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SISTEMA NERVOSO

NEUROVEGETATIVO

FISIOLOGIA HUMANA

Prof. Dr. Leonardo Crema


SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Tópicos da Aula

• Histórico;

• Revisão de conceitos;

• Características Estruturais;

• Características Funcionais;

• Hipotálamo;
Sistema Nervoso
Autônomo

Manutenção da constância do meio


interno – HOMEOSTASIA.
Ações orgânicas de natureza automática
e reflexa.
Homeostasia (ou homeostase) - Histórico

• Conceito de homeostasia criado pelo fisiologista


francês Claude Bernard (1813-1878) –
permanente tendência do organismo de manter
a constância do meio interno;

• O americano Walter Cannon (1871 – 1945),


denominou “sabedoria do corpo”;
Divisão do Sistema Nervoso
Critérios Anatômicos:

Cérebro
Cerebelo
Sistema Mesencéfalo
Encéfalo
Tronco
Nervoso Ponte
Medula Encefálico
Central Bulbo
Espinhal

Espinhais
Nervos
Sistema Cranianos
Gânglios
Nervoso
Periférico Terminações
Nervosas
Divisão do Sistema Nervoso
Critérios Funcionais:

Aferente
Sistema Nervoso
Sistema Eferente
Somático
Nervoso Aferente
Periférico Sistema Nervoso Eferente
Visceral
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO - Histórico

Denominação do SNA – John Langley (1853-1925) – componentes funcionais


apresentavam certo grau de independência do restante do SN.

Sistema Nervoso Autônomo ou...


Visceral, Involuntário, Periférico Vegetativo,
Neurovegetativo, Automático.

Funções do Sistema Nervoso Autônomo:


Sistema
•Controlam a musculatura lisa dos vasos exclusivamente
sangüíneos, das vísceras digestivas e EFERENTE?
outros órgãos;
Constituído somente
•Controlam a musculatura estriada do de neurônios
coração; secremotores e
•Controlam glândulas exócrinas e visceromotores?
endócrinas;
Algumas funções autonômicas dependem de informações provenientes das vísceras,
como por exemplo, volume, pressão interna, tensão das paredes e parâmetros físicos e
físico-químicos como temperatura, osmolaridade, etc.

Informações provenientes de fibras


aferentes enviadas aos neurônios
eferentes.

Que aferentes são esses?


São componentes do sistema
sensorial ou componentes
específicos do SNA?

Controvérsias à parte, interessa saber que o SNA:


•Não é realmente autônomo, mas depende do controle de regiões
supramedulares;
•Não funciona apenas através de comandos eferentes, mas modula
sua operação a partir de informações veiculadas pelas vias aferentes
viscerais.
Classicamente...

SNP Sistema Nervoso


Via Eferente = Sistema Nervoso Autônomo
Visceral

Simpático Parassimpático

Organização Básica das duas divisões:


Neurônios centrais situados no tronco encefálico e na medula, cujos axônios
emergem do SNC e constituem nervos que terminam em outros neurônios
(periféricos), situados em gânglios ou plexos nas paredes das vísceras.
Os axônios desses inervam as estruturas efetoras (músculo liso e estriado
cardíaco e glândulas).
Gânglios – pontos de referência

Uma sinapse periférica entre o neurônio eferente de origem central e a que inerva as células
efetotas (órgão-alvo) – difere da organização do sistema motor somático, cujo neurônio
eferente central (o motoneurônio) inerva diretamente o músculo esquelético; DIVERGÊNCIA
PERIFÉRICA NO SNA.
Neurônios Centrais (e seus axônios)
Pré-ganglionares
Neurônios Periféricos (e seus axônios)
Pós-ganglionares
Diferenças Estruturais entre as duas divisões do SNA

Simpático Parassimpático

Axônios pré-ganglionares curtos Axônios pré-ganglionares longos


que terminam em gânglios que terminam em gânglios ou
próximos à coluna vertebral; plexos situados muito próximos
ou mesmo nas paredes das
Axônios pós-ganglionares longos
vísceras;
que se incorporam aos nervos
periféricos e se estendem por Axônios pós-ganglionares curtos;
todo o organismo até os órgãos-
alvo;
SNA - Sinapses Modificadas entre o neurônios pós-ganglionar e a estrutura-alvo. Os ramos das fibras simpáticas e
parassimpáticas no território-alvo apresentam varicosidades em seqüência.
Varicosidades – inúmeras vesículas com neurotransmissores, liberados ao meio extracelular pelos potenciais de
ação originados no segmento inicial do axônio pós-ganglionar que despolarizam a membrana das varicosidades.
As células-alvo apresentam receptores específicos.
Os neurotransmissores se difundem por grandes distâncias (micrômetros) para várias células-alvo.

SINAPSE NÃO-DIRECIONADA
Diferenças Funcionais entre a Divisão Simpática e
Parassimpática do SNA
• Walter Cannon

Simpático Parassimpático
Fight or flight (lutar ou Rest or digest
fugir); (repousar e digerir);
Homeostasia das Homeostasia do dia-a-
situações de dia, organismo realiza
emergências – funções normais de
situações de ataque – repouso fisiológico e
grande esforço físico. digestivas.

Generalização atualmente não aceita, pois ambas interagem


continuamente na regulação do funcionamento orgânico.
Organização da Divisão Simpática
• Somas neuronais pré-ganglionares localizados na coluna intermédio-lateral da medula,
bilateralmente entre o segmentos T1 e L3;

• Axônios que controlam vísceras torácicas, vasos sangüíneos, glândulas sudoríparas e músculos
piloeretores (mielínicos e finos) emergem pelas raízes ventrais junto com os axônios motores
somáticos e formam um desvio chamado ramo comunicante branco (pela mielina) – entram em um
dos gânglios para-vertebrais (ao lado da coluna) e fazem sinapses com as células pós-
ganglionares;

2
1

3
4

Raízes ventrais
Organização da Divisão Simpática
Outros axônios pré-ganglionares (que controlam as vísceras abdominais) seguem pelo ramo
comunicante branco, mas atravessam os gânglios para-vertebrais sem interrupção e fazem
sinapses com gânglios chamados pré-vertebrais;

3
Organização da Divisão Simpática
• Ambos os casos – cada fibra pré-ganglionar se ramifica e inerva cerca de 10 neurônios pós-
ganglionares;

• Axônios pós-ganglionares são amielínicos e finos, emergem dos gânglios pelos ramos
comunicantes cinzentos e reúnem-se a nervos periféricos mistos ou formam nervos
exclusivamente autonômicos;
Transmissão no Sistema Simpático

• Aferências:
Sistemas sensitivos (quimiorreceptores e barorreceptores)
(funções homeostáticas e comportamentais);

• Eferências:
Gânglios Fibras pós-ganglionares Órgãos;
Simpático
Pré-ganglionares Pós-ganglionares
Simpático

Para vasos, glândulas e pêlos a cadeia


ganglionar acompanha a segmentação
vertebral (um gânglio para cada segmento);
Gânglios mais craniais - estruturas da cabeça e
vísceras torácicas – não acompanham a
segmentação vertebral;
Para vísceras abdominais e pélvicas existem os
gânglios pré-vertebrais que não acompanham a
segmentação vertebral;

Gânglios Para-vertebrais

Neurônios pré-ganglionares

Fibras pós-ganglionares

Gânglios Pré-vertebrais
Medula da Glândula Adrenal

Medula da glândula adrenal (supra-


renal) – embriologicamente deriva da
crista neural – apresenta neurônios
atípicos (sem prolongamentos) e que
secretam catecolaminas. Recebem
inervação pré-ganglionar simpática e
assemelham-se a gânglios. Suas
células secretoras (neurônios pós-
ganglionares) liberam hormônios com
ação a distância.
Tabela 14.1. Os gânglios simpáticos e seus alvos*

Cadeia ou grupo Gânglio Principais alvos


Musculatura lisa dos olhos, vasos dos músculos
Cervical superior ou plexo solar cranianos e vasos cerebrais; glândulas salivares,
glândulas lacrimais
Cervical médio Musculatura estriada do coração, musculatura lisa
Cervical inferior ou estrelado dos pulmões e brônquios
Para-vertebral Musculatura estriada do coração; musculatura lisa
Torácicos dos pulmões, brônquios, vasos sangüíneos e pelos
do tórax e membros superiores; glândulas
sudoríparas
Lombares Musculatura lisa dos vasos sangüíneos e pelos do
abdome e membros inferiores; glândulas
sudoríparas
Sacros Musculatura lisa dos vasos sangüíneos e pelos da
pelve; glândulas sudoríparas
Celíaco Musculatura lisa e glândulas do estômago, fígado,
baço, rins e pâncreas
Mesentérico superior Musculatura lisa e glândulas do intestino delgado e
colo ascendente
Pré-vertebral Mesentérico inferior Musculatura lisa e glândulas de parte do colo
transverso
Pélvico-hipogástrico Musculatura lisa e glândulas do colo descendente e
vísceras pélvicas
Medula adrenal ---
Organização da Divisão Parassimpática
Tronco Encefálico
Coluna intermédio-lateral da medula
sacra
• Os neurônios pré-ganglionares estão localizados no tronco
encefálico e na coluna intermédio-lateral da medula sacra –
Divisão Cranio-sacra do SNA;

• Os núcleos onde estão os neurônios pré-ganglionares estão


relacionados aos nervos cranianos oculomotor (III), facial (VII),
glossofaríngeo (IX) e vago (X);

• Os gânglios parassimpáticos cranianos posicionam-se perto


dos alvos correspondentes ou intramurais;

• Os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos inervados


pelo nervo vago, ficam localizados em gânglios ou plexos
situados próximo ou dentro da parede das vísceras torácicas e
abdominais. O mesmo acontece para os neurônios pós-
ganglionares pélvicos;
Transmissão no Sistema Parassimpático

• Aferências:
Canais sensoriais ou sistemas centrais

(funções homeostáticas e comportamentais);

• Eferências:

Gânglios Fibras pós-ganglionares órgãos;


Os neurônios pré-ganglionares
parassimpáticos situam-se no tronco
encefálico e em segmentos sacros
da medula espinhal – divisão crânio-
sacra
As fibras pós-ganglionares
parassimpáticas originam-se de
neurônios situados em gânglios ou
plexos próximos aos efetores;

Neurônios pré-ganglionares

Fibras pós-ganglionares
Tabela 14.2
Os núcleos parassimpáticos, seus gânglios e seus alvos

Núcleo pré-ganglionar Fibra pré- Gânglio Alvos


ganglionar
Nu. Edinger-Westphal N. oculomotor Ciliar Músculos ciliar e circular da íris
(III)
Ptérigo-palatino Glândulas lacrimais e mucosas nasais
Nu. salivatório superior N. facial (VII) e palatais
Submandibular Glândulas salivares e mucosas orais
Nu. salivatório inferior N. glossofaríngeo Ótico Parótida e mucosas orais
(IX)
Nu. dorsal do vago e Nu. N. vago (X) Gânglios Musculatura lisa e glândulas das
ambíguo ou ventral do parassimpáticos e vísceras torácicas (respiratórias e
vago plexos intramurais digestivas) e abdominais (digestivas
até o colo ascendente), musculatura
estriada da faringe, laringe e esôfago;
musculatura estriada do coração

Coluna intermédio- N. esplâncnicos Plexo pélvico Colo transverso e descendente,


lateral sacra (S2 a S4) pélvicos vísceras pélvicas
Origem Central da Via Eferente do
Sistema Simpático e Parassimpático
Terceiro subsistema – Divisão
Gastroentérica
• Observação da inervação autonômica das vísceras digestivas;
• Grande número de neurônios dispersos ou reunidos em gânglios ou plexos
interconectados;
• Plexos – grande variedade neuronal, inúmeros neurotransmissores e
receptores;

Rede multissináptica sob comando tanto da divisão simpática como da


parassimpática.
Divisão Gastroentérica
• Neurônios se concentram em dois plexos interconectados:
• Mioentérico ou plexo de Auerbach: localizado entre as camadas circular e
longitudinal de músculo liso;
• Submucoso ou plexo de Meissner: entre a camada circular de músculo liso
e a camada mucosa;
Divisão Gastroentérica
• Encontram-se neurônios eferentes que controlam a musculatura lisa, comandam
glândulas produtoras de muco e o diâmetro de vasos locais;

• Também há neurônios sensoriais que controlam a tensão da parede e outros


sensíveis a sinais químicos provenientes da luz dessas vísceras;

• Plexo Mioentérico – produção dos movimentos peristálticos das vísceras digestivas;

• Plexo Submucoso – secreção glandular;

• Funções de acordo coma posição de


cada um deles na parede;
Divisão Gastroentérica

• Movimentos peristálticos – neurônios


mecanorreceptores dos plexos detectam o
estiramento da parede pela chegada do bolo
alimentar;

• Diretamente ou por interneurônios, promovem a


inibição da musculatura lisa distal (anel de
relaxamento) e a contração da musculatura lisa
proximal (anel de constrição). Esse duplo efeito
permite a peristalse;

• Quando o trato é desnervado das fibras pré ou


pós-ganglionares autonômicas, os movimentos
peristálticos não cessam, mas se tornam menos
rítmicos e mais desordenados – certa
independência funcional do SNA;
SNA – como suas divisões controlam o
organismo?

• Dois modos de controle:

• “Modo Reflexo” – envolve o recebimento de informações dos órgãos ou


sistema e a programação e execução de uma resposta apropriada;

• Ex: levantar da cama subitamente – mecanorreceptores localizados na


parede da aorta e das carótidas acusam queda da pressão arterial –
aciona-se a divisão simpática que promove um pequeno aumento da
freqüência cardíaca e uma vasoconstrição periférica que reequilibrem a
pressão;
SNA – como suas divisões controlam o
organismo?

• “Modo de Comando” – envolve a ativação do SNA por regiões corticais ou


subcorticais;

• Ex: lembrança de uma emoção – pode provocar taquicardia, sudorese sem


que haja ativação sensorial ou aferente;
Efetores

• São células ou órgãos que realizam uma tarefa em resposta a uma mensagem
química por via sináptica, difusional ou pela circulação sangüínea;

• Para reconhecer a mensagem, os efetores expressam na superfície celular os


receptores apropriados;

• Os efetores do SNA recebem mensagens difusionais, porque os neurotransmissores


e neuromoduladores das fibras pós-ganglionares não são sinápticos, nem veiculados
pela circulação, mas sim liberados no meio extracelular, onde se difundem até os
receptores;
Efetores

• Dois tipos de efetores autonômicos:

• Células Contráteis (musculares ou


mioepiteliais);
• Células Secretoras (glandulares);

• Ambos podem constituir órgãos (ex:


coração e pâncreas) específicos;

• Coração – órgão contrátil (fibras


musculares estriadas cardíacas);

• Pâncreas – glândula (que contêm


células pancreáticas exócrinas);
Efetores
• Ou misturar-se a outros tecidos sem se reunir em órgãos (parede do trato
gastrintestinal – que contém células isoladas produtoras de muco em meio
a outras de função absortiva) – EFETORES MISTOS;

Parede intestinal – Glândulas salivares –


células secretoras células secretoras
de muco coexistem coexistem com células
na mucosa com contráteis de natureza
células absortivas; mioepitelial;
Efetores
• Medula adrenal - células secretoras (cromafins), são neurônios pós-ganglionares modificados.
• São neurônios porque se originam da crista neural e são modificados porque não apresentam dendritos ou
axônios. Sua função é glandular.

• As células cromafins secretam adrenalina e noradrenalina por comando pré-ganglionar que terão ação em alvos
distantes através da circulação sistêmica;

Córtex da adrenal secretam


hormônios corticóides para
a circulação sistêmica;

Ação sistêmica que


potencializa a ativação
simpática dos órgãos;
Efetores

• A ação autônomica sobre os efetores glandulares é de dois tipos:

• Diretamente sobre as células secretoras – provocando a produção e


liberação dos produtos de secreção;

• Indiretamente sobre a rede vascular da glândula – provocando alteração


da circulação sangüínea local e desse modo influenciando o volume e a
concentração do fluido secretado;
Efetores
• Nas glândulas salivares a atividade parassimpática provoca uma secreção
fluida e copiosa, enquanto a ativação simpática produz uma saliva viscosa
e rica em amilase;

• A primeira atua diretamente sobra as células glandulares, enquanto a


inervação simpática age também sobre os vasos causando vasoconstrição;
Efetores

Fibras musculares lisas longitudinais

• Efetores Contráteis:
fibras musculares lisas (motilidade) do
trato gastrintestinal, vias respiratórias,
cristalino e íris, dutos urinários, rede
vascular;
Fibras musculares lisas – células
fusiformes mais curtas que as estriadas
esqueléticas, são agrupadas em feixes
(não são sincícios);
São acopladas metabólica e
eletricamente através de junções
comunicantes;
Fibras circulares

Corte da parede intestinal


Efetores

• Acoplamento juncional - típico das fibras miocárdicas e


permite que a contração seja um evento sincronizado
envolvendo um grande número de fibras;

• As proteínas contráteis responsáveis pelo


encurtamento das fibras lisas são semelhantes às das
fibras estriadas, mas não dispõem de modo regular
como nestas, formando bandas. Elas parecem
dispersas dentro do citoplasma;

• A contração dos miofilamentos é transmitida a


estruturas do citoesqueleto e acaba por provocar o
encurtamento da célula como um todo. A tensão e o
movimento de uma fibra somam-se aos das fibras
vizinhas – junções;

Corte de tecido cardíaco

Discos intercalares – Bandas transersais Miócito ventricular de coração de rato adulto


Efetores

• A contração das células musculares lisas


pode também ocorrer espontaneamente
– marca-passos e ditam um ritmo
próprio à motilidade da víscera, que é
apenas modificado ou regulado pela
inervação autonômica;

• No coração essas células são


encontradas em regiões específicas,
como os nódulos sinoatrial e
atrioventricular;

• Essas fibras são mais inervadas que as


do miocárdio comum – representa uma
organização mais eficiente para controlar
o ritmo cardíaco;
Estratégias de Controle

• A maioria dos órgãos e tecidos é inervada tanto pela divisão simpática


como pela parassimpática;

• Os axônios pós-ganglionares podem interagir para modular o efeito final;

• De duas formas:

• Antagonista (mais comum);

• Sinergista;
Estratégias de Controle

• Na estratégia antagonista a ativação parassimpática provoca efeito


contrário à ativação simpática; quando a atividade de uma cresce, a outra
diminui;

• Na estratégia sinergista, ambas as divisões provocam o mesmo efeito;

• Pode acontecer da inervação autonômica ser de um único tipo, a


estratégia de controle é denominada exclusiva;
Estratégias de Controle

• Estratégia antagonista:

• Coração – inervado por fibras pós-


ganglionares simpáticas e
parassimpáticas;

• Estimulação simpática – taquicardia


(e aumento da força contrátil);

• Estimulação parassimpática –
bradicardia;

• Assim tem-se uma regulação fina e


precisa das funções orgânicas;
Estratégias de Controle

• Estratégia sinergista:

• Inervação das glândulas salivares – essas glândulas recebem fibras


simpáticas e parassimpáticas, mas ambas provocam a secreção de saliva;

• Estratégia exclusiva:

• Vasos sangüíneos – a musculatura lisa vascular é inervada exclusivamente


pela divisão simpática e em condições normais mantém um estado
constante de contração muscular – variando para mais ou para menos o
tônus simpático;
Tabela 14.3
Ações do simpático e do parassimpático
Órgão ou tecido Ativação simpática Ativação parassimpática Mecanismo
Enchimento (relaxamento da Esvaziamento (contração da
Bexiga musculatura lisa e contração do musculatura lisa e relaxamento Antagonista
esfíncter interno) do esfíncter interno)
Brônquios Broncodilatação (relaxamento da Broncoconstrição (contração da Antagonista
musculatura lisa) ou musculatura lisa)
broncoconstrição
Coração Taquicardia e aumento da força Bradicardia e diminuição da Antagonista
contrátil força contrátil
Cristalino Acomodação para longe Acomodação para perto Antagonista
(relaxamento do músculo ciliar) (contração do músculo ciliar)
Esfíncteres Fechamento (contração da Abertura (relaxamento da Antagonista
digestivos musculatura lisa) musculatura lisa)
Fígado Aumento de liberação de glicose Armazenamento de glicogênio Antagonista
Glândulas digestivas Diminuição da secreção Aumento da secreção Antagonista
Glândulas lacrimais Lacrimejamento (vasodilatação e Diminuição do lacrimejamento Antagonista
secreção) (vasoconstrição)
Glândulas salivares Salivação viscosa Salivação fluida Sinergista
Glândulas Sudorese* --- Sinergista ou
sudoríparas exclusiva
Íris Midríase (contração das fibras Miose (contração das fibras Antagonista
radiais) circulares)
Órgãos linfóides Imunossupressão (redução da Imunoativação (aumento da Antagonista
(timo, baço e nodos) produção de linfócitos) produção de linfócitos)
Pâncreas endócrino Redução da secreção de insulina Aumento da secreção de insulina Antagonista
Pênis e clitóris Supressão da ereção e do Ereção e entumescimento Antagonista
entumescimento após o orgasmo (vasodilatação)
Tecido adiposo Lipólise e liberação de ácidos --- Exclusivo
graxos
Trato gastro- Diminuição do peristaltismo Ativação do peristaltismo Antagonista
intestinal (relaxamento da musculatura (contração da musculatura lisa)
lisa)
Vasos sangüíneos Vasoconstrição -- Exclusivo
em geral
Vasos sangüíneos
pélvicos e de
algumas glândulas Vasoconstrição Vasodilatação Antagonista
(salivares,
digestivas)
Neuroquímica Autonômica
• Sistema neuromuscular esquelético –
motoneurônios comandam as fibras musculares
esqueléticas e produzem potenciais excitatórios
pós-sinápticos resultando em contração muscular;

• Receptores colinérgicos na membrana pós-sináptica


da placa motora são de um único tipo (nicotínico) e
sempre despolarizantes;

• A inibição só pode ser obtida por interneurônios que


alteram a excitabilidade dos motoneurônios;

• Os músculos esqueléticos se distribuem ao longo


de uma articulação e disso depende a “estratégia
antagonista” – um grupo se move num sentido
(agonistas e sinergistas) e outro a move no sentido
contrário (antagonistas);

Os efetores é que têm ação oposta, enquanto a


inervação tem o mesmo efeito (contração
muscular), porque o neurotransmissor é um só
(ACh) e o receptor também (nicotínico).
Neuroquímica Autonômica

• Motoneurônios que comandam as fibras


musculares cardíacas e lisas – a estratégia
antagonista se baseia nas diferenças
neuroquímicas entre a divisão simpática e a
divisão parassimpática, e não da disposição dos
efetores;

• Os efetores (fibras musculares lisas e células


glandulares) apresentam receptores para
diferentes neurotransmissores, um tipo básico
para a divisão simpática e outro para a
parassimpática;

A inervação tem efeitos opostos, porque os


neurotransmissores e receptores do simpático
são diferentes do parassimpático.
Neuroquímica Autonômica

• A maioria das sinapses entre os


neurônios pré e pós-ganglionares
de ambas as divisões é do tipo
colinérgico;
• Axônios pré-ganglionares –
acetilcolina (principal
neurotransmissor);
• Membrana pós-sináptica dos
neurônios pós-ganglionares
encontram-se receptores
nicotínicos e mucarínicos;
• Em alguns gânglios encontram-se
sinapses noradrenérgicas e
dopaminérgicas e receptores para
neuropeptídeos;
Neuroquímica Autonômica

• As células efetoras apresentam tipos diferentes de receptores moleculares;

• As fibras pós-gaglionares empregam neuromoduladores, além dos


neurotransmissores;

• Essa variedade neuroquímica das fibras pós-ganglionares e seus alvos


explica a variedade de efeitos que a ativação de uma mesma divisão
autonômica provoca em diferentes alvos;

• Neurofarmacologistas utilizam essa diversidade neuroquímica para


desenvolver drogas específicas para cada alvo;
Neuroquímica Autonômica

• Inervação simpática do coração:

• Receptores adrenérgicos das células cardíacas são do tipo β;

• Inervação simpática dos vasos sangüíneos:

• As fibras musculares lisas expressam receptores adrenérgicos do tipo α;

• Isso permite que haja medicamentos exclusivamente vasodilatadores e


outros que atuem sobre a freqüência cardíaca;
Neuroquímica Autonômica

• Divisão parassimpática – variedade de receptores colinérgicos;

• O tipo prevalente é o muscarínico, já que os nicotínicos só são encontrados


nos gânglios;

• M1 – glândulas do trato gastrintestinal;

• M2 – miocárdio;

• M3 – glândulas salivares e lacrimais;


Hipotálamo

Telencéfalo

Corpo caloso

Diencefálo

Mesencéfalo

Ponte

Cerebelo

Bulbo
HIPOTÁLAMO
Medula
Hipotálamo

• Funciona para integrar a resposta autonômica e a função endócrina com o


comportamento;

• Regulação de cinco funções básicas:

• Controla a pressão sangüínea e a composição eletrolítica por mecanismos do


controle da osmolaridade sangüínea e tônus muscular;

• Regula a temperatura corporal – por controle da termogênese;

• Controla o metabolismo energético pela regulação alimentar, digestiva e da taxa


metabólica;
Hipotálamo
• Regula a reprodução por meio do controle hormonal do acasalamento, gravidez e
lactação;

• Controla respostas emergenciais para o estresse, incluindo respostas imunológicas e


físicas, pela regulação do fluxo sangüíneo para músculos e outros tecidos e a
secreção dos hormônios adrenais do estresse;

Fibras nervosas levando


estímulos sensoriais

Hipotálamo
CRH Vasos portais
Neuroipófise
Adenoipófise
Circulação
ACTH sistêmica

Glândula Adrenal GCs


Córtex
Hipotálamo

Como o hipotálamo regula isso?

Hipotálamo tem acesso as informações


sensórias do corpo inteiro – recebe
entradas do sistema sensório visceral e
do sistema olfatório e da retina;

Compara informações sensórias com os


pontos de ajuste biológicos;

Quando o hipotálamo detecta um desvio


de um ponto de ajuste, ele organiza um
conjunto de respostas autonômicas,
endócrinas e comportamentais para
restabelecera homeostase;
Hipotálamo

• Contém um conjunto complexo de grupos


celulares e vias neurais;

• É dividido em três regiões:

• Anterior, médio e posterior;

• Anterior – área pré-óptica. Os núcleos pré-


ópticos estão envolvidos com a integração de
diferentes tipos de informações sensoriais para
avaliar os desvios de pontos de ajuste
fisiológicos;

• Controla a pressão e a composição sangüínea,


temperatura corporal e a atividade reprodutiva;
Hipotálamo
Terço medial – contém os núcleos dorsomedial, ventromedial, paraventricular, supra-óptico e
arqueado;
Núcleo paraventricular – inclui os componentes neuroendócrinos magnocelular e
parvocelular, que controlam a hipófise posterior e anterior. Também contém neurônios que
inervam neurônios pré-ganglionares simpáticos e parassimpáticos no bulbo e medula
espinhal – regulação de respostas autonômicas;

Núcleos ventromedial a dorsomedial – regulam funções integrativas complexas, como o


controle do crescimento, alimentação, maturação e reprodução;
Hipotálamo
• Terço posterior – inclui o corpo mamilar e a área hipotalâmica posterior acima do
corpo mamilar – regulação da vigília e alerta;

Corpo Caloso

TALAMO

T. mamilo-talâmico
N. paraventricular
N. dorso-medial N. posterior

N. supraotico

N. ventro-medial Corpo Mamilar

Quiasma óptico N. arqueado


Haste infundibular
Fascículo longitudinal
dorsal e outros feixes
descendentes
Adenohipófise
Neurohipófise
Hipotálamo

• Neurônios magnocelulares secretam ocitocina e vasopressina diretamente na


hipófise posterior (neuroipófise);

• Esses peptídeos circulam para órgãos-alvo que controlam as contrações uterinas


durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação e o balanço hídrico;
Hipotálamo

• Neurônios parvocelulares secretam peptídeos que regulam a liberação de


hormônios da hipófise anterior;

• Duas classes de hormônios – hormônios liberadores e hormônios inibidores


da liberação;

• Somente a prolactina sofre um controle predominantemente inibitório;


Hipotálamo

• Os neurônios que produzem hormônios liberadores são principalmente


encontrados ao longo da parede do terceiro ventrículo;

• Hormônio liberador da gonadotropina (GnRH);


• Hormônio liberador de corticotropina (CRH);
• Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH);
• Hormônio liberador de tirotropina (TRH);
• Fator liberador de prolactina (PRF);
• Fator liberador do hormônio melanócito-estimulante (MRF);
• Hormônio inibidor da liberação de prolactina (PIH);
• Hormônio inibidor da liberação do hormônio do crescimento (GHRIH);
• Hormônio inibidor da liberação do hormônio melanócito-estimulante (MIF);
Bibliografia
• Bear et al, 2002. Neurociências – Desvendando o
Sistema Nervoso;

• Zigmond et al, 1999. Fundamental Neuroscience;

• Kandel et al, 2003. Princípios da Neurociência;

• Lent et al, 2001. Cem Bilhões de Neurônios;

• Purves, et al, 2005. Neurociências.

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