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OGIA
Fármacos que Agem no
Sistema Nervoso
Autônomo
FÁRMACOS QUE AGEM NO SISTEMA NERVOSO
AUTÔNOMO
1. sIsTEMA NERVOsO
Para começarmos a estudar os fármacos que agem no Sistema Nervoso Autônomo, é im-
portantíssimo relembrar a estrutura do Sistema Nervoso e, a partir daí, será muito mais fácil
compreender os mecanismos de ação dos fármacos e o seu uso terapêutico.
A formação e a divisão do sistema nervoso são muito complexas, mas quanto à anatomia e à
funcionalidade, pode ser dividido em:
• Sistema Nervoso Central (SNC), que inclui o encéfalo e a medula espinhal, e
• Sistema Nervoso Periférico (SNP), que inclui o Sistema Nervoso Somático e o Sistema
Nervoso Autônomo.
O Sistema Nervoso Periférico Autônomo, que a partir de agora denominaremos SNA, será o
nosso objeto de estudo nesta aula.
O Sistema Nervoso Periférico (SNP) pode ser comparado às “pernas e braços” do Sistema Nervoso
Central (SNC), que é responsável pela interpretação dos estímulos e tomada de deci- sões que levem às
respostas operacionalizadas pelo SNP.
O sistema nervoso periférico é dividido em 2 sistemas:
• Somático, que promove ações voluntárias/conscientes
Há uma terceira porção, denominada sistema nervoso entérico, que não abordaremos nes- se momento.
Os sistemas eferentes, “que saem” do SNC, são formados por um conjunto de 2 neurônios principais,
denominados neurônio pré-ganglionar e pós-ganglionar.
Obs.: Um neurônio pré-ganglionar pode fazer sinapse com muitos neurônios pós-ganglionares.
Tanto o sistema nervoso autônomo simpático quanto o sistema nervoso autônomo pa-
rassimpático são responsáveis pelo controle das funções involuntárias do organismo. Porém, cada um
tem suas tarefas a desempenhar.
O sistema simpático é responsável pelas funções involuntárias que levam à “luta ou fuga”. Já o
sistema parassimpático é responsável pelas funções involuntárias que levam ao “des-
canso e digestão”.
Imagine uma situação em que você se sinta ameaçado, como um ataque por um cachorro ao andar
na rua, um estrondo repentino que acontece atrás de você ou até mesmo quando recebe uma advertência
do seu chefe... Nessas situações, como instinto de sobrevivência, o SNC envia informações instantâneas
para que seu organismo se prepare para lutar ou fugir, ativando o sistema nervoso autônomo simpático.
Nessa situação, você precisa concentrar todas as suas energias para realizar as ações
necessárias e sobreviver.
Então, o que acontece?
O sistema simpático ativado:
• acelera os batimentos cardíacos, afinal você precisa de energia e o coração precisa
bombear o sangue mais rapidamente para garantir a oxigenação necessária;
• relaxa os brônquios (broncodilatação), pois você precisa oxigenar melhor o organismo para
conseguir lutar ou fugir;
• estimula a liberação de glicose pelo fígado, pois você precisa de maior concentração de
energia para conseguir lutar ou fugir;
• estimula a produção de adrenalina e noradrenalina, afinal são neurotransmissores que vão
contribuir com o seu desempenho na luta ou na fuga, promovendo, por exemplo, vasoconstrição
periférica, aumento da frequência cardíaca etc;
• dilata a pupila (midríase), afinal você precisa de uma visão mais aguçada para lutar con- tra a sua
ameaça, ou encontrar as melhores saídas para a sua fuga;
• inibe a salivação e a atividade do estômago e do pâncreas, pois nesse momento você não vai
se “preocupar” em digerir nada...
• relaxa a bexiga, afinal, não é hora de ir ao banheiro, né?
Acetilcolina (ACh)
Obs.: Alguns neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático usam o óxido nítrico (NO) como
neurotransmissor.
• em alguns poucos neurônios pós-ganglionares simpáticos.
Noradrenalina (NA)
Obs.: A adrenalina e a dopamina são catecolaminas que também desempenham papel semelhante
aos da noradrenalina.
Ou ainda...
Fibras pré-ganglionares:
Fibras pré-ganglionares:
acetilcolina (transmissão
acetilcolina (transmissão
colinérgica)
colinérgica)
Mediador químico Fibras pós-ganglionares:
Fibras pós-ganglionares:
noradrenalina (transmissão
acetilcolina (transmissão
adrenérgica)
colinérgica)
Os receptores e neurônios que funcionam predominantemente com a acetilcolina são de- nominados
colinérgicos.
E aqueles que funcionam predominantemente com a noradrenalina são denominados
adrenérgicos.
Os receptores do Sistema Nervoso Autônomo cujo ligante é a acetilcolina são:
• Muscarínicos (M1 a M5), ou
• Nicotínicos (N).
O nome dos receptores muscarínicos tem origem no primeiro agonista seletivo encontrado para esses
receptores: a muscarina, presente no cogumelo Amanita muscaria.
São receptores do tipo transmembrana acoplados a proteína G, e estão expressos nas sinapses
terminais de todas as fibras pós-ganglionares parassimpáticas e de algumas fibras pós-ganglionares
simpáticas, como aquelas presentes nas glândulas sudoríparas.
Seu antagonista clássico é a atropina, produzida produzido pela planta Atropa belladonna.
Os receptores muscarínicos se dividem em 5 subtipos, que estão predominantemente pre- sentes em
alguns tecidos.
São eles:
• M1: acoplado à proteína G excitatória, está localizado no sistema nervoso central, célu- las
parietais gástricas, gânglios autônomos, neurônios pós-ganglionares simpáticos e alguns pré-
sinápticos;
• M2: acoplado à proteína G inibitória, está localizado no tecido cardíaco, músculos lisos, gânglios
autônomos e participa da modulação pré-sináptica para a liberação de neuro- transmissores;
• M3: acoplado à proteína G excitatória, está localizado nos músculos lisos, vasos e glândulas;
• M4: acoplado à proteína G inibitória, está localizado no sistema nervoso central;
• M5: acoplado à proteína G excitatória, está localizado no sistema nervoso central.
O nome dos receptores nicotínicos tem origem no primeiro agonista seletivo encontrado para esses
receptores: a nicotina, produzida pela planta Nicotiana tabacum.
São receptores do tipo canal iônico regulado por ligante, e estão expressos nas sinapses entre os
neurônios pré-ganglionar e pós-ganglionar, e participam de todas as sinalizações des- se tipo tanto do
sistema parassimpático como simpático.
Obs.: O curare é um veneno utilizado nas flechas de índios. Possui compostos como d-tubo- curarina,
alcurônio etc.
São receptores do tipo transmembrana acoplados a proteína G, e estão expressos nas si- napses
terminais da maior parte das fibras pós-ganglionares simpáticas.
Os receptores adrenérgicos se dividem em 2 tipos principais:
• α-adrenérgicos
α1: acoplado à proteína G excitatória, localizado especialmente no músculo liso e células
efetoras pós-sinápticas. Quando estimulado, provoca vasoconstrição e con- tração do músculo
liso na uretra, ducto eferente, pelos, útero, bronquíolos;
α2: autorreceptor acoplado à proteína G inibitória, localizado no músculo liso, plaquetas, lipócitos, terminações
pré-sinápticas, participa do feedback negativo nas sinapses neu- ronais (recaptação de noradrenalina). Inibe a
insulina e induz a liberação de glucagon.
• β-adrenérgicos
β1: acoplado à proteína G excitatória, quando estimulado promove aumento do débi- to cardíaco por aumentar
frequência cardíaca e a fração de ejeção, leva à liberação de renina nas células justaglomerulares e lipólise no
tecido adiposo.
β2: acoplado à proteína G excitatória, está localizado predominantemente nos mús- culos lisos, promovendo
relaxamento visceral quando estimulado.
β3: acoplado à proteína G excitatória, quando estimulado ativa a lipólise e relaxamen- to da bexiga.
strada. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2016.