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2. A Escola de Professores
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A formação de professores no Brasil, até os anos finais da década de 1930, “[...] não
integrava o ensino superior brasileiro e aqueles poucos que tinham algum tipo de
especialização em nível superior na área pedagógica a tinham ido obter no estrangeiro ou
eram mesmo estrangeiros” (GARCIA, 2000, p.64). Para ministrar as disciplinas ditas
“científicas” nas Faculdades de Filosofia buscavam-se professores estrangeiros e, para as
da área pedagógica, recrutavam-se os mais próximos. Muitas vezes esses professores (a
maioria do sexo feminino) não tinham nível superior de escolaridade, sendo que “[...] a maior
parte dos professores que constituíram a Escola de Professores do Instituto de Educação e
que depois passaram à Faculdade de Filosofia eram originários da Escola Normal da Praça
da República ou de Escolas Normais do interior” (GARCIA, 2000, p.52), o que gerou
desprestígio já no “nascedouro” da Didática (GARCIA, 2000, p.170). A Didática e seus
profissionais ocuparam posição inferior na hierarquia dos cursos e disciplinas das
Faculdades de Filosofia (GARCIA, 2000, p.140).
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Vale lembrar que, além de a palavra “curso” designar o tipo de formação oferecida (curso
de formação de professores, curso de formação de diretores etc), também designava as
matérias de ensino pertencentes a cada seção.
Educação, Educação Comparada, Princípios Gerais de Educação e Filosofia da
Educação); Biologia Educacional (Fisiologia e Higiene da Infância, Estudo do
Desenvolvimento Físico Durante a Idade Escolar, Higiene Escolar e Estatística
Vitais); Psicologia Educacional (Psicologia da Criança e do Adolescente, Psicologia
Aplicada à Educação, Testes e Escalas e Orientação Profissional); Sociologia
Educacional (Sociologia Educacional, Problemas Sociais Contemporâneos e
Investigações Sociais Em Nosso Meio); e Prática de Ensino (Prática de Ensino:
“treino profissional” e cursos de Administração Escolar, e, Matérias de Ensino:
cursos das matérias que o professor ia ensinar no primário; organização dos
programas e estudo crítico de compêndios e manuais).
A seção Educação compreendia o conjunto de estudos teóricos relativos à
educação. A seção Prática de Ensino, visando ao “treino profissional” dos alunos,
utilizando a observação, a experimentação e a participação em aulas, utilizava a
Escola de Aplicação (escola primária anexa ao IE). O Código de Educação do
Estado de São Paulo previa que as escolas de aplicação deveriam se tornar o centro
para todos os outros cursos de formação profissional de alunos-mestres.
Na Escola de Professores havia os seguintes cursos:
• curso para a formação de professores primários, com a duração de
dois anos3, compreendendo os cursos de cada uma das cinco seções em que se
dividia o ensino;
• cursos para a formação de diretores4 e inspetores escolares, com
duração de três anos, compreendendo nos dois primeiros anos os cursos gerais
fundamentais das cinco seções e, o terceiro, cursos especiais sobre administração e
inspeção escolares.
• cursos de aperfeiçoamento — os programas desses cursos eram
organizados pelos professores respectivos e aprovados pelo Diretor; visavam à
exposição e à demonstração sucinta das então modernas aquisições teóricas,
relativas às matérias da Escola de Professores.
Havia, também, no IE “Caetano de Campos”, o Serviço de Psicologia
Aplicada da Escola de Professores, que funcionava como um Centro de Psicologia
Experimental aplicada à educação, no qual se buscava determinar a capacidade
mental da criança e medidas de aprendizado, assim como pesquisar e divulgar
princípios psicológicos do aprendizado. Os fins do Serviço de Psicologia Aplicada
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Enquanto o Código de Educação do Estado de São Paulo instituía no Instituto de
Educação “Caetano de Campos” o “curso para Formação de Professores Primários”, para
as escolas normais do estado havia o “Curso de Formação Profissional do Professor”,
também destinado à formação de professores primários. O programa deste último distribuía-
se em três seções: Educação, Biologia aplicada à Educação e Sociologia; diferentemente, o
programa do “curso para formação de professores primários” do Instituto de Educação
“Caetano de Campos” abrangia cinco seções (SÃO PAULO, 1933), como já explicitei neste
texto.
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Posteriormente, o curso para a formação de diretores e os cursos de aperfeiçoamento
passaram a ser denominados de cursos post-graduados.
eram: auxiliar a escola a fornecer a cada aluno o ambiente mais adequado ao
desenvolvimento de sua capacidade; habilitar o aluno a fazer o melhor uso possível
das suas oportunidades educacionais; oferecer oportunidade a cada aluno para
orientação educacional e profissional; fornecer aos professores base objetiva para o
conhecimento do aluno e para medida do trabalho escolar; estudar as bases
psicológicas do programa e dos problemas escolares; e organizar o serviço
psicológico das escolas, quando o solicitassem, a fim de poder fornecer solução
adequada aos problemas educacionais relacionados com a Psicologia.
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A esse respeito ver também: Mortatti, 1997.
Os manuais de ensino publicados no período de 1933 a 1975, muitos deles
localizados nas bibliotecas das instituições de ensino que abrigaram IEs, compilaram
a pedagogia escolanovista, davam fundamentação teórica para ensinar e para
ensinar a alfabetizar e atuaram no meio educacional divulgando idéias que muitas
vezes corroboraram as normatizações oficiais; muitas vezes traziam em sua
apresentação: “de acôrdo com os programas dos Institutos de Educação e das
Escolas Normais”.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
NOSELLA, Paolo; BUFFA, Ester. Schola Mater: a antiga Escola Normal de São
Carlos 1911 – 1933. São Carlos: EdUFSCar, 2002.
SÃO PAULO (Estado). Coleção das Leis e Decretos do Estado de São Paulo.
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 1933 a 1971.