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Livro Gap The Series

01

Chefe M. L.

Uma vez na eternidade… (uma música)

Eu quase cantei essa música em voz alta quando cheguei no escritório de


uma conhecida empresa digital e o ar frio estava soprando. Enquanto a
equipe do departamento de produção de conteúdo está me apresentando
o escritório, meus olhos e ouvidos não estão focados na introdução, mas
toda minha atenção está na sala da chefe, a sala do meu ídolo.

“Qual o seu nome?”

“E… Eu?

“Não me ouviu?”

Minha mentora, o nome dela é ‘Yah’. Ela olha para mim com raiva, mas vê
que continuo focada na sala da chefe. Ela parece entender que eu poderia
perguntar sobre a sala de vidro fosco com uma luz fraca dentro.

“Sentiu frio ao olhar para aquela sala?… Você é apenas uma estagiária.
Não acho necessário que você precise entrar em contato com a chefe
M.L.”

Nota:

M.L.= Mohm Luang – O último título da família real tailandesa ou o filho do


bisneto de um rei.

“Chefe M.L.?”

“Sim, a chamamos de chefe M.L.,você sabia disso? Ela é tão famosa


assim?”

Aceno com a cabeça e sorrio. Claro… Eu também conhecia a chefe M.L.


Ela é a razão pela qual tenho que me esforçar o máximo que posso para
trabalhar aqui.

Ninguém sabe o quanto eu tentei ser como ela.

“Se eu passar no programa de treinamento, posso conhecê-la?”


“Bem. Mon é seu nome, né?” Yah sorri para mim, revelando seus olhos
enrugados que deixam claro que ela é mais velha do que eu. “Claro, se
você passar no programa vai encontrá-la, mas vai conhecê-la? Não sei
por que uma estagiária teria motivos para se comunicar com nossa chefe.

“Sem chances?”

Estou desapontada. Como posso encontrá-la com ela sendo chefe daqui?
Meu dever é seguir a equipe. Eu posso ter alguma outra chance.

“De jeito nenhum.”

Estou trocando de sorriso. Yah olha para mim e sorri


misericordiosamente.

“Quando você sorri, ilumina o ambiente. Ao contrário da M.L. que nunca


sorriu, ela já foi feliz na vida?”

“Khun* Sam… Ah… Chefe M.L.” Estou tentando chamá-la como os outros
para me misturar aqui. “Eu vi em uma revista que ela sorriu.”

Nota: ‘Khun’ é um pronome formal utilizado antes do nome.

“Apenas quando ela é forçada pela situação. Normalmente, ela nunca tem
disposição para nos animar. Ela fica melhor na sala dela.”

Por que senti que a Yah não gosta dela? Para mim, minha heroína é tão
animada. Sabe? Por todos estes anos eu a tenho acompanhado de perto.
Não há nada sobre ela que eu não saiba.

Sei até mesmo que ela acabou de voltar de um restaurante japonês…


Estou seguindo-a no Instagram.

“Você disse que eu poderia ter uma chance… Quando?”

“Esta noite Sr. Kirk, o dono da empresa, vai bancar uma festa para
comemorar que a empresa bateu a meta. Infelizmente não é a viagem
anual para Hokkaido.”

Ela disse aquilo como se estivesse sonhando com um conto de fadas.


Olhando para a economia atual, senti empatia pelo empresário. Apenas
uma festa é suficiente para mim.

Quando estou passando pela sala da chefe, a porta de repente se abre por
alguém que eu estava esperando ver. Meu coração erra as batidas. Agora
estou olhando para baixo envergonhada como se estivesse com medo
dela me reconhecer.
É um amor secreto. O cheiro do Chanel Nº 5 está se espalhando pela sala.
A pequena mulher passou por todos. Posso sentir a frieza de todos aqui.
A tensão está no ar.

“Ufa… Ela se foi.”

“Por que eles ficam tensos assim? Como uma rocha.”

“Você não? Você também abaixou a cabeça, não foi?”

“Eu… Eu apenas sou tímida, não tenho medo, mas os outros…”

“É melhor evitar contato visual com ela. Se não quiser ser amaldiçoada.”

“É sério isso?”

“Sim. É sério.”

Embora tenha me convencido muito mais sobre ela, estou esperando


encontrar a chefe M. L., aquela que tenho adorado há muito tempo.
Acredito que ninguém deste escritório conheça a M. L. Samanun tão bem
quanto eu. Pode-se dizer que sou uma verdadeira fã dela.

Estou esperando há mais de dez anos para encontrar esta mulher.

Embora eu possa me lembrar de seu rosto doce, ela provavelmente não


sabe quem eu sou. Tudo bem. Estou aqui sem nenhuma expectativa.
Apenas adorar e seguir esta mulher linda e inteligente é suficiente para
mim.

Agora, me tornei estagiária, e os homens mais velhos continuam


conversando e me visitando porque sou nova aqui. Como se uma aluna
tivesse entrado no meio do curso e todos estivessem prestando atenção.
Tentei bastante não chamar atenção entre as mulheres, porque elas são
cheias de inveja e eu não quero ter problemas.

A empresa tem executado serviços de produção de mídia, publicidade e


mídia impressa. Eles sobreviveram até agora porque mudaram para o
mundo digital com estratégias de mídia social e a visão da Khun Sam, que
é chamada de chefe M. L. aqui… Um dia eu serei como ela.

Minhas funções são gerenciar documentos e os compromissos deste


departamento…

Mas estou tão feliz. Minha felicidade não depende apenas do trabalho,
mas observá-la por trás do vidro fosco. Às vezes ela sai para ir ao
banheiro e depois volta a trabalhar em sua sala. Que mulher trabalhadora.
Eu tenho inveja e compreendo o namorado dela ao mesmo tempo. Uma
mulher esperta assim, com certeza nenhum homem vai gostar.

“Ei, pessoal. Estão prontos?”

Quando o relógio bateu seis horas da noite, um rapaz de boa aparência e


roupas casuais veio sorrindo alegremente até nós. Todos largaram seus
postos e sorriram.

“Prontos!”

Eles fizeram barulho de felicidade. Pode ser porque finalizaram o trabalho


e estão a caminho da festa. Até eu fiz barulho.

Ah… meu coração está batendo tão rápido. Verei o rosto dela de perto.

“Então, vejo vocês na cafeteria Na-Mo. Vamos aproveitar!”

“Vamos!!!”

Eles estão batendo palmas como selvagens que estão à caça de um


sacrifício. De repente todos ficam em silêncio quando a porta de vidro
fosco que todos chamam de ‘sala congelante’ é aberta e o pequeno corpo
de Khun Sam, a quem todos temem, está saindo.

O corpo minúsculo está vestindo uma blusa casual preta, que parece de
luxo quando está em seu corpo. Maquiagem impecável. Seu rosto é tão
doce e encantador encarando todos com seus olhos castanhos.

“Que animação, hein? Nunca foram a um jantar?” Disse ela com sua voz
anasalada após colocar as mãos nos bolsos. “Você também acha que é
um líder de manifestantes? Barulhento.”

“Nervosa.”

A mão do rapaz animado pousa sobre o ombro dela. Fico impressionada


com a diferença de altura deles, ela é tão fofa.

Todos aqui a respeitam bastante, e isso é engraçado para mim…Talvez


seja só eu que a ache tão… adorável.

Aquela que eu adoro tudo o que faz.

A cafeteria Na-Mo está reservada para nossa festa. O dono é amigo do Sr.
Kirk, então foi fácil fechar para a gente. Descobri que o cara sorridente de
hoje é o dono da nossa empresa, e ele é o ‘noivo’ da Khun Sam.

Uma combinação perfeita.


Para nos deixar mais à vontade, Khun Sam e o Sr. Kirk, ficaram em uma
área privada. Está me irritando. Eu pensei que veria o rosto da Khun Sam
de perto.

“O que há de errado com você? Parece mal-humorada.”

Estou parada na frente do espelho do banheiro. Minhas colegas estão


falando comigo enquanto retoco minha maquiagem.

“Nada, estou apenas entediada. Achei que veria a Khun Sam de perto
hoje.”

“Credo! É melhor assim. Se a ver, não vai aproveitar o jantar.”

“Por quê?”

“Uma mulher sem vida como ela vai te deixar enjoada da comida.”

“Exatamente.” Outra colega disse em apoio, e sussurrou. “O rosto dela é


tão reto… deve ser efeito do Botox, nunca sorri e nunca expressa nada.
Mesmo quando está brava.”

“Mas todos a temem.” Eu disse sem pensar por ser nova aqui. Elas
concordaram e explicaram.

“Temos medo dela porque não sabemos o que está pensando. É difícil de
prever. Ela nunca foi feliz? Não sabemos. Mesmo quando ela descobriu
que uma pessoa da contabilidade está em um relacionamento com outra
da equipe de compras, ela não expressou nada em seu rosto.”

“É por causa de sua quietude? Acho que é porque ela é mandona.”

“Seria melhor se ela fosse mandona, poderíamos lidar com ela. Mas isso,
não sabemos como lidar.”

“Não, tudo o que sei é que ela não é assim.”

“Você a conhece bem?”

“Eu não a conheço… bem. Mas ela é do tipo de mulher que ilumina o
mundo com seu sorriso e ela gosta de cachorros.”

“Ela gosta de cachorros? Sempre achei que ela gostava de gatos.” Após
minha colega terminar de passar o batom, ela se afasta. “Se apresse, ou
não vai sobrar nada para você.”

“Sim.”
Após todas saírem. Ainda estou entediada no banheiro. É como se minha
expectativa fosse por água abaixo. Seria bom poder vê-la ao menos por
um minuto. Apenas um minutinho, mas não tenho chances.

Então, o que estou fazendo aqui?

Olho pensativa para meus pés por um momento, então escuto alguém dar
descarga. Tem mais alguém aqui.

Ruído…

A porta é aberta por uma mulher da mesma altura que eu, e o cheiro de
Chanel nº 5 me ataca. Meu coração erra as batidas e vejo pelo espelho
olhos castanhos me encarando.

“Como sabe que eu gosto de cachorros?”

Opa!

02

Ajuda

Um rosto perfeito está me encarando profundamente sem demonstrar


qualquer sentimento. Agora estou com medo dela, como os outros. O que
devo fazer? Não sei a diferença entre a Khun Sam de agora com a Khun
Sam de dez anos atrás. Porque da última vez que a encontrei, ela estava
sorrindo de orelha a orelha. Mas agora é raro ver um sorriso em seu
rosto, como se ela estivesse o escondendo.

Se eu disser a verdade a ela, ela vai me culpar por tentar me aproximar?

Não, negar é melhor.

“Boa noite, Khun Sam?”

Eu a cumprimento sem jeito, porque em situações como esta, devo ser


educada. Khun Sam aceita meus cumprimentos e olha para mim.

“Eu li o artigo da sua entrevista, então acho que você gosta de


cachorros.”

“Sim, eu dei uma entrevista, mas falei que gosto de gatos.”

“Hum… Devo ter entendido errado.” Levanto minha mão sem jeito para
ajeitar meu cabelo atrás da orelha. “Mesmo que seja gatos ou cachorros,
você é uma pessoa que gosta de animais.”
“É diferente. Já nos conhecemos antes?” A pergunta faz meu coração
acelerar quando meus olhos encontram os dela. É como se tivéssemos
brigado e eu sou a primeira a ceder.

Não posso brigar, ela é muito poderosa.

“Podemos nunca ter nos conhecido antes.”

“Podemos? O que quer dizer?”

“É meu primeiro dia trabalhando aqui. Te vi mais cedo, mas não tenho
certeza se você me viu?” Eu a respondi de forma comprometedora. E ela
acena com a cabeça concordando.

“Ah sim, você é a nova estagiária, Coelhinha.”

A palavra ‘Coelhinha’ me faz sentir que a Chefe M. L., a quem todos


temem, é adorável. Eu sorrio inconscientemente e olho para ela de novo.
Fiz algo errado? Porque ela se afasta de mim um passo e perde o
controle.

“Você está bem?”

Quando eu quase a alcanço, ela se apressa para se esquivar de mim;

“Estou bem. Posso estar um pouco bêbada ou talvez tenha ficado


enjoada com o cheiro do banheiro.” Então ela sai em direção a porta, mas
no meio do caminho para e vira em minha direção. “Nós realmente não
nos conhecemos?”

“Se tivéssemos nos conhecido, você se lembraria de mim, correto?”

“É verdade.”

Por um momento ela parece confusa e segue em direção a saída do


banheiro. Estou tentando me controlar para não demonstrar minha
animação. Quando ela sai, eu perco o controle, caio no chão e quase
tenho um apagão.

Céus… Eu a conheci de forma inesperada. Além disso, conversamos


bastante.

Estou com medo de que minha linda chefe tenha ouvido as batidas do
meu coração durante nossa conversa. Foi tão emocionante. Eu esperava
encontrá-la esta noite, mas isso foi muito mais.

É tão bom… Não estou desapontada em trabalhar aqui.


“Você não para de sorrir. Conseguiu vê-la? Aquela que você tanto
esperou.” Minha mãe aguardando em casa começa a me cheirar.
“Bebeu?”

“Apenas socialmente, mãe.” Eu sorrio para ela e aceno com a cabeça em


resposta. “Conheci a Khun Sam, estou tão animada!”

“Não é estranho ficar animada quando se conhece seu ídolo. Como ela
foi?”

“Ah…” Eu reviro meus olhos por um momento porque não sei como
responder. “Tudo pode mudar, inclusive a Khun Sam. E eu não a
conhecia direito, ela apenas sorriu para mim uma vez.”

“Você a conhece mais que os outros. Coletou e guardou tudo sobre ela
das revistas e entrevistas, um dia mostrarei a ela.”

“Você não terá esta oportunidade, ela nunca vai se aproximar de mim. Ela
é como uma popstar, e eu sou apenas sua fã. Tudo o que posso fazer é
segui-la para me inspirar. Só isso.”

“Sinto que você está tão triste como se estivesse de coração partido.”

“Não, não estou. Hoje conversamos bastante.” Eu disse a ela. “Mas não
teremos a chance de conversar novamente. Ela é a chefe e eu sou uma
mera estagiária.”

“Khun Sam não é uma garota ruim. Ela muitas vezes vinha aqui perguntar
sobre o cachorro, o Tigre. E quando ela se formou, ela continuou vindo.
Você não contou a ela que o Tigre morreu?”

“Ela não me conhecia.”

“Conhecia. Você disse que ela sorriu para você e ergueu a mão para tocar
sua cabeça. Foi por isso que você a adorava tanto.”

“Isso foi há dez anos. Ela não se lembra de mim.”

“Não diga a ela que você é minha filha.”

“Não quero ser culpada por tentar me aproximar dela.”

“Você está complicando isso demais. Apenas faça o que quiser. Está
tarde agora. Vá tomar banho. Conversamos amanhã.”

Eu concordo e vou para o banho. Minha casa é pequena e velha. Não


seria melhor por causa do salário da minha mãe, uma pobre zeladora.
Pagamos aluguel nesta casa. Se algo mudou é porque agora sou crescida
e trabalho. Além disso, meu primeiro salário será liberado este mês para
que eu possa ajudá-la a pagar.

Hoje, mesmo que de forma inesperada, foi comovente. Enquanto me


encaminho para o banho, pego minha coleção de artigos para ler a
entrevista da Khun Sam… Eu sou sua maior fã e ela nunca vai saber o
quanto eu a adoro… Por muito tempo… doze anos atrás.

Quando eu estava na quarta série e a Khun Sam estava no terceiro ano,


tínhamos oito anos de diferença. Era uma grande diferença de idade.
Khun Sam era uma estudante do ensino médio de uma famosa escola
feminina. Se você não fosse rico ou de uma família de prestígio,
dificilmente entraria naquela escola.

Condições difíceis vêm da escolha da sociedade.

Se você estuda na Escola Triam Udom (a escola mais bem avaliada da


Tailândia), você terá amigos que provavelmente se tornarão médicos,
políticos e desenvolvedores. Mas se você estiver estudando em uma
luxuosa escola privada, você terá amigos milionários.

Para mim e minha mãe, parecíamos forasteiras nesta escola da alta


sociedade. Minha mãe era zeladora, e eu a filha da zeladora. Eu
costumava ir ver minha mãe todas as tardes após a aula. Nesta escola,
eles tinham a própria sociedade, mas não era sobre eles não usarem
palavrões como os adolescentes em geral. Eu gostava de ver as
estudantes mais velhas com saias compridas falando maliciosamente
sobre os meninos de outras escolas.

A sexualidade é apenas uma exceção em todos os tipos de sociedade.


Porque é tudo sobre hormônios.

Esta é uma escola feminina, então as garotas decidiam se relacionar de


forma amorosa, mesmo que fosse apenas uma tendência ou não. Eu
adorava ver quando as namoradinhas andavam de mãos dadas. Elas
tinham uma pele linda e muito charme… Poderia ser da boa alimentação,
como se a pele delas dissessem ‘eu sou rica’, ou algo do tipo.

Para mim… era como se eu fosse uma garota da favela.

E esta escola também era a escola da realeza, cheia de tataranetos do rei.


Uma delas era a Khun Sam. Eu a conheci porque a cadela, chamada
‘Baixinha’, pariu e pediram para minha mãe trazer os filhotes para a
escola. Khun Sam não concordou com a opinião dos outros e levou o
Tigre, o filhote mais feio, para sua casa. Mas seus pais não permitiram,
então ela o trouxe de volta com lágrimas nos olhos.

“Não posso levá-lo para casa, tia. Por favor, cuide dele.”
Mesmo ela sendo do terceiro ano, ela estava chorando como uma criança.
Minha mãe, em respeito a posição dela, a acalmou e aceitou levar o Tigre
para casa.

“Seus pais não permitem?”

“Não… Não sei o que fazer. Está me machucando. Tenho medo de que ele
não tenha a chance de crescer.”

Minha mãe riu da forma que a Khun Sam evitou usar a palavra “morra”.
Eu estava vendo a cena por um tempo, resolvi puxar a blusa da minha
mãe para chamar a atenção dela e disse algo inocentemente.

“Mãe… leva o filhote para casa. Pobrezinha, quando ela chora, ela não é
bonita.”

Consigo me lembrar que a Khun Sam olhou para mim por um momento.
Quando minha mãe a viu chorar e ouviu o que eu disse, decidiu levar o
‘Tigre’ para casa.

“Vou levá-lo para casa, mas não consigo mantê-lo. Se ficar doente, terei
que…”

“Eu vou ajudar.” Khun Sam olhou para mim e sorriu de orelha a orelha.
“Muito obrigada, coelhinha.”

Palpitação…

Palpitação…

Meu coração acelerou naquele momento, especialmente quando ela


colocou a mão sobre minha cabeça. Eu disse a mim mesma que ela era
uma garota impressionante. Mesmo que ela tenha sorrido entre lágrimas,
o mundo ficou mais radiante.

Desde aquele dia… Ela se tornou meu ídolo…

O que ela estava estudando? Qual a sua altura? Quais eram seus
assuntos preferidos? O que ela gostava de comer? Eu descobri nas
entrevistas das revistas. Por ela ser da famosa família real, sempre esteve
nos holofotes. Mesmo que ela não seja tão linda como uma popstar, ela
tem bom gosto, inteligência e beleza.

Ela sonhava em ter um Jardim de infância e adorava escrever. Eu sabia


muito sobre ela.

Mas é melhor que eu mantenha isso em segredo. Se ela descobrir, não


será nada bom.
“Hoje, você deveria ir até ela e dizer que sentiu saudades.”

Minha mãe não desiste. Na manhã seguinte, ela continua me dizendo para
ir ver a Khun Sam e contar a ela essa longa história.

“Não, mãe.”

“Não se preocupe, acho que ela ficará feliz e ficará curiosa em saber
sobre o Tigre. Ela pode ter saudades de mim, e essa é uma boa chance de
aprender com ela.”

Após dizer isso, ela coloca a foto do Tigre na minha mão.

“Você tem uma foto do Tigre?”

“Eu tirei essa foto do meu celular e imprimi em uma gráfica. Essa é uma
boa oportunidade para se aproximar dela.”

“Mas…”

“Venha.” Ela me puxa para fora como se a Khun Sam estivesse


esperando por mim. “Rápido, se apresse. Está tarde, você vai chegar
atrasada.”

Ela me força a falar com ela, como se fosse fácil assim. Todo mundo no
escritório sabe bem que a Chefe M. L. não é do tipo de pessoa receptiva, e
essa percepção está me controlando agora.

Mas quero me aproximar mais dela. Nos falamos ontem, e ela não é uma
garota má.

Eu não consigo me concentrar no trabalho o dia todo. Continuo olhando


para a sala dela e para a foto do Tigre que minha mãe me deu. Eu tenho
um pouquinho de esperança de que o Tigre vai inspirá-la a falar comigo.

“Tigre… Se estiver me ouvindo, por favor, me ajude a conversar com a


Khun Sam hoje.”

Então volto a focar no trabalho até as 18h. Todos estão indo para casa. E
agora resta apenas nós duas no escritório, e sim… Khun Sam ainda está
em sua sala.

Minha casa é tão longe, mas quero tanto falar com ela. Devo bater na
porta e perguntá-la? Fico confusa e sem saber o que fazer, mas
finalmente decido bater em sua porta.

Toc toc toc

“Khun Sam, com licença, posso entrar?


Silêncio…

Eu quase desisto, mas algo me diz para abrir a porta e tudo o que vejo é a
cabeça dela deitada sobre a mesa, como se ela tivesse adormecido. Eu
não quero acordá-la. Então, resolvo sair de sua sala.

É melhor ir para casa, mas estou muito preocupada para tal.

Porém, quando decido sair, escuto alguém dizer algo baixinho. E só tem
ela e eu no escritório.

“Me ajude.”

“Pois não?”

“Não tenho comprimidos. Estou com dor de cabeça.”

Olho para trás e a vejo caída no chão.

“Khun Sam!”

03

Na mira

Às vezes, o Tigre escuta minhas preces. Estou segurando Khun Sam e a


coloco no sofá que fica no meio de sua sala. Agindo como uma boa
menina, saio correndo para comprar remédio de enxaqueca. Essa é uma
boa oportunidade para me aproximar dela.

“Está se sentindo melhor?”

Me ajoelho ao seu lado enquanto a Khun Sam está deitada no sofá com a
mão na testa, tentando esconder seus olhos da luz.

“Vou melhorar em um instante.”

“Não sabia que você tinha enxaqueca.”

“E por que teria que saber?”


Porque sou sua maior fã. Claro que não respondi isso em voz alta. Mas
quando começo a responder, sou interrompida por ela.

“Por que não vai para casa?”

“Ah… Ah. Eu gosto de trabalhar até tarde, depois que todos já foram.”

“Então, veio me ver aqui?” Ela tira sua mão da testa, revelando seus
olhos castanhos. “Não tem medo de mim?”

“Por que eu teria medo?”

“Haha, eu não sei por que eles precisam ter medo da gente.”

Ela coloca a mão de volta em sua testa e continua deitada em silêncio.


Enquanto a mim, ainda estou de joelhos ao lado do sofá porque não sei o
que dizer.

Ela está adormecendo?

Se passaram dez minutos… finalmente, ela se mexe.

“Por que você não vai para casa? Quanto tempo vai ficar aqui? Não
consigo dormir.” Ela move o braço e suspira. “Vai ficar aqui a noite
toda?”

“Se eu sair, você vai ficar sem companhia.”

“E daí?”

“Vai se sentir sozinha.”

Ela olha para mim de novo com os olhos confusos.

“Você é estranha. Se eu me sentir sozinha, o que que tem?”

“Nada. Ficarei aqui sendo sua amiga.”

“Está tarde agora. Você é uma garota, deveria se apressar para ir


embora.” Ela olha para seu luxuoso relógio. “São oito horas?”

“Poderia sair?”

“Eu vou ficar aqui”.

Ela discorda. “Onde você mora? Eu te levo.”

Eu corro para mantê-la sentada. Por um momento estamos perto, e ela


rapidamente se afasta.
“Ei, por que está tão preocupada? É só uma enxaqueca.”

“É melhor você ir para casa. Posso te acompanhar.”

“Não, vou ficar aqui.”

“Então, eu também.”

Estamos nos olhando como se estivéssemos brigando. Então ela suspira


como se eu não estivesse ouvindo.

“Você sabe onde moro?”

“Você pode me dizer.”

Mesmo que eu seja sua maior fã, não sei seu endereço porque nenhuma
revista ou artigo tinha esta informação específica. Em todo caso, hoje a
levarei para casa. Como ela poderia dormir aqui sem cobertor?

“Pode dirigir?”

“Não, não posso.” Seu semblante agora parece confuso. Então, me


apresso em dizer. “Mas podemos pegar um táxi. Por favor, me diga onde
mora.”

E após insistir muito, finalmente consegui levá-la para casa de táxi. A


casa é gigante, com 3 andares. Tem uma aparência estranha como se não
tivesse ninguém.

“Você fica aqui sozinha?”

Olho sua casa toda como se estivesse procurando um ser vivo ali. É
enorme e luxuosa como um palácio das novelas.

“Hum.”

“Você mora sozinha aqui?”

“Sim.”

Eu saio do táxi e ajudo a Khun Sam até a entrada. Mas ela tenta me
impedir…

“Chega.”

“Mas…”

“Já estou em casa, não seja mandona.” Ela me encara por alguns
segundos. “Você também precisa ir para casa. Me dê seu telefone.”
“Sim.”

“Este é meu número… 062-446-****.”

Estou olhando admirada para ela, que está falando brevemente comigo.
Pego meu telefone de volta e salvo o número dela imediatamente.

“Me dê uma chamada perdida.”

“Hã? Ah… tudo bem.” Por causa de seus olhos arregalados, senti que
serei forçada a ligar para ela como uma chamada perdida. O telefone dela
começa a tocar, ela olha para ele e acena com a cabeça.

“Me mande uma mensagem quando chegar em casa. Saberei que você
chegou bem… Não se esqueça de me mandar a placa do táxi.”

“Certo.”

Após finalizar a conversa, ela me empurra até o táxi. Vejo ela tocando o
lado de sua cabeça. Olho para ela até a perder completamente de vista de
dentro do táxi.

Céus. Por quanto tempo conversei com ela hoje?

Além disso, a levei até em casa e fiquei na frente de sua porta.

Ótimo!

Chego na minha casa com um sorriso enorme no rosto… Claro, minha


felicidade está se espalhando por toda parte, mesmo que eu fosse
mordida por uma formiga ou mosquito, eu não ligaria. Não teria reação.

Meu coração acelera.

“Você está me assustando.”

Alguém diz na minha frente enquanto estou andando distraída. Sorrio


para meu amigo de infância, que mora perto da minha casa.

“Nop… Está me esperando?”

“Sim… Estou esperando há um tempo. Precisa trabalhar tanto assim?”


Ele olha descontente para mim. “Sua mãe e eu, nos preocupamos com
você.”

“Eu já falei com minha mãe. E então, como você está? Desde que
começou a trabalhar não nos encontramos mais.”
“Estive te esperando aqui com macarrão com caranguejo, seu preferido.
Já comeu?”

“Ainda não.”

Hoje é o meu dia de sorte, estive com a pessoa que adoro e agora estou
comendo meu prato preferido em casa. Nop fica me encarando enquanto
devoro o macarrão com caranguejo até que viro minha cabeça
envergonhada.

“Por favor, não me encare. Não consigo comer.”

“Ver você aproveitando minha comida é uma das minhas alegrias. É


ótimo ter um trabalho e ganhar dinheiro, poderei comprar suas comidas
favoritas.”

“Primeiro é melhor você arrumar tempo livre para me ver. Fiquei sabendo
que você anda ocupado, então não nos vemos há um bom tempo.”

“Estou muito ocupado. Mas posso te encontrar.” O tom sério do Nop me


faz sorrir e concordar, porque não sei o que dizer a ele. “E o seu novo
trabalho? Você está trabalhando com seu ídolo.”

“Hum.” Minha mãe é tão fofoqueira que ele sabe muito sobre mim. “Voltei
tarde por causa dela. Ela estava doente.”

“Como você a tratou?”

“Comprei alguns remédios. Foi ótimo poder ajudá-la.”

“Entendi, então é por isso que você chegou sorrindo de orelha a orelha.
Se Khun Sam fosse um cara, eu teria ciúme.”

“Ciúme?” Eu quase me engasguei com o macarrão. Olhei para o sorriso


dele sem sentir nada. Eu sei há muito tempo que o Nop gosta de mim, não
só como amigo.

Eu devo rejeitá-lo. Não quero machucar ninguém, especialmente meu


amigo de infância.

Nop é o rapaz que mora perto da minha casa desde quando nasci.
Brincávamos juntos quando crianças, estudamos na mesma escola. Nos
separamos quando fomos para a universidade. Primeiro, ele quis estudar
na mesma universidade que eu, mas suas notas não eram boas o
bastante para isso. No meu caso, eu não era inteligente, mas tentei muito
estudar na mesma universidade que a Khun Sam.

E fiz isso, além do mais, agora posso trabalhar na empresa dela.


Para o Nop, quando estávamos no ensino médio, nossos amigos
apoiavam a ideia de namorarmos. Mas eu ignorava. Não aceitei e nem
neguei, mas não sabia que na cabeça dele estávamos em um
relacionamento.

Devo rejeitá-lo de forma mais clara? Irei magoá-lo. Ai, ai…

“Por que está tão quieta?”

“Hm? Ah, estou apenas falando comigo mesma.” Deixo um sopro no


macarrão com caranguejo e bebo um pouco de água. Nop olha para mim
e sorri.

“Quando eu flerto com você, você sempre fica em silêncio.”

“Eu não sei o que dizer… Estou tão cheia, meus olhos estão fechando. E
está tarde agora. Falo com você depois. Amanhã precisarei trabalhar
cedo.”

“Ouvi dizer que seu escritório é bem longe daqui.”

“Hum. Preciso pegar alguns ônibus.”

“Vale a pena? Seu salário não é muito para uma iniciante.”

“Vale a pena, ainda assim vale a pena.” Disse a ele em alto tom.

“Um dia, meu salário vai aumentar, se eu for inteligente quanto a Khun
Sam.”

“Um dia verei a Khun Sam.”

“E depois?”

“Vou dizer que você sempre a adorou, que você precisa pegar vários
ônibus para ir trabalhar e implorar para que ela te demita.”

“Então é melhor que você não a veja.”

Mesmo se fosse muito longe, tão longe quanto o horizonte, ainda


trabalharia no mesmo lugar que a Khum Sam. Este era meu desejo desde
quando estava na universidade. Mesmo que eu fique exausta indo para o
trabalho todos os dias, ficarei animada ao ver a sala congelante.

Mas hoje… Está tão horrível. A sala congelante está no modo trabalho.

“Eu não ligo, vou assim mesmo. Não cometa os mesmos erros que eu!”
Um rapaz barulhento gritou da sala congelante enquanto abria a porta, ele
jogou seu crachá no chão e pisou várias vezes em cima. “Merda, nada de
relacionamentos amorosos no ambiente de trabalho! Você pelo menos é
humana?”

O barulho dele é tão alto no escritório silencioso. A garota sai da sala,


com a mão cobrindo o rosto, empurra as costas dele para apressá-lo a
sair da sala congelante.

“Rápido, anda logo. Vamos.”

E tudo fica silencioso novamente. A funcionária do RH que me


entrevistou, corre em direção a sala da Khun Sam com uma tonelada de
documentos em mãos.

“Chefe M. L. está demonstrando seu poder novamente.”

O colega sentado ao meu lado está cochichando com outros colegas. Não
me junto a eles, mas posso ouvir tranquilamente.

“Viu? Não há nada com o que se preocupar com o relacionamento deles.


Ela não está no departamento de contabilidade, e ele não é do
departamento de compras.” Ninguém está cochichando como se
discordasse da regra.

“É por precaução. Se eles estiverem apaixonados e trabalhando no


mesmo lugar, o que vai acontecer quando se separarem? É difícil
trabalhar juntos. Demitir é uma forma de nos alertar.”

“Chefe M. L. não tem coração. Realmente não tem.”

E há mais ruído de novo. A funcionária do RH sai da sala, olha


preocupada para mim e se afasta. Estou desanimada agora.

Ela olhou para mim?

Toque…

Meu telefone está tocando.

É o RH me ligando.

[Mon, você fez algo de errado?]

“O que eu fiz?”

[Eu não sei, mas a chefe M. L. me pediu seu histórico. Então, liguei para te
perguntar primeiro. Você é apenas uma estagiária, mas agora está na
mira.]

“Não consigo me lembrar o que fiz.”


[Estou te alertando para ter cuidado. Ela deve te chamar em breve. Se
comporte.]

Ela desliga o telefone me deixando sob pressão. Não por muito tempo. Eu
deixo-o tocando por um tempo até meus colegas implorarem para que eu
atenda.

“Atende logo, por favor.”

“Ok.”

Apesar de estar com medo de que seja a Khun Sam, tenho consideração
por meus colegas. Preciso atender a ligação.

“Pois não?”

[É a Sam… Venha até aqui, por favor. Precisamos conversar.]

Sua voz anasalada é única. Eu me levanto e ajeito minha roupa, então


caminho até a sala congelante. Meus colegas, que me ignoram, agora
estão olhando surpresos para mim…

“A chefe M. L. está te chamando?”

Eu confirmo como se fosse começar a chorar. Todo mundo acena de


volta como se estivessem dizendo adeus.

Certo… Eu não fiz nada de errado. Tudo vai ficar bem. Ela é muito gentil!

Toc, toc, toc.

Eu bato em sua porta antes de abrir. Khun Sam, que está lendo meu
histórico, olha para mim e lentamente diz.

“Feche a porta, por favor.”

“Sim.”

Faço o que ela pediu, então caminho humildemente até sua mesa. Khun
Sam olha para meu rosto, e então volta a olhar pensativa para meu
histórico.

“Me diga a verdade.”

Ela parece mais séria, fecha a pasta em suas mãos. Então volta a me
encarar.

“Já nos conhecemos antes?”


04

Ser sua amiga

O silêncio paira entre nós. Estou parada e confusa. Devo dizer ou não a
ela que nos conhecemos há muito tempo? Khun Sam pode se lembrar da
minha mãe, mas não de mim, uma garotinha da quarta série.

Como?…

Tigre, você precisa me ajudar! Por favor, me ajude de novo. Devo dizer a
ela ou não?

Diga…

Não diga…

Enquanto ainda estou decidindo contar a ela sobre o Tigre para relembrar
o passado, ela diz algo antes de responder.

“Esquece. Não é importante.”

O tom de sua voz anasalada está alto, mas eu permaneço em silêncio.


Não é importante mesmo?

Por que ela pediu pelo meu histórico e me chamou?

“Eu não gostei do jeito que você chegou até mim.”

“Perdão?”

“Eu não sei por que você tem que ser boa comigo. Me sinto
desconfortável.” Ela cruza os braços e olha seriamente para mim. “Me
comprou remédio, me levou para casa, isso não significa que somos
próximas. Por favor, entenda isso.”

“Claro.”

“Não conte a ninguém sobre minha enxaqueca. Isso é tudo.”

Estou tão triste e decepcionada. Parece que fiz algo que não foi o
suficiente. Mas enquanto me viro para sair da sala…

“Espere.”

“…”
“Noite passada, eu te disse para me avisar quando chegasse em casa.
Por que não me ligou?”

“Eu não me atrevi a ligar.”

Eu respondi com a verdade. Ela me olha sem compreender.

“Por quê?”

“Tenho medo de que você vá me culpar por tentar ser sua amiga.”

“…”

“Posso sair, Chefe?

Eu fico mal-humorada o dia todo. O trabalho que sempre foi cheio de


alegria, foi substituído por tristeza. Hoje, nem me atrevo a olhar mais para
a sala congelante. Quando chega o fim do expediente, me apresso para ir
embora e não me interesso em saber se alguém naquela sala está
passando mal ou não.

E há outra surpresa hoje.

“Ei!”

“Nop.”

Nop está me esperando na frente do escritório. Ele acena para me


cumprimentar. Olho admirada para meu amigo de infância. O sorriso dele
ilumina meu cinzento dia.

“O que há de errado com você? Por que está tão triste?”

“Só estou entediada.”

“Aconteceu algo no trabalho?”

“Talvez sim.” Olho para o rapaz sorridente na minha frente e faço uma
pergunta estranha. “Por que está aqui? Saiu do trabalho mais cedo?”

“Tive que encontrar alguns clientes por aqui. Meu chefe me liberou
depois que terminei. Como é perto do seu escritório, decidi te visitar.
Primeira vez que vejo esse prédio. É enorme e lindo.”

“Há tantos escritórios para alugar lá dentro. Meu escritório não é o prédio
todo.”

“Ainda assim é luxuoso.”


“Sim, com certeza. O mais luxuoso é meu escritório, não eu. Eu preciso
pegar ônibus e pagar aluguel lá de casa como sempre.”

“Mas hoje não será igual. Pois terá um amigo indo para casa de ônibus
com você. Eu, no caso!”

Não foi um dia ruim em tudo. Ao menos, não vou precisar ouvir música no
meu celular e ir para casa sozinha. Hoje o Nop vai conversando comigo
no caminho, para aliviar minha solidão. No ônibus, na hora do rush, é tão
difícil manter a calma. Buzinas por toda parte mostram que as pessoas
estão cheias de raiva e estressadas por ficarem presas em seus carros na
estrada.

“Ontem você estava tão feliz. Por que está diferente hoje? Quer comer
bolo chinês? Aquele famoso, comprei para você.”

Ele ainda é gentil comigo, como sempre. Ele me entrega uma caixa de
bolo chinês e abre para mim. É tão gostoso.

“Está uma delícia.”

“Eu sei que você fica melhor quando come algo gostoso. Então, comprei
para você.”

“Como sabe que estou mal-humorada?”

“Acho que é por causa do trânsito.”

“Você é tão cuidadoso.”

Nop ainda é o mesmo desde quando éramos estudantes, ele sempre


cuidou de mim. Ele sabe o que eu gosto e o que não gosto. Ele é como
chuva no verão.

“Ela me culpou um pouco hoje.”

“Pelo quê?”

“Ah…” Como devo dizer a ele? Foi por um motivo vergonhoso. Se eu


disser a ele, ele pode não gostar da Khun Sam. “Eu cometi um erro no
trabalho.”

“Você mereceu, não é estranho ela te culpar. É o dever dela fazer isso.”

“Hum.”

Eu aceno com a cabeça concordando com o que ele disse. Olho para fora
do ônibus para descansar meus olhos. O céu escuro contrasta com os
faróis dos carros, como luzes de uma discoteca.
“Aquele carro amarelo é tão legal. Um Ford Mustang, é meu carro dos
sonhos. Parece o Bumblebee.”

“Hm?” Procuro pelo carro do outro lado da pista. “Se destaca tanto. Será
que ele se transforma?”

“Quem dera. Tão legal e caro. Se eu tivesse mais dinheiro, gostaria de te


levar para viajar.”

“Você é tão gentil.”

Continuo olhando interessada para o carro. Pouco tempo depois, o carro


diminui a velocidade e o vidro se abaixa lentamente, revelando que a
motorista está olhando para mim.

Claro, me lembro bem dela.

“O volante é importado.”

Nop, que não sabe de nada, continua admirando e falando sobre o carro,
enquanto eu desvio o olhar antes que ela me acuse de ser intrometida,
mesmo estando em veículos diferentes.

“Pare de olhar para o carro, ela não vai gostar.”

“Ela deveria ter orgulho. Se eu pudesse dirigir aquele carro, eu me


gabaria também… Posso ver a beleza dela daqui.”

Sim, ela é linda, não apenas linda, mas muito mais que isso. Céus! Tem
tantos carros nesta estrada, por que encarei logo aquele carro? E logo o
dela?

Acabamos de ter um conflito de manhã e agora meu amigo e eu estamos


encarando e falando do carro dela. Ela não vai gostar nada disso.

Toque…

Meu telefone toca, é uma mensagem. Eu estremeço e forço meus olhos


para ler.

Chefe: Está falando de mim?

Chefe: Você é uma garota intrometida?

Chefe: Olhe para cá agora.

Quando ela me ordena por mensagem, olho em direção a motorista do


carro amarelo, aceno com a cabeça e dou um sorriso artificial. Nop, que
viu o que eu fiz, me pergunta surpreso:
“Para quem você acenou?”

“Khun Sam”

“Onde? Cadê ela?” Nop procura por ela. “Onde ela está? No ônibus?”

“Está naquele carro. No carro de que estávamos falando.”

“Sério?”

Nop olha para o carro e acena com a mão para cumprimentá-la. Khun Sam
não responde, ela apenas olha para a gente enquanto fecha o vidro, no
mesmo momento em que a luz vermelha do semáforo muda para verde.

Ela se foi…

“Tão maneiro. Seu ídolo dirige o Bumblebee, é bonita, rica e inteligente.


Como os homens se atrevem a flertar com uma garota perfeita assim?”

“Ela tem namorado.”

“Então, ele deve ser perfeito também.”

“Hum.”

Isso mesmo! Uma mulher perfeita como a Khun Sam deve namorar um
cara perfeito. No meu caso, sou apenas uma mera estagiária. Mesmo que
eu tenha tentado tratá-la bem, ela vai me culpar por tentar fazer amizade
com ela…

Deixe-a apenas ser seu ídolo e uma estranha. Será melhor assim.

Mas…

Não será como eu imagino. No meio da noite, meu celular vibra e recebo
uma mensagem. Viro para ajeitar a almofada e a luz do celular atinge
meus olhos.

Chefe: Figurinha

Chefe: Figurinha

Eu, que estou meio dormindo e meio acordada, pego o celular para ler.
Estou sonhando agora? Vejo que a mensagem foi enviada pela Khun
Sam.

Chefe: Figurinha
Quando vejo com clareza, me sento para ler direito. Por que está cheio de
figurinhas? Leio sem entender nada, porque não sei como respondê-la…

Estranho…

O que devo fazer?

Doraemon: Khun Sam

Sim, foram as únicas palavras que consegui mandar e fiquei esperando-a


visualizar. Não sei o que ela vai fazer.

Chefe: Figurinha

Quê? Eu não sei o que ela quer!

Ela teve uma enxaqueca de novo? Não consegue escrever e então está
mandando figurinhas? Fico preocupada e decido ligar para ela 1h da
madrugada, ela atende minha chamada.

[O que foi? Está tão tarde agora.]

“Ah…” Fico atordoada por um momento. “Vi que você me mandou


figurinhas, então fiquei preocupada de que você estivesse precisando de
ajuda.”

[Por que eu precisaria da sua ajuda?]

“Mas você me mandou várias figurinhas.”

Eu disse baixinho. Fico desapontada por ter ligado. Socorro, o que devo
fazer? Por que fico tão preocupada com ela?

[Então, deveria ter me mandado figurinhas de volta. Por que me ligou?


Veja só, você salvou meu número sem minha permissão. Está tentando
ser minha amiga?]

Imediatamente desligo a chamada e quase arremesso meu celular na


parede. Logo depois, o celular está tocando. É a Khun Sam.

O que devo fazer?

“Alô?”

[Por que desligou na minha cara?]

“Fiquei com receio por estar te incomodando.”


[Sim, você me incomodou neste horário da madrugada… Por favor,
lembre-se disso.]

“Eu me lembrarei.”

[Por que você aceita suas falhas tão facilmente?]

“O que eu posso fazer? O que eu fiz não foi certo… Mesmo estando
preocupada, eu errei.”

Eu disse sem pensar. Agora vou chorar e ela vai perceber pela minha voz.

[Por que está chorando? Eu ainda não te culpei.]

“Khun Sam, você está tentando me culpar por tentar ser sua amiga, né?
Pensei que você estava com tanta dor de cabeça que escolheu mandar
figurinhas ao invés de digitar uma mensagem. Não estou tentando ser sua
amiga.”

[…]

“Eu te vi ter uma forte dor de cabeça e o que recebo de volta é culpa no
lugar de um agradecimento. Por que você é assim?”

Começo a chorar. Quanta pressão hoje, não consigo mais lidar com ela.
Não sei o que ela quer. Ela fica em silêncio por um momento antes de
responder brevemente, o que me faz rir confusa.

[Boa noite.]

E ela desliga a chamada…

Eu preciso acordar cedo, mas fico até as 3h da madrugada confusa com a


mulher que me mandou figurinhas, me fez chorar, e se despediu dizendo
“Boa noite”.

É sério que existem mulheres assim?

05

Reconciliação

Hoje meus olhos estão inchados como um limão. Chorei até as 3h da


madrugada. Além disso, tenho que acordar às 5h para me preparar para ir
ao trabalho, porque tenho medo de me atrasar. Quando meus colegas me
veem como um zumbi, eles imediatamente entendem que deve ter sido
pelo fato de a Khun Sam ter me chamado na sala congelante ontem.

“Pobrezinha. É apenas uma estagiária, mas já foi marcada pela chefe.”

Eu não respondo e sorrio falsamente. Para Khun Sam, ela está


trabalhando normalmente, mas algo mudou.

A sala congelante, que sempre está com os vidros em modo fosco, hoje
está ajustada para um modo mais claro. Que incrível. E é a primeira vez
que vejo uma parede tão inovadora e que pode ser alterada de modo por
um estalar de dedos. Agora sem o modo fosco, consigo ver o interior da
sala.

Todos na sala estão trabalhando concentrados. Ninguém se atreve a tirar


os olhos do trabalho porque a Khun Sam consegue ver todos os nossos
movimentos de dentro da sala dela. No meu caso, estou desapontada e
animada em poder ver claramente a Khun Sam. Mas não presto atenção
nela, continuo concentrada e dizendo a mim mesma para deixar para lá.

Há barulho dos teclados e mouses enquanto trabalhamos, querem que o


som alto chegue na sala congelante. Mas sinto que todos estão cheios de
estresse e pressionados. Estamos sendo vigiados e provavelmente
alguém vai acabar enlouquecendo.

Alguns momentos depois… Nossa chefe sai de sua sala com um sorriso
no rosto.

“Vocês estão dando duro hoje.”

Esta é a primeira vez desde que comecei a trabalhar aqui, que a vejo
sorrir. Mas todos no escritório estão focados. Ninguém tira os olhos de
suas estações de trabalho. Eles estão morrendo de medo.

“Vou comprar alguns lanches para vocês.”

E ela sai do escritório…

“Ai!… Eu vou ficar maluca. Aaaah.”

Yah, que está sentada ao meu lado, está apoiando a cabeça em suas
mãos e suspira como se estivesse afundando em águas profundas. Eu
olho estranhamente para ela.

“Hoje, a Khun Sam parece feliz.”

“Então significa que ela não está nada feliz.” Yah me responde
seriamente. “Quando ela sorri estranhamente, significa que está de mau
humor. Com certeza vamos trabalhar até tarde.”
Todos aqui sentem o mesmo. Mas a alegria dura pouco. Khun Sam está
de volta, ela abre a porta com várias sacolas cheias de lanches nas mãos.
Ela divide com todos nós.

“Aceite. É uma recompensa por terem trabalhado tanto por mim.”

Khun Sam para na minha mesa e coloca algumas garrafas de iogurte de


leite para mim. Eu apenas agradeço.

“Não gosta de iogurte de leite? Trouxe apenas leite também.”

Ela está tão estranha hoje, então coloca uma garrafa de leite na minha
mesa. E eu apenas agradeço de novo.

“Suquinho?”

“…”

“Água?”

“…”

“É potável, ok?”

“…”

“Chá?”

Agora, tem várias bebidas na minha mesa. Eu apenas aceno com a


cabeça e agradeço a ela. Não sinto nada, apenas me pergunto por que ela
ficou mais tempo na minha mesa do que na dos outros.

“Do que você gosta, coelhinha?”

“Eu não gosto de nada.”

“Você não é humana, coelhinha? Deve ter algo que goste.”

“Não será bom comer na sala do escritório.”

“Sério? Eu não vejo problemas.”

Khun Sam pega uma das bebidas da minha mesa, abre e coloca um
canudinho. Olho para minha chefe que continua por perto e sinto que
algo vai acontecer.

Paranoica…

“Não está ocupada hoje?”


Minha simples pergunta parece acertá-la precisamente. Khun Sam, que
está bebendo e me olhando de perto, vacila e estala a bochecha.

“Eu não estou livre. Apenas te trouxe alguns lanches.”

Após dizer isso, ela volta para a sala congelante. Meus colegas ficam
mais aliviados. Ela fica melhor na sala de vidro do que em volta das
nossas mesas.

A pressão termina. É hora do almoço.

Ninguém quer ser o primeiro a sair para almoçar, porque a Khun Sam
permanece sentada na sala congelante e os vidros estão no modo claro.
Se a chefe não fizer uma pausa para o almoço, quem se atreveria?

Palpitação…

Palpitação…

É apenas uma pausa para o almoço, por que tem que ser tão difícil? Estou
animada. Por que ela ligou o modo claro? É desconfortável para nós.

São doze horas e doze minutos. Todos continuam sentados em suas


cadeiras. Yah e outros colegas olham um para o outro como se
estivessem procurando por um voluntário que se levantará primeiro…
Mas ninguém levanta.

Até que…

“Por que todos são tão diligentes? Não vão almoçar? Ah! Está no modo
claro.”

Sr. Kirk, o dono da empresa e namorado da Khun Sam, olha surpreso


para dentro da sala congelante antes de entrar. Eles conversam um pouco
e então saem juntos. Agora todos ficam aliviados novamente, e se
preparam para almoçar. Parece que todos chegaram no topo do Everest.

“Ah… Finalmente vamos almoçar.”

Um dos meus colegas diz com tristeza. Yah olha para mim como se sua
energia estivesse acabando.

“O que aconteceu com a chefe M. L.? O modo claro, os lanches… ela nos
assustou.”

“Quis ser gentil. Talvez.”


“Impossível.” Meu colega, Numpeung, disse. Desconfie quando ela é
gentil. Ela colocou várias bebidas na mesa da Mon. A chefe M. L. deve
estar com você na mira. O que você aprontou? Nos diga a verdade.”

Ela me culpou por tentar fazer amizade com ela.

Não quero contar a ninguém porque terão inveja de mim. É verdade que
quero ser amiga dela, mas o que eu fiz, não foi por querer.

Se eu quero ser sua amiga, terei que me esforçar.

De qualquer maneira…

No intervalo do almoço, todos estão com pressa e com medo de voltar


atrasados para o trabalho. E com razão. Quando voltamos, Khun Sam
também acabou de retornar. O vidro ainda está no modo claro.

Se tem algo diferente, é que agora o Sr. Kirk também está dentro da sala.
E depois de um tempo, ele muda as paredes para o modo fosco, para ter
privacidade.

Tocando…

Meu telefone está tocando. Todos olham para minha mesa como se já
soubessem quem está me ligando. Eu respondo devagar. É o Sr. Kirk.

[Senhorita Kornkamon, venha até aqui, por favor.]

Eu desligo o telefone e engulo um pouco de saliva.

Todo mundo me olha perguntando em silêncio se era da sala congelante.


Eu não respondo nada, apenas me dirijo para a sala congelante e quando
abro a porta, vejo a mulher mais assustadora lá dentro.

“Boa tarde.”

Cumprimento meus dois chefes, Sr. Kirk, o cara bonito que é dono da
empresa, e a Khun Sam, que está sentada no sofá e com vários lanches e
bebidas na mesa. Viu, foi por este motivo que mudaram o modo da parede
para o fosco. Não querem que a gente saiba que eles comem aqui dentro.

“É ela? Que está no arquivo que você leu… Maravilha. Você é mais bonita
pessoalmente do que na foto… Apenas vinte dois anos de idade?” O Sr.
Kirk fala comigo amigavelmente. Eu apenas concordo com a cabeça em
resposta. “A altura dela não é tão diferente da sua, Sam.”

“Ela é alguns centímetros mais baixa do que eu.”


“É o mesmo. Não vai dar para saber quem é mais alta quando estiverem
caminhando juntas. Finalmente você encontrou alguém da mesma altura
que você. Minha baixinha tem uma amiga agora.”

O Sr. Kirk gargalha e coloca a mão sobre a cabeça dela, mas ela tira a
mão dele em sinal de desaprovação.

“Não me toque.”

“É apenas um carinho… Bem, senhorita Kornkamon. É melhor eu te


chamar de Mon. Quer alguns?”

Meu nome foi falado pelo Sr. Kirk. É fácil saber quem contou a ela. Khun
Sam deve ter lido no meu histórico no dia que me chamou.

“Eu já tenho.”

“Se já tem, pode pegar mais. Por favor, me ajude a limpar isso, tem
muitos lanches aqui.”

Por que ele me chamou aqui? Não me atrevo a perguntar, já que ele é meu
chefe.

“Sam me falou sobre você.”

“Falou?”

Khun Sam olha para seu namorado e sorri de forma sarcástica.

“Você falou demais.”

“Eu gosto demais do seu sorriso.” Khun Sam para de sorrir


imediatamente. “Não é nada. Eu só queria te ver, foi por isso que te
chamei aqui. Desde que saímos para almoçar, Khun Sam não parou de
falar de você. Você está trabalhando aqui há menos de um mês, correto?”

Ela falou sobre mim…

“Sim. Estou trabalhando como estagiária há poucos dias.”

“Sam estava questionando se você não a conheceu antes?”

E ela continua questionando sobre mim. Então, ela discutiu este assunto
com seu namorado. Ela ficará paranoica comigo?

Para me prevenir, devo deixar claro.

“Não nos conhecemos antes.”


“Por que está sendo tão boa comigo?” Ela interrompe. “Não somos
próximas e você está sendo boa comigo… Está querendo minha
amizade?”

“Porque você estava doente. Se fosse um cachorrinho ou um gatinho eu


teria feito o mesmo, simplesmente não consigo ignorar. E não me atrevo a
ser sua amiga.”

“Oh.”

O Sr. Kirk me olha, surpreso com o que eu disse para a Khun Sam, aquela
que todos no escritório têm medo. Mas não aguento mais, preciso falar.

“Para sua satisfação, se no futuro eu te ver doente de novo, irei ignorar.”

“Mesmo se eu estiver morrendo?”

“Sim. E você vai me ignorar porque não somos amigas.” Eu disse isso e
decidi sair da sala. “Então, posso voltar ao trabalho?”

Assim, saio confiante. Nunca imaginei agir desse jeito em toda minha
vida. Agora estou na mira da chefe, e provavelmente irei falhar no
programa de treinamento. De qualquer maneira, será melhor sair mesmo
caso ela fique paranoica comigo. Não serei feliz aqui.

Bem… Já chega. Estou muito exausta para voltar ao trabalho.

Quando termina o expediente, todos estão indo para casa. Hoje eu não
espero e me apresso para ir embora também. Mas o Sr. Kirk está me
esperando na frente do elevador com um belo sorriso no rosto.

“Mon.”

“Boa noite, Sr. Kirk.” Eu o cumprimento. “Pensei que já tinha saído.”

“Fiquei esperando pela Sam. Fiquei sabendo por você que ela estava
doente, então fiquei preocupado com ela.”

“Entendi.”

Eu não entendo por que ele me esperou aqui. Sou apenas uma estagiária.

“Você a interpretou mal?”

“Não.”

“Você parece ansiosa.”


Olho maravilhada para ele. ‘Ansiedade’ é tão diferente do sentimento que
eu tenho por ela.

“Não, nós não nos conhecemos… e eu não estou ansiosa.”

“Acredite em mim, Sam está interessada em você.”

Mesmo que não tenha sido palavras especiais, me deixa envergonhada e


meu rosto fica vermelho. Que sentimento é este?

“Pode ser porque você fez o bem para ela. Ninguém fez isso antes.
Quando alguém faz algo bom para ela, ela fica estranha.”

“Estranha?”

“Não sei como exemplificar. Ela já fez algo estranho para você?”

Estou tentando reconhecer as figurinhas no Line da noite passada e as


toneladas de bebidas na minha mesa esta manhã. Além disso, teve os
vidros em modo claro e o sorriso dela.

“Algumas vezes. Hoje ela me deu várias bebidas.”

“Sério?” O Sr. Kirk ri. “Vocês duas já brigaram antes?”

“Ela me chamou para me culpar.”

“É porque você está tentando ser amiga dela.”

Eu levanto a cabeça para olhar nos olhos dele e concordo com a cabeça
com vergonha.

“Sam pode se sentir culpada e tentar reconciliar.”

“Ah é?”

Meu coração acelera quando escuto a palavra ‘reconciliar’. Deve ser


usada entre amigos ou amigos próximos. Mas eu não sou sua amiga,
apenas uma estagiária. É estranho…

Ai, meu coração errou as batidas.

“Ela é estranha assim mesmo. Você precisa interpretar o que ela disse.
Mas para ajudar a Sam a reconciliar e para fazê-la se sentir melhor, por
favor, nos deixe levá-la até sua casa hoje?”

Hmmm?

06
Dentro

Inesperadamente estou sentada no carro de luxo do Sr. Kirk, o dono da


empresa, e Khun Sam também está no carro. No caminho, fico frenética
sentada. De verdade, fico mais confortável pegando um ônibus para casa
do que neste carro de luxo.

“Sua casa é tão longe. Como vem trabalhar? Acorda que horas?”

O Sr. Kirk me perguntou após utilizar o Google Maps para estimar a rota.
Khun Sam está olhando de forma questionadora pelo espelho retrovisor
aguardando minha resposta, mas ela escolhe ficar quieta.

“Preciso acordar às 4h da manhã para tomar banho e me trocar. Então


saio de casa às cinco, e chego no trabalho às 7h. Logo depois tomo café
da manhã.”

“Meu deus. Que dureza. Parece um jogo de sobrevivência. É tão longe,


por que não procura um emprego mais perto da sua casa?”

Porque perto da minha casa, não tem a Khun Sam. De qualquer forma,
mudei de ideia agora.

“Estou pensando nisso.”

O silêncio fica ensurdecedor entre nós. Khun Sam olha para mim e diz
algo.

“Se você pensa assim, por que se candidatou na empresa? Faz outras
pessoas perderem a oportunidade de trabalhar aqui.”

Ela disse isso de forma fria e sarcástica.

“Desculpa.”

“Por que está pedindo desculpas?”

“Parece que te deixei nervosa de novo.” Disse isso com a voz tremida e
volto a olhar para minhas mãos sobre meu colo.

“Eu não fiquei com raiva.”

Mas sua voz não mente. O Sr. Kirk viu a situação piorar, então ele tosse
para nos interromper.
“Sam não ficou brava com você. Se ela estivesse brava, não estaria no
carro comigo para te levar para casa. Normalmente, ela voltaria para a
casa dela imediatamente.”

Khun Sam olha ofensivamente para seu namorado. O Sr. Kirk está
tentando melhorar a situação, mas não está ajudando.

Cerca de uma hora e meia depois de rastejarmos na estrada, o carro para


na frente da minha casa. Khun Sam e o Sr. Kirk olham para minha cerca e
perguntam:

“Em uma capital como Bangkok, como pode haver uma casa de madeira
fofa como nas séries?”

“É bem antiga, nada fofa.”

“Assustadora!” Ela olhou para minha casa e disse calmamente.

“No meio da noite haverá algum barulho como se alguém estivesse


andando, e terá algo rastejando do porão até debaixo da cama de
madeira…”

“Sam, esta é a casa da Mon.” O Sr. Kirk interrompe enquanto ela imagina
coisas. “E a Mon mora aqui. Você disse que a casa é assustadora. Como
ela vai se sentir?”

“Tem algum buraco debaixo da sua cama, coelhinha? Cuidado se algo


rastejar para fora…”

“Não, não tem nenhum buraco debaixo da minha cama.”

“Ótimo, porque é assustador. Se algum dia você estiver na cama e por


acaso cair, haverá uma mão longa no buraco esperando para te puxar.”

“Sam, a casa da Mon não é mal-assombrada.”

Eu olho para ela um momento e penso o quão fofa ela é. Mas finjo estar
desapontada quando lembro o que ela disse dentro do carro.

“Então, é melhor eu entrar na minha casa agora. Muito obrigada aos dois
por me trazerem até aqui.”

Eu saio do carro. Nop, que estava esperando na frente da minha casa,


está me chamando surpreso por eu ter saído de um carro de luxo.

“Por que voltou neste carrão?”

“Meus chefes me trouxeram para casa.”


“Eles são tão gentis… Boa noite.” Nop os cumprimenta. O Sr. Kirk abaixa
os vidros. “Obrigado por trazer a Mon para casa.”

“Não foi nada. Temos que nos reconciliar com ela por causa dessa
garotinha.” O Sr. Kirk sorri e olha para a Khun Sam. “Ela não sabe como
reconciliar, então tive que fazer isso por ela.”

“Falador, podemos voltar agora?”

O Sr. Kirk sorri e pisca os olhos antes de sair.

Nop me olha confuso por não saber de nada.

“Reconciliar?”

“Eu não sei.”

“Então, por que voltou com eles?”

“Eu não sei bem o motivo. Não foi confortável naquele carro.” Eu suspiro
fundo. “Provavelmente vou sair daquele trabalho.”

“Por quê? O trabalho não é fácil, porém a Khun Sam está lá.”

“Ela será o motivo de eu sair daquele trabalho.”

“Hein?”

“Preciso ir.”

“Por que está brava comigo?”

Eu o respondo com silêncio. Sinto que não sou legal com ele, apesar
disso, ele estava preocupado e me esperando. Mas não estou de bom
humor agora, mesmo tendo estado no mesmo carro que a Khun Sam.

Essa coisa estranha entre a Khun Sam e eu não acabou. De noite,


continuo recebendo figurinhas no Line dela, sempre 1h da manhã. Esta
noite, eu não ligo o modo silencioso, porque quero saber se a Khun Sam
vai me mandar figurinhas ou não…

Por que acho que uma mulher má como ela me mandaria figurinhas de
novo?… E ela manda. Eu apenas vejo suas figurinhas, mas não respondo.
Apenas para marcar como mensagem visualizada. E sim, Khun Sam
continua me mandando a cada minuto.

Chefe: Por que ainda não foi dormir?


Esta é a primeira frase que ela escreve após mandar dezenas de
figurinhas. Eu leio e fico confusa se devo ou não responder.

Doraemon: Alguém me manda figurinhas para me perturbar de


madrugada.

Minha resposta deixa o chat em silêncio por três minutos e finalmente


recebo uma resposta dela.

Chefe: Por que me respondeu?

Existe alguém assim? Olho para a mensagem e a respondo, mas não


imediatamente. O que estamos fazendo? Uma guerra psicológica via
aplicativo?

Doraemon: Fiquei com medo de você se sentir abandonada se te deixasse


falando sozinha.

Chefe: Cuidado se algo se arrastar do buraco debaixo da sua cama.

Eu sorrio para o celular e acho que conversamos mais, mesmo que


raramente olhamos uma para a outra ou conversamos no escritório.
Tirando hoje, que ela chegou na minha mesa com várias bebidas.

Doraemon: Rastejar debaixo da cama é melhor do que rastejar no teto.

Ela leu e ficou em silêncio por um longo tempo, agora estou preocupada
com ela.

Doraemon: Sua cama é de casal?

Chefe: Sim.

Doraemon: Quando virar para o outro lado, cuidado para não ver ninguém
estranho deitado ao seu lado… Tenha uma boa noite.

Rindo coloco meu celular de lado. Pela tela do celular ainda consigo ver
que ela está tentando me mandar algo. Mas eu não leio. Queria deixar
essa mulher solitária com medo após ter me deixado para baixo o dia
todo.

E funciona… na manhã seguinte quando vejo a Khun Sam, ela parece não
ter dormido nada. Mesmo de maquiagem, consigo ver que ela está
cansada. Quando ela entra no escritório, aperta seus olhos malignos
enquanto olha para mim, se encaminha na minha direção me encarando
de forma vingativa.

“Não leu minha mensagem noite passada?”


Eu sorrio de lado sem qualquer expressão no meu rosto.

“Estava com tanto sono e minha casa é tão longe daqui, então precisei
dormir.”

“Então, por que respondeu e conversou comigo?”

“Você falou comigo primeiro, certo?

“Então por que teve que falar que tinha um fantasma deitado ao meu
lado?”

“Você fez isso primeiro. Um monstro debaixo da cama.”

Estamos nos encarando como se estivéssemos brigando. Ela está


estalando a bochecha. Então ela se vira.

“Hoje com certeza terei dor de cabeça porque não dormi.”

Após dizer isso, ela se encaminha imediatamente para a sala dela e muda
o modo das paredes para o fosco, para manter a privacidade. Além disso,
uma coisa que eu sei mais que as revistas, é que ela tem medo de
fantasmas. E pelo que vi nesta manhã, ela não dormiu noite passada.
Com certeza vai ficar doente.

Não… não vou me preocupar. Ela vai me culpar por tentar me aproximar
dela.

Mas hoje a chefe M. L. está mais quieta do que de costume, mesmo na


pausa do almoço ela não sai para almoçar. Enquanto todos saem,
continuo fingindo estar ocupada com meu trabalho e espero todos irem.
Quando não tem mais ninguém no escritório, vou ver a Khun Sam. Como
ela está?

Toc toc toc…

Sem resposta. Primeiro, penso em voltar para minha mesa, mas então
junto toda a minha coragem por um momento para abrir a porta, só uma
frestinha. Vejo a Khun Sam deitada no sofá, ela está com a mão sobre a
testa para esconder os olhos da luz.

Dor de cabeça por não ter dormido noite passada.

“Entre, se quiser.” Ela tira a mão da testa.

“Se escondendo como uma psicopata.”

“Não está conseguindo dormir?”


“É muita dor de cabeça para dormir. Quem será que causou isso?”

Eu entro, olho para ela com culpa, mas ajo como se não tivesse.

“Sim, quem será que causou isso?”

“Por que veio até aqui?” Estou atordoada. Enquanto procuro por uma
resposta, ela me interrompe.

“Está preocupada comigo?”

“Não.”

“Você até mesmo disse que se eu morresse na sua frente você ignoraria,
não disse? Como posso acreditar em você?”

“Então… É melhor eu sair.”

Olho para ela com raiva. E quando estou saindo, Khun Sam, que é difícil
de entender, diz algo no ar.

E o ar sou eu.

“Faminta.”

“…”

“Quero comer macarrão com frango frito de Nong Ann em Plubplachai


[uma área próxima a Bangkok] ou frango com arroz na Watergate.”

“…”

“Faminta.”

Estou respirando fundo e volto a olhar para seu rosto furioso, mas ela é
adorável ao mesmo tempo.

“É melhor chamar um serviço de entrega.”

“Eu quero comer esta noite, não agora. O restaurante de macarrão com
frango frito de Nong Ann abre a noite.”

“Certo, vou anotar que abre a noite.’

“Jantar sozinha não é legal.”

Isso é um convite? Eu reviro meus olhos e não sei como responder.


“Se eu comer e tomar um remédio me sentirei melhor e provavelmente
vou conseguir dirigir.”

“Bom para você.”

“É bem gostoso.”

“Aham.”

“É realmente muito bom.”

“…”

“Não apenas o macarrão com frango frito, tem wonton crocante, e se não
gosta dos dois, tem também suki seco…”

“Está me convidando?”

Eu a perguntei honestamente. E ela fica em silêncio por um momento.

“Não, não estou. Apenas fazendo uma análise, como os blogs de


culinária.”

“Foi uma boa análise. Agora é tarde demais para eu ir almoçar…”

“Ou quer ir comer macarrão vermelho perto de Sao Chingcha. É gostoso


também.

“Posso ir com você?”

Eu pergunto a ela para finalizar nossa conversa. Vergonha é tudo o que


tenho, mas agora já era.

“Viu. Você quer ir comigo. Vou deixar você ir comigo só porque pediu. Te
vejo no estacionamento à noite. Oh! Quando sair para almoçar, por favor,
compre algo para eu comer. Preciso tomar um remédio.”

Khun Sam coloca sua mão na testa de novo após terminar a conversa. Eu
fico abismada…

Existe alguma mulher assim?

07

Implorando
Como posso simplesmente sair para comer macarrão vermelho com a
Khun Sam?

Como marcamos para a noite, primeiro fingi ter esquecido e comecei a me


preparar para ir para casa, mas foi como se ela soubesse o que eu iria
fazer. Então ela me mandou uma mensagem.

[Te vejo no meu carro.]

Finalmente estou em seu luxuoso carro, o mesmo ao qual Nop e eu


estávamos falando naquele dia no ônibus. Não trocamos nenhuma
palavra até a comida chegar. Por que é tão difícil entendê-la?

“Khun Sam.”

Khun Sam deixa seu macarrão vermelho de lado e me olha com seus
lindos olhos castanhos.

“Hmm?”

“Você parece faminta.”

Ela disse que queria companhia para o jantar, então ao menos deveria
conversar comigo.

“E você não está comendo nada.”

Porque está muito picante. Fico apenas olhando com muita fome. Por
outro lado, Khun Sam coloca cada vez mais molho de pimenta, como se
não pudesse viver sem pimenta. Pelo que vi nas revistas, ela não pode
comer comida picante.

Por que somos tão diferentes?

“Está muito picante.”

“Está fraco.”

“Você vem aqui com frequência?”

“Não. Só quando fico com vontade de comer.” Ela coloca mais pimenta
enquanto responde. Está me assustando.

“Não é um tipo de comida que você come frequentemente.”

“O que quer dizer?”

“Presumo que você sempre frequenta restaurantes luxuosos e


renomados ou come algum tipo de comida especial da realeza.”
“Eu sou uma Mhom Luang. Mas não quer dizer que eu como comida da
realeza. Mhom Luang é apenas uma pessoa normal como todas as outras.

Ela dá mais algumas mordidas e então coloca os pauzinhos e a colher de


lado.

“Por favor, não conte a ninguém que eu comi aqui.”

“Eu não vou. Mesmo se eu contasse, ninguém acreditaria. Por que me


convidou em vez do Sr. Kirk?”

“Ele não gosta de comida de rua. E eu não como com frequência também.
Já fazia muito tempo desde a última vez. Você gosta de fazer perguntas,
hein?”

“Eu só quero conversar.”

Estou sendo intrometida de novo? Quando ela me vê olhando para baixo,


acerta minha perna com a dela por debaixo da mesa.

“Não estou te culpando de nada. Apenas respondi. Certo… Vá em frente,


fale comigo.”

Khun Sam se endireita na cadeira e estica a coluna. Ela está tão


determinada que me faz sentir desconfortável.

“Você está tão determinada em conversar. Não sei mais o que dizer.”

“Qualquer coisa. Fale comigo o que quiser.”

“Qualquer coisa?” Eu sorrio. “Você conhece o Templo Suthat?”

“Conheço. Não é longe daqui.”

“Conhece? Tem um restaurante famoso e tão popular quanto o Macarrão


Vermelho Tee. Fazem o delicioso Pad Thai Pratu Pi.”

“Eu conheço. Já provei. Quer ir lá comer? Podemos ir, mas


provavelmente teremos que esperar bastante, já que muitas pessoas vão
para Pratu Pi todos os dias.”

“Não, eu não quero. Só estava perguntando.” Me mexo para me sentir


mais confortável. “E… sabe por que chamam de Pad Thai Pratu Pi?”

“Não sei.”

“Porque no passado, eles chamavam aquela área de Pratu Pi (Portão


Fantasma). No Reinado do Rei Rama II, houve uma pandemia. Pelas
regras, não se podia queimar os corpos dentro da cidade. Então, levavam
todos os corpos para o Templo Suthat. A porta que eles usavam para
transportar os corpos era chamada de Pratu Pi. Havia muitos urubus por
toda a cidade. Por quê? Porque eles vinham pela comida. Quero dizer…
pelos corpos.”

Eu contei uma longa história sobre Pratu Pi e ela me ouviu atentamente,


então percebo o quanto ela é adorável. Antes do nosso encontro, eu
pesquisei onde ficava o Macarrão Vermelho Tee e acidentalmente li um
artigo sobre Pratu Pi. Tentei me lembrar de tudo só para contar para ela
como uma história de terror.

“E tem uma outra história sobre os fantasmas famintos do Templo Suthat.


Eles são muito altos, magrelos e suas bocas são tão pequenas, como um
buraco de alfinete. Eles saem à noite e fazem barulho. O barulho deles
parecem assobios.” Estou assobiando para mostrar a ela. “Além disso,
eles gostam de humanos que moram em casas enormes. Por quê?
Porque eles são perfeitos para que os fantasmas famintos consigam olhar
pelas janelas, por causa da altura deles…”

“Você conhece isso bem, tem um amigo fantasma?”

Opa…

“Não, não tenho. Estou apenas te contando uma história.”

“Não quero saber.”

“Então, que tal Mar Nak? [Uma famosa história tailandesa sobre
fantasmas.]

“Eu vou te bater.”

Khun Sam me olha com uma cara que me faz cair na gargalhada. Foi lindo
vê-la dizendo ‘Eu vou te bater.’

“Tudo bem. Não vou contar mais histórias de terror. Você está assustada
como uma garotinha. Tão fofa.” Continuo falando com ela enquanto tomo
água com canudinho. Ela estala as bochechas e diz.

“Não me chame de fofa.”

“Então, devo chamar de quê?”

“Linda.”

Sufocante!
Me engasgo com a água. Um pouco da água acaba espirrando no rosto
dela. Então ela pega um lenço de papel para limpar o rosto e não esquece
de me dar um também.

“Não é legal cuspir na cara dos outros assim.”

“Me desculpa (Cof Cof).” Ainda estou tossindo. Ela franze o cenho
enquanto me olha com seus olhos castanhos. Se levanta e caminha em
minha direção e dá um tapinha de leve nas minhas costas.

“Você é velha demais para se engasgar.”

“Apenas fiquei surpresa por ter dito que é linda.”

“Todo mundo me chama assim.” Ela olha incompreensivelmente. “Acha


que estou brincando? Meus amigos sempre disseram que sou péssima
com piadas.”

“Não precisa brincar. Você é uma piadista por natureza. Lá no fundo…


bem no fundo mesmo.”

Melhoro do engasgo no mesmo momento que faço contato visual com a


Khun Sam, que continua dando tapinhas de leve nas minhas costas.
Ficamos nos olhando por uns dois segundos, então a senhorita fofa
estica as costas e diz:

“Melhor voltarmos. Estou satisfeita.”

“Certo, está tarde. Se ficarmos mais tempo, podemos ver um fantasma


faminto de verdade.”

“…”

Khun Sam não diz nada antes de sair para pagar a conta. Já são quase
21h. Quando estamos no carro, ela continua em silêncio. Então sou a
primeira a iniciar a conversa.

“Não precisa me levar para casa. É muito longe. Apenas me deixe em um


ponto de ônibus. É melhor.”

“Estou com dor de cabeça.”

“Sério?” Fico surpresa enquanto olho para ela.

“Você está bem?”

“Não estou.”

“Pode me deixar aqui. Assim você pode ir direto para sua casa.”
Ela não me responde e continua dirigindo.

“Minha cabeça está doendo muito.”

“Está indo para o hospital?”

“Devo ficar melhor depois que tomar um remédio.”

“Pois é, por isso que disse para me deixar aqui, daí eu pego um táxi. Vai
ficar caro, mas assim você vai chegar em casa mais cedo para
descansar.”

“Pegar um táxi é muito perigoso. Está muito tarde.”

“Mas minha casa é muito longe. Não será bom você me levar até lá.”

“Estou com muita dor… deve ser enxaqueca.”

Por que nossa conversa está em um loop? Ela parece que quer dizer algo,
mas se recusa a dizê-lo.

“O que devo fazer?”

“Não posso te levar até sua casa. É muito longe e perigoso para eu voltar
sozinha.”

“Então, você pode me deixar por aqui…”

“Está muito tarde agora.”

“Vou pegar um táxi.”

“É muito perigoso.”

“Certo, só me deixe aqui…”

“Estou com dor de cabeça.”

Meu Deus do céu” Estou falando com um robô? Não sei como lidar com
ela.

“Então, o que devo fazer?”

“Estou com dor de cabeça.”

Céus! Vou chorar de raiva. O que ela quer de mim? Devo fazer algo para
sair desse ciclo.
“Vou ficar na sua casa.”

“Você é tão gentil.”

No caminho para a casa dela, não falamos mais nada. Quando ela
estaciona o carro, olho para meu relógio antes de sair. São 22h agora.

Meu celular está tocando. É o Nop. Ele deve ter me esperado.

[Mon, cadê você? Está tarde.]

“Estou na casa da Khun Sam. Saímos para jantar e ela teve uma forte dor
de cabeça.”

[Ainda está aí? Vai voltar quando? É muito longe. Mon?]

“Não é muito. Vou pegar um táxi para voltar…”

“Dor de cabeça.” Ela me interrompe. “Vou morrer esta noite.”

“Está tão ruim assim?”

“Horrível, posso até vomitar. Isso acontece quando piora.” Ela está me
falando sobre seus sintomas e eu fico preocupada, enquanto Nop ainda
está na linha. “Mas você me disse que mesmo se eu morresse, você não
teria interesse. Por que sou tão miserável por viver aqui sozinha.”

Que história triste…

“Mas tudo ficará bem. Amanhã é dia de folga. Ficarei aqui sozinha se não
melhorar. Cuidarei de mim mesma. Eu consigo.”

“Espera aí, Nop.” Olho com empatia para a Khun Sam. “Está sozinha
aqui?”

“Aham, olhe as luzes. Estão todas apagadas. Não tem ninguém aqui.”

“Você está com dor de cabeça e vai ficar aqui sozinha, pobrezinha.”

“Ninguém cuida de mim.” Ela toca a própria cabeça.

“Coitada de mim, mas eu preciso permanecer forte, mesmo que eu caia


das escadas, me arrastarei de volta para cima.”

“Se não se importar, posso ficar aqui essa noite para te fazer
companhia?”

“Eu não me importo.”


Ela me interrompe enquanto estou falando, como se já estivesse
esperando por isso. Estou confusa agora, porque parece que a dor dela
passou.

“Vou avisar meu pai primeiro. Meu pai nunca me deixa passar a noite fora
de casa. Por que ele acredita que se uma filha dorme fora de casa,
significa que ela está com um homem.”

“Eu falo com seu pai para você.”

Ela pede meu telefone. Então, então peço para Nop entrar na minha casa
e passar o celular para o meu pai. Então Khun Sam fala educadamente
com meu pai. Finalmente, ela devolve meu celular.

“Seu pai está de acordo. Então você volta amanhã.”

“Ele concordou?”

“Sim.”

Ela entra em sua casa como se nunca tivesse tido dor de cabeça. Então,
ela se vira em minha direção.

“Mon.”

“Sim?”

“Você gosta de mim?”

Dou um passo para trás involuntariamente. Ela me olha e dá de ombros.

“Seu pai me contou. É meio estranho eu ter uma fã.”

Ela entra na casa e me deixa morrendo de vergonha do lado de fora. Eu


sabia que meus pais contariam se tivessem a oportunidade de falar com
ela. Khun Sam age como se tivesse me ganho.

Eu entro em sua casa. Uma luz branca de repente é acesa por ela. A
decoração da casa foi toda desenhada por um designer de interiores
profissional, preenchida com poucas mobílias. Menos é mais.

Parece bem o estilo dela…

“Hum. Vou dormir no andar de baixo.”

“Não.” Ela está subindo as escadas enquanto me olha. “Se você roubar
algo, como vou saber?”

“Não sou nenhuma ladra.”


“Eu não confio em você. Venha aqui. Fique no andar de cima comigo. Na
minha cama cabe mais um.”

Não sei por que fico com tanta vergonha quando escuto o convite dela.
Khun Sam, que viu que eu não me mexi, me provoca sem esboçar
nenhum sorriso.

“O que foi, minha fã? Por que não me segue?”

“Você está me provocando.”

“Estou surpresa em saber que veio trabalhar na empresa porque me


adora.” Ela está subindo enquanto fala. Estou olhando para a mulher
doente na minha frente e respiro fundo.

“Ouvi dizer que pessoas com enxaqueca não poderiam falar muito por
causa da dor forte, mas você…. parece diferente.”

“Sério?”

“Não está com dor nenhuma, né?”

“Não estou? Então por que te chamaria para cá?”

É minha vez. Eu sorrio e cruzo os braços enquanto continuo parada.

“Você está com medo dos fantasmas.”

“Não mesmo.”

Ela me responde brevemente. Me faz ter certeza do motivo real de eu


estar aqui…

“Então, vou dormir aqui. Neste andar.”

“Não. Você não pode.”

“Então…” Eu sorrio. “Implore.”

“Quê?”

“Implore para que eu suba as escadas com você. Então eu vou.”

Brigamos com os olhos por um momento, mas eu não resisto os olhos


poderosos dela, então desvio o olhar. Por quê? Eu sou aquela que
sempre a desafia, mas sempre acabo perdendo.

“Por favor.”
Quê?

Eu olho para cima. E ela está me encarando seriamente.

“Eu imploro para que você fique comigo esta noite, aqui no andar de
cima… Por favor.”

08

Uma mãe de caranguejos

Já estava além das minhas expectativas poder trabalhar no mesmo lugar


que a Khun Sam, mas dormir na mesma cama que minha referência em
educação e estilo de vida? Vou dizer a verdade, a casa da Khun Sam não
era o que eu esperava. Porque o estilo e tonalidade são tão diferentes do
que li nas entrevistas dela: diziam que o estilo dela é contemporâneo e
colorido.

Esta casa tem estilo contemporâneo, mas a cor é preenchida por um tom
de terra. A maioria das coisas aqui são cinzas. A única coisa colorida que
vejo nessa casa é um batom vermelho. Até o pijama dela que estou
vestindo, tem cor de terra.

“Você gosta de rosa?”

“Quê?”

“Sua calcinha diz que sim.”

Ela levanta a calcinha com dois dedos. Eu esqueci no banheiro. Me


apresso para pegar da mão dela. Que vergonha.

“Desculpa, esqueci no banheiro.”

“Só queria saber, então perguntei. Me questiono por que as garotas


gostam tanto de rosa.”

“Eu não quis dizer que gosto.”

“Não? Sua bolsa é rosa, o estojo do seu pó compacto é rosa, sua caneta é
rosa, tudo rosa.”

“Você me conhece bem.”

Ela para por um momento e sorri de canto de boca.

“Estou sendo sua fã, talvez.”


Até quando ela vai me provocar?

“Estou com sono.”

Coloco um ponto final na conversa, dobro minha calcinha, e coloco


debaixo do meu vestido do trabalho para esconder.

“Você vai para cama cedo. Normalmente você responde minhas


mensagens à 1h da madrugada.”

“Você me mandou mensagem primeiro, então respondi. É isso. Posso


dormir em qual lado?”

“Naquele lado.” Ela aponta o lado da cama próximo da janela. Eu olho


para ela e sei o que está pensando.

“Está com medo que os fantasmas famintos te olhem pela janela, né?”

“Eu vou te bater.”

Sou fuzilada pelo olhar dela. Não me assusta, mas começo a rir enquanto
me deito debaixo do cobertor branco, que faz parecer que estou dormindo
em um hotel. O cheiro leve e único dela faz meu coração acelerar.

O cheiro dela é tão bom.

Enquanto estou deitada na cama, ela anda de um lado para o outro à


procura de algo para fazer. Eu pergunto a ela:

“Não está com sono?”

“Não é minha hora de dormir.”

“Você dorme muito tarde. Deve ser o efeito da sua dor de cabeça.”

“Não consigo dormir sem remédio.”

“Isso não é bom para você. Venha, deite-se. Se eu dormir primeiro, você
vai ter que lidar com os fantasmas famintos sozinha.”

Ela resmunga alguma coisa e se deita na cama. Ela apaga a luz principal e
deixa o abajur da cabeceira aceso. Acho que essa luz vai nos atrapalhar a
dormir. Então, me atrevo a esticar o braço sobre ela para apagar o abajur.

“Eu vou ler um livro. Por que apagou?”

“Vai dormir. Você precisa dormir agora.” Tiro o livro das mãos dela e
coloco na cabeceira. Então puxo seu corpo para baixo para ela dormir.
“Você tem coragem. É assim que quer sejamos amigas, minha fã?”

Quando ela chama minha atenção, fico atordoada e me encolho como se


tivesse levado uma descarga elétrica.

“Desculpa.”

“Por que ficou chocada assim?” Ela estica o braço e me puxa para baixo.
“Você me disse para dormir, deveria dormir também.”

“S… Sim.”

Finalmente, Khun Sam e eu estamos deitadas juntas e confusas na cama


às 23h, de uma noite de sexta-feira. Deveria ser uma emoção, porque
estou me aproximando do ídolo que tanto adoro, mas estou em um lugar
estranho. Normalmente, costumo dormir rápido, mas a inquietação me faz
virar de um lado para o outro. Fico me revirando até que fico atordoada
com o rosto dela na minha frente.

Apesar de estarmos no escuro, minhas pupilas já estão adaptadas e


consigo ver seu lindo rosto claramente… E sim… Khun Sam ainda não
dormiu.

Palpitação, palpitação…

Meu coração acelera e fico preocupada que ela possa ouvir.

“É melhor eu dormir no chão.”

“Não é melhor.”

“Mas vou atrapalhar você a dormir, porque fico me revirando na cama.”

Khun Sam coloca seu braço sobre meu corpo para me segurar. Eu me
encolho.

“Se eu deixar meu braço aqui, você terá consideração por mim e sequer
vai se atrever a ir ao banheiro. Então, não vai poder se virar mais.”

“Você está trapaceando.”

“É tão bom ser menor. Conveniente.”

“Hmm… você é tão alta… tão alta quanto os fantasmas famintos do


Templo Suthat.”

Ela de repente me puxa para mais perto. Estamos próximas, tão próximas
que nossos narizes se tocaram. “Ah…”
“Se você falar de fantasmas famintos de novo, eu vou te morder.”

“O… Ok.”

Eu uso as duas mãos para me afastar gentilmente. Mas ela tenta me


abraçar mais forte.

“Se você se mexer, eu vou reduzir seu salário.”

“Não estamos perto demais? É estranho.” Tento dizer calmamente.

“Estranho como?”

“A verdade é que estou com vergonha. Estamos muito perto. Eu não vou
mais falar dos fantasmas famintos.”

Meu rosto está ficando quente. Ainda bem que a luz está apagada, senão
ela poderia ver meu rosto vermelho como um tomate. Minha voz trêmula
faz ela me soltar, mas ela não se afasta.

“Está excitada? É normal uma garota abraçar outra.”

“Não é estranho em um relacionamento de amizade. Mas nós… nós não


somos amigas. Eu não quero que você pense que estou tentando me
aproximar de você.”

“Você está pensando muito nessa palavra.” Ela disse, “É apenas uma
palavra.”

“Suas palavras são más para mim. Não quero que seja assim. Está tarde
agora. Melhor irmos dormir.”

Após terminar a conversa, tento me virar para o outro lado, mas não
consigo. Ela me prende com o seu braço e não é fácil sair de seu
controle.

“Não consigo dormir.”

“Ah… Então?”

“Me conte uma de duas histórias.”

“Hã?”

“… Me conte uma historinha para dormir. Vai me ajudar a dormir mais


rápido ou faça algo que me faça esquecer dos fantasmas famintos da
janela. É culpa sua.”
Certo. Se eu não tivesse falado dos fantasmas famintos, não teria
terminado assim e eu estaria na minha casa sã e salva. Quanta
responsabilidade… Ok, vou tentar.

“É uma história sobre uma família de caranguejos, uma Fábula de


Esopo.”

“Vá em frente.”

“Há muito, muito tempo atrás…”

“Por que as histórias sempre começam com ‘Há muito, muito tempo
atrás’? Por que não falamos do presente? Que obsoleto.”

“Certo, eu vou. No presente… não há muito tempo, está bom assim?… É


sobre a história de um caranguejo.” Recebo um suspiro de insatisfação.
“Havia a mãe de um caranguejo eremita…”

A Fábula de Esopo é simples. Pelo que sei, a história era sobre a mãe de
um caranguejo eremita que queria ensinar a seu filho a andar para frente,
não para o lado. Mas a mãe do caranguejo também não podia andar para
frente. A moral da história é ‘Não diga aos outros o que ser, a menos que
você seja um bom exemplo’.

E quando a história está perto do fim.

“A moral da história é…”

“Continue andando para frente, mesmo que não consiga, ou sua mãe vai
te bater.”

“…”

“…”

O que ela disse me faz rir alto descontroladamente. O que eu vi dela até
agora, não pude achar nas revistas.

“Disse algo errado?”

“Ahh…” Não consigo parar de rir. “Essa não é a moral da história.”

“Você é uma péssima contadora de histórias!”

Ela vira para o outro lado quando vê que eu estava rindo. Quero pedir
desculpas, mas não consigo parar de rir dela. Descobri que ela é fofa
demais quando está brava. Preciso me desculpar.

“Khun Sam, não queria rir de você. Me desculpa, mas você é tão fofa.”
“O que você fez é o mesmo que meus amigos fazem. Eles dizem que sou
difícil de entender.”

“Não é bem assim… Oh…” Ela me empurra com as costas. Então, eu a


seguro firme. Se eu cair da cama, ela vai cair comigo.

“Vai parar de rir?”

“Eu vou, eu vou… Eu vou cair… Se eu cair, você vai cair comigo e vai se
machucar.” Me seguro firme nela, quero vencer essa batalha, mas ela
também. E finalmente…

Estrondo!!!

Nós duas caímos da cama. Minha cabeça bate no chão, Khun Sam corre
para me ver depois de acender a luz.

“Você está bem? Ouvi sua cabeça bater no chão.”

D… Dói.”

“E o chão?”

“Khun Sam!”

“Estou brincando.” Ela disse enquanto segura minha cabeça com as duas
mãos. “Melhora seu eu soprar sua cabeça assim?”

Estou atordoada pelo cuidado dela. Agora ela está cuidando de mim
como se estivesse cuidando de uma criança. Ela sopra minha cabeça.
Então me olha nos olhos e o mundo parece ter parado por alguns
minutos.

Palpitação…

Palpitação…

Meu coração…

“… quando olho nos seus olhos…”

“Sim.”

“Meu coração acelera.”

09

A gangue
Ficamos olhando uma para outra debaixo da luz quente. Khun Sam está
tão perto, meu coração está batendo cada vez mais rápido. Vou desmaiar
a qualquer momento. Ela está perto e me encarando com seus lindos
olhos castanhos. É como dizem: Estou derretida como um sorvete no
verão.

“Está com sono, coelhinha?”

“S… Sim.”

“Tem remela no seu olho.”

“Sério?!” Com vergonha, limpo meus olhos imediatamente. Khun Sam


está voltando para a cama. Então ela se deita em um lado e vira de costas
para mim. “Não tinha nada. Está brincando comigo?”

“Vou dormir. Tenha uma boa noite.”

Quê? Por que ela é assim? Eu olho confusa para ela, desligo o abajur e
me cubro com a coberta.

Bem, o que aconteceu? Eu não sei como explicar…

Na manhã seguinte…

Acordo com a luz vindo da janela. Me apresso para levantar e percebo


que não é minha casa. O barulho do chuveiro do banheiro também me
acorda.

Ah… Não estou sonhando. Eu passei a noite aqui na casa da Khun Sam e
estou deitada na cama dela.

Estou animada e confusa ao mesmo tempo, mas logo passa quando Khun
Sam sai do banheiro vestindo uma camiseta cinza e calça de moletom
azul marinho.

“Você acorda tarde. Você tinha dito que acorda todos os dias às 4h da
manhã para ir trabalhar, parece que não é verdade. Mentiu para mim,
coelhinha?”

“É por sua causa… Por que acordou tão cedo?” Estou olhando para os
olhos cansados dela, mesmo que ela tenha acabado de sair do banho
seus olhos castanhos não mentem. “Você parece cansada, como se não
tivesse dormido direito.”
“Ninguém conseguiria dormir do seu lado, coelhinha. Você ronca
dormindo, parece um trovão.”

“Você já viu um trovão?”

“É como na Fábula de Esopo.”

“Tem trovão na história?”

“Tem uma mãe caranguejo falante, por que não poderia ter trovões?”

Por que eu tive que acordar cedo para discutir sobre como ronquei ontem
à noite? Então, encerro a conversa indo para o banheiro, mas…

“Você pode vestir minhas roupas. Não é bom vestir a sua de novo.”

“Não é bom? Por quê?”

“Não estão limpas. Não é bom vestir roupas velhas e sujas.”

Certo… Eu aceno com a cabeça em resposta, mesmo que ainda esteja


confusa. Tomo um banho de 15 minutos e escovo os dentes com uma
escova nova que ele deixou para mim, então me dirijo para o guarda-
roupas dela. Dentro só tem roupas em tons cinza.

Qual é vermelha? Cadê as roupas vermelhas?

As revistas diziam que ela gostava de vermelho…

Eu pego uma camiseta e um moletom casual combinando com o estilo


dela. Não seria apropriado vestir um jeans. Quando saio do banheiro, ela
me olha por um momento e diz.

“Você está brincando comigo.”

“Ah… são as roupas em tons cinza do seu guarda-roupa. É seu estilo,


como eu me atreveria em brincar com isso?”

“É confortável.” Ela passa por mim em direção ao banheiro, pega e veste


uma jaqueta esportiva. “Viu? Somos diferentes. Não estamos vestidas
como casal agora.”

Fico com vergonha após ouvir o que ela disse. Por quê? Por que estou
com vergonha? É porque estamos vestidas como um casal.

Enquanto estou desconfortável, o telefone dela toca. Ela olha para ele,
parece reconhecer alguma coisa e volta a olhar para mim.

“Esqueci que tenho um encontro com amigos hoje.”


“Tudo bem. Posso pegar um táxi para casa…”

“Não está com fome?”

“Estou bem.”

“É de graça!”

“Também é de graça lá em casa. É melhor eu comer lá.”

“E é deliciosa.”

“Minha mãe também cozinha bem.”

“Também é bem caro.”

“Mas…”

“Você é pobre, né?”

Céus…

“Você quer que eu vá com você?”

“Apenas te informando.”

“Eu não quero…”

“É bem caro. Você não poderia comprar. Eu vou pagar para você.”

“Então vou com você.”

“Você é tão interesseira.”

Quê?…

Eu já sabia, se tentasse evitar a conversa, ela entraria em loop. Como na


situação do carro noite passada. Sinto que a conheci mais. Ela nunca vai
dizer o que tem em mente. E eu tenho que ser a perdedora na conversa
em loop.

Esplêndido…

“O restaurante não é longe daqui. Vamos a pé.”

“Podemos ir a pé?”
“Nunca tem vaga para estacionar. Se eles tivessem marcado o encontro
longe daqui eu não iria.”

“Por que não os recebe em sua casa?”

“Não gosto disso.”

Então, por que passei a noite toda na casa dela? Deve ser porque ela
estava com medo dos fantasmas famintos, então ela me pediu para ficar.
Porém, eu não pergunto e sigo seus passos.

“Por que está andando atrás de mim? Venha, caminhe ao meu lado.”

“C… Certo.”

Ela para de caminhar e me espera. Caminhamos juntas em silêncio até


chegarmos ao restaurante. Eu não diria que é longe, não caminhamos
muito. Há muito restaurantes por aqui.

Paramos na frente de um restaurante japonês que parece abrir no almoço.


Tem apenas um pequeno grupo de clientes barulhentos lá dentro. Eles
param assim que a Khun Sam entra.

“P. P. chegou… Oh, quem é ela?”

Todos estão olhando surpresos para mim. Khun Sam olha para mim e me
apresenta brevemente.

“Minha subordinada do escritório. Ela pode nos acompanhar?”

Elas se olham antes de puxarem uma cadeira para mim. As amigas da


Khun Sam são gentis comigo. Uma de suas amigas é atriz. Ela é amiga da
Khun Sam desde o ensino médio. Me lembro dela porque a via com
frequência com a Khun Sam e minha mãe que disse que ela é uma atriz.

“Qual o seu nome, subordinada da P. P.?

A amiga atriz da Khun Sam, que se chama ‘Kate’, me perguntou. Uma


delas tenta pará-la com um tapinha.

“Não seja obscena com ela. Ela não sabe o quanto somos obscenas…
Qual o seu nome, querida? Você é tão fofa.”

Também me lembro dessa mulher. Ela é uma lésbica linda e era bem
famosa na época da escola. Além disso, ela também é herdeira de um
bilionário.

… Significa que eram amigas da Khun Sam no ensino médio.


“Eu sou a Mon.”

“Seu nome é lindo como você. Então, como você chegou até a P… ela?
Ah, eu sou Kate, pode me chamar de Kate. Deve saber meu nome por
causa da minha popularidade.” Ela se gaba e sorri. Ela é tão quieta nas
telas, mas tão amigável no mundo real.

“Sim, eu conheço.”

“Eu sou a Tee” uma linda mulher se apresenta antes de apresentar outra
pessoa “E esta é a Jim.”

“Eu mudei… Me chame de Martha.”

“Céus! Nada a ver… de Jim pra Martha, inaceitável.”

Eu olho para elas e meu rosto está ficando vermelho porque elas estão
conversando informalmente. Eu não sei que nível de linguagem utilizar ao
falar com elas. Elas se formaram na mesma escola que a Khun Sam,
significa que são de famílias da alta sociedade, da família real ou de
alguma família famosa.

Pelo que vi até agora, elas são comuns.

“Sejam educadas com ela, por favor, não sejam rudes.” Khun Sam chama
atenção das suas amigas, mas elas reviram os olhos.

“Opa! P. P. é uma boa mulher agora.”

“É melhor você me chamar de Sam. Bem, podem passar um cardápio para


minha fã?”

Todas estão brigando pelo cardápio. Finalmente, Kate pega. Ela passa
para mim sorrindo.

“Pode pedir o que quiser, a Jim vai pagar para a gente.”

“Eu já disse, me chamem de Martha.” (Bem, eu vou chamá-la de Martha)


Ela sorri docemente para mim e diz, “Vá em frente, fofinha. Eu pago, hoje
é por minha conta. É um ótimo dia.”

“Conte a ela… Hoje você vai nos dar os convites do seu casamento.” Tee
me fala sobre o casamento.

“Fico feliz por você.” Dou os parabéns a ela.

“Por que ficaria feliz por ela? Ela não se casaria se não tivesse
engravidado.” Khun Sam diz taciturnamente. Martha enfia o dedo na
própria bebida e espirra na Khun Sam.
“P. P.! Mon acabou de me conhecer. Me respeita.”

“Pare de me chamar de P. P.”

“Kate, me passa o cardápio. Vou pedir para nossa P. P.” Já que a Martha
é a anfitriã do dia, Kate passa o cardápio para ela e pergunta a Khun Sam.
“O que quer comer?”

“Tanto faz, eu nunca recebo o que quero.”

“Quer este… Sushi de polvo?”

“Perfeito.”

“Certo. Não vou pedir isso.” Martha sorri e olha outra página. “Que tal
este, sushi de atum?”

“Parece bom.”

“Não vou… e que tal este, salada de camarão?”

“Mais ou menos.”

“Ok, então não. Isso são ovos de ouriço-do-mar, como no filme Fanday.”
(Nome de um filme tailandês)

“São feitos de testículos de ouriço-do-mar, não são?”

“Talvez sim. Você quer?”

“…”

“…”

“Não.”

“Ótimo, vou pedir este prato.”

Todas aplaudem animadas. Khun Sam cruza os braços e olha para todas
sem dizer nada. Enquanto a mim, é melhor ficar em silêncio e me
solidarizar com a Khun Sam, que está sendo provocada pelas amigas.

“Irritantes… Vou ao banheiro. Volto logo.”

Após Khun Sam ir ao banheiro e me deixar sozinha, todas olham para


mim e depois para seus relógios antes de dizer:

“Quanto tempo a P. P. vai demorar no banheiro?”


“Ela não se maquiou. Deve demorar uns 5 minutos.”

“Jim, você precisa fazê-la ficar lá por uns 8 a 10 minutos. E Mon, vou te
perguntar uma coisa.”

“Sim?” Olho para ela e me sinto insegura. O que aconteceu? “O que foi?”

“Você e a P. P., qual o relacionamento de vocês?”

“Hã? Eu sou apenas subordinada dela.”

“Sério? Por que está usando as roupas dela? Eu me lembro desta cor.
Vocês duas estão parecendo um casal.”

“Ahhh…” Eu fico pensando por um momento e respondo com a verdade.


“Noite passada fiquei na casa da Khun Sam, ela teve dor de cabeça.
Então, fiquei com ela.”

“Vocês duas dormiram juntas? Ela deixou você entrar na casa dela?” Tee
cruza os braços e me olha surpresa após ouvir minha resposta. “Eu, que
sou amiga dela há 10 anos, nunca entrei na casa dela. Mesmo quando
marcávamos algo, nos encontrávamos do lado de fora. Ela tem medo da
gente destruir a casa dela.”

“Ahhh… Eu não sei.”

“Apenas uma subordinada, sério?”

“Claro. O que mais eu poderia ser?”

“Esposa… Ah… Ou marido… mas suas unhas são bem longas.” Kate fala
animada. Mas enquanto estou hesitante em dizer algo, ela levanta a mão e
coça a cabeça. “Por que complicar isso? Você é namorada da P. P.?
Apenas responda sim ou não.”

“Não. Sou apenas uma subordinada. Não estou mentindo para vocês.”

“Pode ser verdade. P. P. não sabe como fazer isso.” Tee responde “Ela
não é lésbica, sabe? Como a Jim se atreve a dizer que a Mon é igual a
ela? Repugnante.”

“Tudo é possível. A Mon é tão fofa. A propósito, não rolou nada na noite
passada?”

“Eu sou uma garota. Como rolaria?” Eu disse isso porque realmente não
sei o que poderia ter acontecido. Todas se olham para encerrar a
entrevista.

A guerra acabou.
“É estranho. P. P. deixou alguém entrar na casa dela.” Kate continua
confusa enquanto as outras permanecem em silêncio, então pergunto.

“É tão estranho assim? Apenas passei a noite.”

“Claro. Ela não deixa ninguém entrar. Ela tem o próprio espaço. Este é o
motivo de todas nós estarmos surpresas… Ela normalmente não nos
apresenta ninguém, mas apresentou você. Deve ser porque ela não quer
que ninguém veja a sua realidade.”

Sim, também estou surpresa.

“Até mesmo o Sr. Kirk, nós ainda não o conhecemos.” Tee disse.

“Sério?” Interessante. “Que estranho.”

“Sim, é bem estranho.”

“Mas P. P. sempre age de forma estranha e nunca sabemos o que ela está
pensando.” Tee toca o queixo suavemente. “Ela é uma pessoa difícil e
não diz o que pensa… É complicado. Você não entende por que não é
próxima dela.”

“Ela é difícil?”

“Você não viu? Ela nunca diz o que quer. Ela evita chegar ao ponto, mas
fica dando voltas no tema. No fim, ficamos sob o controle dela e fazendo
o que ela quer. É como uma ditadora que pega leve.”

Acho que vi mais que isso.

“Mas a entendemos. Ela cresceu sob muita pressão, não consegue ser ela
mesma, não consegue ser o que quer. Então, ela é do tipo que fica dando
voltas no tema… Viu? Quando pedimos comida parecia que estávamos
provocando-a, mas na verdade estávamos ajudando-a a escolher.”

“Hmm?”

“Se ela disser que sim ou perfeito, significa que ela não quer. Pelo
contrário, se ela disser que não é bom ou não, significa que ela quer, mas
ela não quer me mostrar o que realmente quer.”

Isso é algo que eu nunca soube. Existe mulher assim?

“Sim. Quando estávamos na escola, comemos comida de rua – salada


picante de papaia. Enquanto estávamos comendo, ela não parava de dizer
que não estava limpo e blábláblá. Mas no dia seguinte, a vimos comer.
Quando ela foi pega, fugiu do assunto, dizendo que seu corpo estava
muito limpo e que deveria comer algo sujo das ruas para balancear seu
sistema imunológico.” Tee ri enquanto fala de suas memórias de infância.
No meu caso, também sorrio porque achei a história fofa.

“Vocês a conhecem bem.”

“Claro. Somos amigas há muito tempo, então a conhecemos bem. Ela é


do tipo que mais adoramos provocar neste mundo. Não importa o que a
gente faça, ela não fica brava ou não sabemos se ela está, porque seu
rosto não muda de expressão. Só sabemos que ela é fofa, se não fosse
minha amiga eu a paqueraria.”

“Então, por quê?” Me sinto um pouco envergonhada em fazer esta


pergunta, já que estou sentada neste restaurante. “Por que vocês a
chamam de P. P.?

“Pelos pubianos?”

Kate responde sem hesitar. Mas é difícil para mim repetir essas palavras
em voz alta, mesmo sabendo do que se trata.

“Hein?”

“Nós a chamamos de P. P. … Significa pelos pubianos. Apenas um


apelido que demos a ela quando éramos mais novas.

“Quando a chamamos assim pela primeira vez, ela não ficou brava.” Tee
ri. Kate me conta mais para entender a história.

“Primeiro, ninguém gostava dela porque achávamos que ela seria


arrogante por causa do seu status de Mhom Luang… Mas depois
percebemos que ela é uma garota legal… Nossa! Perdemos a hora, ela
está voltando. Rápido, me passa seu número.” Kate disse. “Você tem
Line? Vou te adicionar.”

“Ah… Ok.”

“Rápido!” Eu, forçadamente, dou meu número de telefone para elas. Elas
correm para salvar e piscam para mim. “Obrigada, o que quiser saber eu
te falo pelo Line. A propósito, vamos fazer uma brincadeira.”

“Brincadeira?”

“Quero saber o que ela sente por você. Ela está voltando.”

Khun Sam volta, e quando ela vê que Tee está sentada ao meu lado, ela
puxa a amiga e a coloca no lugar dela. E então ela se senta ao meu lado.
Kate e Tee se olham por um momento e perguntam.

“P. P.”
“Meu nome é Sam.”

Mesmo ela tendo avisado, elas ignoram e continuam a chamando de P. P.

“Você acha a Mon fofa?”

Que pergunta louca é essa? Khun Sam olha para suas amigas por um
momento e olha para mim com um sorriso para baixo.

“Não, ela não é nada fofa.”

“Não gosta dela?”

Khun Sam fica em silêncio por um momento, então responde com clareza.

“Hum, eu não gosto.”

As amigas dela sorriem. Eu também, pois acabei de receber a informação


de que ela é do tipo de pessoa que diz o oposto do que pensa.

Palpitação…Palpitação…

10

Justiça

Não sei o porquê, mas olho para baixo para evitar o olhar dela. As amigas
dela continuam sorrindo para mim.

“A comida ainda não chegou, hein? Foram caçar os ouriços-do-mar


agora?”

“Seja paciente, P. P. Pedimos muita coisa, então temos que esperar.”


Kate responde para acalmá-la. Khun Sam continua inquieta. Ela está
olhando para mim.

“Está com fome?”

“Não.”

Não muito depois, um garçom se aproxima. A mesa está cheia de pratos


deliciosos. Vale o registro para as redes sociais. Todas pegam os
celulares e tiram fotos para postar em suas redes sociais, exceto Khun
Sam.

“Não quer tirar uma foto?”


“Não, não quero. Para quê?

“Mon, P. P. não faz essas coisas. A única coisa que ela faz é comer. A
propósito, é melhor atualizar suas redes, ou os fãs que te seguem ficarão
desapontados… Sorria para a câmera, P. P.”

O rosto sério da minha chefe diz que ela está irritada, mas continua
sorrindo para a câmera. Desde que conheci a Khun Sam, a vi sorrir
apenas uma vez no escritório e aquele sorriso estava assustando a
equipe. E agora ela está sorrindo da mesma maneira.

Um sorriso falso. Tão diferente de 10 anos atrás.

“Certo. Vou postar primeiro.”

A foto da Khun Sam é postada. Eu pego meu celular para ver a foto dela.
Me pergunto o motivo da foto ter sido postada na conta da Khun Sam, já
que a Kate tirou com o próprio celular.

Ela não tocou o celular ainda.

“Como você tem acesso a conta da Khun Sam?”

Kate responde com um sorriso enquanto aproveita seu prato.

“Eu sou a dona da conta dela no Instagram.”

“Hã?”

“Você segue esta conta? Não faça isso. É tudo falso. Fui eu que postei
aquilo tudo.”

Pisco meus olhos em surpresa. É difícil entender. Tee, que me vê


confusa, tenta me explicar.

“P. P. não sabe usar redes sociais. Apenas o app da Line, que ela criou
sozinha para conversar com a gente. Além disso, gerenciamos a conta
por que ela é da alta sociedade… Viu? No Instagram dela tem muito
conteúdo de trabalho, pouca coisa pessoal… E todas as informações nas
revistas são falsas.”

Chocada…

Olho para Khun Sam. Ela ergue a sobrancelha.

“O que foi?”

“Tudo o que você disse para as revistas são…?”


“Não é meu.”

Chocada em dobro! Certo, minha cabeça está em branco agora. Estou


tentando entender tudo. Eu segui a vida dela e todas as informações que
li nas revistas, mas agora tudo é falso. Preciso resetar tudo.

“Estou confusa.” Estou balançando a cabeça como se estivesse tentando


realocar a informação que acabei de receber. “Quer dizer que nada das
entrevistas é verdade?”

“Eu não quero contar a ninguém sobre minha vida. Não entendo por que
querem saber se prefiro gatos ou cães, cor preferida ou quais os meus
sonhos? O que ganham com isso?”

“Nossa P. P. vive em uma bolha. Eles apenas querem saber da sua vida
para se inspirarem.”

Eu mal me concentro no que elas estão dizendo, ainda estou chocada


com os 10 anos de informações falsas que coletei. Não vale mais nada
agora. Nada é real. O que está acontecendo?

“Então quer dizer que você não gosta de vermelho, não possui uma
escola de jardim de infância e não gosta de música R&B, né?”

Todas se olham porque parece que vou surtar a qualquer momento. Tee
me cutuca para lembrar minha mente de voltar ao mundo real.

“Você está bem, Mon?”

“De onde tirou essa informação?” Não respondo nada para a Tee e ajeito
meu cabelo. No que acreditei por tanto tempo?

“Nós criamos um perfil para ela. Queríamos que soubessem o quão legal
ela é, e sou eu que gosto de vermelho.” Kate levanta as mãos se
entregando.

“E eu que gostaria de ter uma escola de jardim de infância.” Tee responde


antes de apontar para a Jim.

“Eu gosto de música R&B… Ah… e prefiro gatos. A P. P. gosta de


cachorros.”

Khun Sam me olha com cuidado. Ainda estou chocada, então ela diz:

“Você sabe bastante sobre mim… Ah, esqueci que é minha fã.”

“Sim, sou sua fã. Então, é surpreendente para mim que tudo isso não seja
real.”
Eu respondo honestamente, sem hesitar, porque ainda estou chocada.
Kate me olha e pergunta:

“Mon, por que está tão interessada na P. P.?”

“Khun Sam é meu ídolo e minha inspiração de vida.” Eu a respondo.


Então, levanto minhas mãos e cubro meu rosto de tanta vergonha por
descobrir que tudo que eu sabia era falso.

“Mon ficou chocada a ponto de não fazer nada.”

“Ídolo? Como?”

Tee e Jim me perguntam interessadas. Khun Sam, que está perto de mim,
tira minhas mãos do meu rosto.

“Responda claramente. Fale com os outros olhando nos olhos.” Olho


para a Khun Sam e engulo em seco.

“Você é meu modelo a seguir desde quando estava na quarta série.”

“Hummm.” Khun Sam parece surpresa. “Quarta série?”

“Sim, me impressionei por você há muito tempo e desde então sigo sua
vida. Todas as entrevistas que você cedeu às revistas, eu recortava e
guardava na minha coleção.”

“…”

“Onde você estudou? Qual faculdade? Eu queria estudar na mesma


faculdade que você, me esforcei tanto para entrar.”

“Chegou a passar?” Tee pergunta atentamente. Eu aceno com a cabeça


em resposta.

“Consegui. Consegui sim.”

“Por que é tão obcecada com a P. P.? Existem tantas atrizes. Por que a P.
P.?” Jim parece mais animada que as outras. Ela corre para se sentar ao
meu lado, como se não fosse ouvir de onde estava.

“Ela sorriu para mim quando éramos jovens.”

“P. P. sorriu para você? A nossa P. P.?” Kate está perplexa, assim como a
Khun Sam.

“Quando?”
“Quando eu estava na quarta série… Khun Sam não deve se lembrar.
Naquele dia, ela carregava um cão chamado Tigre em seus braços
quando foi ver minha mãe. Ela estava chorando porque não poderia levá-
lo para casa. Minha mãe era zeladora.”

“Eu me lembro.” Khun Sam me olha em choque. “Espera! Você é aquela


garotinha?”

“Sim. Sou eu. Você sorriu para mim e esfregou minha cabeça
suavemente. Eu nunca me esqueci daquilo. Estou impressionada por
você desde aquele momento.” Olho para a Khum Sam. O rosto dela não
está sério como de costume, mas sim em choque. “E estou perdendo
minha autoestima porque entendi errado tudo sobre você. Achei que te
conhecia bem… mais do que os outros, mas tudo o que eu sei é mentira.”

Khun Sam me olha nos olhos após ouvir o que eu disse. Deve ter sido por
causa da surpresa, mas ela de repente cai da cadeira.

“P. P.!” Tee corre para levantá-la enquanto ri. “O que foi?”

“Você está bem, Khun Sam?”

Tento ajudá-la, mas ela bate em minha mão. Mesmo que não tenha sido
forte, foi o suficiente para me parar. Todas estão se olhando e sorrindo,
principalmente a Kate.

“Uau… Vocês duas são interessantes.”

E o encontro acabou após Jim dar seu convite de casamento para todas
nós. Então, voltamos para casa. Khun Sam e eu andamos lado a lado,
mas estamos em silêncio. Antes eu estava chocada, agora estou com
vergonha. Foi porque falei demais da Khun Sam.

Ela vai me culpar por tentar me aproximar dela.

“Khun Sam.”

“…”

Khum Sam não responde nada, mas olha para mim enquanto coloca as
mãos nos próprios bolsos.

“Você gosta da cor cinza?”

“Sim.”

A mulher de rosto sério me responde brevemente. Então, volta a ficar em


silêncio. Ao menos agora sei que ela não gosta de vermelho. Isso é algo
verdadeiro que eu não encontraria nas revistas e resolvi perguntar.
“Significa que todo este tempo eu não sabia nada sobre você.”

“Tudo bem. Com o tempo você vai descobrir o que eu gosto e o que não
gosto.”

De repente, sinto borboletas no estômago ao ouvir isso. Ela está


deixando-me entrar em sua vida.

“Mon.”

Ela raramente me chama pelo nome. É estranhamente silencioso quando


escuto, então a olho nos olhos.

“Sim.”

Ela para de andar, me olha com atenção e mede minha altura com a mão.

“Você cresceu.”

“Hmmmm.”

“Mas só isso? Você continua baixinha.”

“Temos a mesma altura.”

“Não sou baixinha. Tenho 1,61 cm. Aquela garotinha cresceu.” Ela sorri e
me olha gentilmente.

“Deveria ter me dito que era filha da tia Pom.”

“Não queria que pensasse que estava tentando forçar uma amizade com
você. Você está na sua bolha. Mesmo quando te comprei remédio, você
me culpou por tentar me aproximar.”

“Eu não disse isso.”

“Sua ação disse. Então, decidi ficar quieta.” De repente, me lembro de


uma coisa e pego uma foto da minha carteira. É a foto do Tigre que minha
mãe tirou para ela.

“Aqui… minha mãe imprimiu para você.”

Ela pega a foto do Tigre, olha e sorri.

Palpitação…

Palpitação…
Meu coração acelera, então viro o rosto. O sorriso dela naquele momento
é o mesmo de 10 anos atrás. Não é o sorriso que vi nas revistas, nem de
quando estávamos com as amigas dela.

“Como ele está?”

“Ele morreu.”

Ela para por um momento e suspira.

“Já se passaram mais de 10 anos. Pelo menos ele teve alguém para
cuidar dele.”

“Sim. Eu era próxima dele. Sempre que o via, me lembrava de você.”

“Nos parecemos?”

Uma intérprete tão boa! Desde a história da mãe caranguejo da noite


passada.

“Ele te representava. Quando o via, me fazia lembrar do seu sorriso e da


sua pena por ele.”

“Por que está tão obcecada por mim?”

Ela não estava olhando para mim quando fez esta pergunta. Está com
vergonha. E consigo entender, também me sentiria assim se soubesse
que alguém é obcecada por mim.

“Se eu fosse um garoto, eu flertaria com você.”

Ela esconde o rosto com as mãos, mas continua me olhando entre os


dedos. “Não olhe para mim, por favor.”

“Hã?”

“Eu disse para não olhar para mim. Vai na frente.”

“O que foi?”

“Se não andar na frente, vou descontar do seu salário.”

Tão variável. Não respondo nada, mas vou na frente no caminho até a
casa dela. Quando estamos quase chegando, ela diz alguma coisa.

“Eu sei que você gosta de rosa.”

“Oi?” Olho confusa para ela. “O que você disse?”


“Você acabou de saber que gosto da cor cinza. E eu descobri que você
gosta de rosa. Estamos empatadas. É um jogo justo.”

“…”

“Então, gradualmente vamos aprender uma com a outra.”

Então, ela entra em sua casa sem dizer mais nenhuma palavra, me
deixando atordoada.

Por que meu coração sempre erra uma batida?

11

Decepção

A partir daquele dia, senti que posso me aproximar da Khun Sam e


conversar mais com ela. Porém, não falei para ninguém sobre nossa
intimidade. Tenho medo de ficarem com inveja.

Tenho que ter cuidado com os demais colaboradores. Apesar de termos o


mesmo salário, não possuem a mesma atenção da chefe… Algo assim.
Então, Khun Sam e eu decidimos não conversar muito no trabalho, mas
após o expediente, aproveitamos os doces momentos jantando comidas
deliciosas.

Chefe: Vamos para Serthai. [Uma área de Bangkok.] Tem um macarrão


maravilhoso lá.

Antes, Khun Sam não tinha ninguém para compartilhar seus pratos
favoritos, mesmo quando estava com suas amigas, ela não se atrevia a
pedir o que queria. Então, desde que me conheceu, ela parece aproveitar.
E mais uma coisa, estou tão feliz por me aproximar dela.

Khun Sam gosta da cor cinza.

Khun Sam se irrita com canções tristes.

Khun Sam dirige muito rápido.

Tudo isso eu não pude encontrar nas revistas…

Além disso, fui adicionada no grupo das amigas dela no Line. O nome do
grupo é…

Fofocas sobre a P. P.
Sim… Khun Sam não está no grupo porque ela é a P. P. No grupo estão
Tee, Kate e Jim, que vai se casar em breve. Todas são gentis comigo.

Tee: Estão indo para um encontro de novo? O que acham, meninas?

Kate: Vocês duas estão saindo bastante. Vão se casar?

Martha: Por que me dói tanto ver que vocês duas estão se dando bem?
Estou com ciúmes?

Elas sempre zombam de mim quando digo para onde vou ou o que vou
fazer com a Khun Sam. Por que elas são assim?

Eu sou uma mulher…

Doraemon: Khun Sam gosta de comer comidas saborosas. Mas


provavelmente não tem muitos amigos para acompanhá-la.

Kate: O Kirk não é namorado dela? Por que ela não o convida?

Leio furiosamente, mas não respondo nada. Khun Sam, que está
dirigindo, me olha e pergunta:

“O que aconteceu? Por que está tão quieta?”

“Nada.” Eu desligo a tela e a respondo. “Hoje vamos comer macarrão,


mas e amanhã?”

“Eu não sei, mas acho que nesse feriado vou te levar para Ayuthaya para
comer camarão de rio. É uma delícia.”

“Por que você não leva o Sr. Kirk?”

O Kirk não é namorado dela? Por que ela não o convida?

Era o que estava em minha cabeça antes de perguntá-la. Khun Sam


permanece em silêncio.

“Kirk não gosta de comer estas coisas. Ele prefere a culinária italiana.
Fico entediada.”

“Ele sabe que somos próximas?”

“Somos?”

Meus pensamentos são bloqueados por um momento e então sorrio para


ela, e ela sorri de volta e toca gentilmente a minha cabeça.
“Estou brincando. Se não fossemos próximas, não te traria aqui, minha
fã.”

A pequena mão em minha cabeça faz eu me sentir ótima e consigo sentir


o calor de suas mãos percorrendo meu corpo lentamente. Tento não me
mexer, pois tenho medo dela retirar a mão, mas logo depois ela volta suas
mãos ao volante porque está dirigindo.

“Estou tão feliz por ter me aproximado de você. Posso te chamar de P.


P.?

“Eu vou te bater!”

Fico em silêncio e me viro para o outro lado com vergonha. Estou


amando este momento.

Eu sei que estou com um pressentimento ruim e fica claro quando o


feriado chega. O dia em que nos encontraríamos para ir até Ayuthaya.
Khun Sam cancela o encontro por um motivo frustrante.

Chefe: Kirk me convidou para comer camarão do rio. Podemos ir em


outro momento?

Tudo o que consigo fazer é ler a mensagem. Estou chateada agora. Fico
irritada o dia todo.

Tee: P. P. cancelou o encontro. Estou tão brava com ela. O que você vai
fazer, Mon?

Kate: Se eu fosse a Mon, com certeza ficaria chateada. Me convida, mas


vai com outro.

Martha: Sério, ninguém está ligando para minha cerimônia de casamento,


né? Todas estão ocupadas com a P. P.?

Tee: Você já está grávida. Já era, sua cerimônia de casamento é apenas


uma festa superficial. O que você quer?

Martha: Tee… sou eu, Martha, sua amiga.

Tee: Bem. Você vai comigo se vingar da P. P.? Hoje estou livre.

Kate: Ei. Não se esqueça da nossa regra, não brinque com as amigas.

Tee: Eu não vou. Só quero sair para comer. Você e a Kate deveriam me
acompanhar.

Kate: Não estou livre. Tenho um ensaio fotográfico.


E parece que algo a fez mudar de ideia. O grupo ficou em silêncio por um
tempo. Finalmente, Kate volta a digitar.

Kate: Certo, eu vou. Quero vê-las.

Tee: Então eu vou buscar a Mon. Onde você mora? Me manda a


localização, por favor.

Tudo aconteceu muito rápido. Eu nem respondi que iria com elas, mas
não tive coragem para negar, porque quando estavam fofocando me
forçaram ao mesmo tempo. Finalmente, Tee chega em minha casa em seu
luxuoso carro. Agora meus pais olham confusos.

“Quem é aquela?”

“Amiga da Khun Sam.”

Eu entro no carro da Tee. Não sou muito próxima dela e me sinto


desconfortável, mas logo seu sorriso me relaxa.

“Então, você não estará sozinha hoje, não precisa se sentir solitária… Ao
menos você tem a nós.”

“Vocês são tão gentis comigo.”

“Acredite em mim, o que estamos fazendo não é para você. É porque


adoramos uma bagunça.”

Esta linda dama sorri. Chegamos ao restaurante. Kate está atrasada, ela
ainda está no estúdio. Então, estou com Jim e Tee.

“Do fundo do meu coração. Quando te vejo, fico tão chateada.” Jim diz
enquanto toma sua água fazendo barulho com o canudo.“Porque não sou
tão próxima da P. P.”

“Você está grávida, Jim.”

“Uma mulher grávida não pode sentir ciúmes?”

“Por favor, não tenha ciúmes de mim. Não tenho nada com ela.” Sinto que
minha voz embarga. “Você deveria ter ciúmes do Sr. Kirk.”

“Posso ver que você está chateada, não está? Mas eu entendo, somos
amigas. Sei o que você sente, estar com ciúmes de uma coisa
impossível… de uma pessoa impossível.”

“Não estou.”
Mas parece que ninguém acreditou em mim. Mesmo que a gangue da
Khun Sam pareça tão legal, elas escondem o jogo. É difícil lidar.

“Chegueiiiiii.” Kate chega e se senta ao meu lado. “Estou exausta, corri


para chegar até aqui. Olá, minha pequena Mon.”

Mas ela não me olha, está pegando o celular.

“Tee, encosta sua bochecha na da Mon agora.”

“Hã?”

Enquanto estou confusa, Tee me puxa e encosta a bochecha na minha.


Kate tira a foto que queria.

“Certo, vou te enviar a foto, Tee. Você precisa compartilhar no nosso


grupo do Line.”

“Aquele que a P. P. entrou? Beleza, me envia.”

Tee me afasta e foca em seu celular imediatamente. Agora olho para a Tee
e para a Jim repetidamente.

O que diabos está acontecendo?

Ding!!

Recebo uma notificação no meu Line no mesmo instante. Khun Sam me


enviou uma figurinha com uma cara brava sem nenhum texto.

Que…

“Quem mandou? Foi a P. P.?” Kate toma o celular da minha mão. “A P.P.
é a rainha das figurinhas? Insano.”

“É assim que ela fala comigo… Eu preciso interpretar. Parece que ela está
brava comigo.”

Tee olha para meu celular e sorri.

“Você interpreta bem. Ei, ela está digitando.

“Por que não me responde?”

Apesar de não ser um texto doce, fico com vergonha. Todas sorriem. Não
sei o que elas estão pensando agora.

“Hein… Posso pegar meu celular de volta?”


“Não, não pode.” Tee me responde.

“Ela sentiu algo.”

“Está com o namorado, mas manda mensagem para outra. O que mais
posso pensar? Mas ela não é lésbica… Como é possível? Quem vai ser a
esposa e quem vai ser o marido entre a P. P. e a Mon?”

Tee toca o queixo enquanto pensa. Eu, que ouvi tudo isso, estou tímida.

“M… meninas. Khun Sam… e eu…”

“Ela me mandou uma mensagem. Que empolgante.” Tee pega o próprio


celular para ler. “Ela apenas perguntou. ‘Onde você está?’”

“O que está fazendo? Não finja que sou invisível.”

Eu falo em voz alta. Todas me olham espantadas. Então falo comigo


mesma para me acalmar.

“Eu… eu só queria participar.”

“Desculpa, desculpa. Estamos nos divertindo com isso.” Kate sorri e


começa a falar comigo. “Só queremos provocar a P. P. Ela desmarcou
com você e saiu com outro. Queremos saber o que ela faria se você
fizesse o mesmo?”

“E a outra pessoa da Mon é a Tee, uma mulher maravilhosa, rica e


divertida.” Jim estende a mão para Tee.

“Uma garota quer alguém que não seja apenas rica e bonita, mas também
que nunca a engravide… como a Tee.”

“Eu… entendi.” Eu não entendi nada. “E qual foi a reação dela?”

“Foi o que você viu. Ela te enviou várias figurinhas.” Kate responde em
apoio. Mas eu ainda não entendo nada.

“É assim que ela me responde.”

“Só você.”

“Só comigo?”

Kate, Jim e Tee sorriem juntas.

“Ela só faz isso com você, apenas você. Interessante, né?”


O tempo passa, Tee me leva para casa. São quase 20h, mas quando
chegamos, nos olhamos. Tee está rindo porque viu o carro amarelo da
Khun Sam.

“O quão inteligente a Kate é? Consegue ler nossa P. P. tão bem.”

Fico surpresa quando vejo a Khun Sam. Tee sai do carro e Khun Sam me
pergunta em tom sério.

“Por que voltou para casa tão tarde?”

“A Mon não te contou que saímos para ver um filme e comer?”

Filme?

Eu olho confusa para a Tee e permaneço em silêncio. Khun Sam segura


uma embalagem nas mãos e entrega para mim.

“Comprei para você.”

“Merda. Não te avisei que também comemos camarão do rio? Então por
que trouxe?” Tee tenta pegar a sacola, mas Khun Sam segura firme. “Me
dê.”

“Não é para você.”

“Ah… Obrigada.” Eu pego a sacola das mãos dela. “Como chegou até
aqui?”

“Dirigindo.”

“Veio sozinha? Cadê seu marido?” Tee pergunta.

“Marido?” Ela responde indignada. “Por favor, não me imponha essa


palavra.”

“Por que está tão séria hoje? Sempre chamamos o Kirk assim. Certo, vou
chamá-lo de noivo então.” Tee tenta tocar o rosto dela, mas ela a afasta
com a mão. “Ei, sou eu… sua amiga. Não se esqueça.”

Elas estão se encarando como se estivessem brigando. Eu, que estou


observando de fora, fico com medo das coisas saírem do controle e tento
interrompê-las.

Por que elas estão brigando? Estou tão confusa.

“Preciso agradecê-la pelo passeio de hoje.” Digo a Tee “e obrigada Khun


Sam por me visitar. Preciso ir…”
“Mon.”

É a voz do Nop, que neste momento parece ter surgido dos céus para me
ajudar. Vou em direção a ele e fico ao seu lado. Nop olha para Khun Sam
e para a Tee por um momento, ele sabe que é mais novo que as duas,
então de forma educada levanta a mão para cumprimentá-las.

“Boa noite.”

“Ganhei camarão do rio, Khun Sam comprou para mim. Vamos entrar
para comer.” Eu disse claramente para pôr um fim em toda aquela
situação.

“Gostaria de agradecê-la de novo.”

“Tenha uma boa noite, Mon.”

Tee está acenando enquanto se prepara para voltar, mas Khun Sam não
se mexe e me chama com uma voz séria.

“Mon.”

Como não respondi, ela continua chamando meu nome. Quando me viro,
meu coração está acelerado. Olho em seus olhos castanhos tentando
interpretar o que ela quer me dizer.

“Sim?”

“…”

“…”

“…”

“O que foi?”

Já que ela ficou em silêncio, não consigo dar uma resposta para minha
bela chefe. Então, pergunto de novo e ela surpreendentemente me
responde com o polegar para cima (joinha).

“Decepção…”

12

Atirando

Khun Sam e Tee se foram. Nop e eu estamos aproveitando os camarões


de rio na mesa em frente da minha casa. Não, não está certo, não para
nós dois, apenas Nop está aproveitando. No meu caso, estou distraída e
com minha mente bem, bem distante.

Está voando para a mulher que disse “decepção” para mim, deu meia
volta e foi embora sem dizer mais nada.

“Como você conseguiu se aproximar da Khun Sam e daquela outra


mulher bonita?”

Eu volto para a realidade quando o Nop me faz esta pergunta.

“Mulher bonita? Quer dizer a Tee?”

“Sim.”

“Ah. Ela é amiga da Khun Sam. Não somos próximas.”

Nop tira os olhos da comida para me olhar, como se fosse atencioso


comigo mesmo estando tão perto um do outro.

“Se você não é próxima dela, por que saiu com ela?”

“Ela me convidou para comer.”

Não conto a ele os outros detalhes, que só eu, Tee e as outras amigas da
Khun Sam sabem. Nop ainda está chateado, então pergunto:

“O que foi?”

“Você gosta da Tee?”

“Tee?” Estou atordoada e balanço as mãos em negação. “Louco! Eu não


gosto dela. Ela é apenas uma amiga da Khun Sam.”

“Mas ela é rica.” Ele continua.

“E ela também é linda. Já vi várias garotas que são lésbicas, então acho
que você gosta dela.”

“Se eu gostasse de garotas, não seria da Khun Sam?” Eu rio. Meu rosto
está quente, mas preciso esconder porque não quero que ele saiba. “De
qualquer forma, eu não gosto da Tee.”

“Estou tão aliviado.” Nop dá um enorme suspiro. “Quando penso que


você poderia gostar dela, sinto um mau pressentimento. Tenho medo de
que você passe a gostar de uma garota por ela ser rica e elegante. E eu já
a vi nas revistas, ela é uma celebridade.”

“Quando estava no ensino médio, ela já era famosa.”


“Certo. Significa que ela não é minha oponente.”

Fico desconfortável. Parece que ele tenta me amarrar desde que éramos
estudantes. Se um homem demonstrava interesse em mim, ele tentava
mostrar que era meu namorado.

“Nop.”

“Hmm?”

“Acho que precisamos esclarecer nosso relacionamento.” Quando ele


percebe que estou falando sério, tenta me acalmar.

“Não… não… não. Você está me assustando.”

Ele me deixa entediada agora. Sempre que tento falar do relacionamento


que temos, nunca consigo.

“A propósito, Khun Sam é tão fofa. Ela disse aquilo como uma criança.”

Quando ele fala da Khun Sam, me esqueço de que estávamos falando da


nossa relação. Acho que ela está brava comigo. Mesmo que ela seja fofa,
está me incomodando.

“Ela é meio estranha.”

“Por que ela está chateada com você?”

“Eu não sei.”

“Vai pedir desculpas a ela?”

“Por que eu teria que me desculpar? Não fiz nada de errado, mas ela
sim.” Estou descontando nele mesmo que não seja culpa dele. “Ela
quebrou uma promessa.”

“Você está brava com ela como uma criança. Não sei o que aconteceu,
mas não se esqueça de manter um bom relacionamento com ela. Ao
menos, você tem a chance de ficar ao lado da Khun Sam, que é seu ídolo
e ela até veio até aqui te ver. Se uma de vocês quebrar esta relação, você
vai se arrepender.”

Após essas palavras, fico chateada. Sim, somos próximas agora. Não é
fácil passar a noite na casa dela. Se ela me deixar, o que vou fazer?

Primeiro, fiquei chateada, mas agora virou uma ansiedade…


Normalmente, ela sempre me manda figurinhas no Line, mas ela sumiu o
dia e a noite toda (incluindo a noite de sábado e o domingo todo). Mesmo
ela sendo o tipo de pessoa incompreensível, ao menos ela tem um lado
fofo quando me manda figurinhas todas as noites. Mas cadê ela?

Fico preocupada, não consigo dormir. Para manter minha dignidade, não
falarei com ela primeiro.

Na manhã de segunda-feira, nos encontramos por acaso no elevador, mas


não falamos uma com a outra.

Que oportuno, estou trabalhando aqui há um mês e nunca peguei um


elevador com ela. Por que logo hoje?

Aconteceu tão rápido enquanto estávamos no elevador. Então, não


trocamos nem uma palavra. O que mostra que ela está brava comigo.

“Por que chegaram tão tarde?”

Ela está sorrindo para todos no escritório… Sim. Todos ficam em silêncio
como se a chefe fosse transformá-los em estátuas de pedra. Olho para
meu relógio, são sete e meia. Ainda não está no horário do expediente.
Ela está louca?

“Noi, você acabou de chegar. Você faz parte da equipe de Recursos


Humanos, deveria chegar mais cedo… uns trinta minutos. Você precisa
ser exemplo para os demais.”

Noi, que chegou cedo, mas não o suficiente, fica em choque antes de
pedir desculpas.

“Chefe M. L., normalmente chego no mesmo horário. Além disso, minha


casa é bem longe daqui.” De repente, um par de olhos demoníacos se vira
para Noi.

“Por que não procura um emprego perto da sua casa?”

Não faz sentido! Ela fuzila todos com seu olhar demoníaco antes de entrar
em sua sala e manter as paredes no modo claro, para pressionar todos no
escritório. Agora, estou me sentindo um pouco desconfortável. Tenho
que trabalhar de manhã cedo para ver algo assim.

Todos começam a trabalhar e ficam em silêncio como se tivessem


esquecido suas vozes em casa. Apenas dá para ouvir o barulho de
digitação. E parecendo que fomos revividos por alguém, o Sr. Kirk
aparece… Ele chegou.

Ele se dirige para a sala de sua namorada e muda as paredes para o modo
fosco para ter privacidade.

Mal-humorada… Estou de péssimo humor.


Não é a primeira vez que fico mal-humorada ao ver o Sr. Kirk. Mesmo
quando ele está sentado, parado ou andando, me sinto assim. Estou
irritada com ele porque a Khun Sam quebrou a promessa comigo para
sair com ele?

“Sam, por favor, se acalme e fale comigo.”

Khun Sam sai de sua sala rapidamente. Todos fingem não perceber por
que não é bom para eles neste momento.

Mas eu não. Eu quero saber!

Já que ambos saíram, todos continuam fofocando como nunca. Me


preparo para ir ao banheiro, mas Yah tenta me parar.

“Mon, por favor espere. Você pode ter problemas. Eles ainda devem estar
esperando o elevador.”

“Não acho. Ambos são adultos. Não ficariam bravos por eu ir ao


banheiro.”

Yah e meus colegas ficam admirados com minha coragem, então eu saio.
Eu não quero ir ao banheiro, a verdade é que quero saber o que está
acontecendo entre o Sr. Kirk e a Khun Sam. E não foi difícil achá-los,
realmente estão esperando pelo elevador.

“Por que está tão brava assim? Não sei o que fiz de errado. Estávamos
bem naquele dia comendo camarões de rio em Ayuthaya.”

“Por favor, não fale sobre isso.” Ela parece chateada com ele. “A partir de
hoje, não quero saber de camarões de rio.”

“Então, o que foi? Por que ficou chateada comigo?”

“Estou bem. Não foi nada.” Ela disse em um tom monótono. Então, ela
coloca as mãos nos bolsos e suspira. “Sinto muito por estar chateada
com você.”

“Você pode me contar… qualquer coisa. O que aconteceu no sábado?


Você do nada teve uma dor de cabeça e voltou para casa. E está tão brava
comigo. Foi porque eu quis ir comer camarões de rio?”

Khun Sam olha para seu namorado como se estivesse perdendo a


paciência.

“Eu disse chega deste assunto, você deveria parar.”

“Eu só quero saber o motivo.”


“Por sua causa, tive que cancelar um encontro com uma pessoa. Eu
avisei que já tinha um compromisso, mas você me forçou.”

“Foi porque não costumamos sair juntos. Mas eu disse que você podia
levar essa pessoa com a gente.”

“Eu não queria deixá-la desconfortável.”

“Mas você é minha namorada.”

“Sério?” Ela responde a ele. Parece que ela não sente nada sobre essa
palavra.

“Certo. Vou me desculpar com ela. Quem é?”

Khun Sam está atordoada.

“Não é necessário.”

“Eu preciso. Se você se preocupa tanto com ela assim. Esta pessoa é
homem ou mulher?”

Sinto a ansiedade na voz dele e agora fico animada para ouvir a resposta.

“Uma mulher.”

“Uau. Que bom. Se fosse um cara eu pensaria que você está me traindo.”

Minha linda chefe fica atordoada e balança as mãos para negar.

“Você deveria ir. Hoje não estou de bom humor. Conversamos mais
tarde.”

“Ainda está chateada comigo?”

“Não, não estou.”

Silenciosamente volto ao trabalho, mas não consigo manter o foco,


porque continuo pensando no que ouvi. Estou confusa, animada e
inexpressiva. Alguns minutos depois, Khun Sam volta para a sala. Nos
encaramos e desviamos o olhar.

Palpitação…

Palpitação…

Meu coração acelera de novo.


Ela já voltou para sua sala. Todos estão fofocando agora, porque a sala
está com modo fosco ligado. Mas continuo olhando para o meu celular…
para o contato da minha chefe.

Eu não sei o que fiz de errado, mas tudo bem em falar com ela primeiro.

Doraemon: Figurinha

Faço um teste mandando uma figurinha de um cone. A mensagem é lida,


mas não recebo resposta.

É uma Guerra Fria.

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Mando figurinhas no Line para a Khun para chamar sua atenção. Ela lê,
mas permanece em silêncio. Então não aguento mais e mando uma
mensagem de texto a ela:

Doraemon: Fome.

Parece funcionar. Ela está me respondendo.

Chefe: Por que está me dizendo isso?

Doraemon: Queria comer camarões de rio.

Chefe: Você já comeu.

Doraemon: Quero comer com você.

É cheio de constrangimento e reconciliação. Ao mesmo tempo, estou


animada porque não sei como ela se sentiu com essa mensagem. Se ela
fosse um homem, iria parecer que eu o estava seduzindo.

Mas ela continua em silêncio sem responder. Por que ela mudou as
paredes para o modo fosco? Queria poder ver sua reação.

Talvez seja melhor assim.


Doraemon: Mas… Você recentemente comeu os camarões com o Sr. Kirk.
Não deve estar a fim de ir comigo.

Doraemon: Podemos ir comer outra coisa. Eu pago.

Tocando…

Meu telefone está tocando no meio de todo este silêncio. Todos me olham
curiosos. Da última vez que meu telefone tocou, fui chamada até a sala
congelante. Me acalmo por um momento e então atendo ao telefone.

“Sim?”

[É a Sam. Venha aqui, por favor. Temos que conversar.]

Ela disse despreocupadamente. Me assusta ter que ir à sala congelante.


Eu desligo o telefone, me arrumo e vou vê-la. Ela está à minha espera.

“Você sabe por que te liguei?”

“Não sei.”

Não sei o que esperar dela agora.

“Há quanto tempo trabalha aqui?”

“Cerca de um mês.”

“Hum…”

Estou animada. Ela vai elogiar meu trabalho?

“Então, significa que você ainda não recebeu seu primeiro pagamento.
Estou certa?”

“Sim.”

“Como poderia pagar para mim?”

“Hmm?”

Olho para ela interrogativamente.

“Não está certo. Melhor comermos algo mais barato.”

“Você vai comigo?”


“Hum, se você me pagar algo mais barato, eu vou. Mas são camarões de
rio…” A mulher séria assente com a cabeça. “…Então, vou te levar para
comer camarões de rio como um pedido de desculpas por ter quebrado a
promessa.”

Estou sorrindo de orelha a orelha. Quando ela olha para mim, ela cobre os
olhos com as mãos.

“O que está fazendo?”

“Brilhante!”

“Sim?”

“A luz está queimando meus olhos.”

Olho em volta da sala e não vejo nenhuma luz que poderia queimar os
olhos dela. Mas ela continua cobrindo os olhos e fazendo gestos com a
mão para eu sair.

“Você deveria voltar ao trabalho.”

Ela não está mais brava comigo, está? Quando penso nisso, fico feliz e
saltitante como um coelho. Mas me lembro de uma coisa.

“Ah, Khun Sam.”

“O que foi?”

Levanto meu mindinho e mostro a ela.

“Prometa.”

“Q… Quê?”

“Estou tentando me reconciliar com você. Prometa, por favor, não ficar
emburrada.”

“Tudo bem, você pode ir agora.”

“Nada disso, me mostre seu mindinho.”

“Não vou.”

“Então em vez disso vou atirar em você… Bang! Bang!”

Eu atiro nela um mini coração como das séries coreanas. Primeiro, pensei
que ela não entenderia, mas ela responde capturando o coração no ar e
me atirando de volta.
“Bang!”

“…”

“Te devolvo o disparo.”

Sou eu que estou atordoada agora e com pressa para sair dali. Por quê?
Porque não sei como lidar com isso. Céus, como ela é linda.

Sinto que vou desmaiar…

13

Troca

“CAMARÕES DE RIO!”

É como um sonho quando vejo um camarão de rio enorme em minha


mão. Está cheio de pasta de camarão borbulhando na minha frente. Esse
cheiro delicioso está me chamando.

“Está tão bom assim?” Khun Sam me olha enquanto estou agindo como
uma atriz. “Não me admira. Quando quebrei a promessa, você ficou
chateada comigo.”

“Quem? Quem estava chateada? Eu não fiquei. A propósito, estou com


tanta fome agora. Parece tão gostoso.”

Após dizer isso, começo a comer os camarões que estão na minha frente.
Vou confessar a verdade, normalmente não como comidas boas assim,
porque acabei de me formar e não recebi meu primeiro pagamento. Além
disso, minha mãe não é particularmente rica para comprar comidas caras
assim.

Mas Khun Sam me trouxe até aqui para comer… Ah, minha benfeitora.
Devo dar a ela um anel de flores em cada feriado especial.

“Você não é bonita e nem educada.”

“Se você disse que não sou bonita, então eu sou.”

“Quê?”

“Você é uma espécie de fariseu.”

“Como sabe?”
“Eu observei.”

“Como?”

“Quando diz que não gosta de algo, significa que você gosta.” Me afasto
do meu prato para descrevê-la. “Por exemplo, você disse que não queria
fazer o pedido, mas na verdade queria.”

“Besteira.”

“Essa é você. Todas da sua gangue pensam o mesmo.”

“Hmmm. Quando você falou com elas? Então, se eu disser que não gosto
de você. Você sabe o que significa?”

“Significa que você gosta de mim.”

Eu sorrio de orelha a orelha. E de repente fico envergonhada ao olhar


fixamente para os olhos dela. Ela também.

“Loucura. Eu não gosto nada de você.” O rosto dela está ficando cada vez
mais vermelho enquanto ela está balançando as mãos em negação. “É
sério o que eu disse.”

“Você me odeia?”

“Não.”

“Certo, então você gosta de mim ou não?”

“Eu gosto.”

“…”

“…”

“Chega disso. Do que diabos estamos falando? Oh, você recebeu uma
notificação, seu celular está vibrando.”

Ela está tremendo o corpo seguindo o celular para esconder a vergonha.


Olho para ela com vontade de rir, mas me seguro.

Ela está tentando evitar o assunto? Mas o que ela fez com aquele rosto
sério é tão amável.

“Quem vai dançar? Insano.” Ela disse sem motivo. Me pergunto o motivo,
então deixo meu prato de novo e presto atenção nela.

“Dançar?”
“Jim me enviou um clipe de dança e me disse para praticar.” Khun Sam
me mostra em seu celular um clipe do grupo S.E.S. “Sou velha demais
para dançar.”

“Uma cerimônia de casamento só acontece uma vez na vida. Vamos


dançar para ela.”

“Não.”

Significa que com certeza ela vai dançar. Eu sorrio e de repente me


assusto com o toque do meu celular. Mas eu não tremo, como a Khun
Sam.

“Alô?”

[Mon, não está em casa? Ia te convidar para irmos ao Chatuchak, cadê


você?]

Eu olho para Sam antes de respondê-lo. Ela está se divertindo com o clipe
de dança.

“Estou em Ayuthaya com a Khun Sam, saímos para comer.”

[Você fica com muita frequência com a Khun Sam. Semana passada você
estava com ela. Esta semana está de novo. Você não tem tempo para
mim.]

“Ahh. Para de reclamar. Nos vemos todos os dias. Por favor, pare de me
culpar.” Rio ao mesmo tempo. Khun Sam para de olhar para o celular e
me encara friamente.

“Quem é?”

“É o Nop.” O silêncio se instaura, então decido desligar. “Estou comendo.


Falo com você mais tarde, Nop.”

Mas olhos cruéis estão me encarando e não sei por que preciso ter medo
dela assim, mesmo que ela já tenha conhecido o Nop.

“Me desculpa.”

“Por que está se desculpando?”

“Não sei.” Disse de forma desleixada. Ela aperta minha boca com a mão.
“Hmmm?”

“Seus lábios são tão finos.”

“…”
“Lábios tão bonitos.”

Ela imediatamente muda o assunto. O que está acontecendo? Mantemos


contato visual por um tempo e então ela se afasta.

“Você parece bem próxima do Nop. Ele é seu namorado?”

“Não, não é.”

Khun Sam está séria e eu respondo a ela com cuidado, como se estivesse
escondendo algo na resposta.

Tenho medo dela ficar brava.

Hmm? Por que estou com medo disso?

“Nop… Ele sempre sai com você.” Ela começa a comer enquanto
pergunta. “Não tem medo dos boatos de que ele seja seu namorado?”

“Ele sempre foi meu amigo, desde a escola. E sempre foi gentil comigo.”

“Você é popular?”

“Não muito.” Eu rio envergonhadamente e conto nos meus dedos.


“Humm… foram mais de dez confissões.”

Um garfo cai da mão da Khun Sam. Eu gargalho quando vejo a cena.

“Você está bem?”

“Não muito?”

“Se fosse cem, eu diria que era muito.”

“Você é estranha.” Ela fala. “Lindos lábios.”

“Humm…” Eu olho para ela e digo com a boca cheia. “Ojcearecentersada


min oca (Hoje você parece interessada na minha boca.)”

“O que está dizendo? Ah, entendi. Desculpa.” Ela continua olhando para
minha boca. “Eles com certeza iriam gostar de beijar sua boca.”

“…”

“…”

“O que espera que eu responda?”


Agora, estamos desconfortáveis e envergonhadas. Ela continua olhando
para meus lábios. O que há com ela?

“O que você gosta em mim?”

“Hmmm?” Por que ela quer saber qual parte do corpo dela eu gosto?
“Deve ser o nariz.”

“Quer morder meu nariz?”

“Hum…” Eu reviro os olhos ao ouvir esta resposta. “Parece delicioso.”

“Vamos fazer uma troca.”

“Do tipo?”

“Eu deixo você morder meu nariz.”

“…”

“E você me deixa morder seus lábios.”

Ela morde os próprios lábios enquanto olha para mim. Céus, que
vergonha. Levanto minha mão para cobrir minha boca.

“Você precisa ignorar minha boca primeiro. Estou desnorteada. Ninguém


fala com as amigas assim.”

“Você não é minha amiga.”

“O que sou para você?”

“…”

“…”

Após uma longa pausa na nossa conversa, Khun Sam, que está se
recompondo, muda de assunto.

“Eu vi que você tirou foto do camarão de rio antes de comer. Você é uma
garota de redes sociais?”

“Ah… que vergonha. Estou mal-humorada. Quando vi os camarões em


um blog de comidas, me deu vontade de mostrar também. Você não?”

“Eu não entendo estar em um mundo virtual e postar fotos de comida.


Onde você postou? Instagram?”

“No meu Facebook.”


“Por que temos que ter uma conta no Facebook?”

Certo, esta é uma conversa muito alucinante. Preciso tomar cuidado.

“É para se comunicar com velhos amigos. Podemos encontrá-los lá.”

“Não podemos entrar em contato por telefone? Os números estão


gravados no anuário.”

“Hoje em dia, não se abrem mais os anuários para encontrar um telefone.


Ela ergue as sobrancelhas, o que me faz rir. “Você fazia isso?”

“Este é o motivo de criarmos o anuário. Se o Facebook é bom como você


diz, vou tentar aprender, mas não vou postar minhas fotos ou atualizar o
mundo sobre minha vida.”

“Você parece uma velha.”

“O que você falou?” Ela diz, irritada.

“Você é dona de uma empresa de publicidade digital, mas não entende


como usar o Facebook, Instagram ou outras redes sociais. Então, me
pergunto como você sobrevive nos dias de hoje.”

“Viemos aqui para comer.”

Céus. Ela não entendeu meu ponto de novo!

“Você usa muito o Facebook?”

“Todos os dias. Me atualizo das notícias por lá. É fácil.”

“Você tem muitos amigos?”

“Vários. A maioria dos meus colegas de escritório me adicionaram. Chin,


que trabalha ao meu lado, me paquerou.” Eu digo a ela sem pensar.

“Sempre me mandando figurinhas por mensagem privada.”

“Eu também mando.”

“Eu sei.”

“Eu mandei figurinhas.”

“Aham.”

“Eu sempre te mandei figurinhas.”


Olho para a Khun Sam que continua repetindo o que disse. Preciso
interpretar algo aqui?

“Exatamente. Você me manda figurinhas todos os dias.”

Então ela cruza os braços, ergue as sobrancelhas e não fala mais nada
até voltarmos.

Certo, pisei na bola. No caminho para casa, sem dizer uma palavra, fico
desconfortável até chegar em minha casa. Até não aguentar mais.

“Você está brava comigo?”

“Não.”

Ela sorri para mim, o que me assusta.

Ela está brava comigo com toda certeza… mas por quê?

“Você pode me dizer se estiver brava comigo, porque às vezes eu não


entendo.”

“Você sempre é habilidosa usando redes sociais, como não sabe? Envia
figurinhas lindas.”

“Você tem algum problema com as figurinhas?”

“Acho lindo.”

“Está brava comigo por causa das figurinhas?”

“Não, é lindo.”

Eu sorrio. Agora eu consigo ler sua mente e sei o que está pensando.

“Você também é linda.”

“…”

“Você também me manda figurinhas. Mais do que todos.” Então sorrio


para ela e ela me olha com os olhos semicerrados.

“Sério?”

“É sério. Te acho linda.”

“Você mensura isso pelo número de figurinhas?” Ela estica as costas.


“Então, pode ir. Vou voltar para minha casa… Ah, não se esqueça dos
camarões que comprei para sua mãe.”
“Sim, madame.”

Khun Sam e eu nos viramos ao mesmo tempo para pegar os camarões no


banco de trás. Agora estamos a poucos centímetros uma da outra.

Palpitação…

Palpitação…

Palpitação…

Socorro… me ajude, Deus. Meu coração está tão acelerado que posso ter
um ataque cardíaco.

“Mon.”

“S… Sim.”

“Não está interessada?”

“Em quê?”

“Na minha oferta… A troca.”

“Hmmm.” Estou confusa, revirando os olhos. O rosto dela se aproxima


mais e mais do meu.

“Trocar o quê?”

“Eu te deixo morder meu nariz.”

“…”

“E então morderei seus lábios.”

14

Mordida

A linda mulher na minha frente está se aproximando mais. Estamos a


poucos centímetros de distância. O nariz dela toca o meu, ela se mexe um
pouco para encontrar um ângulo perfeito. Estou atordoada e de olhos
fechados. O que devo fazer?

De repente.

Toc, toc, toc.


Alguém está batendo na porta do carro… Só um passo mais perto…

“Finalmente.” Ela lamentavelmente diz. “Seu amigo quebrou o clima.”

Khun Sam se endireita no seu banco e abre os vidros para falar com o
Nop, que estava tentando olhar dentro do carro.

“Boa noite, Khun Sam.”

“Boa noite.”

Ela o responde. Tento agir naturalmente, mesmo não estando nada


natural.

“Você esperou muito?”

“Não. Acabei de chegar. Vi seu carro e pensei que com certeza a Mon
estaria dentro.”

“Então. É melhor eu ir, obrigada.” Agradeço a Khun Sam antes de sair do


carro. Mas ela me surpreende fazendo uma pergunta direta ao Nop.

“Qual é o relacionamento entre você e a Mon?”

“Sim?” Nop estranhamente aponta o dedo para si mesmo. “Somos


apenas amigos.”

“Certo, Mon disse o mesmo.”

“S… Sim.”

“Por que faz os outros pensarem que vocês são um casal?”

Ela perguntou a ele direta e cautelosamente. Eu tento acalmá-la.

“K… Khun Sam…”

“Por quê? Estou apenas curiosa… e sinto que você tentou amarrar a Mon
para que ela não pudesse te recusar. E você sabe bem que a Mon não
pode ser nada além que sua amiga.”

O silêncio fica ensurdecedor. Nop está sorrindo, mas chorando por


dentro. Ele tenta esconder e responde educadamente a Khun Sam.

“Ela disse que não podemos ser nada mais que amigos?”

Khun Sam me olha para confirmar.

“Diga a ele, coelhinha.”


“Por que está me perguntando isso?” Nop pergunta e Khun Sam está
olhando curiosamente para ele.

“Te perguntei porque sou rica.”

Balbuciando.

“Então, precisamos nos despedir. Obrigada pelo jantar. Foi ótimo.”

Ela segura minha mão. Seus lindos olhos castanhos me encaram.

“Você ainda não o respondeu. Esta é a chance para esclarecer o


relacionamento de vocês.”

“Por que está perguntando isso?”

“Porque eu sou rica e tataraneta de um rei.”

“Khun Sam…”

Tento forçá-la a parar olhando em seus olhos, mas ela me ignora.


Ficamos em silêncio. Ela segue sem dizer nada, isso me chateia.

“Às vezes é preciso pensar em uma resposta antes de respondê-la. Não


posso responder isso agora. Falarei com ele mais tarde em particular.”

Eu digo adeus para ela e saio do carro. Parecíamos felizes o dia todo e
agora terminamos em conflito. Ela observa Nop e eu por alguns instantes
antes de arrancar com o carro muito rápido. Nop e eu olhamos para o
carro dela e ele fala:

“Ela estava estranha.”

“Ela sempre é. Nenhuma surpresa.”

“O que vocês duas estavam fazendo no carro?”

“O que estávamos fazendo?”

“Eu vi.”

Mesmo que eu não goste da ideia, não posso explicar a ele, sou tímida
demais para dizer que queríamos morder os lábios uma da outra.

Ninguém pode me entender.

“Não fizemos nada.”

“Você a beijou?”
“Não é da sua conta.” Respondo irritada. “Não fizemos o que você está
pensando. É difícil explicar.”

“Eu tenho tempo de sobra para ouvir sua explicação. Apenas me diga, o
que vocês duas fizeram no carro?”

“Por que está me pressionando?”

“Eu quero saber.”

“Se quisesse te contar, eu contaria. Por favor, não aja como se fosse meu
dono, somos apenas amigos.”

Esta foi a resposta mais clara que disse a ele, após manter isso tanto
tempo dentro de mim. Nop tenta não demonstrar nada em seu rosto e
apenas sorri, é um sorriso triste.

“Isso me dói muito.”

“Eu precisava deixar isso claro para você. Nop, eu não…”

“Eu não quero ouvir.”

“Você deveria aceitar a verdade. Estou tentando te dizer isso há muito


tempo, mas você sempre evita o assunto. Hoje, estou deixando isso
claro… Não penso em você como namorado. Você acredita que um
homem não pode ser amigo de uma mulher, mas isso é mentira. Posso
ser sua amiga, mas não serei sua namorada!”

“Por quê?”

“Não tenho motivos, mas não tenho este tipo de sentimento por você. Por
favor, pare. Você me deixa desconfortável.” Eu respiro fundo, parece que
alguém tirou uma montanha de cima do meu coração.

Quando me viro para voltar para casa, ele segura minha mão.

“E o relacionamento com uma mulher?”

Ele me faz uma pergunta estranha.

“Como?”

“Você e Khun Sam são amigas?”

“Nop.”

“Estou fazendo uma pergunta, ela é apenas uma amiga?!” Ele me olha
mais sério. Tento soltar minha mão. Agora estou exaltada.
“Se somos amigas ou não, não é da sua conta.”

“Acabou de confirmar que estavam se beijando.”

“Estávamos!”

“…”

“Está satisfeito? Vou entrar.”

Esta foi a primeira vez que disse algo para machucá-lo. Deveria ter feito
isso antes, porque parece que o mantive muito por perto e atrapalhei suas
chances de conseguir uma boa garota. Mas viu? Eu tentei evitar. Tinha
medo de que a verdade o machucaria muito. E agora tive que dizer por
causa da Khun Sam.

Devo agradecê-la por me ajudar a esclarecer ou ficar brava com ela por
ter me feito brigar com meu amigo?

Parece que sempre estamos chateadas uma com a outra. Quando a vejo
no escritório, ficamos estáticas como se estivéssemos esperando quem
vai cumprimentar primeiro. Noite passada, ela não me mandou figurinhas
como de costume… Isso me deixou chateada.

Ela me fez brigar com o Nop. Ao menos deveria dizer “oi” primeiro.

Enquanto estou chateada, ela pelo contrário sorri e cumprimenta a todos.


Esse é o motivo do escritório estar cheio de escuridão.

E o azarento da vez é o Chin, aquele que me referi ontem quando


estávamos comendo camarões de rio.

“Chin… Como está? Tudo certo com o trabalho?”

Ela o pergunta brevemente com um sorriso. Todos agora estão


trabalhando… Fingindo que estão totalmente focados, mas estão
curiosos em saber o que vai acontecer.

Chin, que foi perguntado, agora só consegue dar um sorriso sem graça.

“Tudo confortável. Aqui é um ótimo lugar para trabalhar.”

“Bem. Parece que está tendo pouco trabalho, já que tem tempo suficiente
para mandar figurinhas no Facebook dos outros.” Ela continua sorrindo
com os braços cruzados. “Que coisa fofa.”

Me sinto mal por ser o motivo dela estar o acusando. Devo ajudá-lo? Não,
não posso porque não quero que os demais percebam minha relação com
a Khun Sam.
“A… Ah… Sinto muito por isso.”

“Tudo bemmmmmmm.” Ela disse estendendo a voz. É assustador. “Se


tem tempo para mandar figurinhas para outra pessoa, significa que
terminou todo seu trabalho, não é mesmo? Você é designer gráfico? Me
mostre seu portfólio dos últimos dois anos. Quero ver seu estilo.”

“Claro, senhora.”

“Parece fácil para você… Então consegue fazer tudo isso e mandar
figurinhas o dia todo. Fiquei sabendo que você se casou?”

“Absolutamente.”

“Como pode mandar figurinhas para outras? Sua esposa sabe?”

“…”

“Tão fofo.”

“…”

“Muito fofo, não acha?”

“M. L. Sam, eu…” Chin está enxugando o suor como se fosse morrer.

“Temos o contato um do outro no Line?” Khun Sam disse.

“Hummm.”

“Eu também tenho várias figurinhas. Vou tentar te mandar. Quero saber
quantas figurinhas você tem? Quando vai mandar? Saberei quando
estiver livre.”

“Não estou totalmente livre, às vezes olho o Facebook para relaxar. As


figurinhas eu mando para todos.”

“Todos?”

“Claro.”

“Que maravilha!” Khun Sam olha para todos, que estão fingindo trabalhar
e pergunta: “Quem recebeu figurinhas dele?”

Todos param e ficam se encarando. Alguns deles assustados, incluindo


eu, levantam a mão. Provavelmente só eu não senti nada porque sei o
motivo.

Ela me pergunta enquanto move o dedo.


“Senhorita Mon, me siga, por favor.”

“Sim, senhora.”

Três levantaram a mão, mas a sortuda sou eu. Quando chegamos na sala
dela, ela muda as paredes para o modo fosco, senta-se em sua cadeira e
cruza os braços.

“Chin é casado.”

“Sim.” Dou uma resposta curta. Não sei o que dizer. Ela morde os lábios
suavemente e tamborila a mesa com os dedos.

“Não é legal mandar figurinhas para um homem casado.”

“São apenas figurinhas.”

“Não deveria ser assim.”

“A partir de hoje, ele não vai me mandar nada. Você o assustou.”

“Eu ainda não fiz nada. Apenas sorri para ele. Sabe por que você está
aqui?”

“Por quê?”

“Te chamei aqui para avisar que ele é casado.”

Ela disse isso como se eu não soubesse. Deve ser efeito do que
aconteceu ontem… Ela não falou comigo pelo Line e deu uma surtada no
escritório, isto é o que as amigas dela chamam de ‘Teoria P. P.’, agora
entendo um pouco mais.

“Khun Sam, você parece chateada.”

“Não.” Ela responde em um tom grosseiro.

Hum. Foi um tom grosseiro.

“Algo deve estar te incomodando. Se for sobre o Nop…”

“Te mandei uma solicitação de amizade. Por que não aceitou?”

Oi? Estou atordoada. Estava errada, pensei que poderia ser por causa do
Nop.

“Quê?”
“Criei uma conta no Facebook e te mandei solicitação de amizade. Por
que não me aceitou?”

“Quando?”

“Noite passada… quando fiquei presa no trânsito. Criei uma conta e te


adicionei, mas você não respondeu. Por quê? Não quer falar comigo? Ou
quer falar mais com o Chin do que comigo?”

“Eu não sabia que você tinha me adicionado. Vou te dizer a verdade,
recebo muitas solicitações de amizade. Se não reconheço a pessoa, eu
não aceito. Qual seu nome no Facebook? Vou te aceitar.” Pego meu
celular para verificar as solicitações de amizade, mas não acho a foto de
perfil ou o nome dela.

“Minha foto do perfil é a sombra do Conan e meu nome é ‘Sou sua chefe’
porque de fato sou sua chefe.”

Qual é desse nome dela?!?!

Não respondo nada, mas acho a conta dela e sorrio. Finalmente encontrei.
E é real!

“Por que este nome?”

“É minha cara e ninguém vai saber que sou eu.”

Todos poderiam saber… sem chance… ninguém sabe o quão linda ela é.

“Sim, senhora.”

Ela olha para o próprio celular e sorri antes de digitar algo. Não muito
tempo depois meu celular vibra.

“Te mandei figurinhas.”

“Por que manda tantas?”

“Não são lindas?”

“…”

“Não são mais lindas do que as do Chin?”

Não respondo sua pergunta e agora ela está mal-humorada, não consigo
aguentar mais. Preciso fazer agora que as paredes estão em modo fosco.

“Khun Sam!”
“Hmm.”

Corro até ela e seguro seu rosto com as mãos, finalmente, mordo seu
nariz suavemente.

“Humm!”

“Ai!”

Eu me afasto rindo.

“Você mereceu! Estava toda irritada só porque eu não aceitei sua


solicitação de amizade.” Rio loucamente. “Você destruiu a saúde mental
de todos nós. Isso não foi legal.”

“Mandar figurinhas não é legal?”

“Você é a única exceção. Preciso voltar ao trabalho.”

Sorrio para ela de novo enquanto estou saindo do escritório. Então, ela
estava chateada por motivos bobos.

“Por favor, espere.”

“Sim?”

Ela caminha em minha direção e segura meu rosto com as mãos…

“É minha vez. Humm!!!”

Então, ela rapidamente morde meus lábios.

Palpitação…

Palpitação…

Nós duas estamos atordoadas. Agora, estamos cara a cara, com ambos
os lábios se tocando.

Palpitação…

Palpitação…

Nós duas estamos com receio de nos mover. Estamos no mesmo lugar. O
tempo passa lentamente, como se fosse uma eternidade. É um pouco
estranho.

Isso nunca me aconteceu antes.


De mordida nos lábios, agora estamos apenas nos tocando. Ficamos
congeladas por mais um segundo, ela se afasta lentamente lambendo o
próprio lábio.

“É melhor você voltar ao trabalho.”

“Sim.”

Palpitação…

Meu coração está batendo tão forte que consigo ouvir e estou rezando
para que ninguém mais escute. Por que tudo isso me afeta tanto?

“Mon.”

Estou empurrando a porta, então paro para olhar para ela.

“Sim?”

“Vou te mandar figurinhas.”

“Certo.”

“Se quiser ser fofa…”

“…”

“Me mande também.”

Palpitação…

Palpitação…

Agora meu coração está disparado.

“Sim, vou mandar.”

“Hum.”

“Vou voltar ao trabalho agora.”

Saio da sala com o coração explodindo. Todos no escritório estão


olhando para mim com pena. Eles devem pensar que a Khun Sam me
repreendeu muito.

Foi doloroso, mas não foi…

O que aconteceu?
15

Guerra

Então é guerra…

Apenas a vencedora será declarada a mais fofa.

Após sair da sala da Khun Sam, ficamos mandando figurinhas uma para a
outra como loucas, como se quem mandasse mais figurinhas fosse
considerada a mais fofa. Continuamos mandando figurinhas até o fim do
expediente. Agora só tem a Khun Sam e eu trabalhando até tarde, porque
estávamos muito ocupadas antes.

Finalmente estamos sozinhas no escritório.

Doraemon: Já são quase 20h. Devemos batalhar novamente outra hora.

Então, me preparo para ir para casa e ela imediatamente sai da sala


tossindo para chamar minha atenção.

“Ahem! Ahem!”

“…”

Enquanto estamos nos olhando nos olhos, tenho o flashback de quando


ela mordeu meus lábios. Ainda estou envergonhada, então desvio o olhar
para esconder.

“Você já vai para casa?”

“Sim. E você?”

“Também.”

“Mas está muito tarde. Que horas você chega em casa?”

Olho para o relógio no meu pulso.

“Por volta das 22h. Vai depender do trânsito.”

“Por que você trabalha tão longe de casa?”

“Por que será?”

“…”
“…”

Meu Deus. Não deveria ter perguntado isso porque ainda estamos
atordoadas. Estou tão tímida agora.

“Se vai continuar trabalhando aqui, por que não se muda para a região?
Será mais seguro quando tiver que sair tarde do trabalho.”

“Em um centro comercial como esse, acho que não consigo pagar.”

“Ao menos vai economizar o dinheiro do transporte.”

“Passagens de ônibus são baratas.”

“É perigoso.”

“A pobre humana aqui não tem escolha. Não sou como você, que pode
comprar tudo o que quiser.”

“Então, vou te levar para casa.”

“Minha casa é muito longe. Fico com receio de você ter enxaqueca no
trajeto enquanto dirige.”

Nos olhamos por um momento e envergonhadas, desviamos o olhar. Por


que estou me sentindo estranha por estar apenas conversando?

Deve ser pelo que aconteceu mais cedo.

“É melhor irmos para casa agora. Se continuarmos conversando ficará


mais tarde e mais perigoso.”

“Humm.”

Caminhamos até o elevador. Durante o caminho, o perfume dela me


atinge o tempo todo. Ficamos em silêncio dentro do elevador. Embora
tenhamos conversado muito antes, agora está muito quieto.

“Mon.”

“Khun Sam.”

Só porque eu queria quebrar o silêncio, eu a chamo e ela me chama no


mesmo instante.

“Quê?”

“Pode falar primeiro.”


Ela parece pensativa e diz:

“Está muito tarde. Acho que você deveria…”

“Deveria o quê?”

“Deveria fazer algo para ficar segura.”

“Mas não vou para nenhum lugar perigoso.” Fico quieta e não entendo o
que ela quer dizer. Ela faz um barulho em desaprovação.

“Sim, eu suponho.”

“Você deveria encontrar um lugar seguro e não voltar para casa.”

“Se eu não voltar para casa, vou ficar onde?” Estou rindo enquanto ela
permanece em silêncio.

“Você sabe por que comprei aquela casa?”

“Porque é perto do seu escritório.”

“Minha casa tem uma guarita. Um segurança faz várias rondas durante a
noite.”

“É uma boa guarita.”

“É bem seguro lá.”

“Eu não tenho dinheiro suficiente para comprá-la.”

“Eu não estou dizendo para comprá-la.”

“Nem para alugar.”

“Eu não estou falando para você alugar. É de graça.”

“Como?”

Ela está tentando me convencer a passar a noite na casa dela. Não é?


Ficamos nos olhando até um segurança aparecer. Parece que a porta do
elevador se abriu há muito tempo, mas não terminamos nossa conversa.

“Você está me pedindo para passar a noite com você?”

“Eu não disse nada disso.”

“Beleza, então não vou.”


“Mas você disse que eu sempre digo o oposto do que quero. Se eu disser
‘não’ significa ‘sim’.”

“Viu! Você realmente quer que eu passe a noite com você.”

O rosto dela está corado de vergonha. Ela se afasta do elevador com as


mãos no bolso e sem olhar para trás, me deixando sozinha.

“Por que está parada aí? Me siga.”

“Eu preciso avisar minha família primeiro, mas meu pai…”

“Eu aviso a ele.”

“Então meu pai não vai recusar.”

“Bem isso.”

E vou atrás dela sem dizer uma palavra, como um patinho atrás da mãe.

É estranho. Não sei o que fazer. É desconfortável, mas não ruim.


Conversamos envergonhadas. É engraçado esconder este sentimento?

“Uau! Esse seu carro é muito maneiro!” Olho animada para o carro dela,
ela ergue as sobrancelhas e me olha desconfiada.

“Você já se sentou nele antes. Por que a animação?”

“Mas eu nunca olhei ele com calma. Ele pode se transformar?”

“Não, não pode.”

“Que pena.”

“Mas consegue dançar.”

“O carro consegue dançar?”

“Não o carro, mas a motorista.”

Então ela movimenta o corpo com alguns movimentos sem nenhuma


música. Minha mente fica em branco com essa piada.

“Hummm.”

Parece que não sou a única que está tentando bancar a engraçada, mas
Khun Sam está se entregando. Ela para quando me vê atordoada.
“O que estou fazendo? Vamos indo.”

“Também acho.”

“Coloca o cinto.”

“Claro.”

Eu tento colocar, mas não consigo.

“Hurr. Não consegue colocar um cinto.” Ela se mexe para colocar para
mim enquanto diz isso. Agora, estamos muito perto de novo, tenho
outro flashback.

Palpitação…

Palpitação…

A linda mulher está inclinada sobre mim e eu automaticamente fecho


meus olhos sem motivo.

Click…

“Prontinho.” Após colocar o cinto em si mesma, ela diz: “Podemos ir


agora. Estamos perdendo tempo.”

Estou com a mente em branco enquanto abro meus olhos devagar.

“Sim.”

Ai, que vergonha. Por que eu fechei os olhos?

Como esperávamos, meu pai me deixa passar a noite porque sabe que
pode ser perigoso voltar tarde e estarei mais segura na casa da Khun
Sam, que é uma garota.

E minha família confia nela, por ela ser da família real.

Esta é a segunda vez que estou aqui, na área restrita. Ainda estou
animada como se fosse a primeira vez. Se tem algo diferente, foi o que fiz
no carro dela.

E se ela viu que eu fechei os olhos daquele jeito? Até agora não sei por
que fiz aquilo.

É tão simples ficar aqui. Tomo um banho, visto um pijama dela e preparo
para me deitar.

Agora, ela está deitada ao meu lado…


Viramos de costas uma para outra sem dizer boa noite. Às vezes,
conversamos muito, mas na maioria das vezes pouco. Estamos em
silêncio, é assustador para mim. Não sei como lidar com isso.

Trim…

Chefe: Figurinha

Olho para meu telefone para ler a mensagem. Khun Sam, que está de
costas para mim, me manda uma figurinha em vez de falar comigo.

Doraemon: Figurinha

Como não sei o que responder a ela, decido mandar uma figurinha e ela
fica em silêncio por 3 minutos antes de mandar uma mensagem.

Chefe: Por que está tão quieta hoje?

Doraemon: Está tarde agora.

Chefe: Às vezes penso que você está chateada comigo.

Doraemon: Não estou.

Chefe: Certo, estamos bem. Então por que está tão quieta?

Doraemon: É um pouco estranho.

Chefe: É por causa do que fizemos mais cedo?

Doraemon: Acho que só eu senti isso.

Chefe: Por que estamos mandando mensagens de texto?

Doraemon: Você mandou primeiro.

Chefe: Não quero digitar mais.

Doraemon: Então vai fazer o quê?

Chefe: Vire para mim.

Doraemon: Ok.

Sinto que ela se virou, então me viro também. Agora nossos rostos estão
muito próximos, seus olhos atingem meu coração, que está batendo cada
vez mais alto…
Agora estamos cara a cara, mas em silêncio como sempre…
Continuamos olhando uma para a outra…

Olhando…

Olhando…

E olhando…

“Mon.”

“Sim?”

“Quer fazer algo comigo?”

“Quero.”

Nós duas estamos atordoadas. Parece que o subconsciente dela que me


fez esta pergunta e eu também respondi de forma inconsciente. É tarde
demais para consertar isso. Finalmente deixamos passar.

E ela decide dizer:

“O que você quer fazer?” Ela aproxima seu rosto e coloca o nariz perto da
minha boca. “Quer morder?”

Tão perto… Tenho medo dela ouvir meu coração batendo


descontroladamente.

“O que vai acontecer se eu morder?”

“Vou morder seus lábios de novo.”

Hum.

Mordo o nariz dela como se eu quisesse me vingar.

“Então, é minha vez agora.”

Ela encara meus lábios por um tempo, então morde suavemente. Não
consigo resistir e deixo ela se vingar facilmente enquanto estou de olhos
fechados. Meu coração bate involuntariamente…

Vou desmaiar.

Sinto como se estivesse doente, mas não é ruim, aliás, quero ficar assim
por mais tempo.

Que sentimento é esse?


16

Não os deixe saber

Ela ainda está mordendo meus lábios e não me atrevo a me mexer.

“Aoon Am (Khun Sam)”

“Ah Humm.”

Não consigo falar direito porque meus lábios estão sendo mordidos.
Minha chefe continua sentindo prazer me mordendo.

“ai order a oiteoda? (Vai me morder a noite toda?)”

Ela me olha nos olhos por um momento antes de se afastar devagar.


Agora minha boca está cheia da saliva dela.

“Seus lábios são tão apetitosos.”

“Você disse que só ia morder!”

“Iria te machucar, então resolvi chupar.”

“Não é sobre morder ou chupar. Eu mordi seu nariz por um segundo, mas
você ficou uma eternidade.”

“Contou quanto tempo? Foi rapidinho.”

“Nop também disse que meus lábios são lindos.”

Khun Sam fica séria e vira para o outro lado.

“Preciso dormir.”

“O que eu disse de errado?”

“Nada.”

“Você não gostou que eu falei do Nop.”

“…”
“Por quê?”

Eu pergunto a ela de forma inocente. E ela permanece em silêncio, então


continuo cutucando suas costas.

“Se eu deixar você morder meus lábios, vai se sentir melhor?”

Ela se vira para mim assentindo com cabeça como uma criança
esperando por doce.

“Ficarei melhor.”

“Certo, vou deixar você morder.”

Quando dou a permissão, ela se apressa para morder meus lábios


suavemente, mas desta vez, não por muito tempo. Limpo sua saliva
bancando a difícil.

“Então, se eu estiver chateada com você, vai me deixar beijar seu nariz?”

“Vou deixar você morder meu nariz, mas morderei seus lábios de volta.”

Levo um tempo para pensar e concordo assentindo com a cabeça.

“Certo, por que você é tão estranha?”

“Posso morder sua boca sempre?”

“Se alguém ver, não vai entender. Eu mesma não entendo por que
estamos nos mordendo.” Agora meu rosto está ficando vermelho.
“Precisamos nos esconder e não deixar que nos vejam, se virem, teremos
que dar uma longa explicação.”

“Não sou do tipo de pessoa que gosta de se explicar. Podemos fazer às


escondidas.”

“Por que parece que estamos fazendo algo errado?”

“Ou você pode me morder na frente dos outros, estou bem com isso.”

Eu me recuso.

“Tudo bem? A gente ficar se mordendo?”

“Ah ha”

“Não nos beijamos, né?”


Ela ainda está pensando, sinto muita vergonha por ter perguntado isso,
mas finalmente ela responde normalmente.

“Foi uma mordida. Uma mulher não beija outra mulher, só a Tee mesmo.”

“Viu? Porque existem relacionamentos entre mulheres como a Tee neste


mundo, podemos confundir os outros, já que nossas mordidas parecem
beijos.

“Sim, se minha avó descobrir, não será nada bom. Ela é antiquada, não
entenderia que eu estava brincando.”

“Você brinca com suas amigas assim?”

“Jamais.”

“Por que está brincando comigo?”

“Você não é minha amiga.” Eu concordo com ela, mas não sei que nome
dar ao que estamos fazendo. “Por que está quieta?”

“É estranho, mas não é ruim estarmos tão próximas e ficarmos juntas.”

“Então estamos tão próximas que podemos nos morder. A propósito, se


quiser morder minha boca, evite que as pessoas vejam… É um segredo,
ninguém pode saber.”

“Certo, não deixe ninguém saber.”

“Esta é a primeira vez que falamos claramente e direto ao ponto. Você me


queria tanto aqui. Por quê? Medo de fantasmas?”

“Se…” Ela pensa por um segundo. “Se eu ter medo te traz até aqui, vou
dizer que sim. Estou com medo de fantasmas.”

“Se estiver tudo bem para o meu pai, virei ficar com você mais vezes.”

“Que fácil.”

Nos olhamos por um longo período, então lentamente fechamos os olhos.

Parece que demos mais um passo.

Ela gosta de brincar. Desde que concordamos sobre a brincadeira de


morder o nariz/boca, ela sempre me morde quando tem a oportunidade.

“Posso te morder?”
Mas precisa ser escondido. Sempre brincamos e rimos sozinhas.
Ninguém pode ver, nem mesmo o noivo dela. Agora, frequentemente
passo a noite na casa da Khun Sam. Minha família concordou, porque
minha casa é longe do trabalho e a Khun Sam garantiu ao meu pai que
estarei segura.

Agora algumas roupas minhas estão no guarda-roupa dela. Do tom de


cinza, agora também tem algumas cores. Às vezes me sinto atenciosa
com ela.

Chefe: figurinha

Ela passa bastante tempo no Facebook agora, mas não compartilha nada,
apenas vê o que eu posto e curte todas as minhas publicações.

Ousada! TODAS AS PUBLICAÇÕES.

“Não quer postar nada? Também quero curtir suas publicações.”

“Eu não sei o que postar.” Ela parece confusa. “Não tem nada de
interessante na minha vida para postar e não sei a quem mostrar. Só tem
você na minha lista de amigos.”

“Só eu? Por que não adiciona sua gangue? Kate, Tee e Jim?”

“Eu mandei solicitação de amizade para elas, mas não aceitaram.”

“Não devem saber que é você… por causa do nome no seu perfil.”

“Mas é tão minha cara. Elas deveriam saber.”

Como devo dizer a ela? Por que é tão confiante?

“Mas nem ligo, não quero saber da vida delas.”

De repente fico envergonhada e parece que meu coração incha porque


sou a única em sua lista de amigos. Significa que ela está interessada em
mim.

“Quero saber o que você anda fazendo. Posta algo para me mostrar… não
precisa colocar foto.”

“O que devo postar?”

“Apenas poste algo de dentro do seu coração ou da sua cabeça, o que


quiser. Pode ostentar sua riqueza ou mostrar sua comida. Pode mostrar
tudo.”
“Isso não parece nada legal. Perdemos tempo no Facebook para nos
gabar?”

“Se temos, devemos mostrar. Eu fui comer aquele camarão de rio e postei
uma foto.” Olho para a mulher do rosto doce por um momento. “Você até
mesmo curtiu e disse que sou uma boa fotógrafa.”

“Tenho que mudar meu ponto de vista. Já que você insiste, vou postar
algo.”

Deve ser a diferença de idade… Finalmente, Khun Sam está postando


algo.

‘Faminta.’

‘Meu escritório é tão silencioso.’

‘Estou olhando as formigas na parede.’

‘Tem um lagarto aqui na minha sala.’

Ela pode postar o que quiser, mas o Facebook não vai amá-la. Ela
realmente trabalha em uma empresa de tecnologia?

‘Meu aniversário está chegando.’

E o último post me interessa após todos os outros sem sentido. Penso


antes de responder ao post dela.

‘Que tipo de presente você quer no seu aniversário?’

‘Não quero nada. Sou rica o bastante para comprar eu mesma. Agora
estou te mostrando o quão rica sou, deixe uma curtida.’

Ela realmente é do tipo de mulher que é difícil entender.

A Khum Sam, que eu conheci pelas entrevistas e revistas, é uma


‘mentira’. Se eu quero saber o que ela gosta, o melhor lugar é no grupo de
fofocas da P.P, com as amigas dela.
Tee: Do que ela gosta? De si mesma. Só isso.

Martha: Ela é tão rica. Não se preocupe com o presente, você é apenas
uma estagiária.

Kate: Sam normalmente usa coisas caras. Ela não liga para a marca, mas
coisas com boa qualidade. Mas infelizmente coisas de boa qualidade
também são caras.

Tee: Apenas apareça na festa de aniversário, vai ser o suficiente. Damos


uma festa para ela todos os anos. Será legal você ir este ano.

Kate: Sim, você precisa ir.

Doraemon: Mas tudo bem eu ir sem levar presente? Vai parecer que fui
porque é de graça.

Kate: Não. Você se preocupa demais.

Tee: Ninguém te vê desta forma.

Martha: O seu jeito é parecido com o da P. P. Não se preocupe.

Eu suspiro olhando para o meu telefone. Para uma estagiária que acabou
de receber o primeiro pagamento e deu boa parte para sua mãe, quanto
lhe sobrou?

Agora estou na loja de departamentos. Hoje recebi meu primeiro


pagamento na vida e estou tão animada. Decidi vir aqui para comprar um
presente para a Khun Sam. Mas quando falei com suas amigas, senti que
não sou boa o bastante, nem para ser sua amiga.

Khum Sam usa coisas luxuosas… Eu deveria saber. Céus, o que devo
fazer para ela? O que posso fazer sendo pobre?

“Você tem andado em círculos falando sozinha. O que foi?”

Me viro para ver quem falou e fico surpresa.

“Khun Sam!” Ela está andando ao meu redor. “Quais as chances.”

“Não. Eu te segui desde que saiu do escritório. E hoje você recebeu seu
primeiro pagamento, certo? Vai comprar o quê?”

Eu faço um gesto estranho para esconder que estou com vergonha.

“Só estou dando uma olhadinha. Mas por que você está me seguindo
silenciosamente?”
“Devo gritar que estou te seguindo ou cantar com você?”

Por que ela é tão difícil de entender assim? Ela entendeu o que eu quis
dizer? Esquece…

“De qualquer forma, vamos andar juntas.”

“Está procurando o que, coelhinha?”

“Estou procurando um presente para você.”

Ela me olha por alguns segundos e vira para o outro lado.

“Acabou de receber o pagamento e quer me comprar um presente.


Bobinha. Por que não compra algo para seus pais?”

“Eu já dividi com eles. Por que você é assim comigo?” Faço beicinho
emburrada e ela aperta minha boca quando vê.

“Parece delicioso.”

“Você sempre olha para minha boca desse jeito, para com isso. Estamos
no meio de uma loja de departamento. Então, você não é do tipo de
mulher que usa coisas baratas.”

“Não, não sou. Só uso coisas boas.”

“Mas suas bolsas, seus vestidos e seus cosméticos… você escolhe


apenas as luxuosas.”

“E daí? Não sou rica?”

Às vezes tenho tanta vontade de puxar o cabelo dela. Por que ela é tão
irritante?

“Eu tenho mil baht (cerca de R$140,00). O que posso comprar para
você?” Digo isso após olhar para o que sobrou na minha carteira. Então
sorrio para ela.

“Por que você quer me comprar algo? Eu não disse que queria um
presente seu.”

“Você vai dar uma festa de aniversário, não posso aparecer sem um
presente para você. Não é legal.”

“Normalmente você não é nada legal.”

Eu vou passar a odiá-la logo mais. Que mulher amarga.


“Então, me dê seu dinheiro, coelhinha.” Ela pega o dinheiro da minha
mão e coloca em seu bolso. “Eu mesma vou comprar.”

“Se você mesma comprar, não será um presente.”

“Pare de se preocupar com isso. Você vai descobrir o que comprei no dia
do meu aniversário. Chega, está tarde. Vamos voltar para casa. Já são
quase 20h.”

Ela me puxa pela mão para ir junto com ela.

“Você disse ‘casa’. Mas que casa?”

“Nossa casa.”

“Oi?”

“Quero dizer, minha casa.” Ela aponta para si mesma me respondendo


como uma criança fala com seu professor. “Não é seguro você ir para sua
casa agora.”

“Desde domingo… Já faz 5 dias que estou na sua casa.”

“Hoje será o sexto.”

“Você só quer me morder, né?” Eu pergunto a ela. “Khun Sam, você me


morde todos os dias.”

“Você não gosta?”

“Longe disso. Mas tenho me sentido estranha quando você me morde.


Como se tivesse algo voando dentro do meu estômago. Você não?”

“Eu também.”

Ficamos em silêncio por um bom tempo.

“Não parece nada bom, mas também não é ruim.”

“Eu não sei e não me atrevo a perguntar a ninguém.”

“Mas então não vai saber o porquê.”

“Você saberá a resposta um dia.”


Nós duas sabemos que não é normal, mas não temos certeza do que se
trata. Se perguntarmos às amigas dela, não poderemos dizer o motivo de
sentirmos isso.

É causado por uma brincadeirinha.

Que brincadeirinha? Morder lábios.

Um mês depois, a festa de aniversário está chegando. Kate e suas amigas


encomendam um bolo e reservam um restaurante inteiro para celebrar a
festa em privado, como um ricaço faria. Não é estranho, até porque a
Khun Sam é tataraneta do Rei e a Kate é uma atriz conhecida.

“Assopra.”

Khun Sam assopra as velas e todos em volta estão alegremente batendo


palmas. O bolo é cortado em várias fatias e os presentes são abertos.

“Enquanto estava na França, isso me lembrou você. Então, aceite.” Tee


ergue as sobrancelhas e mostra um relógio de luxo que comprou para a
Khum Sam.

“Uau, mas que tal isso? Um chaveiro feito de cristais swarovski, não foi
caro, mas brilha e chama atenção.” Kate ergue as sobrancelhas como a
Tee fez quando entregou a caixa para a Khun Sam. Jim está agora
segurando uma caixa de uma marca famosa de carteiras para dar a Khun
Sam.

Vejo todos aqueles presentes e me sinto envergonhada, porque não


trouxe nenhum presente a ela.

“Mon.”

“O que está fazendo aqui?”

“Só preciso ir ao banheiro.”

“Parecia chateada. Com certeza não vai ao banheiro. Você está bem?” A
mulher de rosto doce caminha até mim e segura minha mão, agora
consigo vê-la claramente. “Elas normalmente me dão aquelas coisas.”

“Mas eu não trouxe nada. Estou com vergonha. Não deveria estar aqui.
Me sinto deslocada.”

Após dizer a verdade sobre o que estou sentindo, ela ergue as


sobrancelhas e diz:
“Você me deu mil baht.”

“O que você comprou?”

“Um brilho labial.” Ela pega um brilho labial barato do bolso e me mostra,
e tem um pouco de dinheiro junto. “Este é o troco.”

“Troco. Teve troco?” Sinto vontade de chorar e as lágrimas começam a


escorrer. “Meu presente é tão sem valor comparado aos presentes de
suas amigas.”

“Por que está comparando? Eu mesma escolhi.” Ela abre o brilho labial e
cheira. “É bom, tem cheiro de morango.”

“Você não precisa fingir que gostou. É uma vergonha para mim.”

“Do que está falando? É meu aniversário. Como se atreve a chorar no


meu aniversário?”

“Eu… sou tão patética.”

“Quer usar meu brilho labial?”

“Oi?”

Ela me passa o brilho labial em vez de um lenço para enxugar minhas


lágrimas.

“Por que tenho que passar isso?”

“Você faz muitas perguntas. Venha, vou passar em você.” Então ela
passa na minha boca e fica encarando. “Muda de cor. Viu? Agora está
ficando rosa, e combina perfeitamente com você.”

“Por que passou seu presente nos meus lábios? É seu presente.”

“Oh! Eu não quero um brilho labial, mas isso sim.” Ela se abaixa para
morder meus lábios suavemente e então se afasta. “Quando está nos
seus lábios, é delicioso.”

“Hã?”

“Passa mais.”

Ela está focada em passar em mim e repetir as mordidas, mas tem algo a
mais desta vez… uma língua. Meu lábio é lambido por ela como um gato
lambe o próprio pelo. Minhas pernas ficam bambas e não consigo me
segurar, então dou um passo para trás para me apoiar na parede. Agora
Khun Sam e eu estamos em uma boa posição.
A linda mulher que está na minha frente estende a mão e me prende na
parede, como se não fosse permitir que eu saia do seu controle.De
mordidas a lambidas. Agora ela está provando meus lábios avidamente,
não é forte, mas suave e gentil, de milímetro a milímetro, como se
estivesse tentando provar o máximo que puder. E quando eu também
tento provar seus lábios, alguém de repente tosse para notarmos sua
presença.

Então, paramos e nos afastamos uma da outra. Foi a Kate quem tossiu.

“O que vocês estão fazendo?”

17

Um dedo mindinho

O silêncio paira entre nós. Kate olha para mim e para a Khun Sam
repetidamente, então ela move os lábios.

“Vocês duas estavam se beijando.”

“Não. Não mesmo, era apenas uma mordida.” Khun Sam se apressa em
responder. Mas parece que ela não ouviu. “Vá com calma.”

“Vocês sabem por que me deram o nome de Kate?”

“Por quê?”

“Eu não sei. Nossa! Não vou conseguir guardar isso, preciso contar a
todas. Todas devem saber e eu vou espalhar isso aos quatro ventos,
porque se eu sei, todos vão saber. Céus!”

“K… Kate…”

Tento alcançá-la, mas é tarde demais. Ela já desapareceu. Khun Sam olha
para mim e suspira.

“Não há segredos no mundo.”

“O que devemos fazer?”

“Não podemos fazer nada, então deixa para lá. Mas por que o nome dela é
Kate?”

É o momento para questionar o nome dela?


Agora estamos cercadas pelas amigas dela e elas nos olham como se
estivessem tentando encontrar a verdade sobre o que aconteceu. Tudo o
que consigo fazer é olhar para minhas mãos, mas Khun Sam é tão forte,
ela está agindo como se nada tivesse acontecido.

“Por que vocês estão sérias assim? Estávamos brincando e eu já contei


tudo a vocês.”

“Amigas não brincam assim. Costumávamos brincar assim, P. P.?” Jim


disse. “Foi uma brincadeira, Mon?”

“Foi sim. Achei que ninguém entenderia a gente e é difícil explicar. É


apenas uma agressão fofa, onde eu mordo o nariz dela e ela morde meus
lábios.”

“Céus! Que casalzinho inocente!… Isso não é brincar. Isso é…”

“Jim, você é tão mesquinha.” Kate tenta pará-la. Ela olha de forma
compreensível para nós. “Garotas íntimas podem brincar assim.”

“Como você pode entender esta situação? Se eu fosse próxima de


alguém e nos mordêssemos assim, agora eu teria uns doze filhos.”

“Você é tão antiquada! Somos humanos em novos tempos. Elas se


morderem não é grande coisa, né, Tee?”

Tee, que agora está confusa, concorda com a Kate.

“Pode ser verdade.”

“Ei, minha linda garota, você concordou? Hein?”

“É normal na sociedade ocidental. Eles sempre se beijam quando se


cumprimentam.” Kate disse isso olhando para a Khun Sam. “Eu entendo,
Sam.”

“Você com certeza é minha amiga moderna.” Khun Sam diz lentamente.

“De qualquer forma, o que você deu a ela de presente de aniversário?…


Um batom?” Kate pega da mesa, abre e gira. “Tem cheiro de morango.
Por que escolheu este sabor?”

“É gostoso.”

“Então, você passou nos lábios da Mon?”

“Aham.”
“Se você quer comer, por que não come em vez de passar nos lábios
dela?”

“É sobre sentir.”

“Ah, entendi.”

Agora Khun Sam está olhando para suas amigas como se estivessem
conversando pelo olhar. Kate sorri para a Tee.

“Cheira. Tem um cheiro bom, tão bom quanto o presente que você
comprou.”

Tee pega o batom da mão da Kate e cheira. Khum Sam olha para ela.

“Não passa! Não quero dividir com vocês.”

“Então é melhor passar nos lábios da Mon.” Tee disse. Ela se vira para
mim. “Venha, venha.”

A mão esbelta desta linda mulher está segurando meu rosto e com a
outra mão passa o batom suavemente em meus lábios. Só consigo me
sentar e ficar parada. Khun Sam me olha em silêncio.

Me pressionando…

“Que cor linda. Muda de cor. Como essa coisa barata faz isso? Eu
normalmente compro para minha namorada um desse que custa muito
mais que mil baht.” Tee olha admirada para mim. “Sua boca tem formato
de coração. Alguém já disse que seus lábios são lindos?”

“Já me disseram.”

“Tão maravilhosa. Dá vontade de beijar.”

“O que está esperando? Beija ela.”

Kate disse enquanto empurra a cabeça da Tee, mas Khun Sam é mais
rápida e afasta a Tee.

“Ei… Ei. É minha cabeça.”

Kate e Khun Sam estão se fuzilando com o olhar. Eu, no meio das duas,
continuo parada.

“Vocês são velhas demais para brincar assim.”

Jim olha aborrecida para a Kate e para a Khun Sam “Estou brincando
como ela. Uma amiga pode brincar com a outra assim.” Enquanto Kate
continua empurrando a cabeça da Tee, Khun Sam continua afastando
como se não fosse perder essa disputa.

“Quando vocês se aproximaram tanto assim da Mon? Se encontraram


poucas vezes… não deveriam se considerar amigas.”

“Ai. Conversamos todos os dias sem você saber. Tee levou a Mon para
jantar e ver filme. Não somos próximas o bastante?”

“Mon não quer morder os lábios da Tee.”

“Como você sabe? Você não é ela.”

“Eu sei bem o que ela está pensando.”

“Ah! Entendi! Você fala por ela. Vocês são bem próximas agora.”

Continuo sentada sem reação. Jim, que também está sentada há um bom
tempo, não consegue mais se segurar e finalmente diz:

“Brigando feito crianças, qual é? Deixa comigo!”

Ela corre em minha direção e se prepara para me beijar. Mas algo é mais
rápido.

Bang!

Jim

Jim é acertada pela mão da Khun Sam como uma bola de vôlei é acertada
em um ponto decisivo. Foi alto o bastante para todas ficarem em silêncio.
Jim agora está atordoada e congelada.

“Jim…” Khun Sam fala em choque. Jim, agora com o rosto cheio de
lágrimas, se vira para a Khun Sam lentamente.

“P. P. … você… você me bateu muito forte.”

“Sinto muito. Eu não queria.”

“O quão mais forte seria se você quisesse? O bebê dentro de mim vai
chorar com isso.”

“Eu dei um tapa na sua cara, não no seu estômago.”

“Também dói aqui.” Ela toca a barriga levemente enquanto responde


chorando. “Você pode morder a Mon. Por que eu não posso?”

“O que diabos está acontecendo? Por que você precisa mordê-la?”


“Você disse que é normal amigas fazerem isso. Queremos nos aproximar
da Mon. Só brincar com ela. Por que está nos impedindo?”

Kate disse com os braços cruzados. Tee, vai em direção a Jim para
acalmá-la. Parece que ela não gostou do que a Khun Sam fez.

“Você é séria demais. Só estávamos brincando.”

“Eu não fiz nada de errado.” Ela olha para as amigas que estão em
silêncio. “Mon não é um brinquedinho que vocês podem brincar.”

“Então por que você pode?” Kate responde ousadamente. Agora a


situação não está nada bem. Na verdade, está desconfortável e preciso
fazer algo.

“Sim. Podemos brincar e eu estou bem com isso…”

“Para mim, a Mon não é um brinquedo.”

Ela me puxa pela mão para fora do restaurante sem se despedir de


ninguém. No caso de suas amigas, nenhuma pede para ela ficar mais
tempo.

Estávamos nos divertindo no começo, mas por que tudo piorou


seriamente?

“Khun Sam, tudo bem sairmos assim? Não seja estraga prazeres, elas só
estavam brincando… não precisa levar à sério.”

“Se eu não levasse à sério, você teria sido mordida por elas.”

“Elas estavam te provocando.”

A linda mulher para e me olha seriamente… Agora consigo ler sua mente
como nunca. Agora eu sei o que ela está sentindo.

“Você vai brincar de morder com qualquer uma?”

“Por que não? Eu até brinco com você.”

“Somos próximas.”

“Viu? Também sou próxima da Kate, da Tee e da Jim.”

“Somos mais íntimas. Além disso, elas não sabem morder e te


machucariam.”

“Ah! O batom ficou sobre a mesa.” Eu quase me esqueci. “Vou voltar para
pegar.”
“Não, não precisa voltar.”

“Mas é seu presente de aniversário.”

“Eu compro outro.”

“Mas…”

“Eu não vou deixar você voltar lá!”

Ela disse isso em um tom que nunca ouvi. Sua voz agora está me
controlando e me mantém paralisada. Por que ela parece tão chateada?
Mesmo que normalmente ela esconda seus sentimentos.

“Khun Sam, hoje é seu aniversário, por favor, não fique mal-humorada.”

“Se você voltar, elas podem te morder.”

“Não vou deixar. Prometo.”

“Eu disse que não vou deixar você voltar, vou comprar outro.”

“Você gasta seu dinheiro inutilmente. Mesmo que não tenha valor para
você, foi meu primeiro pagamento.”

“Deixa lá. Melhor do que você morder os lábios de alguém.”

“Não é nada demais. Estou bem.” Já chega disso de mordida. É só uma


brincadeira. Somos todas garotas. Se posso brincar com a Khun Sam, por
que não poderia com elas?

Mas…

“Mas eu não estou. Hoje é meu aniversário. O presente que eu queria não
era o batom, mas sim sua boca. Então, como posso deixar que qualquer
um morda? É meu presente de aniversário… Só meu. Você entende?”

Palpitação…

Palpitação…

Palpitação…

Palpitação…Palpitação…Palpitação…

Meu coração está batendo tão rápido. Parece que meu sangue vai
estourar uma veia e vou desmaiar. Enquanto isso, o rosto da Khun Sam
de repente está todo vermelho, como nunca.
Tudo o que consigo fazer é olhar para ela, então Khun Sam se recompõe
e se apressa em direção ao carro.

“Vamos voltar para casa.”

“Certo.”

Mas ainda estou preocupada com as amigas dela. Alguns dias depois,
mando uma mensagem no grupo de fofocas da P. P. Primeiro, fico com
receio de perguntar, já que fui o motivo da briga, mas deve ser
intervenção divina ou algo assim, porque a Tee fala no grupo primeiro.

Tee: Ei, Jim. Está se sentindo melhor?

Martha: Bem melhor.

Tee: Como? Se esqueceu que levou um tapa na cara da P. P.?

Martha: Não vou me esquecer, mas não preciso ficar remoendo. Ela já
veio me pedir desculpas pessoalmente.

Eu pulo as outras mensagens para ler a da Jim um pouco surpresa, então


pergunto de volta.

Doraemon: Quando ela fez as pazes com vocês? Eu não sabia.

Martha: Como você saberia, Mon? Não está com ela o tempo todo.
Hahaha.

Martha: Figurinha.

Eu sou a pessoa que está com ela o tempo todo… Mas não digo isso a
elas.

Martha: Ela veio almoçar comigo e pediu desculpas. Quase terminei com
meu namorado para me apaixonar por ela de novo.

Martha: P. P. fez meu coração tremer.

Um almoço? Quando tento me lembrar, me lembro de um dia em que a


Khun Sam saiu sozinha e voltou por volta das 15h. Com certeza deve ter
sido neste dia. O dia que pensei que ela saiu para encontrar alguns
clientes e não perguntei e ela também não disse nada.

Estou um pouco ofendida. Achei que ela me contaria… tudo.

Kate: Acabei de ler. Como foi? Nos conte.


Martha: Primeiro ela disse que queria fazer xixi e perguntou onde ficava o
banheiro.

Kate: Isso é tão a cara da P. P., dando voltas no assunto, evitando chegar
ao ponto. Sua casa fica em Bangkae, então ela foi de Silom para Bangkae
para ir ao banheiro?

Martha: Então ela falou sobre cistite, porque estava preocupada com o
bebê em meu ventre. Nessa hora eu ainda estava brava com ela.

Li o que Kate escreveu e sorri. Isso é o que ela costuma fazer. É tão a
Khun Sam.

Martha: Então disse a verdade para ela. Que não tinha esquecido que ela
me deu um tapa e ela disse… que deveria fazer como nas séries de
drama.

Kate: Como nas séries de drama?

Martha: Tapas e beijos.

Tee: Interessante.

Martha: Ela virou o rosto e disse que como ela tinha me dado um tapa,
então poderia beijá-la ou dar outro tapa… Adivinhem o que escolhi?

Kate: Você escolheu o beijo, né?

Martha: Tão esperta. Beijei a bochecha dela. Céus, eu quase larguei meu
namorado para ficar com ela. Somos amigas há tanto tempo, mas foi a
primeira vez que beijei o rosto dela. O rosto dela ficou vermelho de
vergonha… Nossa… Nossa… e então estávamos bem de novo.

Martha: Jesus… que pele lisinha da minha P. P.

Quando li este final, eu de repente bloqueio minha tela e jogo meu celular
sobre a mesa. Meus colegas de escritório que estão trabalhando ficam
surpresos, porque a sala está tão quieta.

Furiosa… estou furiosa com ela.

Se eu beijasse meu melhor amigo, como seria?

Sem pensar, faço uma publicação no Facebook. E então, todo mundo,


meus colegas de escritório, meus amigos ou qualquer um que é meu
amigo no Facebook curte a postagem e comenta.

E claro…
‘Você está ficando louca…’

Khun Sam, que agora está usando uma conta desconhecida com a
imagem de uma sombra no perfil, comentou minha publicação e eu a
respondo.

‘Todos fazem isso.’

‘Quem são todos?’

‘Não sei, mas vou me lembrar que se um amigo meu ficar bravo comigo,
vou me reconciliar com um beijo.’

Tocando…

Meu telefone está tocando sobre a mesa, mas tento ignorar, mesmo que o
barulho seja alto. Até que todo mundo do escritório escuta e me olha com
cara de desaprovação.

“Atenda, por favor. Khun Sam ficará brava com você.”

Yah disse como se soubesse quem estava me ligando. Eu suspiro e


atendo. Ela ainda faz o mesmo, começa introduzindo a si mesma.

[É a Khun Sam, venha até aqui, por favor.]

E esta é a primeira vez que me recuso.

“Não, eu não vou.”

Todos na sala imediatamente olham para mim. Eu, que a respondi


agressivamente, tento mudar o tom para mais educada e formal.

“Quer falar sobre o que, madame?”

Ainda é estranho para todos. Quando a Khun Sam quer ver alguém,
ninguém ousa não comparecer. Ela é a chefe e eu estou me opondo a ela.

[Qual é o seu problema?]

“…”

[Está brava comigo?]

Estamos tão longe do ponto inicial. Apesar de que sinto que ela se
preocupa comigo cada vez mais. Uma chefe pode falar assim com sua
funcionária?
Eu desligo imediatamente e volto ao trabalho. Todos ainda continuam me
olhando, até que eu recebo mensagens no meu celular. É a Khun Sam me
enviando milhares de figurinhas antes do texto.

Chefe: O que foi?

Chefe: Recusou minha ligação.

Doraemon: Não.

Chefe: Então tem algo.

Doraemon: Como sabe?

Chefe: Sou como você.

Hã? Ela sabe bem…

Doraemon: Você fez as pazes com a Jim?

Chefe: Já fui até a casa dela pedir desculpas.

Doraemon: Você não me disse nada.

Chefe: Precisa saber tudo?

Fico sem palavras e atordoada quando leio. Lágrimas brotam nos meus
olhos do nada. Sinto que ela estava tentando dizer que aquilo não era da
minha conta.

Doraemon: Não preciso, não sou sua amiga.

Chefe: Está brava comigo?

Chefe: Eu não entendo.

Chefe: Eu não entendo.

Chefe: Eu não entendo.

Chefe: Eu não entendo.

Ela manda repetidamente. No meu caso, tudo o que posso fazer é enxugar
minhas lágrimas e chorar em silêncio. Após isso, ela me manda outra
mensagem.

Chefe: Você viu minha postagem no Facebook?


Eu não respondo nada, mas clico no link do Facebook que ela me enviou.
Eu quase cuspo a água que estava bebendo quando vejo a foto que ela
postou. É uma foto do seu dedo mindinho levantado… para fazer as pazes
comigo.

Eu não entendo, mas por favor, me desculpe.

É insano!!!

Sim! Eu aceito suas desculpas.

18

Eu estou?

“Ei, me fala.”

“Quê?”

“Por que está chateada?”

Hoje é mais um dia em que fiquei na casa da Khun Sam, como de


costume. Agora estamos assistindo The Masked Singer – um programa
de TV – que não sei qual é o prêmio para o vencedor, mas é legal. No caso
dos meus pais, eles não estão preocupados comigo porque sabem
exatamente onde estou e não preciso acordar cedo ou voltar tarde da
noite. “Não estou chateada.” Respondo mal-humorada, mesmo que eu
mesma não acredite no que disse. “Só estou apenas…”

“Apenas…”

“Apenas…”

“Apenas…” Tentei perceber o que sinto antes de suspirar. “Só estou mal-
humorada em saber que você beijou a bochecha da Jim. É besteira.”

“Hum, realmente.”

Olho furiosa para ela. Agora ela deveria ter dito algo para me animar.

Mas é insana.

“Estou acostumada. Este é meu jeito.”

“Hum?”

A linda mulher me olha e dá de ombros.


“Quando a Tee estava tentando te beijar, eu fiquei mal-humorada igual.
Então, eu te entendo agora.”

“Sério?” Estou me sentindo mais normal. Não sou estranha. “Ficaria mal-
humorada assim com a Tee, Jim ou Kate?”

“Não, só você.”

“Por que eu?”

“Então, digo o mesmo, por que eu?”

“Hum.”

“Hum.”

Agora nossos cérebros estão trabalhando.

“Posso te perguntar uma coisa?” Pergunto a ela.

“Sim, o que é?”

“Que tipo de relacionamento é o nosso?”

Ela age como se estivesse pensando profundamente e me olha.

“Temos uma diferença grande de idade…. então não somos amigas…


devemos ser irmãs ou algo assim?”

“…”

“Qual o seu problema?”

“Não sei. Estou temperamental.”

“Está menstruada?”

Coloco um travesseiro no meu colo para a Khun Sam.

“É melhor eu ir para cama. Minhas emoções não estão estáveis hoje.


Mesmo que tenha dito que somos irmãs, estou mal-humorada.”

“Então o que você quer ser minha?… Ah! Eu sei.” Ela diz, animada. E fico
interessada em saber. “Você quer ser minha escrava!”

“…”
“Quero dizer, minha empregada. Minha avó costumava chamar de
criadas.”

“Boa noite.”

E corro para cama. Khun Sam continua falando sobre o que eu deveria
ser.

A cerimônia de casamento de Jim está chegando. Khun Sam será


madrinha. Hoje ela saiu do escritório mais cedo, porque precisa provar os
vestidos com suas amigas. Então, eu volto para minha casa. E este é o
motivo dela me mandar mensagem a cada 10 minutos,

Chefe: Está em casa?

Chefe: O que jantou?

Chefe: Tomou banho?

Chefe: Por que está tão quieta? O que está fazendo?

Posso sentir a impaciência em todas as palavras que ela digitou. Estou


gargalhando e enquanto estou respondendo a ela, ouço alguém tossir por
um tempo.

“Mon.”

“Nop.”

Então, preciso conversar com o Nop antes de responder a mensagem da


Khun Sam. Meu lindo amigo de infância está com receio de se aproximar
de mim.

“Venha, Nop.”

“Tem tempo para conversarmos?”

A nossa última conversa não foi nada bem e eu estava destinada a não
me reconciliar com ele porque queria deixar as coisas claras. Agora que
ele está aqui, significa que ele aceitou tudo e quer que sejamos amigos de
novo.

“Está tudo bem, entre. Como você está?”


“Parecia que você estava no exterior. Não nos vimos… por muitos dias.
Seu pai me disse que você tem ficado na casa da Khun Sam.”

“Hum.” Não sei por que fico envergonhada para responder a ele. “Fica
perto do meu escritório. Ela é tão gentil, então me deixou ficar lá.”

“Que gentileza da parte dela. Sua chefe é bem generosa com os


empregados.”

Ele disse sarcasticamente para mim. E quando ele vê que não estou
satisfeita, muda de assunto.

“Como foi seu primeiro pagamento?”

“Dei para a mamãe.” Estou tentando ser boa com ele. “Mas fiquei com
uma parte.”

“O jeito que conversamos… não é mais o mesmo.”

“Nós dois estamos crescendo. Temos trabalho e responsabilidades.”

“Não. Você tem uma nova amiga… Khun Sam.”

“Nop…”

Estou ficando mal-humorada e pronta para discutir de novo com ele. Mas
o celular toca e me tira da situação. Khun Sam está me ligando.

“Um segundo. Estão me ligando… Sim, Khun Sam.”

Nop ri e eu finjo ignorá-lo, me controlando para não perder a cabeça.

[O que está fazendo, coelhinha?]

“Ah, estou falando… com o Nop.”

Paro por um momento antes de dizer o nome dele. Khun Sam está me
pressionando.

[Conversou com um amigo e já me esqueceu.]

“Não… Não por muito tempo.”

[Continue…]

Ela de repente desliga na minha cara me deixando confusa, porque não


sei o que há de errado, mas uma coisa é certa, vou descontar tudo no Nop
que está na minha frente.
Nop é o motivo da conversa grosseira que tive com a Khun Sam.

“Estou com sono. Vou voltar para casa.”

“Mon.”

“Quê?” Respondo a ele rispidamente. “Estou cansada.”

“Você gosta da Khun Sam?”

“Eu gosto e a admiro há muito tempo.”

“Quero dizer, você está em um relacionamento com ela?”

“Que loucura!” Eu grito. “É nojento. Somos boas amigas. Como


poderíamos estar em um relacionamento? Somos duas mulheres.”

“Sabia que quando você fala com ela parece que são um casal?”

“Apenas somos íntimas. Você sabe bem disso, ela é meu ídolo há muito
tempo.”

“Ídolo é diferente de casal.”

“O que você quer, Nop?”

“Só quero ser seu bom amigo.” Ele me olha gentilmente. “Mas parece que
me expressei mal.”

“Sim, se expressou mal. Como seríamos um casal? Somos mulheres.”

“Mon, em que mundo vive?”

“Já chega, se ainda quiser ser meu amigo, pare de falar sobre isso.”

“Mon, você pode falar de tudo comigo.”

“Mas não sobre isso.”

Me viro e vou direto para meu quarto. Continuo olhando confusa para
meu celular. Parece que estou com medo de falar com a Khun Sam, se ela
não atender ficarei desapontada e chorarei sozinha.

Minha única esperança agora é… O grupo de fofocas da P. P.

Doraemon: Meninas… Já terminaram de provar os vestidos?

Doraemon: Ficou bem na Khun Sam?


Doraemon: Ela com certeza ficará linda.

Doraemon: Khun Sam comeu algo?

Doraemon: Se ela ainda não comeu, vai ter gastrite.

Doraemon: Vocês já voltaram? E a Khun Sam?

Kate: Quando vai ir direto ao ponto? Ela foi embora faz tempo. Estava
sorrindo para a gente, o que nos assustou bastante.

Tee: O que aconteceu?

Jim: O sorriso dela faz o mundo todo chorar.

Faz mesmo, ela está chateada comigo por ter falado com o Nop. E não sei
por que preciso me sentir culpada por falar com o amigo de infância que
cresceu comigo e ficar preocupada por ela estar chateada por conta
disso.

Kate: Nos conte. O que aconteceu?

Doraemon: Não foi nada. Não brigamos.

Tee: Se vocês duas não brigaram, tem alguma outra coisa.

Doraemon: Khun Sam me ligou quando estava com um amigo.

Tee: Um rapaz ou uma moça?

Doraemon: Um rapaz.

Tee: Só amigo?

Doraemon: Sim. Somos apenas amigos. Mas o que aconteceria se não


fosse?

Então o silêncio paira no grupo. Parece que elas sumiram para discutir
alguma coisa. Após um tempo, Jim manda uma mensagem.

Jim: Mon, vou te fazer uma pergunta séria. Você e a Sam são um casal?

Doraemon: Ainda não.

Doraemon: Não. Por que eu disse ainda? Não estamos em um


relacionamento. Somos…

Paro de digitar e suspiro antes de escrever algo que me irrita por dentro.
Doraemon: Somos irmãs.

Tee: O mundo já tinha uma garota idiota, mas agora nasceu outra! Meu
Deus! Eu quero morrer com vocês duas.

Kate: Mon, não quero te apressar, mas pensa com carinho e me responda
depois.

Kate fica em silêncio por alguns segundos antes de me perguntar algo


que acelera meu coração.

Kate: Você gosta da Sam, Mon?

Por que todo mundo hoje está me fazendo esta pergunta? O Nop e agora
as meninas do grupo de fofocas da P. P. Não sei lidar com isso.

Devo perguntar a Khun Sam. Hoje, terei que esclarecer isso.

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Doraemon: Figurinha

Vejo que a mensagem foi lida, mas sem respostas. Khun Sam vai esperar
eu escrever algo primeiro. Isso me deixa enjoada.

Doraemon: Tenha uma boa noite.

Chefe: Isso é tudo?

Funcionou! Eu sorrio e respondo.

Doraemon: O que há com você? Suas amigas me disseram que você


estava mal-humorada.

Chefe: Foi chato. O vestido não coube direito. Estava desconfortável.

Doraemon: Ficou mal-humorada porque eu não passei a noite com você,


né? Está se sentindo sozinha?

Chefe: Por que eu me sentiria sozinha? Estive sozinha por muito tempo.

Doraemon: Quer dizer que é melhor dormir sozinha?

Ela não me responde o que me irrita. O silêncio pode significar um ‘sim’.


Não é difícil adivinhar.

Doraemon: Por que sou a única que quer estar com você?
Doraemon: Por que só eu estou sentindo sua falta?

Digito isso implorando por uma resposta, mas ela se foi por cinco
minutos. Fico desapontada. Então, quando decido digitar de novo, ela me
responde de repente com um timing perfeito.

Chefe: Também sinto sua falta.

Palpitação…

Palpitação…

Deixo meu celular cair no chão quando tento segurar meu coração com a
mão. Deve ter sido por causa do choque ou do entusiasmo, mas faz me
lembrar do que a Kate disse no grupo de fofocas da P. P. e que ficou
preso na minha cabeça.

Você gosta da Sam, Mon?

Você gosta da Sam, Mon?

A pergunta dela ressoa alto na minha mente repetidamente. Olho para o


espelho da minha penteadeira. Vejo meu rosto corar, meus olhos estão
brilhando como nunca… Fico mais chocada ainda.

Meu Deus… Eu estou…

Estou com alergia ao bolinho de peixe frito que minha mãe fez?

19

Sr. Kirk & Khun Sam

Eu não sou uma garota ingênua a ponto de não entender o que Nop e a
amiga da Khun Sam perguntaram. Mas eu nunca pensei que teria este tipo
de sentimento por ela. Ela é muita areia para meu caminhãozinho. Eu não
a mereço por vários motivos. Além do mais, ela é noiva do Sr. Kirk.

Tanto drama… Hoje em dia, precisamos mesmo nos casar?

Quando penso nisso, fico mal-humorada. Essa é a verdade. Um homem


deve ficar com uma mulher. Preciso aceitar isso.

Porém, Khun Sam, ela é tão boa que ninguém neste mundo estará a sua
altura. Ela deveria estar solteira, ao menos é o que eu gostaria.

Hum… Isso seria bom.


Agora, ela sempre se encontra com suas amigas porque o casamento da
Jim está chegando. Eu ouvi da Khun Sam que a Jim não queria se casar,
provavelmente ela está em depressão. Então, elas conversam com ela
frequentemente para animá-la. E minha chefe, sempre me relata o que
está fazendo. Onde está… e eu também faço o mesmo.

Doraemon: Agora, Yah está pagando a conta. Estou com ela.

Chefe: Vá para casa logo. Quem vai chegar primeiro?

Doraemon: Qual a recompensa para a vencedora?

Chefe: A vencedora receberá o título ‘a vencedora’ como… M. L. Sam, a


vencedora. Algo assim.

Doraemon: E a perdedora?

Chefe: O título será ‘a perdedora’ como Senhorita Kornkamon, a


perdedora.

Tão criativa.

Enquanto estou focada no meu celular conversando, Yah me cutuca em


pânico.

“Mon, por favor, fique parada e não olhe para trás.”

“O que foi?”

“O Sr. Kirk.”

“E daí? Por que…” Mesmo que a Yah tenha dito para não me virar, é difícil
controlar a curiosidade. Olho para trás e vejo o Sr. Kirk abraçando uma
pequena senhorita. Agora sei por que a Yah não queria que eu olhasse
para trás. “Quem é ela? A mulher com o Sr. Kirk.”

“Claro que eu não sei. Não estou me sentindo bem agora. Eu não deveria
ter visto algo assim… É tão difícil guardar segredo. Devemos nos
apressar e sair daqui. Se ele nos ver, não vai ser nada bom para a gente.
Ficaremos marcadas.”

“Por quê?”

“Porque descobrimos o segredo dele, ele vai nos forçar a pedir demissão.
Eu já vi isso antes nas novelas. Estou velha demais para procurar um
novo emprego. Vamos.

Sou empurrada pela Yah para fora, agora estou me sentindo triste por
alguém e não sei o porquê.
Não… Não posso ignorar isso.

“Yah, você pode ir na frente.”

“Por quê?… Ei, o que você vai fazer?”

Eu me viro e vou em direção ao Sr. Kirk. A Yah já desapareceu, porque ela


não quer fazer parte desta situação e ser obrigada a pedir demissão. O Sr.
Kirk está feliz com a senhorita ao seu lado, eles estão ocupados falando
docemente sobre a última versão de um celular.

“Olá, Sr. Kirk.”

É isso.

“Mon.”

O clima doce desaparece, como se tivesse sido levado pelo vento e


secado pela luz do sol. Ele se apressa em dizer, ainda com a mão em
volta da cintura dela. Que surpresa para ele.

“Sr. Kirk, que bom te ver. Não quero atrapalhar, só pensei em


cumprimentá-lo.”

Mesmo que eu tenha muitas coisas em mente a serem ditas, não falo
nada. Não é da minha conta. O que quer que ele tenha feito, fica entre a
Khun Sam e ele, mas sou muito próxima dela e acidentalmente me
deparei com isso.

Finalmente, agora estou sentada no carro do Sr. Kirk e aquela mulher


baixinha magicamente desapareceu. Sinto uma grande pressão ao meu
redor e estou começando a me arrepender de não ter dado ouvidos a Yah.

Khun Sam continua me mandando mensagens para perguntar onde estou


e o que estou fazendo. Eu deveria estar no quarto da Khun Sam
assistindo um dorama coreano com ela, mas parece que não tenho
escolha, já que estou no carro dele indo para minha própria casa.

Doraemon: Sinto muito. Hoje não posso ficar com você.

Doraemon: Minha mãe não está bem.

Chefe: O que ela tem?

Doraemon: Não tenho certeza, mas te aviso quando descobrir.

Me sinto culpada por mentir para ela, mas se eu disser a verdade, terei
que explicar o verdadeiro motivo.
“Sr. Kirk, não quer falar comigo?”

“Você não contou para a Sam ainda, né?”

“…”

“Eu errei. Foi minha culpa.”

Estou achando ótimo ouvir o dono da empresa em que trabalho, me


implorando como uma criança. Por que está me dizendo isso? Deveria
dizer para a Khun Sam, isso sim.

“Sr. Kirk, você não precisa me implorar assim.” Dou um sorriso sem
graça para ele. Ele me dá pena.

“Quero que tenha pena de mim.”

“Ah…”

“Eu sei que você não é do tipo dedo duro, mas será melhor que ninguém
saiba.”

“Eu não vou falar para ninguém, mas você realmente errou.” Eu não sei
de onde tirei coragem para dizer isso. “Sr. Kirk, você está namorando a
Khun Sam. Não deveria fazer isso.”

“Eu estava me sentindo sozinho.”

“…”

“Ela normalmente não tem interesse nas coisas. Mas ultimamente, ela não
tem tempo para mim. É como se ela… tivesse outra pessoa.”

Fico congelada como se as palavras ‘outra pessoa’ fosse eu.

“Não leve a sério. Khun Sam… é difícil de alcançar.”

“Mas agora alguém conseguiu alcançá-la. Estou sentindo isso.”

“Você está se preocupando demais, senhor.” Eu respondo


imediatamente. “Khun Sam é uma pessoa difícil, mas você foi o único,
excluindo as amigas dela, a conseguir se aproximar.”

“Hmm?”

“Sim?”

O lindo homem me olha maravilhado.


“Você conhece a gangue dela?”

“Ah… ah.” Olho em volta tentando achar uma resposta de como conheci
as amigas dela. “Vou te dizer a verdade. Eu conheço a Khun Sam há
muito tempo.”

“Como?”

“Eu a conheço desde a quarta série…”

E conto a ela uma longa história e outra falsa, de como a conheci e


também as amigas dela no mesmo período. Ele me olha surpreso e
começa a falar mais.

“Sério? Você a conhece há muito tempo. Isso é uma surpresa para mim.”

“Sim. Então, também conheço a gangue dela.”

Que mentirosa…

Por que menti? Não há nada de errado em conhecer as amigas dela. Hoje
menti duas vezes em menos de 10 minutos e menti para duas pessoas
sobre seus problemas.

Quê?…

“Conheço a Khun Sam desde jovem, crianças. Nossas famílias são


próximas. Você pode achar pretensioso, mas me apaixonei por ela à
primeira vista.”

Agora, é hora dele contar a própria história. Olho para ele com inveja.
Este homem convive com a Khun Sam desde criança, quando as pernas
dela eram curtinhas, suas mãos pequenas e sua voz tão doce que nem
mesmo as amigas do grupo de fofocas da P. P. puderam ouvir.

“Sam era uma garota charmosa, difícil de lidar e fofa. Tive sorte de
nossas famílias serem próximas. Ela não tinha muitos amigos, então tive
sorte em ser amigo dela.”

“Foram obrigados a noivar, como nos dramas?”

“Claro que não, este é o mundo real. Não é como na série Jutatape.” Ah, o
Sr. Kirk conhece este drama. Será que ele gosta da atriz Mew Nittha?
“Mas ficamos noivos porque eu apressei as coisas.”

“Hmmm?” Tenho este ‘hmmm’ preso na minha garganta há tanto tempo,


que soltei quando ouvi o ‘eu apressei as coisas’, soou como se ele a
tivesse violado. O Sr. Kirk me olha como se pudesse ler minha mente. Ele
se apressa em se explicar.
“Eu a pedi em namoro e disse que se ela não tivesse ninguém,
deveríamos nos casar, se não, a avó dela arrumaria outra pessoa… E
adivinha? Ela disse sim… É um acordo. Estar comigo é melhor do que
com outra pessoa.”

“Entendi.”

Me sinto um pouco chateada após ouvir isso. O Sr. Kirk sorri, mas é um
sorriso triste.

“Viu? Não consigo imaginar o que a Sam faria se descobrisse que saí
com outra garota. O que ela demonstraria naquele rosto frio?”

“O que quer dizer?”

“Quero dizer… Ela ficará com ciúmes de mim? … Eu realmente gostaria


de saber…”

“…”

“Mas não vamos pagar para ver, não quero me arriscar. Você já me
prometeu que não vai contar a ninguém.”

O tempo passa tão rápido. Agora estou parada na frente da minha casa,
vendo o carro dele se afastar.

Realmente não contarei a ninguém?

Eu decidi não contar… porque prometi, o Sr. Kirk foi grato e me tratou
muito bem. Mais tarde, ele me mandou uma solicitação de amizade no
Facebook, com um nome tão diferente quanto o da Khun Sam.

‘Ronaldo, um cara legal.’

O que acontece com os donos desta empresa?

“Preciso me esconder. Se seus colegas descobrirem que sou eu, ficarão


desconfortáveis. Além disso, quero ser seu amigo no Facebook para
descobrir o que fofocam sobre mim… Ah! Quase me esqueci, não seja
estranha. Aja naturalmente.”

Estes foram os motivos que ele me deu. Francamente, me sinto


desconfortável e estranha. Parece que meus pais estão vigiando meu
perfil e não posso postar o que quero.

Ele curtiu todas as minhas publicações no Facebook. Tudo o que postei,


até posts falando mal ou bem dele, ele curtiu tudo. Claro… não só eu
acho isso estranho.
“Quem é Ronaldo?”

Finalmente Khun Sam me pergunta após ver que o Sr. Kirk curte tudo o
que posto e não sabe que… Ronaldo é o noivo dela.

Devo dizer a ela ou não?… Mas como devo explicá-la o motivo de termos
virado amigos no Facebook? Se eu disser o motivo, terei que explicar
desde o início e no fim quebraria a promessa. E o segredo de que ele a
traiu seria revelado.

Caos!

Não, não, não… Não vou dizer a ela.

“Um amigo no Facebook.”

“Ele comenta em suas postagens o tempo todo.”

“Apenas comenta.”

“Mas é o tempo todo, você é próxima dele?”

“Você também comenta em minhas postagens o tempo todo.”

“Porque somos íntimas.”

“Somos?”

Ela me olha por alguns segundos e me dá um peteleco de leve na testa.

“Dando o troco.” Ela ergue a sobrancelha. “Acho que… Ronaldo, um cara


legal, está comentando demais nas suas postagens, terei que dar um
motivo para ele parar.”

“Khun Sam, são apenas comentários.”

Khun Sam está tão destemida que me sinto insegura. Finalmente, uma
guerra na rede social se inicia no meio da noite. Khun Sam responde os
comentários do Sr. Kirk como se quisesse começar uma briga.

Eu sou sua chefe: Se afaste se não for próximo dela.

Olho para ela. Khun Sam agora está rindo em sua cama como uma
criança que acabou de roubar o celular da irmã mais velha para divulgar o
número dela em um site adulto.

Não esperamos muito tempo… O Sr. Kirk responde ferozmente.

Ronaldo, um cara legal: Não é da sua conta.


Khun Sam fica quieta por um segundo. Agora, estou sentindo que a
situação vai piorar porque vejo a Khun Sam olhando o celular e digitando
insanamente.

Sou sua chefe: Seus pais não te deram educação?

Ronaldo, um cara legal: E os seus? Dizendo algo sem saber… Qual foi?
Intrometida!

“Quem é ele?” Ela morde os lábios enquanto me olha. “Eu o conheço?”

“Khun Sam.”

“Quem é ele?!”

“Um… um amigo do Facebook. Só isso.”

“Desfaça a amizade com ele agora, como conheceu um cara escroto


assim? Nunca vi uma pessoa tão rude assim em toda minha vida. Tão
selvagem! Ninguém nunca me chamou de ‘intrometida’ antes.

Mas do que suas amigas te chamam, P. P.? … Claro. Só penso alto. Não
falo isso.

“…”

“Se eu descobrir quem ele é, darei uma lição.”

Às vezes, me sinto culpada por tê-la ensinado a usar o Facebook. Não


pensei que poderia ficar irritada com uma pessoa desconhecida.

Esta é a primeira vez que vejo a Khun Sam tão irritada assim… O que
devo fazer? Como digo que ele é seu noivo?

Ai!

20

Tanto faz

Desde aquele dia… ela anda estressada e briga quase todos os dias com
‘Ronaldo, um cara legal’. Estou com vontade de chorar de tanto que tentei
fazer a Khun Sam parar, mas falhei. Fiquei surpresa quando descobri que
ela enviou um e-mail para o Mark Zuckerberg pedindo as informações do
Ronaldo, um cara legal. Claro, nem o governo tailandês consegue tais
informações, como ela poderia? Quem é ela?
Ela é apenas a M. L. Sam.

Enquanto ela está estressada, o Sr. Kirk, que brigou com ela, está
adorando essa guerra de rede social.

“Viu? Tão intrometida, eu dei a ela um motivo e então ela sumiu.”

“Sr. Kirk, você não deveria brigar com ela.”

“Da próxima vez, ela não vai se intrometer de novo.”

Sr. Kirk está falando comigo enquanto estou parada na frente do


elevador. Ele me convida para almoçar no meio dos meus colegas…
Claro, com certeza serei o assunto no escritório.

Acalme-se, acalme-se. Ele almoça com a Khun Sam… Isso mesmo! Ela vai
vir! P. P. com sua cara séria, agora está sorrindo de orelha a orelha, deve
ser porque ela anda muito estressada.

Talvez ela queira ver o inimigo que a chamou de intrometida o dia todo…
Ele, seu noivo, que está bem aqui.

“Você está com um grande sorriso no rosto. Está estressada?”

“Por que a Mon está aqui?”

“Eu a convidei para almoçar com a gente.”

“Você é próximo dela?” Ela o pergunta de volta. Então, ela me olha. “Você
é o chefe, mas convida os subordinados para almoçar com você. Podem
criar rumores sobre isso.”

“Quem se atreveria a criar rumores sobre mim? Eu sou o dono… mais


velho e, além disso, você está comigo. Mas você está bem? Parece mal-
humorada. Viu? Até está sorrindo.”

O Sr. Kirk fala com a Khun Sam enquanto coloca a mão intimamente
sobre os ombros dela. Me sinto desconfortável ao ver isso, então decido
me afastar deles.

Não gosto disso…

“Tire suas mãos.” Khun Sam afasta as mãos dele como sempre. “Só
estou sorrindo. Por que eu estaria mal-humorada? Estou apenas feliz.”

“Você sempre faz o oposto do que pensa.”

“Até mesmo você diz isso.”


“Alguém mais disse isso?”

Ela olha para mim por um segundo e dá de ombros.

“Minhas amigas também disseram.”

“Então, o que está te chateando?”

“Porcaria, alguém me irritou na rede social.” Mesmo que a Khun Sam


esteja sorrindo, não consigo sentir. “Porque não sabemos a identidade
verdadeira um do outro. Então, falamos do jeito que queremos.”

“Você está usando redes sociais? Qual?”

“Facebook.”

“Eu não sabia.”

“Eu sou uma usuária iniciante.”

“Então me adicione.”

Khun Sam para por um momento e então balança a cabeça para negar.

“Eu não uso muito, apenas me atualizo com as notícias. Você usa com
frequência?”

“Às vezes, também sou iniciante.” Ele sorri para mim como se apenas
nós dois soubéssemos. “Deveríamos ser amigos no Facebook, Sam. Vou
colocar que estou em um relacionamento com você.”

“Tá indo longe. Por que precisamos anunciar isso?”

“É assim que o Facebook funciona.”

“Disse a mesma coisa.” Khun Sam me olha. “Por hora, o Facebook está
me deixando deprimida. Quanto mais uso, mais chato fica. Muitos
faladores.”

“Não ligue para eles. Tudo o que podem fazer é digitar. O que vai volta.”

“Legal, não quero brigar com eles de uma maneira grosseira, como se
fossem crianças.”

“Verdade. É verdade.”

“Os pais deles não deram educação?”


“Os pais deles devem ter ensinado bem, mas eles não deram ouvidos. Se
você os vir, precisa repreendê-los.”

“Eu não sou grosseira, sabe. Mas esta é a primeira vez que quero
responder de forma violenta. Você sabe uma forma de responder sem
violência? Eu quero repreender, mas com bons argumentos.”

“Mande-o ir à merda.”

“Como? Estamos em uma rede social.”

“Digita para ele ‘vai cagar, ‘vai cagar, várias vezes.”

“É como se o que dissesse várias vezes, acontecesse de verdade. Então,


se disser que ele é gay, ele é gay, ele é gay, então ele é gay de verdade,
né?”

“Ser gay não é motivo para zombar, Sam.”

Estou olhando para toda essa discussão e sinto que não deveria estar
aqui.

De repente, a decepção me atinge.

Eles continuam discutindo do elevador até o carro. Khun Sam, que


normalmente não é uma pessoa falante, não para de falar. Olhando a
forma que ela fala com ele, parecem tão próximos…

Mais… Mais do que eu?

Sim, com certeza mais próximo do que eu.

“Mon. Está bem? Por que está tão quieta?” O Sr. Kirk me pergunta com
cuidado. Ele me olha pelo retrovisor. Fico um pouco surpresa e sorrio
para ele.

“Não. Estou bem. Estou apenas sentada e desfrutando da conversa de


vocês. Vocês dois se dão bem.”

“Que bela fala.” Ela disse enquanto ele colocava a mão sobre a cabeça
dela. Khun Sam afasta a mão dele de novo. “Por quê? Estou
demonstrando todo meu amor, mas você continua afastando minha mão.”

“Não me toque.” Khun Sam me olha por um segundo e diz: “Mon está
aqui, não faça isso na frente dos outros.”

Outros…
Fico atordoada e olho pela janela em silêncio… Isso mesmo… Eu sou a
outra.

“Mon, você deveria provar isso. É uma delícia, é o prato mais


recomendado do restaurante.”

O Sr. Kirk cuida bem de mim enquanto estamos almoçando. No meu caso,
por dentro ainda estou desapontada, mas tento sorrir. Devo confessar a
verdade, não desfrutei o dia de hoje e estou em uma posição
desconfortável e estressante.

Outros…

Por que sou tão fraca?

Balanço a cabeça para me recompor e sou notada pelos olhos dela.

“Você está tão quieta hoje, coelhinha? O que foi?”

“Não, estou bem.” Respondo a Khun Sam, normalmente. Então sorrio


para o Sr. Kirk. “Não peça mais nada para mim, por favor. Estou satisfeita.
Obrigada.”

“E o que há de errado com você, Kirk? Também está sendo gentil com a
Mon como nunca. Tem algo aí.”

O que ela disse deixa o Sr. Kirk em choque. Agora, ele está rindo para
mudar de assunto.

“Não. Não há nada. Só quis pagar a ela uma comida boa. Foi por isso que
a trouxe aqui.”

“Por que a convidou de repente? Você não costuma fazer isso.”

Ela é muito inteligente para aceitar essa resposta. Continuo quieta e


saboreando a comida. “Mon, tem algo que queira me dizer?”

“Não, nada.”

“Por que você está evitando contato visual comigo hoje?”

“Sério. Não é nada.” Levanto o queixo e olho para ela por uns dois
segundos, então volto a olhar para minha comida. “Vamos comer. Não se
preocupe comigo.”

Agora, estamos todos quietos e focados em nossos pratos. Enquanto


estamos aproveitando nossa refeição, Khun Sam me manda mensagens
em vez de falar pessoalmente. Ela pode estar com medo do Sr. Kirk
descobrir que somos íntimas.
Chefe: Você está bem? Está tão quieta.

Doraemon: Não. Estou bem.

Chefe: Está menstruada?

Doraemon: Não, não estou.

Chefe: É sua única resposta?

Doraemon: Sim.

Bang!

Ela dá um tapa na mesa enquanto estamos comendo. Isso nos choca e a


todos no restaurante. Eu olho com surpresa para Khun Sam. Seus olhos
estão ferozes e não está mais rindo. Esta é a primeira vez que a vejo
expressar o que realmente está sentindo.

“Sam, qual seu problema?”

Ela cerra os punhos e fecha os olhos.

“Estou satisfeita.”

“Por que está tão brava?”

Ela precipitadamente se levanta e sai do restaurante.

“Vou esperar no carro.”

Agora, sou só eu e o Sr. Kirk. É tão difícil sorrir e segurar as lágrimas. O


Sr. Kirk me olha bastante compreensivo.

“Você está chocada, né? Eu também.” Ele parece mais sério. “Ou ela
descobriu que eu a traí. Você contou a ela?”

“Não, eu não contei a ela. Eu não falei nada.”

“Então, por que ela estava tão brava? Ela estava bem quando estávamos
no carro.”

“Eu não sei.”

“Não vou conseguir comer mais.”


“Eu também não.”

“É melhor irmos.”

O Sr. Kirk pede a conta para o garçom e nos dirigimos para o escritório.
Khun Sam e eu não trocamos nenhuma palavra. Apenas nos olhamos e…
Esta foi nossa primeira briga.

Hum… Nosso relacionamento avançou para a etapa das brigas.

Claro… as notícias sobre nossa situação se espalharam no grupo de


fofocas da P. P. Kate é a primeira a saber, mesmo que eu não tenha dito
nada a ela.

Se não soube por mim, soube pela Khun Sam.

Kate: Mon, qual o problema entre você e a P. P.? Ela está fugindo do
assunto há quase duas horas, não estou conseguindo trabalhar.

Tee: Finalmente, ela te disse o que aconteceu, né?

Kate: Ela me disse. Mon não falou com ela.

Jim: Fazendo tempestade em copo d’água. Foi só uma coisinha, nada


demais comparado ao que eu senti. Eu levei um tapa. Comparar isso com
essa besteira… Não é justo.

Tee: Mas seus peitos cresceram.

Kate: Claro, ela vai ser mãe. Os mamilos dela estão do tamanho do meu
polegar.

Jim: Você me traiu com meu marido? Você disse o mesmo que ele…
exatamente.

Kate: Vou perguntar toda vez. Por que mudou seu nome de Martha para
Jim?

Jim: Porque meu marido me chamava de ‘Mama’ em vez de ‘Martha’ e eu


não gostei, então mudei de nome de novo.

Kate: Nem Martha e nem Jim são bons.

Tee: Vamos voltar ao ponto.

Tee: Pronto, garotinha, nos conte mais.

Doraemon: Nada.
Kate: Não pode ser. Deve ter algo. Fiquei sabendo que você e a P. P.
brigaram.

Doraemon: Não foi bem assim.

Kate: Não minta. Não posso esperar muito.

Tee: Mas você esperou a P. P. falar por duas horas.

E todas ficam quietas esperando minha resposta. Eu não me atrevo a falar


muito sobre isso, porque acho que foi algo estúpido. Mas elas estão
esperando a resposta, então preciso contar a elas…

Doraemon: Ela disse… que… sou outros.

Faço um resumo da história. Então todas elas ficam em silêncio, como se


estivessem em outro grupo conversando com a Khun Sam.

E o grupo de fofocas da P. P. ficou em silêncio por um dia inteiro.

Hoje, não falei nada com a Khun Sam e agora ela termina o seu trabalho
mais cedo e vai direto para casa, sem me esperar, como de costume.
Estou tão deprimida e chateada. Quando a vejo tão impassível, isso me
deprime mais e agora não sou capaz de segurar minhas lágrimas.

Toda vez no ônibus, fico tentando enxugar minhas lágrimas com as mãos
até que alguém do meu lado note e me passe um lenço. Se me perguntam
o que há de errado comigo, dou uma resposta inocente do tipo…

Um ator coreano anunciou que vai se casar.

Não… Estou chorando por causa da Khun Sam.

Mas fico surpresa quando chego em casa. O Mustang amarelo está


estacionado na frente da minha casa.

O carro da Khun Sam.

Entro na minha casa e ouço alguém rindo e conversando. Quando meu


pai e minha mãe me veem, me cumprimentam animados.

“Mon, por que demorou tanto? Khun Sam está te esperando há muito
tempo.”
“Por que você…” e vejo todos os meus arquivos das fotos que recortei
das revistas. Então, corro para pegar das mãos dela.

Rápido demais. Aconteceu tão rápido que tudo o que eles puderam fazer
foi piscar os olhos. Agora, recuperei meus arquivos. Mas o polegar da
Khun Sam está sangrando. Estamos chocados.

“Mon, o que está fazendo? Não está vendo? O dedo da Khun Sam está
sangrando.”

‘K… Khun Sam.”

“Rápido! Pegue a caixa de primeiros socorros.” Minha mãe disse. “O


sangue dela está escorrendo.”

“Estou bem.”

“Não. Seu sangue não pode ser derramado.”

Minha mãe não consegue imaginar que a Khun Sam é uma pessoa
comum como nós. Mas, não quero quebrar as crenças dela.

Encontro a caixa de primeiros socorros e entrego a minha mãe. Minha


mãe disse que Khun Sam está andando por toda a casa e indo em direção
ao meu quarto. Fico chocada e envergonhada e corro para meu quarto
para pará-la. Mas é tarde demais.

“Por que não ficou parada? Está sangrando.”

“Apenas um arranhão.”

“Mas você não deveria andar pela casa dos outros assim.”

Ela em silêncio me olha nos olhos.

“Isso realmente dói.”

“Viu? É só um arranhão, mas está doendo.”

“Não… Estou me referindo às suas palavras. Dói muito.”

“Que palavras?”

“Outros.”

Eu não queria falar sarcasticamente para não a machucar.

Não… Pode ter sido a Kate. Ela deve ter contado a ela o que eu disse.
Agora entendi por que elas sumiram do grupo.

“Foi por isso que você não falou comigo. Não quis dizer aquilo como se
você fosse uma outra pessoa qualquer.”

“Eu penso muito nisso, de verdade. Sou apenas uma estagiária na sua
empresa. Se quiser dizer que sou apenas uma outra qualquer, não estará
errada.” Tento com todas as minhas forças esboçar um sorriso. “Estava
tão interessada nisso que passei a noite em sua casa, apenas interpretei
errado a ideia de sermos próximas. Não sou diferente das outras. Então
isso me dói um pouco.”

“Para mim, você não é como as outras.”

“Então, o que sou para você? Khun Sam… Você nunca me responde. Já
perguntei isso uma vez e você não me deu uma resposta.”

“…”

“Sermos irmãs é estranho. Acabamos de nos conhecer e não temos


relação sanguínea. Não somos amigas… porque temos uma diferença de
idade de 8 anos. Não existe título para mim mais apropriado do que
‘outra’. Está certa.”

“Enquanto a mim?”

“Oi?”

“O que sou para você, Mon?”

Não me preparei para essa pergunta. Então, estou atordoada e respondo


claramente retrucando.

“Você também poderia ser uma ‘outra’.”

“Por que temos que rotular isso? Ninguém é como nós.”

“Verdade, somos estranhas.”

“…”

“Por que queremos tanto nos rotular?”

O silêncio paira novamente sobre nós e é estranho porque nunca nos


sentimos desconfortáveis uma com a outra.

“Vamos fazer um curativo no seu dedo. Nem sei mais do que estamos
falando.”
“Mon.”

Ela usa as duas mãos para segurar meu rosto, me forçando a olhá-la nos
olhos.

“Sim.”

Quê???? Não estava preparada para isso.

“Tanto faz.”

“…”

“Posso ser o que você quiser.”

21

Causa

Estamos nos olhando nos olhos. Seus olhos castanhos estão me


hipnotizando e meu coração está saltando para fora do peito.

“Sério? O que eu quiser?”

“Hum, se quiser.”

“Nesse caso…” E fico em silêncio por um longo momento, então digo


algo em resposta. “Eu quero ouvir você latir.”

“Hein?”

“Seja um cachorro.”

Ficamos em silêncio. Ela ergue as sobrancelhas confusa.

“Por que um cachorro?”

“Cachorros possuem amor incondicional.”

“…”

“Viu? Foi você que disse que seria o que eu quisesse.”

Digo a ela com sensibilidade. Khun Sam suspira e nega com a cabeça.

“Tudo o que você quer é amor incondicional como o de um cachorro?”


Apesar de eu ter pedido, estou com vergonha deste desejo estranho e
nem tenho tempo de preparar uma explicação, ela de repente me
pergunta:

“Então, vou latir como um cachorro. De qual espécie?”

“Oi? Os latidos são diferentes?”

“Um cachorro tailandês vai latir ‘honghong’, mas um cachorro estrangeiro


late ‘bowbow’. Ela tosse e logo diz: “Escute atentamente bowwwwww.”

“Um cachorro como o Tigre,”

“Eu não o vi crescer, apenas quando era filhotinho. Eu o ouvi latir com
uma vozinha como ‘Awwww’… tipo isso.”

Mudamos o assunto para latido de cachorros e eu me esqueci de todas as


coisas ruins. Agora estamos discutindo a natureza dos cachorros
tailandeses comparada a dos cachorros estrangeiros.

“Serei um cachorro. Te amarei… incondicionalmente.” Ela estala o


pescoço e me olha pensativa… “Hum, o que os cachorros podem fazer?”

“Brincar.”

“Tente.”

“Khun Cham.”

“Hmm.”

“Chamei o cachorro. Viu? Khun Cham.”

O lindo rosto me olha insatisfeita.

“Quem usa ‘Khun’ com um cachorro? Conhece o nível do idioma? Por


favor, não diga a ninguém que você se formou na mesma universidade
que a minha. Que vergonha.”

Ela é tão má. Eu estava apenas provocando.

Estou sentada de forma desleixada e fico parada enquanto a Khun Sam


está com os braços cruzados.

“ChamCham.”

“Sim.”
“Me chame de ‘ChamCham’ que serei seu cachorro. E te amarei
incondicionalmente… Tente.”

“ChamCham.”

“Você tem que tocar meu corpo também, quando se brinca com um
cachorro precisa tocar gentilmente.”

Eu faço o que ela pede. Toco seu corpo suavemente. Quando ela vê o que
eu fiz, ela se aproxima de mim e lambe meus lábios, como se estivesse
esperando por este momento há muito tempo.

“Hã?”

“Quando se brinca com um cachorro, ele te lambe.”

“Entendi… Estou vendo que é fácil para você ser um cachorro.”

“Seus lábios estão me estrangulando.”

“…”

“Quero fazer mais… Tenho sentido falta desses lábios por muito tempo.”

“Desde que a Kate e suas outras amigas descobriram, não brincamos


mais.”

“Tudo bem. Eu tenho um motivo para brincar com você. Se elas me


perguntarem de novo, responderei que sou a ChamCham.” Ela fica
amuada e faz beicinho. “Quem… quem não gostaria de brincar com a
ChamCham?”

“E… errr…” Fico um pouco tímida. “É bom?”

“Você não gostaria, coelhinha?”

“ChamCham.” Toco o nariz dela envergonhada. “É… realmente


agradável.”

E Khun Sam não consegue mais esconder seu sorriso. Ela finalmente
lambe minha boca de novo. “Bom saber que você gostou.”

Nunca tínhamos ficado bravas uma com a outra por tanto tempo. Agora,
podemos falar confortavelmente sobre tudo. A partir deste dia, estamos
juntas de novo e temos uma nova regra: Não voltaremos a nos chamar de
‘outra’.

Hum… Mas dói. Por que dói? Não sei como explicar.
O Sr. Kirk e a Khun Sam continuam brincando no Facebook e a Khun Sam
aprendeu novas habilidades para respondê-lo. E faz o que quer.

“Se você pode, eu também posso.” Esse é o jeito dela.

Até mesmo as habilidades de briga dela são de uma iniciante.

Ronaldo, um cara legal: Quando você vai parar de se intrometer nos meus
assuntos? Eu falei com a Mon, não com você.

Eu sou sua chefe: Mon não fala com caras grosseiros como você.
Cachorrinho.

Cachorrinho? …Isso é grosseiro? Cachorrinho!?

***

O tempo passou e hoje é a cerimônia de casamento da Jim. Claro, fui


convidada. Khun Sam está lá desde cedo já que é a madrinha do
casamento. Mas no meu caso, o Sr. Kirk veio até minha casa me buscar
para a cerimônia noturna.

“Não precisava vir me buscar, eu poderia ter ido sozinha.”

“Claro que precisava, se não, como você iria?”

“Eu pegaria um táxi.”

Parece que ele está se aproximando de mim com segundas intenções.


Deve ser por causa do medo. Ele tem medo que eu diga a Khun Sam que
ele está saindo com outra pessoa, então quer ficar de olho em mim. De
fato, disse a ele várias vezes que não precisa ter medo, porque eu não
vou dizer a ninguém. Não tenho o direito.

Devo dizer isso a ele de novo, talvez ele fique mais confortável.

Finalmente, chegamos na cerimônia de casamento. É uma cerimônia


grande e luxuosa, já que pessoas da alta sociedade estarão aqui. Como já
disse, todas as amigas da Khun Sam são de famílias famosas e
conhecidas, mesmo que tenham feito coisas comuns. Mas na verdade,
todas possuem ancestrais de prestígio.

É preciso ter no mínimo 10 milhões de baht* para preparar esta cerimônia


de casamento. Os convidados foram um pouco mais de 300 pessoas.

*Nt: Aproximadamente 1,5 milhões de reais.


Alguns convidados são famosos, alguns políticos e outras estrelas. Eu
fico animada em vê-los e me sinto inferior por estar aqui.

“Mon.”

Alguém me chama de longe. É a Jim, a noiva. Ela me chama para uma


foto. Eu cumprimento a elegante noiva, tão diferente da Jim que vi antes.

“Você está linda esta noite.”

“Por que não estaria? Eu paguei quase 50000 baht* por este look de hoje.
Se eu não estiver linda, vou chorar.” Ela diz, feliz. “Por que veio com o
noivo da Sam?”

*Nt: Aproximadamente R$ 7.500,00.

Mudo de expressão quando escuto ‘Noivo da Sam’, mas me apresso em


esconder com um sorriso.

“Ele é meu chefe.”

“Ah, entendi.”

“Ei! Onde estão a Kate e a Sam?”

“Elas estão se maquiando no andar de cima. As madrinhas ficarão mais


lindas que a noiva. Vê se pode? Olha! Lá vem elas.”

Um grupo de três damas, de que estávamos falando, estão entrando


como um grupo feminino coreano, e todos dão passagem. Kate caminha
na frente com glamour, guiando as outras até nós.

“Pode fazer uma entrada triunfal, mas, por favor, não tente superar a
noiva. Tenha respeito, eu que sou a noiva aqui.” Jim disse.

Agora o grupo das madrinhas está nos holofotes. Deve ser porque Kate é
uma atriz famosa e sua aparência atrai as pessoas ao redor.

“O que foi? Hoje não usei nem um estilo de maquiagem.”

“Ah tá e esse sombreamento para modelar seu rosto?… E você, P. P.?”


Jim se vira para ver a Khun Sam, que deixou seu cabelo longo e curvo
cobrindo os ombros e está usando um vestido branco que modela
perfeitamente seu corpo. “Você é apenas a madrinha, tinha que ficar tão
linda assim?”

Ela dá de ombros e olha para Jim.

“O que posso fazer? Eu sou linda.”


“Podemos odiar e amar alguém ao mesmo tempo?” Jim disse. “Viu? Sua
segunda esposa está aqui. Já cumprimentou ela?”

Jim se vira para mim. Estou encantada com a Khun Sam. Ela está tão
linda e me convidando para me concentrar apenas nela esta noite. Mesmo
ao lado da Kate, que é uma estrela.

“Por que só chegou agora, coelhinha? Não veio na cerimônia da manhã.”


Ela me culpa.“Não te vi o dia todo.”

“Eu não sabia o que fazer na cerimônia da manhã. Então, achei melhor vir
de noite.”

“Não sabia o que fazer? Apenas tinha que vir me ver.”

As amigas dela estão se entreolhando como se fossem desaparecer.


Então, alguém diz:

“Sam… seu marido.”

“Por que continua chamando-o de marido?” Ela diz em um longo tom


desagradável. Então, ela cumprimenta o Sr. Kirk. “Por que chegou tarde?”

“Eu fui buscar a Mon primeiro.”

Ela me olha imediatamente surpresa.

“Por que teve que ir buscá-la?”

“Como poderia deixá-la vir sozinha? Hoje ela está linda com este vestido.
Não é seguro pegar um táxi sozinha.”

Posso sentir que a Khun Sam está chateada, mas passou tão rápido. Foi
como se ela estivesse insatisfeita por eu estar próxima do seu noivo.

Isso não está agradando ninguém, preciso falar seriamente com o Sr.
Kirk.

“Sr. Kirk.”

Alguém o chama. Meu lindo chefe se vira lentamente.

“Boa noite.”

“Você veio para a cerimônia. Cadê sua namorada?”

“Sam, venha até aqui, por favor.”


Khun Sam é chamada para ficar ao lado dele e ela não resiste. Vejo que
os dois estão conversando com um convidado de honra, sinto que não
deveria estar aqui.

Sinto que estou segurando vela…

“Vem comer algo comigo…”

Tee me segura pelo ombro e começa a me guiar pelo salão, mas logo
Khun Sam me chama.

“Onde está indo?”

“Vamos ao salão.” Tee responde por mim. Então, Khun Sam diz:

“Por que não me espera?”

“Vocês estão conversando. Está tudo bem, vou cuidar da Mon para você.
Sem pressa.” Tee a responde por mim.

Eu sorrio para a Khun Sam, mas ela não esboça reação.

A cerimônia noturna do casamento da Jim é um coquetel. Os assentos


estão reservados para convidados de honra. No meu caso, estou exausta
de ficar em pé de salto alto para melhorar minha aparência.

Tee cuida de mim, como prometeu a Khun Sam. Que bom que ela se
importa.

“Você pode ir aproveitar suas amigas. Posso ficar aqui sozinha.”

“A Kate está vindo, relaxe. Tenho preguiça de falar com toda essa gente.”

“Apenas a Kate está vindo?”

“Quem você esperava ver? A P. P, né?” Isso mesmo, ela sabe quem eu
tinha em mente.

“Khun Sam é a única que sou próxima nesta cerimônia, mas eu entendo,
ela deve ficar ao lado do Sr. Kirk.”

“Como se sente quando os vê juntos?”

“O que eu sentiria?” Respondo de volta, mesmo com a emoção no meu


coração por ela ter lido minha mente. Não há motivos para eu estar
chateada.
“Você sente algo. Não é estranho, já que gosta da P. P.”

“Estou feliz por ela.”

“Gostar e estar feliz são diferentes. Me diga a verdade.”

“Você quer dizer… Amor, como um relacionamento entre homem e


mulher, né?”

“Aham.”

“Não, não pode ser. Sou uma garota. Somos ambas mulheres.”

Tee está gargalhando enquanto nega com a cabeça.

“Me apaixonei por outras mulheres a minha vida toda.” Ela me olha e
sorri. “Estudei em uma escola feminina, Kate, Jim e todas as outras
entendem uma garota amar outra garota… incluindo a P. P.”

“…”

“Mon pode ser como a Sam nesse sentido, não há regra exata.”

Estou impactada, é como se eu concordasse com ela e todo sentimento


de culpa me golpeia quando aceito o que estava tentando negar por tanto
tempo.

“Não, não… não pode ser.”

“Por quê?”

“Khun Sam tem namorado, o Sr. Kirk.”

“Eu não disse que você pode ser ou não a namorada dela. Eu disse… que
você pode gostar dela romanticamente.

“…”

“Mon, você gosta da Sam? Nós te fizemos essa pergunta várias vezes,
mas você nunca nos respondeu. Te prometo que só a gente ficará
sabendo.”

O silêncio é ensurdecedor. Enquanto uma banda musical toca e todos os


convidados estão conversando, eu fico em silêncio. Me sinto pressionada
pela linda garota na minha frente, Tee está me colocando contra a parede.

De repente, alguém toca um sino para me salvar.


“Tee, você está pronta? Está na hora da surpresa para a noiva.” Tee está
descontente com Kate, que nos interrompeu.

“Você apareceu no momento errado. Certo, estou indo.”

“Quê? Por que está brava comigo?”

“Não foi nada. Mon, pode ficar sozinha por um tempo?” Ela me pergunta
preocupada. Concordo com a cabeça e digo:

“Tudo bem. É só um salão, não a floresta amazônica.”

“Engraçadinha. Me dê 10 minutos. Voltarei depois da dança surpresa.”

Tee e Kate saem para preparar as coisas. Agora, estou sozinha olhando
para toda aquela comida enquanto espero. A pergunta da Tee não sai da
minha cabeça. Me perguntaram aquilo tantas vezes, mas eu sempre
neguei, porque é algo impossível. Mas por quê?… Por que elas continuam
me fazendo aquela pergunta?

Khun Sam e eu somos mulheres. Somos chefe e empregada, amigas e


irmãs. É impossível?

Além disso, ela namora o Sr. Kirk.

“Mon.”

É a voz do Sr. Kirk me chamando, interrompendo meus pensamentos.Me


apresso em desviar, porque meu rosto quase acerta o queixo dele, já que
é mais alto que eu.

“Woww…”

“Meu palpite estava certo. Você está sozinha aqui. Sam está preparando
uma surpresa com a Tee e a Kate. Está entediada?”

“Ainda não, estou aproveitando a comida.”

“Vamos ali, quero ver qual o tipo de surpresa.”

“Certo.”

Tenho muita consideração pelo Sr. Kirk porque é meu chefe. Não passa
muito tempo e o salão é preenchido com a música da orquestra, as luzes
estão diminuindo e o barulho de surpresa dos convidados está mais alto.

Finalmente, de uma música leve, começa a tocar uma música coreana e o


clipe do grupo S.E.S está nas telas.
Hilário.

Todos estão prestando atenção ao palco. Jim está no meio, com as


madrinhas ao seu lado.

“Uhul!”

A música, ‘Im Your Girl’ começa a tocar e elas dançam alegremente. A


noiva está maravilhosa, batendo palmas e dançando com elas. Todos os
convidados também.

Sob uma temática luxuosa cheia de diversão, todos os olhos estão


focados na noiva e sua dança. Eu, que tinha várias coisas na cabeça, me
esqueço tudo quando vejo a Khun Sam no palco. É difícil perder este
momento especial dela.

“Khun Sam dança bem.”

“Esta é a primeira vez que a vejo dançar.” Sr. Kirk, disse com um
movimento para acompanhar a batida. “Mon, vamos dançar esta música
divertida.”

Apesar de ser tímida, sou movida pelo ritmo com ele. Não consigo tirar
meus olhos da Khun Sam, que está dançando no palco atrás da Jim. Ela
acerta todos os passos.

“A coreografia dela está perfeita. Parece que ela ensaiou bastante.”

“Deve ter sido. Ela saiu várias vezes para ensaiar.”

“Viu! Eu quero me casar com a Sam.”

“…”

“Devo pedi-la em casamento?”

Antes, eu estava aproveitando a dança, mas agora paro lentamente e olho


triste para a Khun Sam.

Por que a felicidade nunca dura para mim?

***

E a cerimônia de casamento se aproxima do fim. Khun Sam vai ficar para


o pós-festa. E sim, as amigas dela também me fazem ficar por mais
tempo. Khun Sam continua sem entender o motivo de eu não ter vindo na
cerimônia pela manhã. Mas quando digo que vou passar esta noite na
casa dela, ela fica melhor.

Sinto que Khun Sam expressa seus sentimentos diretamente para mim.
De não dizer nada mais que sorrisos, agora pode ficar com raiva
diretamente.

É hora de voltar para casa. A festa acabou. Khun Sam e eu estamos


caminhando juntas, apesar de termos conversado bem, ela age como se
ainda estivesse mal-humorada.

“Agora você é próxima do Kirk? Por que ele está sempre com você?”

“Não sou. Ele deve estar vendo que sou próxima de você. Então quer ser
gentil comigo. Ele te ama muito.”

“E quanto a Tee? Por que gosta de ficar com ela?”

“Tee sempre cuida bem de mim, desde quando nos conhecemos a


primeira vez.”

“Você é tão agradável, coelhinha.”

“Mon!”

Ela não tinha terminado de falar, mas o Sr. Kirk interrompe chamando por
mim. Então, caminha até nós com uma pequena expressão mal-humorada
em seu rosto.

“Vocês duas me deixaram sozinho lá.”

“Precisávamos esperar?” Khun Sam olha sem entender para seu noivo.
“Nossas casas estão em caminhos diferentes, não?”

“É verdade, mas… Eu a trouxe aqui. Então, deveria levá-la para casa.”

“Não precisa. Eu a levo.” Ela diz impassivelmente. Mas o Sr. Kirk se nega.

“Como? Quem a trouxe até aqui não deveria levá-la para casa?”

“Não faça escândalo.”

“Ahh… Preciso ir ao banheiro. Então vocês dois podem continuar


conversando enquanto me esperam.”

Creio que devo deixá-los por um momento para decidirem quem vai me
levar para casa. Não quero dizer ao Sr. Kirk que vou passar a noite na
casa da Khun Sam. A casa que ninguém jamais pisou, até mesmo as
amigas. Então, vou deixar que a linda mulher se explique.
Por que tenho este privilégio dela?

Justo quando estou pensando nisso, meu coração acelera. Percebo que
tenho vários privilégios da minha linda chefe, que é meu ídolo e que
afetou minha vida. Se algum dia estes privilégios acabarem…

Eu ficarei triste…

Apesar disso, no princípio eu não esperava nada, apenas trabalhar na


empresa dela era o suficiente para mim. Deve ser minha ambição, quando
consigo algo, eu quero mais. Consegui me aproximar dela, agora quero
mais e mais…

E mais…

O que eu quero? … Eu quero mais o quê? O que é?

Já se passaram 5 minutos. Eu volto e fico chocada quando vejo o Sr. Kirk


segurando o rosto da Khun Sam enquanto olha nos olhos dela e diz:

“Sam, quer se casar comigo?”

Palpitação…

Palpitação…

Meu coração está batendo como se estivesse golpeando o chão. Não


posso fazer nada além de ficar paralisada. Meus braços e pernas estão
fracos, não consigo aguentar mais. Então, minha bolsa cai. ‘Poof’ o que
os faz se virarem para mim.

“Sinto muito.”

Me apresso em pegar minha bolsa e me viro de costas para eles, me


afastando. De repente, ouço passos de salto alto atrás de mim. Ela segura
minha mão.

“Mon, não é o que está pensando.” Ela me olha chocada. “Coelhinha,


você está chorando.”

“Eu… eu…”

“Por que está chorando?”

“Minhas lentes de contato caíram…”


“Mon!”

“…”

“Não minta para mim!”

“…”

“É por minha causa?”

Ela me pergunta sem hesitar. Estou respirando tão forte. Se ela vai ser
direta comigo, também vou ser.

“Sim.”

“…”

“É por sua causa, Khun Sam.”

22

Conteúdo

Desde a cerimônia de casamento da Jim, não falei mais com a Khun Sam.
Naquele dia, o Sr. Kirk insistiu em me levar para casa e foi o que ele fez.
Faz 3 dias que a Khun Sam não vem trabalhar. Todos no escritório estão
surpresos pela ausência dela, raramente ela falta ao trabalho, mesmo
quando está doente. Mas agora ela desapareceu.

Doraemon: Está se sentindo bem?

E sim… Não obtive resposta. Três dias de silêncio se passaram, não


mandamos mensagens uma para a outra, mas como me preocupo com
ela, decido ser a primeira a ceder.

Não obtenho resposta, apenas uma indicação de que a mensagem já foi


lida.

O que aconteceu entre a gente?

Por que eu disse a ela o que estava sentindo? Por quê? Ela não fez o
mesmo… Estamos mesmo brigadas? Se for uma briga, é a mais longa
desde que nos conhecemos.

Mesmo que possamos ter brigado, ainda me preocupo com ela. Já se


passaram três dias e ela não veio trabalhar, está em casa sozinha. Ela
está se cuidando? Quando penso nisso, durante a noite vou até a casa da
Khun Sam sem permissão. O carro amarelo está estacionado na garagem.
Significa que ela está em casa.

Estou tão emocionada, como se fosse o primeiro dia de trabalho.

Ding dong…

A campainha está tocando e meu coração está batendo mais forte ao


mesmo tempo. Rapidamente, a porta é aberta pela Khun Sam, que está
surpresa em me ver.

“Por que você?”

“Você costuma receber visitas?”

“Nunca.”

“Por que está tão surpresa em me ver?”

“Ahh…” Ela fica em silêncio e muda de assunto. “Já está tarde. Por que
não vai para sua casa?”

“Estou preocupada com você.”

“…”

“Você não vai trabalhar há alguns dias. Fiquei com medo de você estar
doente e sozinha. Seria melhor ter eu aqui para cuidar de você.”

Por um momento, Khun Sam me olha como se apreciasse a ideia. E então,


volta ao normal e dá de ombros.

“Eu tive dor de cabeça, então decidi ficar em casa descansando. Já está
passando. Estou bem.”

“Sim…”

“…”

“Você quer que eu vá embora?”

Digo isso desapontada e com a voz trêmula. A linda mulher na minha


frente suspira e acaricia meu rosto gentilmente.

“Por que sua voz está trêmula? Eu não disse nada.”

“Você não me convidou para entrar.”


“Ah…” Ela revira os olhos e me puxa pela mão. “Entre. Estou doente…
então estou tendo apagões.”

Não. A mulher na minha frente não parece nada enferma. Mas agora não
consigo mais sentir raiva. Então, o que ela tem? Por que faltou? Sem
chance dela me dizer a verdade, mesmo que eu pergunte, não vou obter
resposta.

“Quando vai voltar ao trabalho?”

“Amanhã.”

“Você melhorou?”

“Estou melhorando.” Ela me olha e pergunta. “Você se preocupa


comigo?”

“Sim.”

“Parece que não nos falamos há muito tempo.”

“Você nunca fala comigo primeiro.”

“Nem você.

“Hoje eu falei, mas você não me respondeu. Está brava comigo?”

“Brava? Quem está brava é você, não eu. Na cerimônia de casamento da


Jim você chorou por minha causa.” Ela se senta no sofá enquanto fala.
Mas quando ela vê que vou me sentar, ela se afasta para mais longe e
coloca uma almofada no colo.

É estranho… Ela normalmente se senta perto de mim.

“Eu fui estúpida quando te vi com o Kirk. Fiquei com ciúmes.”

“Ciúmes?”

“Já comeu alguma coisa?” Khun Sam muda de assunto.

“Já sim e você?”

“Ainda não…”

“Vou cozinhar para você.”

“Humm.”
Normalmente, quando passava as noites em sua casa, comíamos algo
rápido. Então, hoje vou cozinhar sopa de tofu com carne picada.

“Você foi ao supermercado?”

“Minha empregada comprou para mim, mas não tive a oportunidade de


preparar… porque não sei cozinhar… nem sei por que ela comprou isso
para mim.”

“Ela comprou para mim… para eu cozinhar para você.”

Eu rio e fico ocupada cozinhando. Nem percebo que ela está atrás de
mim, até que ela coloca a boca perto da minha orelha e sussurra.

“Você quer saber?”

“Ai!” Me encolho imediatamente quando os lábios dela tocam minha


orelha. “Está brincando comigo.”

“Quê? Sua boca nem foi mordida. É apenas sua orelha.”

“Vá se sentar, Khun Sam. Não consigo cozinhar.”

A linda mulher ergue as sobrancelhas como se estivesse mal-humorada.


Eu, que já a vi assim antes e não quero me estressar mais, puxo a bainha
da blusa dela.

“Eu não te disse para sair. Eu só quero terminar de cozinhar… Ficou


brava?”

“Não.”

“Quer morder meus lábios?”

Pergunto a ela sem pensar, porque costumávamos brincar assim. Khun


Sam morde os lábios, suspira um pouco e dá as costas para mim.

“Não. Estou bem.”

Estranho… Ela normalmente gosta, mas hoje ela negou. O que há de


errado? Não sei o que fazer. Ela está tão mal-humorada. É melhor evitar
este tema agora.

Esta noite, é a primeira noite que passo com ela após ela sumir por 3 dias.
Quando estou adormecendo, sinto-a se agitando. Abro meus olhos e vejo
seu rosto perto do meu. Apenas um centímetro da boca dela tocar meu
rosto.

“O que está fazendo?”


“Gshhhhh.”

Poof!

“Khun Sam!”

A linda mulher cai da cama quando me vê tensa. Corro para ver o que
aconteceu com ela.

“Você é sonâmbula?”

“Hum.”

“Você está bem?” Tento levantá-la, mas ela me impede.

“Não. Posso me levantar sozinha.” Ela se levanta e diz. “Vamos para


cama. Tenho uma reunião amanhã cedo.”

“Sim.”

“Se disse que sim. Então vamos.”

Ela se enrola no cobertor. Tudo aconteceu tão rápido. Eu apenas aceito


que não sei lidar com isso.

Ela deve estar menstruada.

***

Não dormi direito a noite toda.

Agora estou com sono, mas preciso acordar e me preparar para ir


trabalhar com a Khun Sam. Claro, não podemos deixar ninguém no
escritório saber. Temos medo de virar assunto de boatos, já que somos
tão próximas.

Noite passada, Khun Sam rolou de um lado para o outro. Eu, que durmo
ao lado dela, senti tudo. Quando abri meus olhos, já eram 6 da manhã… e
claro, Khun Sam e eu não dormimos bem.

Mas Khun Sam esconde bem sua fraqueza, ela age como se estivesse
bem. Além disso, ela continua estrita com os empregados como sempre.
E quando o ponteiro do relógio chega no 9, Khun Sam chama os
criadores de conteúdo para uma reunião sem agendar antes. Em razão de
ter ficado fora por 3 dias, agora voltou demonstrando todo seu poder.
“Eu criei um Facebook recentemente.” A mulher de cara séria disse
improvisando. “E vi que nossa empresa tem um número muito baixo de
seguidores. Se alguém quiser entrar em contato, consegue apenas por
recomendação ou buscando no Google.” Minha chefe, disse.

“Somos uma agência de publicidade. Devemos ser acessíveis por todos


os canais. Temos 20.000 curtidas na página do Facebook e esse número é
muito baixo para uma agência de publicidade como a nossa, que nunca
anunciou no Facebook.”

Agora estamos quietos. Khun Sam me olha enquanto cruza os braços.

“Senhorita Kornkamon, você trabalha aqui há um mês, correto?”

“Sim.”

Khun Sam disse meu nome completo para ser formal. Estou parada como
um robô e emocionada.

“Tenho uma tarefa para você. Se for bem, te deixarei passar no programa
de estágio.” Ela estala a língua. “Você ficará responsável por criar um
conteúdo para aumentar as curtidas da página da empresa no Facebook.”

“…”

“Entendeu?”

“Sim.”

“Vou te deixar planejar uma apresentação… para esta tarde.”

Tão rápido assim? Mas para satisfazê-la, aceito a tarefa. Tudo bem.
Apenas um tema, não algo completo.

“Certo.”

“Não me decepcione… Isso é tudo por hoje.”

Ah… Além de cópias, fazer café e jogar um jogo no computador. Ah,


inclusive mandar figurinhas para a Khun Sam, agora tenho uma tarefa de
verdade.

Um conteúdo para aumentar o número de curtidas na página da


empresa… O que posso fazer?

O tempo passa muito rápido, como é uma tarefa da Khun Sam, não estou
apreensiva e tento ao máximo encontrar algo interessante para apresentá-
la nesta tarde. Quando chego na sala dela, o Sr. Kirk está lá. Estava
concentrada no trabalho, então não o vi entrar na sala da Khun Sam.

“Oi, Mon!”

Ela olha para o seu noivo com uma cara séria e fala comigo lentamente.

“Vai me apresentar um tema? Mostre-me.”

“Sim.”

Um título que será útil para aumentar o número de curtidas deve ser
alegre e de leitura agradável. Como uma história de pombinhos
apaixonados, pinguins que coletam a melhor pedra para sua parceira e
golfinhos, animais que poderiam reproduzir com ambos os gêneros.
Tento explicar a ela que um conteúdo leve será mais confortável para os
leitores do que um conteúdo formal.

Mas não tenho a chance. Ela de repente, sem remorso, joga os papéis do
meu trabalho no chão.

“Isso é tudo o que conseguiu fazer?”

“Sam!”

O Sr. Kirk, que está sentado no sofá, se apressa em pará-la. Quanto a


mim, estou em choque e atordoada, porque não estava preparada para
ver o lado mal dela.

“Você disse que se formou na mesma universidade que a minha e me


tinha como sua referência. Se isso for tudo o que você consegue fazer,
por favor, não diga a ninguém onde se formou. Qual curso você fez?”

“…”

“Que vergonha.”

Agora, meu corpo está tremendo de vergonha e decepção. Me abaixo para


pegar o papel do chão, sem a possibilidade de me explicar. Trabalho é
trabalho. Khun Sam é tão rígida no trabalho, todos sabem disso. Meu
trabalho deve estar muito ruim para ela aceitar.

“Eu vou refazer.”

“Se não for capaz de fazer, me avise logo. Passarei a tarefa para outra
pessoa.”

“…”
“Ou pode pedir demissão, vai me economizar o orçamento.”

Nos olhamos. Tento ser forte, não posso me deixar levar pelos meus
pensamentos. Lágrimas brotam nos meus olhos enquanto meu corpo
treme. Khun Sam, que continua me olhando, vira a cara como se eu fosse
invisível aqui.

“Peço perdão.”

“Se pedir demissão for o mais fácil, deveria fazer.”

“Entendi…”

“…”

“… Darei o meu melhor.”

23

Perfeitamente

Não vou desistir… Não vou desistir.

Não importa o que apresentei a ela, tudo foi rejeitado e com comentários
cruéis. Da fraqueza e não aceitação de início, agora ficou apático para
mim. Conversamos menos porque estou obcecada com o trabalho e ela
não me mandou nem uma figurinha ou me ligou.

Agora, há rumores circulando de que serei forçada a pedir demissão.


Todos simpatizam comigo. Mesmo que eu tenha trabalhado duro, a chefe
M. L. não viu desta forma.

Ou… a melhor coisa a se fazer seja realmente pedir demissão.

“Você deveria deixar o trabalho, se está desconfortável aqui.”

Yah me disse. Agora estamos do lado de fora do escritório. Afirmo como


se fosse desistir.

“Estou pensando nisso. Mesmo com todo meu esforço, não consigo
suportar. Khun Sam é como um tigre, não sabemos quando um tigre vai
nos matar.”

“Já está procurando por um novo emprego?”

“Ainda não.”
“Deveria procurar então.”

Nos separamos quando chegamos no ponto de ônibus. Agora, sou a


única esperando meu ônibus chegar. De repente… vejo um carro amarelo,
passando devagar e buzinando para chamar minha atenção. Eu me
lembro bem, é o carro da Khun Sam.

O que ela quer de mim?

Barulhenta…

Ela abaixa o vidro do carro e me chama fazendo um gesto com a mão. O


ônibus buzina para fazê-la sair da frente, mas ela não sai do lugar. No fim,
eu desisto e entro no carro como ela quer.

“Está tarde. Por que ainda não foi para casa?”

Ela disse isso como se quisesse conversar comigo. Mas permaneço em


silêncio e não respondo a ela.

“Por que está tão quieta?”

“Você não me odeia, né?”

“Por que está pensando isso?”

“Sabe o que você fez comigo?”

“Eu separo o trabalho das relações pessoais. Seu trabalho não estava
bom, eu precisava comentar.”

“Mas o que você fez está longe de comentar. Você nem leu, apenas
passou o olho e jogou no chão. Simplesmente jogou no chão na frente
dos outros, como se quisesse me envergonhar na frente deles!”

Esta é a primeira vez que grito com ela. Ela fica em silêncio.

“Se você não gostou do meu trabalho, poderia ter me avisado. Não havia
motivos para jogar no chão na frente dos meus colegas. Está tentando
fazer com que eu peça demissão?”

“Quando você foi entrevistada, o RH perguntou quanto trabalho consegue


aguentar ou se consegue trabalhar sob pressão?”

“Ela me perguntou sim. Mas eu não me preparei para ser forçada e pedir
demissão. Está me menosprezando.”

“Se não aguenta, pode sair.”


“Bem. Se você quer que eu saia, eu vou.”

“…”

“Está satisfeita?”

“Estou satisfeita agora.”

Quando o carro para em um sinal vermelho, saio imediatamente do carro


sem dizer adeus e sem saber em qual local estou. Khun Sam fica em
choque ao me ver saindo, grita para me chamar, mas também está
preocupada com o carro.

“Onde você está indo, Mon?”

“…”

“Mon!”

Caminho até a calçada enxugando as minhas lágrimas. Que idiota. Por


que meu ídolo, a pessoa que mais admiro, se tornou isso? Ela é boa em
conseguir o que quer e descarta quando não tem mais utilidade. Eu não
aguento mais isso.

Eu estava feliz com ela, agora não mais.Vou fazer o que a Yah sugeriu,
encontrar um novo emprego.

Procuro emprego em sites de recrutamento e envio meu currículo até


ficar quase inconsciente. Só quero terminar isso e ir para a cama. Mas
antes de pedir demissão, preciso terminar a tarefa. Ela não vai me
menosprezar mais.

Porém, é um mundo pequeno.

Tee: Mon, você que é a Korkamon?

Doraemon: Sim, sou eu. Como sabe meu nome completo?

Tee: Seu currículo está em minhas mãos. Reconheci pela foto.

O mundo é tão pequeno. De qualquer forma, mandei meu currículo para


todos os lugares possíveis. Como chegou nas mãos da Tee? Deve ser de
uma das várias empresas que mandei.

Jim: Aww. Você trabalha na empresa da Sam, né?

Doraemon: Vou pedir demissão em breve.

Tee: Hein?
Kate: Hein?

Martha: Heeeein?

Todas me mandam a mesma mensagem ao mesmo tempo. Kate, que não


aguenta mais esperar, me pede para dar detalhes.

Mas estou com preguiça de explicar digitando, então acho melhor ligar
para ela.

“Khun Sam está tentando me fazer pedir demissão. Então, preciso


encontrar um novo emprego.”

[Não, você está exagerando. Sam te ama, por que ela faria isso?]

“Estou te falando, Khun Sam me disse para pedir demissão mais de 10


vezes hoje. Agora, todos no escritório estão dizendo que a Khun Sam
está me forçando.”

[Ela não tem motivos para fazer isso. Pelo que você me disse, se ela te
odiasse, por que pediria para você entrar no carro? Ela não te odeia.]

“Eu não quero ter que interpretar isso. Eu não quero mais tentar entender
a Khun Sam. Então, vou pedir demissão e estou procurando um novo
emprego, é isso.”

[Eu sei que você está brava agora, mas sou amiga da Khun Sam. Eu a
conheço bem, não acredito que ela vá te demitir. Deve haver um motivo…
normalmente, por quais motivos uma empresa demite um funcionário?]

“Na maioria das vezes, por faltar ao trabalho, revelar informações


confidenciais da empresa, traição e amor.

[Hã?… Amor?]

“Sim. Previne e controla. Ela não permite que os empregados namorem


com outros colegas do escritório.”

[Oh…]

Kate está em silêncio e eu estou esperando o que ela tem a dizer.

“Kate… Por que está tão quieta?”

[Só estou pensando e agora já sei… Me dê um segundo para discutir. Vou


voltar e dizer o que você precisa fazer.]
Kate sumiu por uma hora e meia e agora está de volta com as amigas no
grupo de fofocas da P. P. Tenho certeza que elas estavam discutindo,
porque elas sabem de tudo o que aconteceu sem eu ter dito nada.

Tee: Certo, Mon. Quando pedir demissão, pode vir trabalhar comigo. Te
receberei de braços abertos. Haha.

Kate: Você está planejando sair, né?

Doraemon: Sim.

Kate: Então, você deveria ignorar aquele conteúdo… O trabalho. Apenas


termine e peça demissão. Tem algum assunto para apresentar?

Doraemon: Homossexualidade.

Martha: É interessante, mas não impactante.

Jim manda mensagem como Martha. Lemos a mensagem


cuidadosamente, porque às vezes a Jim fala sério.

Martha: Viu? Com certeza você vai pedir demissão, mas deveria
apresentar um tema como ‘Fazer Amor com Lésbicas’.

Tee: Céus. Com certeza não vai aprovar.

Martha: Mesmo que você se dedique ou o conteúdo seja excelente, ela


com certeza não vai aprovar. Mas acredito… que a partir de hoje… se
escrever sobre como o cocô de cachorro se forma no cólon, ela vai
aprovar.

Tee: Parece interessante! Mon, apresente sobre ‘Fazer Amor com


Lésbicas’ como a Jim disse. Eu vou ler.

Estou tão irritada delas estarem brincando enquanto estou falando sério.
De qualquer forma, vou pedir demissão em breve. Ela vai rejeitar de
qualquer forma, então talvez seja melhor apresentar um tema adulto como
a Jim disse.

Eu já não ligo mais, vou me demitir mesmo.

***

Escrevo um artigo cheio de sarcasmo para apresentar para a Khun Sam.


Levo minha carta de demissão junto comigo. Darei a ela após minha
apresentação, pegarei minhas coisas e sairei imediatamente esta noite e
esquecerei tudo o que passei aqui.
Hoje tem outra reunião com todos os departamentos. Apresentaremos o
progresso em nosso trabalho, uma pessoa de cada vez…

Agora é minha vez.

Todos estão prestando atenção no que vou apresentar e no que a Khun


Sam vai comentar sobre meu trabalho. Dou a ela um documento que
preparei a noite toda e a explico descuidadamente sobre o que se trata.

“O que vou apresentar hoje é… ‘Fazer Amor com Lésbicas’.

Um barulho surpreendente ressoa na sala de reunião. Todos me olham


com pena. Mas eu não ligo para eles. Se a Khun Sam aprovar, a deixarei
me dar um tapa e colocar cocô de cachorro na minha boca.

“Por que escolheu este tema?”

“É um tema quente. A maioria das pessoas gostam de ler coisas pesadas


e quentes. Eles não gostam de ler sobre coisas boas. As pessoas do
Facebook não querem obter algo difícil. Se quisessem aprender,
poderiam ir para a escola.”

Minha resposta está cheia de sarcasmo. E agora, a sala de reunião está


em silêncio.

Honestamente, eu a respondi aleatoriamente sem ter informação ou


conhecimento. A única coisa que estou pensando, é na minha demissão.
Ela olha meu trabalho e fecha devagar.

Me culpe! Faça seus comentários! Me demita e eu vou bancar a atriz de


Kill Bill aqui.

“Um conteúdo perfeito. Aprovado.”

“Quê?”

Todos na sala se entreolham com estranheza. Eu também, não vejo


aquele conteúdo sendo útil.

“Preciso aumentar o número de curtidas sem gastar com anúncios. Está


aprovado. Você fez um bom trabalho.”

“Então, próximo. Chin… Os gráficos que falamos da última vez…”

Meu trabalho foi aprovado quando eu não esperava. Saio da sala de


reunião sem entender nada. Estou sonhando? Estou sonâmbula? Meu
trabalho foi aprovado? Por que foi tão fácil?
Após todos voltarmos ao trabalho normal, vou imediatamente até a sala
da Khun Sam com minha carta de demissão em mãos.

“Khun Sam.”

“Por que não me ligou antes?” Ela não levanta a cabeça para me olhar.
“Estou ocupada agora, conversamos depois.”

“Apenas um segundo. Vou sair logo após dizer.”

“Permissão não concedida.”

“Eu preciso dizer. Khun Sam, eu me demito.”

Ficamos em silêncio por cerca de um minuto. Então, ela me olha nos


olhos. Seus lindos olhos castanhos estão me fuzilando.

“Permissão não concedida.”

“Quê? Há muitos dias você está tentando me fazer pedir demissão. Por
quê?”

“Seu trabalho de hoje foi perfeito. Não tenho motivos para demiti-la.”

“Mas eu que estou pedindo demissão.”

Digo claramente após pensar a noite toda. Nada vai me fazer mudar de
ideia.

“O que você vai fazer após se demitir?”

“Vou trabalhar com a Tee.”

“Vai sair daqui para trabalhar com a Tee, sério?” Ela disse isso em um
tom mais sério. Um arquivo na frente dela está fechado e ela se levanta e
caminha lentamente em minha direção. “Olha só, quem disse mesmo que
estava trabalhando aqui por minha causa?”

“Eu realmente estava trabalhando aqui por sua causa, mas você quer me
demitir.”

“Antes queria mesmo, mas agora não.”

“Eu vou me demitir.”

“Por que você é tão teimosa? Eu já disse, você passou no programa de


treinamento. Quer mais o quê?”
Ela está falando sério e agora estou irritada. Ela acha mesmo que pode
fazer o que quiser comigo? Quando me queria, era tão boa comigo. Após
isso, ela me apagou.

Não vou aguentar mais isso… mesmo após ter tido tantos momentos
felizes com ela.

Então, decido deixar a minha carta de demissão sobre a mesa dela sem
dizer nada.

“Gostaria de te agradecer por tudo. Hoje será meu último dia de trabalho
aqui.”

“Permissão não concedida.”

Ela ergue a sobrancelha como de costume, quando não gosta de algo.

“Você não pode me impedir.”

“Você me odeia?”

“Eu não te odeio.”

“É você que me odeia.”

“Eu não te odeio.”

“Então, se não me odeia é o quê? Claramente aquilo que fez comigo foi
porque me odeia.”

“Eu não te odeio.”

“Você me odeia sim.”

“Eu não.”

“Então o que é tudo isso?”

“Significa que eu gosto de você. Eu gosto de você! Consegue entender


isso?”

24

Eu quero

Olho para a Khun Sam, ela está paralisada como se muitas de suas dores
internas tivessem sido ejetadas do seu corpo.
Finalmente o dia chegou. O dia em que ela me falou sobre seus
verdadeiros sentimentos por mim. Para os outros, ‘gostar’ pode
representar amor ou obsessão. Para ela, é uma equação e você precisa
resolver.

Gostar = Não gostar.

‘Eu gosto de você! Consegue entender isso?’

Então, se eu resolver esta equação, terá outro significado…

‘Eu te odeio. Consegue entender isso?’

Lágrimas dolorosas escorrem dos meus olhos. Agora, estou em dúvidas


se devo usar minhas mãos para cobrir meu rosto ou enxugar minhas
lágrimas. Quando entendo completamente, perco toda minha dignidade.

“Hmm… Eu entendo. Hhhh.”

“Mon!”

Eu corro da sala congelante em meio aos olhares dos demais. Khun Sam
grita de longe para me parar, mas vou embora sem olhar para trás.

Eu me demito. Não aguento mais ficar aqui. Khun Sam me odeia.

Hmm!

[Mon, você está bem?]

Me escondo para chorar no estacionamento enquanto ligo para a Kate,


porque não sei para quem ligar para desabafar. Para mim, as meninas da
gangue da P. P. são como minhas amigas próximas. Vou contar tudo a ela
sobre o que aconteceu com a Khun Sam.

“Khun Sam me odeia.”

[Hmm. O que aconteceu?]

“Eu acabei de entregar para ela a minha carta de demissão. E ela disse…
Ughh…”

[O que ela disse?]

“Que gosta de mim.”

O silêncio toma conta do outro lado da linha. Kate não diz nada e me
deixa chorar sozinha. Por ela estar quieta, a chamo repetidamente para
verificar se ela continua na linha.
“Está aí?”

[Estou aqui… Apenas atordoada… Agora estou mais confusa ainda. Você
acabou de me dizer, que está chorando porque a P. P. disse que gosta de
você, certo?]

“Kate, você sabe bem que ela é do tipo que sempre faz o contrário do que
pensa. A mente dela é diferente da nossa. É anormal.”

[Não funciona… Precisamos nos encontrar, agora.]

“Eu não terminei meu expediente… Mas não ligo, eu pedi demissão
mesmo. Então, vou te encontrar. Onde você está?”

Quando me lembro que me demiti, fico mal-humorada. Finalizo minha


ligação com a Kate, volto ao escritório, pego minhas coisas e saio
enquanto todos estão me olhando com pena.

Como as amigas da Khun Sam são todas ricas e são donas das próprias
empresas, elas podem sair quando quiserem. Kate é a que mais tem
dificuldade de sair, pois é atriz, mas ela gerencia sua agenda para
encontrar um espaço para me ver, porque quer saber de mim.

Agora, estamos todas em um local privado de um restaurante japonês.


Claro… Elas sempre pagam para mim.

“Já fiquei sabendo pela Kate.” Tee age como se estivesse pensando
muito. “Eu acho que a equação da Sam não deveria ser usada nesta
situação como de costume.”

“Eu concordo.” Kate está estalando seus dedos. “Acho que a P. P. disse
o que realmente estava pensando, não precisava ter colocado na
equação.”

“Eu não quero concordar, sério. Estou com tanta inveja.” Jim parece
triste agora. “Mesmo que eu tenha um marido agora, eu sinto isso.”

“Jim, mantenha-se no ponto.”

“Ok, ok. Eu vou…” Jim suspira após ouvir isso da Tee. “Estou inquieta
porque acho que a equação da Sam agora não é mais a mesma. Desta
vez, acho que ‘Gostar = Gostar’.”

“Por que vocês não acham que ela me odeia?”

“Eu já disse antes, ela te ama… mas e o seu trabalho… ah… ‘Amor
Lésbico’, como era mesmo?” Kate me pergunta se intrometendo. Eu
concordo com a cabeça em resposta.
“Viu? Se seu trabalho foi aprovado, prova que ela realmente te ama.”

“Eu não entendo.”

As vejo sorrindo satisfeitas em silêncio. Elas conseguem se entender sem


dizer uma única palavra. Então, às vezes sinto que não faço parte quando
tento entender o que elas estão pensando.

“Viu… Estávamos confiantes que seu trabalho seria aprovado, porque já


sabíamos.” Tee começa e me detalhar. “A verdade é que conversamos
com a P. P. que você tinha mandado currículo para minha empresa.”

“E a Tee foi além.” Kate disse orgulhosa, como se tivesse controlado tudo
nos bastidores.

“O que ela fez?”

“Eu disse a ela que se a Mon pedisse demissão da empresa dela e


entrasse na da Tee ou em outra qualquer, com esse rostinho fofo e esses
lábios em formato de coração, teriam centenas de rapazes esperando
uma oportunidade para flertar com você, talvez a Tee ganhe este jogo.”

“Hã?”

Tee gargalha satisfatoriamente em apoio.

“Eu senti que ela estava tão instável por dentro. Adivinhamos que ‘Fazer
Amor com Lésbicas’ seria aprovado… Certo, para falar a verdade, este
tema não deveria ser aprovado. Não deveria nem mesmo ser postado na
página do Facebook da empresa.”

“E… foi aprovado.” Kate responde. Jim agora está olhando para suas
amigas enquanto mastiga um sushi.

“Eu sou invisível agora.”

“Apenas coma. Seu trabalho ter sido aprovado significa…”

“Eu vou dizer, eu vou dizer… Me deixa falar, fiquem quietas.” Jim abana
as mãos para interromper suas amigas, enquanto está com a boca cheia
de sushi.

“P. P. gosta de você.”

“O que significa que ela me odeia.”

“Ai! Eu vou te bater com os pauzinhos. Não nos ouviu? Estamos tentando
dizer que a Sam gosta de você. Ela te ama.”
Jim finge que vai jogar os pauzinhos em mim e tudo o que consigo fazer
agora é piscar meus olhos.

“Você sabe o que ‘gostar’ significa? Como um casal, amantes.”

Palpitação…

Palpitação…

Meu coração imediatamente acelera. Elas estão esperando minha reação


agora.

“Mas eu sou uma garota…”

“Não seja tola. Todas nós nos formamos em uma escola feminina e
sabemos que uma garota se apaixonar por outra é normal.” Kate me olha
séria. “Agora, é sua vez de esclarecer.”

Palpitação…

O silêncio toma conta. É muita pressão, agora não consigo me mexer e


nem respirar. Elas me olham em busca de respostas. A resposta
verdadeira está no fundo.

“Mon, você gosta da Sam?”

“Eu… eu.”

“Vamos continuar te perguntando astuciosamente até que a resposta se


revele.” Jim coloca seus pauzinhos na mesa com uma expressão séria.
“Se a Sam fosse a sua esposa, você estaria feliz?”

“Isso é o que você chama de astúcia?” Tee a interrompe e ela faz um


barulho.

“Sim, se eu perguntar diretamente, a pergunta será diferente.”

“Céus…”

“Então, você estaria feliz?”

“Ahh…”

“Como se sente quando a vê nua?”

Palpitação…

Palpitação…
Palpitação…

Palpitação, palpitação, palpitação…

Esta é uma pergunta simples que afeta meu coração, deixando-o cada vez
mais acelerado. Quase perco a respiração, então seguro meu peito. De
repente, surge na minha mente uma imagem da Khun Sam sem roupas,
meu rosto fica quente… tão quente que sei que estou vermelha. Costumo
ficar assim quando estou com alergia a bolinho de peixe frito.

“Você se sente bem e quer ver mais, né?” Kate diz, sorrindo. “Mon, você
pode falar sobre qualquer coisa para a gente, não hesite.”

“Não posso me sentir assim por ela… Ela tem namorado.”

“Você sabe por que estamos apoiando vocês mesmo sabendo que ela
tem um noivo?”

“Por quê?”

“Porque ela não tem química com o Kirk. Ela não gosta de nada nele. E é
diferente com você.”

“…”

“O olho dela brilha quando está com você.” Kate disse sorrindo. E a Tee
se apresse em dizer:

“P. P. parece feliz.”

“É irritante ver que a P. P. se apaixonou por outra garota e não por mim.”
Jim diz, emburrada. “Mas se a outra garota for a Mon e a P. P está feliz,
então estou de acordo.”

Elas estão me olhando e me perguntam ao mesmo tempo sem eu estar


preparada.

“Você gosta da Sam?”

Eu mordo meus lábios e fico nervosa em olhar nos olhos delas. Eu reúno
toda minha coragem e suspiro antes de responder.

“Sim, eu gosto.”

“Uau. Não estamos mais preocupadas, se fosse uma história de livro,


teria tanto volume quanto uma almofada.” Tee suspira e acerta a própria
testa.
“Agora, você sabe como se sente. Devemos ir para a próxima etapa. Você
sabe que a Khun Sam é uma mulher complicada. Ela não vai ser a
primeira a ceder.” Kate disse seriamente. “Você deveria ser a primeira.”

“Em quê?”

“Você quer estar em um relacionamento com ela?”

Palpitação…

Palpitação…

Palpitação, palpitação, palpitação…

“C… claro, se possível.”

Não tenho confiança quando falo com elas. Me sinto envergonhada…

“Será possível, se você for a primeira a perguntar.”

“Perguntar?”

Estou tão chocada que meus olhos saltam. “Imp… impossível. Não posso
fazer isso. É só um achismo nosso de que ela não me odeia.”

“Ela te ama. Mas nunca vai dizer.” Jim disse enquanto apoia o queixo nas
mãos. Então, me olha. “Por favor, ajude nossa P. P… Eu sei que é difícil e
embaraçoso, mas se você não iniciar não vai acontecer.”

“Sam estará aqui em breve.” Tee disse com as sobrancelhas erguidas.

“É melhor eu ir para casa.”

Estou me preparando para levantar, mas Kate segura minha blusa e me


encara.

“Você precisa ficar aqui, mocinha.”

“Não posso fazer isso.”

“Quando chegar o momento, você vai conseguir. Acredite em mim, ela vai
dizer sim, claro.”

Tee e Jim dizem ao mesmo tempo.

“Verdade!”
Não passa muito tempo, aproximadamente 15 minutos e Khun Sam
chega. Tee olha seu celular e nos manda um sinal informando que a Khun
Sam está vindo. Então elas me dizem para sair do restaurante.

“Se você estiver aqui com a gente, não vai conseguir perguntá-la. Vá lá
fora. Tenham uma boa conversa, esperaremos o resultado aqui.”

“Sou tão desajeitada. Tivemos uma briga quando estávamos no


escritório.”

“Hora de fazer as pazes, então.” Kate me empurra para fora do


restaurante. “Acredite em mim, ela é muito fácil.”

“Eu vou chorar.”

Mas Kate não liga para nada e apenas acena se despedindo. Enquanto
estou confusa e pensando no que devo fazer, Khun Sam de repente
aparece na minha frente e me chama levemente.

“Mon.”

“Khun Sam.”

Nós duas ficamos em silêncio por mais de 2 minutos, ela não aguenta
mais e então me pergunta primeiro.

“Por que você saiu do escritório e deixou seu posto de trabalho?”

“Eu já tinha pedido demissão.”

“Eu não dei permissão. É tão desconfortável assim trabalhar comigo?”


Ela disse triste. E me faz sentir culpada. Se não tivesse conversado com a
Kate e as amigas dela, não me sentiria assim.

“Estava me sentindo desconfortável há alguns dias. Você é muito má.”

“Mas hoje aprovei seu trabalho e te passei no programa de treinamento.


Por que pediria demissão?… Foi por que eu disse que gosto de você,
né?”

Olho para ela confusa. Metade de mim ainda está acreditando na equação
dela, mas a outra metade acredita no que a Kate e as demais disseram.

“Porque quando você diz que gosta, na verdade odeia.”

“Como devo dizer para você acreditar em mim?… Eu te odeio.”

“…”
“Eu te odeio tanto!!!!” Ela disse seriamente, porém séria demais para meu
gosto. Então, fico triste e desapontada.

“Você me odeia…” Lágrimas se formam nos meus olhos novamente. Ela


se apressa em corrigir.

“Então, eu gosto de você!”

“…”

“Oh! Então, odeio você, gosto de você, odeio você, gosto de você, odeio,
gosto… Céus! Por favor, perceba que agora eu gosto muito de você e
odeio muito você… Tanto faz, por favor, não se demita.”

“Você quer ser minha namorada?”

“Eu quero.”

“…”

“O que você disse?”

Eu disse sem pensar, perguntei muito rápido e Khun Sam respondeu sem
perceber. Eu calo minha boca e agora estou com vergonha. Então aceno
com a mão recusando.

“Esquece isso.” Digo a ela. Me preparo para sair correndo, mas Khun
Sam me segura pela mão.

“Você perguntou se eu quero ser sua namorada, né?”

“Ahh…” Eu vou chorar de tanta vergonha. Deveria estar chocada ou feliz?


“Khun Sam, por favor, não me olhe.”

“S… sério?” Agora, as lágrimas dela é que estão escorrendo. “Eu vou
chorar.”

“Por que você choraria? Foi tão ruim assim eu ter te pedido em namoro?”

“Não.”

“Hum.”

“Hum.”

Estamos chorando juntas.

“Por que você está chorando?”


“Huh… Estou feliz.”

“…”

“Feliz em ser sua namorada.”

“Você está bem mesmo?” Eu enxugo as lágrimas dela e ela enxuga as


minhas. “Eu não tenho nada de bom para te oferecer.”

“Tem sim. Está tudo bem, quero ser sua namorada, mas tenho medo de
você não sentir o mesmo.”

“Khun Sam.”

Nos abraçamos. Ela é meu primeiro ídolo, minha primeira chefe, minha
primeira irmã e minha primeira namorada. Estou tão feliz que nem
consigo descrever. Ela me abraça e acaricia minhas costas.

“Estou tão feliz. Estava morrendo de medo de você se demitir.”

“Estamos em um relacionamento?”

“Agora você não pode cancelar.”

Se fosse uma novel… não caberia em uma folha A4. Não estamos
sonhando agora, né?

Mas é real…

Agora estamos em um relacionamento.

25

Diferenças

“Finalmente, o casal mais estranho do ano fez as pazes.”

Kate disse, antes de aplaudir alegremente, porque ela tornou nosso


sonho possível. Desvio o olhar com vergonha. Eu não sei o que fazer… É
estranho.

Somos duas mulheres em um relacionamento. As amigas dela agem


como se nada tivesse acontecido. Não sei se deveria estar feliz ou não.

“Vocês duas estão em um relacionamento e agora?” Tee está sorrindo


maliciosamente para mim. “Se quiser algumas dicas, é só perguntar.”
“Você precisa ensiná-la sobre amor?” Khun Sam pergunta a Tee. Tee ri.

“Viu? Você está com ciúmes. Não pretendo ensinar, apenas caso algo…
se você ficar em apuros… Sou uma profissional.”

Eu não entendo o ‘algo’ porque eu nunca tive uma namorada antes. Khun
Sam é minha primeira e eu não sei o que fazer a seguir.

“De qualquer forma, agora somos um casal. Como seria diferente de


antes?” Eu interrompo a conversa. Todas ficam em silêncio, incluindo a
Khun Sam.

“Eu sei… não é fácil.” Jim dá um tapa na própria testa como se estivesse
cansada de mim. Kate suspira porque ela acertou.

“Mas não acho que vai ser tão difícil assim.”

“É fácil.” Khun Sam disse como se fosse uma profissional. “Deve ser
apenas diferente.”

Tee olha orgulhosa para a Khun Sam e coloca a mão gentilmente no


ombro dela.

“Ao menos, você é inteligente agora.”

“Então, o quão diferente?” Olho para Khun Sam com interesse. Ela me
responde confiante enquanto pisca o olho para mim.

“Você pode pedir meu dinheiro emprestado.”

“…”

“Normalmente eu não empresto dinheiro para ninguém, porque tenho


medo de estragar a amizade. Se você pegar emprestado, não ficarei
preocupada, porque você não é minha amiga.”

Tee abaixa a cabeça na mesa e lamenta.

“Alguém me mate, por favor.”

Fico paralisada porque estou com muita vergonha em dizer algo, olho
timidamente para Khun Sam.

“Quer dizer alguma coisa? Estique a coluna e seja confiante.”

Khun Sam ajeita minha coluna e quando ela faz isso sinto um curto-
circuito.

“S… Sim.”
“Então?”

“Então, o quê?”

“O que quer me dizer?”

“Ah!…” Eu enxugo meu suor. Todas estão me olhando interessadas, à


espera do que tenho a dizer. “Eu tenho uma pergunta.”

“Qual?”

“Se você não me odeia. Por que estava tentando me forçar a pedir
demissão?”

Agora ela evita meus olhos. As amigas dela estão rindo como se já
soubessem a resposta.

“… Diga a ela, P.P… Por que estava tentando fazê-la pedir demissão?”

“Fica quieta.”

“Estou quieta agora, diga a ela.”

Ela tosse e diz com o rosto todo corado.

“Pelas regras da empresa. Se um empregado tiver um relacionamento


amoroso no local de trabalho, ele deve ser demitido.”

“…”

“Então, eu estava tentando forçar. Eu vou…” Khun Sam tem uma


respiração curta. “Vou… estar em um relacionamento com você.”

Agora estou com tanta vergonha, meu rosto fica quente e minha boca
está tremendo. Ah, eu preciso de água gelada.

“Você estava planejando ser minha namorada. Não queria me pedir em


namoro primeiro?”

“Eu pedi, mas você correu.”

“Eu pensei que estava me rejeitando, você normalmente faz o oposto do


que pensa.”

“Uau, que casal estranho.” Kate suspira. “Se não fosse pela gente, isso
não teria acontecido. Até mesmo o beijo vocês estavam chamando de
mordidinhas.”

“Mas são mordidas.” Khun Sam disse. Eu aceno para apoiá-la.


“Verdade.” Eu respondo.

“Céus!”

Após terminarmos de comer no restaurante, Khun Sam e eu saímos


primeiro. Quando estávamos entre as amigas dela, estava me sentindo
desconfortável. Mas agora somos só nós duas no carro amarelo. Me sinto
estranha.

Esta manhã, eu lhe entreguei uma carta de demissão. Apenas algumas


horas depois, minha chefe e eu viramos um casal.

Estou animada e feliz.

“Ei, você estava me olhando de novo. Quer dizer alguma coisa? Não me
olhe assim, é estranho.”

“Nossa mordida foi um beijo?… Elas disseram isso… E me senti…”

“Sentiu?”

“Me senti bem.”

Ficamos em silêncio de novo. Khun Sam morde os lábios e dá seta para


estacionar na beira da estrada. Olho para ela surpresa.

“O que foi?”

“Vamos nos morder de novo?”

“…”

“Não nos mordemos há alguns dias.” Khun Sam me olha com as


bochechas coradas. “Vamos morder?”

Por que a palavra ‘morder’ soa tão diferente de antes? É constrangedor


quando ela diz diretamente.

“Khun Sam.”

Ela se aproxima de mim, fecho os olhos dando permissão.

Por que ela não me mordeu ainda?


Abro meus olhos lentamente e vejo a Khun Sam irritada presa no próprio
cinto de segurança.

“Por que travou do nada?”

“Para de se mexer. Senta direito primeiro.” Me inclino para desatar o cinto


de segurança dela. “Viu? Agora pode se mexer.”

Sorrio para ela sem pensar e ela já está se aproximando de mim. Quando
nossas bocas estão a 1 centímetro de distância, eu paro e a empurro
gentilmente.

“Algo errado?”

“Não estou me sentindo bem por sermos um casal agora. Nos


esquecemos do Sr. Kirk.”

“Vou terminar com ele.”

“Por favor, não faça isso.”

“Por quê?”

“Vai machucá-lo.”

“Não vai, temos um acordo. Se não encontrássemos ninguém, nos


casaríamos.”

“…”

“Mas eu tenho você agora. Vou terminar com ele. Está no acordo.”

“Não sente nada por ele?”

“Para mim, ele é como um irmão. Se eu fosse me casar com um homem,


ele seria minha primeira opção. Se for para me casar, eu preciso
realmente sentir…”

“…”

“Pode ser você.”

Palpitação…

Palpitação…

Ela normalmente faz rodeios, mas agora foi direta. Isso faz meu coração
acelerar.
“Posso te morder?”

“Ah… Qual é.”

É minha vez, me aproximo dela em uma boa posição para nossas bocas
se tocarem, mas desta vez ela se afasta.

“Não… não devemos.”

“Hein?”

“Como um casal brinca de morder? Apenas a chefe e a subordinada.”

E ela volta para seu assento e prende o cinto de segurança, me deixando


atônita.

“Hoje, você vai passar a noite na minha casa, ok?”

“…”

“Faz tempo que não ficamos juntas. E quero abraçar minha namorada. É o
que um casal faz.”

Nossa… Estou derretendo até o chão.

Ela sempre faz meu coração errar as batidas.

Loucura!

26

Lamber

Cheguei na casa da Khun Sam e já avisei os meus pais. Eles não estão
preocupados comigo. Mas não sabem ainda que passarei a noite na casa
da minha primeira namorada.

Por que estou me sentindo culpada?

“O que há de errado? Está tão quieta.”

Ela me pergunta enquanto está bebendo alguma coisa na frente da


geladeira. Me assusto quando escuto a Khun Sam, que agora é minha
namorada, falar comigo.

Quando o status mudou, tudo parece ter mudado.


“Não estou pensando em nada.”

“Vamos subir.”

“Oi?”

“Tomar banho antes de dormir.”

Ela disse lentamente. Estou tímida e com tanta vergonha. Ela pretende
mesmo dormir abraçada a noite toda? São apenas 18h.

Cedo demais para dormir.

Quando ela percebe que não me mexi. Ela vem até mim e me puxa pela
mão.

“Vamos.”

Quando estamos no quarto, Khun Sam me solta e vai tomar banho como
sempre, eu vou após ela. Como já disse antes, tem algumas roupas
minhas no guarda-roupas dela. A casa dela já é minha segunda casa.

“Ahhhhhh!”

“Por que se assustou?”

Saio do banheiro e dou de cara com Khun Sam bem na minha frente.
Temos a mesma altura e ela está com a cabeça inclinada.

“Por que está parada aí?”

“Esperando… Por que demorou tanto no banho?”

“Eu sempre demoro no banho.”

“Não. Demorou muito mais.” Sorrio porque ela estava me esperando.

“Apenas estava tomando meu banho, sentiu minha falta?”

“…”

“Por que está quieta?”

“Estou pensando em como responder. Porque minha resposta pode te


deixar confusa.”

Estou sorrio satisfatoriamente. É tão adorável vê-la tentando se


comunicar comigo. Às vezes ela dá pena. Quando ela disse que gostava
de mim, eu entendi que ela me odiava. Mas quando ela disse que me
odiava, fiquei magoada.

Será difícil para ela.

“Devemos fazer um acordo?”

“Hã?”

“Agora que estamos em um relacionamento, quero ter mais privilégios


que os demais.”

“Quê?”

“Agora, se tiver algo que queira me dizer, precisa me dizer diretamente e


sem rodeios. Apenas me diga.”

Ela está um pouco confusa sobre o acordo, mas não é nada difícil. Porém,
estou esperando a resposta dela há muito tempo. Então tento explicar.

“Apenas me diga diretamente, você consegue?”

“Não é tão difícil.”

“Bem, eu te prometo, se quiser alguma coisa, apenas me diga a verdade e


eu farei o mesmo em troca.”

“Qualquer coisa?” Como se ela tivesse algo em mente. “De acordo.”

“Então…”

“Então, devemos ir para a cama agora.”

Olho para o relógio na parede. São 19:30h… Por que ela quer tanto ir
dormir? Eu não sei o que fazer.

Estou com vergonha? Dormir é dormir.

“Sim.”

Hoje olho para a cama, a qual já havia dormido antes, e não é mais a
mesma. Mas tento fazer o que costumava fazer e me enfio debaixo do
cobertor. Khun Sam faz o mesmo. Não sabemos em que posição dormir,
de barriga para cima, de lado, ou devemos ficar de frente uma para a
outra?

Apenas durma. Por que estou pensando nisso?!

“Uau, seu teto está legal.”


“Antes, estava pintado de cinza, mas branco combinou mais.”

Eu não sabia o que dizer. Então, falei do teto. Agora estou me sentindo
estranha.

“Mon.”

“Sim?”

“O teto é melhor do que eu? Por que continua olhando para o teto?”

“Vou falar a verdade. Não sei o que fazer. Devo ficar de frente ou de
costas para você?”

“Faça como quiser.”

“Certo.”

Quando recebo a permissão, me viro de costas para ela. Khun Sam diz
algo mal-humorada.

“Você quer ficar de costas para mim?”

“Não consigo te encarar.”

“Por quê?”

“Vergonha. Hoje você fez meu coração errar as batidas o dia todo, não
consigo acreditar que somos namoradas.”

“Posso te abraçar?”

“…”

Concordo com a cabeça porque não consigo falar. Khun Sam se aproxima
de mim, envolve minha cintura com a mão e esconde o rosto na parte de
trás do meu pescoço e me diz:

“Não só você está se sentindo assim, eu também. Fico me perguntando:


Estou sonhando?”

“Khun Sam…”

“Nos últimos dias, você deve ter ficado brava comigo.”

“Eu estava tão desapontada com você. Não estava preparada para
encarar o fato de que a Khun Sam, que sempre foi tão boa comigo, virou
uma garota má. Não sabia por que você tinha mudado. Não fazia ideia de
que você estava fazendo aquilo por minha causa.”
“Me desculpe por não ter dito a verdade.”

“Então, por isso fiz o acordo para você ser franca comigo.”

“Claro.”

“Você prometeu.”

“Hum.”

Consigo sentir cada respiração dela da minha nuca até minha orelha. É
como se tivesse um gatinho me cheirando. Fecho meus olhos de tanta
vergonha, mas deixo fluir.

Mas quero saber. O que ela está fazendo? Este será o primeiro teste para
provar nosso acordo.

“O que está fazendo, Khun Sam?”

“Q… Quê?” Tudo de repente para, como se alguém tivesse apertado o


botão de pausa. Khun Sam, que estava com os lábios tocando meu
pescoço, se vira de barriga para cima, como se nada tivesse acontecido.
“Nada.”

“Viu? Você acabou de dizer que seria franca comigo.”

“Apenas te abraçando antes de dormir.”

“Sim.” Respondo brevemente. “Se quiser me abraçar, eu vou deixar…


Apenas abraçar.”

“Se eu quiser ir além dos abraços?”

“Apenas me diga o que quiser.”

“Eu não queria ir além. *Boceja*, estou com tanto sono.” Quando ela
termina de falar, vira de costas para mim.

“Boa noite.”

“Tenha uma boa noite.”

Respondo. Então, mordo meus lábios irritada. Por quê? Mesmo que ela
tenha prometido ser franca comigo, ela não foi. E não sei se é por causa
da raiva ou por ter que dormir cedo, mas não consigo pegar no sono. Não
sei que horas são agora, apenas quero dar uma volta ou fazer algo para
me acalmar.

Quando me levanto da cama.


“Onde você vai?”

Ela disse claramente, o que prova que ela estava fingindo dormir.

“Vou beber água e assistir um pouco de TV.”

“Então vou com você.”

“Você não disse que estava com sono?”

“Despertei.”

“Tá…”

“Parece que você está brava comigo.”

“Não, não estou.”

Dou uma resposta curta antes de descer as escadas. Khun Sam me segue
e liga a televisão para fazer barulho.

“Vamos nos sentar juntas.” Ela dá um tapinha no assento ao lado dela,


me convidando. Sento sem pensar duas vezes, mesmo estando irritada.
“Qual programa?”

“Tanto faz.”

Ela continua mudando de canal e pede minha opinião sobre os


programas, mas não respondo nada. Ela não vê que estou mal-
humorada?

Por favor, demonstre interesse em mim ou pergunte como estou me


sentindo? Só mais uma vez.

“Não tem um programa favorito?”

“Eu assisto qualquer coisa.”

“Então, vamos ver um documentário.”

Tudo o que assistimos até agora é sobre animais. Estamos surfando no


mundo animal e vendo suas atividades.

“Viu? Você não é franca comigo. Como me pede para ser franca com
você? Não é justo.”

Ela me diz, então olho ofendida para ela.

“Está tudo bem.”


“Está vendo? Está mentindo para mim.”

Eu suspiro. Ela está me chamando de mentirosa.

“Certo. Eu estava. Eu aceito. Francamente. Agora é sua vez.”

“O que quer saber de mim?”

“Aquela hora, na cama, o que estava fazendo?”

“…”

“Estou apenas pedindo que seja franca comigo.”

“Eu te abracei.”

“Apenas abraçou?”

“…”

“Certo, se não quiser me dizer, vou fingir que nada aconteceu e não vai
acontecer mais.”

“Algo… Tenho que dizer isso em palavras? Eu…”

“Eu só quero saber se o que vai dizer é honesto. Quero ser sua exceção,
mas você não consegue.”

Ficamos em silêncio fingindo que estamos vendo televisão. O


documentário passa a exibir uma cena de acasalamento entre leões. Um
macho e uma fêmea, ambos lambendo um ao outro enquanto transam.
Khun Sam e eu estamos paralisadas e tendo um ataque cardíaco.

“Aquilo…” Ela aponta para a televisão com uma voz insegura.

“Quê?”

“Eu quero fazer aquilo… com você.”

Estou encarando-a e meu rosto está quente. Khun Sam, que estava
apontando para a televisão, agora está me olhando.

Palpitação…

Meu coração está saltando do peito. Finalmente, ela me disse algo


honesto. E agora que conseguiu, sou eu que estou com vergonha.

“Khun Sam…”
“…”

“Você quer lamber meu cabelo?”

27

Posso?

Não aconteceu nada noite passada. Depois de terminarmos o


documentário, fomos para a cama dormir. No meu caso, foi muito difícil
dormir.

Eu sabia o que ela queria na noite passada.

Mas fingi não entender por que ela me comparou com um leão e não me
explicou exatamente o motivo. Eu a conheço bem. Ela nunca me diria
diretamente o que quer. Tudo será mais difícil, a passos lentos. Isso é
bom, na verdade.

Eu… ainda não estou pronta.

Tudo aconteceu muito rápido. Ontem de manhã, eu quase saí do meu


trabalho. No fim da tarde, consegui uma namorada. Durante a noite, se eu
desse um passo a mais… Foi quase…

Ah… Meu rosto está quente de novo.

“Mon, o que aconteceu? Por que seu rosto está vermelho? Está com
febre? Yah, que está sentada ao meu lado, me pergunta preocupada
enquanto toca o lado do meu pescoço. “Você está bem quente.”

“Não estou com febre.”

“Por que seu rosto está vermelho? Tenho reparado desde de manhã.”

“Está pensando em safadezas?” Peung, meu colega, disse. “Deve ser


isso. Seu rosto ficou mais vermelho ainda.”

“É fácil notar em pele clara, mas para uma pele bronzeada como a
minha… Se estou com vergonha, minha pele escurece.”

Yah e Peung estão falando alegremente, mas de repente correm de volta


ao trabalho. Eu sei sem nem mesmo olhar. Khun Sam está voltando do
banheiro.

Não consigo olhar para ela. Por quê?


Ding!

O som do aplicativo de mensagem toca. É do grupo de fofocas da P. P.,


as amigas da Khun Sam querem saber como andam as coisas entre a
gente.

Kate: E você, Mon?

Tee: Está tudo indo bem?

Kate: Eu sei que você leu, nos responda.

Elas parecem mais animadas do que eu. Mordo meus lábios antes de
respondê-las.

Doraemon: Bem.

Kate: Quão bem? Nos diga.

Doraemon: Está tudo bem, nada de especial.

Tee: Noite passada você ficou na casa dela?

Kate: Deve ter sido bom. Nos conte a verdade, não minta. O que
aconteceu na noite passada?

Doraemon: Assistimos um documentário sobre animais e depois fomos


dormir.

Kate: Deve ter mais. Não acredito nisso.

Martha: Nossa, não vai funcionar. Deixa comigo, vou perguntar. Você
dormiu com ela?

Jim me fez uma pergunta clara. Meu celular está quase caindo da minha
mão. Eu decido ignorar e deixo meu celular sobre a mesa. Para mim, é um
assunto sensível.

Porém, a curiosidade da Kate vence. Ela me liga, se eu não atender, ela


pode ficar chateada comigo. Então, saio da sala para ter privacidade,
porque não quero que ninguém escute nossa conversa.

Surpresa! Ela nos mistura na mesma chamada. Kate, Tee e Jim agora
também estão na linha.

Kate: [Não pode nos ignorar. Você sabe que demos o maior apoio no seu
relacionamento com a P. P. Você não pode nos ignorar. Eu não vou
permitir.]
“Não, não estou ignorando vocês. Estou trabalhando, então é
desconfortável usar o celular.”

Martha: [Você pode mentir para o mundo inteiro, mas não pode mentir
para as deusas da mentira.]

“Não estou…”

Kate: [Não vou te culpar, apenas me diga, noite passada você saiu com a
Khun Sam, passou a noite com ela. E o que aconteceu depois? Não
precisa detalhar, apenas… qual… qual a palavra mesmo? Jim, a
corajosa… diga a ela.]

Martha: [Hein? Jogando a merda para cima de mim. Noite passada, você
dormiu com a Khun Sam?]

Meu rosto está ficando vermelho e quase tenho um apagão. Por que elas
precisam perguntar desta forma? Nossa.

“Não aconteceu nada… Certo, vou contar o que aconteceu noite passada.
Hum.”

Porque eu não consigo evitar mais, decido contar para elas. Tem barulho
no fundo da chamada, deve ser a Jim. Já Kate, está suspirando e Tee está
esperando ansiosa.

Tee: [Ei! Parece positivo. Ela não é novata. Tentou começar, mas tem
pouca experiência.]

Martha: [Não foi nada do que eu esperava. Quando vão transar? E Mon,
você é difícil de entender.]

Kate: [Você bancou a inocente?]

Essa pergunta cutuca meu coração. Tem algumas coisas que eu


realmente não sei, mas ontem eu fingi estar confusa e não entender,
porque eu sabia bem que a Khun Sam estava tímida para ir além.

“Eu não. Só estava me sentindo estranha.”

Kate: [Ah, garotinha, você tem 24 anos, quase 25. Não complique as
coisas. É tão difícil achar alguém que nos ame e você também a ama.
Você está namorando agora, não está?]

Kate disse isso em um tom triste, como se ela não tivesse encontrado
alguém para amar, mas ela deve estar apenas chateada, não brava.

“Eu quero deixar rolar, um passo de cada vez.”


Tee: [Se fosse uma novel, já teria mais de 300 páginas.]

Tee não aguenta mais. Agora, estou coçando a cabeça, estou com medo e
apreensiva. Sou tão nova e inexperiente neste mundo, então não quero
apressar as coisas.

“Sinto que devemos nos conhecer melhor. E a Khun Sam não tem
coragem de dizer as coisas exatamente para mim. Eu quero ter certeza
antes de acontecer.”

Martha: [Quando ela apontou para a televisão enquanto os leões estavam


acasalando, ela não disse exatamente o que queria? Então, o que você
quer? Espera que ela diga ‘Mon, vamos acasalar?’ Não, não é assim,
querida.]

Kate: [Acalme-se, Jim. Elas são um casal estranho. Se fossem


especialistas não teria graça.]

Kate está tentando cortar a amiga e me convencer.

Kate: [Mon, não quer se aproximar mais dela? Você é a única que verá o
corpo dela sem roupas. Minha nossa, tão excitante.]

Martha: [Eu vou responder pela Mon. Eu quero!]

Jim disse mais animada que todas. Agora, estou com tanta vergonha.

Estou me sentindo estranha. Posso ver a Khun Sam sem roupas. Apenas
eu, ninguém mais.

Ahh… Meu rosto está ficando vermelho de novo.

“Eu… eu quero ver.”

Kate: [Se você continuar assim, quando vai rolar? Além disso, com o que
você fez ontem, ela já deve ter perdido a confiança. Eu conheço bem
vocês duas.]

Martha: [Você deve começar.]

“Não.”

Eu respondo firmemente. E todas na chamada ficam em silêncio.

“Eu a pedi em namoro primeiro. Eu não vou ser a primeira de novo. Eu só


quero que ela me diga exatamente o que pensa. Mas ela não consegue.”

Kate: [Céus, por que você é tão… Vou ter que ir para a cama com você e a
Khun Sam para ensinar?]
“Esquece isso, não é importante. Khun Sam e eu, apenas de podermos
olhar nos olhos é o suficiente.”

Martha: [Estou falando com um pônei em um jardim de lavanda?]

Tee: [Então, você não precisa começar, só não fique na defensiva.]

“Sim?”

Agora a Tee ligou o modo sério para falar comigo. Todas estão animadas
e escutando o que ela diz.

Tee: [Se a Sam começar, apenas não fuja dela. Consegue fazer isso?]

Elas estão focadas em mim. Apesar de não saber o que ela quer dizer,
respondo timidamente.

“Consigo.”

Tee: [Você me prometeu.]

“Sim… eu prometi.”

Hoje tudo está indo bem, como chefe e subordinada, nada especial
mudou na nossa relação.

Ah… E eu ainda estou passando as noites na casa da Khun Sam.

A linda mulher está fazendo tudo normalmente e quase nos esquecemos


que assistimos o acasalamento de leões. Mas tem algo diferente. Khun
Sam não é a mesma.

Hoje ela me comprou vários petiscos.

“Caso goste.”

Ela colocou tudo na mesa que fica na frente do sofá, onde estávamos
assistindo televisão ontem. Me sinto estranha porque não me lembro de
ter dito a ela que gosto de petiscos.

“Como sabe que gosto de petiscos?”

“Eu vi você comendo… Não gosta?” Ela disse desapontada. Quando a


vejo, me apresso em responder.

“Eu gosto. Mas como você sabe? Cadê? Tem mais?” Tem vários dentro
da bolsa.

“De qual você gosta?”


“De todos.”

“Quer provar este, Taro?” Ela está procurando o petisco de peixe na


bolsa, abre e pega um para mim. “Abra a boca.”

“Quê?… Tá.” Fico um pouco tímida quando ela coloca na minha boca.
Dou uma mordida, mas Khun Sam me olha triste. “O que foi?”

“Você mordeu muito rápido.”

“Sempre como assim.”

“Então morda devagar. Poderia ficar engasgada. Venha, sente-se aqui.”


Khun Sam segura minha mão e me leva até o sofá. “Quer um Pocky?”

“Quero.”

Hoje, ela está me tratando tão bem, é anormal. Ela continua me


oferecendo petiscos e fica desapontada ao me ver comer tão rápido.

“Devagar, devagar.”

“Tá bom.” Eu mordo e mastigo devagar, como um búfalo mastiga a


grama. Khun Sam continua me alimentando com petiscos de peixe.

“Não coma tudo… pare!”

“…”

Khun Sam se aproxima de mim e morde o mesmo pedaço de peixe que


estava na minha boca. Paro de mastigar e agora entendo por que ela é tão
mandona comigo.

Esse é o beijo mais difícil do mundo.

Estamos nos aproximando cada vez mais. Agora nossos rostos estão
colados.

Eu prometi…

Enquanto estou tentando morder para separar os pedaços, lembro do que


a Tee me disse, não fuja. Estou petrificada, esperando-a se aproximar da
minha boca.

Palpitação…

Palpitação…

E agora nossos lábios estão se tocando…


Antes eu estava petrificada, mas agora estou mais relaxada. Ela está me
beijando suavemente. Não é uma mordida, como costumávamos brincar.
Eu sei que ela está tentando ao máximo, mesmo sendo tímida.

Muito bom…

A princípio, pensei que ela ficaria excitada, mas consigo sentir sua
doçura por dentro. Eu a deixo me beijar facilmente. Ela move os lábios
devagar para me ensinar naturalmente e espera minha resposta. Apesar
de eu nunca ter feito isso antes.

Beijo… Estou beijando.

Nossa!

Estou tremendo e a afasto imediatamente, quando sinto a língua dela na


minha boca. A mulher na minha frente está em choque agora.

“Ah…” Khun Sam olha em volta sem graça. “Taro é muito gostoso. Da
próxima vez vamos provar outros.”

“Khun Sam!”

Sei o que devo fazer, porque quebrei minha promessa com a Tee e agora
estou com pena da Khun Sam. Ela deve ter reunido toda a coragem do
mundo para fazer isso. Quando percebo o que fiz, levanto minha mão e a
puxo pelo pescoço em minha direção. Ela fica em choque por um
momento antes de eu beijá-la.

Não sou muito boa nisso.

“Eu não estava te recusando. Fiquei chocada. Tinha uma língua…


dentro…”

“Vi nas novelas ocidentais, eles usam a língua. Tee também me disse
isso.” O rosto dela fica vermelho enquanto ela tenta me explicar. “Não
gostou?”

“Não é isso. Apenas fiquei chocada, não foi ruim…” Eu disse excitada e
com falta de ar. “Quer tentar de novo?”

“Claro.”

Ela responde insegura. Estou muito tímida para encará-la. Então, preciso
controlar minha respiração antes de falar.

“Então…. nós… Oops.”


Khun Sam fecha os olhos e me ataca com um beijo sem me ouvir. Ela
deve pensar que sou muito tímida para dizer. Porque nós duas não temos
experiência no amor.

Por um momento, beijar e tocar nos parece familiar. Ela se afasta de mim,
respira devagar e seu rosto está ficando vermelho. O meu também, não
estou nada diferente dela.

“Mon.”

“Sim?”

“Você me pediu para dizer exatamente o que penso… Não é fácil, mas
farei o meu melhor por você.”

“Por que está dizendo isso?”

“Só queria te dizer. Você é especial para mim, mais do que qualquer um.”
Ela se aproxima de mim novamente. “E o que quero fazer agora é te
beijar.”

“Muito bem.”

“…”

“Você consegue me dizer exatamente o que está pensando. Agora me


sinto mais especial.” Puxo o rosto dela para mais perto e sorrio. “Mas os
beijos podem ser uma exceção, me diz outra coisa, além disso.”

Ela, que está na minha frente, me olha nos olhos com menos timidez.

“Sim.”

“…”

“Me deixe beijá-la.”

28

Mae-Khong

A mulher na minha frente abaixa o rosto e beija meus lábios suavemente.


Apesar de estar muito excitada, tento não expressar nada para não
reduzir a empolgação dela em tomar a iniciativa. Khun Sam e eu estamos
superando nossos medos.
Beijos profundos se repetem quando a Khun Sam coloca a língua na
minha boca, me sinto mais deslumbrada do que excitada. Nossos
movimentos estão demonstrando paixão… Muito prazer e estou bem com
isso.

Algumas emoções dentro do meu corpo me incendeiam. A estranheza


parece explodir minha mente. Minha respiração e meu coração estão
acelerados como se eu fosse desmaiar, mas não consigo parar!!!

“Mon.”

“Khun Sam…”

Com seus lábios, a linda mulher começa a beijar e lamber minha


bochecha em direção a orelha. Fico tensa, enquanto minha voz muda para
um tom estranho que me surpreende.

“Ah…”

Me assusto e tiro minhas mãos que estavam entrelaçadas no pescoço da


Khun Sam para cobrir minha boca. Ela tira minha mão da frente e me
encara com seus lindos olhos.

“Grita!!”

“N… não! É estranho.”

“Eu gostei… Realmente gostei.”

A voz da pessoa que está dominando a situação fica rouca. Então,


entendo por que a Khun Sam não quer que eu mantenha minha voz baixa.
“Por favor…”

Ver Khun Sam implorando, me faz entrelaçar as mãos em volta do seu


pescoço de novo e puxo seu rosto para beijá-la com desejo. Khun Sam
faz tudo com tanta naturalidade que fico surpresa. As pequenas mãos que
estavam segurando meu corpo começam a se mover. Mesmo estando
chocada, não deixo transparecer.

Não está nada mal…

Mas tudo fica fora de controle quando a Khun Sam move a mão até meus
seios. Meu corpo automaticamente chuta a mesa de centro. O vaso cai no
chão.

“Oh…”

Tento olhar o estrago, mas Khun Sam me puxa e me olha nos olhos.
“Que bagunça, hein?”

“Molhou tudo.”

“A gente limpa depois.”

“Ai!!”

A linda mulher não quer arruinar nada, me força a beijá-la intensamente


de novo. Não resisto, mas minha mente ainda está preocupada com o
vaso de flores e logo me preocupo com outras coisas.

Não volto para casa há alguns dias…

De repente, fico com vontade de comer camarões em Ayutthaya, então


vou pedir para a Khun Sam me levar para comer mais tarde.

“Oh!”

Khun Sam para após usar seu nariz no meu pescoço e sua mão, que
estava desabotoando minha blusa. Enquanto estou pensando nos
camarões, escuto a voz da Khun Sam.

“O que é isso? Sua camisa…”

“Quê?”

Me mexo para ver a Khun Sam, que está olhando para o primeiro botão
assustada. Então, descubro o que acabou de acontecer. Me levanto
imediatamente.

“Sangue… Khun Sam!!!”

O rosto da Khun Sam está coberto de sangue, o nariz dela está sangrando
como de uma criança. A blusa branca que uso todos os dias no escritório
está com uma marca do sangue da ditadora que queria fazer sexo
comigo, mas falhou.

“Você está bem?… Se machucou? Eu não te acertei, né?”

“Não… mas senti dor de cabeça… talvez pressão alta.”

“Pressão?”

“Talvez o clima quente ou algo assim.”

“Mas… mas o clima não está quente.”


“Hum… não este tipo de calor.” Khun Sam disse cobrindo o rosto. “Como
se estivesse assistindo pornô ou um doujin sujo.”

Agora, estamos pensando no que aconteceu. Khun Sam parece


indiferente por causa da vergonha.

“Você é tão fofa, seu nariz sangra com frequência?” Rio dela enquanto
limpo seu nariz, que ainda está sangrando. “Quando fizermos outras
coisas vai acabar assim?”

“Não sou boa nisso.”

“Não, você é melhor do que eu imaginava.” Olho para ela e tento mudar
de assunto, porque não quero que ela se sinta envergonhada.

“Você já fez isso antes?”

“Claro que não, eu nunca pensei em ter uma namorada antes.”

“Mas como sabe como fazer as coisas?”

“Por causa da sua teoria.”

“Hmmm.”

“Fazer Amor com Lésbicas, eu li três vezes hoje.”

“Minha teoria?”

Me pergunto por que minha teoria foi o que levou Khun Sam a fazer tudo
isso. E não sei como me sentir por minha namorada ter lido a teoria de
sexo lésbico três vezes!!!

Me sinto culpada… porque enquanto Khun Sam estava tentando


seriamente transar comigo, eu estava pensando nos camarões de
Ayutthaya.

“Sinto que é a única que está falando sério.”

“Por que se sente assim?”

“Nada.” Eu não vou deixá-la saber que eu estava pensando nos camarões
de Ayutthaya, pode fazê-la perder a confiança.

“Então… Vou aprender a fazer estas coisas também. Não deixarei que
faça sozinha.”

“Podemos aprender juntas.”


“Como?”

“Tee me disse que tem vários vídeos pornôs lésbicos na internet.”

Nos olhamos e ficamos com vergonha, então desviamos o olhar. Apesar


de termos chegado tão longe, por que ainda estamos com vergonha?

“Então… vamos aprender juntas.”

“Aham!!”

Quão longe vamos chegar com isso… Estamos vendo vídeos pornôs
lésbicos e estamos lendo o tema que escrevi para a Khun Sam me
demitir.

Desta vez, abraço o travesseiro e fico parada enquanto a Khun Sam está
assistindo pela TV. O que a Khun Sam está pensando…? Por que minha
cabeça está totalmente em branco?

“Khun Sam, você aprendeu a… a… algo?”

A linda mulher vira o rosto para mim como a boneca Anabelle… Acho que
ela está com tanta vergonha quanto eu.

“Aprendi, mas é meio rude.”

“Concordo com você. A garota do vídeo parece ferida.” Falo baixinho.

“Parece torturada.”

“Posso mudar para anime?”

“Talvez seja melhor do que o real.”

Estamos de acordo, então Khun Sam muda para um anime pornô. Porém,
agora a tela está cheia de propaganda sobre o conteúdo dos vídeos que
assistimos.

Nossos rostos ficam vermelhos. O que estamos fazendo?

“Este parece bom… Vamos assistir. É bonito.”

“Sim.”

Como é um anime, as cenas não são como na pornografia, mas… a


censura que cobre a parte importante deixa a Khun Sam irritada.

“Não dá para ver nada!”


Khun Sam está olhando para os próprios dedos e diz: “Como sabemos
quantos é melhor… um… dois… ou três?”

“…”

“Quantos dedos te deixariam confortável?”

“Para com isso, por favor.”

Pego o controle remoto e desligo a TV. Estou quase chorando. Parece


que não estou pronta para essa coisa. “Ir devagar pode ser melhor para a
gente. Eu gosto de te beijar.”

“Sério?” Khun Sam está animada.

“Gosta da minha língua?”

“Não precisa falar assim.”

“Por quê? Você não disse para eu ser direta? Estou falando de colocar
minha língua em outro lugar junto com meu dedo.”

“Não… PARA!!!”

Puxo a Khun Sam para beijá-la, mesmo sabendo que para ela é injusto.
Mas para mim, voltar ao silêncio é melhor do que continuar falando.

“Sim… beijar é melhor.” Khun Sam toca meu rosto. “Vamos com calma.”

“Sim… não estou com pressa.”

Martha: Ah, mas eu ESTOU!

De acordo com o grupo de fofocas da P. P., todos os relatos do nosso


comportamento são normais e eu estou bem com isso.

Tee: Eu às vezes acho que vocês duas fingem ser tolas, mas eu conheço
a P. P. melhor do que ninguém, então ela realmente é, não está fingindo.

Kate: Podemos aprender gradualmente? Todo dia no noticiário mostra


pais e mães adolescentes. Como é possível? Como sabem mais que
vocês duas?

Todas parecem chateadas enquanto me mantenho quieta, leio todas as


mensagens e me arrependo.

Martha: Mon, você leu?… Me escuta.

Doraemon: Sim.
Martha: Minha técnica final que uso para terminar o jogo… Fará com que
a Mon seja valente e não precise aprender mais nada.

Martha: Consegui meu marido assim, sem incluir o operário no campo.

Tee: Como você transou com um operário?

Martha: Eu bebi! Mas não me julgue. Os braços dele eram fortes e tinha
um belo corpo.

Tee: Estava molhado?

Kate: Eu sei o que quer dizer.

Engulo em seco e pergunto brevemente.

Doraemon: Quê?

Todas leem minha mensagem, porque está mostrando ‘lido 3’.

Não muito tempo depois, Jim me responde… Mesmo nos dramas ou na


realidade, um humano usa “estes meios” para fazer coisas que
normalmente não faria.

Martha: Mae-Khong [Um licor tailandês]

29

ChamCham, a convencida

Eu sou o tipo de garota que só bebe em festas, mas nunca fui ao mercado
comprar…

Mae-Khong

Hoje em dia, comprar bebida alcoólica é normal, especialmente para mim,


que sou uma adulta agora. Mas não sei se os outros possuem os mesmos
motivos que eu para beber.

Bem… Continuo falando comigo mesma que não vou deixar que a Khun
Sam beba sozinha.

Pelo contrário, parece que a Jim não falou só comigo, porque hoje a Khun
Sam também trouxe várias bebidas alcoólicas para casa. Quando nos
encontramos com as sacolas de bebidas nas mãos, nós duas sabemos
imediatamente o que aconteceu.
“Você falou com a Jim, né?”

“Você também?”

Levanto minha mão para secar o suor, porque estou sentindo que o clima
está esquentando. Já Khun Sam, vai para a cozinha, coloca as sacolas na
mesa e fica quieta, como se tivesse dado conta de alguma coisa em sua
cabeça. “Querida, vamos fazer?”

Ela me pergunta sem rodeios.

“Se quisermos, espero que dê certo. Estou pronta.” Quero cavar um


buraco e me esconder após Khun Sam dizer isso. Mas se continuar com
vergonha, tudo o que preparamos vai dar errado. Devemos continuar.

“Khun Sam, está pronta?”

“Hum.” Khun Sam olha para as bolsas e pega uma garrafa. “Não
encontrei Mae-Khong, pode ser Black Label?”

“Meu Deus, Black Label?”

Ela bebe coisas caras, mas não está confiante.

“Mas Jim me disse para beber Mae-Khong, vai funcionar da mesma


forma? Vamos sentir uma vibe igual do Mae-Khong?”

“Acho que sim, não deve ser muito diferente. Mas eu comprei Mae-
Khong.”

“Muito bem!” Khun Sam parece feliz, como uma criança que acabou de
ganhar dos pais uma varinha do Harry Potter. “Bom trabalho! Você estava
mais preparada do que pensei.”

“N… não fala assim. Não estava preparada para…” Balanço a cabeça
mudando de ideia. “Sim, estou pronta.”

“Eu também.”

Por que precisamos estar nesta situação? Agora, Khun Sam e eu estamos
bebendo Mae-Khong com água com gás enquanto assistimos televisão.

“Você bebe bem.”

“Eu costumava ir às festas quando era estudante. Bebia, mas não muito.”

“Eu raramente frequentava festas, além dos jantares com a Kate e o resto
da gangue. Acabei de perceber que não conheço seus amigos.”
“Eu não tenho muitos amigos. A maioria está trabalhando em outros
lugares. Quando estudava, era muito aplicada aos estudos, então
ninguém se aproximava de mim porque eu só sabia falar sobre estudos.”

“Estudantes devem falar sobre estudos, estava certa. Sobre o que eles
falavam?”

“Cantores coreanos, histórias de amor e dramas nas redes sociais.”


Começo a rir. Agora estou mais relaxada. “Eu queria conversar sobre
outros assuntos com eles, mas se fizesse isso, não conseguiria entrar na
mesma universidade e cursar o mesmo curso que você.”

“As universidades não são muito diferentes. A universidade a qual se


graduou não é importante para a nossa empresa… Quero dizer, você sabe
que eu e o Kirk somos os cofundadores, não atrevo a chamar de minha
empresa, então falei nossa empresa.”

“Sim.” Fico em silêncio quando lembro do outro homem na vida dela. “Eu
quase me esqueci, tem um outro cara atrás da minha namorada.”

“Não fique chateada.”

“Não, não estou.”

“Sua voz mostra que está chateada. Se conseguirmos fazer amor hoje,
vou terminar com o Kirk amanhã.”

“Precisamos fazer amor primeiro? Não pode terminar com ele antes?”
Começo a ser má e bebo de cada copo, como uma criança mimada. Agora
estou com coragem para dizer. “Mas não posso fazer nada.”

“Você pode, é minha namorada.”

“E o Sr. Kirk?”

“Meu noivo.”

“Eu deveria ser mesmo sua namorada?”

“Mas ele não recebe amor de minha parte.” Ela está agitando as mãos
para negar. Parece que o licor está funcionando, porque Khun Sam está
mais falante. “Eu nunca o amei. Eu te amo, Mon.”

“Eita…” Surpresa, cubro minha boca com as mãos. “Você acabou de


confessar seu amor por mim? Hã? Mas você normalmente faz o oposto
do que pensa, né?”

“Ei, estou falando sério aqui. Vou te bater.” Ela levanta a mão e age como
se fosse me bater, sorrio feliz. Eu sabia, mas só queria provocá-la.
“Estou brincando, ChamCham.”

“Opa! Você acabou de me chamar de ChamCham?” A linda mulher coloca


a mão no peito. “Por que meu coração bate tão rápido quando me chama
de ChamCham?”

“Sério? Gostou de ChamCham?”

“Então, do que devo te chamar?”

“É só duplicar a palavra como no seu… Tudo bem Mon Mon?”

“Mon Mon é um bom apelido.” Khun Sam se aproxima de mim e enrola


meu cabelo. “Mon Mon da ChamCham.”

“ChamCham da Mon Mon.”

Sorrimos e apoiamos uma na outra sem mais nos envergonhar. Sou eu


que a abraço pelo pescoço, porque tenho receio dela desviar do meu
beijo. Nossas bocas se tocam levemente antes das nossas línguas se
entrelaçaram, primeiro de forma suave, depois com mais força, como se
não quiséssemos nos separar.

“Epa!”

Nossas bocas se separam quando Khun Sam me joga na cama. Agora, ela
sobe em mim. Começa a morder suavemente meu queixo até minha
orelha. Eu, que normalmente sinto cócegas, agora estou cheia de tesão e
não ouso pará-la. Quero ver o que ela consegue fazer que faz com que eu
sinta borboletas em meu ventre.

Me mostre mais do que é capaz de fazer…

Deixe-me ver mais…

E mais…

O cheiro do Chanel Nº5 atinge suavemente o meu nariz, como um


encanto. Quando percebo, meu corpo está impotente e quero que ela me
domine como naquele vídeo.

É estranho…

É difícil respirar…

Não sei descrever…

“Ahh…”
Sua mão para dentro da minha blusa antes de fazer algo para me deixar
confortável. O gancho da frente do meu sutiã é aberto, agora meu corpo
está livre e a palma quente dela está procurando por algo. Ela me toca,
me deixando mais excitada.

Não estou surpresa… É uma sensação estranha, mas gostosa.

“Bom… Estou me sentindo bem.”

Ela disse isso com dificuldade, como se precisasse me esforçar para


falar. Minha respiração está cada vez mais ofegante e agora minhas
roupas estão me incomodando. Então, desabotoo minha blusa.

“Está muito calor.”

“Também acho.”

Mas Khun Sam não desabotoa a própria blusa, por outro lado, foca na
minha. Ela está desabotoando para mim, botão a botão, de cima para
baixo. Agora ela está encarando meus seios, levanto minhas mãos e
seguro o rosto dela.

“Não, Khun Sam. Não olhe assim…”

“Me deixe ver.”

“Não.”

“Certo, então não vou.”

Mas então ela se inclina para tocar meu corpo com cuidado. Fico corada
quando ela começa a mover seus lábios molhados por todo meu corpo,
tocando meus pontos sensíveis. É tão difícil resistir, sufocante. Meu
corpo não é meu corpo neste momento. Não consigo me controlar, meu
corpo se mexe incontrolavelmente, sinto que estou flutuando, então
seguro o lençol com força para me conter.

“Ahh… Ahhh.”

“Mon…”

“Khun Sam, está difícil respirar. Isso é tortura.”

Após se manter ocupada em meus seios por um bom tempo, agora ela
está descendo, descendo até meu umbigo, fazendo movimentos
circulares com a língua. Em pânico, agarro a cabeça dela para puxá-la
para mais perto.

Ela podia fazer outra coisa…


O que está fazendo?…

Como devo dizer o que desejo?

Click?… ziiiiip.

O zíper da minha saia é aberto sem permissão, mas me sinto bem. Me


apresso para ajudá-la erguendo um pouco meu corpo e a deixo no
controle para puxar a saia até a ponta dos meus pés. Deixo meu corpo
livre, há apenas uma peça restante. Agora, é nisso que ela está focada
enquanto segura meu quadril.

Então, a última peça íntima é removida pelo tornozelo direito. Khun Sam
afasta minhas pernas enquanto se inclina para baixo…

“Não!”

Mas é tarde demais. Ela já está com o rosto lá embaixo. Sua língua quente
está me tocando levemente, como em nosso beijo, mas minha reação é
diferente. Meu corpo tem um espasmo. Tudo está fora de controle, agarro
sua cabeça como se fosse implorar pela minha vida.

“K… Khun…”

“É muito bom…”

O que ela está falando?…

Mesmo que tenham sido simples palavras, me deixam excitada. Me sinto


tão bem agora, mas tenho consideração por ela.

“Está sujo… Khun Sam… Ahhh… Por favor, não.”

“Isso, grita mais. Não pare.”

Tento fechar as pernas, mas ela faz o oposto. Estou sentindo algo
estranho, é torturante, mas não quero parar.

Não posso parar agora…

“Uhhh… Ah…”

Espera…

“Khun Sam da Mon, Khun… Querida!” Estou dizendo coisas estranhas.


Nem sei direito o que disse. “Não aguento mais.”

É uma contagem regressiva…


3…

2…

1…

“Ahhhh!”

Tudo explode em meu corpo tenso que agora está relaxado. Tento me
afastar, mas ela me segura firme e me puxa para baixo.

“Já chega, não aguento mais.”

“Ainda nem começamos.” Ela sorri com astúcia, um sorriso que nunca vi
antes enquanto move os dedos…

Sinto uma leve dor por dentro antes de perder todo o controle. Estou tão
envergonhada de que meu corpo não consegue resistir a ela, mas a deixo
assumir o controle facilmente.

“Agora você é totalmente minha.”

“Ah ha…”

Khun Sam faz tudo como no vídeo, mas tal momento me faz arranhar
seus ombros para suportar a dor. Porém a linda mulher parece desfrutar
da minha tensão e me dá um beijo suave para me acalmar.

“Tudo bem. Deixa acontecer… passo a passo.”

Também repito isso e deixo Khun Sam me guiar até o fim. Tudo flui
melhor quando o corpo relaxa, minhas emoções estão subindo
incontrolavelmente, do nível 1 para o 2, 3, 4, passo a passo.

Não me sinto bem, mas não é ruim.

Khun Sam e eu estamos unidas agora e precisamos nos tornar um para


seguir adiante, ninguém lidera, precisamos correr juntas para vencer.
Senão, nós duas perderemos. Ela sabe como me segurar, como me tocar.
O toque é suave e gentil, cada vez melhor. Finalmente, voltamos aos
trilhos.

Estamos quase…

Só mais um pouco…

“Mais rápido.”
Disse sem pensar e com a voz rouca. Khun Sam me obedece e faz com
cuidado o que pedi. Me levando a linha de chegada em segurança.

“Aaaahhhh!”

Khun Sam vê meu sinal de que cheguei bem, então usa a outra mão para
ajeitar meu cabelo.

“Você é muito boa.”

“Preciso dizer. Khun Sam é muito boa.”

“Nós duas somos.”

Isso foi tudo o que pude dizer antes de cair em sono profundo. Parece
que dei mais um passo à frente na vida adulta.

Acabou…

Por duas horas. Tudo começou às 18h e terminamos às 20h. Estou


olhando para o teto do quarto da Khun Sam sem nada no corpo após
dormir por 10 minutos. Por que eu perdi todo o controle? Não fiz o que
planejava.

Olho ressentida para a Khun Sam, que é minha namorada, minha chefe e
minha comandante e seguro o lençol com força. Khun Sam, que está
deitada ao meu lado, me olha por um momento antes de cutucar minha
bochecha.

“Por que parece chateada?”

“Não é justo.”

“Justo o quê?”

“Por que você ainda está vestida e eu estou completamente nua?”

Digo brava enquanto faço beicinho. Khun Sam toca meus lábios
alegremente.

“Você é uma garota beijável.”

“Não mude de assunto.”

“Eu achava que o que mais gostava em seu corpo eram seus lábios.” Ela
está me olhando da cabeça até a parte de baixo. “Agora eu sei qual
parte… gosto mais.”
Estou com muita vergonha para encará-la, então viro o rosto. Acabamos
de fazer algo estranho e agora estamos deitadas conversando. Eu
confesso que estive questionando como meus pais me conceberam? Eles
tiveram vergonha de ficar pelados na frente do outro? Eu não fazia ideia
até agora.

Não fiquei com vergonha quando estávamos fazendo, mas quando


terminamos…

“Vou ao banheiro.” Puxo o cobertor comigo. Mas ela me provoca e não


permite que eu o leve comigo.

“Você pode ir, só você e seu corpo, deixe o cobertor aqui.”

“Estou pelada.”

“Eu já vi tudo.” Ela sorri de novo. Normalmente, ela sorri quando está de
mal humor. Mas este sorriso é diferente, especialmente quando diz: “Eu
provei, é uma delícia.”

“Eu não vou falar mais com você!”

Eu pego minhas roupas na cama, me visto apressadamente e corro para o


banheiro com meu celular. Quando me sento no banheiro e olho meu
celular, vejo várias mensagens, umas cinquenta ou mais, no grupo de
fofocas da P.P. como se algum evento importante estivesse acontecendo.

Marta: Nossaaaaaa, finalmente.

Kate: Estou tão feliz! Parece que ganhei na loteria. Nossaaaa.

Tee: Finalmente, vocês duas estão bem.

Elas mandaram várias figurinhas no grupo. Eu ainda não entendo, então


pergunto. Inclusive se dão algum sinal sobre o que acabou de me
acontecer.

Tem alguma câmera debaixo da cama? Por que elas parecem tão felizes?

Doraemon: Por que estão tão felizes?

E o que eu esperava aconteceu pela mensagem da Jim.

Martha: O Mae-Khang fez o impossível acontecer. Saúde!!

Meu rosto está tão quente e vermelho agora. As notícias correm rápido,
né? Sinto que meu celular vai cair no chão, mas preciso me recompor
para respondê-las.
Doraemon: Khun Sam contou para vocês em outro grupo, não foi?

Kate: Quase acertou, ela não nos disse no grupo, mas na rede social.

Doraemon: Como?

Kate: Olha a conta dela no Facebook.

Saio correndo do banheiro gritando por algo que ela fez.

“Você postou isso no Facebook?” Coloco meu cabelo atrás da orelha.


“Khun Sam, aquilo é uma rede global.”

“Ah, a gente usa o Facebook para se exibir, né?”

“Para mostrar alegria, felicidade ou algo positivo.”

“Mas o que fizemos me deixou feliz, então quis espalhar ao mundo minha
felicidade.” Khun Sam sorri de orelha a orelha. Um sorriso que não
consigo resistir, ele me acalma. Mas preciso continuar brava com ela.

“Todos sabem? Você disse que não tinha amigos no Facebook.”

“Ah. Esqueci de te falar que aceitei as solicitações de amizade da Jim,


Kate e da Tee no Facebook, não se preocupe. São as únicas que tenho.
Oh! E eu mudei as configurações de privacidade do meu perfil. Sou
cuidadosa.”

“Ahh, não é sobre ser cuidadosa ou não, mas eu estou com vergonha.”

Às vezes as redes sociais ficam tóxicas. Especialmente porque Khun Sam


é novata no Facebook.

Sou sua chefe: Me exibindo! Mon e eu, dormimos juntas!

Wahhhhhh!

30

Todo mundo

Recém-casadas… É a primeira vez que experimento algo assim. Agora


Khun Sam e eu, ficamos juntas o tempo todo e é difícil nos separarmos.
Não sei dizer se estou obcecada por ela ou ela por mim.

Mas ainda mantemos o status de chefe e subordinada. Quando estamos


no escritório, nos tratamos normalmente. Às vezes, Khun Sam não
consegue esperar e coloca as paredes em modo claro para poder me ver
da sala dela. Mas este ato aterroriza todos os demais no escritório.

Hoje, temos uma reunião. Sou uma funcionária de verdade agora, mesmo
que tenha gente que não aprove meu conteúdo. Mas para Khun Sam, já
não importa mais. Se eu postar um conteúdo sobre lésbicas ou o que for,
não é nada demais, ela não vai me despedir.

“Acho que devemos postar conteúdos leves para manter a imagem da


nossa empresa.”

Um de nós na reunião levanta este assunto, enquanto Khun Sam continua


olhando para mim e claro que sei, o que ela está pensando.

“E o que você acha, Mon? Quer desfazer?”

“O que você achar melhor.”

“Você precisa escolher, editar ou não…” Khun Sam coloca a mão na


mesa e mexe o dedo para me provocar. Quando a vejo mexer o dedo
daquele jeito, finjo olhar para outra coisa envergonhada. “Qual sua
opinião?”

“A imagem da empresa é importante. Se precisarmos desfazer, vamos


desfazer.”

“Tanto ‘desfazer’ como ‘fazer’ me agradam.”

‘Des…’ esta palavra faz meu coração acelerar. Para os demais não
significa nada, mas para mim que fica ocupada com a Khun Sam todos os
dias e noites, especialmente nos feriados, sabemos o verdadeiro
significado.

“Khun Sam, você pode fazer o que quiser. Des… ou não, tudo bem.”

Todos na reunião olham curiosos para mim e para a Khun Sam, como se
estivéssemos falando a mesma coisa. Quando começam a me encarar
sérios, me estico e paro de olhar para os lindos olhos castanhos da Khun
Sam, que me atraem tanto.

“Então, é melhor desfazer.” Khun Sam dá de ombros, se inclina na


cadeira e me olha. “Eu gosto do claro, nada bloqueia me visão.”

“Tem algo bloqueando sua visão no conteúdo?”

“Roupas.”

“Qual a relação de um artigo lésbico com roupas?”


Khun Sam está encarando um rapaz que está cheio de perguntas e sorri,
como quando não está de bom humor.

“Que boa pergunta, meu rapaz. Se quiser desfazer, deixarei este trabalho
para você. Me mostre um novo artigo… esta tarde. Reunião adiada.”

Inesperadamente, Khun Sam ficou furiosa com o rapaz que fez a


pergunta. Deveria ser eu a estar furiosa com ele. Mas a chefe é a chefe, se
não gostou, é melhor pedir para sair.

Porém, não estou confortável. Finalmente, decido ir até ele e pedir o


trabalho de volta para mim.

“Mas a chefe M. L. deixou comigo, se eu te passar serei…”

“Está tudo bem. Vou me explicar com ela. De qualquer forma, é meu
trabalho. Por favor, não tente aguentar por mim.”

“Vai ficar tudo bem mesmo?”

“Vai sim. Eu garanto que a chefe M. L. não irá te culpar por nada.”

Porque a Khun Sam nunca vai me culpar. Podemos chamar de privilégio,


por estarmos em um relacionamento eu não a vejo mais brava comigo. Às
vezes, quando fico quieta ela tenta me agradar, porque pensa que estou
de mau humor com ela.

Sou tão mal-humorada assim?

“Mon. Socorro!”

Ela disse quando chegou em casa. Corro até ela, que agora está nervosa.

“O que aconteceu?”

“Acabou o Mae-Kong.”

“…”

“Só tem Black Label aqui. O que vamos fazer?”

“É isso que te excita?” Eu dou um longo suspiro e começo a rir. “Não


precisamos beber toda vez que vamos…”

Paro de falar porque sou muito tímida para completar a frase. Khun Sam
nunca me deixa dormir, ela chega se aconchegando em mim e no fim me
deixa acabada.

Oh… E ela sempre me deixa bêbada… Toda vez.


“Mas Jim disse que Mae-Khong te faz se sentir bem.”

“Qualquer marca, é tudo licor.” Eu decido falar. “Outros casais não


bebem nada antes de…”

“Se não bebermos, ficaremos tímidas.”

“Parece que você adora fazer isso.”

“Nem tanto mais… mas tem uma coisa…” Khun Sam revira os olhos e fica
em silêncio por um momento. “Nada.”

“O que foi?”

“Nada.”

“Você estava dizendo alguma coisa, por que nada? Por quê? Você
prometeu me dizer tudo o que pensa honestamente.”

“Não é nada mesmo.”

Estou ficando brava com ela agora, mas ela está distraída agora, porque
ainda está preocupada com o Mae-Khong.

“Onde posso comprar?”

“Mesmo se você comprar Mae-Khong, eu não vou beber. Não faremos


aquilo hoje.”

“Ahh…”

“Se você não me disser o que está escondendo, não serei fácil com você.
Vou ficar de mau humor.”

Estou brava com ela, então volto para o quarto, me enfio debaixo do
cobertor e viro de costas para ela. Quando Khun Sam percebe que a
situação piorou, ela tenta fazer as pazes como uma criança do jardim de
infância.

“Não precisa ficar brava comigo. Não é nada demais.”

“Eu disse que você precisa me dizer as coisas com sinceridade.”

“Não é nada demais.”

“É sim. Eu sou sua única exceção e espero que me diga tudo.”

“Eu disse a verdade, não é nada. Eu só quero ter uma chance.” Ela cerra
o punho. “Se eu conseguir, será meu orgulho.”
“Conseguir o quê?”

“É de sentir. Quando fiz pela primeira vez foi você que me mostrou.”

“Te mostrei o quê?”

“Não vou dizer.”

“Estou brava com você!” Fico mal-humorada e não dou mais atenção
para ela, mesmo que ela esteja tentando chamar minha atenção, eu
ignoro. Pego meu celular e fico rolando o feed.

“Está me ignorando?”

“…”

“Bem.”

Khun Sam disse brevemente. Mas o silêncio me faz derrubar o celular na


minha cara por causa de um espasmo.

“K… Khun Sam…”

“…”

“Você está trapaceando.”

Ela faz melhor, se enfia debaixo do cobertor e começa a fazer algo que
não resisto. No fim, a perdedora sou eu.

Desta vez, não tem Mae-Khong aqui.

Minha curiosidade precisa ser resolvida no grupo de fofocas da P. P., mas


sou muito tímida para perguntar lá. Então, preciso escolher uma delas. E
a escolhida foi a Kate, que acabou suas gravações. Marcamos de
almoçarmos juntas em uma loja de departamento.

Mas para minha surpresa, ela não veio sozinha. Quê? Qual a diferença
entre falar com ela no privado ou no grupo? Nossa.

“Estou grávida, meu marido é rico. Então, estou sempre livre.” Jim disse
aquilo para deixar claro que estava livre. “Meu marido é dono de algumas
empresas e meu único dever é gastar dinheiro. Da próxima vez que tiver
um problema, pode me chamar a qualquer hora. Enfatiza o a qualquer
hora.”

“Não precisa se subestimar. Uma mulher que nunca trabalhou é inútil.”


Kate disse com sarcasmo, mas Jim não liga para nada.
“É coisa de pobre trabalhar. Se estiver com inveja é só me dizer. Prometo
que não ficarei brava.”

“Então, nos reunimos para saber que você está desempregada, hein? Eu
quero saber da Mon.” Tee a interrompe, então agora todas estão focadas
em mim.

“Nos diga. Estamos preparadas para dar conselhos.”

Mas quem não está pronta sou eu. Achei que falaria com a Kate sozinha.
De qualquer forma, não tenho escolha.

“Ah… Ultimamente, Khun Sam e eu, fazemos… uma coisa… todos os


dias.”

Kate ri e olha para Jim.

“É normal. Vocês duas nunca tinham feito antes, então é excitante. E você
está gostando, consigo sentir.”

Meu rosto, meu corpo e minhas mãos ficam quentes após Kate dizer isso.
Esse era o motivo de eu querer falar apenas com a Kate. Se soubesse que
todas estariam aqui, teria falado no grupo, teria sido melhor do que
encará-las.

“Mas Khun Sam disse que não gostou tanto.”

“Hm? Hm? Hm?”

Eu posso realmente chamar a atenção deles agora.

“Estou curiosa. O que ela quer do que fizemos?”

Jim me olha entediada e revira os olhos.

“É chamado de desejo sexual. Fácil.”

“Você a respondeu muito instintivamente. Deve ter algo a mais, por isso a
Mon queria falar com a gente.” Tee interrompe Jim e ela dá um longo
suspiro.

“Então, o que ela quer? Hein? Ou enquanto vocês estavam fazendo aquilo
aconteceu alguma coisa.”

Jim disse. Olho para ela, que me levanta uma dúvida… E me lembro de
uma coisa.

“Khun Sam disse que quer que toda vez seja como nossa primeira vez.
Não sei o que fiz para ela querer igual.”
“Deve ter algo.” Kate diz enquanto toca o queixo. “Mon, tente se lembrar
o que fez, quero dizer, o que você não costuma fazer?”

“Hum… Verdade. Me lembro de uma coisa.” Estranheza e vergonha estão


me cobrindo. É difícil dizer em voz alta. “Eu tentei, mas não consegui
resistir.”

“Quê?”

“Eu…” Eu olho para ambos os lados, com medo de que alguém escute.

“Eu fiz um som estranho.”

“Tipo?” Jim e Tee estão atordoadas me encarando. Isso me deixa com


vergonha e morrendo de vontade de sair correndo daqui.

“Eu disse algo do tipo…”

“…”

“Ahhh.”

“…”

“Uhh.”

“…”

“…”

Todas estão em silêncio e se entreolhando. Especialmente Jim, que está


com os olhos fechados e mordendo o lábio há um bom tempo.

“Apenas ‘Ahhh’? Nada estranho?”

“Teve mais quando minha respiração ficou ofegante. Mas a maioria foi
‘Ahh’.”

“Isso que foi estranho?”

“Porque normalmente eu não faço sons assim.” Olho para minhas mãos
molhadas de suor. “Nunca fiz um barulho assim antes. Às vezes quando
estou em pânico digo ‘Oops’, quando me machuco digo ‘Ai’… Você me
perguntou se tinha algo, então eu…”

“Meu Deus, Mon! Todo mundo faz esse som, eu faço, a Kate faz e a Tee
também. Não é estranho.”

Jim disse irritada. Tee a olha para tentar arrumar a situação.


“Eu nunca.”

Mas ninguém liga para a Tee, todas estão prestando atenção em mim.

“Achei que você era uma estranha e tinha cantado a música de abertura
do Hamtaro. Se foi só um ‘Ahhh’ é normal.”

Kate tenta acalmar as coisas e explica com cuidado. Jim agora está mais
calma e se apressa para bancar a profissional.

“No meu caso, às vezes eu canto uma música sulista. No seu caso, é
normal. A Sam não vai achar o barulho que você fez estranho.”

“Ela deve gostar. Ela me disse para não parar, continuar fazendo aquele
barulho.”

“Vocês foram bem longe, hein? Bom trabalho.”

“Você canta mesmo uma música sulista, sério isso?” Tee olha
estranhamente para Jim. “Seu marido ficou chocado ou riu?”

“Não, ele canta comigo.”

“Seu marido parece estranho. Como ele sabe a música? Vocês são um
casal perfeito.”

“Kate também sabe essa música.”

“Mas eu não canto quando estou transando.” Kate volta ao ponto. “Então,
deve ter outra coisa. Tente se lembrar.”

“Não consigo.”

Falo a verdade porque estava bêbada, mesmo que muitas coisas tenham
acontecido.

“Espera, meu marido está me ligando. Fiquem quietas.” Ela levanta a mão
em sinal para ficarmos quietas e fala com a voz mais doce ao celular.
“Olá, querido, já está com saudades?”

Espera…

Quando a Jim atendeu a ligação me fez lembrar de uma coisa.

Não. Poderia ser essa coisa…

“Com licença, posso ir para casa?”

“Aaaa, por quê?”


“Quero ter certeza de uma coisa, depois conto para vocês.”

Me apresso em voltar para a casa da Khun Sam e quando chego, ela está
me esperando carrancuda.

“Por onde esteve? Está tarde.”

“Fui encontrar alguns amigos. Eu te avisei.”

“Sim, me avisou, mas não disse que chegaria tão tarde. Isso não é bom.”
Ela se levanta do sofá e se aproxima para me cheirar. “Bebeu álcool?”

“Não bebi. Você vai me deixar bêbada mesmo.”

“Não vou te embebedar mais. Não preciso disso. Você é minha.” Ela sorri
feliz antes de se lembrar que está chateada comigo. Então, ela volta com
a cara fechada. “O que estava fazendo?”

“Não fiz nada.”

“Mentirosa.”

“Eu não minto.”

“Você me disse para ser honesta, mas você mesma não é. Por que espera
que os outros sejam?”

Ela está séria enquanto fala comigo. Ela não me olha nos olhos enquanto
fala. Então, sobre as escadas. Fico olhando-a de costas e decido dizer o
que ando pensando. É isso. É o correto a se fazer.

Ao menos eu acho que é o certo…

“Querida”

E essa palavra a deixa atordoada. Ela se vira para mim antes do rosto
ficar todo vermelho. Vejo um sorriso natural em seu rosto.

“Mon…”

“Não fique brava comigo, meu amor.”

“…”

“…”

“Certo. Não estou mais brava.”

Funcionou… Era isso que ela queria ouvir de mim.


Se eu tivesse dito antes não teria complicado as coisas assim!

31

Pegadora

Eu finalmente resolvi o quebra-cabeça do que ela queria. E quanto mais a


chamo de meu amor, mais sou provocada.

Mas não me sinto mal. Quando Khun Sam fica mal-humorada e ergue a
sobrancelha, para fazê-la sorrir novamente eu só preciso chamá-la de
‘Querida’, então as coisas voltam a seguir como eu quero. Agora eu sei
como controlá-la.

Nosso amor permanece em segredo e sim, Khun Sam ainda tem um


noivo. Não me sinto nada bem com isso, mas não quero pressioná-la
muito porque sei que não será fácil terminar com ele. Além de noivo, ele é
amigo dela desde quando eram jovens.

Parece… que tem um catalisador, se lembra da guerra no meu Facebook?

Ronaldo, um cara legal: colocou emoji de raiva em todas as minhas


postagens, então vem, vamos brigar @Eu sou sua chefe.

Não sei por que receber emojis de raiva deixaria um homem como o Sr.
Kirk bravo. Mas Khun Sam também responde revidando.

Eu sou sua chefe: Se quiser, eu topo. Seu merda, merda, merda.

E tudo que descobri é que o Sr. Kirk não respondeu nada. Khun Sam acha
que venceu a guerra, ela levanta as mãos como uma criança que tirou
nota máxima.

“Realmente funcionou, só foi chamar de merda que ele se foi. Hahaha.”

No mesmo dia, Khun Sam é forçada pelo Facebook a mostrar seu nome
verdadeiro em seu perfil, enviando uma foto do seu documento. Tudo é
descoberto no dia seguinte, Khun Sam volta para a plataforma com seu
nome verdadeiro, mas sua foto do perfil ainda é do Conan com uma
sombra negra.

Como estão as coisas? Todos agora sabem que quem costumava


comentar nas minhas postagens era a Khun Sam, incluindo o Sr. Kirk. E
pouco tempo depois, ele envia uma mensagem no privado do meu
Facebook, mesmo sendo apenas uma mensagem, consigo imaginar o que
ele está sentindo.
Ronaldo, um cara legal: Mon, por que não me disse que eu estava
brigando com a Khun Sam?

Kornkamon: Vocês dois estavam mantendo segredo, eu não me atreveria


em revelar.

Ronaldo, um cara legal: Venha, me encontre no estacionamento. Não vou


me mover, está muito frio agora.

Mesmo estranhando ele querer me ver escondido, decido ir até ele porque
sei que a situação está piorando. Parecia uma brincadeira, mas não para a
Khun Sam. Então, quando o Sr. Kirk me vê, começa a chorar como um
bebê.

“Como pôde fazer isso comigo? Eu vou morrer.” Ele esfrega o cabelo
enquanto fala comigo. “Estou em choque desde o ‘seu merda’, mais ainda
quando o nome dela foi alterado para o verdadeiro. Me diga a verdade, o
quão brava ela está comigo?”

“Ahh… bastante. Ela enviou um e-mail para o Mark Zuckerberg pedindo


informações sua.”

“Ela conseguiu?”

“Se nem nosso primeiro-ministro consegue isso, por que a Khun Sam
conseguiria?”

“Vou respeitar o Mark como um Deus, se a Khun Sam souber, com


certeza vai me matar. Ai.” O Sr. Kirk está implorando. “Você me promete?
Será um segredo entre mim e você. Não deixe a Sam saber.”

Eu olho envergonhada quando o Sr. Kirk pega na minha mão enquanto


implora. Mas antes de puxar minha mão de volta, alguém infelizmente
está nos vendo.

Chin, que foi até o estacionamento para fumar, olha surpreso para o que
estamos fazendo, ele reverencia o Sr. Kirk e sai apressado. Claro, um mal-
entendido ocorreu. O Sr. Kirk não sabe de nada porque continua
pensando nele e na Khun Sam.

“Sr. Kirk, o Chin acabou de nos ver…”

“Sam vai me bater, o que eu faço?”

Espero que o Chin não seja do tipo fofoqueiro.

Será?
Claro, o boato se espalha por toda parte. Agora, já virei a amante do Sr.
Kirk. Todos me olham de forma diferente. Apenas a Yah ainda está do
meu lado.

“Se você é amante ou não do Sr. Kirk, continuarei sendo sua amiga.”

É um pouco estranho ela me apoiar como amante.

“Yah, eu não sou. É sério.”

“Não precisa esconder de mim. Se eu fosse o Sr. Kirk, eu te escolheria


fácil. A chefe M. L. não tem emoção. Você o faria feliz.”

“Isso está indo longe demais.”

Eu não sei o que fazer. Se a Yah, que é próxima de mim, está pensando
assim, como irei me explicar para os demais? Mas e se a Khun Sam ouvir
estes boatos?

Não. Khun Sam não acredita facilmente em boatos. Devo me apressar em


explicar isso para ela antes.

Chefe: O que diabos está acontecendo?

Chefe: Enviou uma imagem.

Khun Sam me enviou a imagem de uma carta de reclamação. É uma carta


anônima. Dou zoom para ler a mensagem. É sobre um adultério entre o
Sr. Kirk e eu. Isso é péssimo para mim, agora é tarde demais para me
explicar.

Tarde demais para falar.

Doraemon: Apenas um boato.

Chefe: Onde há fumaça há fogo…

Doraemon: Por que está acreditando nesse boato?

Chefe: Mas ultimamente você anda bem próxima do Kirk. O que


aconteceu?

Doraemon: Eu estive com você o dia todo, por que está perguntando
isso?

Doraemon: Estou brava.

Khun Sam fica em silêncio quando vê que sou a primeira a ficar brava.
Chefe: Eu só quero saber. Quero ouvir de você.

Doraemon: Se trata de confiança.

Chefe: Certo. Derrotada.

Khun Sam foi derrotada, respiro fundo. Ninguém acreditou em mim, mas
não ligo. Apenas preciso do apoio dela.

A propósito, quem deixou aquela carta de reclamação? Pode ser do Chin,


o fofoqueiro!

“Mon.”

Sr. Kirk, que volta ao escritório, me chama tão intimamente. Todos estão
nos encarando.

“Venha até aqui, por favor. Preciso falar com você.”

Estou confusa agora. Devo ir ou não? Mas se eu não for, será estranho
para nós. Ele é o dono da empresa e eu sou apenas uma funcionária. Não
me atrevo a ignorá-lo.

Finalmente vou até ele, que me guia até o elevador. Ele anda de um lado
para o outro preocupado e fala comigo seriamente.

“Devo falar para ela? Creio que será melhor.”

“Ainda está preocupado com o Facebook? Agora você tem algo novo
com que se preocupar.”

“Nada é pior do que ela ter me chamado de merda, e eu fui rude com
minha noiva.” Sr. Kirk olha para o teto como se estivesse esperando que
Deus o levasse para o paraíso. “Eu vou morrer.”

“Alguém reportou para a Khun Sam que temos um caso. Já virei sua
amante.”

“Céus! Não há nada tão ruim que não possa piorar!”

“Sim, claro. Facebook é o de menos agora.”

“O que ela disse?”

“Ela não acredita cem por cento e não se atreve a duvidar.”

Porque ela está com medo que eu fique brava com ela…

“Então, o que devo fazer? Devo me preocupar com o quê?”


“Deve se preocupar com a gente. Todos estão me olhando indignados.
Estão criando boatos em cima do boato. E frequentemente, você tem me
chamado para conversar em particular.”

“Um chefe não pode ser próximo de uma funcionária? Eu sou próximo de
você. Sam também é.”

“Ninguém entende. Vocês dois não eram próximos de ninguém antes.”

“É porque eu gosto de você…”

Quando ele termina de falar, algo percorre o vento e acerta o rosto dele
com força.

“Ai!”

Um sapato acerta o olho dele antes de virarmos e vermos uma Khun Sam
furiosa atrás de nós.

“Bem, Mon, você disse que não havia nada. Kirk, você acabou de dizer
que gosta da Mon?!”

“Sam…”

“Você é um bastardo!”

Khun Sam dá um tapa em seu noivo. O rosto do Sr. Kirk vira para o outro
lado entorpecido. Estou em choque.

“Sam…”

Continuo chocada com o que aconteceu. Khun Sam encara seu noivo e a
mim.

“Não se atreva a dizer que não há nada aqui.”

“K… Khun Sam.”

E ela sai do escritório. Muitas pessoas viram o que aconteceu. Quando o


Sr. Kirk olha para eles, todos voltam ao trabalho como se nada tivesse
acontecido.

Enquanto ainda estou em choque, o Sr. Kirk passa a mão em seu rosto e
sorri ao mesmo tempo. Estou olhando para ele sem reação. Fico sem
entender o motivo dele estar sorrindo com tudo que acabou de acontecer.

“Sam está com ciúmes de mim.”

“Está?”
Desta vez sou eu que fico atordoada. O Sr. Kirk se vira para mim e sorri
de orelha a orelha, como uma criança.

“Esta é a primeira vez que ela expressa isso claramente. Estou chocado e
feliz ao mesmo tempo.” Sr. Kirk descuidadamente toca minha mão. “Muito
obrigado, Mon. Muito obrigado. Hoje, descobri que a Sam me ama.”

“…”

“Maravilha… muito bom!”

Isso cresceu demais!

A situação entre Khun Sam e eu está piorando. Eu nunca havia visto a


Khun Sam ser violenta com o Sr. Kirk assim. É bom o Sr. Kirk ter
entendido que ele levou um tapa porque a Khun Sam estava com ciúmes
dele. Se ele souber que estamos em um relacionamento, como poderei
encará-lo?

Khun Sam não me olhou ou falou comigo, não gostei dela ter sido
violenta com o Sr. Kirk e para piorar, ela não confia em mim. Ela acreditou
mais na carta de reclamação do que em mim. Então, decido voltar para
minha casa, devido a todos estes incidentes.

“Mon.”

Nop, que estava sumido por tanto tempo, está parado na frente do
escritório me esperando com um bolo chinês que comprou para mim. Por
um momento, fico com medo da Khun Sam me ver com ele e ficar brava.
Mas continuo dizendo que Nop e eu somos apenas amigos.

Não há nada que temer.

“Por que está aqui?”

“Apenas resolvi passar depois de visitar um cliente aqui perto. Faz tempo
que não nos vemos, então pensei em te visitar. Não nos falamos mais.”

“Certo.”

“Sua mãe me disse que você ficou na casa da Khun Sam por duas
semanas.”

Começo a ficar quente antes de respondê-lo.

“Aham.”

“Quer me dizer alguma coisa?”


“Eu…” Estou em dúvida se devo ou não dizer a ele. “Não é nada. Está
tudo certo.”

“Você e a Khun Sam estão em um relacionamento, não é?”

Fico atordoada e deixo o silêncio ser a resposta. Quando ele me olha,


sorri como se tivesse entendido tudo.

“Você está…”

“Eu não disse nada.”

“Não disse, mas é óbvio.”

“Não estou.”

“Sim, é verdade.”

Fico chocada quando alguém atrás de mim nos interrompe, me viro


devagar em direção a voz. Me lembro bem de quem é esta voz. Khun Sam
olha para mim com um sorriso frio. Sua raiva é evidente.

Nop olha para a Khun Sam,que nos interrompe e pergunta novamente.

“O que ela é para você?”

“Ela é minha namorada.”

Essa é a primeira vez que a Khun Sam revela nosso status para os outros.
Eu, que estou no meio disso tudo, estou feliz e me sentindo estranha ao
mesmo tempo. Agora estou tentando ao máximo forçar os músculos do
meu rosto para dizer alguma coisa, mas não consigo. Tudo o que consigo
fazer agora é ficar quieta.

“Essa é sua estreia como fã, né?” Nop olha para mim e Khun Sam sem
parar antes de dizer algo irritante. “Não me preocupo com isso, é apenas
um relacionamento. Não é como se estivessem casadas.”

“Quê?”

Khun Sam, que se irrita facilmente quando se trata de algo sobre mim,
exclamou surpresa. Eu olho para ele e franzo minha testa, alertando-o a
parar. Mas parece que Nop está gostando de irritá-la.

“Além disso, uma garota com outra garota. É moleza.”

Khun Sam anda em direção ao Nop, mas tento impedi-la.

“Melhor voltarmos para casa, Khun Sam.”


“…”

“Vou fazer sopa para você.”

Como não sei como acalmá-la, me ofereço para cozinhar para ela. Quando
ela escuta isso, fica mais irritada. Ela afasta minha mão e me encara nos
olhos. Seu rosto não tem mais um sorriso, ela tirou a máscara para brigar
comigo.

“Acha que sou criança? Oferecendo comida para me acalmar.”

“Fica quieta, por favor.”

“Hoje, você não foi uma boa garota. Não foi amável.”

“Você também não. Hoje você agiu como uma valentona.” Estou tentando
dizer tranquilamente, mas estou irritada. “A Khun Sam que adoro não é
assim.”

“Você também não é amável comigo como no dia que nos conhecemos.”

Estamos ambas furiosas. Tento encerrar esta situação chamando o Nop


para ir para casa comigo.

“Bem, se não voltar para casa comigo, eu vou com o Nop.”

Dou as costas para ela. Khun Sam segura meus ombros com força e me
vira para encará-la de frente.

“Isso é tudo o que você quer, não é?”

“…”

“Você me disse que quando era estudante, muitos homens corriam atrás
de você, mas não acho que era por você ser bonita ou algo assim, mas
por você dar em cima de todo mundo! Até mesmo meu noivo não
escapou! Você flertou com ele!

“Khun Sam!”

Desta vez sou eu quem grita com ela. E quando nos olhamos nos olhos,
ela me disse algo que não foi rude, mas quase me fez desabar.

“Você é uma bela pegadora.”

32

Reconciliação
Estou tão brava com ela que minhas lágrimas fluíram sem nenhum
soluço. Khun Sam me olha culpada, mas ela tenta desviar o olhar. Eu não
hesito na decisão de voltar para minha casa com o Nop sem dar
explicação.

Nop, é ignorado por mim. Não disse nada a ele no caminho para casa,
porque continuo pensando que ele foi o motivo, já que começou a irritar a
Khun Sam. E meu melhor amigo parece se sentir culpado, mas eu ainda
não o perdoei.

Esta é nossa primeira briga séria desde que iniciamos nosso


relacionamento. Não achei que poderia ser tão intenso assim. O que ela
disse me afetou tanto a ponto de não conseguir comer ou dormir. Chorei
a noite toda e faltei a um dia inteiro de trabalho porque estou muito
cansada para isso. E os boatos se espalharam até o grupo de fofocas da
P. P. Todas tentaram entrar em contato comigo, mas eu não respondi.
Ainda não estou pronta.

Até agora, eu não queria falar com ninguém, nem as amigas dela, mas…
tem outra pessoa me ligando.

[Mon… eu já confessei tudo para a Sam.]

Sr. Kirk me liga com um tom de voz abafado, como se tivesse sido
repreendido pela Khun Sam. Eu nem quero falar com ele, porque ele é a
causa de todos estes problemas. Mas ele é meu chefe… é difícil evitá-lo.

[Eu confessei que sou o Ronaldo, um cara legal e expliquei a ela sobre o
boato que estava rolando no escritório. Estava com medo da Sam te
interpretar errado. Mas quando confessei, ela ficou ainda mais irritada e
gritou comigo… ‘Bastardo’.]

“Não é uma palavra dolorosa. É melhor do que pegador, infiel, traiçoeiro.”

Eu disse isso com uma risada forçada, quando lembrei do que a Khun
Sam me chamou.

[Eu só queria te dizer para não se preocupar. Eu esclareci tudo para você.
Estou tão feliz de ver a Khun Sam com ciúmes de mim. Mas não quero
que a Khun Sam te odeie. Para mim, você é como uma linda irmãzinha.
Não quero te atrapalhar por minha causa.]

O que ele disse me faz sentir culpada, porque ele é muito bom para mim.
Depois da raiva, agora me acalmo e me sento lentamente na cama
enquanto falo ao celular.

“Que bom que agora ela te entende.”


[Você não foi trabalhar porque está com medo de encará-la, né? Não se
preocupe, ela sabe de tudo agora. Eu disse a ela que foi culpa minha.
Você pode relaxar e voltar ao trabalho normalmente.]

“Muito obrigada, Sr. Kirk.”

Após desligar o telefone, não me sinto melhor. Continuo deitada na cama


sem fazer nada, até que batem à porta. Minha mãe está com os braços
cruzados na minha porta.

“Já está tarde. Você ainda não tomou banho. Por que não foi trabalhar
hoje?

“Eu disse que estou doente.”

“Está fingindo que está doente, né? Algum problema no trabalho? Ou


você se desentendeu com a M. L. Sam?”

Eu olho para minha mãe, que fala carinhosamente da Khun Sam. Se ela
souber do que a Khun Sam me chamou, minha mãe ainda vai adorá-la
assim?

“Sim.”

“Meu Deus! Você é tão próxima dela assim a ponto de brigarem? Oh, você
deve ser, já que ficou vários dias na casa dela.”

Minha mãe dizer isso me deixa envergonhada. Se Khun Sam fosse um


rapaz, significaria que estávamos vivendo como um casal.

Mas não é diferente. Com homens ou mulheres.

“Brigaram por quê?”

“Não foi nada demais.”

“Deve ter sido sim. Senão, ela não estaria esperando por você lá
embaixo.”

Dou um pulo da cama quando escuto isso. Confesso que estou feliz em
saber que meu amor está me esperando lá embaixo. Mas este sentimento
se mistura com raiva.

“É tão rude você, uma garota comum, deixar a tataraneta do rei


esperando.”

Minha mãe está me discriminando?

“Se demorar e ela não puder esperar, ela que vá embora.”


“Por favor, não faça isso. Eu tenho consideração por ela.”

“Então vá você mesma lá recebê-la. Eu vou dormir.”

Me deito na cama e viro de costas para minha mãe, fingindo ignorá-la.


Finalmente ela sai e me deixa sozinha. Vou confessar a verdade, mesmo
tentando ao máximo ignorá-la, ainda estou preocupada dela se cansar de
mim.

E daí? Se ela se cansar de mim, então que volte para casa.

Minha casa não tem ar-condicionado. Ela deve estar com calor já que o
clima está quente. Está de tarde, a noite ainda não chegou. A pressão
dela vai subir por causa da temperatura. O nariz dela pode sangrar de
novo…

Mas isso é problema dela, por que tenho que me preocupar com ela?

Estou a mais de vinte minutos rolando na cama tentando dormir, mas não
consigo. Finalmente, me levanto e vou até a escadaria espiar a Khun Sam,
que está sentada me esperando na sala de estar. Ela está assistindo um
videoclipe no celular, enquanto dança com as mãos.

Isso é estressante?

“Estou a um bom tempo olhando tentando identificar o que é esta


sombra. Por que está sentada aí espiando? Desça até aqui.”

Meu pai estava parado no final da escada por um tempo, mas eu não o vi.
Agora ele está dizendo a todos onde estou e o que estou fazendo, o que
me deixa envergonhada.

“Eu não estava espiando.”

“Então, estava procurando por um lagarto no chão, né? Por que não
desce?”

Khun Sam olha para meu pai e eu conversando antes de me encarar.


Então, estico meu corpo para cima e desço facilmente.

“Sua mãe me disse que você brigou com a Khun Sam.”

“Alguém mais sabe?” Repreendo um pouco minha mãe. Mas meu pai
ignora e continua dizendo.

“Uma chefe tão boa dessas, que vem até a casa da funcionária para fazer
as pazes. Mas a funcionária age com desdém. Talvez a empresa não tenha
outra pessoa para trabalhar, então ela teve que vir reconciliar com você.”
“Nós nem brigamos.” Me apresso em dizer antes que meu pai continue
falando. “Então, cuidarei dela. Se quiser ir regar as plantas, fique à
vontade, por favor.”

Finalmente, estou sozinha frente a frente com a Khun Sam. Quando


garanto que ninguém mais vai nos ouvir, começo a falar.

“Veio me repreender pelo que agora?”

“Você não foi trabalhar. Está doente?”

“Sim.”

“Como está?”

“Sou uma bela pegadora.”

Khun Sam me olha atordoada após minha resposta. A culpa fica


claramente estampada em seu rosto.

“Ontem, eu não terminei de conversar com você.”

“Vai me chamar de mais o quê?”

“Eu disse ‘pegadora’, é verdade, mas eu queria ter dito mais.”

“Mais o quê?”

“Pegadora… É melhor você me acompanhar, pegadora. Pois hoje à noite


o jogo vai virar.” Ela canta e dança. É uma música da Tinashe (uma
cantora).

“…”

“Não a conhece?”

“Acho que não sou dessa época. Deve ser a diferença de idade.”

“Ei. É muito popular. Você já deve ter escutado.”

“Que besteira. Eu não sei exatamente o que você quis dizer, mas você
disse que ‘quando eu era estudante muitos homens corriam atrás de mim.
E não era porque eu era bonita ou algo assim, mas porque eu dava em
cima de todo mundo’, até mesmo você, uma mulher, eu peguei.”

“Mon…”

“Não só pegadora, mas posso ser uma vadia também. Eu mesma procurei
por outros sinônimos.”
“Me desculpa.”

Ela me olha cabisbaixa, o que me faz sentir culpada. Toda minha raiva
passou e agora estou com raiva de mim mesma.

Não. Não posso chorar. Chorei a noite toda. Não farei as pazes fácil assim
só porque ela me pediu desculpas. Não está certo.

“Se tudo se resolvesse com um pedido de desculpas, por que


precisaríamos de respeito?”

“Ahh. O que posso fazer para você se sentir melhor?”

“Não sei. É melhor você voltar para casa. Percebi que sou feliz vivendo
sozinha.”

“Mas eu não sou feliz vivendo sozinha.”

“…”

“Eu chorei a noite toda quando pensei que você tinha um caso com o
Kirk. E você foi embora com o Nop. Estou errada em ter ciúmes de você?”

Estouro!

Ouviram a bolha da minha raiva estourar? Eu quase sorri quando ouvi a


palavra ‘ciúmes’.

Eu odeio fazer isso, mas preciso continuar fingindo que estou brava.

“Me dê mais tempo.”

“Não, não posso dar mais tempo. Está me machucando. Vamos voltar
para casa.”

“Esta é minha casa.”

“Não é nossa.”

“Você não pode arrastar alguém para sua casa quando quiser.”

“Nossa casa, significa você e eu… nós…”

O jeito que ela faz as pazes é tão fofo. Eu quero apertar a bochecha dela e
morder. Mas tudo o que posso fazer agora é ficar quieta e manter a
compostura.

“E se eu não voltar?”
“Vou ficar aqui esperando até você ir.”

“Meus pais ficarão curiosos.”

“Então, volte comigo.”

“Você deve tentar agradar os outros.”

“Outros é você.”

Que agradável.

“…”

“O que devo fazer para você se sentir melhor? Farei qualquer coisa. Eu
topo tudo.” Ela me mostra a palma da mão como se estivesse me dando
todo seu dinheiro neste acordo. “Eu nunca faço isso com ninguém.”

“Qualquer coisa?”

“Aham.”

“Bem. Agora eu sei o que quero.” Me viro em direção às escadas, mas ela
imediatamente me segura pela blusa.

“Onde está indo?”

“Pegar minhas roupas. Você me pediu para voltar para casa, não pediu?”

Khun Sam está sorrindo feito criança. Este sorriso me encanta. Então viro
meu rosto porque estou com receio dela descobrir que eu estava fingindo
estar brava. A mulher na minha frente sabe como me fazer perder o
controle.

Céus, por que estou tão obcecada por ela? Mesmo ela tendo me chamado
de ‘pegadora’, consigo perdoá-la com facilidade.

Dou uma desculpa ao meu pai de que temos um trabalho urgente no


escritório. Meus pais não dizem nada e entendem a situação. Mas quem
sabe? A verdade é que a filha deles vai passar a noite na casa da
namorada. Eu sou uma garota realmente mimada.

Minha chefe, que está ao meu lado, agora está alegre porque conseguiu
me levar para casa com ela. Quando chegamos, ela se apressa para
cuidar de mim. Parece que ela está se sentindo culpada.

“Não precisa cuidar tanto de mim assim. Você não é assim.”


Khun Sam fica atordoada e com vergonha por não saber o que fazer por
mim.

“Eu não sei o que fazer para compensar o que fiz com você. A imagem de
você chorando ontem não sai da minha cabeça.”

“Você se preocupa tanto assim comigo?”

“Eu me preocupo muito com você.”

Eu olho para seus lindos olhos castanhos enquanto suspiro. Quando ela
diz o que realmente está pensando, me acerta de um jeito. Mas quando
ela diz o oposto, é tão difícil saber o que passa na cabeça dela. Onde está
o ponto de encontro?

Quando Khun Sam nota meu silêncio, ela se aproxima para me beijar, mas
eu sei o que ela vai fazer, então viro meu rosto e ela acaba beijando o
travesseiro na cama.

“O que está fazendo?”

“Apenas um pequeno desmaio.”

Tão… adorável.

Khun Sam ainda está com a cara enfiada no travesseiro, eu, que percebo
que tem algo de errado, decido sacudir o corpo dela.

“Khun Sam.”

“…”

“Por que está quieta?”

“Hã…”

“…”

“…”

“Está chorando?”

Eu me sento apressada em choque. Khun Sam continua afundada e


soluçando no travesseiro.

“Fala comigo primeiro. Por que está chorando?”

“Eu não sei o que fazer para você se sentir melhor. Não sei como fazer as
pazes com você.”
Devo ter provocado ela demais, estou me sentindo culpada agora. Eu a
puxo do travesseiro porque estou com medo dela não conseguir respirar
direito.

“Não, não chore, querida.”

Ela continua chorando até quando eu a puxo para abraçar. Ela apoia o
rosto no meu pescoço enquanto soluça feito um bebê e diz algo com a
voz embargada.

“Eu me senti tão mal.”

“Eu sei, eu sei.”

“Por que ainda está brava comigo?”

“Não estou. Se ainda estivesse não teria vindo com você.”

“Você estava me desprezando. Hum…”

“Não consigo por muito tempo. Dois minutos é muito para mim. Quando
você me disse lá em casa que estava com ciúmes de mim, minha raiva
passou. Estou melhor agora. Só estava te provocando. Queria ver mais de
você tentando fazer as pazes comigo.”

Khun Sam se afasta de mim com lágrimas nos olhos.

“Sério?”

“Sim, é verdade. Então, pare de chorar. Você não fica bonita chorando.”

Khun Sam dá risada.

“Quando você era criança, me disse isso.”

“Nos conhecemos dez anos atrás, meio surpreendente sermos um casal


agora. Não chore, querida. Não quero te ver chorando.”

Me inclino para beijá-la. O gosto é um pouco salgado devido as lágrimas.


Ela está estranha enquanto nos beijamos. Sou a primeira a agir e começo
a empurrá-la para deitá-la no sofá novamente.

“Não está certo.” Khun Sam tenta assumir o controle e me colocar por
baixo, mas eu resisto segurando seus ombros e a encarando
profundamente.

“Está certo sim.”

“Mas…”
“Você me disse que faria qualquer coisa.”

“Mas eu nunca…”

“Existe uma primeira vez para tudo.” Estendo minha mão para desabotoá-
la e uso minha língua para tocar o seu rosto suavemente. “Esta também é
a minha primeira vez. Darei o meu melhor.”

“…”

“Se você não me deixar fazer, vou voltar para casa.”

Disse com um tom de voz tão sério que a deixei atordoada, mas de
repente ela fecha os olhos lentamente. Quando vejo sua reação, sei bem o
que vai acontecer.

Hoje… Khun Sam será minha.

33

Uma amante de meio período

Apesar de não ser a primeira vez que fazemos amor, ainda assim parece
novamente com nossa ‘primeira vez’, mas agora a posição e direção
mudaram.

A líder mudou…

Khun Sam, que está sob meu controle, fica petrificada e resistente
quando tento tirar sua blusa. Ela percebe que não vai conseguir resistir
por muito tempo, então desiste e me deixa assumir o controle e apenas
me implora por misericórdia em alguns momentos.

“Não… não estou acostumada. Podemos fazer com minha blusa?”

“Claro, pode continuar com sua blusa.” Ela me olha feliz e então fica
surpresa com minha próxima resposta.“Mas vou tirar todo o resto.”

“Sabe como fazer isso?”

“Já se esqueceu? Na sua primeira vez você não sabia o que fazer, assim
como eu. E o mais importante é… O artigo sobre fazer amor que você leu,
foi escrito por mim.”

Começo com meus lábios tocando seu pescoço com cuidado. Enquanto
minha mão está ocupada desabotoando seu sutiã, revelando seus lindos
seios, que estão à espera do meu toque. Quando toco, meu coração
acelera de novo porque esta é a primeira vez que a toco despida.

“M… Mon.”

Khun Sam, estremece debaixo de mim. Sua pele revela que está sentindo
um formigamento, mas ainda não acabei, minha mão inesperadamente
está percorrendo por toda parte de cima do seu corpo, mas tem algo
lutando incontrolavelmente com a minha mão.

“Não fique nervosa, relaxe e me acompanhe da mesma forma que fui fácil
para você na nossa primeira vez.”

“Ninguém nunca me viu nua antes.”

“Nem a mim. Ninguém havia me visto nua antes, quando dormi com você,
foi a primeira vez.” Me afasto do pescoço dela para olhar em seus olhos,
que está cheio de questionamentos e condições. “Posso te ver através do
seu corpo, Khun Sam?”

Agora, o corpo da mulher de pele branca fica rosa como a de um


camarão. Deve ser vergonha ou paixão que me fazem olhar para ela com
carinho.

Minhas mãos continuam ocupadas quando Khun Sam permite. Começo a


explorar em volta de seu abdômen, antes de abaixar o zíper da calça preta
que ela costuma usar para trabalhar. Mas ela não está acostumada com
meu toque, ela se apressa em segurar minha mão e aperta os lábios.

“Naquele lugar?”

“Vai ficar tudo bem.” Meus lábios a ignoram, explorando cada vez mais
baixo, parando em seu seio, então chupo o que está em minha frente. Seu
corpo estremece e ela geme. Agora minhas emoções estão aumentando.

“Ah… Mon… Isso…”

Uma de suas mãos está segurando o ar enquanto a outra está agarrando


a parte de trás do meu colarinho. E quando percebo que não tenho
permissão para tocar mais embaixo, começo a descer minha mão devagar
por todo seu corpo, até mergulhar profundamente dentro de sua pequena
calcinha, tocando o que eu gostaria de tocar há muito tempo.

É um bom começo…

A suavidade, o calor e a umidade dela me fazem ficar irritada com as


roupas em seu corpo. Para conduzi-la melhor, preciso começar a despir
todo o seu corpo.
“Mon…”

Sua mão quente está tocando meu seio de uma maneira irresistível, me
excitando a ir mais fundo, mais selvagem. Continuo ocupada com suas
roupas, agora sua blusa branca e sutiã estão desabotoados. Ela está
melhor do que eu, na nossa primeira vez, a essa altura, eu já estava toda
despida.

“Deixe-me ajudar…”

“Não.” Recuso tirando a mão dela da frente, que estava tentando assumir
o controle do jogo. “Hoje é meu dia.”

Então, sem nenhuma permissão, a puxo para ficar meio sentada e a


empurro de volta para o braço do sofá antes de me dirigir para mais para
baixo e abrir suas pernas.

“Não!” Khun Sam puxa minha cabeça de volta como se soubesse o que
vou fazer. “Está sujo.”

“As mesmas palavras.” Seguro seus pulsos, seguro com força ao lado do
meu corpo. “Eu disse a mesma coisa, mas você não parou.”

Enterro meu rosto bem no meio de suas pernas. A mulher no sofá


estremece como se tivesse recebido uma descarga elétrica. Seu corpo se
contrai em resposta. Me pergunto se realmente estou gostando disso e
quando percebo que quero mais, entendo por que a Khun Sam gosta
tanto de me controlar.

Ver seu rosto, o rosto do meu amor, sofrendo e tendo prazer ao mesmo
tempo, é tão bom.

Gemendo por prazer e querer…

Gemendo por me querer…

Que delícia.

“Uhhh… Mon… Ahhh…”

“…”

“Estou quase lá… sai Mon, sai daí.”

Claro que não me afasto dela e sei bem o que ela está sentindo agora. Eu
senti isso antes e quero ensinar a ela como enfrentar este sofrimento
antes de explodir.

“Mon, estou…”
“Um pouco mais…” Khun Sam está sendo atacada e não pode fazer nada
além de gemer, gemer e gemer, cada vez mais. Seu corpo está se
contorcendo, me deixando ciente do que ela quer. Uso meu dedo para
tocar seus lábios, antes de colocar suavemente dentro de sua boca, sem
saber o porquê fiz isso.

“Uhhh…”

Khun Sam, que está fora de controle, morde suavemente meu dedo
enquanto geme baixinho.

“Mais um…”

“Apenas mais um pouco…”

“Me deixe te ver…”

“Me chame de ‘querida’.”

Não sei por que disse aquilo, mas quando ordenei e ela obedeceu
facilmente, me deixou ainda mais quente, meu corpo estremeceu e se
contorceu sem nem mesmo ter sido tocada.

“Querida.”

E tudo acabou. Seus olhos sonolentos estão mais leves e me encaram,


estou queimando. Meu coração está batendo tão rápido e meu corpo está
pegando fogo. O jogo acabou para ela, mas para mim, ainda continua.
Meu corpo está prestes a explodir…

“Ajuda.”

“…”

“Por favor, me ajude, Khun Sam.” Mudo de posição para montar


descaradamente em seu rosto e ordeno.

“Me coma.”

Estou tão surpresa comigo mesma…

Eu não bebi. Por que disse aquilo? Agora, Khun Sam e eu estamos
ocupadas nos vestindo. Não nos atrevemos a olhar uma para a outra de
tanta vergonha. Mesmo tendo acontecido várias vezes, ainda não
estamos acostumadas.

“Uma marca.”
Ela disse baixinho enquanto abotoava sua blusa. Viro meu rosto para ela
e vejo uma marca em seu pescoço. Chego mais perto para ver com
clareza. Khun Sam parece assustada e se apressa em cobrir com a gola.
Seu rosto está vermelho.

“Oops.”

“Sim?”

“Puxo minha mão para trás, perdendo minha autoestima quando a vejo
assustada. Mas ela é mais rápida e segura meu pulso.

“Não estou incomodada. Não me entenda errado.” Vejo que a Khun Sam
me conheceu melhor, mesmo estando desapontada. “Estou com
vergonha.”

“Sim.” Mordo meus lábios e concordo. “Está doendo? Está tão


vermelho.”

“Não. Só estou surpresa. Você me mordeu?”

“Não consigo me lembrar.”

“Mas eu sim.”

“…”

“…”

“Você se sentiu bem?”

Faço a pergunta e fecho meus olhos com força, porque não consigo
encará-la. Khun Sam fica em silêncio por um momento e chama meu
nome.

“Mon.”

“Sim?”

“Eu me senti muito bem.”

Abro um dos meus olhos e olho para ela, agora o rosto dela está ficando
vermelho. Quando percebo que ela está feliz, sorrio incontrolavelmente
de tanta felicidade.

“Bem, estava com medo de fazer algo errado, doeu?”

“Não doeu nada. Foi estranho no começo por que eu… nunca.” Ela disse
com a respiração ofegante. Então ela tenta mudar de assunto. “Mas…”
“Mas o quê?”

“Não está mais brava comigo, né?”

Ela continua pensando nisso? Sorrio para ela.

“Eu já te disse que não estou.”

“Mas quando estávamos fazendo aquilo… você estava tão agressiva.


Fiquei chocada.”

Agora eu que estou com vergonha, então viro meu rosto. Mas Khun Sam
levanta a mão para tocar minha bochecha. E vira meu rosto de volta para
olhá-la nos olhos.

“Eu não disse que não foi bom.”

“Então. Foi bom?”

“Ah… eu gostei.”

“Hmm?”

“Não gosto de ser agressiva. Quero dizer… foi a primeira vez que você
demonstrou seus desejos. Normalmente, você fica tímida e quieta,
raramente diz o que quer. Mas com o que acabou de acontecer entre a
gente, você pareceu mais confiante e assertiva… fez o que queria fazer.
Foi muito bom.”

Ela está elogiando minha performance na cama, né? Khun Sam tenta
dizer normalmente, como se estivesse falando de trabalho no escritório.
Mesmo estando tão envergonhada, preciso esticar meu corpo e sorrir.

“Obrigada. Estou feliz por tê-la feito se sentir bem.”

“Já fiz você se sentir mal?”

“Não…”

“…”

“Não tenho tempo para me sentir mal.” Gosto de provocá-la. “Viu? Você é
a melhor. Disse o que estava pensando diretamente.”

“Eu mantive a promessa. Ah, que sede.” Khun Sam está tocando o
pescoço. Então vou na cozinha e pego uma bebida para ela. Ela me olha
por um momento e diz: “Não te forcei a buscar uma bebida para mim.”

“É um prazer.”
Levanto um copo para beber também, Khun Sam me olha e diz algo
baixinho.

“Eu gosto de transar com você.”

Pfffffffttttt!

A água sai da minha boca como uma baleia azul do Oceano Ártico. Khun
Sam fecha os olhos e limpa o rosto com as mãos.

“Por que você teve que cuspir assim?”

“O que você disse?” Eu tusso e corro para pegar um guardanapo para


enxugá-la.

“Você não disse para eu falar o que penso?”

“Khun Sam, algumas coisas não precisam ser ditas em voz alta. Meu
Deus, não sei como te dar um exemplo.”

“Se não chamar de ‘transar’ vou chamar do quê? Fazer amor? Sarrar?
Acasalar? Copular? Coitar? Nhanhar?”

“Vamos aprender a nos comunicarmos melhor da próxima vez.”

Ter a Khun Sam como namorada é o mais difícil, não é fácil entendê-la.
Porém, ela continua fofa para mim.

Incrível!

Já nos reconciliamos. Tudo está de volta à normalidade. Porém, estamos


ficando cada dia mais doces, como pombinhos apaixonados. Antes, eu
era derrotada por ela, mas agora eu revido. Que belo momento estamos
vivendo…

“Bom dia, Khun Sam.”

“Oh, chegamos no mesmo horário. Que coincidência!”

Khun Sam e eu fingimos nos cumprimentar no elevador na frente dos


nossos colegas, mesmo que tenhamos chegado no mesmo carro pela
manhã. Ficamos na fileira de trás, sorrindo uma para a outra e até
encontramos uma oportunidade para darmos as mãos.

Gostaria de ter a chance de segurar sua mão lá fora em algum momento.

Hora de sair do elevador, soltamos as mãos e vamos trabalhar como se


nada tivesse acontecido. Ultimamente, nos encontramos
coincidentemente no elevador quando precisamos de um momento
juntas. Às vezes, ela me chama na sala congelante para me acariciar e
aconchegar. Alguns momentos são o suficiente para nós.

Tudo corre bem. Nós duas estamos felizes, até esta tarde, após almoçar
com meus colegas e me preparar para voltar ao trabalho. Ficamos
surpresos em ver a Khun Sam conversando com alguém na direção
oposta.

“Na verdade, não quero me gabar que sou a garota dele, não é justo
comigo. Ele vem até mim toda vez que você o deixa triste. Hoje
precisamos esclarecer as coisas.”

Quando vejo com clareza, aquela garota é a mesma que vi com o Sr. Kirk
na loja de departamento, aquele dia que a Yah estava comigo. Agora, a
Yah a reconhece também.

“É a garota do Sr. Kirk.”

Khun Sam, que é mais baixa, está com as mãos no bolso da calça e
olhando para ela pensativa.

“O que quer de mim?”

“Só quero esclarecer as coisas…”

“Você quer que eu termine com ele, né?” Khun Sam está parada, não está
brava ou algo do tipo. “Se não fosse isso, você não estaria aqui.”

“…”

Khun Sam suspira e diz algo sem demonstrar sentimentos. Tudo está
quieto.

“Tudo bem.”

“…”

“Vou terminar com ele.”

34

Anulado

Agora, consigo ouvir meu coração bater tão rápido. Todos os presentes
estão segurando suas respirações com medo de que a Khun Sam nos
veja aqui. De repente, o Sr. Kirk grita de longe quebrando o silêncio, antes
de se aproximar da Khun Sam e aquela garota. Deve estar com receio
delas brigarem por ele.

“Por que está aqui?”

“Ela veio te procurar.” Khun Sam respondeu no lugar dela, enquanto


encara o Sr. Kirk com um olhar fuzilante. “Você é um destruidor de
corações.”

“Sam.”

Khun Sam se afasta dele com repugnância. Deve estar magoada por seu
noivo tê-la traído.

“Não me toca.”

“Sam… Eu te amo.”

“Mas eu te odeio.”

“Sam!”

“Não me siga. Nojento.”

Ela de repente se afasta do caos. Vejo que os demais estão encarando o


Sr. Kirk e a garota. Então, me apresso em sair em direção a Khun Sam.

“Khun Sam.”

A mulher baixa para, e me olha nos olhos. Está cheia de ódio e eu sei
bem, ela deve estar desapontada.

“Por que está aqui? Não voltou ao trabalho?”

“Eu vi tudo, então te segui.”

“Meu Deus, como nos vídeos clipes.”

Estou preocupada…

“Como você está?”

“Com nojo.”

Ergo minha mão para tocá-la com compaixão. Mesmo que eu queira
abraçá-la, tenho medo de que alguém possa nos ver. Então, só posso
fazer isso por ela.
“Você está desapontada com ele. Se quiser chorar, pode chorar. Eu
entendo.”

“Sim, estou muito desapontada, mas não vou chorar. Só quero pegar um
pedaço de madeira para bater nele. Aquele bastardo. Imbecil!”

“Sério?”

“Eu ainda me lembro que o Kirk foi o motivo da nossa briga.” Khun Sam
ergue as sobrancelhas antes de voltar ao ponto que estávamos falando.
“Também me lembro que ele me chamou de intrometida.”

Por que ela ainda fala daquela briga no Facebook? E a garota secreta do
Sr. Kirk?

“Khun Sam, não sentiu nada por causa daquela garota?”

“Tenho que sentir?”

“Ah, você parecia desapontada com ele.”

“Sim. Ele me chamou de intrometida e me repreendeu pelo ‘seu merda’,


ele deveria ter vergonha… desde que descobri que ‘Ronaldo, um cara
legal’ é ele, não pretendo ser mais amiga dele. Que nome antiquado!”

“Sim…”

“Eu quero jogar merda nele toda vez que o vejo. Eu quero bater, bater,
bater, bater nele. Imbecil!”

Ela continua resmungando do Sr. Kirk. Sinto que ela está brava com ele.
Ela nem imagina que o seu nome no Facebook também é antiquado. Mas
não quero interrompê-la enquanto está de mau humor.

“Você sente algo sobre o que acabou de acontecer? Aquela garota veio
atrás do seu noivo.”

“Por que eu tenho que sentir algo? Se o Kirk quer ficar com ela, que ele
fique. Entenda, você e eu estamos em um relacionamento. Isso é bom
para mim… facilita eu terminar com ele sem culpa. Na verdade, eu queria
terminar com ele desde que soube que ele é o ‘Ronaldo, um cara legal’.
Mas eu não tinha um bom motivo e ele recusaria.”

“Te vi saindo apressada. Pensei que você estava magoada pelo Sr. Kirk
ter te traído.”

“Por que eu ficaria magoada? Quando meu amigo consegue uma


namorada, eu deveria ficar feliz por ele. Eu saí apressada porque não
conseguia parar de pensar que ele me chamou de intrometida.” Khun
Sam parece tão irritada agora. “Consigo imaginar claramente a cara dele
quando disse ‘Eww, intrometida’, e essa imagem não sai da minha
cabeça.”

“O Sr. Kirk deve estar arrependido. Se ele soubesse que estava brigando
com você, não teria feito aquilo.”

“Por que você está apoiando-o? Não estou gostando.” Khun Sam me olha
indignada e me dá as costas. “O que eu não gosto, você também não
deveria gostar. E você discorda de mim, mas dos outros não.”

“Ele é seu noivo, não outros.”

“Agora ele será um dos outros para sempre, não é mais meu noivo.”

“Você saiu do escritório até aqui, para onde estava indo?”

“Não sei.”

“Ah, por que saiu?”

“Só fiz uma coisa legal. Deixe-os conversar para encontrar a saída.” Ela
parece entediada e diz: “Hoje vou voltar para casa tarde.”

“Por quê?”

“Preciso fazer uma coisa.”

“Que coisa?”

“Eu quero tentar…” Ela hesita por um momento e sei que ela vai evitar o
assunto me dando centenas de motivos. Então a interrompo
imediatamente.

“Me responda em uma única frase.”

“Quero fazer uma coisa com você na minha sala no escritório.”

“Hmmmm!…” Olho para a esquerda e para a direita com medo de que


alguém nos escute. “Do que está falando?”

Ela ergue as duas mãos para esfregar sua cabeça.

“Há muito tempo quero fazer na minha sala, vamos esperar eles saírem.”

“Khun Sam, sua obscena!”


A história da amante de meio período do Sr. Kirk, claramente substituiu o
meu boato com ele. Yah me ajudou a explicar sobre o novo boato e
confirmou que viu o Sr. Kirk com a amante. Então confirmo que naquele
dia fui falar com o Sr. Kirk porque ele implorou que eu mantivesse
segredo. Minha imagem está melhorando no escritório, além disso,
recebo mais simpatia por ter sido forçada com aquele boato.

Tudo tem um lado positivo…

No caso do Sr. Kirk, como não conseguiu esclarecer as coisas com a


Khun Sam, ele volta para casa triste. A propósito, Khun Sam não está
nada preocupada, continua trabalhando na sala congelante até tarde da
noite, esperando que todos voltem para casa. Finalmente, quando não há
mais ninguém no escritório, Khun Sam abre a porta e me pede para
entrar.

“Tem alguém aí?”

“Não tem ninguém aqui.”

“Venha.”

Olho para ela conscientemente e vou para sua sala sem pensar duas
vezes, porque dentro da minha cabeça, achei o jeito dela tão fofo. Quando
entro, ela me segura e me beija imediatamente.

“Senti sua falta.”

“Khun Sam, você não pode sentir minha falta o tempo todo assim. Na
nossa casa é melhor. Acho que você só está brincando comigo agora.”

“Eu li em um site pornô que é gostoso transar no escritório.” Ela continua


ocupada com meu corpo enquanto fala e ao mesmo tempo desabotoa
minha blusa. “No artigo que li, o cara joga tudo de cima da mesa. Farei o
mesmo.”

“E perder tempo depois arrumando a mesa?”

“Ah, eu não me importo se você quiser se deitar sobre as canetas e todos


os documentos.”

“Não tem nada do Sr. Kirk em mente, né?” Coloco minha testa em seu
ombro e a abraço implacavelmente porque agora estou sob seus
encantos.

“Por favor, não fale daquele imbecil. Ele me chamou de intrometida.” Ela
viaja do meu pescoço para meus lábios. “Tão excitante.”

“Sim, é muito excitante. Me sinto paranoica.”


“Não tem ninguém aqui agora…”

“Sam!”

Bang!

“Ai!”

“Eu já te disse que você deveria se vestir adequadamente mesmo que


uma hora a mais do expediente já tenha se passado.”

Khun Sam usa a palma da mão para acertar levemente minha testa, não
foi forte, mas me fez cambalear. Sr. Kirk, que entrou na sala, me vê caindo
e se apressa para me apoiar.

“O que vocês duas estão fazendo?”

“Estou dando uma lição a ela. Não é só porque o expediente acabou que
ela pode vestir o que quiser. Não é bom para a imagem da companhia.”

Ela resolve a situação tão bem. E me apresso para abotoar minha blusa,
já que estou com medo de que o Sr. Kirk veja algo.

“Então, por que você se veste assim?”

“Er…” Viro para a esquerda e para a direita em busca de uma boa


resposta. “Pensei que não tinha ninguém aqui e que estava trabalhando
sozinha, então quis relaxar e ficar mais confortável.”

“Está confortável demais, não acha?” Khun Sam disse com um tom sério.
“A partir de agora, você não tem permissão para fazer isso.”

“Claro. Não farei de novo… Não importa quando.”

Disse lentamente, mas deixando claro. Khun Sam está inexpressiva agora
e tenta mudar de assunto.

“Por que está aqui?… Ah, me esqueci. Fui muito educada com você…
imbecil.”

Khun Sam cruza os braços, parece irritada por ele ter nos interrompido.
Então ela fica brava com ele. Ele destruiu os planos dela.

“Sam, por favor. Acalme-se.”

“Com licença. É melhor eu sair.”

Me preparo para evitar esta guerra, mas Khun Sam me segura para ficar.
“Você pode ficar. Não precisa sair.”

“Eu acho…”

“Fique aqui!” Khun Sam me ordena em voz alta. Então não me atrevo a
me mexer. “Precisa de algo? Diga logo e saia.”

Khun Sam olha para o Sr. Kirk, que ainda está triste.

“Sam. Sobre a Nuch e eu, acabou. Sinto muito por ter te traído.”

“Não se preocupe. Aconteceu. Vou te deixar, babaca.” Khun Sam enfatiza


seu nome no final para deixá-lo para baixo. “Nosso relacionamento pode
ter acabado, já que você me disse que é o Ronaldo, um cara legal.”

“Sam. Não vá, por favor. Não vou deixá-la ir.”

“Quando ouvi ‘não vá’ me lembrou que você digitou ‘intrometida.’” Khun
Sam o encara vingativa. “Se você não quer terminar comigo, é problema
seu não meu. Estou terminando com você. Estou farta. Você não faz ideia
do quão brava estou com você por causa daquilo…”

“Eu sei que você me ama.”

Khun Sam age como se tivesse visto um fantasma quando o Sr. Kirk a
interrompe. Acho que a Khun Sam estava focando na briga do Facebook,
mas o Sr. Kirk nem liga.

Coitado do Sr. Kirk.

“Amo? Esta palavra está bem longe, Kirk.”

“Se você não me ama, por que está tão brava?”

“Você me chamou de intrometida.”

Sr. Kirk se ajoelha e a segura pelas pernas. Não tem um empresário aqui,
apenas um gatinho. Eu desvio o olhar deles. Pode ser desconfortável para
eles.

“Eu realmente te amo. Eu te amo há muitos anos. Dei umas escapadinhas


às vezes, mas eu te amo. Sempre te honrei.”

“Mas me chamou de intrometida. É muito honroso para mim.”

Khun Sam sorri petrificada, como se estivesse se controlando para não


gargalhar.

Quão brava você está, querida…


“Eu estava errado, por favor, me perdoe. Me dê mais uma chance.”

“Não posso te dar esta chance.” Ela coloca a mão no ombro do Sr. Kirk,
que ainda está implorando e abraçando as pernas da Khun Sam. “

E não estou brava com você. Ao menos, não pelo que você estava
pensando.”

“…”

“Você encontrou alguém. Estou feliz por você. Nosso contrato está
anulado.”

“Não, não está. Eu terminei com a Nuch desde quando a Mon me viu com
ela. Não entrei em contato com ela desde então.”

“Hmmm.”

Khun Sam me olha confusa. Tudo o que posso fazer é sorrir para ela. Eu
não sei o que fazer agora.

“Você é a única que amo. Quando percebi que estava errado, eu parei.
Hoje ela veio aqui, eu não sabia. Mon pode provar que não estou
mentindo.”

“Por que a Mon sabia da sua amante de meio período?” Agora ela olha
para mim. “Quando vocês dois começaram a ter segredos?”

“Por um tempo.”

“Isso…” Tento explicar, mas o Sr. Kirk me interrompe.

“Por favor, me perdoe, Sam. Eu já a deixei.”

“Kirk, não fique chateado. Eu não quero saber disso…. Mon, você sabia
este tempo todo e não me contou? Por que escondeu isso de mim?”
Khun Sam me olha enquanto fala com a voz embargada. “Você falou
pelas minhas costas.”

“Eu não queria causar um mal-entendido entre você e o Sr. Kirk. Além
disso, o Sr. Kirk tinha me prometido que não faria mais isso. Então não
havia motivos para falarmos sobre isso de novo.”

“Por você não ter me contato, aquela garota veio até aqui. Não estou
brava sobre isso, mas você manteve segredo.”

Khun Sam não está focada no Sr. Kirk, mas toda sua atenção está em
mim.
“Não me culpe.”

“Eu não entendo. Você disse que falaria honestamente sobre qualquer
coisa, mas estava de segredo pelas minhas costas. O que é tudo isso?”

“Khun Sam. Vamos brigar? Por favor, foque nele primeiro.”

“Não. Kirk, não sei para onde você vai, mas vá agora. Mon, estou focada
agora em você. Ei! Solta minhas pernas. Bastardo!” Khun Sam tenta tirá-
lo de suas pernas e vir na minha direção, mas o Sr. Kirk não a deixa sair.

“Sam, não vou terminar com você.”

“Mas eu vou.”

“Não. Eu já terminei com ela.”

“Mas estou terminando com você agora, porque já tenho uma namorada!”

“O que quer dizer?”

“Não está vendo?” Khun Sam aponta o dedo para mim e diz em alto e
bom som. “Mon é minha namorada. Nosso contrato está anulado a partir
de agora.”

35

Ouvi tudo

O silêncio paira no ar. Sr. Kirk olha para a Khun Sam e ri sem acreditar.
Até o rosto dele parece um papel em branco agora.

“Não mesmo, como vocês estão namorando?”

E o Sr. Kirk se levanta e olha para minha gola e vê minha blusa


desarrumada. Agora ele deve estar montando todo o quebra-cabeça na
própria cabeça.

“Isso significa… que antes de eu entrar, vocês duas estavam…” Sr. Kirk
esfrega a cabeça. “Como??”

“Sr. Kirk.”

Tento me aproximar, mas ele dá um passo para trás como se estivesse


em choque e com nojo de eu chegar perto.

“Mon… Não acho que você e a Khun Sam vão… vão…”


“Acabou, Kirk.”

Khun Sam enfatiza para que o Sr. Kirk, que foi seu namorado e amigo por
tanto tempo, aceite. Sr. Kirk não responde, mas sai sem dizer nada,
deixando Khun Sam e eu sozinhas nessa situação estranha.

“Khun Sam, você não deveria ter dito a ele.”

“Um dia ele saberia. Não vamos poder manter isso em segredo para
sempre.”

“Mas deveríamos ter encontrado um jeito melhor para dizer a ele.”

“Então deveríamos nos ajoelhar para dizer a ele? Eu sou uma Mhom
Luang. Não faço isso.”

Mas que diabos?… Olho para minha amada e balanço a cabeça indicando
que estou farta dela. Ela não consegue entender o ponto. Então começo a
ajeitar minha saia e abotoar minha blusa. Khun Sam cruza os braços e me
olha com raiva.

“Não terminamos ainda.”

“Se quiser falar do meu segredo com o Sr. Kirk, eu já expliquei tudo. Não
há motivos para complicar.”

“Eu já entendi isso.” Khun Sam impede que eu abotoe minha blusa. Olho
para cima e a vejo lambendo os lábios. “Quanto a gente, vamos continuar
de onde paramos.”

“Ah! Como seu humor muda rápido! Estava tão brava agorinha mesmo.”

Minha blusa é desabotoada pelas mãos dela enquanto estou


confusamente entorpecida.

“Estava brava por ele não ir embora.”

“Tão malvada. Você acabou de dizer que eu deveria me vestir


adequadamente, mesmo fora do horário do expediente e bateu na minha
testa. Não espere que eu vá ceder facilmente.”

“A situação me forçou. Não fique mal-humorada.” Khun Sam continua


desabotoando minha blusa. Finjo resistir um pouco porque sei que não
consigo resistir a ela por muito tempo. “Oh! Sutiã novo?”

Me apresso em cobrir com minhas mãos.

“Você é tão observadora. Nem meu sutiã escapa.”


“Você nunca veste cinza.”

“Vi que você gosta desta cor.”

“Leu minha mente.” Khun Sam desabotoa dois botões da própria blusa,
revelando um sutiã novo que me deixa surpresa. “Também comprei um
sutiã novo.”

“Cor de rosa.”

“O primeiro da minha vida. Mas eu não posso suportar se houver


personagens de desenhos animados ou flores.”

Então ela me empurra com paixão em direção a mesa, antes de jogar


todas as coisas no chão e dizer algo baixinho.

“Oops.”

“Vai fazer isso mesmo?”

“Não é legal?” Ela pressiona meu ombro para me deitar sobre a mesa.
“Mas será melhor ainda se fizermos aqui, sobre a mesa.”

“Você aprendeu isso naquele site? Ah…”

Os lábios úmidos dela tocam meu seio, então sua língua começa a brincar
suavemente comigo.

“Aprendi muitas coisas naquele site. Vou te mostrar o que aprendi.”

“Então me ensine, farei isso por você.”

Zipppp….

Um zíper é puxado para baixo. Agora minha saia está nos meus pés. Khun
Sam afasta minhas pernas e fica de frente.

“Hum.”

Mesmo que nosso relacionamento esteja um pouco confuso, não há nada


com que se preocupar. Khun Sam e eu sabemos como agir uma com a
outra, sem tocarmos em pontos que nos deixam com raiva e iniciam uma
discussão. Por exemplo, Khun Sam é uma garota ciumenta, então tento
não sorrir e falar com os outros porque me preocupo com ela. Já Khun
Sam, tenta me falar sobre tudo honestamente e evita me desapontar,
mesmo no trabalho. Porque ela sabe bem que não consigo separar
trabalho de vida pessoal.
Sr. Kirk continua em silêncio desde quando tudo aconteceu. E não me
atrevo a cumprimentá-lo, porque me lembro bem do seu olhar de
desgosto. Tenho muita esperança de que um dia ele vai me perdoar. Me
sinto tão culpada…

Além disso, de acordo com a regra de relacionamentos do escritório,


Khun Sam demitiu todos os funcionários que tinham um relacionamento e
agora ela continua fazendo isso. Isso me irrita. Especialmente hoje pela
manhã. Yah, que se senta ao meu lado, estava tremendo em choque por
uma hora. Então, pergunto a ela.

“Como você está? Tudo bem?”

“Uma coisa me irritou.”

“Se quiser pode me contar.”

“Acho que serei demitida.”

“Hã? … Por quê?”

Yah está prestes a chorar. Os olhos dela continuam observando a sala


congelante.

“A chefe M. L. sabe que eu e o Chin… Estamos namorando.”

“Ahhh!!!” Eu grito sem perceber e imediatamente cubro minha boca com


as mãos. “Espera, espera. O que está acontecendo?”

“Trocamos figurinhas. Eu mando, ele responde. Ele manda, eu respondo.


Entende?”

“Mas o Chin tem uma esposa.”

“O amor não pode ser proibido?”

Eu não a contesto, porque no caso, não sou melhor que ela. Me apaixonei
em segredo pela minha chefe que era namorada do meu outro chefe.

Ah… é tão complicado.

Como não posso julgá-la, tudo o que posso fazer é ouvi-la.

“Como ela sabe?”

“Chin e eu estávamos juntos no estacionamento.”

“O que estavam fazendo?” Levanto minha mão para cobrir a boca e falar
mais baixo. “No estacionamento? Meu Deus.”
“Eu sei. Vai me julgar, né?”

“Não, não vou.”

Como vou julgá-la? Eu mesma transei na sala congelante como uma atriz
pornô. Então, não posso julgá-la por nada. Ah…

“Não fizemos nada. Apenas demos uns amassos… Quem sabe? A chefe
M. L. foi até o carro dela e nos viu. Aaaah…”

Minha amada colega levanta as mãos para cobrir o rosto envergonhada.


Coloco a mão sobre seu ombro para acalmá-la.

“O que ela fez após ter visto?”

“Ela saiu. Ela estava… tão quieta. Não estou com um bom
pressentimento. Ela com certeza vai me demitir. Eu nem procurei por um
novo emprego ainda. E estou velha demais para encontrar um.”

Tudo o que posso fazer é acalmá-la, porque não sei mais o que dizer a
ela. Quero saber o que a Khun Sam vai fazer sobre este caso, porque o
que ela faz não é muito diferente deles.

Claro… Não fico pensando nisso por muito tempo. Quando todos vão
para casa no fim do expediente, eu, que estou esperando para ir embora
com a Khun Sam, vou até a sala dela perguntar sobre a Yah.

“Você vai demiti-la?”

“Estou pensando.”

“Se você a demitir. Contrasta com o que fazemos.” Mordo minha unha
ansiosa. “Acho, que tenho que pedir demissão.”

Khun Sam me olha com desaprovação.

“Está procurando um motivo para pedir demissão e ir trabalhar com a


Tee, né?”

“Não fique irritada. Você vai perder seu domínio por minha causa.”

“Ninguém sabe sobre nós.”

“Não há segredo que dê para guardar neste mundo por muito tempo. O
Sr. Kirk era o Ronaldo e foi revelado a você.”

“Justo.” Ela ergue uma sobrancelha em desaprovação. “Mas não quero te


demitir. Se você não estiver aqui, não tenho motivação para dirigir até o
trabalho. Atualmente, você é o motivo de eu vir trabalhar.”
Me sinto um pouco estranha quando ela continua falando como uma
criança de três anos que é obcecada pela sua babá.

“Eu passo a noite na sua casa quase todos os dias e volto para a minha
casa uma vez por semana. Não é o suficiente?”

“É diferente. Devemos mudar a regra? Sim!” Khun Sam ergue as mãos


como uma vencedora. Balanço minha cabeça discordando.

“Não, você não pode. Não seria justo com os anteriores.”

“Eles já se foram. Não vão saber.”

“E os atuais?”

“Por que teria que me preocupar? Eu que mando aqui. Posso mudar.”

“Tão mimada. Não vou deixar ninguém vir reclamar com você. Tenho que
achar um novo emprego.”

“Você não está nada fofa.”

“Mas eu te amo, Khun Sam.”

“Oops.” Khun Sam está piscando os olhos inesperadamente antes de


baixar o rosto para evitar me olhar nos olhos. “Você acabou de dizer que
me ama…”

“Khun Sam, você é tão apetitosa.”

Corro para morder suavemente o nariz dela.

“Você sabe que quando morde meu nariz eu tenho que morder seus
lábios em troca.”

“Sim, por isso te mordi.”

Continuamos nos encarando. Ela deve saber o que tenho em mente


agora, então sorri.

“Você gostou de fazer amor no escritório, né?”

“Desta vez eu começo, mas não vou jogar as coisas da mesa no chão.
Tenho preguiça de arrumar depois.” Fico de joelhos e me inclino para a
frente para morder o pescoço dela. “Aqui, na cadeira.”

Khun Sam aceita facilmente. Começo tirando a calça dela, ela me ajuda
erguendo levemente o quadril para cima. Rimos como se estivéssemos
aprontando algo de errado. E então a voz da mulher sentada na cadeira
fica ofegante. “Agora você está melhor.” Khun Sam segura meu cabelo
enquanto diz algo baixinho. “Devagar, quero sentir por mais tempo.”

“Está sendo honesta?”

“Não fuja de mim. Não vou suportar.”

Eu sorrio e continuo brincando com seu ponto sensível e não me esqueço


de usar as mãos para acariciar todo seu corpo, mostrando quem é que
está no controle do jogo. O som da voz ofegante vira gemido, antes de
ouvirmos um barulho de salto alto do lado de fora.

“Tem alguém vindo!”

Khun Sam se levanta assustada sem estar vestindo nada na parte de


baixo. A puxo para a cadeira de novo, enquanto me escondo debaixo da
mesa, com as pernas dela sobre meus ombros.

“Chefe.”

A voz da Yah me faz estremecer. Khun Sam tosse um pouco e diz:

“Está tarde agora, por que ainda está aqui?”

“Não aguento mais… Decidi conversar com você após o expediente.


Fiquei te esperando no estacionamento por um tempo, mas não te vi.”

“Então, você decidiu vir até aqui.” Khun Sam disse em desaprovação. “O
que quer? Me diga.”

“Você vai me demitir?”

“Por?”

“Sobre…” Yah não completa a frase para testar a reação da Khun Sam.
“Sobre o incidente do estacionamento.”

“…”

“Se não há nada, não tenho motivos para demiti-la.”

“Chefe…”

“Você pode ir agora. Preciso terminar meu trabalho.”

“Mas…”

“Tem algo que aconteceu no estacionamento que eu precise saber?”


“Nada.”

“Então. Pode ir.”

“Sim.”

O barulho do salto alto dela agora está longe. Quando tudo volta ao
silêncio, Khun Sam suspira fundo antes de se abaixar para me olhar.

“Onde paramos?”

“Certo.”

“Uhhhh…”

Khun Sam tensiona seu corpo e me segura firmemente com as pernas.


Estou movendo minha língua junto com minha mão.

“Mais… rápido.”

Ela segura o braço da cadeira com força e faz um barulho incontrolável,


como se não pudesse aguentar mais. Não muito tempo depois, tudo
explode. Sinto algo escorrer na minha boca e aceito de bom grado.

“Mon…”

Ela se aninha na cadeira exausta, eu rastejo para fora sorrindo.

“Você perdeu completamente.”

“Ainda não é minha vez.”

“Vou ao banheiro primeiro. Se vista para irmos para casa.”

“Lá em casa, a verdadeira guerra vai começar.”

Khun Sam me olha mal-humorada. Saio da sala e de repente fico chocada


ao dar de cara com Yah parada na porta surpresa em me ver. “Mon. Não
foi para casa ainda?”

Meu coração despenca. Me apresso em dar uma resposta a ela com um


bom motivo.

“Eu esqueci minhas coisas, então voltei para pegar.”

“Ah… tem um cabelo na sua boca.” Yah estende a mão para tirar algo da
minha boca. “Por que é tão curto?”

Corro para pegar o cabelo antes dela.


“Ah, é um cílio.”

“Mon.”

Enquanto estou saindo, Yah continua me chamando com a voz alterada.

“Sim?“

Respondo e me viro para vê-la. Yah está sorrindo astuciosamente.

“Eu ouvi tudo.”

36

Banho

Não há segredo que dê para guardar neste mundo por muito tempo. Yah,
que tem um caso secreto com Chin, foi pega no flagra pela Khun Sam. Eu,
que escondo meu relacionamento com a Khun Sam, fui pega… pela Yah.

“Quanto tempo?”

Yah, que está jantando comigo no dia seguinte, continua curiosa me


fazendo perguntas. Eu não me atrevo a dizer a Khun Sam que a Yah ouviu
tudo, porque estou com medo da Yah ser demitida.

Mas… parando para pensar. Ela faria isso? Eu não sei.

“Já faz um tempo. Estou pensando em pedir demissão.”

“Por que você teria que pedir demissão? Não vou contar a ninguém.”

Yah parece mais confortável a me ver na mesma situação que ela e


parece disposta a guardar meu maior segredo. Balanço a cabeça em
desaprovação.

“Não se trata de você dizer ou não. Mas não quero que a Khun Sam perca
sua autoridade no escritório.”

“Você se preocupa demais. Mas estávamos errados. Todos nós


pensávamos que você estava em um caso com o Sr. Kirk, mas na verdade
era com a Khun Sam?”

“Eu não sou adúltera…” Hesito com a pergunta, mas a Yah não liga e dá
de ombros.
“Esquece. O amor é incontrolável, eu mesma me apaixonei por um cara
que tem esposa.”

“Você percebe o problema deste relacionamento? Não é certo. Se a


esposa dele souber…”

“Ela não vai saber. Chin e eu vamos terminar antes que a esposa dele
saiba. Mas no meio tempo, seremos felizes com o que temos. Você não
vai contar. Nem eu.”

“Claro.”

Porém, não me sinto cem por cento aliviada. Enquanto Khun Sam e eu
estamos fazendo compras no supermercado, continuo pensando em
pedir demissão. Que tipo de trabalho farei? Pensei tanto nisso que me
esqueci do que estava fazendo. E Khun Sam chama minha atenção:

“Por que está tão distraída?”

“S… sim.”

“Você está comigo, está pensando em quem?”

“Estou pensando no trabalho.”

“Ainda está pensando naquilo?” Khun Sam franze a testa. “Você não
precisa pedir demissão. Se for pega, então peça demissão depois.”

Eu já fui pega!

“Você vai perder sua autoridade. Você impôs a regra e a seguiu


estritamente por muito tempo, por que destruiria isso por causa de uma
novata como eu?”

“Eu disse que vou mudar a regra, sim!”

Olho para ela carinhosamente. Ela sabe como me fazer sorrir e usa deste
artifício com frequência.

“Você pode sorrir agora.”

Ela me abraça enquanto empurra o carrinho de compras. Olho em volta


com medo de que alguém que nos conheça nos veja acidentalmente.

“Não é bom ficarmos coladas assim em público. Alguém que nos conheça
pode nos ver.”
“E daí?” Ela começa a ficar chateada porque foi rejeitada. “Quero ter um
momento em público. Ao menos segurar sua mão, mas você continua se
afastando.”

“Você sabe bem como a sociedade é. Não faça isso.”

“…”

“Querida, você está brava de novo.”

“Não é com o trabalho. Agora estou brava com você mesmo.” Ela ladra
para mim, mas sei que ela está fingindo estar brava comigo, porque está
tentando segurar o riso e não consegue. “Não me olhe assim. Estou
brava. Muito brava.”

“Estou vendo, acredito em você.”

Ela continua fingindo estar furiosa enquanto caminha até o caixa. Apenas
observo de trás e a sigo. Às vezes, sinto que as coisas são tão difíceis
entre a gente. Parece que fizemos algo errado, mesmo não tendo feito
nada. Somos apenas um casal comum que quer ter momentos doces em
público, como qualquer outro casal.

“Khun Sam, vai tomar banho comigo?”

“Banho?”

Espio para fora do banheiro. Ela ainda está mal-humorada e me olha


hesitante. Mesmo que ela esteja brava, sei que quer tomar banho comigo.
Porque ela nunca me pediu antes.

“Tudo bem, esquece. Só perguntei.” Eu falo.

Então, caminho em direção a banheira e espero, porque a conheço bem e


sei que ela vai me seguir.

E aconteceu como o esperado.

Corre…

Khun Sam tira as roupas e entra na banheira comigo. Olho para ela e viro
de costas relutante.

“Você está mal-humorada desde o supermercado. Está se sentindo


melhor?”

“Não estava mal-humorada, estava apenas querendo reivindicar meu


direito.”
“Claro, eu que devo ser a idiota em mostrar ao mundo que você é minha
namorada.”

“Idiota?” Ela disse com a voz rouca. Então, puxo suas mãos para me
abraçar por trás enquanto rio.

“Estou brincando. Você se irrita muito fácil. Não quero que os outros
olhem com cara feia para você. Se eles souberem que somos namoradas,
te olharam com desdém.”

“Por quê? É normal garotas amarem garotas, ou garotos amarem outros


garotos. Nunca me senti estranha. Ninguém liga para isso.”

“Você é famosa na sociedade, tem uma boa posição. Não coloque tudo
isso em risco. Além disso, você é a tataraneta do Rei, isso trará desonra
para você e sua família.”

“Eu já não te disse que Mhom Luang é uma pessoa comum como outra
qualquer?”

“Acho que não é apropriado. Somos muito diferentes.”

“Como assim diferentes? Somos humanas. Sou humana como você.”

“Você está muito acima.”

“…”

“Mas eu te amo, Khun Sam.”

Disse isso com tristeza. Khun Sam nota meu silêncio. De irritada, ela
passa a me consolar e apoia o queixo em meu ombro por trás, enquanto
beija suavemente meu pescoço, como um gatinho lambe a si mesmo.

“Eu também te amo muito. Pare de pensar nas diferenças entre nós. Sou
apenas uma garota comum.”

“Não consigo. Penso todos os dias que estou sonhando. Ser sua
namorada é mais do que eu esperava.”

“É verdade. Me apaixonar por uma garota é mais do que eu esperava.” As


mãos dela percorrem por todo meu corpo antes de inesperadamente tocar
meu ponto mais sensível. Sou fraca demais, me apoiando nela e gemendo
feito louca. “E eu gosto muito de fazer isso… Ah…”

“Gosto de fazer isso por sua causa, Khun Sam.”

“Mas também quero ter bons momentos com você em público, não
apenas em casa. Parece desonroso para você.”
Afasto minhas pernas para deixá-la confortável e levanto meu braço para
trás para acariciar o cabelo dela.

“É o suficiente para mim.”

“Não, você merece mais.”

“Ah…” Ela desperta minha paixão bem fundo e seu corpo molhado
continua tocando minhas costas, me fazendo querer mais. “Quanto mais
eu mereço?”

“Muito mais… Você viajaria comigo?”

“Hã?”

“Vamos viajar para o exterior. Ninguém vai reconhecer a gente.”

“Não posso tirar uma licença… Devagar, por favor. Quero sentir por mais
tempo.” Respiro ofegante, mas tento focar no que estávamos
conversando. “Nunca viajei para o exterior. Não tenho passaporte. Eu…”

“Não será difícil se for comigo. Vamos, viaje comigo.”

“Mas… Hã?… Por que parou?” Afago o cabelo dela com mais força em
desaprovação por não ter continuado.

“Você vai comigo?”

“Vai me pressionar assim?”

“Rápido?”

“…”

“Me responda.”

“Ok, eu vou com você… Ah… mais rápido.”

Ela continua me provocando, fingindo ir mais devagar e estou começando


a ficar irritada. Então, decido me levantar e monto em seu corpo, me
movendo como o Jagger, da forma que quero.

“Você me provocou, agora vou me vingar.”

“Gosto de te ver desse jeito.”

****
E nossa viagem aconteceu… Foi tão rápido. Falamos sobre isso na
quarta-feira e viajamos no sábado, mesmo não tendo preparado nada.

E agora, minha namorada está com dor de dente. Porque é viciada em


cafeína, adora tomar chá ou café antes de dormir. Às vezes ela dorme
sem escovar os dentes de novo. Se colhemos o que plantamos, ela
merece isso.

“Vai ver um dentista primeiro? Podemos viajar outra hora.”

“Não, eu planejei isso. Vou me ausentar do trabalho por cinco dias.”

“Hein? Cinco dias?”

“Volto a trabalhar na quinta-feira.”

“Mas eu não posso, acabei de passar no programa de treinamento. Serei


demitida.”

“Falarei com seu chefe por você.” Ela ergue as sobrancelhas e fala com si
mesma. “M. L. Sam, deixe a senhorita Kornkamon sair por cinco dias…
Certo, eu permito.”

“Ei… está falando consigo mesma?”

“Nas séries, eles podem falar consigo mesmos. M. L. Sam deu a


permissão. Você pode sair, ebaaaa!

Estou apaixonada por uma garotinha de três anos?

”Para onde vamos?”

“Para um lugar silencioso, onde ninguém irá nos encontrar.”

37

Senhorita Duan Pen

Onde ela está me levando é tão longe de Bangkok. Se eu soubesse que


seria 700 quilômetros de distância da capital, teria cancelado este plano.
Nós duas partimos no meio da noite e chegamos na noite seguinte. Ela é
uma motorista durona.

“Está exausta. Quer dormir?”

“Não.”
“Uau. Você é uma excelente motorista.”

“Não, estou com dor de dente.” Ela me olha com uma carinha de dor,
como uma criança. “Está doendo tanto.”

“E como vamos achar um dentista neste interior? Está com tanta dor
assim?”

“Está doendo muito.” Ela responde com lágrimas nos olhos. “Mas o que
mais dói é eu não poder te beijar.”

“Oh, querida.” A provoco para fazê-la rir, mas ela está com muita dor para
rir, em vez disso, ela faz uma cara emburrada.

“Não me provoque. Se não puder te beijar, não farei outras coisas com
você.”

“Mas eu posso fazer com você, Khun Sam. Não estou com dor de dente.”

“Não, eu também quero fazer. Não vou deixar você fazer.”

Foi culpa minha de novo… Melhor mudar de assunto.

“Então, onde vamos passar esta noite?”

“Eu reservei. Deve ser por aqui.” Khun Sam está procurando o lugar
enquanto coloca o queixo sobre o volante do carro. “Está tão escuro lá
fora. Ah! Tem uma casa ali. Deve ser aquela casa.”

A luz da janela da casa de madeira de dois andares nos dá esperança de


que teremos um lugar para passar a noite, então estacionamos na frente
da casa. Khun Sam sai do carro para tocar a campainha e aguarda o sinal
de alguma criatura viva.

Uma garota baixinha de cara lavada nos recebe na porta. Pisco os olhos
para ver claramente a anfitriã, porque a achei adorável.

“Boa noite, esta é a casa EarngEai que estava disponível para locação,
correto?”

“Sim, estava esperando por vocês.”

A linda garota, que deve ter minha idade, cumprimenta a Khun Sam, que é
mais velha, antes de sorrir para mim.

“Você pode estacionar dentro da cerca.”

“Obrigada.”
Então Khun Sam volta para o carro e o estaciona na vaga. E eu continuo
olhando deslumbrada para a linda garota.

“Você fica aqui sozinha?”

“Não. Estou aqui com meu amor. Está trabalhando no segundo andar.”

“Entendi.”

Olho compreensível para a luz da janela do segundo andar. Então, pego


as coisas do carro após a Khun Sam tê-lo desligado. Ficaremos em uma
casa separada, que parece um container compacto com um interior
moderno, contrastando com a casa de madeira.

“Meu amor decorou. Estudou esta área.”

“Entendi. Que legal.” Khun Sam disse admirada. “Se eu comprar uma
casa nova, chamarei seu marido para decorar para mim.”

“Oh!…” Ela parece envergonhada. “Marido?”

“Ah… você não se casou ainda?”

“Sou casada, mas é um pouco estranho esta palavra ‘marido’. Nunca a


usei antes.”

“Por quê?”

“Me desculpe, é difícil explicar. A propósito, Khun Sam e…”

“Sou Mon.” Me apresento rapidamente. “Pode me chamar de Mon. Sem


problemas.”

“Khun Sam e Mon estão em uma viagem familiar, correto?”

Khun Sam ergue um pouco a sobrancelha quando é perguntada desta


forma.

“Somos um casal.”

Olho espantada para a Khun Sam. Mas EarngEai sorri e assente com a
cabeça compreensivelmente.

“Entendo. Então, descansem bem esta noite. Se acordarem cedo, podem


ir dar uma caminhada. O clima é muito bom aqui.”

“Alguma clínica dentária por aqui?” Pergunto a ela, porque a Khun Sam
parece estar sofrendo com sua dor de dente. EarngEai assente.
“Sim, na cidade, perto do mercado.”

“Um interior desse tem clínica dentária.” Khun Sam fala consigo mesma.
Toco seu braço para alertá-la que disse em voz alta.

“Khun Sam!”

“Então, sejam nossas convidadas. Qualquer problema que tiverem,


podem me chamar a qualquer momento.”

Quando a anfitriã sai, eu repreendo a Khun Sam.

“Por que disse a ela que somos um casal? Nem todas as pessoas aceitam
um relacionamento como este.”

“Viemos para bem longe onde ninguém nos conhece, né? Eu só quis
anunciar que você é minha namorada… mas ela nem ficou surpresa.”

“Ela deve ter ficado surpresa sim, mas não demonstrou em respeito a
nós. Vamos dormir. Você precisa descansar. Você dirigiu por muito
tempo”

“Se tivéssemos ido para Hong Kong ou Japão, não teria sido tão difícil
assim. Mas você se recusou a ir para o exterior.”

Por que ela coloca a culpa em todo mundo?

***

Mesmo ela tendo reclamado tanto, quando sua cabeça tocou o


travesseiro ela dormiu rapidinho. E foi como a EarngEai disse noite
passada, o clima aqui é tão fresco pela manhã. Tem uma leve neblina.

Enquanto estou aproveitando o ar fresco, vejo alguém rondando o carro


da Khun Sam.

“O que está fazendo?”

“Oops!”

A garota estremece quando pergunto. A garota de longos cabelos negros


vira o rosto lentamente para mim. Fico atordoada com a mulher na minha
frente. Ela é tão charmosa, como uma modelo, rosto fino e alta. Agora ela
está me olhando.

“Eu não estava fazendo nada, apenas olhando… Você deve ser a hóspede
da Eai.”
“Ah… Sim. E você?”

“Sou outra anfitriã. Meu chamo Kainlong.” A modelo continua me


encarando. Agora estou enfeitiçada pelo seu charme.

“Prazer em conhecê-la, Kainlong.”

“Você é…”

“Mon.”

“Mon?”

“Isso.”

“Este carro é seu? Você é tão rica. Não parece milionária.”

Ela é uma garota curiosa ou apenas para frente? Ainda sou sua hóspede?
Me respeita. Ahh. De qualquer forma, estou familiarizada com a Khun
Sam. Não ligo.

“Ahhh.”

“Não quis dizer que você parece pobre, mas não tem aquela aura.”

“Sim.”

“Por que parece chateada? Como posso explicar a você? Este carro é
muito caro. E julgando pelo seu look, uma motocicleta combinaria mais
com você.”

Com isso é melhor? Dou um sorriso amarelo com lágrimas nos olhos.

“Eu não quis te chatear. Você combina com o interior, é isso.”

Ai…

“De qualquer forma, só estou curiosa. Já que você é tão rica, porque não
foi para Hong Kong, Japão ou Europa? Por que escolheu o interior?”

“Tenho medo de andar de avião. Então, dirigimos até aqui.”

“Ah… entendi. Mesmo podendo comprar um carro de luxo, você escolheu


um amarelo parecido com táxi?”

“Kain!”

“Ai… Por que me bateu?”


EarngEai, que saiu da casa, deve ter ouvido o que estávamos falando,
então deu um tapa na mão da Kainlong para pará-la. Eu apenas sorrio
para elas. Se Kainlong fosse a Khun Sam, também teria batido nela. Que
péssima anfitriã.

“Como fiz uma coisa desta para nossa hóspede? O carro dela é tão
maneiro, por que está perturbando-a?”

“Este modelo deveria ser carmesim ou preto. Por que ela escolheu
amarelo? Só colocar uma plaquinha que vira um táxi.”

“Eu gosto de amarelo.”

Khun Sam disse atrás de mim. Ela encara Kainlong indignada. Kainlong
olha minuciosamente para a Khun Sam.

“Você deve ser a dona do carro… Boa aparência e charmosa. Já te vi


antes…?”

“Talvez nas revistas. Já dei algumas entrevistas.”

Consigo ver algo entre a Khun Sam e a Kainlong. Elas estão tentando
blefar uma com a outra. Antes que a situação piore, Eai intervém para
encerrar esta guerra.

“Pela manhã, recomendo que caminhem perto do mercado, é bem vívido.”

“Parece bom. Melhor irmos ao mercado. Prazer em conhecê-la, Kainlong.”


Sorrio para elas e me afasto. “Mas ainda não conhecemos seu marido.
Por favor, diga olá a ele por nós. Khun Sam quer contratá-lo como
designer de interior.”

“Você já o conheceu.”

“Hm.”

Eai aponta para a garota alta ao lado e sorri de orelha a orelha.

“Kainlong é meu amor.”

“Então, foi por este motivo que ela não ficou surpresa quando Khun Sam
disse que somos um casal. Ela também faz casal com uma garota, como
nós. Além disso, a Kainlong é tão linda.”

Falo enquanto estamos indo ao mercado. Já a Khun Sam, ainda está mal-
humorada e insatisfeita com alguma coisa.

“Ela é mais ou menos. Você está exagerando.”


“Você não concorda que a Kainlong é linda?”

“Não, ela não é linda, já que chamou a senhorita Duan Pen de táxi.”

“Quem é Duan Pen?”

“Meu carro. Não. Não chame a Duan Pen de carro, ela pode ficar irritada.
Seu nome completo é Senhorita Duan Pen e seu apelido é ‘A que ilumina
o céu’.

“Duan Pen é seu carro e é uma senhorita.” Que adorável. “Se Kainlong
não é linda, então é o quê? De boa aparência? Pele boa? Ela não deve
morar no interior… E a EarngEai disse que é casada, elas são casadas….
Ahhh, sou tão tímida.”

Ergo minhas mãos para tocar minhas bochechas e imagino uma


cerimônia de casamento. Ahh… Como seria? Quem usaria terninho e
quem usaria vestido de noiva?

“Você quer se casar?”

“Não mesmo, já vi no jornal. Não esperava ver isso pessoalmente.”

“Vai se casar comigo?”

“Louca, o que está dizendo? Não brinque com isso. Você é uma Mhom
Luang. Você irá desonrar sua família se casar com uma garota como eu.”
Eu dou uma risadinha, mas Khun Sam está em silêncio. Ela me olha
indignada.

“Como? Sou uma M. L., e daí? Sou superior a você?”

“Eu já sei, M. L. é uma pessoa comum. Mas quando penso que você vai se
casar com uma mulher, não deveria ser. Não é bom.”

“Você não quer se casar comigo?”

“Não. Não é isso.” Ainda estou rindo. “Não fique séria. Estamos falando
da EarngEai, não sobre nós.”

“Se eu quiser me casar com você, você se casaria comigo?”

E agora ela está mais séria. Seu olhar não esconde uma piada e eu paro
de rir.

“Não vou.”

“Por quê?”
“Não sou digna.”

Ela me olha e morde os lábios, como se estivesse impaciente. Então vira


o rosto e sai andando na frente.

“Vou procurar pela clínica dentária. Se quiser ir ao mercado, pode ir.”

“Mas é na mesma direção.”

“Me deixe sozinha.”

Khun Sam se afasta rapidamente, e não me atrevo em segui-la porque


tenho medo de que ela fique brava comigo. Só me resta olhá-la
dolorosamente.

Eu realmente não sou digna… Tenho que ser humilde aqui.

38

A ser anunciado

Voltei para nossa estadia sozinha. EarngEai, que está falando com seus
pássaros do lado de fora, me olha curiosa antes de vir em minha direção.

“Esqueceu alguma coisa?”

“Não, apenas me senti um pouco tonta. Então deixei a Khun Sam ir


sozinha ao mercado.”

Agora estou tão deprimida. Ela sente algo estranho em mim e pergunta.

“O que foi? Por que parece tão chateada? São suas férias, não são?”

“Ah…” Não sei como responder esta pergunta, então desvio o olhar e
vejo que a Kainlong continua rodeando o carro da Khun Sam. “Kainlong
está muito interessada na Senhorita Duan Pen.”

“Senhorita Duan Pen?”

“É o nome do carro, Khum Sam deu o nome de Duan Pen, o apelido é ‘A


que ilumina o céu’.”

“Belo nome.”

EarngEai está rindo e eu também sorrio quando penso na pessoa


adorável que deu nome ao carro.
“Kainlong está obcecada com a Duan Pen. Se não estivesse, ela não
estaria dando voltas ao redor do carro assim. Mas ela gosta de
ridicularizar, ela não consegue ver quem é mais rico ou melhor que ela.”
EarngEai balança a cabeça e ri. “Parece que terei que comprar um carro
novo. Quanto ele custa?”

“Não sei. Só ouvi falar que é caro.”

A anfitriã continua olhando pensativa para o carro amarelo. Eu olho para


a pequena garota, que está agindo como se fosse comprar, então fico um
pouco surpresa.

“Você vai comprar?”

“Se a Kainlong gostou, vou comprar para ela.”

Uau, que gastadora.

“Parece bom. Poder gastar dinheiro com as pessoas que amamos, é algo
que desejo. Quero poder fazer o melhor pela Khun Sam, mas não poderia
pagar algo assim.”

“Por que está falando isso?”

“Estou agindo como uma garotinha. Ah… Sou tão pobre, por outro lado,
Khun Sam é tão rica. Existe essa diferença de classe entre nós.”

“Você pensa demais. Hoje em dia, não existe isso de classe.”

“Você diz isso porque tem uma casa, tem seu próprio negócio…”

“Antes, eu não tinha nada do que você viu… Muito diferente da Kainlong,
ela sempre foi rica.” EarngEai olha para a outra garota. “Por nos amarmos
tanto, ela sacrificou muito para viver aqui comigo.”

“Ela é tão rica assim?”

“Milionária. Ver aquele carro significa que ela sente falta da sua antiga
vida.” EarngEai disse isso com um pouco de tristeza e se apressa em
esconder com um sorriso. “Quê? Estou te acalmando, por que fiquei
triste de repente?”

“Você já se casou com a Kainlong?” Esta é a pergunta que ainda estou


curiosa em saber a resposta, porque não acredito que garotas como nós
podem ter uma cerimônia de casamento tradicional. “Se casou como um
homem e uma mulher.”
“É real. Aquela garota ridiculamente rica me pediu em casamento.” Ela
me mostra o anel com a letra ‘K’ em seu dedo. “Ela cumpriu a promessa.
Eu disse que queria me casar, então ela se casou comigo.”

“Ninguém se opôs?”

“Tivemos vários obstáculos, mas conseguimos atravessar todos. No fim,


o amor é sobre duas pessoas. Classe, dinheiro, status ou o que for, não
são nada. Não incluímos dinheiro ou bens na base da nossa relação. Para
Kain e eu, simplesmente nos amamos… da alma… não sei bem que
palavra usar para expressar nosso amor.”

“… Me conte sobre o relacionamento de vocês, não precisa entrar em


detalhes. Eu gostaria de saber.”

“Contar? Ah, eu tenho um pouco de vergonha. Bem…” EarngEai me puxa


pela mão para entrarmos na casa, ela me leva até o segundo andar onde
tem um computador no canto da sala. “É melhor que leia como uma
história em quadrinhos. Kainlong desenhou em um site. Será mais rápido
do que ler tudo o que eu escrevi.”

“Escreveu?”

“Eu sou escritora, Kain é desenhista… Leia, eu nunca contei a ninguém


que a história é baseada em fatos reais.”

Ela sorri para mim antes de ouvirmos o alarme do carro da Khun Sam
disparar.

“Já volto. Deve ser obra da Kainlong.”

E sou deixada sozinha na escrivaninha. Então, abro o arquivo. Se chama


‘COMPANHEIRA’ na versão da história em quadrinhos.

……

…………….

Ah… Duas horas se passaram.

Li muito rápido e parei em um ‘Continua…’. Meu coração está batendo tão


rápido. Li a HQ sabendo que foi baseada na história real da EarngEai com
a Kainlong.

Tantos obstáculos no caminho, de início, pensei que era uma novel da


Chaoplanoi, que é recheada de sonhos de jovens garotas.
Desço para o primeiro andar e vejo a Kainlong tendo uma boa conversa
com seu amor. Sorrio para as duas. A garota de olhos lindos, que estava
me esperando, está acenando com as mãos para me chamar.

“E aí? Foi divertido?”

“Não sei se devo dizer se achei a história divertida ou não. Era sua vida.
Das duas.”

“Tudo bem. Se foi divertido ou não, pode nos dizer. Uma desenhista ficará
orgulhosa de sua obra.” EarngEai apoia o queixo no ombro da Kainlong.
“Está se sentindo melhor? Após ler nossa história de amor.”

“Bem, meus problemas são menores, agora que comparei com o de


vocês. Mas não consegui terminar a história porque precisava comprar
moedinhas para ler o resto. Não tenho moedinhas. Ahh.”

“Eu estava certa, ela não tem dinheiro.”

“Kain!”

Kainlong disse sem rodeios e foi repreendida por sua esposa. Rio da
situação porque não estou preocupada com isso. Ela é do tipo de garota
inocente que não mede as palavras, com a Khun Sam, mas Khun Sam é
mais vertiginosa.

“Por que está tão preocupada? Se sua namorada te ama, apenas ame-a
de volta. Vá com calma.” Kainlong deve ter ouvido algo de sua amada.
“Se preocupar não ajuda a melhorar nada.”

“Sim.”

“Mas você é tão pobre, ao contrário da sua namorada.”

“Kain!”

EarngEai repreende sua amada, mas parece que a Kainlong não liga.

“Estou dizendo que dinheiro não importa. Um homem rico pode querer
uma mulher rica por motivos de negócios, mas no fim vai ter amantes
para suprir suas necessidades… com uma mente compreensiva.”

“Oh! EarngEai olha admirada para a sua amada. “Que belo motivo…”

“Milionárias como nós… Quero dizer, eu e a dona do táxi.” Ela continua


provocando. “Só queremos alguém que nos entenda e nos ame. Então,
pare de ser boba. É a dica que te dou.”
Sorrio e agradeço a ela por ser franca e orgulhosa. Às vezes as palavras
dela me machucam, mas foi uma boa dica.

“Muito obrigada, Kainlong. Compreendi.”

Por causa da dica dela, tenho mais motivação e esperança em relação a


nossa diferença de classe, status e idade. Devo ter me preocupado muito
com isso e me insultado ao esquecer que a Khun Sam me ama do jeito
que sou. Eu apenas me desvalorizei. Preciso me desculpar com ela.
Agora ela deve estar mal-humorada.

Primeiro, vou ao mercado para encontrá-la, mas o mercado deve estar


fechado porque passei muito tempo lendo a HQ. Mas espero que não,
talvez tenha sorte. Ainda tem algumas lojas abertas nesta cidadezinha.
Estou à procura de um consultório dentário. Não deve ser difícil em uma
cidade pequena.

Ring, Ring

A campainha da porta da frente toca quando empurro a porta. Vejo a


Khun Sam no balcão da frente, ela está tocando a bochecha e falando
curiosamente com a dentista. Deixe-me adivinhar. Ela acabou de tratar
sua dor de dente.

“Khun Sam.”

Khun Sam e a dentista me olham ao mesmo tempo e outro rosto lindo me


enfeitiça. Que maravilha de cidade é essa? Está cheia de gente bonita.
Kainlong, que parece ter saído da capa de uma revista e agora essa
dentista.

“Huh.”

Khun Sam faz um som rouco e vira o rosto. A dentista olha para nós e
ergue as sobrancelhas enquanto sorri. Faz meu coração acelerar.

“Linda.”

“Oi?”

“O que você disse?” Khun Sam me olha curiosa e então olha para a
dentista atrás do balcão.

“Está elogiando a dentista?”

“Sim.”

“Pensei que era eu.”


“Por que preciso te elogiar o tempo todo?” Olho para a Khun Sam, que
ergue as sobrancelhas. “Como foi?”

“Cáries.” A linda dentista adoravelmente cerra os olhos para a Khun Sam.


“Você precisa escovar os dentes direito antes de dormir.”

“Mas eu não comi doce.”

“Independente do que comer, precisa escovar os dentes direito.”

“Posso beijar?”

“Khun Sam!” Eu quase bato nela por ter feito esta pergunta inocente à
dentista. A dentista nos olha após perceber, mas não diz nada.

“Espere um tempo antes de beijar. Você é crescida. Se tiver mais cáries,


sua irmã mais nova vai te provocar.”

“Ela não é minha irmã, é minha namorada.”

Parece que a Khun Sam sente muito orgulho de anunciar para o mundo
todo que sou sua namorada. Estou com vergonha. A dentista não fica
surpresa com a gente, apenas sorri.

Esta cidade não se admira com o relacionamento entre duas mulheres. É


normal por aqui?

Ring, Ring

A campainha da porta da frente toca novamente por uma garota baixinha


de voz alegre, que faz a dentista sorri de orelha a orelha.

“Pam. Vamos jantar.”

“Hum. Estava te esperando…” A dentista responde. Então ela se vira para


falar com a Khun Sam. “Não se esqueça, independente do que coma,
escove bem os dentes antes de dormir.”

“Mesmo se eu comer minha namorada, né?”

“Khun Sam!”

A dentista Pam segura o riso.

“Independente do que coma, se usar sua ‘boca’, precisa escovar bem os


dentes… Para manter sua saúde e do que quer que esteja comendo…”

“Já comeu sua amada?” Khun Sam pergunta à dentista enquanto olha
para a pequena garota que acabou de entrar.
“Às vezes, ela é como um doce com vida.”

A dentista olha para a pequena garota. E seguimos o olhar. Aquela garota,


que não ouviu o que falamos, olha para nós e sorri.

“Algo errado? Sinto que fui mencionada.”

“Vamos comer. Estou com fome.”

A linda dentista sorri para nós e sai com a garota. Vejo as duas andando
de mãos dadas.

Isso faz com que Khun Sam e eu nos entreolhamos.

“Elas são um casal?”

“Talvez.”

“Todas são lésbicas aqui? Não somos estranhas?”

“É normal em toda escola feminina. Tão simples.”

“Acha que elas são casadas como a Kainlong e a EarngEai?”

“Não sei.”

Então Khun Sam fica mal-humorada de novo e sai da clínica, como se


estivesse esperando um pedido de desculpas de minha parte.

“Khun Sam, ainda está brava?”

“Me deixe sozinha.”

“Eu sinto muito.”

“Não vou desculpar.”

“Por favor.” Corro e seguro o braço dela, inclino minha cabeça em seu
ombro e não ligo para os olhares dos demais. “Você está errada, eu te
perdoo.”

“Não é o mesmo. Viu? Não amamos igual.”

“Como não? Te amo desde a quarta série.”

A mal-humorada para de caminhar.


“Quem amou primeiro não significa que ama mais. É você. Você me
deixou chateada. Ultimamente, sou a única que demonstra que ama
muito. Então, apenas tentei te pedir em casamento e você recusou. Sou a
M. L. Sam, que tinha um noivo que queria muito se casar comigo, mas eu
o recusei por sua causa. Uma vergonha para mim.”

“Tão resmungona.”

“É verdade.”

“Se você não liga para os outros e insiste em se casar comigo, então eu
aceito.”

“Hum.”

“É sério. Eu aceito. Não ligo para o que os outros vão pensar. Você é uma
Mhom Luang, e daí? Você é mais rica do que eu, e daí?”

“Hum. Verdade, você é bem inferior a mim.”

“Khun Sam…”

Parece que não vou poder falar mais nada porque ela cobriu minha boca e
está rindo por ter me provocado.

“Por favor, me ame muito. Mesmo sendo inferior a mim, eu te amo. Se não
for minha boa garota, não te amarei mais.”

“Se não quiser me amar mais, fique à vontade. É isso.”

Caminho na frente e ela segura meu braço. Antes eu que estava


reconciliando, agora é a vez dela.

“Quê? Um minuto de reconciliação, sério?”

“Você está destruindo isso. Eu estava tentando me consolar de que só o


amor basta e de não ligar para a opinião dos outros, mas você destruiu
minha esperança.”

“Eu só estava brincando… Então, vai se casar comigo?”

“Se você quiser, eu vou. Mesmo sendo um pouco estranho.” Eu coço


minha bochecha com o dedo.

“Certo, eu quero.”

“É fácil assim?”
“Fácil assim. Então, quando voltarmos, vou anunciar a todos que
estamos em um relacionamento.”

Eu rio para esconder minha vergonha e olho para a mulher maravilhosa


que deseja tanto anunciar o nosso relacionamento.

“Sim, conto com você. Vamos deixar que o mundo todo saiba.”

Apenas mais um dia antes de termos que voltar para Bangkok. A


felicidade durou pouco, mas criou doces memórias. Não nos
preocupamos com as pessoas daqui porque ninguém conhece a gente.
Por outro lado, eles estavam mais focados em trabalhar do que se meter
na vida dos outros.

Porém achamos uma coisa errada. Khun Sam e eu estamos quase na


divisa da Tailândia, mas algo assim poderia acontecer com qualquer uma
de nós e surpreendentemente aconteceu com a Khun Sam.

Enquanto estávamos caminhando e tirando fotos alegremente no


mercado para recordação, ouvimos uma voz longe.

“Garotinha.”

“…”

“Garotinha.”

“…”

“Khun Sam!”

Alguém grita. Estremecemos e viramos em direção a voz. Uma mulher


sentada em uma pequena cadeira com materiais de pintura está acenando
para nós. Seu rosto parece familiar e me faz manter os olhos interessados
nela.

Mas Khun Sam está mais interessada nela do que eu e agora começa a
correr em direção a mulher.

“Khun Nueng!”

Khun Sam para em frente à mulher que a chamou e a mulher envolve os


braços em Khun Sam.

“Pensei que tinha visto errado. Mas é você mesmo, Khun Sam.”

39

Poder
Khun Sam, que é mais baixa, está envolvida pelos braços da Khun Nueng.

“O que está fazendo aqui, Khun Nueng?”

“Apenas viajando, que surpresa. Vamos nos sentar.”

Khun Sam me olha e não estou entendendo o que está acontecendo.


Então ela me puxa pela mão e me faz sentar.

“Mon… Essa é minha irmã mais velha. M. L. Sippakorn.”

“Apenas me chame de Nueng.”

Levanto minha mão estranhamente para cumprimentá-la. Meu Deus,


encontramos a irmã da Khun Sam aqui, tão longe de Bangkok. Vestida
casualmente, confortável, com um pouco de estilo indie e como uma
mulher comum, despertou minha curiosidade.

“Por onde esteve todos estes anos? Perdemos o contato por tanto
tempo.”

“Eu estava viajando pelo mundo. Quando o dinheiro acabou, voltei para a
Tailândia por um tempo para ganhar mais dinheiro, então depois voltarei
a viajar. A propósito, por que você está aqui? É tão escasso. Não
imaginava te encontrar aqui.”

“Apenas um período de férias. Desacelerar minha vida. Estou farta de ir


para o exterior.”

“Como chegou até aqui?”

“Eu dirigi.”

“Ah! Minha garotinha cresceu tanto. Não é mais a Barbie da vovó.” Então,
Khun Nueng me olha interessada. “Ela é sua amiga?”

Khun Sam permanece em silêncio por um momento antes de responder a


Khun Nueng assentindo com a cabeça.

“Sim, ela é minha amiga.”

Desde que chegamos aqui, Khun Sam não parava de anunciar o que
somos, mas agora com sua irmã, parece que toda sua bravura foi
absorvida por um buraco negro. Eu realmente quero ficar chateada com
ela, mas entendo a situação do momento.

“Por que veio com uma amiga? Cadê o Clerk?”


“Kirk?”

“Eu odeio o nome dele. Eu perguntei para ele várias vezes o que
significava, mas sempre dizia que era para facilitar quando fosse para o
exterior. Nunca me disse o verdadeiro significado.”

Por que ela está curiosa com uma coisa tão pequena como o significado
do nome dele?

“Ele está em Bangkok. Não veio com a gente.”

“Vai se casar com ele?”

“Jamais.”

“Você terminou com ele? O que a vovó disse?” Khun Nueng está falando,
mas não tira os olhos de mim. “Ela é sua amiga mesmo? Olhando para a
idade, ela parece ser bem mais nova.”

“Sou uma funcionária do escritório dela.”

Me apresento a ela em uma tentativa de ajudar a Khun Sam, mas Khun


Nueng é mais esperta do que pensei.

“Sam não sairia de férias com uma funcionária. Me diga a verdade, vocês
estão em um relacionamento, né?”

“Khun Nueng…”

A irmã mais velha de Khun Sam está animada e acena com a mão
descuidadamente.

“Por favor, confie em mim. Pode me dizer a verdade, não se esqueça que
frequentamos a mesma escola. Relacionamento entre garotas é normal
para mim.” Khun Nueng ergue as sobrancelhas para mim e chuta minha
perna levemente. “Me diga, vocês estão em um relacionamento, né?”

“Ah…” Eu olho para a Khun Sam, ela concorda com a cabeça me dando
permissão. Então, digo a verdade. “Sim.”

“Uau! Minha garotinha realmente cresceu. Você se atreve a desagradar


nossa avó. Ela sabe que você tem uma namorada?”

“Ela não sabe.”

“Vai contar a ela?”

“Não tenho motivos para dizer. Ela não anda muito bem…”
“Ela finge. Se continuar se preocupando com nossa avó, quando viverá
sua vida?” A irmã mais velha passa a língua nos dentes da frente
enquanto diz. “Olhe para mim. Eu fui forçada, tudo se quebrou e decidi
deixar tudo para trás. Não tenha medo.”

“Por você ter nos deixado, tudo piorou.” Khun Sam diz friamente. Mas
Khun Nueng olha para ela e sorri.

“Está me culpando?”

“Só disse o que vi. Quando você partiu toda a pressão caiu sobre a Khun
Song.”

“E a Khun Song se suicidou.”

“Então, foi minha culpa, né?”

Khun Nueng aponta o dedo para si mesma e balança a cabeça em


desaprovação. “Minha garotinha vai dizer que a Khun Song se suicidou
por minha causa. Percebe isso? Eu fui usada e forçada pela vovó, a
suicida deveria ser eu.”

“Nunca se sentiu culpada?”

“No início, me senti sim. Mas quando percebi que deveria andar com
minhas próprias pernas, nunca mais voltaria atrás. O fraco vai perder. E a
Khun Song era a fraca.”

“Khun Song se foi.”

“Então, a vovó colocou toda a atenção dela em você, minha garotinha… E


agora, você tem uma namorada. Uau. O que ela vai dizer?”

“Melhor irmos.” Khun Sam se levanta como se quisesse dar um fim à


conversa, porque ela não pode confrontar a própria irmã. “Fiquei feliz em
vê-la aqui.”

“Por que tanta pressa? Converse mais comigo. Ao menos, me deixe


desenhar para você.” Khun Nueng agarra o pulso dela e olha a Khun Sam
da cabeça aos pés. “Garotinha, você deve ser muito rica. Olha sua pele,
suas roupas. Mesmo se vestindo casualmente você se destaca.”

“…”

“Vou te desenhar. Não é caro. Me apoie. Não tenho dinheiro para comprar
comida há dois dias.”

“Sério? Khun Nueng, não comeu nada ainda?”


Ela olha com empatia para sua irmã mais velha. Mas Khun Nueng é tão
animada, então sorri como se quisesse dizer algo com o olhar.

“Eu escolhi meu caminho. Tenho que aceitar. Quando a hora chegar, você
decidirá o seu.”

Khun Nueng me olha e sorri, como se quisesse me dizer alguma coisa.

O que…

***

As férias acabaram. É hora de voltar para Bangkok. Desde que a Khun


Sam reencontrou sua irmã, ela está mais quieta. Então, tento acalmar seu
coração. Não sei como ela está, mas parece mal.

“No que está pensando? Pode me falar.”

“Estou preocupada com a Khun Nueng.” Khun Sam continua olhando


concentrada para a pista enquanto fala comigo. “E brava com ela ao
mesmo tempo.”

“Está brava com o quê?”

“Ela é egoísta. Nos deixou enfrentando muitas coisas difíceis aqui.”

“Ela deve ter os motivos dela.”

“Todas nós temos nossos motivos. Mas Khun Nueng é tão má. Eu
entendo o motivo dela ter deixado tudo para trás.” Khun Sam suspira.
“Mas ela não sente nada pelo que aconteceu com a Khun Song. Até
mesmo no funeral ela não apareceu.”

“Eu acho…” Paro para pensar no que devo ou não dizer. Então decido
falar. “Acho que você deveria ficar feliz em ver sua irmã, depois de tanto
tempo sem vê-la. Fazia quanto tempo?”

“Cinco anos.”

“Abandone o passado e aproveite o que você tem agora. Ao menos a


Khun Nueng está viva e sorrindo o tempo todo.”

“Ela não tem dinheiro. Dei todo o dinheiro que trouxe a ela e saquei mais
20000 baht para ela.”

Nt: Aproximadamente R$ 2820 na cotação atual.


“Sério, você está mais preocupada com ela do que brava, né?” Sorrio
para a Khun Sam que não esboça nada. “Você pegou o número de
telefone dela?”

Khun Sam arregala os olhos por um momento e me olha com lágrimas


nos olhos.

“Não, me esqueci.”

“Mas eu pedi a ela para você.” Eu rio, olho para a tela do meu celular e
mostro o número da Khun Nueng. “Assim, você poderá ligar para ela
quando quiser… Cuidado, Khun Sam! Foque na estrada!”

Ela volta imediatamente a se concentrar na estrada, porque o carro estava


indo em direção ao acostamento.

“Você é tão atenciosa.”

“Ligue para ela quando sentir saudades. Khun Nueng disse que me daria
o número dela, caso precisasse pedir dinheiro emprestado com você.”

“Te deu o número para me pedir dinheiro?” Antes, ela não era assim.”

“Deve ser uma piada. Ela poderia estar relutante em te passar o número
dela.”

“Hum.”

“Desta vez vamos voltar para o mundo real. Argh. Está na hora de
procurar por um novo trabalho.” Eu suspiro. “Também preciso fazer
novas amizades. Ah, só fiz amigos aqui.”

“Você não precisa pedir demissão. Eu sou a dona. Não vou te demitir,
quem se atreveria em te demitir?”

“Você não deveria fazer isso. Você é a chefe. Deveria seguir à risca as
próprias regras. Se não, eles vão criar rumores sobre você.”

“Tanto faz, não vou deixar você sair.” Ela disse mal-humorada.

“Khun Sam.”

“Ninguém além de mim pode te demitir.”

***

Mas… ela se esqueceu do outro chefe?


Quando volto a trabalhar, imediatamente o Sr. Kirk me chama para
conversar e mostrar o poder de chefe que tem sobre mim.

“Faça sua escolha. Vai pedir demissão? Ou eu irei te demitir.”

Khun Sam, que está conosco, está olhando furiosamente para o Sr. Kirk.
Se ela tivesse uma faca, teria enfiado nele.

“Kirk, por favor, honre meu desejo. Sou a outra dona.”

“O que estou fazendo é menos do que você fez.” O Sr. Kirk se senta na
cadeira da Khun Sam. “As regras da empresa são claras, não posso fazer
exceções. Não só a Mon será afetada pela regra, mas a Yah também. Eu
acabei de falar para ela pedir demissão, porque fiquei sabendo que ela
tem um caso secreto com um homem do mesmo departamento que tem
esposa e filho. Recentemente, a esposa dele veio cheia de raiva aqui.
Então, tive que lidar eu mesmo com a situação.”

“Entendi, pretende se vingar de mim, né?”

“Tanto faz. Estou apenas acabando com o problema aqui…” Sr. Kirk me
olha e sorri maliciosamente. “Por favor, me entenda.”

“Tudo bem. Eu entendo.”

Respondo a ele mesmo não concordando. Não me arrependo de ter sido


demitida. Mas estou chateada de ter perdido um bom irmão, que agora me
olha com indiferença.

“Bem, talvez seja mais difícil.”

“Mesmo você a tendo demitido, tudo continuará igual, nada mudou.”


Khun Sam disse lentamente. “A diferença é que agora eu te odeio mais
ainda, Kirk.”

“Se me odeia, significa que ainda tem sentimentos por mim.”

“Então, se você acha isso, te mostrarei do que sou capaz… Observe.”

Khun Sam me agarra pelo pulso e me puxa para fora da sala. O Sr. Kirk,
que já viu a Khun Sam fazer coisas estranhas, corre atrás da gente.

“Atenção todos, Kornkamon pediu demissão.” Khun Sam anuncia em voz


alta. Agora todos estão se entreolhando e prestando atenção em mim.
Agora, estou no holofote.

“Sam, o que está fazendo?” O Sr. Kirk pergunta, mas a Khun Sam
continua.
“Eu terminei com o Kirk e agora estou em um relacionamento com a
Kornkamon, como casal… quero dizer, namoradas.” Ela explica
claramente. Claro, todos estão confusos.

“Não sei como explicar.”

“Gostaria de informar a todos sobre isso. Terminei com o Kirk e agora


estou namorando a Mon. Obrigada pela atenção.”

Khun Sam me puxa para fora do escritório imediatamente. O Sr. Kirk nos
segue e segura meu pulso para nos parar.

“Sam, por que fez isso? Você me humilhou!”

“Você fez isso primeiro.” Ela olha para meu pulso que está preso pelas
mãos do Sr. Kirk. Parece que ela está com ciúmes de mim. “Por favor,
solte o pulso da Mon. Não gosto de ver ninguém tocando na minha
namorada.”

“Como a vê sendo melhor do que eu? Quem veio primeiro?”

“Mas você já tem a sua garota.”

“Mas…”

“Já chega, Kirk. Não piore as coisas. Ainda te considero meu amigo. Se
não parar, irei te odiar de verdade.”

E eles estão brigando com os olhos. O perdedor é o Sr. Kirk. Ele solta
meu pulso com tristeza.

“Eu te amo, Sam.”

“Eu não te amo.”

“Não vou desistir. Farei de tudo para tê-la de volta!”

“Problema seu. Mas deixo logo avisado, não vai funcionar. Você só vai
me irritar mais ainda.”

Khun Sam me puxa para o elevador enquanto o Sr. Kirk nos observa.
Então, ela aperta meu pulso com mais força. Mesmo que ela esteja agindo
friamente, sei que está machucada.

“Khun Sam…”

“Tudo bem. Machucar alguém é tão doloroso, mas às vezes é


necessário.”
Olho para a Khun Sam, apoio minha cabeça em seu ombro como se
quisesse ser amada.

“Certo, Khun Sam, que seja.”

40

Minha Querida

Minha demissão aconteceu tão rápido, tudo o que planejei foi por água
abaixo. Mas foi bom o Sr. Kirk ter me forçado a pedir demissão. Tudo o
que posso fazer agora é procurar por um novo emprego. Aliás, meu novo
emprego chegou muito rápido.

“Você pode trabalhar comigo como minha secretária, um salário maior


que vinte mil sem necessidade de entrevistas.” Tee está tentando ser
legal. “Vou te apoiar. Não ligo para os boatos.”

Khun Sam olha para sua amiga.

“Por que tão fácil assim? Alguma intenção oculta?”

“Por que você precisa complicar as coisas? Apenas deixe-a trabalhar


aqui.”

“Você vai paquerar a Mon?”

“Se eu quisesse paquerar a Mon, teria feito isso desde a primeira vez que
a conheci.” Tee olha para a Khun Sam de forma desafiadora. “Se está
com tanto medo assim, flertarei com ela de agora em diante.”

“Não vou deixar você trabalhar com ela.” Khun Sam cruza os braços
enquanto encosta na parede.

“Não vou deixar você trabalhar em lugar algum. Fique em casa e seja
minha empregada.”

“Nãooooo, que gastadora! Meu Deus.” Kate disse. Então ela sorri e dá de
ombros. “Por favor, limite seus ciúmes. Mon tem a própria vida para viver.
Se ela for paquerada e não der atenção, não há nada com o que se
preocupar.”

“Não gosto do jeito que as outras pessoas olham para ela. Me sinto
estranha. Parece que o corpo dela está sendo escaneado.”

“Ai. Quem vai escaneá-la?” Jim disse irritada por causa dos hormônios
da gestação.
“Aww. Ninguém? Quando vi a Mon pela primeira vez, eu mesma fiz isso.”

“Psicopata!” Tee cruza os braços sobre o peito. “Quando você olha para
nós, suas amigas, você fica imaginando nossos corpos?”

Enquanto Kate e Tee estão nervosas, apenas Jim fala com a Khun Sam.

“Se seu escâner é bom, por favor, me diga se vou ter um menino ou uma
menina. Eu quero parir logo, quero beber licor, mas não posso.”

“Eu não acredito que você veio de uma família da alta sociedade.” Disse
Khun Sam. “Parece que você veio da favela.”

“Estou sendo repreendida pela P. P.? Foi mal, gata, não sinto nada.” Jim
responde.

“Deixe a Mon trabalhar com a Tee, ela precisa ter a própria vida e tem que
cuidar dos pais. E quanto a você, tem sua própria vida também, tem sua
avó. Todas nós temos nosso próprio fardo. Pare de ser mimada.”

“Isso mesmo, Khun Sam. Eu quero ter meu próprio trabalho. Será bom
trabalhar com a Tee, ela vai te ajudar a relatar sobre mim. Ficar próxima
dela assim, ninguém vai se atrever a se aproximar de mim.”

“Sim, ou Tee vai dizer a todos que Mon é a garota dela. Ninguém vai se
atrever a nada. Começar aqui como secretária, com um salário de vinte
mil… Bem melhor do que no seu escritório.” Jim disse enquanto tira
meleca do nariz.

“Vamos, Khun Sam. Não se preocupe comigo. Vou trabalhar aqui com a
Tee e o escritório dela é mais perto da minha casa do que o seu
escritório.”

Então ela de repente me encara e recusa.

“Não vou permitir!”

“Mas que… diabos?”

“Perto da sua casa quer dizer… você não vai mais passar as noites
comigo.”

“Ah…” Fico atordoada com isso, me preparo para responder, mas ela me
interrompe e continua balançando a cabeça.

“Não vou permitir. Você deveria ser minha esposa que fica em casa. Te
pagarei salário.”

“Khun Sa…”
“Não vamos mais falar sobre isso. Não diga a tia Pom que você pediu
demissão, se ela souber, não vai deixar você ficar comigo.”

As amigas dela se entreolham e suspiram. Elas devem deixar eu mesma


resolver isso sozinha com a Khun Sam. O que devo fazer? Khun Sam está
com medo de eu não ficar mais em sua casa, já que vou trabalhar com a
Tee.

O tempo está passando, ainda não chegamos em um acordo. Não quero


parar de trabalhar e ser dona de casa. Mas não quero brigar com ela,
preciso encontrar um caminho. Estou muito estressada.

Não trabalhei por cinco dias e fiquei revezando entre minha casa e a casa
da Khun Sam. Mas fiquei mais na casa dela. E ela saiu mais cedo do
trabalho todos os dias para passar mais tempo comigo.

“É bom estar em casa com você.”

Ela disse enquanto assistíamos televisão juntas. Ela me comprou muitos


petiscos. Acho que ela tem planos para esta noite, julgando pelas bebidas
que trouxe.

Mesmo eu sendo fraca para licor, ela compra mais.

“Mas estou entediada de ficar assistindo televisão. Não tenho nada para
fazer.”

“Então você pode passear na loja de departamento, ou está sem


dinheiro?” Khun Sam se apressa em pegar a carteira e me dá uma nota de
mil sem pensar. “Pegue e compre o que quiser.”

“…”

“O que foi?”

“Não estou bem com isso.” Disse da mesma forma que estava pensando.
E encaro Khun Sam, que está confusa. “Como posso aceitar seu
dinheiro?”

“Por que não? Você é minha namorada.”

“Os outros vão dizer que estou com você por causa do seu dinheiro.”

“Mas eu sou realmente rica.”

“…”

“Você parece chateada comigo.”


“Sim. Não gosto do que está fazendo, de me jogar seu dinheiro.” Me
levanto e me afasto sem dizer mais nada. Khun Sam me segue confusa.
Ela segura meu pulso para me parar.

“Não foi o que eu quis dizer. Você está entediada, então te dei dinheiro
para fazer compras.”

Fecho meus olhos e tento entender a mulher que está na minha frente.
Não vou me irritar com ela… não vou.

“Não quero viver a suas custas.”

“Mas você pode.”

“Khun Sam!”

“…”

“Não quero que nosso relacionamento seja baseado em benefícios. Um


dia, se terminarmos, você vai me culpar.”

Ao ouvir a palavra ‘terminarmos’, Khun Sam me olha indignada. Ela


sempre é sensível com tudo relacionado ao nosso relacionamento,
especialmente com a palavra ‘término’.

“Você vai terminar comigo?”

“Estava apenas dando um exemplo. Nada é imutável, hoje você me ama


muito, amanhã pode não amar.”

“Eu te amo todos os dias.”

“Apenas te dei um exemplo.”

“Não vou permitir que você diga isso. Não vou terminar com você.”

“Também não vou terminar com você.”

“Então não diga essas coisas.”

“Ah…” Khun Sam se aproxima de mim. Vendo-a ficar mais séria, fico com
um pouco de medo dela. “Certo, não vou mais dizer isso.”

“Vou te punir.”

“Eh…” Olho para ela e sei bem o que ela quer. “Mesmo estando irritada
ou não com você, você sempre faz isso comigo. Céus!”
Khun Sam me puxa escada acima pelo pulso. Surpresa e sentindo
cócegas, eu rio alto quando ela me joga na cama.

“Uh, Khun Sam, você é baixinha, mas forte.”

“Não diga mais a palavra terminar.” Khun Sam estica a mão e sobe em
cima de mim. Ela me pede como se estivesse implorando por meu amor.
“Quando ouvi aquilo, me senti triste.”

“Está com medo?” Levanto a mão para tocar o rosto dela. Acho que não
consigo parar de amá-la. “Não vou terminar com você. Não quero me
arrepender. Se terminarmos, será porque você disse, não eu.”

“Nunca.” Khun Sam desabotoa a própria blusa, revelando seu sutiã. Meu
coração está batendo tão forte. Ela sabe que sou sensível a seu corpo.

“Claro, nunca.” Tiro minha blusa para me preparar para ela e toco seu
pescoço com minha mão. “Não posso viver sem você.”

“Porque você me ama.”

“Sim, mas tem outros motivos.”

Khun Sam se inclina para me beijar com desejo e começa a descer para
meu pescoço e orelha.

“Quais os outros?”

“Seus lábios, Khun Sam… Uhhhh….” Eu seguro seu cabelo com força.
“Suas mãos.”

As suas mãos desabotoam meu sutiã com maestria e ela toca meu corpo
despertando um outro eu dentro de mim.

“Oh, você ama muitas coisas em mim.”

“Então como terminaria com você? Você me conhece bem.” Minhas


emoções estão flutuando no ar, não me esqueço de admirá-la e sorrir.
Khun Sam sorri de volta e morde meus seios suavemente.

“Hoje, aguente por mais tempo. Quero que seja lento.” Uso minhas duas
mãos para tocar gentilmente o rosto dela e a puxo para mais perto, então
a viro de cabeça para baixo. Agora, ela está de frente para minha parte
íntima.

“Mon…”

“Deixe-me fazer. Vamos sentir juntas.”


Mudamos de posição o tempo todo. Normalmente Khun Sam goza
primeiro, depois eu. Mas hoje, não quero apressar as coisas, vamos
deixar acontecer lentamente e cheio de emoções.

Tiramos nossas roupas, peça a peça, até nossos corpos estarem


completamente nus. Mesmo eu tendo dito para ela ir devagar, meu
coração não escutou. Estou penetrando-a cada vez mais rápido em seu
ponto sensível. Deixando-a gemer dolorosamente, cada vez mais alto.
Quando ela está quase chegando no ápice, eu paro. Não é para provocar,
mas como disse…

Quero que a gente atinja o ápice juntas.

Eu amo o cheiro dela. Às vezes gostaria de agradecer a mãe dela por ter
lhe dado à luz. Não é estranho querer morder alguém quando se está
apaixonada. Eu quero comê-la e ter tudo dela.

Como o amor é tão poderoso…

Quanto mais olho para esta mulher, que está gemendo debaixo do meu
corpo, mais sinto meu coração apertar. Há muita emoção e amor. É
carinho para mim, meu corpo está todo molhado, é difícil me segurar.

“Minha querida, deixe-me ajudá-la.”

“Que…”

O que ela disse me deixa incontrolavelmente mais quente. Ela usa sua
mão como uma profissional. Agora, minha visão está embaçada.

Ainda não… quero mais.

Subo em cima do corpo dela e movo meus quadris no meu ritmo, nossa
pele está molhada e se tocando. Nossas emoções estão crescendo
incontrolavelmente.

“Querida…” Estou segurando seu rosto e implorando. “Diga de novo, me


chame de querida. De novo, de novo.”

“Querida…” Khun Sam morde meu ombro suavemente. “Está bom? Está
gostando?”

“É gostoso… mais.” Eu a apresso indicando que estou quase lá. “Estou


quase… Uhhh… Ahhh.”

“Querida…”

“Ah…” Estou segurando o cabelo dela. Então ela força meu rosto para
baixo para beijá-la. Prendo minhas pernas em volta de sua cintura como
se quisesse compartilhar o que estou sentindo. Uma parte do corpo dela
ainda está dentro de mim. Sinto que ela está dobrando o dedo, tentando
tocar naquele ponto…

“Ahhh. Khun Sam, não mexa. Não aguento mais.”

“Quero saber onde fica o verdadeiro… ponto G.”

Me afasto um pouco dela para olhá-la.

“Então vamos tentar.”

Fui eu quem disse para irmos devagar. Mas continuamos fazendo


gostoso em um jogo furioso. Khun Sam deita ao meu lado e fecha os
olhos, exausta. Olho para ela e sorrio orgulhosa.

“Está me olhando?”

“Ah, achei que você estava dormindo.”

Khun Sam me olha com os olhos semicerrados.

“Não bebemos, por que você estava tão furiosa?”

“Nem vem. Só deixei os sentimentos me guiarem.” Me viro para apoiar


meu queixo em seu ombro. Agora, nossos narizes estão se tocando e
estamos mais perto. “Isso é verdade, o ponto G?”

“Você aprendeu, né? Como aprendeu sobre isso?”

“Aprendi com a gente fazendo amor.”

“Eita… fazendo amor?” Khun Sam fica um pouco surpresa quando escuta
esta frase, ela deve estar com vergonha. “É engraçado.”

“É o mesmo que seu ‘fazer sexo’” Eu rio e toco seu saboroso narizinho.

“Você fica excitada quando te chamo de querida?”

“Opa, deixei tão óbvio assim?” Agora eu que estou com vergonha.

“Sim, eu disse ‘querida’ por acaso e você gemeu tão alto.”

“Me faz sentir mais próxima de você, como você e o Sr. Kirk.” Mas após
ouvir o nome dele, ela fica chateada. “Sr. Kirk deve me odiar muito.”

“Ele vai ficar bem. Kirk é um cara fácil. Por que estamos falando dos
outros na minha cama?” Khun Sam levanta e me encara. “Quer ser
chamada de querida?”
“Eu gosto, mas não tanto assim. É melhor deixar para me chamar assim
em ocasiões especiais.” Faço careta e ela sorri e me beija suavemente.

“Certo. Mas somos um casal. Devemos nos chamar com apelidos


especiais.”

“Como?”

“Como os outros fazem. Eles se chamam de gordinha, bebê, docinho,


feinha ou querida.”

“Você gosta de algum destes?”

“Vou te deixar isso como dever de casa.”

“Dever de casa?”

“Sim, porque já estou indo dormir.”

“Ah, estava pensando que talvez teríamos uma segunda rodada.”

Khun Sam está chocada. Mas eu rio porque só queria provocá-la.

“Estou brincando. Vamos descansar. Te vejo amanhã… Aaah, por que


não me disse que estava com sono?”

Khun Sam me empurra e sobe inesperadamente em cima de mim.

“Mais uma rodada parece bom. Não vou recusar seu convite.”

***

Algum barulho no andar de baixo me acorda. Agora, Khun Sam não está
aqui, ela já foi trabalhar. São 10 horas da manhã.

Que barulho é esse?

Ou ela não foi trabalhar hoje?

Quando penso nessa possibilidade sorrio e me lembro dos momentos da


noite anterior. Demonstramos o quanto nos amamos, então ela deve estar
exausta e faltou ao trabalho.

Vou achar ótimo não ficar sozinha hoje.

Levanto da cama e coloco um vestido casual, porque só tem Khun Sam e


eu aqui. Já nos vimos até peladas, então não foco em me vestir direito.

Ela me deixou um dever de casa e agora sei como devo chamá-la.


“Minha querida!”

Grito pela Khun Sam, mas alguém que eu não conheço está lá embaixo.
Meu instinto me diz que não é um estranho e nem um ladrão, consigo
enxergar toda sua senioridade e habilidade. Uma senhora de cabelo
platinado me olha com olhar de julgamento.

“Quem é você, mocinha?”

Putz…

Como disse… Senti que ela não era uma estranha. Mesmo não a tendo
conhecido antes, sei que devo ser atenciosa com ela. Khun Sam nunca
deixou ninguém entrar, nem mesmo suas amigas. Então quem puder
entrar deve ser uma pessoa especial.

Muito, muito especial!

“Bom dia.” Me curvo para cumprimentá-la. Agora, sinto que serei


petrificada quando os lindos olhos castanhos dela me encaram.

“Eu disse ‘quem é você, mocinha?’”

“Mon, sou funcionária da Khun Sam.”

“Agora ela deixa qualquer uma entrar assim?”

A poderosa e assustadora senhora caminha em minha direção e me olha


da cabeça aos pés. Quando percebo o que estou vestindo e sem roupas
de baixo, me apresso em cruzar os braços por medo de mostrar o que fiz
através das minhas roupas.

“Sou Mon… Amiga da Khun Sam.”

“Funcionária ou amiga? Escolha uma opção.”

“Ah… h…”

“Você deve ser a garota que o Kirk me falou.”

Como eu pensei.

“Vovó?”

Um pequeno e misterioso sorriso… dela. O que me assusta é o


‘misterioso’ porque não sei como lidar com isso.

“Ah… Você é fofa.”


“…”

“Você é namorada da Khun Sam, da minha neta.”

41

Diferença

Enquanto estou sentada, com uma almofada no colo para cobrir meus
seios, a avó da Khun Sam, que parece mais nova do que a idade que tem,
permanece em silêncio e aproveitando para olhar a casa toda.

“É minha primeira vez aqui. Você vem aqui com frequência?”

“Ah… sim.”

“Hum…” A avó da Khun Sam diz antes de dar um gole em sua bebida.
“Bem, você conseguiu entrar no mundo da Khun Sam.”

Estou me sentindo estranha. Fiquei sabendo pela Khun Sam e suas


amigas que a sua avó é uma mulher digna. Ela é o motivo da Khun Sam
não poder ser ela mesma e ter começado a dizer o oposto do que pensa.
Mas estou vendo agora uma pessoa fácil de lidar.

“Posso te chamar de Mon?”

“Claro, como quiser.”

“Então, vou te chamar de Mon. Você é uma garota encantadora.” A avó da


Khun Sam sorri. “Mas você não é uma garota cuidadosa, nem está
vestindo calcinha.”

“Tenho que me desculpar por isso.”

As palavras dela me fazem corar de vergonha. Se eu tivesse uma máquina


do tempo, teria me vestido melhor e recebido-a de forma educada.

“Eu ouvi um pouco sobre você… filha de uma zeladora da antiga escola
da Khun Sam e seu pai é motorista de ônibus.”

“Sim.”

“Mas você tinha boas notas, entrou na mesma universidade que a minha
neta e se formou no tempo certo. Que perfeito, como se tivesse planejado
tudo isso.”
“Eu não planejei… ah… não mesmo.” Tento explicar a ela. “Khun Sam é
minha inspiração, ela é meu modelo a seguir. Eu tentei de tudo para ser
como ela. Então, não é exatamente.”

“E sobre ser a namorada dela, estava nos seus planos?”

“Não, não planejei isso.”

“Hum… fiquei sabendo que antes de relacionar com a Khun Sam, você
tinha um namorado… Nop, certo?”

Balanço minha cabeça rapidamente para negar.

“Não, não tinha. Nop é meu amigo desde criança.”

“Como o Kirk. Mas ele mudou de amigo para namorado. E agora o Kirk se
tornou um estranho, tem outra pessoa no lugar dele.”

A avó de Khun Sam me olha com um rosto ignorante, aguardando eu


cometer um erro. Tudo que posso fazer agora é me acalmar e esperar.
Mordo os lábios, aperto minha mão com pressão. Claro, me sinto culpada
pelo Sr. Kirk todos os dias, ele me via como uma irmã, mas eu o traí.

“Fiquei sabendo também que você e o Kirk tem uma boa relação, ele é
próximo de você.”

”S… sim. O Sr. Kirk é gentil comigo.”

“Como você trai alguém que é bom para você?”

Eita…

Olho para minhas mãos suadas e finjo sorrir porque não tenho uma boa
resposta para ela.

“Deve ser amor.” Ela responde por mim enquanto ri um pouco, mas não
me faz sentir melhor. “Você ama a Sam, Mon?”

“Ah…” Me sinto estranha ao ser perguntada desta forma. Mas respondo a


ela a verdade… “Com certeza, eu amo a Khun Sam.”

“Para você, o que é o amor?”

“O amor é…” Tento achar a resposta. Estou sendo testada? “É vê-la feliz
e estar feliz com ela.”

“Uma relação entre vocês duas, é amor?”

“Para mim, é amor sim.”


“Uma garota com outra garota?”

“Sim.”

“Hum…” A avó da Khun Sam assente com a cabeça como se estivesse


entendendo.

“Duas mulheres podem construir a própria família?”

“Ainda não parei para pensar sobre isso.”

“Pois deveria. Khun Sam já está com 32 anos.” A senhora balança a


cabeça como se ela discordasse de nós. “Em um relacionamento, você
precisa se preocupar com o futuro.”

As palavras dela me fazem lembrar da viagem em que conhecemos


Kainlong e EarngEai e de quando Khun Sam falou sobre nossa cerimônia
de casamento.

“Khun Sam disse que quer se casar comigo.”

Após eu ter terminado de falar, a poderosa senhora me olha ferozmente.


Estou pressionada agora.

“Khun Sam disse isso, sério?”

“Sim.”

“Casamento, e depois?”

“Nada depois. Apenas disse isso.”

“Filhos?”

“Sim?”

“Como ter um filho?”

Estou piscando meus olhos. Agora a conversa está indo longe demais. A
avó de Khun Sam está me envolvendo e me faz balançar a cabeça.

“Nunca pensei sobre isso. Somos duas mulheres. Como poderíamos ter
um filho?”

“Viu? É isso que quero te dizer.” A avó da Khun Sam sorri de canto de
boca. “Não podem ter filhos, não podem formar uma família, a natureza
não criou um casal de mulheres.”

“…”
“Por que você resistiria à natureza?”

“Khun Sam e eu ainda não conversamos sobre ter uma criança.” Acho
que devo lutar por algo aqui. “Mas vários casais do mesmo sexo têm
filhos.”

“Pode dizer o que quiser. Amor entre casais do mesmo sexo não vai durar
muito.”

“…”

“Não me entenda mal. Não sou uma avó malvada que vai proibir seu
relacionamento com a minha neta. Só quero conversar e discutir sobre o
ponto impossível. Vocês duas nunca planejaram o futuro.”

“Conversarei com a Khun Sam.”

“Isso não importa. Agora sei que a Khun Sam não leva esse
relacionamento a sério. É apenas uma ilusão.”

Encaro a avó da Khun Sam e ela me encara de volta em silêncio. A


senhora inclina a cabeça e me dá um sorriso frio.

“Vocês duas gostam de homens. A Khun Sam apenas segue os amigos


heterossexuais dela. E quanto a você, você apenas adora a Khun Sam e
teve a ilusão de que é amor. Você pode consertar isso agora.”

“…”

“Vamos terminar com isso. Deixe-a viver a vida que merece.”

É uma palavra simples, mas tão poderosa. Isso me obriga a me


conformar, mas por dentro estou resistindo com todas as minhas forças.

“Nos amamos, eu amo a Khun Sam.”

Digo suavemente, mas com firmeza.

“Você realmente ama a Khun Sam?”

“Sem dúvida.”

“Se a ama mesmo, por que insiste em arruinar o status dela?” A senhora
me encara e começa a me hipnotizar com seus olhos. “Ela é uma Mhom
Luang, namora com um empresário milionário da alta sociedade. Eles
dois possuem um futuro brilhante. São perfeitos juntos.”

“…”
“Mas você está arrastando-a para baixo. Você é apenas a filha de uma
zeladora e de um motorista de ônibus. E você… você sequer tem
emprego.”

“Eu…”

“Se isso é amor, significa que você está sonhando. Mas…”

A avó de Khun Sam me olha e continua sorrindo para mim, contrariando o


que está dizendo. Isto está perfurando e cortando meu coração. Agora,
entendi o que ouvi da Khun Sam e da Jim sobre esta mulher. Elas não
exageraram.

“Pessoas de classe baixa são imprudentes.”

***

“Ah, hoje você voltou para casa. Por que chegou cedo?”

“Apenas precisava trabalhar meio expediente.” Minto para minha mãe,


pois não quero dizer para ela que perdi meu trabalho. “Está cansada?”

“Hum. Cansada do quê?”

“Do seu trabalho. Está cansada?”

“Você é estranha. Estou casada sim, mas tudo bem… Opa, como quer
meu amor hoje?”

Abraço minha mãe com força e lágrimas nos olhos. Minha mãe fica um
tempo sem reação antes de me abraçar de volta.

“Estou tão orgulhosa de você.”

“O que foi?”

“Nada, apenas queria te dizer isso.”

Classe baixa…

A diferença entre Khun Sam e eu ficou bem clara hoje. E concordei com a
avó da Khun Sam sobre eu não merecer nada: honra, status social, ou
classe. Somos tão diferentes. E a diferença que deveríamos ter, não
temos.

Somos mulheres.

“Khun Sam te repreendeu? Você parece triste.”


“Estou exausta do trabalho. Hoje vou ficar aqui, mãe.”

“Fique à vontade, você não precisa pedir permissão.”

Certo… Esta é a casa da minha mãe. Por que perguntei? Eu raramente


volto para casa. Quando estou aqui, não sei o que fazer. Da última vez
que voltei para casa, passei a noite toda conversando com a Khun Sam.

A noite está se aproximando agora… Foi um dia longo.

Ting ting!

Som de um instrumento musical por perto. Olho na frente da minha casa


e vejo o Nop tocando um instrumento. Quando estou caminhando até ele,
meu celular vibra e me interrompe.

Chefe: Você não me avisou que voltaria para casa, por que deixou um
bilhete na geladeira?

Chefe: Bilhetes na geladeira ainda estão na moda?

Chefe: O que aconteceu?

Chefe: Mon Mon.

Leio as mensagens pela notificação, mas não abro para ler. Ainda não
estou preparada e ela não tem culpa de nada.

Me deixe ficar sozinha por um momento.

Essa é a primeira vez que ignoro as mensagens dela e tento prestar


atenção em outras coisas. Mas enquanto estou andando, paro de novo
quando meu telefone toca… claro, é a Khun Sam me ligando.

Não posso mais ignorá-la. Estou chateada, mas não posso descontar
nela. Não é certo.

“Sim, Khun Sam.”

[Por que não me disse que voltaria para casa?]

“Eu deixei um bilhete na geladeira.”

[Você é estranha. Hoje não é o dia que você volta para casa.
Normalmente, você volta aos sábados e domingos. O que aconteceu?]

“Eu só queria voltar, não posso?”

[Deve ter algo de errado.]


“Não tem nada.”

[Que barulho é esse? Quem está cantando?]

Nop está cantando e tocando violão alto. Penso por um momento antes
de dizer a verdade. “É o Nop.”

[Estou indo aí agora.]

“Quê? … Awww.”

Ela desligou a chamada tão rápido. Suspiro antes de caminhar até o Nop,
meu amigo que não falo há muito tempo. Meu lindo amigo caminha até a
cerca, para de tocar o violão e me olha admirado.

“Continue, estou ouvindo.”

“Mon, voltou para casa?”

Ele é desajeitado, isso me faz sentir mais culpada. Mas não estou mais
chateada com ele. Hoje, apenas estou com mais tempo livre para
conversarmos.

“Posso ouvir? Violão novo?”

“Venha, vou te mostrar.”

Vou até ele, me sento e escuto sua música. Mas não consigo sentir nada.
Um momento depois, ele para de tocar.

“Você não está me ouvindo. Estou triste.”

“Estou ouvindo sim.”

“Você está distraída. O que foi? Brigou com a Khun Sam?”

“Você parece minha mãe. Não, não estou pensando em nada.”

“Mas você parece infeliz. Uma garota apaixonada deveria estar mais feliz.
E você voltou para casa hoje. Normalmente, te vejo voltar aos sábados.”

“Está me vigiando?” Olho para ele admirada. “Você sabe que volto para
casa aos sábados, mas não veio me cumprimentar nenhuma vez.”

“Não me atrevo a cumprimentá-la… Da última vez fui o motivo da sua


briga com a Khun Sam. Acho que já sou odiado demais.”

“Quase. Mas não sou louca.” Eu rio. “Como você está, Nop?”
“Mais ou menos. Mas você não parece bem. Me diga, o que aconteceu?”
Nop pendura seu violão no gancho na intenção de me ouvir.

Sorrio e olho simpática para o rapaz, que está tentando apenas ser um
bom amigo. O rapaz que me ama em segredo, que tem medo de eu odiá-
lo, agora quer ouvir sobre minha pobre história de amor. Ele é um herói.

“Hum. Como posso começar?”

“Do ponto principal.”

“Somos muito diferentes.”

“…”

“Por que está tão quieto?”

“Isso é uma série dramática? Como assim diferentes?”

“Classe social.”

“Estamos na Índia? Hoje em dia, humanos são humanos. Somos iguais. E


se formos diferentes, deve ser por causa do dinheiro.”

“Sim, de fato. Sobre dinheiro, Khun Sam e eu somos muito diferentes.”

“Mas sempre foi. Por que de repente ficou preocupada com isso agora?
Se você tivesse pensado antes nisso, não teria se aproximado dela. Algo
te cutucou…”

Olho para o Nop hesitante antes de suspirar e contar a ele o que


aconteceu.

“Certo, aconteceu algo mesmo.”

Conto tudo o que aconteceu entre a avó da Khun Sam e eu em nosso


encontro de hoje. Dizer a ele alivia todo o peso que estava carregando o
dia todo. Ele é um bom ouvinte, me escuta em silêncio.

“Então você ficou chateada, saiu da casa dela e aceitou a derrota fácil
assim. Deixe-me adivinhar mais, você não contou a Khun Sam o que
aconteceu.”

“Hum. Estou fazendo mal a ela… Não quero contar. De verdade, sinto que
sou inútil para ela.”

“O que ela fez de errado? Ela apenas nasceu com um status, Mhom
Luang e rica. Ela não teve escolha.”
“O que quer dizer?”

“Você deveria contar a ela esse problema e tentar achar uma solução
juntas, em vez de ficar quieta e tentar lidar com tudo isso sozinha. Se a
Khun Sam não ficar sabendo, você vai machucá-la.”

“Eu…”

“Idiota.”

“Oi?”

“Você pensa demais e está sendo uma idiota. Você é tão chata. Nenhum
homem ou mesmo a Khun Sam gosta de mulheres assim. Você precisa
melhorar.”

Me sinto estressada e com raiva por ter sido repreendida. Então me


levanto para ir embora, mas ele me interrompe.

“E olha só o que você está fazendo: ficar irritada e ir embora também é


coisa de idiota. Você é do tipo que foge da verdade.”

“Você é tão malvado, Nop.”

“Agora somos apenas amigos. Se eu ainda te amasse, não me atreveria a


falar assim com você. Porque teria medo de você ficar brava comigo. Mas
agora estou te dizendo isso como amigo.” Nop se levanta e caminha na
minha direção. Ele coloca a mão na minha cabeça. “Você é crescida
agora. Deixe as razões conduzirem. Está com uma pessoa que é mais
velha que você. Você precisa de mais razão do que emoção. Se não,
poderá irritá-la.”

“Do que você sabe?”

“Não sei de nada, mas desejo o melhor para você. Se você concorda
comigo, é porque sabe que estou certo.”

“Por que eu tenho que te ver com outro cara?”

“Khun Sam!” Me afasto de Nop rapidamente porque sei o quanto ela é


ciumenta. “Não aconteceu nada, só estamos conversando.”

Ela ergue a sobrancelha.

“Então me explique. Estou esperando uma explicação.”

“É melhor você ir, Nop.”


Nop ri um pouco antes de provocar a Khun Sam afastando meu cabelo e
sussurrando no meu ouvido.

“Ai.”

“Não seja bobo. Estou te avisando.”

Khun Sam não está satisfeita após ele me deixar uma bomba. Saio da
casa dele para ver Khun Sam, que ainda está com a sobrancelha erguida.

“Como chegou tão rápido? Acabamos de nos falar por chamada.”

“Você devia estar adorando falar com ele. Vejo que tiveram uma conversa
agradável.”

“Nada.”

“…”

“Se não acreditar, ficarei mal-humorada. E você vai ter que me pedir
desculpas. Terei que lutar com você.”

“Eu quero apanhar.”

Ela é tão adorável…

“Mas acredito no que disse. Então você perdeu sua chance.” Ela para de
erguer a sobrancelha. “Então, o que há de errado? Por que voltou para
casa? Estávamos bem de manhã.”

“Algo estava perturbando minha mente. Precisava de um tempo.”

“Não podia ter feito isso lá em casa? Por que na sua casa?”

Permaneço em silêncio por um momento e olho para ela hesitante.


Porém, ela precisa saber um dia. Então devo dizer a ela, como o Nop
sugeriu. Não é justo para a Khun Sam não ficar sabendo.

Somos um casal. Devemos nos apoiar sempre e encontrarmos uma saída


juntas.

“Sua avó foi até sua casa e disse que eu deveria te deixar.”

42

Guerra
Entramos no carro para conversar com privacidade. Após eu ter dito
aquilo tudo, Khun Sam permanece em silêncio.

Quieta demais para meu gosto…

“Khun Sam.”

“Está chocada?”

Ela me olha e suspira. Ela devia estar procurando a melhor forma de falar
comigo. Eu concordo e sorrio como se não fosse nada.

“Sim, estou chocada, mas bem.”

“Se você está bem, por que voltou para sua casa?”

“Eu…”

Porque o que eu fiz é o oposto do que disse. Não é sensato. Às vezes me


odeio.

“Eu voltei para pensar nas coisas sobre nós.”

“Viu? Você não está bem. Por que disse que estava?” Khun Sam estica a
mão para tocar meu queixo. “Eu conheço minha avó melhor do que
qualquer um nesse mundo. Deve ter sido difícil para você.”

“…”

“Não se preocupe. Ela é idosa. Por favor, foque apenas em mim. Porque
isso é sobre nós.”

Permaneço em silêncio, mesmo ela tendo dito que é sobre nós. Mas não
consigo parar de pensar na lacuna que há entre a gente. Khun Sam, que
me vê quieta, me força a olhar para ela.

“Mon, tudo ficará bem. Eu prometo.”

“Eu sei. Amor é entre duas pessoas, nós duas. Mas posso viver sem me
importar com os outros. Não há apenas nós duas no mundo.” Encaro a
Khun Sam, a mulher que amo e digo o que penso. “Já faz um tempo que
percebi as coisas entre nós. Lá no fundo continuo me preocupado com
nossa diferença de classe, como sua avó disse.”

“Eu vou ficar brava com você.”

“Se não tivesse me conhecido, você ainda estaria namorando com o Sr.
Kirk, ou já estaria casada com ele.”
“Mon!”

Lágrimas brotam nos meus olhos. Mas não foi porque ela gritou comigo,
mas sim porque concordo completamente com a avó dela. Eu não a
mereço. Tudo sobre nós é um paralelo.

Há uma lacuna que nunca converge, status, família e sexualidade.

Uma história de amor como a nossa… Não é aceita pela nossa sociedade.

Não apenas pela avó da Khun Sam, mas também pela minha família, que
considero muito. Não sei como dizer aos meus pais que me apaixonei por
uma mulher. Meus pais esperam que eu tenha filhos e uma boa família.
Que eu me case com um homem e tenha filhos.

Khun Sam deveria ter um filho e eu também. Uma mulher não consegue
engravidar de outra por meios naturais.

Estamos resistindo?

“Eu realmente te amo, Khun Sam. Wah.”

Levanto minhas mãos para cobrir meu rosto e choro como uma garotinha.
Khun Sam em silêncio me abraça. O coração dela bate tão forte que
consigo ouvir.

“Vou falar com a minha avó.”

***

Fazia muito tempo que eu não falava no grupo de fofocas da P.P. Todas
reagem como se tivessem visto um fantasma quando conto sobre a avó
da Khun Sam.

Jim: A avó da Sam foi quem me fez ficar distante dela. Sério, sou safada,
mas o olhar da avó dela me faz sentir como uma prostituta de Pattaya.

Kate: Ela é do tipo de mulher que faz você se sentir uma inútil apenas
com o olhar. Mesmo eu sendo uma atriz que ganha muito dinheiro, ela
costumava me fazer sentir uma inútil.

Tee: Pior no meu caso. Ela acha que sou hétero. A casa dela é um local
proibido que nunca colocarei os pés.

Após ouvir os relatos delas, me conformo que tenho amigas com o


mesmo destino. Não estou sozinha em ser a garota mais inútil do mundo.
Ao menos, garotas da alta sociedade também são inúteis aos olhos dela.
Então, o que a filha da zeladora como eu seria?
Jim: Então, não fique chateada. Ela é velha, logo mais vai morrer.

Kate: Vadia? Como se atreve a amaldiçoar a avó dela?

Jim: Você espera que ela tenha uma vida longa?

Kate: Só estou fingindo.

Kate: Eu não a respeito, nem quero que ela tenha uma vida longa. Ela
deveria partir.

Jim: Viu? Eu apenas tenho coragem de falar honestamente. Mas apesar


da vovó ser má, Sam a ama e a respeita.

Kate: Verdade. Eu gosto. É tão divertido.

Jim: Divertido como?

Kate: Quero saber se o poder de influência da Mon é suficiente para


resistir a avó da Sam… Como a irmã mais velha dela fez.

Tee: Você está certa. Khun Nueng foi tão determinada. Ela nunca olhou
para trás.

Jim: Determinada até demais. Afetou outras pessoas, inclusive a Khun


Song. E agora a Khun Sam está lidando com tudo isso sozinha. Tadinha
da Sam. Tenho tanta empatia pelo meu marido.

Tee: Como seu marido entra na história?

Jim: ‘Meu marido’ era como eu costumava chamar a P.P.

Doraemon: Estou atrapalhando vocês? Poderiam me falar mais sobre a


Khun Nueng e a Khun Song?

Kate: Ah, você não conhece a história delas? É difícil digitar, vou te ligar.

Após cinco minutos, Kate me liga fazendo rodeios antes de entrarmos no


assunto principal. Ela me conta tudo desde o início.

A família da Khun Sam teve 3 filhas. Nesta ordem, Khun Nueng, Khun
Song e Khun Sam. Os pais delas morreram quando eram pequenas. Então
a guarda delas ficou com a avó.

A avó de Khun Sam era uma mulher inteligente. Na era da mudança,


títulos e classificações não importavam na sociedade, mas ela continuava
usando o título como antes.

Todos são inúteis.


E ela está acima de todos.

A avó da Khun Sam queria continuar seu vínculo com a família real.
Mesmo ela sabendo que não há mais precedentes, ela continuava dizendo
a si mesma e a suas netas que estavam acima dos demais. E para fazê-las
acreditar nisso, ela as obrigava a ser como ela queria.

‘Se quer uma coisa, precisa agir.’

Este é o lema dela. A pessoa que mais sofreu pressão foi a Khun Nueng, a
irmã mais velha.

[Khun Nueng é a dama mais perfeita que já vi neste mundo.] Kate disse de
forma adorável e não pude evitar de piscar meus olhos.

“Sério?”

Mas a Khun Nueng que eu conheci era tão diferente da que a Kate
descreveu.

Khun Nueng é linda, tanto no interior como no exterior. Kate me conta


que a Khun Nueng era excelente em tudo: comportamento, falando ou
andando. Ninguém podia se comparar. Ela era a estrela da escola.

Mas… Khun Nueng nunca estava feliz.

Ela cresceu como uma marionete da avó e era controlada o tempo todo.
Ela não podia fazer o que queria. Além disso, ela tinha muito mais
habilidades, mas não podia viver a própria vida.

E o ponto de ruptura chegou… Quando ela deveria se casar com o filho


de um ministro. A avó lhe disse que seria bom para sua vida.

[Tudo aconteceu porque ela foi forçada a se casar e ela ficou indignada
por muito tempo. Eventualmente, ela explodiu, fugiu do casamento e
quebrou os laços com a avó. No fim, ninguém mais a viu.]

“O que aconteceu com a avó?”

[Ela ficou muito triste e acamada. Quando a Khun Nueng fugiu, a próxima
sucessora era a Khun Song.]

A história ainda não acabou. Khun Song foi a próxima a ser controlada
pela avó. Ela não era forçada a nada antes por ser a neta do meio, mas
também nunca foi amada. Quando ela conseguiu um pouco de atenção da
avó e sentiu um pouco de amor, ela colocou uma pressão enorme sobre
si mesma para fazer a avó ter orgulho dela.
Mas a Khun Song não tinha nenhum talento especial. Era culpada por
tudo o que fazia. No fim, não aguentou toda a pressão…

[Khun Song se enforcou.]

“Meu Deus…”

[Foi muito doloroso para a avó da P.P. Ela não comia e não dormia. P.P.
viu tudo aquilo. Ela ficou com muita pena da avó. Além disso, ela era a
neta mais nova. Se todas as expectativas caiam sobre a mais velha, a
mais nova recebia todo amor e afeto. Então, P.P. continuava dizendo que
faria de tudo para que a avó não sofresse nunca mais…]

Por fim, Khun Sam esteve sendo controlada até agora. Khun Nueng, Khun
Song e Khun Sam, eram marionetes controladas pela avó. E por ter
apenas sobrado a Khun Sam, sua avó a ama muito.Tudo foi processado
de forma interdependente.

Ela nunca saiu dos trilhos.

Sua avó nunca a pressionou. Na verdade, podemos dizer… que ela tinha
outras táticas por compulsão.

Se a Khun Sam quisesse ficar fora do palácio, ela podia. Mas ela teria que
manter contato com a avó e não sair dos trilhos.

[No caso do Kirk, a avó dela não gosta nada dele, ela o vê como um cara
comum com uma família infame. Mas ela ignora isso porque a família dele
é bilionária, ele pode apoiar a P.P. em muitas dimensões. Então, ela o
aceita.]

“Sim.”

[P.P. não recusou. Kirk é o homem mais próximo dela. Se casar com ele é
melhor do que um casamento às cegas. Então, eles noivaram.]

“Entendi…”

[Mas desde que você entrou na vida dela, queremos saber como você vai
influenciá-la a resistir a avó. A garotinha da vovó agora tem uma
namorada.]

Kate fica em silêncio por um momento e ri com prazer.

[Agora é guerra.]

43

Adúltera
Após ouvir toda a história pela Kate, digo a mim mesma para parar de ser
boba e ser mais compreensiva. Uma enorme pressão está sobre a Khun
Sam. Ela precisa lidar com a avó, somado a isso, ela se preocupa como
me sinto.

Quando ela me vê limpando o chão, ela corre para me abraçar pelas


costas, como uma criança.

“Oops, Khun Sam.”

“Você voltou para mim, para minha casa.”

“Está surpresa?” Eu olho para ela e sorrio. “Você está tão feliz que me faz
sentir envergonhada.”

“Acho que você ainda está amuada.”

“Por quê?”

“Você parece machucada sobre minha avó. Também acho que você está
brava comigo.”

“Você pensou nisso a noite toda? Você está com olhos de panda.” Eu
coloco uma almofada no sofá e apoio o rosto dela. “Você não fica bonita
quando dorme mal.”

Mas Khun Sam me puxa para perto e me abraça como se fosse seu
abrigo. Ela se sente melhor por me ter aqui… Me sinto culpada agora…

“Posso dormir bem essa noite com você de volta.”

“Já comeu alguma coisa?”

“Não, ainda não.”

“Vou cozinhar para você. Após comer, tome um banho.”

“Não vamos fazer nada essa noite?”

Fico chocada por um momento.

“Certo, vamos. Ah, não vou fugir de você, Khun Sam.”

A mulher continua me abraçando e apoia a cabeça perto do meu pescoço


para descansar. Ficamos abraçadas por um momento. Então me levanto
para ir cozinhar para ela. Ver a Khun Sam comendo bem é uma das
minhas felicidades.
Por que não nasci homem…

Ou como uma garota rica? Ou por que não tenho um título antes do meu
nome? Assim eu a mereceria.

“Se continuar me olhando assim, vou engasgar-me.”

“Estou feliz em te ver aproveitando a comida.”

“Parece eu te vendo gemer de felicidade.”

“Maluca!” Pego um guardanapo e jogo nela.

“O que foi? Você disse que gosta quando falo o que penso.” Khun Sam
bebe um pouco de água. Ela me encara e fica em silêncio, como se
estivesse pensando em algo. Eu a encaro de volta.

“O que quer me dizer?”

“Quer terminar comigo?”

Meu coração acelera quando escuto aquilo. Aperto minhas mãos com
força e com medo, até ela segurar minha mão para me acalmar.

“Estou apenas perguntando.”

“Você terminaria comigo?”

“Não, jamais.” Khun Sam disse rapidamente. “Estou te perguntando por


que você conheceu a minha avó… Passou pela sua cabeça terminar
comigo?”

“Por um momento sim…”

Ela segura minha mão com força. Coloco a outra por cima para acalmá-la.

“Apenas por um breve momento pensei que deveríamos terminar. Já que


sempre achei que não te merecia. Mas… pensei comigo mesma, terminar
com você seria o pior.”

“Estou procurando uma forma de conversar com minha avó. Não quero
comprometê-la.”

“Não se pressione. Faça como achar melhor. Deixe acontecer.”

“O que quer dizer?”


“Não quero que você brigue com sua avó. Você a respeita muito.
Podemos manter nosso relacionamento em segredo. Não precisa contar a
ninguém. Não precisamos colocar um rótulo.”

“Loucura, isso não está certo.”

Khun Sam disse irritada. Ela puxa a mão de volta. Não brigamos, mas ela
está chateada.

“Temos outra escolha? Você precisa pensar no seu status e na sua


família. E eu também. Meus pais não sabem que a filha tem uma
namorada. Seria mais fácil apenas nos amarmos em segredo. Nada
mudará entre nós. Podemos ficar juntas… na sua casa. Apenas nós
duas.”

“Mas…”

“Não recusa. Se não fizermos isso, nosso amor poderá terminar. Além
disso, você não quer brigar com sua avó.”

“Isso não te machucaria?”

“Estou bem. Só eu sei o quanto você me ama. Eu entendo.” É difícil dizer.


“Você pode dizer a sua avó que terminou comigo.”

“Mon…”

“Sério. Você deveria falar para ela. Ou se vocês duas não falarem sobre
isso, poderá ficar quieta e deixar passar. Não brigue com ela. Não faça
nada.”

Khun Sam continua balançando a cabeça discordando de mim. Ela se


levanta e anda em círculos.

“Deve ter uma opção melhor.”

“Esta é a melhor opção. Estou bem. Normalmente, nosso relacionamento


é segredo. Você só o revelou há pouco tempo.”

“Por que temos que manter isso em segredo? Deve ter uma opção
melhor.”

“Khun Sam. Eu estou realmente bem com isso. Se quisermos ficar juntas,
precisamos manter em segredo.”

“…”

“Por favor, querida.” Me levanto e a abraço. “Certo? Ainda ficarei aqui


com você. Tee, Kate e Jim ainda sabem sobre nosso relacionamento.
Quando quisermos passar um tempo juntas, podemos tirar férias e ir para
o exterior.”

“Você realmente está bem com isso? Parece que estou te desonrando.”

“Com certeza.”

***

E a felicidade está de volta. Khun Sam e eu mantemos nosso


relacionamento em segredo como antes. E tudo está indo
surpreendentemente bem. Khun Sam me disse que após termos feito o
acordo, ela foi conversar com a avó e tudo correu bem. A avó dela não
pediu explicações e nem disse nada.

Não precisamos nos preocupar com nada…

Decidi começar a trabalhar no início do mês. Então, a partir de agora,


passarei a maior quantidade de tempo possível com ela; E Khun Sam
continua paranoica sobre mim, ela não quer me deixar trabalhar em outro
lugar.

Mas ela entende que temos nossa própria vida. Ela me pede para ficar
com ela todos os dias até que se sinta bem com tudo isso. Nosso amor
funciona bem e sem problemas. Moro na casa dela, limpo as coisas,
assisto TV e cozinho nosso jantar, então vamos para a cama juntas.

Mas hoje… não é como de costume.

Ding Dong…

A campainha, que nunca ouvi antes, está tocando. Estou preparando o


jantar e estremecendo como o som. Estou com medo de que seja a avó da
Khun Sam, então me escondo no cantinho para olhar pela janela, quem é?

“Sr. Kirk?”

Caminho confusa em direção à porta para abrir para ele, que estranha me
ver ali.

“Você está mesmo ficando aqui com a Sam…”

“Boa noite.” O cumprimento. “Veio ver a Khun Sam, certo?”

“Eu vim te ver, Mon.”

“Pois não?”
“A avó da Khun Sam me disse que você provavelmente estava com a
Sam. Então, me pediu para verificar. E é verdade.”

A avó da Khun Sam sabia…

Finjo sorrir para ele e o convido para entrar.

“Por favor, entre primeiro.”

“H…Hum.”

Sério, que climão. Não o vejo e nem falo com ele desde que descobriu
nosso segredo, mas hoje ele veio me ver. Deve haver algo de errado.

O que foi?

Sr. Kirk, que foi convidado a entrar, olha a casa animada. Ele nunca deve
ter estado aqui. Claro… Khun Sam nunca deixou ninguém entrar em sua
casa. Se ela souber que deixei o seu ex-namorado entrar, ficará brava
comigo?

“Sente-se. Vou te trazer um pouco de água.”

“Obrigado.”

Trato ele como um convidado, mesmo a casa não sendo minha.

“Como está, Sr. Kirk?”

“Estou bem. E você?… Como está? Desde que parou de trabalhar.” Sr.
Kirk disse isso sem olhar nos meus olhos. “Já arrumou um novo
emprego?”

“Arrumei sim. Vou trabalhar com a Tee.”

“Sinto muito.”

Ele se sente culpado ao dizer. Me apresso em negar com as mãos.

“Não, não precisa se desculpar. Não foi culpa sua. Eram as regras.”

“Mesmo se não houvesse regra, eu te forçaria a sair. Naquela época, eu


estava realmente bravo com você.”

“Eu entendo.”

“Fico feliz em te ver hoje. Há um bom tempo queria me desculpar. Mas


estava com vergonha.”
“A Khun Sam fala com você? Quero dizer… fala normalmente, sem raiva.”

“Ela só fala comigo assuntos do trabalho.” Ele finge sorrir. “Se eu fosse a
Sam, estaria bravo comigo.”

“Foi culpa minha. O que eu fiz foi traição. Você não errou em ficar bravo
comigo.”

“Não se sinta culpada assim, Mon…” Sr. Kirk umedece seus lábios secos.
Ele está inquieto. “Pode me odiar. Porque sua posição agora me faz sentir
mais culpado.”

“Sobre me demitir, está tudo bem…”

“Não.” Sr. Kirk balança a cabeça. “Não é sobre isso.”

“Então é sobre o quê?”

O lindo homem se encaminha em direção a porta sem hesitar. Então se


vira e me olha.

“Devo encerrar nossa conversa aqui, porque se continuar falando com


você, me sentirei pior ainda.” Ele pega algo como um cartão e me entrega.
“Vim até aqui te contar sobre isso, porque a Sam nunca te contaria.”

Pego o cartão dele com as mãos trêmulas. Mesmo não tendo aberto, sei
do que se trata. Para garantir, devo abrir e confirmar.

É um convite de casamento… da Khun Sam e do Sr. Kirk.

“Realmente, ela não me contaria.”

“Deixe-a, Mon. Te prometo que cuidarei dela da melhor maneira possível.”

Dou um sorriso amargo a ele e pergunto.

“Se eu não a deixar, o que vai acontecer?”

E a resposta que recebo me deixa chocada.

“Você se tornará uma adúltera.”

44

Término

“Quanto a Tee te paga de salário?”


“Vinte mil. Se eu passar no programa de treinamento, vou receber mais
dois mil.”

“Ela te paga mais que minha empresa. Mas como minha namorada, ela
deveria te pagar mais que isso.”

Khun Sam continua falando enquanto assiste televisão. Ela não fala nada
sobre seu casamento. E eu não quero forçá-la… Eu apenas estou
esperando que ela me diga.

“O que foi? Parece distraída.”

“Hum.”

“Estou apenas pensando em nada.”

“Trabalho? Se estiver muito difícil, pode ficar em casa. Eu te banco.”

“Por quanto tempo poderei ficar em casa sem trabalhar?” Continuo


olhando para a televisão, mas a Khun Sam me olha.

“Por quanto tempo quiser.”

“Se algum dia tiver sua própria família?”

“Você é minha família.”

Meu coração acelera. Eu a encaro e me sinto estimada.

“Fico feliz em ouvir isso.” Inclino meu rosto para beijá-la na bochecha,
mas parece que ela quer mais. Ela segura meu rosto e beija meus lábios
sedentamente. “Eu acabei de te dar um beijinho.”

“O beijo é o começo de tudo.”

“Você realmente gosta daquilo.”

“Vamos subir.”

Eu torço um pouco meu nariz e a sigo facilmente.

“Eu sei que você gosta.”

***

Tento fazer de tudo como se não soubesse sobre o casamento dela. Eu


nem mesmo comentei com as amigas dela no grupo sobre isso. O convite
de casamento ainda se encontra escondido no fundo da minha bolsa.
Mesmo querendo muito perguntar a ela, tenho medo de pressioná-la. Ela
vai encontrar uma forma de ficarmos juntas… Estou contando com ela.

“Está preocupada com algo?”

Não é incrível? Quando não tenho ninguém com quem desabafar, Nop é o
único que me escuta. Sei bem disso, não é correto trazer meus problemas
amorosos para alguém que posso contar. Mas eu realmente não sei mais
o que fazer.

“Um pouco.”

“É muito, porque você veio até mim. Seu único amigo.”

“Claro.” Me sento ao lado dele e suspiro. “É tão triste saber que só tenho
você como amigo e é o único que mês escuta.”

“Amizade é isso mesmo. Só sabemos quem é amigo de verdade nestes


momentos.”

Ladro para ele. Quando ele percebe começa a rir.

“Então, o que aconteceu? Sou todo ouvidos.”

“Nop, uma namorada ou um noivo com quem vai se casar. Quem é mais
importante?”

“O que quer dizer?”

“No caso…”

“Não, no caso. Pretendo te dar um conselho. Te direi a verdade.”

Eu sei bem como é chato ouvir uma história pela metade. Então decido
contar tudo a ele.

“Khun Sam e eu, estamos em um relacionamento. Mas ela vai se casar.”

“Isso ficou gigante.”

“Sim.”

“O que ela disse?”

“Não disse nada. Mas é algo importante.”

“Khun Sam não sabe que eu sei. Não quero pressioná-la mais. Quero que
ela me conte.”
“Como soube disso?”

“O Sr. Kirk me contou sobre o casamento deles.” Entrego o convite de


casamento a ele. “Este é o convite.”

“Você precisa conversar com a Khun Sam sobre isso. Isso é importante.
Khun Sam vai se casar enquanto ainda namora com você.”

“Ela vai lidar com isso sozinha.”

“Vai mesmo? Mon, me escute. Eu sei o quanto você a ama e respeita. Mas
sobre este problema, você não pode apenas ignorar. Se ela se casar,
significa que terá um marido. E você?”

“Adúltera.”

“Sim.”

“Mesmo eu tendo chegado primeiro?”

“Tem certeza de que chegou primeiro?”

Suspiro!

De repente fico atordoada com esta pergunta franca, porque me lembro


que cheguei tarde na vida da Khun Sam. Ela só tem sentimentos por mim,
isso é para testar minha disposição. O caminho do verdadeiro amor
nunca é uma linha reta.

Mas isso é demais para mim…

“Por que está sendo assim? Por que apenas não diz o que deveria dizer?”

“Khun Sam tem tido… muita pressão… eu acho…”

“Você pega muito leve com ela. Ela faz o mesmo com você? Agora você
vai deixar seu marido ter um marido.”

“Nop…” Encaro o Nop por ter dito daquela forma. Nop ergue a mão para
coçar a cabeça antes de mudar a sentença.

“Certo, é melhor chamá-la de sua esposa. Sua esposa vai ter outra
esposa.”

“Nop!”

”Não sei como é seu relacionamento com a Khun Sam, quem é o marido e
quem é a esposa.”
“Por favor, pare de falar assim.” Balanço minhas mãos para ele parar de
falar, porque estou com vergonha. “Acredito que a Khun Sam vai
encontrar uma maneira de ficarmos juntas.”

“Se acreditasse mesmo nisso, não teria vindo me ver. O motivo de você
estar aqui é indecisão. Porque o namorado da Khun Sam foi falar com
você e ele tem cem por cento de direito em fazer isso. Está com medo do
quê? Você também tem o direito.”

“Eu… eu não sei como começar a falar sobre isso com ela. Ela me ama e
eu sei, mas ela tem a própria família com que se preocupar.” Coloco
minha mão sobre o peito dolorido e digo, “Ou apenas deveria deixar
acontecer.”

“Então significa que você vai deixá-la.”

“Não.”

“Adúltera… Mon, não seja patética.”

“Se soubesse que me arrependeria de falar com você, não teria vindo.”
Digo desapontada. “Melhor eu ir.”

“O que você queria? Devo apenas apoiar você se tornar uma adúltera?
Um bom amigo deve avisar quando você estiver indo pelo caminho
errado.”

Lágrimas nos meus olhos. Minha mente o entende bem, mas meu coração
não quer ouvi-lo. Dou as costas a ele e volto para minha casa. Enquanto
estou afundada na cama, meu telefone toca de novo. Primeiro, achei que
seria a Khun Sam, mas estava errada…

Khun Nueng…

Fico surpresa e deixo meu telefone tocar antes de atender.

“Alô? Khun Nueng?”

[Ah, você sabe que sou eu.]

“Eu salvei seu número.”

[Podemos conversar? Não vou demorar.]

Ela me faz sorrir. Deve ser verdade que uma força positiva consegue
absorver toda a negativa.

“Claro, podemos sim.”


[No momento, estou com muitas dificuldades financeiras. Pode me
emprestar algum dinheiro? Pode pegar de volta da minha irmãzinha, ela é
rica, pode pagar por mim.]

“Claro, mas agora não estou com a Khun Sam.”

“Aaaa, pensei que você estava ficando com ela.”

“Normalmente, fico por lá.”

“Você não parece bem. Brigaram? Ei… A vida é curta demais para brigas.
É inútil. Por favor, viva feliz. Se tiverem um mal-entendido, conversem. Já
passei por tudo isso, é só me perguntar.”

“O jeito que você vive é tão fácil.”

Fico em silêncio e fecho meus olhos. Minhas palavras deram a entender


que sei sobre o que aconteceu com ela e ela poderá perceber por causa
do meu silêncio.

[Você já sabe de tudo, né? Minha irmãzinha te contou?]

“Não… mesmo.”

“Eu apenas tive uma vida fácil por poucos anos. Fazendo o que queria, o
mundo tem muito a nos ensinar. Se importar com alguém por muito
tempo até se sentir infeliz, é inútil. Às vezes você precisa ser egoísta…
para seu próprio bem.]

“Sim.”

[Sua voz parece discordar comigo. Haha. Tudo bem, eu sei, eu sei. Várias
pessoas não entendem o porquê de eu ter feito aquilo.]

“Você quer voltar para sua avó?”

[Se você a conhecesse, não falaria comigo assim. Ninguém nesse mundo
quer ver minha avó. A propósito… você já a conheceu? Ela sabe que você
é namorada da minha irmãzinha?]

Ela parece interessada, isso me deixa confortável em dizer sobre.

“Sim.”

[Algo errado?]

“Algumas coisas.”
[Se não houvesse, seria estranho e ela definitivamente não seria a minha
avó.]

Que mulher maravilhosa.

[Ela foi ruim para você? Ela não é do tipo que grita. Ela provavelmente te
insultou e te deixou desapontada consigo mesma.] Khun Nueng ri e eu rio
de volta, porque eu não sei o que responder. [E minha irmãzinha, o que
ela disse?]

“Ela não disse nada. Continuamos namorando em segredo…”

[Segredo? Ah… A garotinha da vovó. Vocês duas com certeza


terminaram. Sam é fraca demais. Haha.]

Khun Nueng me deixa atordoada. Estou tão desapontada. Tudo o que


quero agora é ânimo e apoio. Mas ela está me deixando cada vez mais
desapontada.

[Ah, você está quietinha.]

“Não sei o que dizer.”

[Você é uma perdedora. Cem por cento perdedora.] Khun Nueng suspira
um pouco. [Ah. Meus créditos estão acabando. Então… transfira dinheiro
para mim, por favor. Dez mil, e pegue de volta com minha irmãzinha. Diga
a ela que eu te liguei para pegar emprestado, ela vai te pagar. Ela é rica.]

“Sim.”

[Enquanto a você… agora que está namorando com ela, tente se


beneficiar. É uma boa oportunidade para você.]

“Não estou namorando com ela por causa de dinheiro.”

[Vai me dizer que é por causa do amor?]

“Sim.”

[Que tipo de amor é esse? Onde nenhuma das duas luta por ele? Você é
uma perdedora. Sam é a garotinha mimada da vovó. Vocês duas não vão
longe com isso. O seu fim será uma tragédia amorosa. E a vencedora será
minha avó.]

“Não quero ser egoísta.” Discuto com ela após me sentir desconfortável.
“Khun Sam me disse que vai dar um jeito. Tudo o que posso fazer é
esperar.”
[Não fazer nada significa que é amor? Você está deixando minha
irmãzinha lutar uma guerra sozinha… bem, deixa eu te dizer uma coisa.
Minha irmãzinha não pode superar a vovó. Porque ela sabe bem nossos
pontos fracos.]

“Você conseguiu, Khun Nueng. Viver sem se importar com ninguém.”

[…]

“…”

Ambas ficamos em silêncio. Finalmente, Khun Nueng é a primeira a falar


porque agora deve saber que sou mais séria.

[Eu disse, a vida é curta demais. Eu apenas escolhi meu próprio caminho.
Não deixei minha avó comandar. Se a Khun Song ainda estivesse viva, eu
quem teria me suicidado.]

“E agora, toda a pressão está sobre a Khun Sam.”

[Khun Sam precisa sobreviver. Não significa que eu não sinto muito pela
Khun Song. Mas ela nos deixou porque era fraca demais. No mundo não
há lugar para os fracos. Ela é minha avó, eu a conheço bem.]

“O que preciso fazer?”

Agora, sou eu que estou pedindo ajuda para esta rocha. Mas ela gargalha.

[Você precisa ser forte para sobreviver. Amor próprio e egoísmo são
coisas diferentes… Egoísmo é para minha avó.]

“…”

[Então, vocês duas precisam ser egoístas com minha avó.]

Khun Nueng desliga o telefone e eu envio a ela a taxa de consultoria de


dez mil bahts. (Vou pegar de volta com a Khun Sam.) O que ela acabou de
me dizer continua por toda a noite na minha cabeça. Continuo pensando
naquilo, não consigo dormir. Olho para meu relógio de pulso e já é 1h da
manhã. É difícil dormir, então pego meu celular para ler as mensagens
antigas entre a Khun Sam e eu. O que é uma surpresa! Ela me manda
mensagem enquanto estou lendo.

Chefe: Já foi para cama?

Salto da cama e fico em dúvida se devo responder a ela ou não. Mas leio a
mensagem, o que indica a ela que estou acordada.

Doraemon: Não, não consigo dormir. Então estou mexendo no celular.


Chefe: Eu também. Agora estou na frente da sua casa.

Doraemon: Está brincando.

Chefe: Sério. Se não acredita em mim, olhe pela sua janela.

Eu ainda não acredito, mas caminho até a janela e olho para fora.
Encontro a senhorita Duanpen na frente da minha casa. Corro para ver a
Khun Sam sabendo que todos na minha casa já estão dormindo.

“Por que veio até aqui? Está tão tarde.”

“Não consigo dormir.” Ela veio mesmo estando de pijama. E não tenho
certeza se está usando roupas íntimas.

“Então veio me ver de pijama? Parece que estava com pressa para me ver
à uma hora da madrugada…”

“Você já sabe de tudo, por que não me perguntou?”

“Quê?”

“Sobre meu casamento.”

“Como sabe disso?”

“Seu amigo me ligou e me contou tudo… aquele bastardo.” Khun Sam


vira e olha para a casa do Nop. “Não sei como ele conseguiu meu
número.”

Fecho meus olhos e volto a odiar o Nop.

“Eu não te disse que sabia porque não queria te deixar mais preocupada.”

“Estou preocupada por você não ter me dito. Então este era o motivo de
você estar tão quieta ultimamente.”

“Você vai mesmo se casar com ele?” Pergunto a ela. Ela está
impressionada e olha para longe.

“Minha avó me implorou.”

“E você aceitou…” Eu suspiro e sinto um ódio por dentro. Ela deve saber
que estou brava, então corre para se explicar.

“Mas tenho um acordo com o Kirk de que não teremos uma relação
sexual e nem amorosa. Irei me casar com ele forçada.”
“Então esse foi o jeito que você encontrou?” Digo com a voz trêmula.
Khun Sam estica o braço para me tocar, mas me afasto dela. “Pensei que
você encontraria um jeito melhor.”

“Não quero desapontar minha avó. Ela já se arrependeu o suficiente.”

“Então, você decidiu se casar com outro homem e me manter ao seu lado,
certo?”

Esta foi a primeira vez que gritei com meu amor. Khun Sam, que está
chocada, tenta me abraçar para me acalmar. Mas não é fácil.

“Me deixa! Por favor, não me toque.”

“Mon, me escute. Kirk e eu não vamos transar.”

“Esta é a vida real, Khun Sam. Provavelmente não há homem e mulher


neste mundo que não transariam ao ficar no mesmo quarto na noite de
núpcias.”

“Mon…”

“Não quero mais fazer isso. Chega…” Cubro meu rosto com as mãos.
“Não quero ser uma adúltera.”

Ultimamente, desde que a palavra ‘adúltera’ se enfiou no meu coração,


tento substituí-la por ‘esperança’, porque confio nela. Achei que ela
arrumaria um jeito melhor, mas não foi o que aconteceu. O que a Khun
Nueng disse é verdade.

Khun Sam nunca desapontou a avó.

Ela é fraca demais… e se tornou uma perdedora.

Vamos perder este jogo!

“Não sei o que fazer.”

“Eu sei.”

“O quê?”

Olho para cima para vê-la resolutamente, tanto quanto posso. E isso a
deixa chocada.

“Vamos terminar.”

45
Uma atriz principal

Eu pensei bem sobre isso antes de dizer. Vai doer em quem ouvir, mas
para quem disse, que ainda a ama tanto, dói mais. Que doloroso tudo isso
é.

Khun Sam parece que bateu a cabeça. Ela está tonta e com dificuldade
em acreditar nas palavras que eu disse.

“Você quer terminar comigo?”

Ouvir as palavras da boca dela faz meu coração despedaçar. Quero tocá-
la e abraçá-la, mas me controlo, pois cheguei longe e não posso voltar
atrás.

“Chegamos ao fim do nosso caminho juntas. Você deve aceitar.”

“Não, não vou.” Ela continua balançando a cabeça em recusa. “Por que
não acredita em mim? Esse casamento é apenas para satisfazer a minha
avó. Kirk e eu, não teremos uma relação profunda.”

“Você precisa acordar. Esse é o mundo real. Você vai se casar e será
impossível não acontecer nada na sua noite de núpcias.” Mordo meus
lábios com força. “Também estou machucada. Acha que eu não sinto
nada?”

“Então, por que precisamos terminar?!”

“Por quê? Porque eu não quero me tornar uma adúltera.” Choro como
uma perdedora, coloco minhas mãos sobre meu rosto e caio de joelhos
sem esperança alguma. “Não quero ficar pensando que você pode acabar
dormindo com ele. Ou que barulhos vai fazer se dormir com ele. Ou se um
dia vai amá-lo mais do que a mim. E ele se tornará seu verdadeiro
marido.”

“Jamais. Nunca deixarei isso acontecer.”

Ela se ajoelha para me acompanhar, seca as lágrimas do meu rosto com o


polegar.

“Aceite, Khun Sam. Somos mulheres. Não poderemos viver a vida toda
juntas.” Digo enquanto choro. “Um dia você terá sua própria família.
Especialmente você, que nasceu para ser perfeita. Se cometer este erro,
como eles irão olhar para você?”

“Eu não ligo para os outros.”


“E quanto a sua avó?”

“…”

“Você não quer desapontar sua avó, correto? Você é uma boa garota. Não
pode desapontá-la.”

Khun Sam me olha como se não soubesse como me acalmar. Eu a encaro


e digo decidida;

“Percebi isso há um tempo. Mesmo se não tivesse sua avó, não teríamos
um final feliz. Não posso te arrastar comigo. Precisamos terminar.”

“Você pediu para namorar comigo. Não pode me deixar.” Khun Sam chora
e tenta secar as próprias lágrimas. Agora ela está tão compreensiva. “Se
você achava que não poderíamos continuar juntar, não deveria ter feito eu
me apaixonar por você.”

“Nunca pensei que chegaríamos tão longe com isso. Eu apenas te


adorava como meu ídolo e agora sou sua namorada. É muito para mim.”

“…”

“Esse mundo é para os fortes. Khun Nueng me disse que não


conseguiríamos passar pela sua avó, porque sua avó conhece o mundo
melhor do que nós.”

“Khun Nueng…?” Khun Sam morde o lábio inferior com força. “O que
mais ela disse?”

“Ela me disse que sou fraca demais. E que você é boa demais… Neste
jogo, a vencedora é sua avó e que nós duas devemos apenas aceitar este
fato.”

“Eu não aceito.”

Khun Sam se levanta e cruza os braços com força. Ela está estranha,
então me levanto também me sentindo ansiosa por ela.

“O que você vai fazer?”

“Vou te mostrar…” Khun Sam me encara. “Acho que sou forte o bastante.
Há um lugar onde podemos morar juntas.”

“Khun Sam…”

“Vou me rebelar.”
Estou atordoada, ela me puxa e me abraça forte. Agora estou me
acalmando e consigo respondê-la.

“Não quero ver você se rebelar contra sua avó.”

“Não farei isso por você.”

“…”

“Farei por mim.”

Como a Khun Nueng disse, deixar a Khun Sam lutar sozinha é egoísta da
minha parte. Desta vez, não consigo ajudar muito a Khun Sam, mas irei
apoiá-la. Agora, sinto que estou lutando com ela neste campo de batalha.

Khun Sam e eu nos sentamos na sala de estar da casa dela. Ela me faz
sentar ao seu lado e segura minha mão com força.

“Me dê forças.”

Ela me puxa e me abraça por um momento. Khun Sam pega o celular e


pressiona o nome do Sr. Kirk.

O que ela vai fazer?

[E aí, Sam.]

Ela liga o alto-falante. O som fica alto nesta sala silenciosa. Khun Sam
está confiante na conversa com o Sr. Kirk, como se estivesse no controle
do jogo.

“Kirk, pode falar agora?”

[Para você a qualquer hora.]

“Vamos cancelar nossa cerimônia de casamento.”

O Sr. Kirk fica em silêncio por um segundo. Então, responde seriamente a


Khun Sam.

[De jeito nenhum.]

“Então, case com si mesmo. Eu não vou.”

[Sam!]

Ela desliga rapidamente o celular. Khun Sam suspira como se tivesse


tirado uma montanha do seu coração.
“Está bem? Você cancelou seu casamento. E quanto a sua avó?”

“Por ter cancelado a cerimônia, minha avó ficará sabendo em breve. No


caso da minha avó… terei que consultar minha assistente.”

“Quem?”

“Esta.”

Khun Sam ergue o celular para me mostrar um contato da sua lista. E eu


fico surpresa.

“Tem certeza?”

“Hum. A partir da teoria da psicologia, se estivermos cercadas de boas


pessoas, ficaremos bem.”

“Se temermos, devemos estar com uma pessoa determinada… E essa é a


Khun Nueng.”

Então, ela liga para a Khun Nueng, que atende animada.

[Ei! Minha garotinha. Eu peguei dinheiro com ela. Desculpa incomodá-la.


Irei te devolver assim que puder.]

“Que dinheiro?” Khun Sam me olha. E eu me lembro.

“Ah. Khun Nueng me ligou para pedir dinheiro emprestado. Eu já transferi


para ela.”

[Sim. Sua namorada é um amor.]

“Onde você está agora, Khun Nueng?”

[Na Tailândia, por quê?]

Khun Sam morde um pouco os lábios. Parece que ela está decidindo
alguma coisa e então diz:

“Preciso da sua ajuda, Khun Nueng.”

Khun Nueng fica em silêncio por um momento antes de dizer algo como
se já soubesse do que se trata.

[Você vai me pedir para falar com nossa avó, né?]

“Você sabe…”
[Não vou. Não quero ter problemas. Não a vejo há muito tempo. Se nos
encontrarmos, vamos brigar. Este é um problema seu, precisa resolver
sozinha.]

“Pode me ajudar?”

[Minha garotinha, você é uma garota crescida agora. Você tem seu
negócio e seu próprio dinheiro. Deveria ser mais determinada. Se você
não tivesse a mim, o que faria?]

“Não me atrevo a brigar com nossa avó…”

[Para tudo tem a primeira vez. Quando eu decidi sair do palácio, não foi
nada fácil para mim. Mas eu consegui. Na minha opinião…]

“Te pago cem mil, para ao menos ir comigo.” [Nt: Aproximadamente R$


14.000,00]

[Dinheiro não pode me comprar…]

“Khun Nueng…”

[Quando não é o suficiente… Certo, de acordo. Transfira para minha


antiga conta. Dinheiro primeiro. Quando você vai ver nossa avó?]

Espio a Khun Sam. Tudo é sobre dinheiro no fim?

“Hoje. Eu acabei de cancelar minha cerimônia de casamento com o Kirk.


A vovó ficará sabendo logo.”

[Eu odeio o nome daquele cara… Kirk. O que isso significa?… Odeio esse
nome.]

“E então?” Khun Sam pergunta à irmã que continua falando do nome


dele. “Se for hoje, tudo bem por você?”

[Estou em Chonburi, se eu pegar um ônibus devo demorar umas duas


horas. Então, te vejo no palácio às 20h. Ah, como nos velhos tempos.
Realmente sinto muita falta da nossa avó.]

Ela disse animada. Khun Sam está tão ansiosa sobre enfrentar sua avó.
Sua mente de boa índole deve estar se sentindo tão culpada.

“Te vejo mais tarde.”

Após a conversa terminar, levanto minha mão para tocar o corpo dela que
agora está tão gelado.

“Você está bem?”


“Não sei se vou conseguir fazer isso ao ficar de cara com ela. Eu nunca
resisti ou a desapontei antes. Será minha primeira vez.”

Estou realmente preocupada com ela.

“Podemos cancelar isso.”

“Chegamos longe demais para voltar atrás. É verdade que não quero
brigar com minha avó, mas não quero te perder.”

“Vá com calma. Faça o seu melhor. Estarei com você.”

“Por favor, seja forte. Sei que não é fácil.”

Concordo com a cabeça para responder a pessoa que quer fazer tanto por
mim.

“Com certeza. Passaremos por tudo isso juntas.”

***

Mesmo tendo nos apoiado, por dentro nós estamos preocupadas.


Especialmente quando estou no carro dela e é a minha primeira vez no
palácio que ela nasceu e foi criada.

É chamado de palácio. Eu costumava imaginar uma casa tailandesa com


design português, mas na verdade é uma mansão renovada, luxuosa e
moderna, que reflete o gosto da dona.

“É bonito.”

“Khun Nueng projetou.”

“Hã?”

Deve ser verdade o rumor de que a Khun Nueng é perfeccionista. Esta


casa é tão linda como as que vemos nas revistas.

“Vovó não gostou. Ela disse que ficou muito ocidental. Sobretudo, ela
não gostou de ver a Khun Nueng estudar arquitetura.”

“Então, ela resistiu a sua avó por muito tempo.”

“Talvez. Mas ela explodiu quando foi forçada a se casar. Se eu pudesse,


perguntaria a ela o motivo de ter fugido. Viu, desta vez tenho um
motivo…”

“Qual seu motivo?”


“Amor.” Khun Sam me olha e sorri de cantinho. “Mas nunca saberei o da
Khun Nueng.”

“Você deveria perguntar a ela mais tarde. Veremos ela esta noite.”

“Hum.” Khun Sam olha para o relógio e franze a testa. “Já são 20:30. Ela
ainda não chegou. Eu fiz a transferência do dinheiro.”

“Você deveria tentar ligar para ela.”

Mas após transferirmos o dinheiro para ela, ela desligou o celular. Khun
Sam e eu nos entreolhamos preocupadas.

“Khun Nueng nos enganou.”

“Ela não é desse tipo. Ela tem dignidade.”

“Então… o que devemos fazer? Se a Khun Nueng não vir, devemos


voltar?”

“Não, eu vim com a intenção de argumentar. Se não for hoje, não sei
quando terei uma nova chance.”

“Alguém está vindo.”

Uma empregada vestida com uma blusa branca e calça longa preta se
apressa em bater no vidro do carro e olhar para dentro. Ela fica um pouco
surpresa ao me ver com a Khun Sam.

“Trouxe uma convidada? Te vi estacionada aqui por um bom tempo,


então sua avó me pediu para te convidar a entrar.”

“Eu…” Khun Sam hesita por um momento a assente. “Sim. Vou vê-la
agora.”

Toco o braço dela e ela me sorri de volta demonstrando que está


decidida.

“Vai ficar tudo bem. Posso lidar com isso. Me espere aqui no carro.”

“Não vai fazê-la esperar lá dentro?” A empregada pergunta.

“É melhor ela esperar aqui mesmo. Não vou demorar muito.”

Khun Sam decide sair do carro, ela para e me olha toda confiante, mesmo
estando cada vez mais ansiosa a cada passo que dá em direção a casa. E
quanto a mim, esperar é tudo o que posso fazer por ela. Queria estar com
ela.
Dez minutos…

Vinte minutos…

Esperar dentro do carro é desconfortável para mim, saio do carro e


inclino a cabeça na porta esperando por ela. Um momento depois, Khun
Sam de repente sai do palácio com o Sr. Kirk a seguindo.

“Sam, ela é sua avó!”

“Saia de perto de mim! Você é o motivo desta bagunça!”

Khun Sam grita com o Sr. Kirk, que está tentando pará-la. Ela se solta da
mão dele.

“Khun Sam!”

Uma voz agressiva a alcança. Agora ela está petrificada.

“Você nunca resistiu a mim antes. É por causa dessa garota, né?”

“Eu só quero seguir meu coração.” É minha primeira vez vendo a Khun
Sam perder a confiança, não é como a Chefe M. L. que nos dava medo.
“Eu fui sua garotinha por muito tempo, mas…”

“Eu escolhi o melhor para você.”

“Quando se trata de amor, eu mesma quero escolher.”

“Você é a mais famosa entre minhas netas. Não torne as coisas


complicadas.” A avó dela me vê parada. “Traga-a aqui. Você me
desonrou.”

“Eu…” Khun Sam ia dizer alguma coisa, mas parece que ela ainda tem
muita consideração pela avó. E posso sentir isso agora… seremos as
perdedoras desta batalha. “Vovó…”

“Isso não está certo… vovó.”

Uma voz grita nas minhas costas, uma voz poderosa. Me viro para ver, é a
Khun Nueng, em um vestido preto justo, emanando de inteligência e
confiança, diferente daquela que vi antes.

“Khun Nueng.”

“Mon, você deixou minha irmãzinha lutar sozinha de novo…” Khun Nueng
segura meu pulso e me coloca ao lado da Khun Sam. “Juntas, não se
esconda atrás dela. Não é legal.”
“Khun Nueng, achei que você não viria.”

“A atriz principal deve aparecer no momento correto. Apenas estique a


coluna, erga a cabeça e não tenha medo.”

A mulher confiante pisca os olhos para mim. Esta é a primeira vez que ela
faz meu coração acelerar. A perfeccionista.

“A partir de agora, é a minha vez.”

46

Khun Nueng

Khun Nueng segura minha mão para me manter firme. Estamos


enfrentando a avó delas juntas e ela nos olha surpresa. Mesmo estando
quieta, seus olhos demonstram o quanto ela estava preocupada com a
Khun Nueng.

“Khun Nueng.” O Sr. Kirk a chama animado. “Você voltou?”

“Por acaso somos próximos?” Khun Nueng responde ferozmente a ele.


“Nos conhecemos, mas eu não gosto de você. Não gosto do seu nome.
Por que você se chama Kirk?”

“Por aparecer aqui, significa que está de volta.” A avó diz.

“Sim, estou de volta… mas não para ficar. Tudo continua igual. A casa e
as pessoas.”

“Por onde esteve?”

“Pelo mundo todo. Tenho minhas próprias asas agora. Posso voar para
onde eu quiser.”

“Que bom. Você parece feliz.”

“Tanto quanto possível. É muito diferente daqui, neste palácio… com


você.” Khun Nueng encara sua avó sem medo. “Quando eu não estava
mais aqui, você encontrou uma outra marionete. Nunca ficou entediada
em controlar os outros da sua maneira?”

“Khun Nueng…” Khun Sam está tentando parar a irmã, mas Khun Nueng
a ignora.
“Estou lutando por você, minha irmãzinha. Não seja marionete da vovó.
Você está aqui para lutar por si mesma, né? Por que você é tão fraca
assim?”

Khun Sam olha para baixo com culpa. Caminho até ela e toco seu ombro
para acalmá-la.

“Está tudo bem.”

“Sinto muito, Mon. Sou fraca demais.”

“Sim, você é fraca. Você deixou sua avó acertar seu ponto fraco.” Khun
Nueng fica desapontada com sua irmã. “Você sabe bem que a vovó está
te cobrando uma dívida de gratidão, que você ainda está carregando.
Então, quando vai ter sua própria vida?”

“Uma ingrata como você não entenderia. Khun Sam é uma boa garota.”

“Sam precisa viver a própria vida.” Khun Nueng grita para a avó. “Você
teve algum sucesso em forçar as pessoas? No meu caso, fugi de casa. A
Song se suicidou. E agora, com sua netinha, a quem você diz amar tanto.
Quando você vai parar com isso? Ou pretende parar quando não tiver
mais nenhuma de nós com você!?”

“Não me culpe, foi culpa sua.”

“Sou apenas o efeito, mas você… você é a causa. Agora, você está
forçando a Sam a se casar. Quer vê-la se suicidar para parar de nos forçar
a fazer o que você quer?”

“Não grite comigo! Você não é mais minha neta.” Ela chora enquanto diz.
Então, ela parece que vai desmaiar, mas o Sr. Kirk a segura a tempo.
“Saia daqui… saia.”

“Minha existência fere você, não é mesmo?”

“Saia!”

“Então vou ficar.” A irmã mais velha cruza os braços e olha para a avó. E
quando Khun Sam está indo em direção a sua avó, Khun Nueng a impede.
“E você. Seja determinada. Você pretende se rebelar, você precisa fazer o
que quer. Como a Mon vai se sentir ao te ver tão fraca assim?”

“Khun Nueng, a vovó não está bem agora.”

“E daí? Ela está te enganando agora como fez comigo antes. Ela finge
desmaiar.”
“Khun Nueng!” Khun Sam grita com a irmã e eu não consigo acreditar no
que estou vendo. Mas Khun Nueng permanece parada.

“Dê as costas para este palácio e vá embora. A regra que vence este jogo
é… você precisa amar a si mesma mais do que os outros.”

“Mas…”

“Vá, agora!”

“Khun Sam, por favor, não se vá.” Sua avó grita como se estivesse
enferma. “Se você for, vou fazer você desaparecer da minha vida.”

“O que você está fazendo é afastar a todos da sua vida. Em vez de cuidar
e dar amor, você é egoísta. Você nos usou como bem queria.”

Khun Nueng a interrompe devagar. Está sendo doloroso para a Khun Sam
sair do palácio.

“…”

“A partir de hoje, por favor, morra sozinha.” Khun Nueng disse para a
avó.

“Khun Sam!” O grito da avó a faz parar por um momento. Khun Sam
aperta minha mão com força. Mas ela não se vira, como a Khun Nueng
orienta.

“Dê o seu melhor, por favor, não olhe para trás.”

“Vovó! O Sr. Kirk grita alto em choque. E ele agora chama pela Khun Sam.
“Sam! A vovó desmaiou.”

“Vovó!”

Khun Sam se vira, mas Khun Nueng a encara.

“Ela não está doente. Está querendo chamar sua atenção. Eu disse para
você ir embora. Vá logo.”

“Mas…”

“Vá!”

Khun Sam agora está confusa. Mesmo estando tão preocupada com a
avó, ela me ama muito. Finalmente ela segura minha mão enquanto
caminhamos em direção ao carro. Ela está muito preocupada e ansiosa.

Não me sinto bem…


Por que tudo foi longe demais? Se estou me sentindo assim, como ela vai
se sentir? Ela vai sentir muito mais.

Após chegarmos em casa, Khun Sam não fala nada e continua andando
em círculos, ansiosa. Quanto a mim, ficar com ela para apoiar é melhor do
que falar algo.

“Mon.”

“S… sim.”

“Você vai me amar para sempre?”

“Por que está me perguntando isso?”

“Não sei.” Ela ansiosamente morde as unhas. “Estou tão confusa entre o
que a Khun Nueng disse e o que é moral.”

“É doloroso, né?” Salto para abraçar a Khun Sam, que continua


mordendo as unhas. “Tudo vai ficar bem. Vamos passar por tudo isso
juntas.”

“Ela este comigo desde sempre… Continuo dizendo a mim mesma que se
não houver vovó, eu não existo. Mas hoje a enfrentei porque amo outra
pessoa.” Khun Sam disse. Então ela me abraça com força, como se
estivesse procurando abrigo. “Se algo acontecer a ela, nunca irei me
perdoar.”

Eu também não irei me perdoar.

Claro, não digo isso em voz alta. Não quero colocar mais pressão sobre
ela. Preciso fingir ser forte, para ser seu abrigo.

Nosso amor não é fácil.

Após conversarmos, Khun Sam se sente melhor. Mesmo ainda estando


um pouco preocupada.

Tomo um banho e me preparo para ir para a cama. Quando saio do


banheiro, vejo a Khun Sam encarando o celular. Está tocando… continua
tocando.

“Quem está ligando?”

“Kirk.”

“Não vai atender?”

“Não consigo.”
“Está com medo de quê?”

“Não sei.”

Seguro suas mãos e me ajoelho na sua frente, ela está sentada na cama.

“Atenda. Você precisa saber o que aconteceu. Talvez esta ligação seja
importante. Você pode se arrepender se não atender.”

“Estou com medo de atender e nosso relacionamento ser destruído.”

“Se acreditarmos no amor, ninguém poderá destruí-lo.”

“Você é tão confiante. Mas estou com medo de me sentir culpada por
destruir nosso amor.”

“Está tudo bem… Eu sei que você me ama. Se não amasse, não teria
saído do palácio comigo.”

Ela continua balançando a cabeça em desacordo enquanto o telefone


continua tocando. Finalmente, pego seu celular e pressiono o botão para
atender a ligação e passo para ela.

“Quê?”

[Sam, sua avó não estava te enganando. Agora ela está no hospital.]

Suas lágrimas escorrem com toda culpa do seu coração, antes de segurar
o celular para falar.

“Foi demais?”

[Ela teve uma parada cardíaca.]

“Ela não estava doente antes.”

[Ela tem uma doença cardíaca, não sabia?]

“…”

Ela chora alto. E eu choro com ela. Quando vejo que ela não consegue
falar, falo com o Sr. Kirk em seu lugar.

“Onde ela está agora, Sr. Kirk?”

[Ela está no…]

“Muito obrigada.”
Logo após eu desligar a chamada, ela cai em prantos. E começa a bater
na própria cabeça.

“Eu sou uma má pessoa, muito má, Mon”.

“Tudo vai ficar bem. Vamos nos trocar para ir visitá-la. O Sr. Kirk nos
ligou, significa que sua avó está bem agora.”

Ela me encara enquanto tem algo em mente. Então ela sacode a cabeça
discordando e enxuga as lágrimas.

“Você não vai. Eu vou sozinha.”

“Você está muito abalada. Como vai dirigir por aí sozinha?”

“Eu consigo. Fique aqui.”

“Mas…”

“Por favor.”

Ela respira fundo e pega a chave do carro. Tudo o que posso fazer é
correr para abraçá-la por trás.

“Eu te amo muito, Khun Sam.”

“…”

“O que decidir, ainda continuarei te amando. Não se arrependa.”

Ela aperta minha mão com força e assente em vez de me responder.

“Uhum.”

Finalmente, ela sai.

Cada segundo parece uma eternidade.

Tudo ficará bem se a Khun Sam decidir se afastar da minha vida… tudo
acontece por uma razão.

47

Escolha

Desapareceu…
Khun Sam desapareceu por cinco dias. Não ligou, não mandou
mensagem, nem nada. Tudo o que posso fazer é esperar. Espero até cair
no choro, porque trouxe toda minha tristeza para o trabalho. A Tee vê
tudo, então ela fala no grupo, após não termos conversado há muito
tempo.

Jim: Vocês não brigaram. Então por que ela está tão quieta? Ou ela está
doente? Ou morreu?

Kate: O celular dela deve ter sido confiscado.

Jim: Ela é velha demais para ter o celular confiscado. Não é mais criança.

Tee: Ela sempre foi criança aos olhos da avó dela.

Jim: Mas a avó dela é honrada e tem dignidade. É inaceitável que a sua
neta tenha uma namorada e seja homossexual.

Tee: Ai. Como pode dizer isso?

Jim: Disse como se fosse a avó dela.

Doraemon: Agora só estou preocupada com a Khun Sam. Não sei, ela
ficou doente? Ela desapareceu.

Jim: Você não foi vê-la? Ao menos, ela deve ter ido trabalhar.

Doraemon: Estou com medo.

Todas no grupo ficam em silêncio.

Kate: Está com medo de quê?

Doraemon: Ela pode não estar doente. O que quer dizer que a avó dela a
proibiu de falar comigo.

Tee: Então você precisa ir ver a P. P. Senão, não vai conseguir esclarecer.
Ela não é do tipo que fica explicando o que faz. Ela só diz o que vem na
cabeça.

Doraemon: Estou tentando entender o que ela está pensando.

Kate: Mesmo se você reencarnar em uma outra vida, não vai saber o que
ela está pensando.

Kate: Vá conversar e vê-la.


Apesar de ter recebido o conselho da Kate, ainda estou preocupada. Tee,
que é a pessoa mais quieta, não aguenta mais toda a situação. Ela me
deixa fazer meio expediente e me leva até o escritório da Khun Sam sem
me avisar. Estou ansiosa e hesitante na frente do escritório dela.

Nunca fui assim… agora estou com medo de tudo.

“Devemos voltar? Se ela quisesse falar comigo, teria me procurado


primeiro.”

“Não seja uma fracote.”

“Eu…”

Me abraço e deixo a Tee me empurrar para continuar andando. E quando


chegamos no escritório da Khun Sam, todos ficam em silêncio e param de
trabalhar. Agora estão me olhando curiosos.

Claro… A última vez que nos vimos foi no dia em que a Khun Sam
anunciou nosso relacionamento a todos.

Tee caminha para bater à porta da sala da Khun Sam e abre sem pedir
permissão. E quando entramos, Khun Sam, que está de cabeça baixa
sobre a mesa, levanta devagar e sorri.

Também estou chateada…

“Por que não me avisou antes de vir?”

“Fiquei com receio de você não permitir. Mon está aqui comigo.”

Khun Sam me olha e assente lentamente. Mas ela não está feliz ou
desapontada em me ver.

“Fecha a porta, por favor.”

Tee fecha a porta. Então ela cruza os braços sobre o peito e olha para sua
amiga por um momento. Passa mais de um minuto cheio de tensão.
Finalmente Khun Sam inicia a conversa.

“O que quer dizer? Não fique me encarando em silêncio.”

“Por onde esteve? Você a deixou te esperando, sem esperança.” Tee olha
para mim. “A deixou preocupada por sumir e ficar sozinha.”

“Eu precisava esclarecer algumas coisas. Por isso não a contatei.”

“Mas não deveria ter sumido assim. Ainda está viva. Por favor, diga a ela.
O que está fazendo? Não a deixe pensando sozinha. Isso dói.”
Tee disse como se estivesse dando uma lição a Khun Sam. Khun Sam
pode ter se sentido culpada, então responde baixinho.

“Sinto muito.”

Olho para ela e sinto as lágrimas em meus olhos. Tee percebe.

“Deixarei vocês duas sozinhas. Vou esperar lá fora.”

Após a bela mulher sair, resta apenas estranheza e desconforto entre nós.
Não sei o que fazer, então continuo olhando para o chão.

“Sente-se.” Khun Sam se levanta de sua cadeira para se sentar no sofá.


Quando ela percebe que não estou me movendo, ela puxa minha mão
para me sentar ao seu lado. “Não fique em silêncio. Eu sou estranha.”

“Eu também.”

“Devemos fazer isso normalmente.”

“Agora somos normais?” Eu a encaro e pergunto. Khun Sam morde os


lábios e esfrega o rosto.

“Desculpa por fazê-la se sentir mal. Ultimamente tenho muitas coisas


para pensar.”

“Como está sua avó?”

“Ela está com o médico. Nada a se preocupar.”

E ficamos em silêncio novamente. Não sei o que devo perguntar, mesmo


tendo passado poucos dias, tenho muita coisa na cabeça. Acho que devo
esperar.

“Minha avó implorou para que eu me casasse.”

Isso soou alto e claro na silenciosa sala. Ela suspira e sabe o que estou
sentindo.

“Tenho duas escolhas. A primeira é seguir meu coração e dar as costas a


tudo, como a Khun Nueng. Mas Mon, a verdade é que não posso fazer
isso.” Ela disse com a voz trêmula. E ela explica seus motivos. “Amo
muito a minha avó. Tenho medo de ser egoísta e perder mais uma pessoa
neste mundo. Quando a Khun Song se suicidou, eu mal consegui seguir
em frente. Se minha decisão afetar a minha avó, ela…”

“Eu entendo tudo.”


“Não, você não entende.”

“Entendo.” Estendo minha mão e aperto sua perna levemente. Choro


enquanto falo, mas preciso fingir um sorriso. “Você é uma pessoa que
ama sua família. É a verdade.”

“Mon…”

“E deve ser decepcionante eu te amar do jeito que você é. Se você se


virar contra a sua avó e me escolher, me sentirei mal… por você tê-la
deixado para trás, pensarei que um dia você poderá fazer o mesmo
comigo.”

Nós duas estamos chorando. Finalmente, ela me abraça forte. Quando


consigo me acalmar, minha fraqueza interior explode.

“Só queria ter certeza da sua decisão. E a respeito.”

“Desculpa por ter complicado tudo. Eu sou uma covarde, como a Khun
Nueng disse.”

“Não, você não é. Você fez o seu melhor. Tudo bem… o que aconteceu foi
o melhor.”

“Não vou pedir para me esperar, caso encontre alguém melhor do que
eu.”

“Irei esperar por você. Até que não me ame mais. Então partirei quando a
hora chegar.” Me solto dela e seco minhas lágrimas. “Por favor, seja
sincera com seus deveres e dê o seu melhor. Sempre te amarei.”

“Eu também.”

“Então vou indo.”

Porque se eu ficar mais tempo, serei a garota egoísta e possessiva que a


quer só para mim. Mas quando estou saindo, Khun Sam segura minha
mão com força. Parece que ela não quer me deixar ir.

“Khun Sam, não faça isso. Não torne as coisas mais complicadas.”

“Não terminamos ainda?”

Sorrio para ela e respondo…

“É o começo.”
Ela solta minha mão e chora. Tento sair olhando para o chão, porque não
quero que ninguém veja minhas lágrimas. Mas o Sr. Kirk aparece na
minha frente.

“Mon…”

“Sr. Kirk.”

Ficamos em silêncio. Finalmente sorrimos um para o outro e seguimos


caminhos opostos, como dois desconhecidos.

Mas sinto que ele quer me dizer alguma coisa.

“Desculpa.”

E espero que o Sr. Kirk entenda como estou me sentindo.

“Parabéns.”

Às vezes, este pode ser o final feliz…

48

A Teoria Rosa

Dois meses depois…

Já se passaram dois meses desde que vi a Khun Sam pela última vez.
Nosso status de relacionamento está claro agora que terminamos. De
qualquer forma, sempre que alguém me pergunta, respondo que tenho
uma pessoa que amo.

Não estou preparada para ter outra pessoa.

E tenho esperanças de que a Khun Sam volte para mim.

A gangue está preocupada com o nosso relacionamento. Elas não param


de perguntar como me sinto. E elas continuam cuidando da gente. Mas
chega o momento em que elas não aguentam mais.

Tee: Vocês terminaram? Se sim, sugiro que arrume outro. P. P. é tão


chata que dá vontade de bater nela.

Doraemon: Estou bem, obrigada.

Tee: Você não pode ser assim, Mon. Você se fechou. Não é justo.
Kate: Você é exagerada, Tee.

Jim: A Tee está certa. Mon não pode se fechar assim.

Tee: Você deveria arrumar outro. Tem uns caras bonitos no nosso
escritório, hein? Vários deles gostam de você.

Doraemon: Você está de brincadeira comigo.

Comecei a trabalhar aqui com a Tee há dois meses. A posição que a


minha chefe Tee me deu aqui é importante e ela demonstrou seu poder.
Disse a todos que sou como sua irmãzinha. É por isso que ninguém se
atreve a flertar comigo, principalmente os rapazes do escritório. Eles na
verdade acham que sou a namorada dela. As mulheres do escritório, não
gostam de mim e os homens não falam comigo. Então nem tenho amigos
aqui.

Kate: Alguém tentou falar com a P. P.?

Tee: Sim. A avó dela está doente. Ela está cuidando dela.

Kate: Quando aquela velha vai morrer?

Jim: Você é tão má.

Tee: Mon, arrume outro. Eu odeio a P. P.

Kate: É tão fácil assim arrumar outro? Quem poderia substituir a P. P.?
Ela é perfeita.

Jim: Eu queria que a P. P. fosse meu marido.

Tee: Jim, se aquieta.

Tee: Já sei. Vou apresentar a Mon para o meu irmão. Mesmo não tendo
status, ele é rico. Porque sou rica, meus pais são ricos e ele também.

Primeiro, acho que elas estão brincando comigo. Mas no dia seguinte,
Tee me faz almoçar com ela. Ela traz seu irmão mais velho para almoçar
com a gente e nos apresenta.

“Este é meu irmão. O nome dele é Ta.”

Não sei como me comportar. O Ta é um cara bonito, pele clara como um


garoto chinês em roupas casuais. Seu sorriso me encanta.
“Boa tarde.”

“Ela é a garota que você sempre fala? Você arrumou a secretária mais
linda. Por que você mesma não flerta com ela?”

“Mano, você é louco. Eu a vejo como uma linda… irmãzinha?” Tee


pergunta ao irmão mais velho e ele sorri educadamente em vez de
responder.

“Ela é linda. Você virou casamenteira agora, sério?”

“Por que está me atacando?”

“É isso que você quer, né? Tenho alguma chance?”

Ele me olha com um sorriso provocante. Tee também me olha se levanta.

“Vou ao banheiro. Vá com calma.”

De repente me sinto desconfortável. Tee deveria estar aqui comigo, mas


me deixou com um estranho, seu irmão. O que devo conversar com ele?

“Você é tão linda. Tem namorado?”

Ta me pergunta sem pensar. Ele está tentando me deixar mais


confortável. Então, sorrio para ele.

“Sim, tenho.”

“Ah, você tem namorado. Por que ela quis nos apresentar?”

“A pessoa que amo é amiga dela. Ela está mal-humorada desde que meu
amor desapareceu por um tempo. Então ela está tentando me fazer seguir
em frente.”

“Te apresentando a mim…” Ele gargalha e sacode as mãos. “Então, quem


é o amigo?”

“Khun Sam”.

Pfffffff…

Ta cospe sua bebida que se espalha no ar. E não posso demonstrar que
estou com nojo.

“Perdão, você é namorada da Mhom P. P.?”

“Até você a chama assim? Você a conhece?”


“Ai, claro. Ela é a amiga mais próxima da Tee. Eu costumava flertar com
ela.”

“Flertar?”

“Então ela não me aceitou porque gosta de garotas…”

Fico um pouco envergonhada, ele balança as mãos e diz:

“Não, não, não. Relaxa. Não fique com vergonha. É normal. Estou
acostumado com isso. Minha irmã sempre leva a esposa para dormir na
nossa casa. Nossa casa é como um hotel agora. Só estou surpreso em
saber que a P. P. também gosta de garotas. Essas escolas femininas são
terríveis.”

“Estudei em uma escola normal.”

“Então, a escola não importa.”

Quando falamos da Khun Sam, Ta tem assunto de sobra. Parece que o


irmão da Tee adorava a Khun Sam.

Mas logo depois, sinto algo estranho… Uma forte energia.

O que será?

Após terminarmos de almoçar, Tee parece feliz por ter me apresentado


seu irmão. Olho para ela e ela começa a rir.

“Por que está tão alegre?”

“Só estou feliz por você e o Ta terem se conhecido. O próximo passo vai
ser o casamento?”

“Sua!” Dou um tapa em seu ombro. E ela percebe que estou


envergonhada. Ela coloca a mão sobre minha cabeça e acaricia meu
cabelo. “Seu cabelo está uma bagunça agora.” E continua.

“Uma garota bonita como você não deveria se apaixonar pela P. P. Se


tivesse me conhecido antes, você seria minha. Eu não iria te desapontar.”

“Eu não gosto de garotas.”

“P. P. é um rapaz?”

“Ela é minha única exceção.”

“Odiei isso.”
Ela me puxa pelo pescoço e continua acariciando meu cabelo. Nossas
risadas chamam a atenção de todos à nossa volta. Então me afasto desta
bela senhorita. Provavelmente é indelicado brincar assim em público.

“Por favor, sem intimidades. Trabalhar aqui com você já faz eles me
odiarem. Se nos verem íntimas assim…”

“E daí? Quem tiver problema com isso, peça demissão.”

“Tee…”

“Se não parar com isso, vou te beijar.”

Tee me puxa. Desvio, chocada.

“Tee!”

“Ah, tão macia.”

Céus!!

Me sinto estranha de novo. Que sentimento é este? Fico olhando em volta


paranoica. Mas não vejo nada. Tee me olha curiosa.

“O que foi?”

“Me sinto estranha, como se tivesse alguém me observando.”

“Todos aqui estão nos observando. Então vamos trabalhar.”

Ela me puxa pelo pescoço. O que é isso? Por que ela continua me
tocando? Não é comum. “Hoje, vou te levar para casa.”

“Obrigada.”

Mas… não é fácil.

Tee olha para os pneus do seu carro. Estão todos murchos, mas ela sorri.
Como ela pode sorrir nessa situação? Olho para ela suspeita.

“Alguém fez isso. Não está preocupada?”

“Eu não! Sou rica!” Tee disse em voz alta. “Estão murchos? Quem liga?
Compro novos. Melhor ainda, compro um carro novo! Ah, como posso ser
tão rica e ter dedos longos que fazem as garotas gemerem tanto?”

“Tee!”
Olho para a Tee, que está gritando sem motivos. Do nada, algo voa em
direção a ela e acerta sua cabeça. Um sapato branco cai no chão. Tee
abre os olhos e olha de onde o sapato veio.

“Vadia! É o sapato da P. P. Como chegou aqui?”

Khun Sam está de pé com a respiração descontrolada. O que faz a Tee


gargalhar.

“O que está fazendo?”

“Quem tem dedos longos? Quem estava dizendo que faz as garotas
gemerem?”

Khun Sam se aproxima da Tee e levanta a mão como se fosse bater nela,
mas corro para interromper.

“Khun Sam, se acalme. Não aconteceu nada, não temos nada.”

“O que você fez? Por que gemeu?”

“Eu não gemi.”

“Ai. Por onde esteve? Se escondendo de nós o dia todo? Tive que te
provocar o dia todo e só apareceu agora?” Tee ri, pega o sapato do chão
e joga do quarto andar do prédio.

“Este sapato custou caro, vinte mil.”

“Você estava usando um sapato caro destes?” Estou chocada com o


valor, mas ela me responde lentamente.

“É um Gucci.”

“Você mereceu. Foi o preço a ser pago por acertar minha cabeça.”

“Por que estava com a Mon? E com o bastardo do seu irmão também?”

Todo mundo é um bastardo para ela…

“Como sabia, Khun Sam?” Eu a encaro. Se não estou errada, ela foi o
motivo de me sentir estranha o dia todo. “Há quanto tempo está me
seguindo?”

“O dia todo.”

“Por que se escondeu de nós?”

“Eu…”
“Diga a ela que você se sentiu culpada por deixá-la sozinha por dois
meses. Por que sempre eu? Sempre tenho que ajudar com seu amor.
Hurr.” Tee suspira. “E sua avó? Tudo bem?”

“Não tenho certeza, acho que está tudo bem.”

“Vou deixar você conversar com a Mon. Não se esqueça de pagar por
todos os meus pneus. Ah, incluindo as taxas. Vou para casa.” Tee olha
para seu relógio. “Já são quase 19h… Preciso ir. Não transem no
estacionamento, só avisando.”

“Tee!”

Ela ri e se afasta. Parece que tudo hoje foi uma armação. E esta é a
primeira vez em dois meses que vejo a Khun Sam.

“Preciso encontrar aquele sapato.”

“Hum…”

Foi tudo o que eu consegui dizer…

Ando na frente dela porque não sei o que dizer. Khun Sam me segue em
silêncio até chegarmos nas escadas do primeiro andar. Então ela diz:

“Senti sua falta.”

“Sim.”

“Que resposta curta. Não sentiu a minha?”

“Eu senti sim. Mas não sei qual o meu status por sentir sua falta.”

“O mesmo.”

“…”

“Meu amor.”

Ficamos em silêncio. Olho para o céu. Está escurecendo enquanto


procuramos pelo sapato.

“Ehh… cadê esse sapato?”

“Está com raiva?”

“Não estou.”
“Por que ficou em silêncio após eu dizer que você continua com o mesmo
status? Se não ficou feliz, poderia ter ao menos dado um sorriso.”

“Ainda estou confusa. Tudo aconteceu tão rápido. Continuo me


perguntando se estou sonhando? Não quero acreditar.”

“Você não está sonhando, é real.”

“Sério?” Finjo procurar o sapato e a encaro. Ela está sorrindo para mim.

“Estou aqui e a partir de agora não vou a lugar algum.”

“Por favor, esclareça.”

“Eu já resolvi tudo. Eu vim te pedir pra voltar comigo, mas não sei se
você vai me dar uma outra chance.”

“Está me pedindo para voltarmos? E sua avó? Você me disse que se


casaria com o Sr. Kirk por causa dela.

“Eu aceitei. Faria isso por ela.”

“…”

“Mas tenho sorte da minha avó me amar tanto e não querer me machucar.
Então, ela me deixou ser o que sou.”

“Quê?”

Encaro a Khun Sam e ela me olha de volta com um sorriso no rosto.

“Mas tem um pequeno problema… não poderemos nos casar como a


EarngEai.”

“…”

“Ou não será anunciado ao público, minha avó pediu isso.”

“…”

“Você está bem?”

Minhas lágrimas estão escorrendo por todo meu rosto, eu concordo para
aceitar orgulhosamente. Khun Sam, que achou que eu não aceitaria,
percebe que aceitei e diz algo com a voz trêmula.

“Então podemos nos amar de novo.” Ela abre os braços e espera que eu
a abrace. “Podemos ficar juntas.”
“Khun Sam!”

Corro e pulo em seus braços como um macaco. Rio e choro ao mesmo


tempo de alegria.

“Te amo.”

“Te amo.”

“Estamos chorando de novo.” Sorrio com lágrimas nos olhos. Então


seguro o rosto da Khun Sam, que continua me segurando no colo.
“Vamos viver juntas, né?”

“Com certeza.”

“Eba!”

“Então vamos voltar para casa.”

“Qual casa?”

“Nossa casa.”

“Não é minha, é sua.”

“Minha casa está cheia de roupas suas. Almofadas rosas, roupas íntimas
rosas e tantas outras coisas rosas. Se não tem certeza, amanhã irei pintar
minha casa de rosa.”

“Ah, que fofa. Então preciso voltar mesmo. A casa da ChamCham e da


Mon Mon.” Abraço Khun Sam e sussurro em seu ouvido. “Esta noite vou
me superar. Yum!”

“Vamos ver quem vai se superar. Yum, yum.”

A peça que me faltava está de volta. Após eu ter esperado sozinha por
tanto tempo. E eu preencho a vida dela também. Passamos por tantos
obstáculos, crenças, classes e tantas lacunas entre nós no começo do
nosso relacionamento.

Nosso mundo agora está brilhante, como um desenho animado. Ter a


Khun Sam na minha vida é uma realidade. E espero que eu continue
preenchendo a vida dela também.

Se seu mundo não está brilhante. Por favor, me deixe iluminá-lo.

Cores diferentes: tinta a óleo e aquarela, às vezes ficam melhores quando


misturadas.
Irei chamar essa teoria do meu amor… quero dizer, nosso amor de:

A Teoria Rosa

Esplêndido!

Bastidores [Khun Sam] (Parte 1)

Toda a saudade que estava sentindo nestes dois meses acaba hoje…

Quando chegamos em casa, carrego minha amada escada acima e a jogo


sobre a cama para saborear cada centímetro do seu corpo. No caso da
Mon, ela é do tipo de garota fácil de controlar. Ela sabe o que fazer no
momento certo. A garota com lábios em formato de coração sabe
executar seu trabalho com maestria.

“Khun Sam, sem pressa. Temos a noite toda juntas.”

“Não estou com pressa, mas estou perdendo a paciência.”

“Você não está mais fazendo rodeios.”

A pequena garota ri enquanto me beija. Estamos trocando muitos


sentimentos através dos lábios, língua e pelo toque de nossas mãos por
todo o corpo.

“Eu senti muito a sua falta, Khun Sam.”

“Eu sei, está demonstrando quando te toco.” Sorrio quando meu dedo a
toca em um ponto importante e sinto o quanto o seu corpo está me
ansiando. Não sentimos mais vergonha. E se tivermos medo, é apenas
fome de fazer amor.

“Não me provoque, Khun Sam. Você me fez ser assim.”

A pequena garota cobre o rosto com as mãos. Rio antes de tirar sua mão
do rosto e beijá-la carinhosamente.

“Você me fez ser assim. Por onde devo começar?”

“Por onde quiser.”

“Você vai ser uma garota sexy?” Encaro minha garota e me inclino para
beijar seu pescoço com meus lábios. Minha língua a lambe suavemente.

“E você será uma garota fogosa?”


… Sim. Antes, eu nunca pensei que poderia ser assim, até ela entrar na
minha vida…

De volta às memórias de quando era jovem. Hum… quanto tempo faz? Foi
há mais de vinte anos. Estou crescida agora… Desde que me lembro,
meus pais não estão comigo.

***

“A partir de agora, sua criança ficará aos meus cuidados.”

Vovó é a primeira memória que tenho. A senhora de meia idade, que não
era tão velha quanto agora, vestindo um terno preto de luto. Seus olhos
eram brilhantes e poderosos. Fui atenciosa com ela desde que a vi, mas
estava de cabeça baixa. Então, ela apertou minhas bochechas me fazendo
olhar para ela.

“Khun Sam, você é tão linda.”

O sorriso desta senhora determinada me anima. Vovó, a primeira pessoa


que amei. Me levanto e a abraço após seu elogio. A gentileza em seus
olhos me fez sentir privilegiada. Deve ser porque eu era sua neta mais
nova. Então ela não era rígida comigo.

Por outro lado, com minha irmã mais velha, Khun Nueng, ela era bem
mais rigorosa. Pelo que me lembro, a vovó sempre olhava o dever de casa
dela. Se ela errasse alguma coisa, apanhava. A vida dela era praticamente
ser perfeita nos estudos e no comportamento. Ela era sem vida.

Mas… ela ainda continuava sorrindo, mesmo estando estressada e


destruída por dentro.

“Khun Nueng, você sorri o tempo todo. Está feliz?”

Perguntei a ela enquanto praticava piano sozinha na sala. Não tinha


ninguém perto, mas ela continuava praticando.

“Sorrir não significa que estou feliz.”

“Mas você está sorrindo.”

“Estava treinando meus músculos.” Khun Nueng para de tocar e me olha


friamente. “Li em vários livros sobre o controle dos músculos pelo
inconsciente. Se sorrimos, nosso corpo vai acreditar que estamos
felizes.”

“Quê?”
“Sim, mesmo estando estressada. Vou tentar sempre sorrir. E quando
sorrio muito, significa que estou muito estressada. Você deveria pôr isso
em prática.”

“Então quando estivermos felizes de verdade podemos sorrir?”

“Não demonstre nada, não os deixe saber.”

“Ahh, por quê?”

“Sorrir é para os fracos. Se não quiser ser um, não sorria.”

“É difícil.”

“Você deveria praticar. Se conseguir ler a mente dos outros, ficará um


passo à frente. Agora… Vovó não consegue ler minha mente e nem eu a
dela.”

Khun Nueng sorri enquanto pratica piano comigo. Guardo tudo o que ela
disse para aplicar.

‘Se estiver feliz, não os deixe saber.’

‘Se você está arrependida, sorria para eles.’

A vida é complicada…

***

Me transformei nessa pessoa antes mesmo que percebesse. Na escola,


raramente tinha amigas. Achava que era por causa do meu título de Mhom
Laung [M. L.]. Algumas achavam que eu tinha grandes laços com a família
real. Mas era apenas um título. E eu estava longe da família real na minha
linhagem.

1. L. é uma pessoa comum, ao menos era o que eu tentava dizer a


elas. Mas poucas delas aceitavam serem minhas amigas. Amigas…
que minha avó não gostava nem um pouco.

“Classe baixa e rude. Khun Sam deveria ficar longe delas. Elas são má
influência.”

Foi o que ela me ensinou. Primeiro, eu a ouvia, até a Khun Nueng dizer o
oposto.

“Não se afaste delas, Khun Sam. Você precisa ter amigas.”


Como eu também queria ter amigas, desobedeci às ordens da minha avó.
Foi a primeira vez que fui persistente, mas não disse a ela. Ela entendeu
que eu me afastei delas. Mas na verdade, fomos amigas até me graduar.

Primeira vez que resisti a ela… teve um gostinho especial.

Se eu era resistente, outra pessoa era mais ainda… Khun Nueng, a obra-
prima da vovó, se tornou rebelde. Ela decidiu cortar os laços com nossa
avó após ser forçada a se casar às cegas com o filho de um ministro.

“Você não vai me obrigar. Se você quiser, case-se com ele, não eu.”

Khun Nueng foi embora do palácio alegremente, estava sorrindo de


orelha a orelha. Tudo que me lembro é de ter corrido em direção a ela
para pará-la e curiosamente a vi sorrir.

“Khun Nueng está sorrindo, significa que está estressada. Você não quer
ofender a vovó, né? Então por que vai embora?”

“Não, não, pelo contrário, estou feliz por ir embora…. Hoje, estou
satisfeita com o que fiz.” Khun Nueng olha para a vovó, que a continua
encarando. “O dia que mais te desapontou.”

“Khun Nueng…”

“Khun Song será a próxima. Você precisa ser forte, irmãzinha. Precisará
enxergar com os próprios olhos.”

E minha irmã mais velha se foi sem olhar para trás.

Como Khun Nueng disse, a vovó tinha uma nova obra-prima. Khun Song
se tornou sua nova marionete.

Khun Song, a neta do meio, não tinha talentos. Pelas regras do mundo,
ela recebia todo o amor e nada de pressão. Quando ela se tornou a
favorita, Khun Song, que não tinha demonstrado interesse por nada, quis
mostrar todo seu potencial para a vovó.

“Por que errou isso? Não é o bastante, Khun Nueng era bem melhor que
você.”

“Por que você tem uma corcunda? Khun Nueng tinha uma postura melhor
que a sua.”

“Por que errou a nota? Khun Nueng tocava melhor que você.”

Tantos ‘por quês?’ a Khun Song recebia da vovó. Tudo o que ela fazia era
comparado com a Khun Nueng. Khun Song suportou por muito tempo
toda essa pressão. Que crescia cada vez mais. Até que em uma noite tudo
explodiu.

O dia em que uma empregada saiu gritando do quarto da Khun Song.

Vovó e eu corremos para ver o que tinha acontecido. E ficamos em


choque ao ver a Khun Song pendurada pelo pescoço na sacada. Seus
olhos saltaram, sua língua estava retraída no fundo da boca. Eu caí no
chão em desespero. Mas minha avó nunca demonstrou fraqueza. Mesmo
estando triste, ela nunca chorava. Mas eu sabia que ela estava triste.

Khun Song deixou uma carta escrita à mão em cima da cama. Era sobre
ela estar desapontada com a vovó, que a comparava frequentemente com
a Khun Nueng. Por um momento, fiquei com tanta raiva da Khun Nueng
ter ido embora e ela não compareceu ao funeral da Khun Song. Vovó, que
continuava olhando as fotos da Khun Song, não disse nada por uma
semana. Então tive que ir até ela para segurar suas mãos.

“Vovó.”

“…”

“Está tudo bem. Você ainda tem a mim.”

Vovó me olhou com lágrimas nos olhos e não disse nada. Devia ter
toneladas de coisas que queria dizer. Tudo o que eu podia fazer era tentar
animá-la. Encosto minha bochecha na dela.

“Serei sua neta ideal.”

Foi o que prometi a ela e preciso cumprir…

Bastidores [Khun Sam] (Parte 2)

“Eu gosto de você. Por favor, namore comigo.”

Jim, minha amiga da gangue, me chamou até o terraço do prédio da


escola e me disse estas bobagens, como em um mangá japonês. Aperto
os olhos demonstrando estranheza e acerto a testa dela.

Bang!!

“Ai, vadia. Por que me bateu?”

“Ah, você tá falando essas esquisitices para mim.”

“Por que me bateu?”


“Por que disse que gosta de mim? Está maluca?”

“Não, eu apenas gosto de você.” Ela prende o cabelo atrás da orelha e


diz: “Eu gosto de você desde a sétima série.”

“Mas estamos na sétima série.”

“Por que o tempo passa tão rápido?”

“Se está sonhando acordada, deveria ir para a cama.”

Que chatice…

Por termos frequentado uma escola feminina, era normal vermos


relacionamentos amorosos entre garotas. Se eu tivesse estudado em uma
escola normal, eu não seria charmosa assim.

Elas vieram até mim por causa da minha posição, mas outras me
odiavam. Elas costumavam fofocar que eu era malvada, tinha um título
falso e era uma inútil.

Mas ninguém falava estas coisas na minha cara… porque elas tinham
consideração pelo meu título, MhomLuang.

Então minha posição era boa ou não?

“P. P., por que fez a Jim chorar?”

Kate, minha amiga, também estava na sétima série. Mas ela era famosa e
popular entre as estudantes e os professores. Mas ninguém sabia o quão
rude ela era.

“O que a Jim te disse?”

“Ela disse que você gritou para ela ir para a cama e dormir.”

“E chorou? Como ela é chorona!” Tee, a garota mais linda e audaz da


minha gangue não entendia o motivo do choro da Jim. Quando Jim nos
ouviu, ela tirou os sapatos com raiva e arremessou na gente.

“Ela falou para eu dormir porque confessei meu amor por ela.”

“Que fria.” Tee me olha e faz um joinha. “Bem, Jim é feia. Quem iria
querer namorar com ela mesmo?”

“Tee!”

“Jim virou tendência aqui. Quando crescermos, ela entenderá melhor. Eu


ainda acho que você gosta de homens.”
“Eu gosto de rapazes e de você também.” Após dizer isso, ela me
abraçou e me apertou como um gatinho. “Olhe bem para você. Você tem
um cheiro bom, tem um rosto lindo e dedos longos. Uau.”

“Dedos longos?”

“É bom para fazer… ai! Por que me bateu, Tee?” A linda garota acertou-
lhe na testa. Sorrio satisfeita, Jim mereceu.

“Suja. O que está pensando? Dedos longos… fazem coisas. É nojento.”

“Dedos são nojentos? Se eu tivesse dito pau que seria nojento.”

“Sim. Sim. Sim.”

Todas concordaram com a Tee. Jim estava desapontada.

“Tanto faz. Eu gosto de você P. P. Mas esquece. Ter o coração partido


não é estranho aos humanos.”

“Fácil assim?”

“A vida é curta, meu bem. Não devemos nos estressar por muito tempo.”
Jim me disse com os olhos cerrados. “Você tem alguma irmã que se
pareça com você? Vou paquerar.”

“Khun Nueng e Khun Song.”

“Uau, todas garotas. Seu pai tinha pinto pequeno? … Ai! Me bateram de
novo. Desta vez foi a Kate. Usou a mão ou o pé?” Disse a Jim.

Kate não aguentava mais ouvir aquilo. Ela acertou a cabeça da Jim.

“Não é legal falar do pai da sua amiga assim.”

“É comprovado pela ciência. Se todas as filhas são mulheres, significa


que o pai tem pau pequeno.”

“Meu Deus. Que tipo de ciência é essa? É tudo uma questão de química e
tem relação com a mãe também.” Tee explica.

“É tudo o que sei.”

“Maluca!”

***

Após isso, muitos anos depois, Kirk, que era meu amigo de infância, veio
até mim e também disse bobagens.
“Sam, quando crescermos, vamos nos casar.”

“Hein? Se casar? Casamento, fazer sexo e ter filhos, é isso?”

“Por que está surpresa? Casamento se trata disso.” Ele coça a cabeça e
sorri sem graça. Olho para ele da cabeça aos pés.

“Tem pauzão?”

“Ei!”

Quando ele escuta o que perguntei, se apressa em cobrir as partes


íntimas envergonhado. O garoto branquelo está ficando vermelho. Mas eu
não sinto nada.

“Saberei se teremos uma menina ou um menino.”

“Quê?”

“Quantos filhos você pretende ter?”

“Alguns.”

“Quer um menino ou uma menina?”

“Tanto faz.”

“Eu quero ter uma garota.”

“Bem, ela será linda como você.”

“Mas se você tiver um pau grande, teremos um garoto. Eu não quero


engravidar muitas vezes. Deve doer e, além disso, teremos brigas por
causa de herança.”

“Então, tenho um pau pequeno.”

Coloco minha mão sobre a boca

“Eca… pequeno!!!”

“Sam!”

“Certo. Se chegarmos aos trinta anos e não tivermos alguém, vamos nos
casar.” Cruzo meus braços e o encaro, ele está sorrindo. “Por que está
sorrindo?”

“Então quer dizer que estamos namorando?”


“Namorando? Tudo bem.”

“Bem, posso te beijar?”

“Pode?”

“Desculpa.”

Desde aquele dia, Kirk e eu estamos em um relacionamento. Um


relacionamento… não muito diferente de amizade. Eu sabia que ele rezava
para chegar aos trinta logo. Ele nunca saiu da linha. No meu caso, tinha
alguns garotos me paquerando, mas eles sumiam quando viam o Kirk.

Hum… Eu não teria alguém para amar antes dos trinta. Se continuasse
assim, eu teria que me casar com o Kirk. Seria melhor do que um
casamento às cegas.

“Não, tudo o que sei é que ela não é assim.”

“Você a conhece bem?”

“Eu não a conheço… bem. Mas ela é do tipo de mulher que ilumina o
mundo com seu sorriso e ela gosta de cachorros.”

Mas… às vezes, Deus nos testa. Ele enviou uma pessoa para perturbar o
casamento que o Kirk estava esperando. Porque agora estou com trinta
anos. ‘Mon’, uma nova trainee que eu nunca tinha visto, ou vi, mas não
estava interessada. Ela estava no banheiro e parecia me conhecer bem.

E o mais surpreendente é que me senti familiar, mas não sabia o porquê…

“Como sabe que eu gosto de cachorros?”

“Eu li o artigo da sua entrevista, então acho que você gosta de


cachorros.”

“Sim, eu dei uma entrevista, mas falei que gosto de gatos.”

“Hum… Devo ter entendido errado. Mesmo que seja gatos ou cachorros,
você é uma pessoa que gosta de animais.”

“É diferente. Já nos conhecemos antes?”

“Podemos nunca ter nos conhecido antes.”

“Podemos? O que quer dizer?”

“É meu primeiro dia trabalhando aqui. Te vi mais cedo, mas não tenho
certeza se você me viu?”
“Ah sim, você é a nova estagiária, Coelhinha.”

Eu a chamei de Coelhinha sem pensar. Por que fiz isso? Deve ser porque
ela é mais nova do que eu.

Mas após dizer isso, recebi um sorriso alegre em troca. Que


descompassou meu coração. Palpitação… Palpitação…

Que loucura… o que há de errado?

A pequena garota na minha frente, estava tentando me tocar. Fiquei tão


surpresa que recuei. Foi como se eu tivesse um curto-circuito. Eu a
recusei imediatamente.

“Estou bem. Posso estar um pouco bêbada ou talvez tenha ficado


enjoada com o cheiro do banheiro.” É melhor eu sair daqui. Mas ainda
estava me perguntando. “Nós realmente não nos conhecemos?”

“Se tivéssemos nos conhecido, você se lembraria de mim, correto?”

“É verdade.”

Devo sair agora, ela é assustadora demais.

Brilhante demais…

Bastidores [Khun Sam] (Parte 3)

Tem algo de errado com a nova trainee. Por que o sorriso dela continua
me seguindo… mesmo quando estou de olhos fechados?

Então… não consegui dormir.

E meu corpo estava estranho. Por causa de uma noite em que não fui
capaz de dormir, uma enxaqueca me atacou com tanta força que não
consegui trabalhar. Tive que mudar as paredes para o modo fosco e me
deitei no sofá. Minha enxaqueca foi muito forte e quem tomou conta de
mim foi a nova trainee chamada ‘Mon’.

Assombroso…

Há tantos tipos de pessoas neste mundo, a maioria não é boa. Eu


raramente confio em alguém. A novata deve estar planejando algo. A
partir deste dia, terei cuidado com ela. Mas esqueci do meu muro, o muro
que me protege dos outros e mostra a eles o que sou capaz de fazer.
“Eu não sei por que você tem que ser boa comigo. Me sinto
desconfortável.” Disse com a voz séria e percebi o que ela fez. “Me
comprou remédio, me levou para casa, isso não significa que somos
próximas. Por favor, entenda isso.”

“Claro.”

“Não conte a ninguém sobre minha enxaqueca. Isso é tudo.”

Pude ver tristeza no rosto dela. E meu coração estava acelerado.

O quê?…

Eu demiti vários funcionários, por que estou abalada por esta garota?
Não… tenho que me portar corretamente. Talvez eu apenas tenha que ser
grata por ela ter cuidado de mim.

Hum… Talvez…

Mas não conseguia tirar o rosto culpado dela da minha mente… Ah. Eu a
chamei de ‘Mon’. Enquanto estava pensando sobre isso na estrada, parei
no sinal vermelho.Vejo alguém familiar no ônibus ao lado. Mesmo
estando um pouco longe, pude me lembrar bem dela.

Assombrada de novo… que evento inesperado.

Argh…

Abaixo o vidro para ter certeza de que era a Mon.

Ela estava sentada no ônibus ao lado de um garoto da mesma faixa de


idade. Quando ela me viu, acenou com a cabeça humildemente. Isso foi a
confirmação de que não era uma ilusão da minha mente.

Ela deve ser uma espiã. Uma terrorista. Qual a chance de nos
encontrarmos inesperadamente?

Foi o bastante… eu tinha que saber quem era ela. De onde ela veio? E o
que quer? Então a missão da Sam começou. Mandei uma figurinha para
ela à uma hora da manhã. É um horário em que já deveria estar dormindo.
E ela respondeu. Viu? Ela não é normal.

Olha isso!… Ela me ligou.

“Então deveria ter me mandado figurinhas de volta. Por que me ligou?


Veja só, você salvou meu número sem minha permissão. Está tentando
ser minha amiga?”
Quando disse isso, imediatamente ela desligou a chamada. Então retornei
a ligação porque eu queria sair vencedora, ninguém desliga na minha
cara. Eu que deveria desligar primeiro.

O que devo fazer?

[Alô?]

“Por que desligou na minha cara?”

[Fiquei com receio por estar te incomodando.]

“Sim, você me incomodou neste horário da madrugada… Por favor,


lembre-se disso.”

[Eu me lembrarei.]

“Por que você aceita suas falhas tão facilmente?”

[O que eu posso fazer? O que eu fiz não foi certo… Mesmo estando
preocupada, eu errei.]

Fiquei atordoada por um momento. A culpa me atacou como nunca. Não


exatamente, me atacou no escritório, mas desta vez aconteceu em minha
casa.

“Por que está chorando? Eu ainda não te culpei.”

[Khun Sam, você está tentando me culpar por tentar ser sua amiga, né?
Pensei que você estava com tanta dor de cabeça que escolheu mandar
figurinhas ao invés de digitar uma mensagem. Não estou tentando ser sua
amiga.]

“…”

[Eu te vi ter uma forte dor de cabeça e o que recebo de volta é culpa no
lugar de um agradecimento. Por que você é assim?] Foi uma reclamação
triste e difícil de resistir. Eu gostei mais de vê-la com um sorriso
iluminado do que chorando assim.

“Boa noite.”

E eu desligo a chamada.

Viu? Eu a acalmei. Por favor, pare de chorar.

Eu preciso acordar cedo, mas fico até as 3h da madrugada confusa com a


mulher que me mandou figurinhas, me fez chorar e se despediu dizendo
“Boa noite”.
É sério que existem mulheres assim? Por que essa garota fez eu me
sentir culpada? Qual é!

Tudo especialmente sobre a nova trainee me perturbava. Normalmente


não costumo falar muitas coisas com minhas amigas, mas desta vez, não
consegui achar uma resposta sozinha e se eu quisesse falar sobre esta
coisa boba, apenas aqui neste grupo poderiam me ajudar a resolver este
problema.

Amigas do Terror Grupo #46

Sam Sib Sam: Gente! Me sinto estranha.

Martha: O que foi, marido?

Sam Sib Sam: Ultimamente tenho me sentido estranha. Parece que


alguém está incomodando dentro do meu coração.

Tee: Quem? Quem se atreve a te incomodar? É no trabalho?

Sam Sib Sam: Hum. Uma pessoa que começou a trabalhar aqui. Eu gritei
um pouco com ela e ela chorou.

Kate: Aff. Você é a chefe. Gritar é normal. Está falando como se nunca
tivesse demitido alguém.

Sam Sib Sam: Ela não fez nada de errado.

Martha: Aaah, meu marido. Por que gritou?

Sam Sib Sam: Estava com receio desta pessoa querer ser minha amiga.
Disse por precaução. Após isso, ela se afastou de mim. Mas não gostei
disso.

Kate: Então, o quê?

Sam Sib Sam: Continua incomodando lá dentro do meu coração.

Tee: É um cara?

Martha: Ela não pode ter um marido. Estou bem aqui, a esposa dela. Faça-
me o favor.

Tee: Você vai se casar. Se aquieta. Falando nisso, cadê o convite do seu
casamento?”

Martha: Ah. Vou entregar a vocês. Vamos nos encontrar. Marido… que tal
na sua casa?
Sam Sib Sam: Não mesmo. Minha casa está uma bagunça. Melhor
escolher um restaurante.

Tee: Então, o trainee é homem ou mulher?

Respondo com meu silêncio. Não sei por que tive que evitar esta
pergunta. Mas após falar com minhas amigas, tive uma nova ideia.
‘Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda’.

Eu não vou permitir que ela me conheça, preciso saber mais dela
primeiro. Então pedi o currículo dela ao R.H. para ler novamente.

Para convidá-la para almoçar…

Para convidá-la a passar a noite…

Eu fiz muito para garantir que ela é uma boa garota e que não quer se
aproveitar de mim. Preciso da ajuda das minhas amigas de novo.

Sim… Minhas amigas do grupo do terror.

Quando a Mon chegou, todas se entreolharam como se tivessem sentido


algo. Tudo que me lembro é que minhas amigas cuidaram bem dela. E ela
foi assunto no nosso grupo na mesma noite.

Tee: P.P, você estava tão bem. Deve ser ela que está incomodando dentro
do seu coração, né?

Sam Sib Sam: O que acharam dela? Ela é boa?

Tee: Que resposta você quer?

Olho para a tela um pouco mal-humorada. Por que ela tem que me
provocar? Apenas diga ‘sim’ ou ‘não’.

Sam Sib Sam: Ela é uma boa garota??

Tee: Você não tem nada a perder. Além disso, ela te tem como ídolo, ela
te adora desde a 4ª série. E você ainda pergunta?

Martha: Vá com calma, marido. Mon é uma boa garota, mas menos que
eu.

Kate: Ela parece ser boa e inocente. Pode deixá-la entrar.

Kate: Está séria com ela?

A pergunta da minha amiga me surpreende um pouco. Franzo a testa e


respondo a elas.
Sam Sib Sam: Séria sobre o quê?

Martha: Você nunca deixa ninguém entrar na sua casa por receio de não
ter boas maneiras, mas ela… Isso nos prova muita coisa.

Martha: Você gosta de uma garota que não sou eu.

Sam Sib Sam: Se está com sono, deveria ir para a cama. Gostar de uma
garota? Isso é ridículo.

Tee: P.P., você sabe que não ligamos para namoros do mesmo sexo.
Pode nos dizer.

Sam Sib Sam: Vocês estão loucas. Ela é minha funcionária. Filha da Tia
Pohn. Não penso nela desta forma.

Tee: Então posso flertar com ela?

Sam Sib Sam: …

Tee: Ela deu permissão.

Olho para a tela do meu celular e respondo a elas brevemente, antes de


bloquear minha tela.

Sam Sib Sam: Não é da sua conta.

Bastidores [Khun Sam] (Parte 4)

Desde aquele dia, Mon e eu nos aproximamos mais. Ela se tornou uma
irmã e outra amiga íntima. Porque estávamos sempre juntas e
trabalhávamos no mesmo lugar. Então falava mais com ela do que com
minhas amigas. Se eu quisesse comer após o trabalho ou nos feriados,
eu a convidava para ir comigo. Porque ela também gostava de comer.

Cada vez mais próximas… até que eu senti… outras coisas.

Por que ela tem um sorriso tão lindo?

Suas gargalhadas mostravam seu verdadeiro eu.

E seus lábios em formato de coração.

Meus olhos não saiam dos lábios dela. Desde que a conheci, a imagem
dos seus lábios estava presa na minha cabeça. Pareciam tão macios. Eu
queria mordê-los.
‘Se eu pedir, ela deixa?’

Morder…

“Pelo que constatei, parece bom demais para nós. Não vamos ganhar
sem pagar. Precisamos mudar. Acho que…”

Enquanto eu falava com o Kirk sobre um contrato, palavras interessantes


da parte dele estavam entrando em minha mente.

“Significa que precisamos trocar, né?”

“Claro.”

“Morder meu nariz, morder seus lábios?”

“Morder o quê? Hã? Nariz?”

“Nada, do que estávamos falando? Continue…”

Parecia que eu sabia como morder os lábios dela. Mas isso aqui são
negócios, preciso de uma moeda de troca.

Após demorar mais de vinte minutos me olhando no espelho, fiquei mal-


humorada. Por que não tenho nada de interessante em meu rosto?
Quando percebi isso, estava prestes a jogar todo o plano no lixo. Preciso
que ela me diga o que gosta em mim.

Ah… Como sou esperta. Fiquei tão orgulhosa. Minha avó me ensinou
bem.

“O que você gosta em mim?”

Pergunto a ela na primeira oportunidade. Ela pareceu confusa antes de


responder.

“Deve ser o nariz.”

Quando escuto a resposta, fico animada.

“Quer morder meu nariz?”

“Hum… Parece delicioso.”

“Vamos fazer uma troca.”

“Do tipo?”

“Eu deixo você morder meu nariz.”


“…”

“E você me deixa morder seus lábios.”

Mon não aceita imediatamente. Mas como minhas necessidades estavam


transbordando, perguntei a ela novamente quando chegamos na frente de
sua casa. Era o momento correto, mas fomos interrompidas por alguém.

O amigo dela, Nop.

Que irritante!

Mas finalmente, pude morder os lábios dela. Mas desta vez, foi ela quem
começou… Foi onde tudo começou. De mordidas, viraram chupadas. Era
estranho, mas especial ao mesmo tempo. E tudo ficou mais interessante
quando comprei um batom com um sabor que gosto para ela passar nos
lábios.

Ahhh… Eu sou muito inteligente.

Era bom e estranho ao mesmo tempo. Eu estava com ciúmes dessa


novata. Não queria que ela sorrisse para mais ninguém, inclusive minhas
amigas. Mesmo a Jim, que é uma mulher alegre, levou um tapa por ter
aproximado seu rosto do da Mon. Então eu percebi…

Que não era normal.

Normalmente não expresso minhas emoções, porque não sei bem o que
sinto. Mas tudo começou a ficar claro no casamento da Jim.

Eu não gostei de ver a Mon sozinha com a Tee.

Não gostei de ver a Mon vindo para o casamento com o Kirk.

Não gostei dela não ter vindo na celebração pela manhã, mesmo sabendo
que eu era uma das madrinhas.

Não gostei dela não ter me procurado primeiro.

E ficou mais claro ainda quando o Kirk me pediu em casamento no


estacionamento e a Mon viu toda a cena. Seus olhos demonstraram que
estava chocada. Quando perguntei, ela foi direto ao ponto.

“Estou chorando por sua causa.”

Sinceramente, eu fui tola. Tudo estava claro agora… o que eu estava


sentindo pela novata. Pela forma que ela se expressou, eu tinha 40% de
certeza de que ela também sentia algo por mim. E os outros 60% me
diziam que não. Se não gostasse, não teria ficado chocada e não se
atreveria a ter me dito aquilo. No pior dos casos, ela pode pedir demissão.

Era difícil…

Amar uma garota.

E as regras da empresa? Família? Certo, pensei que poderia resolver um


de cada vez.

Primeiro… Ela precisa sair desta empresa.

Mesmo sendo doloroso para mim, precisava fazer isso. Fingir estar
furiosa e pedi para ela fazer um projeto que nunca seria aprovado.

“Mon, refaça.”

“Farei o meu melhor.”

Eu rejeitei todos os trabalhos dela. Estava estampado em seu rosto a


vontade de chorar. Eu quase me perdi na personagem, mas precisava
aguentar. Forçar alguém a pedir demissão, preciso de um bom motivo
para isso porque se eu demiti-la, ficaria registrado em sua carteira de
trabalho.

Então Mon precisa pedir demissão. Mas essa garotinha era uma
lutadora…

Bem, pensei que ela era uma lutadora. Mas a verdade é que ela estava
preparada para pedir demissão e já estava procurando outro trabalho.
Como o mundo é pequeno, Tee me disse que a Mon fez uma aplicação em
sua empresa.

Tee: Ei. Se não precisa dela, é só demiti-la. Eu a receberei aqui de braços


abertos, como minha secretária. Estou tão animada de tê-la aqui.

Aff…

Engulo em seco. Tee é linda e uma profissional no quesito amor. Mon é


tão maleável. Não seria seguro para ela…

Tee: Não se preocupe. Cuidarei muito bem dela.

Sam Sib Sam: Vai flertar com ela? Que tipo de chefe você é?

Tee: Você não flertaria? Depende de você. Eu não vou. Mas tem muitos
homens na empresa. Ela será popular entre eles.

Irritante…
Esta palavra estava na minha cabeça, mas não digitei. E todo meu plano
falhou. Vou ter que mudar tudo, não vou mais forçá-la a pedir demissão.
Vou aprovar seu trabalho desta vez.

Mas… o trabalho dela… O conteúdo foi questionado pelos demais


participantes da reunião.

“Fazer amor com lésbicas.”

Quando ela apresentou este conteúdo para mim, senti tantas emoções
diferentes. Queria rir, brigar e elogiá-la ao mesmo tempo. Para ser
demitida, ela estava disposta a tudo.

Que idiotice deixá-la pedir demissão…

“Perfeito.”

Foi tudo o que pude dizer. Me lembro de tudo o que aconteceu na reunião.
Todos me olharam surpresos. Este conteúdo não deveria ser aprovado.
Mas eu não ligava para os outros, porque não queria perdê-la.

Quando parei de forçá-la. Ela continuou reclamando comigo.

“Eu vou me demitir.”

“Por que você é tão teimosa? Eu já disse, você passou no programa de


treinamento. Quer mais o quê?”

“Você não pode me impedir.”

“Você me odeia?”

“Eu não te odeio.”

“É você que me odeia.”

“Eu não te odeio.”

“Então, se não me odeia é o quê? Claramente aquilo que fez comigo foi
porque me odeia.”

“Eu não te odeio.”

“Você me odeia sim.”

“Eu não.”

“Então o que é tudo isso?”


“Significa que eu gosto de você. Eu gosto de você! Consegue entender
isso?”

Céus… Fui a primeira a confessar meu amor? Não estou mais vencendo.

Bastidores [Khun Sam] (Parte 5)

Quando disse aquilo, não imaginava qual seria a reação dela. Ela chorou
como se fosse morrer.

“Mon…”

Continuo chamando o seu nome, mas ela desapareceu. Minhas lágrimas


escorreram enquanto me sento lentamente em choque.

Era disso que eu estava com medo. Dela fugir de mim no fim.

‘Você não pensa o mesmo que eu.’

Eu não sabia o que fazer. Apenas deixei o dia passar. Havia muitas
notificações do grupo, mas olhei por alto sem interesse.

Tee: O que está fazendo? Estamos em um restaurante japonês. Quer um


pouco de Uni?

Sam Sib Sam: Não quero comer nada.

Tee: Mas a Mon está aqui.

Quando vi o nome dela na tela, estiquei minhas costas animada, mas


lembrei que ela me recusou… estou de volta à estaca zero.

Sam Sib Sam: Hum.

Tee: Quê? Por que está triste? Vem ver a gente e converse com ela.

Sam Sib Sam: Não sei o que dizer.

Tee: Mon está te entendendo errado. Ela acha que você a odeia.

Sam Sib Sam: Mon me odeia.

Cerro meus olhos castanhos e olho confusa para o celular. Então Tee me
diz toda a verdade. Saio apressada do escritório em direção ao
restaurante japonês.

Tee: Não. A Mon te ama.


Fui ao restaurante para vê-la. Em um primeiro momento, estávamos
estranhas e eu disse que não aceitaria o pedido de demissão dela.

“Eu estava me sentindo desconfortável há alguns dias. Você é muito má.”

“Mas hoje, eu aprovei seu trabalho e te passei no programa de


treinamento. Por que pediria demissão?… Foi por que eu disse que gosto
de você, né?”

Olho para ela confusa. Mesmo dizendo que gosto dela, ela não acredita
em mim. Devo me ajoelhar para ela acreditar?

“Porque quando você diz que gosta, na verdade odeia.”

“Como devo dizer para você acreditar em mim? … Eu te odeio.”

“…”

“Eu te odeio tanto!!!!”

Preciso fazer qualquer coisa para mantê-la aqui. Não vou deixá-la pedir
demissão. Mas quanto mais eu tentava, mais complicava a situação.

“Você me odeia…” Ela estava chorando. Fico chateada e tento acalmá-la.

“Então eu gosto de você!”

“…”

“Oh! Então, odeio você, gosto de você, odeio você, gosto de você, odeio,
gosto… Céus! Por favor, perceba que agora eu gosto muito de você e
odeio muito você… Tanto faz, por favor, não se demita.”

“Você quer ser minha namorada?”

“Eu quero.”

Eu não tinha certeza se ela me pediu em namoro, mas meu coração


estava tão acelerado. Apenas vi o horizonte dourando quando ela me
perguntou. E naquele momento, chorei muito junto a ela.

Pensávamos da mesma forma…

Fiquei a tarde toda desapontada, presa na minha sala, que ridículo.

“Estamos em um relacionamento?”

“Agora você não pode cancelar.”


Finalmente, tenho uma namorada…

Mas qual a diferença entre uma namorada, uma amiga e uma irmã?
Enquanto dirigia para minha casa, permanecemos todo o caminho em
silêncio. Eu não fazia ideia sobre o que ela estava pensando. Mas eu,
estava muito pensativa.

O que uma amiga não pode fazer?

Sexo?

Palpitação, palpitação…

Me senti tão animada ao pensar nisso. Eu tossi sem jeito e me apressei


para alcançar o rádio do meu carro. Estava com medo dela escutar o meu
coração batendo. Eu nunca pensei nisso antes, enquanto namorava com
o Kirk, não via nada diferente. Deve ser porque eu não sentia nada e nem
tinha paixão por ele, mas a Mon…

Quero me aproximar dela.

Quero tocá-la o tempo todo.

Isso era paixão… que nunca senti antes com o Kirk.

Fazer algo desse tipo para mim era estranho.

Mas como sei? Nunca fiz isso antes. Se eu tivesse ouvido mais a Jim,
saberia como ser uma profissional.

“O que está fazendo, Khun Sam?”

Eu subiria em você…

Claro, eu não disse isso em voz alta. Em vez disso, finjo que vou dormir.
Porém, estava difícil pegar no sono, por que ela continua perguntando? O
que devo responder?

“Você disse que me falaria tudo.”

O que devo fazer? Dizer ‘vamos transar’? Às vezes não podemos ir direto
ao ponto. E minha namorada novata, ficou irritada e desceu as escadas.
Eu, que não conseguia dormir, a segui escada abaixo e assistimos
televisão juntas. Ficamos mudando de canal até parar em uma cena em
que leões estavam acasalando.

“Eu quero fazer aquilo… com você.”

Viu?… Tentei. Espero que ela entenda o que eu quis dizer.


“Você quer lamber meu cabelo?”

Meu Deus do céu! Ela é tão inocente.

Jim: Ela sabia, mas quis te provocar.

Foi a resposta que tive da profissional.

Jim: Você tentou, sabe o que quer fazer.

Sam Sib Sam: Nojenta… eu não fiquei pensando nisso.

Jim: Eu sei, eu sei. Você me falou no privado sobre isso. Significa que
está obcecada. Caso contrário, estaria falando no grupo.

Foi difícil aceitar. Continuei pensando nisso o dia todo e senti que ela
afetou meus sentimentos, pois não conseguia trabalhar.

Por que estou tão obcecada por isso?

Sam Sib Sam: Certo, não vou perguntar mais nada.

Jim: Marido, por favor, não me deixe. Estarei aqui para te dar conselhos.

Jim: Se a quer tanto, parta para o plano básico. Sempre funciona.

Sam Sib Sam: Qual?

Jim: Viu só? Você quer saber.

Sam Sib Sam: Melhor eu ir dormir.

Jim: Céus, estou brincando.

Jim: Mae Khong, conhece? Beba, tudo ficará fácil.

Sam Sib Sam: Está se referindo ao rio?

Jim: Não seja bobinha, se trata do licor.

Aceito a sugestão.

Sam Sib Sam: Onde posso comprar?

Jim: Qualquer marca, que seja licor. Todos funcionam. Quer treinar
comigo? Posso ir até sua casa.

Sam Sib Sam: Não, eu sei o que fazer.


Jim: Como sabe?

Sam Sib Sam: Tee me enviou alguns vídeos.

Jim: É teoria, você não sabe a prática.

Sam Sib Sam: Tchau.

Se continuar falando mais, ela vai me segurar no chat. Mas o que ela
disse é interessante. Vi vários vídeos que a Tee me enviou da internet e li
o artigo que a Mon escreveu.

Aprendi sobre relações sexuais entre homens e mulheres. Sei como as


coisas podem terminar quando transamos com um homem, mas com uma
garota, fazer amor apenas por diversão… felicidade e não para fins
reprodutivos.

Excitante…

Eu li nos artigos que no sexo entre garotas se usam vários


brinquedinhos. Eu sou muito tímida para sair para comprá-los, então
preciso usar o que tenho.

Dedo… Sinto um calor no rosto. Por que o clima está tão quente?

O que um dedo pode fazer? E como sabemos qual dedo usar? E em qual
buraco?

Devo usar o mais longo? Ai, socorro. É muito difícil aprender. De novo, se
acalme, não posso hesitar na hora que for fazer.

Não apenas os dedos… a boca pode fazer tudo no corpo dela.

Chupar e lamber.

Suspira!

Lamber naquele lugar?… Que normalmente usamos para fazer xixi?

Deixarei isso para o final.

“Pode bater?”

“Pode o quê?”

“Irmã.”

“Hein?”
Esqueci que tinha que comer com o Kirk e respondi tudo sem pensar.
Então fiquei chocada.

“Ah. A amiga da minha irmã se envolveu em um acidente.” Me defendo.

“Ah, graças a Deus. Fiquei chocado. Você disse aquilo como se estivesse
assistindo um filme pornô. Mas você não é esse tipo de garota, né?” Kirk
sorriu para mim.

‘A antiga Sam se foi…’

“Você já viu um vídeo pornô?”

Kirk quase cuspiu o que bebia sobre mim.

“Por que me perguntou isso?”

“Só perguntando.”

“Sou homem… então às vezes…”

“Você já fez sexo?” Pergunto e ele fica petrificado, a ponto de eu ter que
chutá-lo por debaixo da mesa.

“O que foi? Só perguntei.”

“Sam, eu…”

“Provavelmente não. Você está comigo há muito tempo. E não fizemos


sexo.”

“Hum…”

“Mais uma pergunta.”

“Q… quê?”

Kirk continuou temendo que eu perguntasse mais. Agora seu rosto estava
branco. Ele bebe um pouco de água para se acalmar.

“Você viu um vídeo pornô…”

“…”

“Por que pesquisou irmã com irmã?”

Pffft.
A água da boca dele se espalha…

Todas as pessoas deste mundo já cuspiram o que tinham na boca em


cima de mim…

Bastidores [Khun Sam] (Parte 6)

E o dia que eu mais esperava chegou… O dia em que Mon e eu


pretendíamos ser donas uma da outra.

Eu presto o máximo de atenção para aprender sobre isso. Me esforcei


tanto, por que não obtive sucesso? No dia seguinte, segui o que a
profissional me disse.

Mae Khong…

Mas não consegui encontrar em lugar algum. No fim, peguei uma garrafa
de outra marca. Que tristeza. Mas minha Doraemon me surpreendeu. Ela
comprou e levou para nossa casa. Pude ver o horizonte dourado
novamente.

“Você se preparou bem… melhor do que eu.”

“N… não fala assim. Não preparei nada demais…” Ela balança um pouco
a cabeça e muda de assunto. “Sim, estou pronta.”

Começamos a beber e deixamos a natureza nos guiar. Eu não me dou


bem com bebidas, porque quando era mais nova bebia álcool raramente,
minha avó não gostava disso. Mas depois que cresci, tive que beber
socialmente ou por causa dos negócios.

Pode acreditar. Nunca tive desculpas para beber.

Inacreditável. Mae Khong fez a música tocar suavemente. Foi


surpreendente em cada passo que dávamos. Mon não conseguia resistir a
mim, e eu deixei as emoções me guiarem. Foi bem melhor e eu não sabia
o porquê.

Eu gostei disso…

Eu gostei daquilo…

E o que eu não deveria fazer… Eu fiz…

Tudo terminou, aconteceu por duas horas. Devagar, doce e suave. Me


perguntei como consegui fazer tudo aquilo com tanta facilidade.
Provavelmente, me apaixonei por essa garota. E estou cada vez mais
apaixonada por ela.

Sei mais sobre ela agora… cada milímetro do seu corpo.

Tivemos nossa primeira vez… depois a segunda, terceira e assim por


diante. Eu fiquei obcecada e queria fazer cada vez mais. Era tanto que tive
uma ideia, precisava ver um psicólogo. Claro, nunca falei sobre isso com
ela.

De amor… para obsessão.

De obsessão… para amor.

E quando amamos algo, o ciúme vem no mesmo pacote… Eu tinha tanto


ciúme dela e ficava brava com qualquer pessoa que se aproximava. Foi
por isso que tivemos uma briga, que virou um grande mal-entendido.

Mas o amor deve ser assim.

Kirk: Quero explicar o que aconteceu hoje. Não foi nada do que está
pensando. Mon e eu somos praticamente irmãos.

Sam Sib Sam: Não quero ouvir.

Olhei para meu celular com cara de nojo. Queria bater na porta do vizinho,
que tem um Husky Siberiano, e pedir a merda do cachorro para jogar na
cara do Kirk.

Onde eu poderia comprar?… Se pudesse, com certeza compraria.

Kirk: Você pode me culpar… de tudo, mas, por favor, me escute.

Sam Sib Sam: Fiquei sabendo que você confessou seu amor para a Mon.

Kirk: Foi um péssimo momento.

Sam SIb Sam: Blergh!

Péssimo momento? Não é uma novela onde a linda atriz principal ouviu
inesperadamente o seu amado confessar seu amor para outra. Não vou
acreditar nisso.

Vou jogar merda nele. Que ódio!

Kirk: Aceito que errei. Eu a chamei para pedir que ela guardasse segredo
que eu…

Sam Sib Sam: Quê?


Kirk: Promete que não vai ficar brava.

Sam Sib Sam: Eu não poderia ficar mais.

Respiro lentamente e olho para meu telefone. O que me deixaria mais


brava do que a cena de confissão?

Mas… teria sim…

Kirk: Eu sou o Ronaldo

Kirk: um cara legal

Sam Sib Sam: …

E a música favorita da minha avó passou pela minha cabeça.

‘Amar é como um touro bravo’

Ah não! Não conseguia explicar o quão irritada eu estava. Aquela palavra


‘intrometida’ continuava na minha mente. Tudo estava prestes a explodir.

Bastardo!

Kirk: Eu não sabia que era você.

Kirk: Até você me chamar de seu merda.

Sam Sib Sam: Você é o Ronaldo.

Sam Sib Sam: E a Mon sabia há muito tempo.

Kirk: Sim. E eu pedi a ela para manter segredo de você. Foi uma ideia
ruim.

Todos os flashbacks sobre eu culpando a Mon e seu rosto em choque,


estão passando pela minha cabeça.

De novo…

Mal-entendido.

Kirk: Alguém nos viu quando eu estava implorando a ela e toquei na mão
dela.

Kirk: Então começaram os rumores de que ela era minha amante.


Sam Sib Sam: Você é o Ronaldo.

Sam SIb Sam: Você é o motivo dos boatos da Mon ser sua amante.

Coloco minha mão sobre o peito para segurar a dor que estou sentindo.
Então eu lhe respondo:

Sam Sib Sam: Você me deixou brava e me fez chamá-la de pegadora!

Kirk: Foi pesado para ela.

Kirk: Ela está chorando?

Sam Sib Sam: Não sei. Mas estou chorando por tê-la chamado de
pegadora.

Não sabia como pedir desculpas. Mal dormi a noite toda, pois estava
preocupada com o que ela poderia estar sentindo. No caso do Kirk, bani
ele da minha vida. Não quero sequer que seja mais meu amigo.

Bastardo!

Até as 6 da manhã… Hoje acordei cedo porque continuo pensando em


como me desculpar com ela. E quando chego no escritório, vejo que ela
tirou o dia de folga.

Minha pequena Doraemon nunca tirou um dia de folga antes.

Sabendo disso, fiquei ansiosa. Não prestei atenção em nada no trabalho e


cancelei as reuniões. Finalmente, sai na metade do expediente e dirigi até
a casa da Mon…

Foi a primeira vez que fiquei ansiosa em ir até sua casa. Nunca tive medo
antes, por causa da minha idade e posição, ambas altas. Mas desta vez,
era diferente.

Era o bastante. E eu só podia aceitar.

“Quem… Opa, M. L. Sam? Por que está aqui?”

“Boa tarde, tia Pom. Vim visitar a Mon. Não a vi no escritório hoje.”

“Ah. Ela estava um pouco doente. Você parece cansada. Trabalhou até
tarde noite passada?”

“Sim.”
“Por que está tão quieta? Como minha filha. Não sei se ela está doente ou
triste… Vocês duas brigaram?”

“…”

“Claro. Você veio aqui para reconciliar, né?”

Continuo olhando para baixo e não respondo nada. A tia sorri para mim e
me deixa esperar no pobre sofá.

Mas a Mon não queria descer. Ela deve estar muito irritada comigo.

Como não tinha muito o que fazer, descobri uma forma de me reconciliar
com ela por telefone. Ah… Encontrei uma música. Vai ajudar a me
reconciliar com ela. Mas é difícil cantar.

“Por que está sentada aí espiando? Desça até aqui.”

Olho na mesma direção que o pai dela e vejo que a Mon está sentada na
escada no segundo andar. Me apresso em guardar o celular e me preparo
para pedir desculpas. É minha chance.

Mas… em cada sentença que ela dizia, jogava na minha cara que a chamei
de pegadora. Foi doloroso. Eu quase desisti e me ajoelhei para implorar
por perdão. Mas finalmente, ela me perdoa e volta para casa comigo.

“Bem. Agora eu sei o que quero.”

Primeiro, foi difícil reconciliar com ela, mas quando chegamos em casa o
oposto do que eu tinha em mente aconteceu. Ela que me empurrou no
sofá.

“Se você não me deixar fazer, vou voltar para casa.”

O que eu poderia fazer? Chegou minha hora de retribuir.

Estou ferrada…

Bastidores [Khun Sam] (Parte 7)

Nossa briga terminou, voltamos a nos amar muito mais.

O sexo nos aproximou cada vez mais. Começamos do zero, nos


divertindo e fazendo coisas curiosas. E nossa felicidade não vê a hora de
ser anunciada para o mundo todo.
Mas não tão rápido, primeiro tive que conversar com o Kirk e dar um fim
no nosso relacionamento.

“Mon é minha namorada. Nosso contrato está anulado a partir de agora.”

Aceito que falei por estar chateada. Não considerei os sentimentos do


meu amigo de infância, que me esperou e amou por tanto tempo. É a lei
do espelho. O que vai, volta. É reflexo.

O amor se transformou em rancor e vingança…

Ele desapareceu por vários dias. E voltou com apoio. Ele não ligava mais
para mim.

Ele arrastou minha avó no nosso jogo.

Vovó espreitou na minha casa e viu a Mon. Além disso, ficou sabendo do
relacionamento entre minha Coelhinha e eu. Apesar da vovó não ter
falado comigo sobre isso, fiquei sabendo pela Mon e pelo grupo de
mensagens que a Mon estava passando por sérios problemas.

Tee: O que você vai fazer?

Era uma pergunta simples, mas não consegui responder. Apenas


continuei olhando para o telefone para ler o que elas estavam
escrevendo.

Jim: Sua avó jogará este jogo sozinha. Não será fácil. Até nós, que somos
suas amigas, ela tentou nos separar. E agora isso… Mon é sua namorada.
Uhhh, terrível.

Kate: P. P. você é do tipo boa garota.

Tee: Por que está quieta? Estamos tentando te ajudar.

Sam Sib Sam: Não sei. A vovó não falou comigo ainda.

Jim: Sua avó não vai falar nada com você. Mas vai pressionar a Mon. Se
prepare.

Kate: Se planeja ter um relacionamento longo, faça algo. Senão é melhor


terminar de vez com ela. Deixe-a ir e procure uma pessoa melhor.

Kate: Alguém que satisfaça sua avó.


Apenas as pessoas sinceras e que nos dizem a verdade na cara são
amigas de verdade. Mas o que ela disse ficou ecoando em minha cabeça
como se eu não fosse capaz de proteger a Mon.

Se a vovó não falou nada comigo, significa que não tenho nada com o
que me preocupar.

‘Estou fugindo do problema?’

Minha avó nunca falou comigo sobre a Mon. E eu fiquei esperando. Eu


realmente queria falar sobre a Mon para ela, mas sempre que tocava no
assunto, a vovó sempre mudava o tópico. Como hoje, tentei rodeá-la, mas
não funcionou.

Era sobre amor, mesmo se não fosse sobre a Mon.

“Você vai fazer trinta anos em breve. Deveria se casar… Gostaria de


poder conhecer meu bisneto.”

Vovó disse enquanto estávamos jantando, e claro, Kirk estava conosco.


Olho para ele indignada. Ele deveria dizer algo para minha avó.

“Não estou pronta.”

“Se não está agora, quando vai estar? Está perdendo tempo. Se case
logo.”

Mordo os lábios e coloco a colher sobre a mesa.

“Sério… Não estou pronta, porque tem algo que preciso te contar.”

“Você disse que seria minha neta ideal.”

Céus…

Minhas antigas palavras me perfuraram. Estava procurando uma forma de


dizer a ela. “Tenho sido sua boa garotinha, mas sobre isso…”

“A Sam que eu conheço sempre cumpre com suas promessas. Vai


continuar sendo persistente?” Ela me olha desapontada. “Como a Khun
Nueng?”

“Não.”

“Então aceite. Deixarei o Kirk escolher a melhor data para o casamento.”

Kirk concorda com a cabeça.


“Sim, vovó.”

Quando terminamos, me preparo para ir embora imediatamente, mas Kirk


me para antes de entrar no meu carro.

“Fala comigo por um instante, por favor.”

“Estou evitando brigar com você, por isso a pressa para ir embora. Mas
você veio até mim.” Encaro ele com ódio e raiva nos olhos. “Saia da
minha frente.”

“Se não disser nada, significa que aceitou se casar comigo.”

“Será apenas um casamento de fachada. Não dormirei com você. Não


vou.” Olho para ele e sei que não aceitaria este acordo.

“Se quiser se prender a mim, vá em frente. Se nos casarmos, Mon e eu


continuaremos da mesma forma.”

“Mas você precisa ter um filho.”

“Você não vai dormir comigo. Não teremos um filho.”

“Isso é a vida real, Sam, não uma novela. Após o casamento, a esposa
deve dormir com o marido.”

“Se quer tanto assim se casar comigo, eu vou. Mas não vou dormir com
você. Não serei sua esposa. Lembre-se bem disso.”

Empurro ele, entro no meu carro e fecho a porta. Kirk bate no vidro e diz
algo que não entendi direito…

“Eu te amo. Farei qualquer coisa!”

Quando dou partida no carro, olho para ele e suspiro.

Se me amasse mesmo, não faria isso…

Por causa da minha ignorância a Mon se sentiu desconfortável. Mesmo


tendo dito que poderíamos nos amar em segredo. Mas amor é amor, não é
estranho querer ter e exibir. A garota que persistiu por tanto tempo não
pôde persistir mais quando descobriu que eu iria me casar.

Se não fosse com o Kirk, com quem seria?


“Vamos terminar.”

Sempre imaginei o quanto doeria se ela dissesse a palavra ‘terminar’ para


mim. De fato, ouvir isso de verdade foi pior. Foi doloroso.

Não vou…

Mantenho esta palavra em mente e finjo entender o que ela disse.

“Não, não vou. Por que não acredita em mim? Esse casamento é apenas
para satisfazer a minha avó. Kirk e eu não teremos uma relação
profunda.”

“Você precisa acordar. Esse é o mundo real. Você vai se casar e será
impossível não acontecer nada na sua noite de núpcias.Também estou
machucada. Acha que eu não sinto nada?”

“Então por que precisamos terminar?!”

“Por quê? Porque eu não quero me tornar uma adúltera.”

A garota na minha frente chora dolorosamente. Mesmo eu tendo


explicado tudo, não funcionou. Não pude pará-la.

“Esse mundo é para os fortes. Khun Nueng me disse que não


conseguiríamos passar pela sua avó, porque sua avó conhece o mundo
melhor do que nós.”

“Khun Nueng…?” Fiquei surpresa de a Khun Nueng ter falado com a Mon.
“O que mais ela disse?”

“Ela me disse que sou fraca demais. E que você é boa demais… Neste
jogo, a vencedora é sua avó e que nós duas devemos apenas aceitar este
fato.”

“Eu não aceito.”

Respondo a ela com toda minha raiva. Khun Nueng me insultou, da


mesma forma que a Jim, Kate e Tee fizeram ao dizer que não acreditam
que posso proteger esse amor.

“O que você vai fazer?”

“Vou te mostrar… Acho que sou forte o bastante. Há um lugar onde


podemos morar juntas.”

“Khun Sam…”
“Vou me rebelar.”

Estou decidida em destruir a promessa que fiz para minha avó. Nunca
resisti ao que ela queria. Mas… desta vez não.

Não serei forçada facilmente.

Bastidores [Khun Sam] (Parte 8)

Ser uma rebelde não foi fácil… Eu queria vencer este jogo, mas no fundo
estava com medo de desapontar minha avó.

Quando visito o passado, vejo que a vovó nos adotou, três irmãs, após
nossos pais falecerem. Às vezes ela era tão rigorosa, mas sei o quanto
ela amava e se preocupava com a gente. Ela sempre foi gentil comigo.

“Você é uma pequena menina, que pena.”

Ela costumava dizer isso quando recebíamos convidados no palácio


(também conhecido como nossa casa). Todos os convidados percebiam
que minha avó dava mais atenção a mim do que para minhas irmãs,
porque eu era a menor de todas. Então vovó sempre era gentil comigo. Às
vezes, Khun Song me olhava desapontada.

“Eu deveria ter nascido baixinha que nem você. Ela seria mais gentil
comigo.”

Eu não levava a culpa por nada. Se minha avó viajasse para o exterior, ela
me compraria petiscos. Eu sabia que tinha mais privilégios que a Khun
Nueng e a Khun Song. Então quando as duas já não estavam mais aqui,
prometi a minha avó que nunca a desapontaria.

Mas eu estava prestes a desapontá-la em nome do amor. Pedi ajuda da


Khun Nueng. Khun Nueng, que fugiu de casa, não se recusou a me
ajudar, mas porque faríamos uma troca.

“Te pago cem mil, para ao menos ir comigo.” [Nt: Aproximadamente R$


14.000,00]

[Dinheiro não pode me comprar…]

“Khun Nueng…”
[Quando não é o suficiente… Certo, de acordo. Transfira para minha
antiga conta. Dinheiro primeiro. Quando você vai ver nossa avó?]

Eu queria vencer desta vez, então, concordei em pagá-la por isso…

Mas Khun Nueng era Khun Nueng. Esperei por ela, mas ela não apareceu.
Estou estacionada na frente do palácio há tanto tempo que uma
empregada veio me chamar para ver minha avó… No fim, eu era a única,
sozinha, que enfrentaria a minha avó.

Cada passo que dei, estava cheio de dor e ansiedade. Várias perguntas
estavam circulando em minha cabeça.

‘Sério?’

‘Farei mesmo isso?’

Pensamentos poderiam me nocautear. Eu amava minha avó demais e não


me atrevia a ser egoísta.

“Kirk.”

Quando entro no palácio, vejo o Kirk falando sobre algo sério com minha
avó na sala de estar. Vovó olha para mim e dá um pequeno sorriso. Ela
acena para que eu me aproxime.

“Venha, sente-se comigo.”

“Sim.”

“Você chegou há um bom tempo, por que não entrou? Tive que pedir para
uma empregada ir te chamar. O que foi?”

Palpitação… Palpitação…

Conseguia ouvir meus batimentos cardíacos. Toda a coragem que estava


me acompanhando, se foi quando vi seus olhos e sorriso.

“Preciso falar com você.”

“Perfeito. Eu também. Kirk achou a data para sua cerimônia de


casamento… daqui a dois meses.”

“…”

“Está muito perto.”

Minha coragem voltou e respondi a ela. Ela balança a cabeça em


desacordo.
“É tarde demais, na verdade. Mesmo estando perto, é tarde demais para
nos preparar.”

“Posso cancelar, por favor?”

“Não pode.”

Vovó respondeu imediatamente após eu perguntar. A sala de estar ficou


em silêncio. Esta foi a primeira vez que resisti a ela. Eu nunca a
desobedeci, porque tudo o que escolheu até aqui para mim era o melhor.

Mas como se trata de amor, preciso resistir.

“Tenho sido uma boa garota para você há muito tempo.” Tento falar. “Se
você dizia esquerda, eu ia para a esquerda, se você dizia direita, eu ia
para a direita. Segui seu caminho porque te amo demais, vovó. Mas e
você?”

“Eu te amo, por isso fiz isso.”

Levanto a cabeça e pela primeira vez, eu a encaro, furiosa. Minha avó me


olha com todo o seu poder, como se estivesse tentando me deixar mal.

“Se me ama mesmo, vovó. Por que não me escuta?”

“Porque é inaceitável.”

Vovó estava falando sobre amor comigo pela primeira vez. Apesar de ela
não ter dito que me apaixonei por uma mulher, quando ela disse
‘inaceitável’ eu entendi do que se tratava.

“Eu não fiz nada de errado ou em público.”

“Até hoje, um dia tudo isso virá à tona. Não quero ouvir fofocas sobre
você. Case-se logo e esqueça tudo isso que aconteceu.”

“Eu não vou me casar.”

“Vai me desapontar? E sua promessa?”

Me levanto e discuto pela primeira vez com ela.

“Apenas desta vez… Eu te imploro. Não posso me casar.”

Eu disse isso em alto e bom som. Kirk se levanta chocado por eu ter
discutido com ela.

“Sam, por favor, se acalme. É a sua avó.”


“Cala a boca! Você é o problema, tudo isso é culpa sua.”

“Não culpe ninguém. Se você fosse normal e não homossexual, eu não te


apressaria assim.”

Finalmente, minha avó disse em voz alta. Mesmo tendo segurado para
não dizer. Eu sorrio.

“Você está me forçando porque não consegue aceitar o que sou. Este é o
seu amor?”

“Você está só seguindo a tendência, por causa das suas amigas


homossexuais. Você não gosta de garotas, é por causa daquela garota.
Ela ficou te rodeando.”

“O Kirk está comigo há muito tempo, mas eu não o amo. Eu amo a Mon.
Essa é a verdade.”

“Não se atreva a sair daqui.”

Me apresso em deixar o palácio. Eu quase corro, mas o Kirk me segue.


Ele segura minha mão para me impedir.

“Sam, não faça isso. A vovó te ama muito.”

“Você sabe que eu também a amo. Mas não vou aceitar isso.” Me afasto
do meu amigo de infância, estou sentindo raiva e ódio por ele e não quero
vê-lo mais. “E você? Por quanto tempo pretende manter isso? Por que
quer se casar comigo? Eu não serei feliz com você.”

“Farei você me amar.”

“Vou me suicidar se tiver que me casar com você.”

“Sam!”

Vovó estava me seguindo, gritou comigo decisiva. Deve ter ouvido que eu
disse que me suicidaria. O rosto dela estava assustado e ela aperta o
peito com força.

“Se me forçar a me casar, irei me matar. Como a Khun Song fez!”

“Sam, volte.”

Continuo andando. E tudo fica pior quando a Khun Nueng aparece. Por
um momento, estava brava por ela ter chegado tão tarde e ter me deixado
sofrendo sozinha. Vovó, que estava brava comigo, quando viu a Khun
Nueng ficou apenas chocada e sem reação.
Chamar a Khun Nueng aqui era inesperado. Eu esperava que ela me
ajudasse a falar com minha avó. Talvez minha irmã ajudasse a fazer a
minha avó desistir da ideia do casamento. Mas não foi como eu esperava.
A chegada dela deixou tudo pior. De fato, eu deveria ter ficado para cuidar
da minha avó, mas me afastei. Porque eu queria muito vencer desta vez.

“Dê as costas para este palácio e vá embora. A regra que vence este jogo
é… você precisa amar a si mesma mais do que os outros.”

“Mas…”

“Vá, agora!”

“Khun Sam, por favor, não se vá.” Conseguia me lembrar muito bem da
voz da minha avó. Estava cheia de raiva e decepção. “Se você for, vou
fazer você desaparecer da minha vida.”

“O que você está fazendo é afastar a todos da sua vida. Em vez de cuidar
e dar amor, você é egoísta. Você nos usou como bem queria.”

O que a Khun Nueng disse piorou toda a situação. Eu sabia que ela era
determinada, mas não imaginava que ela faria isso.

“A partir de hoje, por favor, morra sozinha.”

Vovó teve um colapso e foi levada ao hospital. Eu, que fui embora do
palácio, me senti arrependida ao vê-la daquele jeito. Eu não sabia que
minha avó tinha uma doença no coração. Ela nunca disse a ninguém.
Khun Nueng, que estava esperando na frente da sala de emergência,
estava sorridente como se nada tivesse acontecido. Quando me viu,
acenou para me chamar.

“Você veio… Está perdida.”

“A vovó está doente. Não poderia sentar e esperar. Ganhar ou perder, já


não ligo mais.”

“Sam, você deveria amar mais a si mesma. Vir aqui só demonstra que
você ainda está cuidando dela. Ela vai usar isso para controlar sua vida. E
no fim, não vai viver como gostaria.” Khun Nueng sorri e balança a
cabeça. “Você é tão fraca.”

“Sim, sou fraca. Mas o que uma garota forte como você está fazendo
aqui?”

“Estou aqui para saber se ela está viva ou morta.”


“Está falando sério?” Encaro ela, que continua olhando para a placa de
emergência. “Você está sorrindo, significa que está estressada.”

Ela me olha e ergue as sobrancelhas.

“Você se lembra?”

“Sigo o que você me disse. Se estou estressada, sorrio. Então sei como
você se sente de verdade… está se sentindo culpada, né?”

“Não. Percebi como minha natureza se parece.”

Nós duas ficamos em silêncio até o médico aparecer. Ele nos disse que a
saúde da vovó não estava boa. Tudo o que tínhamos que fazer, era
manter a medicação e não estressá-la. Quando perguntamos mais, ele
nos disse que ela está com estes sintomas há dois anos.

Há dois anos, e eu nunca soube que ela estava doente…

“Significa que ela está quase morta. É uma boa notícia para os que
ficam.” Khun Nueng disse na presença do médico, ela estranhou e se
afastou. Agora só tinha eu, lhe olhando indignada.

“Por que disse aquilo?”

“Você vai poder viver sua vida. E vamos dividir toda a herança dela.”

“Khun Nueng!”

“Apenas espere. Hoje vou voltar ao palácio porque a vovó vai ficar aqui
no hospital. Então, por favor, cuide dela e me ligue se ela morrer.”

“Por que está falando assim? Ela nos criou. Ela é sua avó.”

“Se a ama, se case com o Kirk. Por que me chamou?” Khun Nueng me
insulta. “Você vai mimá-la em tudo. Do meu ponto de vista, se você gosta
disso, faça como quiser.”

“Por que você machuca todos à sua volta com suas palavras…?” Digo
decepcionada. Deveríamos estar nos apoiando neste momento.

“Mas parece que você decidiu o seu caminho. Ser uma boa garotinha é
bom, mas não para você. Então, por favor, ao menos tenha a decência de
terminar com sua namorada.”

“…”

“Ela será mais feliz com outra pessoa.”


Bastidores [Khun Sam] (Parte 9)

Os outros costumam pensar em si mesmos primeiro. Mas cada um pensa


de uma maneira. No meu caso, mesmo amando muito minha coelhinha,
preciso seguir minha própria regra.

Uma promessa é uma promessa.

Não posso ser egoísta e viver com uma pessoa que acabei de conhecer e
abandonar a minha avó, a pessoa que me criou. Não é justo para a Mon,
mas não posso deixar minha avó. Ela é a única que restou da minha
família.

Quando nós, as três irmãs, não tínhamos mais ninguém, fomos acolhidas
por ela. Ela foi a única que nunca nos abandonou, então não irei
abandoná-la.

Sim… fiz a minha escolha.

Mesmo tendo dito que fiz uma escolha, não tive coragem de ver ou ligar
para a Mon… Tudo o que pude fazer era me manter em silêncio e esperar
pelo momento certo. Mas Tee, minha amiga mandona, trouxe a Mon para
me ver. E quando nos encaramos, apenas senti pena dela.

“Tudo bem, eu entendo.”

Ela entendeu? O que exatamente ela entendeu? O que eu fiz foi terrível.

Eu não a escolhi, e ainda assim ela entende.

Quando ela se afastou e senti que meu coração foi roubado de mim.
Desde que nasci nunca amei alguém, além de minha família e amigos. Eu
nunca amei uma pessoa romanticamente antes.

Mon era meu amor. Único amor que já tive, e eu não teria…

“Sam, vamos provar seu vestido de casamento.”

Kirk estava tentando me contatar, mesmo eu o ignorando. Eu gritei para


se afastar, mas ele não desistiu. Ele estava decidido a se casar.

“Você vai se casar comigo, mas cadê aquela garota, Kirk?”

“Já tem um tempo que terminei com ela.”

“Mas ela não queria terminar com você.”


“Eu fiz um acordo com ela de que não iríamos muito longe. Eu nunca a
amei. Eu amo você, só você.”

“Digo o mesmo…” Olho para ele e sorrio. “Eu nunca vou te amar. Eu amo
a Mon, ela é a única para mim.”

Eu sabia que o que disse foi rude e iria machucá-lo… Por outro lado, se a
Mon me dissesse isso…

‘Eu nunca amarei você…’

Hum… Doeria demais…

“Dói?” Digo enquanto me sento em seu carro sem olhar para seu rosto.
“Se nos casarmos, tudo o que vai receber é dor. E você não vai conseguir
lidar com isso, vai querer se suicidar. Só dizendo…”

“…”

“Por que não pendura uma corda em seu pescoço? Bastardo!”

“Posso aguentar isso.”

Kirk, que estava em silêncio por um momento, respondeu. Sua resposta


me surpreendeu. Ou ele estava apenas tentando me enganar.

“Como conseguiria aguentar isso?”

“Eu te amo.”

“O quanto me ama?”

“Você não imagina o quanto.”

“Se eu te dissesse para morrer. Morreria?” Sorrio um pouco. “Vejo que


você disse que me ama muito.”

“Posso fazer isso.”

Ele pisa no acelerador e o carro passa dos 140 km/h, na verdade passa
dos 160 km/h.

“Você é ridículo!” Me inclino no assento e cruzo meus braços sobre o


peito. “Está criando uma cena de drama? Morrer juntos?”

“Eu não me arrependeria de morrer com você.”

“Mas eu sim. Estou preocupada que se morrer, Mon sofrerá muito por
mim… Seria melhor você me deixar aqui e morrer sozinho.”
“Céus!!!”

Kirk virou o volante para a esquerda, desacelerou e ligou o pisca-alerta


para estacionar. Ele acerta o volante com raiva. Apesar de estar chocada,
não o deixo perceber. Tudo o que podia fazer, era assisti-lo agir como
uma criança irritada.

“Por que você me machuca tanto? Por que faz isso comigo? Com a
pessoa que te ama tanto?”

“A teoria do espelho não reflete tudo. Você me ama, não significa que eu
te amo. Por não te amar, não tenho motivos para me preocupar como
você se sente, principalmente por fazer parte deste teatro para me forçar
a casar. Mesmo sabendo que estou apaixonada por outra pessoa.”

“Mas é por uma garota. Não é amor verdadeiro, você está enganando a si
mesma, Sam!”

“Se houvesse apenas você neste mundo…” Olho para ele sem sentir
nada. “Eu não te escolheria.”

“Você deveria me escolher. Me escolha!” Kirk desatou seu cinto de


segurança e se aproximou de mim. Ele tenta com toda sua força levantar
minha blusa.

“O que diabos está fazendo?”

Eu resisto e tento bater nele. Mas não consigo lutar contra ele e minha
blusa foi puxada com tanta força que os botões soltaram, revelando meu
sutiã.

“Rosa… você nem gosta de rosa.”

Lágrimas nos meus olhos cobriam minha vista, estava com medo por ter
sido violada. Isso me fez ter mais nojo dele.

“Porque a Mon gosta de rosa. Então eu uso, para tê-la sempre comigo.”

“Quando vai parar de me fazer ter raiva de você?”

“E quando você vai parar de me fazer odiá-lo cada vez mais?”

Finalmente, caio no choro. A mão que estava segurando minha blusa com
força se solta lentamente, como se ele estivesse chocado com a própria
atitude. Então ele esfrega a cabeça desesperadamente.

“Sinto muito… Eu nunca agi assim antes. Você sabe. Sempre cuidei de
você e nunca te desonrei.”
“Mas o que você acabou de fazer não tem perdão. Quem é você? Já não
te reconheço mais!”

Foi a vez dele, ele estava em prantos. Seu rosto demonstrava


arrependimento, o que me fez desviar os olhos, pois não queria sentir
pena.

“Você deve me odiar muito. Não irei recuperar sua confiança…” Kirk
continuou chorando como uma criança. Senti pena dele, então ele secou
as suas lágrimas. “Dirija meu carro. Irei descer aqui e pegarei um táxi.”

Eu quase perguntei como ele arrumaria um táxi no meio da via expressa.


Mas estava com tanta raiva e ódio, que me mantive em silêncio até ele
sair do carro.

‘Nunca desista… nunca… nunca.’

Quando cheguei, minha avó ficou chocada ao me ver naquele estado.


Quando ela me perguntou, apenas sorri porque queria esconder toda a
dor que estava sentindo dentro de mim.

“Falo com você em breve. Vou tomar um banho primeiro.”

Quando dei o primeiro passo, a vovó agarrou meu braço e perguntou:

“Você está bem, Khun Sam?”

“Não foi nada. Estou bem.”

“Você pode me contar tudo.”

Tudo?

Continuo sorrindo para ela, mesmo querendo resistir. Me afasto dela


educadamente.

“Nada com o que você possa ajudar.”

Então volto para meu espaço e tranco a porta, para garantir que ninguém
me siga ou me incomode.

“Céus…”

Minha máscara do sorriso é tirada. Me sento no chão com as costas


contra a porta. Fico em silêncio e choro. É muita pressão para uma
pessoa com trinta anos.

Por que não posso viver minha própria vida? Foi por isso que a Khun
Nueng foi embora? E por este motivo que a Khun Song cometeu suicídio?
Devo ser mais egoísta? Fugir dela ou acabar com todos os meus
problemas me suicidando também?

O rosto lindo de uma garota aparece nitidamente em minha cabeça.


Lágrimas em seu rosto, era a Mon, ela sentiria muito se eu não estivesse
mais neste mundo.

O que estou pensando? Suicídio? Quando percebo o que estava


pensando, afasto esses pensamentos e corro para o banheiro para tomar
um banho. Deixarei toda a exaustão ir pelo ralo.

Não irei acabar desta forma, como a Khun Song. Tenho coisas a fazer e
irei fazê-las por mim mesma.

E este dia difícil afetou o próximo dia. Vovó marcou um encontro com
Kirk no palácio. Eu estava tão irritada e com nojo de vê-lo.

“Sim, Khun Sam chegou.”

Minha avó disse e acenou para me chamar, mas permaneci imóvel.

“Por que não vem? Venha aqui.”

“Sam…”

“Tudo bem estar aqui… olhe para ele.” Vovó disse para mim lentamente.
Então ela ergue a mão e dá um tapa no rosto dele.

Bang!

Todos ficaram chocados. Eu também não esperava ver isso.

“O que aconteceu? Por quê?”

“Que sirva de lição por ter destruído a roupa da minha neta.” E a vovó
deu outro tapa nele, desta vez mais forte. “E este é para recuperar a honra
da minha neta.”

Como? Como ela soube?

“Eu… eu sinto muito.”

“Eu não tolero desonra. Pior ainda quando se trata da minha neta.” Vovó
disse claramente. “Não teremos mais casamento algum. Não iremos mais
falar sobre isso, saia daqui imediatamente!”
Se falarmos de determinação e intenção quando se trata de trabalho,
estarei no topo da lista. Mas quando se trata de tomar uma decisão, não
há ninguém melhor do que minha avó. Kirk se levanta para ir para casa.

“O acompanhe.”

Vovó disse para a empregada. Sua intenção era falar comigo a sós.

“Por que fez isso, vovó?”

“Porque você não fez. Então, fiz por você. Venha.”

Fico parada. Mesmo ela tendo me chamado.

“Agora você não me escuta mais?”

Ah…

Vovó, que era mais alta do que eu, me abraça e posso sentir seu amor
percorrer meu corpo. Ela esfrega carinhosamente as minhas costas com
a mão.

“Está tudo bem. Como se sente?”

Minhas lágrimas explodem. Ela ri do meu choro enquanto seca minhas


lágrimas.

“Não te vejo chorar há muito tempo.”

“Eu nunca chorei.”

“Sim, porque quando está chateada, você sorri. E você está sorrindo há
algumas semanas. Isso me deixou chateada.”

“…”

“Eu sei que você não está feliz, mas fingi ignorar porque acreditei que
passaria… mas você estava se afundando cada vez mais.”

A velha senhora fala soluçando. A mais forte, a que nunca chorou,


mesmo quando meu pai, seu filho morreu, ou quando a Khun Song partiu,
estava chorando.

“Vovó…”

“Você manteve sua promessa por muito tempo, e continua mantendo.


Mas manter esta promessa te fez sofrer. Eu soube de tudo que você
passou…” Os olhos dela estavam cheios de raiva quando disse isso.
“Você voltou no carro do Kirk. Suas roupas estavam uma bagunça. Seus
olhos estavam inchados. Eu tinha certeza de que algo ruim tinha
acontecido. Eu te amo do fundo do coração, não posso suportar que
alguém te desonre, minha querida netinha. Especialmente, por ele, que
veio de uma família desconhecida.”

“…”

“Ele te desonrou e agiu como se nada tivesse acontecido. Além disso, ele
dormiu com a secretária.”

“Você sabia.”

“Hum…”

Eu nunca imaginei que isso seria um problema para mim. Eu achava que
a vovó descobriria a verdade sozinha e perceberia que o Kirk não me
merece.

“Então, não irei me casar?” Pergunto.

“Vai se casar com quem?”

Quando ouço isso, sorrio incontrolavelmente. Vovó me olha inexpressiva


e diz:

“Mas não deixarei você fazer isso facilmente. Eu não concordo com seu
amor.”

“Sim.”

Eu apenas aceito, sem me atrever a perguntar por mais. Que maravilha


não ter que me casar com o Kirk.

“Ah. Este palácio é longe do seu escritório. Melhor ficar na sua casa. É
mais perto. Tenho uma enfermeira aqui comigo, não se preocupe.”

“…”

“Não se preocupe. Não irei te perturbar lá.”

Tinha muitas coisas implícitas nas palavras dela. Olho em seus olhos. Ela
me deu permissão para ficar na minha casa e que não iria invadir minha
privacidade.

“Sim, então vou voltar para casa.”

“Tenho um pedido a você.”

“Sim?” Eu quase gritei de tanta animação.


“Primeiro, não me desonre.”

“Sim.”

“Segundo, não se exponha indevidamente em público.”

“Sim.”

“Terceiro, se não se casar com um homem, seu status será… solteira


para sempre.”

O que ela estava me pedindo me deixou um pouco atordoada. Mas


concordo e aceito.

“Sim.”

“Você é uma boa garota.” Ela coloca a mão sobre minha cabeça
carinhosamente. “Khun Sam, você foi a única das minhas netas que
sempre esteve ao meu lado. Mesmo vivendo com dificuldade, me
escolheu.”

“…”

“Isso é tudo o que posso fazer. Tudo bem?”

Abraço minha avó. Ela cambaleia um pouco e sorri.

“Tudo bem. Por mim está tudo bem.”

“Bem… e quarto, por favor, não sorria quando estiver comigo.”

Bastidores [Khun Sam] (Parte 10)

Após dizer tudo para a Mon, a pequena garota, que dormiu ao meu lado,
sorri para mim e estende a mão para tocar meu nariz, como sempre faz.
Agora estamos nuas debaixo do cobertor. Nossas pernas estão cruzadas,
suando neste quarto frio. Nossa experiência sexual foi a melhor de todas.

Ninguém saiu perdendo.

“É o suficiente para mim. Eu não preciso de nenhuma cerimônia de


casamento, só preciso de você.”

“Significa que quebrei minha promessa. Nunca quebrei uma promessa


antes.”
“Eu sei. Estou orgulhosa por você ter escolhido sua avó primeiro.”

“Por quê?”

“Porque se me escolhesse, significaria que se você encontrasse uma


pessoa melhor no futuro me abandonaria. Além disso, se você
abandonasse sua amada avó, por que não me abandonaria?”

Beijo a mão dela antes de acariciar seu ombro com meus lábios.

“Ei, ei. Você é tão safada. Descanse primeiro.”

“Não fizemos quase nada. Quero mais, querida.” Continuo resistindo,


mas ela me empurra na cama e sobe em mim.

“Estou obcecada por esta palavra. Sempre fico sensível quando escuto a
palavra ‘querida’.”

A safada não sou eu, mas sim ela. A natureza das emoções a guia e
estamos novamente no pico.

“Que… quê?”

“Quero fazer isso, continue falando enquanto faço.”

“Mas acabamos de fazer…”

“Faremos de novo.”

“Trapaça!”

“Chame a polícia para me prender.” Ela se enfia debaixo do cobertor e eu


não consigo resistir.

“Como vou falar? Não vou conseguir me concentrar.”

“Fale sem se concentrar… E então? Após isso tudo? E o Sr. Kirk?”

“É estranho falar de outro homem quando estamos brincando assim…


Ah.”

“Vire de costas. Quero te abraçar por trás.”

Ela me vira e começa a beijar e lamber minhas costas. Me faz estremecer.

“Isso…”

“Vá em frente.”
Mordo meus lábios levemente.

Vamos.

***

Eu estava de volta a minha casa… a casa onde poderei ficar com a Mon.

Achava a minha casa gigante. Apesar de quando a comprei, estava


acostumada a viver sozinha… mas por que me senti tão sozinha? Uma
casa sem a Mon.

A casa, antes coberta de tons de terra, estava agora com alguns tons de
rosa.

Como senti tanta falta daquela garota?

Agora nada poderia impedir nosso amor. Porque a ignorância da minha


avó virou aceitação e ela passou a nos entender, apenas pediu para
seguirmos algumas regras para manter a sua honra e dignidade.

E isso não significa que teremos esperança em tudo…

Não poderemos nos casar.

Quando penso nisso, me sinto um pouco triste. Normalmente, eu


continuaria sendo a boa garota da vovó como prometi. Apesar disso, eu
amo uma garota e minha avó não gosta da ideia. Mas ela não reclamou e
parece que me deu permissão para namorar a Mon. Mas em relação ao
casamento… Eu tinha prometido a ela que me casaria com o Kirk, mas
não poderia manter mais esta promessa.

Não me atrevi a encarar a Mon… Por quase dois meses. Se eu fosse vê-la,
ela ainda estaria me amando? Parecia que eu estava desapontando-a
cada vez mais.

E sim… Eu era uma perdedora. Não tive coragem de ir vê-la. Tudo o que
fiz foi perguntar dela para as minhas amigas.

Tee: Hoje eu a levei no restaurante japonês. Ela come bem.

Jim: Você cuida muito bem da esposa da sua amiga.

Kate: Esposa? Elas terminaram, não? P. P. vai se casar amanhã.


Tee: Bem, agora posso flertar com a Mon.

Kate: Você não deveria. É regra não flertar com as exs ou atuais de
nossas amigas.

Tee: Ah… mas ela não merece ficar sozinha. Você sabe o quão popular
ela é no meu escritório?

Tee: Mas como ela tem a mim, ninguém se atreve a falar com ela. Hahaha.

Elas continuavam conversando enquanto eu não estava online. Olhei o


nome da Tee e fiquei um pouco irritada, coloquei meu celular no chão e
pisei na tela que mostrava o nome dela.

Sim… Ninguém sabia que eu tinha feito isso.

Sam Sib Sam: Vocês foram em um restaurante japonês? Como foi?

Sam Sib Sam: Da próxima vez, leve-a para comer camarões de rio em
Ayutthaya.

Tee: Ela me disse. Este sábado pretendo levá-la lá. Alguma sugestão de
restaurante?

Ela não entendeu que eu estava sendo sarcástica. Por que a Mon não
estava sentindo a minha falta? Não era justo. Apenas eu estou inquieta,
com saudades e na espera de podermos ficar juntas novamente.

Eu estava indo secretamente todos os dias até a esquina do prédio onde


ela trabalha para vê-la sair. E hoje… foi um pouco diferente porque o Kirk
me ligou após sumir uma semana.

Apesar de estar com receio da Mon, eu estava irritada demais para ver o
Kirk.

“O que foi?”

[Venha me ver, por favor.]

“Não temos nada para falar. Já terminamos.”

[Mas podemos ser amigos.]

“Amigos não fazem o que você fez.”


[Não irei te pressionar. Apenas quero resolver nossas diferenças. Posso
ir vê-la onde quiser.]

Suspiro por um longo momento. Estou realmente brava com ele, mas não
o odeio.

“Bem, onde eu quiser?”

Escolho conversar dentro de um ônibus, o que nunca tinha feito antes.


Foi tão excitante. Quando eu era estudante, a vovó mandava o motorista
me levar e buscar. Com meu status, posição e dinheiro, pegar um ônibus
era algo distante. Para ele também.

Estávamos tão estranhos dentro deste ônibus quente e lotado de


pessoas. Estávamos tontos lá dentro.

“Por que quis conversar comigo aqui? É público demais.”

“Você não poderia fazer nada comigo aqui.”

“Não mesmo, mas agora só quero vomitar.”

Achei que só eu estava com vontade de vomitar neste ônibus. Mas foi
divertido. Eu sempre quis estender minha mão para fora da janela e sentir
o vento…

“Por favor, não coloque o braço para fora!”

A motorista gritou, e então puxo meu braço para dentro. Por que ela
gritou comigo? Eu só queria agir como uma adolescente.

“Quer falar sobre o quê?”

“Então posso falar?” Kirk sorri e pega o lenço para secar o suor. “Sinto
sua falta.”

“Chega, se for para falar disso vou descer do ônibus.”

“Apenas introduzindo…”

“Seja direto.”

“Sinto muito pelo que fiz.”

Ele disse, cercado do barulho do motor e da conversa das outras


pessoas. Mas foi alto o suficiente para me deixar em silêncio.
“Apenas pedir desculpas não significa que voltaremos a ser como antes.”

“É melhor do que nada. Percebi que eu era ruim na sua vida.” Kirk olha
para baixo e tenta sorrir. “Eu tornei pior. Eu tinha outra garota e queria te
forçar a se casar sem amor.”

“…”

“Eu destruí nosso relacionamento por raiva. Te conheço há tanto tempo,


nunca imaginei que poderia te fazer tanto mal.”

“…”

“Por favor, me perdoe.”

Ele implorou, o que me fez desviar o olhar irritada. Estava brava por ele
ter desonrado aquele dia. Se ele não entendesse a gravidade, tudo iria
piorar.

“Me deixe pensar um pouco.”

“Ao menos, me dê uma chance… Obrigado.”

“Hum…”

“Foi bom não ter me casado com você. Não sei se você seria uma boa
esposa para mim. Você não é gentil, nem vivaz. Devo encontrar alguém
que me preencha.”

Estas palavras do Kirk, que mais eram para me provocar, me fez olhar
para ele porque me senti insultada.

“Você não me conhece bem, não me julgue.”

Eu estava fervendo…

“E você quer uma filha, não posso te dar.”

“Nunca disse que queria uma filha. Mas se tivesse uma criança, gostaria
que fosse uma garota. Só isso.”

“Então Deus não faria isso… Eu apenas posso te dar um menino.”

“Por quê?”

“Porque eu tenho um pauzão.”

Fiquei atordoada por um tempo e encarei meu amigo, que não mede o que
fala.
“Não se engane com essa minhoquinha.”

“É longo também. Não posso te dar uma menina. Mas de qualquer forma
você está namorando a Mon, não terá filhos.”

“Que sarcástico!”

“Do que estão falando?”

Um garoto de uns nove anos de idade que estava com a irmã, nos
pergunta interessado. Kirk fecha a boca envergonhado. Apenas eu
respondo sem medir as palavras.

“De pau.”

Pfffttt!!!!

A garota cospe o que estava bebendo sobre mim. Fiquei encharcada.

“Como aprendeu a fazer isso? Ah…”

Seguro o lençol com força, olho para ela e rio orgulhosa e envergonhada
por ter molhado o lençol todo.

“Você não foi a única que assistiu vídeos pornôs. Eu também assisti.”

Ela se deita sobre minhas costas e sussurra algo em meu ouvido. Levanto
minha mão para cobrir o rosto, que está tão quente agora.

“Amanhã, terei que lavar este lençol, Mon.”

“Acho que vai ter que lavar todos os dias, Khun Sam.”

“Você mudou.”

“E como foi? Foi bom?”

“Foi…” Respiro para recuperar minhas energias, me viro e subo nela.


Agora estou por cima. “Foi bom. Mas será melhor se eu fizer.”

“Tente…” Mon, que está por baixo, me abraça pelo pescoço. “Vou te
ensinar.”

“Bem, compartilhe comigo.”


Eu rio e esqueço que amanhã tenho que correr para o trabalho. Mesmo se
o primeiro-ministro anunciasse as eleições ou morresse, não importa,
nada é importante agora.

Agora recuperei meu amor de volta. Meu mundo não é mais cinza. Agora
está cheio de rosa.

Ao menos rosa não é tão ruim quando misturado com meu cinza. Vira
outro tom rosa pastel. Se posso chamar meu carro de Duanpen, posso
dar um nome para minha história de amor. Vou chamar de…

A Teoria Rosa.

Esplêndido!

Especial 01

Mesmo assim, concordamos em não contar a ninguém sobre nosso


relacionamento, mas algumas pessoas precisam saber. Por isso, em
respeito a Mon, decidi contar toda a verdade para a tia Pom.

Agora, Mon, tia Pom e o pai da Mon estão jantando na mesa em estilo
japonês da casa deles. Tudo corre bem no jantar, até que a tia Pom se
sente desconfortável, porque acha que pessoas da realeza não se sentam
no chão. Porém, um problema maior surge imediatamente.

“Somos um casal.”

O silêncio paira no ar, todos estamos ouvindo o tique-taque do relógio da


parede, os mosquitos fazem barulho ao voar… Até a respiração de todos
os presentes pode ser ouvida por causa do silêncio.

Por que estão quietos? Alguém poderia falar alguma coisa nesta casa?

“Hum…” o pai da Mon tenta dizer algo, mas ainda se encontra atordoado.
“Casal como namoradas… é isso?”

“Sim.”

“Então quando a Mon ficava na casa da Khun Sam, não era apenas para
dormir…?”

Eu não entendo a pergunta do pai da Mon, mas acredito que falar a


verdade seja o correto a se fazer.
“Sim, fazemos de tudo lá.”

“Khun Sam!” Mon está gritando com as bochechas vermelhas e


repentinamente vira o rosto para o pai como se fosse chorar. “Por que
está perguntando algo assim?”

“O que vocês duas andam fazendo?”

“Cozinhamos, assistimos TV, ouvimos músicas e muito s…” Mon cobre


minha boca com a mão, como se soubesse o que eu iria dizer.

E ela vira o rosto de novo para o pai. “Na maioria das vezes assistimos
TV, dormimos e vamos trabalhar juntas pela manhã.”

“Parece estranho.” Tia Pom, que estava quieta, disse. Ela deixa a colher e
o garfo sobre o prato “Vou me retirar” Ela disse.

A senhora finge sorri, se levanta e caminha em silêncio. Tia Pom, que me


adorava, agora parece não querer aceitar a verdade.

“Mamãe ficou brava com certeza.” Mon disse, então dou um tapinha em
sua perna e sorrio para ela.

“Não se preocupe, vou falar com ela.”

“Mas…”

“Tia Pom me adora.”

Porém, mesmo parecendo calma, por dentro estou prestes a explodir


porque não sei como lidar com a tia Pom. Sinto que quebrei toda a
confiança que tinha conquistado dela, ao me tornar namorada da sua
filha.

“Tia Pom.”

Tia Pom, que está na frente da casa, vira o rosto para mim e sorri.

“Por que veio aqui para fora? Os mosquitos vão te picar.”

“Vim conversar com você sobre a Mon. Me sinto terrível por não te ver
feliz com nosso relacionamento.”

“É um pouco difícil. Não estou acostumada com isso.” A senhora não


sabe se sorri ou fica tensa. “Te vejo como uma filha, nunca pensei que
você seria namorada da minha filha por ser uma…”

“Uma mulher.”
“Sim.”

Tia Pom disse sem rodeios. Então, apenas aceito. Coloco minhas mãos
nos bolsos, porque não posso mais fingir na frente dela.

“Se eu fosse um homem, você aceitaria.”

“Isso mesmo, uma mulher deve ficar com um homem, este tipo de
relacionamento não dura muito.” Tia Pom disse com consideração e
tentou explicar sua atitude. “Não tenho nojo de mulher que ama mulher.
Eu trabalhei em uma escola feminina, vi muitas coisas. Já vi garotas se
beijando no laboratório de ciências.”

“Sério?” Olho para ela. “Chegou a ver o desfecho dessa cena?”

“Eu tossi para interrompê-las.”

“Não…”

“Hum…”

“Desculpa, fico encantada com o tema que estamos falando.” Estou


animada e tento ficar séria novamente.

“Só queria dizer que estou familiarizada com o amor entre mulheres e não
tenho repulsa por isso, mas, para mim, é apenas um romance passageiro
e irreal. Você e a Mon não são mais crianças e você faz parte da família
real. Então não é bom esse amor juvenil. Me entende?”

“Tem medo de nosso amor não durar?”

“Sim, amor entre mulheres não dura, e vocês não podem formar uma
família.”

Tia Pom segura a respiração. “Você é de boa família, tem boa aparência e
é uma dama da realeza.”

“Sou uma pessoa comum. Deveria pensar diferente.”

“Eu sei. Mas existe um vão entre nossas famílias. Mon é uma pessoa
flexível, então ela deve ter orgulho de você e está confundindo com
amor.”

“É amor, tia, e eu a amo também.”

“Se um dia quiser ter uma família e filhos, então o que vai ser da Mon? E
se a Mon quiser ter filhos, o que você vai fazer?”

“Eu a deixarei ir.”


“Fácil assim?”

“Isso é amor. Nunca irei proibir algum desejo dela.”

“E se você quiser uma família e a Mon não pensar como você, como ela
vai viver sem você?”

“Eu não a deixarei ir.”

“Não faz sentido, tudo é sobre o futuro, não diga isso.”

“Eu nunca quebro uma promessa, tia Pom, você sabe disso.” Olho
bravamente nos olhos da senhora na minha frente. “Eu deixei o Tigre com
você e transferi dinheiro todos os meses, mesmo tendo estudado fora.”

“M… mas.”

“Desde criança nunca quebrei uma promessa, e agora prometo amar a


Mon para sempre.”

Tia Pom faz uma cara triste. Entendo a preocupação dela, então não estou
brava, nem nada.

“Sua família aceitou?”

“Eles sabem e aceitaram, por isso vim até aqui hoje revelar nosso
relacionamento para vocês. Não quero esconder nada.”

“…”

“Por favor, me dê uma chance.”

Tia Pom parece atordoada, como se não conseguisse dizer nada. De fato,
esta senhora me adora desde criança. Não importa quantas vezes nos
encontrávamos, ela sempre me olhava com alegria.

“Não direi que aceito, apenas que assim seja.”

“Certo.”

“Mas se um dia a Mon quiser ter uma família, me promete que vai deixá-la
ir?”

Sorrio para a tia Pom antes de segurar sua mão e jurar com o mindinho,
como uma criança.

“Certo, eu prometo.”
“Eu enfatizo que sempre te amei e você toda crescida vem jurar de
mindinho… inaceitável.”

Sorrio, mas ela faz uma cara irritada.

“Vamos comer. Estamos aqui fora há muito tempo. Se não posso


consertar isso, então tenho que deixar para lá.”

A senhora me leva de volta para dentro da casa. Desta vez, todos na mesa
sabem que não há problemas, mesmo não aceitando 100%. Mon e seu pai
parecem normais agora.

“Então, me diga como vocês duas terminaram assim?”

Falamos sobre nossa longa história, mas a Mon tem mais história do que
eu. Tia Pom parece melhor agora, ela está mais receptiva e pergunta
várias coisas, além de me tratar como sua filha.

“Hum… a Khun Sam me ama porque sou fofa.” Mon termina sua história
orgulhosa. Tia Pom se vira para mim:

“Khun Sam, diga algo. Apenas ouvi a história da Mon. Por favor, me diga
o que você mais gosta da Mon?”

Olho para a Mon, escaneio seu corpo todo e respondo a tia Pom
imediatamente.

“Os lábios dela, parecem um coração.”

“O que mais você gosta… de fazer?”

A senhora pergunta sorrindo, então bebe um pouco de água. Quando


recebo uma pergunta fácil dessas, posso responder imediatamente.

“Eu amo transar com a Mon.”

Aiiii!!!

Especial 02 – Parte 1

Faz três anos que estou com a Khun Sam…

Nosso amor é simples… tudo está indo bem, de acordo com as regras da
avó dela. Nossa história deve ser secreta. Podemos seguir assim, não é
nada demais.
Mas somos humanas, problemas acontecem, até mesmo comigo. E essa é
a primeira vez em três anos…

“Sinto muito, Khun Sam.”

O carro favorito dela está destruído por uma batida causada por mim. Ela
preferiu me ensinar a dirigir, disse que seria bom em caso de emergência.
Mas deixei uma cicatriz no carro e no coração dela. Então, está doendo.

“Você deveria pedir desculpas.”

Minha mãe disse. Meus pais a adoram, e nunca a culpam por nada. Para
eles, ela é a mulher perfeita, tem boa aparência, status e posição. Se ela
acertasse minha cabeça tenho certeza de que meus pais ficariam do lado
dela em vez do meu.

“Estou tentando falar com ela há alguns dias, mas ela não responde
minhas mensagens e nem as ligações.” Eu sou do tipo de garota que
pensa demais. Quando me deparo como uma situação como essa,
costumo chorar a noite toda com medo de perdê-la.

“Então vá até a casa dela.”

“Não me atrevo a ir, mãe… Eu bati o carro preferido dela.”

“Por que não dirigiu com mais cuidado? Aquele carro custa caro.”

“Eu estou aprendendo.”

“É culpa sua. Vá pedir desculpas ao carro.”

“Quê?”

“Quero dizer, peça desculpas para a Khun Sam, não a perca.”

Minha família a ama tanto. Eu só quero chorar, ninguém me apoia nesta


casa. Foi um acidente e essas coisas acontecem. Caminho triste para o
meu quarto e choro novamente. Encaro meu porquinho.

“Querido porquinho, é hora de me ajudar. Por favor, traga minha amada


de volta.”

Agarro o porquinho que está cheio de moedas e notas. Estimo que tenha
dez mil (Nt: Aproximadamente R$ 1.500,00). Foi difícil para eu juntar este
tanto. Além disso, irei sacar mais cem mil (Nt: Aproximadamente R$
15.000,00) da minha conta bancária, pegarei um ônibus e irei até a casa
dela.
Mas já faz mais de uma semana que não vou lá, porque a Khun Sam não
me ligou e não tenho coragem de encará-la.

Vamos nessa. Sinto muito a falta dela. E se eu estiver errada, deixarei ela
me bater…

Ah! Me bater? Isso é bom?

Tenho certeza de que ela não é assim. Quando me convenço, toco a


campainha. Demora um tempo para obter resposta. Finalmente, ela abre a
porta e encolhe quando me vê.

“O que está fazendo aqui?”

Que pergunta dolorosa. Lágrimas se formam nos meus olhos. Ela parece
chocada ao ver minha reação.

“Por que essa cara feia? Só estou perguntando.”

“Você me odeia, Khun Sam.”

“Do que está falando?”

Imediatamente uma linda mulher sai de sua casa. Olho para ela, ligo os
pontos e percebo… Agora entendi tudo.

“Entendi tudo. O motivo de você não ter respondido minhas mensagens


ou atendido minhas ligações é porque…”

“Por quê…?”

“Porque você arrumou outra.”

“Ah meu Deus!… Como você sabe?” Khun Sam parece surpresa. “Era um
grande segredo.”

“Como pôde? Por que não me falou? Eu sei que as coisas podem mudar,
mas eu não estava preparada.”

Eu, que estou segurando o porquinho nas mãos, coloco nas mãos dela e
me afasto. Khun Sam, que agora está confusa, corre atrás de mim e
segura meu pulso.

“O que é isso? Uma garrafa em formato de cachorro?”

“Porquinho!”

“Por que é tão feio?”


“São todas as minhas economias. Estou te dando para ajudar no conserto
do carro. Se precisar de mais, me avise. Vou tentar arrumar para você.”

“Como isso seria o suficiente?”

“Buah.”

Choro como uma garotinha de três anos.

“Mas não é o bastante mesmo. Por que está chorando?”

“Por que você é tão má? Estou tentando pedir desculpas. Estou tentando
o meu melhor. É apenas um carro. Por que está sendo má comigo? Você
tem outra bela garota dentro de casa e está insultando meu dinheiro. O
que devo fazer? Devo me vender para recuperar?”

“Quanto você ganharia?”

“Khun Sam!”

“Gostaria de saber o porquê as vendedoras de carros esportivos


precisam ser bonitas…” Khun Sam está pensando e ignorando meu
choro. “Parece que escolhem pessoas bonitas para atrair clientes.
Infelizmente, me excluindo.”

“Hã?”

Fico atordoada por um momento, ‘Uma vendedora de carros?’

“Vendedora de carros?”

“Hum. Linda.”

“Ela não é sua nova namorada?”

“Louca! Por que seria? Eu te amo tanto.”

Khun Sam está enxugando minhas lágrimas.

“Não está vendo? A Srta. Duan Pen está amassada. Não quero dirigir um
carro amassado… e ela está velha também. Então comprei um novo carro
e a vendedora veio me entregar.” Ela olha para o caminhão que está
carregando um carro esportivo. “Ah, está chegando.”

“O que está chegando?”

“Meu novo carro. Eu pretendia fazer surpresa na sua casa. Então não
atendi suas ligações. Você vai ficar surpresa quando ver. Mas por que
estava chorando? Estou confusa. E esse dinheiro, há quanto tempo você
junta? Por que jogou fora?”

“Não joguei fora. Te dei.” Agora que sei toda a verdade estou me
acalmando.

“Vamos ver o carro novo. Escolhi um com as portas asa de gaivota.


Quando estivermos entediadas, poderemos voar.”

“Um carro pode voar?”

“Pobrezinha. Tem tanta imaginação.”

Um carro está se aproximando devagar.

“Comprei um novo carro por sua causa, viu? Não é legal? Vamos para a
praia da próxima vez. Eba!” Ela parece tão animada. Ao contrário de mim.

“Não me surpreendeu em nada. Por que não me contou? Fiquei pensando


em várias coisas. Chorei todas as noites.”

“Ótimo. Foi o preço a ser pago pela Srta. Duan Pen, mas tudo bem.
Comprei um novo. Pare de chorar e pegue suas economias de volta. É
tudo seu, está bem?”

Khun Sam me devolve o porquinho. Seguro firme, mas devolvo a ela.

“Por favor, não me insulte. Pode ser pouco para você, mas é minha
responsabilidade. Não quero ouvir os outros falando que eu posso fazer
qualquer coisa porque você é rica.”

“Algo de errado nisso?”

“…”

“Ao menos diga que me ama para eu ter certeza de que não terminou
comigo.”

“Eu te amo.”

“…”

“Eu te amo, Mon. Ok? Por que a Srta. Duan Pen seria importante? Não
vale mais do que você. Se quebrar, eu compro um novo. Eu te amo tanto.
Ah, você está chorando de novo.”

Porque ela não é do tipo doce, quando disse daquela forma, impactou
meu coração. Por isso estou chorando. A vendedora do carro está
invisível para mim agora.
“Esse carro tem um bom sistema ABS. Irei te ensinar a dirigir. Se bater,
eu compro um novo. Sabe por quê?”

“Porque você me ama.”

“Por que eu sou ricaaaa.”

“Waah!”

“E porque eu também te amo.” Khun Sam me puxa para abraçar. “Pare de


chorar e vamos dirigir nosso novo carro. Planejo fazer umas coisinhas
com você dentro deste carro…”

“Khun Sam!”

Me apresso para interrompê-la, porque estou com medo da vendedora


nos ouvir. Ela tosse e sorri para a gente.

“Então, por favor, assine para concluir a entrega. Qualquer problema


pode me ligar quando quiser.”

“Obrigada.” Khun Sam me solta e aperta a chave para me mostrar as


portas asa de gaivota, que parecem asas de pássaros batendo no céu.

“Vamos, Mon. Viu? Meu novo carro.”

Enxugo minhas lágrimas.

“O último se chamava Srta. Duan Pen, qual vai ser o nome deste?”

“Não vou colocar um nome. Não quero criar laços.”

Khun Sam disse como se estivesse amadurecendo. Sim, ela amadureceu.


Ela é tão…

“Mas se eu pudesse, eu chamaria…”

“Do quê?”

“Minha joia do infinito.”

Ela é tão… a mesma de sempre. No fim, ela deu um nome ao carro.

Especial 02 – Parte 2
“Você usa óculos, Sr. Kirk?”

Pergunto ao Sr. Kirk, que mudou de estudo. Não sei o motivo, mas fiquei
sabendo que ele está com a visão ruim.

“Fiquei bem de óculos?”

“Ótimo.”

Khun Sam olha para mim por um momento. Consigo sentir que ela não
gostou de me ver elogiando-o estando com ela.

“Quão ótimo?”

“Ah. Não uso eles por causa da moda.”

“É por causa da idade!”

“Pode ser. Deve ser porque uso muito meu celular no escuro. É o que
costumo fazer. Então agora preciso usar… A propósito, estou parecendo
mais velho? Passo mais credibilidade, né?”

“Se acha que parece mais legal usando óculos, por que não compra um
carro conversível?”

“Um carro luxuoso passa mais credibilidade no trabalho.”

“Mas você disse que os óculos passam mais credibilidade, né? Então,
use os óculos no trabalho também.”

Para esta situação, preciso segurar o braço dela para acalmá-la. Khun
Sam está brigando com ele e ele sabe.

“Está com inveja. Gostaria de usar, né?”

“Se você usar vai ficar muito bem… melhor que o Sr. Kirk, com certeza.”
Eu a elogio para satisfazê-la. “Mas se não usar, ficará bem da mesma
forma. Os óculos não importam, eu te amo mais.”

“Eca.” Sr. Kirk faz uma cara indigesta para nós. “Por que eu tenho que ver
essa melação entre vocês? A sua sorte é que sou um cara legal. Quantos
ouviriam sua ex-namorada flertar com a atual assim?”

“Você fala demais, Kirk. Ainda é meu amigo por minha causa, não sua.”
Khun Sam mostra a língua para ele.

“Mesmo mostrando a língua, continua adorável. Hahahaha.” O Sr. Kirk


toca a língua dela com a mão, então ela puxa de volta e cospe.
“Sua mão está suja? Está salgada.”

“Oops. Acabei de sair do banheiro e esqueci de lavar as mãos.”

“Kirk!”

“Haha. É minha vez.”

***

Nesta semana, passei a noite três vezes com a Khun Sam. Hoje, é outra
noite que passarei com ela. Por ter elogiado os óculos do Sr. Kirk, Khun
Sam continua quieta como se estivéssemos brigadas. Eu não sei o que fiz
de errado, mas não estou me sentindo bem. Durante a viagem para casa,
toco o rosto dela com a mão e sorrio lisonjeada.

“Você é tão linda, Khun Sam.”

“Não me bajule.”

Ela está brava com certeza.

“Sério, mesmo sem óculos você é linda.”

“Você elogiou o Kirk de óculos, mas me disse que sou linda sem óculos.
Você é mentirosa. Não gosto de mentirosas.”

“O que devo fazer?”

“Precisa falar a verdade.”

A verdade? Me faz lembrar uma antiga memória e suspiro. Se ela quiser


usar óculos, preciso dizer a ela.

“Óculos deixam as pessoas mais sérias, é verdade.” Explico devagar.


“Quando eu estava no primário, um dos professores sempre usava
óculos durante as aulas, mas sempre tirava quando saía. Ficava
imaginando-o por um longo tempo… Então, quando vejo alguém usando
óculos, assumo que é uma pessoa séria.”

“Humph!”

Viu? Disse a ela a verdade. Por que ainda está brava? De qualquer forma,
ela fica linda brava. Vê-la erguendo a sobrancelha me deixa fraca. Solto
meu cinto de segurança e mordo as bochechas dela quando pararmos em
um sinal vermelho.

“Ai, o que está fazendo?”


“Que garota linda.”

“Me mordeu porque sou linda?

“Você costuma erguer as sobrancelhas. É fofo.” Dou uma risadinha.


“Viu? Você pode ser linda sem óculos, apenas erga as sobrancelhas
como agora.”

“Mas não pareço séria para você.”

“Hum. Não sei mais o que fazer. Não importa se usa óculos ou não, eu te
amo demais, Khun Sam.”

Ela se mexe um pouco envergonhada, mas continua brava. Ficamos em


silêncio até chegarmos em casa. Como só nos vemos três vezes na
semana, normalmente, quando ficamos juntas, temos momentos doces
ou momentos sem roupas, como qualquer casal. Mas hoje ela não me
tocou. Continua focada em sua leitura no quarto com pouca luz. Quando
tento falar com ela, ela sempre ergue a mão para me parar.

Estou tão triste agora. Preciso me reconciliar com ela.

Enquanto ela está focada na leitura, decido me enfiar debaixo do cobertor


e puxo as calças dela. Ela estremece pelo susto e percebe o que
aconteceu debaixo do cobertor.

“O que está fazendo”

“Você não está interessada em mim, né? Se quiser continuar lendo, vá em


frente… Farei o que eu quero. Ainda não tivemos nenhum momento
juntas hoje, Khun Sam.”

“Estou ocupada lendo.”

“Tudo bem. Eu não estou ocupada. Farei sozinha.”

“Estou lendo, não me perturbe.”

“Pode continuar. Apenas abra as pernas para mim.”

“Não… Meu Deus!”

Ele geme enquanto dizia não. Sorrio satisfeita e continuo em um ritmo


frenético. O gosto dela continua fantástico para mim. Agora, ela está
satisfeita. O fato de estar toda molhada mostra que seu corpo não me
recusou.

Mas… após gemer uma vez, ela não geme mais. Quando olho para cima,
ela finge me ignorar e continua lendo o livro.
Me desafiando… ótimo!”

Não apenas a boca, coloco meu dedo no mesmo ponto sensível. O corpo
dela começa a se mover um pouco, sua mão está ficando fraca. Ela cobre
o rosto com o livro e mexe o quadril para me confortar. Ela volta a gemer,
seguindo o ritmo do meu dedo… não muito tempo depois, o corpo dela
começa a tremer. Ela larga o livro e implora.

“Venha aqui”

Sorrio e a abraço. É o que costumamos fazer no fim. Espasmos dominam


nosso corpo, à espera de um momento para relaxar. Estou beijando e a
segurando.

“Eu te amo, Khun Sam. Nunca se esqueça do quanto te amo.”

“Também te amo.”

“Se me ama, por que estava me ignorando?”

“Pelo contrário, tenho muito interesse em você.”

“Então, pare de ler e me ajude. Agora é minha vez.”

Me vendo implorar, Khun Sam vira e me pressiona contra a cama. É


minha vez de ser feliz agora.

“Estou tão feliz agora. Sou mais importante que um livro.”

“Você sempre será a mais importante para mim.”

E terminamos com muitos espasmos e respiração ofegante antes de


dormir…

***

Achei que este assunto tinha acabado, mas um dia ela diz que tem uma
surpresa e que vai me mostrar após o trabalho. E é uma surpresa e tanto.
Ela aparece usando óculos com armação dourada. Todos no escritório
ficam surpresos. Especialmente eu, estou piscando meus olhos quando
ela me olha.

“Pareço mais séria?”

“Está usando óculos?”

“Testei e está funcionando bem.” Ela tira os óculos para me mostrar. “É


um Gucci, me ajuda a enxergar melhor. Uma combinação perfeita para
mim.”
Estou surpresa em saber que ela não estava enxergando bem.

“Quando sua vista começou a ficar ruim?”

“Desde que comecei a ler livros com pouca luz no quarto.”

“Estava forçando as vistas para ter que usar óculos?”

“Sim. Isso mesmo.”

“Khun Sam!” Eu quase grito. “Não precisava fazer isso, ou se quisesse


apenas usar óculos, era só comprar um sem grau.”

“Estes parecem falsos. Gosto de coisas boas. Viu? Pareço mais séria.
Agora dirijo um carro esportivo e uso óculos caros. A partir de agora,
apenas elogie a mim.”

“Pobrezinha… teve que fazer isso.”

“Espera… vou mostrar ao Kirk. Ele está aqui?”

“Na sala dele.”

“Certo.”

Ela bate à porta da sala dele. O Sr. Kirk abre a porta e não está usando
seus óculos, o que perturba a mente dela.

“Cadê seus óculos?”

“Não quero mais usar. Então estou usando lentes de contato agora. Mas
por que você está de óculos? Está me copiando?”

“Estou com a vista ruim. Por que você mudou para lentes de contato?”

“Óculos não são confortáveis. Mas só sei de uma coisa, continuo lindo
mesmo sem óculos… concorda, Mon?”

Kirk me pergunta. Eu concordo com a cabeça enquanto a Khun Sam me


olha.

“Então, com ou sem óculos? Qual gosta mais? Não sei o que fazer
agora.”

“Sam de óculos… está ok.” O Sr. Kirk responde.

“Ok não é grande coisa. Fico ótima de óculos.”

“Se acha que está ótima, continue usando.”


“Quero ouvir a verdade. Gostaria de saber sua opinião. Me diga a
verdade.”

“Você não fica linda de qualquer jeito. Mas quando usa isso, parece…”

“Pareço…?”

“Parece velha, lembra minha mãe.”

E a Khun Sam nunca mais usou os óculos…

Especial 02 – Parte 3

Ultimamente Khun Sam tem evitado ver o Sr. Kirk. Ninguém sabia o
motivo, mas deve ser porque ele disse que ela parecia a mãe dele de
óculos. Ela ficava quieta e evitava vê-lo. Claro, quero saber o motivo real,
mas ela não me diz…

“Não fale mais com o Kirk. Porque…” Ela está estranha. “Apenas não fale
com ele e mantenha distância.”

“Você está brava com o Sr. Kirk porque disse que você parecia a mãe
dele, né?”

Khun Sam fica estranha de novo e não responde nada. Sr. Kirk, que
percebe a mudança no comportamento dela, se preocupa e tenta achar
uma forma de falar com ela de novo.

“Sam. Não seja boba. Foi apenas minha opinião de que os óculos não
combinavam com você.”

“Hm, hmm” Khun Sam finge não ouvir o que ele disse. Parece que quer
deixar claro que não quer mais falar com ele.

Todos no escritório falam sobre os dois. Se eu não fosse namorada dela,


também estaria fofocando junto deles.

“Você não é mais criança, Sam. Fale comigo.”

“Hm, hmm.” (Sussurra)

“Estou tentando reconciliar por que te amo, Sam.” Sua voz está cheia de
cuidado e preocupação. Mas Khun Sam se afasta enojada.

“Eca, não fale assim comigo. Fique longe de mim.”


“Me desculpa por ter dito que você parece minha mãe.”

“Céus. Não quero ouvir. Mon, tire metade do dia de folga para sair
comigo.” Ela disse sem se importar. “Os demais, continuem focados no
trabalho. Só chamei a Mon para sair comigo, porque…”

“…”

“Ela é minha namorada.”

***

Não é justo. Serei assunto entre os colegas de trabalho. Devem me odiar


por ter privilégios.

“Eles vão me odiar com esse seu anúncio.”

“Inaceitável… que se demita. Quero dizer, seus colegas, não você.


Precisa ficar aqui. Não posso viver sem você.”

Não sinto ternura na voz dela. Parece que confessou que me ama sem
amar.

“Também te amo, Khun Sam.” Sou a que sempre está cheia de palavras
de amor. “Se não pode viver sem mim, não devemos manter segredos
entre a gente, né?”

“Eu não tenho segredos. Eu disse que não queria falar com o Kirk…
Aquele nojento.”

“Ele apenas disse que você parecia a mãe dele, por que ele é nojento? A
amizade de dez anos de vocês não significa nada?”

“Ele me disse que pareço a mãe dele!”

“Não foi isso, disse que você parece a mãe dele quando usa óculos.”

“Não. Tem algo mais…”

“Mais?”

Fico surpresa e tento perguntar a ela.

“Você sabe que o Kirk é apaixonado por mim há muito tempo, né? Ele foi
um obstáculo entre nós.”

“Sim.”

“Me dizer que pareço a mãe dele, significa…”


Que usar óculos a faz parecer mais velha… Eu ia dizer isso, mas…

“Apenas que…”

“Kirk se apaixonou pela mãe dele.”

“Ah!”

“Pareço a mãe dele. Kirk vê a mãe dele em mim. Insano. Quem se


apaixonaria pela mãe? Devo ficar perto de um cara desses? Nojento!”

Fico chocada ao ouvir isso. Como ela consegue ir tão longe? Mas a Khun
Sam é a Khun Sam. Vejo tantos lados estranhos dela.

“Hahahaha”

Gargalho enquanto ela está chateada. A situação só piora. O quão longe


ela estava pensando? Achei que ela estava chateada porque não ficou
bem de óculos ou que pareceu mais velha.

“Está rindo? Qual a graça?”

“Por que você é assim? Hahahaha.”

“Não é uma piada.”

***

“É uma piada…”

Diz o Sr. Kirk quando digo a ele o que aconteceu. Então ele ri
insanamente sem parar. Agora a Khun Sam está chateada porque nós
dois estamos rindo dela.

“Se a Mon não me dissesse, eu não saberia o que estava pensando. Por
que está irritada?”

“Porque me disse que pareço sua mãe. E você sempre esteve apaixonado
por mim. Todos entenderiam o mesmo.”

Sr.Kirk e eu negamos com a cabeça porque ninguém pensaria como ela.

“Ah. Ninguém pensa assim? Pensei pouco?”

“Não, você pensou demais. É complicado. Se o Sr. Kirk dissesse que


você parece um cachorro, significa que está apaixonado por um cão?”
“Seria isso mesmo.”

“Céus. Vou ficar maluco. Eu sabia que você era inocente, mas não sabia
que era estúpida.”

“O que está dizendo?” Khun Sam se levanta e bate na mesa. “Eu fiz
mestrado, falo inglês, tenho meu próprio negócio e sou rica. Quem é mais
perfeita do que eu?”

“Você é única neste mundo.” O Sr. Kirk diz. “Disse que parecia minha
mãe, porque te achei velha e feia de óculos… tipo isso.”

“Mon, venha aqui.” Khun Sam me chama e sussurra. “Não se aproxime de


caras como ele. Ele disse que a mãe dele é velha e feia.”

“Eu falei de você!”

“Você falou da sua mãe!”

“Por que eu falaria isso da minha mãe? Ela é uma ex-miss universo. Eu
apenas disse que você não é bonita, parece uma idiota usando óculos.
Você faz coisas bobas para parecer fofa.”

“Não faço coisas fofas.”

“Faz coisas bobas e fofas.”

“Disse isso porque sou fofa por natureza.”

“Eca. Estúpida e narcisista. Inaceitável.”

Khun Sam abre a mão com nada dentro, diz algo e finge arremessar algo
nele.

“Jogando merda, jogando merda, jogando merda.”

“Desvio, desvio e desvio.”

Sr. Kirk, que caiu na imaginação da Khun Sam, está brincando com ela.
Meu Deus, meus dois chefes são loucos.

É melhor eu sair daqui…

Saio devagar da sala, enquanto eles continuam tendo uma briga


imaginária.

Se eu não estivesse aqui, os dois seriam uma combinação perfeita.

Tão… legal vê-los assim.


Especial 02 – Parte 4

Khun Sam e o Sr. Kirk, a relação deles não vai terminar por causa de
arremesso de merda imaginária e desvios. Após brigarem por cinco dias,
Sr. Kirk não aguenta mais. Ele convida Khun Sam para jantar e conversar.

“Por mim tudo bem.”

Rio porque o Sr. Kirk achou que eu ficaria brava por ele convidá-la.

“Por que tem que tornar isso mais complicado? Irritante.”

Até ela achou, mas entrou no carro para ir ao encontro dele.

“Não vou demorar. Me espera para vermos aquela série juntas.”

“Não se apresse. Conversem o tempo que for necessário.”

“Só vou ouvi-lo se lamentar. Por que precisamos conversar tanto? Quero
passar mais tempo com você.”

Então, ela sai com o carro. Fico sozinha em sua casa. Decido iniciar uma
faxina e descubro que a casa dela é gigante. Ou talvez seja porque ela
não está presente aqui agora.

Desde que viramos um casal, não nos largamos em momento algum,


apenas quando precisamos ficar com nossas famílias. Nossas famílias
ignoram nosso relacionamento e não se preocupam com a gente.
Descobri que meus pais querem que eu tenha filhos, a avó da Khun Sam
também quer que ela tenha.

Mas não podemos ter um nosso… precisamos adaptar.

Ter um filho é uma responsabilidade enorme. A avó da Khun Sam não vai
nos permitir adotar uma criança, mas… quer que tenhamos filhos?

Após ficar sozinha por três horas, ouço o barulho do portão e do carro.
Fico tão feliz que sorrio de orelha a orelha.

Apenas passar um dia sozinha me fez pensar em tantas maluquices.


Cometi tantos erros desta vez.

Ainda estou sentada no sofá esperando-a entrar pela porta. Após sorrir
por dois minutos… ninguém entra. Então saio e vejo a Khun Sam tocando
o queixo e encarando a fechadura da porta por um tempo.
“O que está fazendo? Ouvi você desligar o carro há um tempo. Por que
não entrou?”

“Ah. Você notou que cheguei. Estou pensando numa coisa.”

“Ah, você parece séria.”

“Eu não entendo muito bem.” Ela tira o casaco e esfrega a fechadura até
deixá-la brilhando.

“O que foi?”

“Por que você lambeu o buraco da fechadura?”

“Lambi?”

Estou curiosa sobre o que ela está falando. Khun Sam se abaixa e lambe
o buraco da fechadura antes de levantar-se.

“Não tem gosto de nada.”

“Pode me dizer o que aconteceu? Por que fez isso?”

Ela dá de ombros e entra na casa. Eu a sigo curiosa…

“É o Kirk. Ele me disse que somos amigos há muito tempo e que quase
nos casamos, então porque deveríamos complicar coisas bobas assim?”

“Aham.”

“Kirk disse que ainda me ama.”

Palpitação… Palpitação…

Meu coração está caindo no chão. Quando ela percebe meu silêncio,
continua falando.

“Mas eu disse que isso é impossível. E também mostrei a língua para


ele.”

“Mostrou a língua?” Quando imagino a cena, rio por um tempo.

“O que devo dizer a ele? Não o amo. Não me sinto daquele jeito com ele…
nunca senti. Mas se tiver que me casar com um homem, faz sentido ser
ele. Porque ele é meu amigo e me entende.”

“Aham.”
“Mas tive que me desculpar, porque isso não vai acontecer. Já tenho uma
namorada. Kirk riu como você quando mostrei a língua para ele. Se eu o
recusasse com um ‘Não, senhor,’ ele ficaria triste e choraria.”

“Ele choraria pelas suas palavras ‘Não, senhor.’”

Estou cansada dela…

“Você não me respondeu sobre a fechadura.”

“Ah.” Khun Sam diz, inesperadamente. “Após rir, ele assentiu para aceitar
o que eu disse. Ele me entendeu. E assumiu que se casássemos, ele seria
um escravo… um escravo do amor.”

“…”

“…lamberia o buraco da fechadura da porta da frente… Por que temos


que lamber a fechadura? Não tem gosto de nada.”

Finalmente entendi o porquê ela lambeu a fechadura. Às vezes, acho que


ela é muito inocente para esse mundo. Ela não entendeu o sentido
daquele ‘lamber o buraco da fechadura’… Ela não percebeu as segundas
intenções do que ele disse. Que mulher adorável.

“O Sr. Kirk talvez quisesse dizer que…” Sussurro em seu ouvido. É


desagradável dizer em voz alta, mesmo que só nós duas estejamos aqui.

“Quando começa a lamber a ‘fechadura’, há mais e mais lugares em seu


corpo…”

“Nojento!”

Khun Sam pode sentir nojo de ouvir isso. Eu sorrio para ela e sinto
simpatia por ele. Mas o que pensei é errado.

“É sujo. Nunca sabemos quem tocou antes. Além disso, ele vai ‘lambendo
o chão e subindo até o quarto’. Ai credo! Muitas bactérias e doenças.
Pode não ser a primeira vez dele. Talvez ele tenha feito com outras. Ele
tem que escovar os dentes primeiro. Ele foi ao dentista? Eca! Não tem
higiene. Não está certo. Eu tenho que ligar e repreendê-lo.”

“Khun Sam!!!”

Ela está pensando demais… Realmente, realmente demais.

-Fim-

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