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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de Educação - Departamento de Psicologia

Ana Beatriz Santana Cautches – 2018385028

Trabalho da disciplina de
Psicologia da saúde ministrada
pela professora Lilian Borges.

Política nacional de atenção à saúde do homem

Seropédica
2023
“A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.”
(Constituição Federal do Brasil, 1988). O acesso à saúde é, sobretudo, um direito do
cidadão e um dever do estado garantindo uma vida de qualidade para a população. Nesse
contexto, torna-se relevante refletir acerca das políticas públicas de saúde, dentre elas, a
política nacional de atenção à saúde do homem. A finalidade de tal política seria,
primeiramente, melhorar o acesso à saúde pública para a população masculina, desse
modo, os órgãos responsáveis trabalham diretamente na prevenção de doenças e
promoção da saúde.

“Um dos principais objetivos desta Política é promover ações de saúde que contribuam
significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos
contextos socioculturais e político-econômicos; outro, é o respeito aos diferentes níveis de
desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão. Este
conjunto possibilita o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de
morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis nessa população.” (Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem, 2008). Nesse contexto, os responsáveis atuam na
prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e doenças crônicas como diabetes e
hipertensão. Ademais, a atuação também dispõe do foco na saúde mental do homem como
uma das finalidades principais. A política deve entender a singularidade do viver masculino
e realizar intervenções dentro das ramificações que compõem essa realidade. As principais
ações são divididas em eixos temáticos, são eles: Acesso e Acolhimento; Saúde sexual e
Saúde reprodutiva; Paternidade e Cuidado; Doenças prevalentes na população masculina;
Prevenção de Violência e Acidentes. Todos os eixos buscam atender às demandas que
permeiam o universo masculino como um todo. Além disso, Novembro foi o mês escolhido
para representar o mês de conscientização da saúde do homem, ainda que seu foco
principal seja prevenir a população masculina do câncer de próstata. O mês também traz
conscientizações acerca de outras doenças e campanhas que alertam sobre a necessidade
do maior cuidado com a saúde. Desse modo, a política exerce de forma efetiva ações que
visam promover o bem-estar físico e psicológico do homem.
A psicologia está inserida no contexto da saúde com a finalidade de se juntar à medicina e
compor o modelo biopsicossocial de saúde. Dessa forma, o psicólogo adota um papel de
grande relevância dentro das políticas de saúde do homem. Porém, antes do psicólogo
atuar nesse eixo, a definição de saúde compreendia somente a ausência de doenças,
ignorando totalmente a totalidade do ser que engloba aspectos sociais e psicológicos. Com
a ascensão do modelo biopsicossocial de saúde, a definição de “estar saudável” alcançou
um novo eixo que considera imprescindível o bem estar psicológico para uma saúde
integralmente de qualidade. A partir desse fato, o psicólogo tornou-se uma figura de grande
relevância dentro da saúde, incluindo a saúde do homem. O psicólogo deve, dessa forma,
atuar nas campanhas de prevenção de doenças a fim de informar a população masculina
sobre seus riscos e como pode ocorrer a evitação. Além disso, é dever do psicólogo
intermediar casos que englobam qualquer um dos eixos temáticos da cartilha da saúde do
homem com a finalidade de trazer um olhar profissional sobre os aspectos psicológicos do
paciente no caso. Outrossim, o psicólogo pode intermediar a relação entre os outros
profissionais da saúde e o paciente para estreitar relações e tornar a intervenção mais
humanizada de certa forma.
Um fator a se considerar seria o fator cultural dentro da Política de Atenção à saúde do
homem, visto que a demanda pelo atendimento de saúde é menor quando diz respeito aos
homens. Pesquisas da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que no ano de 2022 uma
parcela de 370 milhões de mulheres recorreram ao SUS, enquanto a parcela de homens
que procuraram o serviço de saúde limita-se a 312 milhões. Isso ocorre porque a questão
da saúde carrega um paradigma dentro do universo masculino. Na historiografia do mundo,
o patriarcado caracterizou a procura por autocuidado como algo feminino, excluindo assim a
população masculina do eixo de autocuidado que deveria ser adotado por qualquer
indivíduo. Dessa forma, a políticas públicas que promovem o incentivo ao autocuidado dos
homens torna-se imprescindível, visto que certos achismos culturais ainda dificultam a
promoção à saúde masculina. Quando o tópico de autocuidado entra em evidência, pouco
se fala sobre a população masculina e isso torna o acesso à saúde pública mais difícil, visto
que os indivíduos não se reconhecem como pessoas que realmente necessitam do serviço.
Portanto, é fundamental a presença Política Nacional de Atenção Integral à saúde do
homem para que a população masculina possua consciência de seu direito de acesso à
saúde pública de qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES R. Sexualidade masculina e saúde do homem: proposta para uma discussão.


Ciênc Saúde Coletiva 2003; 8:825-9.

MINISTERIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Formulação


de Políticas de Saúde – Políticas de Saúde. Metodologia de Formulação, Brasília, 1998.
SABO D. O estudo crítico das masculinidades. In. Adelman M, Silvestrin CB, organizadores.
Coletânea gênero plural. Curitiba: Editora UFPR; 2002. p. 33-46.

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