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do capital nacional
- mas estas características, em si, não singularizam uma economia periférica de nenhuma outra
economia aberta — e para distinguir uma economia periférica de uma economia central, se vai
destacar os papeis e a evolução das importações e das exportações nestas economias
- embora o setor externo também fosse o responsável pela geração e pelo crescimento da renda das
economias centrais, a maior parcela da renda não era composta pelas exportações — a esta variá-
vel exógena juntava-se o investimento autônomo acompanhado de inovações tecnológicas
- as exportações das economias periféricas, centradas em um ou dois produtos, tinham pouca ca-
pacidade para dinamizar internamente a economia — esta capacidade dependia do coeficiente de
capital da economia e do interesse do capital externo enredado nas atividades auxiliares à ativi-
dade exportadora em dinamiza a economia
- na periferia, a atividade exportadora teve capacidade para ensejar uma urbanização mais ou me-
nos intensa e uma indústria de bens de consumo de uso corrente, como tecido, calçado, vestuário,
móveis, etc. — ou seja, dado o baixo nível de produtividade destas atividades, que possuíam
efeito multiplicador e distributivo bastante reduzidos, o crescimento dependia muito fortemente
do comportamento da demanda externa por produtos primários
- enquanto que nas economias centrais as importações eram compostas, basicamente, de alimentos
e matérias-primas que não se encontrava em seus territórios, nas economias periféricas, elas co-
briam faixas inteiras de bens de consumo e quase a totalidade de bens de capital
- assim, o setor externo assume, muito fortemente, a responsabilidade pela mudança do padrão de
desenvolvimento
- o modelo primário-exportador é complementar pelas economias centrais, que impuseram uma
determinada divisão internacional do trabalho — e cada uma das posições ocupadas na divisão
internacional do trabalho corresponde, internamente a cada país, uma divisão social do trabalho
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- nos países centrais, não é possível distinguir um setor exportador de outro destinado ao consumo
interno — nos países latino-americanos, por outro lado, há uma clara divisão social do trabalho
entre as produções destinadas ao mercado externo, de alta produtividade e elevada renda, e ao
mercado interno, de baixa produtividade e baixa renda
- outro fator importante é que os setores exportadores distribuíam muito desigualmente as
suas respectivas rendas, o que acabava por não gerar maiores efeitos multiplicadores sobre a
economia como um todo
“Assim, se bem o grosso da população auferia níveis de renda muito baixos, que praticamente o co-
locava à margem dos mercados monetários, as classes de altas rendas apresentavam níveis e pa-
drões de consumo similares aos dos grandes centros europeus e em grande parte atendidos por im-
portações.” (Maria da Conceição Tavares, Auge e declínio do processo de substituição de importa-
ções no Brasil, p. 222)
- o novo modelo de desenvolvimento que se seguiu a partir daí se pode chamar de desenvolvimen-
to “para dentro”
- logo de cara se conseguiu substituir parte dos bens que antes se importava
- num segundo momento, devido à escassez de divisas, foi necessário uma redistribuição dos fato-
res para se obter as importações de bens de capital e matérias-primas que se necessitava para dar
continuidade ao processo de substituição de importações
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→ isto é, alterou-se as variáveis dinâmicas da economia — na verdade, substituiu-se, parcialmente,
porém de maneira muito impactante, as variáveis externas pelas internas
- a composição do investimento é parte fundamental deste novo modelo — e o setor externo conti-
nuou a ser variável-chave do novo tipo de desenvolvimento na medida em que era dele que pro-
vinham as divisas que diversificariam a estrutura produtiva mediante a importação de equipa-
mentos e bens intermediários
- de tal modo, abria-se a possibilidade de se levar a economia ao crescimento mesmo mediante es-
tagnação ou declínio das exportações
- este modelo, contudo, não alterou o modelo exportador — isto é, este setor continuou a depender
única e exclusivamente de produções agrícolas, o que continuou a levar as economias latino-
americanas a crônicos estrangulamentos externos
- de outro modo, o que se diz é que os novos setores estavam restritos ao mercado interno, o que
também significa dizer que nada se alterou na divisão internacional do trabalho
- pensar a substituição de importações em termos estreitos tem as suas implicações — de tal modo,
identifica-se alguns exemplos em que a redução do componente importado não significa o esgo-
tamento do processo substitutivo:
- embora não se estivesse reduzindo nem o nível nem a participação de uma determinada im-
portação, o que poderia evidenciar a ausência de um processo substitutivo na medida em
que este componente importado seria destinado ao aumento da participação de uma produ-
ção doméstica sobre os seus similares importados
- no caso da emergência de um novo mercado, desenvolvimento no exterior, este bem especí-
fico apresentará índices constantes ou até crescentes de importação, o que não significa que
não se esteja alterando a composição da estrutura interna de produção
- ou seja, é muito importante entender que um processo de “substituição de importações” num país
latino-americano está associado tanto à presença constante de restrições externas como se mani-
festa, primordialmente, através da ampliação e da diversificação da capacidade produtiva indus-
trial
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C — A dinâmica do processo de substituição de importações
“A nossa tese central é a de que a dinâmica do processo de desenvolvimento pela via da substituição
de importações pode atribuir-se, em síntese, a uma série de respostas aos sucessivos desafios colo-
cados pelo estrangulamento externo, através dos quais a economia vai-se tornando quantitativamen-
te menos dependente do exterior e mudando qualitativamente a natureza dessa dependência. Ao
longo desse processo, do qual resulta uma série de modificações estruturais da economia, vão-se
manifestando sucessivos aspectos da contradição básica que lhe é inerente entre as necessidades do
crescimento e da barreira que representa a capacidade para importar. Tentaremos mostrar qual a me-
cânica da superação de alguns desses aspectos, chegando à conclusão de que os problemas de natu-
reza externa e interna tendem a se avolumar de forma a frear o dinamismo desse processo.” (Ibidem,
p. 231)
- estas duas últimas passam a dinamizar aquilo que se convencionou chamar de substituição de
importações
- ao mesmo tempo, aumentam as importações dos insumos utilizados para a produção destes mes-
mos bens, o que atinge um limite quando as divisas para importá-los se esgota — e estas são as
primeiras expressões da contradição do processo
- as novas ondas de substituição de importações tendem a comprimir importações menos essenci-
ais — e é nas superações destas contradições que reside a essência da dinâmica do processo subs-
titutivo
- conforme o tempo passa, as “barreiras externas” vão se tornando cada vez mais difíceis de serem
superadas na medida em que a elas se somam barreiras de ordem interna, como o seriam as di-
mensões do mercado e a dependência tecnológica — assim, as pautas de importação vão se tor-
nando cada vez mais rígidas
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2. As modificações na estrutura de importações e a mecânica da substituição
- nas primeiras fases de substituição, a seleção das linhas de importação ocorria à luz da facilidade
para se importar os produtos mais demandados internamente, que são os bens de consumo termi-
nados, como já se afirmou anteriormente
- conforme o processo avança, reduz-se a participação dos bens de consumo final e cresce a dos
produtos intermediários
- passadas estas primeiras etapas, tende-se a estabelecer uma estrutura de importação sem grandes
alterações relativas entre os três grandes grupos — bens de consumo, bens intermediários e bens
de capital
- isso significa que se está conseguindo substituir, simultaneamente, as três faixas de produtos —
isso, contudo, não significa que não esteja ocorrendo qualquer alteração na composição das im-
portações
- uma vantagem da importação de bens intermediários é que eles não costumam exigir uma parcela
grande de divisas e, pois, não costumam ser maiores responsáveis pelo estrangulamento externo
— porém, há que se fazê-lo no momento correto, pois as etapas mais avançadas do processo
substitutivo tendem a exigir uma quantidade maior destes bens, cuja instalação demora um tempo
bastante considerável… ou seja, é preciso planejar as etapas da industrialização por substituição
de importações com o lag/tempo que demora para se tornar o projeto operacionalizado
- o mesmo se pode dizer sobre os bens de capital
- ou seja, para se evitar estrangulamentos externos, é impossível que o processo substitutivo “se dê
da base para o vértice da pirâmide produtiva, isto é, partindo dos bens de consumo menos elabo-
rados e progredindo lentamente até atingir os bens de capital.”
“É necessário […] que ‘edifício’ seja construído em vários andares simultaneamente, mudando ape-
nas o grau de concentração em cada um deles de período para período.” (Ibidem, p. 235)
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- o processo substitutivo necessita, pois, de uma planejamento que anteveja estes estrangulamen-
tos, o que só pode ser realizado pelo Estado e/ou alguns raros empresários inovadores — ou seja,
a instalação destes setores intermediários e os bens de capital, o investimento de base, tende a ser
realizada diretamente pelo Estado ou através de financiamento ao setor privado
- caso a renda do setor externo deixe de crescer e, assim, de alimentar o processo substitutivo, o
capital externo é uma alternativa a sua continuação
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