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1)​ Apresente as propostas dos estágios de desenvolvimento e do atraso relativo.

Escolha
cuidadosamente um exemplo de “pré-requisito” para ilustrar as diferenças entre essas duas
visões.

Anotações sobre o que o Britto falou:


O exemplo não precisa ser política específica, a ideia é fazer o mesmo que Gerschenkro fez
com o sistema bancário. Tem que ser um bom exemplo de pré-requisito de Rostow. É melhor
usar exemplo genérico porque é mais difícil de incorrer em erros. Gerschenkro critica mais a
teoria marxiana que a de estágios de Rostow. Não é para comparar e combater as teorias dos
dois autores, apenas explicar os conceitos e falar do exemplo à luz de cada uma (“não é pra
fazer rinha de galo”).

Estrutura Geral:
1. Etapas do desenvolvimento de Rostow;
2. Problemática da sua abordagem e método;
3. Atraso relativo de Gerschenkron;
4. Exemplo de pré-requisito e destrinchamento;
5. Conclusão
Estrutura destrinchada - sem corte:
1. Em meio à ameaça comunista, Rostow compreende que a maneira mais efetiva para se
conter o avanço da USSR na Europa Oriental seria melhorar a qualidade de vida de
seus habitantes e países a partir do desenvolvimento. Para ele, isso necessariamente
passa pelo acúmulo de capital e industrialização, sendo todos os países sujeitos a
alguns pré-requisitos e etapas similares entre economias distintas.
2. O primeiro passo é a construção de pré-requisitos ao longo de 1 século ou mais no
processo de “gestação” de Kuznets em que deve acontecer o ​aumento da taxa de
investimento para 10%, o ​controle dos fluxos por novas instituições p/ reinvestir
ganhos produtivos​ e o ​desenvolvimento de setores manufatureiros​.
3. Este processo, no entanto, só toma corpo se houverem profundas mudanças sociais
nas sociedades em questão, ao longo do tempo (caso da GBR), ou um forte baque no
nível de bem estar social que force a sociedade a dar uma guinada em direção ao
crescimento (caso dos EUA).
4. Considerando-se que existe vontade e autoridade p/ difundir a tecnologia e a nova
estrutura produtiva - a revolução industrial que deve necessariamente acontecer em
cada país - a nação parte então para a decolagem, período que dura de 20 a 30 anos e
é caracterizado por ​aumento do PIB per capta e da ​taxa de ​investimento (e
consequente aumento do investimento absoluto). A decolagem se inicia pelo acúmulo
de capital e financiamento. Para que o reinvestimento da nova renda gerada pelo
crescimento aconteça, Rostow aceita que isso passe pela transferência de renda para
grupos capitalistas específicos como sugere Kuznets, uma forma de apoio - consciente
ou não - à hipótese do “crescer o bolo para então repartir”.
5. Este financiamento se estrutura ao redor de setores de crescimento primários - as
indústrias líder - que carregam consigo o crescimento de setores suplementares
(insumos) e derivados (bens de consumo para trabalhadores, por exemplo).
6. Se a decolagem for feita de maneira adequada, este país deverá passar
necessariamente por um terceiro período, desta vez prolongado e contínuo, em que o
investimento é recorrente não só para renovar os insumos obsoletos como máquinas
quebradas, mas também para promover o crescimento. Eventualmente Rostow
desenvolve sua teoria para destrinchar este momento em maturidade e consumo de
massa, mas a ideia central de que o crescimento pode ser apenas um “surto” ou se
transformar em uma “estagnação secular” caso o país falhar em manter/aumentar sua
taxa de investimento se mantém.
7. O método de realinhamento das linhas dos tempos dos países para chegar à
generalização da teoria de Rostow pode ser interpretado como um malabarismo teórico
falho e problemático, do qual Gerschenkron, com sua teoria do atraso relativo, se
distancia em certa medida.
8. Para o autor russo, deve-se buscar a diferença, e não a semelhança, entre os
processos de desenvolvimento de cada país. A lógica da máxima marxiana de que a
história de países desenvolvidos é o futuro dos atrasados pode ser verdade, mas não
precisa ser, afinal a própria natureza dos subdesenvolvidos os levam a diferir
fundamentalmente em trajetória, fazendo pouco sentido analisar os pré-requisitos para
o crescimento.
9. Gerschenkron sugere, então, que utilizemos as taxas de velocidade do processo, a
estrutura produtiva e organizacional, os instrumentos utilizados e as diferentes
ideologias de cada país para se avaliar o atraso relativo entre países.
10. A partir desta relativização do desenvolvimento de cada país com base em seu contexto
histórico, Gerschenkron identifica algumas características comuns aos países
atrasados: existe uma tensão entre o presente e seus obstáculos e a promessa do
desenvolvimento, uma falta de mão de obra para a indústria, tornando novos setores
demorados para se tornarem produtivos, e que tecnologias modernas exigem grandes
escalas, tornando o momento histórico do desenvolvimento crucial para entender o grau
de dificuldade e velocidade do crescimento de cada país e abrindo espaço para um
paralelo com os equilibristas.
11. O setor de infraestrutura logística está se tornando um excelente exemplo de como a
diferença lógica entre as duas abordagens prescreveria diferentes resultados para o
crescimento de economias distintas. Rostow diria que países atrasados que tenham a
pretensão de crescer deveriam, necessariamente, reinvestir seu excedente de renda na
infraestrutura rodoviária e ferroviária, que atuou como setor de crescimento suplementar
em diversos países de centro, tanto na decolagem quanto ainda o faz no período
prolongado.
12. Por outro lado, Gerschenkron não seria tão determinista em afirmar sobre a importância
dos automóveis para o crescimento no século XXI, visto as mudanças tecnológicas que
ocorreram e estão por vir e que, aparentemente, irão modificar profundamente a
logística industrial mundial. Considerando este cenário, os países atrasados que
investirem em estruturas rodoviárias estarão correndo o risco de investir erroneamente
e perder uma oportunidade essencial para seu processo de redução do atraso relativo.
13. Assim como a Alemanha ganhou uma vantagem comparativa no setor ferroviário ao
investir mais tardiamente que a Inglaterra, a periferia pode experimentar o “processo
violento” do encurtamento do abismo de desenvolvimento ao investir em tecnologias
emergentes como os drones de passageiros, hyperloops e outras que ainda parecem
apenas conceituais e pouco aplicáveis.
14. Se Gerschenkron ainda estivesse vivo, ele poderia ainda descrever uma alternativa ao
crescimento que não passasse pela indústria, mas incluísse como centro o setor de
serviços, caso em que o investimento em rodovias e ferrovias se tornasse ainda menos
central para o dessenvolvimento.
2)​ Discuta as causas e a importância das economias externas derivadas de novos
investimentos produtivos em áreas atrasadas nas teorias do Crescimento Equilibrado e do
Desenvolvimento Desequilibrado. Como o argumento de cada autor se associa às suas
respectivas propostas de política?

Anotações sobre o que o Britto falou:


Destrinchar economias externas em cada teoria e a partir daí falar das propostas de política
contrastando as duas.

Autores / teorias​:
● Crescimento Equilibrado: Royal Society: “não existe desenvolvimento econômico sem
aplicação de capital”
○ Rosenstein-Rodan
○ Nurkse:
■ “A indução ao investimento é limitada pela dimensão do mercado” (Allyn
Young) - redução de custos e, mais fundamentalmente, ganhos de
produtividade aumentam o mercado. “Capacidade de compra significa
capacidade de produção.” Mas o nível de produtividade depende em
grande medida da utilização de capital na produção, que é inibida pela
pequena dimensão do mercado -> ​ciclo vicioso​. Este ciclo vicioso é em
si um ponto de equilíbrio, e requer intervenção para ser quebrado.
■ Investimentos que surgirem no vácuo, desacompanhados de outras
indústrias complementares, estarão fadados ao fracasso pois os novos
trabalhadores empregados não irão consumir tudo que for produzido -
condição básica para a nova indústria vingar. É preciso, portanto, existir
um esforço conjunto entre vários setores que aplique capital de forma
sincronizada de maneira a promover o ​crescimento equilibrado​.
■ Este pode ser obtido via mercado privado e/ou Estado, mas, no geral, em
“economias atrasadas” não existe incentivo para o investimento privado
na indústria local, e isso pode afetar também o capital estrangeiro.
■ O capital de países “adiantados” é relutante em investir nos mercados
internos de países subdesenvolvidos pois os consumidores locais não
têm recursos para consumir e porque existe um amplo mercado para
bens primários em países de centro.
■ Investimento induzido vs. autônomo -> o induzido não enxerga as
economias externas com antecedência para justificar a aplicação de
capital. Voltando ao ciclo vicioso, é preciso intervenção.
■ Equilíbrio deve ser considerado em âmbito internacional também. “A
renda mundial é um indicativo mais importante da prosperidade global
que o volume de comércio internacional.”
■ Posso citar o exemplo da Venezuela pra falar de economias externas.
■ “É sempre mais fácil adotar hábitos de consumo superiores que
métodos aperfeiçoados de produção.” -> as pessoas consomem
cestas que não estão ao seu alcance para imitar padrões de consumo de
países de centro e isso esgota sua capacidade de poupança e torna mais
difícil de colocar em prática políticas de poupança forçada. “A utilização
das fontes potenciais internas de capital pode ser impedida pela
insatisfação e pela impaciência que o efeito demonstração tende a
produzir”.
■ Essa ideia é uma maneira alternativa de chegar “a uma teoria do
desequilíbrio do balanço de pagamentos igualmente baseada nas
diferenças dos níveis gerais de produtividade”.
■ Acho que não precisa falar tanto desse ponto, mas se quiser pode entrar
em detalhes na crítica de Nurske contra políticas alfandegárias de
restrição de consumo de itens de luxo.
■ Isolamento, com base no casos do Japão e USSR, parece ser um
método eficaz de evitar esse desequilíbrio do balanço de pagamentos,
mas Nurske busca uma alternativa mais agradável. Transferências
unilaterais de renda não são o caminho.
■ Receita: ​“torna-se mais que nunca necessário que os países
subdesenvolvidos controlem firmemente a propensão nacional ao
consumo”
■ Rola de criticar a receitinha da poupança
● Crescimento Desequilibrado: Hirschman

Estrutura:
1. Visão geral da veia tradicional do crescimento equilibrado citando a conclusão do
estudo da Royal Society;
2. Entrar a fundo em como o desenvolvimento não existe no vácuo e deve ser promovido
de maneira sincronizada ao longo das indústrias (Nurske) e como a escala é crucial
para uma ação desenvolvimentista bem sucedida, sob a luz das indivisibilidades de
Rodan.
3. Mas como aplicar capital em meio ao equilíbrio no ciclo vicioso de Nurske?
4. O objetivo é chegar no ciclo virtuoso causado pelas economias externas, que são
geradas pelas indivisibilidades no lado da oferta e demanda e na oferta de poupança.
5. Os riscos e os custos de capital para se chegar lá são grandes demais para o setor
privado investir de maneira espontânea. Rodan sugere, portanto, a criação de um truste
na Europa Oriental (talvez puxar o contexto político se for encher linguiça) que reduziria
os riscos devido à complementaridade de diferentes indústrias, custos devido à escala e
massificação do consumo e a incerteza já que as informações seriam totalmente
difundidas e o planejamento seria mais fácil.
6. Nurske, no entanto, tem uma liberdade maior de incluir o Estado em sua solução,
afirmando que para chegar lá não se pode contar somente com o setor privado e o
investimento induzido, caso contrário sofrerá com a dupla frustração. No entanto,
mesmo o governo, devido às dificuldades de acúmulo de poupança, precisa de algum
fator a mais pra promover este crescimento equilibrado.
7. A solução de Nurske é que “países subdesenvolvidos controlem firmemente a
propensão nacional ao consumo”
8. Problematizar essa redução forçada do consumo (até Nurske admite ser entendível os
cidadãos da periferia consumirem mais que deveriam) e o plano megalomaníaco de
Rosenstein-Rodan e puxar Hirschman, que leva o custo social do subdesenvolvimento
em maior consideração.
9. P/ Hirschman o desenvolvimento só pode partir de uma transformação, que exige uma
quebra com o anterior, desmontando qualquer ideia de equilíbrio - daí o “crescimento
desequilibrado”.
10. Hirschman compartilha a visão de que o esforço deve ser conjunto, mas vai na direção
oposta da teoria organizadinha e redonda do crescimento em equilíbrio, afirmando que
deve-se discutir a aplicabilidade de cada modelo.
11. Mesmo o embasamento teórico dos modelos é falho, afinal se baseiam em Harrod
Domar e o k constante, o que não é verdade p/ países subdesenvolvidos.
12. Essa diferenciação entre o desenvolvimento de países é crucial para entender a
formação de externalidades em Hirschman, afinal uma mesma variável/condição tem
comportamento totalmente diferente entre países de rendas distintas.
13. Ao contrário dos “equilibristas”, apenas K não é suficiente, países subdesenvolvidos
devem afinar sua habilidade de investir e criar um ciclo virtuoso de investimento a partir
do efeito completivo e os efeitos diretos e indiretos de investimentos. Falar também das
cadeias de desequilíbrios
14. Explicar como as políticas desenvolvimentistas devem focar em criar desequilíbrios que
incentivarão o crescimento de novos setores.
15. Assim, através do investimento em atividades diretamente produtivas (ADP) se formará
capital fixo social (CFS)
16. Conclusão.
3) Considerando a ideia de “cadeia de desequilíbrios” proposta por Hirschman, apresente a
lógica de interação entre Estado e Mercado como parte de uma estratégia para o
desenvolvimento.

Anotações sobre o que o Britto falou:


Explicar os conceitos básicos de Hirschman (por que desequilíbrio, o que são cadeias
produtivas, etc.) antes de apresentar a estratégia para o desenvolvimento. No que tange a
lógica de interação entre Estado e Mercado “existe uma lógica de investimento que tem que ser
feita pelo mercado e outra que tem que ser feita pelo Estado.” -> relacionar com o que ele falou
na aula de que o Estado é feito de pessoas com suas próprias visões e vieses, e que por isso
não se pode dissociar a racionalidade política da econômica nas ações governamentais. Por
conta disso, é vital entender a ordem ideal dos investimentos para se escolher o caminho com
o menor custo e tempo para o desenvolvimento.

Estrutura geral:
1. Introdução de Hirschman como economista mais completo e pés no chão e puxando
gancho para explicar por que desequilibrado.
2. Explicar as cadeias produtivas e como desequilíbrios em certos pontos geram pressões
que reverberam pela cadeia inteira, delineando os efeitos completivos, diretos e
indiretos. ​Parte da cadeia de desequilíbrios da questão.
3. À luz destas cadeias cria-se a necessidade de conhecer a melhor ordem de
investimentos para promover um desenvolvimento mais rápido e efetivo.
4. Puxar gancho desta ordem para abordar a ​lógica da interação entre Estado e
Mercado​.
5. Conclusão

Partes que joguei fora de resposta final:


Hirschman, ao desenvolver sua teoria do desenvolvimento econômico se preocupa na
aplicabilidade de sua teoria, tendo uma abordagem mais “pés no chão” que economistas
anteriores que permeia toda sua proposta de políticas.​ É por este motivo que, a

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