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Sumário
1. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA...................................................................................................................................................3
2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE....................................................................................................................................................3
2.1. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE SUBJETIVOS.............................................................................................................................4
3. DINÂMICIDADE DA CAPACIDADE PROCESSUAL, DO INTERESSE PROCESSUAL E DA LEGITIMIDADE...............................................................8
1. CONCEITO:............................................................................................................................................................................. 9
1.1. DISTINÇÕES RELEVANTES:...............................................................................................................................................9
1.2. REPRESENTAÇÃO/ASSISTÊNCIA:................................................................................................................................................9
2. TRATAMENTO DO CÔNJUGE:....................................................................................................................................................11
3. REGULARIZAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO........................................................................................................................................12
4. DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES..................................................................................................................12
4.1. DOS DEVERES (ARTIGOS 77-78):...........................................................................................................................................12
5. DO ATO ATENTATÓRIO A JUSTIÇA:............................................................................................................................................13
6. DA RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL (ARTS. 79-81):....................................................................................13
7. DAS DESPESAS, DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E DAS MULTAS (ART. 82-97):...............................................................................14
7.1. DAS DESPESAS...............................................................................................................................................................14
7.2. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS................................................................................................................................16
7.3. DAS MULTAS..................................................................................................................................................................19
8. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA (ARTS. 98-102):............................................................................................................................19
8.1. PROCEDIMENTO:...........................................................................................................................................................20
9. DOS PROCURADORES (ARTS. 103-107):....................................................................................................................................22
10. DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES (ARTS. 108-112)............................................................................................23
10.1. SUCESSÃO PROCESSUAL......................................................................................................................................................23
11. DA SUBSTITUIÇÃO DOS PROCURADORES........................................................................................................................25
1. DA FORMAÇÃO DO PROCESSO:.................................................................................................................................................26
2. DA SUSPENSÃO DO PROCESSO..................................................................................................................................................26
2.1. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DO PROCESSO TRAZIDAS PELO CPC:...................................................................................................26
2.1.1. MORTE OU PERDA DA CAPACIDADE PROCESSUAL DE QUALQUER DAS PARTES...............................................................................26
2.1.2. MORTE OU PERDA DA CAPACIDADE PROCESSUAL DO REPRESENTANTE LEGAL................................................................................27
2.1.3. MORTE OU PERDA DA CAPACIDADE PROCESSUAL DO PROCURADOR............................................................................................27
2.1.4. CONVENÇÃO DAS PARTES..................................................................................................................................................28
2.1.5. ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO........................................................................................................................28
2.1.6. PELA ADMISSÃO DE INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS..........................................................28
2.1.7. PREJUDICIALIDADE...........................................................................................................................................................28
2.1.8. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DE DETERMINADO FATO OU PRODUÇÃO DE CERTA PROVA, REQUISITADA A OUTRO JUÍZO.....................29
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EXTINÇÃO DO PROCESSO................................................................................................................................................ 32
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1. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
O processo existe quando ALGUÉM DEMANDA perante um ÓRGÃO JURISDICIONAL.
Órgão jurisdicional
Personalidade Judiciária
i) Órgão jurisdicional: se há uma demanda proposta em órgão não jurisdicional não há relação
jurídica processual.
ii) Demanda: ato de provocação inicial do autor que limita a prestação jurisdicional aqueles
elementos do objeto do litigio.
iii) Personalidade Judiciária / capacidade de ser parte: Consiste na aptidão para, em tese,
titularizar uma situação jurídica processual. Não há gradação, sendo um atributo absoluto
(não há capacidade para uma e não para outra.).
a. Pessoas, condomínio, massa falida, órgãos públicos, nascituro, etc.
b. Exige-se para o réu? Não é condição de existência. Há processos sem réu, o processo
nasce com a demanda (não com a presença do réu), sendo a presença do réu
fundamental para a eficácia da relação jurídica processual em face de terceiro (não
para a existência).
c. Quem não é parte? Morto, coletividades desorganizadas, em sínteses as coisas.
d. E animais? Abolicionismo animal defende a personalidade judiciária dos grandes
primatas, pois seriam sujeitos de direitos.
e. Obs. pressupostos de validade – capacidade processual / capacidade postulatória.
Como é feita a análise? É do processo como um todo. Também é possível falar em pressuposto de
existência de cada ato jurídico processual. Ex. sentença sem decisão não falta um elemento mínimo do
seu suporte fático.
2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
PROCESSO EXISTE (há relação jurídica processual), passa-se à ANÁLISE DE SUA VALIDADE
em seu ASPECTO AMPLO (do procedimento como ato jurídico complexo), ou de CADA ATO
JURÍDICO.
Consequência se houver vício?
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i) Verificar se há prejuízo.
ii) Busca saná-lo - princípio da primazia da decisão de mérito.
iii) Consequência após análises acima: extinção / remessa a juízo competente ou substituto
Pode reconhecer de ofício? Como regra sim, mas há exceções. Ex. incompetência relativa,
convenção de arbitragem.
Momento? Como regra suscitada a qualquer tempo, salvo incompetência relativa ou convenção de
arbitragem.
Juiz
Subjetivos
Partes
Pressupostos de Validade
Intrinsecos
Objetivos
Extrinsecos
Legitimidade Ad Causam
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c. Advogado que (sempre tem capacidade postulatória) pratica ato sem procuração? Não
representa a parte, neste caso. Artigo 104 não trata de falta de capacidade postulatória,
mas da inexistência de procuração nos autos.
i. Admite ato sem procuração: i) urgente; ii) evitar preclusão, decadência ou
prescrição. Deverá apresentar procuração em 15 dias, pena de p/d.
ii. Sem procuração = ineficácia do ato (no CPC/73 era inexistência que gerou STJ 115
superada). Ver 662 do CC.
d. Procuração: instrumento da representação processual. Advogados públicos não precisam
juntar procuração.
e. Art. 105. Poderes gerais: não precisam estar expressos; Poderes especiais: expressos.
iii) LEGITIMDADE AD CAUSAM: CPC/73. Condições da ação. NCPC. 1ªc. Parte da
doutrina trata como pressuposto subjetivo de validade. 2ªc. ainda se trata de uma
condição da ação.
a. Conceito: consiste no
i. vínculo existente entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada.
Pertinência subjetiva à ação.
ii. Aptidão para conduzir um processo de modo eficaz, sendo bilateral - polo
ativo ou passivo – bilateral. Legitimidade do autor face ao réu.
iii. Como afere-se? Somente a partir de um caso concreto, assim não uma análise
abstrata.
b. Parte (capacidade de ser parte) Absoluta e Abstrata.
c. Legitima ou ilegítima (legitimidade ad causam). Relação do sujeito ao objeto.
Específica a luz do caso concreto.
d. LEGITIMIDADE EXCLUSIVA: Apenas o titular do objeto pode discuti-lo em juízo. É
a regra.
e. LEGITIMIDADE CONCORRENTE: quando a lei atribui legitimidade a mais de um
agente. Ex. ADI. Credores solidários. Litis. unitário.
f. LEGITIMIDADE ORDINÁRIA: o sujeito defende direito próprio. Coincide a
legitimidade e o titular do direito.
g. LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA: substituição processual. Alguém defendo no
processo em nome próprio uma situação jurídica de terceiros. Legitimado e titular do
direito não coincide. Ex. HC, ACP, etc.
i. Requisito – autorização do ordenamento (não apenas a lei) que pode ser
negocial. OBS. pode existir simultaneidade das legitimidades – credor solidário.
Obs. não confundir o termo substituição processual com sucessão processual
nem com representação processual.
ii. Características:
1. substituto é parte de direito processual (não material);
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Art. 17. NCPC. para POSTULAR é necessário interesse e legitimidade. Não fala em propor
ou contestar.
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1. CONCEITO:
Conceito restritivo de parte na demanda (CHIOVENDA): a parte deve ser vista a luz do
direito material (seria aquele que pede e contra aquele que se pede).
Conceito ampliativo de parte (LIEBMAN): a parte será todo aquele que participa do
processo, salvo o juiz (MP, assistente, amicus curie são considerados partes).
Capacidade de ser parte: é a capacidade do ser humano, prevista nos artigos 1º e 2º, do
Código Civil (há doutrina que entende que é um pressuposto de validade do processo-
seria um pressuposto “pré-processual”).
1.2. REPRESENTAÇÃO/ASSISTÊNCIA:
da pessoa física:
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Pessoa relativamente incapaz, por sua vez, são assistidas, e os atos de comunicação e as tomadas
de decisão serão feitas de forma conjunta, ou seja, o relativamente incapaz e seu representante serão
intimados.
da pessoa jurídica:
O CPC fala de representação da pessoa jurídica. Entretanto, o correto seria utilizar a expressão
“presentação da pessoa jurídica”, tendo em vista que a pessoa jurídica, apesar de ser uma ficção,
possui personalidade jurídica própria.
2. TRATAMENTO DO CÔNJUGE:
Toda ação de bem imóvel fundada em direito real, para ser proposta precisará do
consentimento do cônjuge (vênia conjugal). Salienta-se que não se trata de litisconsórcio ativo, basta
apenas a autorização! Caso o regime seja o de separação total de bens, não é necessária a autorização (artigo
73).
Atenção! Quando a ação for fundada em direito obrigacional (por exemplo, descumprimento do
contrato de compra e venda) não será necessário o consentimento.
Se o cônjuge não der o consentimento, sem justo motivo, ou não puder fazê-lo, é possível ser
suprido judicialmente (artigo 74). Obs: prevalece o entendimento que o suprimento da vênia conjugal
se dá em uma ação de jurisdição voluntária. Entendimento minoritário aduz que a vênia poderia ser
suprida no próprio processo da ação real imobiliária.
Art. 73.
§ 1º. Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado
por eles;
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Tais previsões aplicam-se aos companheiros, desde que fique comprovada a união estável
(artigo 73, § 3º). A falta de comprovação não gera nenhum vício.
3. REGULARIZAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO
O Juiz suspenderá o processo para que o vício seja corrigido em prazo razoável
(discricionariedade do juiz):
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles
que de qualquer forma participem do processo:
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- atentar para a previsão do artigo 6º, CPC, que estabelece que as partes devem observar a boa-fé
na relação processual.
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
- só haverá ofensa se a parte, intencionalmente, falsear a verdade (deve ficar evidente a
intenção)
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento;
- a parte deve ter consciência, em seu íntimo, de que sua pretensão ou a defesa apresentada são
destituídas de fundamento
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação;
- tal previsão não está restrita às partes do processo (ex: juiz determina que o empregador
desconte a pensão alimentícia devida pelo réu na folha de pagamento e ele não o faz)
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou
definitiva;
O não pagamento da multa enseja sua inscrição como dívida ativa (§ 3º), ou seja, não reverte em
proveito da parte prejudicada, e sim para a Fazenda Pública.
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Aquele que violar os incisos I, II, III e V do artigo 77 responderá pelas perdas e danos que causar
(artigo 79).
Sem prejuízo das perdas e danos (chamados de dano processual), o tribunal poderá condenar o
litigante de má-fé ao pagamento de multa fixada entre 1% e 10% do valor da causa, a ser revertida em
favor da parte prejudicada (artigo 81, caput). Se o valor da causa for irrisório, a multa será de até 10
salários mínimos (artigo 81, § 2º).
O Superior Tribunal de Justiça entende que a aplicação de multa pela má-fé independe de
comprovação de dano (Informativo 601)
Conceito:
Nos termos do art. 82 do CPC, excetuados os casos de gratuidade de justiça, incumbe às partes
prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o
pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito
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reconhecido no título.
Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de
ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem
jurídica.
No que toca à prova pericial, o artigo 95 preceitua que as despesas serão adiantadas por aquele
que a requereu ou rateadas caso haja pedido de ambas as partes ou determinada de ofício pelo juiz.
A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou, bem como os
honorários advocatícios.
Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre
eles as despesas (artigo 86). Se houver diversos autores ou diversos réus, a sentença fixará a
responsabilidade proporcional pelo pagamento das despesas e, em caso de omissão, a responsabilidade
pelas despesas processuais serão consideradas solidárias (artigo 87).
Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários (artigo 86, parágrafo único).
Nos processos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo requerente e rateadas
entre os interessados.
Fazenda Pública:
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Caução às custas:
Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do brasil ou deixar de
residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao
pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas
ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o
pagamento.
§ 1º não se exigirá a caução de que trata o caput:
I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que
o Brasil faz parte; (NOVIDADE NO CPC/2015)
II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença;
III - na reconvenção.
§ 2º. Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá
o interessado exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação
da depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que
pretende obter.
A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor (art. 85). São
devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou
definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
Regras:
1-) os honorários serão fixados entre o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 20 (vinte) por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre
o valor atualizado da causa, atendidos, o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a
natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço (artigo 85, §2º);
3-) nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo
(artigo 85, §10);
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4-) constituem direito do advogado, têm natureza alimentar e possuem os mesmos privilégios
dos créditos trabalhistas (artigo 85, §14);
5-) os juros moratórios contam a partir do trânsito em julgado e é cabível ação autônoma para
definição e cobrança dos honorários quando a decisão transitada em julgado for omissa, seja quanto
ao direito de sua percepção, seja quanto a seu valor (artigo 85, §§ 16 e 18);
8-) se houver desistência, renúncia ao direito sob o qual se funda a ação ou reconhecimento do
pedido, a parte que realizou tal ato suportará os honorários sucumbenciais (artigo 90);
Beneficiário da justiça gratuita: o juiz condenará a parte nos honorários, mas suspenderá a
execução por cinco anos. Passado esse prazo, extingue-se as obrigações do beneficiário.
Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os
mesmos critérios estabelecidos (o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a
natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço), bem como seguintes percentuais:
I- - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;
II- mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
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econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos;
Deve ser considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que
estiver em vigor na data da decisão de liquidação.
Quando o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor de
200 (duzentos salários mínimos), a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e,
naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.
Por fim, não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública
que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
JURISPRUDÊNCIA:
INFORMATIVO 865, STF: É cabível a fixação de honorários recursais em favor do recorrido mesmo
quando não são apresentadas contrarrazões. Os honorários recursais têm dois objetivos: remunerar o
trabalho extra do advogado e desestimular a interposição de recurso. Assim, o silêncio do recorrido não
prejudica o segundo objetivo, que continuará sendo cumprido com a estipulação de honorários.
INFORMATIVO 643, STJ: Configura abuso de direito a denúncia imotivada pelo cliente de contrato de
prestação de serviços advocatícios firmado com cláusula de êxito antes do resultado final do processo,
salvo quando houver estipulação contratual que a autorize ou quando ocorrer fato superveniente que a
justifique. Em situações como essa, o STJ tem afirmado que deverão ser arbitrados honorários para
remunerar o advogado pelo trabalho desempenhado até o momento da resilição unilateral e imotivada
do contrato pelo cliente, a fim de evitar o locupletamento ilícito deste com a atividade realizada por
aquele.
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INFORMATIVO 636, STJ: O § 2º do artigo 82, do CPC/2015 prevê que: “a sentença condenará o vencido
a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.” O sucumbente deve arcar também com os honorários
contratuais que foram pagos pela parte vencedora? Não. O vencido deverá pagar apenas os honorários
sucumbenciais. Os honorários advocatícios contratuais não se incluem nas despesas processuais do art.
82, § 2º, do CPC/2015 (art. 20 do CPC/1973). A jurisprudência é firme no sentido de que o artigo se
refere a despesas endoprocessuais.
INFORMATIVO 608, STJ: O cálculo dos honorários de sucumbência não considera o valor das
astreintes. A expressão “valor da condenação” (art. 85, §2°, CPC) diz respeito ao valor pretendido pelo
demandante, o que não inclui um instrumento processual (multa cominatória).
INFORMATIVO 601, STJ: Multa por litigância de má-fé não exige comprovação de dano processual.
A aplicação de multa por litigância de má-fé prescinde da comprovação de dano processual em
decorrência do recurso interposto. Com esse entendimento, os Ministros da Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitaram por maioria um recurso do Banco do Brasil que
questionava a multa aplicada. Para o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, autor do voto vencedor, a
multa aplicada reflete mera sanção processual, e por esse motivo, “não exige comprovação inequívoca
da ocorrência do dano”. O magistrado destacou que a comprovação de dano processual é fundamental
nos casos em que a parte busca uma indenização por perdas e danos, o que não fazia parte do recurso
analisado.
STJ: honorários advocatícios. Natureza jurídica. Lei nova. Marco temporal para a aplicação do
CPC/2015. Prolação da sentença. Tese firmada: os honorários advocatícios nascem
contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da demanda, devendo observar as
normas do CPC/2015 nos casos de decisões proferidas a partir de 18/3/2016. (RESP 1.636.124-AL, REL.
MIN. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJE 27/4/2017.)
O artigo 96 estabelece que o valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em favor
da parte contrária e o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à União.
Primeira onda de acesso a Justiça – as pessoas nem sempre têm consciência de seus direitos e,
em geral, quem não tem consciência são os mais prejudicados. Além disso, ir ao Poder Judiciário é
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custoso do ponto de vista econômico e temporal (ônus do tempo do processo). A solução seria a
assistência judiciária aos pobres e está relacionada ao obstáculo econômico do acesso à justiça.
8.1. PROCEDIMENTO:
O art. 98 atribui o direito à gratuidade da justiça a toda pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios.
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No que toca às pessoas jurídicas, não há essa presunção, cumprindo-lhes provar a insuficiência
econômica, necessária para o deferimento da gratuidade. Deve-se aplicar a súmula 481 do Superior
Tribunal de Justiça, que assim estabelece: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou
sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”. Cabe à pessoa
jurídica demonstrar a impossibilidade financeira, não bastando simplesmente que a alegue, como
ocorre com as pessoas naturais. E, mesmo em relação a essas, embora haja a mencionada presunção
de veracidade, se o juiz entender que as circunstâncias são tais que indiquem que ela tem condições
de suportar as despesas do processo, deverá dar a ela condições de fazer prova da alegada
necessidade, indeferindo o benefício se a prova não for feita (Art. 99, §§ 2º e 3º).
A gratuidade da justiça compreende tudo aquilo que está enumerado nos incisos do art. 98, §
1º, incluindo os emolumentos devidos a notários e registradores em decorrência da prática de atos de
registro ou averbação, bem como atos notariais necessários para a efetivação de decisão judicial ou à
continuidade do processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. Frisa-se que o notário ou
registrador poderá requerer a revogação do benefício (artigo 98, § 8º).
A gratuidade da justiça pode ser requerida a qualquer momento no processo (inclusive em sede
recursal), por qualquer parte ou interessado e mediante simples petição (artigo 99).
Se ela for deferida, a parte contrária poderá apresentar impugnação, pedindo ao juiz que a
revogue, no prazo de 15 dias. Tal impugnação se dará nos mesmos autos e não suspende o processo.
Ressalta-se que se ela foi requerida na inicial e deferida pelo juiz, a impugnação deve ser formulada
como preliminar em contestação. (artigo 100)
Caso haja a revogação, e o juiz entenda que houve má-fé, a parte não só terá de recolher as
despesas que tiver deixado de adiantar, mas pagará até o décuplo de seu valor a título de multa, em
benefício da Fazenda Pública Estadual ou Federal, conforme a ação corra pela Justiça Estadual ou
Federal (artigo 100, parágrafo único)
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4.2.3. jurisprudência
Info 643 STJ: Caso a parte faça o requerimento da gratuidade da justiça no recurso e o relator indefira o
pedido, deverá intimar o recorrente para realizar o preparo antes de decretar a deserção.
Info 622 STJ: A gratuidade de justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil
após a entrada em vigor do CPC/2015.
Info 615 STJ: no CPC de 1973, a impugnação à justiça gratuita era feita em autos apartados e da decisão
cabia apelação. No novo, é processada nos próprios autos e cabe agravo de instrumento. Na hipótese
de o sujeito ter iniciado a impugnação na vigência do CPC antigo (isso é, em autos apartados) e a
decisão se prolatada na vigência do novo, o recurso cabível é agravo de instrumento ante o princípio do
tempus regit actum.
Informativo 599, STJ. Benefício de justiça gratuita. O estatuto da cidade, ao tratar sobre a ação de
usucapião especial urbana, prevê que "o autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária
gratuita, inclusive perante o Cartório de Registro de Imóveis." Isso significa que o autor da ação de
usucapião especial urbana gozará sempre da gratuidade da justiça? Há uma presunção absoluta de que
este autor não tem recursos suficientes para pagar as custas? Não! O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001
(Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião especial
urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada) a partir da
comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado”.
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É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal e nesse caso, deverá
declarar na petição inicial ou na contestação, o endereço, o número da OAB e nome da eventual
sociedade de advogados da qual participa (artigo 103, parágrafo único e 106).
O advogado não poderá postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão,
decadência, prescrição ou para praticar ato urgente, mas, nessas hipóteses, sob pena de ineficácia do
ato, deverá juntar a procuração em 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz
(art. 104).
A falta de procuração ou ratificação do ato o torna ineficaz e o advogado responderá por perdas
e danos (artigo 104, § 2º).
A procuração “ad judicia” deve ser por escrito, mas não é preciso reconhecimento de firma. É
suficiente o instrumento particular, não se exige procuração por instrumento público (ainda que a parte
seja absolutamente ou relativamente incapaz, pois o art. 105 não faz essa exigência para nenhuma
hipótese de procuração). Ressalta-se que a regra do artigo 105 prevalece sobre a previsão do artigo 654,
Código Civil (que só permite procuração por instrumento particular de pessoas capazes).
A procuração “ad judicia” habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto
receber citação, confessar, reconhecer o pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito do autor, receber,
dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem
constar da cláusula expressa (art. 105).
A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma de lei específica (artigo 105, § 1º).
No silêncio, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do
processo, inclusive para o cumprimento de sentença (, artigo 105, § 4º).
O art. 133 da Constituição Federal consagra o princípio da indispensabilidade do advogado e da
imunidade do advogado.
** Observações:
3-) o advogado não pode ser responsabilizado por ofensas em sua atuação profissional, ainda que
fora do juízo (STJ)
4-) a OAB não deve controlar as salas especiais destinadas a advogados nos órgãos públicos.
5-) os presidentes dos conselhos e subseções da OAB ao requisitarem cópias de peças de autos e
documentos a qualquer tribunal, devem motivar o pedido (STF)
6-) advogado não tem direito a fazer sustentação oral após o voto do relator (STF)
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7-) juiz atrasado: o atraso do magistrado por mais de 30 minutos autoriza o advogado a deixar o
recinto, mediante comunicação protocolada em juízo. porém, essa medida só se justifica quando o juiz
não está presente no fórum. (art. 7º, XX, da Lei nº 8906/1994 e art. 362, III, do NCPC). (STF)
Conceito: ato de exclusão de certa parte no processo com a inclusão de outra em seu lugar, em
razão da alteração da titularidade do bem, a qual, excepcionalmente, repercute no conceito processual
de legitimidade ad causam.
A ideia básica dessa temática reside no peculiar fato de que não se pode mudar as partes dentro
de uma relação processual por mudança do direito material que envolve o objeto do processo, dada a
autonomia que existe entre a relação processual e o negócio jurídico nela tratada. Feita a citação,
portanto, as partes devem ser mantidas (estabilização das partes ou perpetuatio legitimis) ocorrendo
alteração nessa matéria apenas em situações excepcionais.
Havendo falecimento da parte, esta deixa a relação processual, a qual passa a ser integrada pelo
espólio ou pelos sucessores do morto (art. 110, CPC).
Será sucedida pelo espólio quando a ação tiver cunho patrimonial e ainda não tiver havido a
partilha dos bens.
Por sua vez, será sucedida pelos herdeiros quando a ação não tiver cunho patrimonial, mas
pessoal ou quando já ultimada a partilha.
Desde o falecimento, o processo fica suspenso, até a sucessão processual. Se não houver dúvida
sobe quem são os sucessores, ela se fará desde logo, nos próprios autos. Se houver, será necessário
recorrer a habilitação (artigo 313, §§1º e 2º, CPC)
Ocorre a sucessão quando há alienação da coisa ou do direito litigioso a título particular por ato
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Direito
entre vivos e o adquirente ou cessionário passa a integrar o polo passivo, com a aquiescência da parte
contrária, (Art. 109, §1º).
O adquirente ou cessionário sofrerá os efeitos da sentença, ingressou não no feito como assistente
litisconsorcial.
*OBS: A anuência da parte contrária não será necessária no processo de execução, nos termos
do art. 778, §2º, do CPC:
Frisa-se que se o alienante for derrotado, a alienação da coisa será considerada fraude à
execução (artigo 792, I, CPC), quando sobre a coisa ou direito pender ação fundada em direito real ou
com pretensão reipersecutória.
c) o terceiro que houver ingressado no processo como litisconsorte passivo, também será
considerado revel; nas demais hipóteses, o terceiro será excluído do processo;
Dispensa-se essa comunicação quando a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte
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Direito
Nas demais hipóteses, durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar
o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo, nos termos do §1º do art. 112, mas pode
desligar-se se antes desse prazo a parte constituir novo advogado.
Importante: enquanto o advogado que não provar que notificou o cliente da renúncia, continuará
representando-o e, após essa notificação, ainda o representa por 10 dias.
1. DA FORMAÇÃO DO PROCESSO:
O processo resulta da materialização do direito abstrato de ação, o que se dá pela
propositura da ação por meio de protocolo da petição inicial perante o juízo para o qual a peça seja
endereçada.
A partir desse momento já existe relação processual, ainda que linear, entre autor e juiz.
Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada.
Contudo, só produz contra o réu os efeitos da litispendência, tornar litigiosa a coisa e
constituir em mora, após validamente citado (CPC, 312).
A propositura da ação é ato unilateral do autor, representado pela apresentação da petição
inicial em juízo, não dependendo, portanto, de nenhum ato judicial que não o certificado de que a
petição inicial foi protocolada. Também não precisa de citação para ser formado.
Para o autor, há litispendência desde o protocolo de sua petição inicial, enquanto que para
o réu a litispendência depende de sua citação válida. Ou ainda, como prefere parcela da doutrina, há
litispendência desde a propositura da ação, mas seus efeitos são gerados para o autor a partir desse
momento e para o réu somente depois de sua citação.
Segundo o enunciado 117 da FPPC, em caso de desmembramento multitudinário ativo, os
referidos efeitos serão considerados produzidos desde o protocolo originário da petição inicial.
2. DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
A natureza jurídica da decisão que determina a suspensão do processo, segundo doutrina
majoritária, é meramente declaratória, que se limita a dar a certeza jurídica da presença de uma das
causas legais de suspensão do processo. Minoritariamente, há doutrinadores que defendem a
natureza constitutiva, já que ela seria capaz de paralisar a atividade processual. Apesar da divergência
doutrinária, há um ponto de aceitação generalizada: a decisão de suspensão do processo tem eficácia
ex tunc, ou seja, retroage à data do evento que deu causa, devendo-se considerar desde esse
momento suspenso o procedimento. É no mesmo sentido o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça.
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Direito
Por não estar previsto no rol do art. 1.015 do CPC e nem haver qualquer previsão expressa nesse
sentido, a decisão interlocutória de suspensão do processo não é recorrível por agravo de
instrumento, salvo se proferida no inventário, cumprimento de sentença, processo de execução e
liquidação de sentença (art. 1.015, parágrafo único, CPC). Diante da manifesta inutilidade de
impugnar-se por apelação, será cabível o mandado de segurança contra essa decisão. Registre-se que
o Superior Tribunal de Justiça admite o mandado de segurança contra ato judicial justamente quando
o recurso cabível é incapaz de inverter a sucumbência suportada pela parte.
prefeito, que "presenta" a Municipalidade em juízo, assume o cargo em seu lugar o vice-prefeito, não
havendo razão para a suspensão do processo.
O processo deve ser suspenso não só quando o advogado perde sua capacidade civil (por
exemplo, é interditado), mas também quando perde sua capacidade postulatória (por exemplo,
quando é suspenso pela Ordem dos Advogados do Brasil). A suspensão aqui tratada só se justifica se o
advogado morto ou que perdeu sua capacidade for o único constituído nos autos. Há, entretanto,
situação excepcional quando o advogado foi contratado especificamente para praticar determinado ato
processual. Ex: advogado contratado para uma sustentação oral e vem a falecer antes. Daniel
Assunção defende que nesse caso, mesmo havendo mais de um advogado constituído, o processo
deve ser suspenso.
No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de
instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15
dias.
Sendo o réu omisso, o juiz ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu. Caso o
falecimento do advogado do réu ocorra depois de já apresentada sua contestação, mesmo que não
haja a regularização nos termos do art. 313, § 3°, do CPC, será impossível considerar-se esse réu revel,
já que a revelia é um estado de fato gerado pela ausência jurídica da contestação. A única
consequência será a geração de outro efeito da revelia, a da dispensa da intimação do réu.
Tratando-se de acordo bilateral, está sujeito às exigências formais do art. 190 do CPC,
exigindo-se que seja celebrado por partes capazes, em processos em que se admita a autocomposição
e que nenhuma das partes esteja em situação de vulnerabilidade.
Esse acordo específico de suspensão do processo tem uma limitação temporal prevista no art.
313, § 4°, do Novo CPC, não podendo ser superior a 6 meses.
Registre-se que esse prazo não é aplicável à execução quando a motivação da suspensão for
o cumprimento da obrigação pelo executado, sendo nesse caso o tempo de suspensão o necessário
para tal cumprimento (art. 922 do Novo CPC).
Há divergência doutrinária a respeito da possibilidade de as partes convencionarem a
suspensão do processo quando o ato processual estiver em curso. Para parcela da doutrina, não se
admite tal espécie de suspensão durante uma audiência ou de sessão de julgamento pelo tribunal,
enquanto outra parcela não vê qualquer impedimento.
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O art. 980, caput, do CPC prevê o prazo máximo de um ano de suspensão, que poderá ser
prorrogado por decisão fundamentada do relator.
2.1.7. PREJUDICIALIDADE
Havendo motivo de força maior o processo será suspenso, nos termos do art. 313, VI, do
CPC, entendendo-se como força maior qualquer causa representada por evento insuperável, alheio à
vontade dos sujeitos processuais e que os impeça de praticar atos processuais, tais como no caso de
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epidemia, calamidade pública, inundação, fechamento do fórum por determinação da Defesa Civil,
incêndio etc.
O processo deve ser considerado suspenso desde o momento em que ocorreu a força maior
que motiva sua suspensão, sendo irrelevante para fins de fixação do termo inicial da suspensão o
momento em que o juiz torna conhecimento da força maior ou em que profere a decisão de suspensão
do processo. Encerrado o evento, o processo retoma o andamento regular.
Será suspenso o processo, nos termos do art. 313, VII, do Novo CPC, quando se discutir em
juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo.
A única interpretação possível é a de que é cabida a suspensão, quando o processo já estiver
em trâmite no Tribunal Marítimo.
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que as conclusões estabelecidas pelo Tribunal
Marítimo são suscetíveis de reexame pelo Poder Judiciário, ainda que a decisão proferida pelo órgão
administrativo, no que se refere à matéria técnica sobre acidentes e fatos da navegação, tenha valor
probatório.
O inciso VIII do art. 313 do Novo CPC torna o rol de causas para a suspensão exemplificativo
ao prever que também será suspenso o processo em outros casos regulados pelo Código de Processo
Civil.
Podem ser mencionadas como exemplo:
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Direito
O processo será suspenso pelo parto ou pela concessão de adoção quando a advogada
responsável pelo processo constituir a única patrona da causa, pelo prazo de 30 dias, contado a partir
da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou
documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a
adoção, desde que haja notificação ao cliente (art. 313, § 6°, do Novo CPC).
O termo inicial da suspensão é o parto ou concessão de adoção, de forma que mesmo sendo
depois desse momento comunicado o juízo de tais fatos, a suspensão dar-se-á de forma retroativa,
ou seja, desde o fato descrito no § 6° do art. 313 do CPC. Este prazo é renunciável, de forma que sendo
sua vontade expressa a continuidade regular do processo não caberá a suspensão do processo.
O processo será suspenso quando o advogado responsável pelo processo constituir o único
patrono da causa e tornar-se pai, pelo prazo de 8 dias, contado a partir da data do parto ou da
concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que
comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja
notificação ao cliente (art. 313, § 7°, do CPC).
O § 4° do art. 313 do CPC prevê que no caso de suspensão consensual pelas partes o prazo
máximo de suspensão é de 6 meses, e nos casos previstos no inciso V, o prazo máximo é de um ano.
O dispositivo faz claramente uma opção pela celeridade processual em detrimento da
segurança jurídica, preferindo correr o risco da prolação de decisões contraditórias a postergar
indefinidamente o andamento do processo.
O Superior Tribunal de Justiça tem decisões recentes adotando a interpretação literal do
art. 313, § 4°, do CPC, limitando o período de suspensão ao tempo previsto no dispositivo legal.
O tema, entretanto, não está pacificado, sendo que o mesmo STJ também já se manifestou
recentemente admitindo estender a suspensão do processo por período superior a um ano, por meio
da renovação desse prazo por um novo período de um ano ou determinando que a suspensão dure até
o trânsito em julgado do processo prejudicial. (AgRg no REsp 742428/DF e REsp. 604.435/SP -
decisões anteriores ao CPC/15, mas estes prazos já eram previstos no CPC/73).
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Direito
processo são nulos, aplicando o princípio da instrumentalidade das formas, de modo que a nulidade
só será reconhecida se restar comprovado o prejuízo.
No caso de suspensão do processo, o juiz poderá praticar atos urgentes necessários para
evitar dano irreparável, exceto no caso de impedimento ou suspeição do juiz (CPC, art. 314).
Havendo a necessidade de prática de ato urgente, caberá ao substituto legal do juiz acusado
de parcial a prática de tal espécie de ato, ainda que o procedimento principal esteja suspenso (art. 146,
§ 3°, do Novo CPC).
Registre-se que, não sendo o incidente recebido no efeito suspensivo pelo relator, o processo não
estará suspenso, de forma que qualquer ato, urgente ou não, será praticado normalmente pelo juiz
acusado de suspeição ou de impedimento.
O art. 315 do CPC regulamenta a chamada "prejudicialidade externa" entre a ação civil e a
ação criminal, facultando-se ao juiz da ação civil sua suspensão até que se resolva o processo penal.
Existe divergência doutrinária a respeito da obrigatoriedade ou facultatividade dessa suspensão.
Enquanto doutrinadores entendem ser uma faculdade do juiz cível, outros defendem a
obrigatoriedade sempre que presentes as hipóteses de vinculação do juízo civil à sentença penal. O
Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de decidir que, nos casos em que possa ser
comprovada, na esfera criminal, a inexistência de materialidade ou da autoria do crime, tornando
impossível a pretensão ressarcitória cível, será obrigatória a paralisação da ação civil.
De qualquer forma, tendo sido suspenso o processo na esfera cível, as partes serão intimadas
dessa decisão, contando-se a partir do primeiro dia útil subsequente um prazo de 3 meses para a
propositura da ação penal, sem o que cessará a suspensão, cabendo ao juiz cível examinar
incidentalmente a questão prévia.
O prazo máximo de suspensão nesse caso é de um ano, a exemplo do que ocorre com a
prejudicialidade externa com outro processo na esfera cível (art. 313, § 4°, do Novo CPC).
EXTINÇÃO DO PROCESSO
Nos termos do art. 316 do Novo CPC, a extinção do processo dar-se-á por meio de sentença.
Sentença é o pronunciamento do juiz que encerra a fase de conhecimento ou extingue a
execução, com fundamento em uma das hipóteses do art. 485 ou 487 do CPC.
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