Você está na página 1de 10

1

Teses de Prebisch: O ponto de partida da análise de Prebisch foi a crítica a teoria das vantagens comparativas de Ricardo, segundo o
qual os países deveriam especializa-se na produção daqueles produtos para os quais apresentassem vantagens comparativas de custo.
Desse modo, a américa latina produziria alimentos e matérias-primas para a exportação e importaria produtos manufaturados. A ideia era
de que o progresso técnico gerado nos países desenvolvidos (centrais), incorporado nas importações, difundir-se-ia nos países
subdesenvolvidos (periféricos), por meio da redução dos preços dos produtos industriais importados. 2P. Ao mesmo tempo, a menos
incorporação de tecnologia na produção primaria e a maior demanda dos países centrais, em virtude do crescimento de sua renda,
elevariam os preços dos produtos primários. As relações de troca melhorariam em benefícios dos países exportadores de produtos não
industriais. Desse modo, os países periféricos não precisariam industrializa-se, para atingir o desenvolvimento econômico. Teoria do
Ciclo (Deterioração dos Termos de Troca): A deterioração dos termos de troca pode ser explicada, segundo Prebisch, pela teoria
do ciclo. Na fase ascendente, os preços e a renda sobem nos países desenvolvidos, o que eleva a demanda internacional de alimentos
e matérias-primas. Consequentemente, com preços favoráveis, os países periféricos aumentam sua oferta. Ocorre que, no caso de
produtos primários, como carnes, café e outras culturas permanentes, existe uma defasagem de resposta da oferta de alguns anos e não
é possível obter, de imediato, todos os ganhos possíveis decorrentes da elevação de preços. Além disso, quando os preços começam a
cair, desde o fim da fase ascendente do ciclo, os países subdesenvolvidos não conseguem reduzir de imediato sua oferta, o que deprime
ainda mais os preços agrícolas na fase descendente. Nessa fase, embora a demanda externa se retraia e os preços diminuam, a oferta
agrícola tende a ter uma queda menos do que proporcional, por sua rigidez. Nos países centrais, a oferta de produtos industriais ajusta-
se de imediato à demanda e aos preços; além disso, a rigidez dos salários para baixo, pela ação dos sindicatos, evita maiores reduções
da demanda de produtos industriais. Pela troca desigual, essa pressão de custos é repassada à periferia.
19
20
21
22
23
24
A Teoria da Solidariedade Continental sugeria que esses países produzissem o mais barato possível, para ajudar os EUA a combater
o comunismo. Na década de 1950, contudo, os oligopólios passaram a produzir em escala mundial e processou-se uma nova divisão
internacional do trabalho. O setor de mercado interno de muitos países, antes protegido pela política de substituição de importações,
implementada a partir da Grande Depressão Mundial, permitindo o livre acesso apenas às empresas nacionais, abriu-se às multinacionais
por volta de 1955. Em função disso, o processo de industrialização da periferia assumiu um novo aspecto, com os grandes grupos
internacionais passando a contribuir diretamente para a transformação de sua estrutura produtiva. 2P. A economia continuou, contudo,
fechada aos grupos que operavam fora do país. As empresas multinacionais que desejassem penetrar no mercado nacional precisariam
enfrentar as elevadas alíquotas do imposto de importação. Enquanto as empresas internacionais instaladas, como as do setor
automobilístico, passaram a ter a mesma participação no mercado e proteção, como se fossem empresas nacionais. Essa nova ordem
mundial explica a razão pela qual, em 1961, na conferência da Aliança para o Progresso, no Uruguai, os representantes do governo
Kennedy propuseram a ajuda americana para a industrialização da América Latina, o que causou surpresa. Muitos acreditaram que a
industrialização ocorreria sem mudanças estruturais, ficando a periferia subordinada às decisões econômicas e políticas dos países
centrais. Continuação... Vale do Rio Doce.
14
15
16
17
18
19
O Processo de Substituição de Importações (PSI), no Brasil, passou por três principais fases: Na primeira, ocorreu a substituição
fácil de importações de bens de consumo final, com um mercado relativamente grande; na segunda, ingressou em uma fase mais difícil,
com a substituição de bens de consumo duráveis e produtos intermediários, com um mercado menos amplo, o que gerou uma indústria
pouco eficiente e de altos custos médios. Na etapa seguinte, a economia brasileira passou a produzir bens de capital, concorrendo com
a indústria estrangeira com grande apoio governamental. A pequena dimensão do mercado pode inviabilizar novas plantas, levando à
busca de mercados externos. Isso acaba beneficiando a própria industrialização, porque as exportações proporcionam o ingresso das
divisas necessárias para financiar a importação de máquinas e equipamentos não produzidos internamente, além de exercerem efeitos
de encadeamento sobre as atividades ligadas ao setor de mercado interno. A insuficiência de poupança na América Latina, na visão
de Prebisch, decorria da alta taxa de consumo das elites, dos gastos militares e do baixo nível de renda da maioria da população. A
industrialização realizada com alta relação capital/trabalho, no entanto, contribuía para manter o desemprego e decorria da
importação de técnicas de países onde a mão de obra é o fator escasso, bem como dos subsídios concedidos ao capital. Os bens de
capital não pagavam tarifas ao serem importados e os juros eram muito baixos nos financiamentos. Prebisch entendia que não se
incentivou o suficiente a exportação de produtos manufaturados, que nos países em desenvolvimento, em geral, incorporam uma relação
capital/trabalho menor. Assim, no início da década de 1960, estava-se esgotando a etapa fácil de substituição de importações, apoiada
na fabricação de produtos tradicionais. Ao mesmo tempo, substituíam-se importações com altos custos médios e alta relação
capital/trabalho, muitas vezes em resposta ao estrangulamento externo. Os déficits no balanço de pagamentos ocorrem porque,
segundo Prebisch: enquanto a procura de produtos manufaturados que importamos tende a elevar-se rapidamente, as exportações
primárias aumentam com relativa demora, em grande parte por razões estranhas à vontade dos países latino-americanos... Daí, só agora
nós começamos a compreender sua significação e reconhecer a necessidade vital de incentivar as exportações industriais dos países
periféricos, principalmente daqueles que ultrapassaram a primeira fase do processo de industrialização". Continua...
21
22
23
24
emprego, formação de capital, conhecimentos técnicos e economias de escala. Da mesma forma, do ponto de vista dos países
desenvolvidos, esses investimentos seriam úteis porque melhorariam sua posição competitiva, ao proporcionarem a abertura de novas
fontes de matérias-primas e de alimentos e ao facilitarem a venda de máquinas e equipamentos industriais. Além de atrair investimentos
estrangeiros, torna-se necessário que esses investimentos diversifiquem a economia e se efetuem em setores estratégicos do ponto de
vista do desenvolvimento. A dificuldade é a de que a taxa de retorno do capital se mostra baixa fora do setor exportador. Para que o capital
seja aplicado na indústria, além de tecnologia, que poderá ser importada pelos próprios investidores estrangeiros, a questão é aumentar
a oferta local de mão de obra especializada, bem como de insumos especiais não produzidos internamente. Em resumo, conclui-se que
uma política de industrialização necessita: (a) de investimentos em educação e no treinamento da mão de obra; (b) de investimentos em
infraestruturas económicas, como comunicações e transportes; e (c) da disponibilidade de divisas estrangeiras para as importações
necessárias ao desenvolvimento econômico. Tese de Singer é complementar à tese de Prebisch: enfatiza mais o mercado interno,
papel do estado e enfatiza mais as formas de atração de divisas para desenvolvimento desse mercado.
12
2

Prebisch argumentava que os países ricos poderiam ajudar os países periféricos a combater sua própria depressão. Na fase
descendente, eles deveriam aumentar seus empréstimos para a periferia poder continuar importando seus produtos, sobretudo bens de
capital. Isso seria possível porque, na depressão, os recursos financeiros, ficando ociosos nos países centrais, poderiam ser emprestados.
Esta análise também mostra a impossibilidade da transferência do progresso técnico para os países subdesenvolvidos. Pelo contrário, a
dependência comercial e a troca desigual implicariam a transferência do excedente dos países periféricos para os países centrais,
aumentando ainda mais a distância que os separa dos países ricos. Por conseguinte, as alternativas para o desenvolvimento dos países
periféricos seriam a industrialização e a diversificação dos mercados externos, na época muito concentrados nos EUA. Estratégias de
desenvolvimento para a América Latina: Segundo Prebisch, a industrialização seria efetuada mediante substituição de importações,
pela existência de mercados constituídos para produtos específicos, até então importados dos países ricos. As substituições, a serem
realizadas inicialmente seriam, de preferência, aquelas provenientes da zona do dólar, para maximizar os saldos das divisas mais
escassas. A menor disponibilidade internacional de dólares resultava da redução do coeficiente importações/PIB dos EUA e do
protecionismo americano para segmentos da indústria e da agricultura, o que pressionava para baixo os preços internacionais de matérias-
primas, alimentos e produtos semielaborados. A estratégia de Prebisch, para o desenvolvimento latino-americano, consistia nos
seguintes pontos: (a) compressão do consumo supérfluo, principalmente de produtos importados, por meio do estabelecimento de tarifas
elevadas e de restrições quantitativas às importações; (b) incentivo ao ingresso de capitais externos, principalmente na forma de
empréstimos de governo a governo, a fim de aumentar os investimentos, sobretudo para a implantação da infraestrutura básica; (c)
realização de reforma agrária, para aumentar a oferta de alimentos e matérias-primas agrícolas, bem como a demanda de produtos
industriais, mediante a expansão do mercado interno; e (d) aumento da participação do Estado na captação de recursos e na implantação
de infraestruturas, como energia, transportes, comunicações etc.
20
21
22
23
24
Críticos de Prebisch: A ênfase na industrialização recebeu críticas, tanto dos países desenvolvidos, como de nacionais ligados à
oligarquia agrário-exportadora ou de intelectuais. Os críticos de esquerda consideravam os objetivos cepalinos conservadores, isto é,
vinculados ao grande capital; enquanto os críticos de direita viam no "planejamento governamental" uma estratégia demasiadamente
"soviética". As dificuldades para a industrialização eram muito grandes, principalmente pela oposição dos EUA. Antes da Segunda Guerra
Mundial, por exemplo, o Congresso americano negou um empréstimo do governo norte-americano para a construção da usina siderúrgica
de Volta Redonda. Após a United Steel Corporation ter recusado participar do projeto, com habilidade, o Brasil conseguiu, em 1940, um
empréstimo de US$ 45 milhões para a construção de uma empresa siderúrgica de capital inteiramente nacional. Comissão Mista Brasil-
Eua Diagnóstico: Esse projeto resultou dos estudos efetuados pela Comissão Mista Brasil-EUA, constituí- da durante o conflito mundial.
Ela foi encarregada de avaliar as possíveis contribuições do Brasil para a guerra. Desses estudos, ficou evidenciada a carência do país
em infraestrutura, principalmente nas áreas de energia, transportes, comunicações e aço. Durante a Guerra, o país recebeu permissão
para importar equipamentos para a instalação da usina, que começou a funcionar em 1946. O apoio norte-americano deu-se pela entrada
do Brasil na Segunda Guerra e por acordos para fornecimento de matérias-primas estratégicas e instalação de uma base militar no
Nordeste. Com isso, o Brasil recebeu também financiamentos para ferrovias e extração de minério de ferro, originando a Companhia do...
14
15
16
17
18
19
Limites da industrialização: algumas ideias da CEPAL: O subdesenvolvimento dos países periféricos, sobretudo da América Latina,
derivava, segundo a CEPAL, de fatores externos e internos. Os fatores externos decorriam da dependência dos países periféricos dos
países centrais. Essa dependência resultava na deterioração dos termos de troca: os países dependiam, na maior parte dos casos, do
dinamismo de apenas um produto de exportação e do mercado norte-americano. Assim, o crescimento dos países periféricos depende:
(a) do crescimento da renda externa e das cotações dos produtos agrícolas em mercados manipulados (dependência comercial); (b)
das importações de máquinas e de outros produtos industriais essenciais, cujos preços eram fixados por oligopólios e que tendiam a se
elevar (dependência tecnológica); (c) das importações dos EUA e, portanto, de sua política econômico-financeira (dependência
financeira). Os fatores internos decorriam da concentração fundiária, da reduzida dimensão do mercado interno e da elevada taxa de
crescimento demográfico. A agricultura apresentava baixa produtividade, tanto da terra, como da mão de obra. A introdução de inovações
tecnológicas na agropecuária ficava bloqueada pela presença significativa de vastos latifúndios e de um grande número de minifúndios,
ambos improdutivos. Essa estrutura agrária mostrava-se desfavorável ao desenvolvimento da agropecuária comercial. Como o modo de
produção predominante era o de subsistência, os investimentos ficavam bloqueados por fatores sociais e econômicos. Os primeiros diziam
respeito à cultura, tradição e ao modo de vida extremamente simples do meio rural. A produção efetuava-se para consumo próprio de
subsistência, com técnicas extensivas rudimentares. Limites da industrialização: Seguindo Prebisch, conclui-se que a reduzida
dimensão do mercado interno decorre, principalmente, da pobreza e da estrutura agrária inadequada, isto é, da estrutura social pré-
capitalista vigente. Pobreza e baixa produtividade estão associadas e elas resultam do lento ritmo da inversão" e do baixo nível de renda,
o que gera um círculo vicioso. A elevada taxa de crescimento demográfico no meio urbano, por outro lado, expande os gastos sociais do
Estado, reduz os investimentos, deprime a renda média e eleva a demanda de alimentos e o custo de vida urbano. Com crescimento
demográfico muito rápido, a acumulação de capital precisa acelerar-se ainda mais, a fim de reduzir o desemprego, que tenderia a crescer
cumulativamente. Continuação... (Estado deveria incentivar empresariado nacional em formação a investir na industrialização).
21
22
23
24
A tese de Hans Singer: A análise dos termos de troca foi igualmente efetuada por Hans Singer, para o período de 1950 a 1977. Ele
também constatou a tendência à deterioração dos termos de troca contra as exportações de produtos primários (excluído petróleo, após
1973), em favor das exportações de produtos industrializados. Concluiu, da mesma forma, que os ganhos de produtividade dos países
ricos não são repassados aos países pobres, na forma de preços industriais mais baixos. O crescimento da renda exerce efeitos maiores
sobre a indústria, pela demanda mais elástica dos produtos manufaturados, tanto em relação à renda, como aos preços. Além disso, o
progresso técnico mais rápido nos países industrializados reduz custos e aumenta ainda mais os lucros. Mesmo nesses países, a
produtividade tende a crescer mais na indústria do que no setor primário. Segundo Singer, o comércio internacional não deixa de ser
importante para os países em desenvolvimento. Em períodos de preços favoráveis para os produtos primários, aumenta a capacidade de
importar máquinas e equipamentos industriais, possibilitando a industrialização. Nessa oportunidade, esses países precisariam investir os
lucros do comércio na infraestrutura e na indústria. No mesmo sentido, considerava que os países em desenvolvimento deveriam atrair
os lucros gerados nos países desenvolvidos, na forma de investimentos diretos. Esses investimentos seriam uma forma de reter os frutos
do progresso técnico nos países em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que exerceriam efeitos de encadeamentos sobre a renda,
13
3

Críticas às teses de Prebisch/Singer: A teoria da deterioração das relações de troca, bem como o pensamento cepalina de modo geral,
sofreram críticas tanto de economistas liberais como de economistas marxistas. Para os liberais, por exemplo, a lógica do mercado
acabaria promovendo o desenvolvimento no longo prazo. Isto é, não existiria uma verificação empírica definitiva segundo a qual as
relações de troca iriam piorar sistematicamente contra os países exportadores de produtos primários. Países que modernizaram sua
agricultura conseguiram desenvolver-se a partir de uma base agrícola sustentada pelo dinamismo das exportações. Este foi o caso dos
EUA, Canadá, Dinamarca, Austrália, Nova Zelândia etc. A questão é investir os lucros das exportações agrícolas em infraestruturas
econômicas para induzir o desenvolvimento do setor de mercado interno. Ao mesmo tempo, a pauta exportadora precisa ser
gradativamente diversificada e administrada, a fim de evitar excessos de oferta que possam afetar os preços. Segundo os economistas
marxistas, o afluxo de capitais do centro para a periferia ocorre em virtude da elevação da composição orgânica do capital no centro, que
reduz a taxa de lucro. Os países pobres, com baixa composição orgânica, mão de obra barata e abundantes recursos naturais, atrairiam
11
12
13
14
A abordagem da dependência consolidou-se mais tarde, com Sunkel e Furtado. Esses autores lembraram que as indústrias de bens
de consumo foram instaladas na periferia, mas as indústrias de bens de capital permaneceram no centro. Isso aumentou a
interdependência comercial entre as economias do centro e as da periferia, mas de forma assimétrica, uma vez que as relações de troca
continuaram desfavoráveis para estas últimas. Mesmo que as economias periféricas passem a exportar bens de consumo manufaturados,
seus preços continuam a crescer menos do que os preços dos bens de capital importados. Isso se deve ao fato de estes últimos serem
produzidos em estruturas de mercado mais oligopolizadas e incorporarem tecnologias superiores, o que teria originado uma dependência
estrutural. Para os dependentistas, portanto, o atrelamento dos países periféricos aos países centrais resultaria do desenvolvimento do
capitalismo e das necessidades das economias dominantes. A dinâmica interna dos países periféricos condiciona-se a seu papel
subalterno na estruturação da economia mundial. Desse modo, o subdesenvolvimento não se caracterizaria pelo atraso, mas seria a
consequência do desenvolvimento capitalista internacional. Para os economistas de inspiração marxista, a contradição do
desenvolvimento não estaria, portanto, entre o centro e a periferia, mas entre o capital e o trabalho. Causas internas, oriundas das relações
de produção, das disputas entre as classes sociais, que se apoderam do aparelho estatal, entravam ou favorecem o desenvolvimento, e
não causas externas, provenientes das relações comerciais, tecnológicas, ou estruturais, como afirmam alguns dependentistas. Para os
que enfatizam a influência de fatores internos, as alianças de grupos nacionais com o capitalismo internacional moldam o caráter da
dependência e o próprio estilo do desenvolvimento.
16
17
18
19
20
21
Pensamento desenvolvimentista: O pensamento desenvolvimentista compreendia a corrente ligada ao setor privado e a linha vinculada
ao setor público, sendo esta última desdobrada em desenvolvimentismo nacionalista e não nacionalista. Para essa corrente, a
transformação da economia brasileira seria impossível sem industrialização, planejamento econômico e ampla participação do Estado no
processo produtivo. Desenvolvimentistas ligados ao setor privado: Nessa corrente, destacou-se Roberto Simon, fundador do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI). Ele defendeu a criação de indústrias de base, como
a siderurgia e a química. Considerava viável a implantação de um capitalismo moderno no país, com decisivo apoio governamental, por
meio de políticas protecionistas e planejamento económico. Em 1937, ele já destacava o papel do Estado na substituição de importações,
por meio de tarifas elevadas para bens que pudessem ser manufaturados internamente, destinando as divisas economizadas à importação
de máquinas e insumos industriais. Ele propunha a transformação de matérias-primas no próprio país, a ampliação da capacidade
portuária e a abertura de rodovias para induzir investimentos industriais. Na concepção dessa corrente, porém, o intervencionismo deveria
atingir as áreas não cobertas pela iniciativa privada, como eletrificação, siderurgia, petróleo, insumos básicos, material bélico e outras
atividades-chave, incluindo o que denominou "moderna agricultura de alimentação”. Os desenvolvimentistas ligados ao setor privado
defendiam (variáveis chaves para industrialização): (a) a preservação do mercado interno para o setor privado nacional; (b) o controle
de salários; (c) tributação mínima dos lucros; e (d) crédito barato e abundante para investimentos industriais. Para eles, a inflação não
decorria do crédito, mas do déficit público, da elevação salarial e da escassez da produção de alimentos. ...exportações. Adicionalmente,
o governo precisaria preservar a estabilidade monetária e cambial, deixando ao mercado a tarefa de assegurar a máxima eficiência do . sistema

17
18
19
20
21
22
autonomia na gestão de problemas econômicos fundamentais. A corrente não nacionalista do setor público tinha Roberto Campos
como principal expoente. Ele defendia o combate à inflação como prioridade e achava que o Estado não devia ocupar os espaços onde
a iniciativa privada podia atuar com maior eficiência. Esses eram os pontos de contato com a corrente neoliberal. A diferença residia na
defesa da industrialização com planejamento estatal, porém parcial ou setorial. Rangel e a corrente socialista: A corrente socialista tinha
como principais representantes Alberto Passos Guimarães e Caio Prado Júnior. Essa corrente argumentava que duas contradições
básicas estavam presentes na sociedade brasileira: o monopólio da propriedade da terra e o imperialismo internacional. O planejamento
econômico, com ênfase na empresa privada nacional e no Estado, apresentava-se como uma condição necessária para evitar a
dependência ao imperialismo externo. Para Guimarães, as relações de produção da agricultura brasileira eram feudais, sendo necessária
uma reforma agrária ampla para permitir o desenvolvimento capitalista no campo. Caio Prado, pelo contrário, dizia que tais relações
sempre foram capitalistas, como atestaria a existência de uma agricultura exportadora. Desse modo, o desenvolvimento não precisaria
passar, necessariamente, pela reforma agrária, mas pela extensão da legislação trabalhista do meio urbano ao homem do campo. Ao
estimular o pagamento de salários, ela ampliaria o mercado consumidor nas zonas rurais, estimulando a industrialização e o
desenvolvimento capitalista. Rangel com sua visão independente argumentou que no interior das fazendas a agricultura era feudal, sendo
capitalista nas suas relações comerciais externas. No interior das propriedades, as relações feudais são atestadas pela existência do
"coronel" que domina o camponês que trabalha e habita em suas terras.
16
17
18
19
20
21
22
autônomo e voltado para o setor de mercado interno. Os desequilíbrios seriam corrigidos pelo planejamento estatal. Já os
desenvolvimentistas não nacionalistas do setor público reconheciam a existência de pontos de estrangulamentos e tendências aos
desequilíbrios, que deveriam ser corrigidos pelo planejamento parcial. Os recursos precisariam ser concentrados em pontos de
crescimento, ou de germinação, para maximizar seus efeitos na economia. Em oposição, os socialistas mostravam-se altamente
estatizantes e pregavam um crescimento voltado para dentro, a fim de minimizar a dependência ao imperialismo internacional. Segundo
eles, existiriam duas contradições básicas na economia nacional, dificultando seu desenvolvimento, que seriam o monopólio pela posse
da terra e o imperialismo internacional. A ideia básica consistia em viabilizar o desenvolvimento capitalista da economia brasileira, para
apressar sua passagem ao socialismo, mediante reforma agrária e industrialização planificada, bem como pela criação de empresas
estatais, sem interferência estrangeira. Inácio Rangel formava uma escola à parte, por discordar das correntes neoliberal,
desenvolvimentista e socialista. Apesar de concentrar renda, ele considerava o modelo de substituição de importações indispensável para
a industrialização. Ele concordava também com a ideia de planejamento e intervenção direta do Estado, tanto para estimular o setor
privado, como para corrigir os desequilíbrios e assegurar a continuidade do crescimento econômico. Segundo ele, apenas as exportações
agrícolas não seriam suficientes para gerar mudanças tecnológicas e promover o desenvolvimento econômico. Este se caracterizaria por
transformações estruturais no processo produtivo. Desse modo, determinadas mudanças precisavam ser provocadas, como reforma
agrária, distribuição de renda, reforma do Estado, abertura ao exterior e democratização do crédito.
16
4

investimentos externos, mas permaneceriam dependentes e atrelados ao imperialismo internacional. Reconhecendo que a estreiteza do
mercado limita o desenvolvimento, argumentou que o excedente nos países pobres é mal utilizado pela ação das elites feudais, dos
industriais conservadores e da classe média consumista. Os investidores estrangeiros, ao se associarem as classes menos progressistas
desses países, agravariam as distorções no uso do excedente, que se tornaria ainda expatriado aos países desenvolvidos. Umas das
críticas mais sérias efetuadas à tese de Prebisch/Singer é a de que, ao se estudarem novos períodos, não haveria mais deterioração
das relações de troca contra os países exportadores de produtos primários. No que tange ao período de Singer (1950/1977), os críticos
argumentam que os preços dos produtos primários estavam muito elevados na primeira metade da década de 1950 em função da Guerra
da Coreia. A queda posterior desses preços seria uma simples consequência da tendência do retorno ao equilíbrio. Constataram (exceto
1973) que os preços dos produtos primários exportados por países não desenvolvidos cresceram mais do que os preços dos
produtos primários do resto do mundo.
11
12
13
14
Teoria da dependência: uma abordagem neocepalina: O conceito de dependência originou-se do pensamento cepalina, fundado por
Prebisch, que enfatizou as relações assimétricas entre a periferia exportadora de produtos primários, a cujos preços dependem das
condições do mercado internacional, e o centro industrializado, fixador de preços. Inicialmente, destacou-se a dependência comercial,
mencionando-se os aspectos relativos a preços, quantidades, mercados concorrenciais, para os produtos primários, e mercados
oligopolizados, no caso dos produtos industriais. A dependência resulta do relacionamento entre partes com desigual poder político e
econômico. A dependência econômica e a política são interdependentes, sendo o colonialismo a forma extrema da segunda. A primeira
caracteriza-se por laços mais sutis e os países subdesenvolvidos ficam "amarrados" a imposições econômicas e a manipulação de
mercados. Ela adquire três formas: (a) dependência comercial: provém da deterioração das relações de troca, da existência de apenas
um ou dois produtos de exportação e da necessidade de abastecimento em poucos mercados; (b) dependência tecnológica e científica:
o país periférico depende do ritmo do desenvolvimento tecnológico dos países centrais, da disposição desses países em liberar ou não
tais inovações e da viabilidade dessa transferência; (c) dependência financeira: decorre das outras formas de dependência, da elevação
da taxa de juros internacional (da política monetária e fiscal dos países centrais, principalmente dos EUA) e do afluxo de capitais
internacionais. Vargas e Dutra: • instalação de indústrias básicas com investimento público • transformação da estrutura produtiva •
impulso à industrialização estava sendo dado por forças internas • alianças entre grupos nacionais com o capitalismo internacional moldam
o caráter da dependência e o próprio estilo de desenvolvimento.
16
17
18
19
20
21
Pensamento econômico brasileiro: O pensamento econômico brasileiro envolve as correntes neoliberal, desenvolvimentista e socialista,
além do pensamento eclético de Inácio Rangel. Pensamento neoliberal de Eugênio Gudin: Os neoliberais consideravam fundamental
o combate à inflação, o aumento da produtividade, o estimulo as exportações, maior liberdade ao capital estrangeiro e participação
mínima do Estado no controle da economia. Essa corrente, liderada por Eugênio Gudin, tinha como projeto económico básico o
crescimento com equilíbrio das contas públicas; fundamentava-se no livre mercado, em oposição às teses desenvolvimentistas. Seguiam
o postulado monetarista, segundo o qual os meios de pagamentos precisam expandir-se no mesmo ritmo das transações econômicas.
Os aumentos dos gastos públicos, sem correspondência com novas receitas, elevam o volume de dinheiro na economia e geram inflação.
Segundo Gudin, havia pleno emprego e inflação na região Sul/Sudeste do país e desemprego no Norte/Nordeste. Na depressão,
as empresas do Sul/Sudeste reduzem a produção. Com pleno emprego, o crédito tende a gerar inflação. Investimentos na melhoria da
produtividade, principalmente nos setores exportadores, seriam medidas coerentes. Com poupança interna escassa e afluxo insuficiente
de capitais estrangeiros, o país emitia moeda, acelerando a inflação. Para atrair poupança externa, Gudin defendia a completa liberdade
para a remessa de lucros, por parte das multinacionais. Ele concordava com a ideia de planejamento, mas o Estado Liberal tem
como função "estabelece as regras do jogo, mas não joga". Ele aceitava alguma forma de intervenção do Estado na economia, para
corrigir falhas do mercado, em determinadas áreas, principalmente em períodos de depressão. Suas variáveis estratégicas para o
desenvolvimento eram: (a) atração do capital estrangeiro; (b) formação do mercado de capitais; (c) assistência técnica e concessão de
crédito seletivo para a agricultura; (d) educação geral e profissionalizante; (e) incentivos ao aumento da produtividade; e (f) promoção das
17
18
19
20
21
22
Desenvolvimentistas ligados ao setor público: A corrente nacionalista ligada ao setor público teve como expoente principal Celso
Furtado. Ele considerava que a participação de empresas estatais era fundamental para a industrialização e o desenvolvimento de
projetos prioritários, como mineração, extração de petróleo, energia, transportes, telecomunicações e indústrias básicas. Defendia a
industrialização por substituição de importações e contava com a ampla participação do Estado na correção de desequilíbrios estruturais
e na eliminação dos pontos de estrangulamentos do crescimento. 2P. Furtado entendia que a dinâmica do crescimento encontrava-se nas
pressões de demanda e que as inovações tecnológicas podiam ser importadas. O planejamento estatal orientaria o crescimento,
rompendo com estruturas arcaicas, bloqueadoras do desenvolvimento. A transformação das estruturas agrícolas aumentaria a
produtividade, pela transferência de fatores e atividades das zonas rurais para o meio urbano. 3P. A rigidez da oferta das economias
subdesenvolvidas provoca inflação. No curto prazo, a oferta fica invariável com as variações de preços. A demanda cresce pelo efeito
demonstração do consumo dos países desenvolvidos. O problema da inflação, portanto, reside na própria superação do
subdesenvolvimento, o que se obteria de modo mais rápido pelo planejamento global e setorial. Este aumentaria a eficiência da
industrialização, ao eliminar os estrangulamentos decorrentes da heterogeneidade e da rigidez estruturais. 4P. Em suma, Furtado
considerava fundamental a participação do Estado na economia: (necessidades para realizar o desenvolvimento): (a) atuando
diretamente no setor produtivo, por meio de empresas estatais; (b) planejando a distribuição regional e setorial dos investimentos; (c)
subordinando a política monetária ao desenvolvimento; (d) promovendo uma distribuição de renda mais equitativa para dinamizar o setor
de mercado interno; e (e) controlando o afluxo de capital estrangeiro, para que a dependência financeira excessiva não retire do país sua
17
18
19
20
21
22
CEPAL e pensamento econômico brasileiro: A CEPAL liderou a maior corrente de pensamento desenvolvimentista da história das
nações. Se as relações de troca não caírem sistematicamente contra os países subdesenvolvidos, que exportam produtos primários,
então eles poderiam industrializar-se e desenvolver- -se com base no dinamismo de sua base exportadora. A corrente neoliberal liderada
por Eugênio Gudin, opondo-se ao desenvolvimentismo da CEPAL, acreditava que o Brasil poderia desenvolver-se com base na
especialização agrícola e nas forças de mercado. Segundo ele, na Região Sul/Sudeste não havia desemprego, mas baixa produtividade.
Assim, todo investimento financiado pelo crédito gera inflação e aumenta os desequilíbrios. Desse modo, o crescimento económico
brasileiro teria sido efetuado com desequilíbrio das contas públicas e com ineficiências crescentes pela excessiva intervenção estatal na
economia e por erros de política econômica. Já para Almeida Magalhães, representante dos desenvolvimentistas ligados ao setor privado,
havia desemprego, mesmo no Centro-Sul, e o Brasil teria agido corretamente ao promover seu crescimento por meio do crédito bancário
e do mecanismo da poupança forçada, que transfere rendas para o investimento empresarial. Essa corrente tinha como modelo a
substituição de importações, com base no capital industrial nacional, com apoio do Estado. Esse apoio deveria traduzir-se na adoção de
políticas favoráveis ao máximo lucro, como baixos salários, crédito barato e abundante, proteção à indústria nacional contra a concorrência
estrangeira, a fim de preservar os mercados contra a concorrência estrangeira, a fim de preservar os mercados. A posição de Celso
Furtado e dos demais desenvolvimentistas nacionalistas do setor público centrava se nas ideias cepalina (substituição de importações,
estruturalismo) e pregava a industrialização planificada, com forte participação de empresas estatais. O desenvolvimento deveria ser
16
5

Celso Furtado e os limites do liberalismo: produção teórica e intervenção prática pela indignação dos custos da aplicação da ideologia
liberal no processo de construção do subdesenvolvimento brasileiro e manutenção da ideologia quando o objetivo é a aceleração do
desenvolvimento. • leitura do liberalismo econômico em cada etapa do desenvolvimento brasileiro • tese do mimetismo e transplante
artificial (ideias fora do lugar) e necessidade de acomodação da docilidade periférica ao sistema de produção e acumulação vigente.
Primeiro conflito furtado x liberalismo: compreensão do subdesenvolvimento como construção particular, uma vez que, não se trata
de um momento do desenvolvimento capitalista e leis pretendidas pelo automatismo do mercado, ou seja, perversão de uma teoria calcada
no mito do progresso. Em que, impedia estruturalmente o desenvolvimento das economias condenadas à condição primário-exportadora
(lei das vantagens comparativas). A opção pelo modelo primário-exportador configurou toda a dinâmica histórica e social, pelos ciclos
econômicos, crises sucessivas de crescimento/regressão e impedimento estrutural ao avanço da estrutura capitalista. Segundo conflito
furtado x liberalismo: disputa entre projetos concorrentes (revolução de 1930) e, posteriormente guinada em direção à centralização
política e ao protagonismo estatal pelo modelo primário-exportador forte adversário do desenvolvimento da atividade industrial e
crescimento do mercado interno. As crises cíclicas causadas pela primeira guerra mundial e quebra da bolsa fez com que tentassem
reforçar a ideia de que a atividade agrária era a propensão natural e eficaz da economia brasileira e insustentável. A indústria era espinha
dorsal do liberalismo nos países do centro, mas para periféricos vigorava a teoria Ricardiana. A era Vargas cria um novo ambiente de
disputa nacional-desenvolvimentismo entre CEPAL e furtado, onde a teoria liberal se repagina ao introduzir tema da industrialização e do
16
17
18
19
20
21
Furtado, a ideologia liberal é identificada como o principal obstáculo a ser superado no caminho de transcender o subdesenvolvimento.
Projeto Desenvolvimentista: Importância da democracia: observa-se que a trajetória liberal brasileira, em certos períodos, se
aproximou de modelos autoritários. Para Furtado, a democracia não é apenas um componente externo, mas integra a dinâmica interna
do projeto desenvolvimentista. Furtado atribui à democracia três funções: 1. A primeira função reside na capacidade de superar a
tendência do capitalismo brasileiro de maximizar lucros mediante a redução de salários. O autor destaca a existência do "exército
industrial de reserva" como fator prejudicial ao amadurecimento de uma economia em transição, enfatizando que a diminuição do mercado
interno impossibilitaria a criação de tecnologias nacionais, crucial no conceito de "learning by doing". 2. A segunda função da
democracia, conforme a visão de Furtado, é permitir, sem desvios, a implementação do projeto de desenvolvimento contrário
aos interesses de robustos segmentos da sociedade. Isso envolve setores como o primário-exportador, aqueles vinculados à dinâmica
do comércio internacional, além das elites sobreviventes da regressão dos ciclos econômicos, que, embora enfraquecidas em termos de
poder econômico, mantêm uma forte influência política. 3. A terceira função da democracia, na perspectiva de Furtado, é ser um
meio essencial para a consecução do desenvolvimento, através da defesa dos interesses da nação em contraposição aos
interesses do mercado. Isso implica na distribuição equitativa do progresso socialmente produzido e visa evitar a apropriação privada,
destacando que a presença de instituições democráticas é crucial para formar uma opinião pública capaz de sustentar o projeto de
desenvolvimento frente aos diversos interesses que o cercavam.
16
17
18
19
20
21
22
Consumo Supérfluo: O conceito de consumo supérfluo, conforme abordado por Furtado, refere-se à prática de uma pequena elite nos
países subdesenvolvidos que mantém padrões de vida semelhantes aos dos países desenvolvidos, utilizando o excedente de produção
para sustentar esse estilo de vida. Nesse contexto, o excedente que poderia ser direcionado para investimentos produtivos é utilizado
para satisfazer o consumo luxuoso dessa elite, contribuindo para a reprodução de desigualdades sociais e não para o desenvolvimento
econômico sustentável. Essa dinâmica destaca uma distorção na alocação de recursos, impedindo que o excedente seja utilizado de
maneira mais eficaz para promover o crescimento e a prosperidade geral na sociedade subdesenvolvida. Consumo Conspícuo: A
definição de consumo conspícuo, atribuída ao sociólogo e economista Veblen, destaca a prática da classe ociosa em utilizar padrões de
consumo como símbolo de status, prestígio individual e distinção social. Conspicuamente, os membros dessa classe exibem bens e estilos
de vida luxuosos não apenas como meio de atender às suas necessidades básicas, mas como uma demonstração de poder e posição
social. O consumo conspícuo é, portanto, uma forma de expressão social que vai além da utilidade intrínseca dos bens, sendo motivado
pela busca de reconhecimento e diferenciação dentro da sociedade. Essa ideia é coerente com a análise de Furtado sobre o consumo
supérfluo nas elites dos países subdesenvolvidos, destacando semelhanças na dinâmica de consumo e nas suas implicações sociais.
13
14
15
16
17
18
Crise do desenvolvimentismo: A crise do desenvolvimentismo nas décadas de 1960 trouxe à tona novas teorias para compreender o
cenário brasileiro e latino-americano. Entre os teóricos destacam-se Cardoso e Faletto, que desenvolveram a Teoria da Dependência,
focada no aspecto político. Mesmo com algumas etapas do Plano de Substituição de Importações (PSI) alcançadas, perceberam
obstáculos não superados. Esses estudiosos buscaram compreender as limitações de um modelo de desenvolvimento em que a economia
mundial já estava sob a hegemonia de poderosos grupos econômicos, enxergando a teoria desenvolvimentista como agravante dessa
dependência. A Teoria da Dependência (Novos Desenvolvimentistas), concebida para elucidar a reprodução do sistema capitalista de
produção na periferia, propôs uma análise profunda da economia de alguns países latino-americanos. Essa abordagem destacou que,
mesmo em nações com elevadas taxas de crescimento, a dependência econômica e política em relação à economia internacional era
uma limitação intrínseca. Sob essa perspectiva, tais países estavam destinados a acumular miséria e enfrentar problemas crônicos de
distribuição de renda. 2P. A Teoria da Dependência rompeu com a visão evolutiva que vinculava subdesenvolvimento e desenvolvimento
como etapas de um mesmo processo. Em vez disso, enxergou-os como realidades distintas e contrapostas. O subdesenvolvimento, nesse
contexto, tornou-se um produto específico do desenvolvimento capitalista mundial, configurando-se como uma forma particular de
capitalismo. 3P. As relações estruturais de dependência iam além do âmbito das transações comerciais, abrangendo movimentos
internacionais de capitais, como investimentos diretos estrangeiros, e a dependência tecnológica. O imperialismo desempenhava um
papel crucial, moldando as estruturas socioeconômicas e subordinando a economia latino-americana à economia internacional. Duas
correntes teóricas notáveis dentro desse paradigma foram representadas por Marini, com uma abordagem marxista, e Cardoso e Faletto,
com uma perspectiva weberiana.
18
19
20
21
22
Teoria da dependência versão marxista: Três condicionantes históricos-estruturais da situação de dependência: 1. Redução de
preços dos exportados pelas economias dependentes (primários e com baixo valor agregado) em relação ao preço dos produtos
industriais, isto é, o processo de transferência de valor – perda nos termos de troca. 2. Remessa de excedentes de dependentes para
avançados sob forma de juros, lucros, amortizações, dividendos e royalties, ou seja, importam capital dos avançados. 3. Instabilidade dos
mercados financeiros internacionais com altas taxa de juros para fornecimento de crédito aos periféricos, onde ficam à mercê do ciclo de
liquidez internacional. Teoria da dependência versão marxista: Três formas históricas de dependência: dependência colonial: 1.
Dependência Colonial: Caracterizada pela exportação de produtos naturais e domínio do capital financeiro e comercial nas relações. 2.
Dependência Financeiro-Industrial: Envolvimento do grande capital nos centros hegemônicos e investimento na produção de matérias-
primas e produtos agrícolas voltados para exportação. 3. Dependência Tecnológico-Financeira: Presença de corporações
multinacionais que investem na indústria voltada para o mercado interno dos países subdesenvolvidos.
6

planejamento como forma de superação do subdesenvolvimento, mantendo a discussão da vantagem agrária e crítica sobre estratégias
de protecionismo de Simonsen e Gudin. A forte separação do liberalismo econômico e político se alinham com a ditadura abrindo mão da
retórica das liberdades. O novo caráter de dependência: A seguir, procedeu-se a uma nova aliança populista desenvolvimentista no
governo Juscelino Kubitschek, que tomou novo rumo: expandiu-se o afluxo de capitais externos, desafogando as pressões dos setores
exportadores e dos assalariados urbanos, ao mesmo tempo em que se fortalecia o setor industrial privado nacional, agora associado ao
capital estrangeir. Os impactos dos investimentos estrangeiros sob o setor de mercado interno ocorreram indiretamente em alguns setores,
via relações de insumo produto. Foi o caso da indústria automobilística, que se implantou nesse período, produzindo efeitos de
encadeamento sobre os fabricantes de autopeças, cujo crescimento passou a depender do crescimento daquela indústria-chave. Esse
processo de integração dependente seguiu seu curso normal até o esgotamento do processo de substituição fácil de importações, no
início da década de 1960. O Tripé do Governo JK era um modelo de desenvolvimento econômico que se baseava no fortalecimento
das empresas estatais, pela entrada de capital estrangeiro e pelo capital privado do próprio país. O Governo de Juscelino
Kubitschek sustentava o crescimento econômico ao fomentar um país estruturado para o recebimento de empresas multinacionais, a
exemplo da indústria automobilística. Entre os modais para o escoamento da produção, o Governo JK optou pelo rodoviário objetivando
o incentivo da indústria automobilística. No período de seu governo ocorreu o fortalecimento dos oligopólios industriais no país.
15
16
17
18
19
20
21
Teoria do Subdesenvolvimento: Furtado, ao analisar o processo de ocupação do Brasil Colônia, enfoca as dinâmicas externas que
moldaram a trajetória do país. Ele destaca a influência do mercantilismo, que impôs ao Brasil a adoção do modelo primário-exportador.
Nesse contexto, o país especializou-se na exportação de produtos primários, como açúcar, café e minerais, em troca de manufaturados
europeus. Contrapondo-se à visão otimista de Rostow sobre o desenvolvimento, Furtado questiona a existência de um ciclo virtuoso
automático e sublinha as limitações estruturais que impedem o avanço econômico sustentável. Projeto Desenvolvimentista: Para
superar as limitações estruturais do subdesenvolvimento, Furtado propõe um projeto desenvolvimentista abrangente. Isso inclui a
implementação do Plano Trienal, uma estratégia de planejamento econômico, e a criação da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE), focada na redução das desigualdades regionais. Nesse contexto, destaca a necessidade crucial de romper com a
dependência da economia em relação à demanda externa, buscando internalizar os centros de decisão. O projeto visa maior autonomia
e diversificação econômica, visando não apenas o crescimento, mas também uma distribuição mais equitativa dos benefícios do
desenvolvimento. Projeto Desenvolvimentista: Importância do Estado: O projeto desenvolvimentista de Furtado destaca a centralidade
do Estado na condução do processo de transformação econômica. Fundamentado em um diagnóstico abrangente da estrutura produtiva
nacional, o plano busca identificar e solucionar gargalos e disfunções. A proposta engloba um plano de transformação estrutural do sistema
produtivo, com ênfase na aceleração da industrialização. Para atingir esses objetivos, Furtado preconiza o uso de instrumentos
macroeconômicos que desestimulem práticas geradoras de ganhos extraordinários e propensas a gastos suntuosos. Paralelamente,
destaca a importância de instrumentos que incentivem investimentos em infraestrutura, inovação e diversificação produtiva. Na visão de
17
18
19
20
21
22
A Teoria do Subdesenvolvimento de Furtado destaca as estruturas sociais internas como um fator determinante no desenvolvimento.
Ele argumenta que a manutenção das relações desiguais entre o centro desenvolvido e a periferia subdesenvolvida está enraizada no
dualismo estrutural. Esse dualismo implica na coexistência de setores modernos e atrasados dentro da economia, caracterizando o país
como uma economia capitalista que, no entanto, baseia-se em relações sociais arcaicas. 2P. Furtado destaca elementos críticos do
subdesenvolvimento, incluindo a precariedade do trabalho, concentração de riqueza e tecnologia precária. Ele argumenta que a natureza
dessas relações advém do destino dado ao excedente de produção. Nos países subdesenvolvidos, o excedente é frequentemente
direcionado para o consumo supérfluo, onde uma pequena elite mantém padrões de vida semelhantes aos dos países desenvolvidos.
Isso contrasta com os países desenvolvidos, onde o excedente é direcionado para financiar o investimento produtivo. 3P. Com o advento
da industrialização, Furtado observa uma mudança na natureza da dependência, agora assumindo conotações tecnológicas e financeiras.
Desenvolvimentistas nacionalistas, ao buscarem um padrão de desenvolvimento heterogêneo, inadvertidamente continuam a reproduzir
a desigualdade. Furtado destaca que a própria ação do Estado pode reforçar esse padrão, à medida que assume um papel privado,
gerando disputas políticas sobre a direção dos investimentos estatais e incentivando práticas de rent-seeking.
13
14
15
16
17
18
Rent-seeking: O termo rent-seeking foi introduzido na Economia por Anne Krueger, em 1974, para designar as atividades improdutivas,
envolvendo desperdício de recursos, exercidas por indivíduos que procuram embolsar parcelas de renda, geralmente sob
a égide do Estado. Rent-seeking refere-se, portanto, a todas as atividades exercidas pelo indivíduo na busca de renda econômica, dentro
de um contexto institucional extramercado, reduzindo o bem-estar social. Esse termo baseia-se na teoria dos grupos de interesse da
economia da regulação e sua abordagem tem sido feita no contexto da análise do bem-estar, em função dos custos sociais envolvidos.
Níveis de rent-seeking: Existem três níveis de rent-seeking, segundo Buchanan: (a) pela criação de privilégios a grupos; (b) pela
ampliação da burocracia estatal; e (c) pelo surgimento de grupos de pressão, ou de lobby. Por exemplo, se o governo municipal limitar o
número de táxis na cidade, as licenças serão valorizadas, gerando rent-seeking do primeiro nível para os taxistas existentes (criação de
privilégios a grupos). Se o governo municipal cobrar uma taxa de todos os taxistas, exatamente igual à valorização das licenças, não
haverá rent-seeking no nível desses agentes. Elevar-se-á a arrecadação municipal e o rent-seeking pode tomar a forma do segundo nível
(ampliação da burocracia estatal): políticos procurarão entrar nas posições burocráticas ou empregar afilhados políticos. A renda
econômica seria distribuída mediante pagamento de salários e de mordomias. Se a renda não desaparecer entre os taxistas ou entre a
burocracia municipal, o rent-seeking ainda pode existir sob a terceira forma (surgimento de grupos de pressão): a renda econômica sendo
repassada pelo orçamento a outro grupo, espontaneamente pela via política, ou pelas atividades de lóbi. Em uma economia onde o rent-
seeking está presenta, os custos de crescimento são mais altos. Muitas vezes a ação do estado gera a possibilidade de rent-
seeking: quando o governo limita excessivamente a competição, pode abrir portas para desvios.
17
18
19
20
21
22
Na versão weberiana da Teoria da Dependência, Cardoso e Faletto propuseram o conceito de "capitalismo dependente-associado".
Eles argumentaram que o fracasso das estratégias de substituição de importações indicava a necessidade de uma abordagem diferente
para o desenvolvimento econômico nos países periféricos. Contrariando a perspectiva da CEPAL, eles enfatizaram a importância das
ações políticas, novos atores sociais e da dependência como um componente estrutural do capitalismo na periferia. Críticas a Teoria da
Dependência na versão weberiana • movimento cria estrutura social concentradora e excludente • argumentavam que é próprio do
desenvolvimento capitalista • distribuição de renda não deveria ser um entrave ao desenvolvimento. Já na versão marxista da Teoria da
Dependência, Ruy Mauro Marini desenvolveu a "Dialética da Dependência". Destacou a crescente integração das economias latino-
americanas com o capital estrangeiro, intensificando as contradições sociais. Marini salientou a transferência de renda entre países
dependentes e dominantes, argumentando que o desenvolvimento de um país dependia da existência de países subdesenvolvidos,
evidenciando a interligação intrínseca entre desenvolvimento e subdesenvolvimento no contexto do capitalismo mundial.
11
7

Teoria evolucionária do desenvolvimento econômico: Enquanto a abordagem do rent-seeking afirma que, para aumentar a eficiência
econômica e maximizar o bem-estar social, é necessário mais mercado e menos Estado, a teoria evolucionária reconhece a existência de
falhas de mercado, assim como falhas de governo. Isso se explica porque as instituições envelhecem e precisam de ajustamentos
contínuos, para aumentar a eficiência e melhorar sua função no desenvolvimento. O Estado, como grande entidade macroeconômica,
possui funções de alocação e distribuição de recursos. As instituições, de modo geral, precisam ser administradas com eficiência para
reduzir suas falhas e, por meio delas, as falhas de mercado e aumentar, assim, o bem-estar social. Etapas do desenvolvimento de
Rostow: A teoria do desenvolvimento por etapas, de Rostow, pode ser vista como um processo de evolução de uma economia de
subsistência, primitiva, a uma forma mais avançada, com tecnologia avançada e de consumo em massa. Na primeira etapa do
desenvolvimento, tem-se a sociedade tradicional, com baixa produtividade, devido ao uso de instrumentos rudimentares de trabalho. A
posse da terra é símbolo de poder e riqueza, constituindo o meio de produção essencial. Após, na segunda etapa, surgem as
precondições para a decolagem ou arranco ao crescimento autossustentado. Elas decorrem da adoção de progresso técnico na agricultura
e na indústria incipiente, bem como da expansão dos mercados mundiais. Surge o desejo de progresso na sociedade, pela elevação dos
lucros e pela generalização da educação. A classe dominante tradicional sofre a concorrência de grupos industriais urbanos emergentes;
a expansão da classe média e da base eleitoral induz o Estado a efetuar gastos em benefício do bem-estar da população, até então à
margem do crescimento econômico. A terceira etapa do desenvolvimento econômico, a da decolagem ou arranco (take-off), ocorre
quando "as antigas obstruções e resistência ao desenvolvimento regular são afinal superadas". Surgem novas indústrias com altas taxas
17
18
19
20
21
22
Políticas de ajustamento: A escolha de políticas de ajustamento das sociedades a seu ambiente, em conformidade com as necessidades
humanas, tem estado presente na história das instituições, mesmo nos Estados liberais. O próprio liberalismo não deixa de ser uma opção
política: sempre há um mínimo de normas relativas à segurança, à sobrevivência do mercado e à regulação das ações do Estado na
economia. As adaptações dos indivíduos e das instituições ao ambiente podem dar-se em detrimento de outros grupos ou ocorrer de
forma incorreta, diante das imperfeições de mercado. Cabe ao Estado regular a ação dos agentes econômicos e agir no sentido de
maximizar o bem-estar social. 2P. O modelo liberal tradicional de Estado é o contratual, baseado na comunidade de interesses. O Estado
aparece como provedor de bens públicos e de economias externas. Esses bens, como defesa e ordem pública, um indivíduo isolado não
poderá suprir. A insegurança aumenta os custos e os riscos, diminuindo a taxa de lucro da economia. 3P. O modelo do poder político tem
sido mais real do que o contratual. O Estado constitui-se de uma hierarquia de relações de poder, que age em proveito de certas classes,
provocando conflitos de interesses. Existem limitações tecnológicas e legais ao exercício do poder. As interações entre os grupos resultam
num processo de barganha política (rent-seeking). Dado o estoque de recursos e a organização sociopolítica, o processo de
desenvolvimento é visto, portanto, como resposta do setor produtivo e da sociedade em seu conjunto às oportunidades e às mudanças
proporcionadas pelo ambiente, originando continuas pressões e adaptações.
14
15
16
17
18
19
mudanças no ambiente sociocultural desencadeiam ações que transformam a estrutura social. A competição entre sociedades é vista
como um processo evolucionário, onde a adaptação contínua é crucial para a sobrevivência e o crescimento. 2P. Guha argumenta que
as sociedades se adaptam ao meio através de uma constante busca por sobrevivência, resultando na formação de hábitos, padrões de
comportamento e ajustes institucionais. O processo evolutivo é impulsionado pelos instintos de proteção e reprodução, levando a uma
competição entre agentes econômicos. A escolha de políticas de ajustamento reflete a busca por adaptação às necessidades humanas,
e Guha destaca a importância do Estado na regulação para maximizar o bem-estar social. Dessa forma, a teoria evolucionária de Guha
fornece uma lente abrangente para entender não apenas o crescimento econômico, mas também a dinâmica complexa entre as forças
biológicas, sociais e econômicas que moldam as sociedades ao longo do tempo. Diferencie a teorias evolucionarias de Rostow e
Guha: As teorias evolucionárias de Rostow e Guha oferecem perspectivas distintas sobre o desenvolvimento econômico. Rostow propõe
uma abordagem em etapas, onde as economias progridem de uma fase tradicional para a era do consumo em massa. Ele destaca a
importância de pré-condições, decolagem econômica e maturidade. Em contraste, Guha, na tradição evolucionária, enfoca a adaptação
contínua das sociedades ao meio, influenciada por fatores biológicos. Ele destaca a competição, inovações e a constante busca por
sobrevivência como motores do desenvolvimento. Enquanto Rostow enfatiza etapas predefinidas, Guha destaca a natureza dinâmica e
adaptativa do processo evolutivo.
15
16
17
18
19
20
Myrdal e a causação circular e cumulativa: A teoria de Myrdal sobre a Causação Circular Cumulativa (CCC) representa uma abordagem
crítica em relação à hipótese de equilíbrio estável na análise das desigualdades, tanto entre países quanto regionalmente. Ele argumenta
que os sistemas econômicos não são estáveis, mas sim instáveis e desequilibrados. Myrdal introduz o conceito de CCC, descrevendo
como fatores econômicos negativos, como a saída de uma indústria de uma determinada região, podem desencadear efeitos negativos
que se retroalimentam mutuamente. Essa dinâmica pode criar um ciclo vicioso de desigualdade regional. No entanto, Myrdal também
destaca a importância da intervenção dos Estados nacionais e da organização social para quebrar esse círculo vicioso, identificando
fatores que podem influenciar o processo e potencializar um ciclo virtuoso, contribuindo para a redução das disparidades regionais. 2P.
Myrdal expressa uma visão negativa sobre a tendência à concentração das atividades econômicas, enfatizando que eventos fortuitos
podem resultar em concentração e desigualdades. Ele introduz os conceitos de efeitos de polarização, que aumentam as disparidades
regionais, e efeitos propulsores, que representam ganhos para a região estagnada. Em comparação, Myrdal observa que países
desenvolvidos são menos heterogêneos regionalmente, sugerindo que compreender e gerenciar esses processos é crucial para promover
um desenvolvimento mais equitativo e sustentável. Equilíbrio X Desequilíbrio: Críticas a industrialização diversificada: principais
críticas à estratégia da industrialização diversificada (PSI): •. Ignora a escassez de capital das economias subdesenvolvidas. Argumento
de criação do mercado interno por meio da polarização da demanda final. •. Prejudicado pela necessidade de orientar a oferta às condições
do mercado externo • Teoria ignora a escassez de mão-de-obra especializada, além disso, alguns insumos precisam ser importados.
16
17
18
19
20
21
Teoria do desenvolvimento equilibrado versus teoria do Desenvolvimento Desequilibrado: As teorias do desenvolvimento
equilibrado e desequilibrado oferecem perspectivas distintas sobre como impulsionar o crescimento econômico. Na abordagem
desequilibrada de Perroux, destaca-se a importância dos polos de crescimento, aglomerações territoriais que propagam o
desenvolvimento de forma desigual, inicialmente modificando o ambiente específico e, eventualmente, influenciando a economia nacional.
Hirschman enfatiza a estratégia de desequilíbrio, propondo que a solução para os problemas da industrialização ocorra de maneira
sequencial, com o Estado desempenhando um papel central na indução de encadeamentos para trás e para frente. A teoria de Myrdal,
por sua vez, introduz a noção de Causação Circular Cumulativa, destacando os efeitos negativos retroalimentados que podem perpetuar
a desigualdade, com ênfase na intervenção estatal para quebrar esse ciclo. 2P. No lado do desenvolvimento equilibrado, Rosenstein-
Rodan propõe o "Grande Impulso", uma abordagem abrangente de investimentos em várias indústrias simultaneamente, coordenada pelo
Estado para superar desafios de uma economia deprimida. Nurkse destaca o círculo vicioso do subdesenvolvimento, argumentando que
a falta de demanda interna é um grande obstáculo, sugerindo a necessidade de elevação da capacidade de consumo e poupança interna
para promover o desenvolvimento equilibrado.
13
8

de crescimento, que geram efeitos de encadeamentos em atividades ligadas tecnologicamente. Lucros crescentes são reinvestidos na
produção e em negócios diferentes daqueles onde foram auferidos. Criam-se grupos empresariais e expande-se o nível de emprego nos
serviços, ajudando a dinamizar o comércio e a indústria produtora de bens de consumo. Inovações tecnológicas são introduzidas na
produção de novos produtos, assim como novas fontes de matérias- -primas são exploradas em todos os pontos do país. A agricultura
adota irrigação e insumos modernos. Aumenta a oferta de alimentos e matérias-primas e a população rural passa a consumir bens
industriais. A quarta etapa é a da marcha para a maturidade, com um longo intervalo de crescimento económico continuado, no qual a
economia assimila a tecnologia moderna. Implanta-se a indústria de bens de capital e a economia aumenta suas exportações de produtos
manufaturados, com tecnologia intensiva. A sociedade passa a gerar internamente grande parte da tecnologia que adota em seu processo
produtivo. Na fase da maturidade econômica, a economia desenvolve indústrias diferentes daquelas que geraram a decolagem. É uma
etapa "em que a economia demonstra que possui as aptidões técnicas e organizacionais para produzir não tudo, mas qualquer coisa que
decida produzir". Finalmente, a quinta etapa é a da era do consumo em massa, em que os setores de maior crescimento da economia
são os que produzem bens duráveis de consumo e os serviços suscetíveis de aumentar o bem-estar da população. Os preços declinam
e os salários aumentam, permitindo o consumo em massa (como automóvel mais barato). A taxa de lucro declina, mas o lucro absoluto
das empresas expande-se pelo aumento das quantidades vendidas. Nessa fase, o Estado investe mais na assistência social. É o chamado
estado do bem-estar (welfare state), característico dos anos de 1950/1970, nos países desenvolvidos.
16
17
18
19
20
21
22
Adaptação das sociedades humanas a seu ambiente: A tese de Guha é a de que o crescimento econômico se interpreta melhor em
função do processo evolucionário. As instituições adaptam-se continuamente ao meio sociocultural, que afeta as motivações individuais,
resultando ações que transformam a estrutura social. Isso ocorre porque o processo de seleção natural dotou o organismo individual com
um conjunto de instintos relativos à sobrevivência, que necessitam de constantes adaptações ao meio em que está inserido. Desse modo,
o comportamento do homem em relação ao ambiente torna-se adaptativo. Ele obtém especializações e vantagens comparativas e
organiza-se econômica e socialmente em função do ambiente. 2P. Os indivíduos e instituições buscam a sobrevivência, adaptando-se
constantemente ao meio, por intermédio da formação de hábitos e padrões de comportamento. Além das necessidades básicas, o
indivíduo procura conquistar um espaço em seu grupo social, como reconhecimento e poder. O indivíduo apresenta uma tendência natural
à inércia (hábito), mas existem forças dinâmicas que o movimentam (inovações). As sociedades podem crescer ou reduzir-se, em termos
demográficos, por falhas na reprodução ou guerras; há uma seleção natural entre sociedades em função dos esforços de sobrevivência
e do sucesso obtido com o processo de adaptação. A sobrevivência exige proteção, manutenção e procriação. A população precisa
adaptar-se às condições da natureza e às influências de outras sociedades, bem como se prevenir de ações militares predatórias, tanto
internas como externas.
14
15
16
17
18
19
Forças motivadoras do crescimento: A economia cresce mediante estímulos específicos, que se transmitem a todo sistema,
transformando-o. As forças motivadoras do crescimento dividem-se em forças primárias e em suas repercussões secundárias,
ou seja, impulsos autônomos e forças induzidas, por meio dos mecanismos de multiplicação e de aceleração. Os impulsos autônomos do
crescimento derivam: (a) da expansão das exportações e de transferências líquidas do exterior; (b) do crescimento demográfico; (c) do
efeito demonstração sobre o consumo; e (d) dos gastos militares. As exportações estimulam as atividades ligadas e exercem efeitos de
encadeamento sobre o emprego e a renda. O crescimento demográfico, por sua vez, expande a demanda de bens de consumo, como
alimentos, vestuário e habitação. A pressão populacional inicialmente deteriora a renda per capita, induzindo mais tarde a adoção de
inovações na agricultura, o que provoca aumento de eficiência. A adoção de padrões de consumo do exterior e das classes de maior
renda do próprio país estimula as inovações e a demanda de bens de consumo duráveis e de alta tecnologia. O efeito demonstração tem
também levado as pessoas a disputar maiores rendas e estimulado a poupança para consumo futuro. Explique a teoria evolucionaria
de Guha e como as sociedades se adaptam ao meio. A teoria evolucionária de Guha oferece uma perspectiva inovadora sobre o
crescimento econômico, desviando-se das abordagens clássicas que consideravam o meio sociocultural como uma variável exógena.
Guha destaca a interação dinâmica entre o meio, as instituições e as variáveis econômicas, visualizando a sociedade como um organismo
em constante adaptação. Nessa concepção, a motivação humana é atribuída a instintos biológicos, como o de sobrevivência, e as
15
16
17
18
19
20
A teoria dos polos de crescimento de Perroux contesta a visão tradicional de que o crescimento econômico ocorre de forma homogênea
no espaço. Ele argumenta que o crescimento é inerentemente desequilibrado e se propaga a partir de pontos ou polos de crescimento.
Esses polos, que podem ser caracterizados por aglomerações territoriais, exercem efeitos específicos sobre a natureza das atividades
econômicas. Perroux sugere que, se esses polos contêm indústrias-chave e estão associados a uma concentração territorial, podem se
tornar polos regionais, intensificando as disparidades inter-regionais. A teoria destaca a importância das relações insumo-produto e a
capacidade dos polos de modificar não apenas o ambiente específico inicial, mas de influenciar toda a economia nacional, gerando efeitos
de transbordamento do complexo industrial. No entanto, críticos apontam que essa abordagem pode ampliar a concentração econômica
e reforçar as desigualdades regionais. 2P. Perroux argumenta que o crescimento pode ser gerado através de indústrias motrizes, que
crescem a taxas superiores a outras atividades e exercem efeitos sobre a economia como um todo. Ele destaca a importância de um
complexo de indústrias, liderado por uma indústria motriz e operando em um regime concorrencial com forças oligopolistas. Esse
complexo, formando um polo de desenvolvimento, expande-se para além da indústria motriz, exercendo efeitos de expansão sobre outras
unidades econômicas e contribuindo para o crescimento da economia nacional. Perroux também reconhece a dinâmica da polarização,
observando que, embora a concentração inicial possa aumentar durante fases de crescimento acelerado, ocorre um processo natural de
desconcentração ao longo do tempo, seja devido à ação do mercado ou a políticas públicas, como investimentos nos efeitos de
propagação .
16
17
18
19
20
21
Hirschman sobre desenvolvimento econômico: Hirschman propôs uma visão inovadora sobre o desenvolvimento econômico,
enfatizando uma estratégia de desequilíbrio em oposição à abordagem convencional de soluções simultâneas. Ele via o desenvolvimento
como uma sequência de desequilíbrios, argumentando que os problemas associados à industrialização poderiam ser resolvidos de
maneira mais eficaz por meio de soluções sequenciais. Em vez de se concentrar nos obstáculos tradicionais, como estrutura fundiária e
falta de poupança, Hirschman destacava a necessidade de mecanismos de indução para canalizar as energias humanas na direção
desejada. 2P. Hirschman enfatizava os "encadeamentos para trás" e "encadeamentos para frente" como elementos-chave para o
desenvolvimento, argumentando que atividades com alto potencial de gerar esses encadeamentos, principalmente os para trás,
constituíam a principal fonte de crescimento. Ele propunha que o desenvolvimento industrial deveria ocorrer de maneira revolucionária,
desafiando a abordagem convencional. Hirschman via o papel crucial do Estado em maximizar os efeitos de ligação para trás e para
frente, impulsionando a industrialização desde os "últimos toques" nos setores líderes até os setores intermediários e básicos.
Contrariamente à ideia comum, ele argumentava que não só as tensões e desequilíbrios eram inerentes ao desenvolvimento, mas também
que não deveriam ser suprimidos, pois desempenhavam um papel criativo fundamental no processo.
13
9

As teorias do desenvolvimento desequilibrado - RESUMO: As teorias do desenvolvimento desequilibrado compartilham vários pontos
em comum, destacando a importância de investimentos em setores estratégicos para gerar os impulsos necessários ao crescimento
econômico regional. Essas teorias reconhecem as economias externas como catalisadoras que transmitem ou fortalecem os efeitos de
um investimento inicial, criando assim pontos de crescimento que se espalham por toda a economia regional e, eventualmente,
transbordam para a economia nacional. O objetivo geral dessas abordagens é mitigar o regionalismo e os desequilíbrios regionais. No
entanto, as divergências entre as teorias residem na maneira como preveem a concretização desse processo e na forma como a mitigação
dos desequilíbrios regionais ocorrerá. A teoria do desenvolvimento equilibrado - Rosenstein-Rodan: A teoria do desenvolvimento
equilibrado de Rosenstein-Rodan, conhecida como Grande Impulso, propõe a realização de um conjunto abrangente de investimentos em
várias indústrias simultaneamente. Essa abordagem busca superar os desafios de uma economia deprimida, como a escassez de capital,
a falta de complementaridade de demanda e a oferta reduzida de poupança. A estratégia envolve inserir a região na economia mundial
por meio de vultuosos investimentos internacionais e empréstimos. 2P. O papel do Estado é crucial nessa teoria, pois ele é visto como o
coordenador dos investimentos nacionais e estrangeiros, garantindo a expectativa de lucros dos empresários. Além disso, o Estado deve
acelerar o processo de industrialização em áreas deprimidas, pois a livre iniciativa seria mais lenta nesse desenvolvimento. O "Grande
14
15
16
17
18
19
As críticas da NEI à CEPAL: As críticas da Nova Economia Institucional (NEI), representadas por Douglass North, à CEPAL (Comissão
Econômica para a América Latina) centraram-se em dois argumentos principais. Primeiramente, North destaca que a América Latina é
um exemplo da persistência de matrizes institucionais ineficientes, caracterizadas por mecanismos de path dependence. Ele argumenta
que a apropriação de ganhos redistributivos por parte de grupos políticos enraizados no poder impede a modernização do aparato
institucional, resultando em governança centralizadora, burocratizada e com reduzida mobilidade social. North enfatiza que o atraso
econômico na região é resultado da ineficiência histórica das matrizes institucionais, o que cria um ambiente desfavorável ao pleno
desenvolvimento. 2P. Em seu segundo argumento, North criticou a ideologia da CEPAL, alegando que ela promovia a aceitação do ideário
intervencionista e antiliberal. Ele argumentou que os grupos de interesse na América Latina estavam comprometidos em manter a estrutura
institucional existente, o que resultava na piora da eficiência das instituições locais. North associou a ideologia cepalina ao
enfraquecimento dos valores democráticos, já que ela tendia a negar o livre comércio como uma possibilidade de desenvolvimento. Ele
alertou para o fortalecimento de atitudes protecionistas, xenofóbicas, avessas à mudança institucional e ao progresso tecnológico,
sugerindo que esses elementos poderiam suprimir a democracia na região.
10

Impulso" depende não apenas de investimentos estrangeiros, mas também da ampliação do mercado consumidor interno, sendo essencial
garantir o fluxo de exportações para gerar divisas. O Estado, portanto, desempenha um papel ativo na coordenação e promoção do
desenvolvimento equilibrado. A teoria de Nurkse sobre o desenvolvimento equilibrado – Nurkse: A teoria de Nurkse sobre o
desenvolvimento equilibrado destaca o círculo vicioso do subdesenvolvimento, que se origina da insuficiência do mercado interno como
um grande obstáculo ao desenvolvimento. Países pobres, segundo Nurkse, enfrentam uma população de baixo poder aquisitivo e baixa
produtividade dos fatores, resultando em uma produção restrita de bens e serviços devido ao tamanho limitado desse mercado. A ausência
de incentivo para investimentos é agravada pela falta de estímulo à demanda interna. 2P. Nurkse argumenta que a Lei de Say, que postula
que a produção cria automaticamente sua própria demanda, tem validade restrita em regiões economicamente atrasadas. A produção de
uma indústria isolada nessas condições não gera sua própria demanda, pois as pessoas empregadas nessa indústria não gastam toda a
renda em produtos dela, mas atendem às suas necessidades humanas em geral, neutralizando o estímulo ao investimento devido à
persistente pobreza. O problema central, segundo Nurkse, reside na ótica da demanda, com baixo nível de consumo em economias
subdesenvolvidas, resultando em uma propensão a investir baixa. A mudança para superar essas condições deve ocorrer internamente,
visando elevar a capacidade de consumo e poupança dessas economias.
14
15
16
17
18
19
Do Evolucionismo ao Institucionalismo: A transição do evolucionismo para o institucionalismo na teoria econômica representa uma
mudança significativa na perspectiva de análise. A abordagem evolucionária, ao se afastar da visão centrada no indivíduo, confronta o
problema metodológico da justificação do "agente econômico maximizador" e das preferências individuais. Ao questionar o conceito de
sociedade como um mero conjunto de indivíduos isolados, a teoria evolucionária passa a considerar a sociedade como uma entidade
formada pelas diferentes interações que moldam empresas, países e sociedades. Essa transição introduz a discussão crucial sobre
instituições, entendidas como detentoras de recursos discursivos e normativos que organizam a vida social e econômica. 2P. Nesse
contexto, a economia evolucionária assume uma perspectiva institucionalista ao acolher contribuições de pensadores como Veblen,
Commons e conceitos contemporâneos de autores como Williamson, North e Hodgson. A força dessa abordagem reside na superação
do individualismo metodológico, identificando as instituições como elementos essenciais na organização dos processos sociais e
econômicos. No entanto, a dificuldade em definir instituições permanece como uma fraqueza, pois estas podem abranger desde leis e
regulamentos até hábitos e convenções, tornando complexa a modelagem e quantificação. A economia evolucionária, ao concentrar-se
em padrões tecnológicos e inovação, destaca a importância das instituições, mas sua modelagem enfrenta desafios ao lidar com a
diversidade e a dinâmica dessas entidades no contexto econômico e social.

Você também pode gostar