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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2.1 As relações entre formação plena do docente e sua prática de ensino ............ 8
7.3 Os diferentes tipos de materiais pedagógicos, seus usos e suas funções ..... 59
7.4 Os jogos como materiais pedagógicos na educação infantil e nos anos iniciais do
ensino fundamental ................................................................................................... 59
Prezado aluno!
Bons estudos!
2 ORIGEM E PROCESSOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL
Agora que vimos as fases que marcaram a formação dos professores no decorrer
de nossa história, de acordo com a percepção de Saviani, iremos nos aprofundar em
cada uma delas, trazendo as suas principais características. A primeira delas
denominada pelo autor como Ensaios intermitentes de formação de professores,
contemplando o período que vai de 1827 a 1890, caracteriza-se pela criação da Lei das
Escolas de Primeiras Letras em outubro de 1827, determinando que o ensino deveria
passar a se valer de um método mútuo para treinar professores que seriam didaticamente
capacitados.
Em 1834, a instrução primária passou a ser responsabilidade da província,
momento marcado pelo surgimento das Escolas Normais. Na teoria, o objetivo dessas
instituições era a preparação dos professores para assumirem o ensino nas escolas
primárias, porém, a preocupação recaiu sobre a capacitação para o domínio dos
conhecimentos a serem transmitidos nas Escolas de Primeiras Letras, trazendo, como
consequência, a ausência do preparo pedagógico adequado desses profissionais
(SAVIANI, 2009).
Entre o período de 1890 a 1932, após muitas contestações e reflexões, as Escolas
Normais passam a ser expandidas e houve uma reformulação do currículo. De acordo
com Saviani,
O ProInfo Integrado é um
Proporcionar a inclusão
programa para integrar e
digital de professores,
Programa Nacional de articular a distribuição de
gestores de escolas públicas
Formação Continuada em equipamentos tecnológicos
da educação básica e a
Tecnologia Educacional – às escolas, como
comunidade escolar em
ProInfo Integrado (início em computadores, impressoras e
geral, além de dinamizar a
12 de dezembro de 2007) outros equipamentos de
qualificação dos processos
informática, além de ofertar
de ensino e aprendizagem,
cursos de formação
desenvolvendo
continuada e conteúdos e
recursos multimídia e digitais competências, habilidades e
por meio do Portal do conhecimentos
Professor, da TV Escola, etc.
É ofertado a professores e
gestores das escolas
públicas contempladas com
laboratórios de informática
pelo ProInfo, a técnicos e
demais agentes educacionais
dos sistemas de ensino
responsáveis pelas escolas e
por núcleos de tecnologia
educacional, 3 cursos de
formação continuada e 1
curso de especialização
Uma vez, uma menina paquistanesa que havia sido baleada na cabeça pelo Talibã
em 2012 ao retornar da escola falou a seguinte frase em uma palestra na sede da ONU:
“Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo” (MALALA,
2013).
Essa frase nos leva a refletir sobre a essência da educação e das relações que se
estabelecem entre alunos e professores em diferentes tempos e lugares. No entanto, é
importante destacar que, no decorrer da história educacional brasileira, essas relações
sofreram influência da visão que cada governo teve do conceito de educação e de seus
objetivos. O que estudaremos neste capítulo, é a forma pela qual essas relações foram
alteradas em nosso país, a partir de transformações históricas, sociais e políticas.
Com a globalização e alguns fenômenos econômicos, vieram também novas
formas de organização das instituições escolares, por meio de políticas educacionais
reguladoras e novos tipos de articulações entre os cenários locais e globais. Os novos
papéis do Estado também descentralizaram demandas administrativas, financeiras e
pedagógicas, afetando a práxis docente no que tange às suas responsabilidades,
intensificando o trabalho e as funções a desempenhar, tal como aponta Oliveira (2007,
p. 366):
Estes papéis podem ser assumidos por professores que tenham competências
profissionais, éticas e sociais, que se sintam formados, capacitados e dispostos
a se lançar num novo papel de protagonista. Que se vejam a si mesmos e a suas
escolas como membros de alianças com outros atores, para que seus estudantes
aprendam mais e melhor, para que haja uma gestão cooperativa das escolas e
para que as políticas locais e nacionais reflitam as demandas de desenvolvimento
das comunidades e sociedades, e para que essas demandas sejam efetivamente
atendidas. Com essa visão dos papéis dos docentes, a re-significação de seu
trabalho e a recuperação da posição central dele pressupõem um
reconhecimento de que há um conjunto de fatores que determinam o
desempenho, e de que esses fatores interagem e influenciam uns aos outros.
Entre eles: formação inicial, desenvolvimento profissional em serviço, condições
de trabalho, saúde, auto-estima, compromisso profissional, clima institucional,
valorização social, capital cultural, salários, estímulos, incentivos, carreira
profissional, avaliação do desempenho (UNESCO, 2005, p. 12).
Outro aspecto importante a ser mencionado é que essas mudanças, advindas das
reformas do ensino na execução de políticas educacionais pelos docentes, trouxeram
como uma das consequências a separação “[...] entre a concepção e execução do
trabalho educacional” (VALENTE, 2012, p. 33). Esse distanciamento causou sensação
de desânimo e impotência por parte dos professores, pela perda de sua autonomia para
a execução dos processos de ensino e aprendizagem. O trabalho do docente passou a
estar vinculado a treinamentos e métodos que buscam eficiência para a obtenção de
resultados no desempenho dos alunos e da instituição escolar, estando estes
diretamente relacionados à distribuição de verbas. Com isso, a escola deixa de priorizar
os aspectos sociais para se voltar aos aspectos técnicos, visando a obtenção de bons
resultados (FREITAS, 2011).
Fatores escolares, tais como tamanho das turmas, escolhas curriculares, tempo
de ensino, disponibilidade de especialistas, tutores, livros, computadores,
laboratórios científicos, e outros recursos; – Experiência anterior de escolaridade
e docentes, assim como outros aspectos das experiências mais atuais – tais
como oportunidades de aprendizagem profissional e planejamento colaborativo;
– Cultura de pares e desempenho; – Diferencial de ganhos e perdas na
aprendizagem de verão (férias); – Fatores domésticos, tais como capacidade dos
pais no auxílio aos trabalhos para casa, segurança com a alimentação e moradia,
e apoio ou abuso físico e mental; e – Necessidades individuais dos estudantes,
saúde e assistência (DARLING- HAMMOND, 2015, apud HYPOLITO, 2015, p.
519).
Foi por meio do Decreto nº. 19.851, de 11 de abril de 1931, que se estabeleceu o
Estatuto das Universidades Brasileiras, que se previu entre os cursos superiores o de
educação. Para Saviani (2020, p. 36), foi um passo importante para a criação do “espaço
acadêmico da pedagogia” — ou seja, a educação seria pensada no ensino superior,
dentro das universidades onde, na época, só se valorizavam os cursos tradicionais de
Direito, Medicina e Engenharia. No entanto, pela exigência do estatuto, foi instituída no
Rio de Janeiro apenas a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras como espaço de
formação de professores. Esse estatuto foi uma vitória, ainda que não se concretizasse
o curso de Pedagogia, pois passaram a ser valorizados os estudos de educação em nível
superior.
Com a criação da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, formou-se a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em São Paulo, como “[...] instituição integradora
de todos os conhecimentos humanos” e que mantinha “disciplinas comuns aos demais
institutos universitários para a formação dos professores das escolas secundárias e das
instituições de ensino superior” (SAVIANI, 2020, p. 41). O espaço de educação da USP
nascia, na verdade, em outro endereço, na Escola Normal da Praça,
[...] o antigo Instituto Caetano de Campos, ao qual ficaram subordinados
administrativa e tecnicamente, como institutos anexos, o Curso Complementar; a
Escola Secundária; a Escola Primária; e o Jardim de Infância, “destinados à
experimentação, demonstração e prática do ensino, e ao estágio profissional dos
alunos da Escola de Professores”, conforme se estipulou no artigo 5º do Decreto
Estadual n. 6.283, de 25 de janeiro de 1934, que criou a USP (SÃO PAULO,
2000, p. 211 apud SAVIANI, 2020, p. 42).
• atuar com ética e compromisso para uma sociedade justa, equânime e igualitária;
• contribuir para o desenvolvimento integral de crianças de zero a cinco anos;
• fortalecer as aprendizagens de crianças, jovens e adultos;
• promover as aprendizagens a todos e nas diversas etapas de escolaridade;
• reconhecer as necessidades dos educandos;
• ensinar os conteúdos previstos nas diversas áreas de forma interdisciplinar;
• relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação com domínio das
novas tecnologias de informação e comunicação;
• promover e facilitar a relação escola-família;
• investigar e intervir nas realidades complexas;
• respeitar as diferenças de forma consciente;
• trabalhar em equipe de forma dialógica com todas as áreas;
• participar plenamente da gestão das instituições escolares;
• participar da gestão em espaços escolares e não escolares;
• produzir conhecimentos que promovam o sucesso na área educacional;
• utilizar com competência os instrumentos de construção de conhecimento
pedagógico e científico;
• estudar e aplicar a legislação educacional.
Você já deve ter percebido que a formação de professores não termina. Assim, é
fundamental compreender como esse percurso de aprendizagem está previsto nas
políticas públicas, desde a graduação e ao longo de toda a atuação profissional. A
Resolução CNE/CP nº. 02/2019 “Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional
Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação)”
(BRASIL, 2019, documento on-line).
Há uma preocupação na política educacional de que os professores tenham
desenvolvidas competências profissionais que contribuam para a consolidação das
aprendizagens essenciais previstas na BNCC para a educação básica. Por isso, essa
Resolução também institui a BNC-Formação. A BNC-formação define 10 competências
gerais e específicas (Quadro 1), sendo estas organizadas em três dimensões, que são
interdependentes e devem integrar-se e complementar-se na ação docente.
1. Conhecimento profissional;
2. Prática profissional;
3. Engajamento profissional.
É importante considerar que muitos dos problemas do curso surgiram a partir das
diversas discussões que o circundam, configurando-se como alguns de seus muitos
dilemas: Qual é a área de atuação dos profissionais em Pedagogia? Para que serve a
Pedagogia? Pedagogo e professor são a mesma coisa?
Nessa perspectiva, torna-se importante trazer, neste capítulo, a atualização legal
sobre os cursos de licenciatura. A Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, define as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de Nível Superior (cursos de
licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda
licenciatura) e para a formação continuada (BRASIL, 2015).
Nesse cenário, o curso de Pedagogia vem se firmando como importante
instrumento para a formação de docentes no país, sendo assim, com o passar dos anos,
tem demonstrado seu valor e sua pertinência nos processos educativos de empresas,
instituições e escolas.
5.3 Algumas considerações sobre a contextualização da profissão de pedagogo
no mundo
Há uma grande variedade de materiais pedagógicos que podem ser utilizados nas
práticas educativas para que os objetivos propostos sejam atingidos. Entre eles, estão os
materiais pedagógicos lúdicos, que levam para a sala de aula diferentes possiblidades
de desenvolvimento e aprendizagem a partir do brincar.
A inserção de atividades lúdicas nas práticas educativas encontra embasamento
teórico nos aportes da psicologia do desenvolvimento, que destaca a brincadeira como
um vasto campo de significados. Isso porque, ao brincar, a criança se relaciona com
outras crianças, com brinquedos e com materiais que vão dialogar com ela e proporcionar
condições para que se desenvolva, pois:
7.4 Os jogos como materiais pedagógicos na educação infantil e nos anos iniciais
do ensino fundamental
• Sempre que um novo jogo for inserido nas práticas pedagógicas, é fundamental
que suas regras sejam apresentadas aos alunos e que o professor garanta que
elas foram compreendidas por todos. Na interação com os grupos, o professor
pode retomar as regras, pedindo aos alunos que expliquem como o jogo deve ser
realizado, de modo a se certificar de que houve compreensão por parte dos alunos.
• Diferentes tipos de jogos demandam a organização de diferentes agrupamentos
dos alunos. Há jogos que podem ser propostos em duplas, trios ou grupos
maiores. Há também jogos que podem ser utilizados individualmente, para o
atendimento às demandas específicas dos estudantes.
• Ao final da situação, é importante que o professor retome o percurso do jogo, para
que possa sistematizar as aprendizagens pretendidas. Por exemplo, se o jogo
proposto visava à comparação de diferentes números, os alunos podem relatar
quais números foram tirados por cada um do seu grupo em uma determinada
jogada e explicar a razão da vitória de um dos membros.
• Sempre que possível, respeitadas as características de cada faixa etária, as
crianças devem ser convidadas a realizarem o registro do jogo, por meio de
desenhos, de textos autorais ou da combinação dos dois.
Há quem diga que a prática docente é uma tríade formada por: conhecimento,
docente e discente (PESSOA; MACEDO, 2018). O arcabouço teórico é o elo entre
aqueles que almejam ensinar e aqueles que tem sede por aprender. Nesse ínterim, reside
o processo de ensino-aprendizagem, com seus métodos e técnicas específicas para cada
área do conhecimento. Diante desse cenário, a prática docente recebe fundamental
importância, visto que ela possui grande responsabilidade pela formação intelectual dos
alunos. É a partir desse panorama formativo que se inicia a discussão deste capítulo:
qual o papel da prática docente da educação básica ao ensino superior?
No Brasil, à docência sofreu profundas transformações, visto que, do século XX
até hoje, o processo educacional teve várias intervenções estatais, na tentativa de
ampliar a escolarização (NÓVOA, 1992). Nesse contexto, a prática docente passou a ser
majoritariamente efetuada nas escolas, por meio da matrícula obrigatória das crianças e
dos adolescentes em seus mais variados ciclos. O professor, por sua vez, era tido como
mero mediador do processo de ensino-aprendizagem, quando, na realidade, ao observar
a dimensão da prática docente na formação inicial dos educandos, percebe-se a singular
missão de ser mestre e guia da vida intelectiva de outrem em busca da verdade. Sob
essa ótica, confiar-se a ser educado por outra pessoa permeia uma relação de troca de
saberes e de proximidade (GALVÃO, 2002). Assim, o docente precisa ser alguém
revestido de virtudes, para que seja capaz de ensinar e corrigir os erros encontrados pelo
caminho enquanto oportunidade de aprendizado para o aluno (GALVÃO, 2002).
Dito isso, a prática docente está presente nas escolas desde a educação infantil,
perpassando o ensino fundamental até os concluintes da educação básica,
representados pelos alunos do ensino médio. De acordo com Nóvoa (2009), a constante
busca pela formação também continua dentro da escola, de modo que deve compor a
postura docente a necessidade por atualizar-se para intervir. Tratando-se da educação
infantil, de acordo com o disposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNEI), esse
ciclo escolar tem por objetivo articular as experiências e os saberes do público infantil
com os conhecimentos que compõem o patrimônio cultural, científico e tecnológico da
sociedade, a fim de promover o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos de
idade (BRASIL, 2010). Ciente disso, é um desafio e tanto para um professor recém-
formado assumir um cargo nesse ciclo educacional (RODRIGUES; BOER, 2019), uma
vez que engloba crianças desde o berçário, passando pelo maternal até as ramificações
da pré-educação.
Outro aspecto a ser destacado é o fato de que, além de ser um público que requer
múltiplos conhecimentos por parte do professor, tal dimensão formativa confronta a
realidade de que pouco se ensina na formação universitária sobre como e quando intervir
(RODRIGUES; BOER, 2019). Com base nisso, e devido ao fato de que cada vez mais as
crianças são levadas desde cedo ao cuidado dos professores nas escolas, há
educadores que compactuam com a seguinte perspectiva educacional: que ao educador
cabe a missão de observar as práticas das crianças, a fim de desenvolver a interpretação
das mensagens que são ditas mesmo que palavra alguma seja verbalizada. Nesse
sentido, a prática docente levaria em consideração os saberes do público infantil
observados durante os momentos de interação e brincadeiras (RODRIGUES; BOER,
2019).
Já nos ensinos fundamental e médio, a prática docente recebe contornos de
formação letrada e pautada nos ditames das diretrizes educacionais vigentes (BRASIL,
2013). Nesse interim, o aluno é formado para ser um cidadão capaz de atuar na
sociedade, e os finais da educação básica deveriam permiti-lo alcançar, caso almeje, a
formação de nível superior. No Brasil, há vários alunos que ficam pelo caminho
(LEBLANCK; SILVA, 2019), mas a grande maioria termina a escolarização, mesmo que
o letramento tenha sido alcançado em contraposição ao precário aproveitamento escolar
(INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2016).
A prática docente no ensino superior perpassa atividades de ensino, pesquisa e
extensão universitária. É interessante observar que, durante muito tempo, a formação
universitária foi restrita a uma parcela da população. Em contrapartida, a esse passado
recente, cabe destacar que possibilitar apenas o acesso à universidade não resolve o
problema de analfabetismo funcional e precariedade da escolarização no País, uma vez
que tal dilema encontra eco nos cursos de formação de professores (LEBLANCK; SILVA,
2019).
Formados por um sistema educacional ineficiente, pressupondo o domínio do
conteúdo a ser aprendido, os professores ensinam visando ao retorno financeiro. Aqueles
conscientes das suas limitações e de que precisam se educar aparentam conhecer um
pouco mais da realidade educacional brasileira, ao passo que a grande maioria deixa-se
ludibriar por ela. Nossa “pátria educadora” estaria de fato educando os filhos seus? Outra
indagação pertinente seria esta: será que de fato caberia a ela tal missão?
Desse modo, pode-se verificar que a prática docente perpassa desde os anos
iniciais até o ensino superior. Cabe destacar que, independentemente da área de atuação
profissional e formação inicial, o professor precisa de uma formação acadêmica que
contribua para a sua intervenção profissional.