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O que acontece quando você fica

com mais do que apenas as


memórias de uma noite incrível com
alguém?

Miss B por K Webster

Um crossover da série Taboo Treat


Capítulo Um
Kerry

Você me envergonhou.

As palavras de papai continuam repetindo em minha


cabeça uma e outra vez.
Qualquer coisa que afete sua imagem pública é
constrangedora. Neste caso, foi um encontro fracassado com
um de seus amigos políticos. O cara era desprezível e eu não
conseguia me afastar dele rápido o suficiente. Quando ele ficou
com as mãos bobas, bati nele. O idiota tagarelou sobre mim
para meu pai.

E agora estou tentando desesperadamente enxugar


minhas lágrimas antes que meu compromisso depois da escola
apareça. De todas as pessoas que poderiam me ver chorar, não
pode ser ele.

Zane Mullins.
O bad boy da escola que passa mais tempo na sala do
diretor do que qualquer outra pessoa que frequenta a escola
Brown High.

Zane fareja as fraquezas e as ataca. Eu o vi focar nisso


uma e outra vez com diferentes professores. Comigo, ele sabe
que seu flerte descarado me irrita, então ele usa seu charme
durante nossas reuniões forçadas de segunda-feira.

Não seria tão irritante, exceto que ele é incrivelmente


bonito. Sua estrutura muscular eleva-se sobre a minha e sua
voz profunda nunca para de vibrar em meu núcleo. Ele me
confunde e acho que sabe disso.
Esse é outro motivo pelo qual esses encontros que papai
continua me arranjando não funcionam. Estou abrigando uma
paixão vergonhosa por um aluno da escola em que trabalho.
Não importa que ele tenha dezoito anos e seja um homem em
todos os sentidos.

Ele. É. Meu. Aluno.

É meu trabalho orientá-lo e aconselhá-lo sobre suas


notas, seu comportamento e seu futuro. O diretor da nossa
escola, Adam Renner, me encarregou de garantir que ele
estivesse no caminho certo. Se eu baixar minha guarda por um
segundo, Zane irá atacar. Receio que se ele atacar, eu possa
gostar.
Agora, isso envergonharia o papai.

Só posso imaginar que escândalo isso seria. Isso me dá


urticária só de pensar em ter meu nome espalhado em todas as
notícias e mídias sociais, todo mundo me vendo como uma
predadora sexual ou algo assim.

É em tempos como esses que sinto falta do meu irmão


gêmeo, Keith. Ele não está morto nem nada, mas porque não se
conforma com as regras estritas do papai, ele foi praticamente
excomungado da família. Quando todos nós nos mudamos de
Brigs Ferry Bay para esta cidade para que papai pudesse
expandir seu escritório de advocacia, Keith ficou com a Vovó.
Falo com ele em seu aniversário e no Natal, mas geralmente
conversamos por meio de mensagens de texto. Não me atrevo a
ir visitá-lo para o caso de papai descobrir, e Keith certamente
não vem pra cá. Se tivesse minha outra metade aqui, poderia
me soltar um pouco, nem sempre me preocupar em ficar
repentinamente sem apoio.

O sinal da escola toca, sinalizando o fim do dia e o início


do meu encontro com Zane. Um rubor sobe pelo meu pescoço
enquanto imagino como irei frustrar seus avanços hoje. Fora
do meu escritório, posso ouvir Zane e sua amiga, Elma, rindo
de alguma coisa. Esses dois seriam mais adequados um para o
outro, mas não importa o quanto Adam tente esconder, sei que
ele está dormindo com ela.
Já ouvi algumas vezes... coisas... em seu escritório.
Risadinhas. Tapas. Gemidos. Mexo-me na cadeira,
1
repentinamente quente demais. Adam tem PTSD e, mais
recentemente, depois que fogos de artifício explodiram no
auditório, ele teve um ataque de pânico. Elma conseguiu
acalmá-lo beijando-o. Fiquei chocada, para dizer o mínimo, e
desapontada porque o diretor que eu admirava obviamente
tinha um relacionamento íntimo com uma aluna. Eu esperava
indignação do treinador Long, já que ele era a outra
testemunha do evento, mas ele não parecia surpreso, nem
parecia se importar. Então, eu nunca disse uma palavra sobre
isso para ninguém.
Elma ri mais uma vez, mas não do que quer que ela e
Adam estejam fazendo em seu escritório. Não, sua risada é de
Zane. De novo. Por alguma razão, está me dando nos nervos
hoje.

Mas não é culpa dela.


Porque papai me deu uma bronca no telefone mais cedo,
estou muito nervosa e chateada. Isso explica as lágrimas e a
maldade, não Elma.

“Parece muito bem hoje, Srta. B.” Uma voz profunda diz.
“Gosto quando você veste branco porque posso ver totalmente o
seu sutiã.”

E bem assim, estou vermelho brilhante.


Como se ele tivesse uma atração magnética contra a qual
sou incapaz de lutar, meus olhos avidamente pousam nele. Ele
fecha a porta atrás de si, um sorriso satisfeito em seu rosto
bonito enquanto eu o examino descaradamente. Seu cabelo
preto está bagunçado hoje, mas é como se ele o tivesse
arrumado daquele jeito de propósito. Olhos verdes brilhantes
brilham com diversão e seus lábios se contraem como se ele
quisesse sorrir. Hoje ele está vestindo uma camiseta preta
muito justa que mostra seu físico impressionante e jeans com
mais buracos do que o permitido pelo código de vestimenta.

Pare de olhar.

Como se ele pudesse ouvir dentro da minha cabeça, seu


sorriso se espalha por seu rosto daquela maneira perversa que
às vezes fantasio. Endireito-me na cadeira, franzindo os lábios,
esperando pra caramba que ele não possa ver o quanto me
afeta.

“Pare de bobagens, Sr. Mullins.”


“Você sabe que prefiro quando você me chama de papai
Z.” Ele balança as sobrancelhas para mim enquanto atravessa
a sala, soprando seu perfume viril em minha direção. Ele deixa
o corpo cair na cadeira na minha frente, esparramado como se
fosse da realeza e eu estivesse aqui para servi-lo. “Além disso, o
Sr. Mullins é meu pai e prefiro não ser como ele se puder
evitar.”

Suas palavras são ditas em tom de brincadeira, mas não


perco a maneira concisa com que ele as diz. Zane é severo na
maior parte do tempo sobre seu pai, mas sei que ele não se dá
bem com ele.

“Como foi o treinamento com o treinador Long na semana


passada?” Pergunto, ignorando suas tentativas de me
perturbar.
“Você me viu mancando quando entrei?” Ele pergunta,
seus olhos verdes brilhando.

Não, estava muito ocupada olhando para sua boca beijável.

“Não.” Limpo minha garganta e aliso as rugas inexistentes


na minha saia. “Acho que ele está ajudando você a lidar com
sua lesão?”
Suas feições ficam tempestuosas e ele assente. “O
treinador é um idiota, mas sabe o que faz.”
“Não xingue.” Resmungo.

“Ah, desculpe.” Ele altera: “Esqueci que você tem orelhas


virgens.”
Ele lambe o lábio inferior e droga, se eu não sigo a ação,
completamente apaixonada pelo movimento.

“Eu, hum, não tenho orelhas virgens. É simplesmente


inapropriado para a escola.” Levanto meu queixo, na esperança
de afirmar alguma autoridade sobre ele. “Podemos discutir
seus planos para quando você se formar no próximo mês?”

“Provavelmente prisão, se formos honestos.” Ele encolhe


os ombros e ri. “Não fique tão surpresa, Srta. B. Nós dois
sabemos que é inevitável.”
Estou prestes a repreendê-lo quando meu telefone vibra
com outra ligação do papai. Provavelmente para se desculpar
por ter sido tão cruel antes. Tento ignorar, mas assim que
chega ao correio de voz, ele tenta novamente. Ele não
continuaria a ligar, a menos que fosse uma emergência.

“Atenda.” Zane diz, apontando para o meu telefone. “Posso


dizer que está deixando você louca não atendê-lo.”

“Só preciso ter certeza de que nada está errado.” Passo o


dedo na tela para atender a chamada. “Olá?”
“Pelo amor de Deus, querida, você sabe que odeio quando
você não responde da primeira vez.” Papai repreende em
saudação.

“Estou em uma reunião.” Murmuro de volta. “Qual é a


emergência?”

“Sem emergência.” Ele me garante. “Apenas tenho alguém


novo para você jantar. Alguém com quem acho que você será
mais compatível. Sean Gentry também é advogado em nossa
empresa, mas é mais jovem que Carl. Acho que você gostará
dele.”
Um lampejo de aborrecimento me atravessa. Ele é tão
quente e frio. Num minuto ele está me chamando de vergonha
para nossa família e agora está fingindo que aquela conversa
não aconteceu. Ele voltou a leiloar sua filha pelo lance mais
alto.

“Papai...” Corto. “Tenho um aluno em meu escritório. Você


sabe que às segundas-feiras tenho esta reunião semanal de
carreira. Podemos discutir isso outra hora?”

A linha fica em silêncio. Toda a irritação desaparece


conforme minha ansiedade aumenta. Não gosto de chatear meu
pai, mas às vezes ele é muito autoritário que até a boa menina
que está acostumada a agradá-lo perde a calma.

“Basta encontrar Sean para jantar às cinco. Enviarei uma


mensagem com os detalhes.” Papai diz em um tom curto.
“Podemos discutir sua atitude desrespeitosa durante o assado
de mamãe no domingo. Adeus, querida.”

E bem assim, as lágrimas ardentes estão de volta.

Engulo a bola gigante de emoção se formando na minha


garganta. Agora não é a hora de analisar por que, não importa
o que eu faça, nunca parece ser o suficiente para meu pai.
Keith teve a ideia certa. Ele escolheu a si mesmo. Sua
felicidade. Suas necessidades. Meu irmão sabia que nunca
estaria à altura dos padrões impossíveis de papai, então ele
nem tentou. Keith está feliz por ser um barman playboy de
quase trinta anos, solteiro.

“Desculpe.” Murmuro, incapaz de olhar para Zane


enquanto coloco meu telefone na mesa. “Eu não deveria ter
respondido isso. Onde nós estávamos?”

Quando ele não responde, levanto meus olhos para


encontrar seu olhar intenso. Ele brinca muito, mas de vez em
quando, o pego me olhando como se tivesse acesso privado à
minha mente. Como se ele conhecesse segredos sobre mim que
mais ninguém conhece.

“Parece que seu pai é tão idiota quanto o meu.” Ele diz,
franzindo as sobrancelhas. “Quer falar sobre isso?”

Mordo meu lábio inferior. Não importa o quanto tento


forçá-lo a falar sobre seu futuro, é inútil. Ele não se cede. Sim,
suas notas melhoraram e ele parece gostar de treinar com o
treinador Long, mas em relação aos seus planos para além da
formatura no mês que vem, não fizemos nenhum progresso.
Então, me desviando da discussão usual que temos, decido por
uma tática diferente. Talvez se ele puder confiar em mim um
pouco como amiga, posso fazer com que ele se abra.
“Ele não é um...” Luto contra um sorriso. “Idiota.”

Zane ri. “Essa é a minha garota.”

Meu coração palpita dentro do meu peito. Sinto-me uma


idiota por deixá-lo chegar até mim, mas não posso evitar. Sua
natureza agressiva nos últimos três meses está me
desgastando.

“Ele é apenas autoritário.” Admito com um suspiro. “Eu


sou a boa menina. A gêmea que seguiu as regras e conseguiu
um emprego respeitável na comunidade. Ele está acostumado a
eu obedecer e, quando não o faço, acho que isso o lembra do
meu irmão.”

Zane cruza os braços sobre o peito, o que faz seu bíceps


inchar. Não que noto ou algo assim. Seu olhar escrutinador me
faz contorcer na cadeira.

“O que?” Murmuro, de repente autoconsciente.

“Só estou tentando imaginar outra versão de você. Aposto


que ele não tem problemas para transar.”
Levanto meu lábio. “Ninguém quer imaginar seu irmão
transando.”

“Você tem um ponto aí.” Seus lábios se curvam de um


lado. “Você nunca teve vontade de desobedecer papai?”

Meu rosto fica em chamas com a maneira ofegante como


ele diz a palavra papai. “Não.” Sibilo. “Não gosto de desobedecê-
lo...”
“Mas? Vamos, Srta. B. Não se segure comigo agora.”

“Mas às vezes eu gostaria que ele parasse de tentar me


arranjar encontros. Pronto. Está feliz?”

Suas feições escurecem e sua mandíbula aperta. “Estou


feliz que seu pai está tentando te vender para velhos idiotas?
Porra, não.”

Calor se acumula na minha barriga. “Eu, hum, acho que


devemos discutir a faculdade agora.”
“Por que?” Ele investiga, seu olhar caindo para o meu
peito. “A conversa está ficando inadequada?”

A sala fica em silêncio e então ouvimos.

Gemidos suaves e ofegantes no escritório ao lado.


Meus olhos se arregalam e Zane se levanta, balançando a
cabeça.

“Basta deixá-los em paz.” Ele resmunga, uma expressão


feroz em seu rosto. “Por favor.”

“Eu... puta merda.”


Isso é tão estranho. E errado. Devo contar para alguém,
certo? O diretor da nossa escola não está apenas beijando uma
aluna como testemunhei recentemente, mas definitivamente
está transando com ela, claramente não se incomodando pelo
fato de que os outros podem ouvir. Não posso viver em negação
quando estou testemunhando em primeira mão e nada menos
com outro aluno. Preciso relatar isso, certo? Mas não sou
melhor porque tenho muitas fantasias secretas noturnas em
que o homem, que agora está contornando a lateral da minha
mesa, aquece minha cama. Eu não agiria sobre elas, no
entanto.

Mentirosa.
A ideia de Adam perder o emprego por minha causa faz
meu estômago apertar violentamente. Alguém mais terá que
denunciá-lo. Não quero essa culpa em minhas mãos.

Zane agarra os braços da minha cadeira e vira para eu


ficar de frente para ele. Com ele no meu espaço e tão perto, não
consigo formar palavras ou pensar ou respirar. Tudo o que
posso fazer é olhar para seu rosto bonito e perfeito e inalar seu
perfume masculino e ensaboado.

“Pode ser nosso segredo.” Ele murmura, olhos verdes fixos


em mim. “Diga tudo bem, Srta. B.”

Abro a boca como se fosse discutir, mas nenhuma palavra


sai.

“Que tal eu te dizer o que realmente quero da vida?” Ele se


agacha na minha frente. “Nós temos um acordo?”
Quando assinto, trocando meu silêncio por suas palavras,
percebo que acabei de fazer um acordo com o diabo.

Seu sorriso maligno confirma que ele também sabe disso.


Capítulo Dois
Zane

Porra, finalmente.

Bati nessa mulher todos os dias durante meses e ela não


se abre. Claro, ela está um pouco rachada aqui e ali, deixando-
me ver além de seu exterior rígido e certinho, mas sempre fecha
de volta antes que eu tenha a chance de entrar para ver a
verdadeira ela. A mulher vulnerável que anseia por ser amada e
adorada.
Eu quero ser o homem que entra.

Não apenas no sentido físico.

Estaria mentindo se dissesse que não sonho em deixá-la


nua e prendê-la sob meu corpo duro, transando com ela como
um louco. Mas é mais do que isso com Kerry Bowden. Tudo
sobre ela é tão suave e refinado e perfeito pra caralho. Chama
as partes escuras e básicas de mim que querem irritar essas
partes dela. Ela é alguém presa neste pacote de verniz. Alguém
quebrada e triste. Alguém como eu. Eu só preciso salvá-la de si
mesma.
“Diga-me.” Ela murmura, uma mecha loira caindo de seu
coque apertado. “Por favor.”

Sempre tão doce e bem-educada.


“Solte o cabelo.” Eu me levanto. “E junte-se a mim no
sofá.”

Seus olhos azuis se estreitam enquanto me estuda com


suspeita. “Por que?”
“Porque preciso que você relaxe.” Estendo minha mão para
ela. “Quando você relaxa, eu relaxo. Como vamos nos tornar
amigos, Srta. B, se você não me deixa entrar em você?”

Ela ofega, seus lábios rosados e carnudos se abrem. “Sr.


Mullins!”

“Relaxe.” Digo novamente, piscando para ela. “Vamos.”


Para minha surpresa, ela pega minha mão. É tão pequena
e macia. Não estou ansioso para deixar isso passar, então não
o faço.

“Sapatos.” Digo, dando um aperto em sua mão.

Ela revira os olhos, tirando anos de sua idade, e tira seus


saltos. Gosto de como ela se torna uma coisinha pequena.
Minha.

Ela é minha coisinha pequena.

“Agora o cabelo.” Levanto uma sobrancelha, esperando-a


obedecer.
Evitando seu olhar, ela estende a mão para puxar o laço
do cabelo. Mechas douradas caem sobre seu ombro e ela
balança a cabeça. Seu perfume floral fica mais forte com o
cabelo solto. Anseio por pegar um punhado dele em meu
punho e enterrar meu nariz nele.

“Isso é muito melhor.” Ela diz, com um sorriso brincando


em seus lábios sensuais.
Não consigo desviar o olhar de suas belas feições. Com o
cabelo solto, ela parece mais jovem. Depois de perseguir suas
contas idiotas de mídia social, descobri que ela fará trinta anos
em novembro. Nunca namorei uma mulher doze anos mais
velha, mas faria uma exceção para ela, porque algo me diz que
namorá-la seria melhor do que qualquer relacionamento
superficial que já tive.

“Você pode soltar minha mão agora.” Sua voz treme e com
base na maneira como ela me olha timidamente por baixo dos
cílios, eu diria que ela realmente não quer que eu solte. Ela
está apenas dizendo o que acha que é a coisa certa. Aquele
papai dela tentou ao máximo transformá-la em um robô
obediente e certinho. Já que meu pai não é diferente,
provavelmente entendo isso melhor do que qualquer pessoa
jamais poderia. Também me dá vontade de tirá-la da influência
dele, porque, ao contrário de mim, ela ainda está presa.

Não solto sua mão e, em vez disso, puxo-a para que ela me
siga até o sofá em seu escritório. Uma vez que nos sentamos,
nossas coxas se tocando, arrasto sua mão para o meu colo.
Espero que ela tente se libertar, mas ela não o faz. Seus olhos
azuis me sondam de uma forma expectante, como se ela
quisesse que eu mostrasse o caminho para nós.
Não se preocupe, srta. B, eu cuidarei de você.
“Papai não se importa com o que faço, desde que não
interfira em sua campanha.” Murmuro, as palavras amargas
na minha língua. “Não quero ir para a faculdade.”

“Mas...”
Eu a corto com uma carranca. “Achei que você fosse
ouvir.”

Ela franze os lábios e assente.

“Gosto de matemática.” Digo a ela, embora ela já saiba. “O


treinador Long gosta de explodir minhas bolas na sala de aula
também, não apenas na pista, mas ao contrário da pista, posso
responder a todas as malditas perguntas dele.”
“Existem muitas carreiras que envolvem matemática.” Ela
solta e então suas bochechas ficam vermelhas. “Desculpe.
Estou tentando.”

Lanço um sorriso largo para ela. “Eu te perdoo, linda.”

Desta vez, seus lábios se curvam em um sorriso tímido


que faz meu pau se contorcer no meu jeans.

“Quando eu tinha dez anos, meu pai e eu construímos


uma casa na árvore em nosso quintal.” Explico, minha voz
caindo para um arrastamento rouco enquanto me lembro do
passado. “Foi uma das últimas vezes que fizemos algo juntos.
Na época em que ele gostava de mim.”

“Seu pai gosta de você.” Ela exclama com veemência.


“Diga-me que você sabe disso.”

“Eu não sou um mentiroso. Ele não gosta. Não mais.”


Esfrego meu polegar nas costas de sua mão. “De qualquer
forma, essa casa na árvore era incrível. Papai me deixou
projetá-la. Tinha janelas e armários reais e piso de cerâmica.
Passei mais tempo dormindo na minha casa da árvore do que
na minha casa real.”

Seus olhos azuis estão arregalados enquanto ela escuta


atentamente minha história. Levo um momento para estudar
seu rosto bonito de perto. Nariz bonitinho. Cílios longos e
escuros pintados com rímel. Boca carnuda. Tão linda pra
caralho.
“Por quatro anos, amei aquela coisa. Mas, conforme papai
ficava cada vez mais atolado no trabalho, ele vinha cada vez
menos.” Faço uma careta enquanto penso em quantas noites
passei ansiando que meu pai se importasse mais comigo do
que com seu trabalho. “Só quando quebrei minha perna no ano
de calouro é que também parei de ir para a casa da árvore.”

Porque eu não conseguia escalar.

Quando consegui de novo, estava com muita raiva do


mundo. A última coisa que me importava era uma casa na
árvore estúpida que construí com meu pai.
“O que eu sentia falta não era tanto o espaço, mas o amor
e o trabalho duro que isso envolvia. Nós a construímos. Do
nada.” Eu me inclino para ela, incapaz de inalar
descaradamente seu perfume delicioso. “Isso também parecia
um sonho depois da minha lesão, mas não sei, depois dos
últimos meses trabalhando com o treinador Long e superando
a dor na minha perna, acho que talvez seja possível. Que talvez
eu possa fazer algo com minhas mãos. Projetar, construir,
criar. A ideia de fazer algo do nada me excita.”

A ideia de ter o meu próprio negócio e não ter que


responder a ninguém é tentadora. Algumas pessoas não foram
feitas para trabalhar para o homem. Acho que sou uma dessas
pessoas.
Um sorriso enfeita seus lábios. “Posso ver sua paixão.”

“Você pode?” Minha voz é um rosnado gutural enquanto


alcanço minha mão livre para brincar com uma mecha de seu
cabelo. “Ver minha paixão, quer dizer?”

Ela suga uma respiração afiada. “Talvez devêssemos


encurtar esta reunião.”
“Mas estamos apenas começando, Srta. B.”

Seus olhos se fecham enquanto me aproximo mais de seu


rosto, incapaz de resistir à atração que ela tem sobre mim.
Estou desesperado para capturar seus lábios com os meus e
beijá-la pra caralho. Testando minha sorte, deslizo minha mão
em seu cabelo, segurando com força o suficiente para ela
entender que estou no comando aqui.

Não o pai dela.


Não o Renner na porta ao lado.

Não seu código moral interno ou o código de conduta ética


que ela assinou.

Eu.
Aumento meu aperto, inclinando sua cabeça para trás e
expondo seu pescoço cremoso. Com uma gentileza que eu nem
sabia que possuía, beijo a veia pulsante em seu pescoço. Um
toque de meus lábios e um toque de minha língua. Seu gemido
canta para a porra da minha alma, atraindo-me para mais
perto de sua chama quente. Nem me importo se me queimar.
Beijo seu pescoço novamente, desta vez mordendo sua carne
com meus dentes. Também posso queimar.

A torção da maçaneta me faz liberar Kerry e me sentar


como se eu não estivesse prestes a marcar seu pescoço com
minha boca. Quando a porta se abre, me levanto, chamando a
atenção de nosso intruso e dando a ela um momento para se
recompor. Se conheço minha garota, ela está pirando
mentalmente.
“Diretor Renner.” Saúdo, dando a ele meu sorriso mais
antagônico. Gosto de Renner, mesmo que ele arrebente minhas
bolas tanto quanto o treinador Long faz. Ele é um cara legal.
“Sentiu minha falta, cara?”

Ele revira os olhos. “Vim para verificar antes de sair para


ter certeza de que vocês estavam fazendo algum progresso.”

“Ah, estamos progredindo.” Pisco para ele. “Elma teve


problemas de novo? Posso jurar que a ouvi sendo punida.”
Ele não revela nada além de uma contração em sua
mandíbula. Bom. Posso gostar do cara, mas não preciso dele
lendo sobre como Kerry está nervosa ou o fato de que ela está
descalça e com o cabelo solto. Ou o fato de seu pescoço estar
molhado da minha boca. Não, irei virar o jogo e expulsá-lo
daqui.

Sei o que você fez lá com minha amiga, Renner.

Como eu sabia que ele faria, ele tensiona e começa sua


retirada.

“Senhorita Bowden...” Renner resmunga. “Apenas me


mande um e-mail com uma atualização. Preciso ir.”

Ela grita um adeus enquanto ele fecha a porta. No


momento em que me viro para olhar para ela, ela está puxando
o cabelo para trás em um coque e está colocando os sapatos de
volta. O momento está perdido, o que é uma merda, mas não
desisto. Não com ela, pelo menos.
“Sr. Mullins...” Ela ofega, olhos frenéticos encontrando os
meus. “Isso foi... não deveria...”

Eu me aproximo dela, ocupando seu espaço. Ela bate a


bunda contra a borda da mesa. Agora que a prendi, tomo meu
tempo devorando sua expressão nervosa. Os olhos azuis
piscam de preocupação e ela morde o lábio inferior. Alcanço e
passo meu polegar ao longo de sua pele que ainda está úmida
da minha boca.

“Sim.” Sussurro. “E acredito que acontecerá de novo. Isso


e muito mais.”
“O que eu fiz?”

“Você não fez nada.” Sussurro, deslizando minha mão


para sua mandíbula. “Olhe para mim.”

Ela fecha os olhos com força, a pirralha. Meus dedos estão


firmes enquanto os pressiono em sua pele, inclinando sua
cabeça para me encarar. Já que ela se recusa a olhar para
mim, dou a ela o que nós dois queremos, embora apenas um
de nós admita. Roço meus lábios nos dela em um leve beijo
antes de beliscar seu lábio inferior. Ela ofega, separando os
lábios e faço meu movimento. Minha língua mergulha em sua
boca, procurando ansiosamente por seu doce. Os sons vindos
dela são puro mel e eu poderia me embebedar com eles. Não
dou a ela a chance de me beijar de volta. Simplesmente a
possuo com meu beijo. Ela tem medo de sair para o
desconhecido comigo, então irei apenas torná-la minha vítima
relutante, arrastando-a comigo. Dessa forma, ela pode culpar a
mim e não a si mesma.

Mãos encontram meu peito, pressionando contra mim,


mas não forte o suficiente para que eu a leve a sério.
Especialmente não quando sua língua me provoca de volta,
quase insegura, mas definitivamente participando do beijo. Não
me aproveito o momento e me afasto muito cedo, meus olhos
procurando suas profundezas azuis claras.

“Você está bem?” Pergunto, estudando-a em busca de


sinais de angústia.

Ela engole e lágrimas enchem seu lindo blues. “Na


verdade, não.”

“Você vai ficar.” Asseguro a ela. “Você me tem para cuidar


de você.”
Sua máscara escorrega e por um breve momento, ela olha
para mim como se fosse exatamente o que ela quer. Que eu
cuide dela.

Considere feito, Srta. B.

“V-você deveria ir.” Ela gagueja. “Eu preciso ir. Tenho que
encontrar alguém para jantar.”

Dou um passo para trás, irritação queimando meu


intestino. “Você ainda vai naquele encontro com um idiota que
seu pai arranjou para você?”

A culpa a fez estremecer e incapaz de olhar para mim. “Eu


tenho que ir.”
“Não, Kerry, você não vai.” Digo, minhas palavras
gotejando com raiva. “Agora não.”

Olhos lacrimejantes finalmente encontram os meus. “O


que aconteceu aqui não pode acontecer de novo, Sr. Mullins.”

Sr. Fodido Mullins.


“Você sabe que não concordarei com isso.” Puxo meu
telefone do bolso e o abro. “Qual é seu número? Pelo menos
deixe-me checar você mais tarde.”

Para minha surpresa, ela recita seu número e suspira. “Eu


vou ficar bem.”

“Não, você está de bom grado indo em um encontro com


alguém que seu pai escolheu. Ele está essencialmente
arranjando seu casamento para você. É isso que você quer,
Srta. B? Ser forçada a um relacionamento que você não
escolheu?”
“Nada disso é da sua conta.” Ela exclama, sua voz ficando
estridente e seu rosto ficando vermelho.

“Você está errada, linda.” Resmungo. “Tornou-se da minha


conta no segundo que você me deixou te tocar. Você é minha,
mesmo que se recuse a admitir ainda.”
Ela se afasta de mim, segurando a borda da mesa.
“Apenas vá. Por favor.”

Dando um passo atrás dela, passo meu dedo pela sua


espinha sobre sua camisa branca de seda. “Eu irei, mas ligo
para você mais tarde para que você possa me contar tudo sobre
o seu encontro. Prometa que irá responder e então irei
embora.”

“Sim.” Ela suspira. “Eu irei.”


“Boa menina.” Dou a sua bunda sexy um tapa brincalhão.
“Mal posso esperar.”
Capítulo Três
Kerry

Caminho no saguão do restaurante italiano, esperando


meu acompanhante chegar, uma pilha de nervos. Não por
causa do encontro. Por causa dele.

Zane.
Nos beijamos.

Oh, Deus, nós nos beijamos.

E, ao invés de odiar, eu adorei. Anseio mais. Desejo que


ele me segure em seus braços. Tudo em mim anseia jogar a
toalha e simplesmente ceder. Ceder aos sentimentos que ele
evoca quando está perto de mim. Pela primeira vez, ignorar as
regras na minha frente e fazer as minhas.

Em vez disso, eu o afastei.

A coisa mais difícil que já fiz também.

Olho para o relógio. Quinze minutos depois das cinco.


Talvez Sean não compareça e eu possa ir embora. Meus dedos
coçam para mandar uma mensagem para Zane. Já disse a ele
que o que aconteceu não pode acontecer de novo, mas ele não é
do tipo que escuta. Devo tentar de qualquer maneira. Puxando
meu telefone da minha bolsa, olho para a mensagem de papai
dizendo que Sean está atrasado e encontro Zane no meu
telefone. Espero um apelido para ele ou algo bobo, mas tudo o
que está listado é Z.

Eu: Você não deveria se preocupar comigo.


Sua resposta é imediata.

Z: Eu faço muitas coisas que não deveria.


Meu coração palpita com suas palavras. Beijar e me tocar
estão definitivamente no topo da lista, mas ele o fez mesmo
assim.

Eu: Talvez você deva virar uma nova página. Tentar


ser bom para variar.

Z: Como isso está funcionando para você, Srta. B?

Eu: Fabuloso.
Z: Posso ouvir seu sarcasmo a dois quilômetros de
distância.

Eu: Dois quilômetros? Onde você está?

Z: É uma piada. Para onde o idiota te levou, afinal?


Obviamente, nada de bom se você está me enviando
mensagens sorrateiramente.
Eu: O novo lugar italiano no centro. Cheira bem, mas
meu encontro está atrasado.

Z: Precisa de um substituto? Na verdade, estou a cinco


quilômetros de distância, mas posso chegar em cinco
minutos.
O pensamento dele compartilhando uma refeição comigo
me emociona. No entanto, isso não pode acontecer. Não
enquanto ele for aluno na Brown High.

Eu: Ele estará aqui em breve. Não precisa se preocupar


comigo.
Z: Apenas fique chapada. Isso te ajudará a superar o
encontro chato. Você pode ir ao banheiro e me ligar se
precisar de entretenimento.

Eu: Eu não bebo. Terei que suportar o tédio sem


nenhum ajudante.

Z: Isso não me surpreende. Você realmente é uma boa


menina. Não esqueça de me ligar depois, linda, então não
me preocupo.
Meu peito aperta com suas palavras. Se eu tivesse
conhecido Zane em qualquer lugar além da escola, sei que nos
daríamos bem na hora. Nem me importaria com a diferença de
idade se ele fosse apenas alguns anos mais velho e se vê-lo não
afetasse meu emprego. A vida nunca funciona da maneira que
deveria.

Como se fosse uma deixa, um homem bonito em um terno


caro aparece. Ele tem o mesmo ar de superioridade que meu
pai tem. Presunçoso. Arrogante. Intocável. Seu andar é um que
não admite besteiras conforme se aproxima de mim, como se
estivesse me fazendo um favor ao finalmente aparecer.

“Você deve ser Kerry.” Ele diz, com um sorriso forçado no


rosto. “Desculpe pelo meu atraso. Estou trabalhando em um
grande caso que roubou quase todo o meu tempo livre. Perdoe-
me, querida.”

Eu me encolho porque é a mesma expressão carinhosa


que papai usa, sem mencionar que é falada no mesmo tom
condescendente.
“Está bem. Sean, não é?”

“Desculpe minhas maneiras. Sean Gentry.” Ele aperta


minha mão e então olha para o meu telefone ainda apertado
pela minha outra mão. “Espero ter sua atenção esta noite e não
isso.”

Calor sobe pelo meu pescoço, atingindo minhas


bochechas. Sinto que fui castigada por ser indelicada e nem
mesmo fiz nada de errado. Como a menina obediente que sou,
murmuro um pedido de desculpas antes de enfiar o telefone na
bolsa.
“Obrigada.” Ele me lança um sorriso de tubarão, revelando
todos os seus dentes brancos e brilhantes. “Agora vamos pegar
uma bebida para você.”

***

Eu: Salve-me.

Z: Sério?
Eu: Não, estou brincando. Mas você estava certo. O
encontro mais idiota de todos. Ele não ficou emocionado
quando recusei o vinho e pedi um chá doce.

Z: Aí está minha boa menina.


Meu coração bate forte em meu peito com suas palavras.
Eu não deveria estar mandando uma mensagem para ele, mas
em comparação com o beijo que compartilhamos, parece muito
mais inocente. Além disso, prometi que falaria com ele.

Eu: Eu deveria voltar lá. Se eu perder mais tempo me


escondendo no banheiro, ele pode suspeitar que o estou
evitando e mandando mensagens de texto. Já tive
problemas uma vez por ter meu telefone.

Z: Você? Com problemas? Desculpe, não consigo


imaginar.
Eu: Oh, eu estava com problemas. Isso teria te deixado
orgulhoso.

Z: Você soltou o cabelo para ele?


Por capricho, tiro uma selfie.

Eu: Não, só faço isso por você.


Em vez de esperar por sua resposta, coloco meu telefone
na bolsa e respiro fundo antes de sair do banheiro. Estou em
um encontro com um homem com quem meu pai quer que eu
esteja e estou estragando tudo enviando mensagem de texto
com meu aluno gostoso. É horrível, mas não me sinto culpada.
Eu não queria vir neste encontro em primeiro lugar. Se papai
parasse para pensar no que eu quero pela primeira vez, ele
saberia disso.
Quando chego à mesa, nossa comida está lá. Sean não
tocou na dele e sua expressão é fria. Acho que passei mais
tempo no banheiro do que pensava.

“Isso parece incrível.” Digo, incapaz de manter o tremor


nervoso na minha voz. “Obrigada por me esperar.”
“Claro, querida.”

A refeição é muito salgada. Quero reclamar com o garçom


e mandar refazer tudo, mas com base no olhar de desaprovação
que Sean está me dando, não acho sensato. Engulo meu chá
doce, na esperança de ajudá-la a descer em vez disso. O
garçom reabastece meu chá e desaparece novamente.

“Você vê aquele cara ali...” Ele diz, apontando para trás de


mim. “Ele trabalha na empresa com seu pai e eu.”
Viro na cadeira para ver para quem ele está apontando. A
sala gira, imediatamente me deixando nauseada. Apertando
meus olhos fechados, ordeno que a sensação de tontura
desapareça. Lentamente, reabro meus olhos e volto para Sean.
Há um brilho em seus olhos que não confio.

“Está se sentindo bem, querida?”

“Não tenho certeza se a comida está boa.” Admito. “Estava


um pouco salgado.”
“Você deveria ter me dito.” Ele desafia, seus olhos
escurecendo. “Nós poderíamos ter devolvido.”

“Está tudo bem.” Digo, pegando meu copo de chá. Estou


levando aos lábios quando noto um resíduo branco em cima.
“Algum problema?”

“Eu, hum, não. Acho que vou vomitar. Se me der licença,


já volto.”
“Deixe-me pegar a conta.” Ele diz, falsa preocupação em
sua voz. “Irei levá-la para casa também, já que você não parece
estar se sentindo muito bem.”

Leva tudo de mim para não balançar ou vomitar no meu


caminho para o banheiro. Uma vez lá dentro, me tranco em
uma cabine e pego meu telefone. Tudo está girando muito para
mensagem de texto, então ligo para Zane.

“Deve ter sido idiota se...”


“Zane.” Murmuro. “Acho... acho que fui drogada.”

“O que?” O rosnado furioso me faz explodir em lágrimas.


“Ei, linda.” Ele diz, sua voz suavizando. “Fale comigo. Explique
o que aconteceu.”

“Fui ao... Fui ao banheiro. Quando voltei, a... a comida


estava lá e... eu... estava salgada.” Inclino minha cabeça contra
a parede de metal do box. “Bebi meu chá. Ele, hum, me
distraiu. Quando olhei no meu copo... não tenho certeza, mas...
Zane, não me sinto bem.”
“Estou indo, Kerry, ok? Não se preocupe. Estou indo te
pegar.”

Limpo as lágrimas na minha bochecha. “Ele disse que vai


me levar para casa.”

“Você não vai a lugar nenhum com aquele idiota. Fique aí.
Prometa-me.”

“Eu prometo.” Sussurro. “Depressa.”

Desligamos e coloco meu telefone de volta na bolsa. Bile


sobe pela minha garganta, me forçando a ficar de joelhos
rapidamente para alcançar a privada a tempo. Vomito o
conteúdo do meu estômago, soluçando o tempo todo. Quando
expulso do meu sistema o jantar horrível e o que acredito
serem as drogas que ingeri, finalmente me levanto. Estou
apenas lavando a boca e jogando água no rosto quando Sean
entra no banheiro.

“Você está horrível.” Sean diz, franzindo a testa. “Quer que


eu chame seu pai? Você precisa ir ao hospital?”

Quero gritar na cara dele.


Você sabe o que fez!

Meus lábios se recusam a se mover. Lágrimas se espalham


por conta própria. Ele corre para mim, envolvendo um braço
em volta de mim. Estou enojada com seu toque.

“Vamos tirar você daqui. Não se preocupe, já falei com a


gerência que você claramente comeu comida mal cozida ou algo
assim. Eles não cobraram nossa refeição, mas não parece o
suficiente. Apresentarei uma reclamação formal mais tarde.”
Ele me guia para fora do restaurante, passando por todos
os curiosos. Assim que saímos, começo a arrastar os pés.

“Você pode, hum, apenas ir. Eu tenho uma carona.”


Murmuro, incapaz de encontrar seu olhar duro.
“Seu pai?”

“Não meu...”

“Irmão.” Uma voz profunda e familiar rosna. “Keith


Bowden.”

Levanto minha cabeça, travando nos intensos verdes de


Zane. “Aí está você. Veja, Sean, meu irmão está aqui.”

Sean me libera, sua mandíbula aperta. “Eu poderia ter


levado você para casa, querida. Você não precisava ligar para o
seu irmão.”
“Está bem. Sei que você tem um caso importante no qual
está trabalhando. Obrigada pelo jantar.” Forço um sorriso.
“Boa noite, Sean.”

Seus olhos piscam com raiva mal contida. Finalmente, ele


morde de volta o que quer que fosse dizer, inclinando-se para
beijar minha bochecha. “Teremos que fazer isso de novo em
breve. Eu cozinho um bife e tanto. Da próxima vez, podemos
jantar na minha casa.”

Ele se afasta, entra em seu Porsche estacionado na frente


e então vai embora. Zane se lança sobre mim, puxando-me
para seus braços e me abraçando com força.
“Está tudo bem.” Ele cantarola. “Estou aqui agora. Vou
cuidar de você.”

Eu me agarro a ele, minhas lágrimas encharcando sua


camisa. “Não me sinto muito bem.”

“Eu sei, linda. Levarei você ao pronto-socorro.”


“N-Não. Apenas me leve para casa.”

Ele se afasta para olhar para mim, suas palmas


deslizando para o meu rosto. “Não posso fazer isso. Não até que
eu saiba que você vai ficar bem. Assim que eu souber que você
não vai morrer, te levarei para casa. Confie em mim?”
“S-Sim.”

A suavidade em seu olhar me corta profundamente,


cavando seu caminho em meu coração. Não sei como ou por
que escolhi Zane Mullins de todas as pessoas para me
conectar, mas está acontecendo e não tenho como impedir.

Sinto que tudo o que está se formando entre nós há meses


finalmente se manifestou. Quando ele me tocou e beijou em
meu escritório, cruzamos uma linha da qual não podemos
voltar. Estou apavorada com o que pode acontecer, mas
também estou aliviada. A fantasia que ganhou vida parece
mais real do que qualquer coisa que já conheci.
Capítulo Quatro
Zane

“De novo.” Dr. Morris diz, franzindo a testa para Kerry. “Se
você acha que foi drogada, você realmente deveria me deixar
ligar para o xerife McMahon.”

Ela teimosamente balança a cabeça, me encarando.


“Como eu já te disse. Foi a comida. Acho que é apenas um
simples caso de intoxicação alimentar.”
“Seu irmão discorda.” Dr. Morris desafia. “Certo, Keith?”

Seus olhos reviram, mas ela não o corrige. Podemos ter


enganado um pouco nosso relacionamento para que eu
pudesse ficar com ela.

“Talvez eu seja superprotetor demais.” Resmungo. “Se é


isso que ela quer acreditar, quem somos nós para mudar isso?”

Dr. Morris cruza os braços sobre o peito, estudando-a por


um momento antes de olhar na minha direção novamente.
“Acredito que você não a deixará comer lá nunca mais.”

E com ele.

“Nunca.” Digo, entendendo suas palavras não ditas.


Alívio o inunda. “Bom. Os fluidos deveriam ter eliminado
todas as toxinas e, uma vez que seus sinais vitais estão bons,
me sinto confortável dando alta agora, Srta. Bowden, mas
certifique-se de tirar amanhã de folga para descansar.”

Demora uma eternidade, mas, eventualmente, estamos de


volta no meu carro e nos dirigimos para a casa dela. Ela está
quieta enquanto indica as direções que levam ao seu
apartamento. Assim que estacionamos, ela tenta se afastar,
mas eu a alcanço, não querendo deixá-la fazer a caminhada
sozinha.

“Você me resgatou. Estou segura agora.” Ela murmura.


“Você pode ir.”

“Não, linda, eu não terminei de cuidar de você ainda.”

Ela não resiste a mim quando a coloco ao meu lado


enquanto caminhamos. A viagem de elevador dois andares
acima é monótona. Nós entramos em seu apartamento alguns
momentos depois. O perfume floral é mais forte aqui e adoro
isso. Está denso no ar e, como um esquisito, inalo.
“Por que você não toma banho e se lava?” Sugiro. “Farei
um chá.”

Em vez de discutir, ela concorda e desaparece. Tranco


porta do apartamento e caminho para a cozinha. Tudo está
limpo e organizado. O apartamento não tem personalidade. Isso
me faz pensar do que Kerry Bowden gosta além de agradar
pessoas como seu pai. Vasculho até encontrar uma chaleira.
Minha babá, Peg, costumava fazer chá para mim quando eu
era pequeno e chorava de saudade da minha mãe. Quando
mamãe deixou meu pai, ela me deixou também. Como se eu
fosse tão culpado quanto ele por seu caso. Eu tinha três anos
na época, então não entendia, e quando soube o que era um
caso, não poderia ficar com raiva de papai, já que não foi ele
quem me deixou. Foi ela.

Estou enchendo algumas xícaras de chá com água quente


quando Kerry sai de seu quarto e entra na cozinha. Parando
para deixar os saquinhos de chá em infusão, me viro para
olhar para ela. Cabelo loiro comprido está molhado e penteado.
Seu rosto está sem maquiagem e ligeiramente vermelho ao
redor dos olhos, o que me faz pensar que ela chorou um pouco
mais no chuveiro. As lentes foram substituídas por seus óculos
de bibliotecária de aro preto nerd que secretamente adoro
quando ela usa. Ela não está mais em suas roupas de
escritório brilhantes. Não, ela é perfeita pra caralho em calças
de ioga pretas e um moletom enorme que diz: “Perdi meu foco
no desfoque”.
“Você é quase grande demais para a minha cozinha.” Ela
murmura, sem vergonha de olhar para a minha frente.

“Acho que você precisa se mudar para um lugar maior


para que eu possa caber.”

Ela revira os olhos, mas sorri ao pegar o leite na geladeira.


Depois de preparar nosso chá, sigo-a até o sofá da sala. Ela se
senta em uma extremidade e não recua quando me jogo ao lado
dela.
“Você está cheio de surpresas, Sr. Mullins.” Ela me olha
por cima da xícara de chá, o vapor embaçando seus óculos.
“Você é cavalheiresco e faz chá. Quem diria?”
“É Zane quando estamos sozinhos, Kerry. Sei qual gosto
você tem, lembra?”

Cor inunda suas bochechas e ela interrompe meu olhar


para colocar sua xícara de chá na mesinha. Eu me inclino e
faço o mesmo. Então, a abraço contra mim. Fico grato quando
ela não resiste, em vez disso se acomoda ao meu lado e se
agarra à minha camisa.

“Ainda odeio que você não chamou a polícia.” Murmuro, a


frustração evidente em minhas palavras corajosas.

Um suspiro passa por seus lábios. “É complicado. Ele


trabalha com meu pai.”

“Isso não dá a ele um passe livre. Você mentiu para o


médico para proteger aquele filho da puta. Duvido seriamente
que seu pai o aprovaria tanto agora.”
“Por que ele me drogaria?” Sua voz está rouca. “Não
entendo.”

“Eu também não entendo.” Beijo o topo de sua cabeça


enquanto passo meus dedos por seu cabelo úmido. “Você
precisa dizer ao seu pai, no entanto, você não vai mais ser
arranjada.”

Ela tensiona. “Isso vai acabar tão bem.”


“Quem diabos se importa? Ele não está exatamente
tentando arranjá-la com homens escolhidos aqui. Aquele
homem era um predador e se as circunstâncias fossem
diferentes, ele poderia ter tido você em sua cama enquanto
conversamos, fazendo sabe o que para você.”

Seu corpo inteiro treme com minhas palavras. “Eu vou...


vou contar a ele o que aconteceu.”
“Boa menina.”

“Obrigada, Zane. E me desculpe.”

“Por que?”

“Por te julgar mal. Você não merecia isso.”

“Eu não facilitei exatamente para você.” Digo com uma


risada. “Todos esses meses só tentei fazer você confessar sua
atração por mim. Admito que meus métodos têm sido
desagradáveis.”

Ela vira a cabeça para olhar para mim. “Você me deixou


louca.”
“E agora?”

“Ainda está fazendo isso.”

“Mas...” Sorrio para ela.

“Mas funcionou. Estou atraída por você.”

“Não foi tão difícil agora, não é?”

Seu lábio inferior é puxado entre os dentes enquanto ela


franze a testa. “Essa... amizade... é antiética e vai contra meu
contrato de trabalho. E embora eu não vá para a cadeia,
certamente posso ser demitida.”
“Por Renner?” Bufo. “Ele teria que tirar o pau de Elma por
tempo suficiente para pegar uma calcinha rosa.”

“Zane!”

Faço cócegas nela para remover a carranca de seu rosto,


que faz uma risadinha fofa sair dela. Isso continua até que eu a
tenho presa embaixo de mim no sofá, nossos peitos arfando
enquanto sorrimos um para o outro.

Meu sorriso desaparece enquanto a estudo de perto.


Sardas lindas que nunca notei antes estão espalhadas por suas
bochechas e nariz. Inclinando-me para frente, beijo seus lábios.
Só um selinho. Mas então seus dedos deslizam em meu cabelo,
me puxando para mais perto. Um pequeno gemido escapa dela.
Aproveito a oportunidade para beijá-la profundamente,
observando como ela tem gosto de menta da pasta de dente e
um pouco de chá. Nós nos beijamos até estarmos ofegantes e
ansiosos por mais.

“Eu deveria ir.” Murmuro, incapaz de manter meus olhos


longe de seus lábios inchados e rosados. “Se eu ficar, não há
como dizer o que irá acontecer.”

“Por favor fique.” Seus olhos lacrimejam, a vulnerabilidade


brilhando neles. “Estou... depois desta noite...”

“Você não quer ficar sozinha? Ele te assustou?”

Ela assente, vergonha cobrindo sua carne de vermelho.


“Você acha que eu sou fraca?”
“Não, linda, acho que você é perfeita. Eu sou o fraco.
Como diabos te direi não sobre qualquer coisa? Você tem poder
sobre mim, mulher.”

“Não quero ficar sozinha e gosto de ficar com você.” Ela


coça as unhas no meu couro cabeludo. “Talvez você possa ficar
aqui.”
Meu pau lateja dolorosamente enquanto considero suas
palavras. “Você foi drogada e foi para o pronto-socorro, Kerry. A
última coisa que você precisa é ser fodida pra caralho.”

Ela ri e me dá um tapa no ombro. “Ninguém disse nada


sobre sexo.”

“Não, é apenas um dado. Irá acontecer e você irá adorar


cada segundo.”
“Mas não esta noite?”

“Esta noite eu só vou te abraçar.”

“Amanhã?”
“Só posso prometer me comportar um dia de cada vez.”
Provoco e me afasto dela. “Já que você vomitou o seu jantar e o
meu foi interrompido, farei sopa e queijo grelhado. Tudo bem
para você?”

Ela agarra minha mão. “Não me mime. Posso me


acostumar com isso.”

“Esse é o plano, linda.”

***
“Este programa é tão idiota.” Digo, balançando minha
cabeça. “Quem realmente concorda em se casar com alguém
que não conhece?”

“Chama-se reality show.” Ela retruca. “Fique quieto.”


“Que tal você assistir ao programa e eu encontrarei outras
maneiras de me entreter?”

Ela me ignora, então deixo minhas mãos vagarem sobre


seu estômago, provocando um pedaço de carne acima da
cintura de suas calças. Uma risada escapa dela enquanto
enterro minha cabeça sob seu moletom. Inalo seu perfume
doce e frutado enquanto deixo beijos por sua barriga nua até
seus seios com os quais muitas vezes fantasio. Ela não está
usando sutiã por baixo, o que me agrada infinitamente.
Enquanto agarro seu seio direito, procuro o mamilo esquerdo
com minha boca. Ela geme, arqueando-se como se desejasse
mais.

“Preste atenção no seu programa.” Provoco e mordo seu


mamilo.

“Eu não posso.” Ela suspira. “Oh, Deus, isso é bom.”

Chupo seu mamilo com força o suficiente para que ela


grite. Então lambo a dor até que ela esteja se contorcendo de
necessidade.

“Eu quero você.” Ela murmura. “Por favor, Zane.”


“Por mais que eu queira te dar o que você quer, linda, não
acho uma boa ideia foder depois da noite que você teve.” Mordo
seu peito novamente. “Mas se você quiser que eu te faça gozar,
isso pode ser arranjado.”

“S-sim. Quero isso.”


“Que faz dois de nós.”

Beijo meu caminho para baixo em seu estômago até


chegar ao seu umbigo. Minha língua fode o buraco raso
enquanto eu coloco suas calças e calcinhas de ioga em suas
coxas. Ajoelho-me, puxando-os o resto do caminho.

“Tire esse moletom.” Ordeno. “Quero ver seus seios


quando adorar sua buceta.”
Ela choraminga com minhas palavras e, em seguida,
arranca-o de seu corpo. Kerry Bowden é uma visão do caralho
em toda a sua glória nua. Não posso esperar até poder enterrar
meu pau bem fundo dentro dela, reivindicando-a para sempre.
E será para sempre. Você não tem sentimentos tão intensos
por alguém como eu tenho por ela e isso é apenas uma ligação
aleatória. Não, isso é mais profundo do que qualquer coisa que
já conheci.

“Quero ver você também.” Seus seios balançam quando


ela respira fundo. “É justo.”

Rindo, arranco minha camiseta e a jogo. Seu olhar faminto


devora a tinta em meu peito e meus músculos recém-definidos,
graças ao treinador Long matando minha bunda depois da
escola vários dias por semana.
“Calça também.” Ela murmura.
“Se a calça sair, vou te foder.”

Seus olhos azuis brilham com calor. “Então?”

“Nós conversamos sobre isso. Não está acontecendo.”

“Deixe sua cueca, então.” Ela diz apressada. “Apenas


quero ver você.”

Desfaço o botão do meu jeans e o empurro pelas minhas


coxas. Uma vez que sai, agarro seus joelhos, abrindo-a
grosseiramente para mim.
“É hora de uma aula de prazer, Srta. B.”
Capítulo Cinco
Kerry

Isso é tão errado.

Tão. Errado.
No entanto, meu corpo está tremendo de necessidade
enquanto Zane – meu aluno! – dá beijos de boca aberta em
toda a parte interna das minhas coxas, me fazendo ansiar por
mais. Seus ombros musculosos se contraem e se apertam a
cada movimento. Tudo nele é tão perfeito.

Ele me salvou.

Sei que é ruim eu estar falando com ele em primeiro lugar


por causa da minha posição na escola, mas se eu não tivesse
essa tábua de salvação nele, não tenho dúvidas de que teria
acabado na cama de Sean. É repulsivo e doentio que ele se
esforçou tanto para me drogar para me levar para sua cama. É
só assim que sou vista? Um meio de chegar ao meu pai? E
neste caso, qual foi a sua jogada? Machucar papai ou ficar bem
com ele, sabendo que nunca contaria a meu pai se acabasse
dormindo com Sean?
Minha mente está girando desde antes, quando de repente
sou empurrada para o aqui e agora. Agarro o olhar de Zane
enquanto ele passa sua língua contra minha buceta, lambendo
ao longo da costura, seus olhos verdes brilhando com maldade.
Quando a ponta de sua língua atinge meu clitóris, ele provoca,
mal passando a língua sobre ele. Choramingo, meus seios
balançando enquanto me contorço sob seus cuidados.

“Aí está minha garota. Quero você fora de sua cabeça e


observando o que estou fazendo com você. Você está tendo sua
linda buceta lambida por mim. E você não pode negar sua
atração por mim mais porque sei que tem gosto de mel. Tão
grosso e doce para mim.” Seus polegares separam minha
abertura, dando-lhe acesso para dentro. Ofego quando sua
língua desliza em meu corpo brevemente antes que ele a puxe
de volta. “Seu desejo por mim está vazando, Kerry. Limparei
tudo com a minha língua. E quando você se sentir melhor, vou
foder este lindo buraco até doer.”
Suas palavras são um botão quente dentro de mim. Eu me
contorço de necessidade, querendo que ele me toque em todos
os lugares ao mesmo tempo. Ele tranca sua boca na minha
buceta mais uma vez, chupando, lambendo e mordendo até
que pontos negros se formem em minha visão. Desejo que ele
me foda como ele promete, porque preciso de mais. Muito mais
dele. Eu me contento esfregando meus mamilos, ansiando por
mais toque.

“Boa menina.” Ele canta. “Torça esses mamilos rosados


até doer um pouco.”

Estou tão perdida por este homem.


Quase um homem, mas ainda é um homem.
Não há nada de infantil na maneira sedutora como ele
lambe minha excitação e me manda tocar meu corpo. Obedeço
ao seu comando, beliscando e puxando meus mamilos
sensíveis. Ele sorri contra minha buceta, satisfeito, e então
começa a me lamber até um orgasmo explosivo. Meu corpo
inteiro estremece como se um raio tivesse me atingido, um
gemido baixo e gutural me escapa. Sou muito tensa para sexo
casual, então meus encontros têm sido poucos e distantes
entre si. O último bom orgasmo que tive foi quando bebi muito
vinho e fiquei um pouco louca com meu vibrador.

Ainda assim, meus dedos do pé não enrolaram.


Minha voz não ficou rouca com os gemidos.

E não me senti totalmente consumida.

Ele rasteja pelo meu corpo, deixando beijos molhados ao


longo do caminho até que sua boca encontre a minha. O gosto
de mim mesma deveria ser desagradável, mas não é.
Avidamente o devoro com um beijo faminto enquanto ele
acomoda seu pau contra a parte de mim que ainda lateja. Uma
fina camada de material nos separa do que realmente quero.
Ele.

Tudo dele.

Cada centímetro longo e grosso deste jovem viril.


Ele finalmente se afasta, rolando de costas, seus olhos
ainda fixos em mim. Sinto frio instantaneamente e odeio isso.
Quero seu toque aquecido. Preciso de mais.
“Zane...”

“Eu não posso.” Ele murmura. “Você é muito tentadora e


meu autocontrole está por um fio.”
Sento-me e corajosamente monto em seus quadris. “Não
temos que fazer sexo, mas você precisa gozar também.”
Sentando-me sobre seu pau, estremeço com a forma como
posso sentir cada veia e sulco.

“Você é uma má influência para mim.” Seus olhos verdes


brilham com uma mistura de prazer e intenção tortuosa. “Eu
deveria ser o mau.” Suas mãos grandes seguram meus quadris
e ele aperta.

Descanso minhas mãos em seu peito sólido e começo a


mover meus quadris, moendo ao longo de sua espessura. Seus
olhos se fecham e seus lábios carnudos se abrem. Nunca vi
ninguém tão lindo em toda a minha vida. Conforme sua
respiração se intensifica, vou cada vez mais rápido.
“Eu vou gozar na minha cueca.” Ele resmunga. “Puxe-me
para fora, amor.”

Levanto, apenas o suficiente para libertar seu grande pau


de sua cueca, antes de continuar meus esforços de esfregar
contra ele. É uma felicidade agora que estamos pele com pele.
Minha buceta desliza facilmente ao longo de seu pau, trazendo
a nós dois imenso prazer. Eu me perco na sensação,
encontrando rapidamente meu caminho para outro orgasmo de
estilhaçar a terra. Enquanto gemo, seus dedos mordem
rudemente meus quadris e um grunhido escapa dele. Seu
esperma jorra, caindo na parte inferior do estômago em cordas
grossas e abundantes. Perdida no momento, passo meus dedos
por ele, espalhando ao longo de seu pau e nos dando mais
lubrificante para trabalhar. Ele sibila enquanto deslizo minha
buceta latejante ao longo de seu pau, que ainda se contorce
enquanto o esperma continua a vazar.

“Puta merda.” Ele murmura. “Você vai me matar.”

Rio porque sua expressão é muito séria. Ele sorri e agarra


meus quadris, puxando-me de seu pau para o esperma gasto
em seu estômago.

“Agora você tem que sentar na bagunça que fez.” Seus


olhos verdes dançam com humor.

“Não é exatamente uma punição.” Provoco, sorrindo para


ele.
Ele agarra um punhado do meu cabelo, puxando-me para
sua boca, onde me arrebata. Uma de suas mãos agarra minha
bunda quase dolorosamente enquanto ele enfia sua língua em
minha boca. Nós nos beijamos forte e fervorosamente até que
ele está duro de novo, a ponta de seu pau cutucando meu
traseiro.

“Kerry.” Ele resmunga. “Nós não estamos transando.”

Sei que ele está tentando ser um cavalheiro por causa do


que aconteceu esta noite com Sean. Estou desesperada para
ter Zane, no entanto. Depois de me negar por tanto tempo,
parece certo e como se eu merecesse um pedaço de felicidade.
Posso encontrar com Zane Mullins?

“Ok.” Resmungo. “Você ganhou.”

“Irei destruir sua linda buceta em breve. Não se preocupe,


Srta. B.”

***

Acordo enquanto o sol nasce, meu quarto fica mais claro


com o início do dia. Zane dorme ao meu lado em seu estômago,
seu cabelo escuro em desordem, com seus lábios rosados mal
separados. Estou surpresa que este homem me queira. Não que
eu tenha baixa autoestima ou algo assim, mas ele parece tão
jovem, lindo e perfeito. Como se qualquer garota bonita tivesse
sorte em tê-lo, mas de alguma forma ele colocou seus olhos em
mim. Sou egoísta porque quero mantê-lo. Quero esse romance
proibido em que tropeçamos.

Meu trabalho está em jogo.

Minha reputação pode ser arruinada.

Meu próprio pai pode me renegar.

Mas nada disso parece importante com ele na minha


cama.
Ainda estou nua e ele está de cueca. Talvez hoje ele
perceba que estou bem e podemos fazer sexo. Anseio por
terminar o que começamos ontem à noite. Zane tem essa
intensidade sobre ele que me atrai. Sua boa aparência e
charme são atraentes, com certeza, mas é mais do que isso. É
ele. Algo sobre a maneira como ele me quer e parece se
importar comigo me fez sentir atraída por ele de uma maneira
da qual não posso mais voltar. Nunca gostei de nenhum cara
tanto quanto gosto de Zane.

É um pensamento assustador.
Ele é jovem e eu sou sua orientadora.

Muita coisa pode dar errado. Leio essas histórias no


noticiário e sempre terminam mal. Na maioria das vezes, a
mulher é demitida por estar com seu aluno, supondo que ele
seja velho o suficiente como Zane, e escapa da prisão, mas os
artigos postados são sempre vergonhosos e constrangedores.
Se descobrirem que estou tendo um relacionamento amoroso
com um aluno da Brown High, minha carreira acabou. A
carreira de papai poderia até sofrer um golpe com isso.

É tão egoísta porque ainda o quero.


Ontem e ontem à noite, cruzamos a linha e agora que o
fizemos, não posso voltar a ser como as coisas eram. Temos
sido íntimos e agora compartilhamos segredos.

Bang. Bang. Bang.

Pulo na cama, meu coração martelando no meu peito. Os


olhos verdes de Zane estão selvagens e abertos agora.
“Quem é?” Ele exige, sua voz profunda e rouca de sono.

“Eu, hum, não sei. Fique aqui.”

Saio correndo da cama e tiro meu roupão de seda da parte


de trás da porta. Rapidamente, o visto e aperto as amarras. A
batida continua. Espio pelo olho mágico e meu estômago
embrulha.

“Papai?” Digo pela porta. “O que você está fazendo aqui tão
cedo?”
“Vim verificar você. Recebi uma mensagem esta manhã do
Sean. Ele estava preocupado com você.”

Eu me encolho, mas começo a destrancar a porta. Estou


rezando pra caramba que Zane fique no quarto. Assim que
abro a porta, papai passa o olhar por mim, avaliando minha
aparência.

“Você está horrível, querida.”


Cerro os dentes, forçando um sorriso de lábios fechados
enquanto faço um gesto para ele entrar. “Obrigada, papai.”

Ele ri. “Eu não estava sendo cruel. Você acha que pegou
uma gripe?”

“Não.” Corto.

Seu humor desaparece e ele estreita os olhos para mim.


“O que esta acontecendo com você?”

“Nada. Estou bem.”

“Está tudo bem com Sean?”


Quero gritar com ele que Sean é um monstro. Mas, agora,
só o quero fora da minha casa. Se eu entrar em uma briga de
gritos com papai, Zane pode sair e eu realmente não preciso
que papai descubra sobre Zane dessa maneira.

“Nós não somos compatíveis.” Declaro em um tom gelado.

Papai franze a testa. “Sua mãe e eu também não, mas


passamos a nos amar. Às vezes, os relacionamentos são mais
do que apenas luxúria e amor. Às vezes, eles são mais práticos
se tiverem alguma sorte de chegar ao fim.”

“Eu não gosto dele.” Minha voz sobe algumas oitavas. “Não
quero vê-lo novamente.”

Irritação pisca em seus olhos que combinam com os meus.


“Você está sendo uma criança.”
Ofego, piscando em choque. “Porque eu não quero sair
com o cara?”

“Porque você nem está dando uma chance a ninguém.


Caso você não tenha notado, Kerry, você tem quase trinta anos.
Suas chances de encontrar um marido bem-sucedido
diminuirão dez vezes quando você atingir esse obstáculo.”

Lágrimas quentes enchem meus olhos e tenho doze anos


novamente. Sendo severamente repreendida por meu pai.
Nunca medindo ou tentando o suficiente. Sempre que dou
minhas lágrimas a ele, sei que só confirma o que ele sente.
“Acho que você deveria ir.” Murmuro. “Acho que vou
vomitar.”

Ele franze os lábios. “Nós não terminamos de discutir isso.


Talvez possamos continuar no jantar de domingo com sua mãe.
Não se atrase. Nesse ínterim, coloque algum esforço nas coisas
com Sean.”

Eu o vejo sair, não tendo coragem de dizer a ele o que


Sean fez. Sou uma idiota fraca, assim como meu pai indica.
Quando estou com Zane, ele me faz sentir que talvez valha
alguma coisa. Engraçado como o papai pode esmagar tudo em
um instante.
No momento em que a porta se fecha, braços quentes e
fortes me envolvem por trás. Afundo contra o peito firme de
Zane, permitindo que ele segure todos os meus pedaços
quebrados juntos.

“Seu pai é um idiota.”

“Sim.”
“Quer que eu torne o seu dia melhor?” Ele belisca minha
orelha enquanto suas mãos desamarram meu robe. “Eu posso
te fazer tão, tão feliz, linda.”

Assinto, meus olhos revirando enquanto seus dedos


encontram meu clitóris. Ele assume o controle da minha mente
– fazendo todos os pensamentos sobre ele – enquanto me
esfrega em um orgasmo de dobrar os joelhos. Antes mesmo de
eu descer do meu clímax, ele me vira e me empurra contra a
porta. Sua boca bate na minha enquanto ele empurra sua
boxer para baixo. Assim que ele está livre, ele me pega e
minhas pernas o envolvem. Como se nossos corpos sempre
conhecessem o caminho, seu pau pressiona contra minha
abertura e desliza direto para dentro de mim, me esticando a
ponto de doer enquanto tomo seu grande tamanho.
Oh meu Deus.

Zane Mullins está dentro de mim.

Cavo meus calcanhares em sua bunda e minhas unhas


em seus ombros. Isso o estimula a entrar em ação. Seus dedos
mordem dolorosamente na minha bunda enquanto ele me fode
com força. Meus gemidos e seus grunhidos são os sons
animalescos vindos de nós enquanto ele tenta me conduzir
através da porta um golpe de cada vez. Ele está em todos os
lugares ao mesmo tempo – seus lábios nos meus, uma mão na
minha bunda e uma no meu peito, e bem dentro de mim.
Estremeço com força quando um orgasmo desce pela minha
espinha, iluminando cada terminação nervosa no processo. O
gemido que ressoa por ele é o meu único aviso de seu orgasmo.
Calor surge em mim, espesso e potente. Meu corpo adora
porque aperto em torno dele como se fosse ordenhar cada gota.

“Ah, porra.” Ele murmura contra a minha boca. “Eu


provavelmente não deveria ter feito isso.”

Provavelmente não.

Mas temos feito tudo que não deveríamos, então por que
parar agora?

Ser imprudente com ele é estimulante. Não me sinto fraca


ou pequena como de costume. É como se ele tivesse me
fortalecido de alguma forma. Eu me sinto forte, bonita e digna.

“Você está tomando contraceptivo?”


Fecho meus olhos e mordo meu lábio inferior enquanto
lágrimas quentes queimam a parte de trás das minhas
pálpebras. Ser pega em nosso pequeno mundo de fantasia é
bom até que a realidade te dê um tapa na cara.

“Amor, shh.” Ele sussurra, me abraçando a ele. “Está


bem. Eu estraguei tudo, não você. Eu estava desesperado para
estar dentro de você. Tudo bem.”
Enterro meu rosto em seu pescoço, os soluços finalmente
escapando. Ele esfrega minhas costas e sussurra garantias
enquanto choro. Seu pau ainda está dentro de mim, não
completamente suave, segurando todo o seu esperma dentro.
Sei o que é um erro e ainda não consigo encontrar em mim o
desejo de desfazê-lo.

“Isso tudo me deixa doente.” Sussurro. “No passado, eu


era cuidadosa com os preservativos.”

“Estou limpo.” Ele me garante. “Quanto ao resto, se algo


acontecer, eu estarei lá para você. Sabe disso, certo?”
Essa coisa entre nós é rápida, quente e louca, mas sei sem
sombra de dúvida que ele estará. Ele é um homem melhor do
que qualquer pessoa que já encontrei.

“Sim.” Digo a ele. “Da próxima vez seremos mais


cuidadosos.”

Ele ri. “Contanto que haja muito mais próximas vezes,


posso viver com isso.”
“Pronto para tomar banho para que eu possa te
alimentar?”
“Depende do que você irá me alimentar. Eu poderia comer
agora, mas você não precisa tomar banho para isso. Na
verdade, acho que gostaria de lamber a sujeira.”

“Sr. Mullins!”
Ele ri todo o caminho até o chuveiro, enchendo meu
coração e alma com algo que eu nunca soube que estava
faltando até agora.

Felicidade.
Capítulo Seis
Zane

Eu sou um idiota.

Em algum lugar ao longo do caminho este ano, em minha


busca para vencer Kerry, me apaixonei por ela. E, desde que
Renner nos forçou a essas reuniões em janeiro, desenvolvi
sentimentos por ela. Foi lento e sutil, um puxão suave com
cada rubor de suas bochechas ou sorriso. Embora ela se
recusasse a aceitar meus avanços, senti o puxão em sua
direção. A atração e química que temos são inegáveis. Então,
naturalmente, quando nós dois mergulhamos nessa coisa
juntos, nós afundamos.
Profundo.

Rápido.

Forte.
Já se passaram dias desde que dormimos juntos pela
primeira vez. Cada noite é passada em sua cama. Todas as
manhãs compartilhamos café da manhã, café e sexo fantástico.
Quando estamos na escola, nossos toques são feitos a portas
fechadas. Cada sorriso que ela me dá é secreto, mas carregado
de promessas. Agora que finalmente estamos salvos pelo fim de
semana e ela está pronta para jantar no domingo com os pais,
estou relutante em deixá-la ir.

Estou viciado nela.

Ela xinga do banheiro e eu mordo uma risada. Já que


temos sido íntimos e passamos um tempo juntos, consigo ver
além da fachada folheada da perfeita Srta. Bowden e ver a
peculiar, engraçada e adorável Kerry.

saindo da cama, pego meu jeans, puxando-o pelas minhas


coxas sem cueca. Fecho o zíper, mas não fecho o botão.
Quando chego à porta, agarro a parte superior do batente da
porta, inclinando-me para observá-la enquanto ela aplica o
rímel.

Tudo sobre ela neste momento é perfeito. Um vestido


recatado com estampa floral abraça seu corpo. Seu longo
cabelo loiro foi alisado com perfeição. Enquanto ela pinta seu
rosto naturalmente bonito, ela se transforma em uma versão
brilhante da mulher que uma hora atrás estava engasgando no
meu pau, fazendo uma bagunça com baba e lágrimas.
“O que?” Ela exige, sua mão tremendo tanto que ela tem
que recolocar o rímel.

Franzindo a testa, solto o batente da porta e entro no


banheiro, envolvendo meus braços em torno dela. Nosso olhar
se encontra no espelho. “Você está nervosa?”

“Para jantar com meus pais?” Ela bufa. “Claro que não.”
“Então o que há de errado?”

Ela morde o lábio inferior carnudo, as sobrancelhas


franzidas. “Não sei.”

Varro seu cabelo para o lado para expor seu pescoço e


pressiono um beijo suave ali. “Se você não quiser contar a ele
sobre Sean, não conte. Você evitou com sucesso quaisquer
outras tentativas de seu pai te arranjar com ele. Sean é um
predador, mas não precisamos mais nos preocupar com ele.”
Ela se vira em meus braços, suas palmas embalando
minhas bochechas. “Como você é melhor do que qualquer
homem que já conheci?”

Rio. “Você não sai muito. É como se você tivesse esquecido


que eu sou o bad boy da cidade.”

“Você gosta de causar problemas, mas está longe de ser


ruim.” Ela beija meus lábios. “A escola acabará em breve e não
teremos mais que nos esconder. Então talvez você possa
conhecer minha família um dia. Eu poderia lidar com eles
melhor se não estivesse sozinha.”
“Seus pais são tão empolgantes quanto meu pai. Seu
irmão, por outro lado, eu gostaria de conhecer. Parece que ele é
meu tipo de cara.”

Ela sorri para mim, seus olhos azuis brilhando. “Keith é


ótimo. Sinto falta dele.”

“Nós sempre poderíamos sair daqui neste verão e ir


visitar.” Ofereço, acariciando meus dedos por seu cabelo
sedoso.
“Gostaria disso. Às vezes, gostaria de ter ficado com ele na
baía de Brigs Ferry. Isso me faz pensar em como minha vida
teria sido. Certamente não sairia em encontros com
desprezíveis para agradar meu pai.”

“Mas então você nunca conseguiria transar com seu


aluno.” Lanço para ela um sorriso maligno que me rende um
tapa no braço. “Meio que brincando. Falando sério, eu não teria
conhecido você.” Inclinando-me para frente, beijo sua testa.
“Mas não é tarde demais para voltar.”

“E você?”

“E eu?” Sorrio para ela. “Estou seguindo sua bunda lá


fora.”

“Promete?”
“Claro que sim, Srta. B. Agora incline-se sobre a pia e
deixe-me foder com você de forma agradável e doce para lhe
dar algo para sorrir durante o seu jantar infernal.”

Ela revira os olhos para mim, mas obedece, virando-se e


levantando o vestido sobre a bunda. Dou-lhe um tapa
brincalhão.

“Boa menina.”

***

Entro no cavernoso saguão de minha casa e procuro os


sons de meu pai. É domingo, o que significa que como ele não
pode estar trabalhando no escritório, ele estará em casa.
Caminho pela casa até chegar a sua porta. Sua voz é profunda
e comandante em seu tom feroz de Felix-Mullins-que-não-
aceita-merda enquanto coloca alguém – provavelmente seu
pobre assistente – em seu lugar pelo telefone. Com um rosnado
frustrado, ele encerra a ligação.

Minhas juntas batem na porta três vezes antes de eu


empurrar, entrando no espaço imponente. Papai é muito
voltado para a carreira e focado em seus objetivos. Seu
escritório sempre me intimidou enquanto crescia. Senti como
se ele tivesse planos para mim que eu nunca estaria à altura.
“O que há de errado?” Pergunto, vagando em seu espaço e
me sentando em uma poltrona próxima.

Papai gira em sua cadeira de escrivaninha para me olhar


carrancudo. “O que?”

“Você está bravo, e pela primeira vez, não é comigo.”


Sua expressão se suaviza ligeiramente. “Eu não estou
bravo com você. Na verdade, suas notas neste semestre foram
impressionantes. Vejo que você está andando sem mancar
também.”

Sento-me um pouco mais reto no assento. “O treinador


Long tem trabalhado comigo. Recondicionando-me. É... legal.”

“Você já pensou para qual faculdade irá?” Seus olhos


verdes penetrantes penetram em mim, me fazendo contorcer.
Eu realmente gostaria que pudéssemos passar cinco
minutos sem discutir meu futuro.
“Não tenho certeza, pai.” Murmuro, uma mudança
drástica da minha resposta espertinha usual. “Há coisas que
quero fazer, mas nada para o qual a faculdade pareça útil.”

Em vez de me atacar, ele franze a testa com mais força,


como se estivesse tentando entender meu funcionamento
interno. “Como o quê?”
Pisco para ele, confuso. Desde quando ele pensa em
qualquer coisa além da faculdade?

“Eu teria que tocar no meu fundo fiduciário.” Declaro,


empurrando-o porque é da minha natureza.

Ele não morde dessa vez.


“Parece um investimento. Explique.”

“Você está ocupado...”

“É domingo, filho, e você esteve ausente a semana toda.


Desculpe-me por querer ignorar o trabalho para me concentrar
no meu filho.”
Desde quando?

Sua carreira geralmente é seu orgulho e alegria. Porém,


ultimamente, devo admitir que não parece trazer a ele a
felicidade que uma vez trouxe.

Levanto uma sobrancelha para ele em choque. “Você


provavelmente vai odiar.”
“Provavelmente. Ainda quero ouvir.”

Olhando para o relógio na parede, noto que ainda tenho


tempo. Kerry não estará de volta em seu apartamento até perto
das oito, ela acha.

“Você se lembra quando eu estava na sexta série e passei


pela minha fase de skate?”
Desde que Kerry e eu ficamos juntos, realmente fiz um
exame de consciência, porque apesar de minha resistência em
me comprometer com uma carreira ou faculdade, isso pesava
muito em minha mente.

Seus olhos verdes brilham e ele ri. “Seu cabelo estava


horrível.”

Zombo de brincadeira. “Estava incrível, pai. Admita.”


“Claro que não.” Ele diz, balançando a cabeça. “Fiquei tão
feliz que você teve tesão por aquela líder de torcida e cortou
para impressioná-la.”

“Sim, sim.” Resmungo. “Ria, velho.”

Estamos ambos sorrindo. Demoro um minuto para


perceber que não fazemos isso há algum tempo. Eu culpava
muito meu pai, mas eu não era exatamente fácil de se conviver.
Depois de ouvir histórias de Kerry sobre seu pai controlador e
idiota, isso me faz apreciar o meu um pouco mais.
“Então, vamos ouvir.” Ele diz, alisando a gravata. “E então
quero ouvir sobre ela.”

Enrijeço, minhas feições endurecem. “Quem?”

“A garota. Você está apaixonado, Zane. Só imagino quando


irei conhecê-la.”
De jeito nenhum meu pai ficará bem comigo dormindo
com minha orientadora.

“O nome dela é Kerry.” Admito, deixando de fora o título


de seu trabalho. “Ela é linda, engraçada e doce.”
“Cuidado.” Ele avisa. “Você é jovem.”

“Nem toda mulher é como a mamãe.” Eu o imobilizo com


um olhar duro. “Kerry é diferente.”

Culpa muda suas feições. “Não é culpa dela. Eu é que tive


o caso.”
“Ela me abandonou, pai. Se estivermos comparando
crimes, o dela vence como o mais hediondo de longe.”

Ele balança a cabeça lentamente, a vulnerabilidade


brilhando em seu olhar. Agora, lembro-me do homem que
sozinho era a fada dos dentes, Papai Noel, coordenador de
festas de aniversário, pai dos esportes e desempenhava um
milhão de outras funções. Quando quebrei minha perna
jogando basquete, quebrei meu espírito também. E descontei
no meu pai. Ele e eu brigamos desde então, mas ele sempre
esteve lá para mim. Sempre.

“Conte-me sobre os skates.” Papai pede, sua voz voltando


ao modo de negócios.
Mordo uma risada. “Não os skates, mas os logotipos.
Lembra que eu desenhei o crânio legal pra caralho usando uma
auréola e estampei a mão em tudo que eu possuía?”

“Skalo. Sim, lembro. Até a janela traseira do meu


Porsche.” Ele me dá um sorriso irritado. “Parecia ridículo.”

“Sim, no seu carro de advogado, mas o logotipo em si era


legal.”
“Era atraente e você o colocava em todos os lugares. Todas
aquelas malditas crianças da sua escola começaram a comprar
suas merdas.”

“Mercadoria, pai. Chama-se mercadoria.”

Ele revira os olhos, me lembrando de quando eu era um


menino. “Certo. Mercadoria. Você esteve trabalhando lá por um
tempo até que sua diretora fechou aquela merda.”
“Sra. Langford era uma vadia.” Rio. “De qualquer forma,
um dia quero ter minha própria loja. Design gráfico para
roupas e todos os tipos de coisas legais. Sei que você acha isso
idiota...”

“Eu não acho isso idiota.” Papai diz. “Caso você tenha
esquecido, eu financiei cada um de seus empreendimentos.”

Ele financiou.

Culpa pesa muito sobre mim.

“Isso exigirá capital inicial.” Papai diz, uma carranca


estragando seu rosto. “Provavelmente mais do que você deveria
acessar seu fundo fiduciário.”

“Mas, pai...”
“É por isso que vou permitir que você tire metade do que
você precisa. Você pode pegar emprestado o resto de mim.” Ele
cruza os braços sobre o peito. “Se for lucrativo e você levar isso
a sério, podemos renegociar seu empréstimo e considerá-lo um
presente mais tarde.”

Fico boquiaberto com ele. “Isso é arriscado.”


“Ter filhos é arriscado. Você vai entender um dia.”

Olho para o relógio novamente, lutando contra um sorriso.


“Você é de verdade? Você vai me deixar fazer isso?”

“Você tem dezoito anos, Zane. Acredito que deixar você


fazer qualquer coisa é irrelevante. Nós dois sabemos que você
fará o que quiser. Estou muito feliz que você esteja
demonstrando interesse em algo. É tudo o que quero para
você.”
“Me desculpe.” Solto. “Por ser um idiota.”

Ele sorri, diminuindo sua idade. “Desculpas aceitas. Você


tem tempo para jantar com seu pai?”

“Posso arranjar tempo.”


Pela primeira vez em anos, sinto que tenho meu pai de
volta.

Com base no sorriso genuíno em seu rosto, talvez ele sinta


o mesmo por ter seu filho de volta também.
Capítulo Sete
Kerry

Já sinto falta dele.

Minhas mãos tremem enquanto olho para a casa senhorial


dos meus pais através do meu para-brisa. Faço isso toda
semana. Por que o súbito ataque de nervos?
Sei por que, no entanto.

Estou mudando e papai odeia mudanças.

Desde que tomei a chance para ficar com Zane, sinto como
se pudesse respirar. Como se a mulher dentro de mim estivesse
esticando seus membros e percebendo que ela tem a liberdade
não apenas de se mover, mas de correr livre. É emocionante e
aterrorizante ao mesmo tempo. Papai não gosta que uma
mulher pense por si mesma. Testemunhei isso em primeira
mão com mamãe.
Eu não sou como mamãe.

Se eu enfrentar papai, nunca serei.

Sei que isso significa que, eventualmente, serei forçada a


colocar alguma distância entre mim e meus pais. Não posso
contar a ele sobre Zane, pelo menos não ainda, porque é sobre
isso que ele fará todo o problema. Não, preciso contar a ele
sobre Sean, que quero que ele fique fora da minha vida
amorosa e que sou uma mulher bem-sucedida e digna que está
cansada de ele insinuar o contrário.

Com uma respiração profunda e calmante, tento silenciar


as dúvidas que correm desenfreadas em minha mente. Uma vez
que o ar é exalado, saio do meu carro e sigo em direção à porta
da frente. A cada passo, a confiança para ir contra meu pai
começa a aumentar como o mar que se agita. O rosto bonito de
Zane está em minha mente – sorrindo, me encorajando, me
beijando. Estou levantando minha mão para abrir a porta
quando um carro para na garagem.
A porta da frente se abre enquanto tento espiar quem pode
ser o visitante. Um homem conhecido sai do carro enquanto a
mão forte de papai agarra meu ombro, apertando.

“Que bom que você chegou, querida. E olhe, nosso


convidado chegou na mesma hora.” Papai ri quando eu respiro
fundo. “Não se preocupe. Este não é um encontro. Ele e eu
temos negócios a tratar.”

O sorriso predatório de Sean chega até mim quando ele se


junta a nós na varanda. Papai me solta para apertar a mão do
homem que me drogou esta semana. Atiro adagas na direção
de Sean. Em vez de ser desanimado, ele me dá um sorriso
arrogante e pisca.
Idiota!

“Papai, eu...”

“Querida, por que você não entra e diz olá para sua mãe.
Tenho certeza de que ela já abriu o vinho. Você poderia tomar
uma bebida.” Papai leva Sean para seu escritório, me deixando
sozinha no saguão, tremendo.

Eu deveria ir embora.
Virar e ir embora.

Procurando por minha bolsa, pego meu telefone para ligar


para Zane. Percebo que perdi uma mensagem dele.

Z: Mal posso esperar para contar a você sobre esta


noite. Papai está sendo legal. Decidimos jantar. Me ligue
quando terminar e te encontro em sua casa.
Ele está jantando com o pai.

O mesmo pai com quem ele lutou por ter um


relacionamento por anos. Isso é importante e frágil. A última
coisa que ele precisa é que eu peça a ele para vir bancar o
herói. Meus olhos queimam com lágrimas enquanto digito que
estou feliz por ele e mal posso esperar para vê-lo mais tarde.

Covarde.

Tudo o que tenho a fazer é contar aos meus pais o que


aconteceu com Sean. Então, por que parece que nunca
pronunciarei as palavras?

É apenas um jantar.

Tudo o que tenho que fazer é sobreviver a um jantar.

***
“Mais?” Sean pergunta, segurando a garrafa de vinho
como uma oferenda.
Atiro nele um olhar gelado. “Não.”

“Kerry.” Papai adverte. “Cuide de suas maneiras.”

O rosto da mamãe está estampado no mesmo sorriso falso


e desconfortável que ela tem às vezes quando a situação fica
estranha. Sinto muito por ela. Ela já teve sonhos antes do
papai? Brigs Ferry Bay teria sido bom para ela se ela
conhecesse outra pessoa? Quem sabe como seria a vida dela.
“Quem quer sobremesa?” Mamãe pergunta, sua voz
estridente.

“É uma ótima ideia, Darla.” Papai diz. “Sean, você se


importa em ajudá-la enquanto eu converso com Kerry?”

Murcho com a expressão severa no rosto de papai. Eu o


estou desapontando de novo. É a história da minha vida.
Nunca serei a filha equilibrada e educada que ele quer que eu
seja. Mamãe e Sean saem da sala de jantar para que papai e eu
possamos ter nossa conversa particular.
“O que diabos deu em você, Kerry? Você está sendo uma
vadia com nosso convidado.” Papai grita.

Recuo com suas palavras, olhando para ele com horror


enquanto as lágrimas rapidamente se formam. “Eu... papai...”

“Pare de choramingar.” Ele sibila. “Sean está bem


conectado nesta cidade. Eu preciso dele para minha
campanha.” Ele franze a testa para mim. “Tudo que peço é que
você seja educada com nosso convidado e você nem pode fazer
isso. Para que conste, querida, ele é um partido que você teria
sorte de ter. O homem vem de um dinheiro antigo. Você estaria
bem acomodada. Seus filhos...”

“Pare.” Sufoco. “Simplesmente pare. Ele... ele não é o


homem que você pensa que é.”

Os olhos de papai se estreitam. “Eu o investiguei. Sua


família é impecável. Você sabe como é importante manter uma
boa companhia ao meu redor durante a campanha. Nenhum
desvio ou qualquer coisa em seu registro.”

“É apenas...”

Papai me interrompe com um aceno de mão quando eles


voltam a entrar na sala de jantar. “Basta. Discutiremos isso
mais tarde.”
Sou dispensada quando ele começa a conversar com Sean.
Engulo minha emoção, lutando contra as lágrimas. Tudo que
preciso fazer é terminar o resto do jantar. Então, posso voltar
para o homem que aprecia e cuida de mim.

Acabo de terminar minha sobremesa quando sinto.

A ligeira reviravolta do mundo ao meu redor.


Não.

De novo não.

Segurando a mesa, arrasto meu olhar para Sean. Seus


olhos brilham de forma perversa, mas seu sorriso para meu pai
nunca vacila.

“Eu não me sinto bem.” Digo, fechando meus olhos para


manter a rotação sob controle.
Sean está fora de sua cadeira em um instante, esfregando
as mãos em meus ombros. “Tudo bem, Kerry? Você está doente
de novo?”

Tento escapar de seu agarre, mas isso torna a sensação


pior. Tudo o que posso fazer é manter meus olhos bem
fechados.

“Muito vinho?” Mamãe pergunta, sua voz tensa.


Tento falar, mas a bile em minha garganta não me deixa.

“Eu não queria dizer nada.” Sean murmura. “Mas ela


bebeu muito no nosso encontro também. Isso é uma coisa
normal para ela?”

Lágrimas quentes escorrem dos meus olhos, descendo


pelo meu rosto. Papai tropeça em todas as suas palavras,
dando desculpas para mim. Eu não ouço nenhuma delas. Só
quando sinto alguém me levantando da cadeira é que abro os
olhos.
“Não se preocupe, senhor, garantirei que ela chegue em
casa em segurança. Você pode ver como ela está pela manhã.”

Abro os olhos por tempo suficiente para fixar meu olhar


no papai. Seu rosto está vermelho de vergonha e seus olhos
azuis brilham de fúria. Comigo. Minhas mãos parecem estar
pesadas pela areia. Tento abrir minha bolsa para localizar meu
telefone, mas não tenho sucesso. Papai abre a porta do
passageiro para Sean.

“Nós passaremos de manhã, querida, com o seu carro.”


Papai diz entre os dentes. “Talvez possamos tentar isso outro
dia sem o vinho.”
Sean ri, transformando meu sangue em água gelada.
“Todo mundo tem seus dias ruins, senhor. Ela só precisa de
um pouco de orientação. Eu não me importo em ajudá-la.”

“Você é um santo.” Papai elogia.

Uma vez dentro do carro de Sean que cheira a ele,


adormeço. Só quando ele está me carregando de novo é que
meus olhos se abrem. Agarro minha bolsa e realmente espero
que ele me deixe no meu apartamento e vá para casa.
Isso é delirante.

Ele não me drogaria para me deixar em paz, a menos que


isso fosse algum tipo de jogo de poder.

De alguma forma, ele encontra meu apartamento sem que


eu tenha que dizer a ele qual. Isso envia outro estremecimento
de nervosismo através de mim. Nunca ouvi papai mencionar
onde eu morava, o que significa que ele descobriu sozinho.
Ele é um verme.

Provavelmente um perseguidor também.

Preciso falar com Zane.


Novas lágrimas se formam quando penso em seu lindo
rosto. A intensidade que sempre rola dele em ondas
escaldantes. Ele é forte, inteligente e doce. Zane é alguém com
quem sempre me imaginei feliz, não com os homens horríveis
que papai tem tirado da sujeira para mim como Sean.

Estou atordoada quando Sean destranca meu


apartamento. Não é meu chaveiro. Papai deu a ele as chaves? A
sala gira novamente, fazendo-me sentir ânsia de vômito.

“Não vomite de mim, querida.” Sean diz, sua voz cheia de


malícia. “Temos a noite inteira pela frente.”

“O-o q-qu-que que você feiz comigui.” Minhas palavras são


arrastadas e não fazem sentido.

Ele me coloca na minha cama que ainda cheira a Zane.


“Eu chamo de criador de esposas. Dei a você um pouco mais do
que da última vez, no entanto, já que não funcionou bem
naquela vez.”
Sinto ânsia de novo, e de novo quando ele ri.

“Isso te deixará complacente. Você tem todos os


componentes certos, Kerry. Sexy, inteligente, bem-sucedida.
Mas você é um pouco imprudente para o meu gosto. Se vou me
acalmar, espero que seja com uma mulher em quem posso
confiar para se comportar como eu a ensinei.”

“Água.” Murmuro.
Ele me estuda por um momento. “Claro, querida. Vou
pegar um pouco de água para você. Vamos tirar essas roupas
primeiro.”
Choramingo enquanto ele empurra meu vestido pelas
minhas coxas. Nojo me atravessa quando ele agarra minha
calcinha e a tira do meu corpo, me expondo a ele. Sua junta
corre pela minha fenda e ele sorri para mim.

“Seu pai não ficará satisfeito se eu engravidar você fora do


casamento, mas irá garantir um casamento rápido, o que é o
melhor.”

Ele é gentil enquanto remove meu vestido e sutiã. Sou


inútil para lutar contra ele. Uma vez que estou completamente
nua, ele passa o nariz entre meus seios, me inalando.

“Você aprenderá, querida, que se obedecer, será


recompensada.” Seus lábios se torcem em um sorriso
malicioso. “Entendeu?”

“Á-Água.” Murmuro novamente.


Seus lábios se apertam, um lampejo de aborrecimento
cruzando suas feições. “Ok. Buscarei um pouco de água para
você não vomitar, mas então você irá se comportar e deixar o
inevitável acontecer.”

Uma lágrima escorre do meu olho, mas encontro forças


para assentir. Assim que ele sai do quarto, coloco toda minha
energia para pegar o meu telefone que está na minha bolsa ao
lado da cama. Consigo tirá-lo da bolsa e abri-lo. Não tenho
certeza se posso digitar, então aperto o botão do microfone no
texto.

“S-Sean. Apatametu. Doga. Juda.” Leva meu dedo duas


vezes antes de enviar.
Passos pesados batem em minha direção. Um tremor na
minha mão me faz deixar cair o telefone de volta na minha
bolsa.

Por favor, Zane, se apresse.


Eu não posso fazer isso.

Eu preciso de você.
Capítulo Oito
Zane

“Então?” Papai pergunta, um sorriso puxando seus lábios.


“Conte-me mais sobre essa garota, Kerry.”

Mulher.
Não é uma garota.

“Ela é ótima.” Encolho os ombros, incapaz de encontrar


seus olhos. “Muito boa mesmo.”

“O que é? Ela é menor de idade?”


Quase engasgo com minha bebida. “O-o quê? Não, pai. Ela
é legal.”

Alívio o inunda. “Mas?”

“Mas pode ficar complicado se as pessoas erradas


descobrirem.”
Seus olhos se estreitam. “Por favor, me diga que você não
está transando com uma mulher casada.”

“Não que você tenha espaço para julgar, mas não.”


Resmungo, prendendo-o com um olhar duro. “Ela é solteira.”

Papai, um advogado muito bom, começa a ligar os pontos


rápido demais para o meu gosto. “Qual você disse que era o
sobrenome de Kerry?”

“Eu não disse.” Corto.

“Zane.”

Levanto meu olhar, tentando não murchar sob o olhar


furioso de papai. “Bowden.”

Confusão estraga suas feições enquanto ele repete o nome


em sua mente. Posso dizer o momento em que ele percebe
porque seus olhos se arregalam.
“Como na Srta. Bowden, sua maldita orientadora, na
Brown High?”

Meu telefone vibra quando a garçonete entrega nossa


conta. Ele entrega a ela algum dinheiro e diz a ela para ficar
com o troco, antes de virar seu olhar severo na minha direção.

“Nós dois somos adultos consentidos.” Desafio. “Está


bem.”
Suas narinas dilatam quando ele se inclina em minha
direção. “Não está bem, Zane. Sei que não te criei para ser um
idiota.”

“Eu posso lidar com isso.” Resmungo.

“Ela pode?” ele retruca. “Ela aguenta ser arrastada pela


lama? É a reputação dela que vai sofrer, não a sua.”
Culpa infecta todos os meus poros. “Estamos sendo
discretos até o final do ano.”

“Se alguém descobrir, eles transformarão isso em um


espetáculo de circo da mídia. Você é meu filho. Não é um
homem comum que não importa. Eles transformarão isso em
um pesadelo para todos os envolvidos.”

Levanto, raiva explodindo dentro de mim. “Sinto muito por


te envergonhar, pai. Leve-me de volta para casa para que eu
possa pegar meu carro. Não farei isso com você. Sou um
homem crescido que sabe o que está fazendo.”

Ele xinga baixinho durante toda a caminhada até o carro.


Pego meu telefone para verificar a notificação que perdi. Uma
mensagem de voz. Assim que papai se senta no carro, ouço a
mensagem.

“S-Sean. Apatametu. Doga. Juda.”

Que porra é essa?


Um pavor gelado toma conta de mim.

“Pai.” Grito, me jogando no banco do passageiro. “Leve-me


aos apartamentos Woodmeadow. Depressa!”

Ele não questiona meu alarme, mas em vez disso sai,


puxando o traseiro para fora do estacionamento. Tento discar
para Kerry de volta, sem sucesso.
“Porra!” Grito, batendo minha mão no painel. “Ele a tem.
Aquele filho da puta está com ela.”

“Quem?” Papai exige.

“Sean. Algum advogado idiota que o pai de Kerry arranjou


para ela.”
Papai xinga. “Sean Gentry?”

“Não sei o sobrenome dele. Gordo, cara de doninha com


cara de rico.”
“Ele é uma má notícia.” Papai resmunga. “Ele também é
carregado e bem relacionado. Quando chegarmos lá, deixe-me
cuidar disso.”

Não posso fazer essa promessa.

Assim que ele estaciona o veículo em frente ao prédio, voo


para fora do carro. Não espero pelo elevador. Em vez disso,
subo as escadas de dois em dois. Quando chego ao seu andar,
abro a porta destrancada e entro em seu quarto.
A visão diante de mim é nojenta e errada.

Sean está sem camisa, tateando minha mulher nua.

Minha fodida garota.


Vermelho preenche minha visão enquanto me perco na
raiva. Agarro seus ombros, jogando-o de cima dela no chão.
Virando, eu o ataco, esmurrando-o com meus punhos. Bato
meus punhos em seu rosto bajulador uma e outra vez, o
mundo ao meu redor é um borrão. Estou vagamente ciente de
dor em minhas mãos e de uma voz severa em meu ouvido antes
de ser arrastado para longe.

Muito sangue.

Encaro o rosto machucado de Sean, sem piscar e


imperturbável. Papai diz a alguém para se apressar e então
joga o telefone no chão para agarrar meu rosto.
“Ouça-me, filho.” Papai diz. “Estávamos passando e
ouvimos a comoção. Você interveio para ajudar a mulher.”

“Mas ela é minha...”


“Não.” Papai berra. “Ela não é. Pelo que se sabe, não.
Confie em mim. Se isso vazar, tudo ficará pior. Você tem que
confiar em mim.”

“Ela está bem?” Murmuro.

“Ela vai ficar. Apenas fique quieto e faça tudo o que o


xerife McMahon pedir.”
Tudo o que quero fazer é cuidar de Kerry, mas a
severidade no tom de papai me diz que estamos andando em
uma linha tênue aqui e um erro pode fazer tudo explodir na
minha cara.

***

Dois dias depois…

“Mullins.” O xerife McMahon resmunga. “Seu pai está


aqui. Vamos levá-lo para a sala de entrevista.”

Ele destranca a porta da cela e me guia para outra sala


onde meu pai espera, vestido com elegância em um terno de
três peças. Sua expressão é fria e ilegível. Eu sei, por
experiência, é para o benefício da outra pessoa. É claro que ele
quer manter suas emoções sob controle até que o xerife saia da
sala. Assim que o xerife sai, papai se senta à mesa na minha
frente.

“Kerry?” Pergunto, dor me cortando.


“Ela foi examinada minuciosamente no hospital e teve alta
ontem. Não posso representá-la, porque preciso pensar em
você, mas liguei para um amigo meu, Dane. Ele é especialista
em lei de divórcio, mas pode lidar com este caso muito bem.”

“Sean também vai para a cadeia?”

“Dane e eu estamos fazendo o nosso melhor para garantir


que isso aconteça.”
“Mas?”

“Mas...” Ele suspira. “O pai de Kerry o está


representando.”

“O que?” Grito. “Como ele pode fazer isso com sua própria
filha?”
“Ele acredita que Sean é culpado apenas por cuidar da
filha que estava embriagada. Sean nega que ele a drogou e que
seus atos sexuais foram consentidos. Eles fizeram um kit de
estupro no hospital, mas ele não teve a oportunidade de fazer
sexo com ela ainda, então é muito ele disse e ela disse neste
momento.”

Aperto a ponta do meu nariz. “Ele a drogou, pai.”

“A toxicologia prova que ela tinha vestígios de drogas em


seu sistema, sim.” Papai concorda. “Mas não há prova de que
ele as deu a ela. Atualmente, eles dizem que Kerry está com
problemas e está atacando seu pai por meio de Sean.”

“Inacreditável.”

“Essa não é a parte ruim.”

Meus olhos levantam para encontrar os dele. “Como


poderia ficar muito pior do que isso?”

“Eles sabem que você não estava apenas de passagem.


Sean se lembra de ter visto você com Kerry. Ele afirma que você
estava tendo uma relação sexual com ela e é um ex-namorado
ciumento que queria machucá-lo por namorar com ela.”
“Porra.”

Papai acena, franzindo a testa. “E porque você é meu filho,


eles são como lobos, prontos para me destruir.”

“O que nós fazemos?”


“Se algum de vocês admitir que estava em um
relacionamento, a história aponta para Kerry. Ela se tornará
uma predadora que atraiu seu aluno para sua cama. Isso
provará o caso deles que ela está com problemas e será um
golpe duro. Posso tirar você do fogo, mas às custas dela.”

“E o Sean?”

“Se a história girar em torno de Kerry, ele nunca terá a


justiça que merece.”
“Mas se eu calmamente aceitar minha punição, ela
continuará sendo a vítima?”

“Sim.” Papai diz com um suspiro pesado. “Desenterrarei


todas as evidências contra Sean Gentry para colocar em seu
arsenal. Quando eu terminar com ele, ele passará por um
período difícil. Não apenas oito a quinze meses na cadeia do
Condado.”

Suas palavras são um soco no estômago. “Oito a quinze


meses?”
“Me desculpe.” Papai murmura. “Mas você deu uma surra
em Sean. É ataque e agressão, não importa o quanto o
distorçamos. No final do dia, você fodeu com ele e eles vão
querer ver você pagar por isso.”

“Isso vai arruinar sua carreira política.” Declaro, incapaz


de olhar para ele. “Eu cumprindo pena.”

“Foda-se minha carreira.” Papai grita. “Eu me importo com


você. E esta mulher, porque você se importa com ela, significa
que eu também me importo. Estou colocando minha família em
primeiro lugar desta vez. Inferno, eu deveria ter feito isso anos
atrás.”
Sento-me na cadeira, prendendo meu pai com um olhar
firme. “OK. Irei me declarar culpado e negar qualquer
relacionamento com Kerry se isso for necessário para ajudá-la
no caso contra aquele filho da puta.”

Papai dá um tapinha na minha mão. Orgulho brilha em


seus olhos verdes.

Nós podemos fazer isso.


Se isso significa que posso proteger Kerry e ajudá-la
finalmente a escapar da pata de seu pai, farei isso. Posso
dispensar um ano da minha vida. O que não posso aguentar é
ela sendo injustamente arruinada. Se ela se importa comigo do
jeito que eu me importo com ela, ela estará esperando por mim
do outro lado. E se não, ainda é a coisa certa a fazer.

Sean pagará.
Mesmo que isso signifique que eu tenho que pagar
também.
Capítulo Nove
Kerry

Dois meses depois...

Dez meses.

Eles sentenciaram Zane Mullins a dez meses na cadeia do


Condado por tentar me proteger. Eu vou vomitar. É injusto e
nojento. Sean Gentry tem um sorriso maroto no rosto enquanto
meu pai o parabeniza.

“Nós sabíamos que isso aconteceria.” Felix murmura para


mim enquanto o juiz continua a falar. “É a única maneira.
Tivemos sorte de que o juiz Rowe estava no caso. Qualquer
outro juiz teria deixado seu pai pisar neles. Rowe deu a Zane a
melhor sentença que poderíamos pedir.”

Assinto, enxugando uma lágrima velha da minha


bochecha. “Eles estão tão felizes que ele vai para a cadeia.”

Felix tira um lenço do bolso e o entrega para mim. “Por


enquanto. Teremos nosso dia no tribunal com Sean e seu pai, e
quando o fizermos, destruirei Gentry. Sua sentença será muito
pior. Confie em mim?”

“Sim.” Sussurro. “Sinto muito pelo seu filho. É tudo minha


culpa.”
Felix balança a cabeça. “Meu filho é durão. Ele pode lidar
com isso. Estaremos lá para ajudá-lo quando ele sair. Essa foi
a única solução. Do contrário, seu nome estaria em todas as
manchetes de notícias de costa a costa. Eles teriam destruído
sua vida.”

Parece egoísta e errado.


“Como o papai pode defender aquele monstro?” Olho feio
para meu pai.

“Eles são iguais, Kerry. Vai te fazer bem se libertar deles.”

Sei que ele está certo. É a mesma coisa que Zane sempre
me diz. A mesma coisa que meu irmão diz quando falamos ao
telefone.
“Eu não quero deixar Zane.” Murmuro. “Eu deveria ficar
aqui no caso...”

O tribunal irrompe em um rugido maçante de vozes


enquanto somos dispensados. Meus olhos encontram Zane. Ele
está vestindo um terno que é um pouco confortável em seu
corpo musculoso. Seu advogado, Dane, aperta seu ombro e
acena para ele. Eles compartilham um pequeno sorriso. Então,
como se ele pudesse sentir meu olhar sobre ele, os intensos
olhos verdes de Zane me perfuram. Não o suficiente para eu me
perder, porque ainda estamos escondendo nosso
relacionamento, mas o suficiente para que eu o sinta dentro de
cada veia e músculo.

“Vá.” Ele murmura.


Para Baía Brigs Ferry.

Nós apenas nos correspondemos por meio de cartas


passadas por Felix, mas sei o que ele quer dizer. Ele quer que
eu saia desta cidade infernal e volte para onde meu irmão
mora. Onde é seguro. Onde posso ser livre.
“Sentirei sua falta.” Murmuro de volta.

Ele pisca, aquecendo meu sangue. É o tipo de piscadela


que promete que virá me encontrar quando puder. Eles o
conduzem para longe segundos depois. Levanto e sigo Felix
para fora do tribunal, deixando meu coração com o homem
altruísta que o possui de qualquer maneira. Meu pai vem em
minha direção, mas Felix está na minha frente, ondulando com
autoridade.

“Você não tem permissão para falar com minha cliente.”


Felix diz. “E sugiro que você diga ao seu cliente para obedecer a
sua ordem de restrição.”
O rosto de Sean fica roxo de raiva e ele sai correndo. Os
olhos do papai se estreitam em mim antes de balançar a
cabeça em desgosto, saindo atrás de Sean.

Achei que poderia sentir dor por meu pai escolher Sean
em vez de mim, mas tudo que sinto é alívio. Zane me ajudou a
descarregar os pesos que meu pai colocou em meus ombros e
me encorajou a correr livre. Não estou mais amarrada, então
posso fazer exatamente isso.

Mas…
Outra ânsia de vômito agita meu intestino. Eu queria
contar a Zane sobre o teste de gravidez positivo, mas não podia
suportar que ele tivesse que viver com aquela agonia enquanto
estivesse trancado. Será sua surpresa quando ele sair.

“Tudo certo?” Felix pergunta.


“Ficará. Apenas me ajude a derrubar Sean primeiro.”

***

Sete meses depois...

Está chovendo muito forte. Uma tempestade de inverno


deveria chegar, mas no último momento, ela virou antes de
atingir a Ilha Beacon e foi para o sul. Pegamos toda a chuva e
alguns ventos fortes, mas nenhuma neve ainda.

Esfrego minha palma sobre minha barriga inchada, um


sorriso enfeitando meus lábios. “Mais três meses e o papai
estará aqui para ver você.”

A nova namorada do meu irmão, Brie Larsen, e agente da


Baía Brigs Ferry enfia a cabeça na cozinha vestida com
uniforme de trabalho. “Com quem você está falando?”
“Emily.” Sorrio para ela. “Você acordou cedo. Depois de
todo o barulho que você e Keith fizeram, eu tinha certeza de
que nenhum de vocês iria se levantar esta manhã.”

Seu rosto fica vermelho, mas então ela sorri para mim.
“Quem disse que eu já fui dormir?”

“Eca.” Provoco.

Ela começa a tomar café e cruza os braços sobre o peito.


“Como você está se sentindo?”

“Grande.” Digo com uma risada. “E melancolia.”

Suas feições se suavizam. “Não vai demorar muito agora,


Ker. Então você e o papai do seu bebê vão se reunir.” Ela faz
uma careta. “Tem certeza de que não quer contar a ele sobre
Emily? Prepará-lo um pouco?”
Penso em todas as cartas sinceras que Zane me enviou.
Aquelas que foram da paixão ao amor total. Ele é dedicado a
mim e ao nosso futuro. Contar a ele sobre Emily é cruel.
Conheço Zane. Ele vai se preocupar pra caramba com isso,
deixando a culpa virá-lo do avesso. É melhor assim. Quando
ele chegar aqui, ele irá conhecê-la e se apaixonar
instantaneamente. Sei isso.

“Zane vai entender. Se eu contar agora, só irá deixá-lo


preocupado. Keith está cuidando de mim e meu novo emprego
na biblioteca é ótimo. Eu e Ems cuidamos isso. Estaremos
prontas para o papai quando ele chegar.”

Ela serve uma xícara de café e se junta a mim na mesa da


cozinha. “Felix ainda vem nos visitar neste fim de semana com
o tempo sendo uma merda?”
“Ele tem que vir. Temos alguns papéis para revisar e
assinar.”
“Como ele se sente sendo avô?”

Gemo. “Ele é tão ruim quanto Zane. Juro que se ele


comprar mais uma roupa para Emily, nunca terei que lavar
roupa. Ela pode usar uma roupa nova todos os dias até seu
aniversário de dezoito anos.”
“Isso é meio fofo.” Brie diz, rindo.

“Alguém me chamou?” Keith grunhe, entrando sem


camisa na cozinha.

Brie parece derreter ao vê-lo. Estou feliz por eles, mesmo


que às vezes me enojem um pouco.
“Você não é fofo.” Brie provoca.

Ele dá um passo atrás dela, envolvendo seus braços


musculosos ao redor dela e beijando o topo de sua cabeça.
“Não é o que você disse três horas atrás, querida.”

“De qualquer forma...” Digo em um tom estridente. “Chega


disso.”
Keith solta uma risada. “Eu com certeza senti falta da
minha irmã certinha.”

Atiro-lhe o dedo médio, ganhando uma risadinha de Brie.

“Vocês dois vão passar aqui e me ver hoje à noite no meu


turno? Estou trabalhando na Focus. Água para a gravidinha ali
e o melhor vinho da Ilha Beacon para a minha garota.”
Novamente, ela derrete com suas palavras.

Deixo meu olhar vagar de volta para a janela que dá para


o mar. Com toda a chuva e escuridão, você mal consegue ver o
oceano, mas sei que está lá. Sinto uma grande sensação de paz
aqui na Baía de Brigs Ferry. Esta será nossa casa. E depois de
hoje, quando oficializarmos, Felix se juntará a nós.

Posso ouvir os estalidos e gemidos de Keith e Brie se


beijando. Por mais que eu ame seu romance florescente, será
bom conseguir minha própria casa. Felix encontrou o
apartamento mais fofo na Main Street que fica acima de algum
espaço de varejo para Zane e eu. Quando Zane sair, será
perfeito para sua loja e há espaço para Felix no escritório
também. Tudo está se encaixando.
A melhor parte é que Sean está na prisão.

Deu muito trabalho, mas conseguimos montar um


processo contra ele. Assim que tornamos isso público, muitas
outras mulheres se apresentaram com suas próprias histórias.
Com o testemunho delas e o meu, pudemos apontar as
acusações contra ele. Quando contei às autoridades sobre ele
já saber o número do meu apartamento e ter uma chave,
juntamente com a forma como outras mulheres estavam se
manifestando, eles tiveram o suficiente para obter os
mandados adequados para revistar seus pertences e casa. E o
que eles encontraram foi condenatório. Desta vez, o juiz Rowe
não foi nada tolerante com as acusações. Sean Gentry passará
os próximos quinze anos na prisão. Teria sido mais, mas ele
admitiu sua culpa e motivos em troca de uma sentença menor.
Tudo o que ele queria era se casar com uma família rica e bem-
sucedida, já que o dinheiro de sua própria família tinha
acabado.

Uma dor aguda passa por mim, me fazendo gemer. Elas


aconteceram de vez em quando durante toda a manhã, mas
pensei que eram os nervos. Emily só vai nascer daqui algumas
semanas. Antes que eu possa me recuperar dessa, outra rasga
minha espinha, envolvendo uma garra dolorosa em volta da
minha barriga.

“Aiii.” Sibilo. “Acho que...”

Minhas palavras são interrompidas pelo jorro de calor que


flui de mim, encharcando minhas calças de algodão.

“Keith.” Grito. “Acho que o bebê está chegando.”

***

“Você está pronta para ter esse bebê?” Dr. Miller pergunta,
um sorriso em seu rosto bonito.

Ele não é meu médico, no entanto. Onde está o Dr.


Hutchens?

“Posso esperar até que meu médico chegue aqui.” Cerro os


dentes.
Keith solta uma risada. “Lance já deu à luz bebês antes.”
Meu irmão me garante. “Ele é um médico interno que faz tudo.
Basicamente, um pau para toda obra. Não se preocupe.”

Estou preocupada, no entanto.


Isso dói e eu queria que Zane estivesse aqui.

Minhas emoções me dominam e começo a chorar.

“Está tudo bem.” Dr. Miller sussurra. “Não chore. Agora


preciso que você seja corajosa e comece a empurrar. Ela está
pronta para sair.”

“Onde está Felix?” Sibilo para meu irmão. “Ele deveria


estar aqui!”

“Aconteceu algo importante.” Keith diz, seu rosto se


abrindo em um sorriso largo.
“Mais importante do que o nascimento de sua neta?”
Grito. “Diga a ele para vir aqui agora!”

“Não posso, mana.” Keith responde, com um sorriso


malicioso no rosto. “Apenas dois membros da família por vez.
Acho que os papais superam os vovôs.”

Levanto minha cabeça para olhar para ele. “O que?”


“Isso significa, pequena mamãe, você vai ter que se
contentar em me ter aqui.”

A voz de Zane acalma todas as partes danificadas dentro


de mim, consertando cada momento doloroso longe dele.
Lentamente, viro minha cabeça para encontrar o homem que
ansiava estar na sala, sorrindo para mim. De alguma forma, ao
longo de vários meses, ele ficou mais bonito. Mais forte, mais
amplo, mais sábio. Meu.

“Me desculpe por não ter contado a você sobre ela.”


Sufoco, minha mão se esticando para ele.
Ele vem até mim, segura minhas bochechas e me beija até
ficar tonta. Outra sacudida de dor me atinge, encerrando o
doce reencontro.

“É hora de empurrar, Kerry.” Dr. Miller diz. “Chega de


protelar.”
Zane agarra minha mão, sorrindo para mim. “Vamos,
Srta. B, você consegue. Estou pronto para conhecer minha
garotinha.”

O empurrão continua pelo que parecem horas, mas


quando Dr. Miller finalmente deposita a bebê linda e
bagunçada no meu peito, o mundo se confunde em torno de
nós três.

“Você saiu cedo.” Murmuro enquanto admiro a criança


linda que se parece com seu pai.
“Bom comportamento, amor.” Ele passa o polegar ao longo
de seu cabelo escuro. “Ela é perfeita.”

Lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto enquanto


pressiono um beijo em sua testa. Então me viro e aceito um
beijo de Zane.

“Senti tanto a sua falta.” Sufoco. “Sei que te disse em


nossas cartas, mas preciso que você ouça. Eu te amo, Zane
Mullins.”
“Também te amo, linda.”
Epílogo
Zane

Fim do verão...

“Mamãe está obcecada por aquela loja.” Digo a Emily,


segurando-a contra o meu peito e apontando pela janela da
Granger Home Décor. “Ela está tentando deixar a sala de jantar
chique agora.”

Emily sorri e a baba desce pelo queixo. Porra, essa garota


é tão fofa. Eu disse a Kerry que precisamos fazer dez como ela.
Ela não gostou da ideia de ter dez, mas prometeu-me mais um
dia.

Addison Granger capta meu olhar de dentro e acena para


eu entrar. Emily e eu entramos na loja. Kerry está na caixa
registradora enquanto a irmã de Addison, Adeline, empacota
suas compras.
“Ela está ficando tão grande.” Addison sussurra. “Em
breve ela estará rastejando por todo o lugar!” Em seguida, ela
se inclina e diz: “Como está o Felix?”

Sorrio para ela. Eles acham que são discretos, mas Kerry e
eu os pegamos jantando no início desta semana.

“Acho que você saberia mais do que eu.” Provoco,


apreciando a maneira como suas bochechas ficam vermelhas.

“Vá embora, patife.” Ela se inclina e beija a cabeça de


Emily. “Cuide da minha garota.”
Rio e a deixo em paz enquanto vou para Kerry. Ela está
fantástica esta tarde em um par de shorts brancos e um top
azul claro. Suas pernas estão bronzeadas e gostosas pra
caralho hoje. Graças a Deus, papai se ofereceu para ser babá
de Emily esta noite. Estou morrendo de vontade de passar
algum tempo a sós com minha esposa.

“Pronta, Sra. M?”

Kerry sorri para mim. “Estou agora.”


Ela cantarola para Emily e nossa filha ri de alegria. Kerry
foi feita para ser mãe. Já que eu não tinha minha própria mãe
por perto, perdi como seria uma boa mãe. Kerry não é apenas
boa, ela é a melhor. Emily a adora.

“Reservei um quarto para nós no Red Hake B&B.” Digo a


ela enquanto saímos da loja. “Achei que, se vou passar a noite
reivindicando você e tentando fazer outro bebê, devemos fazê-lo
em grande estilo com vista para a Baía Wolffish.”

“Já outro bebê?” Ela provoca. “Você tem certeza de que


faremos um esta noite?”
Pego um punhado de sua bunda bonita com minha mão
livre. “Eu fiz Emily na primeira vez.”

Ela para para olhar para mim, um sorriso bobo em seu


rosto lindo. Desde que nos casamos menos de um mês depois
de eu ter sido solto e me mudar para cá, vejo aqueles sorrisos o
tempo todo. É incrível o quanto essa mulher se transformou da
coisa assustada e tímida que tinha medo de decepcionar seu
pai para esta minha esposa feliz e despreocupada. Isso me
agrada infinitamente.

“Você não usou preservativo na maioria das vezes que


fizemos sexo, Zane.” Ela diz, arqueando a sobrancelha.

“Aqueles outros momentos eram apenas prática.” Pisco


para ela.

Ela balança a cabeça enquanto remexe em sua bolsa.


Quando ela pega um saco da Farmácia Reyes, franzo a testa
para ela. Dentro está um teste de gravidez. “Não acho que você
precisa praticar. Você é tão bom.”

Eu a puxo para um abraço, fazendo Emily gritar entre


nós. “Você realmente acha isso?”
Kerry inclina a cabeça para cima, seus olhos azuis
brilhando com lágrimas. “Não sei ao certo, mas perdi a
menstruação alguns dias atrás. Eu não queria fazer o teste sem
você. Desta vez, quero que você esteja presente a cada passo do
caminho, mesmo se acabarmos que não estamos grávidos de
novo.”

Capturo seus lábios com os meus. “Estarei ao seu lado de


agora até o fim, linda.”

“Você promete?”
“Prometi a você que cuidaria de você, não foi? Depois de
tudo que passamos, ainda estou aqui. Você é minha esposa e
temos uma loja de roupas de muito sucesso juntos. Eu já te
decepcionei?”

“Nunca.” Ela sussurra. “Você é a melhor coisa que já me


aconteceu.”
Emily choraminga em protesto, fazendo nós dois rirmos.

“Você irá se contentar com a segunda melhor coisa?”


Kerry provoca.

“Perder para essa fofura? Pode apostar, mamãe.” Beijo a


cabeça escura de Emily e aponto para a rua principal de nossa
loja, Skalo. “Quer ir ver o vovô, Emmers?”
Ela balbucia e se contorce. Tomarei isso como um sim.

“Vamos deixar esta pequena para o vovô e fazer o check-in


no Red Hake B&B.” Digo a Kerry enquanto envolvo meu braço
livre sobre seus ombros e inalo seu perfume floral. “Faremos o
teste de gravidez pela manhã. Assim, linda, podemos passar a
noite inteira tentando fazer um bebê.” Belisco sua orelha.
“Posso até colocar na sua bunda, se você for uma boa menina.”

“Sr. Mullins!” Ela grita, me lançando um olhar de olhos


arregalados enquanto suas bochechas queimam em um rosa
brilhante.
Rio, deixando minha palma deslizar para sua bunda e
dando um forte aperto. “Talvez esta noite eu a deixe ser a Srta.
B e eu serei seu aluno travesso.”

“Você é horrível.” Ela geme. “O pior absoluto.”


“E você me ama. O que isso faz de você?”

“Aparentemente, isso me torna sua.”

“Malditamente certo.”

Fim!

Notas
[←1]
Sigla de Post-Traumatic Stress Disorder que significa Transtorno de Estresse Pós-
Traumático.

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