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Monografia apresentada ao
sob orientação do
São Paulo - SP
2014
Ao Gustavo Barcellos,
A todos os professores,
humanas.
RESUMO
dificuldade de escuta da alma que clama por paz. É singular o momento que
de modos de ser.
the life of the Son . A Monograph from the Jungian Institute of São Paulo ,
SUMMARY
paternal absence.
clinical patients who found it difficult to perform the different social roles they
had to, and also from observing how challenging it is for a soul that cries out
The moment humanity lives is singular. Today the roles of Father and Mother
have changed to the point that the hegemony of the Father has given led to
Introdução ................................................................................................................ 1
Irene Gaeta
Introdução
nos motiva a questionar o que será dos indivíduos nascidos neste contexto, os
“filhos da mãe”, e como será a nova sociedade regida pelo complexo materno.
diferenciação entre o filho da mulher que tem um ego estruturado e uma boa
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relação com seu lado masculino, e o filho da mulher que tem o animus atuando
de modo autônomo.
de uma mãe, cuja inconsciência torna difícil para a criança alcançar uma
própria identidade. Neste caso, pode ser que a criança não consiga
indivíduos, ou um risco para ego a ser evitado a todo custo ou uma expectativa
quanto.
alada, um monstro que pertence tanto à Terra quanto ao Céu, mais ao mundo
dos monstros do que ao dos seres humanos. O dragão ilustra a força criativa e
quer existir e que quer engolir tudo o que ousa nascer, impedindo que se
maneiras diferentes.
Capítulo I
tais conceitos, uma vez que o discurso recebe influências dos diferentes
Jung desejava explicar a dualidade entre os sexos, por outro, queria dar
com a ideia de que algo ou outra pessoa o complete? Assim, é legítimo rever
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pode dizer o mesmo. Questões de gênero e sexualidade devem ser mais bem
pontos específicos de tempo e espaço. Além disso, há uma linha que separa o
manifestação.
Sobre o arquétipo de anima, Jung (1987, p. 77) acredita que “há uma
ele pode compreender a natureza da mulher”. Emma Jung por sua vez,
uma releitura para tais conceitos. Se por um lado, sabe-se hoje que o material
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conceito de modo diferente. Dr. Valery von Raffay (apud Fillus, 2012) aponta
tais imagens não são bem compreendidas e acabam sendo tratadas como
por Jung foi James Hillman. Ele compreende que se anima e animus são
arquétipos, devem existir para ambos os sexos. Assim sendo, não há como
supor que o homem seja regido por logos e a mulher por Eros, mesmo que
arquétipo.
ser aquele que não se pode ser, a mulher que não pode ser homem e o
2002). Isto não quer dizer que a divisão entre sexos também seja flexível, ao
Para Fillus:
como parte dela mesma. Tal projeção pode ser percebida ao observar o
homem.
musculoso”.
planejamento.
ou clérigo.
“pensamento”.
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Nesta última fase, a vida pode ganhar novo sentido, pois o animus
neste momento que a mulher se abre a novas ideias, pois o animus conecta a
inconsciente.
Para Jung:
que lhe dá vida. Ela domina a vida, vive, por assim dizer
habitualmente, através do Eros: mas a vida real, que é também
sacrifício, vem à mulher através da razão que nela é encarnada
pelo animus. (Jung, 2006, p. 351-352)
lado positivo do animus, que no seu aspecto maior, personifica uma elevada
seu animus talvez já não emita mais opiniões absolutas. Neste processo,
uma formação espontânea, mas que influencia ou distorce a razão. Nos dois
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todo. É uma cruz a ser carregada. De acordo com a alquimia, essa oposição
inconsciente, tanto por sua forma cruzada, quanto por seu aspecto de suplício.
da vida deixa a pessoa amarga. Entretanto, viver bem consigo mesmo exige
humildade.
se ganhe a consciência de que não se deve dar ao outro aquilo que não se dá
Capítulo II
seu animus?
Seria a mulher independente, que gera filho sozinha, que congela óvulos
para gerar filhos quando encerra a jornada profissional, que é solteira por
opção?
materialista ao extremo.
bom e certo, bonito para si e para o mundo. Diz como todos devem viver,
“ficaremos pobres e sós, o câncer não perdoa e seremos sua próxima vítima”.
igual para igual com os homens. Podemos considerar esse fato como uma
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essencial, mítico e arquetípico. O controle está todo nas mãos dessa mulher. A
Para Bolen (1994) foi uma libertação do arquétipo Atena nas mulheres –
mundo dos homens, mas ausência total no universo das mulheres. Se discurso
ser.
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Para Stein (1990) não podemos fazer uma reflexão sobre a opressão
apolínea das mulheres uma vez que os homens vêm sendo, no mínimo,
uma dádiva divina que não pertence apenas a mulheres, mas pertence a toda
vida.
as mulheres venceram e agora? O que fazer com esta vitória? Desde que a
lançado mundialmente a luta pelos direitos das mulheres ainda nos anos 1960,
direitos das mulheres, mas por privilégios que se sobreponham aos direitos
etc.
Uma fixação total na mãe pode, portanto levar a uma falência completa
profissional adequado.
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Capítulo III
Filho da Mãe
não desempenhem este papel com a mesma força que o homem. A descrença
implica numa atitude que retira o filho de sua fantasia de onipotência narcísica
superação do próprio pai. Esta mesma castração, ao ser efetivada pela mãe,
vem com um tom que o desqualifica, dizendo, por exemplo, que o menino não
tem capacidade e nem precisa desenvolver suas competências, que sua mãe
castradora como desnecessários para seu filho especial, que não precisa se
então ingressa num grupo de filhos aprisionados, ou seja, uma legião de “filhos
Talvez seja possível afirmar que tudo tenha começado com a “filha do
identificar mais com o próprio pai e com o elemento masculino interior (animus)
do que com a mãe e o principio feminino (anima). Mas se a origem dos “filhos
da mãe” se deu graças a uma “filha do pai” nasce a pergunta: qual a postura
deste pai que provocou na filha a necessidade de ocupar seu lugar? Não temos
a resposta, mas sabemos que as “filhas dos pais” tendem a aderir ao Pai
beleza. Ao ser dominada pelo complexo animus ao invés de o ser pelo Ego, a
“filhos da mãe”, sem força, sem autonomia, filhos que não vencem o desafio do
amorosa:
essencial: o feminino.
das mulheres com os valores masculinos, uma vez que historicamente o papel
na geração anterior, não se confia que o pai vá ser capaz ou vá desejar prover
estamos lidando nos nossos consultórios no dia a dia, tanto com os homens
queixam de solidão.
Essas mulheres que não confiam que o homem vai dar, o que anseiam
uma sensual. Alguns autores, como Murray Stein (2013) acreditam que o
animus espiritual tenha funções importantes que são bem representadas pelos
possuir nas mãos justiça e verdade; e com sua origem projetada, parece ter
Capítulo IV
eventualmente, impotência.
ilustrado pela Grande Deusa e seu jovem consorte, filho, amante e sacerdote.
simples quanto parece, pois o que está em pauta não é só a interação com a
mãe pessoal relação com a mãe arquetípica, com o campo materno total.
com o mundo.
si-mesmo bom e de viver de fato em um mundo ruim. Pensa que seria melhor
não existir. “O mundo é tal como é, e o indivíduo sente que é ele mesmo o
vida.
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com a mãe. A ideia de Puer negativo e positivo também deve ser revista. O
personificado pelo abraço apertado ou pela conjunção erótica entre mãe e filho.
interpretações do espírito.
Mas afinal quem é o pai que falta? Não é o pessoal, mas aquele
espiritual, o Deus morto que oferece um foco tal que não incita o filho a buscar
ritual. Hillman (1998) questiona o que acontece quando Puer, como estrutura
filho da grande mãe. “Quando a mãe substitui o pai, a magia substitui o logos
seguir em frente e a abraçar tudo, que para ela, significa todas as coisas,
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enquanto para o pai, ao contrário, tudo significa nada, a menos que seja
discriminar vozes, atividade essencial para a psicologia. O espírito que não tem
pai, não tem guia. A divisão entre Senex e Puer dá lugar a certa mistura de
plantas, desde a semente até a morte. Este é um lugar cheio de afinidades com
aquela que nutre tal qual a vida natural, fornece ao Puer dose excessiva de
alimento e, com isso, reforça alguns traços básicos do filho exigindo que ele se
no relacionamento com ela. O espírito deve ter efeitos no mundo material: vida
percepção.
objeto e da nostalgia da mãe que se perdeu. De acordo com Jung (1912), esta
mãe de maneira incestuosa, mas não consegue, pois é intimidada pelo tabu.
Uma vez que a libido não atinge seu objetivo, segue caminhando errante e
nostálgico, que pode não ter nada que ver com incesto. Vejamos o caso de
Calipso, o olhar desconsolado, ele está repleto de nostalgia. Pensa que não
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existe nada pior para o mortal do que o caminhar errante. Anticléia, Telêmaco,
deseja apenas voltar para casa, não pela sua mãe, mas por seu lar e pela ilha
seu lar, pela enorme cama redonda onde dormia com Penélope. A nostalgia
p. 188).
Para o jovem “entrar na mãe” significa praticar um ato incestuoso; para o velho
que o mundo hoje vive um período em que seu Ego heroico atingiu o ápice e
vida.
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Considerações Finais
cada um.
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Referências Bibliográficas:
SAMUELS, A. (1989). Beyond the feminine principle. In: The plural psyche:
personality, morality and the father. London: Routledge.
STEIN, M.(2006). Jung: o mapa da alma: uma introdução. São Paulo: Cultrix
TACEY, D.J. (1997). Remaking men: Jung, spirituality and social change.
Lomdon: Routledge.
VON RAFFAY (2000). Why it is difficult to see the anima as a helpul object.
Journal of Analytical Psychology