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Pedro Vieira Souza Santos, Universidade Federal do Vale do São Francisco - pedrovieirass@hotmail.com
Resumo: Oferecer um nível de serviço adequado aos clientes é uma importante estratégia gerencial para ganho de
competitividade local. Nesse contexto, a logística apresenta-se como um importante fator capaz de gerar condições
favoráveis ao desenvolvimento da organização. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo determinar as atividades
críticas inerentes ao processo desenvolvido para alcançar o nível de serviço adequado para os clientes de uma empresa
distribuidora de bebidas. Ademais, considerando que a programação em torno de um projeto e/ou processo envolve um
determinado sequenciamento lógico e alocação de tempo para todas as etapas do mesmo, a correta gestão é fundamental para
bom andamento do mesmo. Para isso, foi-se utilizado a técnica PERT/CPM visando construir um sequenciamento lógico com
as interdependências entre as operações, a fim de evidenciar possíveis oportunidades para melhorias do processo. O método
intitulado PERT (Program Evaluation and Review Technique) / CPM (Critical Path Metod) é definido por Martins e Laugeni
(2005) como uma técnica direcionada para o planejamento e controle de projetos, onde, através da utilização dessa prática
tem-se como objetivo determinar em quanto tempo é possível terminar um projeto. Boushaala (2014) afirma ainda que as
técnicas são usuais devido a capacidade de ilustrar os tempos de conclusão do projeto e identificar rapidamente o caminho
mais longo na rede, podendo fornecer informações relevantes, como por exemplo, previsão de início e término. Assim, a
partir da aplicação da técnica PERT/CPM no processo de entrega, pôde-se visualizar melhor a interdependência entre as
atividades do processo. Na sequência, com o caminho crítico definido, tem-se a possibilidade de realizar o gerenciamento dos
tempos envolvidos a partir da obtenção dos fatores que limitam cada atividade. Além disso, das 11 atividades do processo, 9
estão dentro do caminho crítico, ou seja, 82% delas. Portanto, nesse processo específico de entrega, recomenda-se uma nova
avaliação da distribuição das atividades por parte do gestor local.
Palavras-Chaves: Nível de serviço. Logística de distribuição. PERT/CPM.
Abstract: Providing an adequate level of service to customers is an important management strategy for gaining local
competitiveness. In this context, logistics presents itself as an important factor capable of generating favorable conditions for
the development of the organization. In this sense, this work aimed to determine the critical activities inherent in the process
developed to reach the level of service appropriate for the customers of a beverage distributor. In addition, considering that
the programming around a project and / or process involves a certain logical sequencing and allocation of time for all stages
of the same, the correct management is fundamental for good progress of the same. For this, the PERT / CPM technique was
used to construct a logical sequencing with the interdependencies between the operations, in order to highlight possible
opportunities for process improvements. The method called PERT (Program Evaluation and Review Technique) / CPM
(Critical Path Metod) is defined by Martins and Laugeni (2005) as a technique directed to the planning and control of
projects, where, through the use of this practice one has as determine how long it is possible to complete a project. Boushaala
(2014) further states that the techniques are usual because of the ability to illustrate project completion times and quickly
identify the longest path in the network, and can provide relevant information, such as start and end prediction. Thus, from
the application of the PERT / CPM technique in the delivery process, it was possible to better visualize the interdependence
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between the activities of the process. Then, with the critical path defined, one has the possibility of managing the times
involved by obtaining the factors that limit each activity. In addition, of the 11 activities in the process, 9 are on the critical
path, or 82% of them. Therefore, in this specific delivery process, it is recommended a new evaluation of the distribution of
activities by the local manager.
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1. Introdução
Com isso, o papel da gestão logística é dar fluidez aos processos de modo com que
estes sigam o padrão definido. Na visão de Otto e Kotzab (2003) o ideal é ofertar um nível de
serviço ótimo para determinados segmentos de clientes, pois a partir disso o entedimento das
expectativas de cada grupo de clientes fica mais nítido. Razzolini (2012, p. 39) reforça ainda
que o nível de serviço logístico ao cliente é uma área importantes para o sucesso de qualquer
organização, onde “se discute a importância dos processos de avaliação de desempenho dos
sistemas logísticos para aumentar ou melhorar a competitividade organizacional.”
Logo, Mello (2007) afirma que administrar o nível de serviço deve ser feito a partir do
estabelecimento de atividades que contribuem para desenvolver o nível planejado. De acordo
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com Mubarak (2010), deve-se ter quatro etapas para a preparação do método em questão,
sendo: definição das atividades; determinação da duração das mesmas; ligação lógica entre as
atividades; esboço da rede e cálculos.
Assim, este trabalho tem como objetivo determinar as atividades críticas inerentes ao
processo desenvolvido para alcançar o nível de serviço adequado para os clientes de uma
empresa distribuidora de bebidas. Para isso, será utilizado a técnica PERT/CPM visando
construir um sequenciamento lógico com as interdependências entre as operações, a fim de
evidenciar possíveis oportunidades para otimização do processo.
2. Abordagem teórica
A metodologia intitulada Critical Path Method (CPM), segundo Lu et al. (2008) foi
introduzida na década de 1950, tendo sua aplicação inicial em projetos de engenharia civil.
Para Heizer e Render (2011), o CPM é direcionado para previsão de tempos de atividades
e/ou operações, gerando a informação sobre duração do evento.
Contudo, a técnica chamada Program Evaluation and Review Technique (PERT), foi
amplamente difundida através de aplicações práticas para a Marinha dos Estados Unidos
(HEIZER; RENDER, 2011). Howard (2009) afirma que o PERT visa, em suma, examinar e
denotar tarefas envolvidas no processo como um todo, ou seja, é viável para mostrar o fluxo
do projeto, podendo ser estabelecido o tempo de duração de cada etapa.
Logo, Tubino (2009) cita que esta técnica procura eliminar atividades críticas e/ou
limitantes ligados ao gerenciamento de um projeto, sendo possível obter informações
estratégicas acerca do mesmo, tais como:
• O tempo de folga disponível dentro das atividades não críticas, com o intuito de
reduzir consumo de recursos desnecessários.
Nesse sentido, Moreira (2004) ressalta também que para utilizar o CPM, o projeto deve ter
previsões bem acuradas de tempo. Por outro lado, a técnica PERT é aplicável em atividades
que tenham certo grau de imprecisão em relação a sua duração. Valle et al. (2010) ressalta que
os métodos Program Evaluation and Review Technique e Critical Path Method ao longo de
sua evolução, se fundiram, passando a se chamar PERT/CPM.
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Nesse contexto, para Cukierman (2000, p.27), “o método PERT/CPM traz grandes
vantagens para o gerenciamento de projetos, pois auxilia no planejamento, programação,
coordenação e controle do projeto. ”
Como afirmado no tópico anterior, um projeto é formado por uma série de atividades
associadas de acordo com a lógica de execução, representando assim uma rede (MARTINS;
LAUGENI, 2005).
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As principais fases para a elaboração da rede, segundo Martins e Laugeni (2005) são:
• Montar a rede;
Nos diagramas de rede, para cada evento definido, tem-se dois tempos para cálculo,
sendo o tempo cedo e o tarde, representados numericamente na rede (PRADO, 2004).
O Cedo de um evento é o tempo necessário para que o evento seja atingido, desde que
não haja atrasos imprevistos nas atividades antecedentes deste evento. Desta forma,
podemos calcular o Cedo de um evento como o valor máximo entre todos os valores
dos tempos de conclusão das atividades que chegam a este evento, calculado, para
cada atividade, como o resultado da soma do Cedo do evento inicial desta atividade
mais o valor do seu tempo de execução. O Tarde de um evento é a última data de
início das atividades que partem deste evento de forma a não atrasar a conclusão do
projeto. Desta forma, podemos calcular os Tardes dos eventos como o valor mínimo
entre todos os valores dos tempos de início das atividades que partem deste evento,
calculado, para cada atividade, como o resultado da subtração do Tarde do evento
aonde esta atividade chega menos o valor do seu tempo de execução (TUBINO, 2009,
p.76).
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Santos (2003) salienta que para facilitar o cálculo de tempos, no instante de início do
projeto deve-se atribuir o valor zero. Por outro lado, Ballestero-Álvares (2010) introduzem os
conceitos de tempos aplicados na rede PERT/CPM, sendo:
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3. Metodologia
A pesquisa aqui apresentada pode ser classificada como aplicada, tendo em vista que
se tem por objetivo a geração de conhecimento para intervenção prática na solução de
problemas de caráter específicos (SILVA; MENEZES, 2005).
Na ótica de Barros e Lehfeld (2000, p. 78), a pesquisa aplicada tem como motivação a
necessidade de produzir conhecimento para aplicação de seus resultados, com o objetivo de
“contribuir para fins práticos, visando à solução mais ou menos imediata do problema
encontrado na realidade”. Appolinário (2004, p. 152) salienta ainda que esse tipo de pesquisa
têm o objetivo de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas. ”
A aplicação das técnicas PERT/CPM foi dividida em macro etapas a fim de facilitar a
coleta de dados, sendo:
• Coleta de dados: através de relatórios gerenciais fornecidos pela empresa;
• Análise do padrão operacional de nível de serviço local;
• Escolha de um processo (subsidiário ao nível de serviço) para inferência;
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4. Resultados e discussão
Atualmente, a empresa busca ferramentas de gestão para melhoria contínua dos seus
processos. Isto deve-se ao fato da direção local entender que a partir de uma gestão eficiente,
os processos ainda instáveis possam se fortalecer e atingir os resultados esperados, tais como:
devolução de mercadorias por motivo de qualidade do mesmo, otimização do nível de serviço,
entre outros.
Nesta primeira fase do estudo, o intuito foi de conhecer melhor o nível de serviço
oferecido pela organização a seus parceiros. Logo, a mesma forneceu os principais relatórios
gerenciais que tratavam especificamente do setor de logística local.
Aqui, pôde-se analisar os principais indicadores gerenciados pelo setor, assim como
documentos associados ao processo de entrega de suas mercadorias, como a descrição do
negócio, padrões operacionais e fluxogramas do processo. A partir dessa coleta e análise de
informações, partiu-se então para a etapa seguinte proposta.
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Este padrão citado trata-se da descrição das atividades envolvidas no fluxo do processo de
trabalho relacionado ao nível de serviço, ou seja, é um roteiro padronizado sobre as operações
que compõem o processo. Nele, consta algumas informações relevantes para construção da
rede PERT/CPM, como a descrição das atividades e o sequenciamento das mesmas,
visualizado a partir do fluxograma do processo. Logo, com as informações analisadas nessa
fase, optou-se por aplicar os estudos de PERT/CPM no processo de entrega das mercadorias;
processo este que faz parte do nível de serviço logístico.
Assim, as atividades que englobam este processo foram mapeadas e cronometradas a fim
de determinar os tempos. Para isto foram consideradas as medições de tempo de execução do
processo de entrega, ou seja, da saída do veículo até a entrega do pedido.
Os tempos otimista, mais provável e pessimista foram considerados com base em cálculos
efetuados durante a execução das atividades, observando as variações entre entregas por
cliente. O tempo esperado (te) foi calculado a partir da equação:
te = (a + 4m + b) / 6
onde:
a = tempo otimista;
m = tempo mais provável
b = tempo pessimista.
Tempo (min)
Atividades
Otimista Mais provável Pessimista Esperado
A Liberação do veículo na portaria 6 8 15 8,83
B Planejar ponto de parada 10 5 20 8,33
C Chegada ao Ponto de Venda 8 10 30 13,00
D Conferir Nota Fiscal 5 15 30 15,83
E Recolher vasilhame 20 25 40 26,67
F Realizar a entrega do produto 25 30 50 32,50
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Onde:
a = tempo otimista
b = tempo pessimista.
Atividade
A Liberação do veículo na portaria 2,3 1,5
B Planejar ponto de parada 2,8 1,7
C Chegada ao Ponto de Venda 13,4 3,7
D Conferir Nota Fiscal 17,4 4,2
E Recolher vasilhame 11,1 3,3
F Realizar a entrega do produto 17,4 4,2
G Receber pagamento 11,1 3,3
H Preparar entrega do próximo cliente 1,0 1,0
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Tempo
Atividades Antecedente
Esperado (min)
A Liberação do veículo na portaria 0 *
B Planejar ponto de parada 8,33 A
C Chegada ao Ponto de Venda 8,33 A, B
D Conferir Nota Fiscal 15,83 C
E Recolher vasilhame 26,67 D
F Realizar a entrega do produto 42,50 D, E
G Receber pagamento 42,50 F
H Preparar entrega do próximo cliente 42,50 G
I 12,17 G
Retornar com o vasilhame para o caminhão
J Arrumar a carga no veículo 15,83 I
K Seguir para próxima entrega 20,83 J
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A partir da relação das atividades que compõem o processo de entrega, suas durações
e suas interdependências, foi possível elaborar a rede PERT/CPM, ilustrada na figura 2.
A D
0 15,83
I J K
12,17 15,83 20,83
Por meio desta rede, foi possível observar que, a partir da dependência das atividades
em sequência, gera-se um caminho que pode ser considerado crítico. Neste caso, a linha em
amarelo representa o caminho mais longo durante o processo de entrega que engloba as
atividades A, B, C, D, F, G, I, J, K. Isto significa que um atraso em qualquer dessas atividades
atrasaria as seguintes e geraria um aumento do tempo total da entrega.
A construção da rede PERT/CPM facilita o gerenciamento do processo, pois através
da sua aplicação facilita-se a realização do planejamento e acompanhamento do projeto, tendo
em vista a alocação dos recursos disponíveis a fim de garantir a correta e adequada conclusão
do mesmo.
Em síntese, o caminho chamado “crítico” traduz-se como sendo a sequência de
atividades que devem ser executadas e finalizadas nas datas e/ou períodos programados; com
isso, o projeto pode ser concluído dentro do prazo final. Caso contrário, se as durações das
atividades forem extrapoladas, deve-se ao fato de alguma das atividades do caminho crítico
não ter sido finalizada na data programada.
5. Considerações finais
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Além disso, das 11 atividades do processo, 9 estão dentro do caminho crítico, ou seja,
82% delas. Portanto, nesse processo específico de entrega, recomenda-se uma nova avaliação
da distribuição das atividades por parte do gestor local. Ou seja, no caso de uma equipe com
dois ajudantes, os mesmos podem realizar atividades paralelas, com o intuito de agilizar a
execução das atividades críticas e, com isso, minimizar os impactos de possíveis atrasos no
processo.
Ademais, com o estudo feito, pode-se traçar caminhos alternativos para execução do
processo de entrega, desde que, o mesmo torne-se mais eficiente e reduza o tempo gasto nas
operações em geral. Sugere-se, num momento próximo, o mapeamento do processo a fim de
identificar melhorias em outros fatores, como uso de equipamentos, uso de mão-de-obra, e
outros.
Por outro lado, a partir do método PERT, os responsáveis pelo projeto e/ou processo e
toda equipe de trabalho percebem, de modo micro, os riscos atrelados a cada atividade; caso
essa atividade pertença ao caminho crítico, pode-se então dar maior atenção e prioridade no
ajuste desta para não prejudicar o andamento do restante do projeto.
REFERÊNCIAS
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