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Elaboração do Plano de

Manutenção, Operação e
Controle de Ar
Condicionado (PMOC)

PROFESSORES

Jorge Luís da Rocha Ferreira


Hedio Dias do Carmo
QUALIDADE DA AGUA EM SISTEMAS DE AR CONDICIONADO
TRATAMENTO QUIMICO DA AGUA

Eng.Mec.Msc Jorge Luis da Rocha Ferreira

Curso de PMOC
SENGE
Rio,18/05/2021
RESFRIAMENTO DA AGUA

TIPOS DE SISTEMAS:

ABERTO

SEMI-ABERTO

FECHADO
ABERTO

Sistema de uma só passagem (“once-through”)

Não utiliza tratamento químico na água

Usado em locais com grande disponibilidade de água (com qualidade)

 Gera “poluição térmica” no curso de água onde é despejada


SEMI-ABERTO

Água recircula no equipamento;

Utiliza tratamento químico na água;

Necessita da reposição de uma quantidade de água de alimentação para compensar as perdas por evaporação e purgas;

Usado em locais com demanda elevada e disponibilidade limitada de água.


Tiragem Induzida
Tiragem Forçada
FECHADO

SISTEMA FECHADO

Água recircula 100% no equipamento;

Utiliza tratamento químico na água;

Aplicado em processos nos quais a água deve ser mantida em temperaturas menores ou maiores do que as conseguidas pelos sistemas semi-abertos;

Água é resfriada num trocador e não entra em contato com nenhum outro fluido do processo (ar, gases, etc.).
Água gelada circuito fechado
Resfriamento à água

MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UM SISTEMA DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA

O resfriamento da água em uma torre ocorre fundamentalmente através de dois processos:


• Transferência de calor sensível (por convecção), devido ao contato com o ar a uma temperatura mais baixa.
responsável por cerca de apenas 20% do calor transferido.

• Transferência de calor latente por evaporação de certa quantidade de água, devido à menor concentração desta no ar circundante
(umidade).
responsável por aproximadamente 80% da transferência
global de calor da operação.
Resfriamento à água

Avaliação de eficiência do sistema de resfriamento: Range (ΔT): Diferença de temperaturas das águas de entrada e de saída do trocador

Approach: Diferença entre a temperatura da água resfriada e a temperatura de bulbo úmido do ambiente.

Eficácia: Relação entre o range real e o range ideal (diferença entre a temperatura da água quente e a temperatura ambiente), ou seja:

= Range / (Range + Approach)


Temperatura água quente (entra na torre)

ran
ge Delta T de 5,5ºC

Temperatura água fria (sai da torre)

apr
oa
ch

Temperatura bulbo úmido (ambiente)


Resfriamento à água
Resfriamento à água

De modo geral, valores de Approach maiores que 10 ºC indicam operação deficiente no sistema de resfriamento (subdimensionamento, obstruções
ou canais preferenciais nos recheios, bicos entupidos / danificados, baixa velocidade do ar, etc.), embora alguns autores e técnicos adotem limites
máximos de Approach de 6 ºC.
ÁGUAS DE ABASTECIMENTO

•Sais dissolvidos: cloreto de sódio, de ferro e de magnésio, carbonato de sódio,


bicarbonatos de cálcio, de magnésio e de ferro, entre outros;
•Gases dissolvidos: oxigênio, gás sulfídrico, óxidos de enxofre, amônia, cloro e gás
carbônico;
Rios/Lagos/Nascentes •Matéria orgânica;
•Poços •Sólidos suspensos;
•Reuso/ETE •Microorganismos
•Caminhão-pipa
•Concessionárias
ÁGUAS DE ABASTECIMENTO

Em função do equilíbrio entre carbonatos a água pode ser corrosiva


ou incrustante:

1. Se a água tiver tendência para solubilizar carbonato, ela é considerada corrosiva;

2. Se houver tendência para precipitação de carbonato, a água e considerada incrustante.


Qualidade da água: principais problemas

Em função do perfil da água de entrada pode ocorrer acúmulo de material na superfície de troca de calor, o qual é denominado fouling, que pode ser:

Fouling inorgânico: produtos de corrosão compostos por depósitos de óxidos de ferro, lama de fosfato de cálcio, poeira atmosférica ou
incrustações como carbonato de cálcio, sulfato de cálcio e outras.

Fouling orgânico: materiais de altos pesos moleculares, oriundos de vazamentos de fluidos de processo, de composição química
variada.

Fouling biológico: constituído por algas, fungos e bactérias formadores de limo ou material gelatinoso aderente às superfícies
metálicas.
PROBLEMAS EM SISTEMAS DE RESFRIAMENTO
PROBLEMAS EM SISTEMAS DE RESFRIAMENTO

✓ Corrosão: Tendência natural dos metais retornarem ao seu estado mais estável, ou seja, na forma de óxidos e sais.

✓ Incrustação: Aparecimento de depósitos nos circuitos devido aos sólidos em suspensão, sais dissolvidos e características dos sistemas.

✓ Slime (Limo): Desenvolvimento de microorganismos e formação de depósitos de origem orgânica.


CORROSÃO

Corrosão é um processo eletroquímico onde um metal retorna ao seu estado natural.

Por exemplo, o aço carbono, metal comumente usado em sistemas de resfriamento é muito suscetível à corrosão. Sendo assim,
ele retornará ao seu estado de óxido de ferro!
Mecanismo de corrosão em água de resfriamento.

Anodo: Fe → Fe2+ + 2e-


Catodo: 2e- + H2O + 1/2 O2 → 2 OH-
Global: Fe + H2O + 1/2 O2 → Fe(OH)2

2 Fe(OH)2 + H2O + 1/2 O2 → 2Fe(OH)3 ou Fe2O3 . 3H2O

Óxido de ferro (III) ou óxido férrico, hematita, óxido de ferro vermelho, ou simplesmente ferrugem!
CORROSÃO
Os principais fatores para que a corrosão ocorra são:

Presença de oxigênio e gases dissolvidos;


Concentração de sólidos dissolvidos e/ou suspensos;
Variações bruscas de pH;
Regime de escoamento;
Temperatura;
Atividade microbiológica.
INIBIDORES DE CORROSÃO

Inibir a corrosão significa paralisar ou reduzir a velocidade de dissolução metálica.


Diminuição da velocidade de uma das reações (anódica ou
catódica)
Produção de um filme estável e uniforme

Inibidores de corrosão:
 Anódicos: Atuam reprimindo as reações anódicas;
 Catódicos: Atuam reprimindo as reações catódicas;
 Mistos: Combinação de inibidores anódico e catódico.
INCRUSTAÇÃO

Incrustação é o acúmulo de material fortemente aderido sobre uma superfície, necessitando de limpeza mecânica e/ou química para sua
remoção.
Os principais responsáveis pela formação de incrustações são:

Sais de Cálcio e Magnésio (dureza), principalmente o CaCO3 e o CaSO4;

 Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO3-2);.

 Óxidos de ferro ou de outros metais, originados principalmente de processos corrosivos.


INCRUSTAÇÃO

Sem purga

Elementos estranhos
INCRUSTAÇÃO
INCRUSTAÇÃO

Os principais fatores para que a incrustação ocorra são:


✓ Temperatura de superfície das tubulações;
✓ Velocidade de escoamento;
✓ Qualidade da água de make-up/resfriamento; ✓Condições operacionais do sistema: ciclo de concentração, tempo de
retenção e outras, são variáveis que devem ser estudadas para diminuir a taxa de incrustação.
INCRUSTAÇÃO

Principais consequências da presença de incrustações:


•Diminuição das taxas de troca térmica;
•Aumento dos processos corrosivos que ocorrem sob o depósito;
•Obstrução do enchimento das torres de resfriamento;
•Entupimento de bicos e dispositivos distribuidores de água;
•Obstrução de tubulações e acessórios;
•Aumento do consumo de energia elétrica
CRESCIMENTO MICROBIOLÓGICO

Os depósitos biológicos são formados pela proliferação de algas, fungos, bactérias formadoras de limo e bactérias corrosivas.

Podem causar problemas de deposição nos trocadores, diminuindo a transferência de calor e do fluxo de água, e ainda propiciando a
formação de pilhas de aeração diferencial, com intensa corrosão sob depósito.
CRESCIMENTO MICROBIOLÓGICO

Os principais fatores para que o limo ocorra são:


Disponibilidade de nutrientes no sistema;
Temperatura: Ideal na faixa de 30 a 40 °C;
Oxigênio Dissolvido;
Luz Solar;
pH: Ideal entre 6,0 e 9,0;
Concentração de Bactérias;
Turbidez e Sólidos Suspensos;
Velocidade.
TRATAMENTO QUÍMICO

PORQUE TRATAR
QUIMICAMENTE A
AGUA
TRATAMENTO QUÍMICO

Reduzir os custos de manutenção;


Manter a superfície das tubulações dos
trocadores sempre limpos, favorecendo a troca
térmica;
Promover a passivação do metal, evitando sua
corrosão;
Dispersar sais existentes na água, evitando
aderência (incrustação) no sistema;
Aumentar a eficiência de troca térmica e, portanto,
reduz os custos de energia;
TRATAMENTO QUÍMICO

Evitar paradas ou redução na produção


ocasionados por aberturas dos sistemas para
manutenção;
Impedir o crescimento microbiológico, reduzindo
riscos inclusive ao ser humano;
Reduzir o volume de purgas, minimizando o
consumo de água;
Reduzir o impacto da oscilação da água de
alimentação.
TRATAMENTO QUÍMICO

Muitas vezes, a solução completa ou eliminação destes


problemas torna-se tecnicamente difícil ou inviável do
ponto de vista financeiro. Assim, o tratamento pode ter
por objetivo minimizar as conseqüências do problema,
possibilitando a convivência com o mesmo e otimizando
a relação custo/ benefício do processo.
TRATAMENTO QUÍMICO

MONITORAMENTO E CONTROLE DO TRATAMENTO


QUÍMICO
1.Controle físico-químico
2.Taxas de corrosão (cupons de prova)
3.Controle do desenvolvimento microbiológico
4.Avaliação visual
TRATAMENTO QUÍMICO

MONITORAMENTO E CONTROLE DO TRATAMENTO QUÍMICO

1.Controle físico-químico
2.Taxas de corrosão (cupons de prova)
3.Controle do desenvolvimento microbiológico
4.Avaliação visual
CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO PADRÕES ANALÍTICOS

FAIXA SUGERIDA OBSERVAÇÕES


ITEM DE CONTROLE

pH 6,5 – 8,5 Indica a acidez relativa ou a basicidade da água. A escala de


pH varia de 0 a 14, com 0 representando acidez máxima e 14
representando basicidade máxima.
Águas com pH abaixo de 6,5 aumentam a corrosão (ácida).
Acima de 8,5 pode causar precipitação de sais e prejudicam
a ação de biocidas

Condutividade (μS/cm) Máx. Medida da capacidade da água em conduzir eletricidade.


2000 Valores elevados de condutividade aceleram os processos
corrosivos. Também indicam maior concentração de
material dissolvido.

Máx.
Alcalinidade Total 300 Alcalinidade elevada indica presença de carbonatos e
(mg/L CaCO3) bicarbonatos, que podem constituir incrustações. Na água
de refrigeração, duas formas de alcalinidade desempenham
um papel fundamental: íons de carbonato (CO3-2) e íons de
bicarbonato (HCO3-). A alcalinidade atua como um
“amortecedor” para as variações de acidez ou basicidade.
CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO PADRÕES ANALÍTICOS

FAIXA SUGERIDA OBSERVAÇÕES


ITEM DE CONTROLE

Refere-se à quantidade de íons de cálcio e magnésio


Dureza Total Máx.
presentes na água. Visa controlar a concentração de sais de
300
(mg/L CaCO3) cálcio e magnésio, potenciais formadores de incrustações.

Máx.
300 Indica o grau de concentração da água e também uma
Cloretos medida da característica corrosiva
(mg/L Cl-)

Máx.
150
O controle visa evitar incrustações de sílica e silicatos, muito
Sílica duras e aderentes
(mg/L SiO3)

Máx.
100 Permite avaliar o crescimento microbiológico, detectar
Turbidez contaminações externas e concentrações excessivas de sais.
(NTU) O aumento da turbidez aumenta a formação de biofilme,
principalmente nas zonas de baixa velocidade do fluido.
TRATAMENTO QUÍMICO

MONITORAMENTO E CONTROLE DO TRATAMENTO QUÍMICO

1.Controle físico-químico
2.Taxas de corrosão (cupons de prova)
3.Controle do desenvolvimento microbiológico
4.Avaliação visual
Monitoramento da taxa de corrosão
Monitoramento da taxa de corrosão
TRATAMENTO QUÍMICO

MONITORAMENTO E CONTROLE DO TRATAMENTO QUÍMICO

1.Controle físico-químico
2.Taxas de corrosão (cupons de prova)
3.Controle do desenvolvimento microbiológico
4.Avaliação visual
Controle do desenvolvimento microbiológico

Dosagem de biocidas oxidantes e não oxidantes;


Contagem de bactérias heterotróficas totais;
Análise de Legionella pneumophila.
Controle do desenvolvimento microbiológico

FAIXA SUGERIDA OBSERVAÇÕES


ITEM DE CONTROLE

O aumento da concentração de
Bactérias Heterotróficas
Máx. 1000 bactérias heterotróficas aumenta a
(UFC/mL)
formação de biofilme.

Ausência
Legionella pneumophila A L. pneumophila pode causar doenças
pulmonares como a Febre de Pontiac
(infecção mais branda) ou Doença dos
Legionários (quadro mais grave). Se
presente na água dos sistemas de
resfriamento, pode ser aspersada através
da evaporação de micro-gotas de spray
de água, contaminando o ar do entorno.
TRATAMENTO QUÍMICO

MONITORAMENTO E CONTROLE DO TRATAMENTO QUÍMICO

1.Controle físico-químico
2.Taxas de corrosão (cupons de prova)
3.Controle do desenvolvimento microbiológico
4.Avaliação visual
Avaliação visual
Avaliação visual
Avaliação visual
Avaliação visual
Avaliação visual
Avaliação visual
Fatores de sucesso para o
Programa de Tratamento Químico

Levantamento dos dados dos sistemas;


Previsão do tratamento inicial (produtos e equipamentos); Qualidade
da água de abastecimento/entrada (make-up);
Qualidade da água de circulação;
Condições operacionais do sistema; Monitoramento e controle do
tratamento químico aplicado;
Ações corretivas imediatas.

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