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Relatório: Portugal, Um Retrato Social Eduardo Pereira

Portugal, Um Retrato Social


Este episódio “Mudar de vida: O fim da sociedade rural” é o terceiro
episódio de um total de oito documentários intitulado “Portugal, Um Retrato
Social”. Mostra a transformação da sociedade rural em urbana, com as
emigrações do campo para a cidade e a organização de uma nova vida nas
grandes cidades. Esta série de documentários é da autoria do sociólogo
António Barreto com a realização de Joana Pontes, tendo sido transmitida pela
RTP, no ano de 2007. [1]
Nas grandes metrópoles, logo pela manhã, há imenso trânsito e à noite,
este cenário repete-se com as pessoas exaustas, ao fim de um dia de trabalho.
Isto acontece devido à grande densidade populacional. No documentário é
referido que as pessoas ficam mais cansadas com o tempo que demoram
desde casa até o local de trabalho do que, propriamente, pelo trabalho que
têm.
As pessoas fugiram do interior para as grandes cidades à procura de
trabalho e de melhores condições de vida. Devido a isso, houve um grande
aumento populacional em Lisboa e no Porto, enquanto o interior perdeu
população. O facto de passar a haver muitas pessoas nas grandes cidades fez
com que o trânsito aumentasse e o preço das casas disparasse. Em
consequência disso, as pessoas tiveram de viver na periferia das cidades,
fazendo com que o trânsito aumentasse ainda mais. As pessoas perdem muito
tempo no trânsito, tendo assim, que se levantar muito cedo para chegar a
tempo ao trabalho. Também chegam muito tarde a casa, cansadas, sobrando-
lhes pouco tempo para descansar, para a família e para o lazer.
Embora o trânsito nas grandes cidades seja intenso, grande parte das
pessoas que aí vivem deslocam-se em transportes públicos, fazendo com que
também estes ficassem sobrelotados.
As pessoas deslocam-se para as cidades à procura de uma maior
liberdade, igualdade, bem-estar e oportunidades, mas encontram uma vida
difícil e cansativa.
Até 1960, Portugal era um país rural e a população vivia no campo, na
pobreza e com dificuldades. Nesta altura, as cidades eram de pequena
dimensão e as localidades estavam separadas umas das outras. As pessoas
praticamente não viajavam, pois não havia transportes diretos de um sítio para
o outro e era necessário apanhar vários transportes, o que demorava muito
tempo. Em consequência disso, muitos portugueses nunca tinham visto o mar.
Nas regiões do interior, as pessoas iam para o trabalho a pé, percorrendo
vários quilómetros. 40% da população era analfabeta, as pessoas tinham
pouca ou nenhuma escolaridade porque as crianças abandonavam a escola
para ir trabalhar para o campo para ajudar a sustentar a família. Assim,
chegavam poucas pessoas ao secundário e ao ensino superior. Havia poucas
escolas pelo país e as que existiam não tinham as condições atuais.

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Relatório: Portugal, Um Retrato Social Eduardo Pereira

O comércio desenvolvia-se nas feiras, onde se vendia um pouco de tudo.


Em grande parte do país não havia serviços de saúde, de educação, correios e
bancos. Nos anos 60, faltava água canalizada, eletricidade, telefones e
esgotos. A grande maioria das habitações não tinha casa de banho, usava-se
candeeiros a petróleo para iluminar as casas à noite e tinha de se ir buscar
água a poços. Devido a esta pobreza toda, parte da população emigra e a
outra parte vai para as cidades, sobretudo para o litoral, e começa a trabalhar
na indústria, na construção civil e nos serviços. Pouco a pouco, a classe média
começou a viver melhor e, consequentemente, compraram carros, começaram
a fazer férias, investiam na bolsa e sentiu-se uma espécie de euforia.
As cidades, até então pequenas, tiveram de crescer rapidamente para
acolher a população que vinha do interior e, mais tarde, das colónias. Foi aqui
que a periferia das cidades se expandiu e Lisboa e Porto tornaram-se duas
cidades metropolitanas, onde vive, atualmente, 65% da população portuguesa.
Como consequência, no interior, aumentaram as áreas despovoadas. Outras
cidades também cresceram como Aveiro, Braga e Setúbal. As cidades não
conseguiram desenvolver estruturas para acolher este aumento populacional e
foi assim que se recorreu à construção clandestina.
Entre 1970 e 1990, o Estado e as autarquias fizeram um grande
investimento nas infraestruturas, de forma a possibilitar o acesso, à maior parte
da população, de água canalizada, eletricidade, casa de banho nas suas
habitações. Cresceram, também, os serviços e as instituições, como: bancos,
escolas, correios e serviços públicos. Tudo isto, permitiu uma grande melhoria
na qualidade de vida da população, contudo este grande progresso veio com
bastante atraso, se comparado com os outros países europeus. A partir deste
progresso, as localidades ficaram ligadas umas às outras, mas as cidades
cresceram de forma anárquica e sem planeamento. Só a partir do 25 de abril,
surge por parte das autarquias o planeamento territorial, contudo executar este
planeamento era difícil, de forma que só nos anos 90 se conseguiu pôr em
prática e, nessa altura, já o país estava bastante desorganizado, pois foram-se
construindo muitas habitações sem planeamento para acolher a população que
ia viver para as cidades. As pessoas que vinham para as grandes cidades não
possuíam recursos financeiros, aliado à falta de infraestruturas que as
pudessem receber, e começaram, assim, a construir bairros de lata. Estes
bairros clandestinos não tinham condições de vida e as crianças coabitavam
com os esgotos a céu aberto. Para conseguir realojar estas pessoas,
construíram-se bairros sociais.
Os bairros sociais foram a solução encontrada, mas, ao longo do tempo,
trouxeram outros problemas. A utilização de materiais de construção de menor
qualidade e a não preocupação do isolamento térmico tornaram o projeto mais
barato, no imediato, mas fez com que estes edifícios necessitassem de uma
manutenção prematura, encarecendo os encargos do governo.
Muitos destes bairros foram construídos sem concurso público, o que
motivou processos em tribunal contra as câmaras municipais responsáveis. A
assembleia da República aprovou a lei 169/99 que impediu que esses
processos tivessem seguimento.

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Num país desorganizado, primeiro construíam-se as habitações e, só


depois, se realizavam os planos municipais. Só depois, se construíram os
acessos e, por último, os transportes públicos. Como na altura em que o
programa foi feito, voltamos a assistir, atualmente, a estes mesmos problemas
nas grandes cidades.

Trabalho realizado por:


Eduardo Miguel Soares Pereira, número 6, da turma 11º E

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