Este documento discute o significado do termo "egoísmo inerente ao coração natural" usado por Ellen G. White. Ele argumenta que (1) um bebê recém-nascido não pode ter egoísmo propriamente dito, apenas uma fragilidade que pode levar a isso no futuro, e (2) o egoísmo é um defeito de caráter que se manifesta nas escolhas, não uma tendência inata.
Este documento discute o significado do termo "egoísmo inerente ao coração natural" usado por Ellen G. White. Ele argumenta que (1) um bebê recém-nascido não pode ter egoísmo propriamente dito, apenas uma fragilidade que pode levar a isso no futuro, e (2) o egoísmo é um defeito de caráter que se manifesta nas escolhas, não uma tendência inata.
Este documento discute o significado do termo "egoísmo inerente ao coração natural" usado por Ellen G. White. Ele argumenta que (1) um bebê recém-nascido não pode ter egoísmo propriamente dito, apenas uma fragilidade que pode levar a isso no futuro, e (2) o egoísmo é um defeito de caráter que se manifesta nas escolhas, não uma tendência inata.
“Onde existe esta unidade, é evidente que a imagem de Deus está
sendo restaurada na humanidade, que foi implantada nova vida. Mostra que há na natureza divina poder para deter os sobrenaturais agentes do mal, e que a graça de Deus subjuga o egoísmo inerente ao coração natural.” {DTN 480.3}
“O egoísmo natural aos filhos dos homens está pronto a se revelar
na vida, se tudo não estiver de acordo com suas conveniências.” {TS2 450.1}
No estudo e compreensão do tema proposto, primeiro se faz
necessário notar que egoísmo é “um pecado que destrói a alma.”(T4 476.2), e o pecado é “transgressão da Lei"(1Jo 3:4). Logo, dada as limitações cognitivas de um bebê, conclui-se que um bebê recém nascido não pode incorrer no pecado do egoísmo. E se um bebê recém nascido não pode incorrer no pecado do egoísmo, o que Ellen G White realmente quer dizer com as afirmações contidas nos textos acima?
Para respondermos a pergunta acima, primeiro precisamos saber o
significado da palavra inerente. O que é inerente? De acordo com o simples dicionário Michaelis On-line, "inerente" significa algo que está "ligado estruturalmente", "que, por natureza, é inseparável de alguma coisa" e que é "existente no interior do ser de forma intrínseca." Como exemplo do último significado, o dicionário dá a seguinte sentença: “A sexualidade é inerente ao ser humano.” Sim, a sexualidade é inerente ao ser humano. É verdade. Mas a sexualidade com a qual o ser humano nasce é tão somente POTENCIAL. Ela poderá nunca ser exercida e nunca vir a se manifestar de maneira plena. Depende da opção de cada qual e do que cada um considera mais importante na sua vida, como é o caso do naziriado.
Da mesma forma, na expressão "egoísmo inerente ao coração
natural" ou “egoísmo natural”, não há a menor necessidade de se concluir que o bebê já nasça com o egoísmo, pois egoísmo mesmo só existe, em REALIDADE, como CONDUTA DELIBERADA.
Do egoísmo que efetivamente vem a se manifestar no FUTURO,
pode-se dizer que seja sim, algo"inerente ao coração natural" tão somente por decorrer de uma condição congênita(intrínseca, inerente ou natural) em que as faculdades inferiores da mente estão fortalecidas e as faculdades superiores estão enfraquecidas, sendo a tendência natural do ser humano satisfazer seu apetite e suas paixões(faculdades inferiores) sem levar em consideração os princípios superiores(faculdades superiores) orientados pela consciência moral — como é o caso do dever de se buscar o bem do próximo. Mas essa decorrência (egoísmo) pode não se manifestar, dependendo da escolha humana. E observe que o egoísmo não consiste na ação humana direcionada a satisfazer seu apetite e sua paixão (algo que foi programado por Deus para ser assim), mas, sim, em buscar satisfazê-los sem se importar com deveres morais superiores.
Logo, conclui-se que um bebê recém-nascido não tem egoísmo
propriamente dito. Tem apenas uma fragilidade estrutural que propicia o desenvolvimento e manifestação posterior desse defeito de caráter. E, se e quando esse defeito se desenvolve e aparece, pode ser qualificado como algo “inerente” ou “natural”, por ter sua "raiz" numa condição humana congênita.
Em linguagem mais simples e direta, é algo absurdo olhar para um
bebê, deitado em seu berço, dormindo tranquilamente, e dizer a respeito dele: "Olhem, quanto egoísmo!" Não há egoísmo aí. Egoísmo não é tendência. Egoísmo é um defeito de caráter que se manifesta no momento da tomada de decisão: quando alguém prefere satisfazer seus próprios desejos e interesses sem consideração pelas necessidades dos demais ou por princípios morais superiores.
No intuito de demonstrar a realidade da sentença bíblica de que
"todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3:23), os pré-lapsarianos e defensores do pecado original, tendem a exagerar e mesmo apresentar sob falsa luz o alegado egoísmo dos bebês e das crianças muito novas. Costumam dar o exemplo de uma criancinha bem pequena que pega todos os lápis coloridos colocados diante dela e que chora quando a mãe tira um ou dois de sua mão para dar a outra criança. Dizem que isso é uma clara manifestação de egoísmo. O que é um grande absurdo! A uma, porque não é verdade que todas as crianças reajam dessa mesma maneira. Algumas são bem passivas e não se importam que delas sejam subtraídos alguns lápis coloridos ou mesmo todos. Outras vão além e mesmo os oferecem às outras crianças. Isso varia muito. As personalidades são bem diferentes.
A duas, porque é de se esperar que a criança pegue mesmo todos os
lápis coloridos e os conserve consigo. Ora, é de se esperar que uma pessoa, ao se deparar com pedras preciosas na margem de um rio, pegue apenas uma e deixe as demais ali, para que outras pessoas depois as encontrem? Eu digo que não. Deixar as pedras ali não seria nada racional e isso não tem nada a ver com egoísmo. Tem a ver com a raridade do objeto e seu valor econômico. Se eu encontrar pedras preciosas na margem de um rio, vou interpretar que Deus me favoreceu e que era de Sua vontade que eu as encontrasse. Não devemos ser hipócritas, exigindo que crianças pequeninas tenham um exagerado comportamento altruísta que nós mesmos sequer julgamos ser nosso dever adotar.
A três, porque também é perfeitamente compreensível que uma
criança muito pequena venha a chorar se alguns lápis coloridos forem tirados de suas mãos para serem dados a outros, uma vez que ela não entende a razão de tal procedimento. Ela se sente agredida. O sentimento é o mesmo que um adulto teria, caso uma turba invadisse sua casa e roubasse todos os seus bens. Não é de se esperar que tal pessoa venha a se portar de maneira pacífica diante de tal situação. O que existe na verdade, por parte daqueles que tentam provar a existência de egoísmo em crianças antes da idade da razão, é uma tremenda distorção da realidade e muitos juízos equivocados.