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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 6. 325 A 349


Leia o texto abaixo.
A lenda da gralha azul
Há muito tempo, a gralha azul era apenas uma gralha parda, semelhante às outras de sua espécie.
Um dia, a gralha azul resolveu pedir para Tupã lhe dar uma missão que a faria muito útil e importante. Tupã
lhe deu um pinhão, que a gralha pegou com seu bico com toda força e cuidado. Abriu o fruto e comeu a parte
mais fina. A outra parte mais gordinha resolveu guardar para depois, enterrando-a no solo. Porém, alguns dias
depois ela havia esquecido o local onde havia enterrado o restante do pinhão. A gralha procurou muito, mas não
encontrou aquela outra parte do fruto.
Porém, ela percebeu que havia nascido na área onde havia enterrado a semente uma pequena araucária.
Então, toda feliz, a gralha azul cuidou daquela árvore com todo amor e carinho. Quando o pinheiro cresceu e
começou a dar frutos, ela começou a comer uma parte dos pinhões e enterrar a parte mais gordinha (semente),
dando origem a novas araucárias.
Em pouco tempo, conseguiu cobrir grande parte do estado do Paraná com milhares de pinheiros, dando
origem à floresta de araucária. Quando Tupã viu o trabalho da gralha azul, resolveu dar um prêmio a ela: pintou
suas penas da cor do céu, para que as pessoas pudessem reconhecer aquele pássaro, seu esforço e sua dedicação.
Assim, a gralha, que era parda, tornou-se azul.
Disponível em: <http://zip.net/bmghi5>. Acesso em: 11 fev. 2015.

Essa história termina quando


A) a gralha enterra uma parte do pinhão.
B) a gralha resolve cuidar da araucária.
C) Tupã dá um pinhão para a gralha.
D) Tupã pinta as penas da gralha.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 5. 300 A 324
Leia o texto abaixo:
O que dizem as camisetas
(Fragmento)

Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada
escrito.
– Que é que ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do
voto em branco? Devia ser proibido!
– O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é
um sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é secreto.
– É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua
responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...
– Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem
inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(...).
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.

O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de:


(A) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição.
(B) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.
(C) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade.
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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
(D) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.

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PROVA BRASIL 2017: NÍVEL 6. 325 A 349
Leia o texto abaixo:
A beleza total

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu
rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro
de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilha -
ços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez,
perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora
Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão
em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz,
sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para
sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido
ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

O conflito central do enredo é desencadeado


A) pela extrema beleza da personagem.
B) pelos espelhos que se espatifavam.
C) pelos motoristas que paravam o trânsito.
D) pelo suicídio do mordomo.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 5. 300 A 324
Leia o texto abaixo.
E.C.T.

Tava com um cara que carimba postais


Que por descuido abriu uma carta que voltou levou um susto que lhe abriu a boca
Esse recado veio pra mim, não pro senhor.

Recebo crack, colante, dinheiro parco embrulhado


Em papel carbono e barbante, até cabelo cortado Retrato de 3 x 4 pra batizado distante
Mas isso aqui meu senhor, é uma carta de amor

Levo o mundo e não vou lá

Mas esse cara tem a língua solta


A minha carta ele musicou
Tava em casa, a vitamina pronta
Ouvi no rádio a minha carta de amor

Dizendo “eu caso contente, papel passado, presente Desembrulhado, vestido, eu volto logo me espera
Não brigue nunca comigo, eu quero ver nossos filhos
O professor me ensinou a fazer uma carta de amor”

Leve o mundo que eu vou já


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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown

O verso “Tava com um cara que carimba postais” é um exemplo de linguagem


A) coloquial.
B) formal.
C) jornalística.
D) literária.

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PROVA BRASIL 2017: NÍVEL 7. 350 A 374
Leia o texto para responder à questão abaixo:
A outra noite
Rubem Braga

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.
Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima,
além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de
cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas. Uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
— O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlameada e torpe havia uma outra − pura, perfeita e linda.
— Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.
Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
— Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão
sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.

O fato que desencadeou a história foi


(A) a viagem a São Paulo.
(B) o mau tempo em São Paulo.
(C) o agradecimento do taxista.
(D) a conversa ouvida pelo taxista.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 6. 325 A 349
Leia o texto abaixo.

O LOBO DESATENTO

Certa noite, um lobo andavam pela floresta em busca de comida. E já estava empenhado nessa tarefa havia
um bom tempo, sem qualquer resultado prático, quando sentiu no aro cheiro de carneiros. “Até que enfim”, foi o
pensamento que lhe veio à cabeça de imediato, e então, imaginando o que de bom poderia encontrar mais
adiante para aplacar a fome que sentia, ele caminhou rapidamente na direção que o seu faro indicava.
Logo à frente, as árvores davam lugar a uma grande área coberta de relva, e era nesse pedaço de chão que
os carneiros descansavam protegidos por um cão. O lobo não se preocupou com isso. O que fez foi sair andando
passo a passo, o mais devagar que podia, procurando se aproximar do ponto que ficava mais distante do vigia,
onde algumas das possíveis presas dormiam sossegadas.
E já estava quase lá, quando uma de suas patas traseiras descuidou-se um momento e pisou em um pedaço
de tábua já meio apodrecido. Esta rangeu sob o peso do animal, e o barulho que fez soou tão alto em meio ao
silêncio da noite que acordou o cão de guarda, fazendo-o sair na mesma hora em perseguição ao lobo desastrado.

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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
Que por sua vez, coitado, não teve outra coisa a fazer senão fugir em desabalada carreira,
esfomeado e sem alimento.
Moral da história: Quem não presta atenção no que faz, algum dia vai acabar se metendo em apuros.
Disponível em: <http://WWW.fernandodannemann.recantodasletras.com.br>.
Acesso em: 5 abr. 2010.

Nesse texto, o que deu origem aos fatos narrados foi o


A) cão perseguir o lobo quando ele pisou na tábua.
B) cão vigiar os carneiros que dormiam sossegados.
C) lobo andar desatento à noite pela floresta.
D) lobo sentir cheiro de carneiros na floresta.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 4. 275 A 299
Leia o texto abaixo.

O REFORMADOR DO MUNDO

Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava errado e a
natureza só fazia asneiras.
– Asneiras, Américo?
– Pois então?!... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme
sustendo frutas pequeninas, e lá adiante vejo colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era
lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas,
passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão?
LOBATO, Monteiro. O reformador do mundo. In: Obra Infantil Completa. São Paulo: Brasiliense, s.d.

Quando falou sobre a reforma da natureza, Américo estava


A) num pomar.
B) num rio.
C) numa floresta.
D) numa praça.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 4. 275 A 299
Leia o texto abaixo.

O príncipe sapo

Uma feiticeira muito má transformou um belo príncipe num sapo, só o beijo de uma princesa desmancharia
o feitiço.
Um dia, uma linda princesa chegou perto da lagoa em que o príncipe morava. Cheio de esperança de ficar
livre do feitiço, ele lhe pediu um beijo. Como ela era muito boa, venceu o nojo e, sem saber de nada, atendeu ao
pedido do sapo: deu-lhe um beijo.
Imediatamente o sapo voltou a ser príncipe, casou-se com a princesa e foram felizes para sempre.
SEIESZKA, Jon. O patinho realmente feio e outras histórias malucas. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1997, [s. p].

O que deu origem aos fatos narrados nesse texto?


A) O beijo da princesa.
B) O feitiço da feiticeira.
C) O nojo da princesa.
D) O pedido do sapo.

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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 4. 275 A 299


Leia o texto e responda.

Maurício de Souza. Turma da Mônica.

O problema da narrativa se resolve quando


A) o Cebolinha resolve fazer uma massagem.
B) o Cebolinha sai da massagem cheio de dor.
C) a Mônica dá “aquele” abraço no Cebolinha.
D) a Mônica fica sem entender o que aconteceu.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 5. 300 A 324
Leia o texto abaixo.

Tormento não tem idade

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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
─ Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou.
─ O que é que ele queria?
─ Convidou você para dormir na casa dele, amanhã.
─ E o que é que você disse?
─ Disse que não sabia, mas achava que você iria aceitar o convite.
─ Fez mal, mamãe. Você sabe que odeio dormir fora de casa.
─ Mas meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
─ Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa disso, sou?
─ Claro que não. Mas...
─ Mas o que, mamãe?
─ Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria.
─ Ah, é? E por quê?
─ Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com você. Ele disse
que é um quarto muito lindo. Tem até a TV a cabo.
─ Eu não gosto de tevê.
[...]
─ Eu faço a maleta para você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho. Você vai ver.
─ Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixe eu lhe lembrar
uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe por que, mamãe?
Amanhã é meu aniversário. Você esqueceu?
─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
─ Pois é. Amanhã estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem o direito de passar a noite com
sua mãe, não é verdade?
SCLIAR, Moacyr. Folha de São Paulo, 3 set. 2001, p. C2.

O trecho dessa narrativa que explica o que resolveu o problema é


A) “─ Ah, é? E por quê?”.
B) “─ Eu não gosto de tevê.”.
C) “─ Amanhã é meu aniversário.”.
D) “─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.”.

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PROVA BRASIL 2015: NÍVEL 5. 300 A 324
Leia o texto abaixo.

Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.


Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo


olhando para mim:
– Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe, meu pai campeava


no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

ANdRAdE, Carlos drummond de. disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema002.htm> Acesso em: 19 jul. 2008.

Nesse poema, a terceira estrofe evidencia o


A) espaço da narrativa.
B) narrador em 1ª pessoa.
C) narrador em 3ª pessoa.
D) tempo da narrativa.

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PROVA BRASIL 2017: NÍVEL 6. 325 A 349
Leia o texto abaixo.

MINUTAS

Um homem chega num balcão e tenta chamar a atenção da balconista para atendê-lo.
– Senhorita...
– Um minutinho.
O homem vira-se para outro ao seu lado e diz:
– Ih, já vi tudo.
– O que foi?
– Ela disse “um minutinho”. Quer dizer que vai demorar. No Brasil, um minuto dura sessenta segundos, como em
qualquer outro lugar, mas “um minutinho” pode durar uma hora.
O homem tenta de novo:
– Senhorita...
– Só um instantinho.
– Ai...
– O que foi?
– Ela disse “um instantinho”. Um “instantinho” demora mais que um minutinho.
Parece que um minutinho é feito de vários instantinhos, mas é o contrário. Um “instantinho” contém vários
“minutinhos”. Senhorita!
– Só dois segundinhos!
O homem começa a se retirar.
– Aonde é que o senhor vai?
– Ela disse “dois segundinhos”. Isso quer dizer que só vai me atender amanhã.
VERÍSSIMO, Luís Fernando.

O fato que gerou o conflito foi


A) a impaciência da balconista.
B) a insistência do comprador.
C) a rapidez da balconista.
D) as respostas da balconista.

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Leia o texto abaixo e responda.

FUGA

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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela
sala, fazendo um barulho infernal.
– Para com esse barulho, meu filho – falou, sem se voltar.
Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas; não estava fazendo
barulho, estava só empurrando uma cadeira.
– Pois então para de empurrar a cadeira.
– Eu vou embora – foi a resposta.
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas,
enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de
biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa? – a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma
tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
A calma que baixou na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e não viu o menino.
Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão.
– Viu um menino saindo desta casa? Gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua,
sentado no meio-fio.
– Saiu agora mesmo com uma trouxinha – informou ele. [...]
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a
chave, como ele fizera com a despensa.
– Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
– Fico, mas vou empurrar esta cadeira.
E o barulho recomeçou.
SABINO, Fernando. Fuga. In: Para gostar de ler. V. 2 Crônicas. São Paulo: Ática, 1995. p. 18-19.

O conflito gerador desse texto tem início, quando o menino


A) arruma uma trouxinha de coisas.
B) começa a empurrar a cadeira.
C) continua a empurrar a cadeira.
D) cumpre a ameaça de ir embora.

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LEIA O TEXTO

O LAZER DA FORMIGA

A formiga entrou no cinema porque achou a porta aberta e ninguém lhe pediu bilhete de entrada. Até aí,
nada demais, porque não é costume exibir bilhete de entrada a formigas.
Elas gozam de certos privilégios, sem abusar deles.
O filme estava no meio. A formiga pensou em solicitar ao gerente que fosse interrompida a projeção para
recomeçar do princípio, já que ela não estava entendendo nada; o filme era triste, e os anúncios falavam de
comédia. Desistiu da idéia; talvez o cômico estivesse nisso mesmo.
A jovem sentada à sua esquerda fazia ruído ao comer pipoca, mas era uma boa alma e ofereceu pipoca à
formiga. — Obrigada, respondeu esta, estou de luto recente. — Compreendo, disse a moça, ultimamente há
muitas razões para não comer pipoca.
A formiga não estava disposta a conversar, e mudou de poltrona. Antes não o fizesse.
Ficou ao lado de um senhor que coleciona formigas, e que sentiu, pelo cheiro, a raridade de sua espécie.
Você será a 70001 de minha coleção, disse ele, esfregando as mãos de contente.
E abrindo uma caixinha de rapé, colocou dentro a formiga, fechou a caixinha e saiu do cinema.
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. Fonte: Projeto (Con)seguir – Duque de Caxias – RJ

Marque a opção cujo conteúdo expresse o fato representante da complicação da narrativa:


(A) “A formiga entrou no cinema porque achou a porta aberta (...)”
(B) “A formiga pensou em solicitar ao gerente que fosse interrompida a projeção.”
(C) “A formiga não estava disposta a conversar, e mudou de poltrona.”

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(D) “Ficou ao lado de um senhor que coleciona formigas, (...)”

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Leia o texto a seguir e responda.

O AVENTUREIRO ULISSES
(Ulisses Serapião Rodrigues)

Ainda tinha duzentos réis. E como eram sua única fortuna meteu a mão no bolso e segurou a moeda. Ficou
com ela na mão fechada.
Nesse instante estava na Avenida Celso Garcia. E sentia no peito todo o frio da manhã.
Duzentão. Quer dizer: dois sorvetes de casquinha. Pouco.
Ah! muito sofre quem padece. Muito sofre quem padece? É uma canção de Sorocaba.
Não. Não é. Então que é? Mui-to so-fre quem pa-de-ce. Alguém dizia isto sempre. Etelvina?
Seu Cosme? Com certeza Etelvina que vivia amando toda a gente. Até ele. Sujeitinha impossível. Só vendo o
jeito de olhar dela.
Bobagens. O melhor é ir andando.
Foi.
Pé no chão é bom só na roça. Na cidade é uma porcaria. Toda a gente estranha.
É verdade. Agora é que ele reparava direito: ninguém andava descalço. Sentiu um malestar horrível. As
mãos a gente ainda escondia nos bolsos. Mas os pés?
Cousa horrorosa. Desafogou a cintura. Puxou as calças para baixo. Encolheu os artelhos. Deu dez passos
assim. Pipocas. Não dava jeito mesmo. Pipocas. A gente da cidade que vá bugiar no inferno. Ajustou a cintura.
Levantou as calças acima dos tornozelos.
Acintosamente. E muito vermelho foi jogando os pés na calçada. Andando duro como se estivesse calçado.
MACHADO, Antônio de A. O aventureiro Ulisses. Contos reunidos. São Paulo: Ática, 2002. p.122.
Fonte: Guia de Elaboração de Itens, CAEd Ufjf 2008.

O enredo se desenvolve a partir da


(A) elegância do personagem.
(B) alegria do personagem.
(C) fome do personagem.
(D) penúria do personagem.

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PROVA BRASIL 2017: NÍVEL 7. 350 A 374
Leia o texto a seguir e responda.

HOJE A NOITE NÃO TEM LUAR


(Renato Russo)

Ela passou do meu lado


“Oi, amor”, eu lhe falei
- Você está tão sozinha
Ela então sorriu pra mim
Foi assim que a conheci
Naquele dia junto ao mar
As ondas vinham, beijar a praia
O sol brilhava de tanta emoção
Um rosto lindo como o verão
E um beijo aconteceu
Nos encontramos a noite
Passeamos por ali
E num lugar escondido
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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
Outro beijo lhe pedi
Lua de prata no céu
O brilho das estrelas no chão
Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
O mundo pertence a nós
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde ela está
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde está meu amor.
http://letras.terra.com.br/renato-russo/74502/. Fonte: Projeto (Con)seguir – Duque de Caxias – RJ

A letra da música acima constitui um texto narrativo, identifique o trecho que representa o clímax dessa
narrativa.
(A) “Ela passou do meu lado (...)”.
(B) “ (...) Ela então sorriu pra mim (...)”
(C) “(...) E um beijo aconteceu (...)”
(D) “(...) outro beijo lhe pedi(...)”

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Leia o texto a seguir e responda.

Urubus e Sabiás

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza
becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se
tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram do-ré-mi-fá,
mandaram imprimir diplomas e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e
teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu
titular, a quem todos chamam por Vossa Excelência.
Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi
invadida por bandos de pintassilgos, tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os
sabiás...Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e
canários para um inquérito. “Onde estão os documentos de seus concursos?” E as pobres aves se olharam
perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas de canto,
porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas
cantavam, simplesmente... Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: EM TERRA DE URUBUS DIPLOMADOS NÃO SE OUVE CANTO DE SABIÁ.


ALVES, Rubem. Estórias de Quem gosta de Ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1985, p.81- 2.
O que motivou o início dessa narrativa foi a
A) busca por um juiz.
B) distração de seu Bruno.
C) proposta de nomes.
D) reunião dos meninos.

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D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

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