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U N I D AD E 4

O P E R AÇ Ã O E M AN U T E N Ç Ã O D E C AL D E I R AS

Nesta unidade, você vai:

Especificar sobre as fases de condução de uma caldeira.


Descrever sobre a preparação.
Descrever sobre acendimento e comunicação
Especificar sobre a inspeção periódica das caldeiras segundo legislação
em vigor.

E ainda:

Aprender que os três períodos ou fases de condução de uma caldeira são: preparação,
acendimento e comunicação. E, portanto, estudando o assunto você saberá descrever sobre
cada uma destas fases e suas peculiaridades.

Não desanime. Mantenha o entusiasmo.

4 . 1 O P E R AÇ Õ E S D E P R E P AR A Ç Ã O , A C E N D I M E N T O E C O M U N I C AÇ Ã O
D E U M A C AL D E I R A

Os controles automáticos têm a função de manter as variáveis do processo de geração


de vapor dentro das faixas recomendadas, cabendo aos operadores e técnicos as funções de
supervisão geral dos controles e da tarefa mais difícil e intelectual que é operar
otimizadamente e com segurança, evitando interrupções ou contornando situações de
emergência.

As intervenções do pessoal responsável em quaisquer das etapas descritas exigem bons


conhecimentos de caldeiras porque, por serem equipamentos perigosos, o risco toma-se muito
grande quando operados por pessoas inabilitadas.

Esse risco é de tal ordem, que existe até legislação própria para habilitação: a NR-13 do
Ministério do Trabalho, que será abordada no capítulo 8.

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C AD 01
As estatísticas internacionais demonstram que as ocasiões de maior risco de acidentes
com caldeiras são as de partida e parada. Os procedimentos descritos nesse item servem
como referência geral e, depois de adaptados à sua caldeira específica, devem ser seguidos
rigorosamente. A vida do equipamento ou a sua própria podem depender disso.

Para oferecermos ao aluno uma condição próxima à real, mostraremos os


procedimentos das instalações do VLCC do tipo “Cairu". Nessa planta, o vapor
superaquecido sai da caldeira a pressão de 61 Kg/cm2 e 515°C. Alguns detalhes
referentes às particularidades dos equipamentos foram omitidos para que
priorizemos a operação.

Imaginemos a princípio que o navio esteja na condição de "apagado". Isso significa, em


linguagem "marítima", que ele encontra-se com o sistema de força e luz sendo alimentado pelo
diesel gerador de emergência, e com a planta de vapor totalmente a zero, ou seja, fora de
linha. Assim, para que se inicie a operação de pôr a planta de vapor em funcionamento, o que
denominamos a bordo de "acender o navio", é necessário que uma seqüência pré-estabelecida
de procedimentos e cuidados sejam observados, para que nenhum problema de ordem
operacional venha ocorrer, tanto do ponto de vista de segurança do pessoal como da
instalação. Ao se iniciar uma operação de acendimento, a escolha da caldeira a ser preparada
fica a critério do chefe responsável pela instalação, levando-se em conta a disponibilidade do
equipamento, principalmente com relação a reparos eventuais.

Neste caso, em particular, tomaremos por base a caldeira de boreste para início da
operação de acendimento.

4.1.1 Preparação

Nas caldeiras de combustível liquido, todos os dispositivos para combustão (bombas de


óleo, ignição, etc.), bombas d'água e os sistemas de bloqueio e alarme, estão ligados a um
painel de comando e a um programador. Embora automáticos, estes dispositivos podem vir a
falhar, reforçando a importância da norma que adverte o operador a não abandonar o seu
posto de trabalho.

4.1.1.1 P arti da a Frio

Antes de qualquer procedimento, os seguintes itens devem ser observados:

1 − o diesel gerador de emergência está em funcionamento fornecendo energia para


todos os equipamentos elétricos;

2 − os tanques de armazenamento de água destilada estão com suprimento mais que


suficiente para o acendimento;

3 − nível do tanque de serviço de óleo combustível satisfatório para operação;

4 − o sistema de ar de controle automático operando normal para todos os equipamentos


pneumáticos.
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4.1.1.2 E nchi mento da Cal dei ra

1 − Efetuar manobras de válvulas desde o tanque de destilado até a aspiração da bomba


de alimentação de partida a frio (bomba acionada por motor elétrico); pois não temos vapor
para acionamento das turbobombas de água de alimentação.

2 − Efetuar manobras de válvulas a partir da descarga da bomba de alimentação até a


entrada da caldeira no tubulão superior (tubulão de vapor) utilizando-se a linha de alimentação
auxiliar.

3 − As válvulas da rede de alimentação auxiliar para a caldeira de bombordo deverão


estar todas fechadas.

4 − Verificar se todas as válvulas de extração de fundo e extração de superfície da


caldeira estão fechadas.

5 − Abrir as válvulas de comunicação dos indicadores de nível (local e remoto).

6 − Abrir as válvulas de extração de ar (suspiro) do tubulão superior.

7 − Energizar o painel de partida/parada da bomba de alimentação e partir a mesma.

8 − Durante o enchimento da caldeira, observar atentamente a altura do nível da água


nos indicadores, e efetuar drenagens para assegurar uma indicação correta.

Nessa ocasião, aproveita-se para verificar previamente a consistência de leitura entre o


indicador de nível local e o remoto. Em caso de problemas, deve-se corrigi-los antes de
prosseguir.

9 − Depois de confirmado o nível correto de água para o acendimento (cerca de 5 cm


acima do fundo do indicador), parar a bomba de alimentação e desfazer todas as manobras de
água destilada efetuada.

4 . 1. 1. 3 Sis te ma d e Óle o Di esel

1 − Efetuar manobras de válvulas desde o tanque de serviço de óleo diesel até a


aspiração das bombas de queima 1 e 2, e selecionar a bomba desejada para operação.

2 − Fechar as válvulas de admissão e descarga dos aquecedores de óleo combustível, e


abrir a válvula by-pass desses aquecedores. Assim, o óleo diesel será bombeado diretamente
para o coletor de óleo dos queimadores. Todas as válvulas manuais de interceptação de óleo
do coletor para os queimadores deverão estar fechadas, e somente na hora do acendimento é
que a válvula de interceptação para o queimador base deverá ser aberta.

3 − A válvula de recirculação instalada no coletor de óleo combustível dos queimadores


deverá ser aberta de modo que, ao ser dada a partida na bomba de queima, o óleo possa
recircular no sistema em circuito fechado.

4 − O painel de partida das bombas de queima deve ser energizado, e as bombas


deverão ser testadas quanto à troca automática, em caso de falha na operação de uma ou
outra bomba.

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4.1.1.4 Iníci o de Ac endim ento (Operação Loc al )

1 − Energizar o painel elétrico da caldeira.

2 − Todas as válvulas de extração de ar (suspiros) das redes de vapor superaquecido e


vapor dessuperaquecido devem ser abertos.

Atenção com a "válvula de proteção" do superaquecedor para a atmosfera,


durante a faina de acendimento; com a caldeira acesa essa válvula deve ficar
aberta.
Conserva-se a válvula de proteção do superaquecedor aberta até a caldeira entrar
em linha, quando já existe um fluxo interno de vapor que ajuda a "resfriar" os tubos,
mantendo-os dentro de uma faixa de temperatura tolerável pelo material. A válvula
de proteção do superaquecedor tem a função de desviar o vapor, que inicialmente
começa a ser gerado, para a atmosfera com a finalidade de proteger os tubos.
Também permanecem abertos os "vent's" do tubulão (dreno Iocalizado no topo do
tubulão) e drenos da linha de saída de vapor, para ajudar na eliminação do ar,
prover fluxo de vapor para seu aquecimento e purga do condensado formado.
Deverão ser fechados quando a pressão atingir 1 a 5 kgf/cm2.

3 − Todas as válvulas de dreno para o porão, dos estágios primário e secundário do


superaquecedor, bem como as válvulas de drenos das redes de vapor superaquecido e vapor
dessuperaquecido, devem ser abertas.

4 − Partir o ventilador de tiragem forçada em baixa velocidade.

5 − Instalar no queimador base o maçarico montado com atomizador AS-11.

6 − Partir o motor elétrico do aquecedor de ar.

Você sabia que em algumas caldeiras...


...Caso haja pré-aquecedor de ar regenerativo, deve ser colocada em operação.
Dependendo do teor de enxofre do combustível a ser usado, colocar em operação
também o pré-aquecedor de ar a vapor. O ventilador deverá ser acionado de modo
a garantir uma vazão mínima de ar para purga de eventuais combustíveis gasosos
do interior da caldeira. Usualmente o valor mínimo é 30% da vazão à máxima carga
e o tempo de duração da purga é controlado pelo sistema de intertravamento. Na
prática, empregamos valores de 75 % como garantia. O sistema de intertravamento
é constituído de um conjunto de sensores, relés e acionadores que asseguram a
prevenção contra seqüências de eventos que possam ser danosos para a caldeira,
evitando as operações ou ocorrências em situações inseguras. Nesse caso, o
sistema de intertravamento impede o acendimento de qualquer queimador antes
que o tempo de purga se complete. Um valor usual é 5 minutos. Essa é, portanto,
uma etapa crítica do procedimento.

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7 − Dar partida na bomba de queima com a válvula de recirculação do coletor dos
queimadores aberta e ajustar a pressão do óleo entre 10 Kg/cm2 e 15 Kg/cm2.

8 − Abrir o registro de ar do queimador base (no local) para ventilação da fornalha, e


expulsar para a atmosfera os gases porventura existentes nesse forno. Decorrido um intervalo
de cinco a dez minutos nessa operação, fechar o registro.

9 − Efetuar a abertura da válvula de êmbolo de óleo combustível (sistema pneumático


com acionamento elétrico no painel da caldeira), permanecendo, entretanto, fechado a válvula
de interceptação manual (macho) para o queimador base.

10 − Efetuar o by-pass do sinal elétrico para a célula fotoelétrica (sensor de chama) do


queimador base. Este indicador é o único que possui dois sensores. Dessa forma, o interloque
de óleo combustível por falha de chama é inibido.

11 − Preparar e ligar o acendedor portátil (ignitor) observando a incandescência do bico


acendedor.

A partir deste momento, o operador deve proceder da seguinte maneira:

a − Introduzir o acendedor portátil dentro da fornalha através do visor de chama (janela)


do queimador base, após a ventilação da fornalha, e com o registro de ar fechado. A chave de
disparo do ignitor deve ser acionada (ignitor ligado). O ignitor leva aproximadamente um
intervalo de 15 a 20 segundos até atingir a temperatura, necessária para completar a
combustão.

Você sabia que em algumas caldeiras...


... Com a purga completada e, havendo vazão de ar suficiente, o acendimento pode
ter inicio. O sistema de intertravamento citado em 4.1.1.4 (item 6) já deverá ter
liberado a abertura das válvulas de fechamento rápido e o combustível poderá ser
admitido até o queimador. As válvulas de fechamento rápido têm a função de
bloquear a entrada de combustível na fornalha, por razões de segurança.
O processo de acendimento dos queimadores varia de caldeira para caldeira. O
sistema mais adequado é o que usa ignitores elétricos, que devem ser acionados
antes da abertura da válvula de combustível do queimador. Os ignitores também
são liberados pelo intertravamento somente depois de completado o tempo de
purga.

b − Abrir a válvula de interceptação manual de óleo combustível para o maçarico do


queimador base, abrir o registro de ar e certificar-se da presença de chama no interior da
fornalha.

Você sabia que em algumas caldeiras...


O número de queimadores a serem acesos na fase inicial depende do tipo
de caldeira.

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c − Efetuar a regulagem das pressões de ar e de combustível, de modo a se obter uma
combustão perfeita, observando-se a cor da fumaça pela chaminé ou pelo indicador de fumaça
no painel de controle da caldeira. Também deve ser observada atentamente a coloração da
chama no interior da fornalha, através da janela de inspeção existente na parte lateral da
caldeira.

Não esquecer que, durante a fase de acendimento, enquanto o maçarico


estiver aceso, a válvula de proteção do superaquecedor permanecerá aberta.

4.1.2 Fase de acendimento

1 − Os tubos da caldeira estarão todos cheios de água nesta fase, já que não há ainda
geração de vapor. Os tubos do superaquecedor, entretanto, estão recebendo calor sem
circulação de vapor internamente e, portanto, sujeitos á temperatura de parede elevada.

Para prevenir danos nos tubos do superaquecedor, faz-se a elevação de pressão da


caldeira (aquecimento inicial) de maneira lenta e gradativa, de modo que o calor da chama seja
distribuído uniformemente por toda a extensão da fornalha e área do feixe tubular, bem como
por toda a estrutura da caldeira. É por essa razão que se mantém a caldeira acesa por um
determinado período de tempo, e outro para a caldeira apagada.

O aquecimento deverá ser controlado e lento, respeitando-se a curva


"temperatura X tempo" do fabricante.

É comum adotar-se um período de cinco minutos com a caldeira acesa, para cada vinte
2
minutos de caldeira apagada, quando a caldeira vaporizar e atingir 2 Kg/cm de pressão, o
suspiro do tubulão deve ser fechado. Este procedimento é mantido até a caldeira atingir a
2 2
pressão de 10 Kg/cm . A partir desse instante, costuma-se elevar a pressão de 5 Kg/cm a
cada trinta minutos até a caldeira atingir 50% da pressão de trabalho, ou seja, 30 Kg/cm2.

Para cada novo acendimento (ignição), o registro de ar do queimador base deve ser
aberto por um período de cinco minutos para a ventilação da fornalha, e expulsão dos gases
inflamáveis remanescentes da combustão anterior.

2 − Os "dampers" de by-pass do aquecedor de ar devem ser abertos durante fase de


acendimento, a fim de evitar acúmulo de fuligem devido à má combustão durante a fase de
acendimento.

3 − Ter bastante atenção com o nível de água na caldeira. Em caso de dúvida, ensaiar
drenagens e comunicação dos indicadores de nível (local e remoto).

Nunca manter a caldeira acesa com falsa indicação de nível de água.

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4 − Durante o acendimento, o nível da água subirá no tubulão superior devido à
expansão. Se a indicação ultrapassar o topo do visor, haverá necessidade de se fazer uma
extração de superfície na caldeira para baixar o nível, até que este seja visível novamente no
indicador;

5 − Deve ser mantida adequada a combustão. Assim a emissão de fumaça na chaminé


será um leve penacho marrom, e a chama no queimador será amarelo-claro com a
extremidade amarelo-laranja.

Se houver insuficiência de ar para a combustão, a fumaça na saída da chaminé será


preta, e a chama no queimador terá a cor vermelha ou preta. No caso de excesso de
ar, a fumaça na saída da chaminé será branca ou cinza, e a chama no queimador
será um amarelo luminoso acompanhado de fagulhas na extremidade.

6 − Atenção para quando for preciso variar o regime de combustão. Por exemplo: caso
seja necessário um aumento na pressão de óleo combustível, para se evitar a presença de
fumaça preta na chaminé, primeiro aumenta-se a vazão de ar antes de se aumentar a vazão
de óleo combustível. Analogicamente, para uma redução de carga, primeiro diminui-se a vazão
de óleo e, depois, a vazão de ar.

7 − Caso ocorra a atomização deficiente (cone da chama imperfeito) deve-se observar:

a − funcionamento incorreto do atomizador (o mesmo deve ser substituído);

b − pressão de óleo combustível muito baixa (ajustar através da válvula de recirculação


do coletor de óleo para os queimadores);

c − variações excessivas na vazão de ar (ajuste local no registro de ar, ou pelo controle


manual remoto do centro de controle).

4.1.3 Preparação para comunicar a caldeira

1 − A circulação de água salgada para os condensadores e resfriadores de dreno, deve


estar comunicada, a fim de evitar o aquecimento de um destes aparelhos, em caso de falha na
vedação de alguma válvula do sistema de vapor.

2 − A bomba de dreno que aspira condensado do tanque de drenagem atmosférico deve


estar funcionando, com todas as manobras de válvulas do sistema de água destilada, feitas
para o enchimento do tanque aquecedor desarejador.

3 − Preparar manobras de válvulas para aspiração e descarga da bomba de alimentação


principal (lado da água). A válvula de recirculação da bomba deve ser aberta, e a válvula raiz
de alimentação principal na entrada do tubulão superior permanecerá fechada, porém as
válvulas intermediárias na entrada e saída da válvula de controle automático de alimentação
serão abertas. Essa válvula será controlada manualmente pelo centro de controle.

4 − Com a pressão da caldeira acima de 30 Kg/cm2, abrir as válvulas equalizadoras das


linhas de vapor superaquecido e dessuperaquecido. Esta operação tem a finalidade de
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permitir o pré-aquecimento das redes e a dilatação uniforme em todo o sistema, evitando,
assim, que ocorram choques térmicos (martelo hidráulico) durante a comunicação das válvulas
principais dos sistemas. Essas válvulas também são chamadas de válvulas raiz.

5 − Com a pressão de vapor próximo à de regime de trabalho, ou seja, com


2
aproximadamente 50 Kg/cm , o sistema de vapor dessuperaquecido deve ser comunicado,
abrindo-se lentamente a válvula de comunicação principal (válvula raiz).

6 − Já com o sistema de vapor dessuperaquecido na linha, pode-se, então, comunicar o


sistema de vapor para o dessuperaquecedor externo, a fim de que se tenha vapor para o
aquecimento do tanque de serviço de óleo combustível pesado (fuel oil), aquecedores de óleo
combustível, e tanque aquecedor desarejador.
Como já está havendo consumo de vapor, o sistema de alimentação deverá estar pronto;
então deve ser dada a partida na turbobomba de alimentação principal, controlando
manualmente o nível de água da caldeira. Com isto, a proteção do superaquecedor pode ser
fechada.

4 . 1. 3. 1 Pre pa rar p a ra Quei ma c om Óle o C om bus tív el Pe sa do

1 − Preparar um maçarico com pulverizador AS-17 para substituição do maçarico de


acendimento com pulverizador AS-11 no queimador base.
2 − Apagar momentaneamente a caldeira, tendo-se o cuidado de fechar o macho de
interceptação manual de óleo no coletor, e efetuar a troca do sistema de óleo diesel para o
sistema de óleo combustível pesado (fuel oil), já circulando pelo aquecedor.
3 − Após o óleo atingir a temperatura de queima (cerca de 110°C), e já com o maçarico
substituído, efetuar o acendimento da caldeira, procedendo de maneira idêntica ao
acendimento feito com óleo diesel.
2
4 − Com a pressão da caldeira a 60 Kg/cm , comunicar o sistema do vapor
superaquecido, abrindo-se lentamente a válvula de comunicação principal (válvula raiz).
5 − Preparar o turbogerador, pôr em funcionamento e, após um período de aquecimento
(cerca de 10 minutos com 800 rpm), elevar a rotação para 1200 rpm e colocá-lo no
barramento, em paralelo com o diesel gerador de emergência (reserva);
6 − Efetuar a troca do controle de queima e da água de alimentação para o controle
automático.
7 − Fechar todos os drenos do superaquecedor e das linhas de vapor.
8 − Por em operação os destiladores e demais equipamentos auxiliares.
9 − Após um período de observação, e constatando-se o funcionamento normal da
instalação, retirar do barramento o diesel gerador de emergência.

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No Funcionamento da Caldeira, lembre-se sempre:
1 − Quando a pressão estiver próxima à pressão de trabalho, evita-se o "golpe de
aríete" (martelo hidráulico), abrindo-se lentamente a válvula de saída de vapor ou
distribuidor.
2 − Observar constantemente os manômetros do óleo, vapor e ar.
3 − Observar constantemente a temperatura do óleo.
4 − Dá-se descarga de fundo conforme recomendação do tratamento de água.
5 − Fazer as anotações referentes aos equipamentos e acessórios, e observa-se o
seu funcionamento com atenção.
6 − Inspecionar vazamentos ou possíveis obstruções que possam existir no sistema
de alimentação de água, ar ou combustíveis;
7 − Fazer o controle de tiragem de CO da combustão.
8 − Controlar a mistura combustível / comburente, evitando a formação de fumaça
branca (excesso de óleo).

Nessas condições, com a planta de vapor em pleno funcionamento, passamos a


considerar o navio na situação de "navio aceso".

Tarefa 4.1

Quais são os cuidados que se deve ter com a “válvula de proteção” do superaquecedor de uma
caldeira, durante a fase de acendimento?

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4 . 2 C AU S AS E C O N S E Q Ü Ê N C I A S D O AR R AS T A M E N T O ( P R O J E Ç Ã O )

A projeção ou arrastamento representa uma condição de transporte da água e suas


impurezas minerais pelo vapor destinado à seção pós-caldeira. Tal fenômeno ocorre em
caldeiras que operam nas mais diversas pressões. O arraste influi diretamente na pureza do
vapor.

4.2.1 Causas

As causas do arraste podem ser mecânicas ou químicas.

As mecânicas são devidas a danos nos aparelhos separadores de vapor, flutuações


repentinas e excessivas de cargas e operação em níveis superiores ao projetado, entre outras.

As químicas são devidas à presença excessiva de sólidos dissolvidos ou em suspensão


(matérias orgânicas em suspensão na água como: óleo, graxas, etc.), sílica ou alcalinidade.

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C AD 01
Você sabia?

O arraste volátil da sílica (SiO2) inicia a volatilidade a pressão de trabalho superior


2
a 35 Kgf/cm , e que acompanha a água no seu estado de vapor, podendo ser
arrastado para as turbinas (causando desbalanceamento) e para os tubos do
superaquecedor (causando precipitação e incrustação).

4.2.2 Mecanismo (tipos de ar raste)

O arraste, na realidade, engloba três fenômenos paralelos e simultâneos:




formação de espuma;


arraste propriamente dito;




arrebatamento da água pelo vapor.

Um nível muito alto na caldeira pode causar arraste de água por meio do vapor. No
instante em que a bolha de vapor formada se rompe, leva consigo parte da água e as
impurezas nela contidas. Um superaquecimento da água, ou a abertura brusca de uma válvula
com retirada de grande quantidade de vapor provoca uma queda de pressão acima da água,

ocorrendo em decorrência uma ebulição violenta e tumultuosa, com arraste de água e suas
impurezas, responsáveis pela formação de depósitos nas linhas de vapor.

O arrebatamento de água pelo vapor é de grande gravidade, principalmente quando o


vapor gerado é destinado à produção de energia, devido aos choques térmicos nos
aquecedores e choques mecânicos nas turbinas.

4.2.3 Conseqüências

São estas as principais conseqüências do arraste:




danos nas turbinas;




manutenção cara;


formação de depósitos nos separadores e válvulas de redução;




formação de depósitos no aparelho separador de vapor;




formação de depósitos na seção pós-caldeira;




produtos danificados;


perda de produção.

Cuidado especial: Na operação de sistemas em que exista a possibilidade de


arraste de líquido para os queimadores, o cuidado especial deve ser tomado. Este
arraste provoca um apagamento momentâneo dos queimadores com grande
possibilidade de reignição e explosão.

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4.2.4 Contr ole do arraste

Como vimos, o arraste pode ser devido a condições mecânicas ou químicas.

O primeiro não pode ser corrigido por tratamentos químicos. O arraste devido a
condições químicas pode ser minimizado com o uso de antiespumantes, aliado a descargas
regulares de lama (extrações), evitando a sua deposição nos tubos da caldeira e assegurando,
portanto, um funcionamento seguro e perfeito da unidade.

As descargas regulam os sólidos totais, alcalinidade, sílica e sólidos suspensos em


níveis toleráveis, não prejudiciais à operação.

As contaminações oleosas porventura presentes na água da caldeira são responsáveis


pela formação de espuma e arraste. Devendo, portanto, ser evitadas.

Tarefa 4.2

Quais são os inconvenientes que causam um arraste químico?

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4.3 A RE S IS TÊ NCI A TÉ RM ICA COM O F AT O R DE QUEDA DE


R E N D I M E N T O N AS C AL D E I R A S

Para um bom desempenho na absorção de calor é necessário que ocorra uma adequada
circulação de água e vapor através dos tubos que compõem o circuito de geração de vapor
(caldeira).

Figura 4.1 – Diagrama de circuito simples de circulação natural.

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Uma caldeira é projetada para superar qualquer variação brusca de carga, variação na
absorção de calor, etc., com a finalidade de manter a circulação num sentido (do circuito
descendente para o circuito ascendente). Havendo o crescimento da taxa da perda de carga
superior ao do aumento da perda de carga, esta pode ser decorrente da formação acentuada
de incrustação/depósitos no interior dos tubos que, somados à variação de carga, uso
operacional, etc. poderão oferecer certo grau de resistência ao fluxo, o que comprometeria
seriamente a circulação, com conseqüências desagradáveis.

As incrustações são depósitos nas superfícies internas da caldeira formados


principalmente por carbonato de cálcio, silicato de cálcio ou magnésio, silicatos complexos
contendo ferro, alumínio, cálcio e sódio, borras de fosfato de cálcio ou magnésio e óxidos de
ferro não protetores. Os sais de cálcio e magnésio, que são os principais formadores de
depósitos (duros e aderentes), têm a solubilidade diminuída com elevação da temperatura,
precipitando-se facilmente nas superfícies metálicas.

Ocorrem geralmente na seção pós-caldeira e caldeira (tubos) de sistemas operando a


baixa e media pressões. Em sistemas operando a pressões muito altas, ocorrem geralmente
na caldeira (tubos).

Os depósitos são responsáveis por inúmeros problemas em geradores de vapor,


dentre eles o aumento do consumo de combustível, pois os depósitos de baixa
condutividade térmica e elevada espessura, provocam uma baixa transferência de
calor. Assim, atuam como um isolante térmico, aumentando consideravelmente, o
consumo de combustível para a mesma produção de vapor, onerando
excessivamente o custo do vapor.

Quanto maior a temperatura de operação de uma caldeira, menor tolerância aos


depósitos ela oferece. Conseqüentemente, a presença de depósitos, além de retardar a troca
de calor, pode romper os tubos de metal da caldeira, promover perda de resistência mecânica
e deformações, devido ao seu superaquecimento, além de restringir a área do fluxo de
escoamento na linha e possíveis obstruções nas válvulas, resultando em perdas e reposições
caras.

Figura 4.2 – Incrustação / depósitos.

172
Figura 4.3 – Incrustação / depósitos.

A formação, causas e tipos destes depósitos serão estudados mais detalhadamente no


Capitulo 6 - Tratamento d'água de Caldeiras.

4 . 4 O P E R AÇ Ã O D E U M S I S T E M A C O M O M Í N I M O D E D U AS C AL D E I R AS

Tomaremos como base de nossos estudos o procedimento das instalações do VLCC do


tipo "Cairu". Nestes, o vapor superaquecido sai da caldeira à pressão de 61 Kg/cm2 e 515°C.

4 . 4 . 1 Ac e n d i m e n t o e c o m u n i c a ç ã o e s t a n d o u m a c a l d e i r a e m o p e r a ç ã o

A primeira caldeira está operando automaticamente com óleo combustível pesado


fornecido por uma bomba de queima de óleo combustível, e está suprindo vapor à praça de
máquinas para funcionamento dos sistemas de alimentação e do turbo gerador.

O vapor de auxílio e de purgação estão disponíveis para as válvulas da segunda


caldeira.

Deve-se antes da partida:

1 − verificar se há ar de controle e força elétrica no painel da caldeira;

2 − verificar se todas as células fotoelétricas estão limpas;

3 − verificar se o nível de água no indicador de nível está correto (1/3 do indicador de


nível);

4 − verificar se todas as válvulas relacionadas com os controles de nível da água de


alimentação estão posicionadas corretamente fechadas (válvulas de retenção de alimentação
principal e auxiliar);

5 − verificar se todos os queimadores estão fora dos registros;

6 − verificar se as válvulas de drenos de entrada e saída dos superaquecedores estão


abertas;

7 − verificar se as válvulas de suspiros de ar dos superaquecedores e do tubulão superior


estão abertas;

8 − verificar se todas as válvulas de manômetros e transmissores de pressão de vapor


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do tubulão, superaquecedor e dessuperaquecedor estão abertas;

9 − verificar se a válvula de agulha do controle do superaquecedor está aberta;

10 − verificar se as válvulas de interceptação do vapor principal e válvula de equilíbrio


estão fechadas;

11 − verificar se a válvula de interceptação da saída do dessuperaquecedor e válvula de


equilíbrio estão fechadas;

A válvula de interceptação do vapor principal deve ser deixada ligeiramente


aliviada para evitar que se tranque por expansão quando o vapor for gerado.

12 − dar partida no ventilador de tiragem forçada em baixa velocidade;

13 − dar partida no motor do pré-aquecedor de ar e abrir a válvula de ar para o motor de


emergência do pré-aquecedor;

14 − montar o pulverizador AS-17 e porca N-3M no maçarico e instalar no queimador

15 − abrir totalmente os dampers do duto de ar. Abrir o registro de ar do queimador base


para ventilar a fornalha cerca de 3 a 5 minutos;

16 − "by-passar" o detector de chama e desligar o registro de ar do queimador base;

17 − rearmar a válvula de fechamento rápido de emergência de óleo combustível;

18 − abrir totalmente a válvula de óleo combustível para o queimador base e acender


com tocha ou maçarico de ignição;

19 − manter pressão no coletor de óleo combustível de 7 a 10 Kg/cm2;


2
20 − com a pressão no tubulão de vapor de 5 Kg/cm , drenar os indicadores de nível,
fechar gradativamente os drenos das redes de vapor e suspiro do tubulão superior;
2
21 − pressão no tubulão de vapor de 20 Kg/cm - trocar pulverizador para o de uso
normal AS-22 e porca N-4M;
2
22 − com a pressão no tubulão de 35 Kg/cm - fechar todas as válvulas de dreno,
mantendo a proteção do superaquecedor aliviada;
2
23 − com 50 Kg/cm de pressão no tubulão, drenar o termostato do controle de água de
alimentação;

24 − com a pressão de trabalho no tubulão de vapor da caldeira cerca de 63 a 65 Kg/cm2


comunicar a rede de vapor dessuperaquecido da segunda caldeira em paralelo com a primeira,
procedendo da seguinte ordem:

a) Abrir a válvula de by-pass da válvula de comunicação do vapor dessuperaquecido,


drenar completamente a rede de saída e abrir vagarosamente a válvula principal e fechar a
válvula de by-pass;

174
b) abrir totalmente a válvula de comunicação do vapor dessuperaquecido;

c) fechar as válvulas de dreno destas redes;

d) verificar a temperatura do vapor superaquecido da caldeira que vai entrar em


operação e comparar com a outra, as temperaturas devem estar aproximadamente iguais;

e) manter as válvulas de drenos do vapor superaquecido abertas e abrir a válvula by-


pass da válvula de comunicação do vapor principal;

f) quando as válvulas de dreno estiverem livres de condensado, deve-se fechá-las até


estarem com aproximadamente uma volta de abertura;

g) abrir as válvulas de dreno dos turbo-geradores (Operação e parado);

h) abrir o vapor para a válvula de by-pass da válvula de comunicação do turbo gerador


(operação/parado);

i) abrir completamente as válvulas principais e fechar as válvulas de by-pass, drenos e


proteção do superaquecedor;

j) passar para automático os controles de combustão, alimentação das caldeiras e


temperatura do vapor superaquecido;

I) regular manualmente o registro de by-pass do lado do ar para que as médias das


temperaturas da descarga do gás do aquecedor e da admissão de ar dos queimadores estejam
acima de 77°C;

m) instalar em todos os queimadores maçaricos AS-22 com as porcas N-4M e ventilador


de tiragem forçada deve permanecer em baixa velocidade. Caldeira comunicada com pressão
e temperatura de regime normal de trabalho, 60 Kg/cm2 e 500°C à 515°C.

4.4.2 Par ada de uma das caldeir as

Para se efetuar a retirada de uma caldeira de operação, assim como no acendimento,


alguns cuidados e procedimentos devem ser observados, tendo em vista a segurança do
operador e da instalação. Entretanto, é importante que se mencione que poderá surgir outra
situação distinta quando se efetuar a retirada de uma caldeira de operação; ou seja, o navio
poderá estar com duas caldeiras em paralelo.

Em que consiste o procedimento de parada de uma das caldeiras.

1 − A primeira providência a ser tomada é a redução da carga do sistema, de


maneira que cada caldeira venha operar apenas com um maçarico. Com isto, ao se
retirar da linha a caldeira desejada, a caldeira que ficar em operação não sofrerá
uma elevação acentuada de carga, que exija um brusco aumento na produção de
vapor;

175
C AD 01
2 − Passa-se para o manual o controle de queima da caldeira a ser retirada do sistema,
apaga-se o maçarico e, simultaneamente, abre-se a proteção do superaquecedor para a
chaminé, e fecham-se as válvulas de comunicação principal dos sistemas de vapor
superaquecido e vapor dessuperaquecido.

3 − O vapor de purga para os maçaricos nos queimadores deve ser aberto


momentaneamente, para que seja feita a limpeza dos mesmos com vapor.

4 − O ventilador de tiragem forçada continua em operação, e o controle do nível da água


na caldeira passa a ser feito manualmente.

5 − Observar a temperatura do vapor superaquecido e, quando ela atingir o valor


aproximado de 360°C, a válvula de proteção do superaquecedor deve ser fechada. Isto
significa que a temperatura da fornalha baixou de maneira a não provocar mais danos neste

4 . 5 M AN U T E N Ç Õ E S AP L I C AD A S À S C AL D E I R AS D E AL T A P R E S S Ã O

4.5.1 Prejuízos à operação

Após análise da NR-13, Unidade 8 no item 13.3 (Inspeção de Segurança de Caldeiras


Estacionárias a Vapor), concluiremos que, a cada 18 meses, no máximo, haverá uma parada
programada do gerador de vapor para inspeção. Durante esta inspeção, certamente serão
revelados problemas em partes do equipamento, que merecerão reparo ou substituição. Assim,
é conveniente e economicamente viável ser considerado um período para manutenção
programada do gerador de vapor com a mesma freqüência das inspeções legais.

Através do acompanhamento do comportamento e parâmetros operacionais da


caldeira durante a campanha prévia à inspeção, será possível a detecção das
falhas, limitações e desgastes ocorridos no equipamento. De posse desses dados,
será feita a previsão da manutenção e materiais necessários à recuperação da
capacidade e eficiências originais da caldeira. Há partes do equipamento que são
de reparo praticamente obrigatório após uma campanha, mas poderão surgir
pontos específicos de manutenção não rotineiros.

Podem existir também casos excepcionais de manutenções não programadas fora do


prazo de inspeção para correção de pontos que estejam prejudicando a capacidade em
campanha.

Todas estas hipóteses, principalmente durante a parada programada, implicam ou


podem implicar redução ou parada da produção, dependendo da importância do vapor no
processo e da configuração dos sistemas de geração de vapor.

176
A parada programada de manutenção da caldeira é certamente um período muito
importante para a indústria não só sob o aspecto da redução ou da parada da
produção. O tempo e o custo envolvidos são significativos no custo operacional da
empresa, e são proporcionais à capacidade instalada de geração de vapor. Além
do fator custo na manutenção, sua realização de maneira eficiente será
fundamental para a continuidade operacional e funcionamento satisfatório e seguro
do equipamento. Estes últimos aspectos também são muito importantes na
competitividade da empresa, uma vez que o vapor gerado de maneira pouco
eficiente ou fora de especificação, pode gerar custos operacionais
desproporcionais ou produtos de qualidade inferior.

Concluímos que a manutenção programada da caldeira mais do que o cumprimento de


uma exigência legal é uma etapa crucial ao funcionamento do equipamento. É necessário
então o conhecimento técnico das principais necessidades e problemas do gerador de vapor,
para que sua manutenção satisfaça as condições de operação.

4.5.2 Liber ação par a manutenção

A parada da caldeira para manutenção pode ser considerada uma época bastante
oportuna para se fazer uma análise da qualidade da operação durante a última campanha. Em
função do estado dos diversos componentes, deve-se planejar os esforços para os dias
seguintes. Toda a próxima campanha poderá ser sensivelmente mais longa, eficiente e segura
se forem levados em consideração os vários indícios de operação insatisfatória que a caldeira
estiver apresentando no momento da parada.

Uma inspeção cuidadosa poderá mostrar se houve problemas de queima,


incidência de chama, fuligem e combustível não queimado no pré-aquecedor de ar,
corrosão interna, problemas com a qualidade da água, equipamentos com
vibração, depósitos em palhetas de turbinas, mancais avariados por falta de
lubrificação, etc.

Cada problema bem equacionado levará à mudança de procedimentos com o objetivo de


evitar os danos ao equipamento. É muito importante manter registros de inspeção e de
manutenção para se conhecer o grau adequado de intervenção. Por exemplo, turbinas dos
ventiladores que não apresentem vibração ou outra falha visível podem ser abertas a cada
cinco anos, enquanto que a caldeira por lei tem campanha limitada a um ano.

A liberação para manutenção poderá ser total ou parcial dependendo da caldeira sofrer
um rápido reparo ou permanecer parada vários dias para manutenção geral.

No primeiro caso, o objetivo é isolar a menor área possível para que se possa fazer o
reparo, ganhando etapas para um rápido retorno à operação. Exemplificando: se o problema
constatado for num dos bloqueios dos queimadores, não há necessidade de despressurização
do lado da água.

177
C AD 01
No segundo caso, a liberação para manutenção deverá ser precedida de alguns
cuidados de segurança:

1) Todo o sistema de combustível deverá ser despressurizado e raqueteado.

2) A caldeira deverá ser resfriada lentamente após a purga.

3) A caldeira deverá ser despressurizada e drenada.

4) A caldeira deverá ser isolada do restante do sistema.

5) Todas as válvulas que dão acesso a sistemas pressurizados, deverão ser


raqueteadas.

6) Todos os equipamentos elétricos deverão ser desenergizados e as respectivas chaves


etiquetadas com aviso de perigo.

A manutenção geral deverá obedecer a uma lista de serviços previamente elaborada


pelos órgãos de operação, projetos, manutenção e inspeção. A lista original sofrerá revisões à
medida que os vários componentes da caldeira forem sendo examinados durante a parada. A
elaboração bem cuidada da lista de serviços permite que se possa indicar a duração de cada
tarefa e necessidade de mão-de-obra por especialidade, gerando, assim, uma seqüência de
tarefas com ordem adequada e permitindo executar os serviços a custo e tempo mínimos.

4 . 5 . 3 Ac e i t a ç ã o p ó s - m a n u t e n ç ã o

Concluídos os reparos previstos na lista de serviços, a caldeira deverá ser submetida a


uma série de testes, inspeções e ajustes antes de retomar à operação. Muitos de seus
sistemas provavelmente foram desmontados, reparados e posteriormente remontados. A
semelhança de um automóvel durante uma revisão, pode ocorrer que um certo número de
peças sejam substituídas e um ajuste preliminar é feito ainda na bancada da oficina para
depois com o funcionamento de cada seção serem feitos ajustes pré-definitivos ainda em
oficina e o ajuste final já com o veículo sendo movimentado. Analogamente, pode-se dizer que,
numa caldeira após manutenção geral, vários ajustes já foram feitos quando da montagem das
diversas secções e vários outros deverão ser feitos até que volte a produzir vapor
normalmente.

Para informações sobre os testes a serem efetuados, consultar o item 4.7.

4.6 P OS SÍV EI S DE FEI TOS, S U AS C AU S A S E R E S P E C T I V AS


S OLU Ç ÕES

Neste tópico, para uma melhor compreensão do aluno, tomaremos como


exemplo as instalações do VLCC do tipo "Cairu". Lembramos que os
procedimentos podem variam de acordo com modelo do equipamento.

As mais variadas causas levam ao alarme e ao desarme da caldeira, algumas sendo


inevitáveis. Resta-nos então, a tentativa de contorno, mantendo a situação sobre controle.

178
É importante verificar que a caldeira que permaneceu na linha tenha capacidade de
suportar a carga do sistema. Caso a carga seja superior, o consumo deve ser reduzido para
uma margem satisfatória.

Essa decisão de redução imediata de carga deve ficar a cargo do operador, informando
rapidamente a todos os setores envolvidos. No caso de um FPSO (Unidade de produção de
petróleo offshore - Floating Production Storage Offloading), a redução pode ser na rpm das
turbobombas de carga, colocação do turbogerador de emergência com o turbogerador,
fechamento do aquecimento dos slops, e outro qualquer grande consumidor que venha a ser
instalado.

Seguem alguns exemplos:

4 . 6 . 1 Av a r i a d e u m v e n t i l a d o r d e t i r a g e m f o r ç a d a

Existe intercomunicação entre os dutos dos ventiladores. Após a parada do ventilador e


"trip" da caldeira, os dutos são rapidamente intercomunicados, o damper na descarga do
ventilador avariado fechado e a caldeira reacesa.

A manobra dos dampers é efetuada por acionamento remoto do C.C.M e a caldeira


reacesa no local.

4.6.2 Água no óleo combustível

Avaria que pode ser evitada com a condução adequada e rotina de drenagem dos
tanques de óleo combustível.

No caso de apagamento por água, resta o reacendimento com óleo diesel e dreno
insistente nos tanques até que possamos voltar a consumir fuel-oil. Durante o período que tiver
início a ocorrência de água no óleo combustível e durante a queima com óleo diesel, o
consumo de vapor deverá ser reduzido ao mínimo necessário, fins evitarmos o gasto do óleo
diesel.

4.6.3 Maçarico sujo

O maçarico sujo (bico do queimador carbonizado) é causado por queima prolongada em


baixa pressão provocando má pulverização e atomização deficiente do óleo, óleo combustível
contaminado com água, montagem incorreta do bico, etc.

Nestes casos, a solução é a troca do maçarico, não se esquecendo do "by-pass" do


sensor de chama do maçarico em questão. Caso a demanda seja maior, um queimador
adicional deve ser aceso, para compensar o apagamento e substituição do queimador com o
bico do maçarico sujo.

Cuidados maiores devem ser tomados em se tratando do maçarico-base, onde o erro


operacional provocará o "trip" da caldeira.

179
C AD 01
4.6.4 Cambação (tr oca) automática da bomba de queima

A cambação automática da bomba de queima pode ter ocorrido por falha da bomba ou
parte elétrica e a bomba reserva que entrou em funcionamento deverá assumir o serviço sem
maiores problemas para a caldeira (possível a saída de um ou outro maçarico devido a queda
brusca da pressão da bomba e da rede de queima).

Há casos em que a cambação foi causada pela baixa pressão de descarga ocasionada
pelo filtro de aspiração sujo. O filtro deve ser imediatamente cambado, a situação
restabelecida. Colocar a bomba parada em "Standby" e providenciar a limpeza do filtro.
Observar o período entre limpeza de filtros, para evitar a ocorrência de avarias causadas por
filtros sujos.

É importante uma rotina de limpeza, mesmo com a existência de filtros de


limpeza automática.

4.6.5 Fumaça excessiva

A fumaça branca indica excesso de ar e fumaça negra indica falta de ar para a


combustão.

Falhas dos sistemas de combustão seriam as mais fáceis de correção, contudo


citaremos alguns casos:

a) maçarico com as válvulas automáticas de óleo impropriamente abertas, com o damper


de ar fechado. Falha difícil, mas não custa verificar!

b) busca de um teor baixo no sistema de gás inerte. Na demanda por um teor baixo,
vamos reduzir cada vez mais o excesso de ar em busca de um baixo teor de O2 e não damos
conta da operação da caldeira;

c) cabos de controle dos dampers das ventilações presos ou partidos. Procuramos o


defeito sempre como sendo dos sistemas automáticos, contudo os mesmos acontecem com os
acionadores dos controles;

d) temperatura excessiva do óleo combustível provoca ligeira fumaça branca. O alerta é


feito, pois a maioria dos sistemas de alarme para caldeira só possuem alarme de temperatura
baixa do óleo combustível, sendo assim a temperatura alta não é detectada.

4.6.6 Nível de água da caldeir a anor mal por falha do equipamento de


controle

Oscilações e variações excessivas do nível provocadas por falha do sistema de controle.

Deve existir um adestramento dos operadores no controle manual do equipamento. A


passagem do controle de "Automático" para "Manual" e vice-versa deve ser feita de maneira
correta e o controle de nível de uma caldeira pelo manual deve ser admitida como algo apenas
que demanda atenção e exclusividade.

180
4.6.7 Falha do sistema de contr ole de combustão

Similar ao item anterior, a falha de controle de combustão, requer a mesma atenção e


exclusividade, especialmente num sistema com oscilações freqüentes de carga.

No primeiro momento o controle parece difícil, o operador deverá manter a calma e


eventual disparo da válvula de segurança do superaquecedor encarado como ocorrido.

4.6.8 Nível d'água anor mal por descontr ole da bomba de alimentação

O regulador da bomba de alimentação deve ser reajustado para cada carga da caldeira,
mantendo a pressão de descarga em 80 bar e a válvula de alimentação numa posição
adequada a carga.

Uma ocasional queda de nível pode ser facilmente reajustada com a regulagem da
pressão da bomba ou fechamento da válvula de recirculação da bomba de alimentação (caso a
carga da caldeira esteja adequada).

4 . 7 P R I N C I P AI S T E S T E S R E A L I Z AD O S D U R AN T E U M A I N S P E Ç Ã O N A
C AL D E I R A D E AL T A P R E S S Ã O

Da mesma forma que existe a lista de serviços para revisão da caldeira, é importante
haver um documento de controle das verificações, testes e ajustes realizados nesta fase. Para
referência, ver norma ABNT NB-55, que trata de Inspeção de Segurança de Caldeiras
Estacionárias Aquatubular e Flamatubular à Vapor.

Abordaremos a seguir uma seqüência-exemplo que deverá ser adaptada a cada caldeira
especificamente e a cada tipo de intervenção de manutenção efetuada. Fica claro que, se a
manutenção for parcial, a lista completa sempre poderá ser usada, restringindo-se apenas as
secções que interessarem.

1 − Inspeções internas:

À medida que os serviços de manutenção forem sendo executados, uma inspeção local
deve ser feita antes que o equipamento seja fechado. Exemplo:

a) pré-aquecedor de ar a vapor;

b) pré-aquecedor regenerativo;

c) duto de ar e duto de gases;

d) fornalha;

e) tubulão superior;

Deve ser observado se não ficaram restos de material ou andaimes dentro dos dutos,
"boiler-bank", fornalha e tubulões. Deve ser feita inspeção para verificar a correção da
montagem de cada item.

Paralelamente às inspeções internas, poderão ser iniciados os itens relativos às

181
C AD 01
inspeções externas. Em alguns casos elas são interdependentes, como veremos a seguir.

2 − Teste do sistema de ar de combustão:

Condicionar ventilador, acionador (es), pré-aquecedor (es) de ar, flaps e dutos.

3 − Teste de estanqueidade (lado do ar e gases):

É feito usando-se sinalizador fumígeno colorido, popularmente conhecido como granada


de fumaça. São dispositivos do tamanho aproximado de uma lata de cerveja que, ao serem
acionados, emitem uma fumaça colorida intensa, por um tempo determinado. Dependendo do
tamanho da caldeira são usados uma ou duas unidades. O ventilador deverá estar operando
com vazão baixa e os "flaps" e "dampers" ajustados para produzir pressão positiva no interior
de toda a caldeira.

As granadas são posicionadas de modo que o fluxo de ar "colorido" percorra todo o


trecho a ser testado. Por exemplo, pode-se usar um dispositivo na sucção do ventilador e outro
dentro da câmara de combustão. Dessa forma, eventuais defeitos de estanqueidade são
observados pelo aparecimento da fumaça colorida do lado de fora. Os pontos são, então,
assinalados para reparo imediato. Repete-se o teste quantas vezes for necessário até uma
estanqueidade satisfatória.

4 − Teste de estanqueidade (lado da água):

A detecção de vazamentos e de insuficiência de resistência dos componentes sujeitos à


pressão é feita com testes hidrostáticos. A caldeira deverá estar cheia até o transbordamento
pelos vent's do tubulão ou pelo "vent" que estiver Iocalizado no ponto mais alto. As válvulas de
segurança (PSV's) deverão estar grampeadas, já que a pressão de teste é superior ao valor de
abertura de projeto. O teste hidrostático deverá ser aplicado preferencialmente em toda a
região compreendida entre as raquetes inicialmente instaladas no início da manutenção. A
pressão de teste é definida pelo fabricante e a sua obrigatoriedade ocorre sempre que reparos
forem feitos em partes pressurizadas.

Após o teste hidrostático, a caldeira deverá ser acesa para teste das válvulas
de segurança. Este teste é obrigatório por lei e deve ser repetido pelo menos
a cada manutenção anual.

5 − Condicionamento de queimadores:

Verificar se não há emperramento e se os ajustes de ar primário e secundário estão


funcionando bem. Verificar o posicionamento dos bicos e sua centralização em relação ao
cones dos queimadores. Lembrar que uma operação econômica depende muito do conjunto de
queimadores funcionar bem e toda atenção deve ser dada aos mínimos detalhes de sua
montagem.

6 − Calibração de todos os instrumentos locais e remotos;

7 − Teste e ajuste de todo o intertravamento e sinalização;

8 − Verificação de funcionamento de todas as válvulas de controle;


182
9 − Teste de estanqueidade de todas as válvulas de bloqueio:

As válvulas mais críticas devem ser testadas em bancada antes da montagem no campo.

10 − Condicionamento do sistema de combustíveis;

11 − Condicionamento do sistema de água de alimentação:

Testar bombas de água de reposição, desaeradores, bombas de água de alimentação,


proteções, instrumentação e intertravamento.

12 − Condicionamento do sistema de produtos químicos;

13 − Condicionamento dos sistemas de ar de instrumentos e serviço;

14 − Condicionamento dos sistemas elétricos CC e CA de força, luz e controle;

15 − Condicionamento do sistema de iluminação normal e de emergência;

16 − Condicionamento do sistema de comunicação:

A rigor este item não fica atrelado à manutenção da caldeira por ser de uso contínuo
mesmo durante parada. Fica, porém, registrado para verificação, se houver sofrido reparos ou
modificações.

17 − Condicionamento do sistema coletor de vapor e condensado:

Promover o aquecimento, drenagem e purga do ar das tubulações de vapor e


condensado provenientes da caldeira que vai entrar em operação. Verificar a situação dos
purgadores de vapor.

18 − Teste das válvulas de segurança (PSV's):

É feito com a caldeira acesa, porém antes de entrar em operação.

Em muitos casos, torna-se até mais prático executar os testes de válvulas de segurança
logo após a caldeira ter saído de operação. Assim, se houver necessidade de remover a PSV
para reparos em oficina, isto pode ser feito durante a parada sem comprometer a sua duração.
Estes testes devem ser feitos com pessoal especializado e os valores de abertura, fechamento,
número de aberturas, etc, devem ficar documentados.

Todas as PSV's, exceto a que estiver sendo testada, deverão permanecer grampeadas
de forma que não possam abrir. A saída de vapor da caldeira deverá estar bloqueada e a
elevação de pressão feita com o acendimento de um ou dois queimadores. A proteção do
superaquecedor deverá ficar aberta para evitar danos aos tubos.

Concluídos os testes e ajustes, a caldeira entrará em fase de partida, conforme descrito


no item 4.1.

4 . 8 M AN D R I L AM E N T O

A mandrilagem é a operação de expansão dos tubos junto aos furos dos espelhos da
caldeira. A expansão é feita, portanto, nas extremidades dos tubos por meio de um
183
C AD 01
dispositivo cônico chamado mandril e que gira em tomo de seu eixo axial. Através da
mandrilagem os tubos ficam ancorados, com estanqueidade devida, nos espelhos das
caldeiras flamatubulares ou nas paredes do tubulão das caldeiras aquatubulares.

A estanqueidade pode ficar comprometida, se, no momento da mandrilagem, houver


corpos estranhos na superfície externa da extremidade dos tubos ou nas paredes dos furos.
Problemas podem também ocorrer se o processo de mandrilagem não for bem controlado,
promovendo aparecimento de trincas nos espelhos (entre furos) e/ou nos tubos.

Para melhorar a estanqueidade no processo de mandrilagem, é necessário empregar


chapas com espessura mínima de ¾ de polegada e a execução de grooves, que são sulcos
circulares nos furos. Esses sulcos são inteiramente ocupados pelo tubo após mandrilagem. Em
espessuras superiores a 2 polegadas, são geralmente executados dois grooves. Os sulcos
devem ser executados de modo que não apresentem arestas cortantes, pois podem cisalhar as
paredes do tubo, trazendo riscos adicionais.

A espessura de chapa do tubulão é superior na região dos orifícios de fixação dos tubos
mandrilados, para compensar o aumento de tensão provocada pela furação e pelo processo de
mandrilamento. Isto já não é tão freqüente no tubulão inferior (de água), por ser normalmente
de menor diâmetro e seu projeto exigir menor espessura de parede.

A mandrilagem pode ser feita manualmente ou com ferramenta pneumática.


Quando for necessário o remandrilamento por vazamento, ou a substituição de um
tubo, é recomendável que se efetue o serviço manualmente, para termos melhor
controle do processo. As vibrações e o excessivo esforço da mandriladora
pneumática podem causar danos á mandrilagem dos tubos vizinhos.

Durante a troca de um tubo, devemos verificar a compatibilidade entre o diâmetro externo


do tubo novo e o interno do furo no tubulão. Um tubulão que tenha sofrido excessivas
mandrilagens pode apresentar alargamento do furo em tal proporção ou, encruamento do
material periférico ao furo, que dificulte a fixação e vedação do tubo novo.

As mandrilagens devem ser atentamente inspecionadas, pois vazamentos em operação


podem resultar na concentração de contaminantes da água nas frestas e induzir a falha do
conjunto. No caso de contaminantes cáusticos, podemos ter danos na parede do tubulão
causadas por corrosão sobtensão.

Vazamentos classificados como lagrimejantes, "choro de criança", não devem ser


considerados perigosos, conseqüentemente necessitando mandrilagem.

O que diz a NR-13 (Caldeiras e Vasos de Pressão) sobre o assunto?

13.4.30 "Projeto de Alteração ou Reparo" deve:

a) ser concebido ou aprovado por "Profissional Habilitado", citado no subitem 13.1.2;

b) determinar materiais, procedimentos de execução, controle de qualidade e qualificação de pessoal.

O Projeto de Alteração e Reparo pode ser concebido por firma especializada desde que ela esteja registrada no
CREA e disponha de um responsável técnico legalmente habilitado.

184
Reparos ou alterações que envolvam as especialidades de eletricidade, eletrônica ou química deverão ser
concebidos e assinados por profissionais habilitados para cada campo especifico. Independente desta
necessidade, todo "Projeto de alteração e Reparo" deverá ser assinado por "Profissional Habilitado".

13.4.4 Todas as intervenções que exijam mandrilamento ou soldagem em partes que operem sob pressão devem
ser seguidas de teste hidrostático, com características definidas pelo "Profissional Habilitado", citado no subitem
13.1.2.

4 . 9 P R O P Ó S I T O S D AS E X T R AÇ Õ E S D E S U P E R F Í C I E E D E F U N D O ( P U R G A)

Visa à produção de vapor puro e à proteção da caldeira. São operações realizadas


durante a geração de vapor, podendo ser efetuadas pelo tubulão superior (extração de
superfície) ou pelo tubulão inferior (extração de fundo) com as seguintes finalidades:

Extrações de superfície: têm por objetivo manter a concentração de sólidos em




suspensão e dissolvidos (sais dissolvidos), gerados pela reação entre sais de cálcio e
magnésio e produtos químicos de tratamento de água, dentro dos limites permitidos

Extrações de fundo: têm por objetivo eliminar os sólidos precipitados que se




acumulam nas partes inferiores da caldeira (sólidos de densidade elevada). Esses


precipitados são gerados pelo tratamento da água caldeira baseado nas adições de
produtos químicos para facilitar a extração do produto gerado (lama de tratamento) e
manter o meio alcalino.

CUIDADO!
Esta é uma operação extremamente delicada, que pode, se mal realizada, causar
danos aos equipamentos. Quando do momento de abertura da válvula de extração
de fundo o equilíbrio de pressões líquido-vapor d'água no interior dos tubos é
desfeito, podendo esvaziar alguns dos tubos de água e provocar elevações nas
temperaturas das paredes de tubos. Mesmo instantâneas, estas temperaturas
elevadas podem estar acima dos limites de resistência do material dos tubos,
havendo possibilidade de rompimento.
Na utilização de água potável em substituição à água destilada, as operações
de extrações de fundo e superfície tornam-se mais necessárias.

Consider ações Finais

Você na Unidade 5 continuará estudando sobre “Operações das Caldeiras”. Nesta


Unidade, no entanto, a abordagem é sobre as falhas durante a operação das caldeiras e as
providências que devem ser tomadas.

Boa aprendizagem!

185
C AD 01
T e s t e d e Au t o - A v a l i a ç ã o d a U n i d a d e 4

I) Responda as perguntas abaixo:

4.1) Qual é a função dos controles automáticos?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.2) Qual é a função dos operadores e técnicos de caldeiras?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.3) Durante a alimentação da caldeira que cuidado deve ser tomado quanto ao nível da água?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.4) Na fase de acendimento, qual o cuidado que devemos ter com o superaquecedor da
caldeira? Por quê?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.5) Se durante o acendimento, devido à expansão da água, o nível de indicação no tubulão


superior ultrapassar o topo do visor, qual a providência a ser tomada?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.6) Por que razão, durante a fase de comunicação entre duas caldeiras, as “válvulas
equalizadoras” das linhas de vapor superaquecido e dessuperaquecido, devem ser abertas?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.7) O que é mandrilagem?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.8) Como o arraste pode ser controlado?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.9) Como o arrastamento é também denominado?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
186
II) Cite:

4.10) As causas do arraste.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.11) Exemplo de danos causados pelo arraste volátil da sílica.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.12) Quatro conseqüências do arraste.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
4.13) Quatro defeitos que possam ocorrer durante a operação de uma caldeira.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4.14) Cinco testes realizados durante a inspeção de uma caldeira de alta pressão.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Chave de Respostas das Tarefas e do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 4

Teste de Auto-Avaliação

I)

4.1) Manter as variáveis de processo (pressão, temperatura, nível, etc.) de geração de vapor,
dentro das faixas recomendadas.

4.2) Cabe a eles a supervisão geral dos controles automáticos, de maneira que a operação da
caldeira seja “ótima” e com segurança evitando interrupções e não contornando situações de
emergência.

4.3) Deve-se observar atentamente a altura do nível da água nos indicadores de nível (LG),
efetuando-se drenagem para assegurar uma indicação correta.

4.4) Ocorre que, nesta fase, os tubos da caldeira estão todos cheios de água e os tubos do
superaquecedor estão recebendo calor sem circulação de vapor neles, internamente. Então, é
necessário que o aquecimento inicial seja feito de maneira lenta e gradativa, de modo que o
calor seja distribuído uniformemente por toda extensão da fornalha e por toda a estrutura da
caldeira.

4.5) Haverá necessidade de se efetuar uma extração de superfície na caldeira, a fim de baixar
o nível da mesma até que este seja visível novamente no indicador.
187
C AD 01
Kgf
4.6) No ato da comunicação, com a pressão da caldeira que foi acesa, acima de 30 , as
cm 2
“válvulas equalizadoras” devem ser abertas. Isso é feito com a finalidade de permitir o pré-
aquecimento das redes e a dilatação uniforme de todo o sistema, evitando assim que ocorram
choques térmicos (martelo hidráulico).

4.7) A mandrilagem é a operação de expansão dos tubos junto aos furos dos espelhos da
caldeira. A expansão é feita nas extremidades dos tubos por meio de um dispositivo cônico,
chamado mandril e que gira em torno do seu eixo axial.

4.8) O arraste pode ser devido a condições mecânicas ou químicas. O arraste devido a
condições mecânicas não pode ser corrigido por tratamentos químicos.

O arraste devido a condições químicas pode ser minimizado com o uso de antiespumantes,
aliado a descarga regulares de lama (extrações).

4.9) Projeção.

II)

4.10) Mecânicas ou químicas.

4.11) O arraste volátil da sílica (Si O2) acompanha a água no seu estado de vapor e pode ser
arrastado para as turbinas causando desbalanceamento e para os tubos do superaquecedor,
causando precipitação e incrustação.

4.12) Danos nas turbinas; oneração na manutenção; formação de depósitos na seção pós-
caldeira; perda de produção.

4.13) Avaria de um ventilador de tiragem forçada; água no óleo combustível; maçarico sujo;
fumaça excessiva.

4.14) Teste do sistema de ar de combustão; teste de estanqueidade (lado do ar e gases); teste


de estanqueidade (lado da água); testes das válvulas de segurança; teste de estanqueidade de
todas as válvulas de bloqueio.

Tarefas

4.1 Durante o período de acendimento, a “válvula de proteção” do superaquecedor deve ficar


aberta até a caldeira ser alinhada, quando já existirá um fluxo interno de vapor que ajuda a
“resfriar” os tubos do superaquecedor, mantendo-os dentro de uma faixa de temperatura
tolerável pelo material.

4.2 Presença excessiva de sólidos dissolvidos ou em suspensão na água, tais como: o óleo,
graxa, sílica etc.

Não desanime. Mantenha o entusiasmo e siga para a


unidade 5 que versa sobre os cuidados durante a
operação da caldeira.

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