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Introdução

“A ética espinosana não se constrói a despeito das paixões, mas pelas paixões. Toda paixão
deixa sua marca na economia do conatus, isto é, aumenta ou diminui a potência de viver e agir
do homem. (...) não se pode conceber nenhuma virtude que seja anterior ao esforço de
autoconservação, o caminho da ética inicia-se invariavelmente no interior das paixões.” – pg.
15

“(...) o caminho da ética parte das paixões, (...), inicia-se pelo fortalecimento das paixões fortes
em detrimento das fracas. As paixões fracas são todas aquelas nascidas da tristeza (ódio, medo,
ambição, orgulho, humilde, modéstia, ciúme, avareza, vingança, remorso, arrependimento,
inveja). Mesmo uma tristeza intensa é uma paixão fraca. A passagem dos desejos tristes aos
alegres é, para Espinosa, a passagem da fraqueza para a força.” – pg. 15

“A ética é esse processo orientado pelo conatus e calcado nas paixões, seus afetos e afecções.
A alma alcança o conhecimento adequado no momento em que passa a interpretar esses
mesmos afetos e afecções como decorrência não mais de um exterior imaginado, mas de si
mesma e de seu corpo.” – pg. 16

“O direito (...), deve considerar o homem como ele é (...). Antes e acima de tudo, o homem
quer conservar-se na existência. É esse o ponto de partida do direito.” – pg. 17

“(...) já de início, (...) no âmbito de sua teoria do direito natural (...), são equiparados direito
natural (ius naturae) e poder (potentia) dos indivíduos na Natureza.” – pg 17

“(...) o direito natural, ao longo de sua história, tem como uma de suas dimensões o
desempenho de uma função específica: a de garantir a legitimidade do direito positivo, sendo
tomado, assim, não como poder (potentia), mas como Poder (potestas). (...) o direito natural
precisa encobrir o poder humano como fonte do direito positivo. A fim de possibilitar a
estabilização da organização política, deve deslocar o centro do poder para um local inacessível
ao homem. Paradoxalmente, o direito natural ocupa esse lugar tanto quando defende a ordem
estabelecida como quando contesta e legitima sua destruição (ao mesmo tempo em que
garante legitimidade à nova ordem).” – pg 18

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