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U N I D AD E 6

T R A T AM E N T O D ’ ÁG U A E M A N U T E N Ç ÃO

Nesta unidade, você vai:

Descrever sobre os testes diários da água da caldeira.

Especificar sobre os contaminantes indesejáveis.

Descrever sobre as impurezas na água de alimentação.

Nesta Unidade você vai aprender quais são as impurezas que podem ter acesso à água
de alimentação de uma caldeira, como evitar tal acesso e quais os tratamentos que a água,
cotidianamente, deve receber.

Mantenha o entusiasmo!

A caldeira é o coração de uma planta geradora de vapor e é altamente sensível a


problemas operacionais... É particularmente importante entender perfeitamente os princípios de
circulação e transferência de calor por causa das disputas que muitas vezes surgem na
tentativa de se determinar se uma falha na tubulação da caldeira ocorreu por causa de
tratamento inadequado de água ou de defeitos no projeto da caldeira.
A presença de impurezas na água de alimentação de uma caldeira é motivo de
permanente preocupação, uma vez que tais impurezas afetam o rendimento e a segurança
dela.

V ocê sabia?

As impurezas prejudiciais que podem ter acesso ao interior das caldeiras através do
sistema de água de alimentação são:

a) sais;

b) fugas de óleo combustível;

c) fugas de óleo lubrificante;

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d) oxigênio dissolvido na água de alimentação que entra no sistema devido a fugas de ar
para o interior das partes que trabalham sob vácuo, isto é, em pressões abaixo da atmosfera,
como condensadores principais, turbinas de baixa pressão e bombas de ar. Além disso, o ar é
absorvido pela água de alimentação, quando ela está exposta à atmosfera, conforme ocorre
através dos respiros dos tanques de reserva de alimentação e tanques abertos de alimentação
e filtragem, bem como através dos drenos abertos;

e) produtos da corrosão das canalizações, tanques de alimentação; e máquinas. A


maioria das vezes sob a forma de óxido de ferro (Fe2O3 ou ferrugem);

f) excesso de composição desincrustante, usada no tratamento químico da água de


alimentação, se este tratamento for mal feito.

Os sais são os maiores causadores de distúrbios nas caldeiras e podem provocar:

I - formação de incrustações;

II - corrosão ácida;

III - formação de projeção.

6 . 1 I M P U R E Z AS N A Á G U A D E AL I M E N T AÇ Ã O E S U AS C O N S E Q U Ê N C I AS

As impurezas presentes na água de alimentação reduzem o rendimento e afetam a


segurança. Há muitas fontes de impurezas. Por essa razão o pessoal deve estar atento e
prevenido contra qualquer fonte de contaminação da água de alimentação.

As impurezas provocam depósitos de lama, corrosões e espuma. O inimigo número um


da caldeira é o sal. Alguns sais causam mais danos do que outros e, sobre isso, daremos uma
breve explicação no decorrer do nosso estudo.

6.1.1 Contaminação por água do mar

Este acidente pode ocorrer principalmente em sistemas, onde os trocadores de calor são
resfriados com água do mar. Estes equipamentos apresentando vazamentos no feixe tubular
contaminam a água de alimentação que é enviada a caldeira.

A água do mar apresenta elevadas concentrações de MgCI2 e CaCI2 que presentes em


águas de caldeiras podem muitas vezes serem responsáveis pelas corrosões existentes, assim
como depósitos. Em concentrações elevadas, os cloretos podem migrar para debaixo de
depósitos ou locais onde há a camada protetora de magnetita.

Podemos observar pelas reações anteriores que o processo é contínuo (cíclico),


acarretando grandes alvéolos e pites nas caldeiras. A alcalinidade da água da caldeira diminui.

6.1.1.1 Água do Mar

As infiltrações da água do mar trazem, como conseqüência, uma contaminação


progressiva da água da caldeira, por causa do aumento da concentração de sais na mesma,
resultante do resíduo da vaporização. Além disso, até mesmo quando a água de alimentação
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está dentro dos limites de impurezas permitidos, a concentração dos sais no interior da caldeira
aumenta proporcionalmente ao débito do vapor. Uma amostra média de água do mar contém,
em equivalentes por milhão (epm), os seguintes sais:

Sal Concentração (PPM)

Sódio (Na) 10500

Magnésio (Mg) 1250

Cálcio (Ca) 400

Potássio (K) 350

Estrôncio (Sr) 14

Cloreto (Cl) 19000

Sulfato (SO4) 2700

Bicarbonato (HCO3) 140

Brometo (Br) 70

Sílica (SiO2) 10

Se os íons apresentados acima se combinassem formando compostos, a análise seria


aproximadamente a seguinte:

Composto Concentração (PPM)

Cloreto de Sódio (NaCl) 26680

Cloreto de Potássio (KCl) 1220

Brometo de Potássio (KBr) 180

Cloreto de Magnésio (MgCl2) 820

Sulfato de Magnésio (MgSO4) 3380

Cloreto de Cálcio (CaCl2) 910

Bicarbonato de Cálcio Ca(HCO3)2 380

C l o r e t o d e s ó d i o , comumente chamado de sal de cozinha é, comparativamente, o




menos prejudicial para o material da caldeira. Provoca, contudo, projeção (arrastamento de


água), que traz como conseqüência à formação de uma espessa incrustação no feixe tubular
do superaquecedor, válvulas de vapor e redes.

C l o r e t o d e m a g n é s i o , na água de alimentação, transforma-se em ácido clorídrico




(muriático), que ataca o tubulão da caldeira e a superfície dos tubos, causando corrosão ácida,
que se manifesta pelo aparecimento de bexigas nas superfícies onde age. O efeito desse ácido
pode ser controlado, tornando-se a água da caldeira levemente alcalina, com a composição
desincrustante. Esta composição também é aplicada para reduzir a tendência à projeção,
anteriormente mencionada.

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S u l f a t o s d e m a g n é s i o e c á l c i o ( s a i s d e d u r e z a ) se precipitam no Interior


da caldeira, formando uma camada endurecida nas partes mais quentes da caldeira, isto é, no
interior dos tubos mais próximos da fornalha. Quando esta camada alcança uma espessura
próxima de uma casca de ovo, a água no interior do tubo não pode receber e transmitir o calor
da superfície metálica, com uma rapidez suficiente para manter a sua temperatura abaixo da
temperatura de fusão, resultando na queima dos tubos. A composição desincrustante é usada
para evitar a formação desta incrustação. E, a retirada desta incrustação por meio de
ferramentas mecânicas deve ser freqüente.

C a r b o n a t o d e c á l c i o tem a aparência de giz. É inofensivo aos metais da caldeira,




a menos que se concentre nos espaços mortos da caldeira, formando o ácido carbônico
(H2C03) causando assim, uma corrosão ácida. Isso pode ser evitado:

a) pelo projeto correto da caldeira, eliminando os espaços mortos;

b) pelo uso da composição desincrustante, que torna a água da caldeira levemente


alcalina.

6.1.2 Óleo combustível

As serpentinas de vapor para o aquecimento dos tanques de óleo combustível ou


lubrificante, as hastes das bombas alternativas, as turbinas principais e auxiliares e os
aquecedores de óleo combustível, são pontos que exigem uma atenção constante a fim de
evitar a contaminação da água ou do vapor através de fugas de óleo combustível ou
lubrificante.

O óleo, presente na água da caldeira, causará espuma e projeção. Também formará uma
espuma fina, resistente ao calor, nas superfícies dos tubos, podendo provocar avaria nos
tubos, causada pelo superaquecimento.

O óleo aparece sob a forma de um anel oleoso, no interior do indicador de nível na altura
do nível d'água ou nos tanques de observação.

O óleo é controlado, inicialmente, pela inspeção cuidadosa dos drenos de água,


provenientes das serpentinas de vapor para aquecimento dos tanques de óleo combustível e
dispensando especial cuidado à lubrificação das máquinas, onde ele pode estar em contato
com o vapor e a água. O uso da composição desincrustante reduz a tendência do óleo
provocar formação de espuma.

Contudo, desde que a caldeira tenha sido contaminada pelo óleo, toda água dela deve
ser descarregada por meio de vapor. Depois, deve ser cheia com uma forte mistura de água
doce e solução desincrustante. A seguir, vaporiza-se a referida mistura durante dois ou três
dias, utilizando vapor de outra caldeira, por meio de conexões próprias ou de acessórios da
válvula de extração de fundo.

6.1.3 Mecanismo de formação de depósitos

Existem duas causas básicas de formação de depósitos em caldeiras:

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a) As temperaturas elevadas encontradas em geradores de vapor, que provocam a
precipitação de compostos cujas solubilidades são inversamente proporcionais à temperatura
da solução.

b) A concentração da água da caldeira, que faz com que certos compostos ultrapassem
sua solubilidade máxima a uma determinada temperatura, forçando a precipitação em áreas de
concentração mais elevada.

6.1.4 Tipos de materiais depositados

Existem três tipos de materiais, que podem formar depósitos em equipamentos geradores
de vapor, assim divididos:

a) Os produtos de corrosão sobre superfícies metálicas. Estes produtos podem ser


formados e permanecerem sobre superfícies metálicas e, eventualmente, tornarem-se bastante
espessos, ou podem ser removidos da superfície metálica sobre a qual foram formados, e
serem arrastados como sólidos em suspensão pelo condensado ou pela água de alimentação.
Estes produtos de corrosão podem se redepositar em outros locais. Óxidos de ferro e de cobre
formados sobre as superfícies de condensado e água de alimentação são arrastados para o
interior da caldeira, onde se verifica formação de depósitos.

Os produtos de corrosão podem também se soltar de superfícies de aço de caldeira e


serem transportados para outros pontos pela água em circulação. Quase todos os produtos de
corrosão são insolúveis na água da caldeira. Os produtos de corrosão insolúveis podem muitas
vezes ser encontrados no fundo do tubulão e de coletores, onde geralmente não constituem
um problema. Os produtos de corrosão podem se depositar nas superfícies da tubulação da
caldeira agindo como isolantes térmicos, com isto provocando o superaquecimento da
tubulação. Os depósitos de produtos de corrosão levam a formação de pontos de corrosão.

b) Sais de cálcio e magnésio podem formar depósitos denominados incrustações


(relativamente duros e aderentes). A formação de incrustações em caldeiras resulta de
crescimento localizado de cristais sobre o lado da água da superfície de transferência de calor
e é mais grave nas áreas do gerador de vapor em que ocorre máxima transferência de calor. A
formação de incrustações está geralmente associada com compostos, cujas solubilidades
decrescem com o aumento de temperatura.

As incrustações podem se formar nos geradores de vapor, quando a água de


alimentação da caldeira não for devidamente destilada ou quando vazamentos se desenvolvem
no condensado, contaminando a água de alimentação com sais de dureza.

c) Os depósitos de lama, relativamente mole e menos aderente, podem ser constituídos


de sólidos em suspensão formados pela reação entre sais de cálcio e magnésio e produtos
químicos de tratamento de água. Os depósitos podem ser formados, quando quantidades
excessivas de cálcio e magnésio penetrarem na caldeira ou quando a purga não tiver sido
eficiente na remoção de partículas em suspensão.

Os depósitos de lama são precipitados diretamente na água do gerador de vapor, quando


suas solubilidades são ultrapassadas.

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C AD 0 1
A deposição de lama ocorre após uma reação química, ou quando a
circulação de água permite ou em pontos quentes, onde pode "cozinhar"
sobre superfícies metálicas.

6.1.5 Pontos quentes localiz ados ou super aquecidos

Estes pontos podem, por várias razões, ser prejudiciais ao gerador de vapor. A formação
rápida de vapor da superfície de transferência de calor é um fator que contribui
substancialmente para a formação de incrustações. O acumulo de lama "cozida" ou de agentes
orgânicos carbonizados ou incrustações podem também ocorrer nestes pontos quentes. Estes
depósitos fazem com que a área se torne mais sensível à perda de transferência de calor e,
portanto, mais suscetível a danos resultantes de superaquecimento.

Podemos acrescentar a nossa demonstração anterior, que o contato direto da chama


com os tubos do gerador de vapor é uma das principais causas do surgimento de pontos
quentes.

6.1.6 Incr ustações

São depósitos nas superfícies internas da caldeira, formados principalmente por


carbonato de cálcio, silicato de cálcio ou magnésio, silicatos complexos contendo ferro,
alumínio cálcio e sódio, borras de fosfato de cálcio ou magnésio e óxidos de ferro não
protetores. Os sais de cálcio e magnésio, que são os principais formadores de depósitos, tem a
solubilidade diminuída com elevação da temperatura, precipitando-se facilmente nas
superfícies metálicas. Estes depósitos acarretam problemas sérios, tais como:
Aumento do consumo de combustível, depósitos de baixa condutividade térmica e


elevada espessura provocam uma baixa transferência de calor aumentando,


consideravelmente. o consumo de combustível, onerando excessivamente o custo do vapor.
Formação de áreas propícias à corrosão: os depósitos de natureza porosa·facilitam a


migração de soda caustica ou íons cloretos para baixo deles, originando corrosão acentuada.
Ruptura dos tubos por fluência: o superaquecimento do metal, sob o depósito,


modifica sua estrutura cristalina, fazendo-o perder as suas características de resistência à


pressão.

6.1.7 Corr osão

A inibição da corrosão em geradores de vapor é essencial pelas razões óbvias de impedir


tanto a ruptura de tubos – com os perigos que representa – como danos ao equipamento, que
exigem reposição cara, consertos, paradas e conseqüentes perdas de produção. A corrosão
não controlada em sistemas de caldeiras é perigosa e cara, mesmo quando não ocorrem falhas
– os produtos de corrosão à base de ferro e cobre são freqüentemente carregados para dentro
da caldeira, podendo provocar obstruções ou gerando outras formas de corrosão.

Em caldeiras, a corrosão dos tubos é devida principalmente pela presença de oxigênio


dissolvido, hidrogênio, gás sulfídrico, elevado teor de soda cáustica, ácidos fracos como o
ácido carbônico e elevados teores de sais como o cloreto de magnésio, cloreto ferroso e sulfato
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de magnésio. Há ainda outros elementos que podem causar e encontrarem-se associados à
corrosão como o cobre, níquel, ferro, presença de depósitos porosos, sólidos em suspensão,
etc.

No sistema de condensado, a corrosão nas linhas de retorno é causada principalmente


pela presença de oxigênio e gás carbônico.

A corrosão está intimamente interligada ao pH da água. A presença de gases dissolvidos


e alguns sais ácidos causam a redução do pH da água, aumentando conseqüentemente o
processo de corrosão.

6.1.7.1 Corrosão por Gases Diss olvi dos

Na água temos como principais elementos contaminantes: oxigênio (O2), nitrogênio (N2),
dióxido de carbono (CO2), gás sulfídrico (H2S) e dióxido de enxofre (SO2). Com exceção do
nitrogênio os outros gases acarretam problemas no sistema de vapor, tais como: corrosão e
diminuição da alcalinidade. Com o aumento da pressão de trabalho dos equipamentos, a
eliminação destes gases tomou-se mais desejável, necessitando de maior controle.

O Oxigênio dissolvido na água da caldeira tornou-se uma séria causa de corrosão nas
caldeiras modernas. Nas baixas pressões e temperaturas encontradas nas caldeiras instaladas
até 1930, a corrosão resultante do oxigênio dissolvido era quase desprezível. Porém, nas altas
temperaturas em que trabalham as caldeiras modernas de alta pressão, o efeito da corrosão
aumentou tanto, que têm sido notadas avarias bastante sérias no tubulão da caldeira e na
superfície dos tubos. Portanto a água de alimentação deve ser controlada pelo aquecimento e
pelo desarejamento mecânico, o que é conseguido por meio do tanque desarejador.

O oxigênio dissolvido na água utilizada em caldeiras em funcionamento provoca corrosão


por aeração diferencial no tubulão superior, na presença de pH baixo (pH<9), provocando a
formação de “pittings”.

O gás carbônico forma ácido carbônico quando dissolvido na água, reduzindo


consideravelmente o pH do meio, e agindo em conjunto com o oxigênio
provocando o ataque ácido ao metal.

6.1.7.2 Corrosão por Soda Cáus tica

Há dois tipos de corrosão por soda cáustica em caldeiras: corrosão por soda cáustica
propriamente dita e a fragilidade cáustica.

O ataque por soda cáustica ocorre quando este produto se concentra sob depósitos
porosos que se encontram em tubos das caldeiras em zonas de alta transferência de calor.
Reage com a magnetita formando ferrato e ferrito.

Água com altos teores de NaOH, independente da presença de depósitos, também ataca
o metal principalmente em locais tensionados, sendo este fenômeno conhecido como
fragilidade cáustica. Também ocorre fragilidade quando, através de pequenos vazamentos a
água da caldeira evapora deixando no local quantidades crescentes de sais.
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No primeiro caso a solução do problema veio com a evolução do tratamento de água de
caldeiras e no segundo caso com a evolução dos materiais de construção e das técnicas de
montagem e fabricação.

6.1.7.3 Produtos da corros ão

Os produtos da corrosão entram na caldeira sob a forma de óxido de ferro, permanecem


em suspensão na água e causam projeção e espuma. Eles podem ser removidos pelas
extrações de fundo e superfície. O uso da composição desincrustante reduz a tendência que
ocorra projeção e formação de espuma.

6.1.8 Excesso de composição desincr ustante

Se o tratamento químico da água de alimentação for mal dosado, o uso excessivo de


produto desincrustante será transformado em impurezas perigosas para a caldeira. Para evitar
isso, as tabelas da análise d’água indicam o tipo de produto e a dosagem correta a ser
adicionada na caldeira, de acordo com o resultado das análises.

6 . 1. 9 F or m aç ã o d e E s p u ma e Ar r a s t e

O arraste e a espumação consistem nas principais causas de contaminação do vapor


produzido numa caldeira, podendo colocar em risco o superaquecedor, as linhas de
distribuição e os equipamentos colocados na seção pós caldeira, promovendo processos de
corrosão e incrustação, além de diminuir a eficiência do gerador de vapor.

6.1.9.1 Form ação de Es puma

A formação de espuma é devida a concentração de produtos químicos provocando


redução da tensão superficial da película de água que envolve as bolhas de vapor em geração.
As causas da formação de espuma são:

excessiva concentração de sólidos na água;




excessiva alcalinidade Cáustica;




matéria orgânica em suspensão na água como óleo, graxas, etc.




Assim, os produtos químicos são lançados no espaço de vapor e carregados por ele. A
intensidade desta espuma depende da natureza dos compostos químicos na água da caldeira.
O problema de arraste provoca a formação de depósitos no superaquecedor, nas pás das
turbinas e no sistema de condensado, além de problemas de corrosão e erosão.

Outro contaminante indesejável é o óleo ou graxa presentes na água de caldeiras.


São grandes formadores de espuma. Formam também uma película isolante sobre a
superfície interna dos tubos da caldeira provocando superaquecimento. Dependendo
da temperatura, podem ser carbonizados resultando uma deposição de carbono na
caldeira.

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6.1.9.2 Arraste

O arraste consiste de diminutas gotículas de água que são carregadas pelo vapor no
momento que este se desprende da superfície da água para as linhas de vapor pós-caldeira.
Em condições normais de operação, o arraste de água é uma possibilidade remota, pois os
internos do tubulão superior são projetados para evitar que isto ocorra. Entretanto, pode
ocorrer este tipo de arraste se houver:

danos nos aparelhos separadores de vapor;




projeto inadequado da caldeira;




nível alto no tubulão;




variação brusca de carga (excesso de produção de vapor);




presença de espuma no tubulão superior.




Existe também o arraste volátil da Sílica (SiO2), que inicia a volatilização a pressão de
trabalho superior a 35 Kgf/cm2, que acompanha a água no seu estado de vapor e podendo ser
arrastado para as turbinas, causando desbalanceamento, e para os tubos do superaquecedor,
causando precipitação e incrustação.

6.1.10 V olatilização da Sílica

A sílica presente na água pode volatilizar, depositando-se nas palhetas das turbinas e
nos sistemas de superaquecimento do vapor. A concentração da sílica no vapor depende da
pressão de operação e da concentração de sílica na água de caldeira.

Os valores máximos permissíveis de sílica em água de caldeiras são determinados em


função das pressões e do pH da água das mesmas. O depósito em turbinas tem motivado
perda de sua capacidade e desbalanceamentos. As incrustações provocadas pela sílica são
de difícil remoção.

6.1.11 Fragiliz ação por Hidr ogênio

O tipo característico de ataque ao tubo de uma caldeira pelo hidrogênio ocorre através de
várias formas sendo uma delas quando o metal exposto reage com o vapor d`água,
restaurando parte da magnetita e formando hidrogênio.

O Hidrogênio atômico formado se difunde entre os grãos da rede cristalina do metal e


reage com o carboneto de ferro que é um constituinte do aço carbono, uma descarbonetação.

O gás metano formado, aprisionado entre os grãos de aço, exerce pressões parciais
elevadas dentro da estrutura do aço, produzindo fraturas descontínuas intergranulares até o
total rompimento.

A corrosão por hidrogênio aparece sempre associada ao ataque químico do tubo, sendo
assim uma conseqüência secundária de um processo de corrosão através de diversas reações.

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C AD 0 1
Este fenômeno ocorre apenas em caldeiras de alta pressão, acima de 800 psi,
sendo mais perigoso que a ruptura dúctil. Em alguns casos a ruptura é
violenta podendo gerar riscos adicionais com a rápida perda de água.

6 . 2 T R AT AM E N T O D E Á G U A D E C AL D E I R A

Para a maioria das pessoas, a água é apenas um elemento indispensável à vida e à


higiêne do corpo. Sua qualidade pouco significa. Para o operador de caldeira, a pureza da
água de alimentação tem importância fundamental. A água com que as caldeiras são
alimentadas precisa ser mais pura do que a água de beber. Os sais presentes na água, podem
ser benéficos para a saúde do corpo, porém altamente prejudiciais para as caldeiras. Apesar
de todos os esforços em manter a água o mais pura possível, um certo número de impurezas
estarão sempre presente nela. É necessário manter um controle constante de sua qualidade e
reduzir os seus efeitos maléficos, pela adição de produtos ou extrações na caldeira, quando
oportuno.

Para você contrabalançar os efeitos da contaminação, a água de alimentação da caldeira


deve ser tratada quimicamente a fim de controlar:

a) a formação de incrustação no lado d'água da caldeira;

b) a corrosão;

c) a formação de espuma e projeção (arraste de água);

d) e, mecanicamente, para reduzir o oxigênio dissolvido nela.

Já para o tratamento químico você utiliza uma mistura de produtos químicos, conhecida
como composição desincrustante (Boiler compound) que é usada na água de alimentação das
caldeiras, com os seguintes objetivos:

a) neutralizar os sais que formam ácidos na água da caldeira, isto é, mantê-la levemente
alcalina;

b) assegurar a remoção das incrustações e fornecer meios químicos para evita-las;

c) precipitar as impurezas internas, sob a forma de lama, que pode ser removida pelas
extrações de fundo e superfície;

d) evitar a corrosão pela oxidação.

Os produtos químicos usados na preparação da composição desincrustante (Boiler


compound) são:

a) fosfato de sódio (Na2HPO4);

b) carbonato de sódio (Na2CO3);

c) Amido.

Os dois primeiros compostos químicos agem conjuntamente, transformando os sais que


formam depósito em uma lama relativamente inofensiva.
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Os dois, em conjunto, não só são mais eficientes que cada um separadamente, como,
além disso, formam uma lama misturada que, sendo constituída de fosfato e carbonato, tem
menos tendência para formar uma massa compacta, aglutinada, aderente, do que cada um por
si.

O carbonato de sódio serve ainda como elemento de controle da alcalinidade da água.


Na realidade, com a caldeira vaporizando a maior parte do carbonato de sódio é convertida em
hidróxido de sódio, enquanto que a parcela restante entra na reação química descrita
anteriormente.

O amido aumenta a fluidez da lama resultante da reação entre os outros dois


componentes, de modo que ela não se aglomera nos tubulões da caldeira, porém pode ser
facilmente drenada. O amido também garante uma considerável diminuição na tendência à
formação de espuma e arrastamento da água da caldeira. Ele pode ainda reduzir a corrosão
por meio de formação de película protetora nas superfícies metálicas.

6.2.1 Tr atamento em caldeiras de baixa e média pressão

O tipo de tratamento a ser adotado para a água de uma caldeira depende da pressão e
de sua água de alimentação. Para caldeiras de baixa e média pressão, usa-se vários tipos de
tratamento como: quelatos, polímeros, conjugados e o convencional, o mais comumente usado
na indústria, abordado a seguir.

6.2.1.1 T ratamento convencional

O acondicionamento da água das caldeiras de baixa e média pressão é feito


normalmente através do controle com fosfatos, da alcalinidade e do uso de sulfito ou hidrazina.

Fosfatos


Tratamento gera precipitações de fácil extração. Tratamento baseado nas adição de


fosfato para facilitar a extração do produto gerado (lama de tratamento) e manter o meio
alcalino.

O sucesso de todo tratamento a base de fosfato depende das extrações de lama


arrastadas para o fundo das caldeiras. A eliminação desta lama, através da extração de fundo,
é mais em função do número de descargas do que do tempo de cada descarga. A quantidade
de lama precipitada numa caldeira é decorrente do grau de dureza da água de alimentação e
dos ciclos da água de alimentação e de concentração na caldeira.

Com o objetivo de se evitar incrustações devidas ao Ca e Mg adiciona-se à água de


caldeiras sais de fósforo. Usa-se normalmente o fosfato trissódico (Na3PO4), podendo também
ser usados outros fosfatos como o dissódico (Na2HPO4), monossódico (NaH2PO4), metafosfato
de sódio (NaPO3), polifosfatos como o tripolifosfato de sódio (Na5P3O10) e ácido fosfórico
(H3PO4).

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C AD 0 1
F o s f a t o T r i s s ó d i c o ( N a 3 P O 4 ) : Aumenta pH, alcalinidade parcial e total, elimina a
dureza residual.
P o l i f o s f a t o d e S ó d i o o u T r i p o l i f o s f a t o d e s ó d i o ( N a 5 P 3 O 1 0 ) : eleva bem a
alcalinidade total.

O cálcio se precipita convenientemente se o pH do meio estiver acima de 9,5. É


necessário, portanto, adicionar hidróxido de sódio ou selecionar um fosfato que ajuste o pH ao
valor ideal. Usualmente controla-se o meio alcalino com hidróxido de sódio para garantir a
formação de hidroxiapatia, um sal mais conveniente de ser formado por ser menos aderente à
superfície dos tubos.

Hidroxiapatita de cálcio (Ca1O(PO4)6(OH)2) e a "serpentina (MgSiO3Mg(OH)2. H2O)" são


as lamas desejáveis de tratamento de fácil remoção. Fim evitar a sedimentação, e com
isso não gerar dificuldade de troca térmica e diminuição do rendimento da caldeira são
empregados polieletrólitos, que trabalham com agentes dispersantes e/ou de
floculação.

Mantendo-se o meio alcalino com hidróxido de sódio (NaOH) para garantir uma boa
precipitação do fosfato de cálcio, o magnésio é precipitado pelo hidróxido, formando hidróxido
de magnésio que é extremamente insolúvel.

Os polifosfatos são agentes antiprecipitantes. Nas temperaturas abaixo de 100o C eles


evitam precipitações nas linhas de alimentação das caldeiras. Nas temperaturas reinantes nas
caldeiras, eles se revertem totalmente para ortofosfatos e irão precipitar sais de Ca e Mg da
mesma maneira que os outros fosfatos.

Al c a l i n i da d e


Além de participar da precipitação do Ca e Mg, o NaOH tem como função amolecer as


borras e depósitos e proteger o aço, pelo ajuste da alcalinidade. Em caldeiras de pressões
inferiores a 800 psi, a reação entre o vapor e o aço é controlada pelo pH do meio nas
temperaturas reinantes.

A alcalinidade é devida à presença de carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos.

A presença de bicarbonatos em águas de caldeiras é inconveniente, pois devido à


temperatura da água destas caldeiras, se decompõe em carbonatos e liberam o gás carbônico
(CO2).

A alcalinidade da água de caldeiras é controlada através dos valores denominados de VP


e VM, que significam valor fenolftaleína e valor metilorange, respectivamente.

O VP determina a alcalinidade ativa e o VM determina a alcalinidade total. Pela relação


existente entre VP e VM é que saberemos se a água de uma caldeira contém ou não
bicarbonato. Se o VP = 0, toda a alcalinidade existente na água de caldeiras está sob a forma
de bicarbonato, o que é indesejável. Se o VM é o dobro do VP, podemos dizer que toda a
alcalinidade existente na água de caldeiras está sob a forma de carbonato. Se o VP = VM, toda

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a alcalinidade existente está sob a forma de hidróxido, o que é indesejável devido à fragilidade
cáustica.

O que se deve fazer na prática é manter o VP ligeiramente maior que a metade do VM,
assegurando 'assim uma alcalinidade formada de parte por hidróxido e parte por carbonato.
Mantida esta relação, evita-se a formação de gás carbônico e a presença excessiva de
hidróxido.

A tabela a seguir, permite avaliar a alcalinidade da água de caldeiras em relação aos


valores de VP e VM.

Remoção de gases dissolvidos




A admissão de gases na água pode ser fruto também do ambiente externo.

Podemos realizar a remoção dos gases dissolvidos por métodos puramente químicos. Os
produtos químicos utilizados são: sulfito de sódio (Na2SO3) e hidrazina (N2H4). O Sulfito de
Sódio (Na2SO3) é utilizado em geradores de baixa e média pressão.

No entanto, devido à elevada quantidade destes gases presente na água de alimentação


de uma caldeira, a remoção química somente implicaria num consumo muito elevado de
produtos químicos que além de onerarem o custo operacional, introduziriam mais compostos
na água, aumentando sua concentração em sais e conseqüentemente implicando em maior
necessidade de produtos precipitantes. Este fator complicaria muito o processo do tratamento,
porque além dos íons presentes remanescentes do tratamento preliminar, estariam sendo
agregados outros em quantidades que dependeriam dos gases presentes. Concluímos então
da necessidade de um processo prévio à remoção química, visando reduzir estes
inconvenientes.

Este processo é conhecido como desaeração mecânica, baseado na redução da


solubilidade dos gases nos líquidos com o acréscimo da temperatura. Nas caldeiras esta
elevação de temperatura é obtida através de um trocador de calor por contato em contra-
corrente, da água de alimentação com um fluxo de vapor (figura abaixo).

219
C AD 0 1
Figura 6.1 – Processo de desaeração mecânica.

Este equipamento funciona como se fosse uma pequena torre de retificação, na qual a
água desce cruzando com o vapor e provocando a retirada dos gases do meio líquido, que são
expulsos por um "vent" situado no topo. A desaeração mecânica remove a maior parte dos
gases, no caso do oxigênio restando valores da ordem de 5 a 7 ppb.

Esta remoção não é suficiente para evitar os efeitos da corrosão por oxigênio, o que
obriga um tratamento químico adicional visando reduzir estas concentrações e minimizando a
ação corrosiva.

O O2 e o CO2 remanescentes na água desaerada, como vimos anteriormente, podem ser


combatidos através da injeção de produtos químicos na água de alimentação e que para as
caldeiras de média e baixa pressão o produto químico normalmente usado é o sulfito de sódio,
que reage prontamente com o O2 especialmente a pH e temperaturas elevadas, formando
sulfato de sódio.

O sulfato de sódio que é um produto sólido, tem como desvantagem o aumento da


concentração de sólidos dissolvidos na água da caldeira exigindo o aumento da demanda de
purga e o potencial de arraste. Usa-se o sulfito de sódio somente em caldeiras que trabalham
com pressões inferiores a 600 psi, pois a sua operação é limitada à temperatura de trabalho de
aproximadamente 275o C, quando a partir desta inicia um processo de decomposição formando
o Dióxido de Enxofre (SO2) e o Gás Sulfúrico (H2S) que são gases corrosivos e podem
acarretar corrosão na pós-caldeira (constatável pela queda de PH do condensado),
discutiremos mais à frente.

O aparecimento de dióxido de carbono (CO2) na planta de vapor é grande parte originário


de reações internas das impurezas existentes na água, que em presença de calor se
decompõem.

220
O dióxido de carbono (CO2) é arrastado junto com o vapor da caldeira e ao dissolver-se
na água do condensado gera ácido carbônico, reduzindo a alcalinidade na água da planta de
vapor.
Para combater o CO2 e corrigir o pH da água de alimentação, usa-se normalmente
como produto a cicloexilamina e a morfolina. Estas aminas que são neutralizantes reagem com
CO2 dando bicarbonatos e protegem as linhas de vapor e condensado. As aminas podem ser
classificadas em:

Aminas Neutralizantes aumenta o PH reage com CO2.




Aminas Fílmicas forma filme protetor em toda superfície metálica.




As aminas mencionadas acima também são responsáveis pela eliminação do


Gás Sulfídrico (H2S) e o Dióxido de Enxofre (SO2).

Um pequeno excesso de amina em relação ao CO2 presente na água de alimentação


aumentará o pH por hidrólise.

A morfolina produz, por decomposição mais NH3 que a cicloexilamina. Em unidades que
possuam tubos de cobre em condensadores, recomenda-se o uso de Cicloexilamina ao invés
de morfolina se houver dificuldade em manter valores mínimos de cobre na água de
alimentação.

A cicloexilamina pouco se decompõe a pressões até 105 kgf/cm2 e 540° C na faixa de pH


de 8,8 a 9,2. A sua decomposição em NH3 acentua-se em pressões acima de 140 kgf/cm2 e
550o C, porém menos que a morfolina. Entretanto, a situação se inverte em pressão de 175
kgf/cm2 e 650° C. Neste caso a morfolina é recomendada por ser mais estável.

A cicloexilamina é uma base mais forte que a morfolina, necessitando de menores


concentrações para obtenção dos mesmos valores de pH.

Sílicas


A sílica deverá ser removida ao máximo pelo tratamento externo ao executado na


caldeira. Uma vez que estes tratamentos não obtém remoção total da sílica ocorre sua
concentração na água da caldeira. É um dos compostos que deve ficar sob rigoroso controle,
devendo o ajuste de sua concentração na água ser feito mediante a purga contínua de
superfície.

Determinou-se que a concentração máxima de sílica tolerável no vapor distribuído não


pode ultrapassar 0,02 ppm, de modo a evitar-se a sua deposição nas palhetas das turbinas. A
presença de sílica volátil geralmente ocorre em pressões superiores a 500 psi, aumentando
consideravelmente a sua volatilização a pressões a partir de 1500 psi.

A seguir apresentamos tabela de concentrações máximas de sílica na água de caldeiras


de baixa e média pressão, para que o limite máximo de 0,02 ppm não seja ultrapassado pelo
vapor na saída da caldeira.

221
C AD 0 1
S ólidos totais


É a soma dos sólidos em suspensão e dos sólidos dissolvidos. Os sólidos totais são uma
medida da possibilidade de formação de espuma, arraste de sílica volátil e formação de
depósitos. Supondo que o tratamento d'água está obtendo o máximo de eficiência possível, é
necessário purgar a caldeira para reduzir sua concentração. Esta purga é realizada pela
extração de superfície, que é uma purga contínua e, quando necessário pela extração de
fundo, que é uma purga intermitente; limitando assim a concentração de sólidos totais
admissíveis na água de caldeira, cujo teor tolerável é inversamente proporcional à pressão de
operação.

P ur ga


Como foi visto, durante a geração de vapor, a caldeira vai acumulando e concentrando os
sólidos que ingressam com a água de alimentação somados com os produtos químicos que
são injetados diretamente no tubulão. A concentração de sólidos deve ser mantida até o limite
permitido de solubilidade para se evitar precipitações que possam causar incrustações, arraste
de partículas ou formação de espuma.

É a extração (purga) que mantém a concentração de sólidos em suspensão dentro dos


limites permitidos. A extração pode ser de superfície (extração contínua) e a de fundo (extração
intermitente). A de superfície é feita através do tubulão superior e a de fundo pelo tubulão
inferior.

É a extração de superfície que possibilita a regulagem da concentração de sólidos,


corrigindo as variações constatadas na água da caldeira durante sua operação.

A extração de fundo é operada (nas caldeiras que possuem tubulão inferior) quando
houver necessidade de se eliminar concentrações elevadas de sólidos que possam prejudicar
a geração de vapor. Esta é uma operação extremamente delicada, que pode, se mal realizada
causar danos aos equipamentos. Quando do momento de abertura da válvula de extração de
fundo, o equilíbrio de pressões líquido-vapor d'água no interior dos tubos é desfeito, podendo
222
esvaziar alguns dos tubos de água e provocar elevações nas temperaturas de parede. Mesmo
instantâneas estas temperaturas elevadas podem estar acima dos limites de resistência do
material dos tubos, havendo possibilidade de rompimento.

6.2.2 Tr atamento da água de caldeiras de alta pressão

O controle da água de caldeiras de alta pressão tem os mesmos objetivos do tratamento


convencional, de prevenção de corrosão, incrustações, etc. No entanto devido à alta pressão
(maior que 42 kgf/cm2) os fenômenos que regem a transferência de calor ocorrem a
temperaturas e taxas de transferência mais elevadas, tornando os tubos e partes constituintes
da caldeira mais suscetíveis à ocorrência de fatores que prejudiquem sua resistência. Devemos
considerar as possíveis conseqüências para a segurança de um rompimento por corrosão num
sistema com pressão mais elevada. Assim os parâmetros de controle e limites são mais rígidos
em função destes aspectos.

Nestas condições, o tratamento interno deve contribuir com pouco ou


nenhum sólido. Além disto, o potencial de ataque cáustico à superfície dos
tubos aumenta com a elevação da pressão.

6.2.2.1 T ratam ento Fos fato – pH Coordenado

O controle por coordenação tem como objetivo manter alcalina as águas de caldeiras,
utilizando fosfato trissódico (Na3PO4), com a presença de hidróxido somente decorrente a
hidrólise da água, com condições, de combater sais de Ca e Mg, sem que elas, contudo,
apresentem excesso de OH-.

Esta combinação evita o surgimento de corrosão caustica em caldeiras de alta pressão,


por não permitir o surgimento de hidróxidos livres na água da caldeira.

O objetivo deste tratamento é evitar-se a presença de Hidróxido de sódio (NaOH) livre na


água da caldeira. Este controle é conseguido mantendo-se os valores da relação pH-PO4
abaixo da curva no gráfico abaixo.

Pontos situados acima da curva indicam presença de NaOH em excesso e pontos abaixo
da curva indicam presença de fosfatos trissódicos e dissódicos.

Figura 6.2 – Relação Fosfato – pH Na/PO4

223
C AD 0 1
6.2.2.2 Control e c ongruente

Este tratamento consiste em evitar a liberação de soda, empregado em caldeiras com


trabalho superior a 100 Kg/cm2.

O tratamento surgiu em função da evolução do controle por coordenação onde se


procurou, dentro de um tratamento mais rigoroso, assegurar total ausência de Hidróxido de
sódio (NaOH).

As experiências de operação com o controle coordenado mostraram que as condições no


interior dos tubos da caldeira fazem que o equilíbrio químico não seja baseado somente no
fosfato trissódico. Na faixa de pH característica de uma caldeira o fosfato trissódico se hidrolisa
completamente gerando muito NaOH. O fosfato dissódico pouco se hidrolisa e o fosfato
monossódico tem o efeito de neutralizar o excesso de NaOH formado pelo fosfato trissódico.
Assim concluímos que a reação que ocorre não é idêntica à de um sal com relação 3:1 em Na
e PO4, mas numa proporção intermediária.

Normalmente tem-se verificado que em caldeiras de 1000 a 3000 psi, a curva


representativa da relação Na:PO4 de 2,6: 1 é geralmente a adequada (Veja gráfico abaixo).

Figura 6.3 – Relação Fosfato – pH Na/PO4 2.6:1.

O controle congruente acondiciona a água de caldeiras de alta pressão, livres


de soda cáustica, mantendo-se nessa água uma certa alcalinidade com o uso
de fosfatos.

6.2.2.3 Hi de-out

O problema de aparecimento de excesso de hidróxido de sódio (NaOH) nas águas de


caldeiras era sempre acompanhado por um decréscimo da concentração de fosfatos. Este
problema ficou associado a um fenômeno denominado de "hide-out" que é o ocultamento
parcial de sólidos comumente presentes em águas de caldeiras, principalmente fosfatos e
sílica.

224
Na superfície dos tubos geradores de vapor de uma caldeira há sempre líquido
superaquecido, um filme que denominamos de "concentrating film", onde os sólidos dissolvidos
se concentram até alcançar certo equilíbrio. Quando a concentração de um dado sólido
exceder sua solubilidade na temperatura a que estiver exposto, ele pode se cristalizar sobre a
superfície do tubo ocultando este sólido.

Este fenômeno está sempre associado com maior ou menor produção de vapor em
caldeiras, e é reversível quando ocorre a redução da geração de vapor, onde parte do
composto sólido que sofreu “Hide-Out” é redissolvido na água. Quanto maior for a geração de
vapor maior será a ocultação dos sólidos. O aparecimento de NaOH (Hidróxido de Sódio) na
água de caldeiras em operação é ocasionado pela redução de fosfato, principalmente Fosfato
Trissódio e Fosfato Dissódio.

O aparecimento de soda cáustica se deve a redução de fosfatos sob condições de "Hide-


out".

Os fosfatos dissódico e monossódico oriundos das transformações se cristalizam sobre o


metal dos tubos da caldeira e a soda cáustica permanece solúvel na água da mesma.

A concentração de fosfatos nas águas de caldeiras de alta pressão deve ser reduzida, o
que diminui consideravelmente o fenômeno de "Hide-out". Esta redução não prejudica as
caldeiras pois não há necessidade de se manter valores elevados de pH na água das mesmas,
já que a integridade da magnetita dos tubos não depende do valor pH.

Dos fosfatos, o trissódico é o que mais apresenta o fenômeno de "Hide-out".

Para efeito de controle, na prática, deve-se controlar a concentração de fosfato de modo


que as relações pH-PO4 estejam enquadradas nas áreas marcadas conforme as pressões de
operação. As curvas representam acondicionamentos na relação Na:PO4 de 2,6:1 (veja figura a
seguir).

Figura 6.4
6.2.2.4 Remoção de oxigêni o

Nas caldeiras de alta pressão, usa-se a hidrazina como seqüestrante químico do oxigênio
no lugar do sulfito de sódio. É um redutor poderoso e miscível na água em todas as
proporções.
225
C AD 0 1
A hidrazina torna as superfícies de ferro e cobre menos suscetíveis a corrosão,
reduzindo-as a um estado passivo.

Os produtos da reação acima são inertes e não aumentam a concentração de sólidos


dissolvidos na água da caldeira.

Recomenda-se que se use no ciclo um excesso de 100% em relação ao O2 para que a


mesma seja efetiva. Observar entretanto que, a altas pressões e temperaturas, 75% do
excesso de hidrazina em relação ao oxigênio dissolvido se decompõe dando amônia.

O excesso de hidrazina no ciclo da água, conforme recomendação citada acima, é contra


producente pois é uma maneira indireta de se injetar amônia. Face a este excesso, o uso da
hidrazina deve ser muito bem controlado, principalmente se no ciclo térmico houver ligas de
cobre nas regiões de pós-caldeira que podem ser atacadas pela amônia e arrastando para a
caldeira resíduos desta corrosão, gerando diversas pilhas galvânicas com o metal base da
caldeira (aço).

A decomposição em amônia começa a 200 °C e atinge o seu ponto máximo a 315°C, o


que indica ser impossível manterem-se mais do que traços de hidrazina na água de uma
caldeira.

A hidrazina deve ser alimentada continuamente na caldeira, pós-caldeira ou pré-


caldeira, conforme as necessidades do sistema específico e os problemas a serem
resolvidos. Por ser um produto volátil, atinge todo o ciclo da água e vapor,
protegendo assim a película protetora do metal contra a possível presença de O2,
dissolvido.

6 . 2. 2. 5 T rat am en to vo lá til ou ze ro sóli do

Este tratamento é especifico para caldeiras sem tubulão ou em caldeiras supercríticas.

É um tipo de tratamento que exige, como condição básica, a existência de unidades


polidoras de condensado. A aIcalinidade mínima necessária nas águas das caldeiras, neste
sistema de tratamento é conferida com a injeção de amônia, morfolina ou cicloexilamina na
água de alimentação. Como nas caldeiras de alta pressão, o combate ao oxigênio é feito com
hidrazina, injetado diretamente na água de alimentação, na água de caldeiras, propriamente,
nenhum produto é Injetado.

Neste tipo de tratamento, o valor do pH é condicionado ao valor do pH mantido nas


águas de alimentação que oscila em torno de 9,0. Os valores de pH da água do tubulão
superior variam geralmente de 8,5 a 9,0. Já nos tubos geradores de vapor, os valores
decrescem devido à volatilização das aminas ou amônia nestas regiões, devendo variar de 7,5
a 8,0, não causando os inconvenientes da concentração excessiva de sólidos em suspensão
ou precipitação, do tratamento convencional.

226
6.2.2.6 Purga

À medida que aumenta a pressão de geração de vapor, o fenômeno da volatilização da


sílica aumenta de importância. Numa caldeira de alta pressão em que é realizado um
tratamento interno coerente e bem controlado, a sílica será o único contaminante que levará à
necessidade de extração de superfície.

Ainda obedecendo ao mesmo limite citado anteriormente de 0,02 ppm de sílica no vapor,
os limites na água são os seguintes:

6.2.3 Outr os Parâmetr os

6.2.3.1 Cl oretos

A contaminação da água de caldeiras com cloretos pode principalmente ocorrer em


sistemas onde os condensadores de superfície são resfriados com água do mar. Estes
condensadores apresentando vazamentos no feixe tubular contaminam o condensado que é
enviado às caldeiras através dos desaeradores.

A água do mar apresenta elevadas concentrações de Cloreto de Magnésio (MgCl2) e


Cloreto de Cálcio (CaCl2). Devido à temperatura, estes cloretos se concentram embaixo de
depósitos ou locais onde não há a camada protetora de magnetita, gerando condições para a
reação de hidrólise dos mesmos com formação de ácido clorídrico, e queda do pH.

O ácido clorídrico formado reage com a magnetita da superfície metálica, gerando


cloretos de ferro que também se hidrolisam. O Ácido Clorídrico (HCl) formado também atacará
o ferro.

Podemos observar pelas reações que o processo é contínuo (cíclico), acarretando


grandes alvéolos e pites nas caldeiras. Este tipo de corrosão também pode levar a fragilização
por hidrogênio.

A concentração de cloretos nas caldeiras de baixa e média pressão varia


inversamente com a pressão de trabalho das caldeiras permitindo-se, em média,
uma concentração de 300 ppm (como Cloreto de Sódio - NaCl) em caldeiras de 50
K g f/c m 2 .

6.2.3.2 Ferro e cobre

Há necessidade de periodicamente serem determinadas possíveis presenças de ferro e


cobre na água de caldeiras.
227
C AD 0 1
A presença de ferro indica existência de corrosão no sistema. O ferro dissolvido em
sistemas de condensado e arrastado para a caldeira pode causar depósitos na forma de óxido
de ferro e, se houver sílica, pode formar silicatos de ferro que irá por sua vez incrustar nos
tubos. Pode também haver presença de ferro em decorrência de corrosão cáustica na própria
caldeira.

A presença de cobre pode ser devida à corrosão provocada por oxigênio dissolvido,
amônia ou gás carbônico em condensadores, rotor de bombas, aquecedores e evaporadores,
caso sejam feitos de ligas de cobre. Na caldeira, o cobre pode depositar nos tubos na forma
metálica ou, em alta concentração no vapor, pode ocasionar depósitos de óxidos de cobre nas
turbinas, havendo consideráveis perdas de rendimentos.

Admite-se, na água de alimentação de caldeira, presença de cobre (ppm Cu), em média


de 0,01 ppm e de ferro (ppm Fe), em média de 0,02 ppm, para caldeiras de média pressão.

6.2.3.3 Condutivi dade

Os condutivímetros são medidores que indicam qualquer variação na qualidade da água,


devido a contaminações de ordem orgânica ou inorgânica, que possuam a propriedade de
condução elétrica. Eles medem em função da concentração iônica da água analisada. Assim,
quanto mais alta for a concentração de sais ou gases na água, mais alta será a condutividade.

A condutividade é medida em micromho/cm e varia com a temperatura da água.


Normalmente é padronizada para sua medição de controle 25oC. O controle da condutividade é
feito no sentido de se ter limitado a quantidade de sólidos dissolvidos. Os valores de
condutividade variam em função da concentração das substâncias na água como podemos
observar a seguir:

Geralmente os condutivímetros encontram-se instalados em linhas de retorno de


condensado, na alimentação dos desarejadores e nas linhas de extração de superfície das
caldeiras.

A unidade da grandeza condutividade é mho, que vem a ser o inverso da


resistência elétrica.
Modernamente, a unidade de condutividade no Sistema Internacional de Unidades
(SI) é o siemens, cujo símbolo é S.
A água pura é considerada um mau condutor de corrente elétrica. A condutividade
elétrica dela é da ordem de 10-6 mho.
A resistividade é fator de resistência de um condutor, que depende das
características físicas do condutor.

6.2.4 Tr atamento da água de caldeiras elétr icas

Os métodos de tratamento da água de alimentação das caldeiras que utilizam


combustíveis objetivam, como você já viu, evitar a formação de depósitos, reduzir a corrosão e
minimizar o arraste de água.

228
Para as caldeiras elétricas, além dos objetivos acima, há a necessidade de se atuar
sobre a condutividade elétrica da água e evitar que os isoladores sejam deteriorados. De
acordo com o tipo de caldeira estes aspectos serão mais ou menos importantes. Para o caso
da caldeira a resistores não haverá necessidade de que a água conduza a eletricidade, porque
o seu aquecimento se faz por transferência do calor gerado nas resistências. A condutividade,
portanto não é importante. Nas caldeiras a eletrodos haverá uma variação grande nos
requisitos de condutividade.

Uma caldeira a eletrodos submersos do tipo baixa tensão exige condutividade na faixa de
70 a 90 micro mho/cm. As caldeiras de eletrodos submersos com cuba superior, de 3,8 a
6,6kV, permitem condutividades entre 30 a 50 micro mho/cm, e as de 13,8kV, condutividades
de 10 micro mho/cm. As caldeiras de eletrodos submersos com contra eletrodo exigem valores
muito baixos na· faixa de 50 a 60 micro mho/cm. Para valores de 60 micro mho/cm, há
necessidade de desmineralizar a água de alimentação e de um máximo retorno de
condensado. As caldeiras de jato d'água trabalham com condutividade de até 400 micro
mho/cm não exigindo portanto a desmineralização. Condutividades muito elevadas provocam a
danificação de alguns componentes da caldeira.

É relevante que você saiba que o controle da alcalinidade deve ser


rigorosamente executado, para se evitar o ataque químico aos isoladores,
principalmente se forem de porcelana.

6 . 3 M AN U T E N Ç Ã O B Á S I C A D E U M A C AL D E I R A – T E S T E D A Á G U A

Em virtude das dificuldades que são peculiares a qualquer tentativa de controle


automático do tratamento d 'água de alimentação, é necessário o conhecimento das condições
exatas d'água da caldeira, diariamente, a fim de que seja aplicado o tratamento adequado para
a correção das condições que não forem satisfatórias. Este conhecimento é adquirido por meio
de alguns testes simples tomando-se amostras de todas as caldeiras, tanques de alimentação
e reserva e da descarga das bombas de extração de condensado em atividade.

Assim, você deve fazer os seguintes testes:

a) alcalinidade;
b) salinidade;
c) dureza;
d) oxigênio dissolvido.
As instruções detalhadas para estes testes são dadas em publicações da diretoria de
engenharia naval e em publicações similares da marinha americana. Modernamente todos os
resultados são dados em ppm (partes por milhão) ou epm (equivalentes por milhão). Em ambos
os casos a unidade empregada é a unidade de peso. Assim, 1 ppm significa 1 de uma
substância dissolvida em 1.000.000g de água, ou 1mg da substância por litro d'água.

229
C AD 0 1
Da mesma maneira 1 epm significa um equivalente em peso da substância por milhão de
equivalentes em peso da solução. Pode-se converter ppm em epm dividindo o primeiro pelo
equivalente químico da substância considerada. Todos os resultados de análise, obtidos a
bordo podem ser expressos em epm; porém, como 1 epm de oxigênio dissolvido é igual a 8
ppm, usa-se sempre exprimir o resultado do oxigênio dissolvido em ppm, apenas para reduzir o
número de casas decimais.

6.3.1 Contr ole químico

6.3.1.1 T este de alcalinidade

Alcalinidade é o teor em íons hidroxilas de uma Solução.

O teste de alcalinidade determina se a alcalinidade da água está entre os limites


preestabelecidos de 2,5 a 3,5 epm. Se a alcalinidade for mantida entre estes limites, a
corrosão será reduzida a um mínimo e, se tiverem sido tomadas às devidas precauções com o
tratamento de água de alimentação, estará presente na água uma reserva de agentes químicos
capazes de neutralizar qualquer sal formador de incrustações que possa penetrar na caldeira.

O teste de alcalinidade se constitui na melhor indicação das condições da água na


caldeira. A alcalinidade é mantida dentro dos limites exigidos pela adição de composição
desincrustante à água da caldeira, de acordo com as instruções já referidas. Os testes de
alcalinidade podem ser:

Alcalinidade fenolftaleína;


Alcalinidade metilorange.


A alcalinidade exprime a presença de íons dos sais de bicarbonatos, carbonatos,


hidróxidos, fosfatos, silicatos, etc.,. ou seja, todos os que contribuem para a alcalinidade da
água. Destes, os mais expressivos são os carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos.

Ambas as alcalinidades (fenolftaleína e metilorange) são dosadas por titulação com


solução padrão de ácido sulfúrico (H2SO4) na presença dos respectivos indicadores.

6.3.1.2 T este de pH

O pH é uma característica de todas as substâncias, determinado pela concentração de


íons de Hidrogênio (H+) (Escala comparativa de indicadores padrões). Os valores variam de 0
a 14, sendo que valores de 0 a 7 são considerados ácidos, valores em torno de 7 são
neutros e valores acima de 7 são denominados básicos ou alcalinos. Quanto menor o pH
de uma substância, maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-.

Exemplo: um pH 3,0 é mais ácido que um pH 6,0. Acima de pH 7,0 a solução é alcalina
ou básica e a concentração (íon de hidróxido) aumenta conforme o número de pH aumenta.
Exemplo: o pH 11,0 é mais alcalino que o pH 8,0.

230
O pH de uma substância pode variar de acordo com sua composição,
concentração de sais, metais, ácidos, bases e substâncias orgânicas e da
temperatura.

Os indicadores de pH possuem a propriedade de mudar a cor, quando o pH varia.

Alguns exemplos

O pH da água pura é 7,

As águas naturais são ligeiramente ácidas: 6,3 a 6,5 pH.

Figura 6.5 – Tabela de pH.

6.3.1.3 T este de S ali nidade (Cloro)

É usado para determinar a concentração total de sais solúveis na água, uma vez que os
cloretos normalmente presentes na água de alimentação são completamente solúveis, num
grau muito além das concentrações encontradas nesta água, Em virtude do caráter ácido da
água do mar, a alcalinidade da água de alimentação decresce, à medida que a concentração
de cloreto aumenta a menos que a alcalinidade seja mantida pelo tratamento correto da água.
A quantidade de cloro na água da caldeira é mantida abaixo dos limites permissíveis pelo uso
das válvulas de extração de fundo e superfície ou pela substituição completa da água da
caldeira apagada.

Embora o teste de alcalinidade constitua a melhor indicação das condições da água da


caldeira, conforme já vimos, o uso da composição desincrustante tornou fácil mantê-Ia dentro
dos limites desejados. Atualmente a salinidade ou teor de cloro merece uma maior
preocupação por parte dos maquinistas navais.

O limite tolerado para água de alimentação de uma caldeira expressa


é de 0,5 epm.

6 . 3. 1. 4 T est e de Du re za p el o Sa b ão

A Dureza existe, quando sais de cálcio e magnésio estão presentes. A quantidade de


dureza é igual a soma das concentrações de cálcio e magnésio na água. São estes sais, os
elementos formadores de incrustações mais comuns em águas naturais.

231
C AD 0 1
Teste de dureza pelo sabão


É empregado para determinar a quantidade total dos sais formadores de incrustação


mais comuns que são encontrados na água.

É um valioso complemento do teste de alcalinidade, pois indica se a reserva de


elementos químicos, normalmente fornecidos pelo tratamento da água de alimentação, tem
sido ou não suficiente para neutralizar todos os sais formadores de incrustações presentes na
água. A dureza pelo sabão é mantida em zero pelo uso da composição desincrustante. Ela
acusará zero, em geral, depois que tiver sido adicionada bastante solução desincrustante para
manter a alcalinidade dentro dos limites estabelecidos. Todavia, se a dureza zero não for
atingida deste modo, deve ser acrescentada uma quantidade adicional de composição
desincrustante, de acordo com as instruções já mencionadas. Depois que a dureza zero tiver
sido obtida, a concentração alcalina poderá ser reduzida por meio de uma extração de fundo.

O grau de dureza exprime a concentração dos sais de cálcio, seja na forma de


bicarbonato, sulfato, silicato ou cloreto. Pode ser expresso em grau alemão, francês ou inglês,
entre os quais há uma relação:


Grau F = 0,5 grau A;




Grau A = 0,7 grau I.




O grau F equivale a 10 mg CaCO3/ 

O grau I equivale a 14,3 mg CaCO3/ 

O grau A equivale a 10 mg CaO/ 

onde:
CaCO3 = carbonato de cálcio
CaO = óxido de cálcio

6 . 3. 1. 5 T est e de Oxi gê ni o Disso lvid o

É usado para determinar a quantidade de oxigênio dissolvido presente na água com que
estão sendo alimentadas as caldeiras. Nas caldeiras modernas de alta pressão, com as
conseqüentes temperaturas de saturação também elevadas, a ação corrosiva do oxigênio,
sobre os tubos de aço e tubulões, é grandemente aumentada. O oxigênio dissolvido na água
de alimentação deve ser mantido num mínimo.

O teste de oxigênio dissolvido é usado para aferição da performance do desarejador. O


oxigênio dissolvido, em excesso, deve ser evitado. A maneira de evitar a entrada de ar e o
modo de removê-Io, antes que ele atinja as caldeiras, é uma das preocupações no projeto dos
sistemas de alimentação.

O teste de corrosão é usado para determinar a conveniência ou não do emprego de


determinada água de alimentação numa caldeira de baixa pressão, do ponto de vista da sua
ação corrosiva sobre o metal dos tubos, lâminas e tubulões. Este teste é realizado
suspendendo uma pequena lâmina de metal, limpa e brilhante de composição idêntica ás dos
tubos, em uma garrafa fechada e cheia d'água, proveniente da caldeira, a ser testada.

232
Se após vinte e quatro horas for observada uma leve ação corrosiva uniforme sobre toda
a superfície imersa da lâmina de metal, a água é conveniente para o uso na caldeira. Se,
todavia, a ação corrosiva for localizada, formando manchas sobre a superfície metálica, a água
é altamente corrosiva para ser usada, e a causa deve ser determinada e remediada, antes de
usá-Ia.

6.3.2 Condutividade

Consulte 6.2.3.3

6.3.3 Pr opriedades Gerais dos Ácidos e Bases

Ácidos são compostos que em solução aquosa produzem H+ (íon hidrogênio) .

Os ácidos têm sabor azedo, como o do vinagre ou de uma fruta verde, como laranja,
abacaxi ou uva.

Os ácidos têm a propriedade de mudar a cor de algumas substâncias chamadas


indicadores.

Os indicadores mais comuns são' papel de tornassol, fenolftaleína e metilorange (ou


alaranjado de metila).

Os ácidos comportam-se com os indicadores como se segue.

a) tomam vermelho o papel de tornassol azul;


b) tomam incolor a fenolftaleína,
c) tornam alaranjado o metilorange.

Note que, nesse aspecto, os ácidos mudam a cor do indicador alterado pelo

meio básico de um hidróxido.

Bases são compostos que em solução aquosa produzem OH- (íon oxidrila ou hidroxila).

Nas bases encontramos o íon OH- ligado a um metal.

As bases possuem sabor cáustico (adstringente) como, por exemplo: o sabor do leite de
magnésia (hidróxido de magnésio em água).

O comportamento das bases frente aos indicadores é o mesmo referido anteriormente


para os ácidos. Deve-se observar apenas que as cores correspondem ao meio básico. Assim,
as bases tornam azul o papel de tornassol, tornam violeta a solução de fenolftaleína e amarelo
o metilorange.

233
C AD 0 1
Tar efa 6.1

Seja o oxigênio a impureza da água de alimentação responda:

6.1.1) Qual o efeito causado por tal impureza?


____________________________________________________________________________

6.1.2) Qual o tipo de teste a ser aplicado?


____________________________________________________________________________

6.1.3) Quais são os tratamentos que podem ser aplicados?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Consider ações Finais

Após realizar o teste de autoavaliação da Unidade 6, você estará pronto para estudar a
penúltima Unidade: “Prevenção de Acidentes”. Essa versa sobre retrocesso de chama,
procedimentos corretos que evitam acidentes e sobre os riscos de explosão e riscos à saúde
do operador de caldeiras.

Boa aprendizagem!

T e s t e d e Au t o - A v a l i a ç ã o d a U n i d a d e 6

I) Complete as frases a seguir.

6.1) O cloreto de sódio (NaCl) é comumente denominado ____________________________.

6.2) O tratamento químico que deve ser procedido à água de alimentação de uma caldeira tem
finalidade de controlar: a formação de incrustação, ___________________,
_____________________ e ________________.
6.3) Os produtos químicos usados na preparação da composição de desincrustante (boiler
compound) são: __________________, __________________ e _________________ .

6.4) O arraste de água é um distúrbio que ocorre na caldeira, também denominado de


___________________________.

6.5) Os principais objetivos do tratamento da água para as caldeiras elétricas são o controle
_____________________ dela e a necessidade de evitar a deterioração dos
________________________.

6.6) O limite tolerado de cloro para água de alimentação de uma caldeira expressa é de
____________________ epm.

6.7) Os testes de alcalinidade podem ser: _____________________ e _________________.

6.8) Um equivalente por milhão (epm) de oxigênio dissolvido é igual a _________________


partes por milhão (ppm).
234
6.9) O pH de uma solução é determinado por uma escala comparativa que varia de
____________________ a ____________________.

6.10) O teste de salinidade é também denominado teste de ___________________________.

6.11) Os testes da água da caldeira que, cotidianamente, devem ser realizados são:
alcalinidade, ___________________, ___________________ e ___________________.

6.12) O grau de dureza pode ser expresso em grau ________________, _______________ ou


__________________.

6.13) A performance do desarejador é aferida por meio do teste de _____________________.

6.14) Os ácidos têm a propriedade de mudar a cor de algumas substâncias denominadas


indicadores. Os indicadores mais comuns são: ________________, ________________ e
___________________.

II) Assinale a opção correta.

6.15) Numa amostra média de água do mar, o sal que possui maior equivalente por milhão
(epm) é o:
(a) cloreto de magnésio.
(b) sulfato de magnésio.
(c) sulfato de cálcio.
(d) cloreto de sódio.

6.16) O aparelho trocador de calor responsável pela eliminação do oxigênio dissolvido na água
de alimentação é o:

(a) destilador.
(b) aquecedor de ar.
(c) economizador.
(d) desarejador.
6.17) A contaminação da água de alimentação ocorre principalmente em sistemas onde:
(a) não há injeção de produto químico para tratamento.
(b) Não há uma inspeção regular da caldeira.
(c) os desaeradores são contaminados com água do mar .
(d) os trocadores de calor são resfriados com água do mar.

6.18) Uma unidade da grandeza condutividade é o:


(a) ohm.
(b) ampère.
(c) volt.
(d) mho.

6.19) A unidade de condutividade no sistema internacional (SI) é o:


(a) mho.
(b) siemens.
(c) ohm.
(d) volt.

235
C AD 0 1
6.20) O grau de dureza exprime a concentração do sal de:
(a) cálcio.
(b) sódio.
(c) magnésio.
(d) potássio.

6.21) A expressão que traduz o relacionamento existente entre o grau de dureza francês e o
grau de dureza alemão é:
(a) grau F = 0,5 grau A.
(b) grau F = 0,4 grau A.
(c) grau F = 0,3 grau A.
(d) grau F = 0,2 grau A.

6.22) A expressão que traduz o relacionamento existente entre o grau de dureza alemão e o
grau de dureza inglês é:

(a) grau A = 0,4 grau I.


(b) grau A = 0,5 grau I.
(c) grau A = 0,6 grau I.
(d) grau A = 0,7 grau I.

6.23) As bases possuem sabor

(a) azedo.
(b) de vinagre.
(c) de uva.
(d) Cáustico.

6.24) O óleo presente na água da caldeira causará


a) espuma.
b) projeção.
c) espuma e projeção.
d) nada, pois o óleo não é um tipo de contaminante.

6.25) O uso de produto desincrustante em excesso será transformado em


a) proteção extra para a caldeira.
b) nada, pois o sistema utilizará somente o necessário para a sua estabilização.
c) impurezas perigosas para a caldeira.
d) nada ainda foi constatado sobre o excesso de produto na caldeira.

III) Indique se as proposições abaixo estão certas ou erradas.

6.26) Quanto mais alta for a concentração de sais na água de alimentação, maior será a
condutividade.

( ) Certa ( ) Errada

6.27) pH 3,0 é mais ácido que pH 6,0.

( ) Certa ( ) Errada

236
6.28) pH 11,0 é mais alcalino que pH 8,0.

( ) Certa ( ) Errada

6.29) O pH 7,0 indica um meio alcalino.

( ) Certa ( ) Errada

6.30) A condutividade elétrica da água pura é da ordem de 10-6mho.

( ) Certa ( ) Errada

6.31) O meio ácido modifica a cor do papel tornassol de vermelho para azul.

( ) Certa ( ) Errada

6.32) O meio básico faz com que a fenolftaleína transforme-se de incolor para cor violeta.

( ) Certa ( ) Errada

IV) Responda:

6.33) O que são incrustações e quais os problemas que causam as caldeiras?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
6.34) Quais são as impurezas que podem ter acesso ao interior das caldeiras, através da água
de alimentação?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.35) Quais são os distúrbios que os sais podem provocar ao terem acesso ao interior de uma
caldeira?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.36) Considere as seguintes impurezas: sulfato de magnésio (MgSO4) e sulfato de cálcio


(CaSO4) e responda:

a) Qual é o efeito causado por tais impurezas?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

b) Qual é o tipo de teste a ser aplicado?


____________________________________________________________________________

237
C AD 0 1
____________________________________________________________________________

c) Quais são os tratamentos que podem ser aplicados?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.37) Quantas vezes uma solução de pH = 12 é mais alcalina que uma solução de pH 10? Por
quê?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.38) Quais as causas da “formação de espuma” na água de alimentação que problemas


provocam?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.39) O que é o fenômeno de arraste e que fatos contribuem para sua ocorrência?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6.40)O que são os condutivímetros?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

C h a v e d e R e s p o s t a s d o T e s t e d e Au t o - A v a l i a ç ã o d a U n i d a d e 6

Tar efas 6.1

6.1.1) Efeito: corrosão pelo oxigênio.

6.1.2) Teste: teste de oxigênio.

6.1.3) Tratamentos: Aquecimento e emprego adequado do sistema de desarejamento. Solução


desincrustante.

238
T e s t e d e Au t o - A v a l i a ç ã o

I)

6.1) Sal de cozinha.

6.2) Corrosão, a formação de espuma, projeção.

6.3) Fosfato de sódio, carbonato de sódio, amido.

6.4) Projeção

6.5) Controle da condutividade da água, isolantes.

6.6) 0,5 e pm.

6.7) Fenolftaleína, metil-orange.

6.8) 8 ppm.

6.9) zero a 14.

6.10) cloro.

6.11) Salinidade, dureza, oxigênio dissolvido.

6.12) Alemão, francês, inglês.

6.13) oxigênio dissolvido.

6.14) Papel de tornassol, fenolftaleína, metil-orange.

II)

6.15) d 6.16) d 6.17) d 6.18) d 6.19) b 6.20) a 6.21) a

6.22) d 6.23) d 6.24) c 6.25) c

III)

6.26) certa 6.27) certa 6.28) certa 6.29) errada 6.30) errada 6.31) errada 6.32)
certa

IV)
6.33) São depósitos nas superfícies internas da caldeira, formados principalmente por
carbonato de cálcio, silicato de cálcio ou magnésio, silicatos complexos contendo ferro,
alumínio cálcio e sódio, borras de fosfato de cálcio ou magnésio e óxidos de ferro não
protetores. Estes depósitos acarretam problemas sérios, tais como: aumento do consumo de
combustível, formação de áreas propícias à corrosão e ruptura dos tubos por fluência.

6.34) Sais, fugas de óleo combustível e óleo lubrificante, oxigênio dissolvido na água de
alimentação, produtos de corrosão e excesso de composição desincrustante

6.35) Formação de incrustação, corrosão ácida e formação de projeção.

6.36) a) incrustação, b) dureza, c) solução desincrustante e extração de fundo

6.37) 100 vezes. Porque ph = 12 → H+ = 10 -12

ph = 10 → H+ = 10 -10 e 10 -12 é 10 2 vezes maior que 10 -10


239
C AD 0 1
6.38) Excessiva concentração de sólidos na água, excessiva alcalinidade cáustica e matéria
orgânica em suspensão na água como óleo, graxas, etc. O arraste provoca a formação de
depósitos no superaquecedor, nas pás das turbinas e no sistema de condensado, além de
problemas de corrosão e erosão.

6.39) O arraste consiste em diminutas gotículas de água que são carregadas pelo vapor no
momento que este se desprende da superfície da água para as linhas de vapor pós-caldeira.

Em condições normais de operação, o arraste de água é uma possibilidade remota, pois os


internos do tubulão superior são projetados para evitar que isto ocorra. Entretanto, pode
ocorrer este tipo de arraste se houver:
- danos nos aparelhos separadores de vapor;
- projeto inadequado da caldeira;
- nível alto no tubulão;
- variação brusca de carga (excesso de produção de vapor);
- presença de espuma no tubulão superior.
6.40) São medidores que indicam qualquer variação na qualidade da água, devido a
contaminações de ordem orgânica ou inorgânica, que possuam a propriedade de condução
elétrica.

Muito bem! Continue firme, estamos chegando


ao final do módulo.
Vá para a penúltima Unidade de Estudo.

240

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