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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE

LICENCIATURA EM MÚSICA

FACULDADE DE MÚSICA

LAÍS DE QUEIRÓZ MONTEIRO

A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA DO CANTO CORAL NA DIMINUIÇÃO DA


EXAUSTÃO MENTAL E FÍSICA: Uma análise feita a partir de experiências com o
coral Flor de Lótus da Universidade Federal do Pará.

Belém, PA

2023
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LAÍS DE QUEIRÓZ MONTEIRO

A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA DO CANTO CORAL NA DIMINUIÇÃO DA


EXAUSTÃO MENTAL E FÍSICA: Uma análise feita a partir de experiências com o
coral Flor de Lótus da Universidade Federal do Pará.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto de Ciências da Arte da
Universidade Federal do Pará, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Licenciado em Música.

Orientadora: Profª. Dra. Cristina Mami


Owtake.

Belém, PA
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2023

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho e a pesquisa nele contida foram possíveis graças ao apoio e
colaboração de diversas pessoas e instituições, às quais gostaria de expressar minha profunda
gratidão.

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois sem Ele eu não estaria aqui e aos membros
do Coral Flor de Lótus da Universidade Federal do Pará, que generosamente compartilharam
suas experiências e permitiram que esta pesquisa se tornasse realidade. Minha orientadora
Profª. Dra. Cristina Mami Owtake merece um agradecimento especial por sua orientação,
paciência e sabedoria ao longo deste processo; seus insights e conselhos foram inestimáveis.
Minha família e amigos também merecem meu agradecimento, seus constantes apoios
emocionais e encorajamento foram fundamentais.

Por fim, agradeço à Universidade Federal do Pará por fornecer recursos e


infraestrutura que possibilitaram a realização desta pesquisa. A todos vocês, o meu sincero
agradecimento.
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4

"Na harmonia das vozes, encontramos a


serenidade da mente e a renovação do espírito."

(Laís de Queiróz Monteiro)

RESUMO

MONTEIRO, Laís de Queiróz. A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA DO CANTO


CORAL NA DIMINUIÇÃO DA EXAUSTÃO MENTAL E FÍSICA: Uma análise feita a
partir de experiências com o coral Flor de Lótus da Universidade Federal do Pará.
2023. xx fls. Trabalho de Conclusão de Curso – Licenciatura em Música, UFPA, Belém.

O texto aborda a aprendizagem musical, com ênfase na prática do canto coral. Existem duas
formas de aprender música: a formal, por meio de instituições de ensino musical, e a informal,
baseada na intuição e experiência pessoal. A prática do canto coral é destacada como uma
atividade que proporciona benefícios significativos para o desenvolvimento pessoal e
interpessoal, além de contribuir para a saúde física e mental.

Os principais pontos abordados são: a aprendizagem musical, ela pode ocorrer de forma
formal, em instituições de ensino musical, ou de forma informal, através da intuição e
experiência. A prática do canto coral é mencionada como uma forma de aprendizagem
musical, os benefícios do canto coral são apresentados como uma atividade que pode
melhorar a respiração, promover a saúde mental, fortalecer as relações interpessoais e
proporcionar um senso de pertencimento a um grupo. Também é mencionado que o canto
coral pode ser terapêutico, a interdisciplinaridade e crescimento pessoal no canto coral pode
levar os participantes a se interessarem por outras disciplinas artísticas, como literatura e artes
plásticas, promovendo crescimento pessoal e desenvolvimento individual, pôr fim a
percepção musical e sensibilidade na prática coral é vista como uma maneira eficaz de
desenvolver a percepção musical e a sensibilidade, especialmente por meio da audição e
repetições de frases musicais, estimulando a improvisação e a criatividade.

Em resumo, o canto coral é uma atividade musical que vai além do simples ato de cantar em
grupo. Ele oferece uma série de benefícios, tanto para a saúde física e mental quanto para o
desenvolvimento pessoal e musical dos participantes. Além disso, promove a interação social
e a conexão com a comunidade, enfatizando a importância da música como uma forma de
expressão e união.

Palavras-chave: Canto coral, Saude mental e física, Prática vocal, Expressão, Terapia vocal,
Percepção musical.
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ABSTRACT

The text addresses musical learning, with an emphasis on the practice of choral singing. There
are two ways of learning music: formal, through musical education institutions, and informal,
based on intuition and personal experience. The practice of choral singing is highlighted as an
activity that provides significant benefits for personal and interpersonal development, in
addition to contributing to physical and mental health.

The main points covered are: musical learning, which can occur formally, in musical
education institutions, or informally, through intuition and experience. The practice of choral
singing is mentioned as a form of musical learning, the benefits of choral singing are
presented as an activity that can improve breathing, promote mental health, strengthen
interpersonal relationships and provide a sense of belonging to a group. It is also mentioned
that choral singing can be therapeutic, the interdisciplinarity and personal growth in choral
singing can lead participants to become interested in other artistic disciplines, such as
literature and fine arts, promoting personal growth and individual development, putting an
end to musical perception and Sensitivity in choral practice is seen as an effective way to
develop musical perception and sensitivity, especially through listening and repeating musical
phrases, stimulating improvisation and creativity.

In short, choral singing is a musical activity that goes beyond the simple act of singing in a
group. It offers a series of benefits, both for the physical and mental health and personal and
musical development of participants. Furthermore, it promotes social interaction and
connection with the community, emphasizing the importance of music as a form of expression
and unity.

Keywords: Choral singing, mental and physical health, Vocal practice, Expression, Vocal
therapy, Musical perception.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................................................7
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................................9
1.1 APRENDIZAGEM MUSICAL..........................................................................................................9
1.2 O EDUCADOR MUSICAL E O REGENTE CORAL....................................................................11
1.3 CANTO CORAL................................................................................................................13
2. . PROJETO CORAL FLOR DE LÓTUS...................................................................................20
2.2 A EXPERIÊNCIA COM O CORAL FLOR DE LÓTUS: AQUECIMENTO VOCAL E
DINÂMICA DE SOCIALIZAÇÃO.....................................................................................21
2.3 ENTREVISTAS..................................................................................................................24
3. METODOLOGIA.........................................................................................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................31
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................32
APÊNDICES............................................................................................................................33
7

INTRODUÇÃO

O canto coral é de muita importância para qualquer um que já tenha passado por ele,
não é à toa que está na grade curricular de várias formações musicais. Essa importância se dá,
pois, sua prática contribui para que o aprendizado possa ser internalizado por meio de
experiências de atividades e exercícios através dos sons que podemos produzir com a voz, se
caracterizando, assim, como um espaço de múltiplas aprendizagens. Segundo Amato:

Canto coral é essencial para a formação de qualquer músico, seja qual for a sua
especialidade/ subárea, uma vez que contribui para a saúde vocal do indivíduo –
relevante para o desempenho de atividades profissionais e cotidianas –, para a sua
melhor aprendizagem musical – já que envolve prática de leitura de partitura, solfejo
e exercícios técnicos de interpretação respeitando estilos e formas musicais – e para
a sua integração, uma vez que no canto coral o indivíduo busca objetivos coletivos e
interage com outros na concretização de metas comum ao coro (AMATO, 2007, p.
3).

Diante do exposto, a questão norteadora desta pesquisa será: Quais as contribuições


que a prática coral proporciona na diminuição da exaustão mental e física para os coralistas do
Flor de Lótus?

Respeitando o processo contínuo de construção de cada indivíduo e com a


consciência de que a música faz parte da formação integral do ser humano, acreditamos que o
sucesso na aprendizagem musical através da prática do canto coral pode contribuir para o
desenvolvimento humano. Segundo Platão, “Os que praticam exclusivamente a Ginástica
tornam-se por demais abrutalhados, e os dedicados unicamente à Música amolecem-se mais
do que lhes convém” (PLATÃO, [s.d.], p. 73). O equilíbrio é necessário A pesquisa proposta
também abordará como o corpo é de suma importância para um bom resultado no
desenvolvimento da sensibilidade musical, e como isso está ligado diretamente a questões
básicas do canto, como a afinação.

O trabalho tem como objetivo geral investigar como a prática do canto coral contribui
para a diminuição da exaustão mental e física dos coralistas que é sustentado por tais
objetivos específicos: Fornecer informações sobre a contribuição da prática do canto coral na
diminuição da exaustão mental e física, coral Flor de Lótus; levantar dados de embasamento
teórico que comprovam os benefícios da prática coral, examinar a diminuição do estresse, da
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ansiedade, da impaciência, entre outros; Quanto as performances do coral flor de lótus,


quando as apresentações se aproximavam montava-se o repertório e ensaiávamos ele com
muito empenho, a dinâmica do ensaio muda e focamos na apresentação que está próxima.

Depois que cantamos, e ouvimos aplausos do público, é sempre muito prazeroso


reverenciar a plateia e sentir o carinho das pessoas, nos fazem perceber que tudo valeu a pena,
as pessoas vem até nós e nos parabenizam, por muitas vezes até querendo participar do coral
também, a auto estima melhora e voltamos aos ensaios mais animados.omo as técnicas vocais
contribuem na emissão dos sons no seu cotidiano.

Os resultados a serem alcançados com a pesquisa poderão se estender a várias


categorias de interessados. A pesquisa pode enriquecer o entendimento daqueles que têm um
interesse pessoal no canto coral e na busca por estratégias eficazes para lidar com a exaustão
mental e física. Através da análise das experiências do Coral Flor de Lótus, espero oferecer
informações valiosas para cantores, regentes, e entusiastas da música que desejam
compreender como a prática do canto coral pode impactar positivamente o bem-estar mental e
físico.

Além disso, os resultados desta pesquisa podem beneficiar pesquisadores que se


dedicam ao estudo da relação entre atividades artísticas e saúde. As descobertas podem servir
como um ponto de partida para investigações futuras e contribuir para o desenvolvimento de
abordagens terapêuticas inovadoras.

Profissionais da área de saúde, incluindo psicólogos e terapeutas, também podem


encontrar utilidade nesta pesquisa, uma vez que os resultados podem fornecer insights sobre
como incorporar o canto coral em intervenções terapêuticas para reduzir a exaustão mental e
física.

Portanto, acredito que esta pesquisa tem o potencial de ser um recurso valioso para
um amplo espectro de interessados, abrangendo desde amantes da música e participantes de
corais até acadêmicos e profissionais da saúde que buscam abordagens alternativas para
promover o bem-estar.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 APRENDIZAGEM MUSICAL

Quando se trata de aprendizagem musical, podemos destacar pelo menos duas


formas de se obter esse conhecimento. A primeira é de modo formal, ou seja, através de uma
instituição vocacional, como conservatórios e escolas de música; nesse primeiro modo, a
música é vista de maneira didática, com o ensino de leitura musical, aprendizado de diversas
terminologias musicais, vocalizes com aprendizagemde emissão vocal coral, conhecimentos
parâmetros do som, entre outros. O segundo modo é o informal, onde se aprende música no
cotidiano, pela intuição, sem muitas instruções específicas. Podemos entender um pouco mais
sobre essa “conversa” das duas formas de aprendizagem através da fala de Arroyo, que fala
sobre a educação musical contemporânea e dessas diversidades de aprendizado:

A educação musical contemporânea demanda a construção de novas práticas que


dêem conta da diversidade de experiências musicais que as pessoas estão
vivenciando na sociedade atual. Assim, transitar entre o escolar e o extraescolar, o
“formal” e o “informal”, o cotidiano e o institucional, torna-se um exercício de
ruptura com modelos arraigados que teimam em manter separadas esferas que na
experiência vivida dialogam. (ARROYO, 2000, p. 89).

O fazer e o entender musical é muito mais que estudar música da maneira


conservatórial1 e sim, entender que é uma colagem de crenças e práticas, como explica
Jorgensen (1997); que afirma que não existe apenas um método de ensino da música, e que
isso pode variar conforme o lugar, o costume, a crença, ou seja, conforme a cultura, e que isso
não implica na integridade da educação musical:

A educação musical (...) é uma colagem de crenças e práticas. Seu papel na


formação e manutenção dos [mundos musicais] - cada qual com seus valores,
normas, crenças e expectativas - implica formas diferentes nas quais ensino e
aprendizagem são realizados. Compreender esta variedade sugere que pode haver
inúmeras maneiras nas quais a educação pode ser conduzida com integridade. A
1
O ensino conservatorial, muitas vezes referido como educação musical conservatória, é um sistema
formal de educação musical que se concentra no desenvolvimento de habilidades musicais, técnica e
conhecimento musical em um ambiente altamente estruturado. Geralmente, os conservatórios oferecem
currículos rigorosos em instrumentos musicais, canto, composição e teoria musical. Os alunos que frequentam
conservatórios têm a oportunidade de aprimorar suas habilidades musicais e se preparar para carreiras
profissionais em música. Este tipo de ensino é geralmente associado a uma abordagem formal e tradicional para
a formação musical, mas tem um valor significativo na preservação e promoção da música clássica e outras
formas de expressão musical.
10

busca por uma única teoria e prática de instrução musical aceita universalmente,
pode levar a uma compreensão limitada. (JORGENSEN, 1997, p. 66).

Esse contato informal vindo através se experiências musicais pode se tornam benéficas
e contribuem para no desenvolvimento pessoal e interpessoal do ser humano. Alguns autores
vão falar que se experimentada desde os anos iniciais do indivíduo, se torna cada vez mais
eficiente tal prática, como por exemplo Kokas (1982) que fala da relação da música com a
criança nos contatos iniciais. Durante os primeiros anos de vida de uma criança, a música toca
a pessoa em suas relações pessoais e no ambiente também. E ela se torna uma necessidade
para o seu cotidiano a partir de então:

A música toca, pela sua carga emocional, as crianças numa idade muito precoce. No
primeiro ano de vida, a criança é tocada pela música no seu meio ambiente e nas
suas relações pessoais. Ela torna-se uma necessidade quotidiana, se a criança se
beneficia de um desenvolvimento adequado das capacidades musicais. (KOKAS
1982, p. 1).

Porém, não é correto afirmar que o ensino da música é somente durante o processo
de formação humana; é comum ouvirmos a frase “estou muito velho para aprender música”, é
uma ideia errada, pois, na fala de Dumazedier, entendemos que não há um tempo certo para se
obter esse aprendizado:

Não há aqui o grande ponto de partida para um aprendizado de autoformação se


admitirmos que, nesta área, o essencial é primeiramente o aumento da experiência e
das ideias pessoais daquele “que se educa” segundo as exigências “de um saber, de
um saber-fazer e de um saber-ser” a ser aprendido. (DUMAZEDIER, 1994, p. 80).

Na fase adulta se torna cada vez mais interessante vivenciar musicalmente


experiências que podem contribuir na sua convivência social. Aprender um novo instrumento
ou participar de uma banda ou coral pode proporcionar a oportunidade de adquirir novos
conhecimentos e encontrar novas pessoas e criar conexões sociais.

Isso pode ser especialmente importante para pessoas que se sintam isoladas ou
solitárias, além disso, pode ajudar a desenvolver a criatividade e a autoexpressão, melhorar a
autoestima e proporcionar uma sensação de realização pessoal. Estudos têm mostrado que a
prática musical também pode melhorar a habilidade de comunicação, já que envolve a
comunicação não verbal e a escuta ativa.
11

Amato (2007) se refere a quem exercita o canto coral nesta fase da vida, e a
importância no desenvolvimento vocal, social, aprendizagem musical e dá ênfase na
habilidade que o regente precisa ter para a condução do coro:

O canto coral configura-se como uma prática musical exercida e difundida nas mais
diferentes etnias e culturas. Por apresentar-se como um grupo de aprendizagem
musical, desenvolvimento vocal, integração e inclusão social, o coro é um espaço
constituído por diferentes relações interpessoais e de ensino aprendizagem, exigindo
do regente uma série de habilidades e competências referentes não somente ao preparo
técnico musical, mas também à gestão e condução de um conjunto de pessoas que
buscam motivação, aprendizagem e convivência em um grupo social. (AMATO,
2007, p.1)

A prática musical pode ter efeitos positivos no desenvolvimento cognitivo, incluindo


habilidades como a resolução de problemas, a memória e a capacidade de concentração. Isso
pode ter um impacto positivo no trabalho e na vida pessoal. Aprender música depois de adulto
pode ter contribuições significativas para o bem-estar social e emocional, proporcionando
oportunidades de conexão social, desenvolvimento criativo, redução do estresse e efeitos
cognitivos positivos.

2.2 O EDUCADOR MUSICAL E O REGENTE CORAL

A Educação musical e a prática coral nos fazem refletir sobre o papel importante de
quem ensina, pois ele deve organizar e educar seu coro de maneira dinâmica e com métodos
de ensinos que sejam eficazes para a compreensão dos propósitos educativos.

Figueiredo (1990, p.5) nos mostra uma boa perspectiva de como um educador de
coros deve proceder no ensino durante os ensaios ele afirma que o professor deve conhecer
musicalmente seus coralistas e, assim, desenvolver, através de experimentos, métodos de
ensino que funcionarão para que se obtenha o resultado desejado. Ele também propõe a
preparação e a organização para os ensaios, mantendo, assim, um cronograma a ser seguido:

Em geral, o trabalho é desenvolvido através de experimentações que aos poucos


sedimentam uma prática. Os regentes são pouco atentos ao aspecto da preparação e
organização do ensaio. Considerando a necessidade de aprendizagem – que está
inserida num processo – a organização do trabalho pode conduzir com mais
eficiência à aquisição do conhecimento necessário para a prática coral .
12

As condições sociais do ambiente influenciam na aprendizagem, todo trabalho


precisa de investimento e recursos para ser realizado. Porém, se tratando de canto coral, essas
situações não devem ser de maior importância, pois a prioridade para um coro deve ser a
educação. Figueiredo também fala a respeito disto:

A aprendizagem depende de condições ambientais favoráveis, assim como


condições sociais e materiais que facilitem e estimulem o trabalho. Todavia, a
presença de tais condições não garante a solução dos problemas. O grande problema
dessa questão é poder olhar claramente para a situação central de um coral. O
regente orienta, os cantores aprendem – este é o centro da questão (FIGUEIREDO,
1990, p. 11).

Fala-se de coral, fala-se de um grupo de pessoas, ou seja, um conjunto de vozes que


soará de maneira musical. Entretanto o professor/regente deve trabalhar também de forma
individual, trabalhando cada voz para que se adéque ao conjunto de outras vozes, naipes de
vozes similares como (soprano, contralto, tenor e baixo). Figueiredo (2006, p.9) nos fala a
respeito desses desafios:

Trabalhar com coralistas deve ser um processo permanente de desenvolvimento


musical e intelectual, em vários níveis. E não digo isso apenas em relação a coros
iniciantes, mas em relação a qualquer coro, em qualquer estágio. Há sempre algo a ser
desenvolvido num cantor de coro.

O autor afirma que apenas aspectos musicais não são capazes de formar um coro
significativo ao realizar uma obra musical. Há muita coisa além de um som executado
corretamentecomo o equilibriodas vozes e timbres:

Realizar uma obra musical, não significa apenas cantar aproximadamente linhas
melódicas escritas em uma partitura. A realização musical depende de vários fatores
que integram. Fazer música observando apenas notas corretas, ou afinação, ou
exatidão rítmica, não caracteriza uma realização coral de qualidade. Há o aspecto do
estilo que é fundamental para uma boa realização, assim como o equilíbrio de vozes
e timbres. Tudo ocorre para a prática coral integral e significativa (FIGUEIREDO,
1990, p. 38).
13

Além disso, a interpretação musical é fundamental para uma boa realização coral. O
regente precisa compreender o estilo da música, a emisão vocal adequada para esse repertório
e os coristas entendam a mensagem que a música transmite e consigam transmiti-la ao público
de forma emocionalmente envolvente. Outro aspecto importante na realização coral é a
comunicação entre os coristas e o maestro. O maestro deve ter uma visão clara da obra, e ao
mesmo tempo deixar espaço para que os coristas possam se expressar sobre o que a obra
transmite para si. A interação entre o maestro e os coristas permite que todos fiquem
engajados na realização da música, e contribuam para que a apresentação seja de alta
qualidade.

2.3 CANTO CORAL

O canto coral é uma prática de canto em conjunto, onde as vozes são os principais
instrumentos utilizados para fazer música. É um grupo de pessoas que se dispõem a cantar,
podem ser distribuídos por naipes, ou seja, divisão de vozes nas canções apresentadas pelo
grup.Segundo Junker (2013),coro é conjunto vocal que se expressa pelo canto ou pela
declamação que executam peças em uníssono ou a várias vozes, com acompanhamento ou
sem ele,constítuido por vozes mistas de soprano, contralto, tenor e baixo; orfeão e o coral é
como canto em coro; canto coral como forma [musical], distinção entre coro e corais como
formas musicais quando utilizados em suas cantatas e paixões.

Portanto a diferença nos termos se trata de uma diferenciação litúrgica no


desenvolvimento da composição.

Na música ocidental um coral se divide em vozes femininas e masculinas, nessa


realidade se compõe quatro naipes: (Sopranos, Contraltos, Tenores e Baixos,) podendo ser
incluído também as vozes chamadas de intermediarias: (mezzosoprano), (entre soprano e
contralto e Barítono), (entre tenor e baixo) ...

O canto coral envolve cantar em harmonia com outras vozes. Por isso, é importante
que os cantores desenvolvam boa afinação. O método de ensino deve incluir exercícios
específicos para treinar a afinação em grupoe para tal. A técnica de respiração é fundamental
para o canto coral. Os cantores devem aprender a respirar corretamente para melhorar a
14

qualidade da voz e aumentar a resistência vocal. O ensino progressivo envolve planejar


exercícios e canções que vão se tornando gradativamente mais avançados ao longo da prática.
Isso é importante para garantir que os cantores desenvolvam suas habilidades com um nível
adequado ao desafio dos repertórios. Por último, a interpretação musical é um aspecto
importante do canto coral. Os cantores devem aprender a expressar as emoções e intenções da
música, transmitindo uma mensagem clara ao público, dentro do estilo que a música
apresenta.

Esses são alguns dos princípios fundamentais da prática do canto coral formal ou
informal. Cada modo pode ter variações mais aprofunddas, mas o mais importante é que o
processo seja cuidadoso, divertido e eficiente para que os participantes possam desenvolver
suas habilidades vocais individualmente e no contexto do grupo.

Franco Nanni (2000) enfatiza a importância da troca de experiências para o processo


de aprendizagem musical. Ele acredita que a interação entre os músicos, a prática constante e
a criatividade são essenciais para o desenvolvimento musical.

Esta tipologia de conhecimento é aberta enquanto tenta compreender tudo o que


compõe uma forma de vida musical, e também por tentar dar conta da variabilidade
subjetiva. Grande parte destes conhecimentos são, na realidade, conhecimentos /
expectativas e são absorvidos pelos indivíduos por meio de trocas com a cultura-
ambiente, através dos processos de assimilação e revelação de regularidade (...).
(NANNI, 2000, p. 125).

No canto coral, a troca de experiências é especialmente importante porque cada parte


vocal é uma peça essencial do todo, e todos os cantores devem trabalhar juntos para criar a
harmonia da música. A prática constante permite que os cantores trabalhem juntos criando
uma compreensão mútua e colaborativa que aprimora suas habilidades musicais.

A troca de experiências em um coral também promove a criatividade e o


desenvolvimento pessoal dos cantores, permitindo que cada um expresse suas emoções e
ideias musicais para aprimorar a qualidade da apresentação coral como um todo. Geralmente,
essa troca é um processo de aprendizagem musical colaborativo que melhora a técnica vocal,
a harmonia, a criatividade e a qualidade da performance musical. É fundamental que todos os
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membros do coral sejam participativos e estejam dispostos a aprender, compartilhar e


colaborar para que possam criar uma experiência musical inigualável.

O canto coral é uma atividade que une pessoas com um interesse comum - a música
vocal. Durante os ensaios, os membros do coral têm a oportunidade de se conhecerem melhor
e de construir laços de amizade. Além disso, o canto coral pode ajudar as pessoas a se sentir
parte de uma comunidade maior e a se sentirem conectadas com algo que é maior e mais
significativo do que eles próprios.

Amato (2007, p.5) afirma que o Canto Coral é um excelente meio para o
desenvolvimento da humanidade quando conclui:

O Coral desvela-se assim como uma extraordinária ferramenta para estabelecer uma
densa rede de configurações sócio culturais com os elos da valorização da própria
individualidade do outro e do respeito das relações interpessoais, em um
comprometimento de solidariedade e compreensão.

segundo Dias (2010) essa experiência é importante porque as pessoas se aproximam


umas das outras para realizar objetivos comuns. Além de que a prática do Canto Coral é
acessível, pois não é necessário conhecimentos de teoria musical dos candidatos que o
praticam, o próprio processo durante os ensaios servem como base de conhecimento musical
suficiente para que se obtenha um excelente resultado.

Cantar é uma atividade que pode ser muito divertida e relaxante. Existem várias
atividades que podem ser feitas durante os ensaios para garantir que os membros do coral
fiquem descontraídos e confortáveis. Por exemplo, jogos de aquecimento vocal, exercícios de
respiração, atividades de improvisação e práticas de movimentos corporais podem ajudar a
aliviar a tensão e a preparar as pessoas para se concentrar no canto.

O canto coral requer uma coordenação precisa entre a respiração, a postura e a emissão
da voz. Existem várias atividades que podem ajudar a desenvolver essa coordenação, como a
prática de movimentos corporais, a realização de exercícios de respiração e a execução de
ritmos complexos. Além disso, os ensaios também podem incluir atividades específicas para
corrigir problemas de postura, alinhamento e tensão muscular.

Em resumo, as atividades feitas em ensaios de canto coral são muito mais do que
simples exercícios vocais. Elas ajudam a promover a socialização, a descontração e o trabalho
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de coordenação motora, tornando a experiência de cantar em um coral uma atividade


enriquecedora e divertida.

2.4 CANTO CORAL E O IMPACTO NA SAÚDE DOS CANTORES

O canto coral é uma atividade que requer a participação de diversas partes do corpo,
desde a respiração até a postura e musculatura da garganta e do diafragma. Por isso, cantar em
um coral pode proporcionar uma série de benefícios à saúde dos cantores. Um dos principais
benefícios é a melhora da respiração. Como o canto requer uma respiração adequada, ampla e
controlada, os cantores tendem a desenvolver uma capacidade pulmonar mais eficiente e
aperfeiçoar a técnica respiratória. Isso pode ajudar no fortalecimento dos pulmões, na
prevenção de doenças respiratórias e até mesmo no controle de quadros de ansiedade e
estresse.

Enquanto inspiramos, comprimimos continuamente o líquido encefálico para dentro


do cérebro; na expiração fazemos com que volte para o corpo. Desta maneira
implantamos o ritmo respiratório no cérebro. Tal como está relacionada de um lado
com o metabolismo, a respiração possui, de outro lado, uma ligação com a vida neuro-
sensorial. Podemos afirmar que a respiração é o elemento mais importante e
intermediário entre o homem que entra no mundo físico e esse mundo exterior
(STEINER, 1988, p.24)

Outro benefício relacionado ao canto coral é a melhora na saúde mental. Cantar em


um coral pode ser uma atividade prazerosa e gratificante, o que pode ajudar na redução do
estresse e na melhora do humor. Além disso, a sensação de pertencimento a um grupo e a
interação social proporcionada pelo coral podem contribuir para o fortalecimento das relações
interpessoais e para a prevenção de quadros de depressão e ansiedade.

O corpo e a voz têm um lugar privilegiado, pois é no corpo e a partir dele que
encontramos um material sonoro já pronto, a ser usado como instrumento terapêutico.
O corpo é nosso primeiro instrumento musical. O corpo é, de fato, um instrumento
sonoro: o corpo fala, o corpo dança, o corpo canta, o corpo soa. O nosso corpo é um
corpo sonoro! (PINHO E TRENCH, 2012, p. 32)

O canto coral também é uma atividade colaborativa que pode ajudar a construir
relacionamentos sociais positivos. O senso de conexão e camaradagem que vem do canto de
grupo pode aumentar o bem-estar psicológico de um indivíduo, bem como sua autoestima. O
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canto coral pode levar a uma sensação de felicidade e bem-estar. A música pode liberar
endorfinas e dopamina no cérebro, resultando em sentimentos de prazer e satisfação.

Pode-se dizer que quase não existe um exercício artístico tão penetrante no organismo
físico como o do cantar... aponta para um verdadeiro cantar que leva o artista a
relacionar-se e entrar em contato íntimo com as fontes da vida (WERBECK, 2001,
p.107).

Segundo Heitor Villa Lobos, o canto coral é de suma importância, pois exerce no que
o pratica o espírito do coletivo, ou seja, saber ser solidário, tornando harmonioso, assim, o
aspecto sonoro e o social. Villa Lobos (1987, p.87-88) afirma que esse organismo coletivo é
capaz de integrar o indivíduo, através da música, no patrimônio social da Pátria:

O canto coletivo, com seu poder de socialização, predispõe o indivíduo a perder no


momento necessário a noção egoísta da individualidade excessiva, integrando-o na
comunidade, valorizando no seu espírito a idéia da necessidade de renúncia e da
disciplina ante os imperativos da coletividade social, favorecendo, em suma, essa
noção de solidariedade humana, que requer da criatura uma participação anônima na
construção das grandes nacionalidades. [...] O canto orfeônico é uma das mais altas
cristalizações e o verdadeiro apanágio da música, porque, com seu enorme poder de
coesão, criando um poderoso organismo coletivo, ele integra o indivíduo no
patrimônio social da Pátria.

Esse contato com o universo musical pode mudar a vida de um indivíduo, seja qual
for sua faixa etária ou condição social. Além de usada como ferramenta de ensino é também
vista de forma terapêutica, a música pode conectar diretamente o homem, a sociedade e a
cultura. Sobre a importância sociocultural do canto coral, Salazar (1989 apud Amato, 2007, p.
79) afirma que: “A música, concebida como função social, é inalienável a toda organização
humana, a todo agrupamento social”. Essa perspectiva mostra a grande necessidade de uma
educação musical mais abrangente onde o processo de aprendizagem seja estabelecido
considerando práticas tradicionais. Em um de seus trabalhos sobre as relações interpessoais no
canto coral, Amato descreve:

É relevante aludir que a participação em um coral, como em qualquer manifestação


musical, pode provocar um desejo pela interdisciplinaridade de conhecimentos
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artísticos, pois, a partir da experiência musical vivenciada, os integrantes do coro


podem interessar-se pela literatura, pelas artes plásticas e até mesmo por outras
ciências e técnicas, como bem coloca Snyders (1992). (AMATO, 2007, p. 79).

Quando se é aplicado a prática e ao estudo do canto coral, durante a aprendizagem e


estudo da música, podemos perceber avanços mais rápidos e melhorias nos estímulos
causados pelo efeito musical. Isso se dá pelo estímulo que o canto faz, cantar um som
adequadamente e afinado ajuda a saber exatamente sua frequência e intensidade, fazendo com
que o cérebro internalize essa informação, por isso a importância do solfejo no estudo
musical, e o canto coral, causa esse efeito também. Em Dalcroze (xxxxxxx) , podemos ver
como isso funciona:

A través de estímulos sensoriais, geralmente auditivos, mas que também podem ser
de outra natureza (visual, na execução de ritmos ou gestos expressivos, e tátil na
exploração de instrumentos para experimentação de timbres), conseguimos um
desencadeamento de respostas mentais e físicas por meio de movimentos corporais.
(DALCROZE apud RODRIGUES, 200, p. 6).

Além dos benefícios citados, o coro também pode proporcionar melhorias no grupo
como um todo, oferecendo crescimento não só musical, mas, também, pessoal para as pessoas
que o praticam. Quem afirma isso é Joaquim Costa Ribeiro:

Tal atividade dá conta de uma série de necessidades próprias dessa faixa etária,
colaborando com a ampliação de sua visão de mundo, exercitando sua atuação em
nossa sociedade e com os princípios de solidariedade, confiança, companheirismo e
harmonia em grupo, oferecendo um veículo de expressão de suas descobertas,
conflitos e anseios, além de ser um importante instrumento de musicalização.
(COSTA, 2009, p. 84).

O canto coral, pode ser visto como prática musical tanto quanto pode servir de
terapia para quem o pratica, dessas formas, pode auxiliar em vários aspectos importantes. A
pesquisa proposta enfatiza dois deles: Sensibilidade musical e a Percepção harmônica. Tais
aspectos trazem estabilidade para a prática musical. Esta pesquisa abordará os caminhos para
o desenvolvimento da percepção e da sensibilidade musical, através da audição e exercícios
19

que podem estimulá-lo. A prática coral apresenta mais eficácia se em suas atividades se
pratica repetições (das frases musicais), isso pode estimular a improvisação e a criatividade
(DALCROZE, 2007, p. 2).

Em resumo, canto coral é uma prática mais saudável que pode ter impactos positivos
significativos na saúde física e mental. Além disso, cantar em grupo pode promover a
conexão social e melhorar a felicidade.

3 PROJETO CORAL FLOR DE LÓTUS

3.1 O QUE É O PROJETO


O projeto Coral Flor de Lotús tem por objetivo integrar e aproximar pessoas que
convivem no ambiente institucional, utilizando como veículo o Canto Coral, além de
possibilitar a educação musical de seus membros.
Neste projeto se inclui como coralistas os servidores da Universidade Federal do
Pará como técnicos, professores e gestores e seus dependentes, assim como os demais
grupos da comunidade acadêmica. Este Coral iniciou suas atividades em 2006, tendo
realizado sua primeira apresentação durante a programação natalina daquele ano, cujo
tema foi “Natal para todos”.
O grupo continuou se fortalecendo, com ensaios contínuos, no decorrer de 2007
sob a regência da Profa. Ana Maria Souza, em 2008 sob a regência do Prof. Dione Lima
dos Santos Apesar do grupo estar pequeno, evoluiu tecnicamente, em decorrência da
maior dedicação de seus membros, o que permitiu ao regente inovar e diversificar o
repertório, além de agendar várias apresentações externas à UFPA.
O Coral Flor de Lótus é um grupo coral que se destaca não apenas por suas belas
harmonias musicais, mas também por seu compromisso com a promoção da cultura e da
música em sua comunidade. Este coral é conhecido por suas apresentações emocionantes
e seu impacto positivo nas vidas dos participantes e daqueles que têm o prazer de ouvi-los.
O nome "Flor de Lótus" evoca imagens de pureza e beleza, e o coral vive à altura
desse nome, trazendo uma aura de serenidade e inspiração por meio de suas performances.
O coral é formado por um grupo diversificado de cantores amadores de origens e níveis de
habilidade musical, o que o torna um reflexo da inclusão e da diversidade.
As canções interpretadas pelo Coral Flor de Lótus abrangem uma ampla variedade
de gêneros musicais, desde músicas sacras até canções populares, passando por músicas
20

tradicionais e folclóricas. Isso reflete a versatilidade e o compromisso do grupo em


atender a diversos gostos e públicos.

3.2 A EXPERIÊNCIA COM O CORAL FLOR DE LÓTUS: AQUECIMENTO VOCAL


E DINÂMICA DE SOCIALIZAÇÃO

A dinâmica dos ensaios inicia com o aquecimento vocal, que é uma prática essencial
para cantores, pois prepara a voz para o canto, promovendo o bem-estar e um desempenho
vocal mais eficaz. Alguns dos principais pontos positivos do aquecimento vocal incluem:

Prevenção de Lesões Vocais: O aquecimento vocal ajuda a evitar lesões nas cordas
vocais, que podem ocorrer quando se canta ou fala sem aquecimento adequado. Isso é crucial
para cantores profissionais, que dependem de suas vozes para suas carreiras a longo prazo.

Melhoria da Qualidade Vocal: O aquecimento vocal ajuda a melhorar a qualidade da


voz, permitindo que o cantor atinja notas mais graves ou mais agudar da sua tessitura com
mais facilidade, clareza e controle.

Aumento da Flexibilidade Vocal: Os exercícios de aquecimento vocal aumentam a


flexibilidade das cordas vocais, permitindo que o cantor alcance uma maior variedade de tons
e estilos musicais.

Redução do Risco de Tensão Muscular: O aquecimento vocal ajuda a relaxar os


músculos do pescoço, ombros e mandíbula, reduzindo o risco de tensão muscular que pode
afetar negativamente a produção vocal.

Preparação Mental: Além dos benefícios físicos, o aquecimento vocal também prepara
mentalmente o cantor para o desempenho, ajudando a reduzir a ansiedade e o nervosismo.

O aquecimento vocal é uma prática fundamental para proteger a voz, e ter uma
comunicação eficaz. Cantores, atores, professores, palestrantes, locutores e qualquer pessoa
que dependa de sua voz na sua profissão podem se beneficiar significativamente desse
processo.

Outros aspectos importantes no ensaio é a a dinâmica social, que revela muitos


aspectos interessantes da interação humana.
21

O coral proporciona um espaço onde professores e servidores da instituição podem se


conectar em um ambiente mais informal e criativo. Isso é particularmente valioso, pois,
muitas vezes, o ambiente acadêmico pode ser dominado por tarefas e responsabilidades
formais. O coral oferece uma pausa bem-vinda, onde as pessoas podem se nos expressar de
maneira artística, compartilhando uma paixão comum pela música.

Uma das coisas notáveis é como a música une as pessoas de diferentes origens, e
interesses. No coral, os títulos e hierarquias institucionais frequentemente se tornam
secundários. Todos nós nos tornamos colegas músicos, focados na criação de harmonia
juntos. Isso cria um senso de igualdade e camaradagem que é revigorante.

A dinâmica social em um coral também envolve cooperação e trabalho em equipe.


Cada voz desempenha um papel importante na criação de um som harmonioso. Aprendemos a
ouvir uns aos outros e a confiar em nossos colegas cantores. Isso se traduz em lições valiosas
que podem ser aplicadas em nossa vida profissional, onde a colaboração é essencial.

Além disso, o coral promove um senso de comunidade e pertencimento. Sentir-se


parte de um grupo unido, compartilhando o desafio e a alegria de aprender novas músicas e se
apresentar em eventos, é extremamente gratificante. Essa sensação de pertencimento pode
melhorar a satisfação e o bem-estar no ambiente de trabalho, criando laços mais fortes entre
os membros da equipe.

A música tem um poder incrível de evocar emoções e promover alegria. Participar de


um coral nos permite compartilhar essa alegria com os outros, não apenas em nossas
apresentações, mas também durante os ensaios e práticas regulares. Essa atmosfera positiva e
inspiradora tem um impacto notável na qualidade de vida e na nossa disposição para enfrentar
os desafios diários.

Os ensaios regulares e as apresentações são oportunidades para nos superarmos e


crescermos como indivíduos. Cantar em público, muitas vezes diante de uma plateia, pode ser
desafiador, mas a confiança que ganhamos com cada performance nos torna mais resilientes e
destemidos no nosso cotidiano como professores e servidores públicos.

A prática da canção em um coral é também uma forma de alívio do estresse. Ela nos
permite escapar por um momento das pressões do trabalho, recarregar nossas energias e
22

rejuvenescer nossa mente. É uma fonte de alegria, uma válvula de escape, que torna a nossa
jornada profissional mais rica e equilibrada.

Em resumo, a prática da canção em um coral para professores e servidores públicos é


mais do que um passatempo. É uma expressão de união, uma oportunidade de crescimento
pessoal e uma fonte de alegria em nossas vidas ocupadas, os ensaios no Coral Flor de Lotús,
transcende o simples ato de cantar e se torna um encontro especial de vozes e almas que
compartilham a paixão pela música e um compromisso com a educação e o serviço público.

3.3 A EXPERIÊNCIA COM O CORAL FLOR DE LÓTUS: Como regente

Ter participado como regente nesse coral proporcionou um equilíbrio único em minha
rotina profissional. Seja como regente ou servidor público, muitas vezes estamos imersos em
demandas acadêmicas e administrativas, que podem ser desafiadoras e até mesmo
exaustivasantes. No entanto, quando nos reunimos para praticar e cantar juntos, toda essa
pressão parece desaparecer.

Como regente, tive o privilégio de testemunhar momentos verdadeiramente especiais


ao longo dessa jornada musical. O coral começou tímido e desafinado, mas com o tempo e
muito trabalho árduo, cada ensaio se tornou uma oportunidade de aprendizado e crescimento,
sempre usando métodos viáveis e muito práticos para que o avanço fosse acontecendo
gradativamente de uma forma que o conhecimento e a compreensão chegassem ao intelecto
de todos de forma conjunta.

Foi emocionante observar como os membros do coral, mesmo sem experiência prévia
em canto, abraçaram a música com entusiasmo e dedicação. Eles estavam dispostos a se
desafiar, a tentar novas técnicas vocais e a se esforçar para alcançar harmonia e afinação. L,
lembro-me de uma ocasião em que estávamos ensaiando uma música difícil harmonicamente,
que demandava uma grande atenção na percepção e solfejo. No início, o resultado não era
muito promissor, mas a perseverança do grupo era inspiradora. Eu os encorajava
constantemente, incentivando-os a explorar todo o potencial de suas vozes.

Ao longo das semanas, pude notar uma melhoria. As vozes começaram a se encaixar,
as linhas melódicas começaram a soar mais harmoniosaos, e a confiança de cada coralista
crescia. Era como se estivéssemos nos transformando em um verdadeiro coral, afinados,
23

harmoniosos, capaz de transmitir emoções através da música, alcançando assim nossos


objetivos.

Nas apresentações musicais, o grupo compartilhou pensamentos sobre como o coral


veio avançando ao longo do período que estivemos juntos como grupo musical. Fl, foi um
momento de celebração e reconhecimento mútuo pelo crescimento que alcançamos como
coralo e até mesmo como uma família musical. Essa experiência me mostrou que, mesmo sem
ter os vocais perfeitos ou a formação profissional, a música tem o poder de unir e transformar
vidas. Como regente, pude acompanhar de perto essa transformação, testemunhando como a
técnica, paixão e o esforço coletivo podem levar a resultados grandiosos.

O Coral Flor de Lótus se tornou um grupo de amigos onde a música nos aproximou e
nos permitiu expressar nossas emoções e criatividade. Essa experiência me ensinou que a
música não precisa ser perfeita para ser bela, pois é na superação de desafios e na entrega de
cada integrante que encontramos a verdadeira magia da música coral.

3 ANÁLISE DE RESULTADOS

3.1 PROCESSO DE ANÁLISE DE DADOS

A entrevista foi baseada em 11 perguntas elaboradas por mim abrangendo a relação


entre o canto coral e a saúde física e mental dos coralistas, a socialização e performance do
grupo e realizada no período xxxxxx com xxx pessoas, todos cantores assíduos do CFL. A
entrevista foi gravada...

3.2 ENTREVISTAS

Laís: Boa tarde Kely. Agradeço muito por aceitar participar desta entrevista, que faz parte do
meu trabalho de conclusão de curso (TCC) sobre a contribuição da prática do canto coral na
diminuição da exaustão mental e física. Sua experiência e insights são de grande importância
para esta pesquisa. Para começar, poderia nos falar se você percebeu alguma melhora na sua
saúde mental e física desde que participou do coral desse ou de outros?
24

kely: Boa tarde, percebi sim, é o momento que a gente pode gritar sem parecer maluco, a
gente desestressa no momento em que está aqui, faz novas amizades, então a gente melhora
bastante a qualidade de vida sim!

Laís: E m que aspectos você acredita que o coral contribui na questão somente mental?

Kely: Por ser algo voltado para a arte ajuda a relaxar a mente o momento de estresse.

Laís: E na questão física, você sabe que aa gente trabalha com a fono, você percebeu alguma
melhora?

Kely: A avaliação da fono foi muito importante para mim, ela percebeu uma rouquidão leve e
me indicou ao otorrino, no coral a gente consegue ver coisas que no dia a dia a gente não
percebe.

Laís: Você percebeu alguma melhora na sua saúde mental e física desde que começou a cantar
no coral

Teodora: Sim, consigo me expressar melhor por ser música, consigo me expressar melhor.

Laís: Você percebeu alguma melhora na sua saúde mental e física a partir do momento que
você começou o coral?

Coralista José Ricardo: Senti, essa foi a minha primeira experiência de coral que eu tive e eu
senti a minha dicção melhorar, e melhora na respiração, em quesito mental sem dúvidas
melhorou pois tem toda uma responsabilidade com o coral.

Laís: Participar do coral tem ajudado você a desenvolver habilidades sociais ou a diminuir a
sensação de solidão?

Coralista José Ricardo: Nunca fui uma pessoa muito tímida, sempre me relacionei muito bem
com as pessoas, até porque professor não pode ser muito tímido, mas bem legal a convivência
com novas pessoas.

RESULTADOS:

O mundo moderno frequentemente impõe desafios extenuantes para nossa mente e


corpo. O ritmo acelerado da vida, as demandas constantes e a pressão para realizar podem
25

resultar em exaustão mental. Nesse cenário, práticas como o canto coral podem desempenhar
um papel significativo na promoção da saúde mental e na redução do cansaço mental.

O Coral Flor de Lótus, por exemplo, tem se destacado como um grupo que não só
promove a música, mas também oferece benefícios terapêuticos. Aqui estão algumas maneiras
pelas quais o Coral Flor de Lótus contribui para a diminuição do cansaço mental e da
exaustão mental:

Expressão Emocional: O canto coral proporciona uma saída para a expressão


emocional. A música é uma forma poderosa de comunicar sentimentos e pensamentos,
permitindo que os participantes liberem suas tensões emocionais por meio da melodia e da
harmonia. Isso pode aliviar o estresse e a ansiedade, contribuindo para uma sensação de
relaxamento mental.

Foco e Concentração: Cantar em um coral requer foco e concentração. Os cantores


precisam estar atentos às partituras, à regência do maestro e à harmonia com outros membros
do grupo. Esse processo de concentração ajuda a desviar a atenção de preocupações externas e
a acalmar a mente, reduzindo a sensação de sobrecarga mental.

Socialização e Apoio Social: Participar de um coral, como o Flor de Lótus,


proporciona um senso de pertencimento a um grupo. Os membros compartilham uma paixão
pela música e constroem relacionamentos sociais positivos. Esse apoio social pode ser
fundamental na redução do cansaço mental, pois fornece um sistema de suporte emocional e
amizades significativas.

Terapia de Grupo: A música é terapêutica por natureza, e cantar em conjunto oferece


uma sensação de comunidade e união. Os desafios musicais e as realizações conjuntas podem
elevar a autoestima e o ânimo, reduzindo assim os sintomas de exaustão mental.

Efeito Relaxante: A música, em particular quando cantada em grupo, tem um efeito


relaxante comprovado. Ela pode reduzir a frequência cardíaca, diminuir a pressão arterial e
aliviar a tensão muscular. Esses efeitos físicos podem contribuir diretamente para uma mente
mais tranquila e menos cansaço mental.
26

Em resumo, o Coral Flor de Lótus não é apenas um grupo de música, mas uma
comunidade que oferece apoio terapêutico para a saúde mental. Participar desse coral oferece
uma oportunidade para expressão emocional, desenvolvimento de foco e concentração,
criação de vínculos sociais, apoio mútuo e um efeito relaxante que pode ajudar a aliviar o
cansaço mental. O canto coral, como o praticado pelo Coral Flor de Lótus, se torna uma forma
eficaz e prazerosa de lidar com as pressões do mundo moderno e cuidar da saúde mental.

3.3 ANÁLISE DE RESULTADOS

A pesquisa sobre a contribuição da prática do canto coral na diminuição da exaustão


mental e física, focando nas experiências com o Coral Flor de Lótus da Universidade Federal
do Pará, revelou resultados notáveis que merecem destaque. A análise desses resultados
demonstra o impacto positivo da participação em um coral na saúde mental e física dos seus
membros.

A redução do estresse e da ansiedade é uma das constatações mais significativas foi a


redução do estresse e da ansiedade entre os participantes do Coral Flor de Lótus. A prática
regular do canto coral proporcionou um ambiente seguro e acolhedor para expressar emoções,
aliviando a pressão associada às demandas diárias. Isso contribuiu para uma diminuição geral
dos níveis de estresse e ansiedade.

Melhora da saúde respiratória na prática do canto coral envolve exercícios de


respiração, fundamental para uma boa performance vocal. Esses exercícios não apenas
aprimoraram a qualidade da voz dos participantes, mas também melhoraram a capacidade
pulmonar e a técnica respiratória. Essa melhoria na saúde respiratória contribuiu para a
redução da exaustão física, uma vez que os membros do coral relataram sentir-se mais
energizados.

Foco e concentração na participação do Coral Flor de Lótus exigiram que os cantores


mantivessem alto nível de concentração durante os ensaios e apresentações. Esse foco
contribuiu para afastar pensamentos negativos, promovendo uma mente mais clara e alerta.
Como resultado, os membros do coral relataram sentir-se menos mentalmente exaustos no
decorrer das atividades diárias.
27

A interação social e sentimento de pertencimento na prática do canto coral


proporcionou um ambiente de interação social positiva. Os membros do Coral Flor de Lótus
compartilharam uma paixão pela música e construíram laços sociais significativos. Isso
fortaleceu o sentimento de pertencimento a um grupo e forneceu apoio mútuo, reduzindo a
sensação de isolamento e exaustão mental.

O efeito terapêutico da música por si só, é uma forma de terapia. A prática do canto
coral aprimorou a sensação de bem-estar emocional dos participantes. Eles se sentiram
revigorados após as sessões de canto, o que demonstra o impacto terapêutico da música na
redução da exaustão mental e física.

Desenvolvimento da autoestima e bem-estar geral na conquista de objetivos musicais


em conjunto no Coral Flor de Lótus elevou a autoestima dos membros, proporcionando uma
sensação de realização pessoal. Isso contribuiu para um aumento do bem-estar geral e uma
diminuição da sensação de exaustão.

Em resumo, os resultados da análise das experiências com o Coral Flor de Lótus da


Universidade Federal do Pará indicam que a prática do canto coral desempenha um papel
significativo na diminuição da exaustão mental e física. A participação no coral proporciona
um ambiente de expressão emocional, apoio social, desenvolvimento da capacidade
respiratória e mental, bem como um efeito terapêutico da música. A experiência de fazer parte
de um coral, como o Flor de Lótus, demonstra a importância da música como um meio de
promover a saúde mental e física, destacando o potencial terapêutico da prática do canto
coral.

4 METODOLOGIA

4.1METODOLOGIA EXPLORATÓRIA: A PRÁTICA DO CANTO CORAL NA


DIMINUIÇÃO DA EXAUSTÃO MENTAL E FÍSICA

Esta pesquisa tem como objetivo principal investigar como a prática do canto coral
contribui para a diminuição da exaustão mental e física dos coralistas, assim, o procedimento
28

metodológico utilizado nesta pesquisa é do tipo estudo de caso, exploratória com abordagem
qualitativa, e bibliográfica

A abordagem qualitativa tem a ver com a pesquisa privilegia o nível subjetivo e,


consequentemente, interpretativo da pesquisa (...)” (FREIRE, 2010, p. 14). Esse tipo de
pesquisa aborda o tema no contexto em que ele ocorre, ou seja, no cenário natural e isso
permite o pesquisador entender o fenômeno no sentido do significado que as pessoas atribuem
à ele. Uma relação de dependência entre o sujeito e o objeto de estudo, criando um vínculo
indissociável entre a objetividade e subjetividade dessa prática coral - sujeito - no Coral Flor
de Lótus – objeto de estudo dessa pesquisa.

A pesquisa de caráter bibliográfico se fundamentou nas bases teóricas de técnica,


metodologia saúde, aspectos socio-culturais que envolvem o canto coral. Para isso, foram
realizadas leituras de livros e artigos sobre o assunto com o propósito de “[...] conhecer,
reconhecer, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado
assunto” (VICTORIANO e GARCIA, 1996, p. 21).

No que diz respeito ao processo de ensino durante os ensaios, utilizei a observação


participativa para documentar as metodologias e técnicas de ensino empregadas pelos
regentes e líderes do coral. A observação abrangeu práticas como exercícios de respiração,
aquecimento vocal e técnicas de relaxamento, que são fundamentais para o desempenho coral
e podem ter implicações significativas no bem-estar emocional e físico dos coralistas.

Quanto aos seus procedimentos técnicos, é baseado em um estudo de caso. Para


Pádua (2004, p. 74), o estudo de caso é feito com abordagem qualitativa, seja de modo
monográfico, seja como elemento complementar em uma coleta de dados. O estudo de caso
tem sido considerado o delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno
contemporâneo em seu contexto real, em que os limites entre os fenômenos e o contexto nem
sempre são percebidos claramente.

Optei por utilizar o método da observação participativa e entrevistas como a


principaisl ferramenta de coleta de dados. A observação participativa foi realizada ao longo de
um ano de ensaios e nas apresentações do CFL, ao mesmo tempo em que ensaiava, aplicando
exercícios de respiração, aquecimento vocal e técnicas de relaxamento, que eram
fundamentais para o desempenho coral e podem ter implicações significativas no bem-estar
29

emocional e físico dos coralistas. Observava, assim, seu crescimento musical, (re)alinhamento
de objetivos, atitudes individuais e coletivas do grupo.

Os ensaios ocorreram durante um ano na sala 02 da Faculdade de Música no Ateliê


de Arte localizado no Campus do Guamá da Universidade Federal do Pará. Esse espaço era
refrigerado e oferecia as carteiras, teclado musical, caixa de som, quadro branco e ficava
dentro do campus em que os servidores trabalhavam. Os ensaios ocorriam duas vezes por
semana, segundas e quartas-feiras no horário das 12h30 às 13h30.

No processo de condução das entrevistas, estabeleci critérios específicos para


garantir a representatividade e relevância das informações obtidas. Foi essencial que os
participantes tivessem uma conexão direta com o coral, o que foi estabelecido ao requerer que
estivessem envolvidos com o Coral Flor de Lótus por um período mínimo de seis meses ou
que tivessem experiência anterior em outros corais. Esses critérios visavam assegurar que os
entrevistados tivessem uma compreensão significativa das dinâmicas e benefícios do canto
coral.

No decorrer das entrevistas, utilizei um gravador de áudio e vídeo para registrar as


respostas, após obter o consentimento dos participantes. Essa ferramentae foi adotada para
garantir a precisão das informações coletadas, permitindo-me capturar as respostas de forma
completa e fiel. As perguntas formuladas nas entrevistas foram no total de 11 perguntas e
especialmente projetadas para explorar as conexões entre a prática do canto coral e os
aspectos de saúde mental e física dos coralistas. Além disso, as questões também investigaram
os benefícios percebidos pelos participantes, tendo em vista a rotina de ensaios e
apresentações, bem como a dimensão sócio-cultural das experiências no coral.

Além das entrevistas com os coralistas, realizei entrevistas semiestruturadas com


membros do público que assistiram às apresentações do Coral Flor de Lótus. Essas entrevistas
permitiram a coleta de perspectivas externas sobre os efeitos do canto coral nas experiências
dos ouvintes, enriquecendo a compreensão do impacto cultural e emocional do coral na
comunidade.

A análise dos dados coletados, tanto das entrevistas quanto das observações, foi
realizada utilizando técnicas de análise de conteúdo. Os resultados foram organizados em
30

categorias temáticas relevantes, que foram posteriormente discutidas à luz da literatura


revisada, destacando as contribuições únicas deste estudo para o campo.

Esse foi o procedimento metodológico adotado para a condução da pesquisa,


respeitando estritamente as diretrizes éticas e garantindo a confidencialidade dos
participantes. A abordagem escolhida permitiu uma compreensão aprofundada dos impactos
do canto coral na saúde mental e física, bem como em aspectos sócio-culturais, o que
contribui para o enriquecimento do conhecimento nessa área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa demonstrou de forma significativa a importância do canto coral,


com ênfase no Coral Flor de Lótus, como uma ferramenta valiosa na promoção da saúde
mental e na redução do cansaço e exaustão mentais. Os resultados apresentados ao longo
deste trabalho revelaram a capacidade do canto coral de não apenas fornecer uma experiência
musical enriquecedora, mas também de desempenhar um papel fundamental na melhoria do
bem-estar psicológico dos participantes.

O Coral Flor de Lótus, como um exemplo concreto desse fenômeno, demonstrou como
a prática regular do canto coral pode não apenas aliviar o estresse e a ansiedade, mas também
criar um espaço de apoio social e interação interpessoal significativa. Essa experiência
coletiva contribuiu para a promoção da sensação de pertencimento a um grupo, reduzindo a
sensação de isolamento e solidão, que muitas vezes são fatores desencadeantes do cansaço
mental.

Além disso, a pesquisa também ressaltou o papel do canto coral na melhoria da técnica
vocal, na ampliação da percepção musical e na promoção da criatividade. Tais elementos não
apenas aprimoram as habilidades musicais dos participantes, mas também exercem um
impacto positivo na sua autoestima, autoexpressão e, por conseguinte, na sua saúde mental.

Portanto, com base nos resultados apresentados, é inegável que o Coral Flor de Lótus e
atividades semelhantes têm um potencial significativo para contribuir para a diminuição do
cansaço mental e da exaustão mental. O canto coral não deve ser visto apenas como uma
31

atividade artística, mas como uma prática terapêutica e social valiosa que pode enriquecer a
vida dos indivíduos em múltiplos aspectos.

À medida que continuamos a explorar as relações entre a música e o bem-estar, é


fundamental reconhecer o papel do canto coral como um aliado na busca por uma sociedade
mais saudável e resiliente. Espera-se que esta pesquisa incentive a promoção do canto coral
como uma estratégia eficaz para a melhoria da saúde mental e emocional, e que inspire
futuras investigações e iniciativas nesse campo. O Coral Flor de Lótus é um exemplo vivo de
como a música pode ser uma força positiva na vida das pessoas, aliviando a mente e nutrindo
a alma.

REFERÊNCIAS

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competências: uma análise do papel do regente coral. Gepros: Gestão da Produção,
Operações e Sistemas, Bauru, v. 2, n. 2, p. 89-98, 2007.

COSTA, Patricia. Coro Juvenil nas escolas: sonho ou possibilidade? In: Associação Brasileira
de Educação Musical. Música na educação básica. Porto Alegre: v. 1, n. 1, p. 83-92, out.
2009.
DALCROZE, Émile Jaques. Le rythme, la musique et l’éducation. Lausanne: Foetisch
Frères, 1921.

DALCROZE, E. Jaques. La ritmica, il solfeggio e l’improvvisazione. In: Ginnastica ritmica


estetica e musicale. Milano: Ulrico Hoepli, 1925. p. 88-123. Revista Espaco Intermediário,
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Camargo. São Paulo: Studio Nobel; SESC, 1994.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 41 ed.


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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KOKAS, Klára. Yoj Through the Magic of Music. Budapest: Chord, 1998.

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32

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Margarete. Educação musical na contemporaneidade. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE
PESQUISA EM MÚSICA DA UFG. Anais… Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2002.
Pp. 18-29.

RODRIGUES, Iramar E. A rítmica de Émile Jaques-Dalcroze: uma educação por e para a


música. Uberlândia: Associação Pró-Música de Uberlândia, [s.d.].

VILLA-LOBOS, Heitor. Villa-Lobos por ele mesmo/ pensamentos. In: RIBEIRO, J. C.


(Org.). O pensamento vivo de Villa-Lobos. São Paulo: Martin Claret, 1987.

JUNKER, David Técnica e estética- panoramas da regência coral, escritório de história,


Brasília, 2013.
33

APÊNDICES

ENTREVISTA COM OS CANTORES DO CORAL FLOR DE LÓTUS

1. Você percebeu alguma melhora na sua saúde mental e física desde que começou a
participar do coral?

2. Em que aspectos você acredita que o coral contribui para a melhora da saúde mental?

3. Em que aspectos você acredita que o coral contribui para a melhora da saúde física?

4. Participar do coral tem ajudado você a desenvolver habilidades sociais e diminuir a


sensação de solidão?

5. Você já percebeu alguma melhora na sua autoestima desde que começou a cantar no coral?

6. Qual é o papel do regente do coral na diminuição da exaustão mental e física dos


participantes?

7. Em sua opinião, a música escolhida para as apresentações do coral contribui na diminuição


da exaustão?

8. De que maneira o coral tem influenciado na sua rotina diária e na sua qualidade de vida?

9. O coral tem ajudado você a ter mais confiança em suas habilidades musicais e em outras
áreas da vida?
34

10. O coral é uma atividade que você considera prazerosa e que acrescenta algo à sua vida?
Por quê?

11. Você indicaria o coral para outras pessoas como uma forma de diminuir a exaustão e
melhorar a saúde mental e física? Por quê?

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