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Introdução

A prática presente consiste numa busca de fatores e contextos que expliquem os


fracassos escolares das escolas de São Paulo e uma nova inserção de experiência
psicológica dentro das avaliações desses alunos, para isso, a investigação deixou de ser
centrada na criança, e passou a focalizar o campo de forças, o conjunto das relações e das
práticas que consolidam o encaminhamento da criança para uma avaliação psicológica. É
importante salientar que a cidade de São Paulo tem um contexto de taxa de escolarização
de 6 a 14 anos de idade de 96%(IBGE), um número de aproximadamente 68 mil docentes e
425 mil matrículas no ensino médio, a cidade passou por crises e principalmente na década
de 80 passava por uma forte crise econômica e o fim da ditadura, fatos que antecedem a
realização do estudo.

Quem realiza?

Estagiários e Profissionais do Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de


Psicologia da USP que tem como objetivo analisar a forma de avaliar o funcionamento das
relações e o contexto no qual habitam os alunos da rede pública, que por algum motivo, são
encaminhados para avaliação psicológica

Em qual local?

Nas escolas da rede pública que pertencem a 14a Delegacia de Ensino

Qual o procedimento?

O procedimento de avaliação, realizado nas escolas, consistiu em pesquisar a


história escolar das crianças, as características de suas salas de aula, os bastidores do
encaminhamento, as versões das professoras, pais e crianças, os efeitos das ações da
escola sobre as crianças e a expectativa da escola em relação ao trabalho do psicólogo.
Foram entregues relatórios sobre as crianças e as escolas contendo essas informações,
nosso objetivo e concepções

O modelo proposto na época eram os seguintes:

· *Análise do histórico escolar da criança.


· *Versão das professoras que trabalharam com a criança a partir de 1994, sobre a
criança e sobre nível pedagógico (bastidores do encaminhamento

· *Versão dos pais e visita familiar.

· *Conversamos com as educadoras com o intuito de conhecer a instituição e


acompanhar os trabalhos realizados com as crianças.

· *Encontros com as crianças (em pequenos grupos) para atividades lúdicas (jogos),
discussão sobre o processo ensino-aprendizagem e sobre sua história escolar.

· *Encontros individuais com o objetivo de entender melhor o funcionamento da


criança perante certas atividades e aprofundar a discussão sobre a produção do
encaminhamento. *Elaboração de relatórios individuais sobre cada criança a partir do
conjunto do trabalho, discutido com a criança e entregue para a escola e para os pais.

· *Elaboração de relatório sobre o funcionamento do trabalho em cada escola


entregue para a escola.

· *Elaboração de relatório geral sobre o trabalho nas escolas, entregue às mesmas e


à 14a Delegacia de Ensino.

· *Reuniões finais (devolutivas) com professoras, pais e crianças.

Qual o público atendido?

Crianças e adolescentes das escolas públicas, com histórias de fracasso escolar,


são encaminhadas para fazer uma avaliação psicológica.

Quais os resultados alcançados?

Várias crianças eram consideradas “lentas” por suas professoras. Em 33,1% dos
casos foi pedido laudo para enviar as crianças para a classe especial. A maioria dos
encaminhamentos (88,4%) eram explicados, pelas professoras, através de mitos que foram
problematizados com elas. A expectativa em relação ao trabalho foi que se realizasse uma
avaliação individual da criança em 59,7% dos casos e um trabalho de interlocução com as
professoras em 32,4%. Foi frequente o sentimento de incapacidade nas crianças e de
solidão nas professoras. As justificativas utilizadas para enviar as crianças para avaliação
estavam relacionadas em 18,0% dos casos a questões institucionais e em 82,0%, a motivos
individuais. Destes últimos, 84,2% não apresentaram, durante nosso trabalho, as atitudes
referidas pelas professoras como justificativas para o encaminhamento.

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