais


comum de arranjo feito pelos desenvolvedores de projetos de energia eólica. Para pro-
dutores independentes de energia (PIEs), um arrendamento é mais benéfico para o fluxo
de caixa do projeto, porque os pagamentos de arrendamento da terra são geralmente
distribuídos ao longo da vida do projeto e, por isso, não têm impacto desproporcional
nos retornos financeiros na sua fase inicial. Para projetos eólicos que são apenas mar-
ginalmente lucrativos, o arranjo do pagamento da terra pode fazer uma significativa
diferença no fluxo de caixa do projeto e sua viabilidade econômica.

Outra razão pela qual o arrendamento do terreno é a abordagem mais comum é


que as turbinas eólicas ocupam somente uma parcela pequena do terreno usado para
o projeto e os seus desenvolvedores não têm outro uso para o terreno restante. O de-
senvolvimento de energia eólica é compatível com muitas outras operações existentes
como pecuária e agricultura. Arrendar o terreno para projetos de energia eólica pro-
porciona ao proprietário um renda extra sem a interrupção das operações existentes.
Desenvolvedores de energia eólica – tanto concessionárias quanto PIEs – geralmente
não têm interesse de expandir seus negócios para finalidades agrícolas, assim sendo,
o arrendamento é benéfico para ambas as partes. Por último, a compra de terras é
incomum simplesmente porque fazendeiros não estão dispostos a vender as terras que
provavelmente estão com suas famílias há gerações. Suplementar suas rendas com o re-

61
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

cebimento do arrendamento de desenvolvedores de projetos de energia eólica permite


a eles permanecer com suas terras, continuar com atividades há muito estabelecidas e
manter um estilo de vida que lhes é confortável.

4.1.4 Usos da Terra e Arranjos de Uso Misto

Por exemplo, nos Estados Unidos, a maioria dos desenvolvimentos de projetos de


energia eólica em terra privado tem sido em terras já sendo usadas para a agricultura ou
pecuária. Uns poucos projetos têm sido situados em colinas, em florestas. Projetos de ener-
gia eólica são totalmente compatíveis com esses usos e poucas restrições se aplicam.

No caso de fazendas, a terra pode continuar a ser cultivada em áreas próximas


às turbinas. Uma pequena quantidade de terra ou cascalho rodeia a base da torre e
geralmente serve como a única área de restrição. Uma regra geral típica é que uma
turbina de 750kW ocupa aproximadamente 0,1 hectare (ha) de terra, incluindo a es-
trada de acesso, e uma turbina de 1,5MW ocupa cerca de 0,2 ha. Estradas de acesso
às turbinas tendem a ser de terra ou cascalho, feitas no mesmo nível dos arredores da
fazenda, tornando fácil que qualquer fazendeiro cruze a estrada com qualquer equipa-
mento agrícola usado. Cabos e fios são geralmente subterrâneos. Animais como bois
e cavalos podem ser deixados para pastar nos arredores das turbinas sem que sejam
afetados por elas. No caso do estado do Ceará, como a maioria dos empreendimen-
tos se situam na zona litorânea, muitas das alternativas acima não são levadas em
consideração, haja vista que os terrenos onde são construídos os parques costumam
ser até motivo de visitações, possuindo um atrativo turístico adicional. Ademais, são
impróprios para o cultivo agrícola.

4.1.5 Contratos de Opção

Uma vez que locais com potencial são localizados, o desenvolvedor assinará um
contrato de opção com o proprietário da terra para ganhar acesso à terra, para testar
e para assegurar o direito à terra se o projeto for adiante. O desenvolvedor geralmente
precisa de seis meses a dois anos de dados eólicos confiáveis numa localização espe-
cífica para avaliar os recursos eólicos.

Para permitir tempo suficiente para a obtenção de equipamento e teste de re-


cursos, o período de opção dura normalmente de 3 a 5 anos. O período pode ser
estendido. Depois de terminado o período, o desenvolvedor pode exercer a opção
de arrendar o terreno, requisitar uma extensão ou deixar a opção expirar. Dessa
forma, tanto o desenvolvedor quanto o proprietário da terra estarão protegidos

62
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

caso, durante esse período de opção, for decidido que o projeto de energia eólica não
será desenvolvido. Se o projeto não for adiante, a expiração da opção significa que o
desenvolvedor não está preso a uma propriedade não desejada, nem a pagamentos e
o proprietário da terra pode, potencialmente, arrendá-la para outro desenvolvedor.

Durante o período de opção, o desenvolvedor faz modestos pagamentos ao pro-


prietário pelo direito de colocar equipamentos de medição de recursos eólicos no
local (ex.: torres meteorológicas com anemômetros para medir a velocidade do vento
e outros instrumentos para medir a direção do vento e a temperatura) e, às vezes, faz
pagamentos para compensar por distúrbios relacionados às construções.

4.2 Principais Questões a Serem Tratadas em um Arrendamento

Arrendamentos devem ser cuidadosamente elaborados para que possam tratar, cla-
ramente, de questões importantes para o desenvolvedor do projeto e para o proprietá-
rio do terreno, desde o início até os anos seguintes de operação do projeto. Em muitos
casos, as pessoas que originalmente negociam o arrendamento não são as mesmas
que estarão envolvidas na operação do projeto depois, portanto, é importante que todo
entendimento entre as partes seja devidamente tratado no contrato escrito para prevenir
futuras más interpretações.

Um contrato de arrendamento bem feito é uma parte importante no processo de


desenvolvimento do projeto. Antes de permitir que turbinas eólicas sejam compradas e
instaladas, os investidores vão querer assegurar-se de que o contrato de arrendamento
garante diretos claros e sem impedimentos para o uso do terreno a longo prazo.

As partes mais importantes do arrendamento da terra são: o prazo do contrato,


outros tipos de uso aceitáveis para as áreas ao redor das turbinas eólicas e a estrutura
de pagamentos. Essas e outras importantes disposições do contrato de arrendamento
são descritas abaixo.

4.2.1 Prazo

Arrendamentos de terras para projetos eólicos têm prazo de 20 a 50 anos, fre-


quentemente com opção para estender o contrato. Um típico projeto de energia eólica
tem uma vida útil de 15 a 20 anos e, como discutido na sessão 7, requer pelo menos
de 10 a 15 anos para atingir os retornos financeiros desejados para os proprietários e
investidores. Um prazo de 20 anos permite que um projeto seja desenvolvido e opera-

63
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

do por sua vida útil, enquanto que um prazo de 40 a 50 anos provavelmente cobriria
dois ou três ciclos (um projeto e depois outro projeto no mesmo local ao final da vida
útil do primeiro). Alguns contratos incluem cláusulas especificando as condições sob
as quais cada parte tem o direto de rescindir o contrato. Essas cláusulas de rescisão
devem ser razoáveis para que o risco de se instalar as turbinas eólicas e ter o contrato
rescindido seja baixo e gerenciável.

4.2.2 Área Arrendada

O contrato de arrendamento deve especificar claramente onde as turbinas eóli-


cas, almoxarifados da construção e manutenção podem ser situados. Quaisquer afas-
tamentos de residências e limites da propriedade devem ser especificados, porque a
construção e os reparos maiores requerem uma atividade mais intensa no terreno. O
contrato deve incluir uma provisão para uso temporário do terreno durante tais perío-
dos, para armazenagem de equipamento, gruas e outras atividades de construção,
operação e manutenção.

O desenvolvedor desejará ter o direito de instalar as turbinas eólicas e a infraestru-


tura em qualquer lugar na propriedade (levando-se em conta afastamento necessário e
desejadas) e pode encontrar dificuldades quando o contrato é redigido especificando
onde as turbinas devem estar localizadas e de que tamanho elas serão. A localização
e o tamanho de cada turbina irá depender de estudos eólicos detalhados feitos no local
do projeto e geralmente incluem muitos proprietários de terra para o mesmo projeto.

Um contrato de arrendamento típico especificaria que “O desenvolvedor deve de-


terminar o tamanho, fabricante e exata localização das turbinas eólicas à sua conve-
niência, mas o desenvolvedor não irá colocar ou posicionar nenhuma turbina eólica
dentro de um raio de 150 metros de uma residência ocupada existente na data efetiva
do contrato sem o consentimento prévio do proprietário do terreno”.

4.2.3 Usos Aprovados

O contrato de arrendamento deve esclarecer que tipo de usos o proprietário do


terreno pode fazer das áreas ao redor das turbinas. O proprietário geralmente reser-
va o direito de continuar a cultivar a plantação, criar o gado ou usar a terra de outra
forma. No caso do estado do Ceará, pelo fato de a maioria dos empreendimentos se
situarem na faixa litorânea, não se encontra vegetação que possa ser aproveitada
para uso de pastagens ou outros usos, dessa forma, apenas a atividade de geração
de energia é praticada, fazendo surgir um potencial turístico considerável na região,

64
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

como já ressaltado. Mesmo assim, verifica-se que a maioria dos usos de terrenos
rurais é compatível com projetos de energia eólica, no entanto, poderão haver algu-
mas restrições. Por exemplo, no caso de um projeto eólico no Texas, o desenvolvedor
pediu que a caça fosse restringida na área ao redor das turbinas, por medo que os
projéteis danificassem o caro equipamento. A queima da cana-de-açúcar pode ser
um problema, já que gera muito calor e fumaça que podem danificar o equipamen-
to e afetar seu desempenho. Nesses casos, é possível que a renda recebida pelo
proprietário do terreno ao alugar a área para um projeto eólico possa mais do que
compensar qualquer renda a ser perdida ao trocar o uso do terreno. Desenvolvedores
também estarão preocupados com quaisquer formas de uso do terreno que possa afe-
tar o vento na área das turbinas. Plantação de árvores ou grandes estruturas podem
ser restringidas.

4.2.4 Acesso

As instalações de um projeto de energia eólica precisam ser acessíveis tanto via es-
tradas quanto via cabos elétricos. Cessões de uso são frequentemente usadas para esse
propósito. Pagamentos adicionais podem ser feitos para esses itens, particularmente se
as terras por onde passam os cabos pertencerem a outros proprietários. Para esses tipos
de arranjo, pagamentos fixos menores são comuns e o valor é geralmente baseado em
valores locais comparáveis.

4.2.5 Bloqueio do Vento

Desenvolvedores têm o interesse em proteger o local do projeto contra qual-


quer futuro desenvolvimento nas áreas que estejam na direção da origem do vento
que possa ter um impacto adverso sobre o recurso eólico do local. Se o mesmo
dono do terreno for o proprietário da área que esteja na direção da origem do
vento, o contrato de arrendamento deve incluir disposições a respeito dessa ques-
tão. O desenvolvedor irá querer um cessão de uso que proíba qualquer desenvol-
vimento em propriedades que estejam na direção da origem do vento em relação
às áreas onde estão as turbinas eólicas. A extensão desse problema potencial
depende da topografia do terreno e das características do vento. A extensão em
que o desenvolvimento de algo que possa afetar um projeto depende da distância
entre projeto e a área que esteja na direção da origem do vento. Enquanto que
propriedades a mais de 2 km de distância não são preocupantes, a distância
apropriada depende do tamanho do projeto que esteja na direção da origem do
vento e das condições atmosféricas.

65
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4.2.6 Ruído e Outros Distúrbios

Turbinas eólicas são geralmente vizinhos que não incomodam. Entretanto, proprie-
tários de terrenos podem querer incluir disposições que assegurem que residentes, ani-
mais e outros não sejam adversamente afetados pelo projeto de energia eólica. Isso
pode incluir padrões de ruído para as turbinas eólicas (medido junto às turbinas ou em
casas próximas) e padrões de ruído para atividades de construção, incluindo horários
razoáveis para construção. Ruído e outros distúrbios podem ser difíceis de ser medidos.
Se tais disposições forem incluídas, alguns cuidados devem ser tomados ao redigi-las
para que sejam interpretadas sem ambiguidades e não sejam usadas injustamente por
uma parte contra a outra.

4.2.7 Controle de Acesso

Projetos de energia eólica frequentemente envolvem o uso de novas estradas para


acesso às turbinas eólicas. Disposições para sinalização, portões, trancas e patrulhas
de segurança devem ser incluídas no contrato de arrendamento adequadamente.

4.2.8 Proteção da Plantação

Normalmente, turbinas eólicas podem operar em campos produtivos com mínima inter-
ferência. No entanto, há situações em que danos à plantação podem ocorrer, e o contrato
de arrendamento deve dispor como isso será tratado. Disposições típicas do contrato reque-
rem que os desenvolvedores façam os maiores esforços para evitar os danos, mas prevejam
a possibilidade da ocorrência dos danos e, submetendo a parte causadora dos danos ao
pagamento de compensações. Por exemplo, se uma turbina sofrer danos em uma hélice
proveniente de um relâmpago durante a época de crescimento da plantação, pode ser
necessário que uma grua seja trazida para removê-la, colocá-la sobre o solo e instalar uma
nova hélice. Essa atividade normalmente faria com que algumas áreas de plantio ao redor
das turbinas fossem aplanadas para que as hélices repousassem sobre o solo. Normalmen-
te, o proprietário do terreno receberia um pagamento do projeto de energia eólica pelos
danos à plantação, calculado pela quantidade do produto perdido multiplicado pelo valor
de mercado desse produto na época na qual a plantação foi danificada ou destruída.

4.2.9 Manutenção das Estradas

O contrato de arrendamento deve identificar a responsabilidade da manutenção


das estradas de acesso existentes e novas . Geralmente, o projeto de energia eólica é
responsável por tais manutenções. No Ceará, esse é o modelo.

66
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4.2.10 Desmobilização

Contratos de arrendamento devem incluir disposições para a desmobilização do projeto


ao final de sua vida útil. Isso inclui: remoção das turbinas eólicas, dos transformadores, dos
fios que emergem do solo, das partes superiores das fundações e devolver o terreno ao mais
próximo possível de sua condição original. O contrato deve prever também a pronta remoção
ou disposição de equipamento danificado. Na prática, isso geralmente significa que:
• Turbinas, hélices, torres, transformadores e fundações para transformadores serão
removidos do local;
• Equipamentos da fundação das turbinas e protuberâncias como ferrolhos de ân-
coras e niveladores de torre serão removidos, mas as fundações permanecerão
completamente no lugar ou serão removidas até uma determinada profundidade
(ex.: 1 metro abaixo do nível da terra);
• A subestação do projeto geralmente torna-se propriedade da companhia elétrica
compradora da energia e, assim, não será removida pelo desenvolvedor;
• A fiação elétrica subterrânea permanecerá no local, já que a sua remoção causa-
rá mais distúrbios do que sua permanência;
• Estradas de acesso permanecerão no local.

4.2.11 Impostos

A responsabilidade pelo pagamento dos impostos deve ser claramente especificada


no contrato de arrendamento. O desenvolvedor do projeto de energia eólica geralmente
assume a responsabilidade por qualquer aumento dos impostos sobre a propriedade
associado ao projeto de energia eólica, e esses custos devem ser levados em conta pelo
desenvolvedor, quando da avaliação dos aspectos econômicos do projeto.

4.2.12 Compensação

Uma razão chave para que alguém permita o desenvolvimento de um projeto de


energia eólica em suas terras é o pagamento recebido. Estruturas de pagamento e va-
lores de pagamentos típicos são descritos na Sessão 4.3 adiante.

4.2.13 Outros Termos Comuns

Além das questões descritas acima, há também termos-padrão que o desenvolve-


dor precisará para que o contrato de arrendamento seja seguro e financiável. Esses
termos incluem, mas não estão limitados a:

68
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Penhores e Inquilinos – nos quais o arrendador garante não haver hipotecas, ônus
de arrendamentos, penhoras, promessas de compra e venda, direitos minerais ou de
óleo e gás ou outras restrições ao direito de propriedade, exceto quando descrita
em um declaração ou documento entregue ao desenvolvedor do projeto;
• Impedimentos: Notificações de Hipotecas Exigidas – incluindo o direito de impedir
o endividamento em benefício do arrendador;
• Transferência – assegurando ao desenvolvedor o direito de vender, transferir, con-
ceder ou garantir diretos sob o contrato de arrendamento sem o consentimento do
proprietário do terreno;
• Rescisão – garantindo a ambas as partes o direito de rescindir o contrato de ar-
rendamento por descumprimento e definindo os eventos de descumprimento que
constituem falta;
• Força Maior – perdoando qualquer das partes de descumprimentos do contrato
devido a motivos de força maior ou a circunstâncias incontroláveis;
• Propriedade das Instalações – definindo as instalações como pertencentes ao de-
senvolvedor do projeto;
• Memorando – assegurando que o arrendamento será executado legalmente e registrado.

4.3 Estruturas Típicas de Pagamento e Taxas

As estruturas de pagamento do arrendamento do terreno e as taxas descritas abaixo


derivam primordialmente das experiências dos Estados Unidos. Estruturas semelhantes
são usadas no Ceará, sempre respeitando as particularidades locais e sempre ressaltan-
do as vantagens para o produtor e entorno do projeto. Aqui, a manutenção da paisa-
gem local é um dos quesitos importantes, haja vista que a maioria dos empreendimentos
se situa em zonas turísticas e que devem manter as características originais.

4.3.1 Estruturas Típicas de Pagamento do Arrendamento do Terreno

Royalties: A estrutura de pagamento mais comum é a de pagamento de royalties. Em


arranjos de royalties, o desenvolvedor paga uma porcentagem das receitas recebidas com
a venda da energia produzida pelas turbinas. Essa porcentagem é negociada entre o pro-
prietário do terreno e o desenvolvedor. Royalties garantem uma contínua relação econômica
entre o proprietário do terreno e o desenvolvedor, além de garantir benefícios para o pro-
prietário do terreno (dado que as turbinas produzam a energia esperada). Royalties variam
com a produção, que varia de acordo com a sazonalidade dos recursos eólicos, podendo

69
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

variar também se o preço de venda da energia for variável. A receita pode ser medida
pelos recebimentos brutos ou pela produção aferida multiplicada pelo preço da energia
pago ao projeto eólico. Uma opção bem aceita é a de que o desenvolvedor e o operador
do projeto eólico forneçam um resumo dos recebimentos brutos junto com o pagamento (tri-
mestralmente, anualmente ou outro período acordado no contrato), com os desenvolvedores
permitindo ao proprietário do terreno acesso aos dados quando requerido.

Royalty e combinação de pagamento mínimo garantido frequentemente, paga-


mentos de arrendamento, baseados numa porcentagem das receitas brutas, são com-
plementados por um pagamento mínimo garantido. Pagamentos mínimos geralmente
servem como um valor-piso e garantem que o proprietário receba algum pagamento,
mesmo quando as turbinas eólicas têm um importante problema de confiabilidade ou
que os ventos sejam mais fracos que o esperado em determinado ano, produzindo
menos energia e gerando menos receitas que o esperado.

Taxas fixas: em um arranjo de taxas fixas, o desenvolvedor e o proprietário do


terreno concordam em uma taxa fixa – por turbina, por unidade de terra ou por capaci-
dade instalada em MW – a ser paga pelo desenvolvedor mensalmente ou anualmente,
refletindo a extensão total de terras disponibilizadas pelo proprietário do terreno para
torres meteorológicas, turbinas, espaçamento para as turbinas, estradas de acesso e
edifícios de controle e manutenção. As necessidades de terras para um projeto de ener-
gia eólica podem variar de modestos 7,7 hectares por MW até 76,8 ha/MW. Esse
tipo de arranjo de pagamento garante transparência e clareza de entendimento, além
de fornecer tanto ao proprietário do terreno quanto ao desenvolvedor certeza quanto
aos futuros fluxos de pagamento ou renda.

Pagamento único/total: esse tipo de contrato é o arranjo menos comum, mas pode
ser satisfatório para ambas as partes se o proprietário do terreno necessitar de dinheiro
imediato e estiver disposto a abrir mão da perspectiva de um fluxo de renda estável e o
desenvolvedor tiver a capacidade de dispor de uma grande quantia de dinheiro anteci-
padamente. Esse arranjo não é o ideal já que elimina o contínuo acordo econômico entre
o proprietário do terreno e desenvolvedor, e por possíveis problemas se a propriedade do
terreno for transferida sem benefícios econômicos fluindo para o novo dono do terreno.

As principais vantagens e desvantagens de cada estrutura de pagamento de arren-


damento são resumidas na tabela 4-1. Baseado na revisão de 23 contratos reais, a
estrutura de pagamento mais frequente é o contrato de royalty (13) e taxa fixa (7). Em
geral, a maioria dos grandes projetos (>25MW) adota o arranjo de contrato tipo royal-
ty. Todas estruturas de arrendamento de royalty revistas baseavam os pagamentos em

70
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

receitas brutas, não em receita líquida ou lucro. Receita bruta é definida como o mon-
tante de energia (kWh) entregue vezes o preço de compra de energia (preço por kWh).
A receita bruta equivale ao montante pago pela concessionária local ao desenvolvedor
do projeto (ou outro comprador de energia) pela entrega da eletricidade. Devido à
receita bruta ser determinada antes que qualquer despesa do projeto seja considerada,
é relativamente fácil de verificar e documentar através das transações oficiais e registro
de pagamentos entre o comprador e o operador do projeto.

A maioria dos casos que usava uma estrutura de taxa fixa era para projetos eólicos
menores (ex. entre 2 a 5 turbinas, geralmente pequenas demonstrações e projetos de
teste). Quando uma taxa fixa é usada, é normalmente devido a sua simplicidade e ao
fato de que os montantes totais são relativamente baixos. Além disso, porque a maioria
desses projetos menores não é financiada, a relação entre os pagamentos do arrenda-
mento e as receitas do projeto são menos importantes para a viabilidade econômica
do projeto. Embora representantes da indústria mencionem que pagamentos também
podem ser baseados em montantes fixos por MW por ano, a amostra de contratos não
produziu nenhum contrato desse tipo. Entretanto, dois exemplos de projetos maiores
(25-50 MW, e >50MW) usam pagamentos fixos por turbinas, o que sugere que o
pagamento fixo (por turbina, hectare ou MW instalado) também é abordagem razoável
para grandes projetos).

Considerações adicionais ao pagamento de royalty: a discussão acima assume


que royalties são pagos com base na produção da turbina, o que não é sempre o
caso. Royalties podem ser pagos com base na produção média das turbinas do projeto
(produção total do projeto dividida pelo número de turbinas do projeto), o que é mais
fácil para o desenvolvedor determinar e dar conta, além de ser mais vantajoso para o
proprietário do terreno, já que reduz o risco e é mais fácil de ser verificado. A vantagem
desse arranjo em comparação com o pagamento sobre produção de uma determinada
turbina é que o arranjo em conjunto leva em conta a produção do projeto inteiro e
reduz os efeitos de variações individuais de produção das turbinas ou a possibilidade
que uma turbina sofra de problemas operacionais.

A discussão acima também concentra-se em pagamentos de arrendamento por


áreas onde as turbinas estão localizadas. Entretanto, também há a necessidade de
área para outras instalações do projeto, como anemômetros (estações de medição
eólica), fiação e subestação elétrica, e os donos do terreno devem ser compensa-
dos pelo uso dessas áreas. Às vezes, arrendamentos separados são criados para
outras instalações do projeto, e as vezes são incluídos no mesmo contrato usado
para as turbinas eólicas.

71
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Consideremos esse exemplo: o Proprietário 1 tem duas turbinas em seu terreno,


enquanto que o Proprietário 2 tem apenas a fiação elétrica (nenhuma turbina) e o Pro-
prietário 3 tem a subestação do projeto (nenhuma turbina). Todos os três proprietários
são vitais para o projeto. No entanto, com arrendamentos separados, seria comum os
Proprietários 2 e 3 receberem um pagamento de taxa fixa antecipada, enquanto que
o Proprietário 1 receberia um pagamento de royalty anual baseado na produção do
projeto. Dado o desenho moderno do projeto, isso pode resultar no Proprietário 1 ser
melhor recompensado, muito embora espera-se que cada proprietário seja igualmente
valioso para o projeto quando da elaboração dos arrendamentos.

Uma abordagem que foi elaborada para compensar mais justamente os proprietá-
rios é um “arrendamento em conjunto”, compartilhado. Em um projeto no México que
envolve centenas de pequenos proprietários, sendo todos importantes para o sucesso
do projeto, o desenvolvedor usou um contrato no qual todos os proprietários dentro da
“área do projeto” juntam-se e dividem os royalties, independentemente da qual infraes-
trutura, se alguma, está situada em seus lotes individuais de terra (turbinas, fios, subesta-
ção ou nada). O royalty é calculado e depois pago a cada proprietário individualmen-
te com base na área (por hectare). Isso permite que todos os proprietários façam parte
do projeto, além de minimizar disputas internas com relação a localização das turbinas.
Consequentemente, todos os proprietários de terras envolvidos desejarão que o projeto
seja um sucesso, independentemente de terem ou não turbinas em seus terrenos.

Tabela 4-1. Vantagens e Desvantagens de Diferentes Estruturas de Pagamento

Arranjo Vantagens Desvantagens


• Dono do terreno: difícil de verificar
Royalties Geral: energia e receita gerada por cada
Turbina:*
• Leva em conta produtivida- • Informação de geração individual
de variável. por turbina é difícil de se obter.
• Dá ao dono do terreno in-
• Monitores individuais das turbinas não
centivo para trabalhar com
refletem a energia vendida porque
o desenvolvedor para situ-
eles não levam em conta perdas de
ar as turbinas nos melho-
energia no sistema elétrico.
res locais.
• Dá aos donos do terreno
• Desenvolvedores geralmente não
e desenvolvedores incenti-
gostam de compartilhar dados de
vos para garantir uma con-
produtividade das turbinas.
tínua geração de energia.

72
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Arranjo Vantagens Desvantagens


• Fácil verificação se basea-
do na receita bruta.
O mesmo que acima, com
Royalty/Combi-
benefícios adicionais de um
nação de Ga- • O mesmo que acima.
pagamento adiantado ou
rantia Mínima
uma garantia mínima.
Taxa fixa (por • Dono do terreno: renuncia a níveis
turbina ou por de renda potencialmente mais altos,
Dono do terreno.
hectare ou por se flutuantes, associados com paga-
MW instalado) mento de royalty.
• Desenvolvedor: despesas são mais difí-
• Fornece fluxos de renda
ceis de serem suportadas em anos de
previsíveis e estáveis.
baixa geração e/ou receitas.
• Protege em anos de baixa
geração de energia e/ou • Geral.
receita.
Desenvolvedor: beneficia-se
• Pagamentos não refletem a receita
em anos de alta produção/
real gerada.
receita Geral.
• Pode ser usado para com-
pensar o dono da terra por
• Elimina o incentivo econômico para
uso do terreno por uma es-
que o dono do terreno coopere com
trada de acesso cruzando
o desenvolvedor para garantir a má-
a propriedade, mesmo que
xima geração de energia.
não haja nenhuma turbina
instalada no terreno.
• Clareza e transparência:
fácil de se verificar.
Pagamento Dono da terra: fonte de di- • Dono do terreno: não fornece fluxo
Único nheiro imediato. estável de renda.
Desenvolvedor: não tem que
• Desenvolvedor: tem que dispor do
efetuar pagamento nos anos
valor total antecipadamente.
subsequentes.
• Ambos: má “combinação” em ter tran-
sações financeiras concluídas mas uso
físico em andamento por muitos anos.
*
Nos Estados Unidos, informação sobre o montante de energia gerada por uma usina está frequentemente e
publicamente disponível através dos gerentes operacionais da rede ou da companhia comprando a energia. Ainda
assim, tal informação não indica o quanto é gerado por turbinas eólicas individuais dentro de um projeto.

73
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4.3.2 Preços Pagos por Terras Arrendadas

Como discutido acima, os arranjos mais comumente achados nos projetos revistos
(dos Estados Unidos) foram arranjos de taxas fixas e arranjos de royalty, com o arranjo
de royalty sendo frequentemente suplementado por um pagamento mínimo garantido.
As Tabelas 4-2 (a) e (b) apresentam um resumo de preços pagos sob diferentes arranjos
nos contratos revistos. Apresentação de informação de pagamentos em dólares por
MW é útil porque isso normaliza, ou corrige, pela variação do tamanho das turbinas.
Tabelas 4-2 (a) e (b) de fato contêm algumas poucas “exceções” que representam cir-
cunstâncias únicas e não são consideradas típicas.

Royalties e Arranjos Combinados Royalty/Garantias Mínimas: hoje nos Estados


Unidos, royalties de arrendamentos de projetos de energia eólica tendem a variar entre
1% e 4% da receita bruta, com a maioria estando entre 2% e 3% da receita bruta. No
estado do Ceará, a média de valor observado é de 1,5% da receita bruta, sendo um
valor fixo ao longo da existência (vida útil) do parque eólico.

Em alguns casos, o percentual de royalty evolui ao longo do tempo. Na Califórnia, por


exemplo, um pagamento evolutivo era comum nos primeiros projetos eólicos porque alguns
deles tinham preços evolutivos de energia, permitindo a inclusão de cláusulas evolutivas no
contrato de arrendamento. Para a maioria dos arrendamentos com pagamentos evolutivos,
o percentual tende a ser fixo com uma taxa mais baixa nos anos iniciais de operação, evo-
luindo para uma taxa fixa mais alta nos anos posteriores, ao serem pagos os empréstimos
relativos ao equipamento. Para dois projetos latino-americanos examinados, os pagamentos
de arrendamento para o primeiro eram de 2% para os primeiros 20 anos e de 4% daí em
diante, e para o segundo, 3% para os 10 primeiros anos e 6% posteriormente. Nos casos
de tamanho médio nos Estados Unidos, a taxa de royalty era de 2% para os primeiros 15
anos e 4 % a partir daí. Um projeto no México declara pagar 1% de royalty para um gran-
de grupo de donos de terrenos da área do projeto ou das terras próximas.

Arranjos de taxa fixa: sem considerar as “exceções”, a média do pagamento de


contratos de arrendamento examinados era de US$2.200 por MW, com valores varian-
do entre US$1.200 e US$3.800 por MW. A taxa média equipara-se a uma pagamento
fixo de aproximadamente US$3.300 para uma turbina eólica de 1.5MW por ano.

Outras fontes e dados sustentam os valores apresentados acima. Por exemplo, o pro-
grama Wind Powering America (WPA) do Departamento de Energia dos Estados Unidos
(United States Department of Energy – DOE) fornece materiais sobre desenvolvimento eco-
nômico rural eólico, citando receitas anuais para os fazendeiros de US$1.500 por turbina.
Embora o tamanho da turbina não seja mencionado nos documentos do WPA, o tamanho

74
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

de turbina mais comumente empregado na região do Centro-Oeste americano durante a


preparação dos documentos do WPA está na faixa entre 600 e 700MW. Normalizan-
do os dados do WPA para um preço por MW, sugere que os pagamentos variam entre
US$2.000 a US$2.500, o que é consistente com a média de US$2.200 por MW apre-
sentada acima. Isso pode se aplicar perfeitamente para a realidade do estado do Ceará,
haja vista que as grandezas das turbinas estão coerentes com as mencionadas.

Tabela 4-2 (a). Resumo dos Preços Pagos nos Arrendamentos dos Projetos Revistos – Arran-
jos de Royalty
Tamanho Tarifa Outros
Pagamento Anual $
do Projeto Tipo Inicial Evolução Acordos de
Mínimo por MW
(MW) Anual Pagamentos
Taxa de cons-
Royalty (% da
<10 3% Não Desconhecido trução, valor *
receita bruta)
desconhecido
Adicional por
Royalty (% da
<10 3% Sim Sim acre pagamen- *
receita bruta)
to trimestral
Royalty ($ por Taxa anual de-
<10 $5.000 Sim Sim $2.222
MWh) finida
Percentual ini-
cial primeiros
Royalty (% da
10-25 2% Sim Desconhecido 20 anos, 4% *
receita bruta)
para os próxi-
mos 20 anos
Royalty (% da desconhe-
10-25 2% Desconhecido $2.660
receita bruta) cido
Percentual ini-
cial primeiros
10 anos, 6%
Royalty (% da para os próxi-
10-25 3% Sim Desconhecido *
receita bruta) mos 10 anos;
pagamento ini-
cial, valor des-
conhecido
Projetos Múl- Royalty (% da
2% Não Não **
tiplos (~40) receita bruta)

75
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tamanho Tarifa Outros


Pagamento Anual $
do Projeto Tipo Inicial Evolução Acordos de
Mínimo por MW
(MW) Anual Pagamentos
Percentual ini-
cial primeiros
15 anos, 4%
subsequente;
Royalty (% da
25-50 2% Sim Sim $1,500 míni- $1.657
receita bruta)
mo; $5.000
de pagamento
único de ces-
são de uso.
Royalty (% da
>50 6% Não Desconhecido $5.463
receita bruta)
Royalty (% da Mínimo de
>50 3% Não Sim $3.046
receita bruta) $1,000/MW
Royalty (% da
>50 3% Não Desconhecido $4.284
receita bruta)
*
Fator de capacidade ou percentual ou taxa de compra de energia para esses projetos não estavam disponíveis,
portanto, não é possível calcular o efetivo pagamento por MW.
**
Esse exemplo de contrato foi de fato aplicado em aproximadamente 40 projetos diferentes em terras
pertencentes à Agência Federal de Gerenciamento de Terras dos Estados Unidos (U.S. Federal Bureau of Land
Management – BLM). A BLM usou um contrato padrão de arrendamento de terras para todos os 40 projetos,
baseado em 2% das receitas brutas. Devido às variações dos fatores de capacidade dos projetos e dos contratos
de compra de energia, não é possível estimar o pagamento por MW.

76
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tabela 4-2 (b). Resumo dos Preços Pagos nos Arrendamentos dos Projetos Revistos – Arran-
jos de Taxa Fixa

Tamanho Tarifa
Pagamento Outros Acordos Anual $
do Projeto Tipo Inicial Evolução
Mínimo de Pagamentos por MW
(MW) Anual
Tarifa fixa Ajuste por índice da
<10 $2.500 Sim Sim $3.788
(por turbina) inflação em 5 anos.
Taxas por turbina
Tarifa fixa pagas independen-
<10 $400 Não Sim $6.235
(por turbina) temente da produ-
ção.
Tarifa fixa Mínimo $1.500;
<10 $1.270 Sim Sim $2.117
(por turbina) $7.500 construção.
Informação de
Tarifa fixa
<10 $500 Não Sim pagamento indis- $500
(por ano)
ponível.
Taxas por turbina
Tarifa fixa desconhe- pagas indepen-
25-50 $1.000 Sim $1.111
(por turbina) cido dentemente da
produção.
Tarifa fixa
>50 $1.500 Não Sim $2.145
(por turbina)
Desconhe- Tarifa fixa Desconhe- Desconhe-
$1.500 $2.000
cido (por turbina) cido cido

Outras Considerações sobre Preço: além dos valores-base do arrendamento, um


pagamento adiantado ou inicial é relativamente comum, porém não-universal. Paga-
mentos adiantados geralmente estão entre US$ 1.000 a US$ 3.000 por turbina. Um
pagamento único total também pode ser feito durante o período de construção, parti-
cularmente quando o dono da terra é incomodado ou perde outras receitas de curto
prazo por causa das atividades da construção. Por exemplo: durante a construção,
pode ser necessário que se remova terra adicional do cultivo da plantação e usada em
áreas de armazenamento de equipamentos.

Em casos onde o terreno é arrendado de múltiplos proprietários de terra para um


único projeto, desenvolvedores geralmente adotam uma dessas duas abordagens: 1) eles
fazem pagamentos baseados na produção de energia das turbinas específicas locali-
zadas em cada parcela individual de terra ou 2) eles fazem pagamentos baseados na

77
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

produção média de todas as turbinas do projeto multiplicada pelo número de turbinas


localizadas em cada parcela individual de terra. A segunda abordagem é mais fácil de
se documentar e de se verificar, e apresenta menos risco para os donos dos terrenos,
que receberão pagamentos desde que o projeto gere energia, independentemente das
turbinas em suas parcelas individuais de terra terem produzido eletricidade.

5 Suprimento de Projetos de Energia Eólica

Independentemente das normas da indústria ou das condições de mercado, valores


reais de pagamento de arrendamento terão que ser negociados entre o desenvolvedor
e o dono do terreno, e existem muitas possibilidades para ambos os métodos de calcu-
lar os pagamentos e para os valores dos pagamentos.

Projetos de energia eólica podem pertencer a companhias elétricas ou a empresas


privadas, investidores, outros, e a ferramenta tipicamente usada para selecionar que
projeto comprar (ou de onde comprar energia) é a Requisição de Propostas (RFP). Essa
sessão descreve várias abordagens usadas por companhias elétricas para comprar
energia eólica, que podem ser categorizadas como a seguir:
• CCE: uma companhia elétrica compra a produção de um projeto através de um contra-
to de compra de energia (CCE). Nesse arranjo, o projeto de energia eólica pertence e
é operado por outros, tipicamente companhias privadas. A Sessão 6 descreve CCE e
o processo de competitivamente selecionar o projeto com o qual assinar em um CCE.
No estado do Ceará e no restante dos empreendimentos no Brasil, esse é o modelo
usado, haja vista que todo projeto e execução das obras estruturantes é de respon-
sabilidade de empresas privadas, que fazem contratos de venda de energia com a
distribuidora local ou ao sistema nacional, nos termos do leilão.
• Desenvolvimento Privado, Propriedade da Companhia Elétrica: uma companhia
elétrica compra um projeto de um desenvolvedor privado, e ou opera o projeto
ela mesma ou contrata terceiros para fazê-lo. Essa sessão descreve o processo de
competitivamente selecionar que projeto comprar. O projeto é tipicamente construí-
do pelo desenvolvedor após ter ganhado uma concorrência e o comprado depois
que a construção tiver sido concluída, mas também pode ser comprado durante os
estágios inicias do seu desenvolvimento.
• Desenvolvimento Próprio: uma companhia elétrica desenvolve e possui um projeto,
incluindo escolher a localização para o projeto, comprar turbinas eólicas e equi-
pamentos relacionados e construir o projeto. A companhia elétrica pode contratar
consultores e construtores para várias partes do processo de desenvolvimento, mas
seria a dona do projeto ao longo do processo de desenvolvimento.

78
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Outras classificações são possíveis, incluindo métodos híbridos que não se adequam
em nenhuma das três classificações usadas acima. Cada alternativa de compra é mais
discutida abaixo, assim como as questões principais geralmente encontradas em uma
solicitação de proposta (RFP), que é frequentemente usada para solicitar propostas de de-
senvolvedores privados de energia eólica. Um exemplo de RFP é fornecido no Anexo C.

5.1 Opções para a Compra de Energia Eólica

Caso uma companhia elétrica (ou o sistema integrado nacional - SIN) decida con-
tratar compra de energia eólica ou comprar uma usina de energia eólica, os objetivos
da companhia incluem:
• O melhor preço de compra possível (para energia ou para o projeto), assumindo
que qualidade e outras exigências e objetivos tenham sido satisfeitos;
• Projetos que irão ajudar a companhia elétrica a atingir as quantidades mínimas de
energia eólica exigidas por regulamentações aplicáveis;
• Projetos que irão começar a entregar energia de acordo com um cronograma
específico (ex: satisfazer picos sazonais das necessidades de geração, ou para
qualificar-se para um crédito fiscal específico ou outro incentivo com uma data de
expiração - PROINFA);
• Projetos que tenham uma grande possibilidade de ser construídos e que estejam entre-
gando a quantidade de energia esperada para o período total do contrato (ex: com
um potencial mínimo para problemas financeiros, de aprovação ou técnicos);
• Boa integração com o sistema elétrico das companhias, tanto em termos de onde
a energia é entregue quanto quando as entregas tendem a ser baseadas em recur-
sos eólicos específicos no local do projeto.

Quando desenvolvedores de energia eólica procuram vender energia para uma


companhia elétrica, ou quando procuram vender o projeto de energia eólica para uma
companhia elétrica, os objetivos esperados dos vendedores incluem:
• Um bom preço (alto o bastante para fazer o desenvolvimento economicamente
viável e oferecer lucro suficiente ou retorno sobre o investimento);
• Um compromisso de longo prazo (no caso de venda de energia) ou firme (no caso
de venda do projeto) de um comprador com bom crédito para assegurar que o
projeto seja financiável (no caso específico do estado do Ceará, tem-se o governo
federal como comprador principal, garantindo a compra da energia por vários
anos, através de contratos assinados com a empresa privada que construiu o
parque eólico);

79
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Um processo de apresentação de propostas razoável que não exija deles gastos


excessivos de recursos para preparar e submeter uma proposta;
• Um chance justa de ser selecionado como o proponente ganhador.

Em qualquer dos casos, os desejos de compradores e vendedores podem conflitar


uns com os outros. Idealmente, a RFP, a preparação da proposta e o processo de avalia-
ção da proposta podem ajudar a determinar o conjunto de compromissos mais apropria-
dos, resultando num arranjo aceitável para ambos comprador e vendedor. Na situação
específica do Brasil, onde leilões para energias renováveis são estabelecidos e, ainda
mais, leilões específicos para energia eólica são assegurados, os valores e a avaliação
dos projetos se dão de maneira prévia, fazendo com que o empreendedor tenha garan-
tias asseguradas na compra da energia depois de construída a usina. A importância
disso está no fato de o Governo estimular esses empreendimentos que, juntamente com
as vantagens competitivas oferecidas pelos governos dos estados, fazem com que as ati-
vidades eólicas sejam fomentadas de maneira pioneira, trazendo a atividade industrial
eólica para o Nordeste, especialmente Ceará.

5.1.1 O Contrato de Compra de Energia

Na situação em que a companhia elétrica procura comprar energia eólica, um


processo bem elaborado de RFP deve fornecer as informações necessárias para o
desenvolvedor do projeto (vendedor), para que ele elabore a melhor proposta possível
para o comprador de energia (a companhia elétrica), e permitir que o comprador julgue
e classifique objetivamente as propostas. Localmente, tal procedimento é feito na fase
do leilão de energia acima mencionado.

Na situação ideal, cada comprador é capaz de apresentar seu projeto e mostrar que é o
mais desejável para o comprador em termos de preço, quantidade de energia entregue, loca-
lização, prazo e mitigação de risco (financeiro, de aprovação, técnico etc). Além dos objeti-
vos listados acima, companhias propondo vender sua energia eólica querem uma companhia
elétrica que seja capaz de comprar a energia em termos relativamente simples, idealmente
tomando posse da energia no local do projeto eólico e pagando em bases relativamente
simples como um preço fixo por MWh entregue ao longo de cada mês.

Pela perspectiva das companhias elétricas, o processo de seleção dos projetos


para CCEs pode incluir:
• Combinações que procuram o melhor equilíbrio entre localização, tamanho do
projeto, esquema de preços etc, frequentemente com método de classificação
ponderada de propostas;

81
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Quantidades fixas, onde uma quantidade conhecida de energia elétrica é solicita-


da a preços competitivamente determinados;
• Arranjos de preços fixos, em que um preço de referência é conhecido antecipada-
mente, e os melhores projetos em termos técnicos são selecionados;
• Arranjos do tipo primeiro que chega, primeiro a ser servido, onde desenvolvedores
são livres para entrar em contratos-padrão com uma companhia elétrica.

Esquemas de preço para energia eólica são quase sempre baseados em preço por
unidade de energia – como dólares por kWh ou MWh – efetivamente entregues pelo
projeto durante suas operações. Outros cenários, como preços baseados no MW de
capacidade de geração instalada, são raramente usados. Compromissos, geralmente
baseados em que parte correrá que riscos, são frequentemente negociados durante os
processos de negociação de CCEs.

5.1.2 Comprando um Projeto de Energia Eólica

Similarmente, companhias elétricas (ex: COELCE) que pretendem comprar projetos


de energia eólica desenvolvidos por terceiros devem lançar RFPs, de forma que desen-
volvedores possam propor seus projetos e preços competitivos. Nesse caso, juntamente
com os objetivos gerais das companhias elétricas listados acima, o comprador está
interessado em projetos com baixos custos correntes como os pagamentos pela terra,
contratos de manutenção e operações, garantias e impostos sobre propriedade.

Companhias propondo vender seus projetos (com os objetivos listados acima) pre-
cisam de uma definição clara do que elas precisam construir com o propósito de cum-
prir as especificações da companhia elétrica.

Mais uma vez, o RFP, preparação das propostas e o processo de avaliação das
propostas podem ajudar a determinar o conjunto de compromissos mais apropriados,
resultando em um arranjo aceitável para ambos comprador e vendedor. Por causa de
questões que irão variar conforme o projeto, o processo de seleção de projetos a ser
comprados pelas companhias elétricas é geralmente baseado em critérios que buscam
o melhor equilíbrio entre localização, tamanho do projeto, prazo e preços, frequente-
mente com método de classificação ponderada de propostas.

O sistema de preços para a compra de um projeto geralmente é baseado em uma


compra em dinheiro assim que a construção é concluída, mas pode envolver pagamen-
tos durante o processo de desenvolvimento, financiamento dos custos da construção
pela companhia elétrica, pagamentos distribuídos ao longo da vida do projeto, ou

82
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

outros arranjos mutuamente aceitáveis. Também, ao invés de comprar um projeto con-


cluído, companhias elétricas podem comprar um projeto que ainda está em um dos
estágios de desenvolvimento e depois concluí-lo ela mesma.

Esse tipo de arranjo será importante, para o estado do Ceará, numa segunda fase,
onde os leilões de incentivos não serão mais necessários e a atividade de geração de
energia eólica “andará com as próprias pernas”.

5.2 Desenvolvimento

Algumas companhias elétricas já possuem terras apropriadas para o desenvolvi-


mento de projetos eólicos, ou podem ter uma preferência institucional para desenvolver,
possuir e/ou operar plantas geradoras de energia elas mesmas. O processo de desen-
volvimento de projetos de energia eólica consiste em muitos estágios, incluindo:
• Prospecção de Local: identificar locais potenciais para conduzir estudos adicionais
para determinar se um projeto é exequível. Fatores-chave são ventos fortes e proxi-
midade de linhas de transmissão de energia.
• Controle do Local: assinar contrato de arrendamento da terra, cessão de uso , ou
contrato de opção com donos de terrenos na área, incluindo disposições para a
avaliação dos recursos eólicos.
• Avaliação de Recursos Eólicos: instalar anemômetros em locais e coletar dados
eólicos de seis meses a dois anos nos locais, e obter referência de dados de longo
prazo.
• Estudo de Viabilidade: avaliar aspectos técnicos e econômicos para determinar se
um projeto é viável.
• Aprovação do Projeto: obter de agências reguladoras permissões necessárias para
construir e operar o projeto, incluindo todos os estudos e permissões ambientais.
• Elaboração Detalhada do Projeto: engenharia dos detalhes do projeto baseada
no controle do local e exigências para licenças, incluindo localização das turbi-
nas, fundações, fiação, sistemas de controle, sistemas de coleta, estradas e insta-
lações de interconexão com a companhia elétrica.
• Suprimento de Equipamento: contratar a compra das turbinas eólicas, transforma-
dores, subestações elétricas, sistemas de controle e a construção do projeto.
• Financiamento: obter fundos suficientes (empréstimos e investimentos em patrimô-
nio) para compra de equipamento, construção do projeto, capital de giro, reservas
e pagamento dos custos de desenvolvimento.

84
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Construção: instalar e/ou construir estradas, fundações de turbinas, fiação, trans-


formadores e turbinas eólicas.
• Comissionamento: iniciar e testar turbinas eólicas e outros equipamentos.

Empresas no Ceará que participam deste processo:


• Fabricantes:Wobben, Suzlon, IMPSA, Tecnomaq;
• Desenvolvedores: SIIF, Servtec/Bons ventos, Ecoenergy;
• Pojetistas: Braselco, Ventos Engenharia, FG – Soluções em Energias;
• Obras Civis: Makro, Mercurius, Integral.

Algumas dessas tarefas podem ser desempenhadas pelo próprio pessoal da com-
panhia elétrica, enquanto que outras podem ser desempenhadas por consultores com
experiência em pesquisa, engenharia geotérmica (condições do subsolo), engenharia
civil (para estradas e fundações), engenharia elétrica (para fiação, transformadores e
controles) e energia eólica (avaliação de recursos, elaboração de projeto, especifica-
ções de turbinas).

A Tabela 5-1, na página seguinte, apresenta como as várias etapas do desenvolvimen-


to de um projeto de energia eólica são conduzidas sob as várias alternativas de suprimento
discutidas acima.

85
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tabela 5-1. Etapas do Desenvolvimento do Projeto sob Diferentes Opções de Suprimento


(tabela indica típica parte responsável sob cada opção de suprimento)

Etapa do Desenvolvimento
CCE Comprar o Projeto
Desenvolvimento Próprio
Prospecção de local Desenvolvedor Desenvolvedor Companhia Elétrica
Controle do local Desenvolvedor Desenvolvedor Companhia Elétrica
Avaliação de recur-
Desenvolvedor Desenvolvedor Companhia Elétrica
sos eólicos
Estudo de viabilidade Desenvolvedor Desenvolvedor Companhia Elétrica
Desenvolvedor ou
Aprovação do projeto Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
(1)
Desenvolvedor ou
Elaboração detalha-
Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
da do projeto
(1)
Desenvolvedor ou
Procura de equipa-
Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
mento
(1)
Desenvolvedor ou
Financiamento Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
(1)
Desenvolvedor ou
Construção Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
(1)
Desenvolvedor ou
Construção Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
(1)
Operações e Manu-
Desenvolvedor Companhia Elétrica Companhia Elétrica
tenção(2)
(1)
Dependendo de quando no processo de desenvolvimento o projeto é comprado pela companhia elétrica.
(2)
Efetivas atividades locais de operação e manutenção são mais comumente conduzidas pelo fabricante das turbinas
eólicas durante o período de garantia das turbinas, e por companhia de serviços após o período de garantia.

86
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

5.3 Alternativas de Engenharia e Construção

Um desenvolvedor de projeto de energia eólica ou uma companhia elétrica en-


volvida com a implementação de um projeto de energia eólica pode escolher dentre
diversos métodos alternativos de engenharia e construção. Esses métodos alternativos
incluem Projeto, Licitação e Construção (PLC); Engenharia, Suprimento e Construção
(ESC); Projeto e Construção (PC); ou Projeto, Construção e Operação (PCO). As princi-
pais diferenças entre essas abordagens são discutidas e resumidas na Tabela 5-2.

Tabela 5-2. Resumo das Alternativas de Engenharia e Construção

Compra dos
Projeto & Construção &
Abordagem Licitação Principais Operação
Engenharia Comissionamento
Equipamentos
Proprietário ou em-
preiteiro (geralmen-
Projeto, Licita- Donos con- Dono com Empreiteiro
Dono contrata te fornecedores de
ção e Cons- tratam enge- o apoio de contratado pelo
fornecedores turbinas eólicas du-
trução (PLC) nheiros engenheiros proprietário
rante período de
garantia)
Proprietário ou em-
preiteiro (geralmen-
Projeto e
Empresa de Empresa de Dono contrata te fornecedores de
Construção Empresa de PC
PC PC fornecedores turbinas eólicas du-
(PC)
rante período de
garantia)
Proprietário ou em-
Engenharia, preiteiro (geralmen-
Suprimento Empresa de Empresa de Empresa de te fornecedores de
Empresa de ESC
e Constru- ESC ESC ESC turbinas eólicas du-
ção (ESC) rante período de
garantia)
Projeto,
Construção Empresa de Empresa de Empresa de Empresa de
Empresa de PCO
e Operação PCO PCO PCO PCO
PCO)

Projeto, Licitação e Construção (Design, Bid, Construct - PLC): a abordagem tradi-


cional, PLC, é para elaborar o projeto, especificar componentes como turbinas eólicas,
fiação, transformadores e contratar um empreiteiro geral para construir o projeto. O

87
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

empreiteiro geral poderia ser contratado baseado num acordo negociado com um
parceiro de negócios confiável, ou como resultado de um processo de apresentação
de propostas competitivo. Além do mais, o dono do projeto pode também escolher
comprar diretamente certos componentes (como turbinas eólicas, que normalmente cor-
respondem a mais da metade do custo total do projeto), ou deixar a compra de alguns
ou todos os equipamentos para o empreiteiro-geral. Um empreiteiro-geral normalmente
executa boa parte da construção com sua própria força de trabalho, mas contrata
subempreiteiros para executar trabalhos específicos como fundações de concreto, ope-
ração de gruas e fiação elétrica. O empreiteiro-geral também é responsável por todo
o processo de construção, e por coordenar os esforços de vários sub-empreiteiros. En-
quanto que essa abordagem tradicional fornece mais poder de decisão para o dono
do projeto, pode resultar num cronograma de projeto mais lento, envolve mais riscos
para o dono do projeto e pode resultar em ineficiências, já que alguns participantes
podem querer culpar outros se algo ocorrer errado durante o processo de construção.

Engenharia, Suprimento e Construção (Engineer, Procure, Construct – ESC) e Pro-


jeto e Construção (Design, Build – PC): abordagens alternativas procuram reduzir o
número de participantes responsáveis envolvidos no processo de desenho e construção.
Com os métodos ESC e PC, o dono do projeto precisa contratar apenas com um em-
preiteiro tanto para desenhar quanto para construir o projeto. A principal diferença entre
os arranjos ESC e PC é que o empreiteiro ESC, ao invés do dono do projeto, também
é responsável pela compra dos principais equipamentos do projeto. O método PCO é
uma evolução além dessa prática.

Projeto, Construção e Operação (Design, Build, Operate – PCO): é uma aborda-


gem não-tradicional para a implementação do projeto, onde os proponentes competem
por um contrato que inclui desenho, construção e a operação de longo prazo das
instalações. O processo de contratação no PCO difere substancialmente dos contratos
típicos, onde empreiteiros gerais são solicitados a apresentar uma proposta detalha-
damente desenhada, e o proponente com o melhor preço é selecionado. O método
PCO teria o operador sendo o mesma parte responsável pelo desenho e construção.
A abordagem PCO proporciona um empreiteiro com incentivos naturais para construir
o projeto corretamente, de forma que as operações de longo prazo saiam conforme o
planejado. No entanto, na indústria de energia eólica, abordagens do tipo ESC/PC
são relativamente comuns, enquanto que abordagens tipo DBO são menos comuns.

Em contraste com contratos tradicionais, os processos de compra em PC, ESC


e PCO geralmente envolvem a criação de expectativas de desempenho que des-

89
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

crevem resultados desejados e depois solicitam aos proponentes que desenvolvam


seus próprios conceitos para melhor atingir esses resultados. Nas abordagens PC
ou ESC, o projeto seria entregue ao dono assim que concluído, e o dono operá-
lo-ia ele mesmo, ou contrataria terceiros para gerenciar as operações. Entretanto,
é normal o caso em que o fabricante das turbinas eólicas opere o projeto durante
o período de garantia – tipicamente entre 2 e 5 anos – como uma condição da
obrigação da garantia.

Esses métodos alternativos, se gerenciados adequadamente, oferecem significativos


avanços para o cronograma e para a mitigação de risco, mas podem reduzir o controle do
dono sobre seu projeto. Investidores e credores tendem a preferir o EPC porque ele propor-
ciona um único ponto de controle gerencial durante o período em que grandes quantias de
dinheiro são gastas em desenho, contratação de equipamento e construção.

5.4 Principais Questões numa RFP

RFPs para projetos de energia eólica devem tratar as seguintes questões, de rele-
vância, independentemente da RFP ser uma solicitação de propostas para a venda de
energia eólica (com o projeto pertencendo continuamente a um dono que não seja uma
companhia elétrica) ou a venda do próprio projeto de energia eólica para a proprie-
dade da companhia elétrica.

Contexto: a RFP deve explicar as razões de sua existência e fornecer qualquer


documentação associada, como um plano de recursos da companhia elétrica. Além
disso, uma vez que o desenvolvedor do projeto necessita um comprador que tenha
“grau de investimento” (investment grade), contraparte ou fiador para financiar o
projeto, o emitente da RFP deve indicar sua classificação de crédito e o que pode
oferecer para suportar o crédito caso não seja classificado como “grau de investimento”
(como uma carta de crédito).

Tamanho do Projeto: a RFP deve definir uma gama de tamanhos do projeto ou de


níveis de produção desejados. Em alguns casos, um tamanho mínimo ou máximo pode
ser especificado (ex.: projetos de até 100MW de capacidade instalada ou capazes
de produzir pelo menos 200.000MWh de energia por ano).

Data de Entrega da Energia/Projeto: a RFP deve expressar claramente se existe


uma data até a qual a companhia elétrica deseja que o projeto seja construído e a
energia entregue. Algumas vezes, requisitos podem ser gerais (ex.: nos próximos três

91
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

anos) e outras podem ser específicos (até 31 de dezembro) com o objetivo de cumprir
prazos associados às exigências legislativas, como um RPS ou data de expiração de
um crédito fiscal.

Localização do Projeto e Características do Local: em alguns casos a localização


geral ou específica do projeto é identificada na RFP; em outros casos, proponentes po-
dem identificar seus próprios locais. A RFP deve requerer uma descrição da localização
do terreno e o uso sendo dado à terra, status de controle e propriedade do terreno,
além de mostrar como as turbinas eólicas serão dispostas no local.

Dados Eólicos: proponentes devem ser solicitados a demonstrar os recursos eóli-


cos em seus locais propostos. A demonstração deve incluir uma explanação da fonte
da informação, período de registro, qualidade dos dados, correlação com locais de
referência de longo prazo e metodologia. A companhia elétrica desejará avaliar os
métodos e resultados do estudo eólico para garantir que as projeções de geração de
energia do proponente são razoáveis, e para entender como a produção de energia
irá variar com o tempo.

Cálculo da Produção de Energia: a RFP deve requisitar informação sobre a produção


anual, mensal, diária, ambas brutas e líquidas. Perdas assumidas devem ser especificadas.

Requisitos e Pontos de Interconexão: proponentes devem identificar o ponto


de interconexão do projeto e discutir o status do processo de interconexão (fila,
estudos e resultados). Até o ponto que se saiba, o proponente deve indicar as ca-
racterísticas técnicas da interconexão, assim como os métodos e custos associados
com a conexão do projeto proposto com a rede de transmissão da companhia
elétrica, e se esses custos estão ou não incluídos no preço da energia ou no preço
do projeto. Até que sejam conhecidos, pontos de interconexão aceitáveis para a
companhia elétrica devem ser especificados. Características elétricas do ponto de
interconexão e requisitos do projeto para o ponto de interconexão também devem
ser especificados.

Revisão do Ambiente e Status de Licença: proponentes devem ser solicitados a


demonstrar que eles entendem os requisitos de permissão para o local, especificar
quais licenças já foram obtidas e apresentar um plano razoável para a obtenção de
qualquer licença exigida para a construção e operação do projeto.

Projeções Econômicas do Projeto Pró-Forma: proponentes devem ser requisitados a


demonstrar o desempenho econômico de seus projetos, usando um modelo de fluxo de
caixa descontado como o fornecido na Sessão 7 desse “Kit de Ferramentas”.

92
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Plano de Financiamento: proponentes devem ser solicitados a apresentar suas ex-


periências no financiamento de projetos eólicos e propor um plano para financiar a
construção do projeto.

Cronograma do Projeto: proponentes devem apresentar um cronograma completo


do projeto, incluindo o status e a cronologia das atividades desde o pré-desenvol-
vimento, passando pelo financiamento, construção e comissionamento. Companhias
elétricas precisam saber que os proponentes entendem o processo de desenvolvimento
e construção e têm cronogramas razoáveis que se adequam às necessidades do com-
prador. Propostas devem também descrever os tipos de testes que serão conduzidos e
procedimentos para teste e comissionamento.

Operações e Manutenção: a RFP deve requisitar que os proponentes submetam um


plano de operação e manutenção (O&M), nomeiem entidades responsáveis por O&M
e incluam uma lista de peças sobressalentes, incluindo a vida estimada de serviço dos
componentes e preços de compra de peças sobressalentes adicionais.

Preços: a RFP e as propostas devem definir com clareza o que está incluso nos
custos propostos e por quanto tempo os preços oferecidos são válidos (ex.: quando ex-
pira a proposta). No caso da compra de energia usando um CCE, RFP e as propostas
devem também definir com clareza o prazo desejado no CCE (geralmente entre 15 e
20 anos), se o preço inclui a energia elétrica somente, ou energia elétrica e atributos
“verdes” associados à geração de energia de uma forma ambientalmente preferível.
Questões relacionadas ao cronograma de transmissão, desequilíbrios do cronograma e
exigência de projeções eólicas e de energia também devem ser claramente definidas.
Para propostas envolvendo a compra de projetos, os termos devem ser claros com rela-
ção a se peças sobressalentes, garantias, manuais operacionais, sistemas de controle,
escritórios, instalações de manutenção, desenhos do projeto etc estão incluídos.

Especificações Técnicas dos Equipamentos: a RFP deve identificar claramente as es-


pecificações mínimas dos equipamentos para que os compradores não sejam induzidos
a comprar equipamentos ou serviços de baixa qualidade. A RFP também deve identifi-
car as informações técnicas necessárias, incluindo, mas não limitado a especificações
de turbinas, curvas de potência, tipo de torre, altura do eixo da turbina, classe do dese-
nho, vida útil esperada e experiência operacional das turbinas eólicas propostas.

Qualificações do Proponente: a RFP deve requerer dos proponentes que eles de-
monstrem suas experiências técnicas e operacionais com projetos similares e sua solidez
financeira, fatores importantes para assegurar um projeto bem-sucedido.

93
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Critérios de Avaliação e Classificação: a RFP deve definir claramente os


métodos através dos quais as propostas serão avaliadas e classificadas. As
propostas podem ser classificadas conforme uma combinação de critérios como
preço, localização, disponibilidade de transmissão, cronograma de implemen-
tação, qualificações e experiência dos proponentes, além de risco e adequação
com o conjunto de recursos existentes. A RFP deve identificar como questões
que envolvem ou não custos serão combinadas na avaliação para determinar a
proposta ganhadora.

Esboço de CCE ou Esboço de Contrato de Compra: a RFP deve incluir esboços


propostos desses contratos para definir os detalhes desejados da transação pela
perspectiva do comprador. Isso ajuda os proponentes a entender a transação
e os permite identificar críticas e exceções nos estágios iniciais do processo. A
RFP deve solicitar aos proponentes que identifiquem, como parte das mudanças
propostas por eles ao esboço do contrato, as razões para as mudanças recomen-
dadas, além do efeito sobre os preços e especificações, caso o comprador aceite
as mudanças.

Cronograma: a RFP deve incluir uma agenda para a submissão, avaliação, escla-
recimentos e tarefas seguintes, como negociações de contrato, aprovações do conselho
diretor e início dos serviços.

Pessoa de Contato: a RFP deve incluir uma pessoa de contato da companhia lan-
çando a RFP e especificar um procedimento de perguntas e respostas para ser usado
durante a preparação da proposta.

Direito de Recusar a Seleção: a RFP deve também incluir uma declaração com
relação ao direito do emissor da RFP de parar o processo se necessário devido a
mudanças nas circunstâncias ou porque nenhuma proposta adequada foi obtida.
Emissores de RFPs devem examinar cuidadosamente se a inclusão de tal cláusula
é necessária, e, para evitar esforços desperdiçados, não devem emitir RFPs a não
ser que eles tenham um interesse real em comprar energia eólica ou um projeto de
energia eólica.

Para ajudar a fazer propostas completas e fáceis de serem comparadas, a do-


cumentação de RFP deve definir claramente o formato que os proponentes devem
usar (incluindo um tabela de conteúdo para as propostas), que informação deve
ser incluída em cada sessão e que documentos adicionais são necessários além da
proposta em si.

94
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

5.5 Outras Considerações sobre RFPs

Companhias Elétricas têm muitas opções ao considerar a condução de um proces-


so de RFP. Alguns desses fatores são discutidos abaixo:

Esboço de RFP para Comentários: companhias elétricas devem considerar afixar


e/ou circular um esboço da RFP para o público e para possíveis proponentes antes de
emitir a RFP formalmente, de modo que qualquer disposição injusta ou que não seja
razoável na RFP possa ser tratada inicialmente no processo. No entanto, isso deve ser
feito com cuidado, uma vez que essa etapa extra tem o potencial de atrasar o processo
de suprimento.

Como e para Quem Publicar a RFP: muitas RFPs são publicadas na Internet
para que qualquer um leia, enquanto outras exigem pagamento ou um processo de
registro gratuito para que se obtenha a RFP. Algumas RFPs são postadas para partes
potencialmente interessadas, enquanto que outras são enviadas apenas para quem
tenha mostrado interesse. Independentemente do método de publicação, compa-
nhias elétricas devem pelo menos notificar as partes interessadas usando métodos
como comunicados na imprensa e cartas às associações comerciais.

Qualificações Mínimas dos Proponentes e Projetos: algumas RFPs têm exigências espe-
cíficas para qualificação dos proponentes, como experiência prévia em desenvolvimento
de projetos, solidez financeira mínima, ou requerer projetos que já tenham atingidos certas
metas de desenvolvimento (como requerendo que o projeto já tenha o controle do local ou
que tenha estudos completos de interconexão).

Etapa de Pré-qualificação: algumas companhias elétricas dividem o processo de RFP em


duas etapas, com a primeira etapa sendo uma “pré-qualificação” envolvendo uma solicitação
para qualificações (Request for Qualifications - RFQ), uma apresentação de qualificações das
partes interessadas e uma revisão das apresentações para determinar quais participantes são
qualificados. A segunda etapa envolve uma RFP emitida apenas para os proponentes que
foram qualificados na primeira etapa. Esse método geralmente reduz o número de propostas,
mas resulta em propostas de maior qualidade dos participantes qualificados.

Taxa de Proposta ou Exigência de Garantia de Manutenção de Propostas: algumas


companhias elétricas exigem o pagamento de uma taxa ou garantia de manutenção
na submissão das propostas. Em alguns casos, essas taxas ou garantia de manutenção
são reembolsáveis aos proponentes após eles terem sido avaliados no processo de
qualificação pela companhia elétrica, enquanto que em outros casos as taxas não são

95
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

reembolsáveis. Outro método menos comum é cobrar uma taxa de participantes interes-
sados em obter uma cópia da RFP. Taxas ou garantias de manutenção funcionam como
redutores do número de propostas casuais ou não-sérias e podem ajudar a compensar
o custo de avaliação das propostas. No entanto, se as taxas definidas forem muito
altas, elas podem agir contra os interesses da companhia elétrica, desnecessariamente
limitando a submissão de propostas.

Período de Tempo para a Preparação de Propostas: companhias elétricas


devem considerar cuidadosamente o período de tempo para a preparação e sub-
missão de propostas, incluindo tempo para a distribuição da RFP, esclarecimentos
sobre a RFP e encontros pré-proposta, além de visitas aos locais selecionados
por elas. Companhias elétricas devem balancear cuidadosamente o objetivo de
apressar um projeto ou compra de energia, e a necessidade de permitir tempo
suficiente para proponentes que avaliem a RFP e depois produzam e submetam
uma proposta de qualidade.

5.6 Ponderando Opções de Suprimento

A maioria dos desenvolvimentos de projetos de energia eólica é baseada no


método CCE. O projeto eólico enquanto propriedade da companhia elétrica e mé-
todos de desenvolvimento próprio, embora menos comuns, oferecem às companhias
elétricas mais controle gerencial sobre um projeto de energia eólica e pode fornecer
participação de prazo mais longo para a companhia elétrica (ex.: uma companhia
elétrica que possui uma usina de energia eólica pode modernizar e reequipar as ins-
talações depois da vida útil de cada equipamento, ao invés de limitar-se ao prazo de
20 anos de um CCE). A propriedade do projeto eólico e o desenvolvimento próprio
geralmente envolvem mais riscos para a companhia se comparados à compra da
produção de energia usando um CCE. Além disso, pode significar que a companhia
elétrica é menos capaz de utilizar competências disponíveis no setor privado de de-
senvolvimento de energia eólica. Entretanto, os custos da companhia elétrica possuir
uma usina de energia eólica podem ser mais baixos se a companhia elétrica tiver
acesso ao financiamento de baixo custo e longo prazo, ou se sua estrutura de custos
for competitiva.

Abordagens tradicionais ou inovadoras são usadas para elaborar e construir proje-


tos de energia eólica. Projetos podem ser operados e mantidos diretamente ou por em-
preiteiros. Custo, cronograma e a alocação de risco entre o dono e o(s) empreiteiro(s)
variam de acordo com as diferentes abordagens.

96
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Em países com estruturas de propriedade estatais das companhias elétricas, o mé-


todo de desenvolvimento próprio tem sido favorecido. Experiência recente nos Estados
Unidos indica que o modelo de desenvolvimento privado / propriedade da companhia
elétrica tem se tornado mais popular, em parte porque companhias elétricas querem o
controle dos projetos como um ativo gerador de energia com preço independente de
combustíveis por longo prazo (30 a 50 anos), não somente pelos 15 a 20 anos de um
contrato típico de compra de energia eólica.

Independentemente do projeto de energia eólica pertencer à companhia elétrica


ou a terceiros, RFPs são comumente usados por companhias elétricas para selecionar
projetos para a compra de energia, ou projetos para serem comprados. Qualquer que
seja o objetivo do RFP, o processo de compra deve ser justo, aberto, eficiente e compe-
titivo. Um processo justo e aberto constrói confiança entre os participantes, além de ser
mais fácil responder aos questionamentos feitos por aqueles que não tenham sido sele-
cionados. Um processo justo e aberto também ajuda a fazer qualquer processo futuro
mais eficiente porque todas as partes irão aprender através das experiências anteriores.
Um processo eficiente pode ajudar a reduzir esforços desnecessários daqueles subme-
tendo propostas e daqueles avaliando as propostas, além de poder ajudar a acelerar a
implementação do projeto. Um processo competitivo pode resultar no desenvolvimento
de energia eólica adicional, porque um montante fixo de financiamento pode ser usado
para comprar mais energia eólica se o custo unitário for baixo.

6 Questões Contratuais Relacionadas à Compra e


Venda de Energia Eólica

Existem vários mecanismos diferentes de contratação envolvidos no desenvolvimen-


to de um projeto eólico, incluindo: arrendamentos de terra, contratos para serviços
de construção, contratos de compra de equipamentos, garantias, contratos de O&M,
dentre outros. Essa sessão concentra-se no Contrato de Compra de Energia (CCE) e
o Contrato de Interconexão (CI), que juntos definem responsabilidades associadas à
entrega e à compra de energia de projetos eólicos comerciais.

Anexo D contém um exemplo de um CCE e o Anexo E contém um exemplo de um CI.

6.1 Contrato de Compra de Energia Eólica (CCE)

O CCE define o vendedor e o comprador, o que está sendo comprado (ex.: ener-
gia, capacidade, “créditos verdes”), quanto está sendo comprado e que preços devem

97
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ser pagos pelas compras. Um CCE de longo prazo (15 a 20 anos), tendo uma das
partes com boa classificação de crédito, é essencial para o financiamento de um proje-
to de energia eólica porque assegura um fluxo de receitas para energia produzida pela
planta, ao contrário de operar o projeto em um ambiente “mercante” onde as vendas
não são garantidas. Um CCE de longo prazo reduz os riscos financeiros aos olhos dos
financiadores. CCEs de projetos eólicos normalmente envolvem a venda mensal e anual
de energia (medida em kWh ou MWh), não a venda de capacidade (quantos kW ou
MW de capacidade de geração instalada) ou o montante de energia (medido em Kw
ou MW) gerada em qualquer momento no tempo.

6.1.1 Cláusulas Padrão em um Contrato de Compra de Energia Eólica

CCEs são contratos que, de costume, requerem que o vendedor produza energia e
que o comprador pague por ela. Além desses princípios básicos, muitas outras questões
devem ser tratadas no CCE, incluindo como e quando a energia deve ser entregue, como
e quando pagamentos devem ser feitos, o que acontece se o pagamento não for feito,
por quanto tempo as entregas devem ser feitas, como os preços pagos podem mudar
ao longo do tempo e a comunicação entre as partes. Se um projeto tem compradores
múltiplos, CCEs separados serão redigidos para cada comprador, e podem se referir aos
outros CCEs. Similarmente, o CCE pode conter referências ao CI e garantias e documen-
tos relacionados à construção. Uma companhia “mãe” do vendedor ou comprador pode
também ser uma das partes em um CCE devido às responsabilidades do fiador.

Os parágrafos seguintes destacam as principais sessões e cláusulas em um CCE e


explicam o propósito de cada um. As discussões são para CCEs independentemente
da tecnologia de produção de energia. Questões específicas de CCEs de energia
eólica são discutidas na Sessão 5.1.2.

Definições: essa sessão fornece definições detalhadas para termos comuns usados
ao longo do CCE, como data efetiva, ano do contrato e ponto de entrega. Esses termos
são geralmente escritos em negrito ou em maiúsculas ao longo do documento, indican-
do ao leitor que mais informações são fornecidas nas sessões de definição. Algumas
definições explicam uma data ou uma palavra, enquanto que outras fornecem disposi-
ções contratuais detalhadas. Por exemplo: eventos de força maior podem ser listados
sob as definições, enquanto que mecanismos para reclamar um evento de força maior
estarão em outra sessão do CCE. Um exemplo de definição em um CCE é:

Período de Entrega: começando na data de conclusão da última turbina descrita e


incluída no Projeto (independentemente de sua capacidade classificada) e terminando
em 31 de dezembro de 2018.

98
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Prazo, Término e Renovação: essa sessão contém cláusulas a respeito do prazo ini-
cial do contrato, término no final do contrato, término prematuro e renovação de contrato.
CCEs normalmente começam quando uma nova usina é concluída (uma ocasião que é
comumente definida como “Data de Operação Comercial”), mas pode ser outra ocasião
dependendo das circunstâncias específicas do projeto. Durações de contrato variam de
5 a 20 anos, ou ainda mais longos para certas tecnologias. A duração é determinada,
em parte, conforme o tipo de mercado em que a usina será operada. A cláusula do tér-
mino no fim do contrato libera as partes de qualquer obrigação adicional. A maioria dos
contratos também esboçam os passos a serem tomados para o término prematuro ou re-
novação contratual. A cláusula de término prematuro especifica como cumprir obrigações
finais e pode incluir uma taxa de término. Renovações contratuais frequentemente são
para períodos de curto prazo (um a cinco anos), e podem vir com estruturas de ajuste de
preços e diferentes opções envolvendo qual das partes (comprador, vendedor, ou ambos)
pode se eleger para renovar o contrato e quando tal renovação pode ocorrer.

Eventos de Descumprimento: vendedor e comprador podem cada um praticar uma


ação que pode causar um evento de descumprimento. Cada ação é especificamente
listada para cada parte, assim como compensações para a outra parte no evento de
um descumprimento. Descumprimentos típicos podem incluir, mas não são limitados a
não-pagamento, falência e falha na reparação de defeito do material dentro do prazo
de reparação.

Disposições de Reparo: fornecem uma rota definida para comprador e vendedor resolve-
rem eventos de descumprimento sem a necessidade de eventos mais drásticos como o término
do contrato ou litígio. Essa sessão descreve, em linhas gerais, os períodos de reparo e as
definições de esforços razoáveis da parte descumpridora para reparar a falta. Períodos de
reparo normalmente duram entre 60 e 90 dias e podem conter disposições de extensão.

Disponibilidade/Desempenho: disponibilidade de projeto é geralmente atrelada


à disponibilidade de geração, com disposições separadas para indisponibilidade de
combustível, que são tratadas no contrato de fornecimento de combustível. Para tecno-
logias como turbinas à combustão ou caldeiras, fabricantes podem facilmente ajustar
as classificações.

Agendando Manutenção: em geral, o operador da usina deve submeter para


aprovação uma agenda de manutenção para cada ano do calendário ou ano con-
tratual. Disposições definem quando a manutenção pode ser agendada, considerando
as necessidades da companhia elétrica, assim como a disponibilidade de combustível
e custos, frequentemente incluídos. Disposições sobre notificações com antecedência
de mudanças na agenda ao longo do ano são típicas.

99
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Preço: essa sessão define o preço a ser pago pelos produtos comprados, os quais
podem incluir preços separados para energia, capacidade e créditos ambientais. Pre-
ços de energia podem ser uma taxa fixa, ou podem variar conforme a estação e ou
hora do dia. Por exemplo: entregas poderiam ser cobradas a uma taxa fixa anual de
$50/MWh ou taxa de sazonal de $30/MWh pelos meses de inverno e $60/MWh
pelos meses de verão. Se o preço sazonal/hora-de-uso for usado, os períodos serão
definidos na Sessão de Definição. Os preços podem permanecer os mesmos ou evoluir
anualmente tanto a uma taxa definida (como a 2% ao ano) quanto por algum indexa-
dor como o índice de preços ao consumidor (IPC), que será determinado a cada ano.
Diferentemente, preços anuais podem ser ajustados com base nos preços de mercado.
Alguns projetos podem receber pagamentos de capacidade por terem capacidade dis-
ponível para uso mesmo que não esteja sendo usada. Pagamentos sobre capacidade
são geralmente expressos em US$/MW e pagamentos de energia em US$/MWh.
Créditos ambientais podem ou não estar disponíveis para um projeto em particular,
dependendo do tipo de usina construída, o combustível usado e as políticas do locais,
regionais ou nacionais. Se os créditos devem ser comprados, sua compra pode ser
agrupada com a da energia ou pode ser uma transação separada. A sessão sobre pre-
ço pode também incluir preços para excedentes de geração, que podem ter um preço
baseado no mercado à vista para entregas acima do montante ao preço de contrato.

Quantidade Comprada – Energia de Referência, Excedente/Não Entregue, Pon-


to de entrega: em geral, os contratos especificam a quantidade de energia de refe-
rência a ser adquirida mais ou menos um percentual fixo. No caso de produzir menos
energia do que a margem premitida, o vendedor paga uma multa ao comprador.
Disposições para excesso de produção também devem ser incluídas. Ou o compra-
dor aceitará o excedente a um preço acordado ou vendas para consumidores livres
serão permitidas. Essa sessão, além disso, incluirá discussão sobre a incapacidade
do comprador em receber a energia base. O comprador pode ser cobrado sobre a
quantidade total da energia base (estilo de contrato receba-ou-pague – take-or-pay),
ou o vendedor pode ter a permissão de vender a energia no mercado à vista de
eletricidade. Muitas dessas cláusulas são típicas para plantas de energia movidas
a combustível fóssil, mas são relativamente raras para plantas de energia eólica por
causa da natureza intermitente do vento.

Essa sessão também inclui cláusulas sobre receber energia de teste, receber ener-
gia de expansão de projeto e o ponto de entrega da energia. Dependendo de como a
data de operação comercial é definida, o comprador pode receber energia assim que
cada turbina for concluída ou receber energia teste. Energia teste é a energia produzi-
da por turbinas em operação durante o período de construção.

100
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Programação de Energia/Interconexão: tratar da interconexão com o provedor de


transmissão é, na maioria das vezes, responsabilidade do vendedor. Essa sessão discute
qualquer questão de programação e pode referir-se ao CI. Programações de energia são,
rotineiramente, submetidas com 24 horas de antecedência. A programação antecipada
permite que operadores de transmissão assegurem-se que existe capacidade suficiente
nas linhas, de forma que a confiabilidade do sistemas permaneça alta. Para um recurso
do tipo “quando disponível” como o vento, a programação se torna mais difícil. A Sessão
5.3 discute como isso está sendo abordado atualmente em alguns CCEs.

Medição: embora o CCE possa especificar a quantidade base de entrega ou a


geração anual, medidores registram a quantidade efetiva de energia entregue. As quan-
tidades medidas formam a base para o pagamento sob o CCE. Dessa forma, medido-
res precisam ser calibrados e averiguados regularmente para manter a precisão. Se o
medidor estiver com uma variação de erro aceitável (geralmente ±2% ou menos), ele
será aprovado. Se o medidor estiver fora da variação aceitável, deverá ser consertado
ou substituído, como especificado no CCE, e as contas afetadas deverão ser revisadas.
A sessão de medição também descreve onde os medidores devem estar situados, quem
será responsável por mantê-los, se haverá medidores sobressalentes, qual será a frequên-
cia da medição e o acesso ao local para leitura dos medidores.

Cobrança/Disputa/Acordo de Disputa: essa sessão descreve, em linhas gerais,


com que frequência o comprador será cobrado, em que data será enviada a fatura e
qual será o vencimento da fatura. Tipicamente, projetos cobram mensalmente e com-
pradores têm 10 a 15 dias para efetuar o pagamento após receberem a fatura. O
vendedor pode ter exigências específicas de como e onde a fatura deve ser paga. A
sessão também descreve os passos para proceder uma disputa e o pagamento, en-
quanto a fatura estiver sendo contestada. Se uma disputa de pagamento não pode ser
acordada entre vendedor e comprador, um árbitro pode ser usado, com a decisão final
do árbitro sendo acatada. Cobrança de juros geralmente irão acumular-se sobre contas
não-pagas, dependendo do resultado da disputa.

Força Maior: se ainda não estiverem listados na definição, essa sessão lista todos
os eventos que estão fora do controle de cada parte e pode fazer com que o projeto
abrevie as entregas ou pare a operação. Eventos típicos incluem, entre outros, convul-
são política, desastres naturais, terrorismo, guerra e eventos naturais atípicos (ex.: torna-
do, tempestades severas). A sessão também define o processo para reportar um evento
de força maior, aceitação da outra parte e a capacidade de reparar o evento. Se o
evento não puder ser reparado, disposições quanto ao término prematuro do projeto
devem ser acionadas. Projetos eólicos podem ter condições de clima específicas que
podem causar “força maior”. Essas condições são mais discutidas na Sessão 6.1.2.

101
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Limitações de Responsabilidade: essa sessão contém os limites padrões de respon-


sabilidade de cada parte.

Transferência: essa sessão diz se uma das partes pode transferir o contrato para
uma filial ou terceiros. Se o contrato puder ser transferido para uma outra entidade, as
exigências para aprovação governamental e outras disposições são descritas.

Construção: se o CCE incluir uma sessão de construção, geralmente refere-se ao


acesso do comprador ao local para propósitos de monitoramento da construção, a
responsabilidade do vendedor em obter licenças e a responsabilidade do comprador
em facilitar os esforços de obtenção de licenças. Se a construção for atrelada a um
incentivo governamental, detalhes de como tratar mudanças no tamanho do projeto
serão incluídos.

Disposições Fiscais: essa sessão define qual das partes é responsável pelos impostos,
além de definir como esses impostos são conhecidos na época da assinatura do contrato.

Reputação Financeira Suficiente: nessa disposição, o comprador concorda em


manter uma reputação financeira suficiente (boa classificação de crédito, como descrita
na sessão de definições) ao longo da vigência do contrato. Se a classificação de crédi-
to do comprador cair abaixo de um limite definido, o comprador é geralmente obriga-
do a obter uma garantia de uma “companhia mãe” ou submeter uma carta de crédito
que suporte suas obrigações previstas no contrato. A garantia ou carta de crédito é
relacionada ao montante das compras esperadas durante o tempo restante do contrato,
e pode haver disposições para reduções (dado que tenha havido um descumprimento
pelo comprador) para refletir os pagamentos já feitos sob a vigência do contrato.

Leis Regentes: essa sessão define as leis do país ou estado sob as quais as partes
irão se conformar para a interpretação, desempenho e aplicação do contrato.

Idioma Regente: essa sessão indica qual idioma rege o contrato. Embora uma tra-
dução possa ser incluída para propósitos ilustrativos, um idioma específico é geralmente
indicado para a interpretação oficial do contrato.

6.1.2 Características Especiais de um Contrato de Compra de Energia Elétrica

A sessão anterior forneceu a fundação para os tipos de cláusulas contidas em um


CCE. Em meio à discussão, algumas questões específicas foram destacadas. Essa ses-
são fornece mais detalhes em questões que são únicas de projetos de energia eólica e
do desenvolvimento de um CCE de energia eólica.

102
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Definição de Produto: qualquer CCE precisa definir claramente o(s) produto(s) sen-
do vendido(s). Em um projeto eólico, as alternativas de produto se expandem para
incluir “prêmios verdes”, “créditos de energia renovável” e ou “créditos ambientais”. O
CCE também precisa definir se a energia será do tipo “quando disponível” (quando
produzida a qualquer momento pelo projeto) ou um produto estável ou definido, o
que envolve a suplementação da energia do projeto com energia da rede de vez em
quando. Desenvolvedores de projetos de energia eólica normalmente não têm pronto
acesso aos recursos necessários ao fornecimento de serviços estáveis e definidos. Nor-
malmente, é mais eficiente para a companhia elétrica recebedora de energia fornecer
esses serviços do que para o desenvolvedor do projeto de energia eólica fornecê-los à
companhia. Dessa forma, é geralmente preferível para o CCE de energia eólica que
seja um contrato do tipo “quando disponível”, medido na subestação do projeto.

Disponibilidade: é definida como a quantidade de tempo que uma turbina eólica


(ou um grupo de turbinas) está disponível para produzir energia. Um bom projeto eólico
irá, de maneira geral, ter uma disponibilidade de 95% a 97% . CCEs de energia eólica
normalmente não incluem compromissos de disponibilidade, uma vez que o dono do
projeto eólico tem um forte incentivo para proporcionar uma grande disponibilidade,
objetivando a geração de energia e receita. Porém, aqueles CCEs que têm um compro-
misso de disponibilidade são geralmente expressos como projetos de disponibilidade
mínima por ano, uma média móvel de 12 meses ou algum outro prazo aceitável. Quais-
quer preocupações à respeito da disponibilidade do projeto são normalmente cobertas
por uma cláusula de desempenho mínimo, como discutido abaixo.

Alguns CCEs vão além das exigências de disponibilidade do equipamento, e


requerem garantias mínimas de produção de energia, as quais combinam disponibili-
dade do equipamento e questões de recursos eólicos. Entretanto, qualquer garantia de
energia mínima precisa incluir disposições para um(ns) ano(s) de “pouco recurso” eólico
e precisa fornecer crédito para anos de recursos eólicos acima da média. Contratos
que incluem essa linguagem normalmente tratam essa questão utilizando médias móveis
de múltiplos anos e permitindo variações dos níveis esperados (acima de 25%). Um vez
que uma usina eólica é um recurso não despachável e os contratos normalmente exigem
pagamentos pela energia entregue, o maior problema que o sub-desempenho causa
ao comprador é a necessidade de identificar e procurar outras fontes de energia, a
preços potencialmente mais altos. Contratos que têm uma cláusula de subdesempenho,
às vezes, baseiam suas penalidades por subdesempenho nas diferenças entre o preço
do contrato e o preço que o comprador tem que pagar para substituir a energia não-
disponível do projeto.

103
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Programação de Manutenção: a programação deve apresentar que a manutenção


é feita durante períodos sazonais de baixa demanda e ou períodos de poucos recursos
eólicos.

Preços: embora muitos CCEs incluam preços do momento da entrega, projetos


eólicos normalmente têm estruturas simples como preço fixo por MWh de energia entre-
gue, independentemente de quando a entrega é feita. Essa abordagem simplifica muito
o processo de financiamento do projeto. Ao final de cada mês, a tarifa é aplicada
no total de MWh de energia entregue para determinar o pagamento mensal. Preços
podem ser fixos ou evolutivos com um indexador associado a um índice de inflação.
Outra abordagem é a evolução dos preços a uma fração do índice de inflação (talvez
50%). Essa abordagem reconhece o fato de que a maioria dos custos de energia são
relacionados ao capital, porém protege o desenvolvedor dos custos operacionais e
de manutenção impossíveis de ser gerenciados se a inflação for mais alta do que o
esperado durante a vigência do contrato. Esquema de preços de longo prazo (15 a 20
anos) pré-definidos geralmente são uma exigência para o financiamento de um projeto
de energia eólica. Além da necessidade de um CCE de longo prazo, mercados finan-
ceiros devem perceber também o comprador de energia como tendo boa reputação de
crédito para financiar um projeto de energia eólica.

Compra de Capacidade: uma vez que o vento é um recurso do tipo “quando


disponível” que não pode ser “convocado” para fornecer energia em um momento
específico no futuro, CCEs de energia eólica normalmente não incluem uma compra
de capacidade. Um exemplo de compra de capacidade seria US$1.000 por mês por
MW de energia eólica instalada no projeto, independentemente de quanta energia
dessa capacidade é entregue.

Em algumas situações, companhias elétricas são obrigadas a demonstrar aos regu-


ladores ou operadores da rede que elas têm capacidade instalada suficiente ou capa-
cidade elétrica comprada para satisfazer alguns critérios de confiabilidade. A capaci-
dade efetiva que o projeto eólico fornece à rede de transmissão pode ser determinada
estatisticamente para ajudar a tratar como o projeto eólico (ou CCE de energia eólica)
pode auxiliar a companhia elétrica a satisfazer esses critérios de capacidade mínima.

Garantia de Entrega: como já foi dito, garantia de entrega é mais comum para tec-
nologias baseadas na queima de combustível fóssil. A dificuldade de se obter previsões
precisas por hora de recursos eólicos torna arriscada a garantias de entrega. A maioria
dos CCEs de energia eólica simplesmente permite entregas variáveis, com algumas ga-
rantias contra a queda do fornecimento de energia para um nível determinado ao longo
de meses e anos, mas raramente têm exigências específicas para entregas por hora.

104
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Programação de Energia: com a geração eólica, uma disposição é necessá-


ria para fazer ajustes horários prévios na programação diária prévia de entrega
(caso essas programações sejam exigidas onde o projeto é operado). Essa sessão
pode também requerer que o comprador contrate uma companhia de previsão
eólica para fornecer previsões eólicas diárias e horárias para facilitar a pro-
gramação de energia. Tais previsões geralmente incluiriam uma atualização por
horário antecipado do fornecimento durante as próximas 36 horas, de forma que
a melhor informação disponível possa ser usada para as programações e ajustes
das programações diárias e horárias prévias dos dias que se seguem. A Sessão
5.3 abaixo discute como isto está sendo tratado atualmente em alguns CCEs
de energia eólica. Penalidades pela falha em satisfazer essa programação de
entrega de energia não estão incluídas em CCEs de energia eólica porque são
prováveis de tornar o projeto não-financiável. O projeto eólico e o comprador de
energia precisam trabalhar juntos para desenvolver as melhores previsões possí-
veis e reconhecer que existe incerteza em previsões horárias; incerteza essa que
aumenta com previsões diárias e de 36 horas.

Força Maior: fora os eventos-padrão de força maior, CCEs de projetos eólicos po-
dem incluir eventos atrelados às limitações de performance da turbina eólica em função
de condições climáticos e/ou ambientais. Por exemplo: em climas onde a formação
de gelo pode ocorrer, o congelamento severo das hélices pode ser incluído como um
evento de força maior devido às preocupações sobre o desprendimento do gelo e fa-
lhas mecânicas. O congelamento severo ocorre quando se acumula mais gelo do que
as hélices foram projetadas para suportar em um curto período de tempo. Em outros
casos, CCEs podem não incluir uma referência específica sobre o congelamento como
um evento de força, uma vez que a formação de gelo é considerada como qualquer
outro fator (como a falta de ventp) que contribui para a intermitência da geração de
energia eólica. Até onde for possível, a cláusula referente aos eventos de força maior
deve ser atrelada ao desenho ambiental da turbina eólica. Por exemplo: se as turbinas
forem desenhadas para suportar velocidades do vento superiores a 60 m/s e um vento
de 70 m/s danificá-las, isso seria considerado um evento de força maior, mas um vento
de 59 m/s não seria.

Tamanho do Projeto e Questões do Início das Operações: projetos eólicos nor-


malmente consistem em turbinas múltiplas, e o número de turbinas pode mudar entre
a criação do CCE e a conclusão do projeto. CCEs de energia eólica frequentemente
incluem flexibilidade de capacidade do projeto para considerar as possíveis diferenças
entre a capacidade inicial planejada e a capacidade real instalada. O número e o
tamanho efetivo das turbinas podem ser influenciados pelas condições de permissão,

105
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

mudanças no tipo de equipamento comercialmente disponível, ou pela expiração de


uma determinada política, como o Crédito Fiscal de Produção de Energia Renovável
dos Estados Unidos, que historicamente tem expirado e sido renovado.

Frequentemente, as primeiras turbinas instaladas em um projeto estão prontas para


começar a produzir antes que o projeto inteiro seja concluído. Um CCE de energia
eólica normalmente inclui cláusulas para permitir esse fornecimento de energia pré-
conclusão, às vezes a preços diferentes dos preços a serem pagos uma vez que o
projeto estiver concluído.

6.1.3 Relação do Contrato de Compra de Energia (CCE) com Outros Contratos

O CCE funciona em conjunto com o contrato de fornecimento de turbina, contratos


de construção, contratos de interconexão (CI) e outros contratos do projeto, os quais,
juntos, documentam para os credores e potenciais investidores como um projeto de
energia eólica será construído e operado.

6.1.4 Contratos-Padrão

Alguns países e regiões têm adotado CCEs padronizados. Por exemplo: a


Comissão Pública de Companhias Elétricas da Califórnia adotou um conjunto de
CCEs que foram usados para quase todo desenvolvimento eólico naquele estado
americano nos anos 80. Um contrato-padrão, se cuidadosamente traçado para
fornecer um arranjo justo para cada parte, pode ajudar a facilitar mais desenvolvi-
mento de projetos eólicos através da diminuição da necessidade de contratos ne-
gociados separadamente (ou pelo menos algumas partes importantes do contrato)
para cada projeto. Disposições-padrão também podem fornecer uma negociação
mais equilibrada quando desenvolvedores de projetos eólicos, relativamente fracos,
procuram negociar acordos com grandes e dominantes companhias elétricas. Além
disso, CCEs padrão podem ajudar a melhorar a viabilidade de pequenos projetos
que, de outra forma, podem não ser capazes de absorver os custos de contratos
negociados separadamente.

Enquanto que CCEs padronizados podem facilitar o desenvolvimento de projetos,


eles requerem esforços zelosos das partes afetadas (compradores e vendedores) com o
objetivo de produzir padrões viáveis, e eles podem não ser aplicáveis em todas as situ-
ações. Além do mais, um CCE padronizado desenvolvido para uma região pode não
ser facilmente adaptável a outras regiões por causa das diferenças nas leis, práticas de
gerenciamento de rede, condições de mercado e outros fatores.

106
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

6.2 Contrato de Interconexão

O Contrato de Interconexão (CI) é geralmente um processo separado do CCE. No


entanto, uma falha ao assinar um CI poderia ser a base para um término prematuro ou a
não-execução de um CCE. O CI lida com a interconexão física da usina com o sistema
de transmissão, além de cobrir as responsabilidades pela obtenção dos equipamentos
de interconexão necessários e a capacidade da linha de transmissão. Uma intercone-
xão típica de um projeto de energia eólica inclui um transformador ou transformadores
para adequar o fornecimento de energia do projeto à voltagem das linhas de transmis-
são, equipamentos de desconexão e controles para isolar, com segurança, a usina das
linhas de transmissão quando necessário, equipamentos de comunicação e medição
para contabilizar devidamente as entregas efetivas à rede (tanto para propósitos de
cobrança quanto para uma operação apropriada da rede).

6.2.1 Estudo de Impacto no Sistema de Transmissão

Antes de assinar em um CI, uma das partes de um CCE irá elaborar um Estudo de
Impacto no Sistema de Transmissão. Através desse estudo, o provedor de transmissão avalia
os impactos de interconectar o suposto projeto com seus atuais e planejados usos das linhas,
para determinar se a linha tem capacidade e suporte de voltagem, se uma modernização
faria a interconexão viável, ou se a interconexão não é viável. Em geral, a parte requisitante
o estudo reembolsa o custo da condução do estudo ao provedor de transmissão.

6.2.2 Principais Disposições no Contrato de Interconexão

O desenvolvedor do projeto negocia um CI com o proprietário e ou operador do


sistema de transmissão. Muitas disposições importantes do CI são similares as do CCE,
incluindo definições, prazo, término, quebra de contrato, recompensas e reparos, des-
cumprimento, eventos de força maior, medição, cobrança, disputas, transferência, obri-
gações, seguros e miscelâneas. O CI, entretanto, contém de fato algumas diferenças
terminológicas, referências e sessões.

Definições: algumas definições encontradas em um CI incluem os proprietários da


rede de transmissão e instalações de interconexão das instalações de geração, pontos
de interconexão e sistema de proteção. O CI lista todas as partes necessárias e especifi-
cações para instalações de interconexão de ambas as partes. Instalações do sistema de
proteção incluem equipamentos que protegem a usina eólica de variações da energia
da linha de transmissão e vice-versa.

108
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Quantidades: enquanto que CCEs podem conter disposições para lidar com ca-
pacidade ou energia adicional do projeto, um CI é elaborado ao redor de uma quan-
tidade conjunta de capacidade de interconexão. Assim sendo, se um projeto espera
adicionar capacidade extra, o dono do projeto pode negociar por uma quantidade,
incluindo a capacidade futura, ou entrar em um CI separado posteriormente durante os
estágios do planejamento de expansão.

Tarifas Padrão de Transmissão: frequentemente, o provedor de transmissão tem um


conjunto de tarifas de transmissão para vários níveis de voltagem. Muitas sessões do CI,
incluindo obrigações e preços, referir-se-ão a essas tarifas ao invés de recriá-los no CI. A
natureza intermitente dos recursos de energia eólica torna o preço de transmissão impor-
tante. Uma política de preços de transmissão que não inclua múltiplas cargas rodando em
um sistema de transmissão (conhecido como “taxa de panqueca”), e não penaliza o vento
por sua intermitência, facilita desenvolvimento econômico e tecnológico.

Responsabilidades e Custos de Interconexão das Instalações: essa sessão especifi-


ca as responsabilidades de ambas as partes com relação à suas instalações de interco-
nexão, incluindo descrições completas das instalações e diagramas da fiação elétrica,
relatórios computadorizados e especificações do sistema de controle, procedimentos
de proteção, especificações de voltagem e frequência, acesso ao local e medição.
Algumas vezes, o provedor de transmissão é responsável pelo desenho, construção,
operação e manutenção das instalações de interconexão do provedor, enquanto que
em outros casos o dono do projeto é responsável por construir essas instalações e de-
pois transferi-las para o provedor de transmissão após a conclusão da construção. Uma
vez que essas instalações são construídas apenas para servir o projeto, é usual que o
projeto reembolse o provedor de transmissão pelos custos associados, mas isso pode
variar dependendo da tarifa específica. Dependendo das políticas locais, regionais ou
federais no local do projeto, ou se as melhorias beneficiam outras entidades, alguns ou
todos os custos podem ser distribuídos por vários ou todos usuários. Dependendo da
extensão das melhorias e custos associados, o CI pode oferecer um cronograma de pa-
gamento nivelado para o reembolso dos custos de investimento das melhorias, no caso
os custos de investimento das melhorias amortizados são adicionados a quaisquer cus-
tos correntes de operação e manutenção para obter uma cobrança combinada mensal
de interconexão a ser paga pelo projeto de energia eólica. O projeto de energia eólica
deve também instalar e manter instalações de interconexão de seu lado do ponto de
entrega, o qual geralmente será pago integralmente pelo projeto de energia eólica.

Transferência de Dados: o provedor de transmissão precisará de dados do projeto para


monitorar itens como níveis de voltagem e entregas instantâneas de energia. O CI pode re-

109
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

querer que o projeto de energia eólica instale equipamentos de comunicação para tornar o
projeto “visível” para o centro de operações da rede, de forma que o operador receba dados
em tempo real e automaticamente desconecte o projeto da rede em caso de emergência.

Distúrbios do Sistema ou Emergências: distúrbios no sistema de transmissão podem


ocorrer tanto na extremidade do proprietário da rede de transmissão como na extremi-
dade da usina de energia eólica. Normalmente, nenhuma das partes é responsável por
danos causados ao sistema do outro por distúrbios do sistema, a menos que sejam resul-
tado de ação deliberada. Algumas vezes, situações de emergência ocorrem no sistema
de transmissão, requerendo que o dono da rede de transmissão tenha a habilidade de
desconectar o projeto imediatamente, como se houvesse um curto-circuito dentro das ins-
talações do projeto de energia eólica, ou se as instalações de energia eólica estiverem
contribuindo de outra forma para um problema na rede elétrica.

Situações de emergência devem ser definidas na sessão de definições do contrato


e são diferentes da supressão do projeto em períodos operacionalmente restritos ou em
outras situações onde a companhia elétrica compradora escolhe restringir o projeto por
razões econômicas. Em situações diferentes das de emergência, o vendedor deve ser
pago pelo que teria sido gerado no caso de fechamento resultante das operações res-
tringidas ou reduções por motivos econômicos.

Proteção de Crédito: o CI também pode requerer que o projeto eólico garanta


que o provedor de transmissão seja reembolsado pelos gastos referentes às instala-
ções de interconexão até o ponto que o projeto eólico comece a pagar por essas
melhorias como se os gastos não fossem realizados pelo provedor de transmissão. As
garantias de crédito podem tomar forma de uma carta de crédito, uma conta caução,
ou algum outro meio acordado pelas partes.

Regulatório: dependendo das exigências federais ou regionais, o CI pode


precisar ser submetido a ou aceito por uma dessas autoridades, como a Comissão
Federal Reguladora de Energia dos Estados Unidos (US Federal Energy Regulatory
Commission). Políticas futuras também podem influenciar o CI. Por isso, um CI irá
precisar incluir disposições nas sessões de força maior ou término prematuro para
tratar dessa ocorrência, caso o CI não possa ser satisfatoriamente negociado.

6.3 Questões de Programação de Energia para Projetos Eólicos

A programação do fornecimento de energia é geralmente feita com antecedência


de dias e horas das entregas efetivas para assegurar que uma transmissão de energia

110
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

adequada esteja disponível, além de ajustar as entregas até o ponto em que esteja
disponível uma capacidade de transmissão suficiente. A programação de fornecimento
de energia eólica é complicada pelo fato de que pode ser difícil de saber exatamente
como o vento irá soprar em um momento específico no futuro.

Requisitos de programação variam consideravelmente de região para região. No


passado, a responsabilidade da programação recaía frequentemente sobre o comprador
de energia, mas essa responsabilidade tem sido transferida para o vendedor de energia,
uma vez que o vendedor tem o melhor conhecimento do projeto e do recurso eólico.

Sob uma perspectiva política, administrativa e da indústria de energia eólica, de


longe, a forma mais fácil e mais financiável de lidar com a programação de energia
eólica é tratá-la como uma carga negativa e não programá-la. Embora companhias elé-
tricas tenham uma curva de carga prevista, consumidores não têm que relatar desvios
desse plano sempre que eles ascenderem uma lâmpada, ligar um condicionador de ar,
ou operar uma fábrica. A geração de energia pode ser prontamente manejada de uma
maneira similar, pelo menos até o ponto em que recursos do tipo “quando disponível”
responderem por cerca de 10 a 30% do mercado.

Devido ao vento ser um recurso “quando disponível”, protocolos de programação


desenhados a cerca de recursos despacháveis podem ser difíceis para projetos eólicos.
Desenhos de sistema típicos que são problemas para energia eólica incluem:
• Transmissão disponível limitada não-firme;
• Programação antecipada diária, sem ajustes;
• Penalidades importantes para sobre ou subprodução.

Transmissão limitada não-firme força a maioria dos projetos eólicos a operar dentro
do mercado de transmissão firme. A indústria está melhorando rapidamente sua habi-
lidade de produzir previsões diárias e horárias. Tais previsões ainda são imprecisas e
não têm nenhuma garantia, diferentemente de contratos de fornecimento de gás natural
ou carvão mineral terem tais garantias. Por isso, uma falta de habilidade em ajustar a
programação diária antecipada prejudica significativamente projetos eólicos, já que o
recurso eólico irá variar sempre, causando um desvio na programação da transmissão.
O projeto eólico pode então sofrer penalidades importantes por sobre ou subprodução.
Essas penalidades podem ser tão caras a ponto de inviabilizar o desenvolvimento da
energia eólica.

Alguns sistemas de transmissão têm encontrado maneiras de reduzir a desvanta-


gem dos recursos “quando disponíveis” como a energia eólica. Esses métodos incluem

111
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

balanceamentos, ajustes no mercado à vista, ou a não-exigência de programação de


transmissão. Por exemplo: o Protocolo de Recurso Intermitente Aceitável do Operador
de Sistema da Califórnia (California Independent System Operator’s Eligible Intermittent
Resource Protocol) permite previsões horárias com ajustes mensais no desequilíbrio. Esse
entrelace de desequilíbrios ao preço à vista médio reduz a penalidade geral e o risco
de custo devido aos picos de preços no curto prazo no mercado de transmissão. A
tarifa do Operador de Sistema Independente de Nova Iorque (New York Independent
System Operator) isenta recursos intermitentes (geração solar e eólica) de cobranças por
desequilíbrios. Isso é limitado a todos recursos intermitentes desde 18 de novembro se
1999 até uma capacidade instalada adicional de 500MW.

Desequilíbrios poderiam também ser ajustados no mercado à vista. O mercado à


vista age na arena de transmissão de não-firme e permitiria acesso de projetos eólicos
a esse recurso limitado, permitiria o fornecimento de energia e renda, e habilitaria pro-
jetos eólicos a evitar penalidades. No entanto, esse tipo de ajuste à vista traz incerteza
sobre que preço o projeto eólico precisaria pagar para cobrir a escassez associada ao
fornecimento incompleto (fornecimento abaixo do programado) ou que preço pagaria
por superfornecimento (fornecimento acima do programado). Essa incerteza pode fazer
com que o projeto se torne mais difícil de ser financiado.

6.4 Questões Contratuais Relacionadas ao Financiamento

O CCE e o CI devem ser redigidos de forma que sejam aceitáveis para entidades
financiando o projeto. Questões-chave que devem ser tratadas para ter um projeto
financiável incluem:
• Longos prazos (15 a 20 anos) com preços definidos;
• Comprador com boa reputação de crédito ou garantia aceitável, caução, ou ou-
tras garantias;
• Tolerância adequada para desvios de desempenho esperado para responder a
variabilidade do recurso eólico;
• Sem penalidades por falhas em satisfazer entregas em momentos do dia ou da
estação (preferivelmente sem preços sazonais ou para diferentes horas do dia);
• Reconhecimento da natureza intermitente do recurso e dos desafios em se prever a
produção do projeto.

Até onde for possível, as instituições que irão financiar os projetos propostos devem
ser consultadas a respeito dos termos desses documentos antes de finalizá-los.

112
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

7 Questões da Rede Elétrica


Essa sessão descreve a operação básica de uma rede de transmissão de energia
elétrica e discute os impactos da integração de uma geração de fonte intermitente como
a energia eólica à rede.

A rede de transmissão de energia elétrica conecta estações geradoras aos usuá-


rios da energia. A rede consiste de linhas de transmissão de alta voltagem que cobrem
longas distâncias, subestações que convertem de uma voltagem para outra, linhas de
distribuição de baixa voltagem que servem vizinhanças e consumidores individuais,
e sistemas de segurança e controle para manter a rede operando com segurança.
A rede é chamada algumas vezes de cadeia de energia. Redes são cada vez mais
interconectadas através de grandes regiões (frequentemente internacionalmente) para
promover confiabilidade e a compra e venda de energia entre regiões.

7.1 Fundamentos da Rede de Transmissão

A maior parte da energia fornecida a redes de transmissão típicas vem de gran-


des estações elétricas centrais com capacidade de cerca de 50 a 2.000MW cada,
com recursos de combustíveis que permitem que a geração seja controlada para cima
ou para baixo e, se necessário, manter-se estável por longos períodos. Projetos de
energia eólica diferem desse modelo porque suas unidades são bem menores (cerca
de 200kW a 3MW), o vento é um recurso intermitente, além de projetos de energia
eólica usarem tipos de equipamentos de geração elétrica diferentes de muitas outras
plantas geradoras de energia.

A rede carrega energia em diferentes voltagens dependendo da quantidade e do


quão longe a energia deva viajar. Para residências e escritórios, as voltagens típicas
são 120 ou 240 volts. Usuários comerciais e industriais geralmente requerem ener-
gia entre 120 e 600 volts. Bairros e grandes usuários industriais recebem voltagens
entre 10 e 50 mil volts (kilovolts, ou kV), enquanto que voltagens ainda altas (100kV
a 500kV) geralmente servem para transportar energia entre cidades e de grandes
estações elétricas.

Turbinas eólicas em escala de companhias elétricas normalmente geram energia a 690


volts. Essa voltagem geralmente é elevada para 20 a 50kV para coleta em cabos subter-
râneos dentro do parque eólico, e potencialmente para níveis mais altos em subestações
localizadas nos projetos ou perto deles para transmissão para os usuários da energia.

113
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Somente em casos limitados, as turbinas eólicas podem ser conectadas direta-


mente a uma linha como a que serviria uma fazenda, escola ou fábrica. Para turbinas
ou grupos de grandes turbinas em escala comercial num projeto de energia eólica,
é necessária uma subestação à parte para transformar a energia para uma voltagem
mais alta usada em linhas de distribuição. A Tabela 7-1 mostra a voltagem aproximada
tipicamente usada para vários tamanhos de projetos eólicos.

A escolha da voltagem em um projeto de energia eólica é baseada largamente


na voltagem das linhas de transmissões próximas e em aspectos econômicos; volta-
gens mais altas podem usar cabos menores, mas requerem equipamentos mais caros
e mais espaço.

Tabela 7-1. Tamanho do Projeto para Diferentes Interconexões de Voltagens


Nível de Voltagem Aproximada na
Tamanho do Projeto Eólico
Interconexão da Companhia Elétrica
1 kV Individual, ~ 200 kW
10 kV Pequeno, ~2 MW
50 kV Médio, 2 - 40 MW
100 kV Grande, 20 - 100 MW
250 kV Muito Grande, 80 - 300 MW

Dependendo da proximidade com as linhas de transmissão, estações elétricas e su-


bestações, um local específico na rede pode ser considerado “forte” ou “fraco”. Um local
fraco tenderia a ser servido por linhas de voltagens mais baixas, e ser perto ou no “final” do
sistema. Sendo todo o resto igual, estações de geração de energia e grandes consumidores
gostariam de estar localizados em um ponto forte da rede. Um fator conhecido como nível
de energia de curto circuito, medido em mega-volt-amperes (MVA), pode ser usado para
medir o quão robusta uma rede é em um determinado ponto. Os intervalos gerais a seguir
podem ser usados para avaliar se um projeto de energia eólica proposto está localizado
em um ponto forte ou fraco na rede em relação ao tamanho do projeto eólico:
• Uma rede forte terá um nível de curto circuito maior do que 20 a 25 vezes o tama-
nho do projeto de energia eólica;
• Uma rede fraca terá um nível de curto circuito menor do que 8 a 10 vezes o nível
de curto circuito do projeto de energia eólica.

Às vezes, é necessário construir ou melhorar uma linha de transmissão para reforçar


a rede para aceitar energia de um novo projeto de energia eólica. Essas melhorias
podem ser muito caras e podem ser necessárias se as melhores localizações para o de-
senvolvimento de energia eólica em uma região estiverem em locais com redes fracas.

114
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Uma característica particular da energia é que ela não pode ser armazenada.
A qualquer momento em uma rede, existe um equilíbrio instantâneo entre produção e
consumo. Quando um consumidor acende uma lâmpada ou liga um aparelho elétrico,
uma estação elétrica em algum lugar deve discretamente aumentar sua produção para
acomodar o aumento da carga. Quase nenhum consumidor de energia programa seu
consumo, assim redes e operadores de plantas geradoras devem variar a produção
de energia rotineiramente para igualar o consumo. Energia eólica é produzida quando
o vento sopra, e afeta o equilíbrio entre produção e consumo da mesma forma que a
variação de consumo o faz.

Uma unidade de energia eólica produzida economiza uma unidade de energia


gerada por outras plantas operando no sistema: normalmente carvão mineral, hidroelé-
trica ou nuclear, dependendo da combinação de plantas geradoras na rede e de como
as plantas estão sendo operadas.

Projetos de energia eólica normalmente operam quando podem e quando entram


“on line” substituem as chamadas usinas de ponta que operam para acompanhar flutu-
ações na demanda de energia. Em muitas partes da América do Norte e Europa, as
usinas de ponta são movidas a carvão mineral; no Brasil, são hidroelétricas. Em redes
pequenas ou isoladas, o vento tende a substituir as gerações por diesel ou gás. O Ce-
ará tem grande parte do seu abastecimento feito por termoelétricas e hidroelétricas.

7.2 Questões de Turbinas Eólicas Geradoras

Turbinas eólicas podem ser classificadas como de velocidade fixa ou variável. Tur-
binas eólicas de velocidade fixa (as quais podem operar em uma ou duas velocidades
fixas) representam a tecnologia mais simples e normalmente usam geradores de indu-
ção. Turbinas eólicas de velocidade variável estão se tornando mais comuns, apesar de
sua complexidade adicional, mas oferecem vantagens no desenho geral da máquina,
controle de potência e maior produção de energia. No estado do Ceará, as turbinas
instaladas são deste tipo. Turbinas eólicas de velocidade variável podem adaptar a
velocidade do rotor para melhor capturar a energia do vento, além de usar sistemas in-
versores para mudar a frequência variável, alterando a corrente do rotor para converter
a energia para a frequência constante demandada pela rede.

No nível local, variações de voltagem representam o problema principal associado


com a energia eólica. Tolerâncias estáticas normais nos níveis de voltagem são mais ou
menos 10% do nível-alvo. No entanto, variações pequenas e rápidas se tornam uma nu-

115
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ance oscilante em níveis tão baixos quanto 0,3% e em redes fracas, como as comumente
encontradas em áreas remotas onde as condições de vento são diferentes das favoráveis
para o desenvolvimento de energia eólica. Isso pode ser o fator limitador na quantidade de
energia eólica que pode ser instalada sem a necessidade de melhorias custos na rede.

Projetos de energia eólica normalmente operam em uma média mais baixa de


fator de capacidade (25% a 40%) comparados com muitas outras usinas geradoras
de energia. No estado do Ceará, onde tem-se condições de ventos diferenciais, como
referenciado na introdução do trabalho, o fator de capacidade médio fica acima do
limitante superior de 40%, chegando, em alguns casos, a 48% de fator de capacidade.
Tecnologias convencionais podem apresentar fator de capacidade entre 25% e 30%
para usinas de ponta, entre 80% e 90% para usinas que despacham. Linhas de trans-
missão usadas por projetos de energia eólica devem ser dimensionadas para satisfazer
o pico de produção, ainda que essa produção só seja atingida periodicamente. Assim,
projetos de energia eólica podem precisar pagar proporcionalmente mais pela transmis-
são de uma unidade de energia produzida do que outras plantas de energia.

Geradores de indução comumente usados por turbinas eólicas de velocidade


fixa não são caros e são relativamente simples, além de não ser necessário nenhum
dispositivo de sincronização. As desvantagens de geradores de indução são as altas
correntes de partida, que são normalmente suavizadas por dispositivos eletrônicos
dentro do controlador da turbina eólica, e suas demandas por potência reativa. A po-
tência reativa que geradores de indução puxam da rede requerem uma consideração
cuidadosa dos fluxos de eletricidade. Outro equipamento, entretanto, é comumente
usado para condicionar a produção elétrica (ambos de turbinas eólicas individuais,
e com sistemas centrais para projetos de energia eólica) e para fornecer um fator de
potência controlável.

Em turbinas de velocidade variável, o gerador é conectado à rede por um sistema in-


versor eletrônico. O sistema inversor pode introduzir harmônicos à rede, e o controle des-
ses harmônicos precisa ser considerado com cuidado durante as avaliações do projeto.

7.3 Qualidade da Energia e Turbinas Eólicas

Idealmente, a rede fornece energia elétrica continuamente a consumidores e nunca


varia de voltagem-alvo, frequência e outros ajustes. O termo “qualidade de energia”
refere-se ao quanto esse ideal é atingido. Questões-chave de qualidade de energia que
podem ser afetadas pelas turbinas eólicas são discutidas a seguir.

117
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Voltagem:110 ou 240V é o padrão típico para o uso doméstico. A voltagem


pode descer abaixo dos níveis-alvo e oscilar para cima e para baixo quando, por
exemplo, grandes motores ou soldadores de arco voltaico são usados. Em uma
casa, isso pode ser notado quando a luz oscila, quando um refrigerador dá a
partida. Distúrbios similares podem acontecer quando turbinas eólicas arrancam
e param, porém turbinas eólicas usam dispositivos eletrônicos de “partida suave”
para resolver essa questão.

Frequência: redes elétricas usam correntes e voltagens alternadas (sistemas AC),


nas quais a voltagem muda constantemente entre polaridades positiva e negativa e
a corrente muda sua direção. O número de alternâncias por segundo é designado
como a frequência do sistema através da unidade Hertz (Hz). Dois padrões mundiais
comuns são 50Hz e 60Hz. A frequência do sistema é proporcional à velocidade
de rotação dos geradores sincronizados operando no sistema, e eles estão todos
essencialmente rodando na mesma velocidade; eles estão sincronizados com a rede.
Aumentando-se a carga elétrica no sistema tende a desacelerar os geradores, fazen-
do a frequência cair. A frequência controle do sistema aumenta então o torque em
alguns dos geradores até que o equilíbrio seja restaurado e a frequência seja restau-
rada para 50 ou 60Hz novamente.

Harmônicos: frequências de ordem mais altas (ex.: múltiplos do nível de frequência


padrão de 50 ou 60Hz) causam “ruído” em linhas de energia e são causados por di-
ferentes equipamentos, incluindo os dispositivos eletrônicos das turbinas eólicas. Ruídos
harmônicos causam correntes elevadas e possível superaquecimento destrutivo de com-
ponentes elétricos como capacitores e transformadores. Em projetos de energia eólica,
harmônicos podem ser gerados pelos dispositivos eletrônicos em turbinas de velocidade
variável, mas geralmente não são um problema com geradores indutivos.

Energia Reativa: energia reativa é produzida em componentes capacitivos (capa-


citores e cabos) e consumido em componentes indutivos (ex.: transformadores, motores
e lâmpadas fluorescentes). Geradores sincronizados podem tanto produzir energia rea-
tiva (a situação normal) quanto consumir energia reativa, dependendo de como o gera-
dor é controlado em um determinado momento. Geradores indutivos consomem energia
reativa. Energia reativa não é útil para nada, e se não for controlada dentro de uma
variação aceitável, aumenta as perdas nas linhas de transmissão de energia apenas se
energia ativa (“útil”) estiver sendo transmitida. Para minimizar tais perdas é necessário
manter baixa a energia reativa e isso é alcançado com bancos capacitores dentro das
próprias turbinas eólicas e com bancos capacitores centralizados que podem ser incor-
porados dentro da subestação do projeto eólico.

118
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Proteção e Segurança: a rede é operada com o objetivo de não causar danos


a pessoas ou propriedade, e tem inúmeros monitores e sistemas de interruptores para
isolar partes do sistema quando distúrbios como super ou subvoltagem, super ou sub-
frequência possam causar danos. Turbinas eólicas têm sistemas de proteção similar
para se isolarem da rede se os parâmetros caírem fora dos níveis identificados.

7.4 Variabilidade e Taxas de Penetração de Rede

A natureza variável do vento é frequentemente considerada, mas na prática isso


apresenta alguns problemas. Ao equilibrar o fornecimento e a demanda de energia em
uma rede de transmissão, as variações de produção de um projeto eólico precisam ser
consideradas em um contexto de variação de demanda de energia que ocorre no curso
de horas, dias, meses e estações. Acima de uma certa quantidade de energia eólica em
uma rede – cerca de 30% ou mais da demanda – os desafios tornam-se mais importantes
e outras estratégias de controle de rede e ferramentas de controle de ponta podem ser
necessárias. Algumas redes isoladas e remotas operam com altas proporções de energia
eólica, muito além do excesso de 30%. No Ceará, depois de instalados os 14 parques
do PROINFA até dezembro de 2009, a taxa de penetração ficará próximo a 25%.

Redes de transmissão e capacidade de geração normalmente são dimensionadas


para picos de demanda, de forma que consumidores possam usar energia sempre
que quiserem. Assim, uma questão-chave é a habilidade de um projeto eólico de con-
tribuir para o pico de demanda. Algumas companhias elétricas questionam se algum
benefício de capacidade pode ser atribuído a projetos de energia eólica por causa
da natureza intermitente do vento. No entanto, nenhuma usina de energia é 100%
confiável, e a habilidade do sistema de uma companhia elétrica de servir a pico de
demandas é baseada em avaliações estatísticas dos recursos do sistema. Enquanto
que a determinação exata da contribuição de um projeto de energia eólica é assunto
de muitos cálculos e debates, essa contribuição é geralmente menor do que o fator de
capacidade do projeto de energia eólica, de forma que um projeto de 100MW, que
opera em uma média de 35%, provavelmente teria uma contribuição de capacidade
de menos de 35MW.

Dependendo de como estações de picos de geração eólica alinham-se com picos


de demanda de energia, essa capacidade tenderá a aumentar ou diminuir. Também,
como a quantidade de energia eólica em uma rede aumenta, a adição incremental à
capacidade diminui por causa da natureza intermitente do vento. A Figura 7-1 mostra
níveis de contribuição de capacidade para oito países europeus.

119
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Figura 7-1. Contribuição de Capacidade em Países Europeus

0.40 Denmark
Greece
Italy
0.35 Poland
France
0.30 Ireland
Capacity credit/rated power

Netherlands
United Kingdom
0.25

0.20

0.15

0.10

0.05

0.00
2 4 6 8 10 12 14 16
Energy Penetration, %

Em algumas regiões, ter plantas de energia eólica amplamente dispersas pode


permitir um crédito mais alto de capacidade do que se a mesma capacidade fosse toda
localizada nos mesmos recursos eólicos, porque a produção das plantas de energia
dispersas seria provavelmente menos diretamente correlacionada.

Operadores de sistemas das companhias elétricas estão frequentemente preocupa-


dos com as variações na produção de uma usina de energia eólica e como isso afetará
o sistema. Como a usina de energia eólica é formada por múltiplas turbinas dispersas
sobre uma área, a produção geral de uma usina é substancialmente menos variável do
que a produção de uma única turbina. Muitos estudos têm examinado as características
de uma usina de energia eólica e seu impacto na rede da companhia elétrica.

7.5 Estudos de Impacto do Sistema

Independentemente do tamanho das instalações ou do tipo de combustível usa-


do para produzir energia, existem várias questões técnicas que devem ser res-
pondidas antes que uma nova usina geradora possa ser conectada à rede. Essas
questões incluem:

120
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Como a usina proposta afetará a operação da rede elétrica?


• As instalações propostas afetarão a habilidade da companhia elétrica de honrar
compromissos de capacidade, reserva e transferências robustas de energia?
• Existem requisitos especiais de proteção ou restrições operacionais exigidas para
a estabilidade ou segurança?

Um estudo de impacto no sistema é desenhado para tratar essas questões, dada


uma gama de cenários de demanda, incluindo:
• Muito vento, baixa demanda de energia no sistema;
• Muito vento, alta demanda de energia no sistema;
• Pouco vento, baixa demanda de energia no sistema;
• Pouco vento, alta demanda de energia no sistema.

Normalmente conduzido pelo dono da linha de transmissão, o estudo avalia


esses cenários e, talvez, outros baseados no status operacional assumido das plan-
tas de energia ao redor e dos grandes usuários de energia.Estudos de impacto no
sistema geralmente usam programas de computador para: simular várias condições
operacionais para avaliar a magnitude antecipada de variações de voltagem, os-
cilações, distúrbios de frequência no sistema e harmônicas resultantes da adição
da nova usina à rede; e para recomendar medidas para mitigar qualquer impacto
adverso potencial.

8 Aspectos Econômicos e Financeiros da Energia Eólica

O propósito dessa sessão é fornecer um entendimento básico dos aspectos


econômicos e financeiros da energia eólica e introduzir os conceitos associados
ao financiamento do projeto. Juntamente com essa sessão, um modelo econômico
de 20 anos para um projeto comercial de energia eólica típico está incluído e
descrito no Anexo F. O anexo contém cópias de modelos de planilhas juntamente
com uma discussão de pressupostos típicos, métodos de cálculo e interpretação
dos resultados. Embora o modelo de exemplo seja uma versão simplificada do
modelo de fluxo de caixa usado para projetos reais, ele fornece uma base para
o entendimento dos conceitos econômicos importantes para o desenvolvimento de
energia eólica, e pode servir como uma base para análises mais detalhadas. A
engenharia econômica do referido anexo está de acordo com o que é praticado
no estado do Ceará.

121
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

8.1 Componentes de Custo da Energia Eólica

Os custos associados com um projeto de energia eólica podem ser divididos em


duas categorias: o custo de capital inicial incorrido para instalar o projeto e os custos
anuais recorrentes para operar o projeto.

8.1.1 Custos de Capital

Custos de Capital incluem:


• Todas atividades de planejamento e desenvolvimento do projeto;
• Compras de equipamentos e materiais;
• Atividades de construção e instalação;
• Comissionamento (partida inicial e testes).

Custos de desenvolvimento incluem avaliação e análise dos recursos eólicos, licen-


ças e estudos ambientais, consultoria técnica e legal, desenho e engenharia, e custos
de financiamento. Custos de equipamento e construção incluem o sistema de coleta de
energia elétrica no local e pode ou não incluir o custo da subestação, dependendo de
se as instalações são dedicadas ao projeto, além de políticas e práticas da companhia
elétrica local. Valores de arrendamento ou cobranças pelo uso podem ser impostos pela
companhia elétrica se a subestação não estiver inclusa nos custos do projeto. Custos
de linhas de transmissão também podem ser aplicados. O custo de capital também
inclui o custo de prédios de manutenção para o apoio ao projeto, um estoque inicial
de peças sobressalentes, sistemas de controle e de aquisição de dados e ferramentas
especializadas de manutenção.

O custo de capital de projetos eólicos tem decrescido de mais de US$ 2.500/kW


instalado no início dos anos 80 para um nível atual de aproximadamente US$ 900/kW
a US$ 1.200/kW. O custo de um projeto específico depende do tamanho das instala-
ções, da complexidade do terreno, do tipo de equipamento, além de outros fatores.

8.1.2 Custos Anuais

Custos recorrentes anuais para um projeto comercial de energia eólica incluem o


seguinte:
• Pagamento de arrendamento da terra;
• Seguro;
• Impostos sobre propriedade e outros impostos;

122
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Taxas de gerenciamento;
• Custos operacionais e administrativos;
• Taxas de transmissão ou interconexão;
• Custos de manutenção, incluindo: peças, mão-de-obra, equipamento, material
para manutenção programada, reparos não-programados e revisões gerais.

Os valores desses elementos de custos anuais variam de acordo com diversos


fatores. Terra, seguro e impostos variam significantemente de país para país e
também entre regiões diferentes dentro de um país. Arrendamento, transmissão,
contratos de interconexão e taxas de gerenciamento são baseados em arranjos
especificamente negociados.

Custos de operação e manutenção (O&M) variam significativamente dependendo


da estratégia de O&M empregada e dos papéis e responsabilidades do fabricante do
equipamento no fornecimento do serviço e em reparos da garantia. Custos de O&M
são geralmente divididos nas três categorias a seguir:
1. Manutenção preventiva e programada nas turbinas eólicas e em outros equipa-
mentos (ex.: trocas de óleo de rotina);
2. Manutenção não-programada, incluindo atividades variando desde simples reajus-
tes de falhas a reparos de componentes;
3. Revisões de componentes e substituições programadas.

As duas primeiras categorias ocorrem durante o curso de cada ano e a terceira


ocorre em intervalos periódicos ao longo da vida do projeto.

Quando comparada à plantas movidas a combustíveis fósseis convencionais como


carvão mineral, nuclear ou gás natural, projetos de energia eólica têm custos de capital
mais altos e custos anuais operacionais mais baixos (primordialmente porque, para
plantas de combustíveis fósseis, os custos do combustível predominam nos custos anu-
ais). Consequentemente, aspectos econômicos do projeto funcionam bem melhor com
dinheiro emprestado de baixo custo, e oferecem estabilidade de longo prazo no custo
da energia produzida porque o projeto não tem risco de custo do combustível.

8.2 Fundamentos da Análise Econômica

Algumas instituições diferenciam uma análise econômica de uma análise financeira.


Nesses casos, uma análise econômica é aquela que é conduzida sem nenhuma consi-

123
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

deração dos parâmetros financeiros específicos do projeto ou do país como impostos,


inflação, ou taxas de financiamento. Uma análise financeira leva em conta a estrutura
financeira do projeto, incluindo os montantes de dívidas e ativos, assim como inflação,
impostos de importação e outros parâmetros. Para o propósito desse documento, a
discussão da análise econômica inclui ambas avaliações financeira e econômica. A
avaliação econômica de um projeto de energia eólica inclui:
• Um grande investimento inicial para a compra de equipamentos, desenvolver o
projeto e concluir a construção;
• Relativamente pequenos montantes de dinheiro gastos cada ano para operar, man-
ter e reparar as turbinas eólicas, efetuar pagamentos de arrendamento e pagar
despesas correntes como seguro e imposto de propriedade;
• Receita recebida a cada ano da venda da energia eólica;
• Pagamentos periódicos de qualquer empréstimo obtido como parte do financia-
mento do projeto;
• Análise do retorno sobre o capital investido.

O tamanho relativo e a periodicidade das receitas da venda de energia compara-


das ao custo de investimento inicial e as despesas correntes determinam se um projeto
é economicamente atraente. Detalhes adicionais sobre abordagens de análise econô-
mica e metodologias estão incluídos no Anexo F.

Uma abordagem típica para avaliar os aspectos econômicos de um projeto é usar


um modelo de fluxo de caixa descontado para determinar o retorno sobre o investimen-
to. A teoria do fluxo de caixa descontado é baseada no premissa de que uma unidade
monetária tida hoje vale mais do que uma prometida para o próximo ano, dado que
os riscos de não obter os fundos no próximo ano, de desvalorizações inflacionárias e
o fato de que alguém poderia fazer algo útil agora com essa unidade monetária (ex.:
investi-la, gastá-la).

8.3 Fontes de Financiamento para Projetos de Energia Eólica

Investidores em um projeto eólico incluem ambos participantes em dívidas e em


ativos:
• Participantes em ativos estão associados à propriedade do projeto e esperam pelo
menos um retorno razoável sobre o investimento, normalmente em forma de paga-
mentos mensais, trimestrais ou anuais do fluxo de caixa do projeto. Se o investidor
perceber que o risco é maior do que colocar o dinheiro no banco ou investir em

124
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

outros tipos de projeto, o retorno esperado deve ser maior. Investidores individuais
e companhias geralmente têm um “alvo” ou uma taxa crítica a qual o investimento
esperado deve exceder. Nos Estados Unidos, taxas críticas têm variado de 12% a
15% nos últimos anos, medida pelo retorno sobre o investimento depois do impos-
to. No Ceará, trabalha-se com taxas de 15%. Outras experiências internacionais
irão variar consideravelmente dependendo da indústria, moeda, política, inflação
e outros riscos.
• Participantes de dívidas estão associados com empréstimos ao projeto e esperam
ter seu dinheiro de volta, com juros. Credores geralmente tomam precauções,
como requerer índices mínimos de cobertura dos serviços da dívida e contas de
reserva, para ter certeza de que os empréstimos serão pagos; além dos credores
normalmente cobrirem seus custos iniciais, e talvez algum lucro, através da co-
brança de tarifas. Credores podem também tomar alguns ativos do projeto como
garantia, muito embora, esses ativos frequentemente não estejam na melhor posi-
ção para remediar questões associadas ao projeto que causam problemas com o
re-pagamento das dívidas.

O índice de estrutura de capital (passivo/ativo) descreve a relação entre o passivo e o


patrimônio líquido. Investidores em ativos (patrimônio líquido) normalmente querem um em-
préstimo o quanto maior para reduzir suas necessidades de investimento, enquanto que ban-
cos e outros provedores de crédito querem limitar o valor do empréstimo de forma que um
montante razoável de patrimônio líquido esteja “em risco”, assegurando assim que o projeto
seja gerenciado corretamente. Ambos dependem que o projeto funcione corretamente para
obter um retorno em seus investimentos, mas suas propensões ao risco são diferentes.

Desenvolvedores de projeto colocam juntas várias partes de um projeto procurando


e achando uma localização apropriada, arranjando interconexões de companhias elé-
tricas, negociando a venda da energia, desenhando o projeto, obtendo financiamento,
comprando equipamento e contratando para construção e operação. Desenvolvedores
de projeto podem ou não manter o interesse nos ativos do projeto após sua conclusão.

Existe uma ampla variedade de estruturas de capital e abordagens que têm sido
usadas para se obter financiamento para um projeto eólico comercial e a maioria das
estruturas de negócio são próprias. Embora esteja além do escopo desse documento
fornecer um lista exaustiva de oportunidades de financiamento, fontes potenciais de
financiamento de projeto incluem o seguinte:
• Fontes Privadas de Financiamento: companhias privadas ajudam desenvolvedores
de projetos para assegurar financiamento para projetos ambientais e de energia nos
Estados Unidos e em outros países. Essas incluem fontes diretas de financiamento as-

125
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

sim como outras organizações que ajudam desenvolvedores de projetos indiretamen-


te identificando e facilitando a comunicação com possíveis fontes de financiamento.
Fontes privadas incluem, mas não estão limitadas, a bancos tradicionais (dívida),
companhias petrolíferas multinacionais (ativo), companhias financeiras (dívida ou
ativos) companhias de seguros (dívida) e pequenos fundos de investimentos que se
especializam em desenvolvimento de energia “limpa” (dívida e ativos). Em algumas
indústrias, fabricantes de equipamentos têm subsidiárias financeiras que trabalham
com o vendedor de equipamento para integrar produto e o financiamento em um
produto, mas isso não é comum na indústria de energia eólica.
• Instituições Multilaterais, Nacionais e Sem Fins Lucrativos: essas organizações
oferecem tanto participação em dívida quanto em ativo (ou ambas) para financiar
projetos que sejam consistentes com o desenvolvimento de um setor de energia
ambientalmente sadio, gerenciamento de recursos naturais, desenvolvimento sus-
tentável, além de outros critérios. Exemplos incluem o Banco Mundial (através dos
Programas de Assistência de Gerenciamento do Setor Energia e o Programa Asi-
ático de Energia Alternativa) e afiliados do Banco Mundial: Banco de Desenvolvi-
mento da Ásia, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, International Finance
Corporation (IFC) e Global Environment Facility (GEF), que fornece doações como
contrapartida e concessão de financiamento para projetos e programas. Financia-
mento também está disponível através de agências de desenvolvimento e exporta-
ção como a Agência Internacional Canadense de Desenvolvimento, a Agência de
Cooperação Internacional do Japão, a Corporação de Desenvolvimento Industrial
da África do Sul, KFW (que opera como um banco de desenvolvimento em nome
do governo alemão), a Corporação de Investimento Privado no Estrangeiro dos
Estados Unidos, a Agência de Desenvolvimento do Comércio dos Estados Unidos,
e o Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos; e através de fontes
semipública-privadas como a CDC Parceiros de Capital (uma parceria público-
privada no Reino Unido) e o Banco de Investimento Europeu. Localmente, tem-se:
BNB – Banco do Nordeste do Brasil, CEF – Caixa Econômica Federal e BNDES
– Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
• Corretagem de Emissões do Efeito Estufa: um mercado mundial para a redução de
gases do efeito estufa (GHG) (frequentemente referidos como créditos de carbono
ou créditos de redução de emissões) surgiu e está crescendo. Vendas em andamen-
to de reduções de emissões de GHG podem ser uma outra fonte de capital para
um projeto de energia eólica.
• Governos Estaduais e Locais: vários governos estaduais e locais fornecem incentivos
para atrair novos negócios e para negócios existentes expandirem suas instalações.
Exemplos desses incentivos incluem empréstimos, garantias ou redução de impostos.

126
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Essas provisões geralmente estão disponíveis através de órgãos de desenvolvimento


econômico local e estaduais, órgãos de desenvolvimento industrial, créditos fiscais de
zonas de empreendimento e outras funções similares. Localmente, o governo do esta-
do do Ceará tem se mostrado fomentador de uma atividade industrial eólica, assim
como parceiro dos investidores e empresários na instalação de parques eólicos.

Duas categorias de financiamento comumente discutidas com projetos de ener-


gia eólica incluem financiamento com garantia real e Project Finance. Project Finan-
ce significa que os empréstimos à empresa do projeto seriam pagos pelos fluxos
de caixa gerados pelo próprio projeto e não pelas companhias patrocinadoras do
projeto. Com o financiamento com garantia real, as companhias desenvolvedoras
ou donas dos projetos geralmente fornecem suporte adicional para garantir o paga-
mento de qualquer empréstimo obtido pelo projeto.

Outras fontes de participação em ativos não descritas acima são projetos naciona-
lizados (projetos pertencentes ao próprio governo), propriedade individual e por coo-
perativas, como é comum na Dinamarca, e propriedade da companhia elétrica, onde
um projeto de energia eólica torna-se uma das várias fontes de geração pertencente à
companhia elétrica integrada que gera e distribui energia para os consumidores. Uma
usina de propriedade do estado do Ceará está sendo planejada e terá capacidade de
geração nominal média de 60MW.

9 Impactos no Desenvolvimento Econômico

Essa sessão quantifica os impactos sociais e econômicos resultantes do desenvolvi-


mento de projetos de energia eólica em uma região ou país. Qualquer desenvolvimento
de negócios em uma região tem tanto efeito direto quanto indireto em economias regio-
nais e locais. Um novo projeto eólico afeta diretamente uma área através da compra de
mercadorias e serviços, geração de renda sobre o uso da terra, impostos e emprego.
Efeitos secundários ou indiretos do desenvolvimento da energia eólica dentro de uma
região são mais difíceis de ser quantificados, mas incluem aumento do poder de com-
pra, diversificação econômica e uso de recursos nativos.

9.1 Impactos Diretos

Efeitos econômicos diretos do desenvolvimento de um projeto eólico incluem renda


do proprietário da terra, receita para governos locais proveniente de impostos sobre
propriedade, geração de empregos e o uso de serviços locais.

127
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

9.1.1 Renda do Proprietário da Terra

Arrendamentos de terras e renda para os donos de terras foram discutidos em


detalhe na Sessão 4. O desenvolvimento de um projeto de energia eólica aumenta
a produtividade da terra e fornece fonte extra de receita para donos de terras rurais
proveniente do arrendamento e de contratos de royalty. Turbinas eólicas ocupam 4%
ou menos das áreas requeridas para um projeto de energia eólica, e porque apenas
uma fração do terreno é utilizada por estruturas físicas e estradas, o uso anterior da
terra (ex.: plantação ou criação) geralmente continua juntamente com as instalações de
energia eólica.

Dependendo das exigências de espaço do projeto de energia eólica e da dis-


tribuição dos donos das terras, o projeto pode beneficiar diretamente um ou mais
proprietários de terras. Além dos benefícios diretos para os proprietários de terras que
acolhem um projeto de energia eólica, a comunidade em geral também se beneficiará
dos efeitos multiplicadores associados ao aumento de renda dos proprietários de renda
e de estabilidade econômica de longo prazo dos proprietários de terra que diversifica-
ram suas fontes de renda.

9.1.2 Impostos Territoriais

Impostos territoriais, ou pagamentos anuais em vez de impostos, de um projeto


de energia eólica também têm impactos significantes na comunidade. Em muitas lo-
calidades, projetos eólicos podem estar entre as entidades que mais pagam impostos
territoriais. Esses fundos representam um significante impulso à base de impostos e são
usados para uma variedade de propósitos de apoio social, como escolas, estradas,
hospitais, polícia e bombeiros.

9.1.3 Geração de Emprego

Como a maioria dos empreendimentos, projetos de energia eólica geram empre-


gos. Em geral, as oportunidades de emprego associadas com uma usina de energia
eólica estão na construção, operação e manutenção e na fabricação. Comparado as
opções convencionais de geração, o desenvolvimento de energia eólica gera mais
empregos por dólar investido e por kWh gerado. Um estudo conduzido pelo Escritório
de Energia do Estado de Nova Iorque (New York State Energy Office) concluiu que 10
milhões de kWh produzidos pela energia eólica geram 27% mais empregos no estado
do que a mesma quantidade de energia produzida por uma usina a carvão mineral
e 66% mais empregos do que uma usina movida a gás natural de ciclo combinado.

128
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Para plantas movidas a combustíveis fósseis, uma parcela significativa dos custos anuais
representam o custo do combustível ao invés do custo de mão-de-obra.

n Emprego na Construção

Empregos relacionados à construção de um projeto de energia eólica normalmente


envolvem tarefas de curto prazo ao longo do projeto. O tempo de construção para um
projeto eólico depende do tamanho e da localização do projeto, mas é de 6 anos
em média. No Ceará, um projeto de 50 MW criará de 800 a 1200 empregos de
tempo integral durante a fase de construção. Um arranjo típico será o desenvolvedor
ou fabricante de turbinas contratar (ou servir como) um empreiteiro geral familiarizado
com a construção de projetos eólicos. Responsável pelas atividades de construção, o
empreiteiro-geral contrata subempreiteiros experientes em construção civil (edificação,
escavação e concretagem), instalação elétrica e montagem de equipamentos. As vagas
tipicamente incluem gerenciamento de construção, eletricistas, operadores de equipa-
mento pesado, seguranças e serviços gerais para montagem e construção civil. O nú-
mero de vagas que pode ser preenchido por pessoal local depende das qualificações
da população local e da políticas e localização da construção ou da empreiteira con-
tratada. Por exemplo: Suzlon, um grande fabricante de turbinas eólicas e desenvolvedor
na Índia, utiliza mão-de-obra indiana para virtualmente quase todas as atividades de
construção e mão-de-obra local para 25% da força de trabalho na construção.

n Emprego em O&M

O número de pessoas empregadas num projeto de energia eólica durante as ope-


rações comerciais depende primordialmente do tamanho do projeto, de sua estrutura
administrativa e das práticas trabalhistas do país. Pequenos projetos de menos de 10
turbinas normalmente são operados remotamente e trazem pessoal de manutenção so-
mente quando é necessário. Projetos maiores terão um quadro de funcionários de tem-
po integral, com o tamanho do quadro dependendo do tamanho do projeto, tipos de
turbina e práticas trabalhistas locais. Economias de escala são alcançadas tanto pelo
número quanto pelo tamanho de turbinas. Projetos e turbinas maiores geralmente são
mais baratos de ser operados e mantidos. Por exemplo: um projeto de 10MW compos-
to por 10 turbinas de 1MW requererá menos horas de manutenção do que um projeto
de 10MW composto por 100 turbinas de 100kW. Embora algumas das atividades
de manutenção em turbinas eólicas maiores possam exigir mais tempo ou diferentes
equipamentos para concluir o reparo, muitas atividades de manutenção requerem
aproximadamente o mesmo nível de esforço independentemente do tamanho das tur-
binas. Turbinas eólicas normalmente têm manutenção regular programada a cada seis

130
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

meses. Nos Ceará, cada serviço programado geralmente requer duas pessoas por um
período de 8 horas para turbinas entre 500kW e 1000kW (1MW).

Uma análise dos níveis de emprego para os projetos no Departamento do Progra-


ma de Verificação de Turbinas de Energia dos Estados Unidos (United States Department
of Energy’s Turbine Verification Program –TVP) é apresentada na Figura 9-1, indicando a
taxa entre o número de empregados em tempo integral e o número e turbinas. Os dados
sugerem que cada técnico pode servir 11 turbinas. Uma vez que a maioria das turbinas
dos projetos do TVP são de 500kW a 750kW, a análise sugere que aproximadamente
um emprego em tempo integral é criado para cada 5MW de capacidade instalada.
Se o mesmo nível de esforço for requerido independentemente do tamanho da turbina,
menos empregos por turbina seriam esperados para turbinas maiores, como nas classes
de turbinas agora comuns de 1,5 a 2,0MW (1500 a 2000kW).

Figura 9-1. TVP Níveis de Emprego do Projeto

y = 0.09x
5
Níveis de Emprego

0
0 10 20 30 40 50

Número de Turbinas

Níveis de emprego em outros projetos geralmente confirmam os dados do TVP.


Especificamente, para seis grandes projetos nos Estados Unidos (entre 25 a 100MW)
com turbinas de 750MW ou maiores, aproximadamente um emprego integral foi cria-
do para cada 5 MW de capacidade instalada.

Para projetos eólicos em países em desenvolvimento, os níveis de emprego são


geralmente muito maiores devido às práticas trabalhistas variadas, baixo custo da mão-
de-obra e o nível da tecnologia de comunicação usado. Por exemplo, no Brasil, a taxa
de emprego é aproximadamente uma pessoa para 0,6MW devido ao baixo custo da

131
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

mão-de-obra e os recursos limitados dos meios de comunicação, resultando numa ope-


ração mais intensiva em mão-de-obra. Isso é aproximadamente o dobro da quantidade
empregada em projetos nos Estados Unidos, onde os custos de mão-de-obra são maio-
res e Controles de Supervisão e Sistemas de Aquisição de Dados (Supervisory Control
and Data Acquisition - SCADA) são a norma.

Habilidades Exigidas: em projetos eólicos geralmente são empregados pri-


meiramente pessoal local, com experientes supervisores ou gerentes de instalação
apoiando os empregados contratados. O número de localmente empregados con-
tratados irá depender da disponibilidade de qualificação e treinamento. Qualifi-
cações que gerentes de projeto e operadores devem ter incluem conhecimento de
informática, gerenciamento de inventário, programação de trabalho e equipamen-
tos, registro de desempenho, análise de tendências estatísticas e processamento
de dados.

O pessoal de manutenção geralmente precisa ser composto por hábeis mecânicos


ou técnicos elétrico/eletrônicos. Com essas habilidades, eles podem ser prontamente
treinados em sistemas mecânicos e elétricos de energia eólica e equipamentos de ma-
nutenção. Habilidades em cada uma das seguintes áreas precisam estar disponíveis
para se manter com sucesso um projeto de energia eólica:
• Hidráulica;
• Maquinário de rotação;
• Gruas e outros equipamentos pesados de alçamento;
• Reparo de compostos (ex.: fibra de vidro);
• Controles eletrônicos;
• Eletrônica de energia;
• Elétrica de média e alta voltagem;
• Escalada segura e procedimentos de manutenção.

Treinamento especializado em turbinas frequentemente é fornecido pelo fabri-


cante de turbinas e pode consistir em trabalho em sala de aula, experiência práti-
ca em linhas de montagem de turbinas e experiência de campo em montagem de
turbinas. Um componente adicional e eficaz do treinamento é ter o pessoal que
estará mantendo o projeto participando da instalação do projeto local. Não é
necessário ou comum para todo o pessoal de manutenção receber o treinamento
especializado e específico em turbinas. Normalmente, o pessoal remanescente
aprende as habilidades de manutenção no trabalho daqueles que participaram
do treinamento.

132
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Uma vez que o projeto comece a operar, a maioria do trabalho de manutenção


envolve a escalada das torres e o trabalho dentro do compartimento do motor e do eixo
da turbina. Esse tipo de atividade física exige agilidade e força, similar às habilidades
de um técnico de manutenção de linha de uma companhia elétrica. Esse é um trabalho
fisicamente demandante, e achar e manter a combinação apropriada de pessoal que
pode tanto tolerar as exigências físicas e quanto ter as habilidades para manter turbinas
modernas pode ser desafiador. As exigências físicas do trabalho podem resultar em
uma alta rotatividade de pessoal.

n Emprego na Indústria

A maioria das turbinas eólicas são fabricadas na Europa e nos Estados Unidos, no
entanto, o uso do termo “fabricação” pode induzir a uma má interpretação. Embora
muitos dos fabricantes de turbinas produzam muitos de seus próprios componentes,
outros são melhor descritos como montadores, porque a maioria dos componentes das
turbinas é produzida por outras companhias e depois montados em seus modelos de
turbinas eólicas. A Associação Americana de Energia Eólica (American Wind Ener-
gy Association –AWEA) estima que fabricantes de componentes e de turbinas eólicas
contribuem diretamente para a economia de 44 estados americanos. Essas compa-
nhias fabricam e comercializam torres, caixas de transmissão, hélices, equipamentos
de monitoração e outros equipamentos relacionados à energia eólica. Componentes
individuais são frequentemente fabricados em países diferentes dos países do fabricante
de turbinas.

Muitos países estão encorajando fabricantes de turbinas eólicas a construir


plantas montadoras locais em seus países como parte de suas estratégias de
desenvolver a indústria de energia eólica. Fabricantes estabelecidos de turbinas
estão interessados nessa abordagem somente se existir um mercado estável de
longo prazo em um país. Fabricantes, às vezes, adquirem componentes individu-
ais localmente, dependendo das qualificações e dos recursos locais. Torres, por
exemplo, são difíceis e caras de serem transportadas. Consequentemente, torres
frequentemente são os primeiros componentes a serem fabricados localmente
em um mercado de energia eólica em desenvolvimento. A fabricação de torres
requer tecnologia similar à requerida na fabricação de grandes tanques de aço
para armazenamento e torres para outros propósitos, aumentando a possibili-
dade de empresas locais poderem crescer no negócio de fabricação de torres
com mínimo investimento na planta, equipamento ou treinamento. Cabeamento,
transformadores, concreto e outros componentes do projeto também podem ser
facilmente obtidos localmente.

133
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Muitos países, incluindo a Índia, Espanha e China, têm encorajado a cons-


trução local de plantas de fabricação de turbinas eólicas através de impostos de
importação, mandatos, ou outros mecanismos. Enquanto que esses mecanismos têm
resultado na construção de plantas domésticas de fabricação, seu sucesso em gerar
atividades duradouras depende da presença de um mercado estável de longo prazo
para turbinas eólicas.

Índia e Brasil estabeleceram capacidade doméstica na montagem de turbinas,


fabricação de hélices, fabricação de torres e siderurgia. Alguns fabricantes de turbinas
conduzindo negócios na Índia ainda importam carenagens e outras partes domesti-
camente disponíveis de plantas europeias. O Brasil produz carenagens de turbinas
eólicas para o mercado mundial.

O emprego resultante da fabricação de componentes pode ser significante. Por


exemplo, um fabricante de torres de turbinas eólicas localizado no México produzin-
do 100 torres de 65 a 75 metros anualmente é estimada em criar emprego para 100
trabalhadores de fábrica, aproximadamente de um emprego por torre por ano.

O número de empregos industriais criados dependerá das capacidades industriais


do país, dos incentivos fornecidos e do tamanho do mercado, entre outros fatores.

9.1.4 Desenvolvimento de Cooperativas Regionais

Projetos de energia eólicas podem gerar oportunidades para residentes locais não
somente através dos pagamentos de royalties, mas também através de investimentos co-
munitários em cooperativas de proprietários locais que desenvolvem projetos de energia
eólica e vendem a energia para a companhia elétrica.

O desenvolvimento e a propriedade de plantas de energia eólica por cooperativas


tem provado ser bem sucedido em países como Dinamarca, mas não tem sido pratica-
do amplamente nos Estados Unidos.

Sob as circunstâncias certas, cooperativas podem fornecer uma forma para


comunidades ganharem benefícios econômicos adicionais do desenvolvimento
da energia eólica pela retenção do retorno sobre o investimento e pelos lucros
das vendas que poderiam, de outra forma irem para um desenvolvedor privado.
Turbinas eólicas sob a propriedade de cooperativas poderiam ser localizadas
em parques (clusters) ou distribuídas amplamente por muitas fazendas de energia
eólica. Na Dinamarca, aproximadamente dois terços das turbinas pertencem a
indivíduos ou cooperativas.

134
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

9.2 Efeitos Indiretos

A construção e operação de um projeto eólico resulta na compra de mercadorias e


serviços locais como materiais de construção, equipamentos de construção, ferramentas
e suprimentos de manutenção e equipamentos de manutenção, além de suprimentos es-
senciais aos trabalhadores como comida, vestuário, equipamento de segurança e outros
artigos. Como foi mencionado previamente, serviços de suporte como contabilidade,
bancos e assistência legal também são necessários. A Associação de Energia Eólica
do Condado de Kern (Kern County Wind Energy Association), baseado na Califórnia,
estima que aproximadamente 11 milhões de dólares são pagos anualmente para em-
presas locais por mercadorias e serviços como resultado de projetos de energia eólica
como em Tehachapi, Califórnia. Isso equivale a US$22.000 por MW ou US$3.667
por turbina eólica. Calcula-se que para o estado do Ceará seriam R$8000,00 por
turbina eólica.

Enquanto uma usina eólica tem um impacto substancial na região, ela tem um
impacto mínimo na infraestrutura local e estadual por causa da alta relação entre
capital e mão-de- obra das operações das plantas. Empregos adicionais e impostos
territoriais agregam valor à economia local sem criar um fardo substancial no sistema
existente de água e esgoto, rede de transporte, emergência, educação ou outros
serviços públicos.

Devido às empresas dentro de uma economia local estarem proximamente ligadas


por padrões de compra de empresas e pessoal, benefícios diretos também têm um
efeito indireto na economia. Os efeitos diretos estimulam ciclos de gastos na economia
local e estadual, aumentando o benefício geral na área. Aumentos de arrecadação
por causa de um projeto de energia eólica resultará em dispêndio governamental extra
em serviços locais, estaduais e federais. Um outro impacto secundário, referido como
o efeito induzido, vem de rendas familiares adicionais provenientes do aumento do
emprego que resulta em aumento dos gastos das famílias em mercadorias e serviços.

Valor agregado para economias locais também são resultado de diversificação


incrementada da base econômica do município e estado. Diversificação econômica
também garante maior estabilidade à economia pela minimização de altos e baixos
ciclos financeiros associados com uma indústria específica. Esse efeito é particularmente
importante em áreas rurais que tendem a ter um economia de dimensão única. Econo-
mias de dimensão simples resultam em interação de negócios limitada, dessa forma,
mais mercadorias e serviços são importados e mais dólares deixam a região.

135
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Indivíduos também podem ganhar benefícios indiretos através de um governo muni-


cipal que detém um projeto de energia eólica. Por exemplo: um projeto pertencente ao
município localizado em um porto no norte da Europa usa as receitas do projeto para
melhorias no porto. Um número de projetos eólicos são pertencentes a companhias elé-
tricas nos Estados Unidos e a maioria desses projetos gosta de suporte público forte.

9.3 Impactos Sociais

O desenvolvimento de uma indústria de energia eólica ou a construção de um projeto


de energia eólica também pode ter impactos sociais em um país ou comunidade. Impactos
sociais incluem impactos na cultura e costumes locais, uso da terra, infraestrutura (ex.: água,
saneamento, remoção de lixo, estradas e habitação), pessoal e sistemas de emergência e
educação. A extensão dos impactos potenciais depende do escopo da indústria e do(s)
projeto(s). Devido a projetos de energia eólica tenderem a ser localizados em áreas rurais,
essas áreas podem sofrer impactos mais significantes do que áreas urbanas.

Áreas rurais tendem a ser mais culturalmente homogêneas que áreas urbanas. Para
projetos ou indústrias em áreas rurais, a adição de mão-de-obra qualificada externa
pode pressionar a comunidade local devido a diferenças culturais. Trabalhadores estra-
nhos ao local relocados para a área podem potencialmente trazer atitudes, normas e
práticas sociais diferentes. Em áreas onde o tamanho do desenvolvimento é pequeno e
limitado a projetos de energia eólica, esses componentes de estresse cultural são normal-
mente minimizados uma vez que a construção de projetos de energia eólica dura uma
média de seis meses e operações em andamento e atividades de manutenção podem
ser frequentemente feitas por pessoal local.

A quantidade de mão-de-obra de fora do local também causará impacto na dispo-


nibilidade de habitações de curto prazo. Para projetos localizados em áreas remotas, o
desenvolvedor do projeto pode precisar fornecer habitação temporária ou permanente.
Os projetos da Suzlon na Índia têm sido todos em áreas remotas. Para acomodar o pes-
soal trazido à área para construir o projeto (que trabalha em ciclos de 4 a 5 semanas, 16
horas por dia), a Suzlon constrói albergues e contrata mão-de-obra local para serviços de
cozinha, lavanderia e manutenção para os trabalhadores. Normalmente, a habitação de
longo prazo para trabalhadores permanentes não é um problema. Geralmente, o gerente
da usina e um outro membro do quadro de funcionários seriam contratados de fora da
comunidade local por causa de suas qualificações para gerir projetos de energia eólica.
Todas as outras posições seriam normalmente preenchidas, se possível, por mão-de-obra
local qualificada.

136
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A necessidade de veículos e equipamentos para construção pode causar impac-


tos na comunidade local, com um efeito maior nas áreas rurais do que nas áreas
urbanas. Qualquer desenvolvimento em estradas, alargando ou pavimentando, resul-
tariam em mudanças permanentes na infraestrutura para a comunidade local, e ge-
ralmente são positivamente vistos. Os efeitos positivos podem ser a transformação de
uma estrada de terra em uma estrada pavimentada, que permitiria desenvolvimentos
futuros, ou uma estrada mais larga pode tornar a viagem através dela mais segura.
Entretanto, algumas pessoas vivendo às margens da estrada podem não querer seu
alargamento, temendo um aumento geral no tráfego. Preocupações a respeito do
tráfego geralmente são tratadas com um estudo sobre o tráfego concluído como parte
do processo de desenvolvimento do projeto, com o desenvolvedor oferecendo medi-
das mitigadoras, caso necessário.

Como é o caso para qualquer atividade importante de construção, um projeto de


energia eólica tem o potencial de aumentar o efetivo policial, de bombeiros, médicos e
serviços similares. Embora eventos maiores, como incêndios, sejam raros na construção
e operação de construção, operação e manutenção e na fabricação.

O que se pretende ressaltar neste ponto é que o estado do Ceará reúne, como
mostrado ao longo do trabalho, mais vantagens competitivas para implantação de
parques eólicos ou unidades de produção industrial para a industria eólica do que
qualquer país do mundo. Os exemplos acima podem ser potencializados e implemen-
tados de maneira mais fácil neste estado. Pretende-se, com isso, acender a centelha
de desenvolvimento do estado do Ceará e destacar seu pioneirismo no fomento e na
criação de políticas públicas que visem o seu desenvolvimento, como principal ator
nacional na geração de energia renovável.

10 Normas Jurídicas Gerais do Setor Elétrico, Normas


Específicas do Segmento Eólico e o Estudo de Sua
Tributação e Encargos

10.1 Fundamentação Constitucional e Legal

A Constituição Federal está no topo do ordenamento jurídico, portanto, lei surgente


em qualquer instância de entes federados há de se subjugar ao comando da Lei Maior
com ela não podendo conflitar. A despeito disto, a lei federal 10.438/02, que instituiu
o PROINFA, para ter validade, estará de acordo com os dispositivos constitucionais
correlatos, isto é, os relativos à energia.

137
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Atentando-se para o ponto de partida se identificará a competência de exploração


de serviços no artigo 21 da carta Magna que assim rege:

Art. 21. Compete à União:

[...]

XXII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão:

[...]

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento


energético dos cursos d’água, em articulação com os estados onde
se situam os potenciais hidroenergéticos;

Assim, podemos compreender que a competência exclusiva para explorar não


só os serviços, mas também as próprias instalações, é da União. Há a previsão de
exploração pela via indireta, isto é, pelo particular com uso dos regimes contratuais
de autorização, concessão ou permissão, como rege o texto constitucional. Nesse
sentido, isto é, o de que o particular pode explorar os serviços, a Constituição Federal
no seu artigo 175, rege: incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.

Quanto à competência legislativa, embasa-se com o artigo 22 do mesmo diploma,


verbis:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

[...]

IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

Assim se dá a impossibilidade de interferência do Estado-membro nas relações


jurídico-contratuais entre Poder concedente federal e as empresas concessionárias, es-
pecificamente no que tange às alterações das condições estipuladas em contrato de
concessão de serviços públicos, sob regime federal, mediante a edição de leis estadu-
ais. Do artigo 175 da Constituição federal destaca-se preceito de que a prestação do
serviço público será sempre através de licitação. A lei 10.438/02 criou a modalidade
de concorrência denominada de Chamada Pública que como se verá adiante, melhor

138
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

teria sido se a denominação fosse Chamada Pública do PROINFA. Mas, importante


comentar-se é que houve o exercício legislativo dentro da competência da União pres-
crita pelo artigo 22 da Lei Maior com a criação da lei 10.438/02 e portanto nela a
criação de um modelo de seleção peculiar à energia eólica que denominou de Cha-
mada Pública.

Portanto, há de se compreender que energia eólica sendo espécie do gênero


energia, a competência para tratar dessa matéria é da União pela via do Con-
gresso Nacional.

O §4º do artigo 175 da Constituição Federal assim rege: Não dependerá de


autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de
capacidade reduzida.

Não obstante esse trabalho não alcançar especificamente qual a capacidade


reduzida para energia renovável, a lei nº 9.074/95, que estabelece normas para pror-
rogações e permissões de serviço públicos, nos artigos de 5 a 9, indica os potenciais
de geração de energia elétrica em que há dispensa desses institutos, sendo omisso em
relação à fonte renovável e, por conseguinte, à energia eólica.

10.2 Comentários de Pontos Apreciáveis da Lei do PROINFA

O que a Lei do PROINFA acresceu em relação à Medida Provisória

O PROINFA traduz-se por Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de


Energia Elétrica. Sua origem é na Medida Provisória no 14 de 2001 que tinha
como objetivo incentivar as fontes alternativas de energia, mas que transformada
na lei n o 10.438/02 ampliou o seu propósito não só em aumentar a oferta de
energia, mas também em atrair novos agentes econômicos para o Sistema Elé-
trico Interligado, limitado às fontes eólica, PCH e biomassa, como se vê na lei
n o 10.438/02 ao reger:

Art. 3o Fica instituído o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas


de Energia Elétrica – PROINFA, com o objetivo de aumentar a par-
ticipação da energia elétrica produzida por empreendimentos de
Produtor Independentes Autônomos, concebido com base em fontes
eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa, no sistema elétri-
co interligado, mediante os seguintes procedimentos[...].

139
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A Inadequação da Terminologia Chamada Pública

A Chamada Pública a que se referem às leis nos 10.438/02 e 10.762/03


não é uma modalidade de licitação, mas de um instituto jurídico específico criado
com o PROINFA. É um instituto de contratação em quantidade, diferentemente de
concorrência, tomada de preço, convite, leilão, concurso e pregão. Nestas moda-
lidades, vários vão competir e somente um será contratado; aquele que apresentar
a proposta mais vantajosa para Administração Pública. Os interessados não com-
petem entre si, já que o objetivo é a contratação simultânea de vários candidatos.
Há contestadores do uso da expressão Chamada Pública, embora esteja em textos
legais, mas indicam a expressão Chamada Pública do PROINFA como mais ade-
quada de uso, pois só assim se evitaria confundir com Chamada Pública. A Cha-
mada Pública se destina à seleção de um único vencedor, a Chamada Pública do
PROINFA, quando os dispositivos e alíneas I,d e II,a, da Lei do PROINFA estavam
em vigor se destinava a vários vencedores.

PROINFA era destinado ao aumento da participação e a CDE à competitividade

A própria lei no 10.438/02 que criou o PROINFA criou também a Conta de de-
senvolvimento Energético – CDE nos seguintes termos:

Art. 13 Fica criada a Conta de Desenvolvimento Energético –


CDE, visando o desenvolvimento energético dos Estados e a
competitividade da energia produzida a partir de fonte eólica,
pequenas centrais hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão
mineral nacional, nas áreas atendidas pelos sistemas interliga-
dos e promover a universalização do serviço de energia elétrica
em todo o território nacional, devendo seus recursos, observa-
das as vinculações e limites a seguir prescritos, se destinarem às
seguintes utilizações:[...].

Observa-se da comparação entre os textos dos artigos 3o e 13o que o programa se


destina a Produtor Independente Autônomo, somente; e que os recursos da CDE visam
a competitividade da energia produzida a partir de cinco fontes: eólica, pequenas cen-
trais hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão nacional, embora tenha como objeti-
vo aumentar a participação da energia produzida somente das três primeiras fontes.

Comprova-se pelo texto da lei que o programa se destinava ao Produtor Inde-


pendente Autônomo somente, embora excepcionalmente se permita a contratação de
Produtor Independente.

141
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

O PROINFA teve o objetivo de aumentar a participação de três fontes apenas,


embora os recursos da CDE – Conta de Desenvolvimento Energético, criada pela Lei
do PROINFA destine também recursos para a competitividade de mais duas fontes: gás
natural e carvão mineral nacional.

Os recursos da CDE, dentre outras destinações, têm a de remunerar um crédito


complementar a que pela própria lei concede ao produtor de energia alternativa. O
crédito complementar é a diferença entre o valor econômico correspondente à tecnolo-
gia específica de cada fonte e o valor recebido da Eletrobrás.

PROINFA 1ª Etapa do Programa

A lei de criação do PROINFA, lei no 10.438/02 estabeleceu duas etapas do


programa com regras definidas. A primeira etapa teve alteração legal por duas vezes.
Na alteração pela lei federal no 10.762/03, mantém a data de assinatura de contrato
em 29.04.04, mas na insuficiência de projetos manifestada nesta data a contratação
pode ser postergada até 30.10.04. Por esta lei, o período de compra da energia
também foi alterado de 15 anos para 20 anos, passando a aquisição da energia pela
Eletrobrás a ser feita pelo valor econômico correspondente à tecnologia eólica, não
mais 80%, mas 90% da tarifa média nacional de fornecimento ao consumidor final
dos últimos doze meses. O critério de contratação pela lei no 10.438/02 era primei-
ramente pela licença de instalação(LI) e posteriormente pela licença prévia(LP). Com a
lei no 10.762/03 o critério de contratação passou a ser pela licença de instalação(LI)
mais antiga limitando-se a contratação por Estado a 20% de fonte eólica. No caso
de, atendendo a Chamada Pública, existirem instalações com LI e LP em número maior
que a disponibilidade de contratação pela Eletrobrás, serão contratadas aquelas cujas
licenças ambientais possuam menores prazos de validade remanescente. Este era o
entendimento da lei no 10.438/02 e permanece com a lei no 10.762/03, uma vez
que não há nessa lei referência à contratação quando houver instalações com maior
número que a disponibilidade de recursos da Eletrobrás para comprá-las.

Por outro lado, a lei original de criação do PROINFA, não prevê apresentação de
instalações na Chamada Pública, em número inferior à disponibilidade da Eletrobrás.
Esta particularidade é tratada na lei no 10.762/03, I, e, verbis: concluído o processo
definido na alínea d sem a contratação do total previsto por fonte e existindo ainda em-
preendimentos com Licença Ambiental de Instalação(LI), válidas, o saldo remanescente
por fonte será distribuído entre os estados de localização desses empreendimentos, na
proporção da oferta em kW, reaplicando-se o critério da antiguidade da LI até a con-
tratação do total previsto por fonte. Outra alteração registra-se no índice de nacionali-

142
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

zação que passou de 50% para 60%. Por fim, registra-se a quebra da distribuição equi-
tativa das três fontes, eólica, PCH e biomassa com 1.100MW cada se até 30.10.04
houver insuficiência de projetos habilitado. Neste caso caberá a Eletrobrás contratar
imediatamente as cotas remanescentes de potência entre os projetos habilitados nas de-
mais fontes seguindo o critério de antiguidade da Licença Ambiental de Instalação(LI).

Diante desse processo foram contratados 540MW de projetos localizados no estado


do Ceará dentre os 1.100MW previstos para o País na primeira etapa do programa.

PROINFA 2ª Etapa do Programa

Ao ser alcançada a meta de contratação de 3300MW e portanto dos 1.100MW


de capacidade eólica, pode-se entender que a primeira etapa do PROINFA foi concluí-
da. Assim, espera-se posicionamento do governo federal para início da segunda etapa.

É relevante observar que neste estágio do Programa não há, nos termos da lei,
meta de contratação de certa capacidade ou potência como na primeira etapa. Para
esta se previa contratação de 1.100MW de potência eólica.

A segunda etapa do programa, sob este aspecto, não sofreu alteração pela lei no
10.762/03. Assim, o artigo 3o II, a permanece em vigência. Deve-se entender desta
alínea que a meta é de energia e não de capacidade, de potência de instalação. Ainda!
Não há rigor na divisão da energia produzida pelas três fontes, eólica, PCH e biomassa,
citadas nesse dispositivo. Irrefutável é que as três fontes atenderão a dez por cento do
consumo anual de energia elétrica no País, objetivo a ser alcançado no ano de 2022.

Outro dispositivo legal a confirmar que a meta é de energia(kWh) e não de


capacidade(kW) é a alínea c do inciso II, do artigo 3o, da Lei no 10.438/02, em
vigor. Ali está prescrito que as fontes – não destaca a eólica – atenderão no mínimo a
quinze por cento do incremento anual de energia elétrica a ser fornecida ao mercado
consumidor nacional. Deve-se dar atenção a dois pontos. O primeiro diz respeito à
confirmação da grandeza elétrica que envolve a meta, pois ratifica que é em energia.
O segundo diz respeito apenas à precaução na interpretação dos distintos percentuais
contidos nos dispositivos mencionados. O segundo percentual, de quinze por cento,
aparentemente levaria a resultado maior, o que não se efetiva, pois é incidente sobre o
incremento (anual e até 2022) de energia, apenas.

Para a segunda etapa do PROINFA não foi definido um número para a capacida-
de instalada, contudo nos termos do artigo 3º, II, h, a distribuição será igual entre as
três fontes participantes do Programa.

143
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Brasil fomentou o desenvolvimento do segmento de energia elétrica eólico pelo


programa PROINFA instituído por lei em 2002. Segundo a lei, se desenvolveria uma
segunda fase a partir de janeiro de 2009. A política desse segmento, no entanto,
mudou e não mais o governo comprará energia dos empreendedores. A nova política,
com ações em curso, é bem vista pelos agentes do setor de energia elétrica e prevê
leilão de energia eólica para o segundo semestre deste ano. Para isso foi publicada
pelo Ministério de Estado de Minas e Energia a portaria nº 74 de 19 de fevereiro de
2009. A essa portaria se anexa uma “Proposta de Diretrizes para Leilão de Contrata-
ção de Energia de Reserva - Fonte Eólica” que ficará para consulta pública até 15 de
março de 2009.

10.3 Síntese da Fundamentação Legal

Sob este título julgou-se pertinente fazer-se um resumo da fundamentação legal e


expressar-se por uma tabela. Nela se ousou exaurir todos os comandos da lei nas pri-
meira e segunda etapas. Mas, relevante é se poder avaliar com facilidade a evolução
do programa por leis que sucederam a original, a de criação do PROINFA.

144
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
1ª ETAPA 2ª ETAPA
Lei 10.438/02 Lei 10.762/03 Lei 11.075/04 Lei 10.438/02 Lei 10.762/03 Lei 11.075/04
PARÂMETROS
Referência Referência Referência Referência
Referência Temporal Dispositivo Referência Temporal Dispositivo Dispositivo Dispositivo Dispositivo Dispositivo
Temporal Temporal Temporal Temporal
Lei Lei
Contratação 29.04.04 Art.3°,I,a 29.04.04 Art.3°,I,a 30.06.04 Art.3°,I,a Após 30/12/08 Art.3°,II,a Após 30/12/08 10.438/02 Após 30/12/09 10.438/02
Art.3°,II,a Art.3°,II,a
Se Insuficiência de sem regula- Sem regulamen- sem regula- Sem regulamen- sem regula- Sem regulamen- sem regula-
Sem regulamentação 30.10.04 Art.3°,I,g Art.3°,I,g
Projeto mentação tação mentação tação mentação tação mentação
Lei Lei

PRAZO
2 anos a partir da 2 anos a partir da 2 anos a partir da
Instalação e Operação 30.12.06 Art.3°,I,a 30.12.06 Art.3°,I,a 30.12.08 Art.3°,I,a Art.3°,II,g 10.438/02 10.438/02
contratação contratação contratação
Art.3°,II,g Art.3°,II,g
Período de Compra
15 anos Art.3°,I,a 20 anos Art.3°,I,a 20 anos Art.3°,I,b 15 anos Art.3°,II,b 20 anos Art.3°,II,b 20 anos Art.3°,II,b
(entrada operação)
LI mais antiga LI mais antiga
LI mais antiga. Limite LI mais antiga. Limi- Lei LI posteriormen-
Regra Geral LI, posteriormente LP Art.3°,I,d Art.3°,I,d Art.3°,I,d limite 20% por Art.3°,I,d limite 20% por Art.3°,I,d
20% por Estado te 20% por Estado 10.762/03 te LP
Estado Estado
Se instalação com LI Licenças ambien- Licenças ambien- Licenças ambien-
Licenças ambientais Licenças ambientais Licenças ambientais
e LP em maior número tais com menores tais com menores tais com menores
com menores prazos Art.3°,I,e com menores prazos Art.3°,I,e com menores pra- Art.3°,I,e Art.3°,I,e Art.3°,I,e Art.3°,I,e
que disponibilidade de prazos de vali- prazos de vali- prazos de vali-
de validade de validade zos de validade
contratação dade dade dade
Se não há con-
Se não há con-
tratação do total
tratação do total
obedecido os 20%
obedecido os 20%
por estado será
por estado será dis-
distribuído entre
Se número de instalação sem regula- tribuído entre estados Sem regulamen- sem regula- Sem regulamen- sem regula- Sem regulamen- sem regula-
Sem regulamentação Art.3°,I,e estados de localiza- Art.3°,I,e

CRITÉRIO DE CONTRATAÇÃO
menor que previsto mentação de localização na tação mentação tação mentação tação mentação
ção na proporção
proporção de oferta
de oferta em kW
em kW reaplicando
reaplicando o crité-
o critério de antigui-
rio de antiguidade
dade da LI
da LI
Lei
Valor do piso tarifa média 80% com crédito Crédito Comple- Crédito Comple-
80% Art.3°,I,b 90% Art.3°,I,b 90% 10.762/03 Art.3°,II,d Art.3°,II,d Art.3°,II,d
nacional complementar mentar mentar
Art. 3º,I,b
Lei
Índice nacionalização com parti- Art. 3º II, Art. 3º II,
50% em valor Art.3°,I,f 60% em valor Art.3°,I,f 60% em valor 10.762/03 60% em valor Art.3°,I,f 90% em valor 90% em valor
cipação direta de fabricante §4º §4º
Art. 3º,I,f
Lei Lei Lei
Distribuição Capacidade Ins- 30.06.04 Não definida, mas Não definida, mas Não definida, mas
29.04.04(1100MW) Art.3°,I,a 29.04.04(1100MW) Art.3°,I,a 10.762/03 Art.3°,II,a 10.438/02 10.438/02
talada (1100MW) equitativa equitativa equitativa
Art. 3º,I,a Art.3°,II,a Art.3°,II,a
Lei Lei Lei
Flexiblização distribuição equitati- Art.3°, I, d, Após 5 anos e a Após 5 anos e a Após 5 anos e a
Não prevista - 28.12.04 10.762/03 Art.3°,III,h 10.438/02 10.438/02
va capacidade instalada e, g, h cada 5 anos cada 5 anos cada 5 anos
Art. 3º,I,g Art.3°,II,h Art.3°,II,h
10% consumo 10% consumo 10% consumo
anual País a partir anual País a partir anual País a partir
L e i Lei Lei
Meta de capacidade ou energia maio/2002 com Art.3°,II, maio/2002 com maio/2002 com
29.04.04(1100MW) Art.3°,I,a 29.04.04 10.762/03 Art.3°,I,a 10.438/02 10.438/02
a ser contratada incremento anual a,c,e incremento anual incremento anual
Art.3°,II,a Art.3°,II,a,c,e Art.3°,II,a,c,e
de 15% para as 3 de 15% para as 3 de 15% para as 3
fontes-CER fontes-CER fontes-CER
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

10.4 Conclusão

A Tabela que se apresentou traz uma síntese e, portanto por ela é possível se tirar
muitas conclusões. Às vezes, porém, uma conclusão não é imediata.

Observa-se pelo texto que o PROINFA teve o objetivo não só de promover a dis-
ponibilidade de energia elétrica, mas também de aumentar a competitividade do setor.
No sentido da competitividade vê-se um melhor enfoque à contratação com os PIAs
admitindo participação dos PIEs desde que não houvesse preterição dos primeiros. Sua
participação poderia ser de até 50% na primeira etapa da contratação reduzindo-se
para 25% na segunda etapa.

Quanto à distribuição da capacidade contratada permanece a equitativa, isto é, será


também dividida igualmente entre as três fontes, eólica, PCH e biomassa. Chama-se aten-
ção, contudo, que na segunda etapa o número indicativo da capacidade a ser contratada
não está expresso em Lei como na primeira etapa, mas existe uma meta em energia a ser al-
cançada e uma metodologia em que se incrementa uma quantidade definida de energia.

A remuneração da capacidade contratada na primeira etapa teve como referên-


cia, como se descreveu, valor econômico da tecnologia de cada fonte. Para segunda
etapa do PROINFA a referência para a remuneração é o valor econômico de empreen-
dimentos hidráulicos superiores a 30MW e termelétricas a gás.

Para enfatizar, traz-se a rememoração o fato de a Chamada Pública regida pela


Lei do PROINFA e posteriormente definida no artigo 2º, VII, do Decreto 4.0541/02
não é uma modalidade de licitação, mas um Instituto Jurídico específico criado com o
este Programa.

O critério de contratação que se tinha adotado na primeira etapa era o da Licença


de Instalação-LI e Licença Provisória - LP. Atualmente se adota apenas LI.

Quanto a prazos entre contratação e operação ocorreram algumas alterações em


relação à primeira etapa, mas para esta segunda etapa a Lei rege o prazo de dois anos.
Com referência ao índice ou grau de nacionalização dos equipamentos do parque gerador
evoluiu de 50% para 90%. A Lei original do PROINFA não previa índice de nacionalização
para serviços o que foi corrigido pela Lei 10.762/03 adotando este mesmo percentual.

Por fim, é atribuída por Lei ao Ministério das Minas e Energia a elaboração de
Guia de Habilitação por fonte, onde se insere a eólica, consignando as informações
complementares às licenças de instalação necessárias.

146
ANEXOS
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Anexo A: Requisitos do Terreno para Projetos de


Energia Eólica

Esse anexo fornece detalhes adicionais sobre o tipo de terreno e área neces-
sária para projetos de energia eólica. Ele fornece detalhes adicionais sobre como
desenvolvedores de projetos de energia eólica podem identificar o terreno que eles
desejam incluir no Contrato de Opção ou no Contrato de Arrendamento descritos
na Seção 3.

A.1 Identificação do Local

Antes de assinar um contrato de opção de arrendamento, os desenvolvedores de-


vem focar os seus esforços em buscar áreas com grande potencial eólico. A força do
vento varia muito de um local para outro e somente dados coletados em um local espe-
cífico podem demonstrar como o vento é nesse local.

Em alguns casos, os recursos eólicos de uma região ou país já foram mapeados.


Enquanto esses mapas podem direcionar o foco dos desenvolvedores para certas áre-
as, a resolução e a qualidade dos mapas pode variar amplamente. Medição e veri-
ficação no campo são quase sempre necessárias para apoiar um projeto específico,
pois os modelos computadorizados utilizados para criar os mapas não são precisos o
suficiente para a maioria dos investidores.

Frequentemente, os desenvolvedores iniciam com dados relativos ao clima e


a topografia, e talvez tenham acesso dados de velocidade do vento de aeropor-
tos e estações de pesquisas. Eles sabem que algumas áreas, devido aos padrões
climáticos e características do relevo, tais como cume de montanhas, platôs, ou
gargantas, têm mais vento que outras. Indicadores naturais como árvores ou vege-
tação cujo crescimento é afetado por ventos fortes, e evidências social como nomes
de lugares ou tipo de construções também podem ajudar. Se um local parecer
promissor após a avaliação inicial, o próximo passo é instalar equipamentos de
monitoramento e medir o vento durante determinado período, tipicamente de seis
meses a dois anos.

A velocidade do vento é um dos fatores mais importantes durante a avaliação de


um local. A velocidade do vento varia ano a ano, mês a mês, durante o dia, e com a
altura em relação ao solo. Como a energia do vento tem uma relação cúbica com a
velocidade do vento, o vento soprando a 10 metros por segundo contém quase duas

149
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

vezes47 a energia que o vento soprando a 8 metros por segundo. Entretanto, um projeto
de energia eólica com velocidade média anual do vento de 10 metros por segundo
não produzirá o dobro da energia de um projeto com velocidade média anual do
vento de 8 metros por segundo. Isso ocorre por causa do limite máximo de controle da
turbina, nem toda energia disponível é convertida em eletricidade.

O melhor método de avaliar a velocidade do vento é instalando anemômetros


distribuídos em diversos locais em uma torre ou torres cujas alturas são as mesmas
das planejadas para as turbinas eólicas. Alguns anemômetros montados em diferentes
alturas fornecem informações sobre como o vento modifica acima do nível do solo.
Frequentemente, dados coletados em um local no curto prazo (seis meses a dois anos)
podem ser correlacionados com uma referência de longo prazo para ajudar a reduzir
a incerteza associada com a informação de curto prazo. Quanto mais longo for o pe-
ríodo de registro, menor serão as incertezas na estimativa da energia e mais fácil será
conseguir financiamento para o projeto.

Outras informações importantes durante a avaliação de recursos eólicos incluem:


• Direção: O conhecimento do caminho por onde o vento passa é importante para
decidir onde as turbinas eólicas deverão estar localizadas no terreno.
• Distribuição da velocidade: Em condições ideais, o vento deve soprar constante-
mente ao invés de variar entre velocidades altas e baixas.
• Ciclos diários e sazonais: Em condições ideais, o vento deverá ser forte durante os
horários do dia e estações do ano em que haja demanda por energia ou déficit
de energia (perfil diário e perfil sazonal).
• Wind shear: É o aumento na velocidade do vento em grandes alturas em relação
ao nível do solo. O wind shear deve ser entendido de forma a escolher adequa-
damente a altura do torre.
• Obstáculos: Edifícios, árvores, e outros obstáculos podem interromper o fluxo do
vento. As turbinas eólicas devem ser colocadas onde a influência de obstáculos
seja minimizada.

47
103 dividido por 83 é igual a 1.95, ou quase duas vezes.

150
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

A.2 Requisitos para a Área do Terreno

A área do terreno necessária para projetos de energia eólica varia significativa-


mente de projeto para projeto. O objetivo de uma planta de projeto eólico é distribuir
as turbinas de forma a maximizar a geração de energia. As turbinas eólicas são nor-
malmente distribuídas em linhas perpendiculares à direção predominante do vento.
A direção dos ventos predominantes e a complexidade do terreno são dois dos mais
importantes aspectos que orientam o posicionamento das turbinas em um projeto.

A distância entre as turbinas eólicas (entre as linhas de turbinas e entre as turbinas


em uma mesma linha) é comumente descrita em termos do diâmetro do rotor. Por exem-
plo, se uma planta é descrita como tendo um espaçamento 3x10, isso significa que as
turbinas são distribuídas com um espaçamento de um espaçamento equivalente a três
diâmetros do rotor dentro da mesma linha, e as linhas possuem um espaçamento equi-
valente a 10 diâmetros do rotor (Figura A-1). Para um projeto que utilize um rotor com
60 metros de diâmetro, isso significa um espaçamento entre as turbinas de uma mesma
linha de 180 metros, e de 600 metros entre as linhas.

Figura A-1. Ilustração do Espaçamento entre Turbinas (exemplo: espaçamento 3 x 10)

A interferência de uma turbina em outra turbina posicionada no sentido do


vento é chamada efeito de interferência (wake effect ou array effect)48. As turbinas
posicionadas muito próximas uma das outras sofrerão uma perda de energia maior

48
Considerando que uma turbina eólica gera eletricidade a partir da energia do vento, o vento após
passar pela turbina deve conter uma menor energia potencial do que o vento chegando à turbina.

151
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

induzida pelo efeito de interferência. Como um grande espaçamento entre turbinas


geralmente maximiza a geração de energia, porém aumenta a necessidade de
infra-estrutura (ex., área do terreno, rede e estradas), o custo deve ser analisado
antes de definir a localização das turbinas. Por exemplo, existe uma substituição
dos custos entre a otimização da disposição das turbinas para geração de energia
(aumentando-se o espaçamento) enquanto se tenta manter um projeto compacto
para terem-se custos razoáveis com rede e estradas, os quais tendem a crescer com
um maior espaçamento entre turbinas.

A distância entre linhas em um terreno complexo é tipicamente determinada


pelas características do relevo (ex., as turbinas serão dispostas linearmente em um
relevo montanhoso para tirar vantagem da melhor exposição ao vento, e o layout
será determinado pela localização das cordilheiras). Em um relevo plano, as linhas
de turbinas serão espaçadas dependendo do espaçamento entre as turbinas de
uma mesma linha. O objetivo é otimizar o balanceamento entre o maior efeito de
interferência e o menor custo associado com um espaçamento estreito.

Com relação às linhas, o espaçamento é determinado pela direção do vento. Em


ambientes unidirecionais (a maioria da geração de energia eólica vem de uma mesma
direção), as turbinas podem ser colocadas mais próximas em uma mesma linha. No
caso de ventos multi- direcionais (ex., metade do tempo ele vem do norte e a outra
metade ele vem do leste), é necessário um espaçamento maior.

O espaçamento típico para ventos unidirecionais ou um local com ventos em


duas direções opostas predominantes (180º) é de três diâmetros do rotor entre tur-
binas em uma mesma linha e de 10 diâmetros entre linhas. O espaçamento típico
para regimes de ventos omni-direcionais ou regimes de ventos com duas direções
predominantes de 90º é de cinco a seis diâmetros entre as turbinas e sete a oito
diâmetros entre as linhas. O fabricante da turbina poderá exigir ou permitir um
espaçamento mais estreito dependendo das características da turbina e das carac-
terísticas de vento do local.

A tabela A-1 ilustra os requisitos de espaçamento de turbinas para seis diferentes


projetos de energia eólica nos Estados Unidos. A tabela A-2 ilustra os requisitos do
terreno para projetos de energia eólica em diferentes regimes de relevo e vento.

152
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tabela A-1. Espaçamento Típico de Turbinas


Disposição das Espaçamento entre Turbinas
Local do Projeto Tipo e Uso do Terreno
Turbinas (diâmetros do rotor)
Pico de montanha/ 2 linhas paralelas, Ba-
Fort Davis, Texas 2.5 entre turbinas na mesma linha
Fazenda (montanhoso) lanceadas, norte-sul
cordilheira densamen-
Searsburg, Ver- 1 linha nordeste-sudo-
te florestada (monta- Variável (1.5 a 3.5) entre turbinas
mont este em cordilheira
nhoso)
Região costeira de
5 entre turbinas na mesma linha;
Kotzebue, Alaska savanas congeladas 3 linhas parelas norte-sul
17 entre linhas
(tundra) (plano)
Glenmore, Wis- Planície cultivada
1 linha norte-sul 3.6 entre turbinas na mesma linha
consin (plano)
Terras cultivadas
Algona, Iowa 1 linha norte-sul 5.7 entre turbinas na mesma linha
(plano)
Springview, Ne- Fazenda, planalto
1 linha noroeste-sudeste 3.7 entre turbinas na mesma linha
braska (plano)
5 linhas leste-oeste em 2.5 a 3.0 entre turbinas na mesma
Big Spring, Texas Fazenda/platô (plano)
3 planaltos linha; 10 entre linhas
Fonte: Programa de Verificação de Turbinas (TVP), um programa do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) e do
Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica (EPRI).

Como a tabela mostra, o espaçamento entre turbinas variará de acordo com as


características do relevo e a direção do vento. Os requisitos do terreno correspondente
também variam bastante.

153
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tabela A-2. Exemplo de Requisitos da Área para Projetos Eólicos baseados no Relevo e
Direção do Vento

Espaçamento Espaçamento
Direção do
entre Turbinas entre as linhas Área do Terreno ha/ Turbina
Vento/Tipo de ha/MW
(diâmetros do (diâmetros do Eólica
Relevo
rotor) rotor)
m2 Hectares
Multidirecional/
8 10 184,320 18.4 20.5 18.4
Relevo plano
Multidirecional/
10 15 345,600 34.6 38.4 34.6
Montes
Multidirecional/
Cume de monta- 15 20 691,200 69.1 76.8 69.1
nhas
Unidirecional/
3 10 69,120 6.9 7.7 6.9
Relevo plano
Unidirecional/
4 15 138,240 13.8 15.4 13.8
Montes
Unidirecional/
Cume de monta- 4 20 184,320 18.4 20.5 18.4
nhas
Assumindo o diâmetro do rotor da turbina igual a 48m e potência de 900kW. A área estimada na tabela baseia-se em uma
turbina posicionada em uma matriz de turbinas. As turbinas no perímetro da matriz requerem menos espaço porque a reserva no
exterior da matriz é menor do que o espaçamento requerido entre as turbinas e linhas. Geralmente, apenas um diâmetro do rotor é
requerido como reserva em volta da matriz de turbinas.

As informações na Tabela A-2 assumem que uma turbina eólica de 900kW foi
usada no projeto. A Tabela A-3 mostra qual é a área necessária variando-se o tama-
nho das turbinas, mantendo as características de relevo e vento constantes. A área do
terreno requerida entre turbinas eólicas (hectare/turbina) aumenta com o diâmetro da
turbina; entretanto, a área requerida por MW é relativamente constante (ex. 7,7 a 10,4
ha/MW). A variação nesse valor depende da relação entre a potência da turbina e
o diâmetro do rotor. Ele não é dependente exclusivamente da potência ou do diâmetro
do rotor.

154
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Tabela A-3. Estimativa dos Requisitos do Terreno para Ventos Unidirecionais e Relevo Plano
Diâmetro do Rotor
72 60 54 48 52 50 47
(m)
Potência da
1500 1300 1000 900 850 800 660
Turbina (kW)
Hectares por MW 10.4 8.3 8.7 7.7 9.5 9.4 10.0
Hectares por
15.6 10.8 8.7 6.9 8.1 7.5 6.6
turbina
Assumindo uma espaçamento 3 x 10. Baseado na área requerida por uma turbina dentro de uma matriz de turbinas.

Anexo B: Contrato de Arrendamento e outras


avenças

Contrato de Arrendamento e Outras Avenças

entre

EMPRESA
CNPJ/MF
ENDEREÇO

- doravante denominada“ARRENDATÁRIA” -
  
e

(Arrendador)
CPF/MF 000.000.000-00, RG 000000000
qualificação
Rua XX, n.º XX
Bairro ...., Município de /Estado
Brasil

- doravante denominados “ARRENDADORES” -

155
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Índice:

Cláusula 1ª. Definições

Cláusula 2ª. Objeto

Cláusula 3ª. Obrigações dos arrendadores

Cláusula 4ª. Obrigações da arrendatária

Cláusula 5ª. Vigência

Cláusula 6ª. Resilição

Cláusula 7ª. Aluguel

Cláusula 8ª. Cessão e transferência

Cláusula 9ª. Exploração comercial

Cláusula 10ª. Confidencialidade

Cláusula 11ª. Disposições gerais

Anexo I Aerogeradores de energia elétrica e construções ancilares

Anexo II Plano de localização

Anexo III Carta topográfica do terreno

Considerando que:

1. a ARRENDATÁRIA pretende instalar parque eólico no terreno dos ARRENDA-


DORES;

2. a ARRENDATÁRIA, sob sua exclusiva responsabilidade, realizou estudos de


viabilidade do projeto;

3. o projeto para a construção do parque eólico, sob responsabilidade da AR-


RENDATÁRIA, encontra-se em processo de planejamento;

4. Para a instalação desse parque eólico serão necessárias áreas compatíveis


com sua implantação (torre de medição e aerogeradores), bem como a

156
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

criação de infra-estrutura (rodovias de acesso e manutenção aérea de mon-


tagem, linhas de transmissão da rede elétrica subterrâneas e estação de
interconexão; em geral qualquer outra instalação necessária ao desenvolvi-
mento, construção, funcionamento e exploração do parque eólico, incluindo
substituição o ampliação de aerogeradores);

ARRENDATÁRIA e ARRENDADORES têm entre si justo e acordado o presente con-


trato de arrendamento e outras avenças, que se regerá pelas cláusulas e condições
seguintes:

Cláusula Primeira – Definições

1.1 Nesta cláusula são apresentadas as definições dos termos e expressões


utilizadas no presente contrato:

Anexo I: enumeração e descrição dos aerogeradores a serem construídos e operados.


O número e a descrição dos geradores estão sujeitos às alterações que se fizerem ne-
cessárias com vistas à obtenção de licenças, permissões e autorizações emanadas de
Órgãos de Fiscalização e/ou Ambientais.

Anexo II: plano de localização do qual constam os pontos previstos para a instalação
dos aerogeradores, a rede elétrica, as posições das estações, bem como as rodovias
de acesso e montagem necessárias. Esse plano pode ser modificado a critério da
arrendatária, sem anuência dos arrendadores, por razões de ordem técnica ou por
exigência das autoridades competentes.

Anexo III: carta topográfica do terreno.

Arrendatária: _______________________________________., sociedade empresária,


inscrita no CNPJ/MF sob o n.º _______________, com sede na Rua ______________
_____________________

Contrato: o presente contrato de arrendamento e outras avenças.

Instituição Financeira de Crédito: instituição que financiará o projeto, total ou parcialmente.

Licenças Necessárias: toda e qualquer licença exigida por lei, seja municipal, estadual
ou federal.

Operação do Aerogerador: funcionamento do aerogerador a partir do momento no


qual este é conectado à rede elétrica pública, gerando e transmitindo energia.

157
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Vida Útil do Aerogerador: tempo durante o qual o aerogerador pode ser operado. A
vida útil do gerador finda quando não mais for possível realizar manutenção e consertos
necessários a custos razoáveis.

Partes: ARRENDATÁRIA e ARRENDADORES em conjunto.

Projeto: planejamento e construção do parque eólico e exploração comercial da ener-


gia gerada a partir dos aerogeradores.

Terreno: O imóvel, localizado em CIDADE, a seguir descrito:

UM TERRENO rural (DESCRIÇÃO). O imóvel encontra-se registrado no Registro de Imó-


veis de Cidade, sob o n.º 00000 (matrícula).

O terreno foi comprado de (nome do proprietário anterior) e escritura registrada com


o Notário (nome) de (cidade) no dia (data). O imóvel que encontrava no Registro de
Imóveis de Cidade, sob o n.º 00000 (matrícula).

Os ARRENDADORES declaram e garantem a ARRENDATÁRIA que eles são os pro-


prietários exclusivos do imóvel que fica livre de qualquer limitação ou impedimento que
pode limitar os direitos da ARRENDATÁRIA nesse contrato.

Qualquer compromisso

Arrendadores: Nome – titulares dos direitos de propriedade inerentes ao terreno.

Aerogerador: gerador para aproveitamento dos ventos e geração de energia elétrica.

Cláusula Segunda – Objeto

2.1 O objeto do presente contrato é estabelecer os termos e as condições gerais


do arrendamento do TERRENO de propriedade dos ARRENDADORES à ARRENDA-
TÁRIA. Para tanto, as partes se obrigam a fazer tudo o que for necessário e a se
auxiliarem mutuamente para o bom e fiel cumprimento das obrigações estabelecidas
no presente instrumento.

Parágrafo único. A ARRENDATÁRIA, no ato da assinatura do presente contrato, será


imitida da posse da área arrendada, sendo-lhe garantida pelos ARRENDADORES a
mansa e pacífica posse da área para os propósitos aqui estabelecidos.

158
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Cláusula Terceira – Obrigações Dos Arrendadores

3.1 Para os fins do disposto na cláusula segunda, os ARRENDADORES se obrigam a:

a) ceder à ARRENDATÁRIA o uso e o gozo do terreno, para que nele seja instalado
parque eólico, que englobará a construção, manutenção e operação dos aeroge-
radores, bem como as construções ancilares necessárias descritas no Anexo I;

b) adotar todas as medidas cabíveis para garantir a mansa e pacífica posse da área, sem
prejuízo das eventuais providências que possam ser tomadas pela ARRENDATÁRIA;

c) pagar todos e quaisquer impostos incidentes sobre o imóvel arrendado, assim


como taxas ou contribuições fiscais ou para fiscais que recaiam ou venham recair
sobre o imóvel arrendado;

d) permitir a construção de rede elétrica, bem como das estações de transformação e


de conexão a serem ligadas aos geradores supra referidos;

e) permitir a construção das rodovias de acesso necessárias;

f) permitir a execução dos serviços necessários ao suprimento e à operação dos ae-


rogeradores;

g) contribuir com a ARRENDATÁRIA para a obtenção de todas as licenças necessárias;

h) assinar o plano de instalação final a ser preparado após a obtenção das licenças
necessárias, conforme a Licença Ambiental de Instalação e em conformidade com
todas e quaisquer condições impostas pelo Anexo II, sujeito a eventuais alterações;

i) permitir que a ARRENDATÁRIA ou terceiro por ela indicado instale os cabos neces-
sários no terreno a uma profundidade mínima de ____ metros da superfície do solo
e abaixo do nível da drenagem existente;

j) concordar que os aerogeradores a serem instalados no terreno sejam dados em


garantia pela ARRENDATÁRIA à instituição financeira de crédito.

k) Renunciar irrevogavelmente a qualquer direito de preferência na aquisição dos refe-


ridos geradores, bem como das construções ancilares necessárias, caso a ARREN-
DATÁRIA transfira ou ceda a terceiros os seus direitos decorrentes deste contrato;
(sugiro separar este item do anterior)

159
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

l) autorizar que a ARRENDATÁRIA providencie o isolamento da área, através da ins-


talação de cercas apropriadas;

m) concordar com a submissão do presente contrato à análise da instituição financeira


de crédito e com eventuais alterações do contrato conforme os termos e as condi-
ções por esta impostos;

n) não constituir sobre o terreno gravames de qualquer natureza durante a vigência


do contrato. Os ARRENDADORES se obrigam a consentir com a constituição do
gravame previsto na cláusula nona;

o) não turbar nem esbulhar a posse da ARRENDATÁRIA sobre o terreno e sobre as ins-
talações dos aerogeradores nele construídas, nem permitir que terceiros o façam;

p) reconhecer o direito da ARRENDATÁRIA ou de quem ela indicar de gerir e adminis-


trar os aerogeradores construídos no terreno;

q) notificar imediatamente a ARRENDATÁRIA sobre a existência de qualquer ameaça


à continuidade do arrendamento, garantindo-lhe o direito de praticar todos os atos
necessários à sua defesa;

r) garantir à ARRENDATÁRIA seus direitos como proprietária dos equipamentos e


instalações dos aerogeradores;

s) autorizar a ARRENDATÁRIA a fazer todas as declarações necessárias à construção


e operação do parque eólico;

t) consentir com todos os requerimentos para a consecução de licenças e/ou autoriza-


ções necessárias à construção e operação do parque eólico e dos aerogeradores;

u) nomear a ARRENDATÁRIA sua representante e bastante procuradora para a fina-


lidade específica de obtenção de licenças, autorizações, e demais documentos
necessários para a elaboração dos estudos, projetos e implantação do Parque Eó-
lico, correndo por conta da ARRENDATÁRIA todos os custos e despesas pertinentes
à obtenção desses alvarás, licenças e demais autorizações;

v) permitir que a ARRENDATÁRIA e seus representantes realizem a manutenção e os


consertos necessários nos aerogeradores,

w) permitir que a ARRENDATÁRIA e seus representantes utilizem as rodovias de acesso


aos referidos geradores;

160
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

x) não construir nem consentir com a construção de outros aerogeradores, prédios e/


ou obstáculos a uma distância igual ou inferior a ____m do terreno;

y) não contrair qualquer obrigação que permita a construção de prédios ou obstácu-


los na área referida no item (t) supra, salvo se a ARRENDATÁRIA der seu consen-
timento prévio por escrito. Os ARRENDADORES declaram não estar obrigados a
autorizar a construção de prédios ou obstáculos nesta área.

z) eximir a ARRENDATÁRIA de toda e qualquer responsabilidade por eventual perda


de colheita por parte dos ARRENDADORES;

aa) renunciar ao pagamento, pela ARRENDATÁRIA, de eventual diferença de preço,


caso o preço de venda do terreno seja inferior ao preço de mercado em razão da
existência dos aerogeradores;

ab) no caso de alienação do terreno, inserir no contrato de compra e venda cláusula


pela qual o adquirente se obriga a assumir todos os direitos e obrigações decorren-
tes deste contrato de arrendamento, sob pena de perdas e danos. A não inserção
da referida cláusula ensejará indenização por perdas e danos.

Cláusula Quarta – Obrigações da Arrendatária

4.1 Para os fins do disposto na cláusula segunda, a ARRENDATÁRIA se obriga a:

a) registrar o presente contrato no Cartório de Títulos e Documentos e no Cartório de


Registro de Imóveis;

b) obter todas as informações e documentos necessários à construção e operação


dos aerogeradores referentes a, entre outros, material, mão-de-obra, equipamento,
rodovias de acesso, infra-estrutura regional, comunicação, condições sanitárias,
licenças ambientais, bem como quaisquer outras licenças exigidas por lei;

c) instalar os cabos necessários a uma profundidade mínima de 0,8 metros da super-


fície do solo e abaixo do nível da drenagem existente;

d) instalar, operar e manter as linhas elétricas e os aerogeradores conforme as normas


e regulamentos técnicos aplicáveis;

e) notificar os ARRENDADORES por escrito do início dos trabalhos de construção dos


aerogeradores;

161
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

f) informar por escrito os ARRENDADORES de eventuais alterações do contrato impos-


tas pela instituição financeira de crédito, conforme item 3 (j) supra;

g) contratar seguro contra danos cuja cobertura se estenda a todas as instalações e


equipamentos dos aerogeradores;

h) comprovar aos ARRENDADORES a contratação do seguro referido no item supra;

i) indenizar os ARRENDADORES pelos danos causados dolosamente ou por negli-


gência, inclusive acidentes pessoais, danos ao solo e prejuízos financeiros, e quais-
quer restrições de uso causadas por meio da existência, operação, conserto e
remoção dos aerogeradores;

j) quando do término do contrato, remover os equipamentos e aerogeradores, salvo


previsão em contrário;

k) caso decida manter parcialmente a rede elétrica e fundações existentes no terreno,


a ARRENDATÁRIA se obriga a remover referidos equipamentos na faixa de solo que
compreende desde a superfície até ____ m de profundidade da superfície do solo.

l) preencher as cavidades no solo resultantes da remoção dos equipamentos men-


cionados no item (j) supra, de forma que a exploração agrícola do terreno seja
novamente reassegurada sem quaisquer restrições;

m) quando do término do contrato, requerer, às suas expensas, o cancelamento da


averbação do arrendamento à margem da matrícula do Terreno junto ao Cartório
de Registro de Imóveis.

n) assegurar o cumprimento das obrigações dispostas no ítem (i) acima.

Parágrafo único: para fins do disposto no ítem ( ) acima, o cumprimento das


obrigações será assegurado alternativamente mediante: (1) depósitos de quantia
(fundo de reserva) pré-estabelecida em tabela anexa a serem efetuados em conta
constituída para este fim ou (2) garantia bancária, no mesmo montante referido
no sub-ítem (1). O primeiro depósito dar-se-á ao final do quinto ano de operação
de cada gerador, devendo os depósitos subseqüentes ser realizados ao final dos
anos seguintes. O valor fixado para cada depósito anual refere-se a um ano de
operação de um gerador. O A ARRENDATÁRIA não mais estará obrigada a efetuar
referidos depósitos tão logo seja alcançado montante a ser fixado no quinto ano
de operação.

162
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Cláusula Quinta - Vigência

5.1 O contrato entrará em vigor na data de sua assinatura e vigerá durante


_____________ anos, contados a partir do dia ___ de ____________ do ano de entra-
da em operação comercial da central eólica, observados os itens 5.2 e 5.3 abaixo.

Parágrafo único: o parque eólico começará a operar assim que a ARRENDATÁRIA ob-
tiver as licenças necessárias e que o referido parque for conectado à rede elétrica pública.

5.2 O contrato poderá ser prorrogado por dois períodos consecutivos de _____
anos cada. A prorrogação dar-se-á mediante notificação escrita, a ser enviada pela
ARRENDATÁRIA aos ARRENDADORES até o dia 30 de junho do ano de término do
contrato. (sugiro estipular em dias. Ex: 180 dias para o término)

5.3 Se a vida útil dos aerogeradores for inferior ao prazo de vigência contratual,
este contrato terminará ao final do mês no qual os equipamentos e aerogeradores
referidos no item 4 (j) supra forem removidos do terreno. , salvo se houver interesse na
substituição ou se acarretar prejuízo em razão de repercussão em contrato conexo.

Cláusula Sexta – Rescisão

6.1 Qualquer das partes tem o direito de denunciar o contrato caso:

a) os trabalhos de construção do primeiro aerogerador não sejam iniciados até 5


(cinco) anos contados da assinatura do contrato;

b) a ARRENDATÁRIA não obtiver as licenças necessárias para a efetiva construção


e operação dos aerogeradores dentro do prazo de _________ anos contados da
data de assinatura do presente contrato;

c) a instalação de pelo menos um aerogerador não for concluída no prazo de


___________ anos contados da assinatura do presente contrato.

6.2 Tendo sido instalado um aerogerador, a não instalação de outros geradores no


terreno não implicará na rescisão do contrato.

6.3 A ARRENDATÁRIA poderá, a qualquer tempo, rescindir de forma unilateral o


presente contrato, se concluir que a implementação e operação do parque eólico é
economicamente inviável, em razão de:

163
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

a) impossibilidade de operação da central geradora eólica antes de


_____________.

b) negativas quanto à outorga de quaisquer autorizações governamentais para o


funcionamento do parque eólico;

c) restrições sobre uso da área impostas pela ARRENDANTE.

d) término ou rescisão do PPA (contrato de compra e venda da energia).

6.4 A rescisão unilateral do presente contrato pela ARRENDATÁRIA ficará condi-


cionada ao seguinte:

a) ter a ARRENDATÁRIA notificado a ARRENDANTE do fundamento da rescisão unila-


teral com antecedência de ______ dias da data de término do contrato; e,

b) estar a ARRENDATÁRIA em dia com o cumprimento de todas as suas obrigações


nos termos deste contrato.

Cláusula Sétima – Aluguel

7.1 O aluguel anual será de _____________________________ por MW instalado


no parque eólico, devido a partir do início da operação comercial do parque eólico.

a) o aluguel será dividido em ___ parcelas, cada uma delas paga até o _____ dia
útil do mês subseqüente ao trimestre civil transcorrido, aos ARRENDADORES ou a qualquer
pessoa ou agência autorizada pelos ARRENDADORES a aceitar esses pagamentos.

b) todos os pagamentos serão feitos contra a apresentação de documento de qui-


tação ou recibo, observado que os ARRENDADORES serão exclusivamente responsáveis
pelo recolhimento de todos os tributos incidentes sobre o presente arrendamento. Optando-
se por transferências bancárias, deverão os ARRENDADORES informar, oportunamente, o
número de suas contas bancárias à ARRENDATÁRIA, para que possa fazer a transferência
de fundos, necessitando ainda dos correspondentes recibos de pagamento.

c) o aluguel será atualizado anualmente com base na variação do IGP-M/FGV,


ocorrida a partir da data da assinatura do presente contrato, utilizando-se o valor dos
índices dos meses imediatamente anteriores aos referidos. No caso de extinção do
IGP-M, utilizar-se-á em substituição o novo índice indicado pelo Ministério das Minas e
Energia para correção dos valores econômicos correspondentes às fontes eólicas.

164
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Cláusula Oitava – Cessão e Transferência

8.1 Os direitos e as obrigações da ARRENDATÁRIA advindas do contrato, bem


como o terreno dos aerogeradores e as construções ancilares necessárias poderão
ser transferidos para terceiros, desde que a ARRENDATÁRIA notifique previamente por
escrito os ARRENDADORES dos termos de tal transferência.

Parágrafo único: a ARRENDATÁRIA tem o direito de permitir que terceiros utilizem


eventualmente o terreno arrendado gratuitamente ou mediante pagamento de remunera-
ção, sem que isto importe em cessão ou transferência do contrato.

8.2 Caso os ARRENDADORES tencionem transferir o domínio da área arrendada,


no todo ou em parte, deverão assegurar o direito de preferência da ARRENDATÁRIA
na aquisição do terreno, nos termos dos arts. 8º a 33 da Lei 8.245/91, que deverá
manifestar-se no prazo de ______ dias contados da notificação dos ARRENDADORES
cientificando sua intenção.

Parágrafo único. Caso a ARRENDATÁRIA não manifeste interesse na aquisição do terreno


e os ARRENDADORES venham a aliená-lo a terceiro, deverão cientificar o adquirente acerca
do presente instrumento e condicionar a transferência da titularidade do terreno à assunção,
pelo adquirente, dos direitos e deveres dos ARRENDADORES constantes neste contrato.

Cláusula Nona - Exploração Comercial

9.1 Os ARRENDADORES têm o direito de explorar comercialmente o terreno na


medida em que não obste ou impeça a ARRENDATÁRIA de construir, operar e manter
os aerogeradores e as construções ancilares necessárias.

Parágrafo único. Caso os ARRENDADORES decidam realizar plantio no Terreno


após a construção dos aerogeradores, esse correrá por sua conta e risco, de modo que
eventual problema e/ou perda na colheita, ainda que decorrente do funcionamento e
manutenção dos aerogeradores, não poderá ser imputada à ARRENDATÁRIA.

9.2 Os ARRENDADORES têm o direito de usar as rodovias de acesso construídas


pela ARRENDATÁRIA, para fins de exploração agrícola do terreno e de nelas dirigir
com veículos e máquinas agrícolas.

Parágrafo único: os ARRENDADORES não serão obrigados a manter as rodovias


de acesso, devendo tão somente repará-las quando houverem causado danos.

165
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Cláusula Dez – Confidencialidade

10.1 As partes contratantes se obrigam a manter sigilo em relação ao conteúdo


deste contrato. Referida obrigação não se aplica às informações:

a) que se encontrem ou venham a cair em domínio público sem que haja descumpri-
mento do dever de sigilo ora acordado;

b) que possam ser obtidas com não mais do que diligência razoável por terceiros;

c) cuja publicidade seja determinada por disposição legal, desde que tão somente
pessoas autorizadas por lei tenham acesso a elas;

d) transmitidas a qualquer órgão público ou privado, desde que exigidas no curso de


procedimentos dos quais a ARRENDATÁRIA ou os ARRENDADORES tomem parte;

e) que forem repassadas à instituição financeira de crédito e as seus representantes;

f) requeridas por consultores de qualquer das partes contratantes;

g) que forem transmitidas ao terceiro ao qual a ARRENDATÁRIA venha a ceder ou


transferir parcial ou integralmente seus direitos resultantes do presente contrato,
desde que aquele se obrigue a cumprir as presentes disposições.

Cláusula Onze – Disposições Gerais

11.1 Invalidade parcial: Caso qualquer das disposições deste contrato seja consi-
derada legalmente inválida e/ou ineficaz, ou caso este contrato contenha omissão, a
validade das disposições remanescentes não será afetada.

11.2 Instalação e Exploração de Rede de Telefonia: A ARRENDATÁRIA tem o


direito de instalar equipamentos para a operação de redes de telefonia móvel no terre-
no. Caso isso ocorra, os ARRENDADORES receberão da ARRENDATÁRIA _____% da
renda líquida proveniente da exploração da referida rede.

11.3 Exigência de Forma Escrita: Qualquer alteração ou aditamento ao contrato


deverá ser realizado por escrito.

11.4 Notificação: Qualquer notificação e/ou comunicação exigida deverá ser


feita por escrito e poderá ser entregue pessoalmente, enviada via fax ou pelo correio e
deverá ser considerada entregue conforme o seguinte:

166
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

a) se pessoalmente entregue, no momento da entrega à outra parte ou ao seu repre-


sentante;

b) se enviada via fax, no primeiro dia útil após a transmissão do documento com
confirmação de recebimento; ou

c) se enviado pelo correio, quando do recebimento do AR (aviso de recebimento).

Parágrafo primeiro: em caso de descumprimento de qualquer das obrigações do


presente contrato, a parte lesada notificará a outra por carta registrada com aviso de
recebimento, especificando a natureza do descumprimento. Sendo a notificação proce-
dente, o descumprimento deverá ser sanado no prazo de ____ dias.

Parágrafo segundo: para fins do disposto nesta cláusula, os endereços e números


de fax das partes serão os estabelecidos a seguir:

Para os ARRENDADORES:

Endereço:

Cel:

At:

Para a ARRENDATÁRIA:

Endereço: na Rua ___________________________________,

Cel.

167
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

12.5 Vias Originais: O contrato é firmado em ___ (quatro) vias de igual teor e
forma, na presença de duas testemunhas que assinam abaixo.

Local, data.

ARRENDATÁRIA: ARRENDADORES:

EMPRESA

Testemunhas:

Nome: Nome:

Identidade No.: Identidade No.:

CPF: CPF:

Anexo C: Modelo de Solicitação de Propostas

Muitas questões nesse modelo de RFP são comuns a qualquer RFP. No entanto,
freqüentemente, existem questões que são peculiares a um projeto em particular que
são incluídas em uma RFP. Por exemplo, algumas das linguagens no modelo de RFP
tratam do Crédito Fiscal de Produção (Production Tax Credit – PTC). O PTC é um
fator importante na economia da energia eólica nos Estados Unidos, e na época em
que a RFP foi escrita, era incerto quando e como o PTC seria renovado após 2003.
Enquanto que questões relacionadas com o PTC podem não ser relevantes para pro-
jetos fora dos Estados Unidos, a linguagem do PTC foi mantida no modelo de RFP
para fornecer um exemplo de como essa questão específica foi tratada na RFP. Podem
existir outros fatores peculiares de outros projetos os quais podem usar a linguagem
de PTC no modelo de RFP como um exemplo de como tratar incertezas na época em
que for redigida a RFP.

Esse modelo de RFP é apresentado como um exemplo apenas. Leitores são encora-
jados em consultar seus consultores para garantir que seus objetivos serão atingidos e
seus interesses serão protegidos antes de assinarem um contrato comprometedor.

168
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Solicitação de Propostas para Energia Eólica

[Emitente]
[data]

1. Introdução

Esse documento constitui uma Solicitação de Proposta (RFP) de terceiros qualifica-


dos (desenvolvedores) para fornecer energia para [companhia elétrica] de geração de
energia eólica. [Companhia elétrica] procura aproximadamente [___] MW de capa-
cidade nominal de fontes de energia eólica. Esse nível ajudará [companhia elétrica]
a atingir seu objetivo de alcançar [___]% de seus necessidades de recursos através de
recursos renováveis. [Companhia elétrica] reserva-se ao direito de adquirir mais de
[___] MW se tais aquisições forem consideradas proveitosas.

Propostas serão recebidas de desenvolvedores para contratos comprados de ener-


gia e ou arranjos através dos quais [companhia elétrica] adquiriria um interesse de
propriedade no projeto com energia fornecida em uma base “quando produzida” ou
“integrada” (formada). Uma proposta tem que oferecer um mínimo de [___] de capaci-
dade nominal para ser elegível para avaliação pela [companhia elétrica].

Propostas submetidas serão avaliadas usando-se um processo de dois estágios. No


primeiro estágio, será feita uma triagem das propostas para identificar o recurso indivi-
dualmente medido mais desejado conforme critérios como custo, localização e outros
limites. No segundo estágio, as propostas mais proveitosas identificadas no primeiro
estágio serão melhor avaliadas como parte do portfólio geral da [companhia elétrica]
para identificar aqueles que têm melhor desempenho (com base na eficiência de custos,
ambiental, integração técnica, risco e outras bases) em relação ao mix de recursos exis-
tentes e futuros da [companhia elétrica]. Esse processo de avaliação é melhor descrito
na Sessão 6. Aquelas propostas que melhor satisfazem as necessidades da [companhia
elétrica] podem então, dependendo do resultado das avaliações acima, serem levadas
adiante para mais discussões e eventualmente negociações de contratos potenciais (Con-
tratos Definitivos). Não há compromisso por parte da [companhia elétrica] de entrar em
negociações ou de no final adquirir, por contrato ou outros meios, qualquer proposta de
recurso recebida como parte desse processo de RFP, embora a intenção é que esse seja
o objetivo final. Para qualquer proposta de recurso que a [companhia elétrica] de fato
adquirir é esperado que o Contrato Definitivo englobará termos e condições substancial-
mente como descrito no modelo de contrato de compra de energia elétrica e de termo de
referência (se aplicável) que são anexados à RFP e fazem parte dela.

169
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Essa RFP é parte de um programa de aquisição de recursos de múltiplos passos e


estágios para adquirir um mix diversos de recursos novos, uma vez que as necessidades
de recursos da [companhia elétrica] aumenta com o tempo. Como parte de tal estra-
tégia, [companhia elétrica] antecipa que lançará RFPs adicionais para outros recursos
elétricos, já que as necessidades de recursos elétricos podem ser periodicamente revi-
sadas ao longo do tempo.

2. Produtos Requeridos

Essa RFP procura propostas de geração elétrica proveniente de energia eólica


sob dois cenários diferentes de contratação: (1) Contratos de Compra de Energia ou
(2) arranjos de propriedade da [companhia elétrica]. [Companhia elétrica] também
considerará arranjos que sejam combinações dos dois cenários. Dois cenários dife-
rentes de entrega de energia também são procurados: (1) quando produzida ou (2)
integrada (formada).

O cenário do “Contrato de Compra de Energia” antecipa uma proposta em confor-


midade com a qual o desenvolvedor adquiriria, construiria ou reteria a propriedade dos
recursos eólicos juntamente com responsabilidades operacionais com a [companhia
elétrica] comprando toda a produção (energia e capacidade) e atributos ambientais em
um ponto de entrega acordado. Um modelo de contrato de compra de energia eólica
que seria usado nesse cenário (e uma combinação dos dois cenários) é incluído como
Exibição 1 nessa RFP.

O cenário de arranjo de propriedade da [companhia elétrica] antecipa uma pro-


posta em conformidade com a qual a [companhia elétrica] possuiria o recurso. Isto
pode ser conseguido em vários estágios de desenvolvimento e usando uma variedade
de abordagens como o desenvolvimento conjunto pelo desenvolvedor e pela [compa-
nhia elétrica], o desenvolvimento pelo desenvolvedor e a posterior transferência para a
[companhia elétrica], compra inicial de energia pela [companhia elétrica] com a pos-
terior transferência da propriedade, ou outras abordagens que possam ser mutuamente
proveitosas. Embora a [companhia elétrica] queira considerar uma ampla gama de
arranjos, ao termo de referência incluído como Exibição 2 na RFP presume que a [com-
panhia elétrica] adquiriria seu interesse de propriedade no projeto antes do começo da
construção e financiaria sua participação na propriedade de forma pro rata.

A primeira entrega de energia assume que a energia é entregue à [companhia elé-


trica] assim que for produzida pelo projeto. Sob o segundo cenário, duas opções são
previstas, embora a [companhia elétrica] seja grata em receber propostas adicionais

170
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

criativas dos desenvolvedores. Sob o primeiro cenário, energia é fornecida é fornecida


no formato geral no qual foi produzida, mas é firmada e entregue depois de um período
acordado, por exemplo, um dia ou uma semana depois. Dessa forma, a energia pode
ser pré-programada como energia firme. Sob a segunda opção, formação sazonal se-
ria oferecida de forma que as entregas de energia provenientes da geração do projeto
ocorreriam de acordo com as necessidades sazonais da [companhia elétrica].

3. Desenvolvedores Elegíveis

Essa RFP aceitará propostas de todos desenvolvedores que satisfaçam as exigências


do projeto e estejam em conformidade com o as orientações do processo descrito aqui.

Companhias geradoras afiliadas a [companhia elétrica] não são elegíveis a res-


ponder a essa RFP. Entretanto, [companhia elétrica] considerará propostas de outras
companhias elétricas ou subsidiárias de companhias elétricas. [Companhia elétrica]
acredita que a consideração de propostas por outras companhias elétricas e ou suas
afiliadas pode aumentar o número de desenvolvedores qualificados e assim aumentar
a criatividade e a competitividade geral das respostas a essa RFP.

4. Requisitos das Propostas

As propostas devem incluir as seguintes informações:

4.1 Resumo do Projeto.

Descreve os produtos sendo oferecidos em resposta à RFP. As propostas devem


especificar claramente o tipo de contrato (Contrato de Compra de Energia e ou proprie-
dade da [companhia elétrica]) e tipo de fornecimento de energia (quando produzida ou
integrada) sendo oferecida. Qualquer proposta contemplando um Contrato de Compra
de Energia deve especificar o começo e o prazo do contrato. Para a propriedade da
[companhia elétrica] a data proposta de transferência deve ser indicada. Deve incluir
uma breve descrição da programação de fornecimento, sua relação com o nível atual
de produção do projeto, e, se for um recurso integrado (formado), a forma pela qual o
recurso seria formado. Resumir brevemente o projeto, incluindo elementos chave como
a localização, capacidade nominal total (em MW), produção anual esperada (em
MWh), produção mensal esperada, tipo de turbina a ser usada, fonte e duração dos
dados eólicos, plano de interconexão, arranjos de transmissão (se aplicável), questões
ambientais, questões de zonas e usos da terra, status de licenças juntamente com desa-
fios conhecidos e prováveis para as obter, financiamento planejado, compromissos de

171
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

financiamento, programação de construção proposta, outros participantes do projeto


(como donos do projeto para propósitos fiscais, outros compradores da produção para
expansões do projeto, se algum) e status atual e programação para a conclusão do
desenvolvimento e construção.

4.2 Descrição do Projeto.

A proposta deve incluir uma descrição detalhada incluindo as características do


projeto e do trabalho concluído até o momento. Inclua as seguintes informações e indi-
que se alguma informação exigida não é conhecida:

Localização do projeto. Identifique o local onde o projeto será localizado. Forneça


um mapa mostrando a localização das instalações principais. Forneça informação à
respeito do status e termos de arrendamentos, cessões de uso e ou outros documentos
de propriedade que demonstrem que o desenvolvedor tem o controle das propriedades
pretendidas para o projeto e direitos legais para construir, interconectar e operar o
projeto como descrito.

Tamanho do projeto, em área e em MW. Se o projeto pode ser expandido, por


favor descreva o potencial escopo e condições.

Layout do projeto, mostrando a colocação antecipada das turbinas e outras insta-


lações do projeto.

Descrição da área do terreno controlada relativa à localização das turbinas e o


potencial para desenvolvimento adicional de energia eólica.

Uma descrição do local, incluindo flora e fauna, proximidade de estruturas habi-


tadas, proximidade de áreas que podem ser sensíveis sob perspectivas ambientais,
culturais, comerciais e de segurança.

A descrição, tamanho, número e fabricante das turbinas eólicas que serão usadas.
Forneça um resumo das experiências comerciais de operação das turbinas escolhidas.
Se uma seleção final das turbinas ainda não tiver sido feita, liste os candidatos sendo
considerados e o status e programação do processo de seleção e qualquer compro-
misso do fabricante. Para cada turbina sendo considerada, forneça as seguintes infor-
mações:
• Especificações Técnicas;
• Tipo de torre e altura proposta do eixo;
• Data do projeto da turbina;

172
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Nível de certificação alcançada;


• Classe eólica IEC do projeto (I ou II);
• Curva de Potência ao nível do mar e densidade média do ar no local do projeto
em escala incremental de 0,5 m/s (em planilha de Excel e na proposta escrita);
• Resumo de garantias e garantias de desempenho fornecidas.

4.3 Projeções Energéticas

4.3.1 Dados Eólicos: Inclua na proposta qualquer relatório de avaliação dos recur-
sos eólicos, dados resumidos e a fonte subjacente dos dados que foi usada para prever
a produção de energia do projeto. Esses devem incluir:

A fonte e a base dos dados da velocidade do vento e os dados da velocidade do


vento usados no desenvolvimento das projeções energéticas para o projeto.

O propósito e a localização da coleta de dados da velocidade do vento, período


de registro, número de estações meteorológicas usadas dentro e fora do local, procedi-
mentos de averiguação de qualidade dos dados, níveis de medidas e recuperação sa-
zonal de dados, além da organização responsável pela coleta e análise dos dados.

O nome, endereço e informações para contato de todos os consultores meteorológicos.

A metodologia usada para desenvolver a velocidade anual e mensal estimada


para o longo prazo, altura do eixo da turbina, média anual da velocidade do vento e
distribuição de freqüência do vento para o local do projeto.

Distribuições de freqüência eólica representativas mensais e anuais dos eixos das


turbinas em intervalos de 0,5 m/s. Forneça essas tabelas na proposta escrita e separa-
damente em um arquivo de Excel.

Distribuição da produção anual e mensal esperada (em MWh) do projeto. É suge-


rido um gráfico mostrando a produção anual e mensal assim como valores tabulados e
uma planilha de Excel.

Produção horária típica de energia do projeto para um período de um ano em


formato eletrônico. Isso seria usado para avaliar as variações por hora do recurso.

4.3.2 Cálculo Energético. Forneça a análise usada para estimar a produção anu-
al, mensal e diária do projeto. Essa análise deve incluir pelo menos:

173
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Determinação da velocidade do vento para turbinas individuais no projeto, até o


máximo disponível dos esforços de micro-localização.

Cálculo da energia bruta produzida usando a distribuição de freqüência da veloci-


dade do vento e da curva de potência da turbina.

Cálculo de perdas energéticas com uma lista e quantificação de todas as fontes de


perdas consideradas e a base para quantificação.

Cálculo da produção energética líquida.

Se a proposta é para um produto integrado (formado para as necessidades da


[companhia elétrica], o método e tipo(s) de recursos a serem usados para dar forma à

produção de energia, uma descrição de quaisquer arranjos necessários para efe-


tuar tal integração ou formação, além do status de tais arranjos.

Forneça a programação de entrega de “quando produzida” e, se aplicável, a de


“integrada” (veja Exibição 7)

4.4 Experiência e Qualificações da Equipe de Projeto.

A proposta deve conter a seguinte informação mínima, indicando as qualificações


da equipe proposta do projeto para implementar e executar uma proposta em resposta
a essa RFP:

As organizações e pessoas chave responsáveis pela implementação do projeto, incluin-


do a identificação do gerente do projeto, seu mandato e escopo de responsabilidade.

Um organograma legal da entidade Um organograma gerencial

Projetos existentes pertencentes, desenvolvidos e ou operados pelo desenvolvedor


As pessoas ou organizações responsáveis pelas seguintes áreas:
• Avaliação dos recursos eólicos do projeto e projeções energéticas
• Financiamento do Projeto
• Desenho do Projeto, engenharia, suprimento e especificações de construção
• Desenho de interconexão e desenho de subestação
• Avaliações ambientais do projeto
• Zoneamento e aprovação do uso do terreno
• Licenças e aprovações relacionadas

174
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

• Adequação regulatória
• Construção e comissionamento do projeto
• Gerenciamento de risco e seguro
• Operação do projeto
• Manutenção do Projeto

Uma breve descrição de experiências relevantes das pessoas e organizações cha-


ve para suas áreas de responsabilidade listadas acima.

Contatos e referências (nome, título, endereço, telefone, e-mail e número de fax)


que tenham conhecimento sobre a experiência prévia em projetos eólicos dos partici-
pantes chave do projeto.

4.5 Aspectos Legais e Financeiros.

A proposta deve conter as seguintes informações pelo menos:

Uma descrição da estrutura e status do financiamento do projeto, as condições


relevantes das quais o financiamento depende e os marcos que devem ser alcançados
para assegurar tanto a construção quanto o termo de financiamento (como exigido)
para apoiar a programação.

Identificação e informação dos contatos de todos os consultores legais, consultores


financeiros e provedores de capital (dívida ou ativos) para o projeto até onde conheci-
do ou antecipado.

Demonstrativos financeiros (até [data]) para as entidades legais descritas na Sessão


4.4 acima e para qualquer outro indivíduo ou entidade que possa fornecer suporte
de crédito, reforço de crédito, títulos de fiança e garantias junto com os mais recentes
demonstrativos financeiros auditados, se disponível.

Uma descrição da estrutura e capitalização do projeto durante o seu desenvol-


vimento, fases de construção e operação comercial. Descreva todos os arranjos de
suporte financeiro antecipado e relações apropriadas com empresas controladoras,
subsidiárias e empreendimentos pertinentes à proposta, até onde se saiba.

Cartas de compromisso ou cartas de responsabilidade de corporações, bancos de


investimento, e ou bancos comerciais, indicando que o projeto foi ou é capaz viabilizar
a construção e de obter o financiamento permanente que seja necessário. Descreva

175
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

quaisquer cuidados e condições para os compromissos de financiamento que tais par-


tes possam ter descrito.

As qualificações de tais partes para fornecer, arranjar ou ajudar na obtenção de


financiamento necessário e arranjos de suporte de crédito.

Demonstrativos financeiros auditados, se disponíveis, ou outros demonstrativos fi-


nanceiros dos últimos 12 meses de todas as entidades, incluindo afiliadas envolvidas
na transação proposta. Essa informação tem o propósito de prover um indicativo da
habilidade e vontade do desenvolvedor para negociar de boa fé (e fazer com que
credores e sócios façam o mesmo). Os tipos de requisitos financeiros e de controle que
a [companhia elétrica] possa requerer são listadas na Sessão 9.4.

Um resumo das principais despesas de capital e operacionais e documentação


para dar suporte a razoabilidade das estimativas, incluindo um orçamento por itens
com um detalhamento dos custos de capital do projeto, além de custos de manutenção
e um detalhamento de todos os custos associados à aquisição e melhoramentos do
local, licenças, construção do projeto, testes e comissionamento, adequação às leis
ambientais ou outras regulamentações estaduais, federais ou locais, segurança, rotinas
operacionais e atividades de manutenção de acordo com a Exibição 6.

Projeções financeiras pro forma mostrando o fluxo de caixa projetado, demonstra-


tivo de resultados e o balanço, fontes e usos dos recursos, diagrama da programação
da construção, e a inclusão de todos os pressupostos. Pelo menos o pro forma deve
incluir o seguinte:
• Produção de energia e receita anual assumidas
• Despesas operacionais anuais incluindo operações de turbinas e de equipamentos
BoP49 e custos de manutenção, despesas administrativas gerais, honorários de
administração de ativos, arrendamentos de terras, impostos territoriais, seguro e
outras despesas.
• Custos de transmissão e serviços relacionados (se algum)
• Requisitos de serviço de dívida

50 BoP: Equipamentos Balance of Plant representam o somatório dos itens de custo,


excetuando-se os grandes itens (ex. Turbinas, torres e grupo gerador).

Índices de capacidade de pagamento (ano mais alto, ano mais baixo e média)

Depreciação (fiscal e contábil)

176
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Imposto de renda e créditos fiscais

Outros impostos

Exigências de capital de giro

Lucro líquido

Taxa de retorno contábil sobre o patrimônio líquido

Taxa de retorno interna não alavancada sobre o capital

Taxa de retorno interna alavancada sobre o capital

pro forma deve ser entregue em planilha de Excel assim como na proposta.

Ponto de Interconexão, Área de Controle e Ponto de Entrega. [Companhia


elétrica] aceitará a entrega da energia do projeto e da capacidade no Ponto de
Interconexão proposto pelo desenvolvedor ou no sistema da [companhia elétrica].
[Companhia elétrica] incluirá, em sua avaliação de propostas excluindo entrega no
sistema da [companhia elétrica], uma quantificação das cobranças de entrega ne-
cessárias ao transporte da energia do projeto para a [companhia elétrica] em uma
base firme. As propostas devem incluir uma declaração clara do Ponto de Interco-
nexão proposto, se a proposta contempla ou não a entrega à [companhia elétrica],
e a entidade proposta para gerenciar a área de responsabilidade de controle da
rede elétrica. Para propósito dessa RFP, o termo “Ponto de Interconexão” deve se
referir ao ponto no qual o projeto é conectado ao sistema de transmissão de alta
voltagem. Incluir todos os detalhes de interconexões elétricas planejadas e serviços
relacionados de transmissão, incluindo:

Ponto planejado interconexão, incluindo o status de


• Requisições de interconexão
• Estudos de impactos no sistemas
• Estudos das instalações
• Contrato(s) de interconexão
• Um plano comunicação de suporte de responsabilidades da área de controle
• Potenciais alternativas para arranjos de interconexão, se algum
• Contatos na companhia elétrica interconectora que podem ser contatados pela
[companhia elétrica]

177
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Planos para medição, incluindo uma descrição detalhada de como a medição da


produção real do projeto deve ser determinada.

Serviços de transmissão planejados, se algum, a serem incluídos com a proposta,


incluindo custo para energia firme e status de
• Serviços de transmissão assegurados e ou requisitados pelo desenvolvedor
• Estudos de impacto no sistema
• Estudos das instalações
• Disponibilidade esperada de transmissão
• Estimativas de custos de serviços de transmissão com detalhes de apoio
• Informação de contatos de representantes do provedor de transmissão que possa
ser contatado pela equipe de revisão a respeito de tais arranjos de transmissão.

Incluir cópias de qualquer Estudo de Impacto no Sistema concluído feito pelos


provedores de transmissão, e toda outra informação/correspondência obtida dos pro-
vedores de transmissão resultantes de requisições de transmissão e discussões que foram
feitas até a data. Na ausência de estudos oficiais, qualquer informação disponível à
respeito dos custos de transmissão/interconexão e confiabilidade devem ser fornecidos
com o máximo de documentação de suporte possível.

4.7 Status do Desenvolvimento do Projeto e Programação.

A proposta deve incluir as seguintes informações a respeito do status das atividades


do desenvolvimento do projeto.

4.7.1 Programação.

Fornecer, em um formato como o diagrama de Gantt, a melhor estimativa de pro-


gramação disponível das várias atividades do projeto cobrindo o período desde o
início do controle do local e medições dos recursos eólicos no local até a data proposta
de operação comercial. Incluir um item de programação para cada desenvolvimento
importante do projeto, atividade de interconexão incluindo o recebimento da notifica-
ção formal da companhia elétrica para prosseguir quando aprovado. Indique quais
ações foram tomadas ou terão que ser tomadas para garantir que a programação seja
cumprida (como efetuar pedidos de equipamento com grande antecedência) e oportu-
nidades potenciais para melhorar a programação.

178
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

4.7.2 Controle do Local.

Fornecer o status do controle do local, incluindo direitos sobre o vento, vias de


acesso, e cessões de uso de corredores de transmissão necessários para construir,
interconectar, operar e manter as instalações em termos de percentual concluído e um
cronograma para concluir o trabalho. Exemplo de sessão de uso, arrendamento, ou
contrato de opção de arrendamento com proprietários do terreno e outros documentos
que demonstrem a extensão do controle do local e os direitos legais para executar o
projeto como descrito podem ser incluídos como anexos.

4.7.3 Revisão Ambiental.

Discutir questões ambientais conhecidas para desenvolver e operar, incluindo im-


pactos visuais, questões aviárias e níveis limites de ruído. Fornecer cópias de todos estu-
dos da vida selvagem ou outros estudos ambientais e avaliações que tenham sido feitos
relacionadas ao local e ao projeto. Descrever metodologias de tais estudos e identificar
as pessoas ou empresas que conduziram e concluíram o trabalho. Se tais estudos estive-
rem em progresso, descrever o escopo e a programação para a conclusão e identificar
pessoas ou firmas fazendo os estudos e metodologias a serem empregadas. Descrever
medidas que serão tomadas para minimizar a mortalidade das aves, ruídos, e impactos
visuais do projeto. Discutir planos para engajar a comunidade e ativistas ambientais
para apoiar o projeto.

4.7.4 Licenças.

Identificar todos as licenças do projeto com ênfase especial nas licenças principais
(como um uso condicional ou certificação local) requisitados para construir e operar o
projeto. Discutir o status atual dos pedidos e procedimentos, a programação para a
obtenção de licenças e aprovações principais, e a abordagem a ser usada. Delinear o
processo planejado para envolver residentes locais e outras partes afetadas no proces-
so de planejamento/licença.

4.7.5 Requisitos de Construção de Interconexão/Transmissão.

Baseado em pontos de interconexão identificados, discutir todos os planos de cons-


trução, status e programação para:

Novas linhas de postes; Modernizações de linha;

Trabalho na subestação para completar a interconexão;

179
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Medições e comunicações, ambos pelo desenvolvedor e a companhia elétrica


interconectora;

Cessões de uso, direitos de passagem, ou propriedade controlada para qualquer


instalação de transmissão nova ou outra forma de interconectar o projeto eólico.

Incluir o status de controle sobre os direitos de passagem requeridos para qualquer


nova instalação de transmissão necessária. Incluir informação sobre propriedade e
responsabilidade de manutenção, e a disponibilidade de longos prazos de entrega
de equipamentos elétricos, como transformadores, que serão requisitados para apoiar
o projeto. Informação de medição deve incluir uma descrição detalhada de como a
medição da produção real do projeto deve ser determinada e como a configuração da
medição foi incluída na determinação da produção do projeto.

4.7.6 Construção.

Descrever arranjos e compromissos (contratos, cartas de intenção, memorando de


entendimento) que foram feitos, se algum, para a construção do projeto.

4.7.7 Testes.

Resumir os testes a serem conduzidos antes da aceitação das turbinas do fabricante e


da conclusão do projeto e os testes a serem conduzidos antes da operação comercial do
projeto. Possíveis testes devem incluir desempenho energético para turbinas e o projeto,
testes de disponibilidade, aceitação de SCADA, aceites de sistemas de distribuição, e
outros que demonstrarem desempenho do projeto e instalações associadas de acordo
com leis aplicáveis, regulamentações, licenças e contrato de compra de energia.

4.7.8 Operação & Manutenção.

A proposta deve descrever claramente as operações e plano de manutenção para


o projeto incluindo a identidade de entidades ou pessoas responsáveis pelas atividades
principais e uma lista de peças sobressalentes iniciais e seus valores aproximados, os
procedimentos para assegurar a disponibilidade de peças sobressalentes e outras ope-
rações, questões de manutenção e logística.

5. Proposta Preço(s).

[Companhia Elétrica] prevê várias opções potenciais para preços do projeto. Para
Contratos de Compra de Energia, esses incluem:

180
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Um preço fixo por kWh para energia e atributos ambientais produzidos

Pagamentos fixos mensais ou anuais para o projeto para compensar operações,


manutenção e custos de propriedade.

Pagamentos fixos mais custos variáveis.

Uma combinação dos itens acima ou outras alternativas adequadas que possam
ser propostas.

Todo o resto permanecendo igual, [companhia elétrica] prefere uma estrutura de


preços que espelhe de perto a estrutura de custos real do projeto. Dessa forma, os
interesses do desenvolvedor com respeito à programação energética e despacho são
alinhados.

Para arranjos de propriedade da [companhia elétrica], termos alternativos de com-


pra podem incluir:

Compra pela [companhia elétrica] dos direitos de desenvolvimento na conclusão


do estágio de desenvolvimento com o desenho, suprimento e construção sendo de
responsabilidade da [companhia elétrica] com a possibilidade de uma função limitada
contínua para o desenvolvedor.

Compra e operação irrestrita do projeto pela [companhia elétrica] na data da


operação comercial ou no final do período de garantia da turbina (desenvolvedor deve
fornecer treinamento para o pessoal da [companhia elétrica])

Desenvolvimento em conjunto e propriedade pela [companhia elétrica] e o desen-


volvedor.

Compra do projeto pela [companhia elétrica] com o desenvolvedor tendo a respon-


sabilidade principal pelo desenvolvimento e operação contínua.

Compra do projeto pela [companhia elétrica] na operação comercial com a opera-


ção pelo desenvolvedor (ou o preposto do desenvolvedor, como o fabricante da turbina
eólica) por um período de tempo específico durante o qual o desenvolvedor forneceria
treinamento para o pessoal de operações da [companhia elétrica].

Uma combinação dos itens acima ou outras alternativas que possam ser propostas
pelo desenvolvedor.

As propostas de preços devem especificar preços fixos e pagamentos variáveis,

181
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

taxas evolutivas a serem aplicadas caso existam, e todas outras informações de preços
para [companhia elétrica] avaliar por completo a proposta. Em todos os casos, os
proponentes devem prever na sua proposta de preço que o modelo de contrato de
compra de energia e de termo de referência a compra pela [companhia elétrica] de um
interesse no projeto. Anexa a essa RFP estará a base para qualquer Contrato Definitivo
potencial com a [companhia elétrica].

6. Atributos Ambientais

Todas as propostas devem manifestar que todo e quaisquer Atributos Ambientais


associados ao projeto juntar-se-ão à propriedade e benefício de uso da [companhia
elétrica].

7. Outros Requisitos

7.1 Assinatura e Certificações.

A proposta deve conter a assinatura do oficial propriamente autorizado ou agente


do desenvolvedor submetendo a proposta. O oficial do desenvolvedor propriamente
autorizado ou agente deve certificar por escrito que:

A proposta do desenvolvedor é genuína; não feita por interesse de, ou em nome de,
qualquer pessoa, firma ou corporação desconhecida; e não está submetida à conformida-
de com o contrato de regras de nenhum grupo, associação, organização ou corporação.

O desenvolvedor não induziu diretamente ou indiretamente ou solicitou a nenhum


outro desenvolvedor para submeter uma proposta vazia ou falsa.

O desenvolvedor não induziu diretamente ou indiretamente qualquer outra pessoa,


firma ou corporação a evitar apresentar uma proposta.

O desenvolvedor não procurou por conluio obter para si mesmo qualquer vanta-
gem sobre outro desenvolvedor.

7.2 PTC – Risco não Considerado [Companhia Elétrica].

Todas as propostas devem reconhecer e declarar que a [companhia elétrica] renun-


cia e não deve assumir qualquer risco associado à expiração do Crédito Fiscal Federal
de Produção (Federal Production Tax Credit – PTC) em 31de dezembro de 2003, ou o
desenvolvedor ou outra habilidade da entidade do projeto em utilizar o PTC.

182
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

7.3 Sem Transferência.

Todas as propostas devem declarar que no caso do desenvolvedor e a [companhia


elétrica] negociar e assinar Contratos Definitivos baseados na proposta do desenvol-
vedor, o Contrato Definitivo e obrigações associadas não devem podem ser vendidas,
transferidas, encomendadas ou oferecidas como garantia ou colaterais para qualquer
obrigação sem a prévia permissão escrita da [companhia elétrica].

7.4 Divulgação de Conflito de Interesse.

Todos os desenvolvedores devem divulgar em suas propostas qualquer e todas re-


lações entre eles, o projeto e ou membros de sua equipe do projeto e da [companhia
elétrica] ou seus empregados.

7.5 Validade e Prazos.

Todas as propostas devem especificar a data até a qual a proposta é válida.


Propostas devem manifestar também as datas até as quais os Contratos Definitivos
devem estar concluídos e aprovados pela diretoria ou outro corpo administrativo da
[companhia elétrica] e do desenvolvedor para dar suporte à programação do projeto
proposto.

8. Requisitos de Crédito.

[Companhia elétrica] reserva-se ao direito de requerer garantias adequadas de


crédito que podem incluir, mas não estar limitadas a, garantia corporativa de empresa
controladora e ou carta de crédito em um formulário, valor, e de uma empresa contro-
ladora ou uma instituição financeira aceitável para a [companhia elétrica]. No evento
da [companhia elétrica] antecipar essas garantias de crédito adicionais que podem ser
requeridas de um desenvolvedor, a [companhia elétrica] reserva-se ao direito de reque-
rer que o desenvolvedor responda por escrito à respeito de sua intenção de fornecer tais
garantias de crédito antes do começo das negociações em qualquer contrato definitivo.
“Garantias adequadas de crédito” devem incluir, mas não estar limitadas a, o valor
associado aos prejuízos liquidados por falha no desempenho com base no mercado,
atrasos na construção, falha em satisfazer níveis mínimos de disponibilidade de turbinas
eólicas e ou outras formas de falhas ou não desempenho. Favor ver sessão 9.2.5 dessa
RFP a respeito do Processo de Avaliação para assuntos que [companhia elétrica] con-
siderará ao avaliar o risco estrutural e financeiro associado às propostas de projeto. O
desenvolvedor deve estar atento para o fato de que [companhia elétrica]pode requerer

183
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

controle negativo em conjunto com qualquer que possa ser incluído no modelo de con-
trato de compra de energia (Exibição 1) ou modelo de termo de referência (Exibição 2)
em todo e quaisquer Contratos Definitivos que o desenvolvedor ou [companhia elétrica]
possa assinar em conexão com a proposta do desenvolvedor.

9. Processo de Avaliação

Aquelas propostas elegíveis que atendam a exigência crítica inicial de [] MW de


capacidade nominal, estará sujeita a um ou ambos estágios dos seguintes dois estágios
do processo de avaliação:

9.1 Primeiro Estágio de Avaliação.

No estágio 1, propostas elegíveis serão examinadas e avaliadas por [companhia


elétrica] de acordo com os seguintes critérios:

Classificação de preços do recurso comparada à estimativa de custos evitados da


[companhia elétrica] para recursos genéricos de energia eólica (veja Exibição 3 dessa
RFP). O conjunto particular de custos evitados usados dependerá de se a proposta
contempla um contrato de compra de energia, propriedade de [companhia elétrica],
ou alguma combinação. Todos os custos de transação como impostos e risco de trans-
ferência serão incluídos na avaliação.

Tamanho do Projeto & Produção Mensal: Propostas individuais devem oferecer


pelo menos [] MW de capacidade nominal. [Companhia elétrica] prefere recursos de
grande dimensão e que forneçam energia mensal adequada à sua exigência de carga
como ilustrado na Exibição 4 dessa RFP. Uma avaliação inicial da qualidade dos dados
do recurso eólico submetida ao desenvolvedor será feita durante esse estágio.

Se a proposta é para um projeto novo recentemente concluído: Um dos objetivos


dessa RFP é de ajudar no desenvolvimento de novos recursos eólicos e assim ajudar em
uma indústria sustentada e viável. Para esse fim, e dadas outras considerações, [com-
panhia elétrica] preferirá novos recursos a recursos pré-existentes.

Proximidade e disponibilidade de transmissão e o status e programação para


a conclusão de contratos de transmissão necessários. O desenvolvedor deve ser
responsável por arranjar a interconexão de transmissão com o sistema de trans-
missão de alta voltagem para projetos localizados fora da área de controle da
[companhia elétrica], transmissão para pontos acordados no sistema de transmis-
são da [companhia elétrica].

184
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Status e programação para a conclusão de desenvolvimento do projeto incluindo


recursos financeiros do desenvolvedor e progresso feito em assegurar licenças necessá-
rias, terras, equipamentos, e outros fatores necessários para um projeto completamente
comercialmente operacional.

Data proposta para operação comercial e completa disponibilidade do projeto:


Para ajudar a assegurar o benefício máximo para os consumidores da [companhia
elétrica], [companhia elétrica] prefere propostas que forneçam garantias substanciais
de que o projeto estará on-line por [_______]. Isto é para capturar o benefício de uma
programação de bônus fiscal de depreciação que resultará em custo mais baixo para
os consumidores da [companhia elétrica]. Entretanto, projetos com datas on-line tardias
serão avaliadas.

O tipo de proposta, como por exemplo o contrato de compra de energia ou pro-


priedade da [companhia elétrica] ou combinação: Todos outros fatores permanecendo
os mesmos, propriedade é de interesse significativo para [companhia elétrica] e con-
tratos de compra de energia de longo prazo (até 20 anos ou mais) são preferidos em
relação aos de curto prazo.

Experiência e história de sucesso de desenvolvimento de projetos eólicos similares.

Localização do Projeto: Tem que estar localizado em [________________], com


preferência para locais dentro da área de serviço da [companhia elétrica] que contribui
para o desenvolvimento econômico da comunidade hospedeira consistente com prefe-
rências da comunidade local.

Aquelas propostas que melhor satisfaçam, no julgamento exclusivo da [companhia


elétrica], os critérios acima e forneçam montante de recursos suficientes estarão então
sujeitas a um segundo estágio de avaliação.

9.2 Segundo Estágio de Avaliação.

No estágio 2, [companhia elétrica] avaliará propostas dentro do portfólio da [com-


panhia elétrica] de recursos existentes e antecipados. Os seguintes critérios serão usa-
dos no estágio 2:

9.2.1 Análise do Portfólio.

A avaliação pela [companhia elétrica] de propostas de energia eólica submetidas


à essa RFP incluirão uma análise dos impactos de cada proposta nos custos e riscos

185
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

para o portfólio geral de recursos da [companhia elétrica]. Essa análise irá além da
avaliação de propostas isoladamente. A análise do portfólio para uma determinada
proposta avaliará como o recurso proposto (incluindo custos da proposta, custos de
transmissão, custos de integração, forma de geração sazonal, etc) interagiria com ou-
tros recursos existentes e planejados no portfólio geral da [companhia elétrica] e com
as cargas elétricas de varejo da [companhia elétrica]. A análise também levará em
conta efeitos de dívida introduzidos associados a contratos de compra de energia,
efeitos finais para recursos com diferentes vidas e outros fatores. O resultado da análi-
se de portfólio inclui impactos no valor presente líquido de custos em 20 anos para o
portfólio geral e impactos no portfólio de risco (medido como variabilidade no portfólio
de custos).

Uma integração de custo integrada será incluída na análise de portfólio que quan-
tificará, até onde se souber, o custo de se integrar o recurso eólico ao sistema da [com-
panhia elétrica] em tempo real e outras bases. A integração de custos será baseada
na melhor estimativa da [companhia elétrica] até o momento, mas é reconhecido que
a informação para analisar a integração de custo não é atualmente bem conhecida e
constituirá a melhor estimativa da [companhia elétrica] apenas. [Companhia elétrica]
pretende continuar com sua aquisição de recursos eólicos através desse processo de
RFP e avaliará ainda mais e refinará a integração de custos como ganhos de experi-
ência da [companhia elétrica] com recursos eólicos e a integração de recursos eólicos
nesse portfólio e sistema de recurso elétrico.

9.2.2 Risco

Um componente importante da análise de propostas será a consideração de ris-


co para [companhia elétrica] e seus consumidores. [Companhia elétrica] avaliará os
ricos de forma própria: 1) Incerteza de custos, volatilidade de preços, incerteza da
produção e outros fatores desse tipo que podem ser incluídos na Análise de Portfólio na
Sessão 9.2.1 acima; 2) Outras incertezas que serão avaliadas, mas não se prestam
à análise numérica. Essas incluem coisas como incertezas ou outros riscos associados
à tecnologia, desempenho, operações, transações, vendedores de apoio, construção,
conclusão do projeto, programação, custo de capital e outros.

9.2.3 Habilidade do Projeto para Fornecer como Proposto.

O terceiro critério de avaliação no estágio 2 será uma avaliação mais detalhada


da habilidade do projeto de fornecer o nível de energia esperada durante o prazo
proposto do projeto. Isso será avaliado usando alguns ou todos os critérios abaixo:

186
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Probabilidade de cumprir com a data de começo da operação comercial:


• Racionalidade da programação do projeto;

• Situação e dificuldades das licenças;

• Compromissos em prazos longos de entrega de equipamentos;

• Racionalidade de orçamentos do projeto e pro forma;

• Probabilidade de financiamento;

• Viabilidade de interconexão e situação do processo;

• Habilidade de documentar transações financeiras propostas dentro das exigências


de programação.

Confiança em projeções energéticas de longo prazo:


• Qualidade e quantidade de dados do local;

• Dados de referência de longo prazo;

• Experiência das partes em fazer projeções energéticas;

• Histórico de turbinas propostas;

• Opinião por escrito e análise de um consultor meteorológico reconhecido nacional-


mente sobre a racionalidade da quantidade e forma da produção de energia.

9.2.5 Experiência da equipe do projeto.

Esse critério de avaliação considerará os fatores listados na Sessão 4.4 dessa RFP.

9.2.6 Garantias e Reputação de Crédito.

Esse critério de avaliação incluirá uma análise da reputação de crédito do desen-


volvedor e qualquer pessoa que fornecerá qualquer garantia oferecida a [companhia
elétrica] na proposta.

9.2.7 Propósito Ambiental e Público.

Esse critério incluirá uma análise da magnitude dos potenciais impactos ambientais,
a capacidade absoluta do plano em identificar e mitigar esses impactos independen-
temente de se a proposta resulta em um novo recurso sendo adicionado, além do nível
de suporte ou oposição de partes interessadas externas.

187
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

9.3 Resultados da Avaliação do Estágio 2.

Na conclusão da avaliação do estágio 2, [companhia elétrica] selecionará pro-


postas para uma maior discussão com o desenvolvedor(es) e potencialmente seguir
adiante com as negociações dos termos e condições de Contrato Definitivo.

10. Negociações Pós-Propostas e Obtenção de Contratos

É intenção da [companhia elétrica] de negociar fatores relacionados ou não a pre-


ços durante qualquer negociação pós-proposta com o desenvolvedor de quem a pro-
posta seja selecionada para mais discussões na conclusão da avaliação do estágio 2.
É também intenção da [companhia elétrica] incluir qualquer fator adicional que possa
impactar os custos de um projeto e de constantemente atualizar suas avaliações e riscos
econômicos e até o momento em que [companhia elétrica] e o desenvolvedor possam
assinar Contratos Definitivos. Como parte de uma avaliação contínua da proposta,
[companhia elétrica] pode requerer que o desenvolvedor arque com os encargos e cus-
tos de uma terceira parte selecionada pela [companhia elétrica] para rever e verificar
os recursos eólicos e estimativas energéticas.

Contratos Definitivos, caso existam, serão baseados no resultado dessas contínu-


as avaliações e negociações. [Companhia elétrica] não tem nenhuma obrigação de
assinar um Contrato Definitivo com qualquer desenvolvedor respondendo a essa RFP e
pode finalizar ou modificar essa RFP a qualquer tempo sem dívida ou obrigação com
qualquer desenvolvedor. Essa RFP não deve ser entendida como uma forma de prevenir
a [companhia elétrica] de assinar qualquer contrato que é ela considere prudente a
qualquer tempo, durante ou depois que esse processo de RFP seja concluído. [Compa-
nhia elétrica] reserva-se ao direito de negociar apenas com aqueles desenvolvedores
e outras partes que proponham transações que [companhia elétrica] acredite, em sua
exclusiva opinião, terem uma razoável probabilidade de serem executada substancial-
mente como proposta.

11. Programação da RFP

O processo de RFP ocorrerá de acordo com a seguinte programação:

[_______] Emitir Rascunho da RFP

[_______] [Companhia elétrica] Audiência Pública sobre o Rascunho da RFP

[_______] Fim do período de 60 dias para comentários sobre o Rascunho da RFP

188
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

[_______] Aprovação Regulatória da RFP

[_______] Emitir a RFP Final

[_______] Sediar Conferência Pré-Proposta

[_______] Prazo para Submissão de Propostas

[_______] Selecionar Propostas, Notificar Desenvolvedores.

[_______] Assinar Carta(s) de Intenção

Programação acima é sujeita a ajustes baseados em literatura regulatória.

12. Informação de Contato e Submissão de Propostas

Uma cópia lacrada da proposta, juntamente com todos os anexos e arquivos ele-
trônicos devem ser submetidos via correio, serviço de entrega, ou entrega em mãos
à [companhia elétrica] no endereço descrito abaixo. Todas as respostas devem ser
recebidas até [hora e data]. Perguntas e requisições de informações adicionais devem
também ser dirigidas à pessoa e endereço descrito abaixo. Todos os custos para par-
ticipar desse processo de RFP, incluindo a preparação de propostas, negociações, etc
são de responsabilidade do desenvolvedor.

Contato para o encaminhamento de propostas, perguntas e requisições: [nome],


[título], [telefone], [fax], [e-mail]

Endereço para postagem: [______________]

Endereço para serviço de entrega (courier) ou entrega em mãos:


[_______________]

13. Confidencialidade e Divulgação

Exceto quando exigido por lei ou para propósitos regulatórios, [companhia elé-
trica] manterá a confidencialidade da informação contida nas propostas submetidas.
Somente funcionários da [companhia elétrica], conselheiros legais, consultores financei-
ros ou outros contratados que estejam diretamente envolvidos nesse processo de RFP
ou quem tenha a necessidade de saber por razões comerciais serão permitidos a ver
propostas submetidas.

189
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Desenvolvedores devem identificar as partes de suas proposta que eles não quei-
ram que sejam reveladas para terceiros escrevendo nessas partes da proposta o termo
“Confidencial” em cada página. Se a [companhia elétrica] for requisitada a fornecer
tais informações, o desenvolvedor deve ser responsável por defender o status confiden-
cial da informação. O desenvolvedor deve ser responsável por custos legais e todos
outros custos incorridos na proteção da informação confidencial.

Como exigido por lei, [companhia elétrica] tornará disponível para o público um re-
sumo de todas as propostas recebidas e a classificação final de todas essas propostas.
Todas as informações fornecidas para a [companhia elétrica], ou geradas internamente
pela [companhia elétrica] devem permanecer de propriedade da [companhia elétrica]
e não devem estar disponíveis para qualquer entidade antes, durante ou depois desse
processo de RFP, a não ser que exigido por lei ou resolução. As propostas e todos os
materiais relacionados não serão devolvidos para os desenvolvedores. [Companhia
elétrica] reterá todas as informações pertinentes a esse processo de RFP por um período
de no mínimo sete anos ou até que [companhia elétrica] conclua sua próxima revisão
tarifária, o que seja mais tardio.

Conjuntamente, os modelos e dados usados pela [companhia elétrica] no seu pro-


cesso de avaliação não serão fornecidos aos desenvolvedores ou a terceiros a não ser
que exigido por lei, resolução ou necessidade comercial.

O Contrato de Confidencialidade padrão é incluído como Exibição 5 dessa RFP.


Desenvolvedores devem assinar o Contrato de Desenvolvimento e incluir dois originais
assinados com suas propostas. [Companhia elétrica] assinará o Contrato de Confiden-
cialidade e retornar um contrato assinado para o desenvolvedor.

14. Documentos

1. Modelo do contrato de Compra de Energia

2. Modelo do Termo de Referência de Propriedade

3. Agenda de Custos Evitados

4. Necessidade Mensal de Recursos da [Companhia Elétrica]

5. Contrato Mútuo de Confidencialidade

6. Modelo para Pro Forma Financeiro

7. Modelo para Programação de Fornecimento de Energia

190
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Anexo D: Modelo de Contrato de Compra e Venda


de Energia

Este anexo contém um modelo de Contrato de Compra e Venda de Energia (PPA –


Power Purchase Agreement), baseado em um PPA recentemente celebrado nos Estados
Unidos, relativo a um projeto de energia eólica. No referido caso, uma empresa priva-
da é proprietária do projeto e uma empresa pública, fornecedora de energia elétrica, é
adquirente da energia. Termos descritivos que identificariam o projeto foram excluídos
do texto.

Vários assuntos são comuns a qualquer PPA, como preço, prazo de vigência do
acordo (anos) e forma de pagamento.

No entanto, muitas vezes há assuntos que são específicos a um projeto em particu-


lar, sendo incluídos em um PPA. Por exemplo, alguns termos constantes deste modelo de
PPA referem- se ao Production Tax Credit (PTC – Crédito de Imposto sobre a Produção),
e se todas as turbinas eólicas do projeto seriam instaladas antes que o PTC expirasse,
no final de 2003.O PTC é um fator importante no setor de energia eólica da economia
dos Estados Unidos. Quando o PPA foi redigido, a prorrogação ou não do PTC além
de 2003, bem como o momento em que esta ocorreria, era incerta. Embora assuntos
relacionados ao PTC possam ser irrelevantes para projetos situados fora dos Estados
Unidos, a linguagem do PTC foi deixada neste modelo de PPA, com o intuito de ofere-
cer um exemplo do tratamento deste assunto em particular. É possível que existam outros
fatores, específicos a outros projetos, que possam utilizar a terminologia do PTC, empre-
gada neste modelo de PPA, como um exemplo do tratamento de incertezas, presentes
à época em que o PPA foi escrito.

Este modelo de PPA é apresentado apenas a título de exemplo. Recomenda-se


que os leitores busquem assessoria jurídica antes de firmarem qualquer tipo de acordo
vinculante, garantindo, assim, a consecução de seus objetivos e a proteção de seus
interesses legais.

191
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

[Nome do Projeto]

CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE ENERGIA


(Power Purchase Agreement – PPA)

Entre

[Nome do Comprador]
como Comprador

[Nome do Vendedor]
como Vendedor

Datado de ______________, _____

ÍNDICE DE CONTEÚDO

ARTIGO 1º DEFINIÇÕES.................................................................................1
1.1 Definições............................................................................................1

ARTIGO 2º COMPRA E VENDA DE ENERGIA....................................................8


2.1 Compra e Venda...................................................................................8
2.2 Preço de Compra..................................................................................8
2.3 Compensações, Concessões e Créditos..................................................10
2.4 Fatura e Pagamento.............................................................................10
2.5 Título e Risco de Perda.........................................................................11
2.6 Restrições ao Vendedor.........................................................................11
2.7 Restrições ao Comprador......................................................................12
2.8 Transmissão; Créditos de Transmissão......................................................13
2.9 Expansão do Projeto Eólico; Novos Projetos Eólicos...................................14
2.10 Procedimentos Operacionais; Comunicação............................................15

ARTIGO 3º CONDIÇÕES PRECEDENTES, TERMO, RESCISÃO E INADIMPLÊCIAS........16


3.1 Condições às Obrigações do Vendedor..................................................16
3.2 Condições às Obrigações do Comprador...............................................17
3.3 Termo/Prorrogações............................................................................17
3.4 Aprovação Regulatória.........................................................................17
3.5 Rescisão Antecipada............................................................................17
3.6 Inadimplências e Remédios Jurídicos.......................................................18

192
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ARTIGO 4º MENSURAÇÃO E MEDIÇÃO........................................................20


4.1 Equipamento de Medição.....................................................................20
4.2 Medidas............................................................................................21
4.3 Testagem e Correção...........................................................................21
4.4 Manutenção e Registros........................................................................23

ARTIGO 5º DECLARAÇÕES, GARANTIAS E PACTOS.........................................23


5.1 Declarações e Garantias do Vendedor....................................................23
5.2 Declarações e Garantias do Comprador.................................................24
5.3 Pactos do Vendedor.............................................................................25
5.4 Pactos do Comprador..........................................................................25

ARTICLE 6º INDENIZAÇÃO E SEGURO...........................................................25


6.1 Indenização Geral...............................................................................25
6.2 Indenização por Violação de Patente......................................................26
6.3 Seguro..............................................................................................26

ARTIGO 7º APROVAÇÕES GOVERNAMENTAIS...............................................27


7.1 Aprovações Governamentais – Obrigação do Vendedor............................27
7.2 Assistência do Comprador....................................................................27

ARTIGO 8º DIVERSOS..................................................................................27
8.1 Informações Sigilosas...........................................................................27
8.2 Sucessores e Cessionários; Cessão.........................................................29
8.3 Gravames de Financiamento.................................................................30
8.4 Notificações.......................................................................................31
8.5 Força Maior.......................................................................................32
8.6 Aditamentos.......................................................................................32
8.7 Renúncias Abdicativas..........................................................................32
8.8 Renúncia a Perdas e Danos Conseqüentes...............................................32
8.9 Subsistência.......................................................................................33
8.10 Separação.........................................................................................33
8.11 Lei Regente.........................................................................................33
8.12 Solução de Controvérsias.....................................................................33
8.13 Renúncia ao Julgamento por Tribunal do Júri..............................................33
8.14 Sem Terceiros Beneficiários....................................................................34
8.15 Sem Órgãos.......................................................................................34
8.16 Cooperação.......................................................................................34
8.17 Garantias Adicionais...........................................................................34
8.18 Cabeçalhos; Interpretação....................................................................34
8.19 Acordo Integral...................................................................................34
8.20 Outras Vias........................................................................................34
8.21 Serviço de Previsão.............................................................................35

193
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE ENERGIA

Este CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE ENERGIA (este “Contrato”) é firmado


neste dia [____] de [_____________], 2003, entre [Nome do Comprador], uma [socie-
dade anônima / companhia limitada / pessoa física / etc.] (“Comprador”) e [Nome
do Vendedor], uma [sociedade anônima / companhia limitada / pessoa física / etc.]
(“Vendedor”). O Comprador e o Vendedor são individualmente tratados de “Parte”, e
coletivamente de “Partes.”

T E S T E M U N H A M:

CONSIDERANDO QUE o Vendedor pretende desenvolver, em um local ou em


locais situados a [__________________], uma instalação de energia elétrica eólica, ten-
do uma capacidade nameplate agregada inicial de aproximadamente [_____] MW;

CONSIDERANDO QUE o Vendedor deseja vender e o Comprador deseja comprar e


receber energia elétrica, em atacado, do Projeto Eólico (conforme definido neste documen-
to), observando-se todos os termos e condições estabelecidos no presente instrumento; e

CONSIDERANDO QUE o Comprador é uma entidade pública, fornecedora de


energia elétrica, comprometida com a geração, o fornecimento, a distribuição e a ven-
da, em mercado livre e atacadista, de potência e energia elétrica em [________].

ENTÃO, POR CONSEGUINTE, as Partes definidas neste instrumento, tendo refleti-


do sobre o quanto aqui exposto, resolvem celebrar o presente compromisso legal, que
se regerá pelas seguintes cláusulas e condições:

ARTIGO 1º

DEFINIÇÕES

1.1 Definições.

A menos que o contexto, no qual estejam inseridos os termos, requeira interpre-


tação diversa: (i) os termos em letra maiúscula, utilizados neste Contrato, terão os
significados especificados neste Artigo 1º; (ii) a palavra no singular incluirá seu plural,
e vice-versa; (iii) referências a “Artigos”, “Seções,” “Programas,” “Anexos,” “Apêndi-
ces” ou “Documentos” (caso haja) referir-se-ão aos artigos, seções, programas, anexos,
apêndices ou documentos inseridos no presente instrumento; (iv) subentender-se-á que
todas as referências a uma determinada entidade incluirão a citação de seus sucessores
e cessionários autorizados;

194
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(v) as expressões “neste instrumento,” “neste documento” e “no presente instrumen-


to” referir-se-ão a este Contrato como um todo, e não a uma determinada seção ou
subseção;

(vi) todos os termos contábeis que não forem definidos, especificamente, neste ins-
trumento, serão interpretados de acordo com os princípios contábeis de uso comum nos
Estados Unidos da América, tendo estes aplicação consistente; (vii) subentender-se-á que
todas as referências feitas a este Contrato incluirão uma referência a todos os apêndices,
anexos, programas e documentos nele inseridos, como este poderá ser aditado, modifica-
do, complementado ou substituído, periodicamente; e (viii) o masculino incluirá o feminino e
o gênero neutro, e vice-versa. As Partes prepararam este Contrato em conjunto e nenhuma
das provisões nele inseridas serão interpretadas em detrimento de uma das Partes, sob a ale-
gação de que a referida Parte seria a autora do Contrato ou de qualquer de suas seções.

“Afiliada” significará, no tocante a qualquer Pessoa, (i) cada Pessoa que, direta ou
indiretamente, controlar, for controlada por, ou estiver exercendo o controle conjuntamente
com a referida Pessoa; (ii) qualquer Pessoa que for proprietária ou titularbeneficiária de dez
porcento (10%) ou mais de qualquer título mobiliário, com ou sem direito a voto, da referida
Pessoa, ou dez porcento (10%) ou mais da participação patrimonial eqüitativa da referida
Pessoa; ou (iii) qualquer Pessoa da qual a referida Pessoa for proprietária ou titular benefici-
ária de dez porcento (10%) ou mais da participação patrimonial eqüitativa. Para fins desta
definição, “controle” (incluindo, com significados correlatos, os termos “controlado por” e
“exercendo o controle junto a”), utilizado no tocante a qualquer Pessoa, significará a posse,
direta ou indireta, do poder de dirigir ou causar a direção da gerência e das diretrizes de
tal Pessoa, seja por meio da aquisição de títulos mobiliários, por contrato ou outros.

“Base Pós-Imposto” significará, quando referir-se ao pagamento percebido ou con-


siderado como tendo sido percebido por qualquer uma das Partes, o valor de tal pa-
gamento (o “Pagamento Base”), acrescido de outro pagamento (o “Pagamento Adicio-
nal”), feito à Parte, de forma que a soma do Pagamento Base e o Pagamento Adicional
será - após a dedução do valor de todos os impostos devidos pela Parte, relativos à
percepção ou acumulação do Pagamento Base e do Pagamento Adicional (levando-se
em consideração quaisquer créditos ou deduções atuais ou prévios, surgidos a partir
do fato gerador do pagamento, o Pagamento Base e o Pagamento Adicional) - igual
ao valor devido. Tais cálculos serão realizados sob a presunção de que o recebedor
está sujeito à incidência de tributação federal, utilizando-se a mais alta taxa legal
aplicável a pessoas jurídicas durante o período ou períodos relevantes, à incidência
da tributação estadual e municipal, utilizando-se a mais alta taxa legal aplicável às
pessoas jurídicas, envolvidas em atividades de negócios em [__________________], e

195
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

considerarão a dedutibilidade (para fins do Imposto de Renda Federal) da tributação


estadual e municipal.

“Suplentes” terá o significado estabelecido em Seção 2.10.

“Lei Aplicável” significará, quando referir-se a qualquer uma das Partes, todas as
leis, estatutos, códigos, decretos, tratados, leis municipais, normas, decisões judiciais,
mandados, resoluções, liminares, regras, regulamentos, aprovações governamentais,
licenças e permissões, portarias e requerimentos de quaisquer órgãos reguladores e
outras autoridades governamentais, em cada caso aplicável a ou obrigatório para a
Parte, ou, no caso do Vendedor, o Projeto Eólico.

“Representante Autorizado” terá o significado estabelecido em Seção 2.10.

“Taxa Contratual de Base” terá o significado estabelecido em Seção 2.2.

“Dia Útil” significará todo Dia, à exceção dos Sábados, Domingos, ou quaisquer
Dias em que os bancos em [________________] tenham permissão ou sejam obrigados
a permanecerem fechados.

“Data de Funcionamento Comercial” significará a data em que todas as Turbinas


do Projeto Eólico serão postas em funcionamento, em conformidade com este Contra-
to, sendo tal data determinada pelo Vendedor por notificação escrita ao Comprador;
ressalvando-se, contudo, que a testagem das Turbinas sob as diversas condições do
vento, seguindo-se as recomendações feitas pelo seu fabricante, realizada após a Data
de Funcionamento Comercial, não atrase a Data de Funcionamento Comercial.

“Ano Contratual” significará os Dias, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, in-


cluindo estas datas, referentes a qualquer ano. O primeiro Ano Contratual terá início no
primeiro dia 1º de janeiro a ocorrer após a Data de Funcionamento Comercial.

“Quantidade de Energia Contratual” significará [_____________] kWh por Ano-


Contratual.

“Data de Início da Construção” significará o Dia em que o concreto será derra-


mado na primeira fundação, sobre a qual uma torre de turbina eólica, integrante do
Projeto Eólico, será erigida.

“Dia” significará um período de 24 horas consecutivas, a começar às 00:00 horas


[zona temporal] em qualquer dia do calendário, findando às 24:00 horas [zona tem-
poral] no mesmo dia do calendário.

196
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

“Ponto de Entrega” significará o ponto, descrito mais detalhadamente em Documen-


to B, no qual as Instalações de Interconexão do Vendedor se conectarão às Instalações
de Transmissão do Provedor de Transmissão.

“Parte Divulgadora” terá o significado estabelecido em Seção 8.1.

“Energia” é um termo utilizado para expressar a energia elétrica gerada pelo Pro-
jeto Eólico.

“Evento de Inadimplemento” terá o significado estabelecido na Seção 3.6.

“Promulgação de Prorrogação” significará a promulgação de legislação, pelos


Estados Unidos da América, que tiver por efeito a prorrogação da data além do dia
31 de dezembro de 2003; segundo esta, os projetos de geração de energia deverão
encontrar-se em funcionamento, para estarem aptos a candidatar-se aos créditos do
imposto sobre a produção, conforme estabelecido no Internal Revenue Code (Código
da Receita Federal), Seção 45.

“EWG” significará um “exempt wholesale generator” (gerador isento atacadista),


conforme definido no Public Utility Holding Company Act (Lei das Empresas Controla-
doras de Serviços Públicos) de 1935, conforme emendas realizadas e regulamentos
promulgados a partir desta data.

“Acontecimento de Força Maior” significará a ocorrência de um evento que, integral


ou parcialmente, impeça ou atrase o cumprimento de qualquer obrigação, surgida nes-
te Contrato; mas o evento apenas se caracterizará como de Força Maior se, e na medi-
da em que: (i) o referido evento não possa ser, direta ou indiretamente, razoavelmente
controlado pela Parte afetada; (ii) o referido evento, apesar da atuação razoavelmente
diligente da Parte afetada, por esta não possa ser prevenido, evitado ou removido;
(iii) a Parte afetada tenha tomado todas as precauções razoáveis e medidas possíveis
para evitar a repercussão de tal evento sobre sua habilidade de cumprir as obrigações
assumidas neste Contrato, e mitigar suas conseqüências; (iv) o referido evento não seja
um resultado, direto ou indireto, de negligência ou falha de tal Parte no cumprimento de
qualquer das obrigações assumidas neste Contrato; e (v) o referido evento enquadre-se
em uma ou mais das seguintes categorias: (a) caso fortuito ou ato de inimigo público,
terrorismo, guerra - seja esta declarada ou não -, bloqueio, insurreição, perturbações da
ordem social, perturbação civil, desordens públicas, rebelião, manifestações violentas,
revolução ou sabotagem; (b) qualquer efeito resultante de elementos naturais incomuns,
incluindo incêndio, subsidência, terremotos, inundações, relâmpagos, furacões, tem-
pestades particularmente violentas ou ocorrências cataclísmicas ou outras calamidades
naturais incomuns; (c) contaminação ambiental ou de outro tipo no Projeto Eólico ou de

197
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

forma a afetá-lo; (d) explosão, acidente ou epidemia; (e) ação ou omissão governamen-
tal; (f) greves gerais, greve patronal ou outros tipos de mobilização coletiva / industrial
por parte de trabalhadores e funcionários, ou outras dificuldades de ordem trabalhista;
(g) a falha no funcionamento do Projeto Eólico ou de outra instalação ou equipamento;
(h) acidentes de navegação, perigos no mar, colapso ou avaria das embarcações,
acidentes em portos, cais, canais ou outros itens que prestam assistência a, ou comple-
mentem, o embarque ou a navegação, ou quarentena; (i) acidentes aéreos, naufrágios
ou acidentes de trem; e (j) a existência ou os efeitos de uma condição descrita em (a),
(b), (d), (e), (f) ou (i), que resulte em, ou cause a indisponibilidade ou limitação, relativa
à transmissão de Energia, das Instalações Transmissoras do Provedor de Transmissão ou
do Sistema Transmissor do Provedor de Transmissão; ressaltando-se, contudo, que não
constituirá Força Maior a falta de dinheiro ou as mudanças nas condições de mercado,
inclusive, sem limitação, a incapacidade do Comprador de vender, comercializar ou
re-comercializar a Energia, seja no mercado de varejo, atacado ou de outra forma.

“Acordo de Previsão” terá o significado estabelecido na Seção 8.21.

“Interrupção Forçada” significará uma falha, não planejada, em um componente


ou outra condição que requeira o desuso imediato do Projeto Eólico, ou das Instalações
de Interconexão do Vendedor (ou de uma parte substancial destas).

“Órgão do Governo” significará qualquer entidade do governo federal, estadual,


local, territorial, tribal ou municipal e qualquer departamento, comissão, conselho, se-
cretaria, agência, repartição, setor judicial ou administrativo destas, que tiver jurisdição
sobre o Projeto Eólico, o Comprador ou o Vendedor, conforme o caso.

“Informação” terá o significado estabelecido na Seção 8.1.

“Taxa Inicial” terá o significado estabelecido na Seção 2.2.

“Acordo de Interconexão” significará o acordo mutuamente firmado entre o Prove-


dor de Transmissão e o Vendedor, segundo o qual as Instalações de Interconexão do
Vendedor e as Instalações de Interconexão do Provedor de Transmissão serão construí-
das, operadas e mantidas durante a vigência do Contrato.

“Horas-Quilowatt” ou “kWh” significará uma unidade de Energia equivalente a um


quilowatt de potência, fornecida ou extraída de um circuito elétrico durante uma hora.

“Mutuário” ou “Mutuários” significará toda e qualquer Pessoa, ou seus sucessores em


participação patrimonial, que emprestarem dinheiro ou crédito para: (i) a construção e o
financiamento, a prazo limitado ou permanente, do Projeto Eólico; (ii) para o capital de

198
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

giro, ou quaisquer outros requerimentos comuns aos negócios, do Projeto Eólico (inclusive
a manutenção, reparo, substituição ou melhoria do Projeto Eólico); (iii) para qualquer
financiamento de desenvolvimento, financiamento ponte, apoio de crédito, incremento de
crédito, ou proteção da taxa de juros em conexão com o Projeto Eólico; ou (iv) para a
compra do Projeto Eólico e dos direitos a este relacionados do Vendedor.

“Interrupção para Manutenção” significará uma interrupção no funcionamento


do Projeto Eólico ou de Instalações de Interconexão do Vendedor (ou de uma
parte substancial desta) em vista de serem realizados trabalhos em componentes
específicos; os referidos trabalhos podem ser adiados, mas precisam que seja
interrompido o funcionamento do Projeto Eólico antes que se realize a próxima
Interrupção Programada. As Interrupções para Manutenção podem ocorrer a qual-
quer tempo no decurso do ano, possuem datas iniciais flexíveis e podem ou não
ser de duração predeterminada.

“Quantidade Máxima de Energia Transmitida por Hora” significará [___] MW.

“Medidor do Consumo de Eletricidade” significará um instrumento ou instrumentos


que, respeitando os padrões aplicáveis da indústria elétrica, é utilizado para mensurar
e registrar o volume e outras características de transmissão requeridas pela energia
elétrica transmitida através deste Contrato.

“MW” significará megawatt.

“Melhorias na Rede” significarão as adições, modificações e melhorias realizadas


no Sistema Transmissor do Provedor de Transmissão, além do Ponto de Entrega, para
acomodar a Interconexão do Projeto com o Sistema Transmissor do Provedor de Trans-
missão, como poderá ser definido em maior detalhe no Acordo de Interconexão.

“Procedimentos Operacionais” terão o significado estabelecido na Seção 2.10


deste instrumento.

“Companhia Controladora Garantidora” significará [_______________].

“Data de Funcionamento Comercial Parcial” significará o Dia seguinte à data em


queas Instalações de Interconexão do Vendedor e as Instalações de Transmissão do
Provedor de Transmissão forem implantadas e testadas, e uma (1) ou mais Turbinas do
Projeto Eólico forem capazes de produzir e transmitir Energia ao Ponto de Entrega, de
forma confiável.

“Parte” terá o significado estabelecido no primeiro parágrafo deste Contrato.

199
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

“Pessoa” significará pessoa física, parceria, sociedade anônima, truste comercial,


sociedade por ações, truste, associação de fato (não constituída legalmente), socie-
dade em conta de participação, autoridade governamental, sociedade por quotas de
responsabilidade limitada ou qualquer outra entidade de qualquer natureza.

“Interrupção Programada” significará a interrupção integral ou de uma parte subs-


tancial do Projeto Eólico ou das Instalações de Interconexão do Vendedor, em vista
da realização de reparos, programados com antecedência e tendo duração prede-
terminada, de forma que a parte agregada da Capacidade Total, indisponível para
a produção de Energia, seja, por isso, igual a ou exceda em dez porcento (10%) a
Capacidade Total.

“Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003” terão o significado estabelecido na


Seção 2.2.

“Taxa de Juros para Clientes Preferenciais” significará a taxa de juros (às vezes
denominada de “taxa base”) aplicada aos grandes empréstimos comerciais, cedidos
a entidades com crédito na praça. A referida taxa é periodicamente anunciada por
Citibank, N.Y. (New York), ou seu banco sucessor. Caso tal taxa não seja anunciada,
então valerá a taxa periodicamente publicada em The Wall Street Journal como sendo
a “Taxa de Juros para Clientes Preferenciais”(se mais de uma taxa for publicada, consi-
derar-se-á a média aritmética destas). Em ambos os casos, a taxa será determinada a
partir da data em que a obrigação de pagar juros surgir, mas sob hipótese alguma será
utilizada taxa maior que a permitida pela Lei Aplicável.

“Práticas Operacionais Prudentes” significarão as práticas, os métodos e os pa-


drões deprudência, perícia e diligência profissionais, empregados ou aprovados por
uma parte significativa da indústria geradora de energia elétrica, para as instalações
operantes nos Estados Unidos, de tamanho, tipo e desenho semelhantes, que, a um
determinado tempo, utilizando-se bom senso e à luz dos fatos conhecidos à época,
seriam esperados para se atingir os resultados queridos, em conformidade com leis,
regulamentos, noções de confiabilidade, segurança, proteção ambiental, códigos apli-
cáveis e padrões de economia e rapidez.

“Energia Comprada” terá o significado estabelecido na Seção 2.1 deste Contrato.

“Companhia Controladora Garantidora do Comprador” significará a garantia


da Companhia Controladora Garantidora, datada a partir da data em que este
Contrato for celebrado, observando-se a forma estabelecida em Documento D,
anexo a este.

200
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

“Serviço de Transmissão do Comprador” significará os direitos do Comprador so-


bre o serviço de transmissão de [_____] linha kV, que liga a Estação [___________]
com a Estação [__________] .

“Parte Receptora” terá o significado estabelecido na Seção 8.1.

“Nível Máximo de Funcionamento Requerido” terá o significado estabelecido na


Seção 2.7 (b).

“Instalações de Interconexão do Vendedor” significarão as instalações de Intercone-


xão, os aparelhos de controle e proteção, e as instalações de medição

requeridas para ligar o Projeto Eólico ao Sistema Transmissor do Provedor de Trans-


missão, a fim de atingir os propósitos deste Contrato até, do ponto de vista do Vende-
dor, o Ponto de Entrega.

“Quantidade em Déficit” significará, para qualquer Ano Contratual, a quantidade


de Energia Comprada, acrescida da quantidade de Energia Comprado que teria sido
transmitida ao Comprador se não fossem as restrições constantes da Seção 2.7 do
presente instrumento, que for menor que a Quantidade de Energia Contratual para tal
Ano Contratual.

“Site” significará o bem imóvel, situado a [_____________], em que o Projeto


Eólico esteja sendo ou será implantado, de acordo com descrição geral, constante do
Documento C, anexo a este instrumento.

“Tarifa” significará a Tarifa de Acesso Livre à Transmissão do Comprador, datada


_______________.

“Termo” terá o significado estabelecido na Seção 3.3 deste Contrato.

“Capacidade Total” significará: (i) antes da Data de Funcionamento Comercial, a


capacidade nameplate agregada de todas as Turbinas que o Vendedor cogita instalar
no Projeto Eólico, conforme estabelecido em notificação escrita, submetida pelo Vende-
dor ao Comprador na data ou antes da data em que o Vendedor enviar, ao Compra-
dor, sua declaração inicial de Energia Comprada, consoante o disposto na Seção 2.4;
e (ii) na data e após a Data de Funcionamento Comercial, quando ocorrer qualquer
determinação desta, a capacidade nameplate agregada de todas as Turbinas que
forem instaladas no Projeto Eólico, em cada caso expressa em quilowatts; ressalvando-
se, porém, que o Vendedor não transmitirá mais que [____] MWh de Energia, sob este
Contrato, em um único período de hora durante o Termo.

201
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

“Crédito de Transmissão” significará qualquer crédito de transmissão, direito de


transmissão, direito fixo ou benefício semelhante, requerido pela Tarifa ou por qualquer
Lei Aplicável, para ser fornecido ao Vendedor em compensação pelos custos das Me-
lhorias na Rede.

“Provedor de Transmissão” significará [______________] ou qualquer sucessor ao


Sistema Transmissor do Provedor de Transmissão.

“Instalações de Interconexão do Provedor de Transmissão” significará as instalações


de Interconexão, aparelhos de controle e proteção e instalações de medição requeridas
para ligar o Sistema Transmissor do Provedor de Transmissão ao Projeto Eólico até, do
ponto de vista do Provedor de Transmissão, o Ponto de Entrega.

“Sistema Transmissor do Provedor de Transmissão” significará as instalações para a


transmissão de Energia do Ponto de Entrega do Projeto Eólico ao sistema de distribuição
elétrica ao mercado varejista ou atacadista do Comprador, conforme o caso.

“Turbina” significará um único sistema gerador de turbina eólica, incluindo a torre,


pad, transformador e sistema controlador.

“Projeto Eólico” significa todas as estruturas elétricas e equipamentos propostos,


pelo Vendedor, para gerar eletricidade por meio do emprego de energia eólica re-
novável, localizada no Site, inclusive as Instalações de Interconexão do Vendedor,
conforme descrito em detalhe em Documento A, e quaisquer acréscimos, substituições
ou modificações.

ARTIGO 2o
COMPRA E VENDA DE ENERGIA

2.1 Compra e Venda.

De acordo com os termos e condições deste instrumento, e sujeitos expressamente


às provisões da Seção 2.3, a começar na Data de Funcionamento Comercial Parcial
e seguindo- se no decurso do Termo deste Contrato, o Vendedor concorda em vender
e transmitir ao Comprador e o Comprador comprará e aceitará do Vendedor no Ponto
de Entrega, a Energia produzida pelo Projeto Eólico e transmitida ao Ponto de Entrega;
ressalvando-se, contudo, que o Vendedor não transmitirá mais que [__] MWh de Ener-
gia sob este Contrato em qualquer período único de hora durante o Termo (a “Energia
Comprada”).

202
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

2.2 Preço de Compra.

O Vendedor venderá e o Comprador adquirirá Energia Comprada, de acordo


com os termos deste Contrato: (i) durante o período que começar no Dia Comercial
de Funcionamento Parcial, até a data em que as Turbinas, tendo uma capacidade
nameplate agregada igual a cinqüenta porcento (50%) da Capacidade Total, fo-
rem instaladas e estiverem produzindo Energia a uma taxa de [_______________]
($_____) por kWh (tal taxa, a “Taxa Inicial”); e (ii) a começar no Dia seguinte à data
em que as Turbinas, tendo uma capacidade nameplate agregada igual a cinqüen-
ta porcento (50%) da Capacidade Total, forem instaladas e estiverem produzindo
Energia deste momento em diante, durante o período remanescente do Termo, a
uma taxa de [_______] ($_____) por kWh (a “Taxa Contratual de Base”) (acrescida
de qualquer quantia adicional requerida, de acordo com o parágrafo final desta
Seção 2.2).

Não obstante o quanto exposto, as Partes concordam que 31 de dezembro de


2003 será a data em que os projetos de geração de energia elétrica deverão ser
postos em funcionamento, para estarem aptos, assim, a receberem os créditos do im-
posto sobre a produção, conforme dispõe o Internal Revenue Code (Código da Receita
Federal), Seção 45. As Partes concordam em cooperar para assegurar que todas as
Turbinas do Projeto Eólico estejam em funcionamento no dia, ou antes do dia 31 de de-
zembro de 2003. Caso menos de cem porcento (100%) das Turbinas do Projeto Eólico
estejam em funcionamento até o dia 31 de dezembro de 2003, o Comprador adqui-
rirá e o Vendedor venderá uma quantidade de Energia igual a cem porcento (100%)
da Energia produzida pelas Turbinas em funcionamento no dia 31 de dezembro de
2003, a uma Taxa Contratual Base ou a uma Taxa Inicial, conforme o caso, (acrescida
de qualquer quantidade adicional requerida, de acordo com o parágrafo final desta
Seção 2.2). O Vendedor não será obrigado a instalar Turbinas Pós 31 de Dezembro
de 2003 no Projeto Eólico.

Além disso, caso menos de cem porcento (100%) das Turbinas do Projeto Eólico
estejam em funcionamento até o dia 31 de dezembro de 2003, conforme já mencio-
nado, e o Vendedor pretenda instalar Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003 sessenta
(60) dias após esta data, o Vendedor proporá, por escrito, a venda, ao Comprador,
de cem porcento (100%) da Energia das Turbinas do Projeto Eólico que não estejam em
funcionamento até o dia 31 de dezembro de 2003, mas que forem postas em funciona-
mento no Projeto Eólico no dia ou antes de uma data subseqüente a 31 de dezembro
de 2003 (“Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003”), conforme poderá ser mutuamente
acordado entre as Partes, nos seguintes termos:

203
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(i) no caso de Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003 que não tenham sido bene-
ficiadas por nenhuma Promulgação de Prorrogação, a um preço razoável, do ponto de
vista comercial, estabelecido pelo Vendedor (acrescido de qualquer quantia adicional
requerida, em conformidade com o parágrafo final desta Seção 2.2). O Comprador
aceitará ou rejeitará tal oferta, por escrito, dentro de trinta (30) Dias, a contar do re-
cebimento da oferta. Se o Comprador não tiver aceito a oferta dentro de trinta (30)
Dias, o Vendedor poderá propor a venda de cem porcento (100%) da Energia gerada
pelas Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003 a terceiros; ressalvando-se, contudo,
que o Vendedor não proporá a venda desta Energia a terceiros durante o período de
noventa (90) Dias que se seguir ao final dos trinta (30) Dias, mencionados na cláusula
precedente, a um preço que seja mais favorável a terceiros que o preço proposto ao
Comprador, mencionado neste subparágrafo; e

(ii) no caso das Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003 que tenham sido benefi-
ciadas por uma Promulgação de Prorrogação, à Taxa Contratual de Base ou à Taxa
Inicial, conforme

o caso (acrescido de qualquer quantia adicional requerida, de acordo com o pará-


grafo final desta Seção 2.2). O Comprador aceitará ou rejeitará tal oferta, por escrito,
dentro de trinta (30) Dias, a contar do recebimento da oferta. Se o Comprador não tiver
aceito a oferta dentro de trinta (30) Dias, o Vendedor poderá propor a venda de cem
porcento (100%) da Energia gerada pelas Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003 a
terceiros; ressalvando-se, contudo, que

o Vendedor não proporá a venda desta Energia a terceiros durante o período de


noventa (90) Dias que se seguir ao final dos trinta (30) Dias, mencionados na cláusula
precedente, a um preço que seja mais favorável a terceiros que o preço proposto ao
Comprador, neste subparágrafo.

Não obstante qualquer dispositivo em contrário, presente neste instrumento, não


estando todas as Turbinas do Projeto Eólico em funcionamento até o dia 31 de dezem-
bro de 2003 por Acontecimento de Força Maior, e tendo ocorrido uma Promulgação
de Prorrogação, caso o Vendedor coloque as Turbinas Pós 31 de Dezembro de 2003
em funcionamento, o Comprador adquirirá e o Vendedor venderá uma quantidade de
Energia igual a cem porcento (100%) da Energia produzida pelas referidas Turbinas,
à Taxa Contratual de Base ou à Taxa Inicial, conforme o caso (acrescido de qualquer
quantia adicional requerida, de acordo com o parágrafo final desta Seção 2.2).

Além de estabelecer o direito e a obrigação de adquirir a Energia Comprada do


Vendedor, de acordo com os dispositivos deste instrumento, este Contrato não será in-

204
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

terpretado para criar, a favor do Comprador, e o Comprador ora renuncia a qualquer


direito, título ou participação patrimonial sobre qualquer parte do Projeto Eólico.

Em acréscimo aos valores normalmente devidos pelo Comprador, de acordo


com esta Seção 2.2, o Comprador pagará (e indenizará e guardará o Vendedor
a salvo de, em uma Base Pós- Imposto) todos os impostos incidentes sobre os rendi-
mentos brutos, o uso, o consumo, a transferência e outros tributos semelhantes (“Im-
postos de Transferência”); porém, excetuando-se, em todos os casos, os impostos
incidentes sobre a receita líquida e cobrados por qualquer autoridade tributária,
surgidos de ou em relação à compra ou venda da Energia Comprada (sendo irrele-
vante se os Impostos de Transferência sejam devidos pelo Comprador ou Vendedor),
acrescidos de quaisquer juros, penalidades ou acréscimos aplicados a tais Impostos
de Transferência.

2.3 Compensações, Concessões e Créditos.

Com a exceção do quanto estabelecido no Programa 1 deste Contrato, o Compra-


dor terá direito sobre e deterá todos os direitos, títulose participações patrimoniais em
quaisquer compensações, concessões e créditos renováveis ou outros créditos ganhos
por ou atribuíveis (A) ao Projeto Eólico e (B) à Energia Comprada, incluindo, sem limita-
ção, a Federal Clean Air Act (Lei Federal Anti-Poluente do Ar) [incluindo, sem limitação,
o Título IV das Emendas de 1990 ao Federal Clean Air Act (Lei Federal Anti-Poluente
do Ar)] e quaisquer leis, normas ou regulamentos, estaduais ou federais, que forneçam
compensações, concessões e créditos, relacionadas às emissões.

2.4 Fatura e Pagamento.

A fatura e o pagamento da Energia Comprada, vendida e adquirida por meio des-


te Contrato, e de quaisquer outros valores, devidos e pagáveis, observará o seguinte:

a) O Vendedor calculará a quantidade de Energia Comprada a partir dos regis-


tros, produzidos pelo Medidor do Projeto Eólico, no ou próximo ao último Dia de cada
mês- calendário, e no último Dia do último Ano Contratual. No mais tardar no décimo
(10º) Dia de cada mês, ou dez (10) Dias após o final do último Ano Contratual: (i) O
Vendedor enviará, ao Comprador, uma fatura explicitando a quantidade de Energia
Comprada transmitida ao Comprador pelo Vendedor, de acordo com este documento,
e quaisquer outras quantidades devidas e faturáveis, por este documento, durante o
referido período de faturamento, bem como o cálculo, elaborado pelo Vendedor, do
valor devido ao Vendedor a este respeito, e

205
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(ii) no mínimo quinze (15) Dias após o recebimento desta fatura (a menos que tal
Dia não seja um Dia Útil, caso em que o pagamento será devido no próximo Dia Útil),
o Comprador pagará ao Vendedor, por meio de transferência interbancária de fundos
imediatamente disponíveis, a uma conta especificada, por escrito, pelo Vendedor, ou
por qualquer outro meio aprovado, periodicamente, por ambas as Partes, por escrito,
o valor estabelecido como sendo devido na referida fatura. O Vendedor também terá o
direito de faturar o Comprador pelos pagamentos por este devidos sob a Seção 8.5,
deste instrumento, em função da celebração, pelo Comprador, de acordos com tercei-
ros para vender Energia Comprada, visando mitigar os efeitos de um “Acontecimento
de Força Maior”.

b) Dentro de trezentos e sessenta e cinco (365) Dias após o recebimento de qual-


quer fatura, o Comprador poderá apresentar ao Vendedor, por escrito, qualquer erro
supostamente encontrado nesta. Se o Vendedor der notícia ao Comprador, por escrito,
dentro de trinta (30) Dias após o recebimento de tal notificação, que o Vendedor discor-
da da alegação de erro na fatura, os Representantes Autorizados das respectivas Partes
se encontrarão, por conferência telefônica ou por outro meio, dentro de dez (10) Dias
a contar da resposta do Vendedor, com

o propósito de tentar solucionar a controvérsia. Caso os Representantes Autoriza-


dos não sejam capazes de solucioná-la dentro de dez (10) Dias ou findo o período de
dez (10) Dias, mencionado na sentença anterior, os diretores executivos das respectivas
Partes se encontrarão, por conferência telefônica ou por outro meio, com o propósito de
tentar solucionar a controvérsia. Caso as Partes sejam incapazes de solucioná-la dentro
de trinta (30) Dias após a reunião inicial entre os Representantes Autorizados, conforme
já mencionado, qualquer destas buscará uma resolução para o conflito, de acordo com
a Seção 8.12 deste documento.

c) Todos os pagamentos aqui mencionados serão feitos sem compensação ou


dedução. Qualquer pagamento que não tenha sido realizado no limite de tempo
especificado nesta Seção 2.4, incorrerá na cobrança de juros a partir da data de
vencimento de tal pagamento, através de e incluindo-se a data em que tal paga-
mento for de fato percebido pelo Vendedor. Estes juros serão acumulados aplican-
do-se uma taxa anual igual à da Taxa Inicial, vigente à época, acrescida de dois
porcento (2%).

d) As declarações ou faturas serão enviadas ao Comprador por correio ou fax, no


endereço ou número de fax determinados na Seção 8.4. O Comprador poderá mudar
seu endereço ou número de fax através de notificação, por escrito, ao Vendedor.

206
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

2.5 Título e Risco de Perda.

A titularidade e o risco de perda com relação à Energia Comprada, fornecida pelo


Comprador ao Vendedor de acordo com este Contrato,serão transmitidos do Vendedor
ao Comprador no momento em que a Energia Comprada for colocada à disposição
do Comprador no Ponto de Entrega. Até a passagem do título, considerar-se-á que o
Vendedor tem controle exclusivo sobre a referida Energia Comprada, sendo responsá-
vel por qualquer dano ou lesão causado em função desta. Efetuada a passagem do
título à Energia Comprada, considerar-se-á que o Vendedor tem controle exclusive sobre
a referida Energia, tornando-se responsável por qualquer dano ou lesão causado em
função desta.

2.6 Restrições ao Vendedor.

a) O Vendedor poderá restringir as entregas de Energia Comprada, caso razoavel-


mente acreditar que a imposição de tais restrições seja necessária para construir, instalar,
manter, reparar, substituir, remover ou inspecionar quaisquer de (A) suas Turbinas e equi-
pamentos a estas relacionados, ou (B) seus equipamentos elétricos, localizados no Projeto
Eólico, incluindo, sem limitação, quaisquer das Instalações de Interconexão do Vendedor.
Em conexão com a restrição imposta pelo Vendedor, de acordo com esta Seção

2.6 (a), na qual o Vendedor razoavelmente determinar que a porção agregada da


Capacidade Total que esteja indisponível para a produção de Energia seja ou venha a
ser, a qualquer momento, como resultado da referida restrição, igual ou acima de dez
porcento (10%) da Capacidade Total, o Vendedor entrará em contato, por telefone,
com o Comprador assim que possível, informando-lhe a natureza e a extensão da re-
ferida restrição, e, junto ao Comprador, organizará a entrega ou retomada da entrega
de Energia Comprada.

b) O Vendedor restringirá as entregas de Energia Comprada caso notificado pelo


Provedor de Transmissão, em conformidade com o Acordo de Interconexão, para res-
tringir as entregas, ou caso as entregas sejam de outro modo restringidas pelo Provedor
de Transmissão.

c) O Vendedor restringirá as entregas de Energia Comprada em cada Interrupção


Programada, ocorrente em cada Ano Contratual, de acordo com os Procedimentos
Operacionais.

d) O Vendedor prontamente fornecerá, ao Comprador, um relatório oral sobre


qualquer Interrupção Forçada do Projeto Eólico ou das Instalações de Interconexão do

207
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

Vendedor, que incluirá a quantidade de capacidade do Projeto Eólico que estará indis-
ponível devido à referida Interrupção Forçada, e a hora e data em que tal capacidade
voltaria a ser gerada. O Vendedor fornecerá uma atualização do relatório, conforme
necessário, para notificar o Comprador sobre mudanças nas circunstâncias em cone-
xão com a referida Interrupção Forçada.

e) Se, durante o Termo, o Vendedor necessitar programar uma Interrupção para


Manutenção do Projeto Eólico, o Vendedor notificará o Comprador a respeito da Inter-
rupção proposta pelo menos cinco (5) Dias antes de sua realização, ou em um período
mais curto, ao qual deverá consentir o Comprador, tendo em vista as condições eólicas
extraordinárias existentes à época (este consentimento não será retido sem motivo ra-
zoável). As Partes programarão tal interrupção de capacidade de forma a acomodar,
mutuamente, os requerimentos razoáveis do Vendedor e as obrigações de serviço do
Comprador. A notificação da Interrupção proposta incluirá a data esperada de início
da interrupção, a quantidade de capacidade indisponível para o Projeto Eólico e a
esperada data de sua conclusão. Esta notificação será dada ao Comprador quando a
necessidade da Interrupção para Manutenção for determinada pelo Vendedor. O Com-
prador prontamente responderá à referida notificação, e poderá requerer modificações
razoáveis na programação da Interrupção. O Vendedor envidará todos os esforços
razoáveis para atender a tal pedido de reprogramação da Interrupção para Manu-
tenção. O Vendedor notificará o Comprador de quaisquer mudanças subseqüentes na
capacidade indisponível ao Comprador, ou quaisquer mudanças na data de conclusão
da referida Interrupção.

f) Terminadas as restrições, o Vendedor retomará as entregas de Energia Compra-


da assim que for razoavelmente possível, seguro e em conformidade com as Práticas
Operacionais Prudentes.

2.7 Restrições ao Comprador.

a) Somente será permitido que o Comprador solicite, ao Vendedor, a restrição da


quantidade de Energia gerada no Projeto Eólico se, à época em que tal requerimento
de restrição for realizado, o Projeto Eólico estiver utilizando o Serviço de Rede de Trans-
missão do Comprador para a transmissão da Energia Comprada.

b) Sob a condição de que as circunstâncias estabelecidas na Seção 2.7 (a) exis-


tam, a pedido do Comprador, realizado conforme disposto no presente documento, o
Vendedor não entregará mais do que uma determinada quantia de Energia por hora
(para fins desta Seção 2.7(b), o “Nível Máximo de Operação Requerido”), contanto

208
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

que (i) o Comprador notifique o Vendedor por telefone, no Projeto Eólico, quanto ao
Nível Máximo de Operação Requerido (expresso em kV) solicitado pelo mesmo, no
mínimo dez minutos antes de sua aplicação na hora seguinte, devendo ser descrita
com mais detalhe nos Procedimentos Operacionais, e (ii) a notificação do Comprador,
conforme mencionado previamente, não estipule ou requeira, e o Vendedor não estará
obrigado a causar, que o Nível Máximo de Operação Requerido solicitado pelo Com-
prador, de acordo com esta Seção

2.7 (b), seja subtraído do Nível Máximo de Operação Requerido a qualquer tem-
po durante o período de uma hora que se suceder à aplicação de tal Nível. Até o limite
estabelecido pelas Partes nos Procedimentos Operacionais, conforme citado na Seção
2.10, o Comprador e o Vendedor poderão explorar os Procedimentos Operacionais
que fornecerem, ao Comprador, uma flexibilidade operacional adicional no estabele-
cimento do Nível Máximo de Operação Requerido a uma freqüência maior que uma
vez a cada hora.

c) Durante qualquer período de restrição, notificado de acordo com Seção 2.7


(b), o Comprador pagará ao Vendedor a soma (i) do preço aplicável à Energia Com-
prada, conforme disposto na Seção 2.2, com relação à Energia que teria sido forne-
cida se não fosse por esta restrição, baseado na Taxa Contratual de Base ou na Taxa
Inicial, conforme o caso (calculado na forma prevista em Seção 2.7 (d), abaixo), mais
(ii) um valor adicional, igual ao valor, em dólar, referente aos créditos do imposto sobre
a produção perdida, sob Seção 45 do Internal Revenue Code (Código da Receita
Federal), que se não fosse por esta restrição, teria sido percebido pelo Vendedor e, por
esta razão, é calculado por e com relação ao Vendedor (ou suas Afiliadas que utilizem
seus créditos de impostos sobre a produção, conforme o caso), de acordo com a última
sentença da definição de “Base Pós-Imposto”, deste documento.

d) O Vendedor calculará a soma devida de acordo com os dispositivos de Seção

2.7 (c)(i) da seguinte forma. Durante qualquer período de restrição, requerido pelo
Comprador, de acordo com Seção 2.7(b), o Vendedor determinará, primeiro, a quan-
tidade de Energia (expressa em kVh) gerada pelas Turbinas em funcionamento (e.g.,
Turbinas não sujeitas à restrição requerida pelo Comprador) durante o referido período.
O Vendedor determinará, então, a quantidade agregada de Energia que teria sido ge-
rada durante o referido período por todas as Turbinas, na Fazenda Eólica, dividindo-se
a soma, determinada na sentença precedente (expressa em kVh, conforme mencionado
anteriormente), pelo número de Turbinas em funcionamento, e multiplicando-se, então,
o resultado pelo número total de Turbinas restritas no Projeto Eólico. Caso um método

209
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

mais apurado para determinar-se a Energia restrita surja (calculada por SCADA ou de
outra forma), as Partes poderão concordar com tal método de cálculo, invés dos cálcu-
los acima delineados.

2.8 Transmissão; Créditos de Transmissão.

O Comprador será responsável pela organização e pagamento de todos os custos


relativos a quaisquer dos serviços de transmissão [incluindo, sem limitação, todas as
cobranças de serviços acessórios, quaisquer taxas de Open Access Same Time Informa-
tion Systems (OASIS – Sistemas de Acesso Livre e Simultâneo à Informação) e qualquer
cessão direta de custos com descongestionamento local], serviços de transmissão ou
wheeling, balanço, serviços de controle da área, taxas de transação e perdas de linha
no lado do Provedor de Transmissão, requeridos para efetuar a aquisição de Energia
Comprada pelo Comprador. O Comprador será responsável por tratar de qualquer OA-
SIS, tagging, programação da entrega ou protocolos semelhantes, junto ao Provedor de
Transmissão durante o Termo deste Contrato. O Vendedor e o Comprador concordam
que, prontamente após a assinatura deste instrumento e do Contrato de Interconexão,
ambos buscarão negociar, em boa fé, um aditamento a este instrumento, onde se
estabelecerão certas obrigações, sob o Acordo de Interconexão, relacionadas ao cum-
primento de certos deveres e obrigações pelas Partes, surgidos neste documento, em
conexão com o Acordo de Interconexão. Se, por falha do Comprador em obter todos
os serviços de transmissão requeridos para efetuar a aquisição de Energia Comprada
pelo Comprador, o Vendedor for incapaz de entregar o Máximo de Energia Transmitida
por Hora do Projeto Eólico ao Sistema de Transmissão do Provedor de Transmissão,
o Comprador pagará, ao Vendedor, à Taxa Contratual ou à Taxa Inicial, conforme o
caso, por toda a Energia que o Vendedor tenha sido incapaz, por motivo da falha do
Comprador, de transmitir ao Sistema de Transmissão do Provedor de Transmissão; e,
ainda, qualquer valor adicional igual ao valor, em dólar, dos créditos de impostos sobre
a produção perdida, sob Seção 45 do Internal Revenue Code (Código da Receita Fe-
deral), que, senão fosse por tal falha, teria sido percebido pelo Vendedor, e, por isso, é
calculado por e a favor do Vendedor (ou suas Afiliadas que utilizem os referidos créditos
do imposto sobre a produção, conforme o caso), de acordo com a última sentença da
definição de “Base Pós- Imposto”, deste documento. O cumprimento, pelo Comprador,
da sua obrigação de receber a Energia Comprada no Ponto de Entrega, conforme este
instrumento, somente será dispensado por um Acontecimento de Força Maior.

Tendo em vista que, com relação aos serviços de transmissão do Projeto, os paga-
mentos são realizados pelo Comprador sob a Tarifa, o Comprador adquirirá e o Vende-
dor venderá os Créditos de Transmissão a uma base dólar a dólar. O valor agregado

210
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

dos Créditos de Transmissão comprados corresponderá ao valor pago pelo Vendedor


ao Provedor de Transmissão para as Melhorias nas Redes, somando-se (x) juros, (y)
qualquer incremento tributário e (z) quaisquer outros pagamentos relativos a impostos.
Caso cinco (5) anos após as Melhorias nas Redes sejam postas em funcionamento (ou
após a expiração de um período mais longo, conforme estabelecido no Acordo de
Interconexão), o Comprador não houver adquirido todos os Créditos de Transmissão
disponíveis, as Partes (sob a condição de que o Provedor de Transmissão não seja uma
Afiliada do Comprador) serão dispensadas de todas as obrigações surgidas neste pa-
rágrafo da Seção 2.8. O preço de compra dos referidos Créditos de Transmissão serão
devidos após o recebimento do benefício econômico de tais créditos pelo Compradora
aplicando-se uma redução de pagamentos para os serviços de transmissão, ou de outra
forma. O Comprador concorda em pagar ao Vendedor, em um prazo de dez (10) Dias
após o final de cada mês em que qualquer benefício econômico do tipo seja percebido
pelo Comprador, um valor igual aos Créditos de Transmissão utilizados e o benefício
econômico recebido pelo Comprador.

2.9 Expansão do Projeto Eólico; Novos Projetos Eólicos.

Cada Parte e suas Afiliadas periodicamente oferecerão à outra Parte, antes do


final do Termo deste Contrato, uma oportunidade razoável para que esta avalie e
realize investimentos de forma mutuamente acordada entre ambas (ou suas respectivas
Afiliadas) e em conformidade com a Lei Aplicável, a respeito (i) de uma expansão do
Projeto Eólico que resulte em, ou que seja proposto para resultar em, um aumento na
Capacidade Total do Projeto Eólico, ou (ii) da construção de instalações geradoras de
energia eólica elétrica, que incrementarão a Capacidade Total do Projeto Eólico ou as
instalações geradoras de energia eólica elétrica, conforme o caso, estando interliga-
das a qualquer eixo, dentro de vinte e cinco (25) milhas do Ponto de Entrega. Caso o
Comprador ou sua Afiliada opte por expandir o Projeto Eólico ou construir instalações
geradoras de energia eólica elétrica adicionais, conforme já mencionado, e tendo o
Vendedor (ou sua Afiliada designada), após oportunidade razoável de avaliação, recu-
sado em participar do referido empreendimento, o Comprador não dará continuidade
a este, a menos que as seguintes condições sejam satisfeitas:

(a) às custas do Comprador, a ação proposta para expandir o Projeto Eólico ou


construir instalações geradoras de energia eólica elétrica será submetida, para revisão
detalhada, a uma empresa independente de engenharia com perícia nacional ou inter-
nacional na avaliação das instalações geradoras de energia elétrica, e da interconexão
e transmissão de energia produzida pelas referidas instalações, que seja razoavelmente
aceitável para o Vendedor, visando determinar se a ação proposta terá um efeito ad-

211
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

verso no Projeto Eólico ou na transmissão eficiente e desimpedidade energia deste, na


forma contemplada neste Contrato. O Comprador fará cópias de todas as informações
submetidas a ou recebidas da empresa independente de engenharia, e as enviará ao
Vendedor simultaneamente com a submissão ou o recebimento, pelo Comprador ou por
sua Afiliada;

(b) se a empresa independente de engenharia determinar que a ação proposta


(ou seu efeito resultante) não terá impacto adverso sobre o Projeto Eólico ou sobre a
transmissão desimpedida de Energia deste, na forma contemplada neste Contrato, o
Comprador poderá proceder, a custo próprio, com a ação proposta; ressalvando-se,
contudo, que o Comprador ou suas Afiliadas não empreendam a ação proposta, direta
ou indiretamente, sob qualquer forma de sociedade em conta de participação, contrato
de gestão, contrato de operação conjunta, contrato de empréstimo ou outra forma de
acordo financeiro, de gerenciamento, de investimento ou operacional com qualquer
Pessoa que, à época em que o Comprador ou suas Afiliadas tiverem decidido proce-
der com a ação proposta, seja proprietária (do todo ou em parte) ou opere instalações
geradoras de energia eólica elétrica, capazes de gerar MW acima de [___] MW, no
seu agregado;

(c) se a empresa independente de engenharia decidir que a ação proposta (ou seu
efeito resultante) terá um impacto adverso sobre o Projeto Eólico ou sobre a transmissão
eficiente e desimpedida de Energia deste, na forma contemplada neste Contrato, o
Comprador e seus Afiliados abandonarão a ação proposta sem que o Vendedor o
peça e sem recurso ao Vendedor.

2.10 Procedimentos Operacionais; Comunicação.

O Vendedor e o Comprador envidarão esforços para desenvolver, por escrito, os


Procedimentos Operacionais antes da Data de Funcionamento Comercial, os quais
somente entrarão em vigor caso sejam formalizados por meio de acordo escrito, mu-
tuamente firmado pelas Partes; ressalvando-se, contudo, que a falha das Partes, ou
de qualquer Parte, em desenvolver os referidos Procedimentos Operacionais não será
considerada um Evento de Inadimplência, sob este Contrato. As Partes concordam que
os Procedimentos Operacionais que ambas se aplicarão em estabelecer abordarão o
protocolo sob o qual as Partes cumprirão suas respectivas obrigações, sob este Con-
trato, e incluirão, mas não serão limitados a, procedimentos relativos: (1) ao método
para as comunicações diárias; (2) às listas de funcionários-chave para o Vendedor e o
Compradore (3) a apresentação de relatórios sobre Interrupções Forçadas, Interrupções
para Manutenção e Interrupções Programadas.

212
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

O Vendedor instalará um circuito de comunicação direta (que poderá ser um ser-


viço comum de telefone) com o Comprador, ou outro tipo de equipamento de comu-
nicação, conforme acordado entre as Partes.O Vendedor fornecerá equipamentos de
telemedição e instalações que sejam capazes de transmitir, instantaneamente, ao Com-
prador, a produção MW no Ponto de Entrega, ou outras formas de informações sobre
a produção em “tempo real”, relativos à Energia Comprada.

Afim de assegurar uma efetiva cooperação e troca de informações entre as Partes,


bem como a prestação rápida e organizada de consultoria sobre diversos assuntos
administrativos, comerciais e técnicos, que possam surgir durante o cumprimento deste
Contrato, os Procedimentos Operacionais também estipularão que cada Parte indicará
tanto um representante autorizado (relativo a cada Parte, o “Representante Autorizado”)
quanto um representante suplente (relativo a cada Parte, os “Suplentes”), para atuar na
ausência do Representante Autorizado. Os Representantes Autorizados e os Suplentes
serão administradores experientes no tratamento de matérias relativas à implementação
dos direitos e obrigações das Partes neste Contrato, com autoridade plena para atuar a
favor das Partes que os indicarem. Cada Parte informará a outra, por escrito, a respeito
de seu Representante Autorizado e seu Suplente, e tais indicações permanecerão em
pleno efeito e vigor até que uma notificação escrita informando a substituição destes
seja enviada à outra Parte.

Sem limitar-se às provisões desta Seção 8.1, as Partes concordam que toda Infor-
mação transmitida a ou recebido por qualquer Parte, em conexão ou de acordo com os
Procedimentos Operacionais, será sigilosa e de natureza proprietária, estando sujeita
ao que dispõe a Seção 8.1 (c).

ARTIGO 3º

CONDIÇÕES PRECEDENTES, TERMO, RESCISÃO E INDADIMPLÊNCIAS

3.1 Condicionamentos às Obrigações do Vendedor

As obrigações do Vendedor, sob este Contrato, estão sujeitas à satisfação das


condições estabelecidas nas subseções (b), (c) e (d) no dia ou antes do dia [_______],
2002, à satisfação da condição estabelecida na subseção (e) no dia ou antes do dia
[_______], 2002, e, no caso da subseção (a), sujeita ao cumprimento do Comprador
na data de assinatura deste Contrato, e no caso da subseção (f), abaixo, ao cumpri-
mento constante, pelo Comprador, a todo momento após a data de assinatura deste
instrumento e antes da Data de Funcionamento Comercial, das seguintes condições:

213
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(a) O Comprador fará com que a Garantia de sua Companhia Controladora Ga-
rantidora seja, por esta entidade, assinada e transmitida a, e em benefício do Vende-
dor, qualquer Mutuário e seu ou seus respectivo(s) cessionários.

(b) O Vendedor terá garantido e recebido financiamento para o desenvolvimento


do Projeto Eólico, no valor agregado do desenvolvimento e custos de construção do
Vendedor, relativos ao Projeto Eólico.

(c) O Vendedor terá firmado um acordo vinculante definitivo e satisfatório para o


Vendedor, quanto à sua forma e conteúdo, visando adquirir de [__________] um núme-
ro de turbinas eólicas geradoras suficiente para produzir a Capacidade Total.

(d) O Vendedor terá recebido, dos proprietários do [___________], documento ma-


nifestando seu consentimento por escrito, um certificado de preclusão e um acordo de
não- turbação, com forma e substância satisfatórias para o Vendedor e seu Mutuário (se
houver), os quais serão preparados pelo Vendedor e revisados pelo Comprador antes
de sua assinatura por tais proprietários, e autorizarão a Interconexão do Projeto Eólico
ao

[____________________].

(e) Aprovação do cumprimento, pelo Vendedor, dos deveres e das obrigações que
lhe couberem, sob este Contrato, pelo Conselho de Diretores do Vendedor ou de sua
Afiliada.

(f) O Comprador terá uma classificação de crédito a longo prazo com emissor
local, ou uma classificação de débito principal, sem cobertura e a longo prazo “Classi-
ficação de Crédito,” conforme o caso, de um (se apenas um dos seguintes órgãos emitir
a referida classificação) ou ambos (se ambos os seguintes órgãos emitirem a referida
classificação) de BBB- ou mais alto [caso haja uma classificação emitida pelo Standard
& Poor’s Rating Group ou qualquer de seus sucessores (“S&P”)] e Baa3 ou mais alto
[caso haja uma classificação emitida pelo Moody’s Investor Service, Inc., ou qualquer
de seus sucessores (“Moody’s”)].

Qualquer condição desta Seção 3.1 poderá ser abdicada por notificação escrita
ao Comprador pelo Vendedor, unicamente a critério do Vendedor, sem o consentimento
do Comprador.

Não obstante qualquer provisão em contrário, presente neste instrumento, este Con-
trato poderá ser rescindido pelo Vendedor através de notificação escrita ao Comprador,

214
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

e as transações aqui contempladas serão, a partir de então, abandonadas, se todas


as condições estabelecidas na Seção 3.1 (exceto a condição de que a boa reputação
comercial do Comprador seja comprovada na forma estabelecida em Seção 3.1 (f), con-
forme requerido) não tenham sido satisfeitas ou abdicadas pelo Vendedor, no dia ou antes
do dia [__________] de 2002 (com relação à condição estabelecida em subseção (e) ou
no dia ou antes do dia [__________] de 2002 (com relação às condições estabelecidas
nas subseções (b), (c) e (d)), ou em data posterior, conforme mutuamente acordado, por
escrito, entre as Partes. Além disso, não obstante qualquer provisão em contrário, presente
neste instrumento, este Contrato poderá ser rescindido pelo Vendedor através de notifica-
ção escrita ao Comprador, e as transações aqui contempladas serão, a partir de então,
abandonadas, se o Comprador não conseguir manter as condições de boa reputação
comercial, estabelecidas em Seção 3.1 (f), todos os momentos ali especificados.

3.2 Condicionamentos às Obrigações do Comprador.

As obrigações do Comprador sob este Contrato, estão sujeitas à satisfação das


condições estabelecidas em subseção (a) no dia ou antes do dia [____________] de
2002, e à satisfação da condição estabelecida em subseção (b) no dia ou antes do
dia [_____________] de 2002, conforme segue:

(a) O Comprador tiver recebido, dos proprietários de [__________], consentimento


por escrito, autorizando a Interconexão do Projeto Eólico ao [_______________].

(b) A aprovação do cumprimento, pelo Comprador, dos deveres e obrigações


assumidos neste Contrato pelo Conselho de Diretores do Comprador.

Não obstante qualquer provisão em contrário, neste instrumento, este Contrato


poderá ser rescindido pelo Comprador através de notificação por escrito ao Vendedor,
e as transações contemplados por ocasião deste Contrato serão, a partir de então,
abandonadas, se todas as condições estabelecidas em subseção (a) não tiverem sido
satisfeitas, ou abdicadas pelo Comprador, no dia ou antes do dia [__________] de
2002, ou se a condição estabelecida em subseção (b) não tiver sido satisfeita no dia
ou antes do dia [________] de 2002 (ou em data posterior, conforme acordo por escri-
to mutuamente firmado pelas Partes).

3.3 Termos/Extensões.

As obrigações das Partes, conforme Seção 2.1 deste Contrato, começarão a ser
exigíveis a partir da Data de Funcionamento Comercial Parcial, e continuarão até a

215
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

data correspondente a vinte (20) anos após a Data de Funcionamento Comercial Par-
cial (o “Termo”). Todas os outros dispositivos deste instrumento começarão na data
deste, e continuarão a vigorar até o final do Termo.

3.4 Aprovação Regulatória.

Este Contrato está sujeito, ainda, a que o Vendedor seja considerado um EWG
pela Comissão Federal Reguladora de Energia. Para atingir esta condição, o Vendedor
deverá se inscrever no máximo sessenta (60) Dias após a assinatura deste Contrato.

3.5 Rescisão Antecipada.

(a) Além da extinção contratual prevista em Seção 3.1, deste instrumento, pelo Ven-
dedor, este poderá rescindir o presente instrumento antes de seu Termo final, conforme
especificado abaixo:

(i) Pelo Vendedor, se um Acordo de Interconexão, satisfatório formal e mate-


rialmente a este, não for cumprido, unicamente a seu critério, no Dia ou antes do
Dia [_________] de 2002; ressalvando-se que o Vendedor forneça, ao Comprador,
notificação por escrito da rescisão dentro de quinze (15) Dias a contar da referida
data; ou

(ii) Pelo Vendedor, caso o Vendedor não tenha obtido a taxa, o título sobre os
direitos à posse e o uso do imóvel, ou outro título sobre ou participação patrimonial no
Site, e todas as aprovações, permissões, licenças e outras aprovações governamentais
de zoneamento necessários para construir e operar um Projeto Eólico da forma con-
templada neste Contrato, e que sejam finais, não mais estando sujeitas a apelação ou
impugnação legal, até [_________] de 2002; ressalvando-se que o Vendedor envie,
ao Comprador, notificação por escrito da rescisão dentro de quinze (15) dias, a contar
da referida data; ou

(iii) Pelo Vendedor, caso o Vendedor determine, em boa fé, que não poderá colo-
car cinqüenta porcento (50%) ou mais das Turbinas a serem instalados no Projeto Eólico
em funcionamento até o dia 31 de dezembro de 2003; ressalvando-se que o Vendedor
forneça, ao Comprador, notificação por escrito da rescisão dentro de quinze (15) dias
após a tomada da decisão pelo Vendedor.

(d) Não obstante qualquer provisão em contrário, presente neste Contrato, em caso
de rescisão, conforme esta Seção 3.5, as Partes serão dispensadas do cumprimento de
quaisquer obrigações que tenham surgido ou se acumulado em função deste instrumen-

216
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

to, a partir e após a data da referida rescisão; ressalvando-se, contudo, que a rescisão
não dispense ou alivie qualquer das Partes de qualquer obrigação de indenizar, sob
o Artigo 6º ou os dispositivos de Seção 8.1, deste instrumento, que subsistirão após
qualquer rescisão deste Contrato.

3.6 Inadimplências e Remédios Jurídicos.

(a) Cada um dos seguintes itens constituirá um “Evento de Inadimplência” para fins
deste Contrato:

(i) A falha de uma das Partes em pagar qualquer valor devido, quando tal falha
não for sanada dentro de cinco (5) Dias a contar da data de vencimento;

(ii) O Comprador deixar de aceitar a Energia Comprada, entregue no Ponto de


Entrega (à exceção da ocorrência de um Acontecimento de Força Maior);

(iii) O Comprador ou seus sucessores, por força de lei ou por cessão, de acordo
com os termos deste instrumento, esteja inadimplente de qualquer obrigação surgida
neste Contrato;

(iv) A Companhia Controladora Garantidora:(A) deixar de pagar, de forma geral,


suas dívidas à medida em que estas vençam; (B) protocolar ou expressar seu consen-
timento através da emissão de uma resposta, ou por outro meio manifestar seu con-
sentimento com relação ao protocolo de uma petição de assistência, reorganização,
concordata ou qualquer outra petição pertinente à falência, para liquidação ou para
aproveitamento de qualquer lei de falência ou insolvência, sob qualquer jurisdição;
(C) realizar uma cessão em benefício de seus credores; (D) consentir com a indicação
de um administrador, liquidante, síndico ou outra pessoa com poderes semelhantes
sobre a mesma, ou sobre qualquer parte substancial de sua propriedade; (E) for jul-
gada insolvente; ou (F) adotar ação corporativa com o propósito de cumprir qualquer
dos itens citados;

(v) A qualquer tempo, se: (A) por qualquer razão, a Garantia da Companhia
Controladora Garantidora do Comprador não estiver em pleno vigor, sendo executável
contra a Companhia Controladora Garantidora, em conformidade com estes termos;
ou (B) houver qualquer falha, por parte da Companhia Controladora Garantidora, no
cumprimento das obrigações delineadas sob a Garantia, e esta situação perdure além
de qualquer período de saneamento aplicável, conforme previsto na Garantia da refe-
rida Companhia Controladora;

217
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(vi) A ocorrência de qualquer outra inadimplência material que tenha umefeito


material adverso sobre a Parte adimplente, se a referida inadimplência não tiver
sido sanada, pela Parte inadimplente, dentro de trinta (30) Dias após o recebimento
de notificação, por escrito, da Parte adimplente, que estabeleça com detalhamento
razoável, a natureza de tal inadimplência material; ressalvando-se, contudo, que
no caso de inadimplência material incapaz de ser razoavelmente sanada dentro de
trinta Dias, a Parte inadimplente terá tempo adicional para saná-la se esta começar
a fazê-lo no decurso deste período de saneamento de trinta Dias, dedicando- se di-
ligentemente a tal empreendimento, e tal inadimplência possa ser sanada pela Parte
inadimplente dentro de, no máximo, cento e oitenta (180) Dias após o recebimento
de tal notificação.

(b) Ocorrendo um Evento de Inadimplência por uma das Partes, a Parte adimplente
terá os seguintes direitos:

(i) rescindir este Contrato por meio de notificação escrita, enviada à outra Parte,
conforme o exposto nesta Seção 3.6, e, caso ocorra um Evento de Inadimplência pelo
Comprador sob esta Seção 3.6(a)(ii), o Vendedor terá o direito, mas não a obrigação,
de entrar em um acordo de reposição para o fornecimento de energia a longo prazo
com uma terceira parte;

(ii) suspender o cumprimento de suas obrigações e deveres, conforme este docu-


mento, por meio de notificação escrita à Parte inadimplente e, caso o Comprador seja
a Parte inadimplente, o Vendedor terá o direito, mas não a obrigação, de entrar em
um acordo de fornecimento de energia a curto prazo com uma terceira parte, durante
o período da suspensão; e

(iii) aplicar qualquer outro remédio jurídico previsto neste Contrato; ressalvando-se,
contudo, que no caso de um Vendedor inadimplente, o Comprador envie aos Mutuários
(se houver), utilizando-se o endereço apresentado pelos Mutuários por escrito, ou pelo
Vendedor ao Comprador, notificação informando a ocorrência do referido Evento de
Inadimplência. Os Mutuários terão o direito (mas não a obrigação), durante noventa
(90) Dias após o recebimento de tal notificação, seja de sanar a Inadimplência a favor
do Vendedor, ou, após pagamento efetuado ao Comprador dos valores devidos e
não pagos pelo Vendedor, de assumir ou fazer com que a pessoa designada, o arren-
datário, ou o Comprador do Projeto Eólico assuma todos os direitos e obrigações do
Vendedor sob este Contrato, surgidos após a data da referida assunção. Caso qualquer
Mutuário, a pessoa designada, qualquer arrendatário ou Comprador do Projeto Eólico
assumir este Contrato, de acordo com Seção 3.6:

218
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(i) o Vendedor será dispensado de quaisquer obrigações perante o Comprador que


surgirem ou acumularem-se a partir da data da assunção; (ii) o Comprador continuará
este Contrato com o referido Mutuário, a pessoa designada, qualquer arrendatário
ou o Comprador do Projeto Eólico, conforme o caso, que substitua o Vendedor neste
Contrato, e (iii) se a parte assuntora for algum dos Mutuários, tal parte não será pes-
soalmente responsável, perante o Comprador, pelo cumprimento de suas obrigações,
exceto na medida da participação patrimonial total dos Mutuários no Projeto Eólico.
Ainda, caso ocorra um evento que, apesar do envio de notificação ou a passagem
do tempo, constituiria uma Inadimplência pelo Comprador, a começar da ocorrência
de tal evento e a prolongar-se todo tempo a partir de então (a menos que seja sanado
dentro do prazo e da forma estabelecida neste documento), incluindo, sem limitação,
todo momento após a rescisão deste Contrato pelo Vendedor, conforme permitido nes-
te, o Comprador pagará, prontamente, ou causará o pagamento de todas as custas,
tarifas ou outros valores necessários para que o Vendedor receba acesso ao Serviço de
Transmissão do Comprador, e a todos os serviços acessórios à transmissão de Energia
neste Projeto Eólico. O Comprador reconhecerá, expressamente, que o pagamento dos
valores mencionados na sentença anterior para fins de assegurar o acesso contínuo do
Vendedor ao Serviço de Transmissão do Comprador, e a todos os serviços acessórios
à transmissão de Energia do Projeto Eólico, subsistirá após a rescisão deste Contrato, e
será garantido pela Companhia Controladora Garantidora, de acordo com a Garantia
da referida Companhia.

ARTIGO 4º

MENSURAMENTO E MEDIÇÃO

4.1 Equipamento de Medição.

(a) O Vendedor se responsabilizará por:

(i) fornecer e instalar gratuitamente, como parte do Projeto Eólico, Medidores


apropriados e equipamentos de mensuração relacionados a estes, necessários para
permitir uma apuração precisa das quantidades de Energia Comprada transmitidas por
meio deste Contrato; e

(ii) empregar um cuidado razoável na manutenção e operação de tais Medido-


res e equipamentos, localizados no lado alto do transformador, para assegurar, na
medida do possível, a apuração precisa de tais quantidades. Os Medidores do Ven-

219
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

dedor serão situados no lado alto do transformador. Com a exceção do previsto na


Seção 4.2, os Medidores do Vendedor serão utilizados como medidas quantitativas,
sob este Contrato.

(b) O Comprador, por conta própria, poderá instalar e fiscalizar os Medidores


e todos os equipamentos de mensuração a estes relativos, necessários para permitir
uma apuração precisa das quantidades de Energia Comprada transmitidas sob este
Contrato; ressalvando-se, contudo, que tal equipamento será operado e mantido de
forma a não interferir com a instalação, manutenção e operação dos Medidores do
Vendedor e de equipamentos de medição a estes relativos ou Instalações de Interco-
nexão do Vendedor.

4.2 Medidas.

(a) As leituras dos Medidores do Vendedor serão concludentes com relação à


quantidade de Energia Comprada transmitida ao Comprador, sob este Contrato; res-
salvando- se, contudo, que, se quaisquer dos Medidores do Vendedor estiverem fora de
serviço, ou se determine, de acordo com a Seção 4.3 deste documento, que estejam
registrando de forma imprecisa, a medida da Energia Comprada transmitida por este
documento será determinada por meio:

(i) do verificador de Medidor do Comprador, caso instalado e registrando de


forma precisa; ou

(ii) na ausência de um verificador de Medidor instalado e preciso, pertencente ao


Comprador, do sistema informatizado de monitoramento de cada Turbina que integra o
Projeto Eólico, utilizando-se cálculo matemático, determinado pelo Vendedor antecipa-
damente, para ajustar o resultado a uma avaliação das perdas elétricas no sistema de
coleta e nos transformadores das Turbinas e subestações; ou

(iii) se o sistema informatizado de monitoramento, descrito em cláusula (ii) acima,


não estiver disponível ou não seja confiável, da realização de um cálculo matemático
se, após teste de calibragem do Medidor do Vendedor, um percentual de erro seja
discernível; ou

(iv) na ausência de um verificador de Medidor instalado e preciso, pertencente ao


Comprador, do sistema informatizado de monitoramento, descrito na cláusula (ii) acima,
e de um percentual de erro discernível, a medida será obtida através de estimativa,
tomando-se por referência as quantidades medidas durante períodos de condições
semelhantes, quando o Medidor do Vendedor estava registrando de forma precisa.

220
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(b) caso não exista, à época, informações confiáveis a respeito de que Medidor
estaria registrando de forma imprecisa, presumir-se-á, para fins desta correção, que a
referida imprecisão teria começado a um determinado momento entre a data do teste e
a última vez em que o Medidor teria sido testado e considerado preciso, sem exceder
a seis (6) meses antes da data do teste.

4.3 Testagem e Correção.

(a) A precisão de cada Medidor do Vendedor será testada e verificada, pelo Ven-
dedor, pelo menos uma vez por ano. O Vendedor concede, ao Comprador, acesso aos
Medidores do Vendedor para testar e verificar a precisão das medidas e registros de
tais Medidores, desde que o Comprador notifique o Vendedor com uma antecedência
razoável, e que o acesso se dê em horários razoáveis. Estas inspeções e verificações
serão realizados unicamente às custas do Comprador.

(b) Se o Comprador tiver instalado verificadores de Medidores, de acordo com a


Seção 4.1, o Comprador testará e verificará cada um destes Medidores pelo menos
uma vez por ano.

(c) Cada Parte arcará com os custos da testagem anual de seus próprios medidores.

(d) Cada Medidor terá uma variação de meio porcento (0.5%) na sua precisão.

(e) Se qualquer das Partes questionar a precisão ou condição do Medidor, esta


deverá:

(i) Notificar o proprietário do Medidor por escrito.

(ii) O proprietário do Medidor deverá, dentro de quinze (15) Dias a contar do


recebimento de tal notificação, informar a Parte questionadora por escrito sobre sua po-
sição com relação à precisão do Medidor, e as razões que fundamentam tal posição.

(iii) Se as Partes forem incapazes de resolver suas diferenças através de negociações


razoáveis, então qualquer das Partes poderá encaminhar o referido conflito a uma empresa
de engenharia, não afiliada, que seja aceitável para ambas as Partes, visando a testagem
do Medidor. Caso se determine que o Medidor estaria registrando dentro da variação
permitida de meio porcento (0.5%), então a Parte questionadora arcará com os custos da
inspeção; se o contrário ocorrer, então os custos serão assumidos pelo proprietário.

(iv) Quaisquer reparos ou substituições serão realizados às custas do proprietário,


assim que possível, com base no relatório do engenheiro (não afiliado). Se, após tes-

221
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

tagem, determinar-se que qualquer dos Medidores esteja registrando de forma precisa
ou, embora esteja em erro, enquadre-se no percentual de variação permitido de meio
porcento (0.5%), registros prévios de tais Medidores serão considerados precisos na
computação das transmissões deste Contrato; porém, se for detectado o erro, o referido
Medidor será prontamente ajustado para registrar corretamente.

(v) Se, após testagem, determinar-se que quaisquer dos Medidores estejam regis-
trando de forma imprecisa, a um número que ultrapasse a variação permitida de meio
porcento (0.5%), então o referido Medidor será prontamente ajustado para registrar de
forma correta, e quaisquer registros anteriores, realizados pelo referido Medidor, serão
ajustados de acordo com Seção 4.2, deste Contrato.

(vi) Se, após testagem, determinar-se que quaisquer dos Medidores do Vendedor
contiver erro que ultrapasse o meio porcento (0.5%) de variação permitido, os paga-
mentos por Energia Comprada, realizados desde a testagem anterior de tal Medidor,
serão ajustados para refletir as medidas corrigidas, determinadas de acordo com
Seção 4.2 deste documento. Se a diferença entre os pagamentos de fato realizados
pelo Comprador e o pagamento ajustado for um número positivo, o Vendedor paga-
rá ao Comprador; se a diferença for um número negativo, o Comprador pagará a
diferença ao Vendedor. Em ambos os casos, a Parte que pagar a referida diferença
também pagará os juros à Taxa de Juros para Clientes Preferenciais, e tal pagamento
(incluindo os juros referentes) será feito dentro de trinta (30) Dias após o recebimento
de uma fatura corrigida.

4.4 Manutenção e Registros.

O Vendedor fornecerá, ao Comprador, relatórios mensais apresentando as trans-


missões diárias de Energia Comprada, efetuadas pelo Vendedor. Exceto com relação
às leituras do Medidor, cada Parte terá o direito de estar presente quando a outra
Parte ler, limpar, mudar, reparar, inspecionar, testar, calibrar ou ajustar o equipamen-
to utilizado na mensuração ou verificação da mensuração de Energia Comprada,
transmitida neste Contrato. Cada Parte notificará à outra Parte, com pelo menos
quarenta e oito horas (48) de antecedência, quando realizar as referidas ações. Os
registros dos equipamentos de mensuração continuarão a pertencer ao Vendedor ou
ao Comprador, respectivamente, mas, a pedido da outra Parte, cada Parte submeterá
à outra seus registros e tabelas, bem como os cálculos resultantes, para inspeção,
verificação e cópia, devendo estes ser retornados dentro de dez (10) Dias, a contar
de seu recebimento.

222
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ARTIGO 5º

DECLARAÇÕES, GARANTIAS E PACTOS

5.1 Declarações e Garantias do Vendedor.

(a) O Vendedor declara e garante o seguinte:

(i) O Vendedor é uma [______], devidamente organizada, com existência válida


e que goza de boa fé perante as leis de [_____________];

(ii) O Vendedor detém o poder e a autoridade para firmar e assinar este Contrato,
não estando proibido de celebrá-lo ou de cumprir e realizar todos os pactos e obriga-
ções do Vendedor, a serem cumpridos sob e de acordo com este Contrato;

(iii) O cumprimento e a entrega do objeto deste Contrato, a conclusão das tran-


sações neste contempladas e a satisfação e observância, por parte do Vendedor, dos
dispositivos neste incluídos (desde que o Vendedor não tenha obtido todas as permis-
sões e os consentimentos necessários para a construção e operação do Projeto Eólico,
a partir da data de sua assinatura e cumprimento), não entrarão em conflito com, ou
constituirão uma quebra, inadimplência ou requererão qualquer consentimento, licença
ou aprovação que já não tenha sido obtida, em conformidade com quaisquer dos
termos, condições e provisões de qualquer lei, regra ou regulamento, qualquer ordem,
julgamento, mandado, interdição judicial, decreto, decisão, laudo arbitral ou outro
instrumento ou requerimento legal de qualquer Juízo ou outro órgão governamental, os
documentos de formação do Vendedor ou qualquer limitação, restrição ou escritura de
negócio fiduciário pendente, escritura de fideicomisso, hipoteca, acordo de emprés-
timo, locação, outra prova de insolvência ou qualquer outro acordo ou instrumento
do qual o Vendedor faça parte, ou ao qual o Vendedor, ou sua propriedade, esteja
obrigado, e não resultarão em quebra ou inadimplência sob qualquer dos itens acima
mencionados;

(iv) O Vendedor executou todas as ações necessárias ou aconselháveis e apro-


priadas para autorizar este Contrato, sua assinatura e cumprimento, e a conclusão das
transações aqui contempladas;

(v) Não há falência, insolvência, reorganização ou liquidação judicialpendentes


ou sendo contemplados pelo Vendedor, ou que ameacem o Vendedor, dos quais este
tenha ciência; e

223
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(vi) Até onde tem o Comprador ciência, não existem ações, processos, julgamen-
tos, decisões ou ordens emitidas, ou na pendência de o serem, por qualquer Juízo ou
outro órgão governamental, que teriam um efeito material adverso sobre a habilidade
do Vendedor em realizar as obrigações assumidas em virtude deste Contrato.

(b) Este Contrato é uma obrigação legal, válida e vinculante para o Vendedor,
executável de acordo com seus termos, com a exceção das limitações estabelecidas
por leis de aplicabilidade geral, que restrinjam a imposição dos direitos do credor, ou
pelo exercício do poder discricionário do juiz, de acordo com os princípios gerais da
eqüidade.

5.2 Declarações e Garantias do Comprador.

(a) O Comprador declara e garante o seguinte:

(i) O Comprador é uma [______] devidamente organizada, de existência válida


e que goza de boa fé perante as leis de [__________];

(ii) O Comprador tem o poder e a autoridade de firmar e assinar este Contrato,


não estando proibido de celebrá-lo ou de cumprir e realizar todos os pactos e obriga-
ções do Comprador, desempenhados sob e de acordo com este Contrato, e não estan-
do obrigado a receber, inscrever-se ou obter qualquer aprovação prévia, concorrente
ou subseqüente, ou qualquer certificado de necessidade para fins deste Contrato, sob
qualquer Lei Aplicável;

(iii) O cumprimento e a entrega do objeto deste Contrato, a conclusão das


transações neste contempladas e a satisfação e a observância, por parte do Com-
prador, das provisões aqui incluídas, não entrarão em conflito com ou constituirão
uma quebra, inadimplência ou requererão qualquer consentimento, licença ou apro-
vação que não tenha sido obtida de acordo com quaisquer dos termos, condições e
provisões de qualquer lei, regra ou regulamento, qualquer ordem, julgamento, man-
dado, interdição judicial, decreto, decisão, laudo arbitral ou outro instrumento ou
requerimento legal de qualquer Juízo ou outro órgão governamental, os documentos
de formação do Comprador ou qualquer limitação, restrição ou escritura de negó-
cios fiduciários pendentes, escritura de fideicomisso, hipoteca, acordo de emprés-
timo, locação, outra prova de insolvência ou qualquer outro acordo ou instrumento
do qual o Comprador faça parte, ou ao qual o Comprador, ou sua propriedade,
esteja obrigado, e não resultarão em quebra ou inadimplência sob qualquer dos
itens acima mencionados;

224
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(iv) O Comprador realizou todas as ações necessárias ou aconselháveis e corretas


para autorizar este Contrato, a assinatura e a entrega deste, e a conclusão das transa-
ções aqui contempladas;

(v) Não há falência, insolvência, reorganização ou liquidação judicial pendentes


ou sendo contemplados pelo Comprador, ou que ameacem o Comprador, dos quais
este tenha ciência; e

(vi) Até onde tem o Comprador ciência, não existem ações, procedimentos, julga-
mentos, decisões ou ordens emitidas, ou na pendência de o serem, por qualquer Juízo
ou outro órgão governamental, que teriam um efeito material adverso sobre a habilida-
de do Vendedor em realizar as obrigações assumidas em virtude deste Contrato.

(b) Este Contrato é uma obrigação legal, válida e vinculante para o Comprador,
executável de acordo com seus termos, com a exceção das limitações estabelecidas
por leis de aplicabilidade geral, que restrinjam a imposição dos direitos do credor,
ou pelo exercício do poder discricionário do juiz, de acordo com os princípios gerais
da eqüidade.

5.3 Pactos do Vendedor.

O Vendedor pactua que: (i) a partir da Data de Funcionamento Comercial, até a


expiração do Termo ou rescisão deste instrumento, o Projeto Eólico e as Instalações de
Interconexão do Vendedor serão operadas e mantidas de acordo com este Contrato,
as Práticas Operacionais Prudentes e as Leis Aplicáveis, e (ii) requererá a observância
da Lei de Segurança e Saúde Ocupacional por seus funcionários, bem como as regras
promulgadas sob esta pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, e todos os
estatutos e regulamentos estaduais aplicáveis que afetem a segurança no trabalho. O
Vendedor pactua que não apoiará e cooperará com o Comprador na oposição a qual-
quer ação, ajuizada por qualquer órgão regulatório, tendo jurisdição sobre o Projeto,
que possa resultar na anulação de quaisquer dos termos e condições deste, ou que
tenha outro efeito material adverso sobre este Contrato.

5.4 Pactos do Comprador.

O Comprador pactua que: (i) a partir da Data de Funcionamento Comercial, até


a expiração do Termo ou rescisão deste, o Comprador cumprirá este Contrato, em
observância das Leis Aplicáveis, incluindo, sem limitação generalidade do acima ex-
posto, o pagamento da Taxa Contratual pela Energia Comprada ao Vendedor, quan-
do devida sob este documento, e (ii) não apoiará e cooperará com o Vendedor na

225
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

oposição a qualquer ação, ajuizada por qualquer órgão regulatório, tendo jurisdição
sobre o Projeto, que possa resultar na anulação de quaisquer dos termos e condições
deste, ou que tenha outro efeito material adverso sobre o Vendedor, o Projeto Eólico
ou este Contrato.

ARTIGO 6º

INDENIZAÇÃO E SEGURO

6.1 Indenização Geral.

Cada Parte deste Contrato se compromete a proteger, defender, indenizar e guar-


dar a salvo (em uma Base Pós-Imposto) a outra Parte, seus diretores, administradores,
funcionários e agentes, de todas as reclamações, demandas, causas de pedir, julga-
mentos, responsabilidades e custos e despesas a estes associados, incluindo honorários
advocatícios razoáveis, surgidos a partir de dano à propriedade, lesões corporais ou
morte sofridos por qualquer pessoa (incluindo, sem limitação, os funcionários do Com-
prador), relativos a, oriundos de ou ligados ao cumprimento deste instrumento pela Parte
indenizadora, ou à Energia a ser transmitida sob este documento. Esta provisão inde-
nizatória vigorará, não obstante a negligência ativa ou passiva da parte indenizada;
mas a responsabilidade legal da parte indenizante será reduzida proporcionalmente,
de acordo com a extensão que um ato ou uma omissão da parte indenizada possa
ter contribuído para a perda, lesão ou dano à propriedade. Além disso, nenhuma das
Partes será indenizada, sob este documento, por perda, responsabilidade legal, lesão
ou dano resultantes, unicamente, de sua negligência, fraude ou má conduta voluntária.
A Parte indenizadora, a pedido da outra Parte, defenderá ação que estabeleça uma
reclamação coberta por esta indenização, e arcará com todos os custos, incluindo
taxas legais razoáveis, que possam ser assumidos pela outra Parte na execução desta
indenização. Cada indenização neste Contrato é uma obrigação contínua, sendo se-
parada e independente das outras obrigações de cada Parte, e subsistirá ao término
deste. Não é necessário que uma Parte assuma custos ou realize pagamentos antes de
recorrer ao direito à indenização, previsto neste Contrato.

6.2 Indenização por Violação de Patente.

Cada Parte deste Contrato se compromete a proteger, defender, indenizar e guar-


dar a salvo (em uma Base Pós-Imposto) a outra Parte, seus diretores, administradores,

226
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

funcionários e agentes, de todas as reclamações, demandas, ações, julgamentos, res-


ponsabilidades e custos e despesas a estes associados, incluindo honorários advocatí-
cios razoáveis, surgidos a partir de ato, pela Parte indenizatória, que infrinja qualquer
patente relativa ao Projeto Eólico ou às Instalações de Interconexão do Vendedor. Sem
limitar a generalidade do ante exposto, o Vendedor indenizará e guardará a salvo de
dano (em uma Base Pós-Imposto) o Comprador, com relação a todas as reclamações,
demandas, ações, julgamentos, responsabilidades e custos e despesas a estes asso-
ciados, incluindo honorários advocatícios razoáveis, surgidos da assertiva de que o
desenvolvimento e operação do Projeto Eólico, pelo Vendedor, infrinja qualquer patente
mantida ou que seja considerada como sendo mantida por qualquer Pessoa outra que
uma Parte.

6.3 Seguro.

(a) Cada Parte, a custo próprio, manterá em vigor, a partir da data de assinatura
deste Contrato até a sua expiração ou rescisão, os seguintes seguros:

(i) Seguro de Indenização dos Trabalhadores para as obrigações legais, impos-


tas por leis estaduais, e Seguro da Responsabilidade Patronal, com um limite mínimo
de Um Milhão de Dólares ($1,000,000), para doenças e lesões sofridas pelos fun-
cionários; e

(ii) Seguro Geral de Responsabilidade Comercial em um formulário de ocorrência


(não realizado através de reclamações), incluindo a propriedade imóvel e o funciona-
mento, lesão corporal, formulário abrangente de dano à propriedade, produtos finais/
operações concluídas, obrigações contratuais e responsabilidade protetora de traba-
lhadores autônomos, todos estes com uma responsabilidade combinada, com limite
único, no valor mínimo de Cinco Milhões de Dólares ($5,000,000).

(b) Qualquer seguro cuja manutenção, por qualquer das Partes, seja requerida por
este Artigo, poderá ser mantido na forma de auto-seguro. Todas as apólices de seguro a
obtenção das quais sejam requeridas neste Artigo, fornecerão seguro para as ocorrên-
cias a partir da data deste Contrato, até a sua expiração ou rescisão. Toda cobertura
de seguro, requerida por este Contrato, que não for realizada por auto-seguro, será
emitida por uma seguradora com Melhor Classificação de no mínimo “A-“, ou outra
seguradora que seja razoavelmente aceitável para ambas as Partes.

(c) Cada Parte requererá que sua(s) seguradora(s) notifique(m) a outra Parte sobre
qualquer mudança material no, ou cancelamento de, seguro requerido por este Artigo,

227
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

pelo menos trinta (30) Dias antes da data efetiva da referida mudança ou cancelamen-
to. A pedido de qualquer das Partes, cada Parte fornecerá à outra e manterá com a
outra Parte, a partir de então, um certificado atual de seguro, ou documento comproba-
tório da existência da cobertura do auto-seguro, requerida por este Contrato.

ARTIGO 7º

APROVAÇÕES GOVERNAMENTAIS

7.1 Aprovações Governamentais – Obrigação do Vendedor.

Exceto no que diz respeito às aprovações, licenças e permissões governamentais,


que podem ser necessárias para permitir que o Comprador cumpra suas obrigações
neste Contrato (todas as quais serão obtidas e mantidas pelo Comprador, que sozinho
arcará com seus custos), o Vendedor garantirá e manterá, a custo zero para o Compra-
dor, todas as aprovações, permissões (incluindo permissões ambientais), licenças, servi-
dões, direitos de passagem, cessões e outras aprovações governamentais necessárias
para a construção e operação do Projeto Eólico.

7.2 Assistência do Comprador.

A pedido do Vendedor, o Comprador envidará seus melhores esforços para auxiliar


o vendedor na obtenção e retenção de tais permissões, licenças, servidões, direitos
de passagem, cessões e outras aprovações, conforme necessárias para o desenho,
construção, engenharia, funcionamento e manutenção do Projeto Eólico. O Vendedor
reembolsará o Comprador por custos razoáveis, assumidos pelo Comprador enquanto
este assistia ao Vendedor, nesta Seção 7.2.

ARTIGO 8º

DIVERSOS

8.1 Informações Sigilosas.

(a) As Partes desenvolveram e irão desenvolver certas informações, processos,


experiências práticas, técnicas e procedimentos concernentes ao Projeto Eólico, que
estas consideram sigilosas e de natureza proprietária (coletivamente, as “Informa-
ções”). Não obstante a natureza sigilosa e proprietária de tais Informações, as Partes

228
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(individualmente, a “Parte Divulgadora”) poderão disponibilizar tais Informações à


outra (individualmente, a “Parte Receptora”), estando sujeita às provisões desta Seção
8.1; ressalvando-se, contudo, que certos dados integrantes das Informações sejam
identificados como sendo “Sigilosos” pela Parte Divulgadora, antes que sejam colo-
cados à disposição da Parte Receptora, aqui definida, de acordo com as provisões
dos Procedimentos Operacionais.

(b) Após o recebimento ou conhecimento das Informações, a Parte Receptora:

(i) tratará as referidas Informações com sigilo e cuidado razoável, para que não
sejam divulgadas a qualquer terceira parte, exceto nos casos previstos em lei, estando
sujeita às restrições abaixo estabelecidas;

(ii) restringirá o acesso às referidas Informações, reservando-o apenas aos funcio-


nários, subempreiteiros, fornecedores, vendedores e assessores, cujo acesso seja razo-
avelmente necessário para o desenvolvimento do Projeto Eólico e para os propósitos
deste Contrato, estando sujeitos aos termos desta provisão;

(iii) usará as referidas Informações exclusivamente para o desenvolvimento do Pro-


jeto Eólico e para os propósitos deste Contrato; e

(iv) após o término deste Contrato, destruirá ou devolverá as Informações que este-
jam em forma escrita ou outra forma tangível, e quaisquer de suas cópias.

(c) As restrições desta Seção 8.1 não se aplicam a:

(i) a revelação deste Contrato a qualquer autoridade governamental, reque-


rida para a obtenção de qualquer aprovação ou a realização de qualquer so-
licitação do interessado, de acordo com a Seção 3.4 do presente instrumento;
ressalvando-se, contudo, que cada Parte concorde em cooperar, em boa fé, com
a outra para manter o sigilo das provisões deste Contrato, na medida permitida
pela Lei Aplicável;

(ii) informações que sejam, ou se tornem, de domínio público ou estejam disponí-


veis por outro meio que não a ação da Parte Receptora, em violação deste Contrato;

(iii) informações que sejam conhecidas pela Parte Receptora antes de seu
recebimento por ação da Parte Divulgadora, ou que forem desenvolvidas inde-
pendentemente pela Parte Receptora; ressalvando-se, contudo, que a pessoa ou
pessoas que estiverem desenvolvendo tais informações não tenham tido acesso a
quaisquer Informações;

229
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(iv) informações recebidas por uma terceira parte, as quais não sejam reconheci-
das (após a devida investigação) pela Parte Receptora como sendo proibidas de serem
divulgadas em função de uma obrigação contratual, fiduciária ou legal; ou

(v) informações cuja revelação seja, de acordo com parecer razoável, emitido por
escrito pelo consultor jurídico da Parte Receptora, requerida, em conformidade com a
Lei Aplicável (incluindo qualquer pedido com fulcro na Freedom of Information Act (Lei
da Liberdade de Informação)); ressalvando-se, contudo, que a Parte Receptora, antes
de tal revelação, forneça notificação com antecedência razoável à Parte Divulgadora,
informando o tempo e âmbito da pretendida revelação, a fim de oferecer, à Parte Divul-
gadora, a oportunidade de obter uma liminar contra tal revelação ou, de outra forma,
prevenir, limitar o âmbito de, ou impor condições à referida revelação.

(d) Não obstante o ante exposto, o Vendedor poderá revelar Informações aos
Mutuários (se houver) e a quaisquer outros investidores, que expressem um interesse em
oferecer financiamento ou refinanciamento de dívida ou da emissão de ações, e/ou
apoio de crédito ao Vendedor, bem como ao agente ou fiduciário de quaisquer destes,
contanto que os Mutuários ou tais investidores concordem em observar as provisões de
sigilo que são substancialmente semelhantes àquelas estabelecidas nesta Seção 8.1.

(e) Nenhuma das Partes fará qualquer declaração à imprensa ou emitirá qualquer
anúncio publicitário ou outro tipo de anúncio, distribuirá ou divulgará qualquer infor-
mação, para fins de publicação (além de informações cuja distribuição ou divulgação
seja, de acordo com parecer razoável, emitido por escrito pelo consultor jurídico da
Parte Divulgadora, requerida, de acordo com a Lei Aplicável; ressalvando-se, contudo,
que a Parte responsável pela distribuição ou divulgação de tais informações tenha no-
tificado, e oferecido, à outra Parte, a oportunidade de impedir tal revelação, conforme
previsto na Seção 8.1), relativa a este Contrato ou à participação da outra Parte nas
transações aqui contempladas, sem a aprovação prévia, por escrito, desta, a respeito
de qualquer anúncio jornalístico ou publicitário, a aprovação dos quais não será retida
ou postergada senão por motivo razoável.

(f) Esta Seção 8.1 não impedirá que as Partes divulguem informações cuja re-
velação seja necessária para a obtenção de permissões, licenças, cessões e outras
aprovações governamentais relativas ao Projeto Eólico, ou que seja necessária para o
cumprimento das obrigações assumidas pelas Partes, sob este Contrato.

(g) As obrigações das Partes, sob esta Seção 8.1, vigorarão durante três (3) anos,
seguinte ao término deste Contrato.

230
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

8.2 Sucessores e Cessionários; Cessão.

(a) Este Contrato entrará em vigor para beneficiar e obrigar as Partes e seus respec-
tivos sucessores e cessionários. Este Contrato não será cedido, assumido ou transferido,
no todo ou em parte, pelo Comprador (seja por contrato, dispositivo legal ou como
resultado defusão corporativa, consolidação, venda de subsidiária, cisão, desdobra-
mento de ações, criação de subsidiárias ou transação semelhante, pela qual a Pessoa
resultante, seja esta uma Afiliada de uma Parte ou outro, pretenda ter direito aos bene-
fícios e ao cumprimento das obrigações deste Contrato) sem que o Vendedor forneça
consentimento prévio por escrito, que não será retido ou postergado senão por motivo
razoável. Este Contrato não será cedido, assumido ou transferido, no todo ou em parte,
pelo Vendedor, sem que o Comprador forneça consentimento prévio, por escrito, que
não será retido ou postergado senão por motivo razoável.

(b) Não obstante o ante exposto, não será requerido consentimento para:

(i) qualquer cessão ou transferência deste Contrato, pelo Vendedor, a uma Afiliada
do Vendedor; e

(ii) qualquer cessão a qualquer dos Mutuários como garantia colateral pelas obri-
gações, constantes dos documentos financeiros, firmadas com tais Mutuários; e

(iii) qualquer cessão ou transferência deste Contrato, no todo ou em parte, pelo


Comprador a uma Afiliada do Comprador. Qualquer cessão ou transferência deste
Contrato, no todo ou em parte, pelo Comprador a uma Afiliada do Comprador, de
acordo com Seção 8.2(b)(iii), será ineficaz, à condição de que a referida Afiliada
tenha recebido todas as Aprovações Governamentais requeridas sob a Lei Aplicável,
relativas a tal cessão ou transferência, e à condição de que a Companhia Controladora
Garantidora confirme previamente ao Vendedor, por escrito, que a Garantia da referida
Companhia continuará a vigorar após tal cessão. Qualquer cessão ou transferência
deste Contrato, no todo ou em parte, pelo Comprador a uma Afiliada do Compra-
dor, de acordo com Seção 8.2(b)(iii), será ineficaz caso, na opinião comercialmente
razoável do Vendedor, o acesso aos direitos de transmissão pelo Comprador e seu
cessionário seja, por ocasião desta cessão ou transferência, menos favorável que o
existente antes da efetiva data da cessão proposta. Qualquer cessão ou transferência
deste Contrato, no todo ou em parte, pelo Comprador a uma Afiliada do Comprador,
de acordo com Seção 8.2(b)(iii), será condicionada à assinatura, pelo Comprador e a
referida Afiliada, de um Contrato aditadode Compra e Venda de Energia com o Ven-
dedor, em termos idênticos aos deste Contrato; ressalvando-se, contudo, que o referido
Contrato aditado de Compra de Energia destinará a compra de Energia Comprada (e

231
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

todas as obrigações que surgirem neste instrumento relativas a esta) entre o Comprador
e tal Afiliada, conforme determinação do Comprador.

(c) O Comprador reconhece que, caso ocorra um evento de inadimplência sob qual-
quer dos documentos financeiros relativos ao Projeto Eólico, qualquer dos Mutuários poderá
(mas não será obrigado a) assumir ou fazer com que sua pessoa designada ou um novo
arrendatário ou Comprador do Projeto Eólico assuma, todos as participações patrimoniais,
direitos e obrigações do Vendedor que surgirem neste Contrato, a partir de então.

(d) Se os direitos e participações patrimoniais do Vendedor sob este Contrato forem


assumidos, vendidos ou transferidos, conforme previsto neste documento, e a parte as-
suntora concordar, por escrito, em obrigar-se a e assumir os termos e condições deste,
bem como todas as obrigações do Comprador, surgidas e acumuladas a partir da data
da referida assunção, o Vendedor, a partir de tal data, será dispensado do cumprimento
dos termos e condições deste instrumento, assim como cada uma das obrigações aqui
estabelecidas, e o Comprador continuará este Contrato com a parte assuntora como
se tal pessoa tivesse recebido o nome de Vendedor, sob este Contrato; ressalvando-se,
contudo, que se qualquer dos Mutuários assumir este Contrato, conforme aqui previsto,
o Comprador reconhece e concorda que tais Pessoas não responderão pessoalmente
pelo desempenho das referidas obrigações, exceto na medida da participação patri-
monial total dos Mutuários no Projeto Eólico. Não obstante qualquer presunção neste
sentido por parte de qualquer dos Mutuários ou de sua pessoa designada, o Vendedor
não será dispensado e permanecerá responsável por toda e qualquer obrigação, com
relação ao Comprador, que surgir ou acumular-se antes de tal assunção.

(e) As provisões desta Seção 8.2 beneficiam os Mutuários e as Partes deste Con-
trato também, sendo executáveis, pelos Mutuários, enquanto terceiros beneficiários ex-
pressos deste instrumento. Por meio deste instrumento, o Comprador concorda que
nenhum dos Mutuários, ou qualquer titular de garantia ou participante no interesse de
quem possam agir, será obrigado a cumprir qualquer obrigação, ou considerar-se-á
como tendo incorrido em qualquer responsabilidade ou obrigação, perante o Compra-
dor, prevista neste Contrato, ou terá qualquer obrigação ou responsabilidade perante o
Comprador, exceto na medida em que um destestornar-se uma parte deste instrumento,
conforme Seção 8.2.

8.3 Gravames de Financiamento.

(a) O Vendedor, sem a aprovação do Comprador, poderá, por meio de garantia,


onerar ou de outra forma gravar suas participações patrimoniais sob este Contrato,

232
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

para financiar a construção e/ou funcionamento do Projeto Eólico e as Instalações de


Interconexão do Vendedor.

(b) Prontamente após a formalização do referido gravame, o Vendedor informará


o Comprador, por escrito, o nome, endereço e números de telefone e fax de cada
Mutuário a quem os interesses do Vendedor, sob este Contrato, estejam gravados. Tal
notificação incluirá os nomes dos gerentes de conta, ou outros representantes dos Mu-
tuários, aos quais toda correspondência por escrito ou telefônica poderá ser dirigida.

(c) Kit de Ferramentas para Energia EólicaApós enviar, ao Comprador, a referida no-
tificação inicial, o Vendedor prontamente informará, o Comprador, de qualquer mudança
nas informações fornecidas na notificação inicial ou qualquer notificação revisada.

(d) Se o Vendedor optar por gravar suas participações patrimoniais sob este Con-
trato, conforme permitido por esta Seção 8.3, as seguintes provisões serão aplicáveis:

(i) as Partes, exceto conforme previsto nos termos deste Contrato, não modificarão
ou cancelarão este Contrato sem consentimento prévio, por escrito, dos Mutuários, o
qual não será retido, atrasado ou condicionado senão por motivo razoável;

(ii) os Mutuários terão o direito, mas não a obrigação, de realizar qualquer ato
cujo cumprimento pelo Vendedor seja requerido, sob este Contrato, para prevenir ou
sanar uma inadimplência deste. Tal ato, realizado pelos Mutuários, terá a mesma eficá-
cia, no saneamento da inadimplência, que se tivesse sido executado pelo Vendedor;

(iii) o Comprador produzirá, a pedido do Vendedor, declarações que certifiquem o


status inalterado deste Contrato (ou, caso tenha sofrido modificação, a natureza desta),
sua vigência, e a ausência ou existência (e a natureza destas) de inadimplências, por par-
te do Vendedor, relativas a obrigações constantes deste Contrato, bem como documentos
consentindo a referida cessão ao gravame e qualquer cessão a estes Mutuários; e

(iv) após o recebimento de requerimento escrito do Vendedor ou de qualquer Mu-


tuário, o Comprador, às custas razoáveis do Vendedor, produzirá ou providenciará a
produção de tais certificados, pareceres e outros documentos, conforme seja razoavel-
mente necessário, para que o Vendedor firme qualquer financiamento ou refinanciamen-
to do Projeto Eólico ou de qualquer parte deste, e firmará acordos razoáveis com tal
Mutuário, o teor dos quais será a afirmação de que

o Comprador reconhece os direitos do referido Mutuário, na ocasião da execu-


ção judicial da garantia sobre a participação patrimonial do Mutuário, e outras provi-

233
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

sões que possam ser razoavelmente requeridas por quaisquer destes; ressalvando-se,
contudo, que qualquer acordo do tiponão modifique este documento, a não ser que o
Comprador, exclusivamente a seu critério, assim o queira.

8.4 Notificações.

Cada notificação, requerimento, demanda, declaração ou comunicação rotineira,


requerida ou permitida sob este Contrato, ou qualquer notificação ou comunicação
que qualquer das Partes queira enviar à outra, será realizada por escrito e considerada
entregue quando recebida, pela outra Parte, por carta registrada, fax ou por reputado
serviço de entrega noturno, sendo enviada à outra Parte no endereço indicado abaixo
ou em outro endereço, conforme notificação de qualquer das Partes.

Se para o Vendedor: [endereço]


[atenção]
Telefone:
Fax:

Se para o Comprador: [endereço]


[atenção]
Telefone:
Fax:

8.5 Força Maior.

Excetuando-se obrigações acumuladas de pagamento monetário e outros direitos


e obrigações acumulados, o cumprimento de qualquer obrigação, requerida neste do-
cumento, será dispensado durante a ocorrência de qualquer Acontecimento de Força
Maior, incidente sobre a Parte cujo desempenho seja requerido com relação à referida
obrigação, e sobre o tempo do cumprimento de qualquer obrigação, atrasada devido à
ocorrência de um Acontecimento de Força Maior; ressalvando-se, contudo, que: (a) a Par-
te que experimentar o atraso notificará a outra Parte a respeito da ocorrência do referido
Acontecimento de Força Maior e o atraso esperado, dentro de dez (10) Dias a partir do
início do Evento; (b) a suspensão do cumprimento não será de âmbito maior (na forma em
que esta afeta a entrega de Energia pelo Vendedor ou outra obrigação emergente, ou na
forma como esta afeta a obrigação do Comprador de comprar Energia, ou outras obriga-
ções emergentes) e não durará mais do que razoavelmente requerido pelo Acontecimento
de Força Maior; e (c) a Parte afetada envidará todos os esforços razoáveis para continuar
a cumprir suas obrigações contratuais, e para corrigir ou sanear o evento ou a condição

234
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

que dispense o cumprimento; e ressalvando-se, ainda, que, se o Comprador alegar a


ocorrência de um Acontecimento de Força Maior sob a subcláusula (j) da definição de
“Acontecimento de Força Maior”, e o Comprador, após a ocorrência do referido Evento,
mesmo assim firmar um ou mais acordos para vender Energia Comprada a Pessoas, em
mitigação aos efeitos do referido “Acontecimento de Força Maior,” o Comprador será
obrigado a notificar o Vendedor, de acordo com as Práticas Operacionais Prudentes,
quanto aos termos e condições de tais acordos, e a pagar, ao Vendedor, pelo menos uma
vez a cada trinta (30) Dias, durante o termo do “Acontecimento de Força Maior”, valor
igual a quarenta porcento (40%) da receita bruta, auferida pelo Comprador em razão de
tais acordos. Qualquer das Partes que for prejudicada por um Acontecimento de Força
Maior, ajuizará ou causará o ajuizamento das ações necessárias para suspender, anular
ou de outra forma mitigar, em todos os aspectos materiais, os efeitos deste.

8.6 Aditamentos.

Este Contrato não será modificado ou emendado a não ser que tais modificações
ou emendas sejam realizadas por escrito e assinadas por representantes autorizados
de ambas as Partes.

8.7 Renúncias Abdicativas.

A falha no cumprimento de qualquer direito ou obrigação por qualquer Parte,


com relação a qualquer matéria emergente em conexão com este Contrato, não
constituirá uma renúncia com relação à referida matéria ou a qualquer outra. Qual-
quer renúncia, por qualquer Parte, de seus direitos com relação a uma inadimplên-
cia sob este Contrato, ou com relação a quaisquer outras matérias emergentes em
conexão com este Contrato, deverá ser realizada por escrito. Tal renúncia não será
considerada uma renúncia com relação a qualquer inadimplência subseqüente ou
outra matéria.

8.8 Renúncia a Perdas e Danos Conseqüentes.

Não obstante qualquer dispositivo em contrário, presente neste Contrato (exceto


na medida em que pagamentos de indenização sejam realizados, de acordo com
Seção 6.1, em razão de uma terceira parte ter sido acordada danos especiais, in-
diretos, incidentais, punitivos ou conseqüentes), nem o Comprador nem o Vendedor
(nem quaisquer de suas Afiliadas, empreiteiras, consultores, administradores, diretores,
acionistas, membros ou funcionários) será responsável por danos especiais, indiretos,
incidentais, punitivos ou conseqüentes sob, emergente de, devido a, ou em conexão

235
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

com o cumprimento ou não deste Contrato, ou qualquer das obrigações nele contidas,
sejam estas baseadas em contrato, ilícito civil (incluindo, sem limitação, negligência),
responsabilidade estrita, garantia, indenização ou outros.

8.9 Subsistência.

Não obstante quaisquer dispositivos em contrário, presentes neste instrumento, as


obrigações estabelecidas em Seção 8.1 e Artigo 6, e as limitações incidentes sobre as
responsabilidades, estabelecidas neste instrumento, subsistirão (em pleno vigor) após o
término ou rescisão deste Contrato.

8.10 Separação.

Se quaisquer dos termos deste Contrato forem considerados ou determinados, de


forma definitiva, como inválidos, ilegais ou nulos, todos os outros termos do Contrato
permanecerão em vigor; ressalvando-se, contudo, que as Partes deverão entrar em ne-
gociações a respeito dos termos afetados por sua decisão, com o intuito de obter con-
formidade com os requerimentos de qualquer Lei Aplicável e a intenção das Partes.

8.11 Lei Regente.

Este Contrato será interpretado e cumprido em conformidade com as leis de


[_______], não obstante seus conflitos de provisões legais.

8.12 Solução de Controvérsias.

Todos os conflitos entre as Partes, surgidos sob este Contrato, que não forem resol-
vidos da forma apresentada nas provisões precedentes deste Contrato, serão solucio-
nados por meio de arbitragem, de acordo com as Regras de Arbitragem Comercial da
Associação Americana de Arbitragem, em Houston, Texas. Um árbitro independente será
selecionado por cada uma das Partes, e o terceiro árbitro será escolhido pelos dois pri-
meiros árbitros. Os custos e as despesas com a arbitragem serão partilhadas igualmente
entre as Partes envolvidas, independente de que Parte ou Partes prevaleçam, exceto que
cada Parte arcará com os honorários de seus advogados. A arbitragem será conduzida
de acordo com o seguinte cronograma, a menos que as Partes acordem mutuamente, por
escrito, de outra forma: (i) as Partes envolvidas no procedimento de arbitragem indicarão,
cada uma, seus respectivos árbitros, dentro de quinze (15) Dias após o final da data da
notificação do conflito pela outra Parte; (ii) a indicação do terceiro árbitro ocorrerá dentro
de cinco (5) Dias a partir desta data; (iii) dentro de dez (10) Dias após a indicação do

236
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

terceiro árbitro, as Partes envolvidas no procedimento de arbitragem fornecerão todos os


documentos, registros e informações de apoio razoavelmente necessários para resolver o
conflito; e (iv) dentro de trinta (30) Dias (ou assim que for razoavelmente possível) após a
data em que os registros acima forem devidos, os árbitros emitirão sua decisão. A deci-
são ou o laudo arbitral será final e vinculante para as Partes deste, na mesma medida e
extensão em que a matéria tenha sido julgada por um Juízo competente, sendo executável
sob o Federal Arbitration Act (Lei de Arbitragem Federal).

8.13 Renúncia de Julgamento por Júri.

Cada uma das Partes renuncia, de forma consciente, voluntária e intencional, ao


direito que quaisquer destas possa ter a um julgamento pelo Tribunal do Júri, com re-
lação a qualquer litígio baseado neste documento, que surgir de ou em conexão com
este Contrato, e com qualquer acordo contemplado para ser assinado em conjunto com
este, ou qualquer diretriz, orientação de negócios, declarações (sejam estas verbais ou
escritas) ou ações de quaisquer das Partes deste instrumento. Esta provisão é um deter-
minante material para as Partes que firmarem este contrato.

8.14 Sem Terceiros Beneficiários.

Este Contrato não é unicamente destinado ao benefício das Partes aqui estabele-
cidas. Com a exceção do quanto estabelecido em Artigo 6º e nas Seções 8.2 e 8.3,
nenhum dispositivo deste Contrato será interpretado para criar qualquer dever de, ou
padrão de cuidado com relação a, ou qualquer responsabilidade por, ou qualquer
benefício para qualquer pessoa que não seja Parte neste Contrato.

8.15 Sem Agências.

Este Contrato não é destinado, e não será interpretado, à criação de qualquer


associação, contrato em participação, relacionamento ou parceria de agência entre as
Partes, ou para impor quaisquer das referidas obrigações ou responsabilidades sobre
qualquer das Partes. Nenhuma das Partes terá o direito, poder ou autoridade de firmar
qualquer acordo ou empreendimento para, ou agir como ou ser um agente ou represen-
tante de, ou de outra forma obrigar a outra Parte.

8.16 Cooperação.

As Partes admitem que firmam um acordo a longo prazo, no qual a cooperação de


ambas será requerida. Se durante o Termo deste, ocorrerem mudanças nas operações,

237
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

instalações ou métodos de quaisquer das Partes, trazendo estes benefícios materiais a uma
das Partes, sem causar danos à outra, as Partes comprometem-se, mutuamente, a envidar
esforços razoáveis para cooperar e auxiliar uma à outra na realização de tal mudança.

8.17 Garantias Adicionais.

Após o recebimento de solicitação escrita da outra Parte, cada Parte produzirá o


documentos, instrumentos e garantias adicionais, e tomará quaisquer ações adicionais
que sejam razoavelmente necessárias e desejadas para cumprir os termos e intenções
incluídos neste documento. Nenhuma das partes reterá, imporá condições ou atrasará
sua concordância com quaisquer solicitações razoáveis realizadas de acordo com esta
Seção 8.17, senão por motivo razoável.

8.18 Cabeçalhos; Interpretação.

Todos os índices, títulos, cabeçalhos, títulos de seção, e itens semelhantes a estes


são incluídos a para a referência e conveniência do leitor, e não têm o propósito de
afetar o significado do conteúdo ou âmbito deste Contrato. Qualquer termo ou provisão
deste Contrato será interpretado simplesmente de acordo com seu significado justo, e
não estritamente a favor ou contra qualquer Parte.

8.19 Acordo Integral.

Este Contrato substitui em validade a quaisquer outros entendimentos ou acordos,


anteriores ou contemporâneos, tanto firmados por escrito quanto oralmente, entre as
Partes, com relação à matéria deste Contrato.

8.20 Outras Vias.

Este Contrato poderá ser firmado em diversos vias, cada uma das quais será uma
via original, e todas juntas constituirão um único instrumento.

8.21 Serviço de Previsão.

O Vendedor envidará esforços comerciais razoáveis para firmar um acordo (o


“Acordo de Previsão”) com um fornecedor de previsão eólica, para que este transmita,
ao Site, previsões da velocidade do vento e de Energia, a cada hora. A previsão será
fornecida duas vezes por dia (uma vez de manhã e uma vez de tarde) a cada hora do
Dia imediatamente seguinte. Horários precisos para as transmissões serão estabelecidos,

238
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

em coordenação com o Comprador, no Acordo de Previsão. Tais previsões começarão


na Data de Funcionamento Comercial, e terminarão no último Dia do Termo. Sujeitas
aos termos e condições do Acordo de Previsão, as dupla previsões diárias, produzidas
em conformidade com o Acordo de Previsão, serão disponibilizadas pelo Vendedor
ao Comprador, de forma mutuamente acordada, a custo zero para o Comprador. O
Vendedor não será responsável, perante o Comprador, por imprecisões na previsão da
velocidade do vento e da produção ou transmissão de Energia. Caso requerido pelo
Vendedor, o Comprador firmará um acordo entre o Comprador, o Vendedor e o forne-
cedor de previsão eólica, pelo qual o Comprador concordará em tratar as informações
de previsão recebidas como Informações sigilosas e de natureza proprietária, conforme
o significado estabelecido na Seção 8.1 deste Contrato.

EM TESTEMUNHO DO QUANTO EXPOSTO, as Partes firmaram este Contrato da


forma que lhes conveio, na data estabelecida acima.

[VENDEDOR]_____________________ [Comprador]

Por:_____________________________ Por:____________________________

Nome:__________________________ Nome:_ ________________________

Cargo:__________________________ Cargo:_________________________

239
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

PROGRAMAÇÃO 1 DO MODELO DE PPA

CRÉDITOS RETIDOS PELO VENDEDOR

Todos e quaisquer créditos de impostos sobre a produção estarão disponíveis aos


geradores de energia eólica, de acordo com a Seção 45 do Internal Revenue Code
(Código da Receita Federal), podendo este ser aditado, ou qualquer sucessor ou pro-
visão semelhante.

DOCUMENTO A DO MODELO DE PPA

DESCRIÇÃO DO PROJETO EÓLICO

DOCUMENTO B DO MODELO DE PPA

DESCRIÇÃO DO PONTO DE ENTREGA

O ponto de entrega é o lado alto do transformador em um subestação [____] kV/


[___] kV a ser construída, localizada em [_____________].

DOCUMENTO C DO MODELO DE PPA

DESCRIÇÃO DO SITE

DOCUMENTO D DO MODELO DE PPA

GARANTIA DA COMPANHIA CONTROLADORA GARANTIDORA DO COMPRADOR

Anexo E: Modelo de Contrato de Interconexão

Este anexo contém um modelo de Contrato de Interconexão, baseado em um con-


trato de interconexão padrão utilizado por uma Empresa de Serviços Públicos Norte
Americana, visando interligá-la com novos projetos de energia.

Este modelo de contrato de interconexão é apresentado apenas a título de exem-


plo. Recomenda-se que os leitores busquem assessoria jurídica antes de firmarem qual-
quer tipo de acordo vinculante, garantindo, assim, a consecução de seus objetivos e a
proteção de seus interesses legais.

240
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

CONTRATO DE INTERCONEXÃO PARA TRANSMISSÃO

ENTRE

[Provedor IC]

[NOME DO GERADOR]

241
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ÍNDICE DE CONTEÚDO
1. INTERPRETAÇÃO...................................................................................... 1
1.1 Definições.............................................................................................. 1
1.2 Interpretação.......................................................................................... 3
1.3 Separação............................................................................................. 3

2. GERAL..................................................................................................... 3
2.1 Título/Riscos/Responsabilidade do Sistema................................................. 3
2.2 Direitos de Ambas as Partes...................................................................... 3
2.3 Custos do Sistema................................................................................... 4
2.4 Mudanças ao Sistema.............................................................................. 4
2.5 Nenhum Outro Serviço............................................................................. 4

3. TERMO E RESCISÃO................................................................................. 5
3.1 Termo.................................................................................................... 5
3.2 Rescisão................................................................................................ 5
3.3 Efeito da Rescisão................................................................................... 5

4. COMITÊ OPERACIONAL........................................................................... 5
4.1 Constituição........................................................................................... 5
4.2 Autoridade Limitada do Comitê Operacional................................................ 6

5. OPERAÇÃO DE INTERCONEXÃO............................................................... 6
5.1 Interconexão.......................................................................................... 6
5.2 Requerimentos de Interconexão.................................................................. 6
5.3 Ordem(ns) de Operação.......................................................................... 7
5.4 Interrupções Programadas de Equipamento.................................................. 8
5.5 Controle de Perturbações no Sistema.......................................................... 8
5.6 Poder Reativo......................................................................................... 8
5.7 Medição............................................................................................... 8
5.8 Troca de Informações............................................................................... 9
5.9 Acesso ao Site........................................................................................ 9
5.10 Desligamento Imediato........................................................................... 9
5.11 Falha em Atender aos Requerimentos de Seção 5....................................... 9

242
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

6. LIMITAÇÃO SOBRE RESPONSABILIDADE.................................................... 10


6.1 Perdas e Danos Conseqüentes................................................................. 10

7. FORÇA MAIOR...................................................................................... 10
7.1 Cumprimento Dispensado por Força Maior................................................ 10
7.2 Notificação.......................................................................................... 10
7.3 Rescisão por motivo de Prorrogação da Força Maior................................... 10

8. APROVAÇÕES REGULATÓRIAS................................................................. 11
8.1 Obtendo e/ou Mantendo as Aprovações.................................................. 11

9. SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIA................................................................ 11
9.1 Notificação de Controvérsias.................................................................. 11
9.2 Composição Amigável........................................................................... 11
9.3 Arbitragem........................................................................................... 11
9.4 Cumprimento Durante Solução de Controvérsia........................................... 11
9.5 Custo das Controvérsias......................................................................... 11

10. NOTIFICAÇÕES................................................................................... 11
10.1 Método de Notificação........................................................................ 11
10.2 Recebimento Presumido........................................................................ 12

11. DISPOSITIVOS GERAIS.......................................................................... 12


11.1 Sigilo................................................................................................ 12
11.2 Lei Regente........................................................................................ 12
11.3 Cessão............................................................................................. 12
11.4 Não-Renúncia..................................................................................... 12
11.5 Entrada em Vigor................................................................................ 13
11.6 Sem Parcerias..................................................................................... 13
11.7 Aditamentos....................................................................................... 13
11.8 Garantias Adicionais........................................................................... 13
11.9 Acordo Integral................................................................................... 13
11.10 Controvérsias.................................................................................... 13
11.11 Assinatura de Diversas Vias................................................................. 13

PROGRAMA A – PONTO DE INTERCONEXÃO


PROGRAMA B – REQUERIMENTOS DO PROJETO DE INTERCONEXÃO (“RPI”)

243
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ESTE ACORDO DE INTERCONEXÃO é datado de _____________, 200_.

ENTRE:

[Provedor de Interconexão]

(“Provedor IC”)

E:

_____________________________________________________,

_____________________________________________________

(o “Gerador”)

CONSIDERANDO QUE:

(A) O Provedor IC é proprietário e opera instalações de geração, transmissão e


distribuição de energia em [___________]; e

(B) O Gerador é proprietário e opera certas instalações de geração e transmissão


de energia em [___________], e deseja interligar-se às instalações de transmissão do
Provedor IC; e

(C) O Provedor IC e o Gerador firmam este CI para administrar matérias operacio-


nais relativas à Interconexão de suas respectivas instalações;

POR CONSEGUINTE, ESTE CONTRATO TESTEMUNHA QUE, considerando-se


os acordos mutuamente firmados pelas Partes, e outras reflexões boas e válidas, o Pro-
vedor IC e o Gerador resolvem celebrar o presente compromisso legal, que se regerá
pelas seguintes cláusulas e condições:

1. INTERPRETAÇÃO

1.1 Definições

Neste Contrato, as seguintes palavras e termos terão os significados determina-


dos nesta Seção 1.1, a menos que o contexto em que estiverem inseridos solicite
outra definição:

244
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

1.1.1 “Contrato” significa este Contrato de Interconexão, incluindo os seguintes Pro-


gramas (estando estes anexos ao presente instrumento no momento de sua assinatura, ou
posteriormente, de acordo com a vontade de ambas as Partes), podendo estes ser aditados
periodicamente, conforme este Contrato ou de outra forma, por vontade de das Partes:

(a) Programa A: Ponto de Interconexão;

(b) Programa B: Requerimentos do Projeto de Interconexão; e

1.1.2 “Sistema do Provedor IC” significa as instalações de geração, transmissão,


distribuição, proteção, controle e comunicação, pertencentes e operadas pelo Provedor
IC em

[________], e inclui todas as adições, modificações, reparos e substituições reali-


zadas nestas.

1.1.3 “Emergência” significa qualquer condição pela qual, seja por força de uma
interrupção forçada, por preocupação com uma interrupção forçada ou por outra ra-
zão, existir um risco iminente de falha no equipamento, de perigo para os funcionários
ou o público, ou de risco na segurança ou confiabilidade do Sistema.

1.1.4. “Força Maior” significa qualquer caso fortuito, inquietação trabalhista, ato
de inimigo público, guerra, insurreição, perturbação social, incêndio, tempestade ou
inundação, explosão, colapso ou acidente com a maquinaria ou o equipamento, or-
dem, regulamento ou restrição imposta pelo governo militar ou legalmente estabelecido
por autoridades civis, ou qualquer outra causa que esteja fora do controle razoável da
Parte. Um acontecimento de Força Maior não inclui ato de negligência ou erro propo-
sital falta de dinheiro, crédito ou dificuldade econômica.

1.1.5 “Sistema Gerador” significa as instalações de geração, transmissão, prote-


ção, controle e comunicação pertencentes e operadas pelo Gerador, e inclui todas as
adições, modificações, reparos e substituições realizados nestas.

1.1.6 “Boas Práticas dos Serviços Públicos” significa quaisquer das práticas, mé-
todos e atos empregados ou aprovados por uma parte significativa da indústria de
energia elétrica à época, ou quaisquer das práticas, métodos e atos que, utilizando-se
bom senso, à luz dos fatos conhecidos à época em que a decisão foi tomada, seriam
esperados para se atingir os resultados almejados, a um custo razoável, em conformi-
dade com boas práticas comerciais, noções de confiabilidade, segurança, e rapidez.
As Boas Práticas dos Serviços Públicos não pretendem se limitar a uma prática, método

245
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

ou ato ótimo, à exclusão de todos os outros. Ao invés disso, pretendem ser práticas,
métodos ou atos geralmente aceitos em [________].

1.1.7 “Interconexão” significa as instalações e procedimentos, conforme descritos


neste Contrato, para permitir o fluxo de energia elétrica do Sistema de uma Parte ao
Sistema da outra.

1.1.8 “Requerimentos de Interconexão” significa a publicação “69 kV a 500 kV


Requerimentos de Interconexão para Geradores de Energia” (Janeiro 2002) do Prove-
dor IC, entendo-se que esta poderá ser, por vezes, emendada.

1.1.9 “kV” significa quilovolt ou quilovolts.

1.1.10 “Comitê Operacional” significa o quanto estabelecido na Seção 4.1.1


deste Contrato.

1.1.11 “Ordem(ns) de Operação” significa as práticas e procedimentos conforme


acordado e aditado, de acordo com Seção 5.3.

1.1.12 “Parte” significa o Provedor IC ou o Gerador, conforme inferido pelo con-


texto, desde que “Geração”, como definido nesta Seção 1.2, não seja considerada
uma Parte deste Contrato, sendo esta pertencente ou operada pelo Provedor IC ou não;
e por “Partes” entenda- se o Provedor IC e o Gerador.

1.1.13 “RIP” ou “Requerimentos de Interconexão do Projeto” significa os requeri-


mentos específicos, contidos no Programa B, conforme seja por vezes aditado, para a
Interconexão do Sistema do Gerador ao Sistema do Provedor IC, que serão baseados
nos Requerimentos de Interconexão, bem como em todas as informações estruturais
fornecidas pelo Gerador ao Provedor IC.

1.1.14 “Ponto de Interconexão” significa o ponto físico de ligação entre o Sistema


Gerador e o Sistema do Provedor IC, ou qualquer outro ponto do tipo, conforme acor-
dado pelas Partes, podendo este ser descrito com mais detalhe no Programa A.

1.1.15 “Sistema” significa o Sistema do Provedor IC ou o Sistema Gerador, conforme in-


dicado pelo contexto; “Sistemas” refere-se ao Sistema do Provedor IC e ao Sistema Gerador.

1.2 Interpretação

Neste Contrato, à exceção de dispositivos que expressamente estabeleçam de


outra forma, ou conforme determinar o contexto:

246
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(a) os títulos e cabeçalhos servem apenas para situar o leitor, não sendo destinados
a dirigir a interpretação deste Contrato;

(b) a palavra “incluir” ou “incluindo”, quando seguir qualquer declaração ou termo


geral, não deverá ser interpretada como uma limitação, da referida declaração ou
termo, aos itens e assuntos específicos estabelecidos, ou a itens e assuntos semelhantes,
mas, ao invés disso, como uma permissão para que tal declaração ou termo geral se
refira a todos os outros itens ou assuntos que poderiam encontrar-se, razoavelmente, no
seu âmbito de abrangência mais amplo;

(c) as palavras no singular, quando solicitado pelo contexto, incluirão o plural, e


vice-versa, e as palavras no masculino incluirão o gênero feminino e o neutro, e vice-
versa, conforme o caso;

(d) a menos que seja determinado de outra forma, a menção de uma Seção, Cláu-
sula ou Programa significa uma Seção, Cláusula ou Programa deste Contrato; e

(e) a menção de uma entidade inclui qualquer sucessor desta entidade.

1.3 Separação

Quando possível for, cada provisão deste Contrato será interpretada de forma a
se tornar efetiva, válida e exeqüível sob a lei aplicável. Caso qualquer provisão deste
Contrato seja, ou se torne, ilegal, inválida ou inexeqüível sob a lei aplicável, considerar-
se-á tal provisão eliminada deste instrumento, na medida de sua ilegalidade, invalidade
ou inexeqüibilidade, e sua ilegalidade, invalidade ou inexeqüibilidade não afetará a
legalidade, validade ou exeqüibilidade das provisões remanescentes, a menos que a
referida ilegalidade, invalidade ou inexeqüibilidade afete, material ou adversamente, o
intuito ou propósito deste Contrato.

2. GERAL

2.1 Título/Riscos/Responsabilidades do Sistema

Cada Parte continuará a gozar do seu direito sobre, e a assumir o risco e a res-
ponsabilidade por, seu próprio Sistema, e a outra Parte não assume, sob este Contrato,
qualquer participação patrimonial, risco ou responsabilidade pelo referido Sistema.
Nada, relativo a este Contrato ou ao seu cumprimento, afetará os direitos e deveres
independentes das Partes de sempre responsabilizar-se por e exercer real controle físico
e posse sobre seu Sistema. Exceto conforme requerido por este Contrato, cada Parte

247
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

reterá o direito de planejar, operar e manter, independentemente, seu sistema para


cumprir suas obrigações.

2.2 Direitos de Ambas as Partes

Este Contrato não limita qualquer direito, das Partes, em firmar contratos ou transa-
ções com terceiros, desde que tais contratos ou transações não requeiram que a Parte
aja de forma inconsistente com referência às obrigações contraídas consoante este
instrumento, ou prejudique o cumprimento destas.

2.3 Custos do Sistema

2.3.1 Todo e qualquer trabalho, incluindo todas as adições, modificações, substi-


tuições, operações, manutenções e reparos, realizado por uma das Partes com relação
a seu Sistema, será custeado por esta Parte, exceto conforme previsão expressa deste
Contrato ou qualquer outro acordo, firmado pelas Partes.

2.3.2 Se o Gerador alterar quaisquer das informações fornecidas para o desen-


volvimento dos RIP, conforme descrito em Seção 5.2.2 deste Contrato, e se, por conse-
guinte, o Provedor IC determinar, utilizando-se um critério razoável, que seja necessário
aditar os RIP para que estes reflitam as alterações, todos os custos do Provedor IC e do
Gerador, associados a tais mudanças, serão da responsabilidade do Gerador.

2.3.3 Se o Provedor IC aditar os Requerimentos de Interconexão, conforme descri-


to na Seção

5.2.2 deste Contrato, e se, por conseguinte, for necessário que o Provedor IC modifi-
que o RIP, para que este reflita os referidos aditamentos, todos os custos do Provedor IC e
do Gerador, associados a tais mudanças, serão da responsabilidade do Provedor IC.

2.4 Alterações no Sistema

2.4.1 Sujeito à Seção 2.4.2, o Gerador notificará o Provedor IC a respeito de


qualquer adição, modificação, reparo ou substituição de toda ou qualquer parte de seu
Sistema, quando tal adição, modificação, reparo ou substituição possa alterar ou afetar
a operação de seu Sistema ou a Interconexão.

2.4.2 Quando se esperar, razoavelmente, que tais adições, modificações, reparos


ou substituições venham a afetar o Sistema do Provedor IC ou a Interconexão, o Ge-
rador não os empreenderá sem antes ter submetido a proposta adição, modificação,

248
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

reparo ou substituição ao Provedor IC, e obtido consentimento, por escrito, do Provedor


IC para proceder, ressalvando-se que tal consentimento não deverá ser retido sem mo-
tivo razoável.

2.4.3 Não obstante qualquer revisão ou consentimento pelo Provedor IC, a respon-
sabilidade por tais adições, modificações, reparos ou substituições será inteiramente do
Gerador, e qualquer revisão ou consentimento, pelo Provedor IC, não constituirá uma
assunção de responsabilidade por este, nem dispensará o Gerador de assumir sua res-
ponsabilidade pelas adições, modificações, reparos ou substituições, bem como pelo
efeito gerado no Sistema do Provedor IC e na Interconexão.

2.5 Nenhum outro Serviço

2.5.1 Este Contrato é aplicável apenas à Interconexão, e não obrigará qualquer


das Partes a fornecer, nem concederá a qualquer das Partes o direito de receber, servi-
ços que não estejam expressamente previstos neste documento. Cada Parte é respon-
sável pelas providências necessárias para o recebimento de quaisquer outros serviços
que esta possa requerer da outra Parte, ou de terceiros.

2.5.2 Para evitar dúvidas, a celebração deste Contrato não constituirá uma solici-
tação de, ou uma provisão de, qualquer serviço de transmissão, sob as tarifas padrão
do Provedor IC, ou qualquer serviço de distribuição local.

3. TERMO E RESCISÃO

3.1 Termo

Este Contrato começará e continuará a vigorar a partir da data mencionada na


primeira página deste Contrato, até o término deste, de acordo com este instrumento.

3.2 Rescisão

3.2.1 O Gerador rescindirá este Contrato após dar, ao Provedor IC, trinta (30)
Dias de notificação prévia, por escrito.

3.2.2 Se, por qualquer razão, o Sistema do Gerador for desligado do Sistema
do Provedor IC por um período longo ou prolongado, e o Gerador não agir de forma
diligente no propósito de religá-lo, então, sem prejuízo dos direitos da outra Parte, o
Provedor IC poderá rescindir este Contrato, apresentando notificação prévia de sessen-
ta (60) Dias, por escrito, ao Gerador.

249
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

3.2.2 Além disso, e não obstante o ante exposto, este Contrato poderá ser rescin-
dido de acordo com Seções 5.11.2 ou 8.4, ou por acordo mútuo entre as Partes.

3.3 Efeito da Rescisão

3.3.1 As Partes reconhecem e concordam que, após a rescisão deste Contrato, não
restará a obrigação de permanecerem interligadas, e qualquer das Partes terá o direito
de desligar seu Sistema do Sistema da outra Parte a qualquer momento, a partir de então.
Não obstante a rescisão deste Contrato, todos os custos requeridos para efetuar o referi-
do desligamento serão assumidos pela Parte rescindente, a menos que tal rescisão tenha
resultado da inadimplência ou quebra deste Contrato pela Parte não rescindente, caso
em que a Parte não rescindente arcará com todos os custos mencionados.

3.3.2 Caso as Partes permaneçam interligadas após o término deste Contrato, sem
que outro acordo seja firmado em seu lugar, estas se submeterão aos termos e condições
do presente instrumento, até que seja celebrado um acordo substituto; porém, tal fato não
será interpretado como uma declaração, pelas Partes, de que os termos e condições do
contrato recém-terminado seriam apropriados para integrar o acordo substituto.

4. COMITÊ OPERACIONAL

4.1 Constituição

4.1.1 As Partes estabelecerão um comitê (o “Comitê Operacional”), composto de


dois (2) representantes de cada Parte, para realizar os aspectos administrativos e ope-
racionais deste Contrato. Cada Parte informará a outra, por escrito, a respeito de sua
indicação inicial para o Comitê Operacional, e a respeito de quaisquer substituições
que possam ocorrer nas indicações. Decisões relativas à administração e a operação
de Interconexão, sob este Contrato, serão tomadas através de acordo mutuamente ce-
lebrado entre os representantes das Partes no Comitê Operacional. Cada Parte poderá
solicitar a participação de uma terceira parte em uma reunião do Comitê Operacional,
para oferecer conselhos e contribuições em matérias operacionais, desde que as Partes
sempre consintam com esta participação.

4.1.2 O Comitê Operacional:

(a) existirá enquanto durar este Contrato;

(b) reunir-se-á por acordo mútuo, sendo que tal acordo não será retido ou atrasado
se não por motivo razoável;

250
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

(c) manterá um registro escrito de suas reuniões e decisões;

(d) requererá no mínimo um (1) representante de cada Parte para que seja realiza-
da uma reunião;

(e) conduzirá suas reuniões em um local mutuamente aceitável, ou por conferência


telefônica; e

(f) agirá de forma razoável e envidará esforços razoáveis para solucionar rapida-
mente os assuntos pelos quais o Comitê é responsável.

4.2 Autoridade Limitada do Comitê Operacional

4.2.1 O Comitê Operacional:

(a) realizará as funções delegadas pelas Partes, incluindo a preparação, revisão,


emenda, emissão e comentário da(s) Ordem(ns) de Operação, de acordo com Seção
5.3, revisando os RIP e recomendando emendas, de acordo com Seção 5.2.2(b), e re-
solvendo e aconselhando as Partes a respeito de outros assuntos técnicos; e (b) envidará
esforços razoáveis para solucionar conflitos de medição, de acordo com os dispositivos
da Seção 5.7.3.

4.2.2 Qualquer conselho técnico, fornecido pelo Comitê Operacional, será con-
forme ao Programa B e aos Requerimentos de Interconexão, desde que, quando estes
requerimentos técnicos não anteciparem uma determinada circunstância que surgir, o
conselho técnico fornecido esteja de acordo com as Boas Práticas dos Serviços Públi-
cos.

4.2.3 Exceto conforme disposição expressa neste Contrato, o Comitê Operacional


não tem autoridade para aditar este instrumento, ou para decidir sobre qualquer ma-
téria relativa à propriedade de qualquer dos Sistemas ou aos direitos do Provedor IC
e do Gerador de, a todo tempo, exercer real controle físico e posse independente de
seus respectivos sistemas.

5. OPERAÇÃO DE INTERCONEXÃO

5.1 Interconexão

5.1.1 Cada Parte interligará suas instalações com as da outra, no Ponto de Inter-
conexão, de acordo com os termos e condições deste Contrato. Para evitar dúvidas,

251
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

como condição para a interconexão, o Gerador deverá cumprir os procedimentos


determinados pelo Provedor IC.

5.1.2 Cada Parte manterá e operará seu Sistema, incluindo suas respectivas partes
na Interconexão, de acordo com as Boas Práticas dos Serviços Públicos e os dispositi-
vos deste Contrato, ou fará com que o mesmo seja mantido e operado desta forma.

5.1.3 Sujeitas às provisões deste Contrato e de acordo com as Boas Práticas dos
Serviços Públicos, as Partes operarão seus Sistemas para que estes permaneçam interli-
gados no Ponto de Interconexão.

5.2 Requerimentos de Interconexão

5.2.1 O Gerador concorda em realizar as obrigações, aqui estabelecidas, e em


aderir aos RIP, conforme previsto neste Contrato.

5.2.2 Se, a qualquer momento, o Provedor IC emitir Requerimentos de Intercone-


xão aditados, que afetem a Interconexão ou os Sistemas das respectivas Partes, ou adi-
tamentos forem realizados, pelo Gerador, a informações específicas sobre as estruturas
em que os RIP forem baseadas, então:

(a) o Provedor IC tempestivamente notificará o Gerador sobre quaisquer dos refe-


ridos aditamentos, ou o Gerador tempestivamente notificará o Provedor IC sobre quais-
quer aditamentos feitos às informações estruturais específicas, conforme o caso;

(b) as Partes buscarão recomendações do Comitê Operacional e, com base nes-


tas, firmarão acordo a respeito de quaisquer aditamentos devendo ser realizados aos
RIP para, conforme necessário, refletir tais mudanças; e

(c) o Gerador envidará esforços razoáveis para tempestivamente aderir a quais-


quer destas emendas aos RIP.

5.2.3 As Partes reconhecem que talvez os RIP não estejam inteiramente completos
quando da assinatura deste Contrato. O Provedor IC identificará qualquer informação
pendente, requerida para completar os RIP, e o Gerador a fornecerá ao Provedor IC,
sem demora.

5.3 Ordem(ns) de Operação

5.3.1 O Provedor IC e o Gerador atuarão em conjunto no desenvolvimento, revisão


e na realização de aditamentos, conforme necessário for, à(s) Ordem(s) de Operação

252
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

com relação à operação de Interconexão, através do Comitê Operacional, conforme


previsto em Seção 4. Quaisquer aditamentos realizados à(s) Ordem(s) de Operação
deverão ser consistentes com este Contrato, e deverão ser realizados por escrito.

5.3.2 A(s) Ordem(s) de Operação estabelecerá, sem restrição, limites para as


autoridades operantes e procedimentos de isolamento para o Sistema Gerador e o Sis-
tema Provedor IC, garantindo, assim, a operação segura e consistente das partes, de
cada Sistema, que façam parte ou afetem a Interconexão. A(s) Ordem(s) de Operação
incluirá os seguintes itens, conforme aplicável:

(a) Informação geral; (b) Operação normal; (c) Interrupções para manutenção/
forçadas; (d) Força maior/operação de emergência; (e) Autoridade de operação; (f)
Restrições de operação; (g) Troca; (h) Sincronização; (i) Proteção; (j) Medição; (k) Ser-
viço de Estação/black start; (l) Segurança; (m) Pessoal de operação; (n) Contatos; e (o)
Retenção de registros.

5.3.3 Cada Parte fará funcionar sua parte da Interconexão, de acordo com toda(s)
a(s) Ordem(s) de Operação. Caso a(s) Ordem(s) de Operação não abordem uma de-
terminada circunstância emergente, ou um acontecimento de Força Maior impeça que
as Partes cumpram com uma Ordem de Operação, as Partes agirão de acordo com as
Boas Práticas dos Serviços Públicos.

5.3.4 O Provedor IC e o Gerador concordam em conceder, ao outro, um período


razoável de tempo para aderir a qualquer Ordem(s) de Operação, podendo este ser
aditado, em conformidade com Seção 5.3.1, e envidará esforços razoáveis para tem-
pestivamente aderir aos aditamentos.

5.4 Interrupções Programadas de Equipamento

5.4.1 As Partes coordenarão interrupções programadas de equipamento nos res-


pectivos Sistemas do Provedor IC e do Gerador, na medida em que estas sejam razo-
avelmente práticas e condizentes com as Boas Práticas dos Serviços Públicos. A Parte
que solicitar a interrupção programada de equipamento envidará esforços razoáveis
para assegurar que tais interrupções tenham duração mínima e causem a menor incon-
veniência possível ao Sistema da outra Parte, não prejudicando a operação segura e
confiável do referido Sistema.

5.4.2 Cada Parte dará, à outra, notificação prévia razoável sobre interrupções
programadas de equipamento e, em conexão a cada uma das interrupções programa-
das, qualquer das partes poderá desligar, ou requerer o desligamento do seu Sistema

253
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

do da outra Parte, para que os funcionários, empreiteiros ou agentes da Parte possam


construir, manter, reparar, substituir, remover, investigar ou inspecionar seu Sistema, de
acordo com os termos deste Contrato e as Boas Práticas dos Serviços Públicos.

5.5 Controle das Perturbações do Sistema

Cada Parte manterá e operará seu Sistema de acordo com as Boas Práticas dos
Serviços Públicos, de forma a minimizar a probabilidade de se criar uma perturbação
que poderia prejudicar a operação do Sistema da outra Parte. Cada Parte tomará as
medidas necessárias para, após o começo de tal perturbação, tempestivamente reduzir
a transferência de qualquer perturbação ao Sistema da outra Parte, dentro do limite
prescrito pelas Boas Práticas dos Serviços Públicos.

5.6 Poder Reativo

O Gerador aderirá aos requerimentos de poder reativo dos RIP. O Provedor IC poderá
requerer que o Gerador ajuste a produção var de suas instalações de geração periodica-
mente, a depender das condições do sistema. O Gerador envidará esforços razoáveis para
atender a todas as solicitações que estejam dentro do âmbito de tais requerimentos.

5.7 Medição

5.7.1 Padrões, Testagem e Acesso: Os medidores cuja instalação seja requerida,


sob este Contrato, corresponderão aos padrões estabelecidos no Electricity and Gas Ins-
pection Act (Lei de Inspeção de Eletricidade e Gás), R.S.C. 1985, Ch.E-4, e quaisquer
regulamentos emitidos sob esta Lei, tendo em vista que esta poderá ser aditada ou substi-
tuída, periodicamente (o “EGIA”). Cada Parte, a custo próprio, testará tais medidores na
freqüência requerida, de acordo com o EGIA. Caso apenas uma Parte o requeira, a outra
Parte realizará testes ou inspeções adicionais de seu equipamento de medição. A Parte
pagará por tais testes adicionais e/ou inspeções desde que, caso os testes ou inspeções
adicionais avaliem que o medidor tenha registrado um erro superior a um (1%) porcento,
tais testes adicionais e/ou inspeções serão realizados às custas da outra Parte. Cada
Parte notificará à outra, com antecedência razoável, a respeito do momento em que qual-
quer teste ou inspeção, de acordo com esta Seção 5.7.1, seja realizado, e a outra Parte
terá o direito de ter um representante presente durante o referido teste ou inspeção.

5.7.2 Falha do Medidor: Se qualquer medidor, instalado sob este Contrato, apresentar
erro de registro, ou se qualquer medidor registrar erro superior a um (1%) porcento, o medi-
dor impreciso será imediatamente reparado ou substituído pela Parte à quem pertencer.

254
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

5.7.3 Controvérsia: Não obstante a Seção 10, caso surja uma controvérsia a res-
peito desta Seção 5.7, as Partes a solucionarão dirigindo-se ao Comitê Operacional,
conforme descrito em Seção 4.

5.8 Troca de Informações

5.8.1 Troca de Informações: o Provedor IC e o Gerador tempestivamente trocarão todas


as informações razoavelmente necessárias para a operação coordenada da Interconexão, in-
cluindo as informações razoavelmente requeridas para o cumprimento de obrigações perante
qualquer organização à qual uma ou ambas as Partes pertençam, que imponham, sobre esta
ou estas, a obrigação de coletar dados para submissão à referida organização.

5.8.2 Custo do Fornecimento de Informações: Cada Parte será responsável pelos


custos incorridos por esta no fornecimento de qualquer informação, razoavelmente re-
querida sob este Contrato.

5.8.3 Responsabilidade por Dados: Cada Parte envidará esforços razoáveis para
fornecer dados precisos, de acordo com esta Seção 5.8. Porém, a Parte fornecedora
não terá responsabilidade alguma por imprecisões inerentes à informação, entregue ao
recebedor, para submissão a uma organização à qual uma ou ambas as Partes perten-
çam, assumindo, o recebedor, o risco por tais imprecisões.

5.9 Acesso ao Site

Se o Provedor IC solicitar acesso a qualquer parte do Sistema do Gerador, relacio-


nada à Interconexão, então este notificará o Gerador com antecedência, e o Gerador
possibilitará o acesso razoável do Provedor IC ao referido Sistema.

5.10 Desligamento Imediato

5.10.1 Não obstante qualquer outra provisão deste Contrato,

(a) em caso de Emergência, qualquer das Partes terá o direito de executar as ações que,
utilizando-se um critério razoável, considerar apropriadas, incluindo o desligamento; e

(b) o Provedor IC poderá desligar, ou requerer o desligamento de, o Sistema Ge-


rador do Sistema do Provedor IC, caso o Provedor IC descubra deficiências materiais
na qualidade da eletricidade, com relação aos requerimentos deste Contrato que, de
acordo com as Boas Práticas dos Serviços Públicos, requeiram o desligamento do Sis-
tema Gerador para proteger o Sistema, equipamentos e/ou clientes do Provedor IC.

255
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

5.10.2 A Parte que requerer o desligamento tempestivamente notificará a outra


Parte a respeito deste, e tal notificação será dada com antecedência, na medida do
possível. A Parte que promover o desligamento fornecerá, à outra Parte, as razões do
referido desligamento.

5.10.3 O Sistema Gerador será religado ao Sistema do Provedor IC assim que


for razoavelmente possível, desde que tais deficiências sejam retificadas para razoavel-
mente satisfazer o Provedor IC.

5.11 Falha no Cumprimento dos Requerimentos de Seção 5

5.11.1 Se o Gerador falhar em cumprir quaisquer dos requerimentos desta Seção


5, e, na opinião razoável do Provedor IC, tais falhas requeiram o desligamento do Sis-
tema Gerador a fim de proteger o Sistema, equipamentos e/ou clientes do Provedor IC,
este terá o direito de desligar, ou requerer o desligamento de, seu Sistema do Sistema
do Gerador, desde que:

(a) O Provedor IC notifique, primeiramente, o Gerador, por escrito, a respeito de


sua intenção de desligar-se, e o Gerador falhe em cumprir os requerimentos aplicáveis
desta Seção 5 de forma a satisfazer, razoavelmente, o Provedor IC, dentro de trinta
(30) dias após tal notificação for realizada; e,

(b) tal direito de desligar-se será suspenso enquanto o Gerador diligentemente exe-
cutar uma ação corretiva, de acordo com as Boas Práticas dos Serviços Públicos.

5.11.2 Se o Provedor IC desligar o Gerador, em conformidade com esta Seção


5.11.1, e o Gerador não cumprir os requerimentos dentro de um (1) ano após o refe-
rido desligamento, o Provedor IC poderá rescindir este Contrato em um prazo de, no
mínimo, sessenta (60) dias após notificação escrita ao Gerador.

6. LIMITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

6.1 Perdas e Danos Conseqüentes

Nenhuma das Partes, ou seus funcionários e agentes, será responsável, perante a


outra Parte, ou seus funcionários e agentes, sob ou com relação a este Contrato, por
quaisquer perdas e danos indiretos ou conseqüentes, lesões ou prejuízos sofridos pela
outra Parte, ou seus funcionários e agentes, incluindo lucros cessantes, perda de recei-
tas, custo do capital, custo de energia ou potência comprada ou substituída, e perda
do uso de quaisquer instalações, propriedades ou equipamentos. Para evitar dúvidas,

256
Energia Eólica – Atração de Investimentos no Estado do Ceará

esta limitação sobre a responsabilidade aplica-se apenas a este Contrato, e não será
estendida a quaisquer outros contratos que possam existir entre as Partes.

7. FORÇA MAIOR

7.1 Cumprimento Dispensado por Força Maior

Nenhuma das Partes será considerada inadimplente com relação a qualquer obri-
gação, estabelecida neste Contrato, na medida em que a Parte seja impedida de
cumpri-la por acontecimento de Força Maior. No entanto, a Parte impedida de cumprir
uma obrigação, sob este Contrato, por acontecimento de Força Maior, envidará esfor-
ços razoáveis para realizar suas obrigações sob este Contrato, e para sanear a Força
Maior com presteza razoável, desde que a resolução de greves, greves patronais e
outras inquietações trabalhistas estejam inteiramente sob o controle desta.

7.2 Notificação

Caso ocorra um acontecimento de Força Maior que afete a habilidade da Parte em


realizar suas obrigações, sob este Contrato, a Parte afetada prontamente notificará a
outra Parte a respeito da ocorrência do acontecimento de Força Maior, identificando a
natureza deste, sua duração esperada e as obrigações especialmente afetadas. A Parte
afetada fornecerá, à outra Parte, relatórios sobre o acontecimento de Força Maior, na fre-
qüência razoavelmente requerida pela outra Parte, enquanto perdurar o referido evento.

7.3 Rescisão por Continuação de Força Maior

Caso um acontecimento de Força Maior perdure ininterruptamente durante um pe-


ríodo que exceda a 180 dias contínuos, então qualquer das Partes poderá rescindir
este Contrato após notificar a outra Parte, por escrito, com, no mínimo, sessenta (60)
dias de antecedência, a respeito de sua intenção de rescindi-lo. Não obstante o quanto
exposto, este Contrato não será rescindido se um acontecimento de Força Maior for de
natureza razoavelmente corrigível, e se a Parte que alegar Força Maior estiver envidan-
do esforços razoáveis para terminar ou mitigar o acontecimento de Força Maior.

257

Você também pode gostar